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UNIVERSIDADE FEDERAL DO

TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
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Título do ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA NA UNIDADE DE Emissão: 05/03/2020 Próxima revisão:
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1. OBJETIVO
Descrever as práticas e intervenções da equipe de psicologia da Unidade de Atenção
Psicossocial/Divisão de Gestão do Cuidado (UAP/DGC) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), como
forma de nortear e aprimorar o trabalho desenvolvido junto dos familiares/acompanhantes, bem
como em extensão à equipe multidisciplinar, considerando as especificidades e particularidades
do referido contexto.

2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO
UTI Neonatal do HC-UFTM

3. INFORMAÇÕES GERAIS
 O principal objetivo do serviço de psicologia no HC-UFTM é oferecer suporte psicológico
aos pacientes hospitalizados nas unidades de internação, além do apoio emocional aos familiares
e acompanhantes, buscando minimizar o sofrimento provocado pelo processo de hospitalização.
 Ao se pensar no contexto específico da UTI Neonatal, o objetivo supracitado se aplica
satisfatoriamente. Contudo, para se debruçar na importância da atuação da psicologia nesse
ambiente, faz-se necessário evidenciar e destacar algumas características e especificidades.
 A UTI Neonatal do HC-UFTM funciona em conjunto com a UTI Pediátrica, as quais recebem
desde recém-nascidos (RN) até adolescentes de 13 anos. Como qualquer outra UTI, caracteriza-se
pela presença de profissionais especializados, aparelhos sofisticados, alta tecnologia, práticas
intervencionistas, apresentando também tendência à centralidade no saber médico, com maior
ênfase nos aspectos biológicos, destacando a urgência e precisão das ações, no sentido de manter
a vida do paciente assistido. Contudo, emergem também demandas significativas no que se refere
ao acolhimento emocional dos pais/acompanhantes e das crianças. Trata-se de um ambiente
relacionado, em geral, a condições agudas e à ideia de gravidade e, portanto, relacionado a riscos
importantes, os quais impõem à família e à criança uma condição de fragilidade física e emocional.
 Destaca-se que, por compreender que os contextos da neonatologia e da pediatria
compõem campos de práticas e intervenções psicológicas muito distintos entre um e outro, o
presente POP destina-se a pensar e descrever tais práticas e intervenções relacionadas
exclusivamente aos casos referentes à neonatologia da UTI Neonatal do HC-UFTM, tal como será
descrito a seguir.
 Diante da necessidade de suporte às famílias nas UTIs Neonatais, a presença do psicólogo
nas equipes é garantida por lei desde 1999, pela Portaria do Ministério da Saúde/Gabinete do
Ministro (MS/GM) nº 1091, de 25 de agosto de 1999. Pela Portaria MS nº 930, de 10 de maio de
2012, estão definidas as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e
humanizada ao RN grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de
leitos de unidade neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), na qual ficou determinado
que o atendimento psicológico é um serviço incluído como garantia à família e ao paciente para
que o funcionamento do serviço de neonatologia esteja de acordo com as diretrizes da atenção
integral e humanizada.
 No que se refere à UTI Neonatal do HC-UFTM, observa-se que os casos mais comuns
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relacionados à neonatologia se referem principalmente ao nascimento de bebês prematuros, ou


com algum tipo de malformação, infecção ou cardiopatia. A atuação da psicologia nestes casos é
particularmente importante, visto que o impacto do nascimento de um bebê em condições críticas
se estende aos familiares, em especial à mãe. O nascimento de um bebê nessas condições pode
promover uma quebra em relação ao bebê idealizado durante toda a gravidez pelos pais e pela
família. Além disso, pode-se dizer que a internação de um bebê logo após seu nascimento, por si
só, pode ser devastadora, uma vez que pode comprometer o início da vinculação entre mãe-filho.
 Há, ainda, uma dura realidade no contexto de uma UTI Neonatal: a de que o nascimento
ocorre de forma concomitante ao risco da morte/da perda, o que pode favorecer a presença de
uma incerteza dolorosa por parte dos pais. Quando a mãe e os familiares não são acolhidos e/ou
acompanhados adequadamente, os desdobramentos desse impacto podem levar à presença de
manifestações ansiosas e deprimidas por parte da mãe, inclusive em níveis clínicos, bem como de
sentimentos negativos da mesma em relação ao seu bebê, podendo inclusive chegar à rejeição em
casos mais extremos.
 A experiência da hospitalização de um bebê em UTI Neonatal pode ainda colocar os
cuidadores, principalmente as mães, diante de algumas limitações e situações que mudam sua
relação com as pessoas mais próximas, bem como sua relação com a rotina e os ambientes com os
quais estavam habituados. Segundo estudo empírico de Lima e Smeha (2019), que buscou
conhecer a experiência de mães que tiveram seus bebês hospitalizados em UTI Neonatal, as mães
revelaram a dificuldade no que se refere a não poderem levar o filho para casa após o nascimento,
além de sentimentos de medo, insegurança, temor da morte do bebê, impotência e culpa. Além
disso, as mães vivenciaram também a sensação de perda de controle da situação, preocupação
com outros filhos e necessidade de suporte familiar. A partir desses dados, é possível ter uma
noção acerca do panorama no qual a psicologia se insere ao se falar em UTI Neonatal.
 Vale ressaltar que, como já referido, nos casos relacionados à neonatologia, as ações da
psicologia são voltadas de maneira geral aos familiares e acompanhantes, sobretudo às mães. Não
por acaso, ampliando o panorama já citado, muitos dos conteúdos que emergem enquanto
demandas estão voltados não apenas à internação ou condição clínica do bebê, mas também aos
aspectos relacionados à maternidade e puerpério, que necessitam igualmente de acolhimento,
intervenções e orientações.
 Pode-se inferir que a hospitalização de um bebê, sobretudo em condição de maior
gravidade (como ocorre de costume nas UTIs) é, em geral, uma vivência que tende a trazer um
sofrimento importante para o paciente e para sua família e que, portanto, configura-se como um
momento que coloca à prova os recursos adaptativos de todos os que estão envolvidos. São
momentos de ruptura diante dos quais a instabilidade do paciente tende a desestabilizar também
a família, provocando afetações importantes na subjetividade de cada um dos membros que
compõem essa dinâmica de cuidado (CFP, 2019).
 O trabalho do psicólogo, nesse contexto, dedica-se a desenvolver e promover
comportamentos e possibilidades de respostas que sejam adaptativas diante das diversas
situações vivenciadas ao longo dessa experiência, por meio do acesso à subjetividade dos
indivíduos (Conselho Federal de Psicologia - CFP, 2019) que, nesse caso, são as mães, os pais e/ou
os familiares/ acompanhantes. A importância desse trabalho nasce, então, da ideia de que, para
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além de todos os procedimentos e profissionais de saúde necessários à garantia da sobrevivência


do bebê, surge ainda uma demanda adicional, a qual está relacionada ao sofrimento da família,
carregado de subjetividade e, para o qual, o psicólogo pode auxiliar na lida e no desenvolvimento
e/ou reconhecimento de mecanismos de enfrentamento.
 Por fim, é de extrema importância considerar que, tal como apontaram Baltazar, Gomes e
Cardoso (2010), a implantação de protocolos e rotinas psicológicas em UTI Neonatal se constroi
como um posicionamento ético e não somente técnico, o qual possibilita considerar não apenas a
família, mas também o RN, para além de seus aspectos orgânicos. A partir desse posicionamento,
entende-se que o investimento nas intervenções psicológicas, ainda que diretamente aos pais e
indiretamente ao bebê, dão lugar à subjetividade e à vida psíquica da criança, o que pode auxiliá-
la em seu desenvolvimento e, possivelmente, na melhora de sua condição clínica.

4. CARACTERÍSTICAS E DIRETRIZES DO TRABALHO DO PSICOLÓGO NA UTI NEONATAL


 Os atendimentos da psicologia na UTI Neonatal podem ser conduzidos à beira leito, na sala
de Acolhimento Familiar das UTIs, ou em outro ambiente do hospital, que ofereça condições para
atendimento. A duração do atendimento é flexível e depende da demanda apresentada pela mãe
e/ou familiar.
 Um aspecto importante desse contexto diz respeito ao tempo de internação dos bebês na
UTI Neonatal, que, na maioria das vezes, é longo, o que possibilita a criação de vínculo mais
consistente entre o psicólogo e a mãe/familiar e, consequentemente, um acompanhamento mais
contínuo.
 Outro aspecto relevante diz respeito ao amplo diálogo e trabalho conjunto do serviço de
psicologia com o serviço de acolhimento familiar e serviço social nesse contexto, o que favorece
uma avaliação sistemática e mais robusta da mãe e da família, possibilitando um atendimento
mais integral e satisfatório das mesmas.
 Em geral e, com base no estudo teórico de Valansi e Morsch (2004), abaixo estão descritas
algumas possibilidades de intervenção do serviço de psicologia no contexto da UTI Neonatal:
 Colocar-se como ponto de referência para a família na UTI, uma vez que se trata de um
ambiente com grande rotatividade de profissionais e todos voltados, em primeira instância, para
os aspectos de cuidado clínico com o bebê. Essa ação permite aos pais investirem nos bebês,
enquanto recebem apoio e amparo de um representante da equipe, por meio de escuta clínica e
diferenciada;
 Ajudar os pais a falarem sobre o nascimento do bebê, no intuito de que possam organizar
pensamentos, identificar sentimentos, visando uma compreensão melhor acerca da internação, o
que poderá facilitar a interação e vinculação com o bebê;
 Ajudar na comunicação entre pais e bebê, facilitando o diálogo afetivo entre eles,
estimulando a leitura e compreensão das expressões do bebê, das condutas dele nas
particularidades de seus gestos e suas respostas quando em comunicação ou proximidade com os
pais;
 Ajudar na comunicação entre pais e equipe, com o objetivo de estabelecer uma ponte
entre as famílias e os profissionais. Entende-se que os pais podem apresentam sentimentos
ambivalentes em relação à equipe, uma vez que, ao mesmo tempo em que se sentem
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expropriados de seus bebês, eles têm consciência de que os profissionais se dedicam a cuidar de
seus filhos por meio de uma tecnologia e conhecimento diferenciados. Os profissionais são alvo de
projeções intensas da família do bebê, o que pode desencadear conflitos na relação em alguns
momentos, demandando mediações, as quais podem ser conduzidas pelo psicólogo.
 Trabalhar as possíveis perdas ocorridas na UTI, as quais podem ser reais, como a morte ou
o risco de sequelas no desenvolvimento futuro da criança, ou mesmo as perdas que ocorrem no
imaginário familiar, relacionadas ao bebê que idealizam. No caso de o risco da morte do bebê ser
real e reconhecido pela equipe, recomenda-se o trabalho de aproximação de toda a família com o
bebê, o qual pode ser mediado pelo psicólogo.

5. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

5.1. Identificação das demandas a serem atendidas


 Por meio de busca ativa do psicólogo, que consiste em abordar as famílias de forma ativa e
espontânea, sem solicitação, indicação ou encaminhamento prévios;
 Pela solicitação ou encaminhamento de algum membro da equipe multiprofissional;
 Pela solicitação do familiar/acompanhante;
 Pela identificação, por parte do psicólogo, por meio da observação de indicadores
comportamentais ou afetivos que sugiram a necessidade de intervenção;
 Pela participação do psicólogo no momento do acolhimento familiar, por meio do qual é
possível obter as primeiras impressões e fazer uma avaliação preliminar da família. Tal
acolhimento é realizado em conjunto com o profissional específico e capacitado para esta
atribuição (no caso da UTI Neonatal, trata-se de um técnico de enfermagem específico para as
demandas de acolhimento familiar) que, em geral, configura-se como o primeiro contato entre
família e a UTI Neonatal.
 Observação:
 Os objetivos essenciais do acolhimento familiar são: conhecer a história, rotina e
composição familiar; verificar e atender as famílias em suas necessidades mais urgentes e
primárias e informar sobre as normas e rotinas da UTI.
 O acolhimento familiar pode acontecer também em conjunto com o Serviço Social,
configurando-se em atendimento multidisciplinar.

5.2. Entrevista Inicial


 A entrevista inicial marca o primeiro contato exclusivo do serviço de psicologia com a
família e ocorre de modo que o psicólogo se disponibiliza à escuta, em postura de interesse e
busca pela resolução dos problemas apresentados naquele momento.
 Por meio da entrevista psicológica é possível estabelecer um diagnóstico, colher dados
importantes sobre o acontecido ou compreender história do bebê e do familiar que relata,
possibilitando ao psicólogo acessar dados e conteúdos sobre aquele indivíduo e sobre seus
recursos e condições para enfrentar ou não as suas dificuldades atuais. Já durante a entrevista,
o psicólogo poderá fazer intervenções clínicas, de modo a cumprir uma função terapêutica,
procurando compreender, identificar e nomear sentimentos e emoções, além de elucidar
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reflexões que poderão aprimorar a compreensão acerca de suas próprias percepções sobre o
momento vivido na internação do bebê (CFP, 2019).
 Na UTI Neonatal, nesse primeiro momento, é necessário:
 Explicar ao familiar sobre os objetivos do trabalho da psicologia na UTI Neonatal,
destacando que o acompanhamento psicológico ocorrerá mediante interesse e anuência do
familiar;
 Ter uma “visão panorâmica” da mãe ou do familiar do bebê internado, de modo a
identificar quaisquer demandas que exijam orientação ou uma intervenção mais urgente e
imediata.
 É possível verificar questões diversas, a saber: capacidade de compreender
adequadamente as informações sobre a internação, diagnóstico e quadro clínico da criança;
impacto dos primeiros contatos com o bebê e a UTI Neonatal; aspectos subjetivos relacionados
ao processo gestacional; ideias e ideais acerca da maternidade; disponibilidade para criação de
vínculo com o bebê e maternagem; presença e/ou adequação de suporte social/familiar;
condição física e psicológica de estar como acompanhante do bebê naquele momento;
necessidade da presença de outros membros da família enquanto suporte para mãe ou familiar
no contexto hospitalar; mecanismos de defesa e/ou recursos de enfrentamento; histórico
psiquiátrico e/ou presença de indicadores psiquiátricos atuais; entre outros.

5.3. Acolhimento
 O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que pode ser
realizado por qualquer profissional de saúde e, portanto, configura-se como uma prática
multiprofissional. Contudo, quando conduzido pelo psicólogo, acaba por ter o compromisso de
trazer à tona “a dimensão subjetiva presente no agravo e utilizar a intervenção para construção
do vínculo que permitirá orientações, aconselhamento, atividades de educação para a saúde e
até desenvolver uma assistência psicoterápica” (CFP, 2019, p. 52).
 O psicólogo, no contexto da UTI Neonatal, pode oferecer uma escuta diferenciada e
qualificada à família do bebê, realizando com esta um trabalho de orientação, com o objetivo
de possibilitar a expressão do sofrimento e das questões referentes ao diagnóstico, à
internação, à angústia e ao medo da morte, por meio do reconhecimento e análise das
ansiedades e fantasias apresentadas.
 Na UTI Neonatal, o acolhimento da mãe ocorre:
 No reconhecimento do contexto;
 Na mediação do encontro com o seu bebê, incluindo os primeiros toques na criança;
 Na mediação da comunicação inicial com a equipe, que poderá orientá-la sobre as funções
dos equipamentos que estão acoplados ao bebê e os procedimentos realizados.
Observação: o próprio psicólogo pode também fazer as orientações iniciais e mais básicas sobre
essas questões;
 Sanar as dúvidas dos pais sobre o quadro da criança e o novo ambiente no qual estão
inseridos, utilizando linguagem simples e acessível.
 Fica evidente que, para realizar esse acolhimento de maneira satisfatória, o psicólogo
necessita ter conhecimento sobre o ambiente no qual atua, bem como sobre a condição e
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características clínicas do bebê, que podem ser obtidas por meio de leitura de prontuário, ou
por meio do acompanhamento de passagem de notícia médica para a família, ou por discussão
de caso clínico com a equipe.
 O acolhimento também pode ocorrer nos casos em que o paciente/familiar apresente
mobilização afetiva intensa, fazendo com que a realização da avaliação inicial ou atendimento
psicológico não seja indicada ou possível. No caso da UTI Neonatal, isso se aplica
principalmente para os casos de comunicação de notícias difíceis e óbito do bebê. Nesses casos,
o psicólogo deve trabalhar com a família desde o momento do agravamento do quadro até a
ocorrência do óbito, cabendo ao profissional:
 Participar junto com o médico da comunicação das notícias difíceis aos pais,
permanecendo disponível para acolhimento após a notícia médica;
 Orientar sobre a importância de os pais pensarem em outras pessoas que eles gostariam
que conhecessem o bebê, para que pudessem convidá-los a realizar uma visita;
 Flexibilizar as visitas, com permissão mais constante de outros familiares escolhidos pelos
pais, junto ao bebê;
 Nos casos de óbito, oferecer a possibilidade de os pais permanecerem um tempo com o
corpo do bebê e acompanhar esse momento, oferecendo suporte e acolhimento na medida da
necessidade;
 Facilitar a presença de familiares ou amigos escolhidos por eles nesse momento.

5.4. Acompanhamento Psicológico


 Entende-se por acompanhamento psicológico uma intervenção longitudinal, na qual o
psicólogo oferece sua escuta e sua presença de maneira contínua, contudo não
necessariamente por períodos longos. Tem-se como objetivo possibilitar o contato do indivíduo
com sua subjetividade, e a expressão das angústias, da ansiedade e dos sentimentos, o que
pode auxiliá-lo na compreensão da situação que está vivenciando (CFP, 2019).
A atuação da Psicologia foca no suporte aos pais. A ida de um bebê
para uma UTI representa a quebra, a frustração dos sonhos e
expectativas desses pais. Muitas vezes, o bebê precisa ser alimentado
por sonda e a mãe não pode ou não consegue amamentá-lo. Não
pode carregá-lo no colo, pois este está em uma incubadora. A
sensação dos pais é de impotência e um dos trabalhos da(o)
psicóloga(o) é ajudar a eles a estabelecerem um vínculo com o bebê
e recuperarem a sensação de que são imprescindíveis a ele. Em
muitos casos, a mãe pode descompensar e não saber como auxiliar a
equipe e o próprio filho nesta relação. O acompanhamento
psicológico nestes casos é de construção da resiliência e de
ressignificação desta relação com um bebê real e não mais um bebê
“ideal” para ajudar a mãe a construir seu vínculo com ele. Esse
acompanhamento visa a localização das potencialidades, da
resiliência, do manejo da ansiedade e dor, mas não necessariamente
se transforma em um atendimento psicoterápico. (CFP, 2016, p. 57).
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 Além das situações gerais contempladas pela citação acima, tem-se enquanto
peculiaridade na UTI Neonatal o acompanhamento psicológico de mães adolescentes e este
ocorre com frequência. Considera-se que o nascimento de um bebê em estado de saúde crítico
pode causar grande impacto emocional no psiquismo dessas jovens mães, uma vez que faz
convergir três momentos de estresse emocional, a saber: a própria adolescência, a
maternidade e a internação neonatal (Chvatal, Vasconcellos, Rivoredo & Turato, 2017).
 Segundo referencial teórico utilizado para dar suporte ao artigo dos referidos autores, uma
adolescente pode estar ou se sentir emocionalmente imatura para assumir os cuidados
necessários para com seu bebê, vivenciando inseguranças, dificuldades e falta de habilidades
para o exercício do papel materno. É nesse período também que é vivenciada a desconstrução
da identidade infantil para dar espaço a outra identidade, sendo essa fase marcada pelos
denominados e reconhecidos lutos da adolescência, que se referem à perda do corpo infantil,
dos pais da infância e da identidade de criança. Tal fase pode ser satisfatoriamente superada
quando a adolescente é acolhida e amparada.
 Nesse sentido, ao acompanhamento psicológico na UTI Neonatal junto das mães
adolescentes, além do que já foi referenciado, somam-se as necessidades relacionadas e
específicas a essa fase do desenvolvimento. Destaca-se que, ao longo desse acompanhamento,
é também papel da psicologia prezar pela garantia dos direitos da mãe adolescente, conforme
o que apontam as medidas protetivas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 2019,
Artigos 98 a 102). Para isso, ações como garantir que a mãe adolescente possa sempre estar
acompanhada de seu responsável para receber as notícias médicas, ou de que ela esteja sendo
adequadamente amparada por um responsável legal, também é de responsabilidade do serviço
de psicologia.
 Em geral, a frequência dos atendimentos ao longo do acompanhamento psicológico é
analisada conforme a necessidade de cada caso. O encerramento do acompanhamento se dará
quando a mãe ou familiar não apresentar mais o desejo de ser atendido, ou mediante a alta do
bebê, ou quando o psicólogo considerar que não há mais demandas para serem trabalhadas.
Nesse último caso, apesar de encerrar o acompanhamento, o psicólogo manter-se-á à
disposição para retomar os atendimentos, na medida da necessidade ou do desejo da mãe ou
familiar.

5.5. Avaliação Psicológica


 A Avaliação Psicológica tem o objetivo de obter um conhecimento específico acerca de
indivíduos ou grupos e inclui um processo de coleta de dados e interpretações de informações,
na qual podem ser utilizados diversos métodos, instrumentos e técnicas, incluindo testes
psicológicos padronizados.
 No Brasil, a avaliação psicológica é função privativa do psicólogo, sendo tal definição
regulamentada por lei. Ainda, também é restrito ao profissional psicólogo a compra, guarda e o
sigilo, tanto dos materiais utilizados quanto dos documentos e resultados gerados a partir do
processo (CFP, 2019).
 Na UTI Neonatal a avaliação psicológica destina-se, na maioria dos casos, à detecção das
manifestações de depressão e ansiedade em níveis clínicos, sobretudo de depressão, de
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indicadores de outros transtornos psiquiátricos, da presença de déficits cognitivos da mãe ou


familiar que possam prejudicar a compreensão acerca das informações, entre outros.
 Em geral, por se considerar que a depressão materna tem uma incidência de 10 a 15% na
população geral de mulheres mães no período puerperal; justifica-se a importância da
avaliação psicológica no que se refere às mulheres no pós-parto.
Este quadro tem maior incidência entre a quarta e oitava semana
após o parto. Geralmente se manifesta por um conjunto de sintomas
como choro constante, sentimentos de desesperança, irritabilidade,
falta de energia e desmotivação, desinteresse sexual, transtornos
alimentares e de sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de
lidar com novas solicitações.
Os sintomas de depressão materna pós-parto podem interferir em
outras relações interpessoais e especialmente no vínculo entre a mãe
e seu bebê. As atitudes maternas quanto ao recém-nascido são
variáveis, mas podem incluir desde total desinteresse até medo de
ficarem sozinhas com o filho. A interrupção da amamentação é outro
fator que também acarreta uma maior prevalência de depressão
nessas mães. (CFP, 2019, p. 61).
 Fica evidente a necessidade da avaliação psicológica sobretudo na UTI Neonatal, que é um
contexto que expõe as mães a adversidades ainda maiores e mais significativas quando
comparadas às mães de filhos saudáveis, aumentando o risco da presença de sintomas de
depressão e outras comorbidades.
 Quando constatada a presença de indicadores de transtornos psiquiátricos, o psicólogo
deverá pedir a algum médico da UTI Neonatal que faça uma solicitação de interconsulta ao
serviço de psiquiatria, por meio do prontuário do bebê internado, para atendimento da mãe ou
familiar, mediante concordância destes.
 Avalia-se, ainda, no contexto da UTI Neonatal, a condição da mãe e/ou do familiar de
estarem atuando enquanto acompanhantes principais do bebê. Em alguns casos, seja pela
condição emocional ou cognitiva da mãe, seja por ser uma mãe adolescente, ou por outras
condições, sugere-se a presença de mais um acompanhante que atue enquanto suporte e
amparo tanto para a mãe quanto para o bebê internado. Tal avaliação pode ser realizada mais
de uma vez ao longo da internação do bebê, de modo a verificar a permanência ou não da
necessidade de outro acompanhante, ou se outras providências e condutas precisam ser
tomadas.

5.6. Grupo de Mães – Psicologia


 O grupo de mães da UTI Neonatal do HC-UFTM foi criado com o objetivo de oferecer um
ambiente de expressão das vivências, fantasias e sentimentos frente ao processo de
hospitalização do bebê na UTI, servindo como espaço para troca de experiências, acolhimento e
sensação de pertencimento das mães.
 Apesar de haver outros grupos disponíveis para as mães da UTI Neonatal (grupo
informativo, grupo de artesanato), o grupo em questão é conduzido exclusivamente por
profissionais e/ou estagiários de psicologia.
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 Entende-se que, ao perceberem vivências comuns e/ou incomuns com as outras mães, o
grupo as possibilita sentirem-se acolhidas e muitas vezes à vontade para expressarem seus
sentimentos e angústias vividas tanto no ambiente hospitalar, quanto externamente. Ainda, o
grupo pode se tornar um contexto de descontração e lazer para as mães que, por vezes, estão
mergulhadas no contexto hospitalar, sem contato com atividades que lhes ofereçam prazer.
Muitas mães, ao acompanharem a internação de seus filhos e aguardarem a alta hospitalar,
não pensam efetivamente em si mesmas e, nesse contexto, as atividades de lazer podem
configurar-se como instrumentos que favorecem a qualidade de vida dessas mães durante esse
período, além de terem um caráter terapêutico significativo, que as auxilia na lida com a
vivência hospitalar.
 Os grupos de mães da UTI Neonatal do HC-UFTM são abertos, podem ocorrer
semanalmente ou quinzenalmente, têm duração de aproximadamente uma hora, e são
conduzidos na sala de descanso das mães na Unidade de Cuidados Intermediários (Berçário). A
participação no grupo é voluntária e não exclui o acompanhamento psicológico individual das
mães. Os encontros podem ter um caráter flexível, de modo a atender a demanda trazida pelas
participantes, podendo ser utilizados recursos variados, como momentos de conversa sobre
temáticas diversas, dinâmicas de grupo, bem como oficinais lúdicas e informativas, entre
outros.

5.7. Acompanhamento das visitas de irmãos de bebês internados


 Segundo revisão integrativa da literatura realizada por Souza e Pegoraro (2017) sobre
funções e atividades desenvolvidas pelo psicólogo em UTI Neonatal, uma das reconhecidas
atividades realizadas nesse contexto, que é de responsabilidade do psicólogo, é o
acompanhamento da visita por parte dos irmãos mais velhos. Além de ser uma diretriz
existente PNH nos ambientes de cuidados intensivos, justifica-se tal prática como algo que
pode proporcionar aos irmãos do bebê uma melhor percepção sobre os papéis de cada um na
família, uma aproximação com o bebê, bem como aumentar o vínculo familiar, e incluir o irmão
na vida e realidade do bebê que, no momento, é o contexto hospitalar.
 Sabe-se, ainda, que os irmãos mais velhos, em geral, acompanharam a gestação e têm
expectativas e fantasias com relação ao bebê e seu desenvolvimento. A visita pode fazer com
que o bebê e seu ambiente fiquem mais concretos para o irmão, o que pode reduzir as
fantasias negativas sobre o bebê, consequentemente, fazendo com que a criança fique menos
ansiosa e possa reagir de maneira mais tranquila e positiva ao tempo de internação do irmão
recém-nascido. Ainda, pode compreender melhor o porquê das mães e/ou dos pais estarem
mais distantes do convívio da família naquele momento, o que pode beneficiar a dinâmica
familiar como um todo.
 Na UTI Neonatal do HC-UFTM, a visita de irmãos apenas acontece mediante
acompanhamento do serviço de psicologia e segue algumas etapas, a saber:
 Inicialmente, antes da visita propriamente dita:
o Quando a mãe e/ou pai demonstram o interesse em levar o irmão mais velho, busca-se
compreender de quem partiu o interesse e o que o irmão mais velho já conhece da história do
bebê, desde os aspectos físicos (se já viu fotos, por exemplo), até os aspectos relacionados à
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condição clínica do bebê, aos aparatos acoplados ao RN (tubo orotraqueal, sonda nasoenteral,
aparelhos de monitorização cardíaca, etc), e ao ambiente físico da UTI Neonatal;
o Marca-se uma data e horário específicos para a realização da visita;
 Na visita propriamente dita:
o Antes da entrada do irmão: faz-se um atendimento prévio, acompanhada dos pais, com o
objetivo de verificar o conhecimento que já tem a respeito do bebê e de sua condição clínica,
bem como suas fantasias acerca da internação do irmão mais novo, com a possibilidade de
acolhê-lo em suas angústias e possíveis manifestações de ansiedade e esclarecer suas dúvidas;
auxilia-o a esclarecer o que está acontecendo com o bebê, o motivo da internação e as
necessidades que ele vem apresentando; orienta-se a criança sobre o que irá encontrar dentro
do ambiente da UTI Neonatal e sobre como encontrará o irmão, fornecendo explicações
apropriadas à idade; delimita-se algumas regras básicas, referentes à lavagem das mãos, à
possibilidade da visita ser restrita ao leito do irmão, à necessidade de falar baixo, entre outros.
Nesse momento, o psicólogo deve avaliar a condição do irmão para realizar a visita.
o Momento da visita: o psicólogo acompanha e supervisiona todo o momento da visita.
Inicialmente, auxilia o irmão na compreensão do ambiente físico e aparelhos da UTI Neonatal,
orienta e auxilia também no contato com o bebê, estimulando os pais a fazerem a mediação
entre os irmãos, coloca-se à disposição para tirar dúvidas e fica em constante avaliação sobre
as reações da criança. Na medida da necessidade, o psicólogo deverá intervir. Se a criança
estiver tranquila, cabe ao psicólogo verificar a viabilidade de oferecer à família um momento
íntimo e de maior privacidade, supervisionando a visita com relativa distância.
 Após a visita: o psicólogo tem novo contato com o irmão mais velho, para verificar as
reações da criança e desdobramentos diante da visita e, dependendo do que for constatado,
realizar acolhimento e orientações à criança e aos pais.

5.8. Comunicação com a equipe de saúde


 Com base no que determina o Artigo 6º do Código de Ética Profissional do Psicólogo,
quando da comunicação com outros profissionais não psicólogos, o psicólogo deverá
compartilhar somente as informações relevantes para qualificar o serviço (CFP, 2005). Nesse
sentido, pode-se pensar que a comunicação com a equipe de saúde sobre os atendimentos em
psicologia no contexto da UTI Neonatal deve amparar-se na preocupação com o sigilo e,
portanto, compromete-se a informar e refletir apenas o que for necessário e relevante para a
condução do caso, no período que compreende a internação do bebê. Inserem-se nessas
questões aquelas relacionadas aos estados emocionais das mães e/ou familiares que possam
apresentar impacto em seu funcionamento psíquico e que possam, por exemplo, comprometer
sua vinculação com o bebê, ou que estejam dificultando sua permanência enquanto
acompanhante do filho, ou mesmo que exijam uma postura diferenciada por parte da equipe
de saúde.
 A comunicação poderá ser feita individualmente com os membros da equipe, ou por meio
de reuniões multidisciplinares, nas quais não apenas os casos são discutidos, mas também as
posturas da própria equipe podem ser alinhadas, com base no que for constatado nessas
discussões.
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 Essas comunicações serão realizadas com a frequência e nos momentos em que o


psicólogo julgar necessário, ou sempre que solicitada pelos demais membros da equipe, que
compreende assistentes sociais, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, etc.

5.9. Encaminhamentos intra e extra hospitalar e diálogo com a rede


 A necessidade de encaminhamento intra-hospitalar é constatada quando, após adequada
avaliação, identifica-se que a mãe e/ou outro familiar necessita do serviço de psiquiatria.
Nesses casos, como já referido, o psicólogo deve pedir a algum médico da UTI Neonatal que
faça uma solicitação de interconsulta ao serviço de psiquiatria, por meio do prontuário do bebê
internado, sendo que para isso a mãe e/ou familiar precisam ser concordantes com esta
conduta.
 No que se refere aos encaminhamentos extra hospitalares, sempre que constatada a
necessidade, o psicólogo deve identificar na cidade de origem da mãe e/ou familiar os serviços
de saúde mental para informação e verificação da possibilidade de realização/continuidade do
acompanhamento. Em geral, quando a família não reside em Uberaba, faz-se contato com a
Secretaria de Saúde da cidade de origem, a qual pode fornecer as informações adequadas
sobre atendimento psicológico e psiquiátrico do município em questão e mais específicas para
cada caso. Quando a família reside em Uberaba, orienta-se, em geral, pelos serviços públicos de
atendimento em saúde mental, conforme a demanda e necessidade de cada caso (clínicas-
escola das universidades, UFTM e Universidade de Uberaba - Uniube, Serviço Intermediário de
Atenção Psicossocial - SIAP, Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, e demais serviços). A partir
dessas informações, elabora-se o encaminhamento por escrito, para melhor compreensão da
família e da instituição de destino, e orienta-se a mãe e/ou familiar sobre os caminhos pelos
quais eles poderão buscar o acompanhamento fora do contexto hospitalar.
 Em função da grande incidência de mães e famílias em situação de vulnerabilidade
psicossocial, verifica-se a necessidade de referenciar muitos casos para a rede de saúde e
assistência social, bem como ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância e Juventude da Comarca
à qual a família reside. Em geral, a necessidade desses encaminhamentos são identificadas por
meio dos atendimentos psicossociais, contudo, os encaminhamentos propriamente ditos são
realizados pelo profissional do Serviço Social.
 A necessidade de contato e encaminhamento ao Conselho Tutelar deve ocorrer quando é
identificada alguma situação de risco ao bebê:
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de
tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho
Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências
legais. (ECA, 2019).
 Entende-se o abandono e a negligência como formas de maus-tratos à criança o que, no
contexto da UTI Neonatal, deve ser devidamente documentado e encaminhado para o
Conselho Tutelar.
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 Além disso, encaminha-se também ao Conselho Tutelar os casos das mães e famílias que
necessitam de acompanhamento e proteção, em sua maioria casos relacionados a mães
adolescentes e/ou de famílias em situação de vulnerabilidade psicossocial, no intuito essencial
de proteger o bebê e seu núcleo familiar, conforme determina as medidas protetivas do ECA,
previstas nos artigos 98 a 102.
 Por fim, nos casos em que a mãe manifestar o desejo de entregar o bebê para adoção, o
caso é encaminhado para a Vara da Infância e Adolescência
Artigo 13. Parágrafo 1°. As gestantes ou mães que manifestem
interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da
Infância e da Juventude. (ECA, 2019).

5.10. Registro em prontuário eletrônico


 Todos os procedimentos descritos acima (entrevista inicial, acolhimento,
acompanhamento, avaliação, grupo de mães, visita de irmãos, discussão de casos com a equipe
e encaminhamentos), assim que conduzidos, devem ser registrados no prontuário eletrônico do
paciente (Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários – AGHU).
 As evoluções devem conter o que foi constatado durante o atendimento, a respeito do
estado emocional da mãe e/ou familiar atendido, das intervenções realizadas, e de qualquer
outra informação que seja relevante e pertinente para conhecimento e conduta dos demais
membros da equipe de saúde.
Art. 12. Nos documentos que embasam as atividades em equipe
multiprofissional, o psicólogo registrará apenas a informação
necessária para o cumprimento dos objetivos do trabalho. Aplicam-
se as considerações do artigo 6º, sendo que a definição dos objetivos
de seu trabalho constitui um item que deve estar claro para o
profissional, a despeito do mesmo registrar inadvertidamente
informações irrelevantes para a atividade em questão. (CFP, 2005).
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6. REFERENCIAL TEÓRICO

Baltazar, D. V. S., Gomes, R. F. D. S., & Cardoso, T. B. D. (2010). Atuação do psicólogo em unidade
neonatal: rotinas e protocolos para uma prática humanizada1. Revista da SBPH, 13(1), 02-18.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1091/GM de 25 de agosto de 1999.


http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/PORTARIA_1091.pdf. Acesso em 18/11/2019.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 930 de 10 de maio de 2012.


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0930_10_05_2012.html.
Acesso em 18/11/2019.

CFP. Conselho Federal de Psicologia. (2005). Resolução CFP n.º 010/2005. Aprova o Código de
Ética
Profissional do Psicólogo. Brasília: CFP.

CFP. Conselho Federal de Psicologia. (2019). Referências técnicas para atuação de psicólogos nos
serviços hospitalares do SUS / Conselho Federal de Psicologia, Conselhos Regionais de Psicologia e
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. Brasília: CFP.

Chvatal, V. L. S., Vasconcellos, J. F. D. J., Rivoredo, C. R. S., & Turato, E. R. (2017). Mecanismos de
Defesa Utilizados por Adolescentes com Bebês Prematuros em UTI Neonatal1. Paidéia (Ribeirão
Preto), 27, 430-438.

de Souza, A. M. V., & Pegoraro, R. F. (2017). O psicólogo na UTI neonatal: revisão integrativa de
literatura. Saúde & Transformação Social/Health & Social Change, 8(1), 117-128.

ECA. Estatuto da Criança do Adolescente. (2019). Lei Nº 8.069, 13 de Julho de 1990. Brasília.

Lima, L. G., & Smeha, L. N. (2019). Experiência da maternidade diante da internação do bebê em
UTI: uma montanha russa de sentimentos. Psicologia em Estudo, 24.

Valansi, L., & Morsch, D. S. (2004). O psicólogo como facilitador da interação familiar no ambiente
de cuidados intensivos neonatais. Psicologia: Ciência e Profissão, 24(2), 112-119.
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7. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA AÇÃO/ALTERAÇÃO
1 20/11/2019 Elaboração do documento

Elaboração Data: 19/12/2019


Thaysa Brinck Fernandes da Silva

Registro, análise, formatação e revisão Data: 04/02/2020


Ana Paula Corrêa Gomes, chefe da Unidade de
Planejamento

Validação
Heloisa Correa Coelho, Responsável Técnica da equipe de
Psicologia Data: 28/02/2020
Ivone Aparecida Vieira Silva, chefe da Unidade de Atenção
Psicossocial

Aprovação Data: 05/03/2020


Ivonete Helena Rocha, chefe da Divisão de Gestão do
Cuidado

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