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Nature and Conservation

Jun a Ago 2021 - v.14 - n.3 ISSN: 2318-2881

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A inclusão dos catadores na gestão compartilhada de resíduos


sólidos no município do Ipojuca – Pernambuco
O aumento da geração dos resíduos sólidos é uma problemática que tem contribuído para causar impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade. A busca
pelo desenvolvimento de estratégias, visando à sustentabilidade dos resíduos sólidos, é um desafio para os gestores públicos, em virtude da complexibilidade de
aspectos (políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e tecnológicos) que envolvem a gestão dos resíduos sólidos. Nesse contexto, a integração entre o
poder público, o setor privado e a sociedade civil emergem como uma das medidas mitigadoras para adequar a gestão dos resíduos sólidos, em conformidade
com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010). O presente estudo tem como objetivo analisar as dificuldades e as potencialidades do trabalho
dos catadores de materiais recicláveis, para o desenvolvimento da gestão compartilhada dos resíduos sólidos urbanos. A pesquisa foi realizada com base nos
seguintes procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica, visita ao Centro de Triagem de resíduos sólidos do Porto de Suape e à Associação dos Agentes de
Reciclagem do Ipojuca, entrevistas com os catadores de materiais recicláveis e registro fotográfico. Os resultados foram analisados e contextualizados com o
referencial teórico. A pesquisa evidenciou as estratégias adotadas pelos gestores públicos do município do Ipojuca, visando à integração dos catadores na gestão
dos resíduos sólidos, além de mostrar a importância da parceria realizada entre o Centro Administrativo do Porto de Suape e a Associação dos Agentes de
Reciclagem do Ipojuca, como forma de potencializar o trabalho dos catadores no processo de desenvolvimento da cadeia da reciclagem dos resíduos, de forma
compartilhada.

Palavras-chave: Resíduos sólidos; Política nacional de resíduos sólidos; Responsabilidade compartilhada; Catadores de materiais recicláveis.

Inclusion of recyclers in the shared management of solid waste in the


municipality of Ipojuca – Pernambuco
The increase in the production of solid waste has a negative impact on the environment and on society. Developing sustainability strategies poses a challenge for
the public administration given the complexity of the (political, economic, social, environmental, cultural and technological) issues involved in the management
of solid waste. Hence, the integration of the public administration, the private sector and the civil society constitutes one of the mitigating alternatives to adjust
the management of solid waste to the National Policy for Solid Waste (Law nº 12305/2010). The present study, then, analyzed the difficulties as well as the
possibilities of the work of recyclers in the development of shared management of urban solid waste. The method used in this investigation consisted of the
following procedures: literature review, visits to the Suape Port’s Solid Waste Sorting Center and to RECICLE, the Association of Recyclers of Ipojuca, interviews
with recyclers and photographic recordings. Our findings were analyzed in the light of the theoretical framework. The research presents the strategies adopted
by the public administration in the city of Ipojuca that aim to integrate the local recyclers in the management of solid waste. It also shows the relevance of the
partnership between the Suape Port Administrative Center and the Association of Recyclers of Ipojuca as means to improve the work of recyclers in the
development of a shared chain for recycling urban solid waste.

Keywords: Solid waste; National Policy for solid waste; Shared management; Recyclers.

Topic: Planejamento, Gestão e Políticas Públicas Ambientais Received: 09/07/2021


Approved: 11/08/2021
Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Jailson Jorge Cardoso


Universidade Federal da Paraíba, Brasil
http://lattes.cnpq.br/1115018976667972
jailson.professor.2020@gmail.com

Maria Cristina Basilio Crispim da Silva


Universidade Federal da Paraíba, Brasil
http://lattes.cnpq.br/1103302506132951
https://orcid.org/0000-0002-4414-2989
ccrispim@hotmail.com

Gustavo Ferreira da Costa Lima


Universidade Federal da Paraíba, Brasil
http://lattes.cnpq.br/8153297424559789
https://orcid.org/0000-0002-1356-9648
gust3lima@uol.com.br

Referencing this:
CARDOSO, J. J.; SILVA, M. C. B. C.; LIMA, G. F. C.. A inclusão dos
catadores na gestão compartilhada de resíduos sólidos no município
do Ipojuca – Pernambuco. Nature and Conservation, v.14, n.3, p.185-
DOI: 10.6008/CBPC2318-2881.2021.003.0016 201, 2021. DOI: http://doi.org/10.6008/CBPC2318-
2881.2021.003.0016

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A inclusão dos catadores na gestão compartilhada de resíduos sólidos no município do Ipojuca – Pernambuco
CARDOSO, J. J.; SILVA, M. C. B. C.; LIMA, G. F. C.

INTRODUÇÃO

A gestão dos resíduos sólidos urbanos (GRSU) é considerada uma problemática para os gestores
públicos nas diversas esferas da administração pública brasileira (nacional, estadual e municipal). O Brasil é
um país de dimensão continental, e cada região apresenta suas peculiaridades em relação aos aspectos
sociais, ambientais, culturais e econômicos. Essa realidade afeta o desenvolvimento do processo de
gerenciamento dos resíduos sólidos que consiste em várias etapas, sendo as principais: segregação,
acondicionamento, transporte e destinação final.
Historicamente, no Brasil, a GRSU era responsabilidade exclusiva dos gestores públicos, os quais
centralizavam as estratégias e ações para a efetivação do gerenciamento dos resíduos. Porém em 2010 foi
aprovada e sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010). Este instrumento
regulamenta a GRSU em todo o território brasileiro, estando composto por princípios, objetivos,
instrumentos e diretrizes a serem adaptados e implantados nos estados e municípios brasileiros de acordo
com a realidade de cada lugar.
Entre os princípios da PNRS, vale destacar o da responsabilidade compartilhada dos resíduos
sólidos, o qual estabelece a importância da parceria entre o poder público, o setor privado e a sociedade
civil, objetivando a participação e colaboração efetiva de todos os setores na gestão dos resíduos sólidos.
Dessa forma, a legislação em vigor elenca a importância da inclusão dos catadores de materiais recicláveis
na GRSU, tendo em vista a importância do trabalho realizado por esses profissionais.
O Brasil apresenta elevado número de catadores exercendo sua função pautada na informalidade,
sem a garantia de direitos sociais e previdenciários. Diante dessa conjuntura, emerge a necessidade da
criação de associações e cooperativas de catadores, visando uma melhor organização desses agentes por
meio da representação de tais entidades. A inclusão dos catadores no processo de GRSU deve ocorrer de
forma que possibilite melhorias nas condições sociais e econômicas desses agentes ambientais. Sendo
assim, é de responsabilidade do poder público local criar estratégias para estruturar adequadamente os
catadores nos seus locais de trabalho, provendo-os de uma unidade de triagem de resíduos com os
respectivos equipamentos (balança, prensa, caminhões, carroças, entre outros).
A colaboração da sociedade civil e do setor privado na GRSU é considerada indispensável para
efetivar na prática a PNRS. Os geradores de resíduos podem contribuir por meio da separação dos resíduos
domésticos e, dessa forma, contribuir para intensificar a coleta seletiva dos resíduos através dos catadores.
A participação das empresas privadas é importante no processo de descentralização da gestão dos resíduos
sólidos, uma vez que elas devem criar estratégias e parcerias para coletar os resíduos gerados em seus
estabelecimentos e doar aos catadores, contribuindo, assim, para execução do princípio da
responsabilidade compartilhada, conforme preconizado na PNRS.
Diante do exposto, o presente artigo teve como objetivo analisar as dificuldades e as
potencialidades para a inclusão dos catadores de materiais recicláveis na gestão compartilhada dos
resíduos sólidos do município do Ipojuca/PE.

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REVISÃO TEÓRICA

A geração dos resíduos sólidos urbanos tem crescido de forma alarmante, devido aos novos
padrões de consumo da sociedade ao longo dos anos, o que tem contribuído para desencadear uma série
de problemas socioambientais (ALBERTINI, 2011; CARDOSO, 2016). Os resíduos sólidos urbanos são
provenientes das atividades domésticas e comerciais. No Brasil, tradicionalmente, o gerenciamento desses
resíduos tem ficado sob a responsabilidade do poder público local (BERTO, 2018).
Diante dos problemas sociais e ambientais causados pelos resíduos sólidos, torna-se um desafio,
para os gestores dos espaços públicos e privados, implantar ações que possibilitem a sustentabilidade na
gestão desses resíduos. A GRSU é complexa por envolver questões ambientais, sociais, políticas,
econômicas, culturais e tecnológicas (SILVA, 2013; CARDOSO, 2016). Sendo assim, é relevante que o
planejamento de estratégias para adequação do gerenciamento dos resíduos sólidos esteja em
conformidade com a PNRS e ocorra de forma holística e sistêmica, contemplando as diversas áreas de
conhecimento.
Atualmente, no Brasil, a PNRS, instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010),
é o principal instrumento legal que regulamenta as diretrizes para GRSU em todo território brasileiro. De
acordo com Silva (2018), a PNRS “surge como um novo paradigma para a gestão pública brasileira,
tornando-se um desafio aos gestores públicos da esfera local e buscando adequações ao modelo de
gestão”. Um dos objetivos dessa lei enfatiza a importância da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos, que é definida em seu inciso XVII do Art. 3º como:
Um conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos
sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana
e à qualidade ambiental, decorrentes do ciclo de vida dos produtos. (BRASIL, 2010)
De acordo com Silva et al. (2018), a gestão compartilhada dos resíduos sólidos considera a
cooperação, de forma simultânea, dos atores econômicos, sociais e governamentais. Diante disso, emerge
a necessidade de ações coletivas e integradas, visando à adequação da gestão dos resíduos, em
conformidade com as políticas públicas ambientais. Para Berticeli et al. (2017):
Os sistemas de gestão dos resíduos sólidos de melhor funcionamento envolvem todas as
partes interessadas no planejamento, implementação, e monitoramento das mudanças,
sendo constituído por três principais grupos de interessados: os prestadores de serviços,
incluindo a autoridade local, que realmente oferecem o serviço; os usuários, que são os
clientes; e a agentes externos em um ambiente propício, incluindo o governo nacional e
local, que organizam as condições de contorno para que essa mudança seja possível.
A gestão dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, tradicionalmente, era responsabilidade exclusiva
dos gestores públicos. A PNRS modifica este cenário, uma vez que evidencia a importância da participação
de todos os atores (empresariais, sociais e governamentais) na execução das estratégias para a
sustentabilidade da gestão dos resíduos sólidos. Essa responsabilidade compartilhada, inclusive, é
considerada uma das grandes inovações trazidas pela PNRS, que, ao mesmo tempo em que delimita, no
campo jurídico, a responsabilidade de cada um dos atores, prevê, ainda, a integração e o protagonismo dos
catadores, principalmente aqueles organizados em associações ou cooperativas (SEVERI, 2014). A inclusão

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dos catadores na GRSU, além de intensificar o processo do reaproveitamento e da reciclagem, contribui


para a valorização do trabalho desses agentes ambientais que representam um símbolo de luta em prol da
sustentabilidade.
Com a aprovação da PNRS, os catadores de materiais recicláveis passaram a ter mais visibilidade
social, pois eles são agentes sociais indispensáveis para a efetivação do princípio da responsabilidade
compartilhada na GRSU. Essa corresponsabilização de diferentes atores, que visa a promover a
sustentabilidade em relação aos problemas socioambientais causados pelo lixo urbano, é fruto de um
modelo de política social representada pela gestão compartilhada dos resíduos sólidos urbanos (PIRANI,
2010). Sendo assim, os catadores de materiais recicláveis representam um papel importante para a gestão
integrada de resíduos sólidos e, embora ainda não tenham o merecido reconhecimento dessa importância,
espera-se, com a aplicabilidade da PNRS, uma mudança nesse cenário (SOUZA et al., 2014). A inclusão dos
catadores na gestão dos resíduos sólidos contribui para prolongar o ciclo de vida dos produtos, por meio da
cadeia da reciclagem dos resíduos.
Os catadores de materiais recicláveis executam seu trabalho por meio da coleta de resíduos sólidos,
gerados nos estabelecimentos privados, nas residências e nos órgãos públicos. Um dos instrumentos
estabelecidos pela PNRS, para facilitar a vida dos catadores, é o incentivo à criação e desenvolvimento de
cooperativas ou outras formas de organização (SOUZA et al., 2014). A realização do trabalho por meio de
cooperativas ou associações é considerada uma estratégia para fortalecer os catadores, uma vez que
promove geração de renda e desenvolvimento social (SILVA et al., 2018). Nesse contexto, vale ressaltar a
importância da realização de parcerias entre as organizações não governamentais (ONGs), na forma de
cooperativas e/ou associações, e o poder público, visando incluir os catadores na gestão dos resíduos
sólidos, conforme preconiza a legislação vigente. Ainda de acordo com Silva et al. (2018):
A PNRS é consoante ao trabalho do catador, consequentemente o não cumprimento da
mesma origina inúmeras dificuldades a atividade de segregação em centros e/ou
cooperativas de materiais recicláveis, podendo até mesmo repercutir na saúde do
trabalhador.
Para ter acesso aos recursos previstos na PNRS, os municípios brasileiros devem elaborar planos
municipais de gestão integrada de resíduos sólidos, incluindo a participação de cooperativas ou outras
formas de associação de catadores de materiais recicláveis, através da implantação da coleta seletiva,
contribuindo, assim, para aumentar a geração de renda desses atores sociais (BRASIL, 2010). A coleta
seletiva, sistema que trata, na fonte geradora do resíduo, da separação dos materiais com potencial de
reciclagem, para serem recolhidos pelo poder público ou por catadores de materiais recicláveis, está entre
os meios de amenizar os problemas causados pelos resíduos sólidos urbanos (LIMA et al., 2016).
A inclusão dos catadores na gestão dos resíduos sólidos é uma das alternativas sustentáveis para a
efetivação da PNRS. Um dos objetivos desse instrumento tem como premissa possibilitar que a gestão dos
resíduos ocorra na seguinte ordem: não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos
resíduos sólidos, bem como uma disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
Para concretizar esse objetivo, é necessário que o poder público desenvolva estratégias que estimulem a

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participação da sociedade, por meio da Educação Ambiental, da criação de programas de coleta seletiva e
estruturação de centros de triagem com os equipamentos necessários para o desenvolvimento do trabalho
dos catadores, conforme preconiza a PNRS.
No que diz respeito aos resíduos sólidos, a educação ambiental pode ser considerada um
instrumento decisivo para a mudança de atitudes da sociedade em relação à geração, reutilização,
reciclagem e destinação correta dos resíduos sólidos. De acordo com Jacobi (2003), a promoção da
educação ambiental é de extrema importância para a gestão dos resíduos sólidos, pois é a partir dela que
se inicia o processo de mudança de hábitos dos indivíduos para uma destinação adequada desses resíduos.
Sendo assim, é importante que a sociedade conscientize-se do seu papel e reduza a geração dos resíduos,
separando-os já nas residências, contribuindo, assim, para a melhoria do trabalho dos catadores.
A separação dos diferentes materiais que poderão ser reutilizados e reciclados, nas fontes
geradoras dos resíduos, contribui para facilitar o trabalho dos catadores durante a realização da coleta
seletiva (MIRANDA et al., 2018). Nesse âmbito, a implantação de programas de coleta seletiva dos resíduos,
nos diversos estabelecimentos, é inerente à necessidade de se intensificar a prática da reciclagem, pois o
processo de reaproveitamento de resíduos de produtos que já foram utilizados e voltam a ser inseridos no
processo do ciclo produtivo é relevante, porque reduz desperdícios e poupa recursos naturais virgens,
energia e recursos financeiros envolvidos na extração (LOMASSO et al., 2015). O reaproveitamento dos
resíduos sólidos e consequentemente a reciclagem é relevante, tanto do ponto de vista ambiental, tendo
em vista que reduz a extração de recursos naturais para fabricação de novos produtos, como do ponto de
vista econômico, por contribuir para a geração de renda dos catadores.

METODOLOGIA

Área de estudo

O município do Ipojuca ocupa uma área de 527,107 km², sendo envolvido por uma extensão
perimetral de 111,79 km2. Integra a Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco (Figura 1),
localizando-se a 52 km da capital Recife, no litoral da Mata Sul do estado. O município limita-se ao norte
com o município do Cabo de Santo Agostinho, na Pedra do Meio na Boca da Barra de Suape; ao sul com o
município de Sirinhaém, na Boca da Barra do rio Sirinhaém; a leste com o Oceano Atlântico; a oeste com o
município de Escada. Ipojuca é formado por três distritos – o Distrito Sede, o Distrito de Nossa Senhora do
Ó e o Distrito de Camela – e pelos povoados das praias de Porto de Galinhas, Muro Alto, Cupe, Maracaípe,
Serrambi, Toquinho e seus engenhos (IBGE, 2017).

Figura 1: Localização do Município de Ipojuca, da RECICLE e do Centro Administrativo do Porto de Suape – PE. Fonte:
SIRGAS (2000, 2018).

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A Associação dos Agentes de Reciclagem (Recicle) foi fundada por um grupo de catadores de
materiais recicláveis em 20 de setembro de 2005, com prazo indeterminado de duração, com sua sede
localizada na Rua Cavalo Marinho, s/n, no Povoado de Porto de Galinhas, Ipojuca/PE.
O Complexo Industrial Portuário de Suape está localizado na mesorregião metropolitana do Recife,
entre os Municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, a 40 km da cidade do Recife, capital do estado
de Pernambuco. O complexo portuário de Suape foi instituído em 1979, por meio da Lei Estadual nº 7.763,
de 7 de novembro de 1978, como uma empresa pública estadual denominada “SUAPE – Complexo
Industrial Portuário” (PERNAMBUCO, 1978). Atualmente é administrada pela estatal Complexo Industrial
Portuário Governador Eraldo Gueiros, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de
Pernambuco. A sede administrativa da empresa está localizada na Rodovia PE-60, KM 10, Engenho
Massangana, Ipojuca/PE.

Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

O estudo foi realizado com base nos princípios de uma pesquisa do tipo exploratória-descritiva.
Para Gil (1999), a pesquisa exploratória tem como foco obter uma visão geral acerca de um objeto de
estudo pouco explorado. Já a pesquisa descritiva, de acordo com Triviños (1987), tem como principal
objetivo descrever as características do fenômeno estudado, após a aplicação de várias técnicas de
pesquisa no decorrer da coleta e interpretação dos dados.
As etapas vivenciadas para a realização da pesquisa foram baseadas no método de triangulação
proposto por Azevedo (2013), o qual pode combinar métodos e fontes de coleta de dados qualitativos e
quantitativos (entrevistas, questionários, observação e notas de campo, documentos, além de outros). A
adoção de vários instrumentos de pesquisa possibilita ampliar a visão sobre o objeto de estudo,
enriquecendo, assim, o trabalho do pesquisador. Diante desse quadro foram realizados os seguintes
procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica: busca de textos sobre o tema pesquisado, como
artigos científicos na plataforma Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),
artigos em sites de diversos periódicos científicos, dissertações e livros. A análise documental ocorreu por
meio dos textos coletados e da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), bem como por meio
de um estudo do Plano de Inclusão Social e Econômica dos Catadores (PISEC) do município de Ipojuca
(IPOJUCA, 2013); visita à área de estudo: trabalho de campo, em que foram visitados a central de triagem
dos resíduos sólidos do Centro Administrativo do Porto de Suape, a Secretaria de Meio Ambiente e de
Infraestrutura do município Ipojuca e a unidade de triagem dos catadores de materiais recicláveis da
Recicle; entrevistas: realização de entrevistas com o responsável pelo gerenciamento da unidade de
triagem do Centro Administrativo do Porto de Suape, com a diretora de projetos socioambientais da
Secretaria de Meio Ambiente e de Infraestrutura do Ipojuca e, por fim, com o presidente da associação de
catadores Recicle. Os mesmos responderam um questionário com perguntas semiestruturadas
relacionadas à GRSU e às dificuldades/possibilidades para incluir os catadores da Recicle no processo de
gerenciamento dos resíduos sólidos na área de estudo.

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As informações pesquisadas foram organizadas em quadros e tabelas, os quais foram analisados e


contextualizados com base nos referenciais teóricos e nos artigos da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A análise dos resultados relacionados à geração dos resíduos sólidos da área de estudo ocorreu por meio
de estudo comparativo com base nos dados do Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil de 2020,
elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE). Em
relação aos aspectos relacionados ao reaproveitamento dos resíduos sólidos e à reciclagem, os resultados
foram confrontados com base nas informações do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O município do Ipojuca apresenta vários aspectos sociais e econômicos que contribuem para
intensificar a geração de resíduos sólidos. Em relação à economia, Ipojuca tem o terceiro maior produto
interno bruto (PIB) do Estado de Pernambuco, ficando atrás apenas do Recife (capital do Estado) e da
cidade de Jaboatão dos Guararapes. O município apresenta grande potencial econômico, em virtude das
diversas atividades econômicas desenvolvidas: empresas e indústrias instaladas no Porto de Suape,
potencial turístico, em decorrência da presença de belas praias em seu território, além da produção
açucareira, com vários engenhos e usinas. Essa realidade contribui para atrair trabalhadores dos municípios
vizinhos e de outros estados, o que, consequentemente, tem contribuído para o aumento populacional nos
últimos anos. De acordo com o censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2010, o município apresentava 80.637 habitantes. Para o ano 2019, a estimativa da
população era de 96.204 habitantes (IBGE, 2017). O crescimento da população contribuiu para intensificar
a geração de resíduos sólidos, necessitando, assim, de adoção de estratégias para redução, reutilização e
destinação final ambientalmente adequadas, conforme a legislação vigente.
A redução da geração dos resíduos sólidos urbanos no Brasil é uma das metas estabelecida no Art.
7º da PNRS, o qual regulamenta que o planejamento da GRSU seja pautado na seguinte ordem: não
geração, redução, reutilização, reciclagem e destinação ambientalmente adequada (BRASIL, 2010). Os
dados da pesquisa (Quadro 1) realizada na Secretaria de Infraestrutura do município do Ipojuca apontaram
que entre 2013 e 2019 a geração dos resíduos sólidos aumentou de forma significativa, contrariando o
preconizado pela legislação em vigência.

Quadro 1: Quantitativo dos resíduos sólidos gerados no Município de Ipojuca entre 2011 e 2019.
Período Quantidade (Toneladas)
2011 35.552,00
2012 (out. a dez) 7.293,65
2013 36.926,62
2014 41.718,37
2015 40.642,17
2016 42.242,57
2017 40.947,24
2018 43.855,39
2019 45.144,78
Total 334.325,79
Fonte: Dados fornecidos pela Secretaria de Infraestrutura de Ipojuca, 2020.

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Os dados evidenciam um aumento de 9.552,78 toneladas, correspondendo a 26,9% entre 2011 e


2019 no município de Ipojuca, que a partir do ano de 2012 começou a enviar ao Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS) o quantitativo anual dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Em
Pernambuco, de acordo com os dados da ABRELPE (2020), em 2010 foram geradas 2.811.230 toneladas de
resíduos; em 2019 o total chegou a 3.285.730 de toneladas, o que corresponde a um aumento de 16,8%. O
crescimento populacional é um dos fatores que intensifica a geração dos resíduos sólidos, tendo em vista a
prática constante de hábitos consumistas pela sociedade. Essa realidade contempla o município de Ipojuca,
pois, de acordo com os dados do IBGE, entre 2010 e 2019, a estimativa de crescimento da população foi de
aproximadamente 21,1%. Outro fator que contribui para o aumento do quantitativo dos RSU no município
pesquisado é em relação à população flutuante que visita o município por meio das atividades turísticas,
associado à presença de várias praias no litoral Ipojucano. De acordo com a pesquisa, a média de geração
de resíduos no mês de janeiro é superior aos demais meses do ano. O aumento na geração dos RSU não
faz parte da realidade apenas do município de Ipojuca; essa realidade envolve todas as regiões do território
brasileiro, no qual a média de geração total e per capita dos RSU no Brasil entre 2010 a 2019 aumentou de
forma significativa conforme aponta os dados da ABRELPE (figura 2).

Figura 2: Comparativo da Geração total e per capita de RSU nas regiões brasileiras entre 2010 e 2019. Fonte: ABRELPE
(2020).

O aumento da geração dos RSU no Brasil entre (2010 e 2019) foi considerável. De acordo com a
ABRELPE (2020), em 2010 foram geradas 67 milhões de toneladas; já em 2019 o quantitativo foi de 79
milhões. A média per capita dos RSU também cresceu, passando de 348,3 para 379,2 (kg/hab./ano). Esses
dados evidenciam que o Brasil não tem conseguido alinhar a GRSU em conformidade com a PNRS,
sobretudo no que diz respeito à redução na quantidade dos resíduos. Sendo assim, vale salientar que a
ausência da implementação de estratégias relacionadas à educação ambiental, a falta de programas de
coleta seletiva e as poucas parcerias com os catadores e com as empresas recicladoras corroboram para
que os estados e municípios apresentem dificuldades em adotar um modelo de GRSU em conformidade
com a PNRS.
O gerenciamento dos RSU do município de Ipojuca ocorre por meio da coleta, acondicionamento,
transbordo e destinação final no aterro sanitário municipal, inaugurado em 2014, logo após a desativação
do antigo lixão. Para reduzir a quantidade dos RSU destinada ao aterro, é indispensável que os gestores
públicos criem estratégias para incentivar o reaproveitamento dos resíduos por meio da coletividade,

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objetivando a inclusão social e econômica dos catadores de materiais recicláveis na GRS.

O processo de inclusão dos catadores na GRSU no município do Ipojuca

A PNRS estabeleceu o prazo até 02 de agosto de 2014 para que os municípios se adequassem à
nova legislação, tendo como principal meta a extinção dos lixões. Dessa forma, os municípios deveriam
adaptar-se a essa determinação legal, através da elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de
Resíduos Sólidos (PGIRS), o qual deve conter estratégias para envolver a participação da sociedade na
gestão dos resíduos sólidos, por meio da adoção do princípio da responsabilidade compartilhada. Por essa
razão, a inclusão dos catadores de materiais recicláveis nesse processo é considerada uma das principais
ações a serem implantadas para tornar sustentável a GRSU, uma vez que o trabalho desses agentes
ambientais é intrínseco para intensificar a cadeia da reciclagem. O quadro 2 apresenta as metas do Brasil
para aumentar o número de catadores nas regiões brasileiras, almejando fortalecer a participação desses
trabalhadores na GRSU, conforme preconiza o Art. 15º da PNRS (BRASIL, 2010).

Quadro 2: Metas para Inclusão dos catadores na GRSU no Brasil.


Meta Região Plano de Metas
2015 2019 2023 2027 2031
Brasil 280.000 390.000 440.000 500.000 600.000
Inclusão e
Norte 7.745 10.764 12.144 13.800 16.560
fortalecimento da
Nordeste 63.160 87.984 99.264 112.800 135.360
organização de 600.000
Sul 68.602 95.550 107.800 122.500 147.000
catadores
Sudeste 109.564 152.607 172.172 195.650 234.780
Centro-Oeste 30.929 43.095 48.620 55.250 66.300
Fonte: BRASIL (2012).

Os dados mencionados no quadro 1 evidenciam a necessidade de aumentar o número de catadores


no Brasil. Em 2017, o Brasil contava com uma média de 600 mil catadores, porém apenas 5% desses
estavam incluídos nas cooperativas e associações (MORI, 2017). Atualmente esse quantitativo aumentou,
pois, de acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Reciclagem, o número atual chega a 800 mil
catadores. Essa realidade é reflexo da necessidade da valorização do trabalho executado pelos catadores,
sobretudo após a aprovação da PNRS, uma vez que esses agentes ambientais são indispensáveis para a
efetivação dos objetivos, princípios e instrumentos dessa política.
A busca pela implementação do princípio da responsabilidade compartilhada na GRSU é
considerada um desafio para os gestores públicos no Brasil, tendo em vista a necessidade do
desenvolvimento de estratégias coletivas envolvendo o poder público, o setor privado e a sociedade civil.
Diante dessa situação, foram realizadas entrevistas com os gestores responsáveis pela GRSU do município
de Ipojuca, com o objetivo de analisar os desafios e possibilidades para adequar a legislação nacional às
peculiaridades locais com ênfase no processo de inclusão social e econômica dos catadores nesse
gerenciamento. O quadro 3 apresenta as principais ações desenvolvidas por meio das Secretarias de Meio
Ambiente e de Infraestrutura para a adequação da PNRS no município.
A elaboração do Plano Municipal de Resíduos Sólidos (PMRS) é a principal premissa para a
efetivação da PNRS nos municípios e estados. Esse instrumento deve conter o diagnóstico da realidade do

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lugar em relação aos resíduos sólidos, e, a partir desse diagnóstico, elaborar estratégias para serem
desenvolvidas de forma processual, planejando adequar a GRSU com a legislação em vigor. O PMRS do
Ipojuca foi elaborado pela Empresa ATP/Engenharia e está dividido em três volumes: volume I –
Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos; volume II – Planejamento Estratégico; e volume III – Ações
Operacionais. Os volumes II e III apresentam estratégias para incluir os catadores no processo de
implantação da PNRS do município. Este instrumento é de suma importância para nortear a GRSU dos
municípios e não deve ser elaborado apenas como uma obrigação por conta da exigência da legislação. De
acordo com a pesquisa, o PMRS do Ipojuca deveria ter sido atualizado em 2017, o que é preocupante, pois
a implementação da PNRS deve ocorrer de forma processual, com um monitoramento contínuo visando à
avaliação dos avanços ocorridos e do replanejamento de novas metas.

Quadro 3: Estratégias para inclusão de catadores na GRSU do município do Ipojuca/PE.


Ano Ações Desenvolvidas
2012 Elaboração do PGIRS
2013 Elaboração do Plano de Inclusão de Catadores na GRSU
2014 Elaboração do Projeto Piloto de Coleta Seletiva
2019 Projeto de Construção da Unidade de Triagem
2019 Parceria com Instituto Recicleiros

Em 2013, foi elaborado o Plano de Inclusão de Catadores para inseri-los na GRSU. Esse instrumento
conta com várias estratégias para apoiar os catadores no decorrer da execução de suas atividades. Esses
profissionais trabalhavam de maneira informal no lixão municipal. Com a desativação do lixão, em 2014, o
município criou a Bolsa Auxílio-Solidário Catador, no valor de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais),
inicialmente para 56 catadores. Até o período da coleta de dados desta pesquisa, o município continuava
efetuando o pagamento a 48 catadores, tendo em vista que não foi colocado em prática o Projeto de
Coleta Seletiva, nem a construção da unidade de triagem. Com base na PNRS, cabe ao poder público
municipal estruturar um espaço com equipamentos necessários para facilitar o trabalho dos catadores. As
principais estratégias do Plano de Inclusão dos Catadores são: capacitações, apoio nas necessidades básicas
(retirada de documentos, acesso ao sistema de saúde), parcerias com empresas de reciclagem e criação de
uma cooperativa de catadores.
Após a desativação do lixão, em 2014, houve uma preocupação do poder público municipal com os
catadores que executavam seu trabalho naquele ambiente. Foram realizadas capacitações com o grupo de
catadores sobre a importância da criação de uma cooperativa, visitas a outros municípios que já praticam a
coleta seletiva, além de encontros quinzenais para debater de forma democrática sobre as prioridades dos
catadores, objetivando a inclusão deles na GRSU. A elaboração do PISEC do município de Ipojuca
contextualizou vários aspectos socioeconômicos da vivência dos catadores; porém a principal estratégia
não foi efetivada até o momento, que consiste na construção da unidade de triagem dos catadores. Sem a
existência desse espaço com os equipamentos necessários, o trabalho dos catadores torna-se inviável, em
virtude da necessidade de acondicionar os resíduos coletados em conformidade com a exigência das
empresas recicladoras.
A separação dos resíduos sólidos nas residências, nos órgãos públicos e nos estabelecimentos

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privados é indispensável para melhorar o trabalho dos catadores durante a coleta dos resíduos. Em 2014,
foi elaborado um projeto piloto de coleta seletiva no município do Ipojuca, o qual seria implementado no
povoado de Porto de Galinhas. Algumas ações foram realizadas, como, por exemplo, a instalação de
coletores de resíduos nas ruas. Porém, de acordo com os catadores da Recicle, a instalação desses
coletores não contribuiu para melhoria do trabalho deles, tendo em vista que os resíduos eram
depositados sem a separação adequada. Vale salientar que, para incluir a sociedade na GRSU, é necessário
um trabalho de sensibilização, por meio das ferramentas da educação ambiental, de forma processual e
contínua.
Atualmente, de acordo com a entrevista realizada na Secretaria de Meio Ambiente e Controle
Urbano do Ipojuca, foi elaborado um novo projeto de coleta seletiva para o município, mas que somente
seria implementado após a construção de uma central de triagem para os catadores desenvolverem suas
atividades. Com relação à estruturação do espaço para os catadores trabalharem, o município fez uma
parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Governo do Estado e conseguiu
recursos para a construção da unidade de triagem. O andamento do projeto encontrava-se na fase de
licitação e, enquanto isso, o município estava oferecendo apoio técnico para a abertura de uma
cooperativa de catadores, chamada Juntos Somos Fortes, ONG que será formada pelos catadores que
atuavam no lixão municipal.
Para acompanhar e auxiliar no desenvolvimento das estratégias para a implantação de um projeto
de coleta seletiva que inclui os catadores de materiais recicláveis, o município do Ipojuca fez uma parceria
com o Instituto Recicleiros. Essa instituição atua oferecendo apoio técnico às prefeituras, auxiliando na
implementação do princípio de responsabilidade compartilhada na GRSU, a qual irá atuar no município
após a construção da unidade e implantação do projeto de coleta seletiva municipal.
A efetivação da coleta seletiva de forma integrada e participativa é indispensável para melhorar o
trabalho dos catadores. Dessa forma, cabe aos gestores públicos, em parceria com o setor privado,
desenvolver projetos de educação ambiental, pretendendo sensibilizar a sociedade sobre a importância da
separação e da reciclagem dos resíduos sólidos, além de fomentar a geração de renda dos catadores,
contribuindo assim, para a sustentabilidade na GRSU. A inclusão dos catadores na gestão de resíduos,
conforme preconiza a PNRS, envolve uma série de etapas que devem ser implantadas de maneira
processual. O município do Ipojuca tem criado estratégias para implementar o princípio da
responsabilidade compartilhada, mas a ausência de infraestrutura adequada, sobretudo em relação à
unidade de triagem, tem contribuído para retardar a participação efetiva dos catadores na gestão dos
resíduos sólidos.

Parceria entre o Centro Administrativo do Porto de Suape e a Recicle

A gestão compartilhada dos resíduos sólidos é um mecanismo para envolver toda sociedade no
processo de gerenciamento dos resíduos sólidos. A realização de parcerias, visando descentralizar a
responsabilidade pela GRSU, é uma premissa emergente para a implementação da PNRS. Nesse contexto,

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destaca-se a parceria firmada entre o Centro Administrativo do Porto de Suape e a Associação de Catadores
de Materiais Recicláveis (Recicle), localizada no povoado de Porto de Galinhas, Ipojuca/PE.
A gestão dos resíduos sólidos de Suape procura atender aos objetivos, princípios e diretrizes da
Política Nacional de Resíduos Sólidos. Assim, uma das ações efetivas desenvolvidas em Suape, no que diz
respeito à GRSU, está relacionada com a implantação do projeto de coleta seletiva dos resíduos gerados
pelas empresas públicas de Suape. As diretrizes para a realização da coleta seletiva encontram-se no Plano
de Gestão de Resíduos Sólidos do Porto de Suape (PGRSS).
A coleta seletiva é realizada no Porto de Suape nos seguintes locais: Centro Administrativo, Centro
de Treinamento, guaritas, postos de controle de tráfego, nos cais públicos, no prédio da Autoridade
Portuária, bem como nos prédios públicos dos prestadores de serviços, como Corpo de Bombeiros,
escritórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Receita Federal (ZAPONI et al., 2014).
A coletiva seletiva no Porto de Suape foi implantada em 2011, sendo uma das metas do PGRSS. A
implantação do projeto de coleta seletiva ficou sob a responsabilidade da Coordenação de Educação
Ambiental, tendo como objetivo tratar corretamente a destinação final dos resíduos gerados nas empresas
públicas de Suape, bem como incentivar o reaproveitamento dos resíduos, por meio da reciclagem.
Durante a visita de campo, observou-se que a coleta seletiva era realizada em 32 locais no Porto de
Suape, por meio de empresa terceirizada, que desenvolve o trabalho de acolhimento dos resíduos
atendendo às normas da resolução da ANVISA referentes à separação dos resíduos sólidos. Para facilitar o
trabalho dos funcionários envolvidos na coleta, foram instalados, nos diversos setores das empresas
públicas de Suape, coletores diferenciados por tipo de resíduo.
A instalação de coletores contribui para que as pessoas, voluntariamente, colaborem na separação
dos resíduos e, consequentemente, facilita o trabalho no recolhimento desses resíduos. Após a coleta, os
resíduos tinham como destino o centro de triagem, onde eram pesados e prensados. Observou-se a coleta
de resíduos plásticos, papéis, metais e vidro. Esses resíduos eram doados para a Recicle e essa ação tem
contribuído para reduzir os impactos negativos causados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos,
bem como intensificar a prática da reciclagem.
A doação dos resíduos coletados era realizada mediante a assinatura de um termo de certificação
junto a Recicle, no qual havia a especificação da quantidade do material doado. A cada dois meses, após
serem acondicionados no centro de triagem (Figura 3), os resíduos eram levados para a Associação de
Catadores Materiais Recicláveis de Porto de Galinhas e vendidos pelos catadores às empresas que
trabalham com a reciclagem.
A Empresa Pernambucana de Engenharia Sanitária (Empesa) é a responsável pela logística da coleta
seletiva no centro de triagem. O recolhimento dos resíduos era feito, diariamente, em pontos alternados.
Além dos resíduos sólidos, também são recolhidos os resíduos orgânicos, reaproveitados por meio da
compostagem e usados nos viveiros de mudas de plantas no Porto de Suape. Os resíduos recicláveis eram
enviados para a Recicle, sempre que se esgotava a capacidade de armazenamento da unidade de triagem
do Porto de Suape. Antes da parceria realizada com os catadores, os resíduos eram destinados ao Aterro

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Sanitário do Município de Jaboatão dos Guararapes.

Figura 3: Central de Triagem de Resíduos Sólidos do Porto de Suape – PE.

A pesagem dos resíduos coletados mensalmente (Tabela 1) tinha como objetivo fazer o
acompanhamento quantitativo dos resíduos gerados nas empresas públicas do Porto de Suape. Segundo a
Coordenação de Educação Ambiental do Porto de Suape, com base nos dados obtidos, eram estabelecidas
metas para redução da geração dos resíduos.

Tabela 1: Pesagem dos Resíduos Sólidos da Central de Triagem de Suape em 2018.


Plásticos Plásticos Emb. Papéis Metais Pneus Rejeitos (kg) Recicláveis
Mês
comuns (kg) Óleo (kg) (kg) (kg) (kg) (%)
Janeiro 256,30 515,30 437,40 167,70 - 7.790,00 15,02%
Fevereiro 142,60 513,00 189,30 217,80 513,00 8.300,00 15,96%
Março 432,10 509,10 398,00 195,20 690,00 8340,00 21,06%
Abril 185,30 651,90 886,80 178,10 650,20 10,750,00 19,19%
Maio 279,80 792,20 286,60 1499,10 450,80 9.040,00 26,40%
Junho 145,50 707,10 110,00 41,80 - 9.210,00 9,83%
Julho 116,60 771,90 148,10 2.070,50 803,70 10.610,00 26,93%
Agosto 194,20 503,70 190,80 108,50 911,00 9.550,00 16,65%
Setembro 545,00 755,20 634,50 620,00 - 8.720,00 22,66%
Outubro 190,90 1.002,20 146,40 68,00 437,90 11.270,00 14,07%
Novembro 226,20 575,70 226,00 18,80 236,90 7.630,00 14,37%
Dezembro 273,10 294,90 186,90 56,60 - 8.470,00 8,74%
Média 248,40 632,20 320,10 431,30 426,70 9.140,00 18,39%
Total 2.987,30 7.589,20 3.840,80 5.176,10 4.693,50 109.680,00 -

De acordo com os dados da tabela, 18,39% dos resíduos (papéis, plásticos, metais), gerados pelas
empresas públicas do Porto de Suape, eram reaproveitados por meio da reciclagem. É importante ressaltar
que esse percentual pode ser aumentado devido ao potencial que esses resíduos apresentam para a cadeia
da reciclagem. No Brasil, conforme dados do CEMPRE (2019), em 2018, 22% dos plásticos gerados foram
encaminhados reaproveitados por meio da reciclagem. Em 2019, em relação às latas de alumínio o
percentual chegou a 97,6% e o papel a 66,9%.
Mesmo estando abaixo da média nacional, a iniciativa desenvolvida pelo Centro de Suape é
positiva, pois reflete o comprometimento com a legislação vigente e contribui para melhorar o rendimento
dos catadores da Recicle, pois os resíduos recebidos eram divididos proporcionalmente pelos catadores da
associação e vendidos a empresas de reciclagem. Atualmente, em virtude da pandemia, os catadores
afirmaram que não estão recebendo os resíduos, mas o acordo com o Centro Administrativo continua
firmado, conforme relato do presidente da Recicle durante a entrevista realizada para a coleta de dados.

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O trabalho realizado pelos catadores da Recicle ocorre desde 2005, quando a instituição foi
fundada. De acordo com o presidente da associação, a instituição foi criada com o intuito de amenizar as
dificuldades enfrentadas pelos catadores no decorrer da coleta dos resíduos. Entre as dificuldades se
destacavam: pouca colaboração da sociedade na separação dos resíduos, pouco apoio dos órgãos públicos
e falta de uma unidade de triagem com infraestrutura adequada. Após a regularização da associação, os
catadores foram beneficiados com a doação do maquinário (balança, prensa, carroça) por parte da
iniciativa privada (empresas locais), além do pagamento do aluguel do Galpão de Triagem pela Prefeitura
do município de Ipojuca. Atualmente a associação é composta por 11 catadores, sendo nove homens e
duas mulheres.
De acordo com o presidente da Recicle, ocorreram avanços no trabalho dos catadores após a
criação da associação. Porém eles ainda enfrentam muitas dificuldades, tais como: ausência de
equipamentos de proteção individual (EPI), falta de parceria com empresas de reciclagem e baixa adesão
das empresas locais em relação à doação dos resíduos para os catadores da associação. Esses aspectos
negativos têm dificultado o trabalho dos catadores, mas os mesmos continuam exercendo suas atividades
de forma exitosa. Os resíduos coletados são vendidos a atravessadores, acarretando na redução do valor
dos resíduos para os catadores por não negociar diretamente com as empresas de reciclagem. Outro ponto
negativo diagnosticado com a pesquisa foi em relação às empresas do setor hoteleiro da praia de Porto de
Galinhas, pois as mesmas estão deixando de doar os resíduos a Recicle. Essa realidade tem impactado o
trabalho dos catadores, levando em consideração a redução do quantitativo dos resíduos coletados e,
consequentemente, diminuindo o rendimento financeiro.
A coleta dos resíduos sólidos urbanos, realizada pelos catadores da Recicle, ocorre diariamente nas
ruas do povoado de Porto de Galinhas e, após a coleta, os resíduos são destinados ao Galpão da associação
(Figura 4).

Figura 4: Unidade de triagem da Recicle.

Os resíduos coletados são separados na unidade de triagem da Recicle. O espaço dispõe de balança
e prensa para os catadores acondicionarem o material a ser destinado para a reciclagem. A maioria dos
resíduos coletados nas ruas não são separados nas residências, o que dificulta o trabalho dos catadores.

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Sobre a parceria com o poder público municipal, a Recicle recebe apoio referente apenas ao valor
do aluguel da unidade de triagem. De acordo o presidente da associação, o espaço onde é feito a separação
e o acondicionamento dos resíduos é limitado, dividido proporcionalmente para cada catador armazenar os
resíduos coletados. Constata-se que essa parceria com a prefeitura precisa ser melhorada, pois a pesquisa
evidenciou que os catadores da Recicle não recebem o mesmo tratamento ofertado aos catadores do
antigo lixão. A divisão do grupo de catadores não é favorável para nenhuma das partes, então esses
agentes ambientais necessitam se unir e lutar por melhores condições de trabalho junto ao poder público
municipal.
O trabalho realizado pela Recicle apresenta-se pioneiro no município do Ipojuca e, diante desse
cenário, torna-se primordial a colaboração da sociedade, do setor privado e do poder público municipal,
buscando reduzir as dificuldades enfrentadas pelos catadores, tendo em vista sua importância na
implementação da PNRS.

CONCLUSÕES

O estudo de caso evidenciou as dificuldades enfrentadas pelos gestores públicos do município do


Ipojuca em relação à implementação do princípio da responsabilidade compartilhada na gestão dos
resíduos sólidos urbanos, com ênfase no processo de inclusão e participação dos catadores de materiais
recicláveis no gerenciamento desses resíduos.
A legislação vigente enfatiza a importância da parceria entre os catadores e os gestores públicos
das diversas esferas federativas. Sendo assim, para adequar a PNRS no âmbito local, o município do Ipojuca
criou várias estratégias (elaboração do PGIRS, Plano de Inclusão de Catadores, projeto de coleta seletiva,
parcerias com ONGs, entre outras) para descentralizar a gestão dos resíduos sólidos urbanos. Porém,
passados quase 10 anos da aprovação da PNRS, o município não conseguiu criar uma unidade de triagem
para os catadores de materiais recicláveis.
Diante disso, é importante que o município desenvolva ações, de forma processual e contínua, em
que, além de planejar estratégias para incluir os catadores na GRSU, seja oferecida uma infraestrutura
adequada, implantando projetos de sensibilização social para a separação dos resíduos urbanos, firmando
parcerias com empresas de reciclagem, bem como estruturando uma unidade triagem com os
equipamentos necessários para o desenvolvimento do trabalho dos catadores. Além da estruturação da
unidade de triagem, é importante que ocorra a inclusão social e econômica dos catadores na GRSU,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida deles e envolvendo a garantia de direitos sociais,
trabalhistas e previdenciários, como acesso à educação, cursos profissionalizantes, assistência médica,
entre outras necessidades básicas.
A área de estudo apresenta grande potencial para adequar a gestão dos resíduos sólidos urbanos à
PNRS. A parceria realizada entre o Centro Administrativo do Porto de Suape e a Recicle é um exemplo de
que é possível destinar corretamente os resíduos gerados nas empresas e contribuir para a geração de
renda dos catadores, além de incentivar a cadeia da reciclagem. Dessa forma, é importante que a

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experiência vivenciada pelos catadores da Recicle seja compartilhada com os demais catadores do
município, visando potencializar a participação desses agentes sociais na gestão dos resíduos sólidos
urbanos.

REFERÊNCIAS

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Nature and Conservation


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