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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO OESTE - CEO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS E ENGENHARIA QUÍMICA


- DEAQ

DISCIPLINA: INDÚSTRIA DE ÓLEOS, GORDURAS E CEREAIS

DOCENTE: GEORGIA ANE RAQUEL SEHN

DISCENTES: RAFAELA COSSUL E TAELINE FABRIS

PROBLEMA NA INDÚSTRIA

Pergunta 1 - Vocês são os Engenheiros Químicos responsáveis pela empresa


Caeme, produtora de óleos vegetais. Um lote de sementes de soja foi recebido e
encaminhado diretamente para o processamento. Após as etapas de preparação da
matéria-prima e extração do óleo (via Rotocel), o óleo foi imediatamente degomado.
Visando a produção de biodiesel, de que maneira essa degomagem foi conduzida?
Explique.

Resposta

O óleo bruto que foi obtido da preparação e da extração, é então encaminhado


para o refino, a refinação pode ser definida como um conjunto de processos que visa
transformar o óleo bruto em óleos comestíveis, tem como finalidade a melhora da
aparência, do odor e do sabor, por meio da remoção dos seguintes componentes
:Substâncias coloidais, proteínas, fosfatídeos; Ácidos graxos livres e seus sais, ácidos
graxos oxidados, lactonas, acetais e polímeros; etc. (EMBRAPA, 2015; MARTINS E
CARVALHO, 2019).

O óleo bruto direcionado ao refino contém subprodutos, são eles: fosfolipídios


ou fosfatídeos e lecitina, que são excelentes agentes emulsificantes de alto
valor no mercado com aplicação expressiva na indústria alimentícia. Porém,
também se observa a formação de resíduos indesejáveis que implicam no
aumento de perdas, associadas tanto ao armazenamento quanto ao
transporte de óleo (MARTINS E CARVALHO, 2019).
Sendo assim, as principais etapas do processo de refinação do óleo bruto de
soja são: degomagem ou hidratação; neutralização ou desacidificação;
branqueamento ou clarificação; desodorização (EMBRAPA,2015).

Segundo a EMBRAPA (2015), a etapa de degomagem diminui a quantidade de


álcali a ser empregada durante a subsequente etapa de neutralização. A quantidade
de fosfatídeos pode atingir teor em torno de 3% no óleo bruto de soja. Os fosfatídeos
e as substâncias coloidais, são denominadas de “gomas”, são facilmente hidratáveis
e tornam-se insolúveis no óleo, possibilitando sua remoção.

No processo de degomagem de óleos vegetais (sementes de soja) para a


produção do biodiesel, o método de degomagem mais utilizado é a degomagem
aquosa (MARTINS E CARVALHO, 2019). Além disso, também segundo os autores o
processo de degomagem aquosa:

Se inicia com a passagem do óleo bruto na neutralização, que seria a adição


de água e hidróxido de sódio para separar proteínas e impurezas. Essa
mistura de óleo e hidróxido de sódio passa pelo misturador e segue para o
tanque de ácido-base para separar os ácidos graxos e hidróxido de sódio. A
mistura segue na lavadora para facilitar a remoção de sabão residual pela
centrífuga, e em seguida é feita a adição de terra clarificante para absorver
as pigmentações e traços de metais, corantes naturais e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos presentes no óleo (MARTINS E CARVALHO, 2019).

Após esta etapa de neutralização para remoção de proteínas e impurezas, a


EMBRAPA (2015) explica como é realizado a degomagem aquosa:

O método de degomagem mais utilizado consiste na adição de 1% a 3% de


água ao óleo bruto aquecido a 60 ºC - 70 ºC, sob agitação constante, durante
20 a 30 minutos. O precipitado formado é removido do óleo por centrifugação
a 5000rpm-6000rpm. As gomas assim obtidas, que contém 50% de umidade,
são secas a vácuo (aproximadamente 100 mm de Hg de pressão) à
temperatura de 70 ºC a 80 ºC. O produto denominado lecitina comercial, que
é extraído nessa etapa, consiste em cerca de 60% de uma mistura de
fosfatídeos (lecitina, cefalina e fosfatidil - inositol), 38% de óleo e 2% de
umidade (EMBRAPA, 2015).

Com base em EMBRAPA (2015), outra forma de ocorre a degomagem é de


maneira contínua, injetando água ao óleo aquecido a 60 ºC. O tempo de hidratação é,
nesse caso, reduzido a alguns minutos. Também pode ser aplicado método de
degomagem que utiliza de 0,1% a 0,4% de ácido fosfórico numa concentração de
85%, que é misturado com o óleo bruto à temperatura de 60 ºC a 65 ºC, seguido, às
vezes, pela adição de 0,2% de terra diatomácea ou terra branqueadora.

Para se realizar a separação da goma se utiliza processos de filtração ou


centrifugação. Enquanto a degomagem com água remove usualmente de 70% a 80%
dos fosfatídeos presentes no óleo bruto, o tratamento com ácido fosfórico permite a
remoção de 90% das gomas, porém neste caso a lecitina resultante é impura
(EMBRAPA, 2015).

Recentemente estudos realizados nesta área, trazem uma nova alternativa


para o refino do óleo que seria a degomagem enzimática, que está sendo muito
utilizada devido a maior eficácia, os autores Martins e Carvalho (2019), comentam
que:

O uso de enzimas apresenta diversas vantagens se comparada à


degomagem comum, entre as quais pode-se citar a diminuição de produtos
químicos como ácido, por exemplo; enzimas são consumidas durante o
processo reacional, o que acarreta a redução dos efluentes gerados durante
o processo de refino; atuam em pH e temperaturas controladas e têm alta
especificidade nas reações, o que leva a maior eficácia na geração do
produto (MARTINS E CARVALHO, 2019).

Pergunta 2 - Parte do óleo acima, que acabou não sendo enviado para fabricação de
biodiesel, foi engarrafado e armazenado para controle de qualidade, e observou-se
que depois de cerca de 1 ano ele apresentava alta viscosidade. Entretanto, ao ser
realizada análise de índice de peróxido foi encontrado um resultado relativamente
baixo. Podemos afirmar que o óleo estava oxidado? explique.

Resposta

A viscosidade, o índice de peróxido e, principalmente, o período da indução de


Rancimat são parâmetros que podem ser utilizados para monitoramento da
degradação oxidativa do biodiesel durante o período de estocagem. Segundo os
autores Bellaver e Zanotto (2004):
O Índice de peróxido (IP) é a maneira comum de detectar rancidez da
gordura. A oxidação é um processo autocatalítico e desenvolve-se em
aceleração crescente, uma vez iniciada. Fatores como temperatura, enzimas,
luz e íons metálicos podem influenciar a formação de radicais livres
(BELLAVER E ZANOTTO, 2004).

Os peróxidos são os primeiros compostos formados durante o processo de


degradação oxidativa dos óleos ou gorduras. Então a medida do nível dessas
substâncias reflete o estado oxidativo da amostra e portanto, o seu estado de
conservação (NUNES, 2013).

Sendo assim, com valores de índice de peroxido baixos, entende-se que o óleo
não estaria oxidado, porém para ter uma certeza seria importante realizar mais testes/
análises, para assim se identificar no óleo todos os componentes presentes.

REFERÊNCIAS

BELLAVER, Claudio; ZANOTTO, Dirceu L. Parâmetros de qualidade em gorduras


e subprodutos protéicos de origem animal. 2004. Disponível em:
<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/parametros_qualidade_gordura
s_e_subprodutos_proteicos_de_origem_animal_000fyrf0t6n02wx5ok0pvo4k33hlhtkv
.pdf>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2022.

Cleiton Antônio Nunes. Tecnologia de óleos e gorduras para engenharia de


alimentos. 2013. Disponível em:
<http://177.105.2.222/bitstream/1/41440/1/TA%2071%20-
%20Tecnologia%20de%20%C3%B3leos%20e%20gorduras%20para%20engenharia
%20de%20alimentos.pdf>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2022.

EMBRAPA. Tecnologia para produção do óleo de soja: descrição das etapas,


equipamentos, produtos e subprodutos. 2015. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126080/1/Doc171-OL.pdf>.
Acesso em: 26 de janeiro de 2022.
MARTINS, Luiz Fernando; CARVALHO, Kamilla Alves. Análise do processo de
degomagem aquosa e enzimática no refino de óleo vegetal. 2019. Disponível em:
<https://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/An%C3%A1lise%20do%20Process
o%20de%20Degomagem%20Aquosa%20e%20Enzim%C3%A1tica%20no%20Refin
o%20de%20%C3%93leo%20Vegetal%20-%20Luiz%20Fernando.pdf>. Acesso em:
26 de janeiro de 2022.

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