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Comparação dos 3 tipos de músculos

Categorias e tipos de músculos lisos


Embora a musculatura esquelética seja o principal componente da massa muscular
total de nosso organismo, as musculaturas lisa e cardíaca são mais importantes para a
manutenção da homeostasia.
Existem diversas maneiras de se categorizar os diferentes tipos de músculos lisos,
mas nós utilizaremos apenas três:

● Pela localização
Nos seres humanos, o músculo liso pode ser dividido em seis grupos principais:
vascular (paredes dos vasos sanguíneos), gastrintestinal (paredes do tubo digestório e
órgãos associados, como a vesícula biliar), urinário (paredes da bexiga e dos ureteres),
respiratório (vias aéreas), reprodutivo (útero das fêmeas e outras estruturas tanto em
machos quanto em fêmeas) e ocular (olhos).
Esses músculos têm diferentes funções no corpo e sua fisiologia reflete as suas
funções especializadas. Em contrapartida, o músculo esquelético é relativamente uniforme
por todo o corpo.

● Pelo padrão de contração


O músculo liso pode ser classificado em relação ao padrão de contração: se o músculo
alterna entre estados de contração e relaxamento ou se ele se mantém continuamente
contraído.
Os músculos que sofrem ciclos periódicos de contração e relaxamento constituem
os chamados músculos lisos fásicos. Um exemplo seria a parede do esôfago inferior, que
contrai apenas quando o alimento passa pelo órgão (FIG. 12.22a). Alguns músculos lisos
fásicos, como os da parede intestinal, ciclam de forma rítmica, alternando entre contração e
relaxamento (Fig. 12.22b).

Os músculos que permanecem contraídos de forma contínua são chamados de


músculos lisos tônicos, uma vez que estão sempre mantendo algum nível de tônus muscular.
Os esfíncteres do esôfago e da bexiga urinária são exemplos de músculos de
contração tônica que fecham a abertura de uma víscera oca. Esses esfíncteres relaxam
quando é necessário permitir que o conteúdo entre ou saia da víscera (Fig. 12.22c).
O músculo liso tônico nas paredes de alguns vasos sanguíneos mantêm um nível
intermediário de contração. Sob controle tônico do sistema nervoso, esse músculo liso
vascular contrai ou relaxa de acordo com a demanda da situação (Fig. 12.22d).

● Pelo modo de comunicação entre as células vizinhas


Em alguns músculos lisos, as células estão conectadas eletricamente por junções
comunicantes e contraem como uma unidade coordenada. Esses músculos constituem o
chamado músculo liso unitário.
No músculo liso multiunitário, as células não estão ligadas eletricamente, e cada
célula muscular funciona de modo independente.
A maior parte da musculatura lisa é do tipo unitário. O músculo liso unitário
também é chamado de músculo liso visceral, pois compõe as paredes dos órgãos internos
(vísceras), como o trato gastrintestinal. As fibras do músculo liso unitário estão conectadas
umas às outras por junções comunicantes. Um sinal elétrico em uma célula se espalha
rapidamente por toda a camada de tecido muscular, produzindo uma contração coordenada
(FIG. 12.23a). Como todas as fibras sempre contraem juntas, não há unidades de reserva
disponíveis para serem recrutadas e para aumentar a força de contração. Em vez disso, a
quantidade de Ca+2 que entra na célula determina a força de contração.

No músculo liso multiunitário, as células não estão conectadas eletricamente e


precisam ser estimuladas independentemente para contrair. Cada célula muscular
individual está intimamente associada a um terminal axonal ou à varicosidade (Fig. 12.23b).
Essa organização permite o controle fino da contração desses músculos pela ativação
seletiva de células musculares individuais. Assim como no músculo esquelético, o aumento na
força de contração requer o recrutamento de fibras adicionais.
O músculo liso multiunitário é encontrado na íris e no músculo ciliar do olho em
parte do trato reprodutor masculino e no útero (exceto no período logo antes do parto). De
modo surpreendente, o músculo liso multiunitário presente no útero se transforma em
músculo liso unitário durante os estágios finais da gestação. Os genes que codificam as
proteínas conexinas das junções comunicantes são ativados provavelmente pela influência
dos hormônios da gestação. A adição de junções comunicantes às células musculares do útero
permite a sincronização dos sinais elétricos, fazendo a musculatura uterina contrair de modo
mais eficaz durante o trabalho de parto.

Contração músculo liso


A entrada de Ca2+ na célula a partir do líquido extracelular, independentemente dos
estoques, ocorre com a ajuda de canais da membrana que são: 1) dependentes de voltagem,
2) dependentes de ligante ou 3) mecanossensíveis.
1 - A contração começa quando as concentrações
citosólicas de Ca+2 aumentam, logo após a entrada
deste íon a partir do líquido extracelular e da sua
liberação pelo retículo sarcoplasmático.
2 - Os íons Ca+2 ligam-se à calmodulina (CaM).
3 - Então, o complexo Ca+2-calmodulina ativa uma
enzima, chamada de cinase da cadeia leve da miosina
(MLCK, do inglês, myosin light chain kinase).
4 - Na base da cabeça da miosina, encontra-se uma
pequena cadeia proteica reguladora, chamada de
cadeia leve da miosina. Os processos de fosforilação e
desfosforilação da cadeia leve da miosina controlam a
contração e o relaxamento do músculo liso. Quando o
complexo Ca+2-calmodulina ativa a MLCK, a enzima
ativa as cadeias proteicas leves da miosina.
5 - A fosforilação da miosina intensifica a atividade da
miosina-ATPase. Quando a atividade da
miosina-ATPase é alta, a ligação à actina e os ciclos
das ligações cruzadas aumentam a tensão muscular.

A desfosforilação da cadeia leve da miosina pela enzima fosfatase da cadeia leve da


miosina (MLCP, do inglês, myosin light chain phosphatase) diminui a atividade da
miosina-ATPase. De modo interessante, a desfosforilação da miosina não resulta
automaticamente em relaxamento. Sob condições que ainda não são bem compreendidas, a
miosina desfosforilada pode permanecer em um estado de contração isométrica, chamado de
estado de tranca. Essa condição mantém a tensão muscular com um consumo mínimo de ATP.
Esse é um fator importante na capacidade do músculo liso de sustentar a contração sem
entrar em fadiga.
● O músculo liso não possui sarcômeros
O músculo liso possui os mesmos elementos contráteis do músculo esquelético –
actina e miosina, que interagem via ligações cruzadas –, além do retículo sarcoplasmático,
que armazena e libera Ca+2.
● Actina e miosina no músculo liso
A actina é mais abundante no músculo liso do que no músculo estriado, com uma
razão de actina para miosina de 10 a 15 para 1, comparada com 2 a 4 para 1 no músculo
estriado. A actina do músculo liso está associada à tropomiosina, como no músculo
esquelético. Todavia, diferentemente do músculo esquelético, o músculo liso não contém
troponina.
Os músculos lisos têm menos miosina do que o músculo esquelético. Os menos
numerosos filamentos de miosina estão cercados por filamentos de actina e se organizam de
modo que cada molécula de miosina está no centro de um feixe de 12 a 15 moléculas de actina.
Essas unidades contráteis estão dispostas paralelamente ao maior eixo da célula.
Os filamentos de miosina do músculo liso são mais
longos do que no músculo esquelético, e toda a superfície
do filamento está recoberta pelas cabeças da miosina (FIG.
12.25b). Essa organização singular permite que o músculo liso
seja mais estirado enquanto ainda mantém sobreposição
suficiente para criar uma tensão ideal. Essa é uma
propriedade importante para os órgãos internos, como a
bexiga urinária, cujo volume varia durante o enchimento e o
esvaziamento.
As células musculares lisas possuem um extenso
citoesqueleto constituído por filamentos intermediários e
corpos densos no citoplasma e ao longo da membrana celular. Os filamentos de actina
ligam-se aos corpos densos (Fig. 12.25a). As fibras do citoesqueleto que ligam esses corpos
densos à membrana plasmática ajudam a manter a actina em seu devido lugar. As fibras
proteicas na matriz extracelular ligam as células musculares lisas de um tecido entre si e
transferem a força proveniente da contração de uma célula para as células vizinhas.
● Retículo sarcoplasmático
A quantidade de RS no músculo liso varia de um tipo de músculo para outro. A
disposição do RS do músculo liso é menos organizada do que no músculo esquelético, sendo
constituída por uma rede de túbulos que se estende desde a região sob a membrana
plasmática até o interior da célula. Não há túbulos T no músculo liso.

Relaxamento músculo liso


Como a desfosforilação da miosina não causa relaxamento automático, é a razão entre
a atividade da MLCK pela MLCP que determina o estado de
contração do músculo liso. A MLCP do músculo liso está
sempre ativa em algum grau. Assim, a atividade da MLCK é
frequentemente o fator crítico. Conforme já discutido, a
atividade da MLCK depende do complexo Ca+2-calmodulina.

6 - O relaxamento de uma fibra muscular lisa é um processo


de múltiplos passos (Fig. 12.26b). Assim como no músculo
esquelético, o Ca+2 livre é removido do citosol quando a Ca2
-ATPase o bombeia de volta para dentro do retículo
sarcoplasmático. Além disso, parte do Ca2 é bombeada para
fora da célula, com o auxílio da Ca2-ATPase e do trocador
Na-Ca+2 (NCX, Na-Ca+2 exchanger).
7 - A diminuição do Ca+2 citosólico livre faz o Ca2 se desligar
da calmodulina.
8 - Na ausência do complexo Ca+2-calmodulina, a cinase da
cadeia leve da miosina torna-se inativa. À medida que a MLCK
se torna menos ativa, a fosfatase da cadeia leve da miosina
desfosforila a miosina.
9 - A atividade da miosina-ATPase diminui, e o músculo relaxa.
Potencial de ação músculo cardíaco
O músculo cardíaco, assim como o músculo esquelético e os neurônios, é um tecido
excitável com a capacidade de gerar potenciais de ação.
Cada um dos dois tipos de células musculares
cardíacas tem um potencial de ação distinto, que
varia um pouco no formato, dependendo do local do
coração onde ele é medido. Tanto no miocárdio
autoexcitável quanto no contrátil, o Ca+2 desempenha
um papel importante no potencial de ação, em contraste
com os potenciais de ação do músculo esquelético e dos
neurônios.
O coração é composto por três tipos principais de músculo: o músculo atrial, o
músculo ventricular e as fibras especializadas excitatórias e condutoras.
Excitatórias e de condução do coração, se contraem fracamente por conterem
poucas fibras contráteis, mas apresentam descargas elétricas rítmicas automáticas.

As junções celulares, conhecidas como discos intercalares, consistem em


membranas interligadas. Os discos intercalares têm dois componentes: os desmossomos e
as junções comunicantes.
Os desmossomos são conexões fortes que mantêm as células vizinhas unidas,
permitindo que a força criada em uma célula seja transferida para a célula vizinha.
As junções comunicantes conectam eletricamente as células musculares
permitem que as ondas de despolarização se espalhem rapidamente de célula a célula,
de modo que todas as células do músculo cardíaco se contraem quase simultaneamente.
Os túbulos T das células miocárdicas são maiores do que os do músculo
esquelético e se ramificam dentro das células miocárdicas. O retículo sarcoplasmático
miocárdico é menor que o do músculo esquelético; por isso, o músculo cardíaco depende,
em parte, do Ca2+ extracelular para iniciar a contração. As mitocôndrias ocupam cerca de
um terço do volume celular de uma fibra contrátil cardíaca, devido à grande demanda
energética dessas células.
● Células miocárdicas contráteis
Os potenciais de ação das células cardíacas contráteis são similares, de diversas
maneiras, aos dos neurônios e dos músculos esqueléticos. A fase de despolarização rápida do
potencial de ação é resultado da entrada de Na+, e a fase de repolarização rápida é devida à
saída de K+ da célula (FIG. 14.10). A principal diferença entre o potencial de ação das células
miocárdicas contráteis daqueles das fibras musculares esqueléticas e dos neurônios é que as
células miocárdicas têm um potencial de ação mais longo, devido à entrada de Ca+2.
Analisaremos esses potenciais de ação mais longos. Por convenção, as fases do potencial de
ação iniciam com zero.
Fase 4: potencial de membrana em repouso. As células miocárdicas contráteis têm um
potencial de repouso estável de aproximadamente 90 mV.
Fase 0: despolarização. Quando a onda de despolarização entra na célula contrátil através
das junções comunicantes, o potencial de membrana torna-se mais positivo. Os canais de Na+
dependentes de voltagem se abrem, permitindo que a entrada de Na despolarize rapidamente
a célula. O potencial de membrana atinge cerca de 20 mV antes de os canais de Na+ se
fecharem. Estes são canais de Na+ com duas comportas, similares aos canais de Na+
dependentes de voltagem do axônio.
Fase 1: repolarização inicial. Quando os canais de Na se fecham, a célula começa a
repolarizar à medida que o K+ deixa a
célula pelos canais de K+ abertos.
Fase 2: o platô. A repolarização inicial é
muito breve. O potencial de ação, então,
se achata e forma um platô como
resultado de dois eventos: uma
diminuição na permeabilidade ao K+ e
um aumento na permeabilidade ao Ca+2.
Os canais de Ca+2 dependentes de
voltagem ativados pela despolarização
foram abertos lentamente durante as
fases 0 e 1. Quando eles finalmente
abrem, o Ca+2 entra na célula. Ao mesmo
tempo, alguns canais “rápidos” de K+ se
fecham. A combinação do influxo de
Ca+2 com a diminuição do efluxo de K+
faz o potencial de ação se achatar e formar um platô.
Fase 3: repolarização rápida. O platô termina quando os canais de Ca+2 se fecham e a
permeabilidade ao K+ aumenta mais uma vez. Os canais lentos de K+, responsáveis por essa
fase, são similares aos dos neurônios: eles são ativados pela despolarização, mas são abertos
lentamente. Quando os canais lentos de K+ se abrem, o K+ sai rapidamente e a célula retorna
para seu potencial de repouso (fase 4).

O influxo de Ca+2 durante a fase 2 prolonga a duração total do potencial de ação


do miocárdio. Um potencial de ação típico em um neurônio ou fibra muscular esquelética
dura entre 1 e 5 ms. Em uma célula miocárdica contrátil, o potencial de ação dura geralmente
200 ms ou mais.
● Células miocárdicas autoexcitáveis
Este potencial de membrana instável é chamado de potencial marcapasso, em vez
de potencial de membrana em repouso, uma vez que ele nunca permanece em um valor
constante.

O que confere às células miocárdicas autoexcitáveis a capacidade única de gerar


potenciais de ação espontaneamente na ausência de um sinal do sistema nervoso? Essa
habilidade resulta do seu potencial de membrana instável, o qual inicia em -60 mV e
lentamente ascende em direção ao limiar (FIG. 14.12a). Este potencial de membrana instável é
chamado de potencial marca-passo, em vez de potencial de membrana em repouso, uma vez
que ele nunca permanece em um valor constante. Sempre que o potencial marca-passo
despolariza até o limiar, as células autoexcitáveis disparam um potencial de ação.
O que causa a instabilidade do potencial de membrana dessas células? O nosso
conhecimento atual é de que as células autoexcitáveis contêm canais que são diferentes dos
canais de outros tecidos excitáveis. Quando o potencial de membrana da célula é de -60 mV,
os canais If, que são permeáveis tanto ao K+ quanto ao Na+, estão abertos (Fig. 14.12c).
Quando os canais If se abrem em potenciais de membrana negativos, o influxo de Na+
excede o efluxo de K+. O influxo resultante de carga positiva despolariza lentamente a célula
autoexcitável (Fig. 14.12b). À medida que o potencial de membrana se torna mais positivo, os
canais de If fecham-se gradualmente, e alguns canais de Ca+2 se abrem. O resultante
influxo de Ca+2 continua a despolarização, e o potencial de membrana move-se continuamente
em direção ao limiar.

Quando o potencial de marca-passo atinge o limiar, canais adicionais de Ca+2


dependentes de voltagem se abrem. O cálcio entra rapidamente na célula, gerando a fase
de despolarização rápida do potencial de ação. Observe que esse processo é diferente
daqueles em outras células excitáveis, no qual a fase de despolarização é devida à abertura de
canais de Na+ dependentes de voltagem.
Quando os canais de Ca+2 se fecham no pico do potencial de ação, os canais lentos de
K+ estão abrindo (os íons saem para fora da célula) (Fig. 14.12c). A fase de repolarização do
potencial de ação autoexcitável é devida ao resultante efluxo de K+ (Fig. 14.12b). Essa fase
é similar à repolarização em outros tipos de células excitáveis.
A velocidade na qual as células marco-passo despolarizam determina a
frequência com que o coração contrai (a frequência cardíaca). O intervalo entre os
potenciais de ação pode ser modificado pela alteração da permeabilidade das células
autoexcitáveis para diferentes íons, o que, por sua vez, modifica a duração do potencial
marca-passo.

Células da glia
As células da glia são os heróis não reconhecidos do sistema nervoso, ultrapassando
o número de neurônios de 10 a 50 para 1. Durante muitos anos, os cientistas acreditaram que a
função da glia era fornecer suporte físico, e que as células da glia possuíam baixa influência
no processamento das informações. Essa visão mudou. Apesar de as células da glia não
participarem diretamente na transmissão dos sinais elétricos por longas distâncias, elas
comunicam-se com os neurônios e fornecem um importante suporte físico e bioquímico.
O sistema nervoso periférico possui dois tipos de células da glia – as células de
Schwann e as células satélite –, já o SNC possui quatro tipos de células diferentes:
oligodendrócitos, microglia, astrócitos e células ependimárias.
● Oligodendrócitos
O tecido neural secreta pouca quantidade de matriz extracelular (p.72), então as
células da glia se amarram aos neurônios,
fornecendo, assim, estabilidade estrutural. As
células de Schwann no SNP e os oligodendrócitos
no SNC mantêm e isolam os axônios por meio
da formação da mielina, uma substância
composta por várias camadas concêntricas de
fosfolipídeos de membrana (Fig. 8.5c). Além de
fornecer suporte, a mielina atua como isolante em
torno dos axônios e acelera a sua transmissão de
sinais.
Uma diferença entre oligodendrócitos e
células de Schwann é o número de axônios que cada célula envolve. No SNC, um
oligodendrócito ramifica-se de forma mielina ao redor de uma porção contendo vários
axônios (Fig. 8.5b). No sistema nervoso periférico, uma célula de Schwann associa-se com
um axônio.
● Astrócitos
Os astrócitos são células da glia altamente ramificadas, e estima-se que eles
constituam cerca de metade das células do encéfalo (Fig. 8.5a, b). Eles têm vários subtipos e
formam uma rede funcional, comunicando-se uns com os outros através de junções
comunicantes.
Alguns astrócitos são fortemente associados às sinapses, onde eles capturam e
liberam substâncias químicas. Os astrócitos
também abastecem os neurônios com
substratos para a produção de ATP, e ajudam a
manter a homeostasia do líquido extracelular
do SNC captando K+ e água. Por fim, as
extremidades de alguns processos astrocitários
cercam os vasos sanguíneos e fazem parte da
barreira hematoencefálica, que regula o
transporte de materiais entre o sangue e o líquido
extracelular.
As extremidades de alguns processos
astrocitários cercam os vasos sanguíneos e fazem parte da barreira hematoencefálica, que
regula o transporte de materiais entre o sangue e o líquido extracelular.
● Micróglia
As células da glia, conhecidas como microglia, na verdade, não são tecidos neurais.
Elas são células especializadas do sistema imune que residem permanentemente no SNC (Fig.
8.5a, b). Quando ativadas, elas removem células
danificadas e invasores. Entretanto, parece que
a microglia nem sempre é útil. Às vezes, quando
ativada, a microglia libera espécies reativas de
oxigênio (ERO) danosas, pois elas formam
radicais livres. Acredita-se que o estresse
oxidativo causado pelas ERO contribui para o
desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas, como a esclerose lateral
amiotrófica (ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig).
● Ependimárias
A última classe de células da glia é
composta pelas células ependimárias, um
tipo celular especializado que cria uma
camada epitelial com permeabilidade
seletiva, o epêndima, o qual separa os
compartimentos líquidos do SNC (Fig.
8.5a, b). O epêndima é uma fonte de
células-tronco neurais, células imaturas
que podem diferenciar-se em neurônios e
em células da glia.

Medula espinal: fluxo de informações


A medula espinal é a principal via para o fluxo de informações em ambos os
sentidos entre o encéfalo e a pele, as articulações e os músculos do corpo.
A raiz dorsal de cada nervo espinal é especializada em conduzir a entrada de
informações sensoriais. A raiz ventral carrega informações provenientes do SNC para
músculos e glândulas.
Os corpos celulares dos cornos dorsais estão organizados em dois núcleos distintos,
um para informações somáticas, e o outro para
informações viscerais (Fig. 9.6b).
Os cornos ventrais da substância cinzenta
contém corpos celulares de neurônios motores que
conduzem sinais eferentes para músculos e
glândulas. Estão organizados em núcleos motores
somáticos e autonômicos. As fibras eferentes
deixam a medula espinal pela raiz ventral.
Os tratos ascendentes conduzem
informações sensoriais para o encéfalo. Eles
ocupam as porções dorsal e lateral externa da
medula espinal (Fig. 9.6c). Os tratos descendentes
conduzem principalmente sinais eferentes (motores) do encéfalo para a medula. Eles
ocupam as porções ventral e lateral interna da substância branca.

Divisões simpática e parassimpática


Os sistemas simpático e parassimpático podem ser diferenciados anatomicamente,
mas não há uma maneira simples de separar as ações dessas duas divisões do sistema
nervoso autônomo sobre os seus órgãos-alvo. A melhor forma de distinguir as duas divisões é
de acordo com o tipo de situação na qual elas estão mais ativas. A cena do piquenique, no
início do capítulo, ilustra os dois extremos nos
quais as divisões simpática e parassimpática
atuam. Se você está descansando
tranquilamente após uma refeição, o
parassimpático está no comando, assumindo
o controle de atividades rotineiras, como a
digestão. Consequentemente, os neurônios parassimpáticos são, às vezes, considerados
como controladores das funções de “repouso e digestão”.
Em contrapartida, o simpático está no comando durante situações estressantes,
como o aparecimento da cobra, que é uma ameaça em potencial. O exemplo mais
marcante da ativação simpática é a resposta generalizada de luta ou fuga, na qual o encéfalo
dispara uma descarga simpática maciça e simultânea em todo o corpo. Quando o corpo se
prepara para lutar ou fugir, o coração acelera, os vasos sanguíneos dos músculos das
pernas, dos braços e do coração dilatam, e o fígado começa a liberar glicose para fornecer
energia para a contração muscular. Nessa situação, quando a vida está em perigo, a
digestão torna-se um processo de menor importância, e o sangue é desviado do trato
gastrintestinal para os músculos esqueléticos.
Os reflexos autonômicos são importantes para a
manutenção da homeostasia.
O sistema nervoso autônomo trabalha em
estreita colaboração com o sistema endócrino e com
o sistema de controle dos comportamentos para
manter a homeostasia no corpo.
A informação sensorial proveniente do
sistema somatossensorial e dos receptores
viscerais segue para os centros de controle
homeostático, localizados no hipotálamo, na ponte e
no bulbo.
As vias autonômicas são formadas por dois neurônios eferentes dispostos em série.
Todas as vias autonômicas (simpáticas e parassimpáticas) são formadas por dois neurônios
em série.
No gânglio, o neurônio pré-ganglionar faz sinapse com um segundo neurônio,
chamado de neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pós-ganglionar localiza-se
no gânglio autonômico, e o seu axônio projeta-se para o tecido-alvo. (Um gânglio é um
conjunto de corpos celulares de neurônios localizados fora do SNC).
A maioria das vias simpáticas tem origem nas regiões torácica e lombar da
medula espinal. Tendo em vista que a maior parte dos gânglios simpáticos se localiza
próximo da medula espinal, as vias simpáticas normalmente possuem neurônios
pré-ganglionares curtos e neurônios pós-ganglionares longos.
Muitas vias parassimpáticas se originam no tronco encefálico e outras se originam
na região sacral.
Em geral, os gânglios parassimpáticos estão localizados muito próximos ou sobre a
parede dos órgãos-alvo. Os neurônios pré-ganglionares possuem axônios longos, ao
passo que os neurônios pós-ganglionares possuem axônios curtos.
As divisões simpática e parassimpática podem ser diferenciadas neuroquimicamente
por seus neurotransmissores e receptores.
1. Tanto os neurônios pré-ganglionares simpáticos quanto os parassimpáticos liberam
acetilcolina (ACh) como neurotransmissor, o qual atua sobre os receptores colinérgicos
nicotínicos (nAChR) dos neurônios pós-ganglionares.
2. neurônios pós-ganglionares simpáticos secretam noradrenalina (NA), a qual atua sobre
os receptores adrenérgicos das células-alvo.
3. neurônios pós-ganglionares parassimpáticos secreta acetilcolina, a qual atua sobre os
receptores colinérgicos muscarínicos (mAChR) das células-alvo.

● Receptores simpáticos
As vias simpáticas secretam catecolaminas que se ligam a receptores adrenérgicos
nas células-alvo. Os receptores adrenérgicos são de dois tipos: α(alfa) e β(beta), com alguns
subtipos para cada um deles

Suprarrenal
A porção mais externa, o córtex da glândula suprarrenal, é uma glândula endócrina
verdadeira, com origem epitelial, que secreta hormônios esteróides.
A medula da glândula suprarrenal, que forma a pequena porção central da glândula,
desenvolve-se a partir do mesmo tecido embrionário que origina os neurônios simpáticos e é
uma estrutura neurossecretora.
A medula da glândula suprarrenal é descrita frequentemente como um gânglio
simpático modificado. Os neurônios pré-ganglionares simpáticos projetam-se da medula
espinal para a medula da glândula suprarrenal, onde fazem sinapse.
Entretanto, os neurônios pós-ganglionares não possuem axônios. Esses corpos
celulares sem axônios, denominados células cromafins, secretam o neuro-hormônio
adrenalina diretamente no sangue.
Em resposta a sinais de alerta provenientes do SNC, a medula da glândula suprarrenal
libera grandes quantidades de adrenalina para ser distribuída por todo o corpo, como parte
da resposta de luta ou fuga.

Sistema nervoso periférico: vias

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