A odontologia praticada em meado dos anos 80 no serviço público era
baseada em uma odontologia mutiladora, raramente se via cirurgiões-dentistas realizarem procedimentos como: restaurações; além de que, era regra o preparo cavitário invadir todos os sulcos e fissuras dos elementos dentários em questão, mesmo que não existissem lesões cariosas cavitadas. A exodontia era o procedimento mais realizado na época, o que resultou em uma população desdentada, não era observado o impacto na vida dos pacientes após as perdas dentárias, sejam elas: estéticas, funcionais ou psicológicas. A situação era precária, quase não se falava em biossegurança, alguns profissionais não faziam o uso de luvas durante o atendimento, o que mudou depois do aparecimento do HIV.
Em 1997 a odontologia passou a ser praticada de forma mais
conservadora, porém, os pacientes não aceitavam as praticas conservadoras utilizadas, optando por exodontias de elementos dentários considerados saudáveis, além da “moda” da época de fazer o uso de prótese dentária. Como também o acesso ao serviço odontológico público, que era difícil, apenas 5% da população conseguiam atendimento.
Visto a situação suscetível da época, vários programas públicos de saúde
bucal foram criados no decorrer dos anos: Em 1986 foi realizada uma conferência, dois anos depois foi constituído o Sistema Único de Saúde (SUS); Seis anos depois se criou o programa de saúde da família (PSF); Em 2000 se fez a adição das equipes de saúde a equipe do PSF; entre 2003 e 20004 se fez o primeiro senso de saúde bucal no Brasil , também se criou o programa brasil sorridente, além dos centro de especialidades odontológicas (CEOS) e os laboratórios regionais de próteses; 2009 se criou a unidade odontológica móvel (UOM); 2010 novo senso sobre saúde bucal, ainda, se atrelou a possibilidade de atendimento hospitalar para pacientes com necessidades especiais; Em 2012 foi criado uma rede de assistência a pessoas com deficiência para toda a rede da saúde. 2019 criou o programa saúde na hora. Todos os programas citados foram criados com o objetivo de melhorar a prevenção e promoção á saúde bucal, como também a acessibilidade aos serviços odontológicos públicos.
O atendimento realizado nos dias de hoje se resume a: primeiro
atendimento, que é feito na unidade básica de saúde, onde são realizados procedimentos básicos, se houver necessidade de tratamento mais complexo, o paciente deve ser referenciado para o CEO; A unidade odontológica móvel, é utilizada para chegar a locais com difícil acesso, nele também pode ser realizado tratamentos básicos. No CEO são realizados tratamentos mais complexos, existem cinco especializações obrigatórias, na qual todo o CEO deve ter: diagnóstico bucal (com maior atenção ao câncer bucal), cirurgia oral menor, endodontia, atendimento a pessoa com deficiência e periodontia avançada. E, existe o atendimento em ambiente hospitalar, no caso de emergência odontológica e em casos de necessidade de internação.
Há três tipos de CEO de acordo com a quantidade de cadeiras
odontológicas: CEO I – 3 cadeiras, CEO II – 4 a 6 cadeiras, CEO III – 7 ou mais cadeiras. Todos os CEO tem uma quantidade mínima de procedimentos a serem realizadas por mês.
Assim como outros programas públicos de saúde bucal, após a criação do
brasil sorridente, notou-se melhoras no edentulismo, como também, no fluxo de pacientes, relacionando ao acesso. Esse programa foi criado com o intuito de: ampliar a atenção primária; organizar e inserir equipes; ampliar e qualificar a atenção especializada; viabilizar da adição de fluor nas estações de tratamento de águas de abastecimento pública.
Nota-se a importância da criação de todos os programas públicos de
saúde bucal, os procedimentos realizados nos dias de hoje se tornaram minimamente invasivos; se obteve melhora no acesso ao atendimento público da população, principalmente a população carente; todos os profissionais de saúde pública estão cientes quanto à biossegurança; os próprios pacientes estão ficando cada vez mais conscientes quanto ao impacto que uma perda dentária pode causar. A criação de CEOS ofereceu a população um atendimento complexo especializado. Embora seja necessária uma maior abrangência desses programas já criados, os mesmos fizeram grande diferença nos dias de hoje.