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2 O Circuito Elétrico Básico


Um circuito elétrico é um percurso fechado por onde circula corrente elétrica. O circuito elétrico básico é composto por uma fonte de tensão e
uma carga ligada à fonte através de fios condutores metálicos. Na figura abaixo, a fonte de tensão é uma pilha, e a carga, uma lâmpada:

 O diagrama de circuitos representa graficamente o circuito físico usando símbolos de circuito. A lâmpada  foi representada por um resistor,
um elemento que se opõe à passagem da corrente (representação válida para uma lâmpada de filamento ou incandescente).

 Fonte de Tensão DC              

Resistor                      

Fio condutor       

Funcionamento do circuito
- A fonte de tensão é o elemento responsável por estabelecer uma ddp no circuito. A bateria é um exemplo de fonte de tensão, no seu interior
as cargas estão separadas entre as placas positivas e  negativas, que formam os polos da bateria. Devido à separação das cargas existe um
campo elétrico que vai do polo positivo (ponto B ) ao negativo (ponto A), conforme representado na figura abaixo:

Indo-se do ponto A para o ponto B o potencial aumenta (sentido contrário ao campo), ou seja, VB > VA : a diferença de potencial
VBA = VB − VA é igual a Ed , onde E é o campo e d é a distância entre as placas. O valor da ddp  da bateria é uma  das suas principais
características, havendo disponíveis comercialmente baterias de 1,5 V, 5 V, 9 V, 12V, etc.

- Os fios condutores têm a função de levar a diferença de potencial gerada na fonte até a carga. Se a pilha gera uma ddp de 1,5 V, a carga deve
"sentir" uma ddp de 1,5 V.

- A carga transforma a energia potencial elétrica em uma forma de energia útil, no caso da lâmpada, em luz e calor.

Quando os fios juntamente com a lâmpada são ligados aos polos da bateria é estabelecido um campo elétrico no interior dos fios e do
filamento da lâmpada, como ilustrado na figura abaixo.  Elétrons livres do fio e do filamento são movimentados pela força elétrica no sentido
contrário ao campo, dirigindo-se para o polo positivo da bateria. Ao alcançarem o polo positivo, os elétrons são transportados para o polo
negativo, devido à ação química da bateria, mantendo a circulação de cargas no circuito. Observe que a corrente elétrica vai do polo positivo
para o polo negativo através do circuito externo à bateria e do polo negativo para o positivo pelo interior da bateria.

Ponto de vista da energia

O diagrama de potenciais ao longo do circuito é mostrado na figura abaixo, considerando-se arbitrariamente o polo positivo com potencial
zero:

Para maior clareza, vamos considerar cargas positivas deslocando-se no sentido da corrente, essa era a premissa adotada antes da
descoberta da estrutura atômica por Rutherford, em 1911. Uma carga positiva de 1 C tem energia potencial nula no ponto c. Ao ser
transportada para o ponto d adquire energia potencial de 1,5 J — parte da energia química da pilha é transformada em energia potencial
elétrica. Ao logo do fio superior, há um pequeno campo elétrico, no sentido de d para a, de modo que Va é um pouco que 1,5 V. Na maioria
dos casos, a variação de potencial ao longo do fio condutor pode ser desprezada, portando a carga chega ao ponto a com energia de
praticamente 1,5 J. Ao atravessar o filamento, indo do ponto a para o ponto b, a carga perde a energia potencial adquirida, a qual é
transformada em luz e calor. A carga segue para o ponto c com, com energia potencial zero e o ciclo recomeça até que se esgote a energia
química acumulada na pilha. Do ponto de vista energético, o que ocorre no circuito é a transformação de energia química em energia térmica
e luminosa intermediada por energia potencial elétrica.

Analogia hidráulica
O circuito elétrico estudado é análogo ao circuito hidráulico visto na figura abaixo: 

A bomba corresponde à pilha, as calhas correspondem aos fios, e o tubo, à lâmpada. O fluxo d'água é o análogo da corrente elétrica e o
potencial gravitacional (proporcional à altura) é o análogo do potencial elétrico.  As cargas correspondem às moléculas de água que adquirem
energia potencial ao serem levadas do plano inferior para o superior e perdem a energia adquirida ao descerem pelo tubo. Durante a descida
as moléculas são aceleradas pelo campo gravitacional, aumentando sua energia cinética, mas, devido ao atrito com a parede do tubo, perdem
a  energia cinética adquirida sob forma de calor - a energia cinética média se mantém e o efeito líquido é que a energia potencial gravitacional
é transformada em calor. O diagrama de potencial gravitacional é similar ao diagrama de potencial elétrico da figura anterior.

Note-se que a  bomba d'água não é uma bomba comum, mas de potência controlada - ela não manda para a calha superior um fluxo d'água
constante mas o fluxo que chega na válvula de pé, seja ele grande ou pequeno. 

Corrente
Os elétrons impulsionados pelo campo no interior do condutor formam uma corrente elétrica de intensidade constante, o que significa que
sua velocidade média não varia. Isso ocorre porque, embora sejam acelerados pela força elétrica do campo, os elétrons colidem com íons da
estrutura cristalina do condutor, que vibram em torno de suas posições de equilíbrio, perdendo a energia cinética adquirida (que se
transforma em calor). Não há acúmulo de cargas ao longo do circuito, a corrente elétrica é a mesma em qualquer ponto do fio, do filamento ou no
interior da bateria.

A intensidade da corrente elétrica I depende da área da seção transversal do condutor, A, da condutividade do material, σ, e do campo elétrico ,
E:

I = AσE

A condutividade do material indica quão bom é o condutor. Ela depende do valor da carga do portador, q ( a carga do elétron), da
concentração de elétrons livres por unidade de volume, n — quanto mais elétrons livres disponíveis, maior é a corrente — e da mobilidade do
elétron, μ , definida como a velocidade do elétron por unidade de campo elétrico  (μ = v/E )— se o choque com os íons ocorrem em
intervalos de tempo maiores, os elétrons aceleram mais e sua velocidade média aumenta para um dado campo:
σ = qnμ

Usualmente o filamento de tungstênio da lâmpada incandescente é fino em relação ao do fio de cobre e a condutividade do do tungstênio é
cerca de 3 vezes menor que a do cobre, assim, para que a corrente seja a mesma no fio e no filamento, o campo no filamento deve ser muito
maior que o campo no fio, como ilustrado acima.

Cargas superficiais e campo elétrico


O campo elétrico que impulsiona os elétrons no interior do condutor não é o campo produzido pela concentração de cargas nos polos da
bateria, pois aquele campo é constante ao longo do condutor, enquanto o campo dos polos varia de intensidade no espaço, como ilustrado na
figura abaixo:

A fonte do campo elétrico é a carga elétrica, então onde estão as cargas que produzem o campo no interior do condutor? Em 1852, Weber
propôs que elas estão distribuídas na superfície do condutor, ao longo do circuito, de tal forma que o campo interior é o resultado da
composição do campo dos polos com o campo das cargas distribuídas. A figura abaixo ilustra essa distribuição ao longo do circuito, com
destaque próximo ao filamento:

Sherwood e Chabay sugerem que a distribuição superficial de cargas resulta da ação do campo externo sobre o circuito,
em https://matterandinteractions.org/wp-content/uploads/2016/07/circuit.pdf.

Atividades

1) Por que nesses arranjos a lâmpada não acende?


2) Execute a animação apontada pelo link abaixo 

https://www.vascak.cz/data/android/physicsatschool/template.php?s=ele_uir&l=pt

Observe que quando uma segunda lâmpada é colocada ao lado da primeira (em paralelo)  o brilho da primeira continua o mesmo, mas se a
segunda lâmpada é colocada pós a primeira (em série) o brilho da primeira é reduzido. A que você atribui isso?

Dica: o brilho da lâmpada depende:

da diferença de potencial sobre a lâmpada - quanto mais energia possuem as cargas, mais energia é cedida para a lâmpada quando passam por
ela

da corrente elétrica - quanto mais carga por segundo passa pela lâmpada, mais energia por segundo é cedida a ela

Última atualização: quinta, 31 mar 2022, 15:09

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