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guinchos acoplados a tratores com tração 4x4, para o içamento de blocos de maior peso.

A Figura 3.11 ilustra o içamento manual.

Figura 3.11 - Içamento manual da seção pré-montada [25]

No caso de estruturas estaiadas, o processo de montagem difere um pouco das


autoportantes, pois faz uso de estais e mastros provisórios para posteriormente realizar o
içamento dos materiais definitivos. E, após o içamento da estrutura, se observa ainda as
atividades de tensionamento dos estais e nivelamento das torres.
Já nas subestações, de forma análoga, ocorre a instalação dos pórticos para
entrada da linha de transmissão e conexão ao barramento além da instalação dos
equipamentos, como disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores de corrente,
transformadores de potencial, para-raios e isoladores de pedestal.

3.2.4. Lançamento de Cabos

Com a conclusão da etapa de montagem das estruturas das torres, é possível


iniciar o lançamento dos cabos condutores e para-raios, além do aterramento das
estruturas metálicas.
Cabe ressaltar que os cabos devem ser dimensionados para suportar as tensões
mecânicas decorrentes da dilatação e retração do condutor, provocadas pela variação de
temperatura durante a operação da linha e da ocorrência de curto-circuito. Devem ser

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avaliadas as cargas mecânicas nas estruturas de suporte dos terminais e nas emendas dos
cabos para as condições mais desfavoráveis de montagem e manutenção.
Embora possa parecer uma etapa apenas prática, nesta fase está contida a etapa
de travessias, que pode influenciar negativamente no prazo da implantação da linha de
transmissão.
Cada órgão possui uma forma de atestar a travessia, inclusive com solicitação de
documentos, cobrança para análise de projeto e prazo para resposta. Em alguns casos, o
prazo estipulado chega a ser de 60 dias apenas para o retorno do parecer, podendo ser
favorável ou não. Desse modo, caso a travessia seja indeferida, o custo nesta etapa pode
ser altíssimo, visto que as torres já foram fabricadas e já estão montadas, sendo assim,
qualquer alteração no traçado acarreta em um grande gasto financeiro ao projeto.
No caso de se obter um parecer deferido com ressalvas, basta acrescentar o
solicitado pelo órgão, como no caso de torres próximas a aeroportos, onde é necessária a
inclusão de sinalização luminosa (balizas) para o trafego aéreo. Ainda assim, acarretará
em mais custo ao projeto, mais uma vez evidenciando a importância do planejamento
coletando todas as premissas.
Com todo o trâmite burocrático e todas as travessias necessárias autorizadas,
pode-se finalmente iniciar o lançamento dos cabos. Geralmente, os cabos para-raios
utilizados são do tipo OPGW [27], que consistem em cabos com fibra ótica revestida
internamente, conforme ilustra a Figura 3.12.

Figura 3.12 - Cabo OPGW [28]

Este cabo suprime a necessidade da inclusão de cabos somente de fibra ótica,


evitando que fossem colocados mais cabos na torre, gerando mais peso e necessitando
de uma estrutura mais robusta. O cabo OPGW se faz necessário para a comunicação
entre as subestações e posteriormente para a operação remota através do centro de
operações da transmissora e ainda com o centro de operações do ONS [28], conforme
ilustra a Figura 3.13.

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Figura 3.13 - Comunicação através de cabo OPGW [28]

Os cabos para-raios devem ser lançados antes dos condutores, por estarem em
um plano mais alto, e o equipamento utilizado deverá ser aterrado. O cabo deve ser
lançado em regime lento e regular, evitando que o mesmo seja danificado,
principalmente, por torções e contato ao solo, evitando ranhuras. Este modo de
lançamento é conhecido como tensão mecânica reduzida, ou seja, há uma aplicação de
um esforço de tração ao cabo suficiente para desenrolá-lo da bobina, de modo que fique
acima do terreno. A tensão de lançamento deverá permanecer na faixa de 10% a 30% da
tensão do cabo correspondente. O lançamento dos condutores deverá ser iniciado pela
fase central ou pela fase superior, dependendo da disposição dos mesmos [27].
O lançamento dos condutores é realizado com base no Plano de Lançamento.
Nele são avaliadas todas as condições e obstáculos do traçado da LT, com o objetivo de
encontrar a melhor distribuição das bobinas no campo para que a instalação dos cabos
seja realizada sem desperdício de material e o aproveitamento da atividade ocorra de
forma otimizada.
Em geral, os condutores são lançados sob tensão controlada, ou seja,
primeiramente há o lançamento de um cabo de aço, conhecido como cabo piloto, de
menor peso que os cabos estipulados no projeto, para uma posterior conexão destes no
piloto através de um balancim ou arraia [17]. Os cabos são puxados por um guincho
localizado na extremidade do tramo denominada praça do guincho, enquanto que, na
outra extremidade, conhecida como praça do freio, os cabos saem das bobinas e passam
pelo freio, onde é feito o controle da tensão do lançamento, conforme ilustra a Figura
3.14.

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Figura 3.14 - Lançamento de cabos [17]

Com o lançamento concluído, e as emendas realizadas adequadamente, são


realizados os nivelamentos dos cabos. Este procedimento consiste no ajuste da flecha,
que é a distância vertical do ponto mais baixo do cabo aos pontos de apoio, e no
tensionamento dos cabos de acordo com o definido no projeto. A flecha do cabo está
representada na Figura 3.15, denotada pela letra “f”.

Figura 3.15 - Flecha do cabo "f" [17]

Após o nivelamento, os cabos são conectados as torres através de uma atividade


conhecida como grampeamento. Nesse momento, os cabos são conectados as estruturas
através de cadeias de isoladores.
Atualmente, as cadeias de isoladores são um problema para os agentes de
transmissão e a sua falha vem causando prejuízos imensos às transmissoras resultando
em multas e descontos por Parcela Variável por Indisponibilidade (PVI) por
indisponibilidade da linha de transmissão. Isto ocorre por muitas vezes os projetos não
contemplarem de maneira adequada o problema de poluição ambiental e suas
consequências no desempenho das instalações, além de causas externas.

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Os isoladores são constantemente responsáveis por diversas ocorrências de
desligamentos em linhas de transmissão por curto-circuito, isto se deve a mistura líquida
existente no momento da evacuação de excrementos das aves.
Para minimizar estes desligamentos, são instalados protetores para isoladores,
conforme ilustra a Figura 3.16. Embora seja um custo maior para o projeto, é mais
vantajoso financeiramente instalar estes equipamentos do que ser descontado pela PVI
no caso de desligamento da linha após a implantação.

Figura 3.16 - Instalação de protetores para os isoladores [29]

Além disso, é comum as aves criarem ninhos em torres, próximos aos isoladores,
pois devido à temperatura, o ninho permanece aquecido para os filhotes. Nesses casos
são instalados dispositivos de modo a prevenir o pouso e construção de ninhos [29].
Em relação aos condutores, para minimizar futuros desligamentos e evitar a
colisão e eletrocussão de pássaros na linha de transmissão, são instalados sinalizadores
avifauna [30], conforme ilustra a Figura 3.17.

Figura 3.17 - Sinalização avifauna [30]

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Este sinalizador é destinado a deixar o cabo ainda mais visível aos pássaros e
fornecer meios mais econômicos de reduzir o perigo às linhas e aos pássaros, como no
caso de um curto-circuito bifásico, pois os valores em casos de desligamentos não
programados são consideravelmente mais altos. Em casos de médias tensões de linha, o
sinalizador é aplicado aos condutores da fase (nu ou recoberto). Para altas tensões, é
usado no cabo para-raios. Além destes, é necessária a inclusão de esferas de sinalização
ao trafego aéreo no cabo para-raios [29].
Desse modo, para mitigar os riscos de desligamento forçado das linhas e manter
a confiabilidade do sistema, as transmissoras têm optado pela troca das cadeias de vidro
por isoladores poliméricos, por estes apresentarem melhor desempenho frente aos
problemas de poluição associada as suas características hidrofóbicas. Já em relação às
descargas atmosféricas nos isoladores, é importante realizar o aterramento de modo
adequado para que toda a descarga seja corretamente escoada para a terra, sem acarretar
na indisponibilidade da linha de transmissão.
Para proteger a linha de possíveis desligamentos, é realizado o aterramento das
torres, através de cabos contrapesos e impedâncias instaladas, tanto nos pés das torres
de ancoragem quanto nas bases do mastro central, e estais de estruturas estaiadas, de
maneira a tornar a resistência de aterramento compatível com o desempenho desejado e
a segurança de terceiros. O sistema de aterramento protege toda a rede de descargas
atmosféricas, indução de corrente de linhas de transmissão próximas e acidentes como
ruptura da cadeia de isoladores ou rompimento do cabo condutor [17].
O cabo contrapeso é constituído por um fio, cabo de aço ou fita metálica,
enterrado longitudinalmente ao longo da faixa de servidão em uma profundidade
determinada pelo projetista, normalmente entre 50 e 90 cm, no alinhamento das torres e
acoplados às mesmas por conectores. Estes devem possuir alta resistência mecânica e
tratamento para corrosão. Comumente, os cabos são instalados em radiais, conforme
ilustra a Figura 3.18, porém outras configurações podem ser utilizadas, de acordo com
parâmetros como a resistência de aterramento requerida para a linha de transmissão e a
resistividade do solo.

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Figura 3.18 - Sistema de aterramento com cabos radiais [17]

As cercas metálicas situadas nas proximidades do corredor da linha de


transmissão também devem ser aterradas [31]. O objetivo também é manter a segurança
de pessoas e animais que possam tocá-las, já que as cercas que cruzam ou atravessam a
linha de transmissão podem ser energizadas pelo efeito de indução eletromagnética.
Através do aterramento, qualquer corrente elétrica induzida é descarregada para a terra,
evitando a propagação.
Para melhorar o desempenho dos condutores, são utilizados algumas ferragens e
acessórios como espaçadores, anéis equalizadores e amortecedores de vibração.
Os espaçadores são utilizados para manter a separação e a estabilidade do feixe
de subcondutores, evitar as oscilações de vão e atenuar as vibrações dos subcondutores
nas linhas de transmissão, além de manter a equalização elétrica dos subcondutores.
Podem ser de vários tipos, dependendo do número de condutores por fase, conforme
ilustra a Figura 3.19 [32].

Figura 3.19 – Espaçadores [32]

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Quanto maior o nível de tensão das linhas de transmissão, maior será o efeito
corona agregado e o ruído gerado pela radiofrequência. Somando isso ao fato de os
isoladores serem materiais que necessitam resistir a um determinado esforço de tração,
compressão ou flexão, além de exercer a função de isolar pontos contendo uma
diferença de potencial, há a necessidade de minimizar estes efeitos. Isto ocorre
utilizando um acessório chamado anel anti-corona ou anel equalizador [33], que pode
ser construído por qualquer material condutor como, por exemplo, ferro ou alumínio e
pode apresentar vários formatos e dimensões. O formato mais usual é um círculo,
conforme ilustra a Figura 3.20. A função principal deste equipamento é realizar uma
melhor distribuição do campo eletromagnético que se concentra na região do terminal.

Figura 3.20 - Anéis equalizadores [33]

Quando os cabos são expostos ao vento, ocorre um fenômeno que provoca um


desequilíbrio de pressão alternada, induzindo o condutor a mover-se para cima e para
baixo, em ângulos retos em relação à direção do fluxo do ar. Essas vibrações tomam
formas de discretas ondas estacionárias que podem causar avarias nas ferragens de
sustentação, fadiga no condutor, abrasão e falha no condutor. Para evitar isso, são
instalados amortecedores de vibração nos cabos, conforme ilustra a Figura 3.21 [32].

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Figura 3.21 - Amortecedor de vibração [32]

3.2.5. Montagem Eletromecânica

Concomitantemente a implantação da linha de transmissão, é necessário realizar


as obras nas subestações de modo que elas estejam prontas, para que quando a linha de
transmissão estiver concluída, esta possa ser conectada nas subestações. É importante
manter as tensões de acordo com o estabelecido no Submódulo 2.3 dos Procedimentos
de Rede do ONS, conforme a Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Tensão Máxima em Regime Permanente [34]

Tensão Nominal Tensão Máxima


(kV) (kV fase-fase, eficaz)
13,8 14,5
34,5 36,2
69 72,5
88 92,4
138 145
230 242
345 362
440 460
500 ou 525 550
765 800

Após a fundação ter sido realizada, o aterramento da subestação pode ser


realizado, de modo a prevenir tensões de passo e de toque. Feito isso, há a instalação
dos pórticos e então as estruturas são colocadas, juntamente com os equipamentos de
pátio que formarão a entrada de linha, como disjuntores, seccionadoras, transformadores
de corrente, transformadores de potencial e para-raios, além da inclusão dos isoladores
de pedestal [35].

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Com a instalação dos equipamentos e conexão entre os barramentos respeitando
a coordenação de isolamento, de acordo com a classe de tensão, o pátio da subestação
está pronto, necessitando apenas a inclusão de uma camada de brita. Esta camada,
geralmente de 10 cm, reveste o solo e confere maior qualidade ao nível de isolamento
dos contatos dos pés com o solo, pois apresenta resistividade alta [35].
Por fim, é necessária a implementação de toda a lógica do sistema supervisório,
juntamente com todos os equipamentos de medição, proteção, comando e controle. Os
painéis são instalados na casa de comando da subestação.
Para que estes equipamentos operem com confiabilidade, devem ser incluídos
serviços auxiliares em corrente alternada (CA) e em corrente contínua (CC), que
possuem a finalidade de suprir os equipamentos de pátio, os componentes do sistema de
medição, proteção, comando, controle, supervisão, os quadros de força e iluminação,
sistema anti-incêndio, entre outras cargas, a partir dos disjuntores dos painéis de
distribuição.
O sistema de corrente alternada a ser implantado na subestação deve ser
composto basicamente por duas fontes de alimentação independentes, sendo uma fonte
externa, em geral da distribuidora, e outra interna, geralmente do terciário do
transformador de potência da subestação [36]. No caso de a subestação não possuir
transformador, as duas fontes devem ser externas e de subestações distintas. Este
sistema, também conhecido como serviços auxiliares CA, alimenta os quadros de
distribuição para os serviços gerais da subestação em 220/127 V. Além disso, deve ser
previsto um grupo motor-gerador com partida automática e com capacidade para
alimentação das cargas essenciais, que são as cargas necessárias para iniciar o processo
de recomposição da subestação, em casos de desligamento total ou parcial [36].
Já o sistema de corrente contínua é composto por retificadores e um conjunto de
baterias, cada um dimensionado para atender todas as cargas CC em operação nos
circuitos dos novos bays, inclusive para alimentar os painéis que funcionam em corrente
contínua, em conjunto com o gerador que pode ser acionado em caso de interrupção de
energia na subestação.
Deve ser prevista a integração entre o sistema supervisório do empreendimento
novo aos sistemas supervisórios existentes, muitas vezes de outras transmissoras, de
forma a disponibilizar as posições dos equipamentos de pátio, medições operacionais e
demais pontos, envolvendo a supervisão das proteções que provoquem desligamento

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dos disjuntores associados aos eventos cuja operação e responsabilidade são de outro
agente de transmissão [35].
Os pontos de interface entre os agentes devem ser viabilizados através de novos
painéis, a serem fornecidos e instalados pela transmissora responsável pela nova linha
de transmissão. Estes painéis de interface devem conter medidores de tensão, corrente,
potência ativa e reativa, relés auxiliares, além de unidade de controle e supervisão
devidamente interligada a rede [35].
Finalmente são realizados os pingados, ou seja, a conexão dos equipamentos ao
barramento e posteriormente ao pórtico da entrada de linha que chega a subestação.
Nesse momento, do ponto de vista técnico-construtivo, a linha de transmissão e
as subestações estão prontas para serem energizadas, conforme ilustra a Figura 3.22.

Figura 3.22 - Subestação conectada a linha de transmissão

3.2.6. Aspectos Regulatórios

Para que a linha de transmissão e a subestação possam operar, é necessária a


adoção de alguns procedimentos do ponto de vista regulatório.
Desse modo, antes da realização dos testes nos ativos, caso a transmissora
detentora da concessão da subestação existente não seja a mesma da linha de
transmissão, é necessária a celebração dos contratos de conexão [36]. Estes contratos
são celebrados entre os agentes com interveniência do ONS, conforme a tabela 3.2.

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