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PRESERVANDO MEMÓRIAS E CONSTRUINDO NOVAS HISTÓRIAS: Múltiplos usos do

Edifício do Antigo Fórum de Pouso Alegre – MG

Luan Gabriel S. RENO1; Paula Fernanda M. LEITE²; Thayná T. SANTOS³; Gustavo R. MACHADO⁴

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar os diversos usos do edifício Centro Cultural “Cleonice Bonillo
Fernandes”, antigo Fórum, entre os anos 1923 e 2020, além de ressaltar a conservação do patrimônio histórico e como a
sequência de usos distintos e contínuos serviram para a preservação da memória e identidade histórica de Pouso Alegre.
Para tanto uma abordagem com o conceito do patrimônio e preservação e breve histórico do antigo Fórum de Pouso
Alegre e seus subsequentes usos.
Palavras-chave: História; cidade; conservação; patrimônio histórico.

1. INTRODUÇÃO
O objeto em análise é o Centro Cultural Cleonice Bonillo Fernandes, antigo Fórum da cidade,
de grande importância e reconhecimento. Além do simbolismo, a migração do Centro Cultural para
este edifício possibilitou maior comodidade, conforto, melhorando acesso a esses relevantes serviços
para o município.
O estudo realizado tem o objetivo de compreender os diversos usos do edifício do antigo
Fórum Orvieto Butti, com uma leitura histórica e arquitetônica do prédio observando seu estado de
conservação para compreender o significado da sua presença na cidade.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O patrimônio histórico vem sendo valorizado desde a antiguidade. No Renascimento a visão
sobre o patrimônio estava ligada a perspectiva da beleza, por sua vez, na Era Industrial, predominava
a ideia de modernização. Já após a Segunda Guerra Mundial a preocupação era a de salvaguardar os
bens culturais por serem sinônimo de vínculo social, de herança que ajudava a construir sua
identidade, sendo que foi na Europa que surgiu a preocupação e sensibilização com a conservação
patrimonial.
No Brasil o processo dessa política patrimonial foi lenta e gradual, inicialmente predominando

1Graduando do curso de Arquitetura e Urbanismo, UNA Pouso Alegre. E-mail: luanreno160@gmail.com.


1Graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo, UNA Pouso Alegre. E-mail: paulafmleite1@gmail.com.
3Graduanda do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UNA Pouso Alegre. E-mail: thayna.tagliatti97@gmail.com.
4Professor Orientador, UNA Pouso Alegre. E-mail:gustavo.r.machado@prof.una.br
sobre a perspectiva estética. Foi depois da criação do IPHAN, em 1937, que houve uma consciência
baseada em critérios de preservação, através do processo de tombamento.
O edifício em estudo localizado na Avenida Dr. Lisboa em frente à Praça Senador José Bento
teve diversos usos, em que cronologicamente se destacam, para a Câmara Municipal entre 1923 a
1981, o Fórum entre os anos de 1923 a 2011, conforme vide figura 1, 2 e 3; a Biblioteca a partir de
2011 e o Centro Cultural a partir de 2018 até os dias atuais, conforme mostrado na figura 4.
Conforme figuras observamos como o prédio em estudo sempre foi mantido conservado,
devido a sequência de usos distintos e contínuos, mesmo com reformas e manutenções necessárias a
cada uso, onde tal conservação possibilitou a preservação da memória e continuidade da história,
resultando num processo de tombamento, demonstrando sua importância a Pouso Alegre.
As imagens abaixo retratam as épocas de ocupação dos serviços citados acima.

Figura 1: Fórum de Pouso Alegre, 1930. Figura 2: Fórum de Pouso Alegre, 1950.
Fonte: Acervo Museu Tuany Toledo. Fonte: Acervo Museu Tuany Toledo.

Figura 3: Biblioteca “Priscilliana Duarte de Azevedo”, 2011. Figura 4: Centro Cultural Cleonice Bonillo Fernandes. 2020,
Fonte: Site O Registro Sul de Minas. estado atual do edifício. Fonte: Acervo dos autores.

3. MATERIAL E MÉTODOS
O método usado no presente estudo é caracterizado através de pesquisas historiográficas, que
visa ampliar o grau de conhecimento sobre a temática em obras e teorias que abordam o mesmo
gênero afim de conhecer e analisar as principais contribuições teóricas. Através disso, demonstrar de
forma coesa os diferentes usos que tiveram a edificação ao longo de sua história. Entender o antigo
Fórum foi indispensável para entender seu processo de tombamento e analisar as condições de
preservação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Centro Cultural Cleonice Bonillo Fernandes, hoje abrigada neste edifício histórico de
grande importância e reconhecimento. A migração para o antigo prédio, trouxe mais comodidade e
conforto e novos acessos a esses serviços que são importantes para uma cidade, onde foram quase um
ano de ajustes que envolveram o inventário do acervo, adequação dos espaços físicos e revitalização
interna e externa do prédio.
Do ponto de vista de localização geográfica a escolha do edifício foi a melhor, pois está
localizado no centro histórico de Pouso Alegre, onde há grande concentração de pessoas que circulam
em meio a praça, a igreja, mercadão municipal e a pontos comerciais diversos como bares,
lanchonetes e espaços culturais.
O processo de tombamento como patrimônio histórico ocorreu em abril de 1999 através do
decreto nº 2349 de 15 de outubro de 1999, pela Prefeitura Municipal. Foram feitos laudos técnicos
para avaliar as condições dos elementos existentes no edifício. E ficou então estabelecido que na área
tombada não será permitido qualquer tipo de intervenção descaracterizante, seja no nível
arquitetônico, artístico ou urbanístico. Somente poderá ocorrer alguma intervenção quando o órgão
tombador julgar necessário, tendo que ser totalmente harmônica com o bem tombado, bem como
aquelas intervenções que visam a conservação, valorização e salvaguarda. Sendo assim, conforme
CHOAY (2006), em A Alegoria do Patrimônio:
Contudo, os monumentos são, de modo permanente expostos as afrontas do
tempo vivido. O esquecimento, o desapego, a falta de uso, faz que sejam
deixados de lado e abandonados. (CHOAY, 2006, p.26).

Já com o prédio do Fórum conseguimos visualizar como a continuação do uso possibilitou


sua preservação ao longo do tempo.

5. CONCLUSÕES
Diante do aumento da população e do vertiginoso desenvolvimento econômico de Pouso
Alegre, a cidade passou por significativas modificações, sobretudo na área central, que possui maior
relevância histórica. Com o passar dos anos, a cidade foi se modernizado, edifícios foram surgindo,
restando apenas alguns poucos prédios do início do século passado de relevante valor histórico, entre
eles, destaca-se o prédio do Centro Cultural Cleonice Bonillo Fernandes, o antigo Fórum, um dos
poucos mantidos e preservados até os dias atuais.
É de dizer que o prédio em destaque sempre foi mantido conservado, fato que se deu pela
sequência de usos distintos e contínuos, que ocasionou recorrentes reformas, manutenções e
adaptações, todas necessárias ao seu tempo, que culminou com seu tombamento histórico em período
recente.
A nosso sentir, o uso constante do prédio foi o que possibilitou sua conservação que,
consequentemente, permitiu a preservação da memória histórica, conforme os dispostos da Carta de
Veneza, que discorre que a conservação dos monumentos necessita de manutenção permanente; e que
sua conservação é favorecida pela destino com um função útil á sociedade, onde tal uso não deve
alterar à disposição ou a decoração dos edifícios, sendo dentro desse limite que poderá ser autorizado
as modificações pela evolução dos usos e costumes.
Dito isto, é possível concluir, após detida análise dos dados coletados, que a preservação do
prédio em estudo foi possível por uma conjuntura de fatores, em que se destacam a excelente
localização e principalmente o uso contínuo e diversificado ao longo dos anos.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao orientador Gustavo Reis pelo suporte, correções e incentivo. Ao IF Sul de
Minas – Campus Poços de Caldas pela oportunidade de apresentação e ao Centro Universitário Una
– Campus Pouso Alegre por ser um espaço que privilegia o conhecimento e onde todas as ideias são
bem recebidas.

REFERÊNCIAS

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. 5 ed. São Paulo; Estação Liberdade, 2005.

LOPIS, Erivania. “Patrimônio histórico cultural: preservar ou transformar? Uma questão


conflituosa. Mosaico. Vol. 8, N. 12, 2017.

SCHLEE, Andrey. “A cidade desejada”. Anais do II Congresso Nacional para salvaguarda do


Patrimônio Cultural. Cachoeira do Sul: UFSM-CS, Vol. 2, novembro, 2019, p.13-20.

IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Relatório de gestão. 2012.


Disponível em: </www.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=3368/>.Acesso em: 19 de maio de 2020.

CRISPIM, Douglas. Biblioteca municipal de Pouso Alegre é reaberta ao público.


PousoAlegre.net, 2014. Disponível em: https://pousoalegre.net/noticia/2014/12/biblioteca-
municipal-de-pouso-alegre-e-reaberta-ao-publico/. Acesso em 19 de maio de 2020.

História. IBGE. 2015. Disponível em: </https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/pouso-


alegre/historico/>. Acesso em 12 maio de 2020.

CRISPIM, Douglas. Biblioteca municipal de Pouso Alegre é reaberta ao público.


PousoAlegre.net, 2014. Disponível em: https://pousoalegre.net/noticia/2014/12/biblioteca-
municipal-de-pouso-alegre-e-reaberta-ao-publico/. Acesso em 19 de maio de 2020.

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