6° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel

9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

Otimização do processo de extração por prensagem de óleo de semente de tabaco

Solaris e Virgínia.
José Otávio Moura Leitão (DEAA/UNISC, otaviomleitao@gmail.com), Franccesca Fornasier (DQF/UNISC,
franc_ces_ca@hotmail.com), Jonas Alvaro Kaercher (DEACA/UNISC, jonaskaercher@unisc.br), Fernando
Sansone de Carvalho (DEACA e PPGTA/UNISC, fernandocarvalho@unisc.br), Jorge André Ribas Moraes
(DEACA e PPGTA/UNISC, jorge@unisc.br), Rosana de Cassia de Souza Schneider (DQF e PPGTA/UNISC,
rosana@unisc.br).

Palavras Chave: semente Solaris, semente Virgínia, óleo do tabaco, biodiesel.

1 - Introdução A troca de luvas foi realizada sem ocorrer nenhuma

No Brasil, a espécie Nicotiana Tabacum,
conhecida como tabaco, concentra-se no sul do país e os
municípios do Vale do Rio Pardo no Rio Grande do Sul, e
em especial Santa Cruz do Sul, conhecida popularmente
como capital do fumo, a tem como principal fonte de renda
na agricultura.
O tabaco é a mais importante cultura não alimentar
do mundo e tem potencialidades para ser aproveitada para
desenvolvimento de bioprodutos como os biocombustíveis1.
Esta é uma planta que, quando desenvolvida
possui de 90 a 180 cm de altura, além das folhas grandes,
utilizadas para a produção cigarreira, existe também as
flores que possuem coloração rosa, das quais se
desenvolvem os frutos que guardam as sementes da planta,
de interesse para a produção de biodiesel 2,3.
O óleo desta semente pode ser extraído e
empregado para desenvolvimento de produtos da indústria
oleoquímica, da mesma forma que utiliza-se o óleo de soja,
canola, girassol e outros. As características deste óleo
apaser de serem parecidas com as dos outros óleos já
reconhecidos comercialmente, podem ter especificidades
que auxiliam no seu aproveitamento. Para avançar nos
estudos que reconhecem as aplicabilidades deste óleo,
principalmente para produção de biodiesel, são necessários
avanços na etapa de extração4, uma vez que esta semente é
muito menor que as sementes convencionais para obtenção
de óleo.
Assim, este trabalho visa comparar os rendimentos e
algumas propriedades do óleo extraído em um equipamento
de extração mecânica por prensagem. Neste intuito,
objetivou-se melhorar a performance deste equipamento
para extração de sementes pequenas como a do tabaco.
2 - Material e Métodos
O experimento contempla a extração por prensagem dos
óleos das sementes de tabaco Virgínia e Solaris. Utilizaram-
se duas luvas extratoras do fabricante Schott Tech, uma
delas padrão, e a outra desenvolvida pela fornecedora para
extração de semente de tabaco.
O método utilizado consistiu de 4 bateladas de extração
com frações de 20 kg para cada tipo de semente e de luva
extratora. A primeira batelada no início de cada mudança
não é considerada nos resultados finais, pelo fato de ter
apenas o objetivo de homogeneizar o regime.
alteração no resto do equipamento. Para cada vez que se
alternam as sementes e as luvas, foi realizada uma limpeza
na máquina para retirar impurezas que pudessem prejudicar
os resultados.
Avaliou-se a partir da extração o rendimento em óleo,
quantidade de borra, quantidade de torta, perdas no
processo, teor de óleo residual na torta, índice de iodo e de
acidez.
O procedimento foi repetido para ambos os tipos de
sementes. Primeiramente, foi utilizado o processo de
secagem, o qual antevê a extração de óleo por prensagem,
visando aquecer e aumentar o rendimento de extração.
Figura 1. Fotografia das luvas extratoras, sendo da
esquerda para uso geral e da direita a luva otimizada.
A temperatura estabelecida foi em torno de 90 °C e
utilizou-se a Secadora Misturadora Rotativa SMG 610–G,
do fabricante Scott Tech.
Quantificaram-se as massas das sementes após a retirada
da secagem, assim obtendo um valor preciso de input no
processo de extração.
Nas extrações dos óleos utilizaram-se a Extratora radial
tubular ERT 60, do mesmo fabricante. Nesse equipamento
ocorreu a separação da torta e óleo. Como o óleo continha
borra, em seguida, foi filtrado para separação do conjunto
óleo/borra em uma peneira elástica de fios poliméricos e
centrifugado em centrifuga de bancada de capacidade de
1600 mL por batelada.
Posteriormente, efetuaram-se os ensaios para analisar os
índices de iodo e acidez, além do teor de óleo residual na
torta.
3 - Resultados e Discussão
A partir das bateladas de extrações com as
variações de sementes e luvas extratoras chegou-se aos

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22 a 25 DE NOVEMBRO DE 2016
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9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
dados das amostras para o tabaco Virgínia e Solaris Virgínia que é melhor do que a semente Solaris, uma vez
descritos a seguir nas tabelas 1 a 6. que a semente Solaris é produzida para ser grão empregado
na extração de óleo e a semente Virgínia é semente
Tabela 1. Resultados da semente Virgínia com luva padrão. produzida com excelentes cuidados para ser cultivada,
1 2 3 x̅ σ CV(%) portanto passa por um rigoroso processo de limpeza.
BORRA (Kg) 1,47 1,57 1,76 1,60 0,12 7,52 Para avaliar se houve alteração do óleo em função
TORTA (Kg) 11,6 12 11,9 11,86 0,16 1,38
do processo, determinou-se o índice de acidez e de iodo,
ÓLEO (Kg) 6,54 6,08 6,07 6,23 0,22 3,52
PERDAS (Kg) 0,35 0,32 0,25 0,31 0,04 13,66 como mostra a tabela 7.
RENDIMENTOS Tabela 7. Análise do índice de acidez (IA) e do índice de
32,7 30,4 30,4 31,15 1,10 3,52 iodo (II) dos óleos de tabaco Solaris e Virgínia obtidos com
DE ÓLEO (%)
TEOR DE ÓLEO
10,3 15,35 12,68 12,78 2,06 16,13
a luva padrão e a luva otimizada do equipamento.
NA TORTA (%)
Tabela 2. Resultados da semente Virgínia com luva LUVA LUVA
otimizada. Tabaco Índices PADRÃO OTIMIZADA
1 2 3 x̅ σ CV(%) IA 4,9 5,0
BORRA (Kg) 0,37 0,39 0,43 0,40 0,02 6,29
TORTA (Kg) 12,6 12,5 12,5 12,54 0,05 0,37 Virgínia II 147,8 149,0
ÓLEO (Kg) 6,75 6,75 6,82 6,77 0,03 0,49 IA 2,9 3,0
PERDAS (Kg) 0,28 0,37 0,23 0,29 0,06 19,75
RENDIMENTOS Solaris II 147,5 147,2
33,8 33,8 34,1 33,87 0,16 0,49
DE ÓLEO (%) Assim como em outros trabalhos realizados pela
TEOR DE ÓLEO equipe, onde foi encontrado baixa acidez e alto índice de
16,39 12,74 14,68 14,6 1,49 10,19
NA TORTA (%) iodo, observamos que independente da luva empregada na
Tabela 3. Comparação da extração da semente Virgínia extração para o tabaco Solaris a acidez foi menor do que já
entre luvas extratoras otimizada e padrão. havia sido descrito na literatura.
MELHORIA DA MÉDIA AMPLITUDE TOTAL (H) Os rendimentos demonstraram-se maiores com a luva

BORRA (Kg) -1,20 -1,34 extratora otimizada para ambas as sementes, pelo fato dessa
TORTA (Kg) 0,67 0,89
não possuir rasgos axiais como na outra luva padrão. A
ÓLEO (Kg) 0,54 0,79
PERDAS (Kg) -0,02 -0,12 semente Virgínia teve menor variabilidade no processo,
RENDIMENTO pelo fato de ter menor concentração de impurezas como:
2,72 3,98 palha, folhas e partes da flor em comparação com as
DE ÓLEO (%)
Tabela 4. Resultados da semente Solaris com luva padrão. amostras da semente Solaris. As perdas em ambas as
1 2 3 x̅ σ CV(%) sementes são decorrentes da desidratação e perdas no
BORRA (Kg) 0,9 1,14 1,08 1,04 0,10 9,81
processo de extração.
TORTA (Kg) 15,1 14,3 14,2 14,6 0,42 2,87 4 – Conclusões
ÓLEO (Kg) 3,58 4,19 4,41 4,06 0,35 8,65
PERDAS (Kg) 0,38 0,38 0,29 0,35 0,04 12,12 A partir deste estudo pode-se definir que a luva
RENDIMENTOS extratora otimizada é a que tem melhor rendimento para
8,65
DE ÓLEO (%) 17,9 21 22,1 20,3 1,76 extração de óleo de ambas as sementes com uso do
TEOR DE ÓLEO
18,75 18,95 17,29 18,33 0,74 4,03 equipamento Extratora Radial Tubular ERT 60 do
NA TORTA (%)
fabricante Schott Tech em comparação a luva extratora
Tabela 5. Resultados da semente Solaris com luva
geral. O método escolhido apresenta-se adequado a
otimizada.
1 2 3 x̅ σ CV(%)
extração de óleo de semente de tabaco e observa-se que há
necessidade de otimizar o processo de limpeza para obter
BORRA (Kg) 0,83 0,99 1,27 1,03 0,18 17,65
TORTA (Kg) 14,9 13,3 13,4 13,85 0,76 5,48
maior teor de óleo por prensagem.
ÓLEO (Kg) 3,66 5,19 4,73 4,53 0,64 14,16 5 – Agradecimentos
PERDAS (Kg) 0,59 0,57 0,62 0,59 0,02 3,46
RENDIMENTOS Os autores agradecem a FAP-UNISC, MCTI
18,3 26 23,7 22,63 3,20 14,16
DE ÓLEO (%) (01.0144.00/2010), CNPq
TEOR DE ÓLEO
17,02 15,84 16,79 16,55 0,51 3,09
NA TORTA (%) 6 - Bibliografia
Tabela 6. Comparação da extração da semente Solaris entre 1
luvas extratora otimizada e padrão. Poltronieri, P. Cap 6 - Tobacco Seed Oil for Biofuels.
MELHORIA DA MÉDIA AMPLITUDE TOTAL (H) Biotransformation of Agricultural Waste and By-Products,
BORRA (Kg) -0,01 -0,29 Elsevier: 161-187, 2016.
2
TORTA (Kg) -0,70 -1,88 Usta, N. Biomass and Bioenergy, v. 28, n. 1, p. 77-86,
ÓLEO (Kg) 0,47 1,46 2005.
PERDAS (Kg) 0,24 0,3 3
Usta, N. et al. Energy Conversion and Management, v. 52,
RENDIMENTO n. 5, p. 2031-2039, 2011.
2,33 7,29
DE ÓLEO (%) 4
Kumar, M., Sharma, M.P. Renewable and Sustainable
Observou-se que o teor de óleo extraído da Energy Reviews 44 (2015) 814–823.
semente Virgínia por prensagem nas condições estudadas 5
Giannelos, P. N. et al. Industrial Crops and Products Vol
foi de 33,87% e para o tabaco Solaris foi de 22,63 %. 16. 2002. pp.1-9
Sugere-se que a diferença se deve a limpeza da semente

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