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PADRÃO DE ATIVIDADE FÍSICA DOS POLICIAIS CIVIS DA PERÍCIA FORENSE DO CEARÁ

Isis Tomé Prado Bezerra1; Letícia de Souza Oliveira 2; Gabrielle Prudente e Silva3;Laryssa
de Oliveira Carlos4; Ronald Oliveira Martins5; Marizângela Lissandra de Oliveira Santiago 6;
Tamires Feitosa de Lima7; Raimunda Hermelinda Maia Macena8

1
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/2768409479247625
2
1Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/4668269116022795
3
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/3747727224862980
4
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/2020053683492431
5
Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/1156489359881259
6
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/8478564521353050
7
1Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/6380501705559299
8
Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará. http://lattes.cnpq.br/6728123164375829

PALAVRAS-CHAVE: Ciências Forenses. Atividade Física. Sofrimento Emocional .


ÁREA TEMÁTICA: Epidemiologia

INTRODUÇÃO
O trabalho de perícia forense tem a função de auxiliar o sistema de justiça a partir da
análise científica de vestígios encontrados em cenas, objetos e vítimas de crimes. O produto do
trabalho pericial é o laudo pericial, que contém todos os detalhes a respeito do crime, como a
identificação da vítima; as condições nas quais ela foi encontrada no local de crime; a localização,
a dimensão e o tipo de objeto causador dos ferimentos que levaram ao óbito, obtidos por meio de
exame interno (quando cadáver) e externo da vítima; assim como fotografias que comprovem o
que ali está registrado (LIMA; PAULA, 2014).
Sendo assim, no trabalho forense, a sobrecarga física e emocional se faz presente devido
às próprias características inerentes à atividade pericial, que expõem os profissionais à violência
direta e indireta. A exposição indireta dos profissionais à violência se dá mediante a manipulação
de cadáveres de vítimas de mortes violentas; o exame de corpo de delito em vítimas de violência;
o contato com os familiares das vítimas, que estão em sofrimento; a atuação em cenas de crimes
violentos (homicídios, suicídios e acidentes); além da exposição a material audiovisual traumático.
Soma-se a isso, a sobrecarga emocional decorrente da responsabilidade pela construção do
laudo pericial.
Estudos demostram que a exposição frequente de policiais a situações de violência os
torna vulneráveis e suscetíveis à apresentação dos mais variados sofrimentos psíquicos, se
comparados ao restante da população (DA CUNHA; DICK; PIRES; PINTO, 2019; ODGERS;
RUSSELL, 2017; SANTOS; HAUER; FURTADO, 2019 ). No entanto, a prática de atividade física
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tem sido apontada como um importante fator de proteção para o desenvolvimento de transtornos
mentais em profissionais que trabalham com pessoas traumatizadas, como as vítimas de
violência, auxiliando na manutenção do seu bem estar (POSSELT; BAKER; DEANS; PROCTER,
2020).
Desse modo, acredita-se que essa prática de exercício físico deve ser encorajada entre os
policiais de perícia forense.

OBJETIVO
Caracterizar o padrão de atividade física dos policiais da Perícia Forense do Ceará
(PEFOCE).

METODOLOGIA
Estudo transversal, exploratório e quantitativo, realizado por meio de pesquisa de campo
como parte do projeto guarda-chuva "Violência vivida, condições de saúde e adoecimento entre
policiais civis e militares do Estado do Ceará”.
Foi realizado com os policiais civis da PEFOCE (médico perito legista, perito legista, perito
criminal, perito criminal adjunto e auxiliar de perícia) lotados em qualquer uma das quatro
coordenadorias dos Órgãos de Execução Programática (Medicina Legal, Perícia Criminal,
Identificação Humana e Perícias Biométricas, Análises Laboratoriais Forenses), tanto na capital,
Fortaleza, quanto nos 09 núcleos do interior do Estado do Ceará.
A coleta de dados se deu entre setembro de 2022 e maio de 2023, por meio de um
questionário eletrônico autoaplicável utilizando o Software Survey Monkey® associado ao Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. A análise estatística foi realizada pelo SPSS®20, cujos
resultados foram apresentados de forma descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, sob parecer nº 2.284.725/2017.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo 219 servidores cuja média de idade é de 37,9 anos (DP± 8,7 anos),
46,1% eram pardos, 64,8% homens, 63,9% casado ou em união estável, 45,7% possuem
especialização, 31,9% é da área de saúde e 31,0% das ciências exatas.
Do total de respondentes sobre a prática de atividade física, 76,4% consideram o exercício
físico muito importante, 20,3% mais ou menos importante e 3,3% pouco importante. Com relação
à prática exercício físico, 79,0% (173) informaram ter praticado nos últimos 3 meses, com 48,0%
realizando numa frequência de 3 a 4 dias na semana, 25,4% de 5 a 6 dias semanais, 24,3% de 1
a 2 dias por semana e 2,3% o faziam todos os dias. Com relação à duração, 62,4% praticavam

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durante 30 a 60 minutos, 32,9% por mais de 60 minutos e 4,6% por menos de 30 minutos. As
atividades realizadas podem ser observadas na tabela 1.

Tabela 1: Frequência de atividade física praticada por profissionais da Perícia Forense do Ceará nos últimos 3
meses, Ceará, 2023.
Atividade N %

Caminhada ao ar livre 63 36,4


Caminhada em esteira 35 20,2
Corrida ao ar livre 54 31,2
Corrida em esteira 35 20,2
Musculação 112 64,7
Ginástica aeróbica 7 4,0
Ginástica em geral 8 4,6
Hidroginástica ou natação 7 4,0
Crossfit 20 11,6
Artes marciais ou luta 11 6,4
Bicicleta 38 22,0
Esporte coletivo 27 15,6
Dança 6 3,5
Futebol de fim de semana 7 4,0
Fonte: Elaboração própria.

Outros estudos têm analisado o padrão de atividade física em policiais, encontrando


diferentes resultados. Jesus & Jesus (2012) encontraram 9,5% de policiais militares inativos e
27,5% insuficientemente ativos, totalizando 37,0% de indivíduos não atingem as recomendações
internacionais para a prática de atividades físicas. Corroborando com esses achados, Soares et
al. (2019) apontaram prevalência de 29% de sedentarismo entre os policiais militares analisados
e 29% de atividade física insuficiente, totalizando 58% com atividade abaixo do recomendado.
Por outro lado, Bernardo et al. (2018) encontraram nível de atividade física mais ativo em
79,5% dos policiais militares, sendo mais prevalente naqueles que atuam no serviço operacional
quando comparados ao atuantes em serviços administrativos, enquanto Silva et al. (2012)
encontraram níveis de atividade física em policiais militares acima do recomendado.
Dentre as principais barreiras percebidas pelos policiais à realização da atividade física
estão compromissos familiares, jornada de trabalho, falta de equipamento, ambiente inseguro e
falta de recursos financeiros (JESUS; JESUS, 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo analisou o padrão de atividade física dos policiais da Perícia Forense do Ceará.
Apesar de a maioria considerar a prática de exercício físico importante e tê-la realizado nos
últimos três meses, ainda existe parcela considerável de sedentários.
Ante o exposto, conclui-se que é de suma importância incentivar e facilitar a prática de
atividades físicas nessa população, além da adoção de ações educativas para conscientização
dos profissionais sobre os benefícios da prática regular de exercício físico, sobretudo por
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representar um fator de proteção ao sofrimento psíquico que pode ser desencadeado ou
potencializado pelo trabalho de perícia forense.
Sugere-se a realização de estudos futuros que avaliem o nível de atividade física, de modo
a identificar se a atividade está sendo realizada de acordo com o recomendado em termos de
frequência x duração x tipo de atividade, visto que a ausência dessa análise representa uma
limitação do estudo.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
BERNARDO, V. M.; SILVA, F. C. D.; FERREIRA, E. G.; BENTO, G. G. et al. Atividade física e
qualidade de sono em policiais militares. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 40, n. 2, p.
131-137, 2018.

DA CUNHA, P. A. B.; DICK, N. R. M.; PIRES, C. G.; PINTO, J. D. N. Transtorno de Estresse Pós-
Traumático em Policial Militar. Saúde e Desenvolvimento Humano, 7, n. 2, p. 07-18, 2019.

JESUS, G. M. D.; JESUS, É. F. A. D. Nível de atividade física e barreiras percebidas para a


prática de atividades físicas entre policiais militares. Rev. bras. ciênc. esporte, 34, n. 2, p. 433-
448, 2012.

LIMA, G. P.; PAULA, C. T. D. O papel da perícia criminal na busca da verdade real. Revista
Científica Eletrônica do Curso de Direito, 6ª, 11p., 2014. Disponível em:
http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ySbotSUhtiKfl5W_2019-2-28-
17-48-6.pdf.

ODGERS, C. L.; RUSSELL, M. A. Violence exposure is associated with adolescents' same- and
next-day mental health symptoms. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 58, n. 12, p.
1310-1318, 2017.

POSSELT, M.; BAKER, A.; DEANS, C.; PROCTER, N. Fostering mental health and well-being
among workers who support refugees and asylum seekers in the Australian context. Health and
Social Care in the Community, 28, n. 5, p. 1658-1670, 2020.

SANTOS, R. D. O. B.; HAUER, R. D.; FURTADO, T. M. G. O sofrimento psíquico de policiais


militares em decorrência de sua profissão: revisão de literatura. Revista Gestão & Saúde. 20, n.
2, p. 14-27, 2019 

SILVA, R.; SCHLICHTING, A. M.; SCHLICHTING, J. P.; GUTIERRES FILHO, P. J. et al. Aspetos
relacionados à qualidade de vida e atividade física de policiais militares de Santa Catarina - Brasil.
Motricidade, 8, n. 3, p. 81-89, 2012.

SOARES, D.; MELO, C.; SILVA, J.; SOARES, S. et al. Influence of physical activity on military
police officers' burnout influência da atividade física no burnout em policiais militares. Journal of
Physical Education, 30, e-3059, 2019.

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