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10.37885/211006528
RESUMO
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Engenharia de Produtos Naturais: planejamento, experimentação, obtenção de produtos e purificação
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
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Engenharia de Produtos Naturais: planejamento, experimentação, obtenção de produtos e purificação
Figura 1. Fluxograma de extração do óleo das sementes de castanha-do-Brasil.
Onde,
Móleo = Massa de óleo extraída;
Mamostra = Massa de amêndoas utilizada na prensagem.
A metodologia utilizada para determinar o índice de acidez foi a explanada pela AOCS
(3d-63), onde a quantidade de KOH (Hidróxido de Potássio) necessária para a completa
neutralização dos ácidos graxos livres que estão no óleo é calculada. O índice de saponi-
ficação expressa o número de miligramas de hidróxido de potássio (KOH) necessário para
saponificar um grama de óleo. A metodologia utilizada para a sua determinação segue a
AOCS (Cd 3-25, 1990). O índice de peróxido foi determinado segundo a metodologia da
AOCS (Cd 8- 53, 1990). Este método determina todas as substâncias que oxidam o iodeto
de potássio, em termos de miliequivalentes de peróxido por kg de amostra. Para determinar
o índice de refração foi usada a metodologia da AOCS (Cc7-25, 1990). A massa específica
do óleo foi determinada pela razão entre sua massa e seu volume.
Perfil de Ácidos Graxos: A determinação da análise do perfil de ácidos graxos foi rea-
lizada segundo a metodologia oficial da AOCS (Ce 1-62). Neste método, ocorre a hidrólise
dos triacilglicerois, formando glicerol e ácidos graxos. Em seguida, os ácidos graxos sofrem
metilação para ésteres metílicos de ácidos graxos utilizando trifluoreto de boro (BF₃) em meta-
nol. Utilizou-se um cromatógrafo de fase gasosa acoplado software Galaxie Chomatography e
um espectrômetro de massas (CG-EM) Thermo DSQII equipado com coluna capilar de sílica
fundida (30m × 0,25mm d.i.) com fase estacionária DB-5 ms (30 m × 0,25 mm, espessura
de filme 0,25 um); gás de arraste nitrogênio; ajustado a uma velocidade linear de 20 cm/
segundo (100° C); temperatura do injetor 250°C; temperatura programada: 60 - 240° C (3º
C/min); tipo de injeção: splitless (2 μL de uma solução 1:1000 hexano); temperatura de
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origem de íon e partes de conexão: 200 °C. EIMS: energia de elétrons, 70 eV. A composi-
ção quantitativa foi determinada por comparação dos tempos de retenção dos picos com os
respectivos padrões de ácidos graxos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 mostra os resultados obtidos por meio de análises físicas da matéria- prima
utilizada neste capítulo.
Parâmetro Resultados
Massa específica real 0,9808 g/cm3
Massa específica aparente 0,9606 g/cm3
Umidade 2,81%
O resultado de 0,9808 g/cm³ obtido de massa específica real do material está próximo
ao valor encontrado por Nogueira et al. (2014) o qual foi igual a 1,0030 g/cm³. Os mesmos
autores obtiveram, no seu estudo, o valor de 0,6260 g/cm³ para massa específica aparente,
enquanto no presente capítulo, o valor deste mesmo parâmetro está consideravelmente dife-
rente e foi igual 0,9606 g/cm³. Sabe-se que os conceitos de massa específica estão ligados
aos poros do material, tal fator deve ser observado, uma vez que, o material utilizado neste
capítulo não são amêndoas inteiras e sim pedaços e farelos além de outros materiais pro-
venientes da castanha-do-Brasil e, consequentemente, a sua porosidade pode estar maior,
aumentando assim o valor resultante da massa específica aparente do mesmo. Outro fator
que pode ter diferenciado os resultados é a umidade do material. Há estudos em materiais,
como casca de madeira ou grãos de café que mostrando que, quanto menor a umidade,
maior a massa específica aparente do material.
A umidade de 2,81% resultante neste capítulo diferencia-se das encontradas por Santos
(2013) e Aranha et al. (2017), as quais foram de 8% e 5,1% respectivamente. Tais autores
utilizaram nos seus estudos castanhas frescas e in natura a qual possui maior quantidade
de água. Contudo, os valores obtidos por Santos et al. (2011) e Souza; Mezenes (2004) são
iguais a 3,13% e 3,18% os quais tem valores bem aproximados ao encontrado no presente
capítulo, onde as castanhas foram obtidas após o processo de beneficiamento para ambos
os autores. O processamento do material e a diminuição da umidade é necessária para
aumentar a vida de prateleira da castanha, pois, com a diminuição da atividade de água, o
risco de contaminação microbiológica reduz em consequência.
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Rendimento da extração
Os valores de rendimento podem variar de acordo com a origem da matéria- prima, as-
sim como o método de preparação da amostra, além da força utilizada na prensagem. As ma-
térias primas usadas pelos autores citados são originárias do Pará, exceto por Santos (2013)
que utiliza material do Amazonas. Vilhena et al. (2020) preparou as amêndoas para extração
em estufa de circulação de ar forçado afim de aquece-las e facilitar a extração. O resultado
de 42% encontrado está próximo do valor visto neste capítulo que foi igual a 47% para o
resíduo do beneficiamento, onde o processo de obtenção diferenciou-se pela quantidade
de horas aquecidas. Santos (2013) e Santos (2012) utilizaram matéria-prima in natura para
a extração sem processo de secagem ou aquecimento, porém a força utilizada na extração
foi maior, então tal fator pode ter aumentando o rendimento utilizado e, portanto, foram os
maiores dentre os apresentados. Os resultados vistos na Tabela 2 estão em sintonia entre si,
porém a metodologia apresentada possui perdas que podem afetar o resultado final, como por
exemplo a perda de material sólido nas camisas de retenção e, por consequência, diminuição
da quantidade de óleo extraída. A pressão exercida no método pode não abranger todo o
montante da amostra e assim reduzir a eficiência da extração, vide os resultados apresen-
tados neste capítulo em Vilhena et al (2020). No entanto, a metodologia permanece sendo
economicamente mais viável visto a aquisição, operação e manutenção do equipamento.
Rendimento da extração por solvente: A Tabela 3 mostra o resultado da extração,
usando o hexano como solvente, encontrado neste capítulo bem como nos de outros autores.
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Tabela 3. Resultados de rendimento na extração por solvente.
Caracterização Físico-Química
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Tabela 4. Caracterização físico-química do óleo extraído por prensagem.
Vilhena et al.
Parâmetro Unidade Este trabalho (2021) Silveira (2015)
(2020)
Acidez (KOH/g) mgKOHg-1 3,62 0,34 2,01
Peróxido meqkg-1 14,71 6,43 9,20
Saponificação mgKOHg -1
193,25 196,61 200,17
Densidade g/cm³ 0,9126 0,91 0,93
Refração adim. 1,469 1,46 -
O índice de acidez observado foi de 3,62 mgKOHg-1, superior aos encontrados por
Silveira (2015) e Vilhena et al. (2020) que foram de 0,34 e 2,01 mgKOHg-1, respectivamen-
te. A acidez é um parâmetro ligado à rancidez do material com o fenônemo da hidrólise dos
ácidos graxos presentes nele transformando-os em ácidos graxos livres. De acordo com
Santos (2012), para oleaginosas amazônicas, a acidez norteia a qualidade de seus subpro-
dutos em virtude das próprias peculiaridades caracterizadas pelo clima de temperaturas e
umidade altas da região.
A matéria prima utilizada por Silveira (2015) e Vilhena et al. (2020) são materiais in
natura, que não passaram por processamento de lavagem ou secagem e portanto, seus
compostos estão mais próximos ao natural. O processo de beneficiamento tem a finalidade
de aumentar a vida útil de um material, no entanto, pode ocorrer alteração quando é utilizado
como matéria-prima para outro produto e portanto, tal fator foi crítico para o aumento do índice
de acidez encontrado. Contudo, os valores descritos estão de acordo com a RDC 270 da
ANVISA, que regula tecnicamente os óleos e gorduras vegetais, onde possui especificação
para o parâmetro de acidez menor ou igual a 4 mgKOHg-1.
O índice de peróxido está diretamente relacionado com a reação de oxidação do óleo,
a partir da reação do oxigênio atmosférico com os ácidos graxos insaturados (MORETTO;
FETT, 1988). O valor de 14,71 meqkg-1 de índice de peróxido encontrado no presente ca-
pítulo está distante dos valores encontrados por Silveira (2015) e Vilhena et al (2020) que
foram iguais à 6,43 meqkg-1 e 9,20 meqkg-1 em razão do processamento da matéria-prima,
visto que o material é resíduo do processo de beneficiamento e portanto, a temperatura alta
é utilizada durante todo o processamento onde tal parâmetro afeta diretamente na formação
de radicais livres.
Para Silva et al. (2014), um fator importante que pode ter aumentado significativamente
o valor do peróxido na amostra é que, a castanha-do-Brasil é uma rica fonte de ácidos gra-
xos insaturados e, as amêndoas danificadas e armazenadas à temperatura ambiente e alta
umidade relativa podem desencadear o processo de oxidação desses ácidos. No entanto,
mesmo com o valor elevado, os resultados de peróxido obtido neste capítulo ainda estão
de acordo com a RDC 270 da ANVISA, onde possui especificação para o parâmetro de
peróxido menor ou igual a 15 meqkg–1.
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A saponificação indica a quantidade de base para saponificar os ácidos graxos livres.
Quanto menor o peso molecular do ácido graxo, maior índice e maior a probabilidade de
utilização do óleo. Os resultados da Tabela 4 estão de acordo com os obtidos por Santos
(2012), que foi igual a 181,35 mgKOHg-1. Os índices de refração e densidade observados
para este método de extração estão em consonância.
Os resultados mostram que, mesmo o material utilizado sendo um resíduo, ele pode ser
matéria-prima para a obtenção de óleo com qualidade esperada para aplicações industriais,
como por exemplo em cosméticos.
Por solvente: A Tabela 5 apresenta os resultados da caracterização físico-química do
óleo extraído por solvente observados neste trabalho e em demais autores.
O resultado de acidez obtido com a extração utilizando solvente foi igual à 2,63 mg-
KOHg-1, valor está em consonância pelo o encontrando por Schons (2017) na sua extração
utilizando o mesmo solvente o qual foi de 2,57 mgKOHg-1. Em relação ao resultado de acidez
observado na extração por prensagem, o valor discutido pela extração por solvente é menor e
tal diferença pode se dar pela maior manipulação do óleo na extração por prensagem. Como
já discutido no tópico anterior, a acidez do material indica a qualidade dele em função dos
ácidos graxos. Os valores determinados estão de acordo com o que a ANVISA usa como
critério para determinar a qualidade de óleos e gorduras.
Assim como na caracterização físico-química do óleo proveniente da extração por
prensagem, o índice de peróxido encontra-se bastante elevado em comparação aos demais
autores. Enquanto Schons (2017) e Santos (2012) detém o resultado para peróxido de 5,74
e 2,99 meqkg-1, neste trabalho apresentou-se o seguinte valor 14,67 meqkg-1. Tal valor
reafirma que o estado inicial da matéria-prima utilizada afeta diretamente na qualidade do
produto final, independentemente do método utilizado para a obtenção de tal.
Podemos observar os valores de densidade e refração próximos entre os autores,
assim como os resultados obtidos na extração por prensagem. O resultado de densidade
caracterizado no presente trabalho foi igual a 0,9064 g/cm³, ligeiramente menor quando o
comparado com o método de extração por prensagem. Resíduos do solvente na amostra pode
afetar a densidade e diminui-la. Os valores de índice de refração não obtiveram variações
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entre os autores o que indica que as formas de extração avaliadas não alteram a refração
dos óleos de castanha-do-Brasil avaliados.
Os valores de saponificação obtidos tem como o resultado de Schons (2017) o maior
encontrado. O método de extração utilizado pela autora foi a utilização de solvente e ultras-
som e tal fator pode ter afetado diretamente no valor final do índice de saponificação, que foi
igual à 191,65 mgKOHg-1. No entanto, os valores de 185,31 e 181,53 mgKOHg-1 dispostos
no presente trabalho e no de Santos (2012) então próximos ao apresentado por Net et al.
(2009) que foi igual a 187,50 mgKOHg-1.
Os resultados da caracterização físico-química do óleo obtido pela extração por solvente
estão aproximados entre os autores, assim como os resultados da caracterização realizada
no óleo proveniente da prensagem. Mostrando, assim, que ambos os métodos são eficientes
quando se trata de qualidade final do óleo.
Os resultados das análises de perfil de ácido graxo obtido está apresentado na Tabela
6 assim como o de Santos (2012).
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Silva et al. (2010) observaram o perfil de ácidos graxos com extração feita com éter
de petróleo e utilizando castanhas com danos mecânicos provenientes de beneficiamen-
to. Os resultados encontrados de ácido linoleico (C18:2) e oleico (C18:1) foram iguais a
35,05% e 34,99, enquanto que para castanhas inteiras os valores foram de 38,28% e 36,21%,
respectivamente.
Schons (2017), analisou os ácidos graxos da obtenção do óleo de castanha-do-Brasil
proveniente da extração por ultrassom e hexano, onde os valores de ácidos insaturados
foram ligeiramente menores aos obtidos neste trabalho. Enquanto Santos (2012), obteve
ácido linoleico em maior conteúdo dos óleos extraídos com éter de petróleo e hexano, quando
comparado ao óleo obtido por prensagem.
A variação entre os métodos e os valores encontrados podem ser explicados pela ten-
dência à oxidação dos ácidos graxos insaturados, devido à presença de grupos metilenos
ativados entre as ligações duplas (ARAÚJO, 2004). Fatores climáticos das regiões originárias
dos frutos e das sementes, também podem ocasionar pequenas variações na composição
do óleo (SAMICO, 2010).
Segundo Lima (2009) o ácido linoleico é um ácido graxo encontrado na pele humana
e contém propriedades emolientes, a presença deste em alto teor, possibilita a utilização
do óleo da castanha-do-Brasil em cosméticos. Hatanaka et al., (2006) atestam que os áci-
dos linoleicos e oleicos são cicatrizantes onde contribuem no processo de reparo da pele,
tal efeito destes ácidos graxos está relacionado à sua rápida absorção pelo tecido. Dentre
as metodologias utilizadas, observa-se que, as variações ocorrem, principalmente entre os
ácidos insaturados. Apesar disso, os valores apresentados sempre mostram o ácido linolei-
co como o majoritário em todas as metodologias utilizadas, independentemente da matéria
prima usada como recurso para a obtenção do óleo.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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