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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

SAMUEL ALVES DANTAS

FORMULAÇÃO DE DESODORANTE UTILIZANDO ÓLEO VEGETAL


E ÓLEOS ESSENCIAIS

NATAL/RN
2023
SAMUEL ALVES DANTAS

FORMULAÇÃO DE DESODORANTE BASEADO EM ÓLEO VEGETAL


E ÓLEOS ESSENCIAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Bacharelado em Engenharia
Química da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Química.

Orientadora: Profa. Dra. Katherine Carrilho de


Oliveira Deus

NATAL/RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Dantas, Samuel Alves.


Formulação de desodorante baseado em óleo vegetal e óleos
essencias / Samuel Alves Dantas. - 2023.
45 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Química, Natal,
RN, 2023.
Orientador: Profa. Dra. Katherine Carrilho de Oliveira Deus.

1. Desodorante - Monografia. 2. Cosmético natural -


Monografia. 3. Óleo essencial - Monografia. I. Deus, Katherine
Carrilho de Oliveira. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 665.5

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinoco - CRB-15/262


SAMUEL ALVES DANTAS

FORMULAÇÃO DE DESODORANTE UTILIZANDO ÓLEO VEGETAL E


ÓLEOS ESSENCIAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado e aprovado como requisito parcial para
obtenção do Título de bacharel em Engenharia Química, na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

Natal, __/__/__

_________________________
Profa. Dra. Katherine Carrilho de Oliveira Deus
Orientador - UFRN

________________________
Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiro
Membro interno - UFRN

________________________
Me. Mirian Helene Andrietta
Membro Convidado - UFRJ
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo desenvolver um desodorante natural utilizando
ingredientes sustentáveis, visando oferecer uma alternativa livre de substâncias sintéticas e
potencialmente prejudiciais encontradas nos desodorantes convencionais. O desodorante
natural formulado consiste em uma combinação de óleo essencial, óleo vegetal, manteiga
vegetal, cera de abelha, argila branca e hidróxido de magnésio. O óleo essencial selecionado
possui propriedades antimicrobianas e aromáticas, proporcionando um aroma agradável e
ajudando a combater as bactérias causadoras do odor. O óleo vegetal escolhido possui
propriedades hidratantes e nutritivas para a pele, contribuindo para a suavidade e saúde da
região das axilas. A manteiga vegetal desempenha um papel importante na consistência e na
hidratação do desodorante, fornecendo uma sensação agradável durante a aplicação. A cera de
abelha atua como um agente espessante e emoliente, ajudando a manter a formulação coesa e
proporcionando uma sensação de maciez na pele. A argila branca possui propriedades
absorventes e purificantes, auxiliando na absorção do excesso de umidade e na eliminação de
impurezas. O hidróxido de magnésio, por sua vez, atua como um regulador de pH, criando um
ambiente desfavorável para o crescimento das bactérias causadoras do odor. A análise sensorial
apontou uma preferência a desodorantes com base de argila no momento da aplicação, devido
a sua textura, e uma preferência a cor mais clara dos desodorantes com base de amido.
Palavras-chave: desodorante; cosmético natural; óleo essencial.
ABSTRACT
The present study aimed to develop a natural deodorant using sustainable ingredients,
aiming to offer an alternative free from synthetic and potentially harmful substances found in
conventional deodorants. The formulated natural deodorant consists of a combination of
essential oil, vegetable oil, vegetable butter, beeswax, white clay, and magnesium hydroxide.
The selected essential oil possesses antimicrobial and aromatic properties, providing a pleasant
aroma and helping to combat odor-causing bacteria. The chosen vegetable oil has hydrating and
nourishing properties for the skin, contributing to the softness and health of the underarm area.
Vegetable butter plays an important role in the consistency and hydration of the deodorant,
providing a pleasant sensation during application. Beeswax acts as a thickening and emollient
agent, helping to maintain the formulation cohesive and providing a softness sensation to the
skin. White clay has absorbent and purifying properties, assisting in the absorption of excess
moisture and the elimination of impurities. Magnesium hydroxide, on the other hand, acts as a
pH regulator, creating an unfavorable environment for the growth of odor-causing bacteria.
Sensory analysis indicated a preference for clay-based deodorants during application, due to
their texture, and a preference for a lighter color of starch-based deodorants.
Keywords: deodorant; natural cosmetic; essential oil.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
2 OBJETIVO 15

2.1 Objetivo geral 15

2.2 Objetivos específicos 15


3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17

3.1 Bromidrose axilar 17

3.2 Óleo Essencial 17

3.3 Óleo Vegetal 18


3.3.1 Óleo de Gergelim 18
3.3.2 Óleo de Abacate 18

3.4 Manteiga Vegetal 18


3.4.1 Manteiga de Karité 19
3.4.2 Manteiga de Cupuaçu 19

3.5 Hidróxido de Magnésio 19

3.6 Argila Branca 20

3.7 Uruçu-Amarela 20

3.8 Anvisa 20
4 PROCESSAMENTO 23

4.1 Fluxograma 23

4.2 Pesagem dos Ingredientes 23

4.3 Aquecimento e Fusão 23

4.4 Mistura 23

4.5 Resfriamento 23

4.6 Adição dos ingredientes sensíveis ao calor 23

4.7 Envase 24

4.8 Rotulagem 24

4.9 Controle de Qualidade 24


5 MATERIAIS E MÉTODOS 25

5.1 Produção do desodorante 26


5.1.1 Materiais e equipamentos 26
5.1.2 Proporções 26
5.1.3 Procedimento 27

5.2 Análise Sensorial 27


5.2.1 Alternative Forced Choice (2-AFC) 28
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 29

6.1 Resultados experimentais 30


6.1.1 Amostras A e C 30
6.1.2 Amostras B e D 31
6.1.3 Amostras A e D 31
6.1.4 Amostras B e C 31
6.1.5 Amostras A e E 32

6.2 Análise Sensorial 32

6.3 Análise de custo 35


6.3.1 Custeio por absorção 36
6.3.2 Estimativas de Custos Para Operação e Manutenção 36
6.3.3 Estimativas de Lucro Líquido e Retorno 37
7 CONCLUSÕES 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
ANÁLISE SENSORIAL 45
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Descrição dos ingredientes de cada amostra 29


Tabela 2 - Quantidade de ingredientes das Amostras A e C 29
Tabela 3 - Quantidade de ingredientes das Amostras B e D 30
Tabela 4 - Quantidade de ingredientes das Amostras A e D 30
Tabela 5 - Quantidade de ingredientes das Amostras B e C 31
Tabela 6 - Quantidade de ingredientes das Amostras A e E 31
Tabela 7 - Valor de mercado da matéria-prima 34
Tabela 8 - Custo de cada matéria-prima nas gramaturas utilizadas 35
Tabela 9 - Custo de cada amostra de desodorante 35
Tabela 10 - Estimativa de custos para operação 36
Tabela 11 - Estimativa de custos de manutenção 36
LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Fluxograma de produção de desodorante sólido 22


Imagem 2 - Porcentagens equivalente de cada matéria-prima utilizada 25
Imagem 3 - Quantidade de pessoas por faixa etária 32
Imagem 4 - Avaliação da amostra 1 com relação a textura 33
Imagem 5 - Porcentagens equivalente de cada matéria-prima utilizada 33
Imagem 6 - Avaliação da amostra 2 com relação a textura 33
Imagem 7 - Avaliação da amostra 1 com relação a textura 34
Imagem 8 - Estimativa de retorno de investimento 36
INTRODUÇÃO
12

1 INTRODUÇÃO
A pele humana possui uma microflora dividida em três categorias: residente (habita a
pele de forma permanente), transiente (possui uma taxa de crescimento muito lenta
impossibilitando seu desenvolvimento) e temporariamente residente (possui uma taxa de
crescimento que permite o micro-organismo permanecer na pele por um período determinado)
(RICHARD BOJAR, 2002). Os micro-organismos residentes da pele humana mantêm uma
dinâmica de equilíbrio, podendo ser considerados integrantes “normais” que compõem a
estrutura da pele.
Produtos cosméticos são fabricados com o intuito de atingir efeitos específicos na pele,
podendo, de forma intencional ou não, alterar a microflora presente no local de aplicação. As
informações sobre o possível impacto gerado na pele em níveis microbiológicos ou possíveis
consequências de uso prolongado de determinado produto são limitadas.
A microflora pode variar de pessoa para pessoa e entre diferentes localidades do corpo
(as bactérias presentes nos pés não são as mesmas presentes nas axilas), assim como varia pela
idade, como, por exemplo, a nossa flora intestinal, que muda conforme a idade.
O odor corporal é o resultado da interação entre o suor produzido pelo corpo e a
microflora ali presente. Desde a antiguidade, o ser humano vem inventando formas de inibir ou
mascarar os odores corporais através de perfumes e higiene pessoal. Os egípcios utilizavam
alfarroba e incenso como desodorante, assim como os gregos usavam banhos com óleos
aromáticos (mesmo óleo que passavam posteriormente na roupa) como forma de controlar tais
odores (STEFANIE FONTANEZ, 2008).
O primeiro desodorante criado foi o Mum, em 1888, o qual tinha em sua composição
óxido de zinco e o primeiro antitranspirante criado foi o EveryDry em 1903 (STEFANIE
FONTANEZ, 2008).
A fabricação do desodorante se deu no intuito de eliminar as bactérias que se alimentam
dos elementos presentes no suor, alterando assim a microflora presente nas axilas. Já o
antitranspirante tem como foco principal impedir a sudorese.
Os compostos de alumínio, como o cloridrato de alumínio e o cloridróxido de alumínio,
são frequentemente utilizados em antitranspirantes para reduzir a transpiração. Esses compostos
atuam obstruindo temporariamente as glândulas sudoríparas, diminuindo assim a quantidade de
suor produzida (REXONA, 2023).
Alguns estudos sugeriram uma possível associação entre o uso prolongado de
antitranspirantes contendo compostos de alumínio e certas condições de saúde, como câncer de
mama, e doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer. No entanto, as evidências
13

científicas até o momento não estabeleceram uma relação clara e definitiva entre o uso de
antitranspirantes com compostos de alumínio e essas doenças.
Organizações de saúde, como a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC),
a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) e a Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), afirmam que atualmente não há provas
suficientes para confirmar uma ligação direta entre o uso de antitranspirantes contendo
compostos de alumínio e o desenvolvimento de câncer de mama ou doenças
neurodegenerativas.
14

OBJETIVOS
15

2 OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
Estudo e produção de desodorante artesanal sólido, fazendo uso de matérias-primas
vegetais como óleos essenciais, óleos vegetais, argila, manteigas vegetais e cera de abelha
nativa do Brasil, comparando os diferentes produtos obtidos.

2.2 Objetivos específicos


• Obtenção das matérias-primas envolvidas.
• Produção das diferentes amostras de desodorante.
• Comparação sensorial de duas amostras distintas dentre as produzidas.
16

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Bromidrose axilar
O mau cheiro do corpo humano, principalmente das axilas, tem origem no suor. De
acordo com o Dr. Pedro Pinheiro (2022), especialista em medicina interna e nefrologia, o suor
propriamente dito é um líquido naturalmente sem odor, produzido pelos dois tipos de glândulas
sudoríparas existentes na pele, sendo elas conhecidas como écrinas e apócrinas.
As glândulas écrinas são as mais comuns e estão distribuídas por toda a superfície da
pele. O suor produzido por essas glândulas é composto por 99% de água e 1% de sais minerais,
como cloreto de sódio (sal) e ureia.
Tanto as glândulas écrinas quanto as apócrinas produzem um suor inicialmente sem
odor e, devido à ação de quatro principais grupos de bactérias presentes na região axilar
(Corynebacterium, Staphylococcus, Micrococcus e Propionibacterium), é gerada uma reação
metabólica de decomposição dos vários componentes presentes no suor e restos celulares, o que
ocasiona o mau cheiro.

3.2 Óleo Essencial


Os óleos essenciais são uma mistura complexa de compostos polares e não polares e sua
composição depende da espécie da planta extraída, da localização geográfica desta planta, do
tempo de colheita e da técnica de extração. Eles podem ser classificados nos quatro grupos
principais, por Nashwa Fathy Sayed Morsy (2017):
• Terpenos, relacionados ao isopreno;
• Compostos de cadeia reta que não contenham qualquer corrente lateral;
• Fenilpropanóides (derivados do benzeno);
• Grupo diverso com estruturas variadas não incluídas nos três primeiros grupos
(compostos contendo enxofre ou azoto).
As propriedades físicas e químicas dos compostos aromáticos voláteis que compõem os
óleos essenciais permitem que eles circulem rapidamente pelo ar e interajam diretamente com
os sensores olfativos do nariz.
Segundo o livro “MODERN Essentials” o óleo essencial de lavanda possui propriedades
antifúngicas, anti-infecciosas, anti-inflamatórias, antimicrobianas e antissépticas. O óleo
essencial de melaleuca possui propriedades antibacterianas, antifúngicas, anti-infecciosas e
anti-inflamatórias. O óleo essencial de pinheiro siberiano possui propriedades antissépticas,
antifúngicas e anti-inflamatórias.
18

3.3 Óleo Vegetal


A parte das plantas que contém a maior quantidade de óleo vegetal, em sua maioria, são
as sementes; entretanto, isso não impede que as outras partes da planta (raiz, galho e folha)
também sejam utilizadas para sua obtenção. O método de prensagem (extração física do óleo)
e o método de extração por solvente (extração química do óleo) são os dois métodos mais
conhecidos para extração dos óleos vegetais.
Os óleos vegetais são moléculas apolares por natureza e isso faz com que não seja
possível sua diluição em água, sendo necessário o uso de solventes orgânicos, como o álcool
de cereais. Esses óleos são compostos por triglicérides (três ácidos graxos e uma molécula única
de glicerol), que é a principal gordura que compõe nosso organismo (SUZAN COLÓN, 2023).

3.3.1 Óleo de Gergelim


As sementes de gergelim são ricas em gordura, proteína, minerais, vitaminas e fibras
alimentares e o óleo de gergelim, obtido por meio de métodos tradicionais de produção, é rico
em ácidos graxos insaturados, vitaminas solúveis em gordura e aminoácidos. Estudos
mostraram que as sementes de gergelim contêm 21,9% de proteína e 61,7% de gordura, além
de serem ricas em minerais como ferro (Fe) e cálcio (Ca) (PANPAN WEI, 2022).

3.3.2 Óleo de Abacate


Em comparação com o azeite de oliva, o óleo de abacate possuiu uma proporção maior
de ácidos graxos saturados (16,4%), com predominância do ácido palmítico (15,7%), uma
proporção menor de ácidos graxos monoinsaturados (67,8%), com predominância do ácido
oleico (60,3%) e uma proporção maior de ácidos graxos poli-insaturados (15,2%), sendo o ácido
linoleico o mais importante, com 13,7% (MARCOS FLORES, 2019).
Em um estudo realizado com 13 adultos em que a manteiga foi substituída por óleo de
abacate, este apresentou atividade anti-inflamatória ao inibir as enzimas COX 1 e COX 2 de
maneira semelhante ao fármaco ibuprofeno e ao azeite de oliva extravirgem. Além disso,
quando o óleo de abacate foi adicionado a uma preparação de creme tópico de vitamina B12,
ele foi bem tolerado e apresentou potencial para terapia tópica de longo prazo da psoríase
(CAROLINA SARAVIA, 2019).

3.4 Manteiga Vegetal


19

Manteigas vegetais têm sido utilizados há séculos por seus efeitos terapêuticos e
cosméticos positivos nos cuidados com a pele, e ainda são amplamente utilizados hoje em dia,
funcionando como ingredientes ativos, excipientes e solventes de extração.
São compostos por triglicerídeos (tipicamente em torno de 99%) e matéria
insaponificável (tipicamente em torno de 1%). Os triglicerídeos são derivados esterificados de
glicerol e ácidos graxos, e dependendo do número de ligações duplas, os ácidos graxos são
classificados em saturados e mono e poli-insaturados, o que define sua suscetibilidade a
alterações induzidas por luz, calor ou oxigênio (NINA POLJSAK, 2022).
Em termos de composição nativa e complexa, as manteigas vegetais e os óleos de
melhor qualidade são obtidos por meio de prensagem a frio e extração por CO2, sem
refinamento subsequente, pois não são expostos a alterações dependentes de temperatura ou
oxidação (NINA KOCEVAR GLAVAC, 2022).

3.4.1 Manteiga de Karité


A manteiga de karité é composta por ácido gálico (27%), galocatequina (23%),
epigalocatequina (16%), epigalocatequina galato (13%), galocatequina galato (7%) e catequina,
epicatequina e epicatequina galato (3% cada) (P. N. LOVETT, 2015). Essa manteiga é
amplamente usada na produção de cosméticos tradicionais e em outras práticas culturais
amplamente difundidas, como sabonete preto africano, hidratantes para a pele, tratamento de
entorses musculares (geralmente atuando como emoliente com ervas medicinais) e para hidratar
recém-nascidos (incluindo remoção do cordão umbilical) (ORIT SEGMAN, 2012).

3.4.2 Manteiga de Cupuaçu


A manteiga de cupuaçu é adequada para aplicações cosméticas, pois proporciona
emulsões estáveis devido à composição uniforme de triglicerídeos com alta estabilidade
oxidativa, com boas propriedades emolientes e efeito suavizante (CHEMISTRY
CONNECTION, 2020)

3.5 Hidróxido de Magnésio


O hidróxido de magnésio é usado em desodorantes pelo mesmo motivo que o
bicarbonato de sódio, para criar um ambiente de pH na pele que seja muito alto para as bactérias
causadoras de odor prosperarem.
No entanto, em comparação com o bicarbonato de sódio, o hidróxido de magnésio é
menos solúvel em água, logo, ele atua como um ingrediente de "liberação lenta", levando mais
20

tempo para se dissolver completamente e absorver o suor, o que não altera tão drasticamente o
pH natural da pele das axilas, tendo uma probabilidade menor de causar irritação em
comparação com o bicarbonato de sódio (THE FILTERY STAFF, 2022).
Para muitas pessoas, desodorantes naturais que utilizam bicarbonato de sódio e/ou
hidróxido de magnésio como ingredientes ativos são tão eficazes quanto os desodorantes
"convencionais" ou quase tão eficazes, pois elas precisam passar por um "período de transição"
se livrando das bactérias acumuladas, células mortas da pele, silicones e outros ingredientes
que podem obstruir os poros e causar mau odor.

3.6 Argila Branca


Em formulações farmacêuticas, esses minerais são usados como princípios ativos
(protetores gastrointestinais, antiácidos, antidiarreicos, protetores dermatológicos, cosméticos)
e excipientes (bases inertes, sistemas de liberação, lubrificantes, emulsificantes), já em spas e
terapias de beleza, os minerais de argila são usados em geoterapia, peloterapia e paramudos
para tratar doenças dermatológicas, aliviar a dor de inflamações reumáticas crônicas, hidratar a
pele e combater lipodistrofias compactas e celulite (M.I. CARRETERO, 2006).
No uso cosmético como desodorante, tanto a argila branca como o amido de milho
ajudam a absorver o excesso de umidade mantendo a região das axilas seca reduzindo a
proliferação de bactérias responsáveis pelo mau odor.

3.7 Uruçu-Amarela
Uruçu é uma palavra que vem do tupi “eiru su”, que na linguagem indígena significa
“abelha grande”. Abelhas Uruçu (Uruçu Nordestina, Uruçu Amarela, Uruçu Preta, Uruçu
Cinzenta, Tiúba e Uruçu Boca de Renda) são uma das maiores abelhas da espécie melípona,
sendo a Uruçu Nordestina (Melipona scutellaris) a maior produtora de mel.

3.8 Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por regular e
fiscalizar a produção e comercialização de produtos no Brasil, incluindo produtos naturais,
como desodorantes, estabelecendo diretrizes e regulamentos para garantir a segurança, eficácia
e qualidade desses produtos.
No caso dos desodorantes, a Anvisa exige que sejam registrados como produtos de
higiene pessoal, cosméticos ou perfumes, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) nº 7/2015. Essa resolução estabelece os requisitos técnicos e administrativos para o
21

registro desses produtos e incluem diretrizes sobre boas práticas de fabricação, rotulagem,
alegações de produtos e ingredientes permitidos.
Definições: A RDC nº 7/2015 define o desodorante como um produto utilizado para
reduzir ou eliminar o odor corporal indesejável, podendo conter substâncias que inibem a
proliferação de bactérias responsáveis pelo odor.
Classificação: Os desodorantes são classificados como produtos de higiene pessoal e
devem atender aos requisitos de segurança, eficácia e qualidade estabelecidos na resolução da
Anvisa.
Registro: Os fabricantes de desodorantes devem realizar o registro do produto na Anvisa
antes de sua comercialização, seguindo os procedimentos e requisitos estabelecidos.
Rotulagem: A RDC nº 7/2015 estabelece os requisitos para a rotulagem dos
desodorantes. Isso inclui a obrigatoriedade de apresentar a lista de ingredientes, modo de uso,
precauções de segurança e demais informações essenciais para os consumidores.
Boas Práticas de Fabricação: Os fabricantes de desodorantes devem adotar as Boas
Práticas de Fabricação (BPF) estabelecidas pela Anvisa. Essas práticas visam garantir a
qualidade, segurança e eficácia dos produtos durante todo o processo de fabricação.
Além disso, a Anvisa possui uma lista de substâncias proibidas ou restritas para uso em
cosméticos, que inclui ingredientes considerados prejudiciais à saúde. Essa lista é atualizada
regularmente com base em evidências científicas e informações de segurança.
Ao seguir essas diretrizes e regulamentos, a produção e comercialização de
desodorantes estão em conformidade com as normas da Anvisa, assegurando a segurança dos
consumidores e a qualidade dos produtos disponíveis no mercado.
22

PROCESSAMENTO
23

4 PROCESSAMENTO
4.1 Fluxograma
O processo de produção do desodorante é composto por 8 etapas, sendo estas a pesagem
dos ingredientes, aquecimento e fusão, mistura, resfriamento, adição de ingredientes sensíveis
ao calor, envase, rotulagem e controle de qualidade, conforme ilustrado no fluxograma
apresentado pela figura 1.
Figura 1: Fluxograma de produção de desodorante sólido

Fonte: Autor.

4.2 Pesagem dos Ingredientes


Os ingredientes necessários para a formulação do desodorante são pesados em
quantidades apropriadas.

4.3 Aquecimento e Fusão


Os ingredientes que precisam ser derretidos são colocados em um recipiente adequado
e aquecidos até atingirem a temperatura necessária para fusão completa. Isso é feito em um
banho-maria ou utilizando equipamentos de aquecimento controlado.

4.4 Mistura
Os ingredientes derretidos e os demais ingredientes não afetados pelo calor são
combinados e misturados até obter uma mistura homogênea. Isso pode ser feito utilizando um
misturador em alta velocidade para garantir a dispersão uniforme de todos os componentes.

4.5 Resfriamento
A mistura é resfriada gradualmente para atingir a temperatura adequada para a adição
dos demais componentes sem que estes percam suas propriedades físico-químicas. Isso pode
ser feito em um tanque de resfriamento com agitação suave para evitar a formação de grumos
ou sedimentação dos ingredientes.

4.6 Adição dos ingredientes sensíveis ao calor


24

Após o resfriamento, ingredientes sensíveis ao calor, como fragrâncias, conservantes e


outros aditivos, são adicionados à mistura. Isso é feito com agitação suave para garantir a
incorporação uniforme desses ingredientes.

4.7 Envase
A mistura é transferida para recipientes adequados, como frascos ou potes, utilizando
equipamentos de envase. É importante garantir que o envase seja realizado de forma higiênica
para evitar contaminação.

4.8 Rotulagem
Os recipientes são rotulados com informações como a marca, ingredientes, instruções
de uso e data de validade. Em seguida, são embalados em caixas ou embalagens apropriadas
para proteção durante o transporte e armazenamento.

4.9 Controle de Qualidade


Amostras são coletadas em diferentes estágios do processo de produção para realizar
testes de qualidade, como pH, consistência, odor e estabilidade. Isso é feito para garantir que o
produto atenda aos padrões de qualidade estabelecidos.
25

MATERIAIS E MÉTODOS
26

5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Produção do desodorante
5.1.1 Materiais e equipamentos
• Manteiga de karité;
• Manteiga de cupuaçu;
• Óleo de abacate;
• Óleo de gergelim;
• Cera de Uruçu-Amarela;
• Hidróxido de Magnésio;
• Amido de Milho;
• Argila Branca;
• Óleos essenciais;
• Balança;
• Pote de vidro;
• Panela para banho maria;
• Recipiente de envase;
• Termómetro;
• 4 colheres;
• 1 faca;
• 1 copo;
• 1 espátula.

5.1.2 Proporções
A formulação do desodorante segue as porcentagens apresentadas na figura 2.
Figura 2: Porcentagens equivalente de cada matéria-prima utilizada

Fonte: Autor.
27

Seguindo as porcentagens descritas e focando em um produto com 50 g, foram


utilizados 10 g de manteiga vegetal, 7,5 g de óleo vegetal, 3 g de cera de abelha, 4 g de base,
22,5 g de argila/amido e 3 g de óleo essencial.

5.1.3 Procedimento
Após separar os materiais em uma bancada, será necessário realizar a pesagem de todas
as matérias-primas. Com as colheres separar e pesar o hidróxido de magnésio, a manteiga
vegetal, o óleo vegetal e a argila. Como a cera de abelha em temperatura ambiente é sólida e
um pouco dura, será necessário o uso de uma faca para separar pequenas lascas e pesá-las. O
hidróxido de magnésio e a argila podem ser armazenados no copo enquanto a manteiga vegetal,
a cera de abelha e o óleo vegetal devem ser colocados no recipiente de vidro que irá para o
banho maria, que deve estar em 60 ºC para que a cera possa derreter completamente e se
misturar com os demais materiais.
Posteriormente ao derretimento completo dos componentes no banho maria, acrescentar
a matéria-prima que estava armazenada no copo, lembrando de mexer constantemente para que
se obtenha uma mistura homogênea. Ao atingir o ponto de homogeneidade, resfriar a mistura
até 30 ºC para que os óleos essenciais possam ser acrescentados sem perderem suas
propriedades.
Finalizado o processo de homogeneização, colocar o produto obtido no recipiente de
armazenamento, rotular e estocar.

5.2 Análise Sensorial


A análise sensorial é frequentemente definida como um método científico usado para
evocar, medir, analisar e interpretar as respostas aos produtos como percebidas através dos
sentidos da visão, olfato, tato, paladar e audição (KEMP; HOLLOWOOD; HORT 2002, p. 1).
Podemos dividir a análise sensorial em duas categorias, objetiva e subjetiva. Na análise
objetiva, os testes são realizados com um quadro de pessoas treinadas e especializadas nesse
tipo de teste, enquanto na análise subjetiva são testadas as reações dos consumidores quanto ao
produto.
Inicialmente, o uso da análise sensorial surgiu como uma forma suplementar de dados,
porém atualmente, ela é de extrema importância na percepção de novas ideias e conceitos que
influenciam diretamente na produção e desenvolvimento de um novo produto, pois pode
identificar o nicho consumidor, analisar comparativamente produtos concorrentes e identificar
as novas tendências de mercado (KEMP; HOLLOWOOD; HORT 2002, p. 3).
28

5.2.1 Alternative Forced Choice (2-AFC)


Segundo a ISO 5495:2005, este procedimento é utilizado para determinar a existência
de uma diferença ou similaridade sensorial entre duas amostras, podendo ser analisados um ou
mais parâmetros.
A diferença entre duas amostras pode ser atribuída a modificações feitas nos
ingredientes, o processamento da matéria-prima, o material em que é armazenado e o tipo de
estoque utilizado.
Esta metodologia é simples e eficiente, pois força uma escolha dentre as diferentes
amostras. Por exemplo, considerando que duas amostras distintas de perfume, A e B
respectivamente, foram analisadas com relação ao seu aroma por um painel de 30 pessoas, e
dentre essas 30 pessoas, 20 preferiram o aroma do perfume B, pode-se concluir que o perfume
B terá uma maior aceitação do público, mas não podemos definir a extensão dessa preferência.
29

RESULTADOS E DISCUSSÕES
30

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Resultados experimentais
Para o presente trabalho, foram consideradas 5 amostras distintas, conforme ilustrado
na tabela 1 a seguir.
Tabela 1: Descrição dos ingredientes de cada amostra.
A B C D E
Manteiga de Karité Manteiga de Cupuaçu Manteiga de Karité Manteiga de Cupuaçu Manteiga de Karité
Óleo de Abacate Óleo de Gergelim Óleo de Gergelim Óleo de Abacate Óleo de Abacate
Cera de Uruçu-Amarela Cera de Uruçu-Amarela Cera de Uruçu-Amarela Cera de Uruçu-Amarela Cera de Uruçu-Amarela
Hidróxido de Magnésio Hidróxido de Magnésio Hidróxido de Magnésio Hidróxido de Magnésio Hidróxido de Magnésio
Argila branca Argila branca Argila branca Argila branca Amido de milho
Fonte: Autor.
Todas as amostras foram preparadas seguindo o procedimento descrito no item 5.1.3 e
mantendo as porcentagens ilustradas na figura 2.
Todas as 5 amostras possuem quantidades equivalentes de óleo essencial de lavanda,
melaleuca e pinheiro siberiano (10 gotas de cada) para que a principal característica divergente
seja a textura e não o aroma, tendo em vista que o hidróxido de magnésio é o principal
componente controlador dos mal odores e não os óleos essenciais.
Dessa forma, pode-se ter uma percepção melhor de como os diferentes óleos vegetais e
manteigas vegetais influenciam na textura do desodorante.

6.1.1 Amostras A e C
As duas amostras possuem uma formulação semelhante, diferenciadas apenas pelo óleo
vegetal utilizado. Na Tabela 2 abaixo, seguem as gramaturas utilizadas de matéria-prima nas
duas amostras para comparação.
Tabela 2: Quantidade de ingredientes das Amostras A e C.
A C
Ingredientes Quantidade (g) Ingredientes Quantidade (g)
Manteiga de Karité 9,9 Manteiga de Karité 9,9
Óleo de Abacate 7,5 Óleo de Gergelim 7,4
Cera de Uruçu-Amarela 3,0 Cera de Uruçu-Amarela 3,0
Hidróxido de Magnésio 4,0 Hidróxido de Magnésio 3,9
Argila branca 22,7 Argila branca 22,4
Fonte: Autor.
Não puderam ser observadas diferenças quanta a textura do produto nem quanto a sua
espalhabilidade e não foram identificadas diferenças na cor.
31

6.1.2 Amostras B e D
As duas amostras possuem uma formulação semelhante, diferenciadas apenas pelo óleo
vegetal utilizado. Na Tabela 3 abaixo, seguem as gramaturas utilizadas de matéria-prima nas
duas amostras para comparação.
Tabela 3: Quantidade de ingredientes das Amostras B e D.
B D
Ingredientes Quantidade (g) Ingredientes Quantidade (g)
Manteiga de Cupuaçu 9,9 Manteiga de Cupuaçu 10,0
Óleo de Abacate 7,6 Óleo de Gergelim 7,5
Cera de Uruçu-Amarela 3,0 Cera de Uruçu-Amarela 3,0
Hidróxido de Magnésio 4,1 Hidróxido de Magnésio 4,0
Argila branca 22,6 Argila branca 22,4
Fonte: Autor.
Não puderam ser observadas diferenças quanta a textura do produto nem quanto a sua
espalhabilidade e não foram identificadas diferenças na cor.

6.1.3 Amostras A e D
As duas amostras possuem uma formulação semelhante, diferenciadas apenas pela
manteiga vegetal utilizada. Na Tabela 4 abaixo, seguem as gramaturas utilizadas de matéria-
prima nas duas amostras para comparação.
Tabela 4: Quantidade de ingredientes das Amostras A e D.
A D
Ingredientes Quantidade (g) Ingredientes Quantidade (g)
Manteiga de Karité 9,9 Manteiga de Cupuaçu 10,0
Óleo de Abacate 7,5 Óleo de Abacate 7,5
Cera de Uruçu-Amarela 3,0 Cera de Uruçu-Amarela 3,0
Hidróxido de Magnésio 4,0 Hidróxido de Magnésio 4,0
Argila branca 22,7 Argila branca 22,4
Fonte: Autor.
Não puderam ser observadas diferenças quanta a textura do produto nem quanto a sua
espalhabilidade e não foram identificadas diferenças na cor.

6.1.4 Amostras B e C
As duas amostras possuem uma formulação semelhante, diferenciadas apenas pela
manteiga vegetal utilizada. Na Tabela 5 abaixo, seguem as gramaturas utilizadas de matéria-
prima nas duas amostras para comparação.
32

Tabela 5: Quantidade de ingredientes das Amostras B e C.


B C
Ingredientes Quantidade (g) Ingredientes Quantidade (g)
Manteiga de Cupuaçu 9,9 Manteiga de Karité 9,9
Óleo de Gergelim 7,6 Óleo de Gergelim 7,4
Cera de Uruçu-Amarela 3,0 Cera de Uruçu-Amarela 3,0
Hidróxido de Magnésio 4,1 Hidróxido de Magnésio 3,9
Argila branca 22,6 Argila branca 22,4
Fonte: Autor.
Não puderam ser observadas diferenças quanta à textura do produto nem quanto à sua
espalhabilidade e não foram identificadas diferenças na cor.

6.1.5 Amostras A e E
As duas amostras possuem uma formulação semelhante, utilizando o mesmo óleo
vegetal e a mesma manteiga vegetal com a diferença de na amostra A conter argila branca e na
amostra E conter amido de milho. Na Tabela 6 abaixo, seguem as gramaturas utilizadas de
matéria-prima nas duas amostras para comparação.
Tabela 6: Quantidade de ingredientes das Amostras A e E.
A E
Ingredientes Quantidade (g) Ingredientes Quantidade (g)
Manteiga de Karité 9,9 Manteiga de Karité 9,9
Óleo de Abacate 7,5 Óleo de Abacate 7,3
Cera de Uruçu-Amarela 3,0 Cera de Uruçu-Amarela 3,0
Hidróxido de Magnésio 4,0 Hidróxido de Magnésio 4,0
Argila branca 22,7 Amido de Milho 22,5
Fonte: Autor.
Houve entre as duas amostras analisadas, uma diferença de coloração, onde a amostra
E teve uma coloração um pouco mais clara e ocorreu uma divergência de espalhabilidade, pois
a amostra E possui um toque mais seco, semelhante ao talco de bebê.

6.2 Análise Sensorial


A pesquisa de análise sensorial abrangeu uma amostragem de 61 pessoas e foi realizada
entre a amostra A como opção 1 e a amostra E como opção 2. Após a coleta das respostas
tivemos os resultados a seguir.
Com relação ao sexo, 27 pessoas se identificaram como sendo pertencentes ao sexo
feminino e 34 pessoas como pertencentes ao sexo masculino.
Conforme representado na figura x abaixo, vemos que a faixa etária de 20 a 24 anos
representando quase 50% do resultado.
33

Figura 3: Quantidade de pessoas por faixa etária.

Fonte: Autor.
Além disso, tivemos um grande equilíbrio entre as percepções das pessoas com relação
as duas amostras, o que era esperado, tendo em vista que as amostras se diferem apenas por 1
ingrediente.
Fazendo o comparativo agora utilizando o sentido de tato da pele, 34 pessoas acharam
a opção 1 feita com argila mais confortável na pele e 36 pessoas afirmaram que a opção 1 tem
uma melhor textura durante a sua aplicação.
Agora, olhando para o resultado geral, temos uma inversão de preferência, onde 32
pessoas preferem a amostra 2 versus 29 pessoas preferindo a amostra 1, nesse ponto em
específico devem ser considerados pontos como cor e cheiro além da textura abordada nos
pontos anteriores.
Nas imagens a seguir, será detalhado o gosto dos analisadores com relação a textura e
cor em uma escala de 7 níveis, conforme descrito abaixo.
• Gostei extremamente;
• Gostei moderadamente;
• Gostei ligeiramente;
• Indiferente;
• Desgostei ligeiramente;
• Desgostei moderadamente;
• Desgostei extremamente.
34

Figura 4: Avaliação da amostra 1 com relação a cor.

Fonte: Autor.

Figura 5: Avaliação da amostra 1 com relação a textura.

Fonte: Autor.

Figura 6: Avaliação da amostra 2 com relação a cor.

Fonte: Autor.
35

Figura 7: Avaliação da amostra 2 com relação a textura.

Fonte: Autor.

6.3 Análise de custo


Dentro desse projeto foram utilizadas 4 marcas de produtos distintas, sendo elas Peter
Paiva (loja com produtos cosméticos voltados a produção artesanal), doTerra e Phytoterapica
(duas marcas conceituadas no ramo de óleos vegetais e óleos essenciais) e Tupyguá (uma loja
que trabalha com produtos derivados das abelhas nativas sem ferrão do Brasil).
Na Tabela 7, pode-se ver o preço de mercado de cada um dos produtos utilizados.
Tabela 7: Valor de mercado da matéria-prima
Iten Marca Valor de Mercado Quantidade (g)
Manteiga de Cupuaçu Peter Paiva R$ 24,80 100
Óleo de Abacate Phytoterapica R$ 45,00 50
Cera de Uruçu-Amarela Tupyguá R$ 44,00 80
Hidróxido de Magnésio Peter Paiva R$ 48,10 100
Argila branca Peter Paiva R$ 26,90 800
Manteiga de Karité Peter Paiva R$ 23,70 100
Óleo de Gergelim Phytoterapica R$ 36,00 50
Amido de Milho Maisena R$ 13,90 500
Óleo essencial de Lavanda doTerra R$ 148,00 15
Óleo essencial de Melaleuca doTerra R$ 122,00 15
Óleo essencial de Pinheiro Siberiano doTerra R$ 102,00 15
Fonte: Autor.
A Tabela 8 mostra a quantidade utilizada de cada componete para composição do custo
final do desodorante.
36

Tabela 8: Custo de cada matéria-prima nas gramaturas utilizadas


Iten Valor por grama Quantidade (g) Valor agregado
Manteiga de Cupuaçu R$ 0,25 10,0 R$ 2,48
Óleo de Abacate R$ 0,90 7,5 R$ 6,75
Cera de Uruçu-Amarela R$ 0,55 3,0 R$ 1,65
Hidróxido de Magnésio R$ 0,48 4,0 R$ 1,92
Argila branca R$ 0,03 22,5 R$ 0,76
Manteiga de Karité R$ 0,24 10,0 R$ 2,37
Óleo de Gergelim R$ 0,72 7,5 R$ 5,40
Amido de Milho R$ 0,03 7,5 R$ 0,21
Óleo essencial de Lavanda R$ 9,87 1,0 R$ 9,87
Óleo essencial de Melaleuca R$ 8,13 1,0 R$ 8,13
Óleo essencial de Pinheiro Siberiano R$ 6,80 1,0 R$ 6,80
Fonte: Autor.
A Tabela 9 fornece o custo de cada uma das 5 amostras, levando em consideração que
cada uma delas foram feitas pensando em atingir 50 g.
Tabela 9: Custo de cada amostra de desodorante
Desodorante Custo da Matéria-prima
A R$ 38,25
B R$ 37,01
C R$ 36,90
D R$ 38,36
E R$ 37,70
Fonte: Autor.
Será calculado o preço de venda do desodorante considerando que o pote de
armazenamento de 50 g tenha um preço médio de mercado de R$ 3,70.

6.3.1 Custeio por absorção


O custeio por absorção, também chamado de custeio integral, considera como custo do
produto todos os gastos com a fabricação, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. O
primeiro passo é identificar os custos diretos, ou seja, determinar quais são os custos
diretamente atribuíveis ao produto em questão, como matéria-prima e mão de obra direta.
Depois vem a alocação dos custos indiretos que consiste em identificar os custos
indiretos de produção, como aluguel da fábrica, energia elétrica, depreciação de máquinas e
equipamentos, entre outros. Esses custos deverão ser alocados aos produtos usando uma base
de rateio, como horas de mão de obra ou horas-máquina.
O custo total é o resultado da soma dos custos diretos e os custos indiretos atribuídos a
cada produto para obter o custo total por unidade.

6.3.2 Estimativas de Custos Para Operação e Manutenção


Segue abaixo algumas tabelas exemplificando um cenário em que 1.000 unidades de
desodorante são produzidas todos os meses.
37

Tabela 10: Estimativa de custos para operação


Estimativas de Custos Para Operação
Custos Diretos

Salário Bruto Mensal do Técnico 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00


INSS Desconto de 9% R$ 225,00 R$ 9.775,00
IRRF Alíquota de 7,5% R$ 590,33 R$ 9.184,68
RAT Alíquota de 3% R$ 300,00 R$ 9.484,68
Salário Líquido R$ 9.484,68

Subtotal gasto com o salário anualmente R$ 123.600,00

Custos Indiretos

Energia da ETE (mWh) 0,037 R$ 220,80 R$ 2.981,90


Subtotal gasto anualmente R$ 2.981,90

Total R$ 126.581,90
Fonte: Autor.

Tabela 11: Estimativa de custos de manutenção


Estimativa de Custos de Manutenção

Item Quantidade Valor Unitário Valor Total


Manutenção 10% do investimento inicial R$ 4,20 R$ 4.195,00
Matéria-prima 1000 R$ 41,95 R$ 41.950,00
Subtotal mensal R$ 46.145,00

Total Anual R$ 553.740,00


Fonte: Autor.

6.3.3 Estimativas de Lucro Líquido e Retorno


Segue abaixo uma imagem exemplificando um cenário em que 1.000 unidades de
desodorante são vendidas todos os meses.
Figura 8: Estimativa de retorno de investimento

Fonte: Autor.
38

Considerando o cenário desta fábrica, com um investimento inicial de R$ 500.000,00


para sua construção e um lucro anual de R$ 93.451,47, seriam necessários cerca de 5 anos para
poder efetivamente ter o retorno do valor investido e quitação das dívidas.
39

CONCLUSÕES
40

7 CONCLUSÕES
A produção de desodorantes naturais utilizando ingredientes como óleo vegetal,
manteiga vegetal, óleo essencial, cera de abelha e argila branca apresenta uma alternativa
interessante e promissora para aqueles que buscam opções mais sustentáveis e saudáveis para
o cuidado pessoal.
Ao longo deste trabalho de TCC, exploramos os benefícios desses ingredientes naturais
na formulação de desodorantes, considerando suas propriedades antimicrobianas, hidratantes e
absorventes de odores. Além disso, destacamos a importância de evitar o uso de substâncias
químicas agressivas e potencialmente prejudiciais presentes em desodorantes convencionais.
O desodorante baseado em argila tem uma aceitação maior com relação a textura, e o
desodorante com base de amido é mais cativante pela sensação da pele no longo prazo e cor
mais clara, logo, caso seja possível uma fusão entre as duas amostras, será o ideal, pois teremos
a textura de creme que a argila proporciona e uma sensação de “talco” na pele proporcionada
pelo amido da amostra 2.
No contexto atual, em que há uma busca crescente por produtos naturais e sustentáveis,
a produção de desodorantes naturais apresenta oportunidades de negócio promissoras, desde
que haja um cuidado adequado com a seleção de ingredientes, boas práticas de fabricação e um
foco constante na satisfação e segurança do consumidor.
Uma melhoria no produto percebida após a aplicação da análise sensorial é a
possibilidade de moer e clarear mais as matérias primas antes da formulação do desodorante,
sendo necessária uma análise de viabilidade para um entendimento mais profundo, assim
teremos um produto mais próximo ao que as pessoas estão acostumadas a encontrar no
mercado, facilitando a aceitação de mercado.
41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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45

APÊNDICE A
ANÁLISE SENSORIAL
Qual o seu nome?

Qual a sua idade?

Qual o seu sexo biológico?

Qual amostra de desodorante proporciona uma sensação mais confortável na pele?


a) Opção 1
b) Opção 2

Qual amostra de desodorante apresenta melhor textura durante a aplicação?


a) Opção 1
b) Opção 2

Qual amostra de desodorante você prefere no geral?


a) Opção 1
b) Opção 2

Avalie a amostra 1 com relação a cor.


a) Gostei extremamente
b) Gostei moderadamente
c) Gostei ligeiramente
d) Indiferente
e) Desgostei ligeiramente
f) Desgostei moderadamente
g) Desgostei extremamente

Avalie a amostra 1 com relação a textura.


a) Gostei extremamente
b) Gostei moderadamente
c) Gostei ligeiramente
d) Indiferente
46

e) Desgostei ligeiramente
f) Desgostei moderadamente
g) Desgostei extremamente

Avalie a amostra 2 com relação a cor.


a) Gostei extremamente
b) Gostei moderadamente
c) Gostei ligeiramente
d) Indiferente
e) Desgostei ligeiramente
f) Desgostei moderadamente
g) Desgostei extremamente

Avalie a amostra 2 com relação a textura.


a) Gostei extremamente
b) Gostei moderadamente
c) Gostei ligeiramente
d) Indiferente
e) Desgostei ligeiramente
f) Desgostei moderadamente
g) Desgostei extremamente

Cite o que mais gostou na amostra 1.

Cite o que mais gostou na amostra 2.

Cite o que menos gostou na amostra 1.

Cite o que menos gostou na amostra 2.

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