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FACULDADE VALE DO CRICARÉ – FVC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO PROFISSIONAL EM


CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Deuzedina Pinto de Souza Simões


Elisangela Abel Bravo Spinola
Isis Bonze Lopes Barreiros
Laís Pavani Delfino

GESTÃO E SAÚDE PUBLICA: Desafios na prática e


cumprimento do SUS.

São Mateus-ES
2022
Gestão Pública em Saúde O PROCESSO DE TRABALHO NA GESTÃO DO SUS

Na área da saúde, o trabalho vem ocoorendo várias transformações influenciadas


pelas mudanças econômicas no sistema produtivo em geral e pelas reformas desse setor
(Pires, 2000). No Brasil, apesar de temas relacionados ao trabalho em saúde já terem
sido abordados nas conferências nacionais de saúde (CNS) de 1941 e 1950, somente
receberam destaque em 1963, na 3a CNS, e em 1986, na 8a CNS, desde quando não
saíram mais de pauta (Brasil, 1986a).

As discussões ocorridas na 8a CNS influenciaram a realização da I Conferência


Nacional de Recursos Humanos em Saúde (CNRHS), que destacou a relação entre
valorização profissional e qualidade dos serviços, a regulação do mercado de trabalho, a
implementação de políticas, a qualificação dos profissionais, a melhoria das condições de
trabalho e as recompensas oferecidas por ele ( Brasil, 1986b ). E no relatório final da 12a
CNS, publicado em 2004, foi constatado, pela primeira vez, a terminologia ‘gestão do
trabalho’ em detrimento do termo ‘gestão de recursos humanos’, com menção a uma
possível crítica a esse último:

A gestão do trabalho e da educação na saúde é uma competência


constitucional e legal dos gestores do SUS. Cabe ao Ministério da Saúde
propor, acompanhar e executar as políticas de gestão do trabalho e de
regulação profissional, de negociação do trabalho em saúde, junto com
outros segmentos do governo e os trabalhadores, e o incentivo à
estruturação de uma política de gestão do trabalho nas três esferas de
governo, envolvendo os setores público e privado que compõem o SUS. (…)
Saúde se faz com gente. Gente que cuida de gente, respeitando-se as
diferenças de gênero, étnico-raciais e de orientação sexual. Por isso, os
trabalhadores não podem ser vistos como mais um recurso na área da
Saúde (Brasil, 2004a, p. 115).

A crítica ao termo ‘recursos humanos’ foi reforçada nessa conferência,


principalmente pelo então secretário da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação
em Saúde e coordenador da conferência, Francisco Eduardo Campos: “Os trabalhadores
da saúde não são um insumo adicional que se agrega aos recursos financeiros,
tecnológicos e de infraestrutura para produzir serviços: são os próprios serviços de saúde”
(Dominguez, 2006, p. 8). Como resultado, a expressão ‘recursos humanos’ foi substituída
definitivamente no nome da conferência e em todos os seus documentos por ‘gestão do
trabalho e da educação’.
O SUS é um sistema de referência, com atuação no âmbito nacional, variando de
acordo com o grau de complexidade dos serviços prestados á população, composto de
uma rede de provedores públicos e privados, descentralizado, regionaliza7do,
hierarquizado. Não tem sido fácil, o processo de implantação do SUS. A
descentralização das ações do atendimento em saúde e o atendimento integral são o alvo
das intervenções do SUS é (COSTA et. al. 2007).
A saúde pública é uma prática social de saúde, que visa intervir nos problemas
de saúde considerados como legítimos por certa sociedade e época, com efetivada
através da presença do estado nacional, sob a forma de uma prática técnica
comprometida com certa forma de produzir o cuidado em saúde, tendo como objeto a
dimensão coletiva do processo saúde e doença, enquanto uma questão social (MERHY
et. al. 2000).
A gestão ou ação administrativa pressupõe o desenvolvimento de um processo que
envolve as funções planejamento, organização, direção e controle (BRASIL, 2011). A
gestão do SUS requer que os gestores atendam, com eficiência, ás novas necessidades
de saúde da população e assumam novas responsabilidades com a administração
central e com a clientela, requer também gestores com experiência e competência para
agir sobre determinadas situações e com habilidade para desenvolver ações. (COSTA
et. al. 2007).
A política de saúde inclui estudo de sua relação com políticas econômicas e
sociais, controle social, economia da saúde e financiamento e envolve estudos sobre o
papel do Estado, a relação Estado- sociedade, as reações às condições de saúde da
população e aos seus determinantes, por meio de propostas e prioridades para a ação
pública. (PAIM et. al. 2006).
Os princípios básicos estabelecidos pela Constituição Federal, Art. 37, norteiam a
administração Pública, nos seguintes itens: legalidade, moralidade, impessoalidade,
publicidade e eficiência. A Administração Pública federal, estadual e municipal
compreende: 1) a Administração Direta, constituída pelos serviços integrados na estrutura
administrativa, no caso federal, da presidência da República e pelos Ministérios; 2) a
Administração Indireta, que compreende as autarquias, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista (BRASIL, 2011).

Os desafios dos gestores em saúde pública atendendo aos aspectos legais, éticos
e morais da gestão pública, sem prejudicar a qualidade dos produtos adquiridos e
serviços prestados, tendo que levar em consideração todas as peculiaridades da região,(
MACEDO et. al. 2007). O exercício da gestão na saúde pública é um grande desafio e
requer uma considerável habilidade em lidar com situações imprevisíveis e problemas
complexos.
No sentido mais abrangente da palavra “gestão”, pode-se entender como gestores,
todos os envolvidos direta e indiretamente com o SUS. Somos todos gestores, com
deveres e responsabilidades para seu fortalecimento. No sentido mais restrito, gestão é
uma responsabilidade administrativa. Assim, o gestor e a equipe gestora do SUS são os
responsáveis diretos pela direção e coordenação, propriamente dita, do sistema.
Segundo a Política Nacional de Humanização e a gestão no SUS:

[...]. Podemos conceituar a gestão em saúde como a capacidade de lidar com


conflitos, de ofertar métodos (modos de fazer), diretrizes, quadros de referência
para análise e ação das equipes nas organizações de saúde. Além disso, a gestão
é um campo de ação humana que visa à coordenação, definindo os termos
articulação e interação de recursos e trabalho humano para a obtenção de fins/
metas/objetivos. Trata-se, portanto, de um campo de ação que tem por objeto o
trabalho humano que, disposto sob o tempo e guiado por finalidades, deveria
realizar tanto a missão das organizações como os interesses dos trabalhadores
(BRASIL, 2009a, p. 10).

Os gestores legais do SUS são aquelas pessoas e/ou intituições responsáveis pelo
funcionamento do SUS em toda a sua organização administrativa, financeira. E em cada
esfera do governo tem um único gestor (municipal, estadual e federal). São pessoas de
confiança dos seus respectitivos chefes de governo e possui a responsabiidade de
responder por todos os procedimentos institucionais do SUS durante a sua gestão.
Referencias

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A gestão administrativa


financeira no SUS/ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: CONASS
2011. V8, 132p (coleção para entender a gestão do SUS). Disponível
em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao_sus_v.8.pdf .
Acesso em: 30 de junho 2022.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS.


Brasília, DF: CONASS, 2003. 248 p. Disponível em: . Acesso em: 30 agosto 2022.

_____. Ministério da Saúde. I Conferência nacional de recursos humanos em saúde:


relatório final. Brasília: Secretaria de Recursos Humanos, 1986. Disponível em: . Acesso
em 30 agosto 2022
_____. _____. II Conferência nacional de recursos humanos em saúde: relatório final.
Cadernos RH Saúde, Brasília, v. 2, n. 1, 1993. Disponível em: . Acesso em: 30 agosto
2022.

_____. _____. Portaria nº 35, de 4 de janeiro de 2007. Institui, no âmbito do Ministério da


Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007

COSTA, Maria Bernadete de Souza. SALAZAR, Pedro Eugênio López. Gestão das
mudanças no sistema de saúde pública. Revista de enfermagem UERJ. 2007
out/dez; 15(4):487-94. Disponível em:< http://www.facenf.uerj.br/v15n4/v15n4a02.pdf >.
Acesso em: 30 de junho 2022.

DOMINGUEZ, B. C. 3a Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação


na Saúde: a desprecarização é urgente. Radis – Comunicação em Saúde, Rio de
Janeiro, n.46, p.8-11, jun. 2006.

MACEDO, Luiz Joeci Jacques. CARVALHO, Jonison Barroso. COUTINHO, Helen Rita
Menezes. O gestor em saúde no setor público. Disponível em:<
http://dsau.dgp.eb.mil.br/docs/O%20gestor%20em%20Sa%C3%BAde%20no%20setor
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MERHY, Emerson Elias. Introdução à saúde: prática, técnico e social. 2002.


Disponível em:< http://www.uff.br/saudecoletiva/professores/merhy/artigos-18.pdf >.
Acesso em: 01 de junho 2022.

PAIM, Jairnilson Silva. TEXEIRA, Carmem Fontes. Política, planejamento e gestão em


saúde: balanço do estado da arte. Revista saúde pública. 2006; 40(n esp): 73-8.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rsp/v40nspe/30625.pdf >. Acesso em: 28 de
junho 2022.

PIRES, D. A Enfermagem enquanto disciplina, profissão e trabalho. Rev Bras Enferm,


Brasília, v. 62 n. 5, p. 739-44, set./out. 2009. Disponível em: . Acesso em: 30 agosto 2022.

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