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Iluminismo (Parte 01)

O Iluminismo foi um movimento filosófico que surgiu na França e ganhou força durante a segunda metade do século 18
(1701-1800).
Mas para entender seu real significado, primeiro é preciso retroceder no tempo e relembrar como as sociedades européias
estavam organizadas até então.
Mais especificamente, é preciso voltar até a Cristandade, período da História que durou de 2 AC até 1303, pois tudo aquilo
que o Iluminismo disse e fez foi um ataque contra o Cristianismo.
A instituição mais influente da Cristandade era a Igreja Católica.
Após o caos provocado pela queda do Império Romano em 476, foi ela que de pouco em pouco civilizou a Europa, nessa
época ainda uma “colcha de retalhos” onde vários reinos germânicos guerreavam entre si quase o tempo todo.
Isso significa que a Igreja Católica foi responsável por pacificar o ímpeto guerreiro dos germânicos, além de promover o
cuidado para com os mais necessitados e cultivar as ciências e as artes.
Nesse contexto, os reis tinham poder, mas não podiam fazer o que bem entendiam, pois precisavam respeitar as autoridades
católicas, especialmente o Papa.
Além disso, as pessoas comuns também eram mais religiosas do que nos dias de hoje, ou seja, um rei que desrespeitasse a
Igreja Católica poderia provocar uma rebelião entre os seus súditos.
Muitos reis se rebelavam contra essa situação em busca de mais poder, mas por muito tempo nenhum deles teve força
suficiente para ser bem-sucedido.
A guerra entre guelfos (defensores da Igreja Católica) e gibelinos (defensores do Sacro Império Romano Germânico) é um
dos exemplos mais famosos dessa tendência, bem como a rivalidade entre o Papa Bonifácio VIII e o rei da França, Filipe
IV.
Iluminismo (Parte 02)
Tal situação começou a mudar com o renascimento das grandes rotas comerciais durante os séculos finais da Cristandade,
que enriqueceu os reis europeus e permitiu-lhes concentrar cada vez mais poder.
Os filósofos afastaram-se da Igreja Católica e passaram a cortejar o patrocínio dos reis, escrevendo livros que justificavam
sua autoridade.
Além disso, o surgimento do protestantismo permitiu aos reis rejeitarem a autoridade do Papa sem deixarem de ser cristãos.
Em resumo: os reis tornavam-se mais poderosos que a Igreja Católica.
Essa tendência teve início no século 16 (1501-1600), ganhou força no século 17 (1601-1700) e atingiu seu ápice no século
18 (1701-1800).
Contudo, é preciso lembrar que a Igreja Católica continuou tendo uma influência considerável na vida das pessoas,
principalmente as mais pobres.
Pode-se dizer que elas obedeciam ao rei por medo das suas punições e ao Papa por respeito dos seus ensinamentos.
Os iluministas mais famosos viveram na França durante o século 18.
Eram membros da burguesia, classe social que havia enriquecido com o comércio, mas ainda não possuía a importância
política que desejava.
Esses filósofos alegavam defender a liberdade e a fraternidade, mas na verdade queriam influenciar e controlar as pessoas
(inclusive os reis) para ganharem poder e transformarem as sociedades de acordo com as suas teorias.
Com esse objetivo, os iluministas só possuíam um único inimigo: a Igreja Católica.
Se eles pudessem destruir sua influência e tomar o seu lugar, seria fácil colocar o resto do plano em ação.
Nem todos os iluministas tinham as mesmas idéias, mas todos eram anticatólicos e a maioria era atéia.
Vale lembrar que os vários monarcas dessa época eram bastante despreparados para a atividade que exerciam.
Muitos ficaram encantados com o Iluminismo e o apoiaram, sem perceber que caíam numa armadilha.
Iluminismo (Parte 03)
O Iluminismo encontrou grande aceitação nos lugares onde se encontrava a burguesia francesa, como cafés, clubes de
leitura, academias científicas e casas de pessoas influentes.
Intelectuais frustrados ganhavam dinheiro resumindo e divulgando as obras dos pensadores mais famosos.
Sociedades secretas surgiram com a missão de combater a religião, difundir o Iluminismo e influenciar as decisões políticas
das monarquias européias.
A Maçonaria e os Illuminati são dois dos exemplos mais conhecidos e bem-sucedidos.
Em tempo: o nome “Iluminismo” vem de “iluminar”, pois os iluministas acreditavam que eles eram as “luzes” que
combatiam as “trevas”, identificadas com o Cristianismo (especialmente a Igreja Católica).
Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e Montesquieu, viveu entre 1689 e 1755 e foi um dos iluministas mais
moderados.
Escrevendo sob o pseudônimo de “Montesquieu”, publicou livros e panfletos defendendo a divisão do poder político em
três (Executivo, Legislativo e Judiciário) para que nenhum deles pudesse mandar mais que os outros, conceito utilizado até
hoje.
Mesmo assim, teceu duras críticas à Igreja Católica, acusando o “Reino de Cristo” de ser o reino mais sangrento da
História.
François-Marie Arouet viveu entre 1694 e 1778 e talvez seja um dos iluministas mais famosos de todos.
Escondia sua identidade atrás do pseudônimo de “Voltaire” e dizia defender a liberdade de expressão, mas passava a vida
ridicularizando quem discordasse de suas idéias.
Também encerrava todas as suas cartas com a frase “Esmague a infame!”, lema que pedia a destruição da Igreja Católica,
sua principal inimiga.
O auge de sua fama se deu quando ele se tornou tutor e amante de Frederico II, rei da Prússia.
Jean-Jacques Rousseau viveu entre 1712 e 1778 e foi um dos iluministas mais radicais.
Sua principal idéia era a de que o homem nasce bom e depois se torna maldoso por causa da influência negativa da
sociedade.
Rousseau também era contrário à monarquia, argumentando que a república era uma forma de governo mais justa.
Suas obras serviram de inspiração para a Revolução Francesa, especialmente as partes onde escrevia que os cidadãos têm o
direito de derrubar um governante autoritário.
Iluminismo (Parte 04)
Denis Diderot (1713–1784) e Jean-Baptiste d’Alembert (1717–1783) foram os organizadores de uma das principais obras
iluministas do século 18: a Enciclopédia.
Publicada entre 1751 e 1772, seu objetivo era o de reunir todo o conhecimento produzido pelo homem e torná-lo acessível
ao público em geral.
Isso na teoria, pois na prática o livro foi utilizado para atacar e enfraquecer a educação católica promovida pelos jesuítas,
“mudando o jeito como as pessoas pensam”, segundo palavras do próprio Diderot.
Paul-Henri Thiry, barão de Holbach, viveu entre 1723 e 1789 e não se tornou tão conhecido como os demais iluministas,
embora seu ateísmo declarado tenha lhe angariado fama considerável durante a vida.
Praticamente todos os seus escritos são ataques à religião em geral e à Igreja Católica em particular.
Frases como “A religião sempre preencheu a mente do homem com escuridão e o manteve ignorante de seus reais deveres
e verdadeiros interesses” são um exemplo típico da mentalidade iluminista.
Donatien Alphonse François, marquês de Sade, viveu entre 1740 e 1814 e com justiça é considerado o defensor mais
polêmico das idéias iluministas.
Segundo seu pensamento, a religião deveria ser destruída e as pessoas deveriam ser livres para fazer o que quisessem,
incluindo assassinatos e estupros.
Toda essa “liberdade” transformaria a sociedade num caos doentio, sendo necessário um governo autoritário para “curá-la”.
Essa seria a deixa para os iluministas aparecerem e oferecerem sua filosofia como “remédio”.
Revolução Francesa (Parte 01)
Durante a Idade Média (476-1303), a sociedade estava dividida em três estamentos: clero, nobreza e trabalhadores.
O clero fornecia a salvação espiritual, a nobreza fornecia a proteção militar e os trabalhadores forneciam o sustento
alimentar.
A maioria dos trabalhadores era de camponeses, mas outra classe importante surgiu após o renascimento das grandes rotas
comerciais que iniciou-se no século 12 (1101-1200).
Era a classe dos grandes comerciantes, também chamados burgueses, pois trabalhavam nos burgos, a parte dos feudos
reservada para o comércio.
O fim da Idade Média trouxe mudanças importantes para Europa: o feudalismo deu lugar ao absolutismo e ao
mercantilismo.
Se antes acreditava-se que a autoridade dos reis provinha da Igreja Católica, cuja autoridade provinha de Deus, agora
acreditava-se que a autoridade dos reis provinha diretamente de Deus e por isso era absoluta.
Se antes a agricultura era a base da economia e a terra era o bem mais precioso que alguém poderia possuir, agora o
comércio era a base da economia e o ouro era o bem mais precioso que alguém poderia possuir.
Essas transformações trouxeram muitos benefícios para os burgueses.
Os reis absolutistas estavam sempre em busca de mais poder e para isso precisavam sustentar os burocratas que
administravam seus domínios e os militares que expandiam tais domínios.
O dinheiro necessário era emprestado pelos burgueses, que em troca recebiam toda espécie de favores, inclusive títulos de
nobreza.
Já o comércio era a própria fonte de renda dos burgueses, que atuavam tanto na Europa quanto nas colônias na América.
Tudo isso leva a crer que os burgueses desempenhavam um papel imbatível na política das monarquias européias, mas isso
não é bem verdade.
Os reis absolutistas eram ciumentos do seu poder e desconfiavam das interferências externas.
Eles eram da opinião que o comércio deveria trabalhar para a coroa, nunca o contrário.
Para conquistar seu lugar inconteste na sociedade, os burgueses precisariam mudar a forma como ela estava organizada.
Foi nesse ponto em que os interesses burgueses encontraram as teorias iluministas.
Revolução Francesa (Parte 02)
O Brasil faz parte da Civilização Ocidental.
Ela surgiu após a queda do Império Romano em 476 e grande parte do seu desenvolvimento ocorreu durante a Idade Média
(476-1303).
A primeira metade desse período foi turbulenta por causa das guerras que os reinos germânicos realizavam entre si.
Foi nesse contexto em que a Igreja Católica destacou-se, pacificando os povos germânicos, cuidando dos necessitados e
cultivando as artes e as ciências.
Ao fazer isso, a Igreja Católica desenvolveu a cultura da Civilização Ocidental, a base sobre a qual sustenta-se.
Quem desejasse dominar a Civilização Ocidental precisaria primeiro apodrecer sua cultura para depois substituí-la por
outra adequada aos seus fins.
Esse era o objetivo do Iluminismo, movimento filosófico surgido na Europa durante o século 17 (1601-1700).
Os iluministas vinham sobretudo da burguesia e adquiriram influência em grande parte da Europa, sendo especialmente
populares na França.
Em vez de criticar os reis absolutistas, os iluministas atacavam a Igreja Católica, argumentando que seus ensinamentos
eram falsos e só serviam para manter as pessoas num estado de ignorância.
Em seus discursos os iluministas apresentavam-se como aqueles que haviam descoberto a verdade sobre o mundo e por
isso eram os únicos capazes de criar uma sociedade melhor.
Não é preciso dizer que nessa sociedade os iluministas exerceriam a liderança e fariam os reis absolutistas parecerem
modestos em comparação.
Prometendo serem as “luzes” que venceriam as “trevas” da religião, os iluministas ganharam adeptos em todas as classes
da França, incluindo o clero.
Revolução Francesa (Parte 03)

Os iluministas pretendiam enfraquecer o Cristianismo para que suas teorias substituíssem-no como base da cultura
européia.
Nesse esquema, os reis absolutistas eram meras ferramentas, utilizadas para promover tais teorias enquanto os iluministas
não tivessem eles mesmos a capacidade para fazê-lo.
Contudo, os reis absolutistas eram inteligentes e não aceitaram uma manipulação assim tão óbvia, certo?
Errado.
Três motivos fizeram dos reis absolutistas as vítimas perfeitas: seu desprezo pelo Cristianismo, sua incapacidade de
planejar a longo prazo e sua tendência de classificar seus súditos como “ferramentas” ou “inimigos”.
Muitos reis absolutistas, especialmente aqueles que governaram durante a segunda metade do século 18 (1701-1800),
identificaram nas teorias iluministas uma oportunidade para conquistar ainda mais poder.
Exemplos famosos são Sebastião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (Portugal); Frederico II (Prússia); Catarina II
(Rússia) e José II (Sacro Império Romano Germânico).
Esse fenômeno ficou conhecido como “despotismo esclarecido”, pois seus adeptos eram déspotas (reis absolutistas) e
“esclarecidos” (adeptos das teorias iluministas).
Os iluministas não limitaram sua atuação aos reis e buscaram estender sua influência em todos os círculos sociais.
Diversas estratégias foram desenvolvidas, desde a venda de livros baratos para que o povo francês conhecesse as teorias
iluministas, até o estabelecimento de sociedades secretas, que camuflavam seus reais objetivos com obras de caridade e
discursos sobre os direitos que todos deveriam possuir.
A mais bem-sucedida foi a Maçonaria, fundada na Inglaterra em 1717.
Ela desempenhou e ainda desempenha um papel dominante na história de países como Alemanha, Brasil, Estados Unidos,
França, Inglaterra, Itália e México.
Revolução Francesa (Parte 04)
Luís XVI, rei da França entre 1774 e 1792, implementou medidas influenciadas pelo Iluminismo, como a abolição da
servidão.
Tais medidas visavam agradar os burgueses, mas não conseguiram conquistar o resultado desejado, pois, por influência do
mesmo Iluminismo que inspirou Luís XVI, esse segmento da população francesa não considerava o rei como iluminado o
suficiente.
A França enfrentava outros dois problemas: uma crise agrícola provocada por inundações e uma crise financeira provocada
pelo apoio francês destinado às Treze Colônias durante sua guerra por independência contra a Inglaterra.
Para decidir o que fazer, Luís XVI convocou a Assembléia dos Estados Gerais em maio de 1789.
Nessa Assembléia, a população era dividida em três Estados: o Primeiro (clero), o Segundo (nobreza) e o Terceiro
(trabalhadores).
Nos três havia adeptos do Iluminismo, mas eles eram maioria entre os representantes do Terceiro Estado, convocados
sobretudo da burguesia.
O estopim da revolução foi aceso por causa da forma como os votos seriam contados.
Tradicionalmente, a votação era por Estado, ou seja, cada Estado possuía o direito a um voto.
Para poderem avançar seu projeto, os iluministas precisavam da votação por cabeça, isto é, que cada representante tivesse o
direito de votar.
Diante da recusa de Luís XVI em alterar o estabelecido, o Terceiro Estado decidiu não participar mais da Assembléia e por
isso foi ordenado para que se retirasse do salão.
Os representantes do Terceiro Estado saíram e invadiram a sala onde era praticada a péla, esporte semelhante ao tênis.
Ali eles autoproclamaram-se Assembléia Nacional e juraram não sair enquanto não tivessem criado uma constituição para a
França.
Revolução Francesa (Parte 05)
Luís XVI percebeu que a situação política da França saía do seu controle e decidiu não aceitar as afrontas do Terceiro
Estado.
Boatos começaram a circular por Paris alegando que os representantes do Terceiro Estado seriam presos e torturados.
Essa notícia era falsa, mas muitos habitantes da cidade, sobretudo das classes baixas, viram nela uma desculpa para saquear
depósitos de alimentos e armas.
O caos começou a instaurar-se em Paris, aumentando com o passar dos dias.
Os criminosos livres aproveitaram-se da confusão para invadir prisões e libertar seus comparsas presos.
Em 14 de julho de 1789, revolucionários tomaram a Bastilha, prisão considerada símbolo do poder absoluto do rei, pois ali
eram mantidos os acusados de crimes de lesa-majestade.
Esperando encontrar centenas de presos, os revolucionários encontraram apenas sete deles, o que testifica o caráter liberal
de Luís XVI.
A tomada da Bastilha estimulou atos de violência revolucionária que espalharam-se pelo resto da França.

Os camponeses incendiaram castelos para queimar os registros das suas dívidas.


Encurralado, Luís XVI retrocedeu e aceitou a legitimidade da Assembléia Nacional.
Em 04 de agosto, a Assembléia Nacional aboliu a servidão que já havia sido abolida por Luís XVI.
Em 26 de agosto, aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Tal documento trouxe liberdade, igualdade e fraternidade para todos os franceses, exceto os católicos e monarquistas, que
continuaram sendo presos e mortos.
Outro documento confiscou os bens da Igreja Católica.
Este foi imediatamente posto em prática, o que nos diz muito sobre as prioridades dos revolucionários.
Revolução Francesa (Parte 06)
Em junho de 1791, Luís XVI conseguiu fugir de Paris, mas foi reconhecido e levado de volta para a capital.
Isso deixou os revolucionários ainda mais paranóicos, pois agora suspeitavam de inimigos internos e externos.
A paranóia piorou quando os imperadores da Áustria e da Prússia declararam seu apoio a Luís XVI.
A monarquia absoluta (que não existia mais) foi abolida em setembro de 1791, quando a Assembléia Nacional promulgou a
primeira constituição da França e tornou-a uma monarquia constitucional.
Luís XVI aceitou a constituição e jurou defendê-la dos seus inimigos internos e externos.
A constituição tornou o voto censitário, isto é, dependente da renda.
Os camponeses foram excluídos da política e o poder concentrou-se nas mãos dos revolucionários.
Os revolucionários usavam a França como um laboratório onde eram testadas as teorias iluministas.
O radicalismo dos revolucionários deteriorou as relações da França com os demais países europeus.
Imaginando impedir um ataque com outro ataque, os revolucionários declararam guerra a Áustria e a Prússia em abril de
1792.
A guerra exacerbou o fanatismo dos revolucionários, que agora acusavam Luís XVI de vetar as reformas mais radicais.
Em agosto de 1792, a Guarda Nacional atacou o Palácio das Tulherias, residência de Luís XVI, e dissolveu a Assembléia
Legislativa, substituindo-a pela Convenção Nacional.
A Convenção Nacional, animada pela vitória na Batalha de Valmy, depôs Luís XVI do trono.
Revolução Francesa (Parte 07)
A Convenção Nacional aboliu a monarquia e proclamou a república em 21 de setembro de 1792.
Luís XVI foi preso e acusado de conspirar com Áustria e Prússia para minar a Revolução.
A Convenção Nacional era formada por dois grupos principais: girondinos (moderados) e jacobinos (radicais).
Ambos concordavam que a Revolução precisava ser salva, pois atravessava sua pior fase até então.
A escassez de alimentos e vitórias tornou-se comum e deixou os franceses cada vez mais insatisfeitos.
O Comitê de Salvação Pública foi criado para evitar que a Revolução fosse consumida pelo caos provocado por ela própria.
Ele deveria governar provisoriamente, mas estabeleceu uma tirania após a ascensão de Maximillien de Robespierre em
julho de 1793.
Robespierre foi o principal responsável pelo Reino do Terror, período onde católicos e monarquistas eram perseguidos pelo
Tribunal Revolucionário.
Mais de 40 mil pessoas foram executadas em apenas um ano, muitas delas sem direito à defesa.
Cerca de 16 mil franceses foram decapitados na guilhotina, inclusive Luís XVI e sua esposa, Maria Antonieta.
Essa forma de execução era considerada “iluminada” pelos revolucionários, que procuravam eliminar seus opositores da
forma mais “racional” possível.
O fanatismo dos jacobinos foi benéfico para a Revolução e prejudicial para eles próprios.
Inspirou os exércitos revolucionários na conquista de vitórias importantes, como na Batalha de Fleurus, mas exacerbou as
insatisfações existentes por toda França.
Em julho de 1794, os girondinos lançaram a Reação Termidoriana, que derrubou os jacobinos do poder.
Os líderes jacobinos (Robespierre, Louis de Saint Just e Georges Couthon, entre outros) provaram do próprio veneno,
sendo presos e guilhotinados.
A Reação Termidoriana estabeleceu o governo do Diretório, que comandou a França até 1799.
Contudo, católicos e monarquistas continuaram sendo perseguidos e mortos pelos girondinos “moderados”.
Revolução Francesa (Parte 08)
A Revolução não conseguiu destruir todos os sentimentos católicos e monarquistas em seu caminho.
Resistências significativas foram organizadas, sobretudo nas regiões rurais.
A Rebelião da Vendéia é o exemplo mais famoso, embora outros possam ser citados.
Iniciada em março de 1793, seu principal motivo foi o anticatolicismo da Revolução.
A Constituição Civil do Clero, em julho de 1790, requeria que todos os clérigos jurassem aliança à Revolução.
Ou seja, eles deveriam obedecer primeiro a Assembléia Nacional e depois a Igreja Católica.
Os clérigos que recusavam-se eram presos ou mortos.
As ordens religiosas foram suprimidas e as propriedades da Igreja foram confiscadas.
Os cemitérios foram proibidos de possuírem cruzes e as igrejas foram fechadas.
Soldados eram enviados para confiscar as hóstias e o vinho.
Quem tentasse participar da Missa era espancado na rua, não importando sua idade ou sexo.
Tal perseguição gerou grande indignação entre os católicos, mas nem todos os motivos da Rebelião eram religiosos.
A tirania de Robespierre e o alistamento obrigatório também foram importantes fontes de descontentamento.
Os rebeldes, liderados pelo mascate Jacques Cathelineau, montaram um exército improvisado para enfrentar as tropas
enviadas para conquistar a região.
Eles utilizavam táticas de guerrilha para compensar sua pobreza de equipamentos e contavam com seu conhecimento da
área para preparar armadilhas e emboscadas.
Combatendo dessa forma, os rebeldes libertaram castelos e vilas ocupados pelos revolucionários.
A morte de Cathelineau na frente de batalha em julho de 1793 desestabilizou os rebeldes e o grosso do conflito durou até
dezembro de 1793.
Robespierre fez uso da “terra arrasada”: colheitas foram queimadas, fazendas foram demolidas e vilas foram destruídas.
Cinquenta mil habitantes da Vendéia foram executados pelas “colunas infernais” do general Louis Marie Turreau.
O sítio lançado sobre a Vendéia foi levantado em julho de 1796, sob o governo do Diretório.
Noventa e nove clérigos foram beatificados pelo Papa João Paulo II em 1984 por seu martírio durante a Rebelião.
Revolução Francesa (Parte 09)
O Diretório era um comitê formado por cinco integrantes e governou a França de novembro de 1795 até novembro de
1799.
Seu principal líder foi Paul François Jean Nicolas, o visconde de Barras.
O Diretório tinha como preocupação continuar o plano jacobino de expandir a França até os limites que ela possuía quando
era a Gália, uma província romana.
Para isso, teria de conquistar territórios que iam até os Pirineus no oeste, o Reno no leste e os Alpes no sul.
Enquanto o Diretório esteve no poder, a França esteve em guerra com Áustria, Inglaterra, Prússia e Rússia, além de
Império Otomano e Reino de Nápoles.
Os revolucionários alcançaram seu intento e foram além, anexando a Bélgica e estabelecendo repúblicas marionetes na
Holanda, na Itália e na Suíça.
Essas conquistas tinham aspecto financeiro, pois a França estava falida após a tirania de Robespierre e os conquistados
eram obrigados a pagar grandes somas em dinheiro aos revolucionários.
Incontáveis obras de arte foram roubadas pelos revolucionários e muitas delas estão expostas até hoje no Museu do Louvre.
Contudo, a Revolução fracassou em conquistar o Egito e tornar a Irlanda independente da Inglaterra.
Pior estava a situação da política e economia.
Os jacobinos não foram completamente eliminados e angariavam influência entre as classes baixas.
Eles acusavam o Diretório de trair a Revolução e propunham medidas mais radicais que as adotadas durante a Convenção.
Também faziam o possível para sabotar as tentativas do Diretório em amenizar os aspectos mais violentos da Revolução.
Com isso, queriam retomar o poder e continuar o banho de sangue que foi o Reino do Terror.
O dinheiro criado pelos revolucionários (assignat) havia perdido seu valor.
O Diretório decidiu substituí-lo por moedas de ouro e prata, mas não possuía matéria-prima suficiente para fabricá-las.
O resultado foi uma crise que derrubou preços, salários e investimentos, além de causar desemprego e estagnação.
O Diretório era acusado de corrupção, o que enfraquecia a confiança dos franceses nas ações do governo.
Esses problemas geraram uma grande insatisfação popular, amenizada pelas vitórias da França nos campos de batalha.
Um número cada vez maior de franceses desejava que o valor demonstrado por certos generais pudesse ser aplicado a
serviço da sociedade civil.
Tal desejo seria atendido pelo Golpe de 18 Brumário, momento em que o caos derramado desde 1789 foi estancado.

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