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MÓDULO 2 - AULA 17
Metas da aula
Estudar a interação entre corrente elétrica e densidade de campo magnético.
Apresentar o conceito de campo magnético e como as correntes elétricas ge-
ram campos magnéticos.
Objetivos
No final desta aula, você deverá ser capaz de:
Pré-requisitos
Esta aula requer que você esteja familiarizado com os conceitos de cor-
rente elétrica e indução magnética. Revise os assuntos estudados nas Aulas
12 e 16 deste módulo.
Introdução
Vimos, na Aula 16 deste módulo, que podemos definir uma indução
magnética em uma região do espaço. Esta indução também é conhecida
como densidade de fluxo magnético e é representada usualmente pelo vetor
~ Vimos ainda que a indução magnética é capaz de alterar a trajetória de
B.
um feixe de partı́culas carregadas ao impor a elas uma aceleração, uma força.
O que ocorre com os elétrons que compõem uma corrente elétrica em um
fio? Que efeitos a indução magnética causa no comportamento dos elétrons
de condução em um material metálico?
103 CEDERJ
O campo magnético
Na Aula 16 vimos também que uma região do espaço pode conter uma
~ Como esta densidade surge? O que gera a
densidade de fluxo magnético B.
densidade de fluxo magnético?
vd i
B d FB
(a)
i
E
(b)
CEDERJ 104
O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
~ = kev~d × Bk.
keEk ~
eE = evd B.
J i
vd = = ,
ne neA
podemos determinar o número de portadores de carga n:
Bi
n= . (17.1)
V le
Da Equação 17.1, vemos que a corrente é proporcional ao número de
portadores de carga n, ou seja,
V le
i= n. (17.2)
B
105 CEDERJ
O campo magnético
FB
q
vd
Figura 17.2: Cargas elétricas q circulando por um fio de comprimento L com velocidade
de deriva vd . A região onde se encontra o fio está preenchida com uma densidade de fluxo
~ orientada perpendicularmente ao plano da página, para fora.
magnético B,
A carga total que circula pelo fio pode ser calculada por:
q = i t,
L
t= .
vd
Usando esta relação de tempo, calculamos a carga que circula no fio por:
L
q=i .
vd
A intensidade da força que aparece nos elétrons é dada pela relação:
CEDERJ 106
O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
FB = qvd B sin θ.
L
FB = qvd B = i vd B = iLB. (17.3)
vd
A Equação 17.3 fornece a força magnética que atua sobre um fio pelo
qual passa uma corrente i, quando este fio está imerso em uma região com
indução magnética B perpendicular à corrente.
E se a indução não estiver perpendicular à corrente, como ficará a
expressão da força que atue sobre o fio? Neste caso, teremos de generalizar
a Equação 17.3, para que represente a relação vetorial entre a corrente i e a
~ Isso é feito usando-se a expressão:
indução B.
F~B = iL
~ × B.
~ (17.4)
Exercı́cio 17.1
Um fio de cobre é atravessado por uma corrente de intensidade i = 1 A. Este
fio está em uma região onde existe uma indução magnética de intensidade
B = 1 T, perpendicular à corrente i. Calcule o valor da força FB que atua
no fio.
Exercı́cio 17.2
Qual será a intensidade da força FB que atua no fio do Exercı́cio 17.1 se a
~ for paralela à corrente i?
indução magnética B
Consideramos, até aqui, que o fio por onde circula a corrente faz um
~ O que ocorre se o fio faz um caminho
ângulo fixo com a direção da indução B.
onde a direção da corrente varia? Veja a Figura 17.3.
107 CEDERJ
O campo magnético
dFB
B
i dL
~ Cada
Figura 17.3: Fio por onde circula uma corrente i na presença de uma indução B.
~ interage com a indução B
elemento de corrente idL ~ e contribui com uma força dF~B .
~ × B,
dF~B = idL ~
FB
b
q
a
w i
(b) FB
(a)
Figura 17.4: Espira de corrente. Uma corrente i circula pela espira de lados a e b,
~ Em (b),
com área A = ab. Em (a), vemos a projeção da área da espira em direção a B.
~
vemos a projeção da espira perpendicular a B.
CEDERJ 108
O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
Vemos, na Figura 17.4, que aparece um par de forças F~B nos tramos
da espira onde a corrente é perpendicular a B.~ Isso significa que um torque
atua na espira e a faz girar em relação ao seu eixo central.
A força resultante sobre a espira é a soma de todas as forças. Somente
dois lados da espira contribuem com elementos de força. Cada um deles
contribui com uma força de intensidade:
Exercı́cio 17.3
Mostre que a Equação 17.5 é válida.
b b
τ = iaB sin(θ) + iaB sin(θ) = iabB sin(θ). (17.6)
2 2
Se, em vez de apenas uma volta, a espira for composta de N voltas de
fio, então o torque passará a ser dado por:
109 CEDERJ
O campo magnético
µ = N iA,
τ = µB sin θ.
~τ = µ ~
~ × B. (17.7)
~
~τ = p~ × E.
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O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
U (θ) = −~ ~
p · E.
~
U (θ) = −~µ · B. (17.8)
dFB
X dB
fio
r
i dL
~ gera um elemento
Figura 17.6: Fio carregando corrente. O elemento de corrente idL
~ no ponto P, situado a uma distância ~r.
de densidade de fluxo dB
~ = µ0 id~s × ~r
dB . (17.9)
4π r 3
111 CEDERJ
O campo magnético
µ0 = 4π × 10−7 Tm/A.
Jean Baptiste Biot A Equação 17.9 é conhecida como Lei de Biot e Savart (ou Lei de
(1774-1862), fı́sico e Bio-Savart) e foi deduzida experimentalmente. Observe que ela é uma lei que
matemático francês, foi um
estudioso da matemática varia com o inverso do quadrado da distância.
aplicada, astronomia,
elasticidade e eletricidade.
Demonstrou seu talento
O campo magnético
desde cedo. Junto com
Savart, descobriu uma
relação para o campo Na Equação 17.9, podemos identificar que a densidade de fluxo magnético
magnético de uma corrente
é proporcional a uma grandeza vetorial. Podemos escrever a Equação 17.9
elétrica.
da seguinte forma:
Felix Savart (1791-1841),
fı́sico francês, realizou
~ = µ0 id~s × ~r ~
importantes estudos sobre dB = µ0 dH,
som e acústica. Desenvolveu 4π r 3
o disco de Savart, um onde dH é definido como:
dispositivo capaz de gerar
um som com uma dada
freqüência. ~ = 1 id~s × ~r
dH . (17.10)
4π r 3
~ obtemos a grandeza H,
Somando todos os elementos dH, ~ onde:
~ = µ0 H.
B ~ (17.11)
~ é conhecido como campo magnético. Observando a unidade de µ0 e a
H
~ vemos que a unidade de H é o A/m.
unidade de B,
Exercı́cio 17.4
~ é o A/m.
Mostre que a unidade do campo H
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O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
r
R
q
s
i dL'
dL
∞ ∞
µo sin θds
Z Z
B=2 dB = 2 .
0 4π 0 r2
113 CEDERJ
O campo magnético
r 2 = s2 + R 2 ,
e então:
R
sin θ = √ .
s2 + R2
Substituindo estes valores na integral anterior, teremos:
∞
µo Rds µ0 i
Z
B= = . (17.12)
2π 0 (s2 2
+R ) 3/2 2πR
O campo magnético, portanto, é dado por:
i
H= .
2πR
Exemplo 17.3 Campo magnético devido a um arco circular de corrente
Vamos considerar um arco de corrente, conforme mostra a Figura 17.8.
Qual é o valor do campo magnético no ponto P ?
i
R
f
r ds
P
φ φ φ
µ0 iRdφ µ0 i
Z Z Z
B= dB = 2
= dφ
0 0 4π R 4πR 0
e, portanto,
CEDERJ 114
O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
µ0 iφ
B= .
4πR
A intensidade do campo magnético H é dado então por:
iφ
H= .
4πR
Atividades Finais
Problema 17.1 Dois fios infinitos e paralelos estão carregando correntes de
mesma intensidade i, porém em direções opostas. A distância entre os dois
fios é d. Qual é o campo magnético que cada fio gera na região onde se
encontra seu vizinho? Qual é o valor da força magnética entre os fios?
trilhos
X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X X X L
X X Xi X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X X X X
B X X X X X X X X X X X X X X X X
115 CEDERJ
O campo magnético
bobina
H
H
o
i 30
o
30
espira
ia2
H= 3 .
2 (a2 + x2 ) 2
CEDERJ 116
O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
x
i a H
-a/2 a/2
0
a
a
X X
Resumo
Quando uma corrente circula por um condutor imerso em uma região
com uma densidade de fluxo magnético, os portadores de carga sofrem a
ação de forças de origem elétrica e magnética. O acúmulo de cargas nas
117 CEDERJ
O campo magnético
V Le
i= i.
B
O efeito do campo magnético sobre os portadores de carga de uma
corrente causa uma força no fio que transporta essa corrente. A força é
calculada por:
F~B = iL
~ × B.
~
~ é dada por:
A força que atua em um elemento de corrente idL
~ × B.
dF~B = idL ~
τ = N iabB sin(θ).
µ = N iA,
~τ = µ ~
~ × B.
~ = µ0 id~s × ~r
dB .
4π r 3
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O campo magnético
MÓDULO 2 - AULA 17
~ = µ0 H.
B ~
Leituras complementares
Leia com atenção as seções 29.4, 29.5, 29.7, 29.8 e 30.1 do D. Halliday,
R. Resnick e J. Walker, Fı́sica III – Eletromagnetismo, 6a edição, Vol. 3,
LTC Editora, Rio de Janeiro (2000).
Leia também as seções 7.1, 7.2, 7.3, 8.3 e 8.4 do H. Moysés Nussenzveig,
Curso de Fı́sica Básica 3 – Eletromagnetismo, Editora Edgard Blücher, São
Paulo, 1997.
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