Você está na página 1de 3

Introdução

A piscicultura é um tipo de exploração animal que vem se tornando cada vez mais
importante, visando atender a crescente demanda de proteína animal de qualidade. O
Brasil se insere no contexto internacional como um dos países com enorme potencial para
a piscicultura ducícola, possui cerca de 6,5 milhões de hectares de reservatórios com
potencial para produzir 700.000 toneladas de peixes anualmente, além de possuir um
vasto território, condições climáticas favoráveis, abundância e baixo custo de água, assim
como espécies adaptadas aos diversos sistemas de produção, dessa forma o Brasil está
hoje entre um dos maiores produtores de pescado da América Latina (HALWART et al,
2007).

Com a intensificação da piscicultura na busca de atender a demanda, surgiu novos


modelos de criação, novas técnicas de nutrição e alternativas quanto as espécies a serem
criadas (PILARSKI & SAKABE, 2009).

A tecnificação da produção possibilitou aumento das condições estressantes como altas


concentrações de peixe que constituem em um ambiente favorável a surtos epizoóticos,
devidos à presença de diferentes organismos patogênicos, que nessa situação passam a
ter sua transmissão facilitada, além disso nesse regime de confinamento, os peixes ficam
submetidos a uma situação de estresse crônico, resultante, entre outras causas, da alta
densidade, da manipulação inerente aos cultivos e da degradação da qualidade da água
por produtos quimicos ou produtos de excreção, que deprimem os mecanismos de defesa
dos hospedeiros, possibilitando a instalação e disseminação de enfermidades (NUNES,
2007)

As enfermidades parasitárias constituem cerca de 83% das enfermidades de peixes


BÉKÉSI (1992) in ONAKA & MORAES (2008) Os parasitos que podem acometer os peixes
são de diferentes grupos zoológicos. Dessa forma temos parasitismo por fungos,
protozoários, helmintos, moluscos, hirudíneos e crustáceos. Todavia, a presença desses
parasitos nos peixes cultivados dependera, em grande parte, do manejo adotado,
qualidade de água e condições ambientais.

As parasitoses em peixes têm diferentes aspectos dependendo do seu habitat, que pode
ser ambiente natural ou de cultivo (OBIEKEZIE & TAEGE, 1991). Os peixes de ambiente
natural são parasitados por diversas espécies de parasitos e geralmente não apresentam
sintomatologia devido ao equilíbrio do seu bom estado nutricional e fisiológico com o
ambiente (PAVANELLI et al, 2008).

Em ambiente de cultivo é sabido que as parasitoses tornam-se um fator limitante para


produção, pois em ambientes que os animais são expostos a alta densidade de
estocagem, ocorre reações de estresse, e os torna debilitados e susceptíveis ao
acometimento por parasitos (JERÔNIMO, 2009).

Diante disto objetivou-se descrever as principais doenças parasitárias que acometem os


peixes em sistemas de cultivo.

Monogenoidea

Monogenéticos são comumente encontrados como ectoparasitos nas brânquias, na pele e


nadadeiras de peixes e em invertebrados aquáticos inferiores. Alguns, porém, podem ser
encontrados como endoparasitas nas vísceras, cavidade e vasos sanguíneos de peixes
(JERÔNIMO et al, 2010)

Ectoparasitas, do filo platelminto, caracteriza-se por um aparelho de fixação providos de


ganchos marginais ou âncoras localizado na parte posterior do corpo o haptor, na região
mediana do corpo encontra-se a estrutura reprodutiva chamada de cirrus, medem
aproximadamente 400 a 800 µm, possuem alta especificidade parasitária (PAVANELLI et
al, 2008).

Este grupo possui grande diversidade de espécies encontrados em água doce e salgada,
em diferentes temperaturas. A grande maioria das espécies são espécie especifica, são
todos hermafroditas, possuem ciclo de vida monoxeno, a taxa de morbidade e mortalidade
estão associadas a carga parasitária, que pode ser alta em condições de alta densidade
de estocagem, manejo sanitário inadequado e má qualidade da água (REED et al, 2009).

Estes parasitos possuem uma série de ganchos que lhes permitem se fixar e deslocar
sobre a superfície do corpo do hospedeiro, se alimentam de sangue e debris celulares
causando grandes mortalidades em criações intensivas, também podem ser agentes
transmissores de bactérias e vírus. (EIRAS et al, 2006).

O principal sinal clínico de peixe parasitado é irritação e esfoliação no local em que o


parasito se prende, que é facilmente observado pelo aumento da produção de muco, e
lesões de tegumento, que podem ocasionar a morte do hospedeiro por asfixia, lesões
hemorrágicas e hiperplasia dos filamentos branquiais também são facilmente observados.

Os monogenéticos são divididos em duas grandes famílias, os girodactilídeos e


os dactilídeo.Os girodactilídeos não possuem olhos se fixam por um par de ganchos
longos rodeados por 16 menores e são vivíparos, parasitando brânquias e tegumentos, já
os dactilídeos apresentam quatro olhos vestigiais, um par de ganchos pequenos e
quatorze menores, é ovíparo e parasita principalmente as brânquias (PILARSKI &
SAKABE, 2009).

Digenea

Os parasitos digenéticos são em sua grande maioria endoparasitas que se caracterizam


por ciclo de vida heteroxeno, necessitando de hospedeiro intermediário que na sua grande
maioria são moluscos, enquanto as aves, peixes e outros vertebrados servem como
hospedeiros definitivos (PAVANELLI et al, 2008).

Os peixes são parasitados por adultos e larvas de digenéticos. Os adultos podem ser
encontrados na cavidade celomática, as larvas se encistam na musculatura, olhos, órgãos
internos, como o fígado, e pele dos peixes onde ocorre a deposição de melanina ao redor
dos cistos, conferindo coloração enegrecida dos mesmos. Os animais altamente
infestados não crescem, perdem seu valor comercial, além de ocasionar certa repugnância
aos olhos dos consumidores (EIRAS et al, 2006).

A intensidade da patologia será proporcional a intensidade da infecção, sendo o Digenea


que penetra nos tecidos, mais patogênico que aquele que se aloja nas vísceras e
cavidade, podendo causar reação inflamatória no local do cisto assim como distensão de
lúmen e hiperplasia da parede de órgãos acometidos (EIRAS et al, 2010).

Você também pode gostar