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Heidegger Ser e Tempo

Elaborar a questão do ser significa, portanto, tornar


transparente um ente – o que questiona – em seu ser. Como
modo de ser de um ente, o questionamento dessa questão se
acha essencialmente determinado pelo que nela se questiona –
pelo ser. Esse ente que cada um de nós somos e que, entre
outros, possui em seu ser a possibilidade de questionar, nós o
designamos com o termo ser-aí (Dasein). A colocação explícita
e transparente da questão sobre o sentido do ser requer uma
elucidação prévia e adequada de um ente (ser-aí) no tocante a
seu ser. (ST.§.4. p.39: SZ.p.13).

Dasein não é presença

Ele pode não ser presente

Ele é um ser de existência! Em vários modos que se mostram.

Agora, porém, mostrou-se que a analítica ontológica do ser-aí


em geral constitui a ontologia fundamental e que, portanto, o
ser-aí se evidenciacomo ente a ser, em princípio, previamente
interrogado em seu ser. Na tarefa de interpretar o sentido do
ser, o ser-aí não é apenas o ente a ser interrogado primeiro. É,
sobretudo, o ente que, desde sempre se relaciona e comporta
com o que se relaciona à questão. A questão do ser não é senão
a radicalização de uma tendência ontológica essencial, própria
do ser-aí, a saber: da compreensão pré-ontológica do ser.
(ST.§.4. p.41: SZ.p.14.)

A ‘essência’ deste ente está em ter de ser. A quididade


(essentia) deste ente, na medida em que se possa falar dela, há
de ser concebida a partir de seu ser (existência). Neste
propósito, é tarefa ontológica mostrar que, se escolhermos a
palavra existência para designar o ser deste ente, esta não tem
nem pode ter o significado ontológico do termo tradicional
existentia. Para a ontologia tradicional, existência designa o
mesmo que simplesmente dado, modo de ser que não pertence
à essência do ente dotado do caráter de ser-aí. Evita-se uma
confusão usando a expressão interpretativa ser simplesmente
dado (Vorhandenheit) para designar existentia e reservando-se
existência como determinação ontológica exclusiva do ser-aí.
(ST.§9. p77: SZ.p.42.)
Liberdade e Existir para Heidegger

A possibilidade como existencial não significa um poder ser


solto no ar, no sentido da ‘indiferença do arbítrio’ (libertas
indifferentiae). Enquanto algo essencialmente afinado, o ser-aí
já caiu em determinadas possibilidades e, enquanto o poder ser
que ele é, já deixou passar tais possibilidades, doando
continuamente a si mesmo a possibilidade de seu ser,
assumindo-as ou recusando-as. Isso diz, no entanto, que para
si mesmo o ser-aí é a possibilidade de ser que está entregue à
sua responsabilidade, é a possibilidade que lhe foi inteiramente
lançada. O ser-aí é a possibilidade de ser livre para o poder-ser
mais próprio. A possibilidade de ser para ele mesmo em
diversos graus e modos possíveis. (ST.§31. p.199: SZ.p.144).

Não seria o "novo normal" uma tentativa de rearticular mundo, novamente no impessoal,
diante da suspensão temporária dos sentidos cotidianos compartilhados pé-pandemia?
Ouvindo o Casanova falando sobre isso, ele fala justamente dessa falácia, dessa "aparente"
oportunidade evolutiva que a pandemia parece produzir em todos nós. Segundo ele, não
necessariamente faremos o "salto" diante da pandemia, pois tratamos de nos ocupar
novamente com as sedimentações de mundo que nos são ofertadas na vitrine digital à qual
estamos expostos.

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