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Turma: Turma 2
Parecer
O termo insider trading se refere a negociações feitas com utilização de informações privilegiadas, ou
seja, quando alguém de dentro do negócio (insider) tem acesso às informações da companhia
antecipadamente, sendo possível ter uma previsão acerca da possibilidade da ação cair ou subir e se
utiliza dessa informação em seu benefício, para negociar suas ações, em evidente má-fe, sendo
considerada um crime financeiro.
Os insiders seriam as pessoas que, em razão de sua posição, têm acesso a informações capazes de
influenciar e interferir de modo considerável na cotação dos valores mobiliários de emissão da
companhia, na forma da Lei 6.404/76 e Lei 6.385/76: a) administradores; b) membros de quais
órgãos do estatuto da companhia, com funções técnicas ou de aconselhamento; c) membros do
conselho fiscal; d) subordinados destes; e) terceiros de confiança destas pessoas; f) acionistas
controladores;
Alguns acontecimentos que, antes de amplamente divulgados ao mercado, podem ser consideradas
informações privilegiadas para o mercado, tais como fusões e aquisições que envolvam, resultados
operacionais e financeiros, como o valor do lucro ou prejuízo, implementação de novos projetos,
fechamento de novos contratos, mudanças no controle acionário e processos sob sigilo.
Assim, é vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a
ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, no mercado de
valores mobiliários”, segundo a Lei nº 10.303, de 2001.
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A Lei 6.404/76 adotou o critério de obrigar os administradores e as pessoas a ele equiparadas a
divulga-las prontamente, conforme premissa do art. 157, §4º:
“Assim, o administrador (e pessoas a ele equiparadas: art. 145 – diretores e conselheiros; art. 160 –
membros de quaisquer órgãos com funções técnicas) são obrigados a revelar, além de qualquer
deliberação de Assembléia Geral ou dos órgãos de administração da companhia, qualquer "fato
relevante, ocorrido nos negócios da companhia, que possa influir, de modo ponderável, na decisão
dos investidores do mercado, de vender ou comprar valores mobiliários de sua emissão".
a) a proibição do usa da informação privilegiada para proteção dos investidores, que ignoram as
condições internas da cia, contra os abusos dos conhecedores;
b) ampla e completa divulgação das informações referentes a fatos relevantes;
c) vedação à pratica de determinadas operações de mercado, como medida auxiliar no combate ao
uso da informação privilegiada;
d) obrigatoriedade de apresentação periódica de relatórios.
Nos termos da Lei 6.404/76 o insider será ilícito quando tiver se valido de informações relevantes
internas ainda não revelada ao público, auferindo beneficio pessoal.
Os parágrafos 1º e 2º do art. 155 da Lei 6.404/76 impõe deveres aos administradores das
companhias abertas e aqueles equiparados em razão de sua posição de confiança, impedindo a
concessão de vantagens de qualquer natureza. A infração desses deveres acarreta para o prejudicado
o direito de perceber indenização por perdas e danos dos infratores.
A Lei nº 6.385/76, embora não qualifique expressamente o "insider trading", atribui à CVM, e ao CMN,
a competência para, a qualquer tempo, ampliar o conceito de "insider trading" enunciado pela Lei nº
6.404/76. Isto porque a mesma Lei cometeu àqueles órgãos a atribuição de "assegurar a observância
de práticas eqüitativas no mercado de valores mobiliários" (art. 4º, inciso VII).
O inciso VI, do art. 9º da Lei nº 6.385/76, estabelece que as penalidades aplicadas por infração ao
inciso V do referido artigo não excluem a responsabilidade civil e penal.
Desta forma aquele que sofrer prejuízo em insider trading podeá busca a reparação do dano, ao
fundamento do art. 155 da Lei 6.404/76 ou com fundamento no art. 159 do CC. No primeiro caso a
ação será proposta em face do administrador e na segunda contra o causador do prejuízo. Quanto à
responsabilidade penal, concluído o inquérito e constatado que há ocorrência de crime de ação
pública, a CVM oficiará ao Ministério Público, para propositura da ação penal em face daqueles que no
inquérito administrativo foram julgados culpados.
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A CVM, por ora, vez que não há regulamentação específica, só poderá instaurar inquérito
administrativo contra os administradores (diretores e membros do conselho de administração),
membros de órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou consultivas e membros do
conselho fiscal.
B. Ação civil:
C. Ação Criminal:
A CVM, após concluído o inquérito e constatado ter havido crime de ação pública, no caso estelionato,
deverá oficiar ao Ministério Público para a propositada da ação penal.
Segundo consta na Lei nº 6.385 de 1976, a pena consiste em “reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e
multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime”.
A prática de insider trading é definida pelo artigo 27-D da Lei 6.385 de 7 de setembro de 1976 como a
utilização de informação relevante ainda não divulgada ao mercado, da qual determinada pessoa
tenha conhecimento e deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem
indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários.
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Embora a Lei tenha sido publicada em 1976, a criminalização do insider trading foi introduzida apenas
há cerca de 15 anos, por meio de uma alteração realizada pela Lei n° 10.303, de 31 de outubro de
2001. 1
O Superior Tribunal de Justiça começou a julgar, em 2016, ações envolvendo insider trading,
consolidando em sua jurisprudência entendimentos importantes com impacto direto sobre vários
aspectos do uso indevido de informações privilegiadas no mercado de capitais brasileiro.
Em fevereiro de 2016, o STJ analisou a primeira condenação por crime de insider trading na Justiça
brasileira, ao julgar o REsp 1.569.171. Durante o julgamento de recurso do ex-diretor de Finanças e
Relações com Investidores da Sadia Luiz Gonzaga Murat Júnior, condenado por crime de uso indevido
de informação privilegiada, a 5ª Turma reconheceu que a conduta do ex-diretor se enquadra no artigo
27-D da Lei 6.385/1976. 2
*Referências bibliográficas
TARTUCE, Flávio. A “lei da liberdade econômica” (lei 13.874/19) e os seus principais impactos para o
Direito Civil. Primeira parte. Disponível em https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/ 760633426/a-
lei-da-liberdade-economica-lei-13874-2019-e-os-seus-principais-impactos-para-o-direito-civil-parte-i.
Acesso em: mar. 2023.
ARRUDA, Pablo G.; MENDONCA, S. B. A inobservância dos termos fundamentais da teoria da empresa
por normas positivadas: estudo de caso da Eireli constituída para fins não empresariais. Revista
Jurídica (FIC), v. 4, p. 586-608, 2016.
VALVERDE, Trajano de Miranda. Sociedade por ações. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1953. v. 1.
BAGNOLI, Vicente. Direito Econômico. 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2013. BRASIL. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 set. 2020.
1
https://www.vbso.com.br/stj-tem-condenacao-inedita-por-insider-trading/
2
https://www.conjur.com.br/2019-jun-23/veja-stj-julgado-casos-insider-trading