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12/07/2022 15:42 Tecnologia da Informação e Produção de Textos

Aula 04

Redes e Comunidades Virtuais de


Aprendizagem

Nesta aula, é desenvolvida uma abordagem conceitual sobre redes, suas propriedades e elementos
estruturantes; buscando-se em um segundo momento um aprofundamento acerca das
comunidades virtuais de aprendizagem, com vistas a possibilitar o desenvolvimento de
competências do aprender, ser, fazer e conviver nos espaços virtuais.

Redes: Propriedade e Requisitos para o seu


Desenvolvimento
Cada vez mais ganha força a perspectiva de constituição de redes, de soma de competências e
esforços para que os objetivos sejam alcançados. De forma isolada, solitária, mesmo os
profissionais mais competentes não conseguem responder a todos os desafios e incertezas da
atualidade.

Se observarmos a natureza como um todo, podemos perceber que vários sistemas vivos se
organizam em redes. Um exemplo bastante comum é o da organização das abelhas e das formigas,
com sistemas bastante inteligentes de trabalho cooperativo, em que todos, com funções variadas,
atuam com vistas a alcançar objetivos comuns. O individualismo cede espaço para a coletividade.

Observe as imagens a seguir:

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O que todas as redes apresentadas nas imagens têm em comum?

Para que possa ampliar sua compreensão acerca do conceito de redes, será apresentado na
sequência um conjunto das principais propriedades comuns às redes, organizado por Pessinatti
(2013) a partir das contribuições de Capra (1996).

Sistemas abertos As redes se relacionam de forma constante com o meio, representando sistemas abertos.

Não lineares As redes são estruturas não lineares, que se expandem em diferentes direções, sem um padrão pré-definido.

Cada ponto que compõe a rede se conecta aos demais, expandido os limites da rede em um processo dinâmico.

Cada nova conexão que se estabelece cria potencialidade para que outras novas se estabeleçam continuamente.

Conectividade Não há, portanto, um limite determinado para a extensão da rede. Em uma rede há pontos com poucas conexões e

outros chamados hiperconectores, que se conectam a múltiplos pontos, próximos e distantes, assumindo assim

maior relevância em processos de mudanças na rede.

Esta propriedade se refere à quantidade de conexões estabelecidas em uma rede. Quanto maior o número de
Densidade
conexões, mais densa, íntegra, coesa é uma rede.

Em uma rede há diferentes caminhos possíveis para a constituição de conexões. Essa multiplicidade de caminhos

Transitividade no âmbito da rede está relacionada a sua transitividade, que se mostra fundamental para seu potencial de

ampliação e densidade.

A rede não tem um ponto central, pois cada ponto que a constitui é um centro em potencial, de acordo com as

Descentralização conexões que estabelece com os demais pontos. Assim, o “centro” da rede é dinâmico, variável, modificando-se de

acordo com os movimentos de conexão da rede. Não há, portanto, uma estrutura hierárquica.

As conexões em uma rede se estabelecem de forma não linear e imprevisível, de acordo com a vontade, o
Autonomia
interesse, as iniciativas e a decisão de cada ponto que a constitui.

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As redes existem em diferentes dimensões e não têm limites bem definidos. Uma rede pode se integrar a outras
Multidimensionalidade
ou conter pontos de interfaces com outras redes.

Tais propriedades nos permitem definir uma rede como um conjunto de pontos conectados de
forma não linear, organizados de forma não hierárquica.

Toda rede tem uma parte visível, facilmente perceptível, e uma parte invisível. Em função de suas
propriedades, a maior parte da rede vai além do horizonte de visão. Quanto mais conectado for um
ponto da rede, e mais rede a sua volta tiver condições de enxergar, mais extensa será a rede oculta
por trás do horizonte.

A esse respeito, seria apropriado apresentar um exemplo. Um profissional, que cria e mantém
contatos estratégicos com outros profissionais de sua área e com diversas organizações, participa
de uma ou mais redes nas quais estabelece conexões diretas e também indiretas. Esse profissional
pode se tornar amplamente conhecido na rede por pessoas com as quais não tem contato direto e
por outras que nem mesmo conhece. Possivelmente, não terá a real percepção da dimensão das
redes das quais participa, pois esta vai além de seu campo de convivência direta e de visão, já que a
rede é um sistema aberto caracterizado pela conectividade e transitividade.

Pensando em sua trajetória, nas atividades que realiza, em sua história de vida, procure analisar de
quais redes já participou, participa atualmente e pretende participar. O próprio ambiente familiar
pode ser considerado uma rede. Concorda? Há também as redes que se constituem no ambiente de
trabalho, nas empresas, associações, sindicatos etc. E as redes de aprendizagem que se organizam
nas instituições de ensino, formal ou informalmente, concentrando pessoas com interesses comuns.

“A rede de uma pessoa é sempre maior do que ela imagina e sempre menor do que poderia
ser”

(PESSINATTI, 2013).

O que essa frase lhe diz? Qual percepção você tem do tamanho das redes de que participa? O que
pode fazer para que essas redes se ampliem?

As pessoas ou as organizações, de modo geral, têm autonomia para decidir se desejam ou não
participar de uma rede. Sem um desejo, sem a vontade de participar, certamente não são
estabelecidas conexões. As pessoas que participam da rede compartilham um projeto coletivo, têm
interesses comuns, e se colocam em atitude de abertura a contribuir e investir em tal projeto, o que
faz com que a rede se amplie e se torne coesa.

Podemos concluir, portanto, que o trabalho em rede depende da ação autônoma de cada pessoa.

Para que a rede funcione, deve haver uma coordenação das autonomias que garanta tanto a ação
coletiva quanto a individualidade de cada pessoa que dela participa. Essa coordenação de
autonomias requer que sejam definidas normas a partir de acordos estabelecidos por todos, de

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forma organizada. Por sua forma de organização e complexidade, a rede tem a capacidade de
operar sem hierarquia, sendo, inclusive, o contrário de hierarquia, já que as diversas autonomias se
coordenam de forma a alcançar objetivos comuns.

Em uma rede, observamos que há espaço para múltiplas lideranças. Uma vez que não há hierarquia,
não há também relações de subordinação. Não há uma centralização de poder, pois esse é
distribuído pelos diversos pontos que a compõem, o que gera condições favoráveis para a
coexistência de múltiplas lideranças, sem a perspectiva de competitividade.

O processo de comunicação é que torna possível a articulação entre as múltiplas lideranças, sendo
essencial para a existência da rede. A comunicação é que possibilita a sinergia entre os diversos
pontos da rede, representando elemento regulador de todo o sistema, uma vez que tem como
função organizar a ação da rede.

As pessoas que participam de uma rede compartilham interesses, valores, projetos, têm objetivos
comuns. Além disso, têm consciência de que cada ação individual gera transformações no todo, o
que aponta para a necessidade de uma postura ética e responsável.

Após conhecer as principais propriedades das redes, reflita a respeito das seguintes questões:

Quais vantagens e possibilidades você identifica nas redes das quais participa? Quais os principais
desafios para participar de redes? Como é a sua atuação nas redes? Você imprime sua marca e
contribui de forma efetiva? Considera que o fato de você participar dessas redes faz a diferença?
Ou sua presença costuma passar despercebida? Quais relações você estabelece entre a
coletividade da rede e a identidade, a individualidade de cada membro da rede? Como você pode
contribuir para criar, organizar e ampliar redes?

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SAIBA MAIS
Saiba mais sobre redes! Clique aqui e leia o livro A teia da vida: uma nova compreensão
científica dos sistemas vivos, de Fritjof Capra.

Comunidades Virtuais de aprendizagem


Nesta disciplina, interessa-nos de forma especial uma abordagem sobre as redes de aprendizagem
que se estabelecem nos espaços virtuais, as comunidades virtuais de aprendizagem. Quais atitudes
e valores devem permear as interações, para que exista sinergia e cada membro sinta-se
pertencido, acolhido e respeitado?

Segundo Lévy (1999, p. 127):

Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos,


sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independente
das proximidades geográficas e das filiações institucionais.

(LÉVY, 1999, p. 127)

Shaffer e Anundsen (1993 apud PALLOFF; PRATT, 2002, p. 50) definem comunidade como:

um todo dinâmico que emerge quando um grupo de pessoas compartilha determinadas


práticas, é interdependente, toma decisões em conjunto, identifica-se com algo maior do
que o somatório de suas relações individuais e estabelece um compromisso de longo prazo
com o bem-estar (o seu, o dos outros e o do grupo) em todas as suas inter-relações.

(SHAFFER; ANUNDSEN, 1993 apud ).

São consideradas fundamentais ao processo de aprendizagem as interações entre os estudantes, as


interações entre os professores e os estudantes, além da cooperação na aprendizagem que resulta
de tais interações. Nesse sentido, a formação de uma comunidade de estudantes, por meio da qual

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o conhecimento seja compartilhado e os significados sejam criados cooperativamente, cria


condições favoráveis para bons resultados na aprendizagem.

Procure observar o quanto você aprende ao participar, por exemplo, de um debate com colegas e
professores, tanto na sala de aula física quanto no ambiente virtual. A exposição das diferentes
ideias e experiências contribui para que cada um reflita a respeito de sua opinião, de sua forma de
perceber e compreender o tema em questão e de posicionar. Esse processo pode levar à
reconstrução das ideias, do pensamento, gerando transformações. Em um debate, podemos chegar
à conclusão de que a opinião que defendíamos no início não era a mais adequada. Diante de tudo o
que é compartilhado e discutido, passamos a nos abrir para novas perspectivas, outros pontos de
vista, o que pode levar à reconstrução das opiniões e construção de novas compreensões.

Segundo Palloff e Pratt (2002, p. 38), “A interação e o retorno que os outros dão ajudam a
determinar a exatidão e a pertinência das ideias. Colaboração, objetivos comuns e trabalho de
equipe são forças poderosas nos processos de aprendizagem”.

Com as tecnologias de informação e comunicação, estudantes e professores podem se encontrar,


reunir, interagir no espaço virtual, e não somente no campus universitário. Para tal, devem
estabelecer uma sensação de presença on-line: é esse fato que permite que suas personalidades
encontrem as outras no grupo. Para que a comunidade ganhe força e se torne integrada, é
necessário que cada um dos participantes se apresente, compartilhe suas preferências, hábitos,
atividades principais etc., além também de suas expectativas, interesses e receios em relação às
disciplinas e conteúdos a serem estudados. Os estudantes interagem com o conhecimento, com o
ambiente virtual, com outros estudantes e com os professores, que por sua vez atuam como
mediadores do processo.

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Em uma comunidade virtual de aprendizagem, observamos que o processo educacional está


centrado nos estudantes, pois cada um tem liberdade, em condições iguais, para expor suas ideias,
compartilhar suas dúvidas e inquietações, discordar, socializar experiências. A mediação é realizada
pelo professor para: manter a coerência com o tema proposto, evitar a dispersão, lançar novas
indagações que possibilitem a ampliação do debate, mediar conflitos que venham a surgir, entre
outras intervenções que se fizerem necessárias.

Cabe destacar que em uma comunidade virtual de aprendizagem o conflito não só contribui para a
coesão do grupo, como também para a qualidade do processo de aprendizagem. Nesse sentido,
estudantes e professores devem se sentir à vontade com o conflito, como algo natural que pode
surgir em determinados debates. Inclusive, é interessante que em determinadas situações o
conflito seja provocado, para que todos se envolvam em sua resolução.

Tudo isso cria uma sinergia e um ambiente favorável à aprendizagem. Procure observar que os
papéis de estudantes e professores são diferentes dos tradicionais, uma vez que os estudantes
devem ser muito mais autônomos e os professores deixam de ser o centro, os “transmissores das
informações”, para se tornarem dinamizadores das situações de aprendizagem. Podemos dizer que
o professor deixa de ser o “cara”, o especialista que tudo sabe, pois em muitas situações estará
também na condição de aprendiz, participando ativamente da construção do conhecimento.
Quando os estudantes discutem entre si, e não exclusivamente com o professor, a colaboração
tende a crescer de forma significativa.

Muitos elementos desse novo paradigma são expressos na Figura 2, adaptada de Palloff e Pratt
(2002, p. 54).

Figura 2 – Estrutura para aprendizagem a distância. Adaptada de Pallof e Pratt (2002, p. 54)

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Nesse paradigma, os professores devem ser capazes de criar uma atmosfera de segurança e de
sentido de comunidade em todos os ambientes de ensino, sejam virtuais ou presenciais. Os
estudantes devem estar prontos para expressar e debater suas ideias sem receio da resposta que
possam ter, e sempre em uma atitude de respeito ao outro, de respeito às diferenças, com
responsabilidade. Devem ser estimulados a explorar e pesquisar tópicos que vão além dos
conteúdos programáticos da disciplina, para ampliar suas visões. Percebemos então que se
estabelece uma parceria entre estudantes e professores para que a aprendizagem aconteça
(PALLOFF; PRATT, 2002).

Em uma comunidade de aprendizagem, os participantes dependem uns dos outros para alcançar os
resultados esperados e os objetivos previstos. Se um dos participantes acessa o espaço virtual de
discussão e observa que nenhuma interação ou atividade ocorre há alguns dias, poderá se sentir
desestimulado, com uma sensação de abandono. Imagine... Você é o único interessado em
participar de um debate, enquanto os colegas e inclusive o professor estão ausentes. Terá
motivação para participar? Da mesma forma, se o professor está disposto a realizar a mediação dos
debates, mas os estudantes não participam, o processo não se desenvolve.

Portanto, cabe destacar que uma comunidade de aprendizagem somente ganha vida e se sustenta
quando há o apoio e a participação de cada um.

Palloff e Pratt (2002, p. 55) destacam que “uma comunidade que aprende não pode, é claro, ser
criada por uma pessoa só. Embora o professor seja responsável por facilitar o processo, os
participantes também têm a responsabilidade de fazer com que a comunidade aconteça”.

Quando há um forte envolvimento dos estudantes com o processo de aprendizagem, eles


aprendem a aprender, além de desenvolverem a capacidade de pesquisar, pensar criticamente e
inovar.

VÍDEO
Por falar em inovar, há um vídeo muito interessante, com o título De onde vêm as boas
ideias? Assista ao vídeo e procure refletir sobre como as comunidades virtuais de
aprendizagem podem contribuir para o surgimento das ideias inovadoras e diferenciadas.

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