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5 Revisão de Trabalho e Energia

1.5.1 - Trabalho
A figura abaixo mostra um homem empurrando uma caixa, com velocidade constante. O atrito da caixa com o piso gera energia térmica
(calor). Essa energia térmica não surge do nada, mas deve ter uma origem necessariamente — vem da energia química armazenada no corpo
do homem. Como a energia se transfere do homem para o caixa? Através da força F que ele aplica  à caixa, ou melhor, através trabalho da
força F .

Trabalho
Digamos que o homem empurrou o caixote por 25 m aplicando uma força de 500 N. O trabalho de uma força é definido como o produto da
força pelo deslocamento. Então, se a força aplicada  é F = 500 N e o caixote foi deslocado por 25m, o trabalho é τ = 500 ⋅ 25 = 12500 J
e, mais importante:  o trabalho é igual à energia transferida (trabalho e energia têm a mesma unidade, o joule),  portanto o caixote recebeu
12500 J do homem ao longo do percurso os quais forram dissipados no ambiente sob forma de calor.

Quantas calorias despendeu o homem para realizar esse "trabalho"? Considerando que 1 cal = 4,18 J, a quantidade de calorias equivalente é
12500 / 4,18 ≈ 3000 cal, ou ainda 3 Kcal. Esse resultado, no entanto, corresponde à energia transferida para a caixa, a energia que o corpo
consume para aplicar a força é cerca de 4 vezes maior (12 Kcal). Se a força aplicada pelo homem não fosse suficiente para movimentar o
caixote não haveria energia transferida, mas o trabalho interno das fibras musculares, contraindo-se e distendendo-se para manter a força,
implicaria consumo de energia extra durante a tentativa de deslocamento.

 Se a força tem o mesmo sentido do deslocamento, como no caso visto acima, o trabalho é positivo, indicando que o agente da força (o
homem) fornece energia. Se a força tem sentido oposto ao deslocamento então o trabalho é negativo, indicando que o agente recebe
energia - é o caso da força de atrito, cujo trabalho é negativo porque ela sempre se opõe ao deslocamento e o ambiente recebe energia sob
forma de calor.
Para o cálculo do trabalho deve-se considerar apenas a componente da força na direção do deslocamento, se θ é o ângulo entre a força e o
deslocamento, então a componente na direção do deslocamento é dada por F cosθ , portanto o trabalho é dado por:

τ = F dcosθ

1.5.2 - Energia
A energia é usualmente definida como a capacidade de realizar trabalho porque sem energia é é impossível realizar trabalho. A energia pode
existir sob diversas formas — potencial, cinética, térmica, elétrica, nuclear, etc.

O Princípio da Conservação da Energia


Porque os conceitos de trabalho e energia são importantes? Por causa do  Princípio da Conservação da Energia, o qual afirma que:

 A energia pode ser transformada ou transferida, mas nunca criada ou destruída

A energia é transferida frequentemente mudando de forma, a exemplo da transformação da energia química do combustível de um
automóvel em energia cinética e calor.

Energia cinética
O primeiro tipo de energia a ser reconhecida foi a energia cinética ou energia de movimento. Se um corpo de massa m   é deslocado pela força
F com aceleração a, a partir do repouso, a equação de Torricelli relaciona o deslocamento x com a velocidade adquirida v, v = 2ax .
2

Lembrando que a chegamos a F x , mas F x é o trabalho de F , ou seja, a energia que o agente de F entregou à massa, que se
F mv
= =
m 2

manifesta em forma de energia cinética EC :

1
2
EC = mv
2

Energia potencial
A forma menos "perceptível" de energia é a energia potencial. Para  elevar à altura h um corpo de massa m , sem acelerar (sem aumentar sua
energia cinética), é necessário aplicar ao corpo uma força F para cima de valor igual ao peso, como ilustrado na figura

A força F realiza um trabalho positivo τ = F h = mgh o que implica transferência de energia do agente humano para a pedra. Sob que
forma a energia química do agente é recebida pela pedra? A resposta é que a energia transferida fica armazenada na pedra numa forma
"quieta" denominada energia potencial - se a pedra é largada e  a energia potencial vai se transformando em energia cinética durante a queda.
A energia potencial de um corpo é igual ao trabalho da força F necessária para levar o corpo até à altura em que ele se encontra sem
acelerar:

EP = mgh

A energia potencial é relativa 


Não há um valor de energia potencial absoluto, o valor é sempre relativo ao nível de referência escolhido para energia zero, podendo inclusive
ser negativo (altura "para baixo" é negativa). A figura mostra uma antena de massa igual a 2kg no alto de uma encosta, qual a energia
potencial da antena, considerando g = 10 m/s2 ?
1. Em relação ao nível A: EP = 2 ⋅ 10 ⋅ (30 + 20) = 1000 J

2. Em relação ao nível B: EP = 2 ⋅ 10 ⋅ 20 = 400 J

3. Em relação ao nível C: EP = 2 ⋅ 10 ⋅ −25 = −500 J

Pode parecer estranho que o potencial possa ter tantos valores diferentes (um para cada referencial adotado) mas o que importa realmente é
a diferença de energia potencial entre dois pontos - a diferença de energia potencial ΔEC da antena entre o topo e a base é de 400 J,
independentemente do nível de referência adotado. 

Para obter diferença de  energia potencial da massa m entre os pontos B e A  no espaço,  ΔEP = EP
B
− EP
A
, calcula-se o trabalho da
força F para levar a massa do ponto A ao ponto B , sem acelerar.

 Exemplo:

Determine a diferença de energia de potencial da massa m = 1 kg entre os pontos B e A no topo e na base de uma rampa de 20 m com
inclinação de 30º, conforme mostrado na figura. Considere g = 10m/s
2
.
O peso da massa é P = mg = 1 ⋅ 10 = 10 N . Para levar a massa sem aceleração do ponto A ao ponto B devemos aplicar uma força
F = 10 N de sentido oposto ao peso. A componente de F na direção do deslocamento vale F cos60º = 10 ⋅ 0, 5 = 5 N , portanto o

trabalho de F para ir de A a B , distante 20 m, vale τ = 5 ⋅ 20 = 100 J . Esse trabalho é igual à diferença de energia entre os pontos:

ΔEP = EP − EP = 100 J
B A

Observações:

1. Se o movimento ocorre na direção horizontal não há variação de energia potencial, pois o trabalho realizado é zero (a componente
horizontal de F   é nula).

2.  O trabalho entre dois pontos do campo gravitacional independe do percurso adotado, ou seja, será sempre encontrada a mesma ΔEP
entre os pontos B e A. Poderíamos levar a massa ao ponto C e de lá subir diretamente para B , o trabalho no trecho AC é zero e o trabalho
no trecho C B vale 10 ⋅ 10 = 100 J, resultando 100 J o trabalho total através do percurso AC B.

3. Para haver energia potencial deve existir  campo gravitacional, se não houver campo, como no espaço sideral, qualquer trabalho sobre a
massa m é convertido apenas em energia cinética. 

No exemplo da rampa, vimos que a massa m ao ser levada para o topo da rampa "ganha" 100 J de energia potencial. Suponha agora que a massa
caia do ponto B para o ponto C , qual a velocidade que a massa terá ao chegar ao chão?

Ao atingir o chão a massa terá perdido toda energia potencial que adquirira, mas pelo princípio da conservação da energia, a energia potencial
perdida deverá ter se transformado em outro tipo de energia, no caso em energia cinética, de modo que podemos escrever:

1
2
mv = 100
2
1
⋅ 1 ⋅ v
2
= 100

2
v = 200

v ≃ 14, 1 m/s

Última atualização: terça, 22 mar 2022, 16:09

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 1.4 Campo Elétrico e Lei de Coulomb 1.6 Energia Potencial Elétrica, Potencial Elétrico e DDP 

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