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Aspectos gerais da dermatologia

➢ A Pele: estrutura, funções, abordagem clínica e terapêutica

..................................................................................................................... Objetivos
• Rever aspectos da anatomia, fisiologia e Semiologia da pele
• Discutir aspectos da terapêutica dermatológica;
• Discutir aspectos quanto à Fotoproteção

........................................................................................................................ Pele

− Formada por três camadas, que incluem a epiderme,


derme e hipoderme, e pelos anexos cutâneos, dos
quais participam os folículos pilosos e as glândulas

....................................................................................................................... Funções da pele

− Proteção física: barreira de proteção para as estruturas internas do organismo; também impede
perdas de água e eletrólitos
− Proteção imunológica: Imunidade humoral e celular
− Termorregulação: através da sudorese e também da constrição e dilatação da rede vascular
cutânea
− Percepção: através da vasta rede nervosa cutânea → órgão receptor sensitivo do calor, frio, dor
e tato (receptores que ela apresenta)
− Secreção: manto hidrolipídico; propriedades antimicrobianas; precursor da vitamina D
− Social: relação com o outro

.................................................................................................. Semiologia dermatológica

− Idade, sexo, profissão, queixa(s) e duração / manifestações subjetivas (prurido)/ evolução e


tratamentos prévios / antecedentes pessoais e familiares / estado geral e uso de medicações.

− Inspeção: todo o tegumento, cabelo, unhas e mucosas; necessário ter boa iluminação; visão
geral: examinar entre um e 2 metros; exame próprio – lupa (para ampliar o tamanho das
alterações ali presentes)
− Palpação: especialmente aquelas de conteúdo subcutâneo para identificar consistência, relevo,
sintomas associados (dor, por exemplo)

− Alteração de cor, de relevo, lesões de conteúdo líquido


− Identificar: formas, contornos, dimensões, número, distribuição, regiões cutâneas

....................................................................................... Terapêutica dermatológica


− Na dermatologia, a doença é visível
− Tendência por opções de terapêutica tópica
− Variar as concentrações dos princípios ativos de acordo com a função que se deseja obter dele
− Adequação ao tipo de pele
− Variar o veículo (carreador da substância)

− Adequar à história natural da doença/dermatose (ex: Herpes Zoster, Pitiríase rósea)


− Conhecer os grupos farmacológicos de maior uso na especialidade (ex: corticoides, anti-
fungícos, anti-histamínicos, antibióticos)
− Definir a duração do tratamento e “cuidados associados” (ex: corticoterapia – diminuição
gradativa?)
− Atentar para interações medicamentosas – antifúngicos orais, por exemplo, especialmente os
derivados imidazólicos, reduzem eficácia de ACO (podem reduzir para até 70% da eficácia)
− Evitar excesso de tratamento – aplicação indiscriminada de múltiplas medicações locais – ex:
escabiose
− Adequar o tratamento ao momento da doença – opções terapêuticas distintas a depender do
momento evolutivo daquela doença (ex: psoríase)
− Atentar para aspectos específicos quanto a “grupos especiais” – por efeitos dependentes de
superdosagem; por interação medicamentosa; por potenciais danos teratogênicos (crianças,
idosos, gestantes)
− Avaliação complementar laboratorial pertinente (ex: hemograma e G6PDH na sulfonoterapia)

− Alerginização aos tópicos: pele é dos órgãos que facilmente se sensibilizam → efeitos alérgicos
desde locais até sistêmicos
− Dermatite de contato – princípios ativos/base/preservativos
− Evitar o uso tópico de substâncias de uso parenteral – sulfas/penicilina
− Alergia cruzada – mesmo radical sensibilizador
− Adequação ao aspecto morfológico da lesão/veículo: lesão de característica exsudativa
(componente de secreção mais intenso) → preferência ao creme (óleo/água) devido a ação
hidrofílica (carreia mais efetivamente o princípio ativo ao alvo); lesão seca (aspecto mais
crostoso) – usar pomada (água/óleo) devido a ação lipofílica (carreia melhor no meio ressecado)

Veículo – aquilo que carrega a substância ativa

− Escolha do princípio ativo - concentração da substância; potência da ação; penetração do


princípio ativo = atingir a derme; substância que facilitam a penetração (ex: no rosto, por ser
uma área mais oleosa, o ideal é usar o veículo em gel – melhora a disponibilidade do
medicamento); oclusão – fornece umidade à região, favorecendo a penetração, inclusive por
fazer vasodilatação; local de aplicação – favorece absorção quando aplicados, por exemplo, nas
dobras (tem oclusão fisiológica – área naturalmente mais úmida e abafada) e na face (região mais
oleosa)

− Os efeitos adversos mais marcantes ocorrem em tratamentos com doses altas e por longos
períodos → pode-se manifestar efeitos sistêmicos, mesmo com aplicação tópica (desde que
inadequada)
− Alterações metabólicas: diabetes, elevação de triglicérides, aumento de peso e disposição típica
da gordura com predomínio no tronco e a fácies em lua cheia (efeitos cushingóides dos
corticoides)
− Alterações músculo-esqueléticas: osteoporose (especialmente em mulheres menopausadas),
miopatia da cintura pélvica e escapular (corticoesteroides fluorados); necrose asséptica (cabeça
do fêmur e demais ossos por microêmbolos das artérias subcondrais → usualmente em
corticoterapia prolongada – 6-12 meses) → mais comum em homens
− Alterações renais: urolitíase – aumento da excreção urinária de cálcio
− Alterações hematológicas: aumento de leucócitos e plaquetas, diminuição de eosinófilos e
linfócitos → tromboses/tromboflebites
− Alterações oculares: catarata subcapsular (uso por mais de um 1 ano, com doses acima de 10
mg/dia de prednisona); glaucoma (corticoterapia ocular tópica)
− Alterações endócrinas: supressão do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal → em doses maiores
que 1mg/kg/dia, por períodos maiores de 10 dias; alterações menstruais (frequentes); prejuízo
de crescimento (crianças)
− Alterações GI: estrongiloidíase disseminada (em corticoterapia sistêmica, em altas doses);
esofagite, úlcera péptica, sangramentos GI (esses de maior risco quando associados aos AINEs)
− Alterações cutâneas: uso crônico de corticoides, especialmente nas áreas de dobras → pode
gerar atrofia, telangiectasias, púrpuras, estrias, hirsutismo, retardo na cicatrização (ação nos
fibroblastos)
− Alterações imunológicas: infecções por fungos, bactérias, vírus e parasitas/ TB/ estrongiloidíase

Corticoide – efeito anti-inflamatório e imunomodulador que, a depender da dose e do tempo de


uso pode evoluir para um efeito imunossupressor

− Alterações cardiovasculares: efeitos mineralocorticoides (retenção de Na+) – HAS/ insuficiência


cardíaca congestiva
− Alterações do SNC: Alteração no ritmo de sono (parecem ter maior relação com a predisposição
da própria pessoa do que com a dose e tempo de uso); modificações do estado psíquico
(agitação, euforia ou depressão/ quadros psicóticos)

Atentar quanto ao possível efeito rebote de quadros dermatológicos quando diante da


redução/retirada da corticoterapia sistêmica

a) Medidas para minimizar os efeitos colaterais da corticoterapia sistêmica


− Administrar em dose única matinal
− Redução gradual das doses sistêmicas (possível uso em dias alternados, quando com doses de
manutenção de 20/30 mg diários de prednisona)
− Diminuição da ingestão de sal – diuréticos?
− Avaliação das curvas de crescimento (crianças) – 2-3 meses
− Uso de medicações para proteção gástrica
− Avaliar focos infecciosos
− Verificação pré e no tratamento – glicemia, triglicerídios → correções dietéticas ou
medicamentosas
− Evitar obesidade – diminuição da ingestão de calorias (carboidratos) e estimular prática de
exercício físico
− Prevenção da osteoporose (vitamina D e Ca2+)
− Exame oftalmológico (prévio e de acompanhamento)

b) Equivalência dos corticoides em mg


− Hidrocortisona (20mg) – é o mais brando
− Cortisona (25mg)
− Prednisona (5mg) e Prednisolona (5mg) – mais usadas (melhor manipulação de uso oral)
− Metilprednisona (4mg)
− Triancinolona (4mg)
− Betametasona (0,6 mg)
− Dexametasona (0,75 mg)
− Deflazacort (6 mg) – importante para reduzir os efeitos de osteopenia

................................................................................................................... Fotoproteção

− Principal fonte de radiação que nos envolve


− É formada por radiações de diferentes comprimentos de onda = espectro eletromagnético
− Componente de infravermelho maior que os outros componentes – 37% é radiação visível; 60%,
infravermelho; 3%, ultravioleta; existe, ainda, uma fração desprezível de raios X e ondas de rádio
hertzianas

− A camada de ozônio impede a chegada das radiações UVC e filtra, parcialmente, as UVB
− Radiações solares que chegam à nós: 290-700nm

− Parcialmente refletida e parcialmente absorvida (cromóforos)


− Define a oxidação das proteínas aromáticas pericapilares levando à liberação de substâncias
mediadoras de vasodilatação: prostaglandinas, histaminas, leucócitos e lisossomos

− UV – C, B e A
− UVB ultrapassa o estrato córneo, ganhando a
epiderme
− UVA passa estrato córneo, epiderme e chega
à derme; na junção epiderme/derme estão
as células basais, que renovam o epitélio
− Dano da UVA é maior do que o da UVB
− Quanto maior o comprimento de onda,
maior a penetração da radiação

a) Radiação UVB (290-320 nm)


− É absorvida pela epiderme, e a resposta aguda da pele à sua exposição incluem eritema, edema
e pigmentação
− Danos ao DNA, geração de inflamação e carcinogênese são características associadas à radiação
UVB
− A gravidade dos danos depende do tipo e quantidade de raios solares aos quais a pessoa se
expõe durante a vida

b) UVA (320-400 nm)


− Penetra mais na pele
− Altera estruturas dérmicas e epidérmicas
− Acentua o aspecto de envelhecimento da pele
− A radiação UVA pode atingir a superfície da terra e, consequentemente, a pele durante todas as
horas do dia, do alvorecer ao crepúsculo, pois não é absorvida por nenhum dos constituintes
atmosféricos
− Associam-se à radiação UVA os efeitos do envelhecimento precoce da pele
− A radiação UVA também provoca redução na quantidade de células de Langerhans e aumento
na quantidade de células inflamatórias presentes na derme
− O UVA provoca menos queimadura solar
− No entanto, o UVA é mais eficiente em induzir bronzeamento

− Lâmpadas fluorescentes: 8h de exposição equivalem à 1,2 min de exposição solar


− Lâmpadas de halogênio: 100w a 20 cm → DEM 2,5h

DEM = dose eritematosa mínima → variável de acordo com o subtipo da pele (melhor explicado
abaixo)

− Monitores de computador: baixa intensidade de UV


− Câmera de bronzeamento artificial: 30 min de exposição equivalem a 1 dia inteiro na praia

a) Dose eritematosa mínima


− Avaliação do eritema
− Menor quantidade de radiação necessária para produzir discreto, porém nítido, eritema 24h
após a exposição

Fototipo = cor da ele

b) Pigmentação melânica da pele


− Intríseca – geneticamente determinada; imutável
− Facultativa – ação dos raios solares e hormônios; mutável (bronzeamento)

Escala de valores de radiação


ultravioleta (280-400nm) = indutores de
eritema na pele humana

− Classificação de fototipo (Fitzpatrick)


− A escala inclui 6 classificações baseadas na facilidade/dificuldade de queimar e bronzear e na
pigmentação imediata e retardada da pele
− Fototipo 6 – facilmente se bronzeia, dificilmente se queima
− Fototipo 1 – facilmente se queima, dificilmente se bronzeia

− Todos os tipos de pele têm a mesma quantidade de melanócitos, mas a capacidade de produzir
melanina é diferente (quantidades diferentes de melanina)
− Uma parte da melanina produzida é armazenada em melanossomos, que a libera conforme
estímulo
− Bronzeamento: é a consequência da foto-oxidação da melanina existente. É, ainda, um estímulo
para a formação de nova melanina

a) FPS
− O Fator de Proteção Solar (FPS) é o principal dado para quantificação da eficácia fotoprotetora
de um filtro solar, sendo universalmente aceito
− É baseado na determinação da DEM, definida como sendo a menor quantidade de energia
necessária para o desencadeamento de eritema em áreas de pele protegidas e não protegidas
pelo produto em estudo
− O valor do FPS é calculado como a razão numérica entre a DEM da pele protegida e a da pele
não protegida
− FPS = DEM (pele protegida) / DEM (pele não protegida)
− Mas, o número do FPS não é a potência de proteção → fotoprotetor de FPS 30 não tem o dobro
de proteção do 15

o Categorias de fotoprotetores baseadas no valor do FPS


o Recomendação quanto à fotoproteção
− Restrição de horários: evitar
exposição durante o pico de UVB
(10-16h)
− Uso de roupas fotoprotetoras,
chapéus, óculos de sol
− Uso de filtro solar de amplo
espectro que: deve ser aplicado
15-20 min antes da exposição
solar para dar o tempo de
estabilização do produto em
quantidade de 2mg/cm² (“regra
da colher de chá” – uma a duas
colheres, rasas, de chá, por área
de aplicação), reaplicado a cada 2-3h

Prazo máximo de reaplicação – 2-3h mediante pouca transpiração e ausência de banhos em água
→ compostos do fotoprotetor são degradados mediante à fotoexposição, por isso demandam
reaplicação em determinado período de tempo pré-estabelecido

Radiação tem dano cumulativo → fotoenvelhecimento e carcinogênese cutânea

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