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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

DISCIPLINA: ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


PROFESSOR:​ ​FRANCISCO CARLOS ARAUJO ALBUQUERQUE
SEMESTRE: 2019.2
TURNO: MANHÃ

ANNA CATARINE AMARAL - Nº DA MATRÍCULA: 1475082


KAROLLYNE PESSOA LOPES - Nº DA MATRÍCULA: 1470202
MARIA GABRIELE DA SILVA GADELHA - Nº DA MATRÍCULA: 1435174

RESENHA - EDUCAÇÃO BRASILEIRA 99


BERNARDETE GATTI: FORMAÇÃO DE PROFESSORES

FORTALEZA - CEARÁ
2020
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EDUCAÇÃO Brasileira 99 - Bernardete Gatti: Formação de professores. Produção:


UNIVESP TV - Universidade Virtual do Estado de São Paulo, 2012. Disponível em:
https://tvcultura.com.br/videos/35995_educacao-brasileira-99-bernardete-gatti-formacao-de-p
rofessores.html​. Acesso em: 08 Abr 2020.

O documentário Bernardete Gatti: Formação de professores é uma produção brasileira


realizada pela UNIVESP TV (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), em 2012, no
qual o entrevistador Fábio Eitelberg conversa com Bernardete Gatti a respeito da pesquisa de
análise das ementas dos cursos de Pedagogia e outras licenciaturas que a autora realizou em
2009. Essa entrevista tem como fim entender as mudanças que ocorreram ou não nos
currículos de formação de professores no período de 2009 a 2012.
Gatti1 é uma das maiores pesquisadoras sobre Formação de Professores no Brasil e se
interessou pelo assunto desde 1960, além disso tem como áreas de pesquisas Avaliação
Educacional e Metodologias da Investigação Científica. É doutora em Psicologia, atualmente
preside a ​Câmara de Educação Básica do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e é
pesquisadora aposentada do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos
Chagas.
Logo no início do vídeo, o entrevistador questiona Gatti sobre o que mudou de 2009
para 2012. A pesquisadora coloca que continuou a realizar amostras de suas pesquisas sobre a
formação de professores no Brasil nesse período e obteve alguns resultados. Nas instituições
privadas, percebe-se que as matérias permanecem fragmentadas e estanques; os professores
são horistas, o que dificulta ter uma boa equipe formadora; existe pouca orientação sobre
metodologias de ensino e seus fundamentos filosóficos, psicológicos, assim os fundamentos
são passados de forma genérica, sem métodos de trabalho e principalmente, sem associar a
teoria com a prática. Já nas instituições públicas, houve algumas reformulações interessantes:
há uma busca em articular licenciaturas através de uma coordenação geral; oferecer uma

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Informações da autora podem ser localizadas no site do Currículo Lattes. Disponível em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4791730A0​. Acesso em: 09 Abr 2020.
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formação básica comum; e um interesse em que os alunos de pedagogia entrem na escola,


estagiando, desde o seu primeiro ano de curso.
A entrevistada aponta algumas dificuldades do cenário de formação de professores,
afirma que ainda há uma tradição bacharelesca no Brasil, na qual os professores são formados
para serem pesquisadores e intelectuais, e não professores que sabem ensinar na Educação
Infantil e no Ensino Fundamental, não preparam alfabetizadores. Existem ainda, alguns
preconceitos, nos quais os professores do magistério não são valorizados, que a Pedagogia é
para mulheres ou é algo fácil, quando na verdade o curso é bem complexo e demanda
aprofundamento como qualquer outro curso de formação de nível superior. Ressalta que o
método não é uma técnica, tem que ter sentido e lógica, além de ser necessário que esteja
baseado em conhecimento científico; portanto é imprescindível associar a teoria com a
prática, até mesmo para saber como colocar a teoria em prática. Nas licenciaturas, o cenário é
pior, pois o professor sai mal formado sem saber o que é metodologia, sistema educacional,
planejamento de aula etc, sem base para dar aulas.
No que se refere ao ideal de curso para a formação de professores, Gatti assegura que
o curso de Pedagogia ainda não é o melhor, pois não forma professores alfabetizadores ou
educadores infantis competentes para assumir a responsabilidade que os cargos demandam. A
formação do curso de Pedagogia é precária, por ter vindo de uma cultura bacharelesca, foi
pensada para formar planejadores e pesquisadores da educação como colocado antes. Depois,
foi agregado um ano de didática e práticas de ensino para formar professores para dar aulas
nas escolas normais, mas não alfabetizadores. Ou seja, a vocação direta da Pedagogia nunca
foi formar alfabetizadores. Ademais, houve uma ideia errônea que de “quem educa no mais,
educa no menos” como se a criança fosse menos, o que não é de forma alguma; pois a criança
é um ser complexo que tem suas particularidades e necessidades que exigem uma formação
de educadores com especializações específicas para compreender e saber orientar/educar de
acordo com os processos de desenvolvimento infantil.
Nas conclusões de sua pesquisa em questão, Gatti ressalta que os cursos de formação
de professores: faltam alinhar a teoria dada em sala de aula com a prática nas escolas; são
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extremamente fragmentados; oferecem um volume enorme de disciplinas, muitas vezes


alcançando quinze por ano, o que confirma uma falta de perfil de formação profissional; não
têm um currículo de formação básica para o professor, assim o aluno não conhece o currículo
que vai atuar; têm dificuldade de ensinar o aluno com didática, com lógica, sem ser de
metodologia mecânica; não têm as escolas em suas ementas, e aponta que talvez a inclusão da
disciplina de Sociologia no curso de Pedagogia poderia levar a discussão sociológica da
escola; e por último, enfatiza que não se discute a questão da didática e pedagogia, são apenas
ensinadas as técnicas, o que contribui para que professores não saiba ensinar o sentido do
conhecimento em si. Porém, ao finalizar sua fala, a pesquisadora aponta algo que acredita que
seja bom e que estão inserindo nas ementas de Pedagogia, uma disciplina chamada
Atualização em Língua Escrita que tem como objetivo ensinar o aluno a escrever, porque
muitas vezes ele se expressa bem oralmente, mas na hora de passar para o papel é um
“desastre”.
Enquanto graduandas do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará
(UECE), acreditamos que muito dos problemas apontados por Gatti nessa entrevista realizada
em 2012, ainda são recorrentes nos dias de hoje (2020). Uma das questões que podemos ver é
o amplo quadro de professores substitutos que dão aulas na nossa disciplina. Podemos dizer,
por experiências próprias, que muitas vezes deixamos de ter aulas porque os contratos dos
professores substitutos finalizavam e precisávamos ficar aguardando novo contrato, novo
professor etc. Isso se torna algo bem complicado, uma vez que ficamos prejudicadas, às vezes
sem reposição de aulas, outras vezes sem aprofundar algumas matérias, além de avaliações
realizadas de forma intensa com o fim de gerar notas para o fechamento do semestre, porém
sem o devido conhecimento passado; dessa maneira, muitas vezes ficamos sem realmente ter
uma conhecimento base de uma disciplina muito necessária para nossa formação pedagógica.
Outro ponto que podemos ver, é que as aulas de ensino prático, didática e
metodologias de alfabetização são precárias ou inexistentes. Por exemplo, estamos tendo
agora no quarto semestre de Pedagogia, aulas de Fundamentos da Leitura e da Escrita. Temos
uma iniciação às concepções de alfabetização e letramento, do Sistema de Escrita Alfabética,
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Métodos de Alfabetização, atividades pedagógicas entre outros. Porém é apenas uma


introdução, não há tempo para aprofundar sobre as práticas realizadas, nem para entender
sobre os métodos e reconhecer os níveis de alfabetização da criança. E podemos ver na grade
curricular do curso, que não iremos ter outras disciplinas que aprofundem práticas de ensino,
métodos de alfabetização e didática. Ou seja, como futuras professoras alfabetizadoras, é uma
realidade que iremos ter sérias dificuldades de como ensinar/alfabetizar crianças nas etapas da
Educação Infantil e Fundamental.
E, uma das principais dificuldades na formação de professores que nos chama atenção
é a questão da falta de associação entre teoria em prática. Os programas existentes, como o
PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) financiado pela CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que oferecem aos
estudantes universitários oportunidade de estagiar em sala de aula desde o seu primeiro ano de
curso, são muito poucos. Além disso, há uma seleção para entrar nesses programas, então nem
todos tem essa oportunidade de praticar em sala de aula desde cedo, assim precisam esperar
para realizar o estágio no final do curso. O que realmente é uma pena, pois percebemos que os
alunos que estagiam cedo tornam-se mais experientes, críticos, reflexivos e seguros. Enquanto
alunos universitários estagiários conseguem debater com mais propriedade, assim como
escrever artigos e realizar pesquisas. Compreendem a sua futura profissão de professor e
entendem a realidade que vão ter que enfrentar. Isso faz uma grande diferença, pois forma
professores mais capacitados e realistas. Dessa maneira, acreditamos que a prática em sala de
aula com as crianças seja fundamental para apreendermos e nos apropriarmos dos
fundamentos, caso contrário não conseguiremos colocar em prática a teoria aprendida
ajustando-a à realidade dos contextos escolares, nem nos tornamos pedagogas competentes.
Por fim, o vídeo é de duração bem curta, trinta minutos, mas aborda várias questões
pertinentes no que diz respeito à formação de professores, seus impasses e atualizações, das
demandas de melhorias, dos preconceitos existentes quanto ao cursos de Pedagogia e
licenciaturas, da necessidade de um currículo que identifique o professor entre outros. Gatti
levanta vários apontamentos que precisam ser refletidos por todos aqueles que estão atuando
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na áreas de educação, estudantes de pedagogia e outras licenciaturas, professores, educadores,


pesquisadores etc. principalmente no que diz respeito ao destaque da pesquisadora que afirma
que toda formação de professores para ser proveitosa e efetiva deve aprofundar as práticas de
como ensinar, o que podemos ver que ainda não foram bem desenvolvidas nas universidades.

Anna Catarine Amaral


Karollyne Pessoa Lopes
Maria Gabriele Da Silva Gadelha
Graduandas do Curso de Pedagogia
Universidade Estadual do Ceará

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