Você está na página 1de 54

apresenta

ERNESTO OROZA

DESOBEDIÊNCIA TECNOLÓGICA
TECHNOLOGICAL DISOBEDIENCE
PRESIDENTA DA REPÚBLICA | PRESIDENT OF FEDERATIVE ARTISTA | ARTIST ASSISTENTE DE EXPOGRAFIA | EXHIBITION DESIGN
REPUBLIC OF BRAZIL Ernesto Oroza ASSISTANT
Dilma Rousseff Mariana Melo
CURADORIA | CURATORSHIP
MINISTRO DA FAZENDA | MINISTER OF TREASURY Fernanda Terra CENOTÉCNICA E ILUMINAÇÃO | SCENERY AND LIGHTING
Joaquim Levy Art.Monta Design
PRODUÇÃO EXECUTIVA | EXECUTIVE PRODUCTION
PRESIDENTA DA CAIX A ECONÔMICA FEDERAL |
(Artur Pessoa, Airton Cardim, Jerri
Museo Museologia e Museografia
PRESIDENT OF CAIX A ECONÔMICA FEDERAL Feitosa, Valmir Silva, Fabio Santana e
(Daniela Camargo e Mariana Santana)
Miriam Belchior Artur Rocha)
PROJETO GRÁFICO | GRAPHIC DESIGN PRODUÇÃO TÉCNICA | TECHNICAL PRODUCTION A CAIXA É UMA EMPRESA PÚBLICA brasileira que prima pelo todas as unidades da federação. Este critério também as-
Estopim Comunicação Estratégica Art.Monta Design respeito à diversidade. Neste sentido, mantém comitês segura, para a sociedade, mais transparência em relação
(Maria Eugênia Duque Estrada) (Eduardo Souza, Fernanda Mafra, Maíra internos atuantes para promover, entre os seus empre- ao investimento dos recursos da empresa em patrocínios.
ASSESSORIA DE IMPRENSA | PUBLIC REL ATIONS Gamarra, Wanessa Wassermann) gados, campanhas, programas e ações voltados para A mostra do artista cubano Ernesto Oroza, inédita no
Juliana Romão disseminar ideias, conhecimentos e atitudes de respei- Brasil, revela como o ato de reparar, reinventar e ressigni-
SINALIZAÇÃO | PLOT TING
to e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação ficar objetos faz surgir novas oportunidades de usos, ao
CLIPAGEM E VALORAÇÃO DE MÍDIA | CLIPPING AND Uzisign
sexual e todas as demais diferenças que caracterizam a criar um salto imaginativo e criativo que vai muito além
MEDIA EVALUATION APOIO ADMINISTRATIVO | ADMINISTRATIVE SUPPORT sociedade. da passividade imposta pela indústria e pelos sistemas,
Hozana Galindo Eliane Alves A CAIXA também é uma das principais patrocinado- mesclando a necessidade com o ideal de liberdade.
REVISÃO EM PORTUGUÊS | PORTUGUESE EDITION EDUCATIVO / MEDIATION: ras da cultura brasileira, e destina, anualmente, mais de Como patrocinadora de projetos como este, a CAIXA
Gustavo Barbosa Silvana Oliveira e Heloiza Montenegro R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a proje- contribui para promover e difundir a cultura e retribui à
tos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao
VERSÃO EM PORTUGUÊS E INGLÊS | PORTUGUESE AND AGRADECIMENTOS | ACKNOWLEDGMENTS
com mais ênfase para exposições de artes visuais, arte- longo de seus 154 anos de atuação no país, e de efetiva
ENGLISH VERSION Carlos Poete, Carolina Butolo, Maria
sanato brasileiro, shows musicais, festivais e espetácu- parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a
Rafael Nunan Rosa Santana Justino, Renato Faria s,
los de teatro e dança em todo o território nacional. CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investi-
Sueli Brandão.
EXPOGRAFIA | EXHIBITION DESIGN Os projetos patrocinados são selecionados via edital mento e participação efetiva no presente, compromisso
Eduardo Souza PATROCÍNIO | SPONSORSHIP público, uma opção da CAIXA para tornar mais democrá- com o futuro e criatividade para conquistar os melhores
CAIXA e Governo Federal tica e acessível a participação de produtores e artistas de resultados para o povo brasileiro.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

PRODUÇÃO PATROCÍNIO

Siga a Fanpage: facebook.com/CaixaCulturalRecife


Baixe o Aplicativo Caixa Cultural
COM O PRÓPRIO ESFORÇO

ERNESTO OROZA É ARTISTA, DESIGNER e autor de livros sobre um acendedor elétrico com uma lâmpada e uma caneta
a criatividade popular expressa em objetos reinventados esferográfica.”
e no ambiente urbano. Em seu trabalho, ele se interessa Em consequência das medidas tomadas pelo governo
criticamente pela cultura material e pelos processos in- cubano, o governo dos EUA declarou embargo econômi-
dependentes de produção de objetos de seu país, Cuba. co a Cuba, com o objetivo de impedir que chegassem ao
A prática de coletar, acumular fragmentos de objetos país matérias primas, substitutos industriais e mercado-
para serem reutilizados em formas, funções e sistemas rias em geral. Cuba enfrentou sua primeira grande crise
técnicos inesperados surge após a convocatória do mi- econômica na década de 1970. Segundo Oroza o próprio
nistro de Indústrias, Ernesto Guevara, na Primeira Reu- trabalhador que usava sua imaginação para ajudar a re-
nião Nacional de Produção, em 1961, para que os traba- volução também resistiu às duras condições de vida que
lhadores construíssem suas próprias máquinas. Em 1963 o governo revolucionário impunha.
foi fundada a Associação Nacional de Inovadores e Ra- Os anos 70 foram marcados pelo fenômeno de acumu-
cionalizadores (Anir), com o objetivo de organizar o movi- lação no âmbito familiar. A casa tornou-se um deposito
mento. O governo nacionalizou as empresas estrangeiras de materiais, objetos ou fragmentos de objetos. Tudo o
e convidou os trabalhadores a assumirem a criação de que pudesse ser aproveitado era guardado para reuti-
peças de reposição e a realização de reparos. As máqui- lização quando fosse necessário. Desta maneira, foram
nas acabaram por sofrer tantas intervenções que foram surgindo objetos híbridos, que seguiam uma lógica de
apelidadas de criollas. Pouco se via das peças originais. desconstrução e reconstrução: essa prática, que o artis-
Ernesto Oroza investigou esses novos inventores e ta denomina Desobediência Tecnológica, agrega sentidos
descobriu que os reparos não se encontravam apenas múltiplos aos objetos, dando-lhes uma segunda, terceira,
nas fábricas; também os lares foram se tornando verda- quarta vida.
deiros laboratórios de invenção. “O mesmo trabalhador O ato de reparar, reinventar e ressignificar objetos fez
que consertava o motor de um avião de combate soviético surgir novas oportunidades de usos, criando um salto
MIG15 fabricava para sua esposa um porta-retratos com imaginativo e criativo, sem que se dê qualquer impor-
pregos, espelhos e fios. Ao escassearem os fósforos, fazia tância à procedência ideológica, marcas e modelos.

5
“Quando os indivíduos conservavam os objetos, arqui- cação caseira de novos objetos. “A bandeja de alumínio tria: transgride-se a autoridade do objeto industrial, as-
vavam também princípios técnicos, ideais de união e ar- usada nos refeitórios escolares e pelos trabalhadores por sim como a sua imagem consolidada, e se nega também
quétipos formais (...).Quando faltou luz, o ventilador que- toda a ilha tornou-se a única antena de televisão possível.” o seu ciclo de vida.
brou ou a cadeira se partiu pela primeira vez, a família Com a queda do muro de Berlim em 1989, as impor- Em todos os objetos que perdem suas identidades ori-
ouviu sussurros provenientes dos pátios, debaixo das ca- tações cubanas caíram em 80% e Cuba sofreu a maior ginais e tornam-se invisíveis, conclui Oroza, os cubanos
mas e dos cantos escuros da sala, onde tinham guardado crise econômica de sua história, o que levou o governo veem apenas um acúmulo de materiais que poderão ser
todo tipo de coisas. Pedaços de cadeiras completaram as a declarar estado de emergência, oficialmente chamado utilizados conforme a necessidade. Esse tipo de objeto é
que acabaram de se partir. O velho e deteriorado lampião de “Período Especial em Tempo de Paz”. O governo sus- denominado, pelo artista, “objeto de necessidade”, como
de querosene (Eagle) reapareceu quando os apagões atin- pendeu temporariamente as limitações do trabalho por é o caso do ventilador/telefone. 1
giram a ilha. Uma lata vazia de leite condensado, conten- conta própria e as iniciativas individuais que visavam à A Desobediência tecnológica envolve, portanto, uma
do uns feijões secos, serviu de brinquedo sonoro para o sobrevivência da família. complexa relação homem/objeto que vai muito além da
meu irmão mais velho, recém-nascido naquele momento.” “De tanto abrir corpos o cirurgião insensibiliza-se com ideia da indústria e do produto industrial consumível. Estão
Nos anos 1980, com o intercâmbio econômico firma- a estética da ferida, com o sangue e com a morte. E esta em jogo todas as variáveis sociais, políticas e econômicas
do entre Cuba e a URSS por intermédio do Conselho de é a primeira expressão de desobediência dos cubanos em de um país que se viu isolado diante de um mundo cujas
Ajuda Mutua Econômica (Comecon), deu-se a estandar- sua relação com os objetos: um desrespeito crescente pela bases, em sua maioria, estão fincadas em solo capitalista.
dização dos produtos. Todos os cubanos conheceram um identidade do produto, bem como pela verdade e pela Em um primeiro momento, a coleta e o armazenamen-
ou dois modelos apenas de cada objeto, como a geladei- autoridade que essa identidade impõe. De tanto abri-los, to. Depois, a reparação, a refuncionalização e a reinven-
ra (Minsk), os televisores (Caribe e Krim) e o ventilador repará-los, fragmentá-los e usá-los à sua conveniência, ter- ção. Estas são ideias que o artista move ao pensar os ob-
(Orbita). Em decorrência do acúmulo dos mesmos tipos minaram desfazendo-se dos signos que tornam os objetos jetos industriais que se tornam outros, ao passarem por
e modelos de peças, as soluções de reutilização possibi- ocidentais uma unidade ou identidade fechada.” ciclos de transformação e recriação, não mais em escala
litaram um grande intercâmbio de fragmentos e peças, Desta maneira, subverte-se a ordem e propõem-se no- industrial, mas sim a partir de formas produtivas criati-
assim como ideias para seu reaproveitamento na fabri- vas articulações com relação ao objeto, mercado e indús- vas e alternativas, em escala humana.

FERNANDA TERRA | Curadora

*Todas as aspas presentes no texto acima pertencem ao artigo do artista Ernesto Oroza, De la revolución al revolico, 2012. http://www.ernestooroza.com/desobediencia-tecnologica-de- 2
-la-revolucion-al-revolico/

6 7
DESOBEDIÊNCIA TECNOLÓGICA:
DA REVOLUÇÃO À REBELIÃO

REVOLUÇÃO preencher esses vazios e o fizeram tantas vezes, e duran-


te tantos anos, que muitas dessas máquinas possuem
“Trabalhador, constrói a tua maquinaria!” Este foi o con- hoje mais peças feitas por eles que peças originais. Na
vite que Ernesto Guevara, então ministro das Indústrias gíria popular das oficinas, batizaram-se estas máqui-
de Cuba (1961-1966), fez aos participantes da Primeira nas alteradas – ou totalmente refeitas – como “crioulas”
Reunião Nacional de Produção, em agosto de 1961. O (locais ou nativas). Se um engenheiro exilado nos EUA
evento foi o primeiro impulso ideológico ao Movimento tivesse voltado à ilha dez anos depois, já não seria um
Nacional de Inovadores e Inventores cubanos, formado a especialista. As vísceras dos aparelhos de tecnologia
partir de 1960 nos Comitês de Peças de Reposição. norte-americana, que conhecera bem, tinham sido subs-
Dois anos e meio depois, em 1963, foi fundada a Asso- tituídas por outras, mais toscas e barulhentas, embora
ciação Nacional de Inovadores e Praticantes da Raciona- igualmente produtivas.
lização (Anir) com o propósito de organizar o movimento Tenho acompanhado alguns destes primeiros inovado-
e atribuir-lhe um caráter institucional. A Anir surgiu da res cubanos e notado, recorrentemente, que ao longo da
confluência de duas circunstâncias: de um lado, a de- sua vida deixam uma faísca de invenção que transforma
terioração das indústrias e, de outro, a saída maciça do tudo. Eles não tentaram somente reparar as máquinas que
país – desde o início dos anos 1960 – de engenheiros, usaram nas fábricas: suas tarefas devem ter começado
técnicos e trabalhadores qualificados, que buscavam nos lares, que se tornariam os verdadeiros laboratórios de
continuidade de emprego em solo norte-americano, com invenção. O mesmo trabalhador que consertava o motor
as empresas para as quais tinham trabalhado na ilha. de um avião de combate soviético MIG15 fabricava para a
O novo governo nacionalizou as empresas estrangei- sua esposa um porta-retratos com pregos, espelhos e fios,
ras e convocou os trabalhadores como os novos “donos” ou, ao escassearem os fósforos, fazia um isqueiro elétrico
do parque produtivo da nação, convidando-os a assumir com uma lâmpada e uma caneta esferográfica.
as primeiras tarefas de reparo e a criação de peças de re- Esta história, que parece um sonho trabalhador extra-
posição. As maquinarias danificadas pareciam, naque- polado num épico tropical, tem assumido tons contradi-
les dias, o inimigo mais temido da pátria. Um torno sem tórios. Após a sequência de nacionalizações realizadas
porca, uma serra de fita sem polia, moldes desgastados e pelo governo autodeclarado comunista, bem como a eva-
uma centena de artefatos mutilados aterrorizavam, como são de pagamentos de indenizações a empresas estran-
zumbis esquartejados, o porvir da nova sociedade. geiras, os EUA declararam um embargo à ilha, buscando
Os “espaços vazios” nas máquinas paralisavam a en- dificultar a chegada de matérias-primas, de substitutos
3 grenagem da revolução. Os trabalhadores começaram a industriais e de mercadorias em geral.

8 9
Como consequência, Cuba, marcada pela ineficiência
produtiva e pela burocracia incipiente do sistema socialis-
ta, que inibia todas as iniciativas individuais e eliminava
o estímulo à propriedade privada, foi sendo submergida
numa crise econômica que atingiu seu pior momento pela
primeira vez no começo dos anos 1970.
Aqui surge o paradoxo: a desobediência tecnológica,
uma alternativa estimulada pela revolução, tornou-se o
principal recurso dos indivíduos para sobreviver à inefi-
ciência produtiva da mesma. Assim, o trabalhador, que
durante anos usou a sua imaginação para ajudar a revo-
lução a não se deter, empregou-a também para resistir às
duras condições de vida que o inoperante governo revo-
lucionário lhe impunha.

ACUMULAÇÃO

Durante os primeiros meses de 1970, o desolamento


tomou conta da rede comercial de Cuba. Os trabalha-
dores, que tinham vivido por dez anos em revolução,
viram como uma década de esforços não resolvera os
problemas da vida cotidiana. No âmbito familiar, surgiu
um comportamento preventivo, que tem permanecido
na base organizacional do fenômeno criativo cubano: a
“acumulação”.
A desconfiança no sucesso da revolução transformou
cada espaço da casa numa área de armazém: cada ma- 4 5
terial ou objeto (ou fragmento deste) foi sujeitado à acu-
mulação. Com este gesto simples e inicial questionaram- Quando os indivíduos conservaram seus objetos, ar- leite condensado, contendo uns feijões secos, serviu de comunista. Enviavam-se doces de mamão cubanos em
-se radicalmente os processos e as lógicas industriais, quivaram também princípios técnicos, ideias de união e brinquedo sonoro para o meu irmão mais velho, recém- troca de peras em conserva da Bulgária. Na mesma gar-
revisando-os a partir de uma perspectiva artesanal. Todo arquétipos formais. Em cada momento crítico, percorre- -nascido naquele momento. rafa que se vendia vodka na Rússia, distribuía-se o rum
objeto podia ser reparado ou reutilizado, seja em seu con- ram mentalmente seus estoques para encontrar a “coisa” Na década seguinte, em função do reforço das relações em Havana. A base material burguesa pré-revolucionária
texto original ou em outro diferente. exata que guardaram com prevenção. Quando faltou luz, estratégicas e econômicas com a URSS, o país pareceu misturou-se ao sistema de objetos padronizados.
A acumulação, que é um gesto manual, separou o ob- o ventilador quebrou ou a cadeira se partiu pela primeira sair da crise. Os intercâmbios econômicos com o Conse- A indústria comunista priorizou as produções com
jeto ocidental do seu respectivo ciclo de vida designado vez, a família ouviu sussurros provenientes dos pátios, lho para Assistência Econômica Mútua (Comecon) ins- fins sociais: as cadeiras, por exemplo, eram as mesmas
pela indústria e postergou o momento do seu descarte, debaixo das camas e dos cantos escuros da sala, onde tauraram na ilha a padronização. Todos os cubanos co- em todos os lugares. As acumulações nos lares também
inserindo-o numa nova linha do tempo. Este primeiro de- tinham guardado todo tipo de coisas. Pedaços de cadei- nheceram apenas um tipo de geladeira (Minsk), dois tipos receberam ares de padronização. O fato de todos guar-
sacato organizou e inscreveu sua própria noção de tempo ras completaram as que acabaram de se partir. O velho de TV (Caribe e Krim), um único ventilador (Orbita) e duas darem “o mesmo” favoreceu o estabelecimento de uma
ao fenômeno produtivo cubano, que denominei Desobe- e deteriorado lampião de querosene (Eagle) reapareceu gerações de apenas uma lavadora (Aurika). Sete tipos de linguagem técnica comum e padronizou também as so-
diência Tecnológica. quando os apagões atingiram a ilha. Uma lata vazia de embalagem sustentavam os intercâmbios com a Europa luções e ideias de reparo. A racionalização e a uniformi-

10 11
Rapidamente os indivíduos compreenderam que esta- Um cubano não se amedronta com a autoridade ema-
vam sozinhos na batalha pela sobrevivência. O governo, nada de certas marcas, como Sony, Swatch ou até a Nasa.
paralisado e ineficiente, fez um único gesto: suspendeu Se um utensílio estiver quebrado, ele arruma. Se lhe ser-
temporariamente o controle e flexibilizou as limitações vir para reparar outro objeto, ele irá tomá-lo, em pedaços
ao trabalho por conta própria, bem como a iniciativas in- ou integralmente. O desacato à imagem consolidada dos
dividuais voltadas para a sobrevivência da família. produtos industriais se traduz num processo de descons-
Os inspetores estatais receberam ordens de fazer vis- trução: a fragmentação em materiais, formas e sistemas
ta grossa quando topassem com infrações na cidade. O técnicos.
prolongamento da crise obrigou às autoridades a declarar É como se, ao ter um acervo de ventiladores quebra-
o país em estado de emergência, nomeando esta circuns- dos, por exemplo, o enxergássemos como um conjunto
tância de “Período Especial em Tempos de Paz”. Somente de estruturas, uniões, motores e cabos já usados. Esta
quatro anos após a queda do muro de Berlim, o governo da liberação, que reconsidera o que entendemos como ma-
ilha publicou um dispositivo legal até então inconcebível, téria-prima, ou até mesmo matéria semipronta, ultrapas-
a Lei nº 141, de 6 de setembro de 1993, que permitia, limi- sando a ideia de matéria-objeto ou matéria-fragmento de
tava e regulamentava o trabalho por conta própria. objetos, faz certa omissão ao próprio conceito de “objeto”
(neste caso, o ventilador). É como se o indivíduo na ilha
não tivesse a capacidade de ver os contornos, as articu-
DESOBEDIÊNCIA lações e os signos que semioticamente compõem o “ob-
jeto” e, em vez disso, enxergasse somente um acúmulo
No início do Período Especial, os cubanos criavam subs- de materiais disponíveis que são usados em qualquer
titutos instantâneos – objetos ou soluções provisórias – emergência.
que resolvessem seus problemas até o desaparecimento O processo remete à ideia do objeto transparente que
da nova crise. Com o passar dos anos, e devido à con- Boris Arvatov enunciou no alvorecer do produtivismo.
tínua escassez, ganharam confiança e fizeram frente a Arvatov referia-se ao que devia ser o objeto socialista,
todos os problemas de moradia, transporte, vestuário e em oposição ao hermetismo do objeto suntuoso burguês.
eletrodomésticos. Embora as práticas produtivas dos pri- No entanto, os cubanos passaram a enxergar através de
meiros anos da década de 1990 tenham reparado apenas todos os objetos, não importando sua procedência ideo-
uma realidade material destruída e insuficiente, foram a lógica. A profunda e interminável crise dotou o indivíduo
6 antessala do fenômeno criativo mais espontâneo e revo- de uma habilidade especial: se um objeto quebra, não
lucionário da nação em toda a sua história. faz diferença se é capitalista ou socialista; este se torna
Enquanto reinventavam as suas vidas, algo incons- invisível como objeto para se mostrar como uma relação
zação padronizaram o sentido comum e este fato surtiu nativa? Certamente a bandeja era o único pedaço de me- ciente delineava-se como uma mentalidade. De tanto de partes.
efeito posteriormente. tal acessível e as antenas normais tinham desaparecido abrir corpos o cirurgião insensibiliza-se com a estética O objeto essencialmente transparente, como o que
Anos depois, objetos engenhosos eram produzidos por rapidamente do mercado após a crise. da ferida, com o sangue e com a morte. E esta é a pri- Arvatov sonhou, é aquele que chamei de objeto de ne-
centenas de pessoas ao mesmo tempo, mas em diversos Muitos cubanos falam dos anos 1980 como uma déca- meira expressão de desobediência dos cubanos em sua cessidade. Falo, por exemplo, do lampião de querosene
lugares. As bandejas de alumínio, usadas nos refeitórios da de esplendor. Naquela época havia mais coisas (muito relação com os objetos: um desrespeito crescente pela que alguém criou a partir de um pote cilíndrico de vidro,
escolares e por trabalhadores de toda a ilha, deram ori- mais coisas) para acumular. O bloco socialista europeu identidade do produto, bem como pela verdade e pela de 13 centímetros de altura por 13 centímetros de diâ-
gem ao único tipo de antena de TV existente em Cuba. estava chegando ao fim e, com a queda do muro de Ber- autoridade que essa identidade impõe. De tanto abri-los, metro, o qual tinha em seu interior, submergido em que-
Como foi possível uma expansão assim? Houve uma pri- lim em 1989, as importações cubanas caíram em mais de repará-los, fragmentá-los e usá-los à sua conveniência, rosene, um suporte para pavio fabricado com um tubo
meira antena que inspirou a todos? Ou a antena foi uma 80%. O país afundou na crise econômica mais agressiva terminaram desfazendo-se dos signos que tornam os ob- de pasta de dente. O pote de vidro, fornecido pelos in-
conjunção fatal de necessidade, padronização e astúcia de toda sua história. jetos ocidentais uma unidade ou identidade fechada. tercâmbios do Comecon, servia ao mesmo tempo neste

12 13
7 8

lampião como recipiente de combustível e quebra-luz. A guardou durante anos um telefone quebrado provenien- Para penetrarmos nos processos que dão sentido à de- 1. REPARO
transparência de Arvatov está dada aqui pela capacida- te da antiga República Democrática Alemã (RDA). Ele sobediência tecnológica, comentarei como as práticas de Vejamos concretamente o caso do reparo (ou conser-
de de diagramar o processo mental e manual de sua cria- notou isso porque a base do ventilador Orbita emulava “reparo”, “refuncionalização” e “reinvenção” assumem to). Esta prática é a mais extensa, expressando-se tanto
ção, com os princípios funcionais e de uso, tanto de sua a forma prismática piramidal do telefone. O sujeito não um elevado grau de subversão. O primeiro conceito é na escala familiar quanto na estatal. Como muitos dos
totalidade, como de suas partes. Isto é, o lampião diagra- estava interessado em estabelecer associações ou sig- subversivo porque reconsidera o objeto industrial a par- objetos eletrodomésticos em Cuba originavam-se de pro-
ma a capacidade do indivíduo de entender sua urgência nificados: ele estava atento somente à analogia formal tir de um ângulo artesanal. O segundo, por sua vez, nega duções de massa padronizadas, as soluções de reparo fo-
e de responder com a dose proporcionada de engenho, de de dimensão e de estrutura. O ventilador reparado é, os ciclos de vida dos objetos ocidentais, prolongando sua ram normalizadas, impulsionando a criação de um enor-
temporalidade e de austeridade. ao mesmo tempo, um esquema da astúcia do indivíduo, utilidade ao longo do tempo, seja em sua função original, me sistema de peças de reposição.
O outro objeto de necessidade emblemático é o “ven- um diagrama da acumulação e uma imagem de deso- seja em novas funções. Já o terceiro posterga a ação do O gesto mais desobediente no reparo é a capacidade
tilador-telefone”. O sujeito tornado reparador, ao per- bediência e de reinvenção moral que o cubano tem as- consumo, embora ainda satisfazendo as demandas. Es- de imortalizar os objetos, conservando-lhes suas funções
ceber que a base do ventilador partiu-se, lembrou que sumido. tas práticas dão origem a formas produtivas alternativas. originais. O reparo pode ser definido como o processo

14 15
mediante o qual devolvemos, parcial ou totalmente, as sociados à alimentação, especificamente em relação à realidade pobre. No entanto, elas não têm a utopia de nando; CD player SONY com 4 buzinas e calotas de PEU-
características – técnicas, estruturais, de uso, de funcio- embalagem e reembalagem de alimentos. Quando a re- mudar a realidade, senão aventar a possibilidade de se GEOT todo novo...”.
namento, ou de aparência – a um objeto que as perdeu, funcionalização submete objetos, ou parte deles, a con- ter consciência dela. Ironicamente, elas são uma evasão As terminologias e convenções de vernáculo empre-
parcial ou totalmente. viverem num novo produto ou solução, então a operação do mundo dos sonhos do consumismo idílico, em direção gadas por todos os usuários do Revolico são indicati-
Quando se repara, estabelece-se uma relação mais pode ser considerada como uma reinvenção. à realidade. É difícil imaginar que estas práticas em si vas de um movimento social e de uma linguagem de
complexa com o objeto; é uma gestão que supera, inclu- mesmas terão um espaço dentro da concepção de dese- resistência consolidados. Durante uma apresentação
sive, o uso do mesmo. O ato, de certa forma, equilibra a 3. REINVENÇÃO nho industrial no futuro. Seu valor está radicado no pre- de objetos eletrodomésticos chineses, chegados a Cuba
dependência que temos dos objetos, colocando-os numa Entre as três práticas mencionadas, a reinvenção é a que sente, na possibilidade de subverter as ordens atuais e para substituir os ventiladores, fogões e geladeiras que
posição de subordinação em relação a nós. Isto é, o poder contém mais atos de desacato à cultura industrial e ao propor novos olhares sobre as relações com os objetos, o povo tinha criado para resistir à ditadura, o próprio
que o objeto tem sobre o usuário, exercido por meio de contexto. Ela pode ser entendida como o processo por com o mercado e com a indústria: esta é sua modesta Fidel Castro reconheceu estes artefatos caseiros como
suas limitações, fica balanceado com a dominação força- meio do qual criamos um objeto novo usando partes e forma de incidir no futuro da disciplina. inimigos, chamando-os de “monstros devoradores de
da de sua tecnologia. sistemas de objetos descartados. Para concluir com a desobediência tecnológica em energia”.
Neste contexto, quando o reparo é fundamental ou Os objetos reinventados se assemelham às invenções Cuba, devo esclarecer que o processo não representa Além do Revolico.com e dos discursos de Castro, exis-
quando sua envergadura inclui a refuncionalização do originais, pela austeridade e pela desfaçatez com que apenas a transgressão e o repúdio à autoridade dos ob- tem outros espaços que têm feito eco às desobediências
objeto, surge então um novo tipo de autoria: a do repa- são utilizadas e articuladas as suas partes. Reinvenções jetos industriais e ao modo de vida que eles contêm e tecnológicas. Falo da imprensa oficial, dos documentos
rador. Este sujeito termina sendo um depositário dos se- mostram objetos dotados de transparência, sinceridade projetam. Ele encarna, sobretudo, um desvio frente às e das declarações legais que o Estado decretou, em seu
gredos técnicos dos produtos. Os reparos nem sempre e proporcionalidade – em termos de inversão material e asperezas econômicas e às restrições dominantes no desespero por controlar o torrencial de iniciativas indivi-
são definitivos, sendo às vezes reconhecidos como palia- simbólica – com a necessidade que os provocou. Conser- contexto cubano. duais. O primeiro achado foi o Artigo 215, da Lei n. 60, do
tivos ou “maquiagens”, que fazem parecer novo o produ- vam também o conjunto de gestos manuais, conceituais Portanto, a desobediência que denominei tecnológi- Código Viário e de Trânsito: “Se proíbe a construção de
to que os recebe. e econômicos que o operador-criador lhes acrescenta. ca, no âmbito deste texto, tem gradações e variantes nos veículos e, portanto, a sua inscrição no Registro, median-
Reparar é de alguma forma reconhecer, restituir e, Um caso paradigmático é o do “carregador de baterias contextos político e econômico, razão pela qual também
até certo ponto, legitimar as qualidades dos objetos. Por não recarregáveis” que encontrei em Havana, em 2005. pode ser chamada por estes sobrenomes. Trata-se de uma
isso, é a mais discreta das formas de desobediência tec- Enildo, seu criador, o fabricou para recarregar as baterias interrupção do estado de trânsito perene que o Ocidente
nológica. Sua potencialidade está na possível concepção que o aparelho auditivo de sua esposa demandava conti- impôs e do estado de trânsito ao comunismo – também
aberta do produto contemporâneo, democratizando sua nuamente. Para consertar a bateria, reanimando-a como interminável – que a oficialidade instaurou na ilha.
tecnologia, propiciando sua longevidade e sua versatili- um Frankenstein, Enildo teve que reinventar um carrega-
dade. Muitas vezes, de um processo de reparo resultam dor que se conecta à tomada e que, por vinte minutos, é
duas coisas: o objeto reparado e a ferramenta que o repa- capaz de armazenar na pequena bateria uma carga que REBELIÃO (UM EPÍLOGO PROVISÓRIO)
rou. O reparo abre as portas a processos como a refuncio- dura uns vintes dias. O artefato, que parece um diagrama
nalização e a reinvenção. didático, despe seu sistema técnico. Seu objetivo é reani- Em 2007, surgiu o www.revolico.com, um site para que
mar a bateria e, ao fazê-lo, questiona as lógicas técnicas os cubanos – os poucos que acessam a internet a partir
2. REFUNCIONALIZAÇÃO e comerciais que estão inscritas na mesma. da ilha – comercializassem casas, carros e bens de toda
A refuncionalização é o processo mediante o qual nos O reparo, a refuncionalização e a reinvenção podem índole. O nome não podia ser mais acertado, pois a revo-
aproveitamos das qualidades (matéria, forma ou função) ser considerados saltos imaginativos, em oposição aos lução originou uma rebelião (revolico significa agitação
de um objeto descartado para fazê-lo atuar novamente conceitos de inovação favorecidos pelas lógicas comer- ou tumulto em espanhol cubano).
em seu contexto ou em um novo. Esta definição inclui ciais vigentes, que propõem escassas soluções aos pro- O site é um depósito de descrições e anagramas, um
tanto as partes do objeto como as funções que as mes- blemas atuais do indivíduo. Os saltos imaginativos, pelo extenso desmembramento de artefatos, especialmen-
mas cumprem nele, abrangendo, portanto, operações contrário, apoiam uma recuperação das atitudes criativas te carros híbridos: “Vendo Fiat 125, 1974. Com Motor
como a metamorfose e a recontextualização. dos usuários e dos centros de geração de bens materiais. original em perfeito estado; caixa de câmbio de 5ta da
Entre os sistemas de objetos domésticos, os que mais As práticas que tenho comentado neste texto podem SEAT; carburador da NISSAN V-12, poltronas dianteiras
recebem gestos de refuncionalização são aqueles as- parecer inicialmente retrógradas ou ajustadas a uma de TOYOTA YARI, painel de LADA novo, com tudo funcio- 9

16 17
te a montagem de partes e de peças, novas ou usadas, rá lugar no corpo dos carros, terá um impacto no corpo
quaisquer que seja o título de aquisição das mesmas”. da lei geral de trânsito cubana. Quem será responsável
Mais adiante encontrei notas na imprensa oficial, nas e como serão definidas as fronteiras legais e físicas entre
quais alguns jornalistas do regime descrevem – com ter- os 60% e os 40%?
mos pejorativos e dramáticos – o quanto os Rikimbilis Em março do ano passado, achei um Peugeot 404
prejudicam a saúde e a cidade. Os Rikimbilis eram ini- projetado em 1962 por Pininfarina. O carro mostrava,
cialmente bicicletas às quais se adicionavam motores de pelo menos teoricamente, 60% do desenho original, en-
aparelhos de fumigação e bombas d’água ou de serras quanto os 40% restantes não podiam ser atribuídos ao
de fita manuais. O termo hoje denomina todos os arte- designer italiano. Os novos encontros e linhas que apa-
fatos rodantes híbridos e/ou reinventados na ilha. Uma receram na mala; os novos sistemas técnicos híbridos;
das notas da imprensa que guardei denuncia o roubo de os acrílicos coloridos que substituem as janelas; e os
placas de trânsito para construir as carrocerias destes para-lamas exaltados, entre outras alterações, comple-
artefatos. tam esses 40%.
Mas algo novo supera as notas da imprensa, os docu- As linhas deste carro evocam agora uma aerodinâmi-
mentos legais e o próprio Revolico.com. Alguns meses ca própria, risivelmente especulativa e utópica. A forma
atrás, o Estado lançou um decreto-lei que permite a re- de um carro, quando seu fabricante é sério, é também
circulação de carros destruídos por colisão, corrosão ou um diagrama da velocidade, resistência do ar, turbulên-
abandono. Antigamente, quando um carro saía de circu- cias e outras forças do universo sobre o automóvel. Se
lação por estes motivos, era impossível incorporá-lo no- dermos como certa esta relação e a invertermos, ao mu-
vamente à via. O novo decreto, porém, permite inscrever dar a forma do Peugeot estaríamos diagramando e pro-
um carro se este conservar uns 60% de seus traços origi- pondo as leis físicas de um novo universo. Esta proposta
nais. Isto abre um limiar de 40% para a fantasia técnica deixará de ser delirante se for vista como um modelo de
e formal. No vocabulário cotidiano cubano, estes carros interpretação do caos, provocado por estes carros, em
são chamados de “60 por cento”, embora a denominação seu encontro com as regras do universo legal.
mais adequada fosse de “40 por cento”. Quando o carro se afastou, pensei que, em seu movi-
Este fenômeno começa a demandar novos tipos de es- mento, buscava separar-se para sempre de seu referente,
pecialistas. Nos anos que virão, existirão peritos em “60 do modelo de padronização com o qual dividirá, a partir
por cento” competindo contra peritos em “40 por cento”, de agora, um determinado percentual. Dois quarteirões
enquanto nas narrativas legais encontraremos maravi- depois, me deparei com outro “40 por cento”: Volkswa-
lhas truculentas. A batalha dos percentuais, que toma- gen na frente e Fiat na traseira.

ERNESTO OROZA | Artista

10

18 19
11 12 13 14

20 21
15 16 17 18

22 23
19 20 21 22

24 25
23 24 25 26

26 27
27 28 29 30

28 29
31 32 33 34

30 31
35 36 37 38

32 33
39 40

41

34 35
42 43 44 45

36 37
46 47 48 49

38 39
50 51 52 53

40 41
54 55 56 57

42 43
DESOBEDIÊNCIA TECNOLÓGICA
TECHNOLOGICAL DESOBEDIENCE

58

44 45
60 64

62 66
59 63

61 65

46 47
67 68 72

70
71

69 73 74

48 49
75 76 80

77 78 82
79

81

50 51
84 88

86
83 87

85 89 90

52 53
92 95 96

94 98
91

93 97

54 55
99 100 103 104

101 102 105 106

56 57
107 108 111 112

110 113

109 114

58 59
116 120

115 119

117 118 121 122

60 61
123 124 127

128

125 126 129 130

62 63
131 132 136

135

133 134 137 138

64 65
139 140 143 144

141

142 145 146

66 67
147 148 151

152

149 150 153 154

68 69
156 159 160

158 161
155

157 162

70 71
164 167 168

169 170
163

165 166

72 73
ARQUITETURA DA NECESSIDADE
ARCHITECTURE OF THE NECESSITY

171

74 75
172 173 174 175 176 177

76 77
182

183

178 179 180 181

78 79
184 185 186 187 188 189

80 81
190 191 192

82
LEGENDAS

1. Carregador de pilhas não-recarregáveis. 59. Antena de televisão fabricada com 70. Cadeira fabricada a partir de duas
Havana, 2004. (Foto E. Oroza) bandejas de alumínio padronizadas cadeiras quebradas. Havana, 2012.
usadas em escolas e refeitórios de (Foto E. Oroza)
2. Ventilador consertado com um disco
trabalhadores. Holguín, 1999. (Foto E.
LP de vinil de 33rpm e um telefone. 71. Antena de televisão fabricada com
Oroza, P. De Bozzi)
Havana, 1999. (Foto E. Oroza) bandejas de alumínio padronizadas
60. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com usadas em escolas e refeitórios de
3. Cadeira consertada. Projeto Ernesto
o motor de uma máquina de fumigar. trabalhadores. Havana, 2005. (Foto E.
Oroza, 2005. (Foto E. Oroza)
Havana, 2003. (Foto E. Oroza) Oroza)
4. Cadeira fabricada a partir de duas
61. Banco urbano improvisado. Havana, 72. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com
cadeiras quebradas. Havana, 2005.
2014. (Foto E. Oroza) o motor de uma serra manual. Havana,
(Foto E. Oroza)
2005.(Foto E. Oroza)
62. Cadeira fabricada a partir de duas
5. Copos fabricados com latas de
cadeiras quebradas. Havana, 2005. 73. Banco urbano improvisado. Havana,
refrigerante. Havana, 2014. (Foto E. Oroza)
(Foto E. Oroza) 2013 (Foto E. Oroza)
6. Copos de plástico fabricados pelo
63. Antena de televisão fabricada com 74. Cadeira fabricada a partir de duas
método de injeção. Produzidos em
bandejas de alumínio padronizadas cadeiras quebradas. Havana, 2013.
casa. A matéria prima foi coletada
usadas em escolas e refeitórios de (Foto E. Oroza)
entre os dejetos da cidade. Havana,
trabalhadores. Camaguey, 1999. (Foto
2000. (Foto E. Oroza) 75. Antena de televisão fabricada com
E. Oroza, P. De Bozzi)
bandejas de alumínio padronizadas
7. Copos. Havana, 2003. (Foto E. Oroza)
64. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com usadas em escolas e refeitórios de
8. Arquitetura da Necessidade. Luyanó, o motor de uma máquina de fumigar. trabalhadores. Havana, 2002. (Foto E.
2005. (Foto E. Oroza) Havana, 2003. (Foto E. Oroza) Oroza)

9. Motor de lavadora soviética Aurika. 65. Banco urbano improvisado. Havana, 76. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com
Desenho extraído de Libro de la família. 2013 (Foto E. Oroza) o motor de uma serra manual. Havana,
Editora Verde Olivo, Cuba, 1991. 2005.(Foto E. Oroza)
66. Cadeira fabricada a partir de duas
10. Capa de livro “Con nuestros propios cadeiras quebradas. Havana, 2012. 77. Banco urbano improvisado. Havana,
esfuerzos”. Editora Verde Olivo, Cuba, (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)
1992. 78. Cadeira fabricada a partir de duas
67. Antena de televisão fabricada com
11. / 40. Página do livro “Con nuestros bandejas de alumínio padronizadas cadeiras quebradas. Havana, 2013.
propios esfuerzos”. Editora Verde Olivo, usadas em escolas e refeitórios de (Foto E. Oroza)
Cuba, 1992 trabalhadores. Guanabo, 2007. (Foto E. 79. Ventilador consertado com um disco LP
Oroza) de vinil de 33rpm. (Foto E. Oroza, P. De
41. Capa do livro “El libro de la Familia”.
Editora Verde Olivo, Cuba, 1991 68. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com Bozzi)
o motor de uma máquina de fumigar. 80. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com
42. / 57. Página do livro “El libro de la
Havana, 2003. (Foto E. Oroza) o motor de uma máquina de fumigar.
Familia”. Editora Verde Olivo, Cuba, 1991
Havana, 2005. (Foto E. Oroza)
69. Banco urbano improvisado. Havana,
58. Relógio de parede. Havana, 2003-2005.
2014 (Foto E. Oroza) 81. Banco urbano improvisado. Havana,
(Foto E. Oroza)
2012. (Foto E. Oroza)

83
82. Cadeira fabricada a partir de duas 97. Fogão de querosene. Holguín, 2004. 112. Carro “60 por cento” refeito com partes 125. Pavimento improvisado com restos 138. Acendedor de gás de cozinha. 150. Objetos plásticos fabricados pelo
cadeiras quebradas. Havana, 2015. (Foto E. Oroza) de outros carros. Havana, 2013 (Foto L. de azulejos coletados pela cidade. Funciona por choque elétrico. método de injeção. Produzidos em casa.
(Foto L. Dooley) Ponce) Havana, 2012. (Foto E. Oroza) Matanzas, 2000 (Foto E. Oroza) A matéria prima foi coletada entre os
98. Cadeira consertada. Havana, 2013.
dejetos da cidade. (Foto E. Oroza)
83. Ventilador consertado. Havana, 2012. (Foto E. Oroza) 113. Grade improvisada fabricada com 126. Helicóptero de brinquedo fabricado 139. Aquecedor de água. Funciona por
(Foto E. Oroza) resto de metal coletados pela cidade. com embalagens e fragmentos de choque elétrico. Santa Clara, 2003 151. Coadores metálicos fabricado em
99. Motor de lavadora soviética Aurika
Havana, 2013 (Foto E. Oroza) objetos plásticos. Havana, 2004 (Foto (Foto E. Oroza) residências familiares. (Foto E. Oroza)
84. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com reutilizado para consertar sapatos.
E. Oroza)
o motor de um tanque militar. Havana, (Foto E. Oroza) 114. Cadeira fabricada com vergalhões 140. Copos fabricados com garrafa do vidro 152. Máquina para a injeção de objetos
2005. (Foto E. Oroza) metálicos de construção. Havana, 2013 127. Lampião de querosene fabricado com cortadas e plástico. Havana, 2004 (Foto plásticos. Fabricada em uma residência
100. Rikimbili. Bicicleta propulsionada
(Foto E. Oroza) fragmentos de embalagens distintas. E. Oroza) familiar. Santi Spiritu, 1999. (Foto E.
85. Banco urbano improvisado. Havana, com o motor de uma bomba d’água.
Cuba, 1999-2005. (Foto E. Oroza) Oroza, P. De Bozzi)
2012. (Foto L. Ponce) Havana, 2005. (Foto E. Oroza) 115. Lampião de querosene improvisado 141. Reparador oferecendo seu serviço na
com uma lata de refrigerante. (Foto E. 128. Placa de ponto de táxi fabricada com via pública. Centro Havana, 2005 (Foto 153. Cartaz de reparador. Havana, 2005.
86. Cadeira fabricada a partir de duas 101. Fogão de querosene. Havana, 1999.
Oroza) uma lata de combustível. (Foto E. Oroza) E. Oroza) (Foto E. Oroza)
cadeiras quebradas. Havana, 2013. (Foto E. Oroza, P.De Bozzi)
(Foto E. Oroza) 116. Carro “60 por cento” refeito com partes 129. Escada adaptada na porta de uma 142. Objetos plásticos fabricados pelo 154. Objeto de plástico extrudado.
102. Cadeira consertada. Havana, 2002.
de outros carros. Havana, 2013 (Foto L. residência que foi dividida em três método de injeção. Produzidos em casa. Fabricados em residências familiares
87. Ventilador consertado com um disco (Foto E. Oroza)
Ponce) novas habitações. Havana, 2012 (Foto A matéria prima foi coletada entre os (Foto E. Oroza)
LP de vinil de 33rpm e um telefone.
103. Motor de lavadora soviética Aurika E. Oroza) dejetos da cidade. (Foto E. Oroza)
Havana, 1999. (Foto E. Oroza) 117. Grade fabricada com embalagens de 155. Porta retrato fabricado com uma
utilizado em um replicador de chaves.
medicamentos. Havana 2005 (Foto E. 130. Arma de brinquedo. Injetada em 143. Objetos de alumínio fundido. embalagem de roupa. Havana, 2005
88. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com (Foto E. Oroza)
Oroza) uma máquina construída para este Fabricados em residências familiares. (Foto E. Oroza)
o motor de uma máquina de fumigar.
104. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com propósito em uma residência familiar. (Foto E. Oroza)
Havana, 2004. (Foto E. Oroza) 118. Cadeiras consertadas a partir de restos 156. Objetos plásticos fabricados pelo
o motor de uma máquina de fumigar. Holguín, 2004 (Foto E. Oroza)
de outras cadeiras. Havana, 2013 (Foto 144. Copos de plástico fabricados pelo método de injeção. Produzidos em
89. Fogão elétrico fabricado em casa. Havana, 2004. (Foto E. Oroza)
E. Oroza) 131. Lâmpadas fluorescentes reutilizadas método de injeção. Produzidos em casa. A matéria prima foi coletada
Holguín, 2000. (Foto E. Oroza)
105. Grade fabricada com resíduos da como objetos decorativos. Havana, casa. A matéria prima foi coletada entre os dejetos da cidade. (Foto E.
119. Lampião de querosene improvisado
90. Cadeira fabricada a partir de duas produção de uma fábrica de colheres. 2005 (Foto E. Oroza) entre os dejetos da cidade. 1994-2015. Oroza)
com uma embalagem para alimentos
cadeiras quebradas. Havana, 2013. (Foto E. Oroza, P. De Bozzi) (Foto E. Oroza)
e um fragmento de tubo de pasta de 132. Buzina de bicicleta fabricada com um 157. Cartaz de reparador. Havana, 2005
(Foto E. Oroza)
106. Cadeira consertada. Havana, 2013. dente. Havana, 1999 (Foto E. Oroza, P brinquedo infantil. Havana, 1999 (Foto 145. Peças de reposição para ventiladores. (Foto E. Oroza)
91. Motor de lavadora soviética Aurika (Foto E. Oroza) De Bozzi) E. Oroza, P. De Bozzi) Fabricados em residências familiares.
158. Capa de chuva fabricada com saco de
utilizado em um ventilador. Havana, 1994-2006 (Foto E. Oroza)
107. Motor de lavadora soviética Aurika 120. Carro “60 por cento” refeito com partes 133. Reparador oferecendo seu serviço na açúcar. Holguín, 2004. (Foto E. Oroza)
2003. (Foto E. Oroza)
utilizado em um cortador de gelo. de outros carros. Havana, 2012 (Foto E. via pública. Lawton, 2012 (Foto E. 146. Objetos para festas de aniversário.
159. Utensílios de cozinha produzidos em
92. Rikimbili. Bicicleta propulsionada Holguín, 2005. (Foto E. Oroza) Oroza) Oroza) Fabricados em residências familiares.
casa por uma fábrica familiar. (Foto E.
com o motor de uma bomba d’água. 1994-2006 (Foto E. Oroza)
108. Carro “60 por cento” refeito com partes 121. Fechamento de portal fabricado com 134. Arma de brinquedo fabricada com um Oroza)
Havana, 2005. (Foto E. Oroza)
de outros carros. Havana, 2013 (Foto L. embalagens PET. Havana, Alamar, pregador de madeira. Havana, 1995. 147. Objetos de alumínio fundido.
160. Brinquedos plásticos fabricados pelo
93. Fogão de querosene. Santa Clara, 1999. Ponce) 2012. (Foto E. Oroza) (Foto E. Oroza) Fabricados em residências familiares.
método de injeção. Produzidos em casa.
(Foto E. Oroza, P.De Bozzi) (Foto E. Oroza)
109. Espaço habitável fabricado no espaço 122. Jogo infantil fabricado com uma 135. Antena decodificadora do sinal de A matéria prima foi coletada entre os
94. Cadeira fabricada a partir de duas público com um cacto (E. trigona) e embalagem de desodorante e um dedo uma rádio bloqueada pelo governo. O 148. Copos de plástico fabricados pelo dejetos da cidade. (Foto E. Oroza)
cadeiras quebradas. Havana, 2013. uma porta de alumínio. (Foto E. Oroza) de látex. Gibara, Holguín, 2004. (Foto componente eletrônico está escondido método de injeção. Produzidos em
161. Televisor reparado com um monitor de
(Foto E. Oroza) E. Oroza) no carro de brinquedo. Havana, 2005 casa. A matéria prima foi coletada
110. Cadeira consertada. Havana, 2013 computador. Santa Clara, 1999. (Foto E.
(Foto E. Oroza) entre os dejetos da cidade. 1994-2015.
95. Motor de lavadora soviética Aurika (Foto E. Oroza) 123. Lampião de querosene fabricado com Oroza, P De Bozzi)
(Foto E. Oroza)
utilizado em um cortador de verduras. fragmentos de embalagens distintas. 136. Bicitáxi. Bicicleta adaptada para o
111. Motor de lavadora soviética Aurika 162. Máquina de barbear. (Foto E. Oroza)
Havana, 2005 (Foto E. Oroza) Cuba, 1999-2005. (Foto E. Oroza) transporte público. Havana, 2012. (Foto 149. Peças de reposição para ventiladores,
reutilizado para consertar sapatos.
E. Oroza) batedeiras, panelas elétricas e panelas 163. Óculos de sol fabricados com placas de
96. Rikimbili. Bicicleta propulsionada com (Foto E. Oroza) 124. Táxi limusine fabricado pela união de
de pressão. Fabricados em residências raios-x e arame. (Foto E. Oroza, P DE
o motor de uma serra manual. Havana, dois carros soviéticos Lada. Havana, 137. Rádio consertado. Havana, 2005 (Foto
familiares. (Foto E. Oroza) Bozzi)
2005.(Foto E. Oroza) 1999. (Foto E. Oroza, P. De Bozzi) E. Oroza)

84 85
164. Chinelos de plástico fabricados pelo 173. Arquitetura da Necessidade. Lawton, 184. Arquitetura da Necessidade. Havana
método de injeção. Produzidos em casa. 2012. (Foto E. Oroza) Vieja, 2012. (Foto E. Oroza)
A matéria prima foi coletada entre os
174. Arquitetura da Necessidade. Alamar, 185. Arquitetura da Necessidade. Lawton,
dejetos da cidade. (Foto E. Oroza)
2006. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)
165. Reparador em seu local de trabalho.
175. Arquitetura da Necessidade. Marianao, 186. Arquitetura da Necessidade. Centro
Havana, 2005. (Foto E. Oroza)
2012. (Foto E. Oroza) Havana, 2012. (Foto E. Oroza)
166. Aquecedor de água. Funciona por
176. Arquitetura da Necessidade. Vedado, 187. Arquitetura da Necessidade. Centro
choque elétrico. Matanzas, 2003. (Foto
2012. (Foto E. Oroza) Havana, 2012. (Foto E. Oroza)
E. Oroza)
177. Arquitetura da Necessidade. Centro 188. Arquitetura da Necessidade. Havana
167. Cadeados fabricados em casa por uma
Havana, 2012. (Foto E. Oroza) Vieja, 2012. (Foto E. Oroza)
produção familiar. (Foto E. Oroza)
178. Arquitetura da Necessidade. Centro 189. Arquitetura da Necessidade. Luyanó,
168. Estruturas de cadeiras utilizadas como
Havana, 2012. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)
limites de estacionamento. Havana,
2012. (Foto E. Oroza) 179. Arquitetura da Necessidade. Vedado, 190. Arquitetura da Necessidade. Havana
2012. (Foto E. Oroza) Vieja, 2012. (Foto E. Oroza)
169. Reparador em seu local de trabalho.
Havana, 2005. (Foto E. Oroza) 180. Arquitetura da Necessidade. Centro 191. Arquitetura da Necessidade. Luyanó,
Havana, 2012. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)
170. Torneira adaptada com uma lata de
cerveja Bucanero. Guanabo, 2006. (Foto 181. Arquitetura da Necessidade. Lawton, 192. Arquitetura da Necessidade. Lawton,
E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)

171. Arquitetura da Necessidade. Luyanó, 182. Arquitetura da Necessidade. Centro 193. Arquitetura da Necessidade. Alamar,
2012. (Foto E. Oroza) Havana, 2012. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)

172. Arquitetura da Necessidade. Vedado, 183. Arquitetura da Necessidade. Lawton,


2012. (Foto E. Oroza) 2012. (Foto E. Oroza)

193

86 87
WITH OUR OWN EFFORT nails, mirrors, and cords, or, when “When people held onto things,
faced with a country-wide shortage they also kept the technical princi-
Ernesto Oroza is an artist, designer, of matches, would build an electric ples, the idea of how they fit together
and author of books on popular cre- lighter out of a pen and light bulb.” and formal archetypes. (…) When the
ativity expressed in reinvented ob- As a consequence of the mea- power went out, the fan broke, or the
jects and in the urban environment. sures adopted by the Cuban gov- chair snapped for the first time, the
In his work, Oroza is interested – in ernment, the United States govern- family kept an ear out for technologi-
a critical sense – by the material cul- ment imposed an economic embargo cal whispers from the patios, under
CAIXA IS A BRAZILIAN PUBLIC FINANCIAL INSTITUTION that criterion also guarantees Brazilian society more trans- ture and the independent processes against the island, trying to block the beds, or from obscure corners of
cherishes diversity. In this sense, it supports active inter- parency concerning the investment of company resourc- used in the production of objects in the arrival of raw materials, indus- rooms guarding piles of old things.
nal committees in order to promote – within its collabora- es in sponsorships. his native Cuba. The habit of col- trial substitutes, and merchandise The old and deteriorated Eagle kero-
tors – campaigns, programs and actions aimed at spread- The exhibition of Cuban artist Ernesto Oroza – unprec- lecting and accumulating fragments in general. Cuba faced its first ma- sene lamp reappeared when power
ing ideas, knowledge and attitudes regarding respect edented in Brazil – reveals how the act of repairing, rein- of objects in order to reuse them in jor economic crisis in the 1970s. outages struck the island. An empty
and tolerance towards gender, race and sexual diversity, venting and repurposing objects opens new application unexpected shapes, purposes, and According to Oroza, the very same can of condensed milk containing a
among other significant differences in our society. opportunities. This movement causes an imaginative technical systems arises after the worker who had used his imagina- few dried beans would act as a baby
CAIXA is also one of the main sponsors of Brazilian and creative leap that goes well beyond the passiveness calling made by the Minister of In- tion to keep the revolution on its feet toy for my older brother, who had just
culture. The company allocates more than R$ 60 million imposed by the industry and the systems of production, dustries, Ernesto Guevara, during also had to endure the harsh living been born.”
of its annual budget towards funding for cultural proj- mixing necessity with the ideal of freedom. the first National Production Re- conditions the revolutionary govern- In the 1980s – with the econom-
ects, which take place in company-owned or third-party By sponsoring projects such as this one, CAIXA con- union, held in 1961, for the workers ment imposed. ic exchange treaty signed between
venues. The project portfolio pays special attention to- tributes to promote and spread culture and repays Bra- to build their own machinery. In The 1970s were marked by the Cuba and the USSR through the
wards visual arts exhibitions, Brazilian craftsmanship, zilian society for the trust and support received through- 1963, the National Association of In- accumulation phenomenon in the Council for Mutual Economic As-
music shows and festivals, as well as theater and dance out its 154 years of existence and effective partnership novators and Rationalizers (ANIR) family environment. The household sistance (Comecon) – product stan-
performances all over Brazil. in the development of our cities. CAIXA believes that life was established with the purpose of became a warehouse for materials, dardization took place. All Cubans
The sponsored projects are selected through a public asks for more than a bank; it asks for investment and organizing the movement. The gov- objects or fragments of objects. Any- knew only one or two models for
bidding process, a decision taken by CAIXA in order to participation in the present, commitment to the future ernment nationalized foreign com- thing that could potentially be re- each appliance, like refrigerators
make the participation of producers and artists spread and creativity in order to achieve the best results for Bra- panies and urged workers to take on paired or reused was stored for safe- (Minsk), TV sets (Caribe and Krim),
throughout Brazil more democratic and accessible. This zilian people. reparation jobs and to create spare keeping. This way, hybrid objects and fans (Orbita). The fact that ev-
parts. The machinery underwent so began to emerge, following a logic of eryone stockpiled the same types
many interventions that they were deconstruction and reconstruction; and models of spare parts pushed
CAIX A ECONÔMICA FEDERALL named “criollas” (or “creole”, as in of this practice, which the artist calls for a great exchange of fragments
mixed-origin or native-born). Little Technological Disobedience, casts and pieces, as well as reutilization
was left of the original parts. multiple meanings upon these ob- ideas in the homemade manufacture
Ernesto Oroza investigated these jects, giving them a second, a third, of new objects. “Aluminum metal
new inventors and discovered that and a fourth life. trays used in school cafeterias and by
the repairs were not only performed The act of repairing, reinventing workers throughout the island gave
in factories; households were also and reframing objects summoned birth to the only type of TV that ex-
becoming true invention laborato- new opportunities in which they isted in Cuba.”
ries. “The same engineer who would could be used, creating a leap of With the fall of the Berlin Wall in
repair the engine of a Soviet MIG15 imagination and creativity that dis- 1989, Cuban imports dropped more
jet fighter would also manufacture regarded ideological backgrounds, than 80 percent and the country
for his wife a picture frame out of brands and models. slipped into the most aggressive

88 89
economic crisis in history, which led garded the signs that make Western relationship that goes well beyond TECHNOLOGICAL DISOBEDIENCE: FROM REVOLUTION TO REBELLION
authorities to declare an emergency objects a unity or a closed identity.” the idea of the industry and the
state, officially called “Special Pe- This way, the order is subverted consumable industrial product.
riod in Time of Peace”. The govern- and new articulations are made con- Here lie all social, political and eco- REVOLUTION people as the country’s most feared cords, or, when faced with a coun-
ment temporarily suspended control cerning the object, the market, and nomic issues of a country that was enemy. A drill without a cylinder, a try-wide shortage of matches, would
over self-employment as well as in- the industry – there is a ‘transgres- isolated from a world, whose bases “Worker, build your own machin- belt saw without a pulley, a worn build an electric lighter out of a pen
dividual initiatives directly related sion of the authority of industrial ob- – for the most part – are planted in ery!” This was the invitation made out mold and hundreds of other mu- and light bulb
to family survival. jects and their consolidated image’, capitalist soil. by Ernesto Guevara, at that time tilated artifacts terrorized the new This story – which resembles a
“After so many times opening up which also denies their lifecycle. At first, there is gathering and Cuba’s Minister of Industries (1961- society like mangled zombies. worker’s dream stretching into a
bodies, the surgeon becomes desen- In all objects that lose their origi- accumulation. Later, there is repair, 1966), to the attendees of the First The “empty spaces” in the ma- tropical epic – has taken contradic-
sitized to wounds, blood and death. nal identities and become invisible, repurposing and reinvention. These National Production Reunion, held in chines paralyzed the cogs driving the tory forms. After a series of company
This is the first Cuban expression Oroza concludes, Cubans only see are the ideals the artist carries while August 1961. The event was the first revolution. The workers started to fill nationalizations undertaken by the
of disobedience in their relationship an accumulation of materials that reflecting on industrial objects that ideological push towards the Cuban the spaces, which they would do so self-proclaimed communist govern-
with objects – a growing disrespect may be used in case of need. This turn into new ones, by undergoing National Movement of Innovators many times over so many years that ment, as well as the evasion and
for an object’s identity and for the is the object the artist calls an “ob- transformation and recreation cycles and Inventors, established in 1960 at machines now have more pieces made non-payment of compensations for
truth and authority it embodies. Af- ject of necessity”, like the case of the – no longer in an industrial scale, but the Committee of Spare Parts. from the repairs than from the origi- foreign companies, the United States
ter opening, breaking, repairing, and “fan-phone”. from creative and alternative forms Two and a half years later, in nal parts. In popular shoptalk, these imposed an embargo against the is-
using them so often at their conve- Technological Disobedience, there- of production in a human scale. 1963, the National Association altered or rebuilt machines were land, trying to block the arrival of
nience, the makers ultimately disre- fore, involves a complex man/object of Innovators and Rationalizers dubbed “Creole” (as in local or native- raw materials, industrial substitutes
(ANIR) was established with the born). If a Cuban engineer had re- and merchandise in general.
FERNANDA TERRA | Curadora purpose of organizing the move- turned to the island after ten years in As a consequence, Cuba – marked
ment and giving it an institutional exile, he would no longer be an expert. by its productive inefficiency and the
presence. ANIR rose from the con- Whatever he knew about the internal incipient bureaucracy of the socialist
*All quotations in the text above were extracted from Ernesto Oroza’s article De la revolución al revolico, 2012. <http://www.ernestooroza.com/ fluence of two underlying circum- workings of an American technology system, which inhibited all individu-
desobediencia-tecnologica-de-la-revolucion-al-revolico/> stances: from one side, the degra- would already have been substituted al initiative and discouraged private
dation of Cuban industries, and on for a cruder and louder – but equally property – began to slip into an eco-
the other, the large-scale exodus productive – design practice. nomic crisis that hit rock bottom for
– beginning in the early 1960s – of I have followed some of these the first time in the early 1970s.
engineers, technicians, and skilled pioneer Cuban innovators and have Here lies the paradox: the tech-
workers seeking job continuity in recurrently noticed that during their nological disobedience – which the
American soil with the same com- lifetime they leave an all-transform- revolution promoted as an alterna-
panies for which they had worked ing invention spark. They didn’t try tive to the country’s stalled produc-
for in the island. only to repair the machines that they tive sector – became the most reli-
The newly formed government used in the factories: their chores able resource for Cubans to navigate
nationalized foreign companies must have begun in their homes, the inefficiencies of the state politi-
and converted workers into the which would truly become inven- cal system. Workers who had devot-
new “bosses” of the nation’s indus- tion laboratories. The same engi- ed their imagination and resource-
trial sector, urging them to take on neer who would repair the engine fulness to keeping the revolution on
reparation jobs and to create spare of a Soviet MIG15 jet fighter would its feet were then forced to employ
parts. In those days the dilapidated also manufacture for his wife a pic- those attributes to endure lives short
machines began to be seen by the ture frame out of nails, mirrors, and on necessities.

90 91
ACCUMULATION that could solve the problem. When chairs, for example, were distribut- The inefficient and paralyzed gov- While reinventing their lives, an otically constitute the “object”, yet
the power went out, the fan broke, ed across the island. Accumulation ernment, however, made a single unconscious mentality emerged. Af- instead only saw an accumulation of
During the first few months of 1970, or the chair snapped for the first in households was also affected by gesture: it temporarily suspended ter so many times opening up bod- available materials that may be used
desolation took over Cuba’s commer- time, the family kept an ear out for standardization. The fact that every- control and relaxed limitations con- ies, the surgeon becomes desensi- in case of any emergency.
cial network. Workers who had lived technological whispers from the pa- one stockpiled “the same” pushed cerning self-employment as well as tized to wounds, blood and death. The process relates to the idea of
during ten years in revolution saw tios, under the beds, or from obscure for the establishment of a common individual initiatives directly related This is the first Cuban expression the transparent object that Boris Ar-
how a decade of struggles didn’t solve corners of rooms guarding piles of technical language and also stan- to family survival. of disobedience in their relationship vatov described at the dawn of pro-
everyday life problems. In the family old things. Chair parts completed dardized repair solutions and ideas. State inspectors were ordered to with objects – a growing disrespect ductivism. Arvatov was referring to
a new predictive behavior emerged, the ones that had just snapped. The Rationalization and standardization turn a blind eye in the city if they for an object’s identity and for the what the socialist object should be,
remaining at the organizational foun- old and deteriorated Eagle kerosene shaped Cuban common sense and came across any infractions. The ex- truth and authority it embodies. Af- as opposed to the Hermeticism of the
dation of the Cuban creative phenom- lamp reappeared when power out- this fact showed its effects later. tension of the crisis forced authori- ter opening, breaking, repairing, and luxurious bourgeois object. Cubans,
enon: the “accumulation”. ages struck the island. An empty Some years later ingenious ob- ties to declare an emergency state using them so often at their conve- however, began to see “through”
Lack of trust in the success of the can of condensed milk containing a jects were being produced by hun- in the country, calling it a “Special nience, the makers ultimately disre- objects disregarding their ideologi-
revolution turned each corner of the few dried beans would act as a ba- dreds of people simultaneously, yet Period in Time of Peace”. Merely four garded the signs that make Western cal background. The deep and ever-
house into a warehouse – every mate- by toy for my older brother, who had in different locations. Aluminum years after the fall of the Berlin Wall, objects a unity or a closed identity. lasting crisis provided the individual
rial or object (or fragment of such) was just been born. metal trays used in school cafete- the island’s government published A Cuban does not fear the ema- with a special ability: if an object
subject to accumulation. This simple In the next decade, due to the rias and by workers throughout the a piece of legislation considered in- nating authority that brands like breaks, it makes no difference if it is
and initial gesture led workers to radi- reinforcement of strategic and eco- island gave birth to the only type of conceivable until then, Law #141, Sony, Swatch, or even NASA, com- capitalist or socialist – it becomes in-
cally question industrial processes nomic relations with the USSR, Cu- TV antenna that existed in Cuba. dated September 6, 1993, which al- mand. If something is broken, it will visible as an object in order to display
and mechanisms. They started look- ba seemed to emerge from the crisis. How was such expansion possible? lowed, limited, and regulated self- be fixed. If it could even be conceived itself as a checklist of parts.
ing at objects not with the eyes of an Economic exchange with the Coun- Was there a first antenna that in- employment. as usable to repair other objects, The object, like the one dreamt by
engineer but those of an artisan. Every cil for Mutual Economic Assistance spired all that followed? Or was the they might as well save it, either in Arvatov – which is essentially trans-
object could potentially be repaired (Comecon) brought standardization antenna a fortuitous combination parts or in its entirety. The contempt parent – is what I call an object of
or reused, even in a different context to the island. All Cubans knew on- of need, standardization and na- DISOBEDIENCE towards the consolidated image of necessity. I speak, for instance, of
from its original design. ly one type of refrigerator (Minsk), tive ingenuity? It’s certain that the industrial products shifted towards the kerosene lamp that someone cre-
Accumulation—in this case an two types of TV (Caribe and Krim), tray was the only accessible piece of At the beginning of the Special Pe- a deconstruction process – the frag- ated from a cylindrical glass contain-
automatic gesture—separated the a single fan (Orbita) and two genera- metal and that normal antennas had riod, instantaneous substitutes, mentation of materials, shapes, and er – 13 centimeters high and wide –
object from the Western intent and tions of only one washing machine long vanished from the market after objects, and provisional fixes let technical systems. holding inside, dipped in kerosene,
lifecycle it was destined for and de- (Aurika). Seven types of packag- the crisis. Cubans hold on until the end of the It’s like having a stash of broken a wick holder made from a tube of
layed its disposal, placing it into a ing supported the exchange with Many Cubans speak of the 1980s crisis. Over the years – and due to fans, for instance, and seeing it as a toothpaste. The glass container,
new timeline. This first act of con- communist Europe. Cuban papaya as a decade of splendor. In those continued scarcity – people gained burst set of structures, joints, motors, supplied by COMECON, served dual
tempt organized and imprinted its fruit sweets were sent in return for days there were many things (many confidence and tackled all prob- and cables. This liberation that reex- purposes as a fuel vessel and lamp-
own notion of time into the Cuban Bulgarian canned pears. The same more things) to accumulate. Cuban lems involving housing, transport, amines what we understand as raw shade. Aravatov’s transparency is
productive phenomenon, which I la- bottle that served vodka in Russia imports dropped more than 80 per- clothing, and appliances. Although materials or even as semi-finished evidenced here by the ability to di-
beled Technological Disobedience. would be used to distribute rum in cent after the end of the European production practices from the early products – stretching the idea of ma- agram the mental and manual pro-
When people held onto things, Havana. The pre-revolutionary bour- socialist bloc and the fall of the Ber- 1990s had only repaired a destroyed terial-object or material-fragment of cesses of the object’s creation, ap-
they also kept the technical princi- geois material basis blended with lin Wall in 1989. The country slipped and insufficient material reality, objects – omits in a certain way the plying the operating principles of
ples, the idea of how they fit together the system of standardized objects. into the most aggressive economic they became the waiting room for very concept of “object” (in this case, either its entirety or of its parts. In
and formal archetypes. In any criti- The communist industry pri- crisis in history. the most spontaneous and revolu- the fan). It’s as if the islander didn’t other words, the lamp diagrams the
cal moment, they would scratch their oritized production with a social People quickly realized that they tionary creative wave the nation had have the ability to see the shapes, subject’s ability to understand its
heads to conjure the exact “piece” end: clones of state-commissioned were alone in the battle for survival. ever experienced in history. articulations, and signs that semi- urgency and to respond with a cer-

92 93
tain degree of ingenuity, temporal- widely spread within Cuban family tain level – to legitimize the quali- text. Reinvention can be understood of imagination, on the contrary, sup- as well as the equally endless tran-
ity, and prudence. and government. Since many appli- ties objects hold; therefore, it is the as the process through which we port the recovery of creative atti- sit state towards communism estab-
Another emblematic object of ne- ances in Cuba came from standard- most discrete form of technological create a new object using parts and tudes within users and production lished in the island by the official
cessity is the “fan-phone”. An impro- ized mass productions, repair solu- disobedience. Its potentiality lies systems from discarded ones. centers of material goods. government.
vised repairman remembered, when tions were also equalized, pushing in the possibility of conceiving the Reinvented objects are very simi- The practices that I have men-
his fan’s base broke, that he had kept for the formation of a large system of contemporary product as an open lar to their original counterparts tioned on this essay may seem at
somewhere a broken phone from the spare parts. system, democratizing its technol- due to the rigor and shameless- first backwards or fitted for a poor REBELLION (A PROVISIONAL
German Democratic Republic (GDR). The most disobedient gesture ogy and allowing its longevity and ness by which their parts are used reality. However, they don’t have EPILOGUE)
He recalled it because the Orbit fan in repair is the ability to immortal- versatility. Many times the repair and meshed together. Reinventions the intention of changing reality but
base somewhat resembled the pris- ize objects, restoring their original process results in two things: the show objects that demonstrate rather summon the possibility of be- Five years ago, in 2007, www.revol-
matic pyramidal shape of the phone. functions. Repair can be defined as repaired object and the tool that re- transparency, sincerity, and propor- coming aware of it. Ironically, they ico.com appeared. It is a website
The inspired creator was interested the process through which we re- paired it. Repair opens the doors to tionality – in terms of material and are an escape from the world of idyl- designed for Cubans – the very few
not in associations or meanings but store – partially or completely – the processes such as repurposing and symbolic inversion – regarding the lic consumerism towards reality. It’s that have internet access within the
in the formal analogy based on size technical, structural, operating, or reinvention. need that generated them. They also hard to imagine that these practices island – to buy and sell houses, cars,
and structure. The repaired fan is, at functional characteristics to an ob- preserve the manual, conceptual, will have some recognition in future and all sorts of goods. The name
the same time, an outline of the cun- ject that lost them – partially or com- II. REPURPOSING and economic set of gestures that design. Their value is settled in the could not have been more appropri-
ning abilities of the individual, a dia- pletely. Repurposing is the process through their operator-creator adds to them. present, in the possibility of subvert- ate since the revolution created a
gram of the accumulation process, When we repair, we establish which we take advantage of the A telling case is that of a charger ing the status-quo and proposing rebellion (revolico means turmoil or
and an image of disobedience and a deeper relationship with the ob- qualities of a discarded object (mate- for non-rechargeable batteries that I new outlooks on our relations with fuss in Cuban Spanish).
moral reinvention that Cubans have ject; it’s a caretaking process that rials, shape or function) in order to in- found in Havana in 2005. Enildo, the the objects, the market and the in- The website is a repository of de-
embraced. overcomes even the operation of the sert it once again in its context or in a device’s creator, wanted to recharge dustry – this is their modest way of scriptions and anagrams – a large
In order to dive into the process- object itself. To some extent the ac- new one. This definition includes the batteries for his wife’s hearing aid. influencing the discipline’s future. dismemberment of artifacts, par-
es that give meaning to technologi- tivity levels our dependency regard- parts of an object as well as the func- In order to fix the battery – reanimat- In order to sum up technological ticularly hybrid cars. “I sell Fiat 125,
cal disobedience, I will comment on ing objects, lowering them to a more tions they perform in it; therefore, it ing it like Frankenstein – Enildo had disobedience in Cuba, I must clarify 1974. With original Motor in perfect
how “repair”, “repurposing”, and subordinate position. In other words, comprehends operations like meta- to reinvent a new charger that when that the process not only represents condition; SEAT 5-speed gearbox;
“reinvention” practices speak to an the power that the object holds over morphosis and resetting. connected to an outlet could, in just the transgression and rejection of NISSAN V-12 carburetor, TOYOTA
elevated degree of subversion. The its user – enforced through its limi- Within the household system of 20 minutes, provide 20 days worth the authority of industrial objects YARI front seats, new LADA dash-
first concept is subversive because tations – is balanced by the forced objects the ones that receive the of battery life. The artifact, that re- and the way of life they project. This board, everything working fine; SO-
it reconsiders the industrial object domination of its technology. most repurposing gestures are those sembles a science class diagram, act embodies, especially, a diversion NY CD player with 4 horns and PEU-
from an artisan’s perspective. The In this context, when repair is linked to sustenance – specifically unveils its technical system. Its goal from the economic harshness and GEOT hubcaps everything new…”.
second concept denies the tradition- critical or when its extension in- the packaging and repackaging of is to recharge the battery and, while dominant restrictions in the Cuban The terminologies and vernacu-
al lifecycle of Western objects, ex- cludes repurposing the object, a new food. When the repurposing process doing so, it also questions the tech- context. lar conventions used by all Revolico
tending their usefulness throughout type of authorship arises: the repair- forces objects or object parts to co- nical and commercial logic scribed Thus, the disobedience that I users alike indicate a consolidated
time – in their original purposes or in man. This individual ends up being exist in a new product or solution, upon it. named technological – for the pur- social movement and resistance
new ones. Lastly, the third concept a trustee of the products’ technical then the operation can be consid- Reparation, repurposing, and re- pose of this essay – also has exten- language. During the presentation
delays the object’s usage, yet still secrets. Repairs are not always de- ered a reinvention. invention show leaps of imagination sions and variants in the political of newly arrived Chinese electronic
meeting user demands. finitive; sometimes they are recog- in opposition to the concepts of inno- and economic contexts to the ex- appliances in Cuba – in order to re-
nized as mitigations or retouches III. REINVENTION vation favored by present commer- tent that it can also be given such place old fans, stoves, and refrigera-
I. REPAIR that make the product seem new. Of all three practices, reinvention cial logic, which propose very few last names. The process is – most of tors that the people had created to
Let’s examine the practical case To repair is in some way to recog- is the one that shows more contempt solutions to the current problems all – an interruption of the constant resist the dictatorship – Fidel Castro
of repair. This activity is the most nize, to restitute and – up to a cer- towards industrial culture and con- faced by the individual. These leaps transit state imposed by the West, himself recognized such homemade

94 95
artifacts as enemies, calling them ments and even Revolico.com. A few the remaining 40% could not be cred-
“energy devouring monsters”. months ago the State issued a new ited to the Italian designer. The new
Apart from Revolico.com and Cas- law decree that allows the reinser- designs and shapes that appear on
tro’s speeches, other places have tion of cars previously destroyed by the trunk; the new technical hybrid
echoed technological disobediences. collision, corrosion or neglect. In the systems; the colored Plexiglas re-
I speak of the official press, of the past, when a car was removed from placing the windows; and the fiery
documents and legal statements the circulation for any of these reasons fenders, among other modifications,
State has issued in its desperate at- it was impossible to put it back on complete the 40%.
tempt to control the torrent of private the streets. The new decree, how- The outline of this car evokes a
initiatives. My first finding was Ar- ever, allows the reinstatement of a very particular aerodynamic, laugh-
ticle 215, of Law #60, of the Cuban car if it maintains 60% of its original ably speculative and utopian. A
Transit and Transport Code: “It is for- features. This opens a 40% threshold car’s shape – when its maker is seri-
bidden the construction of vehicles for technical and formal fantasy. In ous – is also a diagram of its speed
and, therefore, their enlistment in Cuban everyday lingo these cars are and resistance towards the air, hos-
the Registry, through the assembly of called “60 percent” – although “40 tilities and other forces of the uni-
parts or pieces, new or old, whatever percent” would be a more fitting de- verse. If we took this relation for
the title of their acquisition”. scription. granted and inverted it, by chang-
Later I found news releases in the This phenomenon demands new ing the shape of the Peugeot we
official press in which some journal- kinds of experts. In the years to would be diagramming and propos-
ists of the regime describe – with come there will be “60 percent” ex- ing the physical laws of a new uni-
derogative and dramatic terms – perts competing against “40 per- verse. This proposal will stop be-
how much “Rikimbilis” harm our cent” experts; meanwhile, in the le- ing delirious when reframed as an
health and the city. “Rikimbilis” gal narratives we will find ferocious interpretation model for the chaos
were initially bicycles to which fu- wonders. The percentage battle that – caused by these cars – in its en-
migation device engines and water will take place within the bodies of counter with the laws of the legal
pumps were added. Nowadays the cars will impact the body of Cuban universe.
term designates all hybrids and/or laws of traffic. Who will be responsi- When the car left, I thought that
reinvented wheeled devices in the ble and how will the legal and physi- in its movement it tried to detach
island. One of the press releases that cal boundaries between the 60% and itself from its referent, the model of
I kept denounces the theft of traf- 40% be defined? standardization with which it will
fic signs for the construction of the Last March I found a Peugeot 404 share – from now on – a certain per-
body of these artifacts. designed in 1962 by Pininfarina. The centage. Two blocks later I found
Yet something new trumps the car showed – at least in theory – 60% another “40 percent”: Volkswagen in
press releases, the legal docu- of its original features; meanwhile, the front and Fiat in the back.

ERNESTO OROZA | Artist

96
IMAGES SUBTITLES

1. Battery Charger for battery non- 58. Makeshift wall clocks, Havana 2003- 71. TV aerial made out of standard
rechargeable. 2003. (Photo E. Oroza) 2005. (Photo E. Oroza) aluminum trays used in schools and
workers’ diners. Guanabo, 2007. (Photo
2. Fan fixed with a 33rpm vinyl LP and a 59. TV aerial made out of standard
E. Oroza)
phone. (Photo E. Oroza) aluminum trays used in schools and
workers’ diners. Holguín, 1999. (Photo 72. Rikimbili. Bicycle propelled by a hand
3. Repaired chair. Design Ernesto Oroza,
E. Oroza, P. De Bozzi) saw engine. Havana, 2005. (Photo E.
2005. (Photo E. Oroza)
Oroza)
60. Rikimbili. Bicycle propelled by a
4. Chair made from two broken chairs.
fumigation machine engine. Havana, 73. Improvised public bench. Havana,
Havana, 2005. (Photo E. Oroza)
2003. (Photo E. Oroza) 2013. (Photo E. Oroza)
5. Cups made out of salvaged soda cans.
61. Improvised public bench. Havana, 74. Chair made from two broken chairs.
Havana, 2014. (Photo E. Oroza)
2014. (Photo E. Oroza) Havana, 2013. (Photo E. Oroza)
6. Homemade plastic cups produced by
62. Chair made from two broken chairs. 75. TV aerial made out of standard
injection method. The raw materials
Havana, 2005. (Photo E. Oroza) aluminum trays used in schools and
were collected throughout the city’s
workers’ diners. Havana, 2002. (Photo
waste. (Photo E. Oroza) 63. TV aerial made out of standard
E. Oroza)
aluminum trays used in schools and
7. Cups made out of salvaged soda
workers’ diners. Camaguey, 1999. 76. Rikimbili. Bicycle propelled by a hand
bottles and plastic components.
(Photo E. Oroza, P. De Bozzi) saw engine. Havana, 2005. (Photo E.
Havana, 2003. (Photo E. Oroza)
Oroza)
64. Rikimbili. Bicycle propelled by a
8. Architecture of Necessity. Luyanó,
fumigation machine engine. Havana, 77. Improvised public bench. Havana,
2005. (Photo E. Oroza)
2003. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza)
9. Engine of Soviet Aurika washing
65. Improvised public bench. Havana, 78. Chair made from two broken chairs.
machine. Illustration taken from the
2013. (Photo E. Oroza) Havana, 2013. (Photo E. Oroza)
book Libro de la família. Editora Verde
Olivo, Cuba, 1991. 66. Chair made from two broken chairs. 79. Repaired fan made from a 33rpm vinyl
Havana, 2012. (Photo E. Oroza) LP. Holguín, 1999. (Photo E. Oroza, P.
10. Cover of the book “Com nuestros
De Bozzi)
propios esfuerzos”. Editora Verde Olivo, 67. TV aerial made out of standard
Cuba, 1992. aluminum trays used in schools and 80. Rikimbili. Bicycle propelled by a
workers’ diners. Guanabo, 2007. (Photo fumigation machine engine. Havana,
11. / 40 Page of the book “Com nuestros
E. Oroza) 2005. (Photo E. Oroza)
propios esfuerzos”. Editora Verde Olivo,
Cuba, 1992 68. Rikimbili. Bicycle propelled by a 81. Improvised public bench. Havana,
fumigation machine engine. Havana, 2012. (Photo E. Oroza)
41. Cover of the book “El libro de la
2003. (Photo E. Oroza)
familia”. Editora Verde Olivo, Cuba, 82. Chair made from two broken chairs.
1991 69. Improvised public bench. Havana, Havana, 2015. (Photo L. Dooley)
2014. (Photo E. Oroza)
42. / 57. Page of the book El libro de la 83. Repaired fan. Havana, 2012. (Photo E.
familia. Editora Verde Olivo, Cuba, 70. Chair made from two broken chairs. Oroza)
1991 Havana, 2012. (Photo E. Oroza)

97
84. Rikimbili. Bicycle propelled by a 100. Rikimbili. Bicycle propelled by a water 114. Chairs made from construction metal 128. Taxi stand sign made from a fuel can. 141. Repairman offering his services on 155. Picture frame made from clothing
military tank engine. Havana, 2005. pump engine. Havana, 2005. (Photo E. bars. Havana, 2013. (Photo E. Oroza) (Photo E. Oroza, P. De Bozzi) the streets. Downtown Havana, 2005. packaging. Havana, 2005. (Photo E.
(Photo E. Oroza) Oroza) (Photo E. Oroza) Oroza)
115. Improvised kerosene lamp made from a 129. Adapted staircase at the entrance of a
85. Improvised public bench. Havana, 101. Kerosene stove. Havana, 1999. (Photo soda can. (Photo E. Oroza) house that was divided into three new 142. Plastic objects produced by injection 156. Plastic objects produced by injection
2012. (Photo E. Oroza) E. Oroza, P. De Bozzi) homes. Havana, 2012. (Photo E. Oroza) method. The raw materials were method. The raw materials were
116. “60 percent” car made from spare parts
collected throughout the city’s waste. collected throughout the city’s waste.
86. Chair made from two broken chairs. 102. Repaired chair. Havana, 2002. (Photo of other cars. Havana, 2013. (L. Ponce) 130. Toy gun injected in plastic by a
(Photo E. Oroza) (Photo E. Oroza)
Havana, 2013. (Photo E. Oroza) E. Oroza) homemade machine. Holguin, 2004.
117. Fence made with drug blister
(Photo E. Oroza) 143. Homemade aluminum casted objects. 157. Repairman sign. Havana, 2005. (Photo
87. Fan fixed with a 33rpm vinyl LP and a 103. Engine of Soviet Aurika washing packaging. Havana, 2005. (Photo E.
(Photo E. Oroza) E. Oroza)
phone. (Photo E. Oroza) machine used in a key copying Oroza) 131. Repurposed fluorescent lamps as
machine. Havana, 2005. (Photo E. decorative objects. Havana, 2005. 144. Homemade plastic cups produced by 158. Raincoat made from a sugar bag.
88. Rikimbili. Bicycle propelled by a 118. Chair made from two broken chairs.
Oroza) (Photo E. Oroza) injection method. The raw materials Holguín 2004. (Photo E. Oroza)
fumigation machine engine. Havana, Havana, 2013. (Photo E. Oroza)
were collected throughout the city’s
2004. (Photo E. Oroza) 104. Rikimbili. Bicycle propelled by a 132. Bicycle bell made from a children’s toy. 159. Homemade kitchen utensils produced
119. Improvised kerosene lamp made waste. (Photo E. Oroza)
fumigation machine engine. Havana, Havana, 1999. (Photo E. Oroza, P. De by a family. (Photo E. Oroza)
89. Homemade electrical stove. Holguín, from food packaging and a tube of
2004. (Photo E. Oroza) Bozzi) 145. Spare parts for fans. 1994-2006. (Photo
2000. (Photo E. Oroza) toothpaste. Havana, 1999. (Photo E. 160. Plastic toys produced by injection
E. Oroza)
105. Fence made from production waste of a Oroza, P De Bozzi) 133. Repairman offering his services on the method. The raw materials were
90. Chair made from two broken chairs.
spoon factory. Havana, 1999. (Photo E. streets. Lawton, 2012 (Photo E. Oroza) 146. Homemade party decorations and toys. collected throughout the city’s waste.
Havana, 2013. (Photo E. Oroza) 120. “60 percent” car made from spare parts
Oroza, P. De Bozzi) 1994-2006. (Photo E. Oroza) (Photo E. Oroza)
of other cars. Havana, 2012. (E. Oroza) 134. Toy gun made from wood clothespins.
91. Engine of Soviet Aurika washing
106. Repaired chair. Havana, 2013. (Photo E. Havana, 1995. (Photo E. Oroza) 147. Homemade aluminum casted objects. 161. Television set repaired with a
machine used in a fan. Havana, 2003. 121. Entrance made out of PET bottles.
Oroza) (Photo E. Oroza) computer monitor. Santa Clara, 1999.
(Photo E. Oroza) Alamar, 2012. (Photo E. Oroza) 135. Antenna used for decoding the signal
(Photo E. Oroza, P De Bozzi)
107. Engine of Soviet Aurika washing of a radio station banned by the 148. Homemade plastic cups produced by
92. Rikimbili. Bicycle propelled by a water 122. Slingshot. Children’s toy gun made
machine used in an ice cutter. Holguín, government. The electrical component injection method. The raw materials 162. Shaving machine. (Photo E. Oroza)
pump engine. Havana, 2005. (Photo E. from a deodorant packaging and a
2005. (Photo E. Oroza) is hidden within the toy car. Havana, were collected throughout the city’s
Oroza) latex finger. Gibara, Holguín, 2004. 163. Sunglasses made from X-ray plates and
2005. (Photo E. Oroza) waste. 1995-2015. (Photo E. Oroza)
108. “60 percent” car made from spare parts (Photo E. Oroza) wire. Havana, 1999. (Photo E. Oroza, P
93. Kerosene stove. Santa Clara, 1999.
of other cars. Havana, 2013. (Photo L. 136. Bike-taxi. Bicycle adapted for public 149. Spare parts for mixers, grinders, fans, De Bozzi)
(Photo E. Oroza, P. De Bozzi) 123. Kerosene lamp made from fragments
Ponce) transportation. Havana, 2012. (Photo E. stoves, irons and television sets (Photo
of different types of packaging. 1999- 164. Flip flops produced by injection
94. Chair made from two broken chairs. Oroza) E. Oroza)
109. Living space set up in a public space 2005. (Photo E. Oroza) method. The raw materials were
Havana, 2013. (Photo E. Oroza)
with a cactus (E. trigona) and an 137. Repaired radio. Havana, 2005. (Photo 150. Plastic objects produced by injection collected throughout the city’s waste.
124. Limousine taxi made from the
95. Engine of Soviet Aurika washing aluminum door. Havana, 2012. (Photo E. Oroza) method. The raw materials were (Photo E. Oroza)
combination of two Soviet Lada cars.
machine used in a vegetable chopper. E. Oroza) collected throughout the city’s waste.
Havana, 1999. (Photo E. Oroza, P. De 138. Kitchen gas lighter. It works using 165. Repairman at his workstation. Havana,
Havana, 2005. (Photo E. Oroza) (Photo E. Oroza)
110. Repaired chair. Havana, 2013. (Photo E. Bozzi) electrical shock. Matanzas, 2000. 2005. (Photo E. Oroza)
96. Rikimbili. Bicycle propelled by a hand Oroza) (Photo E. Oroza) 151. Homemade kitchen strainers (Photo E.
125. Mosaic pavement made from broken 166. Direct immersion water heater made
saw engine. Havana, 2005. (Photo E. Oroza)
111. Repurposed engine of Soviet Aurika and discarded ceramic tiles collected 139. Direct immersion water heater made from salvaged electrical elemnt and a
Oroza)
washing machine for fixing shoes. throughout the city. Havana, 2012. from salvaged electrical element and a 152. Homemade machine for the injection of PVC tube. Matanzas, 2003. (Photo E.
97. Kerosene stove. Holguín, 2004. (Photo Havana, 2004. (Photo E. Oroza) (Photo E. Oroza) PVC tube. Santa Clara, 2003. (Photo E. plastic objects. Holguín, 1999. (Photo E. Oroza)
E. Oroza) Oroza) Oroza, P. De Bozzi)
112. “60 percent” car made from spare parts 126. Toy helicopter made from packages 167. Homemade padlocks. (Photo E. Oroza)
98. Repaired chair. Havana, 2013. (Photo E. of other cars. Havana, 2013. (Photo L. and fragments of plastic objects. 140. Hand cut Coca Cola and Sprite bottles 153. Repairman sign. Havana, 2005. (Photo
168. Chair structures used as a parking
Oroza) Ponce) Havana, 2004. (Photo E. Oroza) and bottle top stem injected in plastic E. Oroza)
spot holder. Havana, 2012. (Photo E.
by a homemade machine. Havana,
99. Repurposed engine of Soviet Aurika 113. Improvised fence made from metal 127. Kerosene lamp made from fragments 154. Object made by handmade plastic Oroza)
2004. (Photo E. Oroza)
washing machine for fixing shoes. scrap collected throughout the city. of different types of packaging. 1999- extrusion. (Photo E. Oroza)
169. Repairman at his workstation. Havana,
Havana, 2004. (Photo E. Oroza) Havana, 2013. (Photo E. Oroza) 2005. (Photo E. Oroza)
2005. (Photo E. Oroza)

98 99
170. Makeshift shower. Made with a 178. Architecture of Necessity. Downtown 186. Architecture of Necessity. Downtown
Bucanero beer can. (Photo E. Oroza) Havana, 2012. (Photo E. Oroza) Havana, 2012. (Photo E. Oroza)

171. Architecture of Necessity. Luyanó, 179. Architecture of Necessity. Vedado, 187. Architecture of Necessity. Downtown
2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza) Havana, 2012. (Photo E. Oroza)

172. Architecture of Necessity. Vedado, 180. Architecture of Necessity. Downtown 188. Architecture of Necessity. Havana
2012. (Photo E. Oroza) Havana, 2012. (Photo E. Oroza) Vieja, 2012.m(Photo E. Oroza)

173. Architecture of Necessity. Lawton, 181. Architecture of Necessity. Lawton, 189. Architecture of Necessity. Luyanó,
2012. (Photo E. Oroza) 2012.(Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza)

174. Architecture of Necessity. Alamar, 182. Architecture of Necessity. Downtown 190. Architecture of Necessity. Havana
2006. (Photo E. Oroza) Havana, 2012. (Photo E. Oroza) Vieja, 2012. (Photo E. Oroza)

175. Architecture of Necessity. Marianao, 183. Architecture of Necessity. Lawton, 191. Architecture of Necessity. Luyanó,
2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza)

176. Architecture of Necessity. Vedado, 184. Architecture of Necessity. Havana 192. Architecture of Necessity. Lawton,
2012. (Photo E. Oroza) Vieja, 2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza)

177. Architecture of Necessity. Downtown 185. Architecture of Necessity. Lawton, 193. Architecture of Necessity. Alamar,
Havana, 2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza) 2012. (Photo E. Oroza)

100 101
Este catálogo foi impresso para a Exposição
DESOBEDIÊNCIA TECNOLÓGICA ,
pela Copiadora Cavalcanti.
Foram empregados o papel couché matt 150g/m2,
no miolo, o cartão Duo Design 350 g/m2 na capa
e as fontes Serifa BT e Trade Gothic
para texto e titulagem.

R ECIFE/ PE
Outono de 2015

102

Você também pode gostar