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Técnica e prática
de venda
Técnica e prática
de venda
03
Patrícia Dupin e Aline Razzera
Técnica e prática
de venda
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
05
© Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial,
desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei
n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc.
XXVII e XXVIII, “a” e “b”.
Introdução.....................................................................................................................13
Síntese...........................................................................................................................25
Referências Bibliográficas.................................................................................................26
Introdução.....................................................................................................................29
2.1.4 Treinamento.....................................................................................................33
2.1.5 Motivação.......................................................................................................36
07
2.2.1 O que é Marketing?.........................................................................................38
2.2.2 Smarketing ......................................................................................................40
2.4.1 Promoção........................................................................................................44
2.4.2 Merchandising.................................................................................................45
Síntese...........................................................................................................................46
Referências Bibliográficas.................................................................................................47
Introdução.....................................................................................................................49
3.2.4 Neuromarketing...............................................................................................61
Síntese...........................................................................................................................63
Referências Bibliográficas.................................................................................................64
Introdução ....................................................................................................................65
Síntese...........................................................................................................................79
Referências Bibliográficas.................................................................................................80
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Apresentação
Apresentação
Olá aluno, esta é a disciplina Técnica e Prática de Vendas, seja bem vindo! Você por acaso já
se perguntou qual o papel do gestor de vendas dentro de uma organização? Ou quais as ferra-
mentas que um gerente de vendas possui? E já pensou como uma pesquisa de mercado pode
ser útil na gestão comercial?
No capítulo 1 você conhecerá mais sobre a gestão de vendas e o papel do gestor, e também
sobre técnicas de venda, os conceitos de gestão e vendas, quais as responsabilidades do gestor,
entre outros temas importantes. Estes temas serão abordados para que você compreenda como
aplicá-los de forma a obter resultados significativos com as equipes.
No capítulo 2, o enfoque será nas ferramentas e práticas de um gestor de vendas e como ele
poderá usar estas ferramentas a seu favor para obter excelência de resultados, seja com produtos
ou serviços de uma organização. Você irá saber o quão importante é o envolvimento do gestor na
construção do seu time, que é sua equipe de vendas, bem como o que é necessário para cons-
truir esta equipe desde o início. O processo de recrutamento e seleção, por exemplo, é impor-
tantíssimo para garantir pessoas com perfil de vendas e habilidades técnicas e comportamentais
para a função, e você saberá como participar deste processo. O treinamento é fundamental para
identificar quais habilidades precisam ser trabalhadas e fazer com que elas reflitam no melhor
desempenho e resultados imediatos, de curto prazo e também de médio prazo. Outros itens a
serem abordados serão o marketing e a equipe de vendas, e como trabalhar de forma alinhada
para obter melhores resultados. É verdade, um dos erros mais frequentes na área comercial é se
dirigir ao público com estratégias diferentes, e isto faz com que as equipes percam energia e o
cliente fique confuso. Um exemplo claro disto é a equipe de marketing que coloca na revista a
foto de um modelo de carro numa publicidade e a empresa não pretende comercializar aquele
modelo de produto em larga escala porque dentro do seu estoque tem centenas de carros de
outro modelo. Este “simples” inconveniente fragiliza as vendas e influencia no resultado do ges-
tor comercial, concorda? Por isto, você saberá como esta integração pode acontecer. E por fim,
neste capítulo você estudará sobre a importância da promoção e merchandising que são sempre
assuntos em alta, nas reuniões empresariais.
O capítulo 3 tratará do assunto Merchandising Visual no varejo, explicando como utilizar esta
importante ferramenta, além de como utilizar as tendências e elementos do merchandising em
uma organização. Você já sabe que Merchandising Visual é a busca da sedução com o objetivo
de gerar paixão pelo produto ou serviço? Você saberá ainda que o Merchandising Visual é uma
ferramenta que pode trazer sofisticação para o ambiente interno ou externo de modo a obter
uma diferenciação no mercado para a empresa. Você consegue imaginar qual o percentual de
pessoas que compram influenciadas pelo visual? Quer arriscar um palpite? Esta diferenciação é
capaz de criar uma ótima imagem da marca na mente do consumidor que se sente feliz ao ad-
quirir e utilizar os produtos ou serviços da empresa. Este posicionamento induz comportamentos
positivos em escala e traz ótimos resultados para o gestor. Você sabia que esta incrível estratégia
que é a que atualmente mais se aproxima do cliente final e só perde em importância para o rela-
cionamento com o cliente? Você estudará também o merchandising visual na gestão patrimonial
da marca, e se o gestor domina este assunto e esta prática seu valor profissional aumenta assim
como aumentam suas chances de sucesso mesmo em ambientes concorrenciais acirrados. E vai
aprender que como gestor, a planejar, coordenar ações, verificar resultados e tomar ações de
contramedida que são as melhorias. Não será excelente este encontro?
No capítulo 4, o tema principal ainda será o Merchandising Visual, mas agora num outro am-
biente: o E-commerce no Brasil e no Mundo. Além de saber isto, neste capítulo serão trata-
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dos conceitos e os principais fatores que deixam as organizações com uma melhor imagem e
mais atrativa no e-commerce. Você irá aprender sobre a história do merchandising no ramo
do e-commerce e quais as possibilidades de um e-commerce para o negócio e o alcance nos
dias de hoje. Vai entender porque e-commerce quer, precisa e pode ir além do processo para
facilitar a usabilidade e a segurança de operações financeiras. Além disto, o comércio ele-
trônico pode e está fomentando novos comportamentos que estão mudando o mundo. Você
acredita que comportamentos mudam o mundo? Pois, depois da invenção dos dispositivos
móveis, o mundo nunca mais será o mesmo, não é verdade? Sendo assim, o que você pen-
sa sobre alcance do e-commerce no cenário atual, qual o grau de importância você daria?
Todas estas questões intrigantes serão respondidas neste capítulo. E falaremos também sobre
o papel do e-commerce para as empresas. Tendências do e-commerce é um assunto de im-
portância já que ele é uma realidade que chegou para ficar. Um dos assuntos será a evolução
do Auto Serviço, que é já é tendência consolidada. Vale a pena estudar e usar na prática.
E como criar um diferencial em ambiente virtual? Outro ótimo assunto deste nosso capítulo.
Marketing 3.0, você conhece? Mais do que um novo conceito, o Marketing 3.0 já é uma reali-
dade atual para empresas que presenciam um movimento crescente num futuro próximo. Vamos
conhecer tudo isto?
Esperamos que ao final desta disciplina você possa aplicar de forma segura e eficaz, todos os
conceitos, teorias e práticas relacionadas à gestão de vendas obtendo assim ótimos resultados.
Bons estudos!
Introdução
Você sabe qual a importância do gestor na área de vendas? E a responsabilidade que um gestor
de vendas tem em planejar as ações de um determinado grupo? Todos os gestores possuem o
mesmo estilo de liderança? Como gerenciar equipes?
Você terá a resposta para esses questionamentos nesta primeira unidade, pois compreenderá
qual o papel, as responsabilidades, o estilo e a importância do gestor de vendas como planeja-
dor de ações e gerenciador de equipes. Iniciaremos entendendo os conceitos fundamentais da
gestão de vendas, conhecendo suas origens e analisando o papel do gestor de vendas dentro
desse processo.
Nesta unidade, você compreenderá e aprenderá como aplicar os conceitos de forma a obter
resultados significativos com as equipes. Vamos lá?
Segundo Barboza; Costa apud Houaiss; Villar (2012, p. 2), “gestão é o ato ou efeito de gerir, ou
seja, exercer gerência sobre alguma coisa, administrar, dirigir, cuidar, executar e/ou praticar”.
Pode-se então dizer que gestão é administrar pessoas e recursos de uma organização.
Do latim vendĭta, o termo venda significa uma ação, o ato de vender, fazer uma transação de
produto ou serviço para outra pessoa mediante um pagamento de um preço estipulado. Podem-
-se dividir as vendas em duas vertentes: ativa e passiva. As ativas são executadas por um profis-
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Técnica e prática de venda
sional das vendas (vendedor) e as passivas por um canal de marketing. A venda é dividida em
três fatores básicos: cliente, produto ou serviço e o profissional de vendas.
VOCÊ O CONHECE?
Henri Fayol, que é considerado “o pai da teoria clássica da administração”. Pesquise
mais sobre esse teórico que é referência na área.
A gestão de vendas não é uma tarefa simples: o gestor precisa estar preparado e informado para
as tomadas de decisões, pois, escolhendo uma estratégia ruim, pode provocar uma perda con-
siderável para a organização, tanto financeira como de posição no mercado, perdas na equipe,
entre outras. Com isso, pode ocorrer o enfraquecimento da empresa perante seus concorrentes.
Entretanto, quando bem executada, a estratégia em gestão é a chave de sucesso para qualquer
empresa.
Dentro das organizações, o tempo é um dos maiores desafios, por isso as decisões precisam ser
rápidas e eficazes. Atualmente os gerentes de vendas reclamam das inúmeras tarefas que preci-
sam realizar, todas com exigência de resultados positivos e imediatos, como gerir equipes, reali-
zar relatórios, organizar, atender, vender, entre outras tarefas. Para atender a tamanha demanda,
o gestor precisa ser organizado e ter uma agenda com as prioridades do dia, para que não seja
esquecida nenhuma das demandas fundamentais.
Quando um gerente define suas prioridades, ele chega à organização e cria uma rotina, pode
ser de ver e responder e-mails, conferir a parte financeira, acompanhar os resultados. Se for
uma loja, atender clientes, verificar e controlar o estoque, assegurar que o ambiente esteja bem
cuidado. Ou seja, não fará todas as tarefas juntas.
Saber de valores, metas, vendas, sell in e sell out, margem, lucro de gestão, entre outros indi-
cativos, é fundamental para as tomadas de decisões. Entretanto, alguns gestores, por não con-
seguirem se organizar ou não entender os indicativos, acabam por não analisar corretamente
a situação e tomam suas decisões em “achismos”. A melhor forma de um gerente entender a
importância de saber os indicativos de sua unidade é com exemplos e resultados.
Quando esses indicativos são analisados de forma correta, podem-se tomar as decisões mais
certas para obter um resultado melhor a cada semana, mês ou ano. O gestor precisa compre-
ender que, quando se tem esses indicativos disponíveis, eles são a melhor forma de gerir suas
ações futuras. E se, além do gestor, sua equipe entender sobre alguns indicativos, poderá se tor-
nar uma equipe mais produtiva, pois os membros terão conhecimento para buscar a excelência
em resultados.
É importante perceber, nos indicativos, como está o aproveitamento de cada equipe em relação,
por exemplo, à taxa de conversão de vendas, se as vendas em relação a entradas ou apresenta-
ção do produto e/ou serviço estão na média da cadeia, caso esteja abaixo, procurar onde está o
problema. Outros pontos de percepção importantes podem ser citados: analisar a produtividade
Um gestor que compreende que gerir uma equipe de vendas é gerir um negócio de uma forma
global faz com que a empresa tenha a tendência de aumentar seus lucros.
Em uma empresa que vende serviços, por exemplo, o gestor de vendas pode medir o desempe-
nho de seus vendedores de uma forma a obter os melhores resultados com cada um. Se ele tiver
um sistema ou uma planilha desenvolvida por ele mesmo, que consiga identificar a quantidade
de clientes atendidos x contratos fechados, conseguirá saber sobre o seu poder de fechamento.
Nessa etapa, após conversar com o vendedor e perguntar se ele sabe quais as dificuldades que
está enfrentando no processo da venda até o fechamento, conseguirá entender parte da difi-
culdade. Muitas vezes o vendedor está despreparado ou com falta de informações úteis para o
desenvolvimento da venda. Outro ponto a considerar será acompanhá-lo em algumas apresen-
tações para analisar sua desenvoltura e, se necessário, mostra-lhe como poderá mudar algumas
atitudes para ser mais eficaz. Após essas duas análises de seu aproveitamento, poderá verificar
valores, como são diversos serviços e valores cadastrados em seu sistema, saberá a média de
venda da equipe e individual, e então verificará quem está acima e o que esse vendedor faz para
obter esses resultados, e quem está abaixo, precisando de ajuda. Acompanhar a equipe não é
apenas estar junto, mas analisar seus resultados, desenvolvendo-os e incentivando-os a obter
mais assertividade em suas atividades. Se o gestor acompanha e efetua treinamentos constantes,
atualizações e reconhecimentos, a probabilidade de ter um melhor resultado final é muito maior.
A liderança, para CHIAVENATO (2004, p. 446), é: “um tipo de poder pessoal. Através da lide-
rança uma pessoa influencia outras pessoas em função dos relacionamentos existentes”.
STONER (1999, p. 344) nos afirma que: “liderar é dirigir e influenciar as atividades que um de-
terminado grupo possui”.
Como base nisso, percebemos que o gestor precisa ser um líder para gerir sua equipe de uma
forma eficaz.
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Técnica e prática de venda
É importante o gestor ter consciência de que não é possível cuidar sozinho de uma empresa, é
necessário que haja pessoas com responsabilidades e líderes de determinados setores. Por isso,
o papel do gestor é importante, ele é o canal direto com o administrador da empresa. Se uma
equipe de vendas não atinge suas metas, a responsabilidade é do gestor, pois, se existe algum
problema na equipe, é dever dele localizar e resolver. Também é responsabilidade do gestor se
sua equipe não atinge as metas. Ele precisa desenvolver essa equipe e precisa ter ao seu lado os
melhores profissionais para alcançar os melhores resultados.
Um gestor de vendas também precisa estar preparado e atualizado. Adquirir habilidade e sa-
bedoria só se consegue com muito treinamento e experiência prática. Muitas vezes as empresas
promovem pessoas por necessidade e não por mérito, e algumas dessas pessoas ocupam o car-
go de gestores. Entretanto, esses colaboradores, por não estarem prontos para assumir o cargo,
acabam por não atingir suas metas e não conseguem manter uma equipe. Este é um erro grave,
mas esse erro também partiu de um gestor, que não se preocupou em preparar essa pessoa antes
da promoção.
Para liderar uma equipe, é preciso empatia, é necessário entender cada indivíduo e saber iden-
tificar os dons sobressalentes de cada um. A soma dos melhores atributos de cada indivíduo da
equipe fará com que você tenha um grupo ativo e pronto para atingir ótimos resultados. Para
isso, o gestor precisa estar apto a desenvolver esse trabalho. Muitas vezes o papel de um profis-
sional de RH é de extrema importância.
Sabe-se que atualmente nem todas as empresas possuem todos os setores, e o setor de RH acaba
sendo terceirizado. Por essa razão, o gestor da empresa precisa contar com gestores de setores,
assim como o de vendas, considerando que serão promoções e não novas contratações.
Influenciar pessoas, inspirar e motivar faz parte do papel do gestor. Se o líder direto não está mo-
tivado dentro da empresa em que trabalha, dificilmente sua equipe será motivada e terá ambição
de crescimento. O gestor muitas vezes é o único canal que os colaboradores possuem com a
diretoria da empresa. Nas grandes organizações, por exemplo, nem sempre é possível o contato
com parte da diretoria, para saber das novidades, mudanças e resultados. Cada vez mais, nas
grandes empresas, a diretoria entende que precisa estar mais perto dos colaboradores, seja no
escritório ou nas lojas.
No Brasil, temos o exemplo da diretora Luiza Helena, da rede de varejo Magazine Luiza. Ela faz
questão de comparecer no maior número de lojas espalhadas pelo país. Ela promove eventos
para motivar equipes com premiações por resultados, possui um canal direto para que o colabo-
rador possa entrar em contato com ela, com o diretor da força de vendas, diretor de compras e
outras lideranças. Em seu escritório central em São Paulo, são poucas salas fechadas, a maioria
possui vidros para que possa ter maior contato com o ambiente da empresa.
O líder precisa estar em contato constante com suas equipes, acompanhando, desenvolvendo e
reconhecendo, pois as pessoas são a parte mais importante das organizações.
“As pessoas são o maior patrimônio das organizações”, define o professor e consultor empresa-
rial Waldez Ludwig.
Você conhece o provérbio que diz: “Se quiseres ir mais rápido, vá sozinho, mas se quiseres ir
mais longe, vá em grupo”? Quando um gestor passa a seguir uma metodologia e percebe as
pessoas de sua equipe juntas e com um mesmo objetivo, conseguindo melhores resultados, esse
gestor torna-se um líder.
Conforme você pode ver, o primeiro passo é planejar como atingir uma meta, com isso serão es-
tabelecidos os objetivos e a forma de atingi-los. Logo após, é necessário implementar esse plano,
então será necessário organizar, definir as equipes e executar. Durante todo esse processo é im-
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Técnica e prática de venda
portante que o gestor acompanhe os resultados, de forma a entender se está tudo correndo bem
ou se são necessário alguns ajustes e mudanças de táticas para que o objetivo seja alcançado.
Imagine o seguinte exemplo: uma pequena empresa do varejo, uma loja com quatro funcioná-
rios. O gestor recebe a meta do mês e precisa passar para sua equipe. Ele provavelmente dividirá
por igual, pois a política da empresa diz que o valor deverá ser dividido por todos para que sai-
bam a sua meta individual, mas só isso bastará? Será necessário que ele faça um planejamento
de como atingir as metas, se precisará desenvolver sua equipe, se terá promoção de produto,
mas, acima de tudo, é preciso acompanhar o resultado de sua equipe. Visualizar cada membro
e entender que cada pessoa atua de forma diferente é a chave para ter uma equipe produtiva e
assertiva. Um gestor que não acompanha resultados e o andamento de suas equipes e vendas,
quando chegar o momento de encerrar o mês, não saberá o que aconteceu e não terá tempo de
reagir caso o resultado tenha sido negativo. Por outro lado, o gestor que acompanha sua equipe
e os resultados diariamente, modifica suas táticas e muda os objetivos, se necessário, de forma
a ter sua meta atingida ao final do mês.
É necessário que o gestor esteja atento a sua gestão. Para isso, existem ferramentas que podem
auxiliá-lo nesse processo. Você verá, a seguir, que cada gestor possui um estilo de liderança,
entretanto, todos trabalham com uma mesma finalidade: atingir seus objetivos.
• AUTOCRÁTICA: o líder não possui participação ativa em um grupo, ele apenas define as
diretrizes e tarefas e determina quem irá executar. É um estilo dominador.
• DEMOCRÁTICA: este estilo é de um líder mais objetivo, que costuma se ater aos fatos
para dar seus feedbacks. Costuma trabalhar em grupo, levar suas sugestões e projetos à
equipe para que decidam juntos quais os caminhos a tomar.
• LIBERAL: como o próprio nome diz, costuma ser um líder que preza pela liberdade, desde
tomadas de decisões até suas avaliações de grupos. Só explana sua opinião quando
perguntado e de forma muito objetiva. Sua participação é mínima nos processos, apenas
se manifesta quando questionado.
Tipos de lideranças
SITUAÇÃO AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL
Decisões Decide sozinho Equipe toma Equipe toma
decisões, o líder decisões,
e participa participação
mínima do líder
Programa Determina Equipe delineia Líder esclarece
de trabalho como deve os procedimentos dúvidas quando
ser executado e o líder apóia necessário
Além dessas características citadas acima, que são as mais comuns, existem mais dois tipos de
lideranças: a liderança que é voltada para as pessoas e a liderança voltada para as relações.
Entende-se que as lideranças citadas anteriormente são diretamente ligadas às tarefas e estas
estão relacionadas à organização, às pessoas que o gestor lidera e ao desenvolvimento de cada
uma delas. Esses líderes normalmente têm uma excelente relação com as equipes, entretanto, se
não for cuidadoso, os objetivos podem não ser alcançados.
Na realidade, a grande maioria dos lideres se identifica com os estilos que têm foco em tarefas.
Saber identificar cada estilo de gestor facilita para o entendimento sobre o tipo de estratégias a
serem tomadas. Se você é um supervisor de uma rede de empresas, por exemplo, e um de seus
gestores tem o perfil liberal, você saberá como coordená-lo e levá-lo a ter resultados melhores.
Em uma reunião, saberá que ele será um dos menos participativos, a não ser que seja solicitado.
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Técnica e prática de venda
Se esse gestor tem resultados excelentes nas vendas, sua equipe provavelmente é muito ativa,
pois se não fosse assim, seus resultados não seriam satisfatórios, correto? Como você já viu, esse
estilo de liderança permite que as equipes tomem grande parte das decisões. Entretanto, vale
salientar que não é porque esse líder não participa ativamente que não acompanhe detalhada-
mente seus resultados.
Como já foi dito, não existe estilo certo ou estilo errado, existem estilos diferentes. Cada um com
suas características próprias e equipes diferentes. O gestor desenvolverá suas equipes de acor-
do com seu estilo e formará pessoas conforme a sua maneira de trabalhar. Algumas empresas
possuem como cultura organizacional o rodízio de líderes dentro de suas equipes, visando a não
“viciar” a equipe, para que elas não fiquem sempre no mesmo ritmo e, com essas mudanças,
saiam da chamada zona de conforto. O que muitas vezes ocorre quando existe essa troca ou
rodízio de gestores é que a produtividade pode aumentar, mas também diminuir.
O gestor que muda de ambiente percebe coisas que em sua unidade anterior poderiam passar
despercebidas. Mas, como é um novo local, com equipe e hábitos diferentes, a tendência é que
esteja mais atento. Uma situação que pode se tornar um problema é quando o novo líder tem um
estilo completamente oposto ao do anterior. Nesses casos, as equipes demoram a se adaptar e,
algumas vezes, acabam não se adaptando. Já algumas equipes mudam suas posturas de acordo
com o líder, executando as tarefas e seguindo sua gestão.
Fora do Brasil, é muito comum essa rotatividade de setores e ambientes, mais comum em lojas.
Já em nosso país, normalmente são empresas de grande porte que optam por essa estratégia de
mudanças para sair da rotina e criar novos hábitos.
O líder com perfil antiquado, que era apelidado de “carrasco”, está cada vez mais escasso nos
ambientes corporativos. A gestão de pessoas está em evidência, e reter ótimos profissionais é
uma das tarefas mais difíceis.
Como estamos?
Diagnóstico
Quem O que Como Como
somos? Análise
externa queremos? atingir? estamos indo?
Missão
Negócio Objetivos Estratégias Planos
Princípios de ação
Análise
interna
De situação Como corrigir?
Acompanhamento
(Tomada de decisões)
Figura 3 – Etapas do Planejamento Estratégico
Fonte: Simples Soluções. Disponível em: http://www.simplessolucoes.com.br/blog/2010/01/planejamento-estra-
tegico-uma-abordagem-pratica-e-objetiva-%E2%80%93-parte-1-por-guilherme-chagas-pereira/. Acesso em 24
mar. 2015.
Conforme podemos perceber na figura 3, para cada etapa é necessário fazer algumas perguntas
que ajudam a definir os tópicos e o rumo do projeto.
Para iniciar o plano, é preciso saber a missão, a visão e o negócio da empresa. Partindo dis-
so, será feita a análise do ambiente externo e interno. O externo são fatores que influenciam
no negócio e o interno é sua organização. Após a análise, serão definidos os objetivos desse
planejamento, seja ele em valores, em quantidade, entre outros. Para que você possa atingir os
objetivos, será necessária a montagem de estratégias, com prazos, tarefas, com o devido acom-
panhamento de todas essas etapas.
Imagine um planejamento estratégico para um gestor de vendas. Ele certamente terá sua meta, e
se quiser alcançar essa meta da melhor forma possível, será necessário fazer seu plano e traçar
estratégias, definir o prazo para cada etapa, quem executará cada uma delas e acompanhar o
processo para que possa identificar falhas, se houver, e modificar a forma de execução. Se, nesse
tempo, algum vendedor sair de sua equipe, terá que ter novas estratégias para que o objetivo
final não esteja perdido, seja pedindo a transferência de algum vendedor de outra loja ou uma
21
Técnica e prática de venda
nova contratação. O gestor também terá desafios internos: toda e qualquer decisão será tomada
de acordo com seu planejamento.
Saber identificar cada um desses fatores de forma correta fará com que o planejamento elabo-
rado tenha sucesso.
Um gestor de equipe precisa analisar inclusive se seu grupo é produtivo e fornece lucro para a
empresa, analisando um quadro ideal de funcionários, identificando se algum colaborador não
está atingindo suas metas e se não está prejudicando todo o resultado da equipe. Muitas vezes,
quando a empresa trabalha com forma de remuneração por comissionamento, quando existe
uma equipe desequilibrada, também ocorre a perda do lucro de gestão, pois a equipe pode não
bater a meta, entretanto, alguns vendedores atingem a meta e recebem um valor alto de comis-
são, enquanto a unidade perde dinheiro.
Ter uma equipe equilibrada é a melhor solução, pois todos vendem dentro de uma média. Claro
que alguns de seus vendedores poderão sim estar acima da maioria e outros abaixo. Quando
isso ocorrer, é necessário entender o que aconteceu, para tomar medidas rápidas a fim de que o
próximo resultado seja positivo para a organização.
Gerir os gastos dentro de sua unidade também reflete nos resultados. Muitas vezes, os gastos
mais supérfluos são aqueles que eliminam a possibilidade de lucro na sua gestão.
O lucro de gestão é o lucro líquido que sua unidade tem; retirando todos os gastos, inclusive da
folha de pagamento, o que sobra é o lucro de gestão.
Quando você tem o controle administrativo de sua unidade, ou seja, como gestor conhece todos
os setores, você consegue inclusive saber o breakeven da sua equipe, ou seja, saber quanto sua
unidade precisa vender para que o resultado gere lucro. Atualmente as empresas acabam pas-
sando diretamente ao gestor as metas a serem alcançadas, sem informar qual o valor mínimo
que você deveria vender para cobrir os custos da sua unidade, justificando que o objetivo é a
meta e, se atingir o valor definido, fará com que ocorra o seu lucro de gestão.
Mas, como vimos, nem sempre a venda pode cobrir seu lucro, é necessário administrar os gastos
para que cada vez mais sua equipe consiga obter maiores resultados de lucro de gestão.
Se a empresa já faz essa tarefa, o gestor apenas precisa focar em seu objetivo, que é a meta,
alinhar sua equipe de vendas, gerenciar as ferramentas, analisar as estatísticas e fazer com que
os resultados permaneçam positivos.
Lembre-se: o trabalho com uma equipe alinhada e preparada sempre resulta em melhores resul-
tados nas organizações.
Uma equipe engajada é uma equipe feliz, e, se o gestor possui uma equipe feliz, as chances de
sucesso são muito maiores do que uma equipe desmotivada e despreparada.
Atualmente as pessoas estão conectadas o tempo todo, e possuem acesso às informações de for-
ma rápida. Então, se seu cliente estiver preparado e sua equipe não, a probabilidade de perder
uma venda é muito maior. O vendedor precisa saber mais do que o cliente. A nomenclatura não
mudou, mas hoje um vendedor precisa ser um consultor, seja de moda, de beleza, de negócio,
pois apenas entregar um produto ou retirar pedido não satisfaz mais quem está disposto a com-
prar. Ainda existem muitas empresas em que o cliente pede o produto, o vendedor faz o pedido,
realiza a entrega e não oferece nenhum tipo de informação de forma a agregar valor à venda.
23
Técnica e prática de venda
Em casos como este, não existe a necessidade de um vendedor, já que existe o e-commerce, que
não tem contato com o cliente.
O cliente que procura a loja procura não somente o produto ou serviço, ele procura atendimento
personalizado e qualificado.
A seguir, veja na figura 5 alguns dos fatores que fazem com que uma equipe seja eficaz:
Direciona-
mento
Interação Estrutura
Equipes de
Alta Liderança
Clima
Organizacio- Eficaz Pessoas
nal
Suporte Desenvolvi-
mento
Como você pode perceber, existem vários fatores que podem contribuir para uma equipe de
sucesso. Entretanto, se pararmos para analisar, são pontos básicos que um gestor precisa propor-
cionar ao seu colaborador, correto? O gestor possui um papel indispensável no desenvolvimento
de sua equipe, sendo necessário prepará-la e treiná-la para que seu resultado saia conforme
o esperado. Algumas empresas preferem a contratação de pessoas sem experiência na área de
vendas para que possam aprender as técnicas de vendas conforme a política da empresa, evi-
tando os chamados “vícios” que muitos vendedores tomam para si ao longo da carreira. Mas
também é possível a contratação de um vendedor experiente que, com a devida orientação do
gestor, possa se desenvolver e se adaptar da melhor forma possível ao perfil da empresa con-
tratante. A escolha de um vendedor com ou sem experiência dependerá basicamente de sua
necessidade e tempo disponível.
Entretanto, para poder desenvolver uma equipe qualificada, é crucial que o gestor conheça seus
colaboradores, conhecendo bem o seu potencial. É importante conhecer os objetivos do funcio-
nário dentro e fora da empresa, ou seja, conhecer de fato cada membro da equipe. Os feedba-
cks devem ser dados com frequência, pois o colaborador não sabe se o caminho tomado está
correto ou se precisa de outro. O mais importante é que ele saiba o porquê de suas atribuições
e orientações, pois, dessa forma, poderá desenvolver suas habilidades com excelência, sempre
visando ao atendimento das orientações do gestor.
As empresas, a cada dia que passa, percebem que a gestão de pessoas é a chave para alcançar
seus objetivos, e o gestor que consegue desenvolver sua equipe será um líder de destaque.
• Você aprendeu também que existem vários estilos de gestores e que formas diferentes
buscam os mesmos resultados.
25
Referências Bibliográficas
Administração de Vendas. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/24950892/Administracao-
-de-Vendas-Castro-e-Neves#scribd> Acesso em: 22 mar. 2015.
GIL, A. C. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GRAHAM, P. Mary Parker Follett – Profeta do Gerenciamento. 1. ed. São Paulo: Qualitymark,
1996.
27
Capítulo 2 Ferramentas e Práticas
de um Gestor de Vendas
Introdução
Vamos mostrar aqui uma seleção de ferramentas à disposição de um gestor de vendas, pois, para
gerenciar equipes é preciso de recursos, certo? Você saberá qual a importância de cada uma
dessas ferramentas e como utilizá-las como um diferencial competitivo, ou seja, como usá-las a
seu favor para obter resultados significativos.
Vamos iniciar nossa leitura com uma ferramenta primordial para o seu sucesso de curto, médio e
longo prazo, que é o recrutamento e seleção e em seguida a motivação e a capacitação de equipes.
Desejamos um excelente estudo e que, ao final, você consiga ter compreendido as etapas dos
processos para colocá-los em prática. Vamos lá?
Como selecionar o melhor candidato? Quais os passos a serem seguidos para realizar o recru-
tamento e seleção? Se as suas maiores dúvidas são essas, neste tema serão abordados cada um
desses tópicos que te levará a compreender e aprender como trabalhar de uma forma a obter
resultados significativos com as equipes. Após esta abordagem inicial você saberá como obter
maior produtividade através da capacitação dos colaboradores, e como estimular a motivação
em cada um.
Toledo (1986, p.88) define que “treinamento na empresa é ação de formação e capacitação de
mão-de-obra, desenvolvida pela própria empresa, com vistas a suprir suas necessidades”. Ou
seja, a empresa investe em um processo de desenvolvimento interno, que visa entender as neces-
sidades de capacitação e as dificuldades dos funcionários para obter melhores resultados e com
isso os prepara e aplica a capacitação desenvolvida dentro da empresa.
De acordo com as definições citadas, pode-se dizer que o treinamento é um processo de edu-
cação profissional, que é desenvolvido pela própria empresa, para que suas necessidades sejam
supridas com colaboradores preparados para tais funções.
Segundo Churchill (2000, p.522): “[...] os programas de treinamento consomem em média 35%
do tempo em informações sobre o produto, 30% em técnicas de vendas, 25% em informações
gerais sobre o mercado e a companhia e 10% em tópicos como a ética nas práticas de venda”.
Definir se a empresa deve ter ou não o treinamento interno não é uma tarefa fácil, pois demanda
tempo, como destaca o autor. Para isso é necessário a realização de uma análise profunda de
cada organização.
Em seguida estudaremos a motivação, que é uma manifestação de uma vontade interna que faz
com que cada pessoa se sinta estimulada a conseguir atingir seus objetivos.
Existem muitas formas e meios para se executar o recrutamento. Contudo, cada autor muda a
nomenclatura e a divisão dos meios. Tanto o recrutamento quanto a seleção ocontecem interna
e externamente. Para empresas bem desenvovidas em gestão de pessoas, oferecer o recrutamen-
to e seleção internamente é uma norma. Oferecer internamente significa abrir a vaga para os
colaboradores que já estão na empresa. Os recursos mais comuns atualmente utilizados são os
meios de comunicação internos das empresas: murais, jornais, intranet, informativos, reuniões,
informativos eletrônicos etc.
De acordo com Gil (2007), há nove formas de se realizar o recrutamento, a ordem proposta
esclarece como funciona o processo. Veja quais são elas:
2. Cartazes;
3. Recomendação;
4. Pessoal dispensado;
5. Agências;
6. Associações profissionais;
7. Anúncios;
8. Headhunters (caça-talentos);
9. Internet.
Note que, em primeiro lugar, ocorre a busca no ambiente interno. Entretanto, Chiavenato (2004)
expõe que, apesar do recrutamento interno ser a prioridade, algumas organizações preferem
buscar novos colaboradores, ou seja, utilizar o ambiente externo diretamente e não possibilitar
oportunidades externas. No recrutamento externo, a empresa tem a possibilidade de enriquecer
suas atividades e aumentar a eficácia de seus objetivos organizacionais, inclusive no preenchi-
mento de vagas surgidas pelo fim da criação de novos cargos a partir do contato com novas
culturas e experiências trazidas pelos novos talentos. Mesmo assim, isto não deveria excluir a
possibilidade de buscar talentos internamente.
Quando as organizações optam pelo recrutamento interno, existem alguns pontos importantes
a serem levados em conta, como o fato dos colaboradores já estarem acostumados com a cul-
tura da empresa, além do processo ser mais rápido e mais econômico e a autoconfiança dos
colaboradores aumentar, pois conseguem perceber que a empresa valoriza as pessoas dentro
da organização. Contudo, existem alguns pontos negativos quando se escolhe fazer o processo
internamente, são eles: se a empresa não possui um plano de carreira e um RH que faça um
processo fiel aos ensinamentos deste tema, o processo pode falhar e desmotivar, levando à perda
de funcionários.
A forma de divulgar as vagas e realizar o processo de recrutamento interno segue o mesmo for-
mato citado anteriormente. Para entender melhor como funciona esse processo, observe a figura
a seguir:
31
Técnica e prática de vendas
Estratégias
Definição da Definição do Pesquisa no Divulgação da
Vaga Perfil Banco de Talentos Vaga
e Web...
Provas de
Recebimento dos Triagem e Análise
Entrevistas Conhecimento
Currículos dos Currículos
Específico
Dinâmicas
Capacitação na
Parecer Técnico Área de Atuação Fechamento
dos Candidatos
Quanto ao descritivo de cargo para o perfil de Vendedor, ele precisa conter a missão da função,
que pode variar de acordo com a empresa e os objetivos. Veja um exemplo: “Conduzir operações
de vendas, atendendo as expectativas dos clientes internos e externos, cumprindo metas, seguin-
do os processos definidos e garantindo um elevado índice de satisfação”.
Em seguida, incluir as atividades que serão executadas neste cargo, que podem seguir os passos
do processo de vendas e incluir outras atividades complementares ou podem ser definidas de
acordo com a necessidade de cada setor ou área do mercado.
Carga horária e local de trabalho varia de acordo com a empresa. Habilidades técnicas reque-
ridas: formação profissional desejada, cursos ou especializações na área de vendas ou áreas
afins, informátíca, conhecimento de matemática financeira, conhecimento técnico do produto,
dentre outros.
2. O gestor de vendas só participa da entrevista e ainda não está preparado para fazer as
melhores perguntas e análises de cada candidato.
3. Não é feito um plano de inteligência para encontrar o talento, de forma que o recrutamento
é falho, o anúncio mal elaborado, não destacando os pontos de atração para a vaga,
começa errado e segue sem sucesso.
7. Decisão de ficar com um finalista fraco por pressa ou por achar que o mercado não
oferece pessoas melhores.
2.1.4 Treinamento
Após o processo de recrutamento e seleção ter sido finalizado, passa-se para uma etapa pri-
mordial do desenvolvimento de cada colaborador: o treinamento. O objetivo do treinamento
precisa ser o de melhoria e satisfação no trabalho a ser realizado pelos funcionários, e para isso
é preciso que seja um processo preciso, assertivo, bem elaborado considerando o público-alvo
e objetivos, e dinâmico.
Treinar e desenvolver pessoas são como polir a pedra selecionada pelo minerador. Geralmente
as empresas consideram um treinamento inicial padrão, para incluir e ambientar os novos co-
laboradores com a cultura, normas e regras, missão da empresa e outras necessidades. Esse
processo se chama Integração. Um novo integrante irá possuir maior produtividade se se sentir
confortável nonovo ambiente.
Se, por exemplo, uma empresa de telefonia contrata novos vendedores e precisa treiná-los, pro-
vavelmente o treinamento será sobre os produtos oferecidos, a forma que a empresa trabalha,
como oferece seus serviços e de que forma cada vendedor deve atuar no mercado para atingir
suas metas.
Sabemos que o mercado está cada vez mais exigente e os clientes cada dia mais preparados.
Para atender a esta demanda, a equipe precisa estar alinhada, informada e treinada. Uma equi-
pe treinada e informada possui maiores chances de atingir seus objetivos.
33
Técnica e prática de vendas
Pense no seguinte caso: ao analisar uma empresa do varejo que possui algumas lojas, é possível
colocar os novos vendedores para treinar juntamente com os antigos para que aprendam como
funcionam os processos como vendas, sistema, estoque, produto e abordagem ao cliente. Dessa
forma, os colaboradores envolvidos entendem a importância de estarem sempre atualizados, e
também é uma forma de dividir conhecimentos e aprender com novas experiências.
O ideal para qualquer empresa é possuir um manual de treinamento, que possua o passo a pas-
so de todas as etapas a serem aprendidas, e como serão desenvolvidas. Assim, quem irá ministrar
o treinamento precisa ter um rumo, orientando o colaborador com as informações corretas e
pertinentes do processo.
Outra opção, muito usada atualmente pelas empresas, é terceirizar o treinamento contratando
empresas que conduzam os programas de treinamentos anualmente, semestralmente ou até mes-
mo mensalmente. Essa empresa deverá estar preparada para atender os objetivos e deve guiar
a equipe, e ao final de cada treinamento avaliar os conhecimentos e habilidades aprendidas.
O treinamento não precisa ser apenas presencial, ele pode ser também virtual. Muitas organi-
zações investem atualmente em treinamentos na rede interna da empresa, para que o próprio
colaborador possa acessar os cursos relacionados ao seu setor, reservar parte do seu tempo para
estudá-lo e ao final fazer o teste para praticá-lo. O ensino a distância tem crescido brutalmente e
evoluído nas técnicas de aprendizagem, isso facilita o desenvolvimento de empresas de pequeno
e médio porte e possibilita que o colaborador invista seu tempo, incrementando a sua formação
e facilitando o desenvolvimento de sua carreira profissional. Como atrativo para o aumento da
participação no ensino à distância, algumas empresas criam pontuações, certificados, prêmios
e reconhecimentos ao participante. Outro exemplo positivo são empresas em que cada cargo
possui diferentes acessos a diferentes cursos no sistema interno disponibilizado.
Um vendedor tem em sua página de acesso os cursos pré-selecionados para ele e que seriam
importantes para seu desenvolvimento, de acordo com a função desempenhada. Ao final de
cada mês, o colaborador que realizou os cursos ofertados e teve notas acima da média recebe
seu certificado e uma pontuação. De acordo com essa pontuação, o funcionário concorrerá a
prêmios. Esse incentivo faz com que o colaborador fique mais motivado a fazer esses cursos,
aprendendo sobre determinados temas essenciais para seu cargo.
Um ótimo recurso para se certificar de que um treinamento será efetivo é levantar as necessidade
e fazer avaliações tendo como princípio as prioridades de conhecimento, habilidades e atitudes,
que podem ser utilizadas igualmente para facilitar a descrição de cargos e na seleção por com-
petências.
35
Técnica e prática de vendas
Utilizando essa metodologia, fica evidente que cada treinamento terá suas particularidades, vi-
sando atender às demandas de cada cargo e das necessidades atuais da empresa. Para o trei-
namento e desenvolvimento, buscar indicadores de competência é o ideal e, assim, possuir um
marco inicial e avaliar cada evolução. Colaboradores bem treinados sempre estão melhores
preparados para a execução bem sucedida da função, e também mais capazes de contribuir para
identificar qual de suas habilidades precisarão aprimorar para conseguir chegar a seus objetivos
como metas e se preparar para novos cargos e promoções. É função de o gestor estar atento ao
desempenho de suas equipes e orientá-los a buscar melhorias.
2.1.5 Motivação
A motivação envolve três principais fatores: sociais, emocionais e biológicos. Eles precisam estar
em harmonia para que se consiga atingir um objetivo. Um vendedor motivado está sempre à
frente, mais engajado para atingir suas metas, conseguindo sucesso e mantendo a motivação.
Ou seja, atingir suas metas também o motiva. A motivação é interna, mas existem fatores exter-
nos que colaboram para que ela ocorra.
Para Abraham Maslow - célebre americano, conhecido, sobretudo por sua teoria da motivação e
hierarquia de necessidades humanas - a motivação humana era seguida por uma hierarquia de
cinco necessidades, que iniciavam nas necessidades mais básicas e vão até as mais elevadas de
autorrealização. Ele afirma que, para o homem atingir seu pleno desenvolvimento e motivação
precisa possuir bons níveis de satisfação fisológica, de segurança, de amor, de estima (reconhe-
cimento) e de autorrealização.
Cada pessoa possui características diferentes que irão definir o grau de importância de algo para
ela. O gestor precisa conhecer o seu colaborador, pois esse conhecimento fará muita diferença
na hora de identificar a falta de motivação. Um dos gatilhos mentais é o gatilho do objetivo, e é
esse o principal motivador do trabalhador.
A maior preocupação dos gestores atualmente, na parte de gestão de pessoas, está na motiva-
ção das suas equipes. Saber quais as suas necessidades, seus desejos e seu sonhos irá ajudar
você a fazer com que o funcionário se mantenha no caminho da realização.
Trabalhar com vendas é trabalhar com metas. Algumas empresas fixam metas desproporcionais,
impossíveis de serem atingidas pelas equipes. Isso faz com que os trabalhadores percebam que
não alcançarão os objetivos e, no meio do processo, desistam de buscar resultados, se tornando
uma equipe desmotivada.
Quanto mais o gestor conhecer sua equipe, mais ele poderá ajudar a despertar em cada um
sua motivação para alcançar a meta determinada. Montar um painel simulando os resultados
da equipe numa corrida de kart, onde todos possam acompanhar a meta individual e coletiva,
em geral incentiva o time. Muitas vezes, um reconhecimento em frente de toda a equipe já faz a
diferença. Manter a equipe integrada e cooperativa cria um clima positivo. Em geral, as equipes
de vendas apresentam-se de forma alegre e descontraída e esse clima é muito favorável para a
autoconfiança (sentir que eu posso, eu consigo), que tem uma relação direta com a motivação.
Em uma loja de departamento que trabalha com produtos e serviços como a garantia estendida,
com certeza o lucro maior está no serviço e não no produto. Logo, o crescimento da venda dos
serviços consequentemente aumenta o lucro de gestão. Para que isso ocorra, será necessário que
os vendedores consigam vender esse serviço.
Normalmente os integrantes das equipes dizem que é muito difícil fazer a venda da garantia
estendida porque os clientes não mostram interesse. Nesse caso, o gerente da loja deve ter a
iniciativa de mostrar como oferecer o serviço e explicar claramente ao cliente o que ele está
adquirindo, concentrando-se nas vantagens. Além disso, esse gerente percebeu que sua equipe
estava trabalhando de forma muito estressante e precisava de um descanso, um momento de
relaxamento. Ele fez parceria com um hotel de praia, promovendo o sorteio de estadias no hotel,
tanto para os clientes que adquirissem o serviço, quanto para os vendedores responsáveis pela
venda. A possibilidade de obter o prêmio motivou a equipe, que passou a se dedicar ainda mais
para alcançar as metas definidas. Ou seja, ele utilizou da ferramenta do desejo e, ao final dessa
estratégia e ações, sua equipe estava mais bem treinada, motivada e aprendeu que ganharia
mais vendendo os serviços juntamente com os produtos.
37
Técnica e prática de vendas
Figura 4 - Os 4P’s.
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-UZPXZ3TWIf0/VADH4_6WFCI/AAAAAAAAJQ4/TGsORnE_V68/s1600/4Ps.png.
• Produto: qual é o seu produto e suas características, como material, cor, tamanho,
funções etc.
• Promoção: como será feita a divulgação do seu produto? Quais os meios de comunicação?
Observe o seguinte exemplo de uma possível campanha de marketing: o produto será uma ca-
neta de metal, que é feita para escrever em vidros e será de fácil remoção com álcool. A caneta
terá primeiramente três cores básicas, como preto, azul e vermelho. O cliente em potencial é
todo o cliente que deseja escrever em vidros, seja para decorar ou uma apresentação. Seu preço
unitário será de R$ 30,00. Ela será vendida nas lojas próprias da marca espalhadas pelo país.
Sua divulgação será através de mídias sociais, revistas e televisão.
Perceba que quando se conhece o produto e o público, é possível definir preço e a forma de pro-
moção. Mais à frente neste tema serão abordados alguns pontos deste mix de marketing, como
a promoção, por exemplo.
39
Técnica e prática de vendas
VOCÊ O CONHECE?
O empresário brasileiro Alexandre Tadeu da Costa começou sua trajetória de sucesso
em um fusca branco, vendendo chocolates em padarias e supermercados de São Paulo.
Hoje é o proprietário da Cacau Show, suas fábricas de chocolates produzem mais de
10 mil toneladas/ano.
2.2.2 Smarketing
A definição para este termo é simples: Sales + Marketing (Vendas + Marketing) = Smarketing.
Se você já teve vivência profissional na área comercial, você já deve ter ouvido questionamentos
como este: “Por que a equipe do marketing está se empenhando em divulgar produtos que não
temos disponíveis para vender?”, ou já ouviu alguém do marketing dizer: “Não entendo o que a
equipe de vendas quer, eles parecem perdidos e sem foco, não aproveitam nossas iniciativas”.
Esses questionamentos entre as equipes acontecem quando existe um distanciamento entre os
setores. Essa falta de comunicação faz com que, ao invés de remarem na mesma direção, as
equipes acabem indo em lugares opostos e o resultado é a não obtenção dos resultados espe-
rados. O gestor de vendas pode possibilitar que as equipes trabalhem em sintonia, alinhando as
informações e necessidades periodicamente. Esse é um desafio e uma excelente estratégia para
vender mais e melhor! Depois uma ótima experiência trabalhando lado a lado, isto se tornará um
hábito e naturalmente potencializará resultados futuros.
Para que haja um alinhamento das equipes de vendas e marketing, é necessário que se iniciem
mudanças e se criem culturas internas para que ambas colaborem umas com as outras. Mas,
como? Veja os passos a seguir:
• Entender qual o papel de cada setor para que todos possam praticar o objetivo comum,
ainda que de formas diferentes.
• Realizar reuniões, pois com elas poderá se falar das dificuldades do dia a dia enfrentadas
pelas equipes e sugerir soluções.
• O gestor pode facilitar o envolvimento das equipes, para que trabalhem juntas
desenvolvendo ideias em conjunto.
• Realizar feedbacks com as equipes após cada campanha ou mudança de estratégia para
entender se o caminho é o tomado ou se é necessário algum reajuste.
Esta comunicação e entendimento resultam em colaborações efetivas como quando, por exem-
plo, um gestor de venda entra em contato para contar sobre a concorrência, o que está aconte-
cendo ao redor, o que os clientes buscam e não encontram. Outro exemplo que pode ser citado
é quando um gestor de vendas percebe que seu concorrente está praticando ações como sorteio
de brindes.
Não é simples a tarefa de unir esses dois setores, para isso é necessário um trabalho contínuo de
conscientização. Um case de empresa que trabalha de forma correta quando o assunto é enten-
dimento entre vendas e marketing, é a marca de vestuário Reserva. Quem já teve a oportunidade
de acompanhar os trabalhos de marketing da empresa e a forma de gestão de Rony Meisler, que
não gosta de ser chamado de presidente, pode perceber que existe um sincronismo entre todos
os setores. Recentemente a empresa divulgou em suas redes sociais a história de um vendedor
ambulante que foi a uma das lojas “testar” um produto e encantou a equipe de vendas com
sua simplicidade. A equipe de vendas repassou a história para o setor de marketing. Foi então
que surgiu a ideia de presentear o rapaz no dia do seu aniversário. Entretanto, o rapaz ganhou
de presente de outra cliente uma quantia em dinheiro e pôde assim comprar os produtos que
queria. Rapidamente a equipe, que estava em sincronia, resolveu comprar bolo e balões, para
comemorar o aniversário com ele naquele momento. É um gesto pequeno, mas que repercutiu
positivamente nas redes sociais rapidamente.
A partir de agora você entenderá a importância desses dois questionamentos para os resultados
das organizações e, de que forma esses fatores podem impactar positivamente ou negativamente
nos objetivos das empresas.
41
Técnica e prática de vendas
Figura 5 - Pesquisa de mercado é o cálculo feito para saber quanto os clientes estão dispostos a gastar.
Fonte: Shutterstock, 2015.
O potencial do mercado visa praticamente o cálculo feito para descobrir quanto de dinheiro a
população local está disposta a gastar por determinado produto. Para isso existem empresas que
fazem essas pesquisas, levando em consideração o fator gerador da demanda, por exemplo.
Esse fator visa identificar o ramo de atividade da organização e negociar com os clientes em
potencial existentes na região. Os dados podem ser levantados através de pesquisa de campo
ou com dados oficiais publicamente divulgados. Saber o potencial do mercado é saber quanto
sua organização poderá faturar em determinado local. A seguir veja um exemplo de uma análise
potencial de um mercado de consumo, na área da beleza, separado por classe:
Número de Potencial de
% % Potencial
Classe Domicílios em Consumo
Domicílios de Consumo
Área Urbana (R$ bilhões)
Assim, se a empresa trabalha com cosméticos, poderá analisar, de acordo com a classe que se
enquadra, qual seu potencial de venda de acordo com o consumo. Se o produto a ser vendido
é para a classe A, talvez essa região em questão não seja a mais indicada, pois essa classe está
em menor quantidade e possui menor potencial de consumo. Entretanto, se a organização tra-
balha com a classe C, perceberá que o mercado da região, de acordo com a tabela, é o maior
e o que mais consome.
• Saber quais os hábitos e costumes dos clientes da região – isso é importante para perceber
quais ações serão bem aceitas. Imagine uma cidade de interior que preza pela família,
43
Técnica e prática de vendas
festas tradicionais e sua empresa resolve fazer uma ação que é contra os costumes da
cidade e dos clientes em potencial? Provavelmente o resultado seria desastroso, correto?
2.4.1 Promoção
Quando o assunto é promoção, fala-se sobre uma ação com prazo determinado. Para essa
divulgação são utilizados alguns informativos como placas, cartazes, adesivos, entre outros, co-
locando em destaque o produto ou serviço desejado.
A promoção visa atrair o cliente para dentro da loja, por exemplo. Instigar o desejo ou necessi-
dade por um produto anunciado. A promoção muitas vezes é utilizada para gerar o fluxo para
dentro de um ambiente, gerar um movimento para que chame atenção de quem está fora da
loja e faça com que queira entrar. A promoção pode ser de um produto em lançamento, ou um
produto que está com o giro baixo de venda ou até mesmo para liquidar estoques de uma tem-
porada como as liquidações de troca de estação.
A promoção, quando bem elaborada, gera excelentes resultados para a organização. Quando
trabalhada com o merchandising, seu resultado pode ser ainda mais satisfatório.
2.4.2 Merchandising
A principal diferença do merchandising em relação à promoção é a relação com o cliente, ou
seja, o merchandising é o conjunto de técnicas, ações ou materiais no ponto de venda, que tem
como seu maior foco o cliente, que já está dentro da loja. Essas ações visam influenciar e des-
pertar o interesse e a tomada de decisões por parte dos consumidores.
A criação de uma embalagem diferente, uma forma diferente de colocar em evidência os produ-
tos, os layouts dentro das lojas, são alguns exemplos de merchandising que podem ser usados
na busca por atrair os olhares dos clientes.
Quando a empresa utiliza corretamente essa ferramenta do marketing, juntamente com a promo-
ção, onde um atrai o cliente e o outro trabalha com o fechamento, aglutinando todos os setores,
o resultado é ainda mais assertivo.
45
Síntese Síntese
• Neste segundo tema você conheceu mais sobre recrutamento, seleção, treinamento e
motivação, além de aprender a importância de cada um deles dentro da organização.
Aprendeu algumas das diversas formas de divulgar, pesquisar e determinar as vagas,
assim como qual o ciclo deve ser seguido para ter maior assertividade. Compreendeu
que para ter uma equipe preparada é necessário prepará-la, seja com treinamentos
internos, externos ou multimídias, para que assim a equipe esteja alinhada com produtos
e obtenha informações úteis para seu trabalho no dia a dia. E entendeu que a motivação
é a locomotiva de uma equipe, que gera a força de buscar pelos desafios e metas, além
de compreender que o gestor é o timoneiro do barco que leva seu time a determinado
ponto a ser conquistado.
• Por fim, você aprendeu que o gestor possui diversas ferramentas para gerir seu negócio
e equipe, e para isso é necessário conhecê-las para saber como aplicar na prática da
melhor forma a obter os resultados positivos. Ser gestor não é uma tarefa simples, é
necessário estar atento aos diversos acontecimentos ao redor, seja em sua equipe ou nos
números. Quando existe um entendimento e conhecimento de quais são as ferramentas
disponíveis para poder exercer a função, a facilidade de lidar com situações diversas
acaba por surgir, pois existe a informação disponível, basta aproveitá-la da melhor forma
possível para alcançar os objetivos.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos: O capital Humano das organizações. SsO capita Editora
Atlas, 2004.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: criando valor para os clientes. 2ª Edição. São Paulo :
Saraiva, 2000.
GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. 1. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Introdução de Marketing. São Paulo: LTC, 1999.
MASO, Luciano. Marketing de Relacionamento: o que é? Pare que serve? Qual sua importância
para o cliente? RACI Revista de administração e ciências contábeis do IDEAU. v. 5, n. 10, Jan.-
-Jun. 2010 – Semestral. ISSN 1809-6212.
Os 4. Ps. http://4.bp.blogspot.com/-UZPXZ3TWIf0/VADH4_6WFCI/AAAAAAAAJQ4/TGsOR-
nE_V68/s1600/4Ps.png. Acesso em: 8 abr. 2015.
47
Técnica e prática de vendas
RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por competências. 2. ed. S i Paulo: Educador, 2001.
Introdução
Já aconteceu de você ter deixado de entrar em uma loja para comprar um produto porque per-
cebeu que tudo parecia desarrumado? E já ocorreu de você entrar e se sentir deslocado e sair?
Quer saber quais os fatores que fazem isso acontece? Existe um braço do marketing que explica
o porquê: o merchandising.
Para tanto, muitos atributos são requeridos, como, por exemplo, cores, iluminação, design, per-
sonificação da decoração, a forma de exposição dos produtos, a arquitetura mais adequada,
estudos de geomarketing indicando a localização ideal, conhecimentos de neuromarketing, psi-
cologia, sociologia, a relação da marca com todos os detalhes e atributos escolhidos, entre
outros. Tudo isso para atrair e reter clientes no trade marketing (operações de varejo). De acordo
com Kotler (2000, p. 240), “O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou
serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial”.
Vamos conhecer mais dessa incrível estratégia que é a que atualmente mais se aproxima do
cliente final e só perde em importância para o relacionamento com o cliente?
49
Desafios contemporâneos
E isso não acontece apenas com a disposição dos produtos, mas como efeito de todo o conjunto
sincronizado e harmônico que estimula o desejo e simultaneamente transmite o valor do bem, do
beneficio e da beleza da marca. Para um gestor, ter um diferencial assim maximiza a capacidade
de obter resultados e atingir ou ultrapassar as metas.
A evolução do merchandising visual ocorreu de forma gradativa e hoje ele não se limita ao show
room da loja e vitrines. Ele cobre a necessidade de chamar a atenção do cliente por todos os
meios possíveis. A ideia é sempre fornecer ao cliente uma ótima ou extraordinária experiência
de compra.
Você sabe por que o ambiente da loja é extremamente importante? São dois os motivos princi-
pais. Primeiro porque ele toma grande parte do esforço visual do cliente e segundo porque, de
acordo com Dunne e Lusch (2013), 70% das compras ocorrem de forma não planejada, ou seja,
o cliente entra no ambiente da loja por um impulso interno. Então, se você oferece um ambiente
de conforto e especialidades, esse impulso será retroalimentado, o que pode disparar intenções
de compra.
E a visibilidade da sua loja, ela é atrativa? O que pode ser feito para que ela fique ainda mais
chamativa e harmônica? Veja, a seguir, algumas sugestões. São sete ideias de diferenciação vi-
sual, sugeridas no guia de visual merchandising para gestores de venda e vendedores, propostas
por Jyppe Quidores (2012, p. 3):
51
Desafios contemporâneos
O ponto de venda tem se tornado cada vez mais frequentemente um espaço para gestão e
comunicação da marca, e os investimentos feitos nesse alvo já geraram resultados facilmente
mensuráveis. Você sabe como tudo isso começou?
Com a pressão da competitividade do mercado entre as marcas e dos acionistas que buscam
maior retorno sobre o investimento (ROI), a necessidade de resultados em curto prazo se acelera.
Além disso, a propaganda, apesar de ser ainda o principal veículo para a construção de marcas
de consumo de massa, vem perdendo espaço para novas ações de comunicação comercial, o
que deixa lugar para a criatividade na utilização do merchandising visual no ponto de venda.
[...] conjunto de associações e comportamentos por parte dos consumidores de uma marca,
distribuidores e empresa mantenedora da marca que permite à marca obter maior volume de
vendas ou maiores margens de mercado do que seria possível sem o nome da marca, assim
como uma mais forte e sustentável vantagem diferencial sobre os concorrentes.
Blessa (2003) explica que é possível utilizar técnicas de merchandising explorando conceitos e
comunicações sobre uma marca por meio de embalagens, exposição nas prateleiras, displays e
outros materiais que auxiliam na comunicação.
Ter visibilidade significa, sob o ponto de vista de vendas, fazer com que um produto seja percebido
pelo consumidor entre uma infinidade de outros também expostos. A embalagem tem por função
principal ocasionar a venda do produto, isto é, deve possuir características que sugiram seu uso
e um poder de visibilidade bastante forte, porque o consumidor, ao atravessar os corredores de
um hipermercado ou de uma loja com o propósito de adquirir algum artigo específico, detém-se,
muitas vezes, para observar artigos bem diversos que chamaram sua atenção (BLESSA, 2003).
É muito comum entre os gerentes comerciais o discurso de que ele fica tão ocupado com as
tarefas cotidianas e com problemas de vendas que ele não tem tempo de planejar ou atuar em
outras frentes. Esse tipo de discurso demonstra que esses gerentes têm dificuldades com a gestão
53
Desafios contemporâneos
Tenha muita atenção com a sua profissão: sua missão é gerir, orquestrar, fazer com que tudo
aconteça, e não ficar correndo de um lado para outro da loja, o que denota falta de controle e
de ausência de gestão. Para tanto, planejar e agir no todo e no detalhe de maneira ordenada e
com segurança é fundamental.
Agora, escolha uma de sua preferência nessa lista e se exercite em descobrir quais as estratégicas
de merchandising visual pelas quais você se sente atraído. Publique esses resultados no fórum
virtual e leia também o que seus colegas pensam.
Então, para ser mais assertivo, analise todo o processo de compra e pense se tudo tem coerência
do início ao fim. Tudo o que acontece desde antes da entrada do cliente até depois que ele sai
da loja faz parte do processo. Faça uma lista dos estímulos que ele pode ter e do que ele conse-
gue enxergar nesse processo. Esse estudo já vai gerar informações para o seu planejamento. Em
seguida, aprofunde-se buscando aprimorar cada passo. Envolva a equipe em algum momento
desse desafio, quando suas análises e seu plano estiverem mais adiantados. Equipes envolvidas
são muito mais motivadas, além disso, seu time pode incrementar as possibilidades de melhoria
do seu plano.
Comece pelo início do processo e, ao final, não se esqueça da embalagem, que é muitas vezes
negligenciada. Veja, a seguir, como a embalagem pode ser uma peça-chave nesse conjunto.
Cores, tamanhos, logotipos, aromas, texturas, tipografia, design: tudo isso se comunicando com
nossos sentidos e comunicando a atratividade do produto ou serviço e o valor da marca.
55
Desafios contemporâneos
Podemos pensar em outros exemplos de embalagens que podem influenciar no poder de com-
pra. De acordo com a sua experiência pessoal, diga uma embalagem com a qual você tem uma
ligação especial em detrimento de outras. Utilize um minuto do seu tempo para se lembrar de
alguma! Conseguiu? Como foi a experiência? Se você fez o exercício, vai saber que, quando
encontrou uma embalagem preferida, não teve dúvidas de que ela foi importante, uma parte do
produto. E para diferenciação, o que você pensa? Marcas que estão investindo no apelo eco-
lógico podem ser um bom exemplo. Supermercados que aboliram de vez a sacola de plástico
e oferecem gratuitamente sacolas de papel bonitas, charmosas, com a logomarca da empresa,
transmitindo elegância, porque está impressa em um material de qualidade, com alças resisten-
tes, que acomodam as mãos preparando você psicologicamente para carregar o peso, em que
os produtos se encaixam perfeitamente, não ficam balançando para lá e para cá. Se você mora
em São Paulo, já pode ligar o que estamos tratando com o Supermercado Santa Luzia, que fica
na rua Lorena, região dos Jardins, rua vitrine daqueles que querem passar em frente das lojas de
marcas da moda. Se você não conhece, vale a pena ir um dia para observar cada detalhe. Você
inclusive vai encontrar pessoas da família/proprietários que lhe darão as boas vindas.
Existe uma infinidade de outros exemplos: consumidores que só compram óculos de sol depois
de saber como é a embalagem. Quem compra esse produto pensa em mantê-lo na caixa para a
proteção e, quando a caixa destaca a marca, então ela acompanha de fato o produto e muitos
clientes gostam de mantê-la visível para os demais perceberem o valor do produto que adquiri-
ram ou ganharam. No caso da embalagem de óculos somente para proteção, ela rapidamente
é perdida.
Agora, se o valor dos óculos for elevado e a embalagem é decepcionante, não existe pior mo-
mento e o valor da marca cai brutalmente naquele instante. Viu como faz diferença?
E no caso das empresas de serviços, qual é a embalagem? Você quer arriscar? Os envelopes, por
exemplo, acompanham o portifólio, os relatórios, a proposta comercial. Cores, tamanhos, design
e o perfeito encontro com a marca diferenciam o serviço e ajudam a fazer com que o cliente
pague o preço elevado e enxergue o valor agregado em todos os detalhes.
O setor de embalagens tem sido um dos que mais cresce e que tem dobrado o faturamento
rapidamente no Brasil. A embalagem diferenciada é acessível para pequenas, médias e grandes
empresas. De acordo com Celso Negrão e Eleida Camargo (2008), mesmo assim, o mercado
ainda carece de melhores soluções. No Brasil, ainda faltam profissionais capacitados.
Assim, podem ser considerados elementos visuais do PDV a vitrine, os manequins, o layout que
seja capaz de conduzir o cliente ao produto ideal ou sinalizadores que silenciosamente auxi-
liam no desejo de compra. Igualmente impactantes são todos os detalhes do espaço físico no
interior da loja, assim como sons, cores, aromas, iluminação. Aspectos externos são igualmente
importantes, como a localização, que deve ser adequada para o seu público-alvo; a fachada
arquitetônica, que é o primeiro contato visual do consumidor com a loja, antes mesmo de entrar,
deve ser bem projetada e em sintonia com o espírito da marca, assim como letreiros originais,
impecabilidade da pintura e paredes, calçadas amplas e vitrines brilhante. Outdoors devem atrair
e fixar a atenção e rapidamente transmitir a mensagem do produto ou serviço, e, quanto mais
elegante, maior a impressão sobre o requinte. Já a tendência atual é utilizar tecnologia de pon-
ta adequada ao público-alvo de cada setor ou negócio. Por exemplo, você já percebeu que os
manequins em vitrines estão ficando cada vez mais semelhantes com uma pessoa e, mais ainda,
com a pessoa público-alvo do negócio? Isso aguça o desejo porque aumenta nossa capacidade
de identificação com o produto.
Considera-se que uma vitrine estratégica e uma iluminação sofisticada são dois poderosos ele-
mentos para fazer com que a marca fixe na mente do consumidor.
1. Ponto focal – É o que você deseja que chame a atenção do público. Escolha um ou mais
elementos, mas não muitos.
57
Desafios contemporâneos
3. Equilíbrio visual – Pode ser simétrico, como uma balança que distribui igualmente os
pesos em cada lado do espaço disponível, considerado tradicional ou assimétrico, um
lado não é uma réplica do outro, mas existe harmonia.
Para que se crie uma vitrine de impacto e inovadora o suficiente para ser, de fato, notada,
é preciso associar a apresentação do produto, uma série de elementos, que desde cores e
texturas, passando por uma iluminação técnica e lisonjeira até a escolha dos manequins, que
devem corresponder ao público alvo da marca, ‘seja na gestualidade ou formato do corpo’.
(RUIC, 2011)
Vitrines digitais podem ser usadas para fins de único PDV ou permitir a interação de diferentes
informações ou produtos em outro local.
• Fluxo de loja
Estritamente falando, seria o tráfego de clientes em uma loja. Significa que os clientes se loco-
movem livremente em um fluxo relativo, em uma loja ou um shopping.
Esse termo também é usado às vezes indevidamente para designar o tráfego e o fluir de pedestres
passando perto do ponto de venda.
A análise do fluxo de clientes em relação aos itens, setores ou tipos de produtos de uma loja é
uma otimização de merchandising para o fluxo de loja. Essa otimização qualifica mais o fluxo,
gerando mais informação pertinente às preferências dos clientes aos espaços, produtos, degus-
tações, etc.
Você já entrou num fast food com a intenção de pedir uma salada, mas sentiu o cheiro da
grelha fumegante e acabou pedindo um cheeseburguer triplo com bacon e uma porção de
batatas fritas? […] E provavelmente o cheiro não vinha de uma grelha fumegante, e sim de uma
lata de spray de fragrância. (LINDSTROM, 2009, p. 39).
Ou seja, os níveis de percepção podem ser compreendidos se soubermos o que atrai e retém a
atenção de alguém.
59
Desafios contemporâneos
VOCÊ O CONHECE?
O dinamarquês Martin Lindstrom é considerado uma das 100 pessoas mais influentes
do mundo e está entre os 30 maiores especialistas em branding. Ele é palestrante, au-
tor e consultor. Desenvolve pesquisas de neuromarketing utilizando neuroimagens. Em
fevereiro de 2016, lança o livro The Desire Hunter.
Aplicações RI permitem conectar, em tempo real e de forma interativa, variáveis internas como o
abastecimento, espaço, preço, promoções, pessoal, vendas e variáveis externas, áreas de tráfego
e mix comercial com vários parâmetros do comportamento do cliente, tais como magnitudes de
passagem de fluxo de pedestres, o tempo gasto na loja, a capacidade do local, e seus resultados
já estão sendo aplicados à estratégia de merchandising visual.
Juntamente com Scott C. Friend, ela escreveu um artigo na Harvard Business Review com o título
“O Novo Mundo do Merchandising”. Eles comentam que, apesar de gastar bilhões de dólares
em scanners e outros novos sistemas de computação e de comunicação no ponto de venda, os
varejistas continuam a pagar altos custos pela sua incapacidade de obter os produtos certos para
os lugares certos no preço certo na altura certa. Eles estimam que um terço de todos os bens são
vendidos a preços marcados abaixo do preço estimado para a venda.
3.2.4 Neuromarketing
A razão por escolherem um determinado produto pode ter até 80% de motivos inconscientes
ou implícitos. E o que ocorre no cérebro quando pensamos, falamos e agimos? A neurociência
tem avançado rapidamente com o advento do incremento de novas tecnologias. Tudo começou
quando as ressonâncias magnéticas começaram a ser utilizadas para estudos de marketing. Os
acadêmicos podem agora, facilmente, estudar os efeitos que palavras, emoções e pensamentos
têm no nosso cérebro, e novas descobertas surgem todos os dias.
Figura 7 – A neurociências demonstra que as principais rotas das tomadas de decisão ou da criação de preferên-
cias são emocionais.
Fonte: Shutterstock, 2015.
61
Desafios contemporâneos
Inúmeras perguntas já haviam sido feitas, mas eram respondidas por dedução ou suposição.
Com o avanço dos estudos, pode ser possível, por exemplo, executar uma simulação de um
lançamento de produto ou serviço para saber qual o provável comportamento do consumidor,
aumentando o nível de assertividade das marcas.
• aprendeu que, como gestor, planejar, coordenar ações, verificar resultados e fazer
melhorias ajuda sobremaneira a garantir consistência da gestão e de resultados, além
de garantir proteção e valorização da marca, ao passo que ideias descoordenadas e
impulsivas podem colocar tudo em risco;
63
Referências Bibliográficas
AAKER, D. On Branding - 20 principios que decidem o sucesso das marcas. Editora Artmed.
Porto Alegre, 2015.
AAKER, D. Brand Equity: gerenciando o valor da marca. Editora Negocio, São Paulo, 1998.
ALVES, L. Curso básico de visual merchandising aplicado ao têxtil e à moda. 1. ed. São
Paulo: Luis Miguel Tavares Alves, 2014.
KEHL, M.R. Videologias - ensaios sobre televisão. Boitempo. São Paulo, 2012.
KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall,
2000.
QUIDORES, J. A. 77 visual merchandising techniques and ideas: a simple guide to manage your
silent salesperson. Criativity Window, 2012. Disponível em: <http://www.creativitywindow.com>.
Acesso em: 16 jun. 2015.
RUIC, G. A arte de criar vitrinas que enchem os olhos. Exame.com, 11 out. 2011. Disponível
em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/a-arte-de-criar-vitrinas-que-enchem-os-
-olhos>. Acesso em: 13 jun. 2015.
WALKER, P.; FRIEND, S. Welcome to the new world of merchandising. Harvard Business Review,
Operations management, nov. 2001. Disponível em: <https://hbr.org/2001/11/welcome-to-
-the-new-world-of-merchandising>. Acesso em: 17 jun. 2015.
E o que você pensa sobre o alcance do e-commerce no cenário atual? Ele é importante?
Você acertou! Identificar as possibilidades de um e-commerce, planejar o negócio e conhecer o
que ele pode obter nos dias de hoje é fundamental, não somente para gerir o negócio de forma
eficiente, mas principalmente para ser o mais assertivo possível considerando os cenários exter-
no, interno e estratégico.
Buscar diferenciais e melhores soluções é válido para qualquer empreendimento, seja ele físico
ou virtual. É bom lembrar que, na competitividade, os mercados surgem com um determinado
tipo de jogo, que é o que caracteriza a forma de oferta e a demanda. Isso frequentemente impõe
a necessidade de um posicionamento para a gestão de desafios com diferentes níveis de dificul-
dades, a depender do setor escolhido e do jogo de oferta e demanda proposto pelo mercado.
65
Técnica e prática de venda
Figura 1 – O cenário de desenvolvimento do merchandising visual para o e-commerce está acontecendo agora.
Fonte: Shutterstock, 2015
O objetivo inicial do e-commerce, dentro de um ambiente incipiente, era lidar com a funcionali-
dade dessa nova iniciativa. Para que a comercialização acontecesse em ambiente virtual, foram
prioridades:
• a presença nas redes sociais, o que geraria futuramente as compras sociais, como você
verá mais adiante;
• o monitoramento de anúncios.
Após certa tranquilidade operacional, o mercado se ampliou e as questões funcionais não eram
mais o problema das empresas que já tinham se estabelecido no e-commerce. Inclusive, surgi-
ram, nesse mercado, as ofertas de plataformas prontas, em que você paga pelo serviço prestado,
coloca seus produtos nas prateleiras e tem alguém que entrega a operacionalização.
Em seguida, a evidência da vulnerabilidade das empresas ocorreu onde o valor das marcas é
facilmente afetado por esse volume massivo de comunicação na internet, principalmente pela
descoberta do poder das redes sociais. Profissionais de marketing se mobilizaram, aflitos com o
desafio de lidar com organizações e atividades cada vez mais complexas e até com possibilida-
des de mortes súbitas.
É nesse momento que o merchandising visual atinge o e-commerce de forma global. Novos tem-
pos, novos movimentos, novas descobertas e surpresas, além da necessidade de sair e se manter
na frente da onda.
Para Fabiana Damázio e Felipe Mesquita, professores da escola de negócios da FDC – Fundação
Dom Cabral:
O constante e rápido avanço das tecnologias de ponta, por exemplo, em favor do merchandising
visual, pode facilitar a realização de novas experiências de compra para os consumidores.
As novas tecnologias podem ajudar a melhorar não apenas os fluxos de informação, mas
também encurtar os canais e reduzir os custos da distribuição. Essas tendências colaboram
no processo de desintermediação. Surgem novos canais de distribuição, e as vendas diretas
pelo e-commerce tendem a aumentar, diminuindo a distribuição física tradicional. A integração
desses novos canais é mais um grande desafio no objetivo de construir uma nova experiência
de compra para os clientes (DAMÁZIO; MESQUITA, 2013, p. 3-5).
E para não errar no imprescindível, lembre-se de que um layout confuso aumenta a taxa de
rejeição da loja virtual. Qualquer problema com a segurança ou efetivação de pagamentos
abala a confiança do consumidor em relação à marca. Ao preparar seu merchandising visual em
campanhas, prepare-se também para receber tráfego de pico e faça benchmark do desempenho.
67
Técnica e prática de venda
Um exemplo: Dona Arlete foi concursada e trabalha no serviço público. É casada, tem 2 filhos,
uma vez por semana treina violino e nos finais de semana participa de apresentações em uma
orquestra. Ela nunca fez compras online e até pouco tempo atrás nem tinha acesso aos com-
putadores. Mas seus colegas se comunicam cada vez menos pelo telefone e esperam que ela
possa ter um email. Ela resistiu durante certo tempo, mas estava ficando fora das conversas e já
tinha perdido duas viagens com o grupo. Com incentivo dos filhos, comprou um iPad e começou
a acessar sites de músicas. Esse acesso deixou-a feliz por obter mais informações por iniciativa
própria. Mais tarde, criou uma conta de email. Como ela viajava para as apresentações da or-
questra, precisava ir a agências de viagens comprar as passagens. Um dia, recebeu uma promo-
ção de quatro dias com passagens pelo email com preço incrivelmente baixo e, com a ajuda do
marido, fez sua primeira compra virtual. A partir desse dia, ela não precisou mais ir até a agência
de viagens porque descobriu que pode comprar em sites seguros. Dona Arlete não nasceu na
era digital, mas agora é uma imigrante digital. Nunca será uma expert, mas consegue suprir suas
necessidades usando a internet.
O que muda os comportamentos? Qual o seu palpite? Barreiras culturais fazem com que algu-
mas pessoas tenham restrições ao uso da internet. O convívio social muitas vezes isola as pessoas
sem acesso digital, então, buscando reconhecimento social ou inclusão, as pessoas se esforçam
para quebrar resistências e barreiras a fim de estarem conectadas. Depois que experimentam e
enxergam vantagens, mudam a percepção e, quando mudam a percepção, mudam o compor-
tamento. Não é simples? No caso da Dona Arlete, o advento da tecnologia de informação foi o
principal impulsionador da transformação que ela teve, mas o motivo pelo qual ela mudou foi a
necessidade de interação social.
Tudo começa com uma entrada ampla seguida por zonas de descompressão para facilitar os
destinos do shopper, carrinhos e cestas disponíveis facilmente identificáveis assim que preciso
para iniciar o ato da compra o mais rápido possível, um perfeito corredor central com claras e
objetivas divisões de categorias, poucas e únicas trilhas fáceis de seguir com uma disposição de
produtos no final onde o cliente rapidamente faz suas escolhas para que outros compradores
possam vir atrás e fazer as suas. Easy, breeze, beautiful! (DANTAS, 2013).
Ele ainda afirma que o e-commerce quer, precisa e pode ir além do processo para facilitar a
usabilidade e a segurança de operações financeiras. Investir na afetividade proposta pelo mer-
chandising visual é fundamental, ou seja, o desafio é se espelhar no que ocorre no PDV (ponto
de venda) para realizar algo com mesmo efeito no virtual, tornando todas as etapas prazerosas.
Com mais pessoas comprando online e hoje, até algumas pessoas comprando APENAS online,
as lojas virtuais não podem apenas contar o envolvimento emocional que o cliente criou com a
loja física. Ao invés disso, deveríamos pensar em maneiras de permitir que esse envolvimento
puramente intuitivo se desenvolvesse também na experiência com o e-commerce. (DANTAS, 2013).
Além disso, ele sugere pesquisar a identidade dos consumidores, observando os clientes com
uma expressão de felicidade saindo das lojas físicas com as sacolas nas mãos. Então, pergunta:
Quais caminhos a tecnologia e o poder das redes sociais podem utilizar para obter um
processo de pós-compra que seja tão valioso quanto andar com uma sacola pelos corredores
de um shopping? [...] Tornar a compra pessoal e customizada pode ser o melhor gancho para
aumentar a lealdade ao seu canal online e promover sua marca através dos próprios clientes
(DANTAS, 2013).
A embalagem dos produtos merece um destaque especial no e-commerce porque ela é o primei-
ro contato real que o consumidor possui com o produto que adquiriu. Até então, todo o contato
aconteceu de forma virtual. Antes mesmo de o consumidor ter contato com o produto que ad-
quiriu, a embalagem é a primeira coisa que ele vê. Assim, vale a pena investir em merchandising
visual na embalagem dos produtos adquiridos virtualmente. As regras são as mesmas estudadas
no capítulo 3.
69
Técnica e prática de venda
VOCÊ O CONHECE?
Dave Chaffrey, CEO da Smart Insighs, consultoria de estratégias de marketing digital,
é reconhecido pelo Chartered Institute of Marketing (CIM) como um dos 50 “gurus”
mundiais que moldaram o marketing digital.
Bem, como pode parecer fácil e oportuno para inúmeras pessoas, isso significa que uma quan-
tidade enorme de profissionais está investindo em negócios online.
Mas aí você pode dizer: sim, mas este é um meio novo, ainda pouco explorado, e existem milha-
res de novas oportunidades. E você está certo: dependendo do setor, do produto oferecido, da
facilidade de uso, da inteligência em gestão, da competitividade de anúncios ou monitoramento
da concorrência, pode-se conquistar, mesmo que de forma não sofisticada, uma forte vantagem
competitiva.
E agora a pergunta é: por quanto tempo? Uma necessidade iminente de um negócio, seja ele
virtual ou não, é a lucratividade e, o próximo, a longevidade, ou seja, que o empreendimento
cresça com o passar do tempo e, quanto mais tempo, melhor. Como a velocidade com que as
mudanças acontecem está cada vez mais maior, a vulnerabilidade também aumenta. Assim, in-
vestir em planejamento, estratégias, tecnologia de ponta e inovação passa a ser vital. E tudo isso
despende tempo, esforço, especialização, entre outros.
Assim, faz sentido que uma das evoluções mais importantes do e-commerce seja a sofisticação do
negócio e o quanto antes, melhor. De acordo com pesquisas da Câmara de Comércio Eletrônico,
a média das empresas virtuais que morrem antes de 2 anos é 25% maior do que nas lojas físicas.
Veja com atenção este macete de Sílvio Tanabe, em artigo publicado pela FGV (Fundação Ge-
túlio Vargas):
Ele ainda explica que, para quem vende produto físico no e-commerce, a logística pode ser uma pe-
dra no sapato caso haja qualquer problema na entrega, o que prejudica a credibilidade da marca.
Para quem tem um negócio e quer conhecer os horários mais favoráveis de venda, o Google
Analytics pode fornecer um comparativo entre seu pico de vendas e o de outras lojas. Atualmen-
te, a maioria dos empresários ainda não utiliza ferramentas comparativas.
Confira, a seguir, um estudo feito pela Shopify em relação aos horários de compra dos consu-
midores e a forma com que efetivaram a solicitação: na loja, pelo computador, por dispositivos
móveis ou por meio das redes sociais. O gráfico demonstra o crescimento exponencial da com-
pra pelos dispositivos móveis e por meio das redes sociais.
IN-STORE
DESKTOP
MOBILE
SOCIAL
HOUR 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Figura 3 – Gráfico de horários preferenciais de compra em lojas físicas, em computadores, por dispositivos mó-
veis e redes sociais.
Fonte: Shopify, 2015.
71
Técnica e prática de venda
COMPUTERS MOBILE
49.7% 50.3%
A mídia social, com base na interação entre amigos, está descobrindo “o que pode ser compra-
do”. Por isso, esta pode ser uma grande tendência a partir de agora, visto que as indústrias já
estão destinando parte de seu budget para plataformas sociais.
Confira o gráfico a seguir, inspirado na pesquisa da Shopify. De acordo com ele, as solicitações
que aconteceram por meio das redes sociais cresceram 202%. Perceba ainda a diferença entre o
crescimento de 2012/2013 para o de 2013/2014.
2.822.835 orders
213.040 orders
130.382 orders
21.635 orders
O que estamos falando é que são tantas as oportunidades de adquirir produtos e serviços por
custos tão variáveis e por dispositivos eletrônicos que estão em nossas mãos que hoje é possível
comprar até sem sentir que estamos comprando. Esses fenômenos são chamados de transparê-
rans, e é a mais forte tendência de investimento no que se refere à inovação.
73
Técnica e prática de venda
Dan Barker, consultor de e-business, afirma que, em 2015, haverá finalmente o lançamento de
uma plataforma de lojas sociais em que os usuários poderão comprar por meio de vários sites
aparentemente independentes por meio de um sistema de pagamento unificado. O que ele apos-
ta para compras na Apple é que a empresa, eventualmente, vai lançar algo para que você possa
comprar em qualquer dispositivo usando-o como um provedor de pagamento. Segundo ele, o
rastreamento de compras também será muito aprimorado, o que facilitará o monitoramento nos
sites de compras.
Matthew Curry é o profissional que está à frente do negócio de e-commerce LoveHoney no Rei-
no Unido, ganhadora do prêmio de melhor serviço ao cliente. A loja vem acumulando prêmios
desde 2008 e, em 2015, ganhou o prêmio de melhor varejista do e-commerce. Ele faz suas
previsões para as tendências dizendo que o comércio eletrônico poderá ganhar experiências
despojadas construídas pela velocidade e guiadas pelas evoluções nas funções dos motores de
buscas. Ele ainda afirma que haverá uma importante mudança no posicionamento dos clientes,
cuja experiência não mais começa e termina no site e passa a incluir, além de blogs e mídias
sociais, os concorrentes. Assim, haverá um deslocamento do jargão das lojas “o cliente vem a
mim desta forma” para “vejam como eu estou nos lugares onde meu cliente está”. Ele termina
dizendo que a complacência (satisfação consigo mesmo) é uma doença, assim, é sempre bom
resgatar o pensamento crítico que promove a evolução dos negócios.
O consagrado Kotler (2010), professor emérito e autor da obra Marketing 3.0, fez um resumo do
que ele considera ser a missão do marketing 3.0, que consiste em ouvir os clientes, satisfazer as
suas necessidades, gerar novas aspirações e, ao mesmo tempo, ser sustentável para com o pla-
neta e sensível com o combate à miséria. Em outras palavras, estabelecer um elo com o cliente,
promover a sustentabilidade no planeta e melhorar a vida dos menos favorecidos. Ele afirma que
criar um elo de amor com os clientes é levá-los a fazer a publicidade da sua marca.
75
Técnica e prática de venda
digital, isso facilita o envio do pedido para uma rede de distribuição ou para o fabricante. O
produto já é enviado diretamente ao cliente, evitando que o produto vá até a loja, economizando
tanto em logística quanto em produto parado no estoque. Não é um ganho interessante?
O próximo passo para os grandes grupos é conectar cada vez mais clientes. Como o acesso à
internet está se tornando cada vez mais frequente, o número de pessoas que fazem compras pela
internet tende a aumentar, e essa realidade poderá ser viável em pouco tempo. Assim sendo,
os grupos varejistas poderão gerir melhor ainda sua logística e seus estoques, maximizando sua
lucratividade e seus resultados. Os clientes ganham mais um meio que, além de permitir fazer
compras, pode ser utilizado para qualquer outro tipo de comunicação, inclusive acompanhar
sua encomenda.
Outro ganho para quem está no comércio eletrônico é o histórico dos clientes e das compras,
que é bem difícil de conseguir na loja física. Na virtual, acontece de forma quase automática,
porque o cliente precisa do cadastro para fazer suas compras. Esse histórico também facilita o
estudo do crédito de cada cliente, o que reduz o risco de inadimplência.
Estudos diversos
Alto impacto, é necessária consci-
Ferramentas de análise /
RS; RE; RI ência do risco, tomada de decisão
Gestão da tecnologias
Fator 4 e contramedidas no tempo certo.
inovação Testes, decisão, lançamento,
Altíssimo Define o posicionamento estraté-
acompanhamento, contra-
gico da marca.
medidas.
Ferramentas de análise
Gestão do Alto impacto.
Interpretação de resultados RS; RE;
comporta- Define a capacidade de a marca
Tomada de decisão Fator 3,
mento do construir recursos para ter proprie-
consumidor Interação Alto
dade sobre seu mercado.
Monitoramento
Alto impacto externo e estratégico.
Gestão de RS; RE; Define o posicionamento externo
Análises
produtos/ser- Fator 3, do negócio em relação à deman-
viços Tomadas de decisão
Alto da do mercado ou influência da
marca.
Definir e mapear processos Alto impacto interno e externo.
Analisar qualidade e custos Área da sensibilidade operacional.
Gestão opera-
Ferramentas de análise RI; RE Define a capacidade de entre-
cional
Gestão digital ga da marca e a percepção do
Melhoria contínua cliente.
77
Técnica e prática de venda
• entendeu quais os principais fatores que podem deixar a marca com uma imagem melhor
e mais atrativa no e-commerce. Não basta apenas estar presente na internet: é necessário
planejar, cuidar e gerir a imagem e os resultados;
• compreendeu que proporcionar aos clientes uma excelente experiência de compra o leva
a retornar à loja e contar essa experiência para seus amigos em redes sociais, o que
contribui para a ascensão do negócio e maior demanda do mercado;
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Referências Bibliográficas
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