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Chuquicamata
Chile
1.841 m
de altitude
de altitude
MINERAÇÃO EXTREMA
Mponeng
África do Sul
4.500 m
de profundidade
de profundidade
Amianto Crisotila
Para fibrocimento,
telhas e caixa d’ água
Carvão
Para geração elétrica
Caulim
Para tintas e cosméticos
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SUMÁRIO
EDITORIAL
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4 | A lição de casa – sobre redução de custos – precisa
Diretor Editorial/Editorial Director prosseguir
Joseph Young
Editor/Editor
Augusto Diniz
COLUNA DO MENDO
augusto.diniz@m3editorial.com.br
Diagramação / Production
Ergon Art
MINERAÇÃO / MERCADO
www.ergonart.com.br
*José Mendo Mizael de Souza é engenheiro de minas e metalurgia pela EEUFMG (1961). Ex-Aluno honorário da Escola de Minas de Ouro Preto (MG). Presidente da J.
Mendo Consultoria. Fundador e presidente do Centro de Estudos Avançados em Mineração (Ceamin). Vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Mi-
nas (ACMinas) e presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da entidade. Coordenador da fundação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Como representante do IBRAM, um dos três fundadores da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb). Conselheiro do Con-
selho Diretor da Fundação Gorceix, de apoio à Escola de Minas de Ouro Preto (MG). Um dos fundadores do Grêmio Mínero-Metalúrgico “Louis Ensch” da EEUFMG.
Plano ferroviário da China anima A recuperação do cobre começou nas últimas sema-
indústria de minério de ferro nas de outubro, após o resultado da eleição presidencial
nos Estados Unidos. A China também está influenciando
o novo cenário. Responsável por 50% do con-
sumo mundial do cobre, acreditava-se que a
demanda da China cresceria entre 2% e 3% ao
ano – agora, a expectativa é que atinja entre
3% e 4%, avaliam os analistas.
A EXPERIÊNCIA
TECNOLÓGICA
Novidade na CONEXPO-CON/AGG 2017
Esteja entre os primeiros a visitar a nova exposição
onde você conhece o mundo da construção do futuro:
uma experiência imersiva em 6.900 metros quadrados
Novas tecnologias como dispositivos de uso e novos materiai
O futuro do seu trabalho, de obras e da indústria
7 a 11 de março de 2017 | Las Vegas Convention Center | Las Vegas, EUA Co-situada
com ®
POR
MINERAÇÃO / MERCADO
De acordo com o Banco Central de Reserva peruano, MGX e PurLucid Treatment Solutions estão trabalhan-
dos grandes projetos previstos para 2017 e 2018, 29,3% se do para integrar suas respectivas tecnologias e desenvol-
referem à mineração. Há projetos de ampliação de minas ver uma planta piloto adequada para uso comercial, para
(Shougang e Toquepala), de desenvolvimento de novos permitir aos produtores do óleo de xisto a eliminação do
depósitos (San Gabriel), além de abertura de unidades de efluente industrial de forma mais segura ao meio ambien-
processamento de minérios. te, bem como recuperar minerais valiosos como o lítio.
Fluor obtém contrato para projeto Rio Tinto quer gerar US$ 5 bi de caixa
de potássio na África com aumento de produtividade
A Fluor Corporation obteve contrato de engenharia, design e A Rio Tinto comprometeu-se a gerar US$ 5 bilhões de
otimização da Danakali, na Eritréia, África Oriental, para o projeto fluxo de caixa nos próximos cinco anos. O anúncio foi feito
Colluli Potash, após um processo de licitação iniciado ano passado. numa apresentação a investidores em Sydney, na Austrá-
O depósito de Colluli fica a 177 km da capital Asmara, lia. Os ativos da mineradora anglo-australiana chegam a
e a 230 km por estrada do porto de Massawa, que é o US$ 50 bilhões. Com excelência operacional, ela acredita
principal da Eritréia. Estudos iniciais apontam Colluli como que possa dar mais retorno aos seus acionistas. O foco não
depósito com potencial de alto rendimento na produção é só no aumento de produtividade e melhora de desempe-
de sulfato de potássio e a custos operacionais bastante fa- nho dos ativos para alcançar aumento do fluxo de caixa,
voráveis. mas a remodelação do portfólio, desinvestimentos de al-
gumas plantas pouco rentáveis e investimentos em outras
Indonésia deve anunciar novas regras de alta qualidade, como Silvergrass (minério de ferro na
para mineradoras Austrália Ocidental), Amrun (bauxita em Queensland, Aus-
A Indonésia vai anunciar novas regras para minerado- trália) e Oyu Tolgoi (cobre e ouro, na Mongólia).
ras, que envolverão contratos e permissões, regime de
exportação, impostos, obrigações em caso de desinvesti- Complexo em Serra do Salitre (MG)
mentos e exigências sobre processamento no próprio país. entra em operação no segundo semestre
O governo impôs, em 2014, sanções so-
bre as exportações de minério para pressio-
nar as mineradoras a construírem fundições
para processar o produto localmente, mas
deu algumas concessões para produtores de
concentrados após protesto da indústria.
Agora, como parte dessa nova política,
uma proibição sobre as exportações de con-
centrados minerais da Indonésia deverá en-
trar em vigor. As regras teriam o objetivo de
maximizar o retorno sobre os recursos na-
turais, como manda a constituição daquele
país.
A cidade de Serra do Salitre (MG) receberá complexo
Empresa extrai lítio de resíduos minero-industrial da Galvani. As obras de instalação che-
do óleo de xisto gam perto de 50% e foram orçadas em R$ 500 milhões. A
A MGX Minerals informa que extraiu com sucesso lí- empresa, que durante a obra gerou mais de mil empregos,
tio de águas residuais do óleo de xisto. Os resultados são pretende contratar dois mil trabalhadores no período de
parte do processo de implantação de uma planta piloto de pico dos trabalhos, e manter 700 empregos diretos e ou-
produção de lítio. A tecnologia utilizada é a primeira desse tros 500 indiretos quando o projeto entrar em operação.
tipo, reduzindo o tempo de produção de lítio em 99% em A previsão é de que a planta comece a funcionar no
comparação aos métodos convencionais que usam a eva- segundo semestre de 2017, com a produção de 1,2 milhão
poração solar. O tempo do novo processo é reduzido de 18 de t/ano de fertilizantes fosfatados. A Galvani está há 80
meses para um dia. anos no Brasil com 30 anos na operação com fertilizantes.
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Tem sete unidades distribuídas pelos estados de São Pau- Entretanto, a receita gerada com essas vendas recuou
lo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Ceará. O Complexo 5,6%. As exportações de minério de ferro representaram
Minero-Industrial de Serra do Salitre é o principal projeto 76% do total da mineração; 36% do setor mineral e 7,2%
da Galvani no Brasil. das exportações brasileiras, em 2016.
blicado recentemente. Isso adicionará capacidade instalada “A maior expansão da capacidade nuclear está prevista
de 22.444 MW, estimulando também a produção de urânio. para ocorrer na China, Índia, Rússia e Coreia do Sul nos
Segundo o instituto, em 2020 é esperado um aumento de próximos dois anos, até 2018. Os Estados Unidos deverá
produção de urânio a uma taxa anual de 4,3%, para 76.493 t. manter-se como o principal produtor de energia nuclear a
A China tem oito usinas em construção com capacidade curto prazo”, informa o relatório da GlobalData.
total de ser instalada de 8.510 MW. Atrás dela, vem o Ja- Enquanto isso, no Brasil, a Eletronuclear está preparan-
pão, com quatro (3.598 MW), e Coreia do Sul e Rússia com do para este ano a retomada dos trabalhos de montagem
dois reatores com capacidade de 2.680 MW e 2.199 MW, da usina Angra III, que tem como interessadas uma empre-
respectivamente. sa chinesa e outra francesa.
Complexo de beneficiamento
de minério de ferro com
três linhas de produção e
capacidade de processamento
de 30 milhões de t/ano cada
Os primeiros estudos para o empreendimento foram ini- A estimativa é de que o custo do minério de S11D entregue
ciados em 2001. Do total investido, US$ 6,4 bilhões foram apli- no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA)
cados na implantação da mina e da usina, e US$ 7,9 bilhões fique em US$ 7,7 por tonelada - 41% menor que o custo médio
referem-se à construção do ramal ferroviário de 101 km, à atual da Vale. A alta qualidade do minério extraído da nova
expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e à ampliação do mina dará flexibilidade à empresa para misturá-lo, em portos
Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). na China, Malásia e Omã, com os produzidos nos chamados
O ramp-up do empreendimento será dividido em quatro sistemas Sul e Sudeste da mineradora, em Minas Gerais, tra-
anos. A produção nominal de 90 milhões de t por ano (Mtpa) zendo melhoria na precificação do produto final.
será atingida em 2020. O empreendimento recebeu este nome a partir da sua lo-
TECNOLOGIA
Uma das principais soluções tecnológicas empregada no
projeto S11D é a adoção do sistema truckless. Trata-se de
conjuntos composto por escavadeiras e britadores móveis in-
terligados por correias transportadoras. Ao todo, as correias
68 km de correias transportadoras na mina e na usina
chegam a 68 km de extensão operando dentro da mina e da
Com mais de 100 anos, somente um terço do corpo da mina foi extraído Exploração moderna a profundidade de 1.400 m
Equipamentos eficientes e sistema interno de transporte para atender pelo menos 400 mineiros
Necessidade permanente em buscar tecnologias de extração em mina com o menor teor aurífero do mundo
Morro de Ouro é uma mina de ouro da canadense Kin- veira Junior, gerente de Desenvolvimento Tecnológico da
ross a céu aberto, em Paracatu (MG). Ela tem o menor teor empresa.
aurífero do mundo – com uma média de 0,40 gramas de Assim, a Morro do Ouro tornou-se uma das maiores mi-
ouro por tonelada de minério. Por conta disso, a empre- nas do Brasil em termos de movimentação. Em 2016 a ali-
sa investe permanentemente em tecnologias de extração mentação da planta foi de 47 milhões t. “É muito alto com-
que otimizem suas operações – e assegurar níveis médios parado com outras mineradoras”, afirma Getúlio.
de produção de até 15 t/ano de ouro. O local compreen- O processo tem início com desmonte com uso de ex-
de ainda uma usina de plosivos. Após, é feito
beneficiamento e uma o carregamento. Na
área para disposição de usina, se realiza a brita-
rejeitos em barragem. gem inicial do material
A área total da mina e, em seguida, o miné-
é de 686 ha e ela en- rio é transportado em
trou em operação em uma correia de longa
1987. Há mais de 4 mil distância, que alimenta
pessoas trabalhando na o moinho SAG. “A moa-
planta. gem semi-autógena
Em 2015, o inves- (SAG) tem a flexibilida-
timento total no em- de de tratar vários tipos
preendimento foi de R$ de minérios, além de
258 milhões, principal- Movimentação alta de minério para compensar o baixo teor de ouro ser o processo de co-
mente com aquisições minuição adequado aos
de equipamentos operacionais para melhorar a performan- minérios que possuem alta dureza”, relata o gerente.
ce. Houve investimento relevante também no sistema de Depois, o material alimenta quatro moinhos de bolas
reprocessamento e bombeamento da barragem de rejeito. “que reduzem o material a granulometrias para o processo
O processo na Mina do Ouro é relativamente comum seguinte, o de flotação, no caso de Paracatu”, expõe.
em tratamento de minérios e para beneficiamento do A próxima etapa é o processo de flotação Rougher e
ouro, segundo a Kinross. “Para compensar o baixo teor de Cleaner, onde se tem a concentração do ouro, seguida da
ouro (0,450 g/t em 2016), a empresa trabalha com uma remoagem e lixiviação em tanque com adição de carvão e
alta taxa de alimentação”, conta Getúlio Gomes de Oli- cianeto.
“O maior desafio da operação é aumentar cada vez mais a taxa horária (ca-
pacidade produtiva), para minimizar o impacto do menor teor”, afirma Getúlio.
“Para manter a receita de produção é necessário manter a taxa horária. O miné-
rio está endurecendo e com menores teores. Como o teor muito baixo, qualquer
grama de ouro perdida é uma grama não recuperada”.
Este ano, a Kinross estará investindo na operação do circuito de bombeamen-
to do rejeito da Barragem Santo Antonio (projeto denominado PSAT – Proces-
sing Santo Antônio Tailings), onde fará a recuperação de parte do ouro que foi
depositado ao longo de quase 30 anos de operação continua. “Temos também
a instalação de uma correia transportadora para direcionar o chamado pebbles
(carga circulante do SAG) para a britagem da Planta 1”, cita Getúlio apontando
outro investimento a ser feito na planta.
MELHORIAS
Dois projetos desenvolvidos recentemente na mina Morro do Ouro, da Kinross,
ganharam o Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da
revista Minérios & Minerales. Um deles refere-se à melho- a perfuração da rocha. Quanto mais precisa e com menor
ria do trabalho de desmonte de rochas com explosivos. perda de furos, maior é a distribuição energética e a eficá-
O volume de rocha desmontado em 2014 na mina foi de cia do explosivo na rocha, aumentando o grau de seguran-
60 milhões t, onde demandou-se 960.000 m de perfuração ça e gerando ganhos para a cadeia produtiva.
de rocha com diâmetro de 6.3/4”, numa frota composta Um amplo trabalho de mapeamento de perdas de fu-
por quatro perfuratrizes. Ressalta-se que um grande desa- ros para desmonte de rochas com explosivos foi realizado
fio na mina da Kinross em Paracatu é realizar detonações no site, com o objetivo de identificar os motivos das per-
das de furos nesta opera-
ção.
A etapa seguinte foi
a de representar nume-
ricamente este cenário
através de gráficos no for-
mato de Pareto, nos quais
se evidenciaram as maio-
res perdas. A partir daí, e
com o apoio e conscienti-
zação de todo o time pre-
viamente mobilizado, foi
gerado um plano de ação
para a redução das perdas
de furos, representando
uma economia de custo
Mapa local com a cidade de Paracatu (MG) à esquerda, no centro a mina e a planta e à direita a barragem de rejeitos
operacional de R$ 808 mil
(2014).
de grande porte muito próxima à comunidade, a uma dis- O outro trabalho abre a possibilidade de reprocessa-
tância média de 1 km - em alguns casos, até 500 m. Vi- mento de rejeitos de lixiviação de ouro retirados de depó-
sando ao mínimo impacto para a comunidade, estas deto- sitos. Para que o ouro seja novamente lixiviado, pré-trata-
nações necessitam de um controle extremo relacionado à mentos devem ser feitos, como pré-aeração para oxidação
vibração, poeira e ruído. de sulfetos, além de correção de pH com soda cáustica e/
Uma etapa indispensável para que se tenha um des- ou cal hidratada, sugere o estudo. Testes de laboratórios
monte de rochas com explosivos e com alta qualidade é aqui e no exterior suportaram o projeto de pesquisa.
Os mineiros demoram uma hora e meia para atingir as galerias de produção no fundo da mina, por elevador em duas etapas
Produção de gelo na superfície para resfriamento subterrâneo Corpo da mina com os níveis e túneis
lha atirantada metálica. Estações de monitoramento sís- do toneladas de gelo, que são bombeadas da superfície
mico em toda a mina captura qualquer atividade, dando para reservatórios subterrâneos - ventiladores gigantes
tempo de os mineiros se afastarem de uma área perigosa, ajudam a espalhar o ar gelado no interior da mina, gerado
em caso de sismos. a partir dos reservatórios. São seis unidades de produção
O desenvolvimento de vários projetos vem permitindo de gelo na superfície, com processo de refrigeração a vá-
à empresa estender a vida útil da mina – hoje, calcula- cuo, capaz de produzir 180 t de gelo por hora.
da até 2040, contando com a área territorial ampliada e Diariamente, cerca de 2,3 t de explosivos são usados
pesquisada com sondagens. na mina, e aproximadamen-
Existem sete conglomera- te 6.400 t de rochas são es-
dos de ouro dentro da área cavadas e retiradas da mina
de arrendamento da mina pelos poços. A concentra-
de Mponeng, dos quais ção de 10 g de ouro por to-
dois são economicamente nelada de minério extraído
viáveis no momento. torna a operação da mina
Hoje, a mina utiliza dois sustentável, a despeito dos
eixos de produção, que alo- elevados custos de produ-
ja dois poços verticais, e ção a estas profundidades.
mais dois poços de serviço. O minério extraído é tra-
A mina possui aproxi- tado e fundido na própria
madamente 4 mil trabalha- planta de ouro de Mpo-
dores, que para chegar ao Trabalho a cerca de 4 mil m de profundidade neng. O minério é inicial-
local de exploração utilizam mente reduzido por meio
um elevador subterrâneo de três andares – capaz de trans- de moagem semi-autógena. Depois, o minério passa por
portar até 120 pessoas de uma só vez . Há duas etapas de um processo de lixiviação de ouro convencional, que in-
descida de elevador que, no total, levam 1h30 para chegar corpora a injeção de oxigênio líquido.
ao fundo. O relatório do primeiro semestre de 2016 aponta que a
As paredes de rocha na mina de Mponeng alcançam tem- mina Mponeng produziu 128 mil oz de ouro. Hoje, a priori-
peraturas de 60° C e os níveis de umidade frequentemente dade da Anglo Gold Ashanti é a implantação de infraestru-
excedem 95%. Para manter a temperatura em condições tura para dar suporte à produção futura, onde os planos é
razoáveis, a mina usa um sistema de resfriamento utilizan- levar a mina a 4.500 m abaixo da superfície.
Fibras de aço e malhas atirantadas metálicas para reduzir riscos aos mineiros por conta de abalos sísmicos
Autores: Douglas Gonçalves Rodrigues do Nascimento, Filipe adicionalmente, visa fornecer indicadores e informações asser-
Rodrigues Martinhão, André Luiz Souza Andrade, Elias Subtil tivas capazes de suportar decisões gerenciais focadas na otimi-
Neves, Fábio Arielo Gustala, Victor Simões, Wesley Vicente zação de recursos, implantação de projetos ou melhorias, ges-
Pereira, Daniel Dias Luciano, Flávio Geraldo de Oliveira, tão de riscos e a substancial redução de custos de manutenção.
André Luiz Simões Copati e Júlio Cesar da Silva Pereira Com uma análise RAM, se torna possível, através de ou-
tras análises subsequentes, fazer as seguintes determinações,
Em outubro de 2008, em função da crise global, algumas como: políticas de manutenção otimizadas; periodicidade
plantas de pelotização da Vale foram paralisadas devido à bai- ideal para as intervenções preventivas, preditivas e overhaul;
xa demanda por pelotas. Ao longo de 2009 e 2010, estas retor- estoques de peças sobressalentes com a máxima precisão;
naram gradativamente a operar, mas não nos mesmos níveis equipamentos críticos (bad actors); e melhores fornecedores
de performance operacional praticados antes da turbulência de equipamentos (custo versus benefício).
econômica. Finalmente, em 2011, com o aporte de grandes Outras metodologias relacionadas à gestão de ativos e
investimentos na recomposição de ativos, a plantas de pelo- apoiadas pela engenharia de confiabilidade também foram
tização da Vale restabeleceu parcialmente seus padrões de aplicadas, dentre elas, cita-se: análise de dados de vida; con-
resultados. fiabilidade de sistemas; manutenção centrada na confiabili-
A partir desse momento, o novo desafio seria o de estru- dade (RCM); análise de falha e análise de causa raiz (Xfracas),
turar um processo de mudança e preparação das equipes e motivo, causa, solução (MCS); análise dos modos e efeitos de
rotinas de manutenção para um novo modelo de gestão, onde falha (FMEA), entre outras.
necessariamente deveria se trabalhar com baixos custos de Fundamentalmente, a engenharia da confiabilidade aplica-
manutenção, confiabilidade e performance elevada e gestão da na manutenção está nos seus benefícios financeiros. Porém,
integral de riscos. Sendo assim, foi criado um programa para a além da redução de custos e dos ganhos específicos de cada
aplicação da gestão de ativos baseados em engenharia de con- atividade, a implantação dessa disciplina no ambiente corpo-
fiabilidade, que foi implantado na pelotização a partir de 2011, rativo de maneira sistemática também traz outros benefícios e
que tem como principais objetivos melhorar e estabilizar, de vantagens, como: realizar um planejamento consistente para a
forma sustentável, os resultados de performance, custos e ris- engenharia de manutenção com confiabilidade, permitindo a
cos operacionais. redução de até 75% na quantidade de planos de manutenção;
Aliadas às técnicas já conhecidas e aplicadas a manutenção definir as políticas de manutenção, com significativas reduções
industrial, e com o objetivo básico de avaliar e demonstrar o de custos anuais; projetar com precisão os estoques de peças
desempenho de suas plantas, a diretoria de pelotizações ini- sobressalentes; aperfeiçoar e treinar a equipe de engenharia
ciou a aplicação de estudos de engenharia de confiabilidade para reduzir o tempo de paradas, as falhas de equipamentos e
(análises RAM - Reliability, Availability and Maintainability), o custo global; determinar a confiabilidade e a disponibilidade
associadas a uma análise da capacidade produtiva de suas usi- do processo de produção, aumentando a visibilidade e assegu-
nas. De maneira geral, o trabalho busca identificar, por meio rando o cumprimento de metas de produção; simular cenários
de simulações de diagramas de blocos de confiabilidade (RBD), otimizados; e calcular o risco operacional, com a possibilidade
qual a performance dos principais equipamentos da planta, e de renegociar o valor do prêmio do seguro.
PELOTIZAÇÃO
e pode ser composta por mais de uma gerência de manuten- Os ativos foram classificados em um novo modelo com três
ção ou prestadora de serviço, quando o conjunto de responsa- níveis de criticidade e cinco abordagens de atuação.
bilidades é compartilhado. A definição do nível de importância de cada equipamento foi
realizada a partir de uma matriz padronizada que considera si-
DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS multaneamente a consequência das falhas funcionais e sua pro-
A Vale, através do Sistema de Produção Vale (VPS), pos- babilidade de ocorrência, sendo que essa probabilidade é um
sui todos os requisitos necessários para a implantação de dos critérios determinantes no estabelecimento da estratégia
um sistema de gestão. Contudo, para aprimorar e qualificar de manutenção na pelotização. O preenchimento dos parâme-
a gestão de ativos da diretoria de pelotização, foi realizado tros de análise desde o reconhecimento do ativo a ser criticado
o rearranjo desses requisitos sob a orientação das normas até a avaliação dos aspectos que determinarão sua criticidade,
de gestão de ativos ABNT NBR ISO 55000, 55001 e 55002. complementa a metodologia utilizada. Para cada avaliação dos
Essa reorganização permitiu estruturar um plano estratégico parâmetros associados à falha funcional são definidos escores
para a implantação de um sistema de gestão de ativos, su- correspondentes às magnitudes das consequências do evento,
portado por atividades e princípios aplicados na engenharia além da introdução de conceitos de riscos na criticidade, basea-
de confiabilidade. dos no produto da probabilidade do impacto do evento.
A partir dessa reorganização, foram revisadas e redefini- O risco é calculado entre a probabilidade ou frequência de
das as diretrizes para as gerências de manutenção na diretoria ocorrência de um evento e o impacto ou magnitude das conse-
de pelotização da Vale. Estas diretrizes deverão ser aplicadas quências potenciais deste evento, caso o mesmo venha a ocorrer.
a manutenção com visão de um conjunto de tarefas orienta- 4R = P x Σ I
das pelos métodos de manutenção direcionados a aplicação 4R Risco
dos seus recursos. A gestão da manutenção tem por objetivo 4P Probabilidade ou frequência de ocorrência da falha
adequar e padronizar os processos da Função Manter de cada funcional analisada
4I Impactos e magnitudes das consequências do evento quência de ocorrência de um evento e o impacto ou magnitu-
Onde: de das consequências potenciais deste evento, caso o mesmo
Σ I = (regime de operação + dano saúde e segurança + im- venha a ocorrer).
pacto ao meio ambiente + impacto de produção + custo do Finalizando o processo de classificação da criticidade,
reparo) verifica-se o produto da avaliação de criticidade e risco
Deve-se ressaltar que esta metodologia analisa um que nos remetem as abordagens para os equipamentos
equipamento de cada vez. Portanto, falhas combinadas de das usinas, para os equipamentos móveis e para os equi-
equipamentos diferentes não devem ser consideradas na pamentos do laboratório. Essas abordagens serão deter-
análise. Estas categorias de análise devem levar em consi- minantes para a definição das políticas de gestão reco-
deração apenas as possíveis consequências da falha funcio- mendadas para os ativos.
nal em questão. Várias metodologias e procedimentos foram revistos
No quadro abaixo é apresentado o binômio criticidade do propiciando a gestão da manutenção como um todo onde
equipamento e risco (produto entre a probabilidade ou fre- o ciclo de ações inicia-se nas engenharias de manutenção e
Criticidade do
equipamento 1 2 3
Alto I
Range de Risco
Médio I II
Baixo II III IV
20 Impacto > 10
Monitoramento contínuo através de medição on-line Utilização mandatória de RCM para estabelecimento Implementação de melhoria sempre que observada
em tempo real das condições operacionais e das e/ou revisão das Políticas de Manutenção. Estudos uma falha e identificada sua causa, através da
I
variáveis que caracterizam o desempenho e a avançados de confiabilidade (Análise estatística e metodologia XFRACAS® para o estudo de causa
integridade do equipamento simulação por diagrama de blocos) raiz, para eliminação dos pontos vulneráveis
450
Equipamento RS FCI 400 15,56%
14,86%
350
230TC09 15,56%
300
RS FCI (%)
420TC79 3,85%
421VP06 3,40% EQUIPAMENTOS
Ranking de criticidade de falha dos equipamentos da usina de Vargem Grande (novembro 2015)
450 411
370
Equipamento Tempo Indisponível (h) 400
7F2DFD 163,14
7F2CFD 135,36 EQUIPAMENTOS
7.358.394
221.760 78.959
605.115
7.500.000,00 6.452.561
6.500.000,00
5.500.000,00
4.500.000,00
3.500.000,00
2.500.000,00
Sem Falhas impacto PQ s Impacto Impacto MC Produção
Rotinas MP Estimada
ANÁLISE RAM (RELIABILITY, AVAILABILITY, com total orientação no atingimento do plano estratégico
MAINTAINABILITY) da Vale.
Os estudos de confiabilidade possibilitaram elevar o
nível de análise do desempenho dos ativos das usinas de CONSIDERAÇÕES
pelotização. Por meio das análises RAM, pode-se avaliar A diretoria de pelotização da Vale implantou importan-
detalhadamente a performance individual de cada equi- tes projetos conquistando grandes avanços nos últimos
pamento e definir as políticas de manutenção com signifi- anos, principalmente em 2015. Desde 2011, a manuten-
cativas reduções de custos anuais. Permitiu-se aperfeiçoar ção da pelotização tem se organizado com visão voltada ao
e treinar as equipes de engenharia para reduzir o tempo negócio, onde tem implantado os processos de gestão de
de paradas, as falhas de equipamentos e o custo global, ativos orientados por ferramentas e disciplinas de enge-
calculando o risco operacional, com a possibilidade de re- nharia de confiabilidade, riscos e custos. A importância de
negociar o valor do prêmio do seguro. Permitiu-se ainda uma rotina está cada vez mais bem consolidada e funda-
significativa redução da quantidade de planos de manu- mentada nos processos de gestão, além de uma completa
tenção, a projeção dos estoques de peças sobressalente, utilização dos módulos e sistemas de gestão de custos, e
além de poder simular cenários otimizados que auxiliam profunda disciplina na organização e utilização do ERP de
com precisão a tomada de decisão para novos projetos e gerenciamento de manutenção SAP, tudo aliado ao engaja-
melhorias. mento e comprometimento dos empregados.
Abaixo, alguns exemplos de resultados e gráficos ex- Conseguiu-se reduzir em 38% os custos fixos de materiais e
traídos das análises RAM. serviços de manutenção nas usinas de pelotização e também a
O modelo de gestão implantado em conformidade com taxa de risco de operações, conforme avaliações de seguradoras.
as normas técnicas e regulamentadoras e alinhadas com Por fim, é importante ressaltar a participação da pelo-
as melhores práticas em gestão de ativos, possibilitou que tização no negócio de ferrosos, tendo contribuído signifi-
a pelotização gerenciasse de forma sustentável seus ati- cativamente para o resultado do EBITDA da Vale nos três
vos, os riscos e os custos ao longo dos seus ciclos de vida, primeiros trimestres de 2015.
AUTORES:
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