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Quais os equívocos das principais versões de Bíblia do Brasil?

É evidente que a ocorrência de erros na tradução da Bíblia seria inevitável, mesmo que se empregasse todo o esforço na produção de uma
determinada versão. Isso ocorre porque estamos lidando com as características da língua original que precisam ser adaptadas às línguas
vernáculas, o que pode gerar muitos equívocos. Mas qual é o limite do razoável e do aceitável quando se trata desses erros de tradução?
Infelizmente, nossos tradutores por mais que tenham feito excelente trabalho no campo da exegese e hermenêutica e obtiveram um enorme esforço
para tradução das línguas originais, tais eram profissionais da teologia, portanto, suas atuações foram, não pouca vezes, dogmáticas.
Houve muito poucos eruditos piedosos e desprendidos do senso teológico, assim como do senso dogmático, que traduziram a Bíblia. Portanto,
assuntos difíceis, a maioria, simplesmente ajustava a tradução para sua análise de inclinação doutrinária.
Isso causou inúmeros prejuízos aos filhos de Deus que estudam a Bíblia; hoje, não posso recomendar quase que nenhuma tradução ou versão sem
orientar o cuidado ao ler; infelizmente.
As bíblias “Almeidas”, amplamente, usadas e divulgadas em língua portuguesa é uma ferramenta, que sim, me entenda bem, é útil, mas vez ou
outra não faz o papel de Palavra escrita de Deus, digo isso com todo respeito.
Basta vermos trechos importantes como Filipenses 2.6 que verte o vocábulo “usurpação” definitivamente errado e maculoso manchando o
propósito do texto.
A parábola da figueira de Mateus 24.32, onde deposita-se o foco na parábola quando o Senhor diz que o foco é aprender da figueira, essa
simples inversão muda completamente a forma de ver o texto e remove o importante background daquela parábola.
E o que dizer de Apocalipse 11.17, onde as traduções bíblicas “Almeida Corrigida Fiel” e “Revista Corrigida” inserem a expressão “há de vir“,
que não existe no texto original? Se analisarmos essa adição com cuidado, perceberemos que ela poderia mudar significativamente a interpretação
dos eventos descritos em Apocalipse e até mesmo afetar sua cronologia, criando uma grande confusão e quebrando a harmonia entre as partes do
livro.
Felizmente quanto à Apocalipse 11.17 tanto a Almeida Revista e Atualizada quanto a Nova Almeida Atualizada, corrigem esse lapso fatal.
Mas existem vários outros males em várias outras traduções de língua portuguesa, mas estas geralmente tem propósito mais dinâmicos e outras de
acréscimos linguísticos parafraseados, isto se justifica ao sustentar que a ideia por trás disso é ajudar o novo convertido ao Messias, entender
melhor situações arcaicas e dúbias, tal fenômeno de tradução é chamado de equivalência dinâmica o oposto de equivalência formal.
Sim, isso é verdade e de fato a equivalência dinâmica ajudará muito neste sentido, entretanto tais traduções tem que deixar claro que a ideia é
facilitar [a compreensão geral] sendo necessário para maiores estudos versões que buscam a literalidade como propósito de tradução, pois se
podemos encontrar erros violentos em versões que se preocupam com a literalidade quanto mais em traduções de equivalência dinâmica.
Felizmente, há boas traduções de equivalência dinâmica, por incrível que pareça, tais traduções, inclusive, corrigem muitos erros das bíblias
literalizadas como as “Almeidas” e a Versão King James, principalmente em se tratando daquelas que buscam não somente facilitar a compreensão
do texto, mas de fato trazer o melhor sentido da tradução. Mantendo assim um equilíbrio entre equivalência dinâmica e sentido exato do original.
Versões como NVI – Nova Versão Internacional – em primeiro lugar faz isso muito bem. Agora, também, com a Nova Almeida Atualizada, onde
se faz um equilíbrio da literalidade das antigas “Almeidas” com o leve propósito da equivalência dinâmica, tornando esta versão mais equilibrada.
Existem outras versões como Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Transformadora, Bíblia Mensagem e Bíblia Viva, ambas
atuando ao extremo da equivalência dinâmica, exceto a NVT que se parece mais com a NVI.
As Bíblias, Mensagem, NTLH e Viva seguem o dinamismo na tradução, entretanto, ora, muito parafraseado; ora, muito destoante dos vocábulos
originais.  Isso, certamente, irá penalizar muitos trechos importantes, tais como Marcos 2.8 onde geralmente vertem o substantivo “espírito” para
“íntimo” ou verbalizando-o para “percepção” – percebendo… – , isso pode afetar muito o estudo de quem procura entender, por exemplo, a
distinção entre espírito, alma e corpo.
A NVT mesmo se valendo do dinamismo na tradução ela se assemelha mais a Nova Versão Internacional [NVI] do que a NTLH, Mensagem ou
Viva.
A Falha dos “Infernos”
Essa falha comum das “Almeidas” e King James se seguiu ao longo do Novo Testamento, durante décadas ou mesmo séculos, inspirando muitas
versões.
Essas versões mais literalizadas como Almeida Corrigida Fiel e Almeida Revista e Corrigida seguida pela Revista e Atualizada, não permitiram ao
estudante da Bíblia perceber que a palavra “Inferno” tinha diferentes significados na sua língua original.
Ao menos podemos citar 4:
Hades, igualmente ao Sheol do Velho Testamento. Emprestando a origem do nome da cultura mitológica grega, onde Hades é o deus do mundo
inferior e dos mortos [diferente do deus da Morte]. Mas também por que a Hades no original indica algo velado, não visto, que vai além; por isso a
expressão “Além” ou “Mundo Além”.
Gueena, GueHena ou Geena, um local com alusão a fogo contínuo, insinuando um vale onde os lixos eram incinerados, denominado Vale de
Hinom no hebraico. Esse fogo tinha por objetivo queimar aquilo que era imprestável.
Tártaro, um local específico, possível abismo de alguns decaídos.
Abismo, um local específico, possivelmente de tormento e confinamento, porém relacionado aos espíritos imundos, e seres angelicais; os próprios
possessos [Lucas 8.31] se referiam a este local [obviamente, que a fala era dos demônios que temiam esse lugar]; em Apocalipse a Estrela que irá
cair [o próprio Satan] irá abrir o portal do Abismo, entre outros o espírito do Anticristo será liberto. Esse mesmo lugar também manterá o Diabo, a
antiga Serpente, preso por mil anos.
Com essas quatro distinções [de Inferno] já seria possível o  leitor de Cristo ter uma noção melhor de determinadas situações, podendo ter
tranquilidade ao estudar a Bíblia, porém não é o que acontece nos dias de hoje, apesar da autoria bíblica e dos autores inspirados tiverem todo o
cuidado de fazer a devida distinção dos termos, a maioria dos tradutores da Bíblia fez o trabalho oposto.
Isso porque nem citei outras porções que apontam a palavra, Além e o Lago de Fogo. É impressionante essa falha geral, onde a tradução foi
permutada pela interpretação daquele que traduzia, o leitor desta maneira perde o descanso no estudo.
Se o leitor ao menos pudesse distinguir Hades de Geena já seria de grande valia, no entanto com raras exceções, nossas versões brasileiras pecam
ao verter tais vocábulos.
A NVI consegue em alguns pontos, ao menos quando aparece a palavra Hades, identificar eventos importantes, como a indestrutibilidade da Igreja
em Mateus 16, e a precipitação do Mundo dos Mortos no Lago de Fogo em Apocalipse 20, mas só.
Há uma enorme variedades de aparições de Gueena (como em Mateus 5 e Marcos 9) que ninguém pode saber pelas “Almeidas” ou qualquer outra
versão evangélica protestante, exceto a boa e velha Tradução Brasileira.
Mateus 16
Nesta porção temos a nobre confissão de Pedro, a admiração do Senhor a esta confissão, a revelação de que ela não veio a não ser pelo próprio Pai;
mas uma porção especial é dita e pela primeira vez o vocábulo Igreja aparece no Novo Testamento.
Junto com a palavra Igreja temos a palavra “Inferno” como verte a Almeida Corrigida Fiel:
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
A palavra inferno denota fogo, condenação em fogo, lugar inferior onde as pessoas malignas serão queimadas, entre outras conotações do
imaginário humano principalmente oriundas do catolicismo medieval.
Todavia, isso está errado, primeiro que o termo não reflete o que será a futura habitação de anjos decaídos, de um lugar que emana fogo e enxofre,
um lago de fogo abissal que poderá conter outros mundos nele próprio (Ap 20.14), entre muitas possíveis alusões que possam haver a esse futuro
lugar condenatório.
Mas ainda em se tratado de Mateus 16, a palavra inferno nesse versículo (18) trouxe e ainda traz enorme confusão, infelizmente.
Vejamos agora essa mesma passagem vertida na Bíblia de Jerusalém [Tradução famosa de uma Bíblia Católica, que conteve um corpo de vários
eruditos, teólogos e biblistas – incluindo protestantes – proposta pela escola bíblica de Jerusalém].
“Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela [BJ].
Na Bíblia de Jerusalém temos a palavra Hades em substituição ao vocábulo Inferno, e isso está correto, pois é desta maneira que está vertido na
língua original. Felizmente, a tradução da BJ está correta e não somente isso, com essa correção muitos estudiosos tiveram a oportunidade de
entender melhor as palavras que Jesus quis dizer.
Hades tem um fundamento no mínimo duplo, onde denota tanto a habitação dos mortos quanto a própria Morte.
Se houvesse ao menos a tentativa de explicar esse substantivo – Hades – poderiam, essas versões mais literalizadas, ter ajudado vários santos de
Deus que simplesmente não conseguiram absorver essa palavra quando leram suas Bíblias.
Com a conotação certa de morte, poder-se-ia compreender que Jesus estivesse colocando a Igreja fora da circunscrição da Morte, ou seja, o poder
da Morte não iria prevalecer contra a Igreja de Deus em tempo presente; tampouco a habitação da Morte em tempo futuro. Mostrando assim que a
Igreja contém a Vida de Deus e o poder de Ressurreição.
Muitos crentes imaginaram que viria uma porta do inferno sendo arremessada contra a Igreja de algum lugar do Além, mas a Igreja não se
quebraria ou se desmontaria.
Não duvido de muitos cristãos terem tido a imaginação de uma chuva de portas do inferno vindo sobre a Igreja, mas, como se fosse possível,
houvesse um guarda-chuva celestial que protegeria a Igreja, e, ela estaria resistindo bravamente a essa chuva do Maligno.
Parece sarcasmo, mas tem muito chance de ser verdade tais devaneios do imaginário humano de muitos filhos de Deus.
E tudo devido a uma má tradução ou no mínimo a uma boa tradução, porém com profissionais dogmáticos da teologia vertendo especificamente
determinados substantivos.
Para não ser injusto, embora, poderão haver versões certas que não serão citadas aqui, mas isso se deverá a limitação da equipe de redação dessa
postagem, porém sempre que houver uma versão que traz a compreensão mais exata do original merecerá todo nosso respeito mesmo sem ela ter
sido citada.
Ao menos, agora, você já saberá separar uma tradução correta nesta passagem específica de Mateus 16.18, simplesmente por ela verter Hades – ou
Morte – ao invés de Inferno.
Outras Bíblias que verteram corretamente essa passagem – ou ao menos chegaram mais próximas de uma melhor tradução:
NVI:
“E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la.”
Tradução Brasileira:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.”
NTLH:
“Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la.”
NVT
“Agora eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as forças da morte não a conquistarão.”
Bíblia do Peregrino
“Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la.”
Embora tiramos um bom número de versões que tratam a situação de Mateus 16.18 muito melhor que as bíblias “Almeidas” entre outras versões
mais antigas como a King James e as Almeidas.
A Bíblia do Peregrino, por exemplo, é um trabalho que iniciou e finalizou-se na Espanha. Sim, se está pensando que as bíblias católicas, em sua
maior parte, acabam seguindo um padrão mais coeso de tradução e com menos dogmatismo, por mais incrível que isso possa parecer, é verdade.
Interessante notar que na maioria das bíblias, de orientação evangélica, não traduziu a história do Rico e Lazaro a descida de ambos para Inferno,
uma vez que eles foram para o mesmo lugar.
Neste ponto os tradutores tiveram um notável incômodo ao verter inferno, pois um justo tinha ido para lá também, estamos falando de Lázaro,
neste ponto os tradutores e eruditos foram praticamente em sua grande maioria obrigados pelo campo doutrinário a não traduzir Hades.
Pois seria extremamente absurdo um salvo ter ido para o Inferno ou, igualmente, absurdo admitir que no Inferno haveria um paraíso e um lugar de
tormento.
Isso deixa claro para nós que os tradutores decidiram quando Hades deveria ser traduzido para Inferno e quando não; sendo que na verdade tal
disposição, obrigatoriamente haveria de ficar por conta do estudo do leitor bíblico ou pelo menos que ele deveria ter o direito de ter essa chance.
É inegável que os nossos tradutores tinham seus pensamentos e dogmas e também inevitável que parte desse dogmatismo fosse aplicado no
momento que se fazia a tradução.
Geena de Fogo
Muito presente nos Evangelhos o vocábulo Geena tem ocorrências variadas principalmente em Mateus.
Praticamente em todas a versão brasileiras é vertido para inferno, tornando o entendimento praticamente orientado a um único ponto, a saber,
condenação eterna.
A Nova Versão Internacional que tinha traduzido corretamente Hades ao invés de Inferno ao apresentar as “portas” ou “portões”, no já referido
texto de Mateus, como elementos do Mundo dos Mortos e não do lago fogo ou inferno abissal, prefere traduzir o substantivo γέεννα grego para
inferno, tendo assim, então, praticamente todas as versões brasileiras evangélicas vertendo Geena para Inferno, um grande lamento e prejuízo para
o estudante da Bíblia o que nos obriga de fato a recorrer sempre ao texto grego original.
Felizmente a Tradução Brasileira [TB], verte corretamente, não traduzindo e mantendo o cuidado de passar ao leitor o termo original abrindo o
campo exegético.
Seguindo bom exemplo da TB a Bíblia de Jerusalém também preserva o termo em seu original, se tornando verdadeiras obras literárias em meio a
muitas traduções deslizantes.
A Gueena nem sempre retrata o Inferno de Fogo dos ímpios?
Primeiro fator a considerar é o vício da linguagem inferno em nossos dias, embora inferno tenha a equivalência de Hades no latim, denotando
regiões baixas, regiões inferiores, debaixo da terra. Ainda assim o imaginário humano vê inferno como um lugar muitas vezes debaixo da terra,
ardendo em um terrível lago de fogo com criaturas horripilantes.
Se for verdade isso, por que em Apocalipse é dito que a Morte e o Inferno foram lançados no Lago de Fogo, já que o Inferno é local de fogo por
qual motivo o local de fogo seria lançado no fogo? Muito estranho não acham?
Muito embora Inferno tenha correlação com Hades e por assim dizer muito mais se assemelha mesmo em seu campo semântico às regiões
inferiores do que a fogo e enxofre – inferno vem de inferior – entretanto sua abordagem ganhou equivalência ao tormento do lago de fogo.
E a Igreja Católica contribuiu para esse entendimento na Idade Media, então “Inferno” é uma palavra que contém mais de um sentido e por
natureza é de “duplo erro”.
Duplo erro, porque orienta passagens onde aparece Geena, que pode estar falando também de um fogo de eliminação de impurezas, tornando-a
como o lago de fogo que fora projetado para Satanás e seus anjos; ok, eu sei, muito embora Geena retrata esse lugar, no entanto em vários
momentos sua aplicação se destina a crentes e não perdidos, o que indica que há um dano causado no cristão com objetivo de purificação e
disciplina, a Bíblia chama isso de “Dano da Segunda Morte” (Ap 2.11), portanto tratar a Geena apenas como o local da perdição parece ser um erro
alertado pela própria Bíblia; e se porventura acertarem a carga semântica de inferno como local abissal comete-se outro erro, pois a Geena não tem
o objetivo de denotar regiões baixas ou mundo dos mortos, de fato Geena denota fogo.
Verter Inferno seja pelo seu vício de linguagem sua configuração poética negativa, sua perda de valor semântico original do latim ou mesmo o
senso de instigação imaginária da mente humana, é um enorme erro.
Filipenses 2.6, Cristo jamais poderia ser um usurpador
Agora que já abordamos os “infernos” e seus tipos e que não deveriam ser infernos, mas aquilo que sua classe semântica o é.
Felizmente tivemos algumas Bíblias que resolveram esse problema.
Louvamos o Senhor por isso!
Mas, agora, temos que submeter um texto muito significativo quanto ao foco da divindade do Senhor e é disso que vamos tratar desse momento em
diante.
Isso é um problema sério, se por algum motivo alguma tradução macular sua grandeza divina temos maiores problemas, lidar com isso não é tarefa
fácil.
Entretanto, vemos justamente essa falha, principalmente, nas “Almeidas”, vejamos:
“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”  (ACF; ARC, grifo nosso).
Reparem que é muito sério e delicado o texto supracitado, o substantivo usurpação significa em nosso língua portuguesa tomar algo a força ou
ilicitamente, podendo ser bens, título ou autoridade.
Agora me respondam, my friends, o que Jesus Cristo estaria usurpando se ele agisse como se fosse igual a Deus? A menos que ele nunca fosse ou
tivesse o direito de ser Deus, as passagens de ACF e ARC são um verdadeiro atentado à divindade de Cristo.
Você, caro leitor, pode alegar o que podemos fazer se é o que está na Bíblia e assim foi traduzido do grego? A minha resposta verbal vem de uma
pergunta: será?
Termo usurpação das “Almeidas Corrigidas” (ACF e ARC) no original grego
A palavra adotada pelas Bíblias de expressão Almeida Corrigida (acf e arc) – embora também apareça na Almeida Atualizada mas com outra
conotação – no texto grego é: ἁρπαγμὸν que pode ser traduzido como algo a ser retido à força ou algo desejado, mas ainda que se tratando de
retenção à força não conotaria uma ação ilegítima, ou seja, posso usar a força para reter algo que na verdade já tenho que me é um direito e não
algo que não tenho ou algo que não sou, de outro modo isso seria usurpação, e no caso de Cristo está claro pelo contexto de Paulo que ele tinha e
tem algo que é sua essência divina, mas ele preferiu espontaneamente esvaziar-se e não se apegar a seu pleno direito de ser Deus ainda que Ele o
fosse.
Cristo preferiu agir como homem e como escravo, portanto, ele teve que negar a ἁρπαγμὸν (harpagmon acusativo de harpagmos) por que não veio
para ser o Deus que sempre foi, mas para ser o Homem que derramaria o sangue pela humanidade, note que Paulo usa Jesus como o exemplo
máximo da humildade e essa humildade foi esvaziar-se (ἐκένωσεν) de algo que Ele tinha, ninguém pode esvaziar algo que não possui.
Portanto usurpar seria Jesus tomar algo que não lhe é de direito e além disso é tomar de forma ilícita, desta maneira ao tomar partido em uma
suposta divindade ele estaria praticando usurpação; que aberração termos isso em nossas Bíblias!
Jesus sendo Deus seria como roubar a Divindade? Claro que não! Além disso harpagmos não quis dizer tal coisa nem pelo substantivo tampouco
pelo contexto; com o máximo de respeito a todos os editores envolvidos nas versões Almeida Corrigida Fiel e Almeida Revista e Corrigida, mas
isto é um erro absurdo tanto de tradução quanto de teologia.
O acerto da Tradução Brasileira e de outras Bíblias em Filipenses 2.6
Agora vejamos como outras traduções enxergam esta mesma passagem e como vertem harpagmos.
“Ele estando no forma de Deus não usou de seu direito de ser tratado como um deus.” (Bíblia de Jerusalém – BJ, grifos nosso).
“Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus.” (BÍBLIA DO PEREGRINO, grifos nosso).
“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus.” (Versão dos Monges Beneditinos de Maredsous – VMB, grifos
nosso).
“Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus.” (Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH, grifos nosso).
“Que, embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se.” (Nova Versão Internacional – NVI, grifos
nosso).
“O qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou que o ser igual a Deus fosse coisa de que não devesse abrir mão.” ( Tradução Brasileira – TB,
grifos nosso).
Notemos em todos esses exemplos de tradução que nenhuma dessas versões viu Jesus como alguém que poderia usurpar Deus pelo fato de alegar
sua forma divina, pelo contrário [elas] deixaram nítido o que harpagmos quer dizer quando você pode aferrar-se de algo que lhe é de direito, mas
mesmo assim não o faz, em troca disso esvazia-se, harpagmos seria o contrário de eknōsen (esvaziar-se) o texto fica cristalino ao percebermos o
exemplo de humildade nunca jamais visto no universo: “Deus se fazer homem”.
A correção das Bíblias João Ferreira de Almeida em Filipenses 2.6
Temos que salientar que houve essa correção do versículo nas versões de Almeida, mas isto pelo Sociedade Bíblica do Brasil só aconteceu agora
com a Nova Almeida Atualizada em 2017; outras bíblias de Almeida também corrigiram esse problema escriturístico que ainda se mantém nas
versões ACF, ARC e ARA, são elas a Almeida Edição Contemporânea que serve de referência da Bíblia Thompson e a Bíblia Almeida século 21
vejamos: 
“Que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar.” (Almeida Século 21 – A21, grifos
nosso).
“Que, sendo em forma de Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo ao qual devia se apegar.” (Almeida Edição Contemporânea
– AEC, grifos nosso).
“que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo.” (Nova Almeida
Atualizada – NAA, grifos meus).
Como podemos ver as bíblias protestantes conseguiram igualar sua tradução àquilo que as versões católicas romanas vinham fazendo muito
bem, mas não é uma questão apenas de fazer o “dever de casa” é por assim dizer um compromisso com a verdade.

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