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O Cortejo

(Sherbrook 5)
Catherine Coulter
Sinopse

Helen é uma mulher alta —mais baixa do que Heatherington apenas cinco centímetros —uma
atarefada e resoluta proprietária de sua própria pousada. Ela adora seu pai, Lorde Prith, e quer
encontrar a “lâmpada mágica do Rei Edward” mais do que tudo. É a sua única paixão —até que ela
conhece Heatherington.
Spenser Heatherington, Lorde Beecham, é um mulherengo de renome, um solteirão resoluto, e
realmente gosta de sua vida. Quando ela o joga no chão e se senta sobre ele, este finalmente admite
que vá sucumbir a ela, mas ela o informa, para seu desgosto, que não quer um amante, quer um
parceiro.
Mas as coisas funcionam um pouco diferente do que qualquer um dos dois esperava. Na verdade,
Heatherington, se sentindo frustrado, toma medidas drásticas para mudar as ideias da moça.
Será que eles encontrarão a lâmpada de Helen? Há mais neste tesouro que qualquer um deles
sabe? Procurar e descobrir...
Capitulo 1

Londres 181
14 de maio
Pouco antes da meia-noite
Lorde Beecham parou abruptamente. Ele virou-se tão rapidamente que quase tropeçou em um
grande vaso de palmeira.
Ele não podia acreditar. Ele tinha que estar errado. Ela não poderia ter dito isso, poderia? Ele
olhou para a mulher que acabara de ouvir falar.
Ele abriu duas grandes folhas de palmeira e olhou para a biblioteca do Sanderling, uma longa,
estreita, sala forrada de prateleiras ao lado do salão. Enquanto a biblioteca estava cheia de tomos
escuros, teias de aranha nos cantos sombrios, e apenas um pequeno ramo de velas iluminando as
sombras, o salão estava cheio de velas acesas, plantas, e pelo menos duas centenas de convidados,
todos rindo, dançando, e bebendo muito do potente ponche de champanhe.
A mulher que ele tinha ouvido antes falou novamente. Ele deu um passo mais perto da biblioteca
mal iluminada. Sua voz era rica, tentadora, cheia de risos.
—Realmente, Alexandra, —ela disse, —não é apenas o simples pensamento da disciplina; só de
ouvir a palavra, dizê-la lentamente para si mesma e deixá-la acariciar sua língua quando você a diz,
não é o mesmo que conjurar todos os tipos de deliciosas cenas de dominação? Você não pode ver
apenas a si mesma? Você está completamente à mercê de outro, essa pessoa está em total controle, e
não há nada que você possa fazer. Sabe de uma coisa que vai acontecer e você está temendo isso, o
seu coração está batendo, você está com medo, muito medo, mas é um delicioso tipo de medo o que
sente. Você sabe, no fundo, que está antecipando o que está por vir. Você mal pode esperar que ele
venha, e não há nada que você possa fazer a não ser imaginar o que ele fará com você. Ah, sim, sua
pele está ondulando com a emoção.
Houve um silêncio mortal. Espere, foi uma respiração pesada que ouviu?
Lorde Beecham, cuja imaginação muito ativa tinha evocado uma visão de si mesmo em pé sobre
uma mulher bonita, sorrindo para ela enquanto amarrava suas mãos sobre a cabeça e depois suas
pernas, em propagação para sua cama, sabendo que em apenas alguns minutos, ele iria retirar sua
roupa, uma linda peça de cada vez, lentamente, muito lentamente, e...
—Oh, Deus, Helen. Eu tenho que me abanar. Creio que o meu peito está palpitando. Você é
muito boa em criar figuras com as palavras. O que você descreveu soa terrível e maravilhoso. É
algo que me faz ficar com água na boca. Também soa como uma grande produção que requer muito
planejamento.
—Ah, sim, mas isso é parte do ritual. É muito importante que o mesmo seja planejado
perfeitamente. Você faz parte do ritual, a parte mais importante, você é a única no controle. Ele
requer que você seja constantemente inventiva, que não continue utilizando as mesmas disciplinas
com o passar do tempo. Lembre-se, a antecipação de algo desconhecido é uma coisa muito poderosa.
Para ser eficaz, a disciplina deve constantemente crescer e mudar. Na maioria dos casos, é eficaz ter
outras pessoas por perto para testemunhar a disciplina. Isso faz com que o destinatário fique ainda
mais assustado, seus sentidos mais elevados, seus pensamentos mais focados. É um processo
incrível. Você terá que tentar. Ambos os lados da mesma.
O mais profundo silêncio se seguiu.
Tentar? Ele queria correr para aquele quarto neste mesmo instante e tentar tudo o que poderia
imaginar ou sonhar. Seus dedos já estavam na sua gravata, prontos para tirá-la para que pudesse
amarrar os pulsos da mulher que falava, sobre a cabeça dela, então ela estaria impotente, seus olhos
grandes, assustados e animados quando ela olhasse para ele, seu lábios entreabertos. Danação, ele
tinha apenas uma gravata, a que estava vestindo. Ele precisava de pelo menos duas. Ele estremeceu,
imaginando a carne macia de seus pulsos enquanto ele lentamente envolvia a gravata em volta deles,
puxando-os, depois, sobre sua cabeça.
Ele ouviu um suspiro profundo.
—Tudo isso parece muito bom, Helen, mas o que eu preciso são disciplinas específicas para
experimentar. Uma lista de disciplinas, se você quiser. Das mais leves às mais rigorosas.
Ele percebeu de repente que conhecia aquela voz. Bom Deus, era Alexandra Sherbrooke. Ele não
podia acreditar. Pensando bem, ele imaginou Douglas Sherbrooke na sua mente, um homem grande,
difícil, que tinha supostamente mantido sua esposa feliz durante oito anos. E Alexandra queria saber
sobre disciplina? Para tentar com seu marido? Que ideia deliciosamente perversa.
Quem era a mulher falando com ela, esta Helen?
—Por outro lado, —Alexandra disse depois de um momento, —eu gostaria de saber como você
sabe tanto sobre disciplinas.
—Eu li cada livro, cada artigo, cada papel, acadêmico e secular, que se escreveu sobre o assunto.
Vi cada pintura, gravura e desenho de disciplinas empregadas em todo o mundo e ao longo dos
tempos. Veja as disciplinas na China —“Bondage”, falando sobre inventividade. Os desenhos
mostram que os chineses são extremamente flexíveis.
Novamente se fez silêncio, então Alexandra disse, sua voz baixou um pouco, como se estivesse se
aproximando da outra mulher, falando em confiança, mas ele ainda podia distinguir suas palavras.
—Helen, você está rindo de mim. Tudo bem, eu aceito que você saiba tudo sobre disciplina.
Agora, você deve entender o que eu quero. Você me contou como punir seus servos. Você me
contou sobre o ritual, como construir um clímax, como espremer cada gota tentadora de medo e
excitação durante a disciplina para alcançar o resultado que você deseja.
—Agora eu quero ir diretamente ao prazer extremo das coisas. Eu quero especificidades. Estou
falando do prazer físico, Helen. Eu quero saber exatamente o que você faria com um homem para
levá-lo à beira da loucura. Desde que você leu cada tomo escrito sobre o assunto, você deve saber
algo que me ajudaria.
Lorde Beecham não teria se movido mesmo se uma bela mulher tivesse se despido na frente dele e
começado a beijá-lo. Agora, isso era um retrocesso. Alexandra Sherbrooke queria saber como levar
Douglas à beira da loucura? Isso não fazia sentido. Dirigir um homem como Douglas à beira da
loucura exigiria muito esforço de sua parte. Com ele mesmo, provavelmente, exigiria um esforço de
dez segundos, não mais. Na verdade, qualquer homem que ainda estava respirando era um candidato
adequado. Ele próprio, por exemplo.
De repente, isso se tornou simplesmente demasiado. Ele estava escutando duas senhoras que
discutem disciplina, pelo amor de Deus. Ele estava à espreita atrás de uma palmeira, ouvindo—as,
suando, e pronto para remover a gravata. Não era algo a suportar. Lorde Beecham não poderia
prendê-la de volta. Ela só explodiu de sua boca. Ele riu —algo que não fazia normalmente porque
era, afinal, um homem do mundo; um aceno preguiçoso ou um riso ligeiramente desdenhoso era
geralmente mais adequado. E então o que saiu de sua boca parecia um pouco enferrujada, talvez um
pouco rouca ao ouvido casual, mas foi uma risada, uma boa risada forte, que simplesmente
continuou rolando para fora dele.
Ele percebeu que podiam ouvi-lo. Ele tentou tão penosamente parar de rir que soluçou. Ele
colocou a mão sobre sua boca e rapidamente deslizou por trás de outra palmeira gigante. E não foi
demasiado rápido.
—Eu sei que ouvi alguém, Helen. Era um homem e ele estava rindo. Oh, céus, você não acha que
era Douglas, não é? Não, Douglas viria aqui e riria na nossa cara. Então ele iria olhar para mim com
um sorriso em seus olhos e diria para esquecer o pensamento de discipliná-lo, pois ele estava no
comando. Estou cansada de ele controlar tudo. Oito anos é muito tempo, Helen. Eu quero deixá-lo
selvagem, pelo menos uma vez.
—Bem, isso não pode ser muito difícil. Simplesmente distraia—o quando está lendo o jornal.
Comece acariciando seu ouvido, beije seu pescoço, morda—o. Por que você já não fez isso?
Silêncio mortal.
—Oh, céus, você está corada, Alexandra.
—Eu já o mordi, Helen. Minhas mordidas simplesmente ocorrem em um contexto diferente. Não
havia o Gazette entre nós.
—Um contexto que Douglas forneceu?
—Sim. Você sabe, Douglas só tem de olhar para mim, talvez me dar um pequeno toque em
qualquer lugar com a mão ou a boca, e eu perco cada pingo de pensamento. Eu derreto em uma poça
no chão, bem na frente dele. Ele só não para, Helen. Ajude-me. Oh, céus, e se ele está lá fora,
ouvindo? Agora ele sabe o poder que exerce sobre mim.
—Acredite em mim, ele já sabe. Agora, você está certa, é claro. Se tivesse sido Douglas, ele
estaria agora bem na nossa frente rindo. Mas então, talvez ele a deixasse conduzi—lo para começar a
discipliná-lo esta noite, isto é, se ele não decidir discipliná-la primeiro.
Alexandra suspirou.
—Minha nossa, o que você quer dizer com isso? Você está falando sério, Alexandra? Douglas
nunca deixa de ter o controle? Oito anos de atos conjugais só para um lado? De tudo que li, isso não
é bom. Os italianos, em especial, acreditamos que a participação no ato sexual deve ser equilibrada.
Vocês devem fazê-lo juntos.
—É difícil, uma vez que Douglas volta sua atenção para mim. Gostaria de ler o que os italianos
têm a dizer sobre isto.
—Eu vou emprestar-lhe um tratado. Agora, você não pode permitir que Douglas sempre tome a
direção. Você deve focar a sua mente, Alexandra.
Os olhos de Alexandra estavam quase fechados. Ela estremeceu delicadamente.
—Douglas nunca disse nada sobre disciplina. Tenho certeza que ele nunca usou qualquer uma
comigo.
Helen riu e acariciou sua bochecha.
—De tudo que li, aposto como Douglas já realizou a disciplina padrão de um amante e você nem
sequer percebeu isso. Você apenas não está vendo.
—Você realmente acha isso? Pergunto-me que tipos específicos de coisas que Douglas faz
comigo que se poderia chamar de disciplina? Talvez se eu pedir a ele....
—Ou talvez não, pelo menos não ainda.
—Tanto faz como ele age, a verdade é que eu às vezes me esqueço de pensar, —Alexandra disse,
com os ombros aprumados, —mas isso é outro problema, que eu terei de resolver. —Aprumou
ainda
mais os ombros e seus magníficos seios se destacaram.
—Eu terei que aprender a manter o meu próprio controle, se quiser ter uma chance de controlar
Douglas. Vou ter esse objetivo específico em mente, um curso que eu vou ter de seguir. Vou começar
a tocar em Douglas. À beira da loucura, sim, Helen, que é para onde eu quero despachar Douglas.
Você deve me dizer especificamente o que eu devo fazer.
Helen olhou para suas unhas um momento. Ela sabia que deveria manter a boca fechada, mas não
se conteve. Ela deu um suspiro profundo, melancólico, transbordando de memórias requintadas,
sabendo que Alexandra estaria enfurecida dentro de momentos.
—Ah, eu mesma quando tinha quinze anos, e vi Douglas pela primeira vez, cai de amor por ele, eu
sabia instintivamente que ele não corresponderia. Eu sabia que ele se distinguiria, e queria ser a
mulher que ele escolhesse para si. Uma pena que não era para ser. —Ela suspirou de novo, um
suspiro desesperadamente triste.
Helen observava sob seus cílios enquanto os olhos de Alexandra se estreitavam notavelmente, e
sua voz se tornava grave e baixa. —Helen, só vou dizer uma vez. Você vai esquecer aqueles
primeiros anos de paixão por Douglas. Você vai esquecer esses sentimentos ternos que tinha por ele
quando era jovem demais para perceber o que era isto.
—Sim, —Helen disse humildemente, a cabeça inclinada para se mostrar arrependida, —Eu vou
tentar. —Ela esperava que Alexandra não pudesse ouvir o riso em sua voz.
Lorde Beecham ouviu o riso. E então percebeu: ali estava ele, um homem de imenso “savoir
faire”, escondido atrás das enormes folhas da palmeira verde, atento em cada palavra dessas
mulheres. Ele ainda não tinha visto à disciplinadora, mas podia ver Alexandra Sherbrooke agora.
Ela estava olhando em volta, um pouco apreensiva, seus dedos abertos sobre o seu incrível busto.
Era muito ruim que Douglas insistisse em manter mais coberto do que necessário aquele encantador
busto. Não era o seu estilo. Deus deu às mulheres seios para alardear, e cada mulher sabia o que
ostentava, exceto Alexandra Sherbrooke. Todo mundo já viu Douglas arrastar sua esposa para um
canto, de vez em quando, para arrumar o corpete, se achava que exibia demais.
Uma pena.
Lorde Beecham amava seios: seios fartos como os de Alexandra que transbordam nas mãos de um
homem, seios pequenos que estavam maduros e doces, seios empurrando até serem cuidadosamente
enquadrados por cetim e renda de um vestido. Ele gostava de enterrar o rosto nos seios de uma
mulher.
Ele se refreou. Quem era a outra mulher, a amante autoproclamada de disciplina? Sabia apenas
que o nome dela era Helen.
Lorde Beecham não era normalmente um bisbilhoteiro, mas tinha que saber quem ela era. Ele
esperou, encoberto pelas folhas de palmeiras, até que, finalmente, as duas senhoras saíram da
biblioteca de Sanderling.
Ele quase deixou cair a taça de champanhe quando viu Helen. Ela era a mulher que tinha visto
andando no parque com Douglas. Lembrou-se de que, na ocasião, quisera conhecê-la melhor. Agora
estava entendendo. Ela devia ser quase tão alta quanto ele, mas não havia outra qualquer
semelhança entre eles. Sua imaginação subiu ao Monte Olimpo em termos de comparações
adequadas. Ela foi esculpida como uma deusa, escultural e bem curvada, a pele tão branca como
alabastro, e seu cabelo, certamente mesmo as deusas não têm o cabelo assim, loiro e puro, sem
toques de ouro ou vermelho. Ela usava torcido no alto da cabeça, fazendo-a parecer ainda mais alta,
com longos cachos, preguiçosos, acariciando a pele branca de seus ombros. Seus olhos eram mais
azuis do que os de Afrodite, seu sorriso era encantador, tão absolutamente sedutor que poderia ter
pertencido a Helena
de Tróia. Ele seria capaz de apostar que esta nova Helena poderia lançar ainda mais navios ao mar.
Lorde Beecham tinha acabado de perder o juízo. Francamente, sua imaginação literária o fez
pensar disparates. Ela era uma mulher, apenas uma mulher, e seu nome era Helen. Ela podia ser
magnífica, mas ainda era apenas uma mulher, nada mais, nada menos. Ele tinha visto as mulheres
mais bonitas e tinha tido mulheres em sua cama muito bonitas. Ela não era uma deusa, nem mesmo
perto de uma sereia de mito. Ela era apenas uma grande garota que tinha o cabelo muito bonito e
que provocava poesia na alma de um homem. E ela tinha falado com toda a autoridade sobre
disciplina.
Todas as outras coisas eram passado, porque ela era o sonho de um homem.
Ele observou Helen e Alexandra se afastarem dele pelo corredor até o salão de baile.
Ela não era uma jovem inexperiente de dezoito anos, que tinha acabado de sair da sala de aula
para perseguir os solteiros infelizes de Londres. Não, ela debutara há um bom número de anos, o que
significava que ela deveria estar bem casada, e que sabia exatamente o que queria, o que era
certamente uma coisa absolutamente excelente.
Ele sempre preferiu as mulheres casadas. Que homem não preferia? Eles estavam seguros. Elas
queriam o mesmo que ele queria, um pouco de emoção, um pouco de calor, um novo companheiro
para adicionar tempero e paixão a suas vidas. Elas, geralmente, não lamentavam ou criticavam
quando ele estava pronto para seguir em frente. Ele não precisava se preocupar com seus maridos, a
maioria dos quais eram seus amigos e frequentavam as camas das esposas de outros amigos, da
mesma maneira que fazia. Muitos homens e mulheres não eram discretos, e às vezes se estendia as
maneiras civilizadas até o limite. Lorde Beecham, no entanto, nunca falava de suas conquistas. Não
havia qualquer necessidade para isso, mesmo que tivesse a inclinação de zurrar e se gabar. Por
alguma razão, ele não escapava das fofocas, não importa o quão silencioso permanecesse.
Ele jogou fora o resto de seu champanhe enquanto as duas mulheres desapareciam de sua vista de
volta para o salão de baile.
Ele esfregou as mãos.
Helen era uma garota grande. Ele abriu as mãos. Pensou em seus seios. Eram suas mãos grandes o
suficiente para eles? Oh, sim, pensou, o que aquelas mãos fariam e muito bem. Olhando para as
mãos e lembrando daqueles seios, sabia que se estivesse falando naquele momento, sem dúvida
estaria gaguejando.
Por que elas estavam falando sobre disciplina? Seu membro se enrijeceu. Imaginou Helen de
costas, com os braços brancos puxados acima de sua cabeça, seus pulsos amarrados com dois de
seus lenços mais macios na cabeceira de sua cama.
Uma mulher que era bem versada na arte da disciplina? Ela tinha lido tudo o que foi escrito sobre
isso? Teria também empregado tudo o que tinha aprendido? Teriam empregado nela? Era um
pensamento arrojado, que o fez engolir seco, de forma convulsiva.
Quando chegou ao salão, ele procurou e procurou, mas a grande menina tinha desaparecido.
Ele não estava preocupado. Ele simplesmente falaria com Alexandra e, com o seu charme
requintado, descobriria o endereço de Helen e o nome de seu marido.
Ele esperava que Alexandra cooperasse. Ele tinha parado de tentar seduzi-la seis anos atrás,
quando uma noite no meio de uma de suas ofertas mais eficazes ela riu dele. Ela o tinha ferido muito.
Ele era um famoso amante, ao menos era isso que as fofocas estavam sempre dizendo.
Mas no final, ele gostava bastante de Alexandra Sherbrooke, apesar de sua preferência terrível de
ter apenas ao marido na cama dela. Ele gostava de seu marido, mais ainda porque Douglas
determinou não ter que o matar por tentar seduzir sua esposa. Não foi nada mais do que tentativa de
caça furtiva, ao que Douglas tinha dito a ele, alguns anos antes, que iria deixar passar. Graças aos
céus que não tinham muitos casais como os Sherbrooke em Londres.
Exatamente o que a grande garota sabia sobre disciplina? Como Alexandra, ele queria
especificidades. Ele mal podia esperar para descobrir. O que tinha o marido lhe ensinado? Ou um
amante?
Lorde Beecham a queria em sua cama, e a queria lá muito em breve. Ele seria um amante que iria
ensiná-la algo completamente novo sobre disciplina. Ele mostraria todo o seu conhecimento para
ela e, quando finalmente se separassem, ela nunca iria esquecê-lo. Sempre que falasse de disciplina
depois do seu tempo com ele, ela se lembraria dele, e sorriria.
Ele esfregou as mãos em antecipação, mesmo quando se perguntava se o seu cabelo era longo, o
suficiente para cair sobre os ombros e enrolar preguiçosamente em torno de seus seios.
Lorde Beecham era um homem com uma imaginação muito detalhada. Viu-a debaixo dele, toda
ela, estendida, sorrindo para ele, e suas mãos estariam ocupadas, muito ocupadas. Ele foi forçado
mais uma vez a parar de imaginar. Ele iria dormir com ela em breve. Muito em breve.
Amanhã à noite iria encaixar perfeitamente em sua programação. Seus dedos cerrados na imagem
que surgia em sua mente, uma grande imagem.
Tanto tela em branco.
Capitulo 2

Casa da Cidade Sherbrooke


Londres 181
15 de maio
Menos de doze horas depois do baile Sanderling
Alexandra Sherbrooke, condessa de Northcliffe, sacudiu as saias de seda verde-escuro e rosa.
Mankin era o mordomo da casa da cidade Sherbrooke nos últimos dezoito anos. Ela reparou que ele
ficava cada vez mais curvado, a cada ano, mas não era porque trabalhasse muito duro ou porque seus
ombros estavam se curvando com a idade. Não, Mankin queria mostrar-lhe a cabeça em toda a sua
perfeitamente redonda e brilhante glória careca. Ele polia a cabeça. Ela já o tinha visto fazer isso
uma vez quando olhou para os aposentos do mordomo; ele estava usando algum tipo de cera caseira
da Sra. Hibble. Hoje, como de costume, ele tinha conseguido um alto brilho.
—Lorde Beecham, minha senhora —Mankin disse da porta da sala de estar do primeiro andar.
Ele curvou-se, inclinando a cabeça ficar em sua linha de visão. Ela ficou quase cega.
—Olá, Spenser. —Ela caminhou para ele, com as mãos estendidas, sorrindo. Ela gostava bastante
de Spenser Heatherington, para grande irritação de Douglas. —Por favor, me diga que você está
aqui para murmurar doces absurdos em meus ouvidos. Eu não posso perder isso, você sabe. Você
parou de fazê-lo.
Ele deu-lhe um sorriso encantadoramente suave, com dentes brancos aparecendo, apenas o
suficiente, para adicionar um pouco de maldade.
—Você riu de mim, Alexandra. Como pode um homem murmurar palavras de amor quando a
senhora está toda alegre e se divertindo com isso? A masculinidade não pode sobreviver a tal
afronta.
—Eu tinha esquecido isso. Bem, isso foi bem feito para mim. Sim, você deve começar novamente.
Isso sempre faz Douglas ficar com o rosto vermelho, quando lhe digo o que me disse. Ah, mas isso
também o faz tornar-se sempre tão atencioso. Ele tem que provar, é claro, que poderia murmurar
absurdos melhores do que você. Isso o irrita mais do que eu chamar você pelo seu primeiro nome.
—Ele levou cinco anos para aceitar isso.
—Você sabe muito bem que Douglas detesta a familiaridade.
Você faz isso para enfurecê-lo. Ele diz que eu sou o único que a paquera, que sou o único que a
está encorajando a ter pensamentos que não deveria.
Ele riu, não conseguia ajudar a si mesma. Foi seu segundo ataque de riso em menos de vinte e
quatro horas. Ele limpou a garganta. A garganta estava um pouco dolorida do exercício
desacostumado?
—Posso lhe oferecer chá, Spenser?
—Sim, se desejar. Na verdade, o que eu realmente gostaria é discutir os pontos mais delicados da
disciplina com você.
Alexandra corou do pescoço até a linha dos cabelos. Ela levou as mãos ao rosto e depois se
abanou.
—O que é isso? Você já vai ficar excessivamente quente por apenas ter a palavra falada?
—Não tente me envergonhar, senhor. Me atrevo a perguntar onde você ouviu falar isso?
Ele deu um sorriso tão mau que ela quis bater nele, mas não estava perto o suficiente. Ela o
observou se recostar contra o mantel da lareira e cruzar os braços sobre o peito.
—Você estava na biblioteca de Sanderling, falando de disciplina com uma moça, que espero,
possua fitas macias o suficiente para amarrar um homem por ambos os tornozelos e os pulsos. Ela
estava discutindo os vários pontos filosóficos, enquanto você, Alexandra, queria as especificidades
que poderia tentar em seguida com Douglas.
—Oh céus. Pensei que estávamos a sós. Não, espere. Lembro de ouvir um homem rir. Foi você,
Spenser? Oh, bem, melhor você do que o Sr. Pierpoint, que teria tido um colapso apoplético no local.
Eu nunca teria sido capaz de enfrentar a Sra. Pierpoint e lhe dizer porque seu marido passou mal.
—Também, melhor que tenha sido eu a ouvir você do que Douglas.
—Eu não estou tão certa. Sente-se, Spenser. Você me envergonhou até os meus dedos. Com
Douglas, ele teria rido, assim como você disse. —Ela inclinou a cabeça para ele. —Mas espere um
momento... você, dentre todas as pessoas, não precisa de qualquer outra instrução sobre várias
formas de disciplina. Você já sabe tudo o que há para saber, não é? Eu diria que um homem de sua
experiência seria bem versado nisso.
Ele olhou para suas mãos, seus dedos longos e unhas bem polidas. Ele nunca permitiria uma unha
lascada, porque não arriscaria ferir a pele macia de uma mulher quando a estivesse acariciando.
Maldita imaginação, novamente. Ele limpou a garganta. —Algumas, pois há muitas formas,
também não há nenhuma falta de abordagens para o assunto da disciplina. Estou sempre ansioso para
angariar novos conhecimentos, não importa a fonte.
Ela limpou a garganta e gritou: —Mankin, eu sei que você está em pé do outro lado da porta
ouvindo. Sua mandíbula provavelmente caiu no meio do caminho para o chão, pelo que você está
escutando. Por favor, pegue a sua mandíbula, traga um pouco de chá, e alguns deliciosos badalos de
Cook.
Eles ouviram um profundo fungar vindo do corredor.
A sobrancelha de Lorde Beecham subiu uns bons centímetros..
—Perdão? Você disse badalos?
—Sim. Nossa cozinheira, a Sra. Clapper, é do extremo norte, ao sul das Colinas Cheviot. A
receita vem do lado materno da família, criadores de ovinos todos eles, há muitas centenas de anos.
É um tipo especial de massa feita com passas, maçãs, canela, e laranjas, todos misturados juntos. É
muito delicioso realmente.
—Isso soa um pouco estranho para mim, Alexandra. Com todos esses ingredientes, você acha que
pode haver algumas partes de ovinos, que ela não lhe contou?
—Se houver, você não pode provar.
—Talvez eu não deva provar esses badalos.
—Agora, Spenser, você estava me dizendo como havia muitas escolas diferentes de disciplina.
Há também muitos tipos diferentes de doces para ser julgados. Eu esperava que você estivesse
ansioso para expandir o seu conhecimento culinário. Em resumo, meu caro senhor, não seja um
covarde.
—A arma final, um golpe direto à masculinidade. Traga os badalos.
Dez minutos mais tarde, Lorde Beecham estava entusiasticamente mastigando um bocado de
badalo, quando, sem aviso, pelo menos por parte de Mankin, a menina grande chegou correndo à sala
de desenho.
—Alexandra, eu o vou ter correndo nos meus calcanhares até amanhã à noite, o mais tardar. O
conhecer será muito fácil, e...
Ela olhou para ele, sua expressão tão horrorizada que ele riu. Isso o fez engasgar com o badalo.
Ela chegou nele em um instante, batendo em suas costas tão forte que ele se perguntou se suas
costelas iam explodir no peito.
Ele conseguiu engolir o resto do doce, mas ainda estava tendo dificuldade para respirar, apenas
ficou lá, tentando recuperar o fôlego, enquanto olhava para ela.
—Está Tudo bem, Lorde Beecham?
—Ele ainda não pode respirar, Helen. Dê-lhe um minuto. Ela machucou suas costelas, Spenser?
Dois minutos se passaram antes que ele tivesse fôlego suficiente para falar. Ele olhou para a
moça.
—Você me conhece?
—Claro. Eu imagino que a maioria das pessoas sabe quem é, particularmente as damas.
Por que ela estava corando? Ele foi o único que quase foi achatado. Quando finalmente
conseguiu respirar fácil novamente, limpou a garganta, bebeu um pouco de chá e colocou a xícara
de volta no pires.
—A razão pela qual a maioria das pessoas me conhece é porque eu vivo em Londres desde que
tinha dezoito anos e os conheço bem. —Ele se levantou, veio para perto dela, e parou. Ela o olhou
diretamente nos olhos.
—Douglas está errado, —disse Alexandra. —Você é pelo menos cinco centímetros mais alto do
que Helen, tal como ele é. Douglas estava dizendo a ela que ele era mais alto do que você.
Lorde Beecham olhou para aqueles olhos azuis claros.
—Sou mais alto que a maioria dos homens que conheço.
—Douglas é mais alto, —disse Alexandra. —pelo menos dois centímetros. Sim, eu posso ver
isso agora claramente.
—Bem, —Helen disse: —Eu sou certamente uma das senhoras mais altas em toda a Inglaterra.
—Você é uma mulher alta, —disse ele devagar, querendo a olhar de cima a baixo muito
cuidadosamente, mas percebendo que não seria uma boa coisa a fazer na sala de Alexandra
Sherbrooke. Em vez disso, ele pegou sua xícara de chá e brindou com ela.
Ela riu, um som esplêndido, cheio e rico, que rolava através de suas entranhas como uma taça de
boa aguardente. Ele pensava nela deitada no meio de sua cama com ele sobre ela. Seria início da
noite, não mais do que seis ou sete horas de distância. Sua agenda estava aberta.
—Realmente —Não sou mais uma garota, —Helen disse, lhe dando um sorriso bonito, todos os
dentes brancos, com covinhas profundas em seu rosto. —Eu tenho vinte e oito anos, vinte e nove em
sete meses. Estou muito longe dos dentes de leite como meu pai diz. Apenas três meses atrás ele
estava tão furioso comigo sobre algo que nenhum de nós sequer lembra, que o deixou gritando que eu
estava na prateleira. Sempre que eu o provoco, ele é capaz de ficar reclamando aos céus que sou uma
criança pouco natural. Eu sou não natural, isso é o que eu sou...
Ela parou, e Lorde Beecham sorriu. —A grande garota.
Helen lhe deu aquele sorriso brilhante novamente. —Isso também, eu suponho. —Ela estendeu a
mão. —Sou Helen Mayberry. Meu pai é o excêntrico Visconde Prith, o cavalheiro mais alto em
toda Inglaterra.
Lorde Beecham endireitou a sua plena altura de cinco centímetros mais alto que Helen e tomou sua
mão, o que o transformou, enquanto ele se inclinava para lhe beijar o pulso. Ele sentiu o tremor da
mão na sua. Excelente. Talvez, se ele fosse suave e tivesse um pouco de sorte, ele a teria nua sobre os
lençóis no início da noite, talvez até mais tarde, trocando receitas de disciplina, enquanto a beijava
toda.
—Sou Spenser Nicholas St. John Heatherington, —disse ele. —Você pode me chamar de Spenser
ou Heatherington ou Beecham. Eu recebi este nome por causa de Edmund Spenser, famoso pelo livro
de sonetos Rainha das Fadas. Minha mãe admirava a Rainha Elizabeth e, portanto, escolheu
homenagear Edmund Spenser, um homem admirado pela Rainha talvez em uma medida desmedida.
Quem sabe? Meu pai até me disse que era possível que eu fosse um descendente. Parentes distantes.
—Isso soa como um absurdo para mim, —disse Helen.
Ele lhe sorriu, brindando com ela de novo com a xícara de chá. —Eu concordo, mas faz parte de
um conto divertido. Você está me dizendo que ainda não encontrou um homem que ache adequado
para você, porque, sem dúvida, eles não chegam ao seus pés, Srta. Mayberry?
—Talvez por um período relativamente curto de tempo. Você sabe o problema é que há tantos
homens muito chatos e baixos, na Inglaterra, e parece que meu querido pai está familiarizado com
todos eles. Eu realmente não me importo com a altura, mas chato eu não posso aceitar.
—Eu não me importo com as baixas, —disse ele.
—E chatas? Você não se importa com as senhoras chatas?
—Damas nunca são chatas, Srta. Mayberry. Não se elas são tratadas apropriadamente.
—Maravilha —eu aprovo o que você acabou de dizer.
—Acredito que você queria me conhecer, Srta. Mayberry?
Foi um tiro no escuro. Ainda assim, quando ela chegara voando na sala de estar falando sobre a
reunião com alguém, olhou para ele como se não pudesse acreditar que ele estava realmente sentado
ali, Spenser tinha conhecido em seu intestino que ela estava falando sobre ele.
Em vez de agir constrangida ou decepcionada e, portanto, com a língua presa, Srta. Mayberry
assentiu. —Eu não sei como você conseguiu descobrir isso, mas é verdade. É um prazer o conhecer,
meu senhor. O que é ainda melhor é que eu não precisa se preocupar com quaisquer maquinações
agora, embora o que tinha em mente era realmente muito eficiente.
Ele a olhou fascinado. Tinha seis horas e meia até o início da noite, talvez apenas cinco horas e
meia até o final da tarde. Ele tinha tempo suficiente.
—Como você estava pensando me conhecer?
—Eu ia cavalgar no parque.
—Quer dizer que pensava me pisotear sob os cascos do seu cavalo?
—Oh, Não, eu não quero machucar você. —Ela parou por um momento delicado, sua voz tão
recatadamente má que ele quase engoliu a língua, especialmente quando ela acrescentou: —Pelo
menos não agora.
Ela realmente disse isso, aqui mesmo ao ar livre, bem na frente dele e Alexandra? Ele pensou em
a ter nua sobre os lençóis com o sol no meio da tarde fluindo através de sua janela do quarto. Será
que ela insistiria em discipliná-lo? Ele esperançosamente esperava que sim.
—Eu ia fingir perder o controle e o equilíbrio e só aconteceria de cair sobre você.
—Dependendo do seu ímpeto, você poderia muito bem me esmagar facilmente.
—Oh, céus, eu não tinha pensado nisso. Eu o poderia ter jogado no chão, como uma estaca, ou
quebrado suas costelas. Ah, mas então eu teria me ajoelhado ao seu lado e segurado sua mão até que
você recobrasse a consciência novamente. Teria sido muito bom. Você teria sorriu para mim e
levantado sua mão, fracamente, para tocar meu rosto. Sim, isso forma uma imagem agradável na
mente.
—Apenas se esse fosse o resultado final. Mas, eu teria lamentado o processo. Homens não gostam
de ser fracos, Srta. Mayberry, nunca.
Alexandra limpou a garganta. —Eu sei que você está se divertindo muito, mas devo lhe dizer,
Spenser, que Douglas fica lívido quando Helen fala sobre o conhecer. Ele implica, Spenser. Insulta.
Range os dentes. Ele ordenou que Helen o conservasse a distância.
Helen riu. —Medos. —Douglas teme por minha virtude com você na vizinhança, Lorde Beecham.
Estaria muito quente no meio da tarde. Não haveria necessidade de um incêndio em seu quarto de
dormir, mesmo com ambos nus. Ele mentalmente colocou a boca e as mãos sobre ela. Ele se levantou
e estendeu a mão para ela. Bem, então, para poupar os dentes de Douglas, vou simplesmente levar
Srta. Mayberry daqui antes que ele retorne para casa.
—E para onde você irá me levar, Lorde Beecham?
—Para o Gunther, para um sorvete.
Ele nunca tinha visto uma mulher brilhar tanto em sua vida.
—Isso seria maravilhoso. É o meu deleite favorito desde que vim para Londres. Como você
sabia?
Lorde Beecham olhou para Alexandra, que estava olhando um pouco em estado de choque. —
Diga a ela, Alexandra, que sou um homem de experiência vasta e variada. Eu tenho o dom de olhar
para uma mulher e claramente ler seus desejos mais profundos.
—Talvez isso seja verdade, —Alexandra disse enquanto mordia um badalo. —No entanto, eu não
sabia que você podia adivinhar o desejo mais profundo e infinito de Helen para os sorvetes da
Gunther.
—Agora você sabe. —Ele ainda estava segurando a mão de Srta. Mayberry. —Devemos?
Helen piscou para Alexandra, enquanto enlaçava seu antebraço. —Diga a Douglas que tive
sucesso.
—O que foi aquilo? —Lorde Beecham perguntou quando Mankin abriu a porta para eles e, em
seguida, se inclinou. A luz do sol atravessou a porta e brilhou sobre a sua careca.
Infelizmente, nem Lorde Beecham, nem Srta. Mayberry notaram.
—Como você conseguiu? Porque me encontrar? Certamente que não seria necessário me
derrubar no parque.
—Você conhece Gray St. Cyre, Barão de Cliffe?
—Certamente. O que tem ele?
—Ele se casou há algum tempo.
—Sim eu sei. O que tem ele?
—Ele e a noiva estiveram na minha pousada depois que Jack escapou de Arthur Kilburn.
Infelizmente, Gray levou um tiro e rachou a cabeça contra um carvalho.
—Você possui uma pousada?
—Sim. É chamada Lâmpada do Rei Edward. É a primeira estabelecida em Court Hammering, uma
cidade a cerca de uma hora mais ou menos, a nordeste de Londres.
—Arthur sequestrou a noiva de Gray? Eu não tinha ouvido falar sobre isso. Seu nome é Jack?
—Está certo. De qualquer maneira uma vez que resolvemos tudo, meu pai e eu voltamos a Londres
para assistir ao casamento, que foi muito charmoso, uma cerimônia muito pequena e privativa, e por
isso você não estava lá. Foi quando revi Douglas.
—E você foi apaixonada por Douglas quando tinha quinze anos, —disse ele, olhando para ela,
sua crescente fascinação em cada palavra. Ele esqueceu por um momento que queria dormir com ela
por volta das duas horas da tarde. Esta tarde. O mais tardar às três.
—Então você era o homem que ouviu a mim e Alexandra falando na biblioteca de Sanderling.
—Ah sim. A disciplina é um assunto que é caro ao meu coração.
—Eu não estou nada surpresa.
Ele estava sorrindo para ela, perguntando se era cedo demais para beijá-la, talvez tocar levemente
as pontas dos dedos em sua garganta, sentir seu pulso acelerar.
—Sim, Douglas era um jovem adorável. Mas isso foi há muito tempo. Tenho certeza que
Alexandra sabe que os meus sentimentos são apenas de ternura para com seu marido.
—Isso é bom. Não seria agradável para o seu amante atual se os sentimentos que tem por Douglas
Sherbrooke fossem mais do que ternura. Foi Douglas o seu primeiro amante?
Capitulo 3

ELA LHE DEU um sorriso arrogante. Não parecia ter um único osso embaraçado em seu corpo.
Sua fascinação continuou a aumentar. —Agora, isso que é falar sem rodeios, Lorde Beecham.
—Claro. Você me parece uma mulher que prefere que falem sem rodeios. —Ele a ajudou a subir
em sua carruagem. Então disse ao cocheiro. —Babcock, nos leve ao Gunther. Devo alimentar esta
senhora encantadora com um gelado ou dois antes que ela comece a desaparecer. — —Nossa, meu
senhor, —Babcock disse, olhando para Helen com admiração, visto que ela era uns vinte e dois
centímetros mais alta do que ele. Lorde Beecham notou que Babcock endireitou seus ombros
enquanto pulava para o banco do cocheiro.
—Rápido, Babcock, —Helen o chamou da janela. —Eu não almocei hoje.
Lorde Beecham riu, porque simplesmente não podia evitá-lo. Certamente o que ela tinha dito não
era tão engraçado. Então tossiu e depois deu um gracejo.
Helen sentou-se em frente dele, alisando suas saias. —O que está errado?
—Nada, nada. Então não deixou Douglas frequentar a sua cama?
—Na verdade, eu temo que ele não tenha interesse. —Ela suspirou. —Eu era apenas uma menina
para ele. Acreditei nele como um deus. Eu teria prazer em colocar um pano com água de rosas sobre
sua testa, descascando uvas para ele antes, respeitosamente, colocá-las em sua boca. Eu teria...
—Já é o suficiente. —Lorde Beecham franziu a testa para ela enquanto calçava as luvas macias.
Ela sorriu descaradamente para ele.
—Você estava me dizendo por que Douglas ficaria irritado por você ter me encontrado, —disse
Lorde Beecham. —Você ainda não disse a razão, com toda a baboseira que está jorrando. Por que
você falou no nome de Gray?
—Douglas, Alexandra e eu os estávamos visitando. Alexandra falou de você como sendo
maravilhosamente degenerado e lascivo, em suma, um homem de grande competência e talento. Ela
pensou que poderia tomar o lugar de Douglas na minha mente. Mas Douglas disse que sua
reputação era exagerada, que pretendia ser um amante melhor do que qualquer dúzia de homens que
combinam sua experiência, mas que não era verdade. Você estava, em suma, num muito distante
segundo lugar dele.
—Quanto mais eu parecia interessada, mais Douglas dizia em seu tom de “Lorde sei tudo” que
eu deveria ficar longe de você, que você iria me corromper e me deixar caída em uma vala.
—Quando eu apontei que ele dizia ser superior em lascívia e que ele não tinha deixado Alexandra
em uma vala, ele disse que ela era simplesmente demasiado patética, é por isso que ele não tinha
escolha a não ser continuar casado com ela e mantê-la segura e sorridente. Ele o faz, você sabe.
—Faz o que?
—Douglas a mantém sorrindo. Mas, Alexandra gosta de você. Ela me contou sobre como você
queria ser seu amante.
Ele bateu sua bengala contra o chão da carruagem. —Vocês, mulheres condenadas... Vocês não
podem esperar para dizer umas às outras tudo sobre as falhas de um homem, vocês nunca esquecem,
mesmo que essa falha em particular tenha acontecido há oito anos. Ela era recém—casada com
Douglas. Ele estava sendo um idiota, nada incomum para Douglas. Ela estava madura para a colheita,
eu pensei. Mas em vez disso, ela se agarrou a árvore. Ela era totalmente verde, ingênua, e,
infelizmente, adorável. —Ele franziu a testa sobre essas palavras e deu de ombros. —Mas depois de
anos, temos obtido o hábito de trocar conversa amigável. Ele já não é tão irritante como era no
início. Eu gosto muito dele.
—Você quer dizer que achou estranho o gosto de uma mulher que não conseguiu seduzir?
Ele deu a ela um olhar de aversão aguda e cruzou os braços sobre o peito. Era intimidante, e ele
sabia disso. —Exatamente. Posso até passar uma boa meia hora agora em sua companhia, sem olhar
para os seus seios. —Isso, ele pensou, satisfeito consigo mesmo. Ele não ia deixá-la ser mais
provocativa do que ele, o gozador de bronze. Ele iria se manter a frente. O tempo estava se
esgotando. Duas horas da tarde era daqui a uma hora. Ele não ia ter tempo para colocá-la em sua
cama. Ele olhou para o sol no céu, pensando no crepúsculo. Era um belo momento do dia, luzes
suaves acariciando o corpo de uma mulher. Ele limpou a garganta.
—Trinta minutos? —disse Helen. —Nem um único olhar? Para um homem, isso tem de estar perto
da santidade. —Ela lhe deu outro sorriso deslumbrante. —Então você pode ver por que eu queria te
conhecer. Eu quero um homem que pode controlar a si mesmo, que pode decidir o que fazer e fazê-lo.
Eu quero um homem de charme, e um pouco de sagacidade e experiência sem fim. Eu quero um
homem que possa estabelecer um objetivo e descobrir como ganhá-lo, um homem que pode separar a
palha do trigo.
—O que isso significa?
—Isso, Lorde Beecham, é uma metáfora. Isso significa que você sabe o que é importante e o que
não é. Alexandra recomendou você. Você acabou de me mostrar que se sente muito confortável
falando sobre as particularidades das mulheres, como nenhum outro cavaleiro do meu conhecimento
seria capaz de falar na frente de uma senhora, o que mostra, eu suponho, que você sabe que é hábil
o suficiente para não levar um tiro por isso. Na verdade, eu faço exatamente a mesma coisa com os
homens e eu não fui baleada até agora.
—Você quer dizer que somos ambos hábeis?
—Ah sim. Eu acredito em equidade.
Ele não conseguia pensar em uma única coisa a dizer. Ele percebeu que ela não estava aceitando a
visão de passagem, não, ela o estava levando junto. Ela estava fazendo um exame minucioso de seus
ouvidos, até os pés em suas botas, e a mão segurando a cabeça da bengala.
—Alexandra me disse que era bonito, não tão bonito como Douglas, naturalmente, mas ainda
assim, mais do que adequado. Ela disse que você não tem excesso de gordura, como muitos homens
têm depois de passar o seu trigésimo ano. E, você passou bastante do seu trigésimo ano, não é?
—Eu tenho trinta e três, dois anos mais novo que Douglas.
—Douglas não tem qualquer excesso de gordura. É refrescante encontrar, pelo menos, dois
cavalheiros que parecem bastante bem, o suficiente para incentivar uma senhora a dar uma segunda
olhada, talvez até levemente colocar a mão sobre a barriga, para sentir a suavidade dura de sua
musculatura.
Precisou de todo o seu controle para não levá-la ao chão da carruagem naquele instante. Ele
poderia ter os seios livres de seu vestido em um segundo. Danação, não em uma carruagem, não na
primeira vez em ele a tomasse. Ele a queria feliz depois de terem terminado, não sofrendo por ser
jogada por entre os dois assentos da carruagem.
Ele limpou a garganta. Já estava ficando excessivamente entusiasmado. Aos trinta e três anos de
idade, ele tinha um controle sublime. Ela disse que sabia que ele se controlava. Bem, ele tinha. O
que
estava acontecendo aqui? —Você deve ser do país, onde o escudeiros desfilam com suas barrigas
de fora.
—Sim, de fato. Eu não posso lhe dizer como estimulante é estar aqui em Londres. —Ela cruzou as
mãos sobre o coração.
Ela lhe deu um tapa com uma dose considerável de sarcasmo que ele, sem dúvida, merecia.
Ela se inclinou um pouco para frente agora. —Eu acho que você, Lorde Beecham, será perfeito
para os meus propósitos.
Ele era o homem. Ele era o caçador. Ele era o amante extremamente experiente. Será que esta
mulher não tem vergonha? Sem reticências? Sem modéstia? Isso o assustou.
Ele sabia que se ela fosse casada, seu marido estaria igualmente chocado. O que ele diria se
soubesse que sua esposa queria seduzir outro homem? Ele esfriou a voz antes de dizer.
—Olhe para mim. É claro que eu não sou gordo. Apenas um homem que é um completo idiota
seria barrigudo. As senhoras não gostam de barrigudos.
—É verdade.
—Quais são seus malditos propósitos?
Babcock parou a carruagem na frente do Gunther em St. James. Era um prédio estreito, pintado de
branco, muito lindo na luz brilhante do sol, o que foi um alívio, uma vez que eles tinham sofrido com
uma chuva sólida nos últimos três últimos dias. Helen aceitou a mão, estendida para ajudá-la a
descer da carruagem. —Isto é absolutamente delicioso, meu senhor. Agradeço-lhe grandemente por
me acompanhar até aqui. Eu amo os gelados.
Ela estava usando um lindo vestido verde-esmeralda, muito simples e elegante, e tinha um
pequeno gorro na cabeça adornada com apenas três folhas de algum arbusto ou árvore, que ele não
reconheceu. Todas entrelaçadas pouco acima de sua orelha esquerda. Ela parecia sofisticada, muito
uma senhora de si, até que você olhasse para os seus olhos. Ele via inteligência, humor e um bom
conhecimento. Sobre seu companheiro? Ele gostava de mulheres inteligentes, em pequenas doses.
Elas tendiam a querer examinar as coisas depois de fazer amor, separar as coisas até que ele
quisesse afundar em um estupor. Ele também gostava de humor em uma mulher, se fosse do tipo de
humor adequado —ou seja, um humor não dirigido a ele.
Crepúsculo, pensou. Crepúsculo ainda parecia possível.
Ele limpou a garganta e a acompanhou para o interior encantador. Um jovem usando um enorme
avental branco veio imediatamente para o seu lado, lhes oferecendo uma pequena mesa redonda.
Lorde Beecham a ajudou a se sentar. Ele sorriu para ela, e seus olhos se encheram com o
conhecimento dela, uma mulher. —Não coma demais. Um cavalheiro não gosta de uma senhora
barriguda.
—Eu jamais engordo, —Helen disse olhando para a mesa ao lado deles, não para as pessoas, mas
para os gelados na frente deles. —Baunilha, —disse ela. —Eu adoro baunilha.
Ele era o seu favorito também. Ele ordenou chocolate.
Ele não disse mais nada até que suas taças fossem colocadas na frente deles; não disse mais nada
até ela ter dado uma boa dúzia de mordidas, fechando os olhos e gemendo em êxtase. Ele ainda não
disse nada até ter terminado o seu próprio gelado de chocolate. Ele não se importaria em a alimentar
com um gelado depois de fazer amor com ela. Serviria, no mínimo, para a manter quieta. A única
coisa era que ele não saberia se o gelado lhe deu mais prazer do que ele.
Ele disse de repente, enquanto ela estava olhando o
salão. O propósito. —O que você quer de mim?
—Você é muito procurado, não é?
—Sim.
—Por quê?
Lá estava outra vez, essa maldita tentativa de inundar seu barco. Ele não permitiria que ela o
controlasse. —Use seus olhos, —disse ele, com a testa enrugada. Ele não queria que ela soubesse
que o havia irritado; e então, ele sorriu para ela, mostrando os dentes retos e brancos. —Use seus
ouvidos. Você mesma falou da minha fluência. Eu não sou um homem estúpido.
—Não, você não é estúpido, não é? —Helen disse após um momento. Ela estava olhando
ansiosamente para uma enorme taça de algum gelado com sabor de frutas, na frente de um cavalheiro
com uma barriga enorme.
—Nem pense nisso, —ele disse. —Você tem gelado suficiente para sua garganta branca.
—É a coisa mais estranha, —ela disse. —Você sabe que eu fico muito relaxada quando eu tomo
um gelado da Gunther?
Lorde Beecham levantou a mão imediatamente e chamou o garçom.
Ele a alimentou com mais duas taças de sorvete. Em sua terceira colherada da terceira taça, ela
disse: —Quem é aquele casal logo ali? Ela está vestindo um traje azul bastante alarmante e o
cavalheiro está obviamente descontente com ela.
Lorde Beecham olhou, em seguida, estudou as unhas. Finalmente, ele disse, com um pouco de
desprezo tolerante em sua voz. —Sr. e Sra. Crowne, eles estão casados apenas há um ano, e agora se
esfolam regularmente, mesmo em público. É por isso que, Srta. Mayberry, um homem inteligente não
pula em um buraco negro. O casamento é o fim da estrada, o fim da razão, o fim de qualquer
contentamento que um homem possa reivindicar.
Ele parecia estar sofrendo de azia quando disse a palavra. Helen apenas sorriu para ele, e
compreendeu que não estava apenas satisfeito, mas muito aliviado. Ela deu outra mordida,
saboreando a linda explosão gelada enchendo sua boca, e o frio creme macio liso deslizando para
baixo de sua garganta. —Eu concordo com você, Lorde Beecham. O casamento é apenas para os
tolos fracos de espírito.
Ele não gostava disso. Um homem, por sua própria natureza, deveria fugir do casamento, mas não
uma mulher. Ele conseguiu manter o seu desagrado escondido. —Me diga agora. Qual é a sua
utilização para mim?
—Nós continuamos saindo do assunto, não é?
—Sim, mas não mais. Fale comigo. Diga-me o que eu posso fazer por você.
Helen não era uma tola. Ela viu claramente em seus brilhantes olhos escuros que ele queria nada
mais do que puxar seu vestido e fazer amor com ela.
—Você obviamente acha o casamento desagradável.
—Sim, como faria qualquer homem razoável. Infelizmente, as mulheres devem dar ao homem um
herdeiro, então em algum momento antes de sua morte, ele deve produzir a criança do sexo
masculino. Eu não pretendo passar para o além, até depois do meu quinquagésimo aniversário.
Quando estiver com quarenta e nove, vou casar e gerar um herdeiro. Então eu vou morrer com um
sorriso no meu rosto. Talvez a minha esposa grávida, que estará usufruindo de minhas propriedades
rurais, também terá um sorriso em seu rosto. A propriedade rural em Devon. É encantadora.
—Eu descobri que todos os nobres têm uma casa de campo e cada uma delas tem um nome. Qual é
o nome desta em Devon?
—Paledowns.
—Incomum. —Ela se inclinou em sua direção. —É um pouco mais difícil para uma mulher, você
não acha, Lorde Beecham? Uma mulher não tem a liberdade de um homem, a menos que ela
simplesmente faça o que deseja fazer e ignore o que a sociedade diz sobre ela.
—As mulheres governam o mundo, Srta. Mayberry. Se elas são inteligentes, podem controlar um
homem com mais de um olhar.
—E se a mulher não for razoavelmente bonita, Lorde Beecham?
—Então ela obviamente não vai governar muitos homens.
—E se ela não tem dinheiro?
—Então ela vai vender seus serviços e governar o sujeito que pagou por eles.
—Acho que jamais conheci um homem mais cínico, —Helen disse, seu gelado esquecido.
—Eu sou apenas um realista, Srta. Mayberry. Eu confio que você não se queixa sobre a terrível
situação das mulheres nesta terra. Você seria uma idiota e uma hipócrita se lamentasse, mesmo que
um pouco. Seu pai é um dos pares, e você, sem dúvida, levou uma série de homens jovens presos
pelo nariz; você é jovem e bastante independente para se beneficiar, e é mais bonita do que
provavelmente acha. Não, eu não quero ouvir uma única queixa de você sobre a injustiça da vida de
uma mulher nesta terra maldita. Para resumir tudo, Srta. Mayberry, você é muito feliz e robusta
para ser outra coisa senão delirantemente satisfeita com a sorte de sua vida.
—Isso certamente me coloca em meu lugar.
—É um lugar muito bom.
—E esta pobre esposa que você vai obter quando estiver com quarenta e nove anos de idade? Ela
não vai ter nada a dizer sobre qualquer coisa? Você só a quer para fins de reprodução, como se
fosse criar animais. Ela vai ter necessidades e desejos, e esperanças, e você a vai tratar como uma
ovelha em um curral.
Ele riu. —Que imagem pintou, Srta. Mayberry. Por favor, não ignore os fatos. Esta senhora vai
querer se casar. Ela vai ganhar o meu título, meu dinheiro, e ela terá tudo o que deseja, exceto um
amante, pelo menos até que eu tenha passado desta para melhor. Ela será a dona de Paledowns e de
três outras propriedades também. Depois que ela me enterrar, ela vai ser rica, seu filho será
Visconde Beecham, e ela pode ter na cama qualquer cavalheiro, de Pall Mall até Russell Square.
Não, não sinto pena pelo futuro Visconde Beecham. Mas, eu concordo, Srta. Mayberry, que a maioria
das mulheres, assim como a maioria dos homens, não são ricas, não são particularmente bonitas, e
não são particularmente inteligentes. E já que elas não são homens, elas devem aguentar mais do que
os homens. No entanto, desde que eu não sou uma mulher e não posso fazer muito sobre a sua
situação na nossa sociedade, vejo a minha própria gente. Eu sou responsável por seu bem-estar e
levo as minhas responsabilidades a sério. Eu faço o meu melhor para não causar qualquer dor
particular ou dificuldade para outro ser, homem ou mulher, assim como eu imagino que você faça.
—Dê-me apenas um exemplo de vossa bondade, Lorde Beecham.
—Mais sarcasmo flutuando em minha direção? Muito bem. No mês passado, uma das minhas
empregadas foi estuprada por um soldado de infantaria em uma casa vizinha. Procurei a dona da casa
e me foi dito, em termos inequívocos, que a minha empregada doméstica era uma prostituta sem
nenhuma fibra moral e que era ela quem seduzira seu pobre lacaio, um irlandês musculoso metido a
valentão.
—Eu o venci em uma luta. Minha empregada o pôde chutar pelo menos uma vez nas suas costelas.
Ela cuspiu nele. Ela está bem agora, não engravidou, pelo que obrigado, Senhor.
Ela apenas olhou para ele. Ele observou os dedos compridos acariciar o cabo de prata da colher.
Ele franziu a testa, sem olhar para cima de seus dedos. —Eu não sei por que disse isso. Você vai
se esforça para esquecer. É assunto de ninguém. Você terminou? Seu gelado está derretido e parece
revoltante.
Helen o assistiu pagar por seus gelados. Quando chegaram à carruagem, ela disse: —Podemos nos
dirigir ao parque, Lorde Beecham?
—Por quê? Você ainda não se decidiu se quer me usar?
—Você é muito esperto. É exatamente isso.
Capitulo 4

Lorde Beecham gritou para o cocheiro, —Babcock, para o parque. Dirija devagar.
—Sim, Meu Lorde.
Eles tinham feito uma volta completa quando Helen se inclinou sobre o assento oposto. —Eu
gostaria muito de caminhar um pouco.
Lorde Beecham gritou pela janela para seu cocheiro, —Babcock, pare aqui.
—Sim, Meu Lorde.
Era o meio da tarde, ainda cedo para as senhoras e senhores se aventurarem para o passeio no
parque. O sol estava se derramando em pedaços de luz e calor, Helen pensou, olhando para cima,
mas ainda estava frio, com uma sensação de persistente umidade.
—Você estremeceu. Está com frio? —Ele estava tirando as luvas enquanto falava.
—Não, eu só estava pensando. Sabe, Lorde Beecham, eu o queria conhecer na semana passada.
—Mas você ainda não quer me dizer por quê?
—Um pouco mais de conversa, talvez? Estávamos falando sobre as mulheres e, talvez, sobre sua
utilidade para elas.
—Minha espécie favorita.
Ele viu a sombra negra de amargura passar pelos olhos dela, que, mesmo assim não disse nada,
apenas sorriu para ele.
Ele encolheu os ombros. —Verdade seja dita, Srta. Mayberry, Deus nos colocou sobre este palco
para desempenharmos nossos papéis e assim nós fazemos,, pateticamente na maior parte, mas nós
tentamos.
—Nossos papéis são infinitos, Lorde Beecham. Podemos tropeçar e nos confundir sobre isso,
mas você está certo, nós tentamos. — —E que papel está fazendo agora, Srta. Mayberry?
—Sou Diana a Caçadora.
—E você está atrás de mim, justamente. Não estou certo de que gostaria de ser capturado. Você
não é casada. Eu prefiro muito mais mulheres casadas. Simplifica as coisas.
Pelos céus, por quê? Oh, eu estou sendo obtusa. Você acredita que uma mulher solteira o quer
apenas para se casar.
—Se um homem é rico, sim, que é o caminho da coisa.
—Você está muito enganado, senhor. Se eu lhe disser, por exemplo, que tudo o que queria de você
era uma companhia que envolve apenas uma certa atividade, você automaticamente não acreditaria
em mim?
—Se você está falando em me tomar como um amante, então, sim, Srta. Mayberry.
—Você estaria errado, Lorde Beecham Ela viu o desprezo de novo, a incredulidade, mas tudo o
que ele disse foi: —O tempo vai dizer.
Havia um banco ao lado do caminho. Helen sentou-se.
Lorde Beecham se inclinou. Seus olhos estavam brilhantes. —Qual é o seu uso para mim, Srta.
Mayberry?
Ela sabia exatamente o que queria. Sabia exatamente o que ele imaginou que ela estava pensando.
Ela passou a língua sobre seu lábio inferior. Ele olhou para sua língua, se inclinando um pouco mais
para perto dela.
—Não faça isso, —disse ele, ainda olhando para a boca. —Se você não quer que eu a coloque
muito suavemente no chão junto a este banco, você não vai fazer isso de novo.
—Muito bem. Peço desculpas. Você é conhecido como um especialista. Você fez amor com
mais mulheres do que tenho dispensado disciplina em homens. Você tem bastardos, Lorde Beecham?
—Não. Nem um único. Eu nunca faria isso com uma mulher, com uma criança, se sobrevivesse.
—Eu entendo que nem sempre é possível evitar a concepção, não importa o quão cuidadoso o
homem e a mulher possam ser.
—Eu sou muito cuidadoso, Srta. Mayberry, eu preferia apostar que o sol não se levantaria do que
eu engravidar uma mulher. Você está fazendo isso de novo com a sua língua.
Ele a puxou muito suavemente contra ele e a beijou. Ela tinha sido beijada por um homem
apenas uma vez desde Gerard. Não, ela não pensaria sobre Gerard. Ela lembrou que tinha dado uma
boa mordida na língua do cavalheiro, antes de o atingir no queixo e o deixar inconsciente. Mas isso
foi gentil, uma exploração, um convite tentador. Bem, devia ser. Ele era um mestre nisso.
Foi ele quem se afastou dela.
Ela não queria que ele parasse, mas não o segurou quando ele terminou.
—Diga-me, Srta. Mayberry, —disse ele na mais deliciosa voz melodiosa que ela já tinha ouvido
em sua vida, quando ele esfregou levemente o polegar sobre sua sobrancelha, —Qual é o seu uso
para mim?
Helen nunca perdia o controle e não estava prestes a fazer isso agora, embora quisesse muito,
neste momento, o jogar no chão e o beijar até que ele estivesse implorando.
—Talvez, —ela disse, engolindo seco, —apenas talvez, eu ainda não o conheça bem o suficiente
para dizer. Eu não estou certa ainda. Havia algo mais que Douglas disse sobre você.
—E que insulto seria esse?
—Não é um insulto. Ele disse que havia sombras em você. Ele disse que você tinha um lado
escuro.
Ele olhou para longe dela quando se levantou. —Não tão escuro assim. O tempo muda e desfoca
as coisas, Srta. Mayberry. Não, já não é muito escuro. Agora, onde você está hospedada? Ficarei
encantado em levá-la em casa.
—Você está com raiva porque eu ainda não estou caindo em cima de você. —Helen estava ao
lado dele, o olhando bem nos olhos. —Um homem que se negar a entrar numa farsa simplesmente
porque não consegue o que quer é infantil.
Ele riu, pela terceira vez em menos de dois dias. Ou foi a quarta? Ele parou abruptamente,
levando os dedos à boca e limpou a garganta.
—O que está errado? —Ela perguntou.
—Nada, —disse ele, franzindo a testa. —Nada mesmo. Eu não estou sendo infantil. Você
interpretou mal. Você é uma mulher. As mulheres frequentemente interpretam mal as deliberações
silenciosas de um homem.
Ela bufou.
—Você pode olhar como uma deusa, Srta. Mayberry, mas eu lhe garanto que pode sobreviver
muito bem sem mim.
—Uma deusa?
—Também mulheres ouvem apenas o que elas desejam ouvir.
—Você tem um ponto. Ah, sim, meu pai e eu estamos hospedado no Hotel Grillon.
Ele se virou e gritou ao cocheiro: —Babcock!

Leonine Octavius Mayberry, sexto Visconde Prith, olhou abaixo de seu nariz reto e estreito para
sua única filha.
—Eu te conheço toda a sua vida. Eu realmente já a conhecia enquanto você estava no ventre de
sua mãe. Eu sei todos os seus jogos, pelo menos até agora. Diga-me porque você convidou Lorde
Beecham, um homem de muitas maneiras, a maioria delas perigosas, para jantar. Helen levantou a
mão e tocou levemente o rosto de seu pai. —Eu pedi champanhe.
—Pelo menos, vamos ver se o sujeito é um homem real. Se ele desejar algum desse brandi sujo
em vez disso, eu o vou arrancar daqui pessoalmente.
—Eu o vou ajudar e aplicar o meu próprio chute.
—Você zomba de mim, garota. Por que ele está vindo?
Helen lentamente se afastou de seu pai, que era uma boa cabeça mais alto do que ela. Ele foi, de
fato, por muito tempo o homem mais alto que ela já tinha visto. Ela não podia esperar para ver o que
Lorde Beecham tinha a dizer quando tivesse que esticar o pescoço para olhar para o pai dela. Ela
caminhou até a adorável janela em arco na sala de sua suite e puxou a cortina. O mês de maio era
glorioso, mesmo em Londres, pensou. Pelo menos, hoje foi. Havia tantas pessoas, todas elas com
muita pressa. Ela esperava que essas pessoas soubessem para onde estavam indo. Às vezes era muito
difícil saber qual o caminho seguir.
—Eu tenho um uso para ele, pai. Mas eu só não sei bem qual ainda. O fato é que eu quero ver
o que você pensa dele. Se você não o desejar ver mais, você vai me dizer, e eu vou lhe mostrar a
porta. Ele levantou as sobrancelhas grossas e arqueadas, elegantes e brancas. —Eu tenho ouvido
muito sobre Lorde Beecham, mas nenhuma história escandalosa sobre ele. Ele aparece honrado,
embora seja um sátiro de renome. Pelo menos ele é alto, eu vou dizer. Ele é rico, mas você não se
preocupa
com isso. Você está pensando em se casar com ele, Nell?
—Você sabe que eu não desejo me casar, Papa.
Ele olhou para ela pensativo, por um longo tempo, então se virou e disse por cima do ombro,
—Vou pedir duas garrafas de champanhe.
É claro que ele não tinha pensado em pedir o jantar com o champanhe. Ela sorriu quando tocou a
campainha para o seu mordomo, Flock. Flock, tão pequeno que se encaixava muito bem debaixo do
braço, poderia lidar bem com o príncipe regente, se a necessidade surgir. Ele disse a sua senhora, —
Srta. Helen, eu entendo que Lorde Beecham é um homem muito inteligente.
Sim, eu ouvi isso também, Flock.
—Você tem que se preocupar. Vou falar com ele quando ele chega. Se ele me impressionar com
sua sagacidade, vou lhe dar uma única piscadela. Se ele não me impressionar, eu vos abrir as janelas
de modo a Lorde Prith poder o jogar para fora.
—Eu o poderia fazer muito bem, Flock, —ela disse suavemente.
—Sim, eu sei, mas imagino que você vai estar vestindo um lindo vestido e eu não quero que
você o amasse.
—Muito Bem, Flock. —Ela não podia esperar para ver se teria uma piscadela ou uma janela
aberta.
Helen passou mais tempo do que o habitual cuidando de sua aparência naquela noite. Quando
sua empregada Teeny prendeu as pérolas ao redor de seu pescoço, Helen disse à sua imagem no
espelho,
—Você decidiu se casar com Flock?
Houve um grande suspiro atrás dela. Ah, Srta. Helen, eu não o posso fazer, só não posso.
—Por que não? Ele é um excelente homem. Ele é gentil e competente. É sempre tão forte, e eu já a
vi estremecer de prazer quando ele lhe diz que a irá punir se você não fizer o que ele deseja. Ele iria
cuidar bem de você.
Eu sei de tudo isso, Helen. Mas você não vê que o meu nome seria Teeny Flock. Isso faz os
meus dentes doerem só em repetir.
—Bom Deus, —Helen disse quando se levantou e alisou suas saias. Ela se inclinou para dar a
Teeny um abraço. —Eu não tinha percebido. Deixe-me pensar. É um obstáculo, você está certa sobre
isso, mas não é insuperável.
Quando Flock anunciou Lorde Beecham, Helen já estava em seus pés. Por que diabo ela estava
nervosa? Era absurdo.
Flock lhe deu uma piscadela.
Lorde Beecham, vestindo roupas de noite que perfeitamente complementavam a arrogância do
homem, entrou na sala, a viu, e foi até ela rapidamente. Ele se inclinou sobre a mão dela, mas não a
beijou, ou os dedos ou seu pulso. Ele apenas sorriu e se afastou para apertar a mão de Lorde Prith.
—Eu tive o grande prazer de vê-lo uma vez, senhor, em White. Posso perguntar a altura da sua
esposa?
—Ah, minha doce Mathilda, em homenagem a esposa do conquistador, você sabe. Ela era apenas
uma garota quando eu a conheci. Não mais alta do que meu cotovelo quando me casei com ela. Eu
juro, porém, que ela cresceu ao longo dos anos apenas para acompanhar a filha. Helen, o quão alta
era sua mãe?
—Minha mãe, Lorde Beecham, era, talvez, uns dois centímetros e meio mais alta do que eu. Ela
procurou por toda East Anglia, com senhores em sua esteira implorando por sua atenção, mas então
ela viu meu pai, e parou de procurar.
—É o mesmo com você, Nell —disse Lorde Prith. Ele acrescentou a Lorde Beecham: —Muitos
companheiros querendo casar com minha pequena Nell. Triste coisa, a maioria deles é baixa, mas é
uma pena. Homens baixos dão uma olhada em Helen e desmaiam. Claro, nem Helen nem eu os vê
quando caem.
—Porque eles são baixinhos.
—Exatamente, —Disse Lorde Prith. —Flock, Traga champanhe.
Agora, Helen pensou, com um sorriso para seu pai, veremos do que Lorde Beecham é feito. Ela
não sabia o que Flock usava para medir a inteligência de um homem, mas o seu pai, era, e sempre
seria, champanhe.
Lorde Beecham olhou para a bela taça cheia até a borda com champanhe perfeitamente
refrigerado. Ele sorriu para Flock quando ele balançou a cabeça. —Me perdoe , mas eu gostaria
muito de um brandy.
Lorde Prith engasgou e vomitou bolhas de champanhe.
Helen balançou a cabeça tristemente. —Você está certo, Lorde Beecham? Você não gosta de
champanhe?
—Não é que eu não o aprecie, é que o champanhe, particularmente um muito fino como este
obviamente é, me faz muito mal. Quando eu o bebi pela primeira vez em Oxford, acreditava que iria
morrer, fiquei muito doente. Eu tentei uma outra vez então. Não era uma visão bonita. É uma
péssima memória.
—Aqui está o brandy, meu senhor, —disse Flock. —É o melhor brandy francês, contrabandeado
para uma enseada muito particular na propriedade de sua senhoria. — Lorde Beecham pode decidir
informar sobre nós, Flock, —Helen disse enquanto tomava um gole de champanhe.
Não, ele não vai —disse Lorde Prith lentamente. —Ele pode ser perigoso, mas é alto e é hétero,
embora um coitado quanto ao champanhe. Não há nada mais maravilhoso do que uma meia dúzia de
copos aguardando você nos tempos mais sombrios.
—É o que eu ouvi, senhor. No entanto, eu descobri que o brandy é um excelente substituto. Eu
posso ter tempos escuros, mas não sou perigoso, senhor, pelo menos não no curso normal de eventos.
—É melhor para sua reputação se você não concordar com isso, —Helen disse, e o enlaçou de
leve no braço. Ela estava gloriosa esta noite, seu vestido de um marfim macio, as lindas pérolas
luminescentes ao redor do pescoço. Seu cabelo estava empilhado no alto de sua cabeça, a tornando
mais alta do que ele, o que o divertia.
—Muito bem, —ele disse, —Eu sou tão perigoso que salteadores ao verem a minha carruagem
correm diretamente para o magistrado. —Ele se perguntou qual seria o gosto. O vestido não foi
cortado particularmente baixo, apenas baixo o suficiente para que pudesse ver a bela redondeza de
seus seios.
—Pare com isso, —ela disse em voz baixa.
—Se uma mulher não quer que um homem admire seus atributos, por que então ela iria usar um
vestido que está a meio caminho dos joelhos?
—Eu selecionei esse vestido, sir. —Lorde Prith fez uma pausa, e olhou para a sua única filha.
—Eu digo, é um pouco revelador, Nell. Talvez eu pudesse lhe dar um dos meus lenços para amarrar
em torno de seus ombros. Flock! Busca um de meus cachecóis de lã para cobrir Srta. Helen.
—Caí na minha própria armadilha, —Lorde Beecham disse e bebeu o resto do seu brandy.
—Papa tem excelente audição. Deve sempre pensar antes de falar, se ele está em qualquer lugar
nas proximidades. Ouve até mesmo um sussurro que não esteja muito longe dele.
—Vou ser mais cuidadoso no futuro. —Futuro? Era possível que ele não a visse novamente depois
desta noite, mas ele queria. Ele queria se deitar com ela, nada mais do que isso. Doce luxúria
simples, uma coisa boa, algo que um homem podia ter sem muita dificuldade, e depois de feito,
poderia ir para algo novo, aliviado por um bom número de horas.
—O jantar está servido, Srta. Helen.
Quando Flock abriu a porta da sala de jantar, franzindo a testa, por esta estar fechada, ele olhou
para dentro da sala com perfeito horror.
A pequena sala de jantar estava rapidamente enchendo de fumaça.
Oh, céus, —disse Flock. —Oh céus.
Lorde Beecham se moveu rapidamente, empurrando Flock para um lado e entrando.
—É a carne que está queimando, —disse Lorde Beecham. Ele pegou uma garrafa de vinho e
derramou sobre o assado. Removeu, então, a cúpula de prata de outra travessa e a colocou sobre a
carne. Houve um som de assobio. Mais fumaça se espalhou por debaixo da cúpula e depois parou.
—Abra as janelas, —Lorde Prith disse a Flock. —Como isso aconteceu?
—É o hotel, meu senhor, —Flock disse enquanto puxava as cortinas para trás e abria as três
janelas lado a lado. —O Chef é extremamente volúvel e bastante francês. Seu nome é “ Monsieur
Jérôme”. Ele viu Srta. Helen quando chegamos, perdeu a cabeça, e me pediu para lhe permitir
cozinhar para ela. Esta é a sua mais recente tentativa de a impressionar. Ele chamou isso de seu “feu
du monde”.
—Fogo do mundo? —Lorde Beecham disse e tossiu. Ele pegou um guardanapo e começou a batê-
lo contra a fumaça. —Eu suponho que o chef é baixo?
—Sim, meu senhor. Jerome não chega nem ao queixo de Srta. Helen. Eu, no entanto, passo do
queixo na maioria ocasiões —Eh? O que significa isso, Flock?
Flock disse isso enquanto esfregava as manchas queimadas na encantadora toalha de linho branco.
—É, meu senhor, que Srta. Helen está a salvo de mim. Eu defino um homem baixo como não
chegando ao nariz de Srta. Helen. Eu estou lá, meu senhor. Quase...
Helen estava golpeando a fumaça também. —Eu pensei que você dissera a ele que eu era casada,
Flock, e, assim, que o seu ardor fora suficientemente resfriado.
—Ele me informou que se não fosse casada com um francês, você não tinha ideia que l'amour
poderia ser gostar.
Lorde Beecham riu e levantou a cúpula com o pedaço enegrecido de carne bovina. Mais fumaça
flutuava. — Srta. Mayberry, considere a obra-prima de um francês. “Feu du monde “é muito grande.
—Eu acho que nunca mais vai olhar para um pedaço de carne bovina novamente da mesma
maneira, —disse Helen.
Havia uma mancha de cinzas no nariz, uma pequena raia pelo seu rosto. Lorde Beecham esfregou
—a levemente com a ponta do dedo.
Ele disse perto de seu cabelo, que cheirava um pouco a fumaça, —Não é somente no seu nariz, eu
posso ver as fitas que você colocou através de seu cabelo.
Flock limpou a garganta. —Eu acredito, Srta. Helen, que você deve retornar para a sala de estar.
Vou trazer um alimento comestível e você vai comer. No entanto, eu preciso primeiro ir atrás do
senhor Jérôme que deve estar, muito provavelmente, andando nervoso, o pobre sapo, para lhe dizer
que o seu “feu du monde” foi uma suprema inesperada.
—Traga mais champanhe, —disse Lorde Prith. —Este é um daqueles momentos escuros.
Capitulo 5

Lorde Beecham estava esticado em sua cama, com a cabeça apoiada em seus braços, e viu a luz
fina e preguiçosa da vela ao lado dele enrolar para cima, formando vagos contornos de formas
exóticas, acima de sua cabeça.
Foi a coisa mais estranha. Dobrada entre aquelas tecelagens, em constante mudança de formas
acima dele, novamente ele viu Helen Mayberry com o cachecol de lã vermelho-vivo de seu pai
amarrado em volta do pescoço, o nó bem no meio de seus seios. Ele teve vontade de rir mas
conseguiu se segurar, quase engasgando quando engoliu errado.
Ela tinha usado esse lenço ridículo a noite inteira, amarrado entre os seios, as pontas penduradas
quase até as coxas. Eles tinham finalmente jantado batatas, bem cozidas e defumadas, três pratos
diferentes de ostras, também ricas e sem querer, defumadas, e alguns feijões verdes que pareciam
cinza. Lorde Prith tinha suspirado. O chef sapo condenado estava sempre fazendo para Helen pratos
de ostras, disse para Lorde Beecham, para atormentar seus desejos mais básicos. Ele supôs que
Helen tinha desejos básicos, mas compreensivelmente, ele não gostava de pensar isso de sua única
menina preciosa.
—Pobre Jerome, —Helen disse, tomando as palavras do pai em um passo afetuoso. —Flock disse
que escreveu a todos os seus parentes na França para aprender mais receitas para ostras. Uma vez
que estamos em guerra com a França, duvido que vá receber instruções de cozimento adicionais em
breve, pelo menos, espero, não até depois de termos deixado Londres.
Lorde Beecham quase riu novamente, mas se conteve a tempo. —Talvez ele precise de um toque
de disciplina, —o disse depois de engolir um bocado singularmente pastoso de um rolo que estava
tão cheio de fumaça que transformou a manteiga em negra.
—EH? —Disse Lorde Prith. —O que é isso, rapaz? Você sabe sobre a disciplina?
—Certamente senhor. Eu sou um inglês.
Mas não houvera uma discussão mais aprofundada da disciplina porque Flock tinha vindo à sala
de estar naquele momento, para informar ao seu senhor que estava na hora de sua caminhada. Lorde
Prith apertou a mão de Lorde Beecham e lhe deu boa noite, beijou sua filha e lhe desejou que dor
dormisse bem, ajeitou o lenço de lã vermelha em volta do pescoço, e saiu da sala de desenho,
assobiando. Foi perto, mas a cabeça de Lorde Prith perdeu de bater no lustre por poucos centímetros.
—Flock e meu pai dão uma caminhada de vinte minutos toda noite, quando não está chovendo.
Está ficando tarde e Flock necessita do seu sono. Nove horas por noite, ele diz a meu pai.
Ela riu, balançou a cabeça, e lhe disse boa noite menos de cinco minutos depois.
E agora ele estava na cama, deitado, ali, a vendo se retorcer dentro e fora dessas formas
esfumaçadas malditas, sobre sua cabeça, em seu quarto. Ela ainda usava o lenço vermelho de lã do
pai e ele ainda estava pensando sobre colocar os dedos por debaixo daquele lindo vestido marfim,
para tocar sua pele quente.
—Ela vai me dar um excelente jogo, —disse ele, soprou um beijo para Helen e entre as sombras,
apagou a vela, sorrindo enquanto observava o traço de fumaça da vela explodir no ar.
Lorde Beecham conhecia as mulheres. Ele sabia todas as estratégias e era um caçador mestre.
Ele não fez nenhum esforço para ver Helen Mayberry por três dias.
Na tarde de quinta-feira, o pequeno parque em frente à casa de Lorde Beecham, na praça
Grosvenor, estava se revoltando com flores de primavera: narcisos ensolarados, lilases de lavanda
pálida, azáleas vermelhas cremosas. Havia outras flores ricamente florescidas espreitando aqui e ali,
mas ele não sabia como eram chamadas. Era um belo dia, e Spenser decidiu que tinha trabalhado o
suficiente com as contas da propriedade. Informou ao secretário, Plínio Blunder1 (um infeliz nome
que o homem fez de tudo para superar, trabalhando mais do que qualquer de seus três secretários em
Londres), para o deixar sozinho, que estava pálido de estar encerrado no maldito quarto da
propriedade por tanto tempo, e que estava saindo a cavalo. Plínio não queria que ele parasse de
trabalhar, no entanto, tendo produzido uma pilha espessa de contas e correspondência que
certamente provava o seu valor, se o seu senhorio iria sair por apenas uma hora, talvez duas, seu
passeio no parque era completamente desnecessário.
—Meu senhor, você não está nada pálido. Olhe para as contas de Paledowns. Bem, na verdade
não são muitas as contas de comerciantes e esse tipo de coisa, mas tenho muitas recomendações,
meu senhor, que acrescentaram volume excelente para a pilha.
—Recomendações, Blunder?
—Sim, meu senhor. Sua tia Mabel é tão frugal que agora se recusa a comprar lençóis novos,
mesmo depois que Lorde Hilton pôs o pé em um enquanto a estava visitando no mês passado.
—Prepare uma carta muito civilizada para minha tia Mabel lhe dizendo que você está comprando
roupa nova, que será entregue a ela.
—Mas, meu senhor, não sei nada de linho.
—É por isso que Deus criou as governantas, Blunder. Fale com a Sra. Glass. Agora você vai me
deixar em paz. Você pode me torturar amanhã de manhã, mas não antes das dez horas, você me
entende?
—Entendo, meu senhor, mas não posso ficar feliz.
—Mande Burney selar Luther agora, Blunder[1]. Corra até os estábulos —você está do lado pálido
—para o informar. Estou saindo agora. Meus olhos estão cruzando, meus dedos estão entorpecidos,
meu cérebro é um balão ascendente —todo ar quente. Deixe-me em paz.
—Eu entendo, meu senhor, mas não posso ser feliz com isso.
Plínio Blunder suspirou profundamente e, tomando seu mestre ao pé da letra, correu para fora da
sala da propriedade. Pela primeira vez, Lorde Beecham notou que seu secretário era baixo. Tão
baixo que ele iria se apaixonar imediatamente por Srta. Helen Mayberry, como parecia que todos os
homens baixos faziam ao vê-la.
Lorde Beecham pegou o chicote e uma jaqueta que seu mordomo no momento, Claude o lacaio,
segurava para ele —(porque o Sr. Crittaker, o mordomo na Casa Heatherington desde antes que
Lorde Beecham tivesse vindo a este mundo, finalmente morreu em paz em sua linda sala no terceiro
andar, com a Senhora Glass no seu lado esquerdo e Lorde Beecham ao seu lado direito. Todos os
outros servos estavam ordenados de acordo com a posição, da direita para a esquerda ao pé da
cama. As últimas palavras do Sr. Crittaker foram: —A empregada do andar de cima não deve estar
de pé ao lado da ajudante, meu senhor. Claude, você deve fazer melhor que isso).
—Tenha um passeio agradável, meu Lorde.
Obrigado, Claude. Como você está se saindo com o polimento da prataria?
Os ombros estreitos de Claude se arredondaram. —Meus dedos estão em carne viva, meu senhor.
Está fora da minha compreensão como o velho Crit sempre teve aqueles talheres tão brilhantes que
você poderia ver a alma celeste de sua própria querida mãe brilhando de volta para você.
—Continue tentando, Claude. Fale com a Sra. Glass.
—O velho Crit sempre disse que uma governanta, sendo do sexo feminino e tudo mais, não tinha
noção de como fazer um bom polimento, meu Lorde.
—O velho Crit era do século passado, Claude. Fique na era moderna.
—A senhora Glass não gosta de mim, meu senhor. Ela não vai me dizer a maneira adequada de
proceder com a prataria.
—Ela perdeu Crittaker. Ela irá se ajustar, se você for devidamente atencioso.
—Mas o velho Crit disse...
Eu estou definidamente em Bedlam, pensou Lorde Beecham, acenando para Claude já distante. Ele
desceu os degraus da frente de sua casa da cidade e virou à direita em direção aos pequenos
estábulos, aparecendo sob as árvores de carvalho recém folheadas, há cerca de 20 metros da casa.
Lorde Beecham pode dizer uma coisa sobre Blunder, quando ele coloca sua mente em alguma
coisa, ele faz rapidamente. Luther, seu grande e gracioso castrado, estava selado e esperando por ele.
Ele estava desfrutando o ar fresco em seu rosto enquanto galopava através do parque. Acenou
para os amigos, fez uma pausa para falar com as senhoras, que riram e acenaram para ele de seus
landaus, e depois viu o Reverendo Older. Os dois cavalheiros frearam e andaram lado a lado por
um tempo. O reverendo Older era um clérigo distinto e popular, um grande orador, um excêntrico,
e um fanático por corridas de cavalos, Lorde Beecham tinha ouvido falar de um sacristão da St.
Jude a quem o Reverendo tinha depenado, gastando parte do dinheiro da placa de coleção para
apostar nas
corridas. Reverendo Older disse que era uma mentira podre e deu ao sacristão um nariz sangrando.
—Eu estou pensando em viajar até a pista McCaulty na próxima semana, —disse o Reverendo
Older. —Não no domingo, é claro. É o dia em que eu estou simplesmente muito ocupado.
—Verdade, —disse Lorde Beecham, tentando não rir entre as orelhas grandes de Luther. Era este
o caminho que teria de agora em diante? Haveria uma risada atrás de cada árvore para o emboscar?
Ele supôs que poderia se acostumar. —Eu não sabia que você tinha algum interesse nas corridas de
gato, senhor, apenas nas de cavalo.
—Ah, as pequenas lêndeas podem correr mais rápido do que o vento, meu rapaz. O truque é as
manter focadas, muitas vezes difícil, uma vez que se distraem tão facilmente. Você já participou de
uma corrida de gato?
Lorde Beecham sacudiu a cabeça. —Ainda não. Talvez um dia. Um amigo meu, Rohan Carrington,
Barão Montvale, é um dos principais patrocinadores das corridas de gatos.
—Sim, de fato. Seus gatos de corrida ganham regularmente. Também dois dos treinadores mais
proeminentes, os irmãos Harker, são jardineiros na propriedade rural de Mountvale. Isso é
certamente a sua vantagem.
Todos tinham ouvido falar das raças de gato na famosa pista de McCaulty. Na verdade, enormes
somas de dinheiro foram ganhas e perdidas nas corridas de gato. Lorde Beecham, no entanto, não
poderia imaginar uma coisa dessas.
Lorde Beecham tinha visto a primeira corrida de cavalos de sua vida, na pista em York e tinha
achado uma furada. Ele até ganhou cem libras apostando em um cavalo que nunca tinha ouvido falar,
mas o nome do cavalo tinha apelado para ele. Foi Muddy Boy, um castrado enorme e ossudo, que
parecia mais cruel do que sua tia avó Honorária quando ela o pegou, ainda um rapazote andando
atrás dela e puxando os pássaros empalhados da enorme peruca que ela usava.
—O suficiente. Uma vez eu fiquei com Rohan Carrington para as corridas de gato. Quase perdi o
meu colarinho clerical, quando um pequeno e magro gato branco com listras passou o favorito e o
piloto em que eu tinha apostado cinquenta guinéus, no trecho de casa.
Eles montaram em silêncio por alguns minutos antes de o Reverendo Older, puxar as rédeas de seu
cavalo e gritar: —Oh meu! Eu quase esqueci. As queridas senhoras em Montpelier Place estão me
oferecendo um chá da tarde e devo comparecer. Não posso decepcionar as doces queridas. Estou até
pensando em me casar com uma delas.
Agora, este foi um choque. O Reverendo Older também tinha uma certa reputação, não para a
devassidão, naturalmente, mas o fato é que ao longo dos anos, o bom Reverendo, além de todas as
suas outras realizações, havia se tornado um namorador realizado.
—Por qual doce senhora, senhor?
—Por Lilac Murcheson, Lady Chomley. Você se lembra de Chomley, não é, Spenser? Ele era um
bacalhau boca solta que felizmente se foi antes de perder sua fortuna. Pelo que me lembro, ele
acariciou a esposa de um homem na nave da minha própria igreja, e o marido foi forçado a chamá-lo
para fora. Colocou uma bala certeira em sua testa. O filho de Lilac lhe deu uma pequena propriedade
em Wessex. Imagino que vou me aposentar por lá quando as palavras sagradas secarem no meu
cérebro e criar meus próprios cavalos por alguns anos.
Lorde Beecham apenas balançou a cabeça enquanto observava o Reverendo Older trotando para
longe, seus fundilhos saltando para cima e para baixo na sela. Deveria ser doloroso. Ele não podia
imaginar o Reverendo não exortando os pecadores de seu púlpito, em seguida, rindo quando a
diretora do coro tropeçou em seu vestido e caiu em cima da organista, que gerou um acorde que fez
toda a congregação tapar os ouvidos.
Ele simplesmente não conseguia entender como seu próprio pai e o Reverendo Older poderiam
ter sido amigos. O Reverendo Older era excêntrico e gostava de apostar talvez um pouco demais,
mas ele parecia um homem de bom humor e honra, ao contrário de Gilbert Heatherington, o pai de
Lorde Beecham.
Ele inspirou profundamente, enquanto virava Luther para fora do caminho bem trilhado, para uma
área do parque que lhe permitiria galopar um pouco. —Tudo Bem, Luther, —disse ele perto do
ouvido de seu garanhão, —Faça o que quiser.
Luther, nada relutante, esticou o pescoço, chutou para trás as patas traseiras, e disparou para a
frente. Lorde Beecham riu alto, um bom som puro, e gostou da sensação. Ele se inclinou perto do
pescoço de Luther, respirando o suor selvagem e puro de seu cavalo. —Eu posso desfrutar assistir
você correndo, —disse ele. —Você poderia ter corrido com aquele maldito Brutus. Se você nunca
correr, vou correr eu mesmo.
Ele estava pensando que talvez devesse dar mais uma corrida quando, de repente, sem nenhum
aviso, um corpo feminino bateu nele, do nada, e o enviou para o chão.
Ele viu explosões de luz branca, não conseguia respirar porque um peso o estava esmagando.
As luzes se apagaram. Ele engoliu em seco. Abriu os seus olhos, foi tudo o que conseguiu fazer.
Helen Mayberry estava em cima dele. Uma espessa trança loura estava arrumada em torno de seu
rosto. Seu chapéu de equitação caído sobre seu olho direito, com o nariz a uns dois centímetros do
seu.
Oh, céus, você está bem, Lorde Beecham? Por favor, diga alguma coisa. Você pode olhar para
mim?
Sua inteligência ainda estava irregular, seu cérebro pairava no éter. Ele não conseguia respirar e
se perguntou se sua perna estava quebrada. Mas ele era um homem de ossos e vontade fortes, e
percebeu que sua perna não estava quebrada, felizmente, apenas torcida um pouco. Finalmente, não
mais do que dois minutos depois, ele conseguiu, depois de piscar um par de vezes focar o rosto lindo
acima do seu.
—Você não disse que eu não me importaria com a maneira com que você me jogaria no chão, Srta.
Mayberry? Apenas o resultado final?
—Mas, meu Lorde, o meu cavalo me jogou. Eu estava andando feliz, o vi com o canto do meu
olho, comecei a acenar para você, e em uma fração de segundo, uma abelha picou minha pobre égua
no pescoço, ela correu e então me jogou em você. Foi tudo um acidente medonho. Eu não quebrei
nada seu, não é?
—Minha perna estava em questão até a pouco, mas acho que não há ossos partidos. Por favor, se
levante, Srta. Mayberry. Se você permanecer onde está, eu provavelmente a irei acariciar. Minhas
mãos estão muito perto dos seus quadris enquanto falamos. Você quer ser acariciada no parque? Ou
uma dama de East Anglia escolheria isso?
—Seria uma nova forma de disciplina, —Helen disse lentamente, a não menos de dois centímetros
de seu rosto. Ele se sentia, todo ele, debaixo dela. Era bastante agradável.
Ele tocou levemente o queixo dela com as pontas dos dedos. —Na verdade, eu chamaria isso de
disciplina apenas se o prazer que você daria a mim fosse iminente de uma das matronas da sociedade
descobrir isso, digamos, por exemplo, Sally Jersey. Você a conheceu?
—Não, mas eu imagino que meu pai gostaria de a conhecer. Eu entendo que ela adora champanhe.
—É verdade. Posso até os ver juntos. Sim, lá está ele, a levando debaixo do braço direito, e ela
tem uma garrafa de champanhe escondida perto. Agora meu corpo se recuperou de seu choque
terrível, Srta. Mayberry, e está mais do que ansioso para começar.—Eu não tinha escolha, Lorde
Beecham. Eu tinha que agir. Você tem mantido a distância durante três dias. Suponho que você estava
me punindo.
Ele tocou de leve em seus quadris. Ela pulou, e então, não mexeu mais nenhum músculo. —Não,
senhorita Mayberry. É disciplina psicológica. Eu sou um mestre nisso.
Ela o sentiu contra sua barriga, sentiu suas grandes mãos agora acariciando seu traseiro, e
rapidamente rolou para longe dele. Ela imaginava que ele fosse um mestre em muitas coisas, se
aproximou, abraçando os joelhos.
Ele respirou fundo, depois assobiou. Luther, cortando a grama a uns dez metros de distância, olhou
para cima e relinchou. —Não, fique aí, rapaz, —ele se ligou. —Onde está seu cavalo, Srta.
Mayberry?
Ela assobiou por entre os dentes, assim como um menino, mais alto do que ele fizera. A égua
castanha com uma estrela branca na testa e quatro meias brancas nas patas veio a galope, até perto
deles, e puxou afiada.
Ele nunca tinha ouvido uma mulher fazer isso antes em sua vida. Ela tinha assobiava mais alto,
pensou, do que ele tinha sido capaz, mesmo quando era menino, e ninguém podia fazer isso melhor
que ele.
Não, certamente que isso era impossível. Ela era uma menina grande, com grandes pulmões, mas
ele era um homem. Decidiu que iria praticar quando estivesse sozinho. —Seu cabelo está caindo
abaixo, —disse ele, puxando uma ponta da grama e a mastigando.
Ela calmamente pegou a grossa trança de cabelo e a recompôs em volta da cabeça, em seguida,
vestiu o chapéu de montar. —O nome da minha égua é Eleanor, em homenagem a esposa do Rei
Edward I.
—Você é uma historiadora, Srta. Mayberry?
—É uma maneira de falar, senhor.
—Eu tive sorte desta vez, Srta. Mayberry. Eu não acredito que você tenha quebrado qualquer
coisa quando caiu sobre mim. Agora venha. O que você realmente fazia para ser lançada fora da
sela
de Eleanor?
—Não sei. Ela me deu um pouco de um susto. Fiquei surpresa que não me ouviu.
—Eu estava agachado contra o pescoço de Luther, respirando seu suor e pensando em minha
amante, e nas muitas maneiras que ela me distrai.
Sua voz estava mais fria do que o assoalho de madeira debaixo de seus pés descalços em
fevereiro, quando ela disse: —Você não tem atualmente uma amante.
—Por que você não me dá uma lista de suas fontes, enquanto eu lhe forneço informações
precisas? Ela apontou o dedo indicador debaixo do seu nariz. —Por que não veio me ver, maldito?
Por que você mesmo não me enviou alguns doces, um poema elogiando minhas sobrancelhas,
qualquer coisa
que os cavalheiros regularmente fazem? Já se passaram três dias.
Ele mastigou a grama, lhe deu um sorriso preguiçoso, e se inclinou para trás, se apoiando nos
cotovelos. —Eu sou um homem, Srta. Mayberry. Eu persigo.
Ela se levantou muito lentamente ficando sobre ele, suas mãos nos quadris. —Não havia
perseguição. Você não estava fazendo nada.
—Disciplina psicológica. Eu teria agido quando sentisse que era apropriado. Sou muito melhor
nesta disciplina do que você, Srta. Mayberry. Eu nunca perderia a chance de matar minha presa,
como você tentou fazer. Um matemático poderia lhe ter dito que o peso de uma menina tão grande
vindo pelo ar iria esmagar a maioria dos pobres mortais, os deixado além dos cuidados terrenos. Me
observe. Mesmo eu estou quase expirado, e sou um mortal masculino muito grande.
—Você é nada disso. Quero dizer, você é grande, mas você não está quase morto. Você está se
lamentando, Lorde Beecham. Isso não é atraente.
Ele suspirou. —Eu temo que você esteja certa. A próxima vez que você optar por fazer uma
perseguição, no entanto, gostaria de pedir que considere algo mais intelectual, ao invés da
abordagem física.
—Eu não tive tempo para pensar em mais nada. Você vê, meu pai me informou no café da manhã,
sim, a sala de jantar ainda cheira a fumaça, que ele deseja voltar para casa na próxima semana.
—Ah, então, isso certamente muda as coisas. Isso força a minha mão. —Ela se levantou, se
espanou, e ajeitou o chapéu, colocando o cabelo abaixo dele. Três uvas pequenas que decoravam o
chapéu não se amassaram, e estavam penduradas ao lado de sua bochecha. Ela gentilmente as puxou e
colocou no bolso da jaqueta.
—Muito bem, senhorita Mayberry, gostaria que eu a apoiasse e ensinasse um pouco sobre minha
espécie de disciplina, antes de voltar para o campo, para todos os seus escudeiros barrigudos e os
vários homens baixos que desmaiam ao ver você?
Sua égua empurrou levemente o nariz contra suas costas. Helen riu, se voltou e a acariciou. —Está
tudo bem, Eleanor, ele está apenas sendo ultrajante e me intrigando. Eu ficaria desapontada com
qualquer coisa menos. Com essas palavras, ela se voltou para ele. —Lorde Beecham, eu não quero
que você seja um amante.
Uma sobrancelha escura subiu uns bons dois centímetros. —Eu imploro seu perdão, Srta.
Mayberry. Você queria me conhecer, você se jogou em mim; a sua facilidade com os homens e todas
as suas aberrações é notável, pelo menos para uma mulher. Claro, você não é tão jovem, portanto
teve tempo para aprimorar suas habilidades. Se você não me quer para amante, então o que você
quer de mim?
—Eu quero que você seja um parceiro.
Capitulo 6

Agora, isso era um retrocesso. Parceiro de uma mulher? Ele não podia imaginar uma coisa dessas.
—Que estranho. Um parceiro, você disse, Srta. Mayberry, não um amante? Por acaso você
chacoalhou o seu cérebro quando caiu em mim?
—De modo nenhum. Eu estive pensando sobre isso desde a primeira vez que Alexandra
Sherbrooke mencionado seu nome. Eu pensei, um homem com um tipo de vida tão exigente deve
ser excelente na elaboração de estratégias e organização de detalhes, com planos adequados para que
ele nunca se dê mal numa situação. Você deve executar continuamente os padrões mais
rigorosamente elevados para se manter no negócio, por assim dizer.
—Você não vai aceitar que eu sou simplesmente muito talentoso?
—Ah, sim, não há dúvida em minha mente sobre isso. Eu ouso dizer que é um talento pelo que a
maioria dos homens trocaria todos os seus pertences terrenos para ter, mesmo em uma pequena
medida. Você tem talentos em abundância, Lorde Beecham. Você não vê? O seu dom, seu talento, é
apenas o começo. Você deve ter todos os outros atributos também para manter sua reputação em um
nível tão alto.
—Deixe ver se eu se entendi corretamente. Você quer que eu seja seu parceiro, porque eu sou um
bom estrategista, posso organizar bem os detalhes, e sempre executo tudo num nível elevado. Isso
cobre a situação?
—Quase.
—Eu suponho que você está se referindo ao meu desempenho com o sexo frágil?
—Naturalmente. Mas o que é mais importante, Lorde Beecham, é que você fixa sua mira em um
objetivo e não desiste até que a tenha alcançado. Estou certa sobre isso, não estou?
—Não há como você saber disso, —ele disse lentamente, a olhando diretamente nos olhos, já que
era apenas dois centímetros mais alto do que ela. De repente, ele se sentiu como se estivesse
andando pela rua, completamente nu, segurando um guarda chuva sobre a cabeça. Todos estavam
apontando para ele. Todos sabiam exatamente quem e o que ele era —e que ele era decididamente
estranho. —Isso é ridículo. Você está apenas adivinhando.
—Bem, você vê, eu conheci o seu Sr. Blunder há dois dias. Não, não vá para casa bater nele. O
Sr. Blunder tem você em tão alta estima que quase me fez ter cãibras no estômago. Sua adoração por
você vomita positivamente de sua boca. Tudo o que ele precisa é de um ouvinte. Ele te admira
vastamente.
—O maldito homem quer me matar.
—Ele me disse que era incrível o que você podia entender, de qualquer coisa, com apenas as mais
escassas explicações.
—Eu estou começando a me sentir mal comigo mesmo.
—Ele disse que quando você definia sua mira em algo, normalmente com sua experiência, pelo
menos, era numa dama. Mas se não era uma dama, então poderia ser um problema que você queria
resolver, uma situação que você queria resolver, dois inimigos que desejava reunir para se tornar
amigos, um compromisso político de manter os dois lados juntos, qualquer coisa. Ele disse que
nunca
vacilou, nunca se satisfez com meias medidas ou derrota. O Sr. Blunder acredita que você pode fazer
praticamente qualquer coisa, meu Lorde.
—Ah, Eu vejo agora como você tão facilmente lhe arrancou isso. Você o levou para o Gunther,
não é?
—Isso mesmo, o seu gelado favorito é framboesa. Eu o vi ali de pé, na frente do Gunther, com o
olhar de um homem que daria seu último guinéu por apenas uma lambida. Ele foi muito fácil, verdade
seja dita. Continuou comendo e conversando, e eu continuei a encomendar mais gelados para ele, e
a ouvir. Talvez, eu tenha comido um sorvete ou dois.
—Quando eu vinha andando hoje, —disse ele lentamente, olhando para a meia dúzia de pessoas
passeando pelo parque à sua volta, —eu não esperava nada disto. Mesmo o Reverendo Older, um
delicioso velho excêntrico, não se compara a você. Eu não estou acostumado a surpresas deste tipo,
Srta. Mayberry.
—Apenas espere até seu aniversário, meu Lorde.
Ele riu, uma risada completa e rica, que flutuava através de todos os esplêndidos carvalhos e
árvores de bordo que os cercavam. Estava ficando mais fácil, soando positivamente natural agora,
esse riso magnífico dele. Luther levantou a cabeça e bufou. Eleanor começou a ir em sua direção. Ele
levantou a mão e ela esfregou o nariz contra a palma da sua mão.
Ele olhou para Helen Mayberry com a saia de montar azul-escuro manchada e amassada, o chapéu
de montar torto, o pequeno cacho de uvas no bolso de sua jaqueta e disse: —E se eu disser que
preferiria ser seu amante, em vez de seu parceiro?
Ela deu um passo para mais perto dele e o olhou diretamente nos olhos. —Você não tem nenhuma
curiosidade, meu senhor? Você não gostaria de saber o que é isso tudo? Você não quer saber por
que eu, uma mulher de recurso infinito, estou precisando de um parceiro?
—Não.
Era a sua vez de rir. —Eu vou dizer isso a você, senhor, você certamente não é pequeno.
—Como se eu não tivesse desmaiado a seus pés?
—Não consigo imaginar que você já tenha desmaiado aos pés de alguém.
—Não tenho. Agora, me diga o uso que tem para mim, como seu parceiro.
Ela estava procurando em seu rosto, sinal, ele supôs, de que iria lhe dar completa atenção. —Fale
comigo, Srta. Mayberry.
—Isso vai demorar um pouco. Podemos nos sentar naquele banco?
Ela caminhou ao lado dele, com um passo tão largo quanto o seu, pelo menos em seu traje de
equitação. O cabelo loiro estava escapando do seu chapéu de equitação. Ele parou e o colocou de
volta ao abrigo. Então, ele pegou o queixo na palma da mão e virou seu rosto para ele. Ele estudou
seu rosto voltado para cima e esfregou um pouco da sujeira dele. Depois alisou com a palma da mão
atrás de seu traje de montar, suavizando as rugas. Havia também rugas na frente que precisavam de
alisamento, mas ele se controlou. —Não, você está uma vez mais apresentável. Um parceiro é algo
que eu nunca tinha considerado. O que poderia possivelmente fazer uma dama se envolver, que
exigiria um parceiro?
Ela se sentou, alisando a frente de seu próprio traje. —Não é que eu realmente precise de um
parceiro, é só que eu preciso de um novo par de olhos, e por trás desses novos olhos eu exijo um
cérebro muito afiado, que traria novas ideias, nova perspectiva. Você poderia me trazer isso e,
possivelmente, mais.
Diga-me no que você está envolvida, Srta. Mayberry.
—Eu te disse que possuo uma pousada em Court Hammering chamada Lâmpada do Rei Edward.
—Sim, você me disse. Ocupação um tanto incomum para uma dama, mas eu suspeito que você iria
colocar sua mão em tudo o que lhe interessasse. Por que você chama sua pousada de Lâmpada do Rei
Edward?
—Eu sabia que você ia descascar imediatamente a casca da árvore. Eu sabia que estava certa
sobre você. Há uma lâmpada, você sabe, chamada Lâmpada do Rei Edward. Pelo menos eu acredito
com todo o meu coração que existe. Eu descobri o mito da lâmpada quando ainda estava na sala de
aula. Meu pai encontrou este texto antigo em uma caixa velha que estava em um canto da biblioteca
de um amigo. O amigo tinha morrido e legou todo o conteúdo de sua biblioteca para o meu pai. Ele
estava escrito em francês muito antigo, mas eu finalmente o consegui traduzir.
Ela estava pensando sobre o manuscrito e a lâmpada, ele pensou, olhando para seu rosto. Ela
olhava para além dele, além do parque, para algo que ele não podia ver ou sentir, algo que o
incomodou insuportavelmente.
—Me conte, —disse ele em voz baixa.
—Na verdade, eu não sei tudo, mas o suficiente, realmente. Era um relato escrito por um cavaleiro
templário, no final do século XIII, contando como ele tinha quebrado seus votos por causa de seu
amor por seu filho recém-nascido. Parece que o Rei Edward salvou a vida do menino quando três
guerreiros sarracenos estavam indo o matar e a seus servos, com suas espadas. O menino estava
ferido quando Edward o salvou. O Rei levou o menino em seu cavalo de guerra e cavalgou com ele
de volta ao acampamento, que não estava longe de uma enorme fortaleza templária.
—O templário escreveu que quando chegou ao acampamento do Rei, ele encontrou o seu filho
pequeno nos braços da Rainha, sendo alimentado por sua própria mão, suas feridas atendidas. Tal
era a sua gratidão que ele quebrou o voto de segredo, escreveu, dando ao Rei uma lâmpada de ouro,
que faria dele o homem mais poderoso do mundo.
—Então ele tomou o seu filho e deixou o acampamento do Rei. A última linha escrita no
manuscrito era o pedido de perdão por seu crime contra a ordem.
—Eu me lembro de ouvir sobre uma lâmpada de ouro, —Lorde Beecham disse lentamente,
olhando para as mãos entre os joelhos unidos, —Muito, muito antiga, que veio para a Inglaterra e,
em seguida, foi perdida. Algum velho erudito de Oxford falou disso comigo. Eu esqueci quem. Mas,
senhorita Mayberry, mesmo aquele estudioso não estava absolutamente certo de que não era apenas
um outro mito, um conto estranho entremeado, como tantos outros contos estranhos, com todos os
acontecimentos na Terra Santa.
—Estou disposta a admitir que as Cruzadas foram extraordinariamente brutais, que o que os
homens fizeram a outros homens nunca mais acontecerá. Mas isso é mágico.
—Não acredito em magia.
—Eu sei que ela existe, —ela disse, se inclinando mais para perto, a mão enluvada no braço.
—Eu não sei se é de fato algum tipo de mágica, mas eu acredito que ela seja. Caso contrário, por que
o cavaleiro templário a daria ao Rei Edward? Se não é mágica, então o que é a lâmpada?
Certamente ele não iria dar ao Rei uma simples lâmpada em agradecimento por salvar seu filho.
Mais do que isso, onde está?
Ele continuou a olhar para ela, uma sobrancelha levantada, sem dizer nada.
Ela respirou fundo. —Eu finalmente encontrei outra referência a ela há seis anos. Foi na antiga
igreja normanda em Aldeburgh, que fica no topo de um penhasco bem acima do mar. Fiz amizade com
um bom número de clérigos e estudiosos ao longo dos anos, contando apenas que sou fascinada por
mitos que se relacionam com a cruzada feita pelo Rei Edward I.
—O vigário, Sr. Gilliam, em Aldeburgh, me disse que ele e seu cura haviam cavado atrás de
restos numa antiga igreja normanda embaixo de muita lama. Ele disse que tinham encontrado
alguns pergaminhos muito antigos que acreditava que me interessariam.
—Eles foram escritos em latim. Finalmente, fui capaz de os traduzir, bem o suficiente, para
perceber que eles falavam da lâmpada. Digo, Lorde Beecham, eu pensei que meu coração ia explodir
Eu estava tão animada. Robert Burnell, o secretário do Rei Edward, foi quem escreveu. Eu sei tudo
sobre Burnell. Ele era muito esperto, cínico, ainda que tolerante com seu companheiro, muito
dedicado ao Rei. Ele diz que o Rei não sabia o que fazer com a lâmpada, que tinha medo de seu
poder, e ao mesmo tempo não acreditava que fosse nada mais do que apenas uma lâmpada
sarracena, velha e desgastada, que por algum motivo passou a ser valorizada pelos Templários, e
escondida por eles. Ele disse que nunca tinha visto uma luz útil.
—O que temos aqui?
Eles olharam para cima para ver Jason Fleming, Barão Crowley, de pé na frente deles, batendo
levemente o chicote em sua bota direita.
Lorde Beecham não gostava de Crowley, um homem mais velho que sabia demais, e que parecia
ganhar um monte de dinheiro com o que sabia. Ele bebia muito, jogava muito, e tremia tanto, que
parecia ter tido varíola, o que não aconteceu. Ele habitualmente tinha um sorriso que fazia Lorde
Beecham querer esmagar seu nariz.
Ele deu ao homem um olhar sem emoção, assentiu e disse brevemente, —Crowley.
—Quem é a senhora encantadora, Beecham?
—Ninguém que lhe interesse, Crowley. Seu cavalo está impaciente.
—Eu vi você, minha querida. Creio que foi na semana passada no baile Sanderling. Você estava
com Alexandra Sherbrooke. Todo mundo comentou sobre os seus atributos bastante óbvios.
Helen, que não sabia se gostava ou não desse intruso, disse imediatamente: —Meus atributos
podem ser óbvios, senhor, mas sua grosseria é ainda mais evidente. Na verdade, é bastante
transparente.
Lorde Crowley deu um passo para trás. Sua boca bem formada cresceu feia em seu desdém. É a
sua primeira vez com Lorde Beecham, minha querida? Eu lhe peço para ter cuidado. Beecham é um
homem perigoso. Ele não a irá tratar tão bem como eu faria. —Ele se curvou. —Sou Crowley. E
você é...?
Ela sorriu para ele, mostrando os dentes muito brancos, travados. —Eu sou uma dama, senhor.
—Vá embora, Crowley. A senhora e eu estamos ocupados.
—Ocupados fazendo o quê?
Lorde Beecham levantou lentamente. Ele olhou Lorde Crowley por um tempo muito longo. O
homem se mexia. —Na verdade eu vou lhe dizer, Crowley. A senhora e eu somos parceiros
—Parceiros em quê?
—Isso não é da sua conta. Vá embora, Crowley.
—Você começa a me interessar, Beecham. —Então ele fez uma pequena saudação a Helen com
o chicote, virou-se e subiu graciosamente no seu cavalo.
—Mantenha—se longe dele, —Lorde Beecham disse, olhando para Crowley até ele desaparecer
de vista. —Eu tenho a reputação de sedutor; certamente isso será uma perseguição inofensiva,
quando tudo estiver dito e feito. Lorde Crowley tem um dom para o mal.
—Que tipo de mal?
Lorde Beecham disse brevemente, —Ele se alimenta do desamparo. Agora, onde estávamos?
—Robert Burnell e a lâmpada. Continuando, ele disse que nunca viu qualquer coisa, salvo ficar lá
e deixar que o Rei e a Rainha a esfregassem infinitamente, até que Eleanor ficou violentamente
doente
no outono de 1279. Uma espécie de febre grassava por Londres, e a Rainha, junto com três de suas
damas, ficou muito doente. Todas as senhoras morreram. O Rei estava perturbado. Ele tomou a
lâmpada: era um último recurso, Burnell escreveu, porque os médicos tinham desistido, e ele a
colocou nos braços de Eleanor. Ela estremeceu.
—Bem, o que aconteceu?
—Ela sobreviveu.
Lorde Beecham disse lentamente: —Como me lembro, a Rainha Eleanor teve mais crianças do que
eu posso contar. Se ela pôde sobreviver aos partos, me parece que sobreviver a uma febre não
haveria de ser nada para ela.
—Ela esteve grávida quase todos os anos, —Helen admitiu, —mas ainda assim, a febre era
virulenta, e matou três de suas damas. Não seja tão cínico, senhor.
—O que Burnell escreveu sobre isso?
—Ele afirmou que o Rei envolveu a lâmpada em um veludo carmesim requintado de Génova e a
colocou em uma redoma. Ele proclamou a magia e colocou um grupo de guardas em torno da
lâmpada. Então, numa manhã, o Rei desenrolou o veludo para olhar a lâmpada.
—Ela tinha sumido. Em seu lugar estava uma lâmpada de prata, feia e muito nova. O Rei ficou
furioso. Os guardas foram questionados, brutalmente. Ninguém admitiu nada. Na manhã seguinte, a
lâmpada era de ouro outra vez. Todo mundo acreditava que o guarda que a tinha roubado tinha
ficado tão assustado que simplesmente devolveu.
—Mas você vê, isso aconteceu novamente na outra semana. Uma manhã a lâmpada de ouro
havia desaparecido e em seu lugar estava a feia lâmpada de prata. Na manhã seguinte, o ouro
aparecia outra vez.
—Para onde a lâmpada ia? —Lorde Beecham perguntou. Que mágica a fazia desaparecer para
reaparecer?
—O Rei Edward trouxe estudiosos, Burnell escreveu, mas nenhum deles pôde descobrir isso. O
próprio Rei até dormiu com a lâmpada por uma semana, para a guardar. A mesma coisa aconteceu. A
lâmpada desaparecia, então reaparecia. Todos proclamaram que a lâmpada era mágica. Homens da
igreja disseram que era maligna. Eles queriam que o rei a destruísse. O Rei se recusou, dizendo que
tinha salvado sua Rainha.
—Finalmente, Burnell escreveu, que o Rei, por causa da pressão da Igreja, havia enterrado a
lâmpada perto de Aldeburgh, no litoral. Supostamente, quando a Rainha estava doente de novo, ele
enviou homens para buscá-la. Eles relataram que não a puderam encontrar. A Rainha morreu. Parece
que a lâmpada desapareceu.
—Qual das versões de Burnell você prefere?
—Eu acredito que o Rei a enterrou em Aldeburgh. Por que mais Burnell escreveria sobre ela estar
lá? Eu acho que os homens que foram enviados para a trazer de volta simplesmente não foram para o
lugar certo. Isso faz sentido, você não acha?
—A Lâmpada poderia simplesmente ter desaparecido novamente. Você pesquisou?
—Eu comprei a antiga igreja normanda e o terreno circundante.
Ele levantou uma sobrancelha ao ouvir isso.
—Não, Meu pai não a comprou para mim. Eu fiz o meu próprio caminho, Lorde Beecham. Eu
possuo uma excelente pousada.
—Como você propõe que procedamos? Você encontrou dois contos sobre a lâmpada. Eu vou
admitir, por uma questão de argumento, que ela existia; as suas propriedades, no entanto, são
bastante obscuras. Você, sem dúvida, peneirou através de cada grão de areia para encontrar mais
pistas. E
agora?
—Há outra coisa, mas eu não quero lhe dizer até que concorde em ser meu parceiro. Eu nem
sequer disse a meu pai.
Ela o pegou com essa isca. Ele se sentou na sua frente, com os olhos fixos em seu rosto. Ela o
estava interessando muito.
—O que é?
Helen olhou para ele por um tempo muito longo, então disse: —Vai você ser meu parceiro? Você
vai me ajudar a encontrar a lâmpada?
Pensou em sua vida até seu trigésimo terceiro ano. Havia nuvens negras espalhadas ao longo dos
anos, em particular, os jovens anos, quando seu pai estava vivo. Mas, certamente, todos tinham
tragédia ou situações terríveis de lidar. Talvez o seu fosse mais negro do que a maioria, esculpido
mais profundamente em sua alma. Talvez, sua interminável e implacável busca do prazer, da sua
proximidade e sua antecipação, a sua urgência, tinha o impedido de sucumbir ao buraco negro que
sabia estar a seus pés.
Não, ele estava sendo um tolo. Sua vida estava sob seu controle agora, pelo menos a maior parte
dela. Ele gostava de seus prazeres, as mulheres que o favoreciam com sua atenção e os seus corpos.
Ele se sentou lá e ponderou. A lâmpada mágica dada ao Rei Edward I por um cavaleiro templário.
As chances de tal lâmpada ainda existir, em primeiro lugar, estava muito próxima do nada em sua
mente. E esta mesma lâmpada mágica que não poderia existir estava escondida em algum lugar na
Inglaterra, agora, nos tempos modernos?
Era impossível. Era uma quimera, um sonho, nada mais. E ele balançou a cabeça quando disse,
—Eu serei o seu parceiro, Srta. Mayberry. Agora me diga o que mais você descobriu sobre a
lâmpada.
Ela estendeu a mão e ele apertou.
—Tudo certo. Agora me diga.
Capitulo 7

Helen se inclinou mais perto dele e sussurrou: —Não há mais de três meses, quando eu estava
em Aldeburgh, novamente buscando o que procuro nos últimos seis anos, houve uma violenta
tempestade que destruiu partes da praia. Ela arrancou até partes das falésias. Eu encontrei uma
pequena caverna, descoberta pela tempestade.
—No fundo da caverna havia um barril de ferro que tinha sido colocado sobre uma fenda. Havia
um buraco na parede onde tinha sido escondido. Dentro do barril havia um pedaço de couro, com
uma língua escrita naquele pergaminho que eu não reconheço, mas parece muito, muito velha.
—Você levou a algum dos estudiosos medievais em Cambridge?
—Oh, não, isso certamente seria meu último recurso. Eu quero que você o veja, Lorde Beecham.
Quero que o traduza. Seria o seu primeiro ato como meu parceiro.
Ele disse muito lentamente, —Como você descobriu que eu passei dois anos em Oxford estudando
pergaminhos medievais e manuscritos que existem lá, especificamente os trazidos de volta da Terra
Santa para a Inglaterra? Você não está pensando em colocar esta culpa em Blunder, não é? Ele não
podia ter lhe contado sobre os meus estudos em Oxford. Ele não tem ideia.
—Um dos clérigos uma vez me falou de você. O irmão dele lhe ensinou na Universidade de
Oxford, cerca de doze anos atrás. Sir Giles...
—Gilliam, —Lorde Beecham disse, olhando para dentro, se lembrando daqueles dias
emocionantes quando havia uma descoberta em cada canto, em cada página de algum precioso
pergaminho que Sir Giles conseguia desenterrar dos cofres de Oxford.
—Sim. Seu irmão clérigo é Lockleer Gilliam, um vigário em Dereham. Ele casou o meu pai e
minha mãe uma vez, cerca de dois anos antes dela morrer.
—Do que você está falando?
—Oh, eu esqueci. Meu pai é um senhor muito romântico. Ele casou com a minha mãe em três
ocasiões diferentes. O Vigário Gilliam é um homem de mente flexível e infinita bondade. Ele e meu
pai se tornaram grande amigos.
—Mas por que não leva simplesmente os escritos para Oxford para Sir Giles Gilliam?
—Ele morreu no último ano.
—Eu não sabia, —Lorde Beecham disse, e sentiu um golpe de culpa tão rápida e poderosa que
quase o curvou de joelhos. Ele não tinha ouvido. Ninguém se preocupou em lhe dizer, porque ele era
nada mais do que um nobre em busca de prazer, que não dá a mínima para qualquer coisa diferente
da sua própria gratificação. Ele olhou para baixo para ver uma mão em seu braço.
—Sinto muito, —disse ela. —Eu encontrei Sir Giles uma vez no vicariato de seu irmão em
Dereham. Ele estava sempre falando, só que não era com qualquer um de nós. Ele estava
conversando com pessoas que viveram naquela época, no século XIII, na Inglaterra, e ele estava lhes
explicando que precisava saber mais sobre isto ou aquilo. Então, e eu juro isso para você, ele fazia
uma pausa e parecia que ele estava ouvindo alguém falar que não estava lá.
—O Vigário me disse para não dar qualquer atenção para Sir Giles. Ele disse, no entanto, que,
após as conversas de Sir Giles escreveu um documento muito notável.
Helen via claramente Sir Giles, a cabeça inclinada para um lado, ouvindo atentamente a uma
prateleira de livros, uma imagem em uma parede, um tapete a seus pés. —Foi desconcertante.
Quando Sir Giles finalmente percebeu que eu estava lá com seu irmão, ele disse, e eu nunca vou
esquecer isso, “Como você é magnífica. Mas isso não é importante. O que é importante é que você
não deve permitir que sua mente fique encoberta”.
Lorde Beecham riu, uma risada encorpada, livre desta vez, que ressoava em toda a cabeça e no ar
ao seu redor. Trazia de volta memórias maravilhosas de um jovem de vinte anos, muito ansioso para
aprender tudo o que Sir Giles sabia. E Sir Giles lhe tinha dito uma vez, batendo em seu ombro, que
ele era muito brilhante, e que estava contente que Spenser tinha voltado seu cérebro para ele, Sir
Giles. “Ah, a mente medieval, não havia nada parecido com ela”, Sir Giles diria, em seguida,
bebendo uma taça de um delicioso conhaque francês contrabandeado. Mas Spenser não tinha
permaneceu em Oxford. Seu pai tinha morrido, e ele tinha se tornado sétimo Barão Valesdale e o
quinto Visconde Beecham.
Ele havia deixado Oxford com a idade de vinte e um anos e se tornado um nobre.
—Eu me lembro, —Lorde Beecham disse, sua voz cheia de memória, Sir Giles uma vez me
dizendo que a Igreja Católica era completamente errada. Um homem não precisava desistir da
luxúria, a fim de ser obediente, e santo, e comprometido com Deus. Ele só precisava dizer
verdadeiramente os seus votos a Deus e seus votos para uma mulher, e sua vida seria equilibrada e
nenhuma parte dele jamais iria perder o vigor.
—Imagino que seu irmão, o vigário Lockleer, esteja aliviado por ser da Igreja da Inglaterra
—disse Helen, sorrindo. —Ele tem dois filhos. Sua esposa morreu no ano passado, mas ele a amava
muito. Ele também é um homem muito prático, ao contrário de seu irmão estudioso. Ele não sabia
como começar a traduzir o livro. Foi quando ele me recomendou você. O que você acha, Lorde
Beecham?
Ele ficou em silêncio por um longo tempo. A menina grande sentada ao lado dele levantou uma
vez, deu um tapinha no nariz de Eleanor, depois voltou a se sentar. Ela começou a bater o pé. Ela
assobiou.
—Eu esqueci de muita coisa, —disse ele, por fim.
—Não importa. Você vai ver, —disse ela, toda a sua atenção voltada para ele. —O Vigário tem
agora muitas das traduções, textos que seu irmão fez em Oxford. Talvez seja suficiente para o ajudar
a relembrar.
Ele disse enquanto se virava para tomar as mãos dela entre as suas. —Eu nunca fui parceiro de
uma mulher antes. Isso deve ser interessante. Eu quero ver o barril de ferro e o pergaminho de couro.
—O barril de ferro é velho, muito velho. Medieval? Muito possivelmente. Talvez ainda mais
antigo. Quanto ao couro, tenho medo de que ele vá se desintegrar se trabalhar muito com ele.
—Nós teremos muito cuidado.
Ela se levantou e sacudiu as saias e lhe deu um sorriso brilhante. —Vamos para casa, em Court
Hammering.
Lorde Beecham e Srta. Mayberry escolheram montar, uma vez que era um dia belo e quente. Lorde
Prith e Flock seguiram na carruagem atrás deles. Engolido na carruagem, na segunda carruagem, o
criado de Lorde Beecham, Nettle, e Teeny, a empregada de Helen. Ele havia dado a Plínio Blunder
umas férias curtas, lhe dizendo para exercer o seu engenho a beira-mar em Folkstone, onde seus pais
viviam. Lorde Beecham tinha notado, antes de sair, que Nettle estava lançando olhares interessados
para Teeny, para o aborrecimento de Flock. Pelo menos, Flock estava com seu mestre. Isso deveria
manter o pobre Nettle seguro.
Quanto a Helen, ela simplesmente não conseguia parar de cantar. Tudo estava funcionando tão
bem! Seu entusiasmo foi pegando, e até mesmo seu pai, Lorde Prith, disse a Flock: —Não há uma
canção no ar, Flock? Faz os meus pensamentos se voltarem para champanhe e as armadilhas. Eu
gostaria de assistir a outro casamento. O último foi charmoso, com certeza que era, e o champanhe
foi excelente. Eu só desejava ter conhecido os participantes.
—Ah, Foram Lorde e Lady St. Cyre.
O certo é, Gray e Jack. Flock, eu gostaria de me achar em um casamento onde os noivos são
conhecidos por mim, para que possa trocar gracejos com a noiva e o noivo, enquanto estamos
bebendo champanhe. Então estaria dançando e cantando no topo dos meus pulmões, assim como
minha adorável filha está neste exato momento. Foi sempre assim. Coloque Helen em cima de um
cavalo, lhe proporcione um dia ensolarado, e ela canta.
—Considere feito, meu senhor. —Flock disse, olhando pela janela da carruagem para ver Srta.
Helen rindo agora, a mão no braço de Lorde Beecham. Ele não achava que o dia ensolarado fosse a
principal razão para o alto astral de Srta. Helen. Lorde Beecham era um homem de vasta experiência,
um homem que sabia o que era e, especialmente quando, o que tinha a ver com as mulheres. Por outro
lado, não fazia muito sentido se preocupar com a Srta. Helen. Ela tinha três companheiros de trabalho
em sua pousada. Todos eles a seguiam com admiração. Todos eles, ele suspeitava, deliciosamente
tinham medo dela. Se não ia ser qualquer ganso ou molho de ganso, iria colocar seus grumos em Srta.
Helen.
Ele se voltou para sua senhoria, cuja cabeça estava apenas a um centímetro do teto da carruagem.
Sempre que atingiam um buraco, havia um grunhido de dor.
—Espero que aquele maldito Chef sapo, Jérôme, não esteja nos seguindo depois da nossa fuga,
em, Flock?
—Deixei o sapo em sua cozinha, meu senhor. Duvido que ele vá se intrometer conosco,
novamente.
Porém, era delicioso o prato de ostras que ele preparou. —Lorde Prith disse, e suspirou enquanto
cruzava os braços sobre o peito.
—Ele disse que as ostras não eram para o seu prazer culinário, meu senhor, mas sim era sua
tentativa de seduzir Srta. Helen.
—Eu sei disso, Flock. Pobre sujeito. Meu pai costumava dizer que você deve sempre ser
cuidadoso com o que deseja. Basta imaginar Helen se encantando com o sapo, porque ter sua atenção
atraída por suas ostras.
Isso dá coceira no meu couro cabeludo, meu
Lorde. Lorde Prith realmente estremeceu.
Cerca de seis metros a frente, Lorde Beecham estava dizendo para Helen: —O que você disse ao
seu pai sobre a minha entrada em suas vidas?
—Eu lhe disse a verdade, naturalmente. O único segredo que eu já tive com meu pai foi quando eu
atingi o jovem Colton Mason nos ombros com o meu chicote, porque ele tentou tomar liberdades
quando eu tinha dezoito anos. Foi a mais estranha coisa, ele realmente gostou, me pediu para bater
nele novamente.
—Eu já ouviu falar que algumas pessoas, principalmente homens, que gostam desse tipo de coisa,
especialmente se uma mulher aplica os golpes. Se há um desejo para qualquer coisa em tudo, você o
vai encontrar em abundância, em Londres.
—Eu acredito que é onde Colton terminou.
—Eu espero que você não esteja confundindo esse tipo de estranho fervor sexual com a aplicação
de boa e limpa disciplina?
—Oh, não, —disse ela, seus olhos brilhando maliciosamente para ele. —Eu não sou boba. Aos
dezoito anos, eu percebi que estava no caminho certo. Certamente, chicotear é parte dele, mas há
muito mais, você não concorda?
Ele teria que explicar isso a ela com grandes detalhes, mais tarde. —Você disse a seu pai que eu
era um estudioso de manuscritos medievais e que ia traduzir o seu pergaminho do barril de ferro,
para ajudar a encontrar a Lâmpada do Rei Edward?
—Ah sim. Ele só olhou para mim e finalmente disse: 'tem a aparência de um homem com muito
conhecimento amontoado em sua cabeça. Eu não sei o quão antigo o conhecimento pode ser. Ele é
perigoso, bem como valioso para você, minha menina, não se engane sobre isso. Ele pode querer
algo diferente de apenas uma lâmpada velha e úmida.
Lorde Beecham riu. —Minha cabeça não está tão abarrotada.
—Eu acredito que ele estava falando sobre o seu estado atual do conhecimento, meu Lorde.
—Abundância, novamente.
—Provavelmente. Você acha que vai exigir algo mais de mim além da lâmpada?
Ele olhou pensativo entre as orelhas de Luther. O caminho pela frente era reto e plano. Em
ambos os lados da estrada, os campos foram se definindo como ricos quadrados verdes e amarelos,
como uma colcha bem costurada. Arbustos de teixo se alinhavam às cercas de pedra que marcavam
os limites. Era um dia quente e ventoso. De vez em quando o forte cheiro de ovelhas flutuava no ar,
só para lembrar que esta não era uma bela pintura ou um cenário idealizado.
—Verdade seja dita, quando eu a vi pela primeira vez, queria ter você na minha cama no início
da tarde. Era um dia ensolarado, e tinha uma imagem muito clara de você deitada nua de costas, os
braços levantados para mim. No entanto, quando isso não aconteceu, eu não fiquei abatido. Eu
decidi que seria bom ter você na minha cama ao anoitecer. Quando isso não aconteceu, fui forçado
a renunciar às ostras defumadas notáveis, pobre Jérôme, senão eu ficaria completamente louco com
a luxúria não satisfeita.
Ela estava rindo tanto que Eleanor relinchou em resposta e deu vários passos laterais.
—Você acha divertido, Srta. Mayberry? Meu desconforto físico não faz você se arrepender de
não satisfazer a minha luxúria, muito compreensível, de homem?
—Estou na prateleira, Lorde Beecham. Peço para não fazer essas brincadeiras às minhas custas.
—Eu realmente não acredito que você tenha tido a ousadia de dizer isso. Você, minha menina,
sabe muito bem que é uma mulher muito magnífica, para enfeitar três municípios. Sua pretensão de
velhice me faz recalcular o seu nível de astúcia.
—Eu não tenho astúcia ao falar, sou simples. Eu não vou fazer discursos tímidos sobre cama, ao
meio-dia ou no crepúsculo, ou no surgir da lua. Não, eu vou lhe dizer muito honestamente exatamente
o que pensei quando o vi pela primeira vez, Lorde Beecham. Eu vi você em pé na minha frente. Tirei
cada peça de roupa que cobre o seu magnífico corpo, sem dúvida, começando com essa gravata
muito artisticamente disposta. Eu estava já a caminho de suas botas quando fui tirada das minhas
agradáveis fantasias.
Seus olhos estavam quase cruzados.
—Onde está a carruagem de seu pai?
—Seis metros atrás de nós.
—Existem algumas árvores de bordo a minha esquerda. Poderíamos encontrar privacidade.
—Então ele suspirou profundamente; e se sacudiu. Não, isso é ridículo. Eu sou um homem
controlado. Eu não vou ser arrastado para as fantasias de uma maldita mulher. Vou desfrutar da
minha. Eu a posso controlar mais prontamente.
—Muito bem, —ela disse, com voz tão recatada como uma garota de escola. —Bondade sua, mas,
se eu fechar meus olhos por um momento, me vejo agora agachada na sua frente, e você está sentado.
Sua bota esquerda está em minhas mãos e eu estou quase pronta para a retirar. Eu estou olhando por
cima do meu ombro esquerdo, sorrindo para você, e...
—Você vai segurar a sua língua ou vou pedir a Flock para cavalgar com você e vou com o seu pai.
—A vitória sobre um homem não é nada —ela disse, e começou a assobiar. —Vocês são uma
espécie tão simples. Pinte um pequeno quadro e você está escravizando e tremendo, pronto para
desmaiar. — Ele riu, não havia nada mais a fazer. Depois se virou na sela e deu um sorriso muito
lento. —Confie em mim, Srta. Mayberry. Quando eu a tiver afastado de seu carinhoso pai, a pretendo
apresentar a um caminho bastante intrigante da disciplina.
Era a sua vez de ver seus olhos se arregalarem e a ver engolir. Ele tirou um fiapo do paletó de
equitação. —Eu sempre pensei que as mulheres eram criaturas fáceis. Elas sonham comigo as
dominando e, invariavelmente, me encontro com uma mulher muito animada em meus braços, me
implorando para fazer o meu pior. —Ele sorriu para ela. —Você pode ser a amante disciplina de
Court Hammering, Srta. Mayberry, mas eu sou o mestre de Londres. Não tente competir comigo. Você
vai perder.
—Eu vou competir com você, —ela disse devagar, —mas só que não ainda.
—Muito bem. Concordo, ainda não. Agora, vamos ver onde esse antigo pergaminho nos leva,
Srta.
Mayberry. Quanto ao resto, eu vou deixar você saber o que quero fazer com você, e quando.
—Homens gostam mais de ser dominados do que as mulheres.
Uma sobrancelha escura subiu uns bons centímetros. —Onde você ouviu tal absurdo?
—É verdade.
—Nós vamos, sem dúvida, ver. Algum dia. Se eu desejar isto.
Ele a tinha derrotado. Helen, nunca antes, havia sido derrotada em sua vida. Mas ela nunca tinha
conhecido alguém como ele, também. Ele a tinha reduzido a uma idiota. Ela não conseguia pensar em
nada para dizer que melhorasse as coisas, então ela puxou Eleanor de volta até estar montando ao
lado da carruagem de seu pai.
Lorde Beecham ouviu o vozeirão de Lorde Prith dizendo a Helen que o diabo ela queria com um
velho como ele quando ela poderia atormentar um jovem demônio bonitão como Lorde Beecham. Ele
não ouviu resposta de Srta. Mayberry, mas ele podia imaginar que não era muito elogioso para ele.
Ele começou a assobiar. Levou quase dois quilômetros antes que ele pudesse tomar o controle do
seu cérebro de volta, e se concentrar longe do “eu sou sublime” de Srta. Helen Mayberry.
A Lâmpada do Rei Edward.
O que era? Ele tinha pouca dúvida de que algumas lâmpadas, em algum lugar, uma vez existiram.
Mas ainda existir por seiscentos anos, no entanto, era uma questão muito diferente.
A Lâmpada do Rei Edward era uma lâmpada específica que um cavaleiro templário deu ao Rei,
lhe dizendo que faria dele o homem mais poderoso do mundo. Mas a única coisa que aconteceu foi
que a Rainha Eleanor ficou curada, e a lâmpada poderia ter algo a ver com isso ou não.
A única outra lâmpada que Lorde Beecham conhecia era a lâmpada de Aladdin, uma lâmpada
mágica de um conto das Mil e Uma Noites, uma coleção de histórias que tinha aparecido na Idade
Média. Era um dos mil e um contos que a Rainha Scheherazade havia contato ao seu marido, para
evitar ser condenada à morte depois de sua noite de núpcias. Lorde Beecham acreditava que o
marido real acabou por ser tão dominado pela resistência criativa da mulher que cancelou a ordem
de morte.
Quando Helen voltou para o lado de Lorde Beecham, estava, novamente, no controle, sem dúvida,
restaurado o seu nível habitual de confiança, e ele falou em voz alta o que estava pensando. —Se
estamos falando da lâmpada de Aladdin, historicamente, tudo se encaixa. Voltando na Idade Média,
histórias como esta eram imensamente populares em toda a Europa. O lugar é velho, eu sei. Eu só
não me lembro de quanto é velho.
—É persa. —disse Helen. —Vem do Persa Hezar Ef San ou "Mil Romances”. Eu acho que a
lâmpada mágica foi baseada em uma história real, contada há um bom tempo antes de ser escrita. E
eu suspeito que a relíquia que conhecemos como a lâmpada do Rei Edward é o item que inspirou o
conto.
Ele sentiu algo dentro dele, algo que tinha acreditado estar há muito tempo enterrado, começando a
aflorar. Era a emoção, a emoção da descoberta, de buscar algo que não estava imediatamente
disponível.
Ele se inclinou e acariciou logo abaixo da orelha esquerda de Luther. O cavalo relinchou e
sacudiu a cabeça grande. Ele gosta disso e eu contínuo me esquecendo de o fazer. A lâmpada real,
sem o gênio, o rapaz desajeitado ou o mago do mal, acabou em um armazém de riquezas na Terra
Santa, com um cavaleiro templário, apenas para encontrar o seu caminho para as mãos do Rei
Edward da Inglaterra. Era uma longa jornada.
—Lorde Beecham, você estar vivo é a prova de que a devassidão, não necessariamente apodrece
o cérebro, pelo menos não até depois de você estar com trinta e três anos.
— Srta. Mayberry, você está zombando de mim?
—Não, não realmente. —E ela estava pensando que a inclinação de sua sobrancelha direita
arqueou para ela, o que era muito fascinante.
—Pelo amor de Deus, nós estamos tendo uma discussão intelectual aqui, e estou mostrando um
pouco da minha erudição. Eu lhe disse que li “As Mil e Uma Noites” muitas vezes porque me propus
a tarefa de aprender árabe?
—O Vigário Gilliam não sabia isso sobre você. Árabe? Estou muito impressionada.
—Você está zombando de mim novamente. Eu esperava que, depois de seu retorno da companhia
de seu pai, tivesse esquecido os pensamentos agradáveis de tirar minha bota, enquanto sorri para
mim sobre seu ombro.
—Estou tentando.
—É o meu outro pé estaria contra o seu traseiro?
—Ainda não. Vou considerar isto.
—Boa. Agora, Srta. Mayberry, talvez haja outras coisas na vida do que simples luxúria. —Ele
riu alto e esfregou as mãos enluvadas. —Amaldiçoada, Srta. Mayberry, acredito que estou gostando
de ter meu cérebro esticado.
Ela lhe deu um olhar estranho. —Você realmente está soando bastante diferente. Esplêndido, de
certa forma. Eu sei tudo isso, naturalmente, desde que eu dormi com a maioria desses fatos debaixo
do meu travesseiro por um bom número de anos.
Lorde Beecham disse: —Eu até acho que posso considerar que esta lâmpada, cujas origens não
sabemos, tem algum tipo de propriedade mágica. Por que não? Como disse Hamlet, "Há mais coisas
entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a sua filosofia." —Ele continuou depois de um
momento.
—Eu acredito no Santo Graal afinal de contas, nos seus poderes, mesmo que tenha sido longe da
nossa experiência, até José de Arimatéia tão cuidadosamente o esconder. Mas há uma enorme
diferença entre o cálice que o Senhor passou para os discípulos na Última Ceia e uma simples
lâmpada, que foi, supostamente escondida em uma caverna por um menino desajeitado, para depois a
recuperar. Ela não está envolta em armadilhas religiosas, no poder do Todo Poderoso. Não há a
menor mágica nesta lâmpada, nenhum dos incríveis poderes com que o Santo Graal é imbuído.
—Sim, —Ela disse e suspirou. —Eu não posso deixar de concordar. Quem no mundo faria uma
lâmpada mágica de idade? Para qual propósito? Isso eu não posso explicar.
Ele descobriu que não gostava de a ver desanimada tão rapidamente. —Por outro lado, talvez ela
seja baseada em algo que é real, algo que não é uma lâmpada, mas outra coisa.
Ah, como eu espero que sim. —Sua voz era muito grave. Então ela ergueu o queixo. —Mas o quê?
Oh, o diabo, eu sei que ela existe, e que é boa o suficiente para o presente.
Ele sorriu para ela. —Tudo certo. Eu vou me contentar com isso também. Agora, mesmo se
provarmos a existência da lâmpada, como o diabo é que a vamos encontrar?
Capitulo 8

Lorde Beecham ficou olhando Flock colocar Nettle fora do caminho de Teeny com o cotovelo. Ele
nunca tinha visto Nettle parecer tão sem iniciativa. Ele se virou, balançando a cabeça, colocando as
mãos ao redor da cintura de Srta. Mayberry para a tirar do cavalo, algo nada fácil.
—Ele disse perto de sua orelha, —Você é realmente uma moça grande, Srta. Mayberry. Mas
você sabe, eu não sinto uma única pontada nas minhas costas. É casualidade que seu peso não me
deixou de joelhos? Deixe ver. —E ele apertou suas mãos ao redor de sua cintura novamente e gemeu
quando a levantou na frente dele. Ele a deixou cair rapidamente. —Pelo menos dois centímetros do
chão. Vou dizer que desta vez foi, talvez, mais precário para as minhas pobres costas, mas, mesmo
assim, ainda estou sorrindo, ainda olhando para sua boca, ainda não curvado como um velho
carregando muitos sacos de farinha. Agora, me diga se devo proteger Nettle do pobre Flock. Você
acha que Flock vai desafiar Nettle para um duelo por parecer um idiota com Teeny? Eu nunca fui o
padrinho antes. Seria interessante.
—Flock não só é muito territorial, mas também é desesperadamente apaixonado por Teeny, que se
recusa a casar com ele.
—Por que diabos não?
—Apenas imagine, Lorde Beecham. O nome dela seria Teeny Flock2. Ela conseguiu dizer em voz
alta, embora estremecesse quando saiu de sua boca. Vou lhe dizer, ela tem um ponto.
—Ela pode mudar seu nome para Elizabeth. Elizabeth Flock soa bastante charmoso.
—Eu sugeri algo parecido. Ela disse que Teeny era o nome de sua velha e querida avó, e ela jura
que a velha bruxa vai lhe lançar uma maldição terrível sobre sua cabeça, para o resto de sua vida, se
ela se atreve a mudar isso.
—Qual é o sobrenome dela agora?
—Bloodbane.
Ele só podia olhar para ela, repetindo devagar, o nome —Seu nome agora é Teeny Bloodbane?
Sim, um velho e muito orgulhoso nome, ela me disse. Assim, você pode esquecer qualquer
comparação engraçada, Lorde Beecham, como a que iria enrolar os dedos de um ouvinte mais
atento.
—Teeny Bloodbane, —disse ele, mais uma vez, como que saboreando a sensação dos sons na
língua. Me diga, Srta. Mayberry, você acredita que ela vai viver em pecado com Flock?
—Oh, não, Teeny e Flock são ambos muito religiosos. Eu ouvi Flock dizendo a meu pai que
achava que ele deveria ser um Tristão para a Isolda de Teeny —um amor malfadado que nunca
resultaria em satisfação conjugal. — 2—Teeny: pequenino, —Flock: rebanho, —Bloodbane: sangue
sangrento
—Eu acho que tanto Flock e Nettle são demasiados velhos para Teeny. O que ela tem, dezoito
anos?
—Sim. Ela me disse que os homens mais velhos, como Flock, olham para ela de forma diferente,
falam com ela diferente dos homens jovens. Ela disse que gosta muito dos velhos mais molengas.
—Molengas? Bom Senhor, eu sou quase um molenga, Srta. Mayberry?
—Eu diria que você tem uma boa meia dúzia de anos antes de atingir o nível ‘molenga’. — —Meu
Lorde?
—Sim, Nettle? O que é?
—Eu espero que senhor não vá me abandonar nessa hora de necessidade.
—Naturalmente que não, Nettle. Que necessidade especificamente você vê iminente?
—Flock está se aproximando, meu senhor. Ele disse que iria puxar minha garganta pela minha
orelha, se eu tiver mesmo um só sorriso para Srta. Teeny, novamente.
—Não se preocupe, Nettle, —disse Helen. —Eu vou disciplinar Flock se ele ultrapassar a linha.
Lorde Beecham lhe deu um olhar de grande interesse. —Como você vai fazer isso, Srta.
Mayberry?
—Eu não tenho o hábito de dar aconselhamento gratuito sobre a minha especialidade, Lorde
Beecham. Agora, —ela disse, se afastando dele, —Sobre o seu caso, Nettle, não sorria para Teeny. É
possível que Lorde Prith, não Flock, o desafie para um duelo. Ele gosta muito de Flock.
—Olhe além do ombro de Teeny, não para o seu rosto e se salve de meu pai, que poderia esmagar
você, se simplesmente decidisse se sentar em você.
—Ele não será um homem quebrado por muito tempo, —Lorde Beecham disse, enquanto
cinicamente, assistiu seu criado andar para dentro da taverna da pousada Wet Sexton, no meio de
Henchly, uma pequena cidade não muito longe de Court Hammering. Eles pararam porque, Lorde
Prith havia gritado pela janela para Helen, que desejava provar a cerveja que o dono da pousada, o
Sr. Clappe, tinha feito há apenas três meses, uma nova receita que podia agradar a sua senhoria
excessivamente.
—O meu pai também gosta de cerveja, —Helen disse, seguindo seu pai para a pousada.
Como os três entraram na taverna de vigas baixas, Lorde Beecham não se surpreendeu ao
encontrar Flock contra a parede com os braços cruzados sobre o peito magro, se certificando de que
ninguém se atreveria a os tratar com menos respeito do que mereciam.
—Não é uma pousada mal administrada, —Helen disse, enquanto bebia a nova cerveja que o Sr.
Clappe, com bom humor e muita gordura na barriga, cuidadosamente e respeitosamente colocou em
suas mãos. —Há um pouco graxa nas mesas, mas os homens parecem sentir-se confortáveis com
certa quantidade de sujeira. Sr. Clappe está atento, mas talvez, ele esteja um pouco efusivo demais
com você, Pai.
—Você quer dizer que está nos bajulando, Nell?
—Sim, Pai. O Sr. Clappe é um bajulador.
—Ele pode bajular tudo o que gostar, —Lorde Prith disse, limpando a boca com a mão,
—enquanto ele mantiver essa cerveja vindo. Clappe! Eu quero um barril dessa excelente cerveja.
Dois barris. Veja isso. —Ele voltou para sua filha e Lorde Beecham. —A melhor pousada da
Inglaterra além da minha querida filha. A única coisa, porém, Nell, você não deixa que os homens
bebam tanto quanto eles gostariam. Você deve fechar a torneira apenas quando eles começarem a
colocar para fora as suas preocupações.
—Nada disso, Pai. Se eu os deixar, os homens bebem até caírem mortos no salão.
—Você não deve tentar mudar os hábitos dos homens, Nell.
—Eu os prefiro levar para o pátio da pousada, em vez de os ver vomitar no meu salão. Além
disso, eu não os quero gastando todos os seus xelins na cerveja. A maioria deles têm famílias, você
sabe —Se eles continuam voltando, senhor, —Lorde Beecham disse, —então o que ela está fazendo
deve funcionar, certamente.
—Não há nenhuma outra pousada em Court Hammering que sirva tão excelentes víveres, —disse
Lorde Prith.
—De fato, —disse Helen. —Eu os alimento bem e não deixo que suas entranhas corroam com
muita bebida. Eu faço um favor a todas as esposas de Court Hammering. Pensando sobre isso, talvez
você possa me considerar, de alguma forma, como a padroeira da comida e bebida de Court
Hammering.
Uma vez que dois enormes barris da cerveja do Sr. Clappe foram presos com firmeza sobre a
carruagem de Lorde Prith, eles percorreram os últimos onze quilômetros para Court Hammering.
—Na verdade, vivemos em Shugborough Hall, a leste de Court Hammering.
—Eu nunca ouvi esse nome antes.
—O meu bisavô construiu Shugborough Hall, por volta do início do século passado. É realmente
muito bonito, especialmente com o sol brilhante atrás dele. Você vê, é tudo tijolo cremoso extraído
de Pelton Abbott. Ele suaviza, cada vez mais, conforme o tempo passa. E com toda a
descontroladamente crescente escalada de hera sobre as paredes, é provavelmente a mais
encantadora mansão na área.
—Os jardins são bastante espetaculares, já que meu pai gosta de flores, jardins e sebes espessas
em todos os lugares. Os vários gramados se estendem desde o Hall por uns bons cinquenta metros em
todas as direções, um verde exuberante.
—Quantos jardineiros o seu pai emprega?
—Na última contagem, eu creio que foram treze. Há um jardineiro-chefe, é claro, e quatro outros
jardineiros. Há três homens que fazem nada mais do que cortar os gramados. Oh, sim, existem ainda
dois pavões passeando em volta do terreno. Papai os chama, originalmente de Peacock e Peahen,
mas, quando eles estão fazendo muito barulho, ele só grita, "Pea e Pea, fechem os bicos!“
A primeira visão de Lorde Beecham de Shugborough Hall cumpriu com o que ela tinha dito. Não
era só uma graciosa mansão, também estava situada no topo de uma colina suavemente ondulada que
descia para todos os lados, um incrível gramado verde terminando apenas na borda de um córrego de
fluxo rápido que corria de leste a oeste. Salgueiros velhos maciços enquadrados no fluxo, com
carvalhos e tílias pontilhadas sobre o resto do gramado. Uma casa de madeira que ficava para além
era uma espessa coleção de árvores de bordo. O caminho para carruagem era estreito, uma reflexão
tardia, Lorde Beecham suspeitou, que nenhum proprietário jamais quis que um caminho de cascalho
cortasse o belo gramado verde fluindo. A hera nas paredes de tijolo creme foi mantida bem aparada.
Não há perigo de que esmagasse a casa.
—É muito simpática, —disse ele a Lorde Prith, quando ambos estavam em pé na frente do solar.
—Obrigado, meu rapaz. Uma propriedade pequena e aconchegante, se eu o posso dizer. Me sinto
feliz aqui. Aqui com a minha Matilda, Deus abençoe sua linda alma. —Ele deu um suspiro luxurioso,
em seguida, gritou, —Hinke! Traga suas nádegas magras aqui para ajudar com a bagagem.
—O nosso lacaio mais antigo, —Helen disse perto do ouvido de Lorde Beecham. —A coisa é, ele
é muito magro, especialmente por trás.
—Magro como uma vidraça? —Ele virou-se para sorrir para ela. Ele nunca antes teve que olhar
para o som da voz de uma mulher. Não, ela estava bem ali, sua boca no mesmo nível que a dele, a
não mais de um metro de distância.
—Exatamente.
Ele não percebeu que estava olhando para ela, mas ela o fez, e se inclinou ainda mais perto. —Eu
lhe disse sobre o que fantasio, sobre o que você está fazendo enquanto eu estou tirando sua bota
direita?
—Sim, —disse ele, com os olhos vidrados.
Ela deu uma risada alegre e entrou em Shugborough Hall.
Uma hora mais tarde, depois de um almoço leve de frango fatiado coberto com chutney de
damasco, pão fresco crocante com a mais doce manteiga que Lorde Beecham tinha experimentado, e
fatias de laranja e pêra polvilhadas com amêndoas torradas, apreciando a bebida preferida do Lorde
Prith, champanhe, um deleite que Lorde Beecham descartou, ele se encontrou sentado à encantadora
mesa Louis XV, dourada e branca de Srta. Helen Mayberry, em uma sala ensolarada, atrás do salão,
que não desfrutava da presença de muitos senhores, ela lhe disse. Era o seu escritório na
propriedade, aonde ela conduzia todo o seu negócio. Também era a sua biblioteca, onde ela lia e
pensava, e sonhava com a lâmpada e o que realmente fazia.
Ela colocou cuidadosamente o barril de ferro sobre a mesa na frente dele. —É muito velho. Mas
sólido. Depois de todas essas centenas e centenas de anos, ainda é forte.
—Eu gostaria que houvesse alguma maneira de saber quão antigo ele realmente é, —disse
Spenser. Lentamente, com infinito cuidado, ele puxou a cinta de couro desgastada do gancho e o
abriu, e em seguida, delicadamente levantou a tampa abobadada. Ele respirou profundamente. Era um
cheiro antigo, ele pensou, com algo mais. Não só um cheiro muito velho, de centenas de anos que
deixaram um aroma vagamente fermentado, com talvez, apenas uma sugestão de cheiro de azeitonas,
que também não parecia pertencer a este mundo moderno, onde tudo era explicado pela ciência e não
havia mais mistérios, não havia mais magia, os fenômenos estranhos que confundiam o cérebro de um
homem.
Azeitonas, pensou. Sim, havia o cheiro fraco, mas distinto de azeitonas. E outra coisa também.
Isso quase o dominou, esta sensação de que o barril era, por si só, importante, muito importante. Ele
a sentiu profundamente dentro de si mesmo. Essa sensação também era assustadora, porque ele não
sentia como se fosse deste mundo.
O que ele queria dizer com isso? Que este barril de alguma forma tinha vindo de um outro mundo?
Uma das milhões de estrelas que ele examinou nos céus? Ele tinha vindo de uma delas? Oh,
certamente não. Apenas que, respirando o cheiro deste antigo barril com o seu aroma de azeitonas e
levedura o tinha tornando mais fantasioso do que a pequena brincadeira de Helen sobre puxar as
botas.
—Gostaria —disse ele —de poder encontrar uma pessoa que tenha estado em torno de algo
mágico, algo esquisitamente diferente de tudo o que sabemos. Ele, talvez, pudesse explicar, apenas
respirando o ar deste barril, o tocando apenas, saber quantos anos tem e de onde veio.
—Sim, e é o que está fazendo aqui, escondido na parede de uma caverna velha, em um penhasco
ao lado do mar.
—Você sentiu as azeitonas?
Ela assentiu. —Quando eu carregava o barril para fora da caverna e o colocava com cuidado
sobre uma rocha, olhei para ele por um longo tempo antes que o pudesse abrir. Eu não sei se
esperava que algum tipo de gênio flutuasse para fora. Quando eu o abri, o cheiro de azeitonas era tão
forte que quase tomou conta de mim. Se tornou mais fraco ao longo do tempo, permitindo que outros
cheiros viessem à tona.
—O cheiro de idade.
—Sim. Eu me senti como se estivesse na presença de algo muito antigo e poderoso, mas muito
estranho também e muito diferente para mim. O cheiro ou o sentimento dessa coisa não mudou. Você
não acha isso estranho?
Ele balançou a cabeça devagar. Ele não tinha palavras. Lentamente, com infinito cuidado, Helen
gentilmente pegou o pergaminho de couro. —Você pode ver como isso é muito frágil.
Ela o desenrolou, enquanto ele segurava de um lado. Cobria um terço da mesa. Puseram quatro
pesos de papel, cada um cuidadosamente em cima de um canto, para o segurar.
—Você o mediu?
Ela assentiu com a cabeça. —Tem trinta centímetros por vinte e quatro.
Ele tocou levemente as pontas dos dedos no velho pergaminho como um cego faria. —Houve
provavelmente algo o amarrando fechado?
Sim, mas se desintegrou há muito tempo. Deve ter ficado amarrado por um tempo muito longo,
porque quando eu encontrei o pergaminho ainda estava firmemente enrolado.
Só então ele se permitir olhar para baixo sobre o pergaminho velho. Tinha cor de sangue seco. A
escrita era negra. A pessoa tinha pressionado a ponta da pena com força no pergaminho. Não tinha
importância se o pergaminho tinha ficado completamente preto pelo longo dos anos. Os sulcos
profundos e formas ainda estavam perfeitamente claros.
Ler o que foi escrito, no entanto, era uma questão diferente.
—Você tem uma lupa?
—Sim, aqui está.
O silêncio se tornou longo e grande. Helen se afastou dele para as portas francesas da pequena
sala, que davam para um jardim murado privativo.
Ela olhou para ele, inclinado sobre a mesa, olhando fixamente para o pergaminho de couro. Ele
estava franzindo a testa.
—O que é, Lorde Beecham?
—Acredito, —ele disse por fim, se virando para olhar para ela, —que é hora de você me chama
pelo meu nome. É Spenser.
—Está bem. Você pode me chamar Helen.
—Helen. É um bom nome. Este pergaminho não está em latim ou francês antigo ou qualquer coisa
assim.
—O que é isso?
—É algo na linha do antigo persa. —Ele se endireitou. —Será que seu pai tem nenhum texto sobre
línguas?
—Sim, mas persa? Eu duvido.
Lorde Prith tinha nada a leste da Alemanha escrito.
—É tempo de vermos o Vigário Gilliam, —disse Helen. —Levará cerca de uma hora a cavalo
daqui.
Lorde Beecham olhou para o rolo de pergaminho em cima da mesa pensando. —Acho que
devemos passar óleo para couro, para o tornar mais flexível e mais resistente a rachaduras e divisão,
especialmente para quando você ou eu o tocar. —Ele fez uma pausa, depois disse: —Você sabe,
Helen, as chances são que este pergaminho não tenha absolutamente nada sobre a lâmpada. Na
verdade, eu diria que as chances são muito longe disso.
Ela estava balançando a cabeça, mesmo quando disse: —Não, eu não acredito nisso. Eu acredito
que o Rei Edward escondeu a lâmpada perto de Aldeburgh e era aí que o barril foi enterrado. A
lâmpada está próxima, eu sei. Qual é o propósito do rolo de pergaminho, se não para explicar a
lâmpada? Deve ser isso, você não vê?
—Então por que o livro está escrito em persa antigo e não em francês, se é de fato algum tipo de
explicação sobre a lâmpada?
—Robert Burnell, secretário do Rei, era muito instruído. Ele deve ter feito isso. Ele deve ter
querido que fosse difícil encontrar a lâmpada.
Lorde Beecham não achava que era o caso, mas não disse mais nada.
Eles usaram o óleo de amêndoas que Helen usava em seu banho. —Eu achei que o cheiro era um
tanto familiar, —disse ele por cima do ombro, enquanto gentilmente esfregou o dedo no óleo e
passou de leve no pergaminho. Ele levou o polegar ao nariz. —É, cheira a você.
—Mantenha a fricção, Spenser.
—Apenas olhe para isso, —disse ele depois de um momento. —Está funcionando.
Juntos, eles esfregaram com óleo o pergaminho, indo muito lentamente até que, finalmente, estava
feito. Havia apenas três pequenas manchas e talvez uma dúzia de lugares onde um único toque iria
dividir o pergaminho e destruir algumas das palavras.
Eles cobriram o pergaminho recém-amolecido com uma gaze limpa, trancaram a porta da sala, e
montaram em seus cavalos para o passeio até Dereham para ver o Vigário Lockleer Gilliam.
Eles não conseguiram.
Capitulo 9

De uma hora para a outra, como acontece tantas vezes na Inglaterra, não importa em qual estação,
o céu passou de cinza suave e enevoado para o quase preto do anoitecer, só que não havia lua para
iluminar o caminho, com pesadas nuvens negras rolando e caindo sobre suas cabeças.
Oh, céus, —disse Helen, olhando para cima. —Este é o traje novo de equitação. Uma das
modistas de Londres fez para mim na semana passada. Você não vai acreditar quanto custaram as
penas de pavão.
—Qual modista?
—Madame Flaubert.
—Ela é bastante conservadora, descobri, mas a qualidade é excelente. Na verdade, dado o seu
tamanho, eu gosto do corte. É simples —Ele não teve tempo para terminar seu pensamento porque
naquele preciso instante um raio atingiu um galho de um carvalho que se estendia ao longo da estrada
estreita do caminho. A fumaça surgiu do ramo arrancado e atingiu o solo a apenas um metro de seus
cavalos. Um trovão rasgou o silêncio. Luther, enlouquecido além do controle, empinou.
—Helen, segure firme!
Lorde Beecham não teve chance; quando Luther virou para o lado e arremessou seu traseiro na
direção oposta enquanto chutava com as patas traseiras, Lorde Beecham voou de costas para pousar,
de cabeça, em uma cobertura espessa no lado da estrada. Ele a ouviu gritar por ele.
Quanto a Helen, ela tinha suas próprias dificuldades. Luther, com seus olhos selvagens e rolando
em sua cabeça, bateu em Eleanor, que já tinha se afastou, tropeçando em seus próprios cascos. Luther
mordeu seu pescoço. Eleanor rodopiou e derrapou até parar. Helen gritou, enquanto saía voando
sobre a cabeça de sua égua. Ela caiu na borda de uma vala e rolou para o fundo, parando em um
tapete de narcisos silvestres em plena floração amarela.
Lorde Beecham, apenas um pouco sem fôlego, nenhum osso quebrado, desceu até ela e caiu de
joelhos ao lado dela. Ele levemente bateu em suas bochechas. —Você está bem?
Ela estava deitada de costas, um bando de narcisos se aderindo entre suas botas de montaria. Seu
braço esquerdo estava por cima da cabeça, mostrando um enorme rombo abaixo de seu braço direito.
Havia mais dois deles quando ela conseguiu abrir seus olhos. —Pare de me mover, está me
deixando tonta.
—Por favor, apenas fique quieta.
—Estou bem. Estou perfeitamente bem, agora.
—Está melhor?
—Sim, obrigada. Oh, céus, meu traje, está bastante arruinado?
—Helen, eu estou preocupado que você possa ter quebrado alguma coisa ou se machucado
internamente, e tudo que você faz é chorar copiosamente por seu maldito traje de montar. Vou
comprar um novo. Vou até escolher o material e o estilo. Esqueça o traje. Sim, há um grande rasgo
debaixo do braço. Parece que você atravessou com a bota a bainha. Nada importante. Agora, olhe
para mim. Como você está se sentindo?
—Você tem sujeira em seu rosto. —Ela o puxou para poder olhar para ele afastado. —Você tem
um pequeno corte ao lado de sua orelha direita. Eu não sinto qualquer dor particular. Você
chacoalhou o seu cérebro?
—Não. Luther, muito gentilmente, me jogou em uma cobertura espessa que amorteceu a minha
queda. Eu vi você ir para a direita sobre a cabeça de Eleanor. Esses ingratos condenados estão,
provavelmente, trotando felizes de volta para Shugborough Hall. Pelo menos eu espero que Eleanor
leve Luther de volta para lá.
—Luther estava tão enlouquecido que mordeu o pescoço de Eleanor. Ou talvez ele esteja
apaixonado por ela. Se for esse o caso, você pode estar certo de que ele a vai seguir, tanto quanto
puder.
Ele nunca seria capaz de explicar por que fez isso. Talvez fosse todo o perigo inesperado, o
alívio absoluto porque ambos ainda estavam vivos. Não importava. Sangue bombeado
descontroladamente em suas veias, seu coração batia profundamente, batidas pesadas, e ele se sentiu
pronto para estourar fora de sua pele. Ele se inclinou e levemente mordiscou seu pescoço, logo
acima do laço em sua blusa branca.
Ele recuou, seguro a um fio de controle. —Eu vi Luther olhando os flancos de Eleanor hoje cedo.
—Você não. Esqueça de imitar o seu cavalo ainda mais. Você não pode me morder em seguida.
Agora, eu estou tentando me recompor novamente. Sim, estou muito perto. Como é o meu gosto no
pescoço?
Naquele momento, as nuvens negras se abriram.
—Oh, Não, meu pobre traje de equitação. —Ela o tentou puxar sobre ela para proteger o traje.
Lorde Beecham estava rindo tanto que engoliu um bocado de chuva. Mas ele acabou se
encontrando em cima dela, ela debaixo dele, um ajuste perfeito, como nenhum ajuste que ele já
tinha experimentado em toda a sua vida adulta.
—Esta é uma dose considerável de disciplina da natureza, —ele disse, se inclinou e beijou sua
boca.
Ela virou pedra.
Ele se levantou um pouco para que pudesse olhar para seu rosto. —O que está errado? Eu não
deslizei a mão sob sua saia de montar para os meus dedos acariciarem a pele macia atrás de seu
joelho. Eu não mordisquei seu pescoço novamente. Eu não me dirigi para qualquer lugar perto de seu
lado. Não, eu só beijei. Nada de importância, na verdade, apenas um toque de bocas. Que diabo está
errado com você, Helen?
Ele estava deitado em cima dela, equilibrado nos cotovelos. A chuva caía com tanta força que ela
achava que a vala iria se encher muito rapidamente, mas ela não disse nada. Ela apenas olhou para
ele.
—Você está pensando em tirar as minhas botas de novo?
Ela balançou a cabeça.
Ele se inclinou e a beijou novamente.
—Isto é ridículo —disse ela em sua boca, abraçou suas costas e o puxou com tanta força contra
ela que mesmo a chuva não poderia ficar entre eles. Suas mãos estavam em seus cabelos, puxando o
chapéu de montar, com o seu quebrado, inclinando a pena de pavão, e sua língua estava em sua boca
e ele estava ofegante, fora de si, mas, talvez Helen estivesse ainda mais do que ele. Ela conseguiu
abrir as pernas e ele estava entre elas, e estava duro e pronto, o que foi realmente ridículo, quando
ela engasgou na sua boca.
Ele se afastou bruscamente e se pôs de pé. Ele agarrou a mão dela e a puxou para cima. —Está
chovendo forte. Temos de encontrar abrigo. Se tivermos, possivelmente, a sorte de encontrar
alguma
coisa que possa fornecer até mesmo uma pequena proteção, eu vou estar dentro de você em questão
de momentos.
Ele a começou a puxar para cima da vala. —Onde estamos?
Ela estava olhando para ele como uma idiota.
—Helen? Se controle. Pare de pensar sobre o que eu vou fazer com você. Ou você está pensando
no que vai fazer comigo? Pense. Onde podemos nos abrigar?
Ela levantou o braço, aquele com o grande rasgão na axila, e apontou. —Há uma antiga ruína de
casa de campo através da floresta, ali, a leste. Talvez esteja apenas a uns quatrocentos metros.
Eles lutaram para chegar ao topo da vala e encontraram uma abertura através da linha grossa de
árvores agrupadas perto da estrada secundária. A folhagem era tão densa que, pelo menos, os
protegeu do pior do dilúvio.
Spenser parou por um momento, consciente de que sua perna direita estava torcendo. Bem,
maldição. Parecia uma entorse, mas não muito ruim. Ele olhou para Helen, que estava respirando
com dificuldade, seu cabelo loiro bonito achatado e molhado em sua cabeça e rosto, uma longa
mecha de cabelo para baixo por suas costas. —Como você se sente? —Ele segurou seu rosto em suas
mãos.
—Melhor que você. Você quer que eu o ajude?
Ele balançou sua cabeça. Não, não está assim tão ruim, apenas uma ligeira entorse. Qual o
caminho?
Eles seguiram o caminho através da floresta até Helen parar e olhar em volta. —É aqui perto.
Pouco mais para lá, para a direita. Há uma pequena clareira.
Eles entraram na clareira uns três minutos depois.
—Obrigado, Deus! Porque não desmoronou. —Helen disse, enquanto corria em direção ao que
tinha sido, uma vez, uma casa em ruínas e agora era uma relíquia. —Pelo menos uma parte do telhado
ainda está de pé.
—Fique aqui, —Lorde Beecham disse, e cuidadosamente abriu a porta podre. Ela rangeu e gemeu,
e as dobradiças quebradas se afrouxaram ainda mais.
—Vamos para dentro, —disse ele por cima do ombro, enquanto entrava no mais terrível exemplo
de abrigo, que poderia imaginar. Metade do telhado se fora. Três vigas seguravam a metade da sala.
Havia ainda pisos de madeira de alguma espécie, a maioria podre, e sem dúvida, perigoso.
Mas abençoado seja Deus, havia um canto seco. Eles estavam rindo enquanto, muito lentamente, e
com cuidado, andavam sobre as tábuas de madeira e se recostaram na parede. Ela rangeu alto, mas,
em seguida, parou.
Eles ficaram quietos. A chuva batendo no telhado sobre suas cabeças parecia chuva de balas.
Quanto à parte sem telhado do pequeno quarto, a chuva caia com muita força.
Ele olhou para sua boca. —Vem aqui, eu quero você neste minuto.
—Eu estive pensando sobre isso, —Helen disse, sem se mover um só centímetro. —Eu não acho
que seja uma boa ideia. Nós somos parceiros neste empreendimento emocionante. Na minha
experiência, no minuto em que um homem fica cansado de uma mulher ou vice-versa, a última coisa
que eles querem fazer é passar mais tempo juntos.
Ele levantou uma sobrancelha escura. Parecia absolutamente insolente e arrogante. Dobrou os
joelhos e passou os braços em torno deles. —Só me fale de toda essa sua experiência.
—Homens. Não são sempre razoáveis ou lógicos.
—Nem são as mulheres.
—Meu ponto, exatamente. Não vamos fazer confusão com as coisas.
—Qual é a sua experiência, Helen? Sei que você é a senhora absoluta da disciplina em Court
Hammering. Eu sei que os homens que trabalham para você sentem um delicioso medo de suas
ameaças de disciplina. Eu sei que a posso ver tirando minha bota esquerda, com o seu traseiro vindo
em minha direção. E o sorriso em seu rosto, enquanto você está me olhando por cima do ombro, é
decididamente mau, cheio de conhecimento do prazer e de como distribui isso.
Ela olhava para frente, para a chuva cinzenta que estava a menos de dois metros de distância.
Estava frio. Ela estava molhada, e tudo o que queria era o ter mordendo seu pescoço de novo, talvez
até mesmo levar um beliscão ou dois no traseiro. Ela se virou para dizer algo, mas as palavras nunca
saíram da sua boca. Ele estava sobre dela, a pressionando sobre suas costas. Graças a Deus, não
houve vazamentos no teto sobre eles.
Ela não estava nem um pouco com frio, não agora, não com as mãos dele sobre os seus braços,
acariciando seus ombros, o pescoço enquanto sua boca estava pesada sobre a dela, a puxando para
ele e sua urgência, em sua necessidade selvagem dela, e ela tomou uma decisão que sabia que já
estava tomada em sua mente na primeira vez em que o viu. Ela lhe deu a boca, deu tudo de si mesma
para ele, o empurrando e o trazendo firmemente sobre ela, com as mãos frenéticas nas suas costas,
vindo para os botões de suas calças de montaria.
O calor dele era surpreendente, a puxou ainda mais profundamente, tão rapidamente agora, se
arqueando quando suas mãos estavam em seus seios, e depois nos botões do casaco de equitação.
—Helen, agora, —disse ele em sua boca, sua respiração quente e selvagem. —Eu não posso
acreditar nisso. —Ele estava ofegante quando se ergueu sobre ela, a olhou por apenas uma fração de
momento antes de puxar a saia de equitação e anáguas. Quando ela estava nua da cintura para cima,
ele se sentou sobre os calcanhares e olhou para ela. Lentamente, com ela olhando para ele, estendeu a
mão, e a passou por um longo momento sobre sua barriga, então deixou, muito lentamente, a palma da
mão deitada contra sua pele macia.
Ele estava olhando para a mão descansando em sua barriga e ela sabia que ele estava olhando
para seus dedos, enquanto se moviam lentamente para baixo, tão devagar, saboreando cada bocado
dela até que, finalmente, ele a estava tocando.
Ela arqueou e agarrou seus ombros para o puxas sobre ela.
—Não, Helen, ainda não. Bom Deus, ainda não. Meu Deus, ainda não. Uma vez que eu beijar sua
boca novamente, eu não vou ser bom para você de todo. Eu vou derramar minha semente e então você
vai acreditar que sou o maior bronco da Inglaterra.
—Spenser.
Ela sussurrou seu nome num suspiro, quando ele deslizou um dedo dentro dela. Ele quase se
perdeu naquele momento, ali mesmo. Sua respiração acelerou, seu coração estava batendo tanto que
parecia que ia sair do seu peito, e sabia que estava tudo acabado para ele. Ela era tão quente e macia
e ela o queria. Seu rosto estava corado, seus lábios entreabertos, e ela estava olhando para ele como
se fosse o único homem em todo o mundo, e o único homem que ela queria.
—Helen, —Disse ele de novo, baixou as calças, levantou os quadris, e veio para dentro dela,
profundo e duro.
Ela gritou de dor, em seguida, voltou a gritar de prazer. Ele estava em cima dela agora, sua boca
na dela novamente, e sua língua estava tocando o lábio inferior, então abrindo a sua boca, e ela o
aceitou e beijou até que pensou que iria morrer com a força dos sentimentos que estavam tão
profundamente dentro dela. Ele estava se movendo agora dentro dela, tanta pressão, tão
profundamente, a enchendo, e foi delicioso, e ela o queria lá para sempre.
Mas não era para ser. Ele sabia que estava quase no fim. Ele não a tinha conseguido levar ao
clímax. Ele tentou, realmente tentou dar prazer a ela, para colocar a boca e os dedos sobre ela, mas,
pela primeira vez, em tanto tempo quanto ele podia se lembrar, ele simplesmente perdeu todos os
fragmentos de controle. Ele jogou a cabeça para trás e gritou para a chuva batendo.
Ele estava deitado em cima dela, o rosto em seu cabelo molhado ao lado de sua cabeça. Ele tinha
sido atropelado pelo maior prazer que nunca tinha experimentado em sua vida adulta. Ele havia sido
despojado de todo o controle. Ele tinha subido aos céus por si mesmo, em suma, ele tinha sido um
bronco.
—Sinto muito, —disse ele, se levantando nos cotovelos. —Estou muito triste, Helen. Você é tão
malditamente bela. —Ele não podia ajudar a si mesmo e se inclinou para a beijar novamente, e
descobriu que estava novamente duro dentro dela.
—Eu tenho trinta e três anos, —disse ele entre beijos. —Eu quero você de novo imediatamente.
Você é uma bruxa. Você é incrível. —E ele saiu dela, pulsando e dificilmente, mas não tão duro como
o seu coração estava batendo. Ele estava ofegante quando a beijou, seus dedos a encontrando para
iniciar um ritual que ele fazia isso muito bem, mas o simples toque de sua carne sob seus dedos, a
suavidade, o calor dela, mas não, era algo mais do que isso, o invadiu e ele queria desesperadamente
ver seu prazer. Ele a beijou e amava até que sentiu a tensão perto de transbordar nela, e ele levantou
a cabeça para olhar o seu rosto quando ela se arqueou contra seus dedos, os olhos frenéticos e
vagos, e ela gritou quando seu próprio prazer a inundou, seus dedos o foco de tudo que a estava
inundando. Ela gritou novamente, desta vez em sua boca.
Ele a beijou mais profundamente, não muito consciente de que ela estava lutando para se afastar
dele. Quando finalmente conseguiu falar com ele, ele piscou em confusão, com a boca aberta, mas
ela gritou novamente. —Meu Deus!
Ela colocou os braços firmemente em torno dele e o apertou com força contra ela. Ela rolou com
ele no chão apodrecido. Ele ouviu o cair das vigas e do teto atrás dele, exatamente onde eles haviam
estado. Foi um barulho terrivelmente alto, tão perto que gelou até os ossos.
Em seguida, o silêncio da chuva grossa os fechando mais uma vez.
Eles estavam deitados em frente ao outro, ainda pressionados muito de perto. —O teto, —disse
ele. —Meu Deus, o teto caiu.
Seus olhos estavam fechados. Ele se inclinou para a beijar. Sua boca não se moveu debaixo dele.
—Helen?
Ele se afastou um pouco.
Ela estava inconsciente. E que se dane por ser um animal, ele ainda estava duro, profundamente
duro dentro dela.
Capitulo 10

Lorde Beecham virou ao lado dela e cuidadosamente rolou sobre suas costas. Ele viu o sangue,
escoando através de seu cabelo molhado atrás da orelha esquerda.
Algo a atingiu. Ele olhou para cima. A chuva caia esmagadora muito perto, os escombros
achatados sob sua força. Ele arrumou as suas roupas, pôs as suas calças, e se sentou nos calcanhares.
Ele tirou o casaco de montaria e a cobriu com ele. Não havia mais nada que ele pudesse pensar
em fazer. Ele estava com medo de mover. Mas lá, deitada, pensou que ela iria certamente ficar
gelada, e que poderia ser perigoso. Ele os afastou o mais longe possível da chuva. Suas costas
estavam pressionadas contra a parede. Ele se esticou ao lado dela e a puxou firmemente contra ele.
Sinto muito, Helen. Você salvou a minha pele lasciva e você foi a única que se machucou. Vai estar
tudo bem agora. Nós vamos ficar aqui até você acordar. Ele beijou sua orelha e puxou o casaco
mais
firmemente sobre ela.
Eles estavam a caminho de Dereham para encontrar um texto sobre o antigo persa. Agora eles
estavam deitados pressionados um contra o outro, molhados, e Helen estava inconsciente, com um
telhado desmoronado a dois metros de distância.
Foi nesse momento que ele percebeu que estava chegando ao final da tarde. Ficaria mais frio com
o passar das horas. E se não parar de chover? Ele fechou os olhos, seu rosto pressionado contra o
dela.
Ele sabia que a podia levar, mas não tão longe, certamente não o suficiente para fazer alguma
diferença. Ele duvidava que pudesse até mesmo a levar de volta para a estrada secundária. E se
continuasse a chover assim?
Não, eles tinham que permanecer ali. Sem escolha. Ele enfiou a mão entre eles e pressionou a
palma da mão contra o peito. Para seu alívio, seu coração batia devagar e com firmeza. Ele não
podia fazer nada além de esperar.
Ele pensou sobre sua reação a ela, e ainda estava espantado. Tinha sido demais, demais! Ele
simplesmente nunca tinha sentido nada parecido, o desejo de a ter tão poderoso, tão urgente, que
nada mais existia para ele naquele instante, apenas Helen e estar dentro dela, a segurando firme e
mais apertado ainda, até que ficaram unidos tão profundamente, que nenhum deles podia sentir nada
além do outro.
Era o que tinha acontecido, ele desconfiava, agora que seu corpo tinha se acalmado de sua incrível
necessidade. Uma aberração, pensou, estar aqui na chuva, nesta ruína de casa de campo, vendo seu
cabelo louro bonito roçando o seu rosto, e ele tinha perdido todo o controle. Ele supôs que ela
também. Ele tinha desfrutado de muitas mulheres ao longo dos anos. Ele sempre tinha sido o único
a marcar o ritmo das coisas, mas desta vez ele tinha se perdido na poeira. E ele tinha derramado sua
semente dentro dela, algo que nunca fez. Ele não queria que nenhuma mulher engravidasse dele.
Mas, com Helen, ele simplesmente pulou de um penhasco, gritando com a alegria dela, e não se
importando onde partes dele tinham aterrado.
Ela tinha, muito simplesmente, o surpreendido.
Uma mulher raramente ficava grávida de apenas um erro. Na verdade, ele teria derramado sua
semente, profundamente em seu interior, uma segunda vez, se o telhado não tivesse caído sobre eles.
Pelo menos ela teve prazer naqueles momentos antes do acontecido.
Ele beijou sua testa.
Ele sentiu seu movimento. Alívio surgiu dentro dele. Ela havia ficado inconsciente por apenas
cerca de quatro ou cinco minutos. —Helen, —Disse ele contra sua bochecha. —Helen.
E a sentiu gemer.
—Helen, abra os olhos. Volte agora,
Helen. Ela abriu os olhos.
Ele tocou levemente as pontas dos dedos em sua bochecha. —Bem-vinda de volta.
Ele não disse mais nada, a esperando acordar completamente. Seus olhos estavam vagos, tal como
tinham estado quando ela estava na borda de seu orgasmo. Ele se afastou um pouco mais para que a
pudesse ver mais claramente. Para permitir que focasse no rosto.
—O que aconteceu?
Um pequeno fio fino de voz, pensou, e sorriu para ela. —Está tudo bem. Você nos salvou de
sermos esmagados quando o teto desabou. No entanto, algo bater em você atrás de sua orelha
esquerda. Há apenas um pouco de sangue. Diga-me, quantos dedos estou balançando na frente do seu
rosto?
—Muitos.
—Feche os seus olhos, não pense em nada. Estou aqui e estamos seguros. Mas não vá dormir. Seja
o que for que a atingiu, bateu um bocado forte. Diga quando quiser contar os dedos novamente.
—Eu nunca fiz isso antes.
Ele se inclinou e beijou sua boca pálida. —Nunca foi atingida na cabeça por um telhado caindo?
Ou salvou o homem que acabou de perder a cabeça em cima de você?
—Isso também. Sinto muito, mas eu não acho que estou pronta para voltar para a estrada. O que
vamos fazer, Spenser?
—Nada, no momento. Não se preocupe com coisa alguma, Helen. Deixe que eu me preocupe.
Agora, estamos longe de uma aldeia ou da casa de um fazendeiro?
Ela estava tremendo. Ele a envolveu com mais força contra ele. —Eu sei que você está molhada.
Infelizmente, eu também estou molhado, então não posso ajudar você. —Ele pensou por um
momento.
—Olhe o que nós vamos fazer. Eu vou tirar as nossas roupas. Então, nós ficaremos tão perto que vai
ficar tão quente como tijolos no forno.
Helen gemeu, mas não disse nada. Ele a despiu, algo que tinha feito para muitas mulheres,
muitas vezes em sua vida adulta, mas não foi divertido desta vez. Suas roupas estavam molhadas e
aderindo, ela estava tremendo, seus dentes batiam, e seus olhos estavam fechados por causa da dor
que sentia a qualquer movimento. —Sinto muito, Helen, quase lá agora. Eu lhe disse que você é
muito bonita? Não, talvez agora não seja hora de falar sobre os tipos corporais. Agora, essas roupas
molhadas. Você vai ter o meu corpo contra o seu em apenas um momento. Espere só um pouco mais.
Finalmente, eles estavam nus e ele conseguiu puxar saia de Helen diretamente sobre eles. A saia
estava apenas úmida, por isso não foi tão ruim. Então ele mergulhou todas as outras roupas sobre a
saia.
Não estava mau de todo.
—Você está mais quente do que o antigo forno de tijolos que meu pai tinha instalado em sua casa
de caça, perto de Leeds.
Seus olhos se cruzaram. Ele estava duro contra sua barriga, ele simplesmente não o podia evitar.
Ele beijou sua testa. —Não preste atenção em mim, Helen. Eu não posso controlar essa parte de
mim.
Ignore isso. Você está se sentindo mais quente?
Ah, sim, —ela disse, sua respiração quente contra sua garganta. —Você se mostra muito
interessante contra mim, mas não importa. Estou muito cansada, Spenser.
—Pisque os seus olhos e olhe para mim. Sim, é isso. Agora, Helen, você não é uma frágil e
pequena senhorita. Não se atreva a dormir. Envolva seu braço em volta de mim. Sim está certo. Está
quente o suficiente?
Desde que ele estava acariciando suas costas, sobre as nádegas e, tanto quanto ele poderia chegar
na parte de trás das coxas, ela estava ficando muito quente, muito rapidamente. E porque ele era um
homem, ele provavelmente passou mais tempo acariciando seus quadris. —Isto não é algo que você
poderia ter planejado, não é, Spenser?
—O colapso do telhado?
—Não, eu estava pensando sobre tudo isso, cada coisa que aconteceu que desencadeou a
próxima. É quase como você colocar em movimento uma forma perfeitamente executada de
disciplina. Exceto eu ser atingida na cabeça. Um mestre de disciplina não gostaria que isso
acontecesse.
—Não, o mestre não gostaria. —Sua mão estava em suas nádegas, seus dedos abertos. Ele a
estava empurrando contra ele, e ele estava desesperadamente duro novamente, quase tremendo. O
que estava errado com ele?
—Apenas me ignore, —ele disse novamente contra sua orelha.
—É um pouco impossível. Você está me empurrando contra você. Minha cabeça está melhor.
Sim, e eu estou quente agora. Oh, bem, isso é um absurdo. Eu nunca perdi minha cabeça assim
antes. Eu não gosto disso, Spenser, eu não gosto de nada disso. —e sem qualquer empurrão dele, ela
se moveu contra ele.
Ele não se importava de gostar ou não gostar dele. Ele só a queria agora, e era tão forte e
estimulante como tinha sido a primeira vez. Ele rolou em cima dela. —Helen, —Disse ele, e a
começou a beijar. Ele estava entre suas pernas e então ele estava dentro dela, seus braços apertados
em sua volta.
Foi rápido e duro, e quando ela gritou para o telhado, que ainda se mantinha estável sobre suas
cabeças, ele recuou e fez sua própria gritaria.
Ele não a queria deixar, e por isso ele não o fez. Ele os conseguiu cobrir novamente e, para sua
surpresa, ele dormiu, com a cabeça ao lado da dela, ainda dentro dela.
Helen olhou para a fatia estreita de telhado que os cobria. Ela não estava com frio agora e sua
cabeça, particularmente, não doía. Ela estava tão surpresa, tão completamente perplexa com o que
tinha acontecido entre eles, que quando os sentimentos incríveis começaram a construir de novo
dentro dela, ela apenas suspirou profundamente e o beijou de volta. Ela sentiu os dedos nela, e ele
não parou o ritmo sedutor até que ela estivesse ofegante em sua boca. Ele sorriu para ela enquanto se
movia lentamente, totalmente, e não demorou muito tempo, mesmo desta vez, pela terceira vez, e
ele percebeu vagamente como derramou sua semente profundamente dentro dela que certamente
isso foi algo incrível, muito e muito. Ele não era um menino excitado; ele era um homem maldito
de trinta e três anos de idade.
Quando seu cérebro voltou a funcionar finalmente, ele disse contra sua orelha esquerda, —Eu
realmente não quero que expire em uma casa em ruínas, chafurdando na chuva.
—Estou bastante bem, apenas uma leve dor de cabeça. Estará escuro em uma hora. Eu deveria
estar exausta, mas eu não estou. Eu me sinto maravilhosa. Eu posso andar agora.
Na verdade, ele mesmo poderia ter pulado e dançado um jig irlandês. Seu corpo pulsava com uma
energia incrível. Ele não queria, mas finalmente conseguiu se afastar dela. Levantou e olhou para
ela.
Seu rosto estava duro com a satisfação. Estendeu a mão e a puxou para cima.
—Não, —Disse ele, —Helen, não olhe para a minha boca ou eu a vou atira de volta ao chão.
Temos de nos vestir. E temos de encontrar abrigo.
Odiava as camadas de roupas que gelaram até os ossos. Quando ela se sentou para calçar suas
botas, ele estava debruçado tentando puxar as próprias botas.
Ela riu. Ele olhou para ela e sorriu. Não estava chovendo tão forte quando eles fizeram o seu
caminho de volta para a estrada de terra, mas ainda levou uma hora para voltarem a Shugborough
Hall.
Oh, meu Deus, —Lorde Prith disse, quando os dois chegaram, parecendo ouriços sujos de lama
pelo hall de entrada. —Deve esquentar um pouco de champanhe imediatamente.
Lorde Beecham implorou por brandy e conseguiu. Lorde Prith o enxotou para seu quarto, onde
Nettle já estava derramando água quente para o banho. Ele tirou a roupa de sua senhoria em um
minuto e o envolveu em um roupão. Lorde Beecham adicionou lenha ao fogo, enquanto Nettle quase
caiu em lágrimas sobre o estado de sua roupa. Quando ele estava na banheira, inclinado para trás, os
olhos fechados, ele viu Helen, nua, debaixo dele, se arqueando enquanto seus dedos a acariciavam, e
se viu se inclinando para a beijar, quando ela gritou de prazer.
Três vezes ele a levou.
O que diabos ele tinha feito?
Quanto a Helen, ela percebeu muito mais cedo, exatamente o que tinha feito, e amaldiçoou o ar
azul. Teeny passeava para frente e para trás de sua banheira, torcendo as mãos, completamente sem
entender por que sua senhora apareceu com tanta raiva, que poderia cuspir.
Teeny disse, —Não há razão para que você fique louca por todo o sangue em sua cabeça, Srta.
Helen. Eu vou ficar chateada por nós duas. É sangue de verdade, Srta. Helen. Deixe que eu chame um
médico.
—Não estou louca, Teeny, você está. Agora me escute. Eu teria que estar morta antes de deixar
Ozzie perto de qualquer lugar da minha pessoa.
—Mas Você disse que ele nunca tenta matar as pessoas.
—Sim, isso é verdade, mas ele se imagina apaixonado por mim. Não, ele não pode chegar perto
de mim. Venha agora, e me ajude a lavar o cabelo. Vamos tirar o sangue, não se preocupe.
Sim, Helen sabia o que tinha feito. O que ela tinha feito três vezes. E tinha sido glorioso. Ela
amaldiçoou a si mesma enquanto descia as escadas para o jantar.
Luther e Eleanor estavam no estábulo, tendo retornado mais tarde do que ela e Lorde Beecham o
fizeram, e foi por isso, seu pai lhe disse, ninguém tinha se preocupado com eles.
—O que esses cavalos condenados estavam fazendo que não voltaram aqui depois que eles nos
jogaram? —Lorde Beecham perguntou a mesa enquanto a rica sopa de tartaruga, quente e picante,
descia pela sua garganta. Isso foi um toque de limão que sentiu?
Helen limpou a garganta e disse com as batatas em seu garfo, —Eles provavelmente foram se
abrigar, assim como você e eu, Lorde Beecham. Não se preocupe, pai. Eu o posso ver se inchando
por se preocupar da pior maneira. Bebi o champanhe aquecido, que clareou minha cabeça a tal
ponto que as últimas três horas parecem nem ter acontecido.
Ela olhou Lorde Beecham diretamente nos olhos. —De fato, essas três horas estão rapidamente se
tornando um borrão na minha mente. Sim, agora tudo que eu lembro é de Lorde Beecham e eu saindo
daqui para Dereham. No mais, tudo é um borrão completo. Deve ter havido chuva, desde que
voltamos molhados, mas o que aconteceu entre isso e nossa volta, se foi da minha mente e da minha
memória. Agora, tudo é como era. Nada é diferente. Nada mesmo.
Lorde Beecham deveria ter ficado aliviado. Mas ele não estava. Ele não sabia por que, mas o
enfureceu. Ela queria esquecer que lhe tinha dado imenso prazer três vezes? Ele amaldiçoou sua
sopa.
Helen se levantou quando terminou seu jantar. Ela olhou diretamente para seu pai. —Eu estou
indo para a cama agora. Espero que você e Lorde Beecham me desculpem. O que aconteceu esta
tarde, me deixou muito cansada.
—Lorde Beecham, eu o vejo na parte da manhã. Se não estiver chovendo, podemos mais uma
vez tentar chegar a Dereham.
O que ela estava dizendo? O que ele queria fazer era empurrar a cadeira para trás, subir
lentamente, sem tirar os olhos dela, caminhar até onde ela estava, e colocar as mãos em volta do
pescoço branco. Ele não sabia o quão duro iria apertar. Certamente forte o suficiente para ganhar a
atenção dela, e a amaldiçoar. Ele flexionou os dedos impotentes enquanto a observava sair da sala de
jantar. Ela estava vestindo um vestido suave de seda cinza que cobria muito bem o delicioso corpo
branco dela.
Ele tinha feito amor com ela três vezes, lhe deu o seu tudo, na verdade, mais do que o seu tudo,
simplesmente porque, por nenhuma razão que ele poderia imaginar, ela o arrastou para além dele. Ela
o possui completamente, o esvaziou, e agora ela queria esquecer isso?
Não se ele tivesse algo a dizer sobre isso.
Ele e Lorde Prith jogaram whist. Lorde Prith falou sobre como sua doce Nell era a própria
imagem da sua doce mãe, muito doce. Se não tivesse sido por Flock que estava por perto, Lorde
Beecham teria sufocado até a morte com seu brandy.
Ele perdeu sessenta libras e bebeu demais do delicioso conhaque francês contrabandeado, quando
Flock foi buscar o seu senhor para o seu passeio à noite.
Capitulo 11

—maldigo seus olhos, Helen, você vai falar comigo sobre isso. As mulheres sempre gostam de
falar depois de fazer amor, a ponto de tornar um homem insensível. Normalmente, uma mulher
começa a vibrar imediatamente, quando o homem está deitado ali, abatido, ainda totalmente estúpido.
Admito que o nosso encontro de ontem foi, talvez, não tão inspirador, e, assim, você quis esperar
para falar tudo e, em grande detalhe. Agora é hora. Estamos num ambiente agradável. Agora você
pode falar.
Nada de Helen.
Ele perseverou. —Agora você pode, se sinta livre para discutir sobre tudo, Helen. Você pode se
queixar de certos desvios menores ou de certas omissões.
Mas, Helen, amaldiçoados seus belos olhos, começou a assobiar.
Ele puxou as rédeas de Luther, e seu cavalo recuou, quase o derrubando. Ele se virou para ela e
gritou: —Maldição, pare com isso. Tudo certo. Vou aceitar que, apenas talvez, tudo o que aconteceu
entre nós não foi necessariamente perfeito durante aquelas horas de ontem, que você está preferindo
esquecer.
—Bom Deus, do que você está falando?
Ele ignorou esse aparte. Ele era um homem razoável. Às vezes, uma mulher precisava ser aliviada
para derramar suas entranhas. Ela tinha que confiar em um homem, saber que ele a admirava,
especialmente se ela o queria elogiar. É claro que ela sabia que ele acreditava que era absolutamente
deliciosa. Ela também sabia, maldita seja, que ele tinha dado a ela um prazer maravilhoso. Ele ainda
podia sentir seu hálito quente em sua boca quando ela gemeu em seu clímax. Ele sentiu até os dedos
dos pés. Sua respiração vacilou por um momento. Talvez, ela apenas estivesse com vergonha de lhe
dizer o quão espetacular amante ele era. Tinha que ser isso. —Se você quiser falar de quão
imensamente bem adaptados estamos, você o pode fazer agora. Eu vou ouvir. Eu vou participar com
você.
Helen continuou a assobiar. Um papo-roxo respondeu de uma árvore de bordo ao lado da estrada
secundária. A raiva foi se acumulando dentro dele, desagradável, borbulhando a raiva, mas ainda
manteve a sua voz calma, o epítome do macho racional. —Me ouça. Nós estamos sozinhos, não há
mais uma chuva pesada hoje, o sol está brilhando muito intensamente sobre as nossas cabeças,
nossos cavalos estão se comportando bem, e eu estou pronto para a ouvir.
—Está tudo bem, Helen. Eu entendo você agora. Você quer que eu embrulhe cada coisa
prazerosa que fizemos ontem, tudo em um pacote poético e sentimental.
Ela lhe deu um olhar divertido do sexo feminino, um olhar que poderia murchar a masculinidade
de um homem. —Desde que não fizemos nada ontem à tarde, pelo menos nada que valha a pena
mencionar, que eu me lembre, então você pode ter todos os seus pacotes sentimentais e os despejar
em uma vala.
—Você vai parar de tentar me enfurecer. Este assim chamado lapso de memória de você é risível.
Quando eu tomo uma mulher, ela nunca esquece. Nunca. Se eu tomar uma mulher três vezes, sua vida
muda completamente.
—Eu a amaldiçôo por todo o caminho até a China, —ele falou, e ela riu. Ela olhou para ele e riu.
Ele pulsava de raiva.
Então, de repente, ela parou o riso e olhou para tudo, indiferente. Ela olhou para as luvas de
couro que tinham as rédeas de Eleanor enroladas frouxamente ao redor delas, olhou para suas botas
de montaria pretas, que pareciam ter sido polidas para adquirir o brilho mais brilhante, mas ela não
tinha um criado como Nettle, então como elas estavam assim? Ela parecia muito pronta para
continuar com seu show de indiferença entediada.
Ele estava pronto para saltar de Luther e a levar para o chão, e sua mente se recusou a pensar no
que se seguiria então. Ela se virou para olhar para ele de novo e disse com uma voz serena, calma
que cheirava a paciência feminina martirizada, da qual não havia outro tipo em sua experiência,
—Não há necessidade de você estar de mau humor, Lorde Beecham. Você deve aprender a
controlar sua vaidade masculina ferida.
—Maldita você, meu nome é Spenser.
—Muito bem, Spenser, vou usar o seu nome até que pare de se comportar como um burro
novamente.
—Helen, você quer que eu a jogue no chão e lhe mostre mais uma vez o que fizemos três vezes?
Você mente, foi ou não uma das melhores experiências de sua condenada vida provincial?
—Meu Deus! —Disse ela, sacudindo a cabeça para ele, sua autoconfiança ainda firmemente no
lugar, e esfregando no nariz nele, —você certamente tem uma opinião elevada de si mesmo, Lorde
Beecham. Eu desejo que você simplesmente esqueça todo esse absurdo de ontem, e que se esforce
para lembrar que você é meu parceiro, não o meu amante.
—Eu quero ser ambos. Sou ambos. Não há razão para interromper um ou o outro,
particularmente o outro. Quero continuar o que começamos. Lamento que você fosse atingida na
cabeça pelo telhado caindo, que estava molhada até os ossos, que o piso de madeira apodrecida não
era tão confortável como uma cama, mas tudo isso de lado, independentemente, você se divertiu
imensamente. Três vezes. E eu era o homem que lhe deu todo o prazer.
—Sim, eu tive, e você também. E daí?
E daí? Ele precisa deixar de olhar para ela, seu cérebro estava a meio mastro. Nenhuma mulher
jamais havia dito isso para ele em sua vida adulta masculina.
E daí? Ela tinha realmente dito e daí?
Ele estava pronto para gritar. Ele parou. Ele respirou fundo, se firmando. Ele até sorriu para ela
quando disse, —Isso foi bastante divertido. O que quer dizer, E daí?
—Eu quero dizer, senhor, que ontem à tarde foi um período muito curto quando se considera a
possível idade do universo, por exemplo. Ele foi apenas uma gota no oceano do tempo. Você e eu
estamos envolvidos, senhor, mas não em um empreendimento trivial. Nós, senhor, estão envolvidos
em uma busca mística. Saímos do curso temporariamente por causa do tempo. O clima está agradável
esta manhã, por isso não há mais nada para nos distrair. Preste atenção na estrada, Lorde Beecham.
Luther tem um olho naquele delicioso e gordo ganso cinzento logo ali.
—Luther, —Disse ele calmamente ao cavalo, —Você não vai agir como uma mulher
enlouquecida e fora de si, em particular comigo em cima de você.
Seu cavalo bufou e Helen riu.
Houve momentos em que um homem não tinha outra opção viável, a não ser admitir a derrota.
Lorde Beecham ficou quieto durante o restante do seu passeio para Dereham.

O Vigário Lockleer Gilliam, um distinto cavalheiro refinado, também era pai de dois filhos
adultos e um viúvo perseguido por todas as mulheres solteiras com mais de quarenta anos de idade.
Como Flock, abaixou a cabeça no seu próprio pequeno estúdio, que atualmente abrigava os
manuscritos e livros de seu irmão. O visitava um nobre que tinha estudado em Oxford, aluno do
irmão dele, e Srta. Helen Mayberry, uma jovem que ele teria cortejado com toda a paixão em sua
alma, se ela não tivesse apenas oito anos, vinte anos atrás.
Lorde Beecham e Srta. Helen Mayberry ambos estavam absorvidos no que estavam fazendo, ou
seja, debruçados sobre esses pergaminhos antigos, principalmente, balançando a cabeça porque
ainda não tinham conseguido encontrar o que estavam procurando. A poeira tinha formado um filme
manchado de luz do sol no ar.
Helen estava de joelhos na frente de um enorme manuscrito de pergaminho espalhado no lindo
tapete Flamengo dado ao vigário pela Lady Winfred Althorpe, que, felizmente, estava casada agora.
—Este não é, —disse ela. —Está perto, mas não perto o suficiente.
Lorde Beecham olhou. Sim, ele está perto. É Aramaico.
—Uma xícara de chá, minha querida?
—Isso seria maravilhoso, Sr. Gilliam, —disse ela, piscando para ele. —Você é muito gentil. Oh,
céus, olhe para todo o pó que levantamos aqui.
Ele acenou de volta, quando ela começou a se levantar. —Não, vocês dois continuem fazendo o
que estão fazendo. Vou ver a cozinheira sobre o chá.
Trinta minutos mais tarde, suas xícaras vazias de lado, Lorde Beecham gritou: —Eu tenho isso,
Helen. Eureca, eu tenho isso!
Ela estava de pé em um instante. Ele estava debruçado sobre a mesa do vigário, um pergaminho
muito velho aberto na frente dele.
—O que é isso?
Ele olhou para ela, seus olhos escuros ainda mais escuros agora com o entusiasmo. Não havia o
nobre indolente, cansado do mundo em seu olhar agora. Lorde Beecham estava fascinado, ele estava
eufórico. Ele estava, em suma, emocionado até os dedos dos pés.
—Eu encontrei. Estou certo disso. Olhe, Helen, basta olhar, e me diga se você não acha que é isso.
Ela olhou por cima do ombro. Ela cantarolou, enquanto estudava o pergaminho. —Eu acho que
sim, —disse ela. —Veja essa figura de aparência estranha é repetia muitas vezes. É idêntica. Qual
língua é essa?
—É chamado Pahlavi. O alfabeto desenvolvido a partir do aramaico, é por isso que parecia tão
semelhante. Pahlavi foi o sistema de escrita dos persas por volta do início do segundo século a.C.
Durou até o advento do Islã, até ao século 7 d.C. O Avesta que é o livro sagrado de Zoroastro foi
escrito em uma forma de Pahlavi chamado Avestan. Oh, Deus, Helen, isso é incrível. Para encontrar
algo parecido isto.... Ele se interrompeu, lhe deu um grande sorriso, e a segurou pela cintura. Depois,
a levantou e girou com ela. —Nós achamos. Imagine: Pahlavi, uma língua tão antiga que já
desapareceu desta terra. Só para dizer a palavra me dá vontade de rir e gritar. Pense nisso: alguém
realmente escreveu um rolo de pergaminho, mais de mil anos atrás, e nós o temos aqui conosco, hoje,
nos tempos modernos.
Ele a desceu, beijou sua boca, logo em seguida a soltou. Ela logo estava debruçada sobre o texto
antes dele.
Ela olhou para ele por um momento, depois olhou para o manuscrito com a estranha escrita que
certamente era idêntica à escrita no rolo de pergaminho. Ele estava falando consigo mesmo
enquanto arrastava seus longos dedos amorosamente sobre as palavras.
Me fale sobre isso, —disse ela. —Pode traduzir o nosso rolo de pergaminho?
—Eu vou tentar. Vai ser difícil, muito difícil, porque era costume usar as palavras de aramaico
para representar palavras Pahlavi. Então, tome a nossa palavra —king. —É Shah em Pahlavi, mas
está escrito exatamente como a palavra aramaica malka. E a coisa é, você tem que ler a palavra
aramaica e traduzir instantaneamente em Pahlavi, e ler como Xá. Então você está sempre tendo que
ir e voltar em sua mente para encontrar as palavras certas, o que torna muito mais difícil de traduzir
do que simplesmente ler. Mas eu posso fazer isso, Helen. Com tempo suficiente, eu posso traduzir o
rolo de pergaminho.
Ele se virou, sorrindo de orelha a orelha. —O que está errado?
—E se o rolo de pergaminho não tiver nada a ver com a lâmpada?
—Vamos, Helen, você sempre soube que era apenas uma possibilidade remota, apesar de o ter
encontrado na costa leste da Inglaterra. Por que deveria? Mas não se desespere ainda. O fato em
questão é que sabemos que a lâmpada veio originalmente da Terra Santa. Estamos mais ou menos
na área geográfica direita. Seja o que diz, vai ser fascinante, uma descoberta incrível, e você, Helen,
você é a única que encontrou e a deu ao mundo. Quando finalmente sair, eu posso imaginar os
estudiosos de toda a Europa vindo aqui para ver isso. —Ele esfregou as mãos, lhe deu um vago
tapinha no ombro, e olhou para baixo mais uma vez às páginas do pergaminho.
—Mas por que um pergaminho Pahlavi iria ser enterrado em um barril de ferro em uma caverna na
costa leste de Inglaterra? Se ele foi trazido aqui pelos romanos quando invadiram a Inglaterra, por
que não está escrito em latim?
—Eu não sei, mas vamos descobrir. Não se preocupe. Seu parceiro é um indivíduo capaz. — Eles
passaram as próximas duas horas à procura de mais manuscritos que ajudariam Spenser a traduzir o
rolo de pergaminho. —Não, —Disse por fim, se levantando e sacudindo as mãos empoeiradas em
suas calças de montaria. Temos três fontes. É mais do que eu esperava encontrar. Vamos embora.
Era fim de tarde quando deixaram o belo vicariato de tijolos cor de pêssego maduro, situado logo
atrás da antiga igreja, em meio a um belo jardim selvagem. Havia três mulheres tomando chá com o
vigário. —O homem pobre, —Helen disse em voz baixa. —Ele é impiedosamente caçado. Sua pobre
esposa morreu apenas 13 meses atrás, o mesmo seu irmão e mentor, Sir Giles Gilliam.
—Eu diria que vigário Gilliam está se divertindo imensamente.
Lorde Beecham não perdeu mais de seus guinéus para Lorde Prith no whist, naquela noite, porque
imediatamente após o jantar Helen disse ao pai que Spenser era seu parceiro e ela precisava dele.
Lorde Prith disse apenas: —Eu entendo que ele é o seu parceiro neste negócio da lâmpada, Nell,
mas é um excelente perdedor no whist.
—Você pode roubar seus guinéus quando ele não for de mais utilidade para mim, papai.
—Ha —Disse Lorde Beecham, mas seu passo era enérgico, a emoção ondulando através dele. Ele
não podia esperar. Eles tiveram apenas alguns momentos quando chegaram de volta a Shugborough
Hall para olhar o rolo de pergaminho, antes de se arrumar para o jantar. Olharam apenas o tempo
suficiente para ter absolutamente certeza de que o livro foi escrito em Pahlavi.
Quando Helen o deixou às onze horas da noite, ele ainda estava debruçado sobre o manuscrito,
as vezes, escrevendo, às vezes xingando, às vezes cantarolando com prazer. Ela duvidava que ele
tinha, sequer, a ouvido fechar a porta.
Ela adormeceu imediatamente, e sonhou que estava segurando uma lâmpada com força contra o
peito. Não conseguia respirar. Apertava a lâmpada com muita força. De repente, uma coisa estranha
aconteceu. A lâmpada se tornou um homem, um grande homem que estava sorrindo para ela,
mesmo enquanto acariciava sua pele. O homem era Spenser.
Ela se ergueu na cama, sua respiração estava sibilante. Oh, Deus, ela pensou. Cada detalhe da
tarde anterior se destacaram gritantes e magníficas em sua mente. Ela tremia com o poder de todos os
detalhes. Jogou as pernas para o lado da cama e levantou.
Era uma hora da manhã, quando ela entrou em seu estúdio para ver Lorde Beecham dormindo, com
a cabeça apoiada na mesa, não mais que dois centímetros do rolo de pergaminho, os três
manuscritos do Vigário Gilliam estavam cobrindo o restante da mesa.
Uma vela estava quase destruída em seu cotovelo.
Havia páginas no chão, ao lado da mesa. Ela ficou de joelhos e pegou a folha do topo. Estava
escrito com sua mão forte: De Rei Faval ao dele. . ? . . em Alexandria .... ..? .. Um homem santo
procurou assegurar minha alma por seu mestre. . ? . . a lâmpada não é verdadeira, é a partir da
outra.
. ? . . é um dom de Deus ou do diabo? . . . ele morreu gritando blasfêmias, ele me amaldiçoou por seu
fim, mas ele se matou. . .
—Helen, Por que você está chorando?
—É a lâmpada, Spenser, o manuscrito é sobre a lâmpada. Estou chorando porque eu estou tão
feliz! É bom ou mau? Não é real, é a partir da outra. . . . Oh, meu Deus, olhe para tudo que você
escreveu.
Ela se levantou e se atirou no seu colo. Ele a pegou quando a cadeira quebrou e eles caíram no
chão, Helen se viu em cima dele.
Ele estava rindo tanto que não conseguia recuperar o fôlego. —Eu nunca ri tanto em minha vida
ignorante. Fique longe de mim, mulher. —Seus braços ao redor dela. —Não, quero mudar a minha
ordem. Não se mova. —Ele pegou um punhado de seu cabelo solto e puxou seu rosto para baixo. Ele
a beijou levemente, e então, rolou sobre ela. A história se tornou rapidamente algo mais, algo urgente
e frenético, e ele queria tanto que sabia, simplesmente sabia, que iria cair sem vida numa pilha ao seu
lado se não a pudesse ter agora. Ele não parou de a beijar quando ergueu a sua camisola. Suas mãos
quentes estavam em suas coxas, na barriga, a acariciando. Oh, meu Deus, Helen, a preciso ter
agora.
—Ele teve as calças abertas por ela.
Seus dedos estavam sobre ela, seu perfume o inundando. Ele conseguiu se concentrar, naquele
momento, em seu rosto. Seus olhos eram o azul ardente de um dia de verão tempestuoso. Seus lábios
estavam entreabertos, úmidos de o beijar. Seus seios estavam palpitantes.
E ela sussurrou, se arqueando para ele, —Spenser.
Ele quase atingiu o clímax só de olhar para ela, só de a ouvir dizer o seu nome assim. Ele cerrou
os dentes, ergueu os quadris, e entrou duro, tão profundamente que ela pensou que iria morrer do
poder dele. Seus braços estavam apertados ao redor dele, mas ele teve o bom senso, experiência
suficiente, para sair dela, respirando tão forte que pensou que seu coração fosse explodir em seu
peito, e a acariciar com os dedos. Ele estava olhando para os dedos, para ela, seu olhar tão intenso,
tão preenchido com o prazer dele, que, em um minuto, não mais do que isso, ela gritou seu nome, se
levantando contra seus dedos, e ele viu seu rosto naqueles momentos preciosos, seu prazer o
rasgando bem como a ela. Ele entrou de novo, profundo e duro, imaginando como tinha sobrevivido
todos esses anos sem ela, e em breve, muito em breve, tudo estava acabado, e ele sabia que tinha
dado seu tudo, não havia mais nada nele, estava contente. Eles estavam pressionados firmemente
juntos, ofegantes, e ele ainda a beijava, incapaz de parar.
Ele ainda estava respirando com dificuldade, seu hálito quente em sua boca, e ela sussurrou,
mesmo quando ela lambeu o queixo, —Eu não acredito nisso.
Ele se ergueu sobre ela, se equilibrando sobre os cotovelos, e disse: —Isso não é o que eu estou
acostumado a, nada disso. Não, isso é ridículo. É claro que eu estou acostumado a isso, é justo que
algo aconteceu, algo —Ele parou de falar, apenas olhou para ela, e franziu a testa. Ele ainda estava
profundamente dentro dela. Ele parecia estar com dor. Ah, Helen, —disse ele, e se mexeu, arqueando
as costas com o poder instantâneo dele. —Meu Deus, Helen. —E ele começou a se mover
novamente, profundamente, e então, de repente, ele puxou para fora dela, levantou os quadris, e lhe
deu a boca.
Helen arqueou e torceu como se tivesse levado um tiro. Ele a segurou com firmeza até que ela
gritou seu nome, e entrou em colapso, mesmo quando ele entrou em seu intimo novamente.
—Não, —Ele disse, ofegante, como se tivesse acabado de correr todo o caminho do Court
Hammering, —Eu não acredito nisso. Um homem não faz isso a cada três segundos. É loucura. Vou
acabar em uma sepultura antecipadamente. Não, eu tenho que me controlar. Não, Helen, não se atreva
a se mover. Oh, não, é demais.
—Foi, pelo menos, três minutos, —disse ela. Ela não se moveu. Na verdade, ela duvidava que
pudesse se mover, mesmo que este telhado caísse sobre ela. Ela estava deitada debaixo dele, presa
por ele, e ela apertou as mãos ao redor de seu pescoço e trouxe sua boca de volta para a dela.
Capitulo 12

Pelo menos dez minutos passou antes que ele fizesse mais uma vez um movimento profundamente
nela, mais facilmente agora, mas em seguida, ele acelerou, e ele parecia um louco, mais uma vez, sua
mente se estilhaçou, todo o seu foco nela, como se não pudesse ter o suficiente dela ou obter
profundidade suficiente dentro dela. Ele a queria possuir, a marcar, a imprimir, era simples, afinal.
Ele abafou seus gritos em sua boca, sentiu as unhas se cravarem em suas costas, e gozou
descontroladamente como se fosse a primeira vez.
—Eu vou morrer agora, —ele anunciou ao silêncio do quarto pequeno, seu hálito quente em sua
orelha esquerda. Seu cabelo estava embaraçado ao redor do rosto, sobre os ombros, a boca vermelha
e inchada, a camisola amontoado sobre os seios. Ele ainda estava dentro dela, mas não tanto agora;
depois de tudo, um homem tinha que recuar, mais cedo ou mais tarde.
Foi definitivamente mais tarde.
—Sim, —Ela disse, —Eu vou, também. —O som de sua pulsação frenética não era tão alto agora
em seus ouvidos. Quanto ao batimento cardíaco, batia em golpes profundos, estáveis contra seu peito.
Ela disse, sua voz ao mesmo tempo surpresa e confusa, —eu nunca imaginei que poderia haver
nada parecido com isso. Eu li muitos livros diferentes, olhei para muitos desenhos diferentes. Nunca
houve nada escrito ou desenhado que contemplava o que você acabou de fazer comigo, tantas vezes
em tão poucos minutos.
—Você quer dizer, o que você e eu acabamos de fazer juntos, —disse ele. —Eu lhe juro, que não
poderia ter feito isso sem você. —Ele parecia tão confuso quanto ela, mas ela também ouvia outra
coisa.
Ela disse: —Eu não entendo.
—Entender o quê? Que você é uma mulher apaixonada? Que eu sou um amante imensamente
excelente? —A arrogância masculina austera de repente estava de volta, e ela viu a satisfação
flagrante carimbada duramente em seu rosto, a ouvia em sua voz.
—Não, —Ela disse devagar, esfregando as mãos para cima e para baixo em suas costas, sentindo
os músculos, os ossos, o calor de sua pele, a suavidade maravilhosa dele através da camisa. —Eu
não entendo por que você está com medo.
Ele se levantou e estava de pé no instante seguinte, puxando para cima as calças, as abotoando.
Ele olhou para ela, deitada nua, com as pernas brancas, longas e finas, de um modo absolutamente
lindo, tão suaves à luz das velas. —Maldição, eu não estou com medo. Você é uma mulher. Pare de
tirar conclusões absurdas com base em suas próprias noções do sexo feminino fraco. Eu não estou
assustado.
Ela se sentou lentamente e, muito devagar, puxou a camisola sobre as pernas. Estava muito
molhada. Era estranho, essa umidade. Tinha passado um tempo muito longo desde que ela tinha
sentido uma coisa dessas.
Desde ontem.
Ela passou os dedos pelos cabelos para retirar os emaranhados. E ela olhou para cima depois,
para o ver olhando para os dedos puxando os cabelos.
Ela viu seus próprios dedos cerrados ao lado do corpo. —Eu não estou assustado. Isso é ridículo.
É sem sentido.
Ela olhou para a cadeira quebrada, uma bela Louis XV, toda branco e ouro, que pertencera à sua
avó. Uma perna tinha quebrado de forma limpa. A outra perna tinha se espatifado. Com cuidado,
talvez, a cadeira podia ser reparada, mas aquela perna seria difícil.
Ela olhou para a pilha de páginas ao seu lado no chão. Ambos tinham estado tão concentrados, tão
urgentemente, que não tinham sequer se movido muito, apenas enlouquecido juntos. As páginas não
tinham sido tocadas.
—Eu não gosto disso, Helen.
Ela suspirou e se levantou. Suas pernas estavam fracas. Ela se agarrou na borda da mesa, esperou
um momento, então lentamente se endireitou novamente. Ela disse, com os olhos desfocados para
além do ombro esquerdo, na estante estreita no canto que segurava seus romances, —Eu vou voltar
para meu quarto agora. Eu acho que você está fazendo um trabalho magnífico em traduzir o
pergaminho. É sobre a lâmpada. Eu sabia que tinha que ser. Mas como?
Ele deu de ombros e enfiou a camisa nas calças. —Eu concordo. Eu teria pensado que uma vez
que é sobre a lâmpada, a lâmpada estaria no barril de ferro com ele. Por que uma letra, ou uma
mensagem, ou o que quer seja está selada sozinha? Qual é o significado? Onde é que está a maldita
lâmpada?
—É possível, —ela disse devagar, tocando cuidadosamente com o dedo o rolo de pergaminho,
—que alguém encontrou este barril muito mais tarde, talvez até mesmo depois que a lâmpada estava
aqui na Inglaterra com o Rei Edward. Talvez esse alguém soubesse onde o Rei Edward enterrou a
lâmpada de maneira geral, e enterrou o barril nas proximidades. Então, se ambos fossem
encontrados, o pergaminho poderia explicar sobre a lâmpada e tudo seria conhecido. Não havia
mais nada naquela pequena caverna. Olhei com muito cuidado. Mas, talvez, por perto, não muito
longe da caverna.
—Helen.
Ela levantou a cabeça e olhou para ele. Ele parecia rígido à luz das velas, sombrio, esguio, difícil
e perigoso. Ela teve a súbita vontade de se jogar sobre ele e de o levar para o chão. Era um piso para
o qual nunca mais poderia olhar da mesma maneira. Ela sorriu, então. Ele tinha feito amor com ela
com as suas botas.
—Não sorria para mim. Ouça, eu não estou com medo. Mas eu vou lhe dizer isso. Deve parar.
Isso nunca aconteceu comigo antes, esta perda completa do que eu sou, e o que estou fazendo. Nem
uma vez eu pensei em me retirar de você, nem uma única vez, nem ontem, nem hoje. Se isso
continuar você pode ficar grávida. —Bastou dizer, a palavra fez seus olhos se cruzarem, e,
estranhamente, não com terror abjeto. Não, nesse instante, ele viu sua barriga arredondada com seu
filho, e ela estava rindo e lhe dizendo algo que o fez a beijar e rir também. E sua mão estava sobre
sua barriga, sobre seu filho. Em seguida, a imagem se foi.
Ele não sabia o que estava errado com ele. Era a maldita lâmpada. Fosse o que fosse, ela o estava
deixando completamente louco.
Ela olhou para longe, em direção às janelas atrás de sua mesa, onde as cortinas de um amarelo
pálido estavam bem desenhadas. Seus ombros estavam caídos, a cabeça inclinada. Ela disse, —Não
precisa se preocupar com isso nunca.
Ele não sabia do que ela estava falando. Ele a viu novamente, com os olhos brilhando, seu bebê
em sua barriga, e suas mãos, elas estavam por toda parte dela agora.
—Com o que você não gostaria de me preocupar?
—Sua semente dentro de mim não é um problema.
—Minha semente dentro de você não é um problema? —Não, ele pensou, era um problema de
todos. Ele disse: —Você está louca, mulher? Claro que poderia ser um problema. Não tenho
bastardos porque eu sempre fui muito cuidadoso. Com você, tem sido diferente, de alguma forma.
—Eu sou estéril.
Não, pensou ele, não estava certo. Lá estava ela, tão clara em sua mente, sua barriga pressionada
contra ele quando ela o beijou. O bebê viria em breve. —Como diabo você sabe disso?
—Eu fui casada, uma vez, há muito tempo, quando tinha acabado de completar dezoito anos. Meu
pai acreditava que eu era muito jovem, mas estava desesperadamente apaixonada e, assim, ele me
deu a sua benção. Meu marido, um homem relativamente idoso, queria um herdeiro de qualquer
maneira. —Ela encolheu os ombros. —Ele foi morto quando a guerra começou de novo, logo após o
Tratado de Amiens ruir.
—Isso foi muito tempo atrás.
—Sim. Nós só estávamos casados há dois anos antes dele morrer. Voltei para a casa de meu pai
e passei a usar meu próprio nome novamente.
—Eu não sabia —Por que você deveria? Não é de conhecimento geral.
—Eu me lembro de que perguntei se você tinha sido casada. Você realmente não me respondeu,
agora que eu penso sobre isso.
—Eu não teria dito a você agora, a não ser porque está com muito medo de que me deixou
grávida. Bem, você não deixou. Sou estéril.
Ela se virou sem dizer mais nada e saiu da sala.
Lorde Beecham lentamente se abaixou para recolher os papéis no chão. Ele mal olhou para a
tradução que tinha conseguido, até agora. Ele colocou as páginas em cima da mesa de Helen, apagou
a vela e saiu da sala.
Eram quase três horas da manhã. Quando ele caiu no sono, viu Helen novamente, de forma muito
clara, e ela estava nua e ele estava beijando sua boca, seus seios, enquanto suas mãos acariciavam
sua barriga grande, então ele estava beijando sua barriga, sentindo o chute do bebê contra sua
bochecha quando ele pressionou o rosto sobre ela.
Ele levantou bruscamente e se sentou na cama. Ele não era um homem supersticioso. Não
acreditava em visões ou presságios. Então pensou, se nascesse uma menina, ela seria uma amazona,
uma bela amazona de língua afiada. E um menino? Ele seria um grande homem, confiante, um líder de
homens.
Ele sorriu fatuamente na escuridão.
—Estou perdendo a pouca inteligência que me resta, ele pensou enquanto apoiava a cabeça nos
braços. Helen era sua parceira. O resto era loucura. Tudo bem, então ela era, ao mesmo tempo, sua
parceira e sua amante, até ela mesma devia aceitar isso agora. Eles iriam fazer o seu melhor para
encontrar esta lâmpada, qualquer que seja a coisa.
Mas não havia essa loucura com ela. Quando era um jovem excitado tinha deixado esse fogo
queimar, a luxúria falando com os jovens do sexo masculino. Mas ele não era mais um menino agora.
Ele era um homem adulto, um homem com controle e experiência.
Só que ele não tinha controle com Helen. Não era o que estava acostumado. Normalmente, se
saciar com uma mulher o mandava para os doces sonhos quase imediatamente, mas não desta vez,
não com Helen. Ele tinha ficado além de saciado, quase inconsciente, mas, ao mesmo tempo, ele teve
um sentimento muito forte que, se Helen fosse ao seu quarto neste minuto, ele gostaria tanto quanto
ele teve a primeira, a segunda, a terceira vez que ele a tinha levado no chão do estúdio duas horas
antes.
Quando ele caiu no sono novamente, ele não sonhava com Helen. Ele sonhava com um homem que
tinha uma arma em uma mão muito branca. Ele não podia dizer para onde a arma estava apontada,
mas sabia que ele estava com medo. Em seguida, o homem se virou e Spenser viu que uma máscara
preta lhe cobria o rosto. Ele riu, apontou a arma para Spenser, e puxou o gatilho.
Spenser despertou abruptamente e se levanto na cama, seu coração quase estourando fora de seu
peito. Nettle estava ali, de pé a poucos centímetros dele e estava gritando em plenos pulmões.
—Nettle, cale-se. Bom Deus, homem, qual é o problema?
—Oh, meu Lorde, o senhor tem que me ajudar, rapidamente, rapidamente! Aquele louco estará
aqui em apenas um momento e eu sei que está carregando um machado por cima do ombro e quer
cortar minha pobre cabeça do meu pescoço. Por favor, você precisa me ajudar, meu Lorde.
E Nettle se enfiou debaixo da cama de Lorde Beecham.
Não mais que dois minutos depois, Flock apareceu na porta agora aberta para o quarto de Lorde
Beecham. Ele não estava carregando um machado sobre o ombro. No entanto, ele tinha uma arma em
sua mão direita, e havia uma expressão muito determinada em seu rosto.
—Onde está o pequeno rato, meu senhor?
Lorde Beecham disse suavemente, —Flock, você sabe que horas são?
—É um bom momento para aquele pequeno bastardo que o senhor emprega como seu criado para
atender o seu criador, a quem eu acredito ser um demônio.
—Flock, saia do meu quarto.
—Nossa, Flock, você vai parar com isso agora ou eu vou mandar você para a minha pousada e o
disciplinar com todos os meus rapazes de lá.
— Srta. Helen, —Flock disse com grande dignidade, o que era difícil, pois Helen se elevava
sobre ele, —o valete de sua senhoria, um homem sem fibra moral alguma, estava beijando Teeny nos
degraus do fundo. Ela estava mesmo carregando um balde de água quente para você, Srta. Helen. Ela
ainda estava carregando o balde enquanto retornava os beijos do salafrário. Eu o devo matar, Srta.
Helen.
—Eu não o vejo aqui, Flock, —disse Helen. —Você perturbou a sua senhoria, que, lhe devo dizer,
esteve trabalhando até muito, muito tarde na última noite.
—Não foi tudo trabalho, —sua senhoria disse.
—Em qualquer caso, você o acordou por causa de todo esse melodrama. Vá embora, Flock. Você
quer que eu o discipline, de uma forma que você não vai gostar de todo?
A arma na mão de Flock balançou um pouco. Finalmente, ele sussurrou, —Não, Srta. Helen. Seu
rapaz do estábulo da pousada me contou o que você fez com ele, depois que tinha começado uma
briga com o primo do açougueiro e deixou sangrando o seu nariz.
—Bom. Pior vai acontecer com você se não me der essa maldita pistola imediatamente, e ir ver o
café da manhã de Lorde Prith. Você sabe quão faminto ele é às sete horas da manhã. Se você não se
apressar, ele já pode estar esperando por você para torcer seu pescoço.
—Sim, Srta. Helen, mas não estou feliz com isso. Já avisei aquele pedaço de bacalhau, você sabe
disso. Se ele acredita que pode seduzir a minha Teeny sem retribuição, eu estou perdido.
—Eu vou falar com Teeny, Flock. Vou descobrir o que está acontecendo aqui, e eu vou lhe dizer
quando tiver toda a informação que preciso. Você não vai estar perdido. Vá embora agora.
Uma vez que Helen tinha fechado a porta atrás de Flock e colocou a pistola sobre uma mesinha no
quarto, ela olhou para Lorde Beecham, que estava sentado em sua cama, as cobertas até a sua cintura,
o cabelo despenteado, e ela gritou: —Nettle, você vai se mostrar imediatamente, ou será pior para
você.
Nettle se arrastou para fora de debaixo da cama de Lorde Beecham.
—Um excelente esconderijo, —disse ela. —Mesmo Flock, no seu mais feroz estado, não teria
coragem para espiar embaixo da cama de Lorde Beecham. Venha aqui e se sente.
Lorde Beecham, nunca antes, tinha sido despertado com uma comédia tão maravilhosa. Ele se
recostou contra seus travesseiros, cruzou os braços sobre o peito, e se preparou para ser entretido.
—Está certo, se limpe. Vejo que terei de falar com a Sra. Stockley. Sujeira e poeira debaixo da
cama. Ela provavelmente vai mastigar o ouvido da empregada sobre isso. Agora, Nettle, está bem o
suficiente. Se sente —Ela apontou para uma cadeira não muito longe da cama de Lorde Beecham.
Nettle sentou, mas ele não estava olhando para Helen, ele estava olhando para além dela, para a
porta do quarto.
—Por que você estava beijando Teeny na escada dos fundos quando ela estava carregando um
balde de água quente?
Nettle cruzou as pequenas mãos brancas sobre o peito. Ele olhou com alma, ou bilioso,
dependendo do olho que o estava vendo. —Eu estou apaixonado, Srta. Helen, —ele anunciou, em
seguida, depois de definir o seu palco para a sua satisfação.
Helen disse: —Qual é o seu último nome, Nettle?
—É Nettle, Srta. Helen.
—O seu primeiro nome, então?
—Bloodworth, Senhora. Bloodworth Nettle.
—Você está brincando.
—Não, senhora. Era o nome da minha mãe antes de casar com meu pai e se tornar uma Nettle.
A voz de Helen era fraca. —Isso faria Teeny e Bloodworth Nettle. Coça a barriga.
Lorde Beecham abalou com o riso. As cobertas caíram ainda mais baixo. Helen olhou
resolutamente para longe. Ela precisava resolver este problema. —Eu o tento chamar um pouco de
sangrento quando falo com ele, —disse Lorde Beecham.
—É isso mesmo, minha senhora. Sua senhoria me chama Nettle ou sangue de canalha ou
babuíno sangrento. Algo nessa linha, a senhora compreende.
—Sim, eu compreendo bastante.
—Seria simplesmente Teeny Nettle, senhora.
—Não, Teeny é muito sensível. Há muito sangue nos nomes. Isso nunca vai dar certo.
Lorde Beecham comentou para ninguém em particular, —Há também a questão da Teeny se
tornando conhecida como uma pequena erva daninha.
Ela ignorou isso. —Quantos anos você tem, Nettle?
—Tenho apenas trinta e cinco anos, Srta. Helen.
—Flock tem trinta e oito anos, —ela disse, e suspirou.
—Não há muita diferença —disse Lorde Beecham. —O que uma menina grande e pobre pode
fazer?
Helen disse enquanto caminhava até a porta do quarto, —Eu vou apresentar Teeny para Walter
Jones, o jovem que trabalha na loja mercantil de seu pai em Court Hammering. Ele tem apenas vinte e
dois anos, e não tem nenhum nome estranho.
—Oh, não, Srta. Helen! Não faça isso, Srta. Helen!
Nettle saltou aos seus pés. Flock abriu a porta do quarto, quase derrubando Helen, literalmente,
contra a parede.
Lorde Beecham saltou para fora da cama, completamente nu.
Helen se virou para olhar para ele, piscou, então decididamente se virou de novo. Lorde Beecham,
—ela gritou por cima do ombro, —Retorne à sua cama. Eu já tenho coisas demais em minhas mãos.
—Ela virou para os dois, ajeitou a saia, e colocou um dedo no valete de Lorde Beecham e no
mordomo de seu pai. —Eu tive o bastante disso. Nenhum de vocês nunca vai ganhar Teeny. Flock,
seu nome simplesmente não vai dar. Teeny Flock é impossível. Ela não pode ser uma pequena Flock.
—Para você, Nettle, além de Teeny ser uma pequena erva daninha, o seu nome não vai fazer nada.
Como um casal, ela seria Teeny Bloodbane, e você seria Bloodworth Nettle. Isso não vai funcionar.
—Como eu disse sua senhoria aqui, há muito sangue correndo. Agora, você pode ir mudando de
alvo. Teeny Jones soa maravilhoso e é o que será. Teeny e Walter Jones. Eu também decidi que
ambos são muito velhos para Teeny. Walter é mais certo. Agora, você dois podem sair daqui.
—Er, Srta. Mayberry, pode o meu criado permanecer e me ajudar?
—Você é um homem adulto, Lorde Beecham. Nunca entendi por que um homem crescido não pode
ajudar a si mesmo —E a sua Teeny?
—Você, Senhor, não têm noção de como é ter botões por toda a sua volta. Agora, fora daqui,
Flock. Você pode permanecer no momento, Nettle, mas não mais correndo para debaixo da cama de
sua senhoria. Você vai manter um mínimo de dignidade.
Com isso, Helen saiu do quarto, suas saias de musselina azul-claro dançando em torno de seus
tornozelos.
Lorde Beecham cruzou os braços atrás da cabeça. Ele olhou para seu criado, que parecia estar à
beira das lágrimas. —Eu não acredito que já tenha sido tão entretido, às sete horas da manhã. Me
traga água para o banho, Nettle. Não chore, rapaz, você vai superar isso, em breve. Você não viu a
empregada lá embaixo?
—Não, meu senhor. Eu duvido que eu a pudesse ver, mesmo se eu olhasse diretamente para ela,
não com todas as lágrimas do meu coração partido enchendo meus olhos.
Lorde Beecham revirou os próprios olhos.
Na mesa do café com Lorde Prith, Lorde Beecham ainda conseguiu evitar beber uma mistura
nociva de suco de maçã e champanhe, mas ele assistiu Lorde Prith beber vigorosamente um copo.
Lorde Prith ruminou um momento, então admitiu, —eu devo dizer, essa mistura iria enviar um aviso
para o fígado de um homem. O que você pensaria de uma mistura de vinho de sabugueiro e
champanhe?
Lorde Beecham quase mentiu.
Capitulo 13

O teto da caverna era tão baixo que tanto Spenser como Helen tiveram de se curvar. Helen,
liderou o caminho, segurando uma lanterna na frente dela, e disse por cima do ombro, —O chão
desce por mais alguns passos. Então, podemos nos levantar, completamente.
Spenser odiava cavernas, as evitou como a peste, desde que ele tinha nove anos e uma jovem
vizinha tinha se perdido em uma, e ele teve que a ir encontrar. Seus gritos ecoando, como respirações
de almas torturadas, coberto com o ar frio e úmido da caverna, ficaram para sempre gravados no seu
cérebro.
—Como é o tamanho da caverna? —Sua voz soava oca, como os ecos dos sons até que suas
palavras se dissolveram ao longo da caverna. Ele se perguntou se sua voz seria mesmo reconhecível
em mais alguns passos.
—Outros seis metros ou mais. É como um longo pedaço de pão. Não há nenhuma sala. —Ela
parecia muito desapontada. Quanto a Lorde Beecham, ele estava mais aliviado do que poderia dizer.
A menina tinha se afastado para uma sala ao lado e foi onde a tinha encontrado anos atrás, encolhida
debaixo de uma borda estreita. A não mais do que meio metro da menina havia um esqueleto, algo
que ele duvidava que algum deles iria esquecer, para o resto de suas vidas. As desbotadas roupas
esfarrapadas, de excelente qualidade e de pelo menos cem anos de idade, que ainda pairavam sobre
esses ossos, eram tão velhos que se desintegraram completamente, quando os homens os recolheram
para o enterro.
Não estava tão úmido e pegajoso nesta caverna porque era menor, mas ainda assim, dentro, era
mais negro do que os sonhos de um vilão.
Helen fez uma pausa na frente dele. Ele a viu inclinar a cabeça na luz cintilante da lanterna,
como se ela estivesse ouvindo algo. Ele parou. Ele podia ouvir seu coração bater, tal como tinha
acontecido tantos anos antes. A batida era ensurdecedora.
—Não é nada, —ela gritou, apenas morcegos se acomodando. —Ela continuou em frente, a
lanterna erguida.
Morcegos, pensou, ele sempre quis saber sobre as coisas para as quais os homens não tinham
explicação. Como morcegos conseguem ver no escuro? Se lembrou que Sir Giles Gilliam tinha
conhecido a resposta para muitas coisas, mas ele não sabia nada sobre morcegos. Ninguém em
Oxford sabia muito sobre morcegos.
O chão estava inclinado para baixo agora. Mais dois passos e ele poderia estar em linha reta com
um bom meio metro entre o topo de sua cabeça e o teto da caverna.
Helen parou. Ela se abaixou e colocou, cuidadosamente, a lanterna no chão ao lado dela. Depois
de uma grande tempestade, eu estava explorando aqui. Você pode ver que a parede cedeu,
derramando um monte de sujeira e o barril. —Sua voz era baixa e profunda, e o eco distante a fez
soar misteriosa, talvez nem mesmo deste mundo. Sua pele ficou fria. Ele disse em voz alta: —Os
ecos, mesmo aqui, quando falamos em voz baixa, muito próximos um do outro, eles se espalharam
por todo o meu cérebro. Eu acredito que estou me tornando místico, Helen. Talvez, em breve, vá
começar a cantar em línguas estranhas.
Ela olhou para ele, o brilho da lanterna tornando o rosto parecido com uma máscara mortuária de
gesso branco. —Eu sei. Cavernas me fazem sentir da mesma maneira. Quando estou sozinha, eu
costumo cantar, então não me assusto muito. Quando não estou tremendo de medo, fico rindo de
mim mesma.
—Eu vou ter que tentar isto. —Lorde Beecham desceu ao lado dela. —Então a tempestade sacudiu
algo solto e enviou o barril para fora da parede. Olhe para isso. —Pressionado contra a parede da
caverna estava uma pequena saliência, não superior a trinta centímetros e meio fora da terra. —É
perfeitamente plana, e isso significa que alguém esculpiu este plano para segurar algo. —Agora que
olhou mais de perto, ele acrescentou: —Não, a borda não era natural para esta caverna. Eu acho que
talvez, algumas pessoas construíram a borda aqui, especificamente para manter esse barril e, em
seguida, mudaram de ideia. Muito exposto, é melhor o esconder, enterrar na parede da caverna. E
eles deixaram a borda, por que não?
Havia duas placas estreitas de pedra que sustentavam a borda.
—Meu Deus! —Helen disse de repente, quase caindo de surpresa. —Eu não tinha notado isso
antes. —Ela pegou a lanterna e a segurou perto. Ela tirou um lenço do bolso do casaco e começou a
limpar a pedra. —Esculturas, Spenser, ou uma escrita de algum tipo.
Ele desceu ao lado dela. Enquanto ela segurava a lanterna, ele pegou o lenço e terminou de tirar
o cascalho e a areia até que as letras gravadas mostraram profundas e bem cinzeladas. Bem,
agora,
—disse ele lentamente, —Isto não é certamente Pahlavi ou Latim. —Ele se virou para olhar os olhos
dela sombreados.
Ele disse: —É francês antigo.
—O francês de Eduardo I? —perguntou.
—Ah sim.
—Mas um momento. —Helen colocou a lanterna no chão e enfiou a mão no bolso do casaco.
Desta vez, ela tirou alguns papéis atados com uma fita e um pedaço de carvão envolto em um pano
branco.
—Você está sempre tão preparada, Helen?
—Eu tento, —disse ela, e lhe deu uma olhada rápida. —Eu tinha pensado, que talvez, mais tarde,
eu iria lhe chamar para ir a praia, onde tem uma piscina feita pela maré.
—Eu gostaria, —disse ele. Ela olhou para baixo, em seguida. Ela estava possivelmente
envergonhada porque seu nível de habilidade não ser suficiente? Ele ficou satisfeito, muito satisfeito.
—Nu. Talvez em pé com as mãos nos quadris, olhando para o mar, a piscina com a maré que flui
sob seus pés descalços. O que você acha?
Ele olhou para ela, hipnotizada. —Fique quieta. Eu prefiro que você retire as minhas botas.
Ela estava sorrindo quando alisou um pedaço de papel almaço na borda. Ela segurou o carvão,
esperando para ele traduzir.
—As palavras estão escritas em cima, umas das outras. Esta não será fácil. —Ele leu lentamente,
traduzindo enquanto lia, —'Ele é abençoado ou não é nada. É aqui e ainda não está aqui. É a luz de
sua aurora.' —Ele fez uma pausa e franziu a testa.
—Sim, —Disse ele, olhando para essa palavra, —diz "seu amanhecer, e 'não' a
aurora." Helen foi puxando a manga. —Depressa, Spenser.
Deixe que pense um momento. Ah sim. "Ele é poderoso, mas não pode ser provado. É algo
diferente, mas ninguém sabe o que. Seja qual for as verdades que detêm nós não as entendemos.
Tememos o seu poder. Nós o enterramos e rezamos para que seu espírito sobreviva. Se for mal, além
disso, oramos para que ele viaje de volta para o inferno”.
Spenser olhou para cima. —Isso é tudo. Acho que é o máximo que consigo, terminou?
—Só um momento, um pouco mais. Agora, deixe que tome alguns momentos e anote o original
também.
Ele olhou para ela cuidadosamente copiando o francês antigo. Quando ela terminou, olhou para ele
e estremeceu. —Estou com frio. É de dentro para fora. O que isso pode significar? —Ele levantou
lentamente, e em seguida, lhe deu a mão. —Por que isso estava com o rolo de pergaminho?
Ele apenas balançou a cabeça.
—Onde está a lâmpada? Por que não estava a lâmpada aqui? Certamente este francês antigo fala
diretamente da lâmpada.
—Sim. Não há mais nada que se encaixe.
—Então onde está?
—Começo a pensar que o templário, que deu ao Rei Edward a lâmpada, a deu no barril de ferro
junto com o rolo de pergaminho. Eu não acredito que qualquer um poderia ter traduzido o pergaminho
naquela época. Eu acho que quando o Rei decidiu esconder a lâmpada, talvez pela insistência dos
clérigos, ele simplesmente a colocou de volta em seu lugar original, com o livro, em seguida,
enterrou o barril na parede da caverna. Ele fez alguém escrever nesta borda algum tipo de
explicação, algum tipo de raciocínio.
—Mas isso não faz sentido nenhum. Parece que era apenas um grande mistério para eles como é
para nós.
—Possivelmente. Mas talvez eles tenham entendido um pouco dele, o suficiente para ter medo.
Quem sabe? Dizem que a mente medieval era um labirinto com mais voltas e sombras do que a era
moderna pode começar a compreender.
—Ou, Helen, talvez alguém encontrou a lâmpada centenas de anos atrás e simplesmente a
removeu. Ele deixou o barril e o rolo para trás, porque não percebeu nenhum valor neles.
—Sim, —Ela disse devagar, —isso parece provável. —Ela parecia como se fosse chorar.
—Então a lâmpada está desaparecida, encontrada por alguém há muito tempo, talvez eliminados de
uma vez, e agora não há simplesmente nenhum vestígio disso.
—Não, eu poderia facilmente estar errado. A lâmpada poderia ter sido escondida em outro lugar.
Talvez o livro instrua que a lâmpada deve ser mantida separada dele. Isso significaria, então, que
alguém traduziu o livro. Se isso for verdade, então o deslocamento vai ter que falar isso. —Ele viu
que ela queria acreditar nele. Ele não tinha certeza do que ele mesmo acreditava neste momento.
Um enigma em francês antigo gravado em uma borda no fundo de uma caverna. E para fora da parede
da caverna, um pouco acima da borda, tinha caído um barril de ferro que segurava um rolo de
pergaminho com a escrita de antes do nascimento de Cristo.
Ele estava começando a sentir frio, a umidade da caverna atravessando suas roupas para sua pele.
—Nós não podemos acreditar em qualquer coisa ainda, Helen. Há um certo número de
possibilidades. Vamos descobrir a verdade, eu juro para você.
—Você é um excelente parceiro, —ela disse, e tentou sorrir.
Ele descartou a lâmpada de sua mente e levemente segurou seu rosto com a palma da mão. Três
semanas atrás, Srta. Mayberry, eu estava muito feliz absorvido em fazer não muito de qualquer coisa,
simplesmente desfrutando de todos esses pequenos prazeres deliciosos da vida. Então eu ouvi você
falar de disciplina para Alexandra no baile Sanderling, e minha vida saiu de meu controle.
—Lorde Beecham, —disse ela, toda severa e dura, —Eu sou a única que fiz amor seis vezes nos
últimos dois dias. Por favor, não me fale de vida saída do controle.
Ele riu profundamente, um som preto na escuridão úmida, que ecoou como chacoalhar de
demônios em torno de um fogo da meia-noite. Quando chegaram à boca estreita da caverna e deram
um passo para o sol, ele se virou para ela e limpou a poeira do rosto. —Quando eu me tornei o seu
parceiro, eu não esperava tal aventura.
—Eu sinto, —ela disse devagar, olhando para ele, —que a aventura está apenas começando.
Eles ficaram juntos por um momento no promontório ao sul de Aldeburgh e olharam para a longa e
estreita praia. A pequena caverna estava três metros abaixo deles, uma boca negra sombreada ao
lado dos escombros de um penhasco. Foi um pouco traiçoeiro chegar até lá, por causa de todas as
pedras espalhadas e da sujeira solta.
—É o lugar mais bonito na terra, —disse Helen. A maré estava subindo, as ondas quebrando e se
espalham cada vez mais alto na areia marrom suja. Rochas negras incontáveis, empilhadas em cima
umas das outras ou sozinhas, foram cobertas com plantas do mar, verde brilhante sob a sobrecarga do
sol da manhã. Havia pilhas espalhadas de troncos com algas tecidas dentro e ao longo dos galhos
quebrados e caules, como cordas verdes emaranhadas. Piscinas de maré rasas estavam cheias de
lapas, anêmonas Beadlet, caramujos, cracas, e esponjas, todos agarrados às pedras pequenas dentro
da piscina. Lorde Beecham se perguntou qual piscina que Helen queria sob seus pés, quando ela o
esboçou nu.
As gramas presas em pequenos maciços de dunas baixas de areia, juntamente com a palha de
cama, rosa e flores violetas que pareciam delicadas, mas pareciam tão duras como a sogra de um
homem. E a rosa dessas flores delicadas lhe lembrou a boca de Helen, e assim, ele olhou para sua
boca, toda suave, inchada e rosa, e ele tremeu.
Lorde Beecham respirou fundo e olhou para as dezenas de pássaros, principalmente o sanderling
que era um pouco mais lento do que seus irmãos. Em uma de suas corridas com as ondas, ele ia
perder. Ele assistiu e respirou o cheiro do mar, as algas secas, o perfume das flores silvestres, e ele
não olhou para a boca de Helen.
—Apenas olhe para os alfaiates, —Helen disse, apontando para várias aves sentadas entre as
palhas de cama e ononis. Longos, magros, bicos negros —Aqueles podem ir muito profundamente
para capturar os alimentos. Veja como eles aparecem no final? E há tantas gaivotas de cabeça preta
aqui. Acima de tudo, eu amo assistir os maçaricos pulando ao longo da areia, correndo dentro e fora
da água.
De alguma forma, ele não estava surpreso. Mas não disse nada, apenas ficou olhando para todas
as aves. Havia mais tipos do que poderia começar a contar, todos eles com fome, todos eles gritando,
chorando, gritando, piando. Ele observou alguns pequenos ostreros e maçaricos cinzas acelerando
para uma entrada rápida em uma onda. A água emplumou mais rapidamente desta vez do que o tempo
anterior, e o maçarico branco que ele estava observando, perdeu a corrida. Ele ficou encharcado e
quase cambaleou.
—A sede da minha família, —Lorde Beecham disse, —como eu já te disse, é Paledowns, perto da
costa em North Devon. Nos penhascos de lá, você pode olhar para Lundy Island. Há mais pássaros
acoplando lá do que você pode até mesmo começar a contar. Eles cobrem o céu durante a primavera.
O papagaio do mar é favorito desde menino e tordas-mergulheiras e rissas, tantos tipos diferentes,
todos eles adornos e barulhentos. Se eles não estão gritando uns para os outros, eles estão voando
sobre quem deve estar fora, Seu ruído é ensurdecedor, e, naturalmente, você está correndo para se
esconder. É um momento fascinante do ano.
—Eu nunca fui a Devon. Onde está Paledowns, exatamente?
—Entre Combe Martin Bay e Woody Bay, pela aldeia de Bassett. As falésias do mar estão
cobertas com corvos-marinhos de crista e cormorões. Há dias em que me lembro de que, quando
criança havia tantos fulmars mergulhando e girando numa sobrecarga, que você não podia ver o
céu. Apenas fulmars deslizando e mergulhando, e mesmo quando iam embora você não podia ver o
céu porque outros se mudaram para tomar o seu lugar.
Ela estava olhando para ele como se fosse um estranho para ela. Ela disse lentamente, olhando
para a sua boca, ela não sabia o porquê, mas sua boca a agradou —Eu não tinha imaginado que seria
tão familiarizado com pássaros e tal. —Ela encolheu os ombros. —A pessoa pensa em um
cavalheiro e tem imagens de uma pilha de cartas de jogar, uma garrafa de conhaque e um colete
desabotoado.
—E um nariz vermelho? Talvez uma mulher debruçada sobre ele, seus seios quase caindo fora de
seu vestido?
—É a imagem mais provável.
Ele supunha que era justo. Um homem de seus hábitos proclamados não estava necessariamente
dando muito crédito por ter horizontes expandidos. —Helen, um homem que é um amante notável
pode apreciar outras coisas também. A vida não é só bebidas, as cartas de jogo e a pele macia das
mulheres.
Ele a tinha silenciado por um momento, ele viu isso, e lhe agradou. Ele olhou em direção a um
pequeno grupo de gansos-de-rosa que não conseguiam decidir onde ficar: na areia molhada ou subir
até o topo do penhasco. Mesmo os gansos tinham que ter um líder, e então ele disse: —Uma mulher,
mesmo uma mulher forte como você, Helen, precisa de um homem para a ajudar nos buracos nas
estradas da vida.
Ela olhou para ele, com a cabeça inclinada para um lado.
Ele apontou para cima. —Veja os gansos, agora subindo em uma formação quase perfeita. Bem,
eles precisam de um líder para chegar a qualquer lugar. O mesmo acontece com uma mulher. Ela
precisa de um homem. Foi isso que eu quis dizer.
—Se eu pudesse voar, —ela disse, protegendo os olhos com a mão e olhando os gansos, —Eu não
iria precisar de coisa alguma. Mesmo sem um líder, eu seria livre.
Ele olhou de novo para a boca macia e disse: —Talvez. Para ser sincero, um homem prefere ficar
na cama com uma mulher, em vez de filosofar sobre gansos precisando de líderes ou estudando os
hábitos alimentares de petrel da lixiviação. No entanto, quando o homem —como eu —é muito
inteligente, então pode fazer muitas coisas ao mesmo tempo, todas elas bem. Liberdade de uma
mulher, Helen, está em ser conduzida por um homem como eu.
Helen se abaixou, puxou uma papoula amarela, e a atirou para ele.
Ele pegou a pequena flor, sacudiu a poeira, e trouxe-a ao nariz. —Não é muito cheirosa. Para falar
a verdade, eu preferiria estar respirando o seu perfume enquanto beijo seu ventre branco.
Ela se afastou dele, e imaginou muito corretamente que o queria esmagar, mas, mas se controlou,
dizendo enquanto apontava, —Preste atenção, Lorde Beecham. A terra se achata ao sul de nós. Há
pântanos salgados que são cobertos com aves pernaltas na maré baixa, estuários que serpenteiam
dentro e fora da terra baixa, muitos trechos com mau-cheiro onde a água está represada por longos
períodos de tempo. Eu duvido que você gostaria de receber esse perfume particular. Mas por aqui
temos uma linha costeira mais interessante. Ela abriu os braços. —Tenho muito dessa terra.
Não valia muito a pena, pensou ele, mas não se importaria de a possuir, quer, apenas por sua
beleza incrível. Ele disse: —Esta terra é como o lírio bíblico do vale, Helen, que não fornece
comida nem uma maneira de a cultivar. Não há terras aráveis, não há lugar para construir casas, nem
pastagem digna de ovinos ou bovinos, apenas as vastas extensões de grama marrom, trepadeira mar-
de-rosa, e as dunas cobertas com primores amarelos.
—Eu comprei porque eu sei que a lâmpada está aqui, em algum lugar.
Ele assentiu. Talvez ele teria feito a mesma coisa. Ele assentiu. Talvez ele tivesse feito à mesma
coisa. A única coisa era que qualquer um poderia entrar nesta terra e procurar. Não havia cercas,
mesmo que as cercas não fizessem qualquer diferença para um caçador de tesouros.
—Há até mesmo algumas ricas orquídeas cor de rosa do pântano que aparecem aqui e ali, —disse
Helen. —Você não iria gostar se eu jogasse as orquídeas do pântano em você. Mas, principalmente,
como você pode ver, há apenas as duras floras telhas verdes que cobrem quase tudo. Sim, este é o
meu lírio bíblico do vale. Eu não espero que ele retorne nada para mim, só a lâmpada.
—É uma grande expectativa.
—Apenas a busca faz valer a pena, —e ele acreditou. Na verdade, seria o que valeria a pena para
ele também. Ele a viu colher uma flor de seu tronco. —É camomila selvagem, —disse ela, se
endireitando. —Apenas sinta o cheiro dela, Lorde Beecham. A Sra. Stockley faz um chá maravilhoso
com ela.
—O cheiro não é ruim, mas, por outro lado, não é você.
Será que a mão tremeu com suas palavras um pouco? Provavelmente não. Ela disse, —Lorde
Beecham, você vai me atender. Agora é um desses momentos inesperados em sua vida quando deve
sintonizar sua mente brilhante para algo que não sejam seus assuntos de paixão carnal.
—Você quer que eu esqueça a carne branca e macia por trás de seus joelhos?
—Você nunca conheceu a carne branca e macia atrás dos meus joelhos.
—Verdade, eu tenho sido muito frenético, também enlouquecido com a luxúria, e, negligenciado
assim os deleites menos dramáticos, contudo ainda completamente deliciosos que você tem que me
oferecer. —Vou tentar encontrar mais controlar da próxima vez. —Ele pegou a mão dela e não
pode evitar. Ele olhou para sua boca. —Mas o problema, Helen, é que eu quero estar dentro de você
imediatamente. Eu quero estar tão profundamente dentro de você, que quando se apertar em torno de
mim, eu sinto que voarei distante e não há coisa mais maravilhosa na vida para fazer além de voar
dentro de você. E suas longas pernas, Helen, em torno de meus flancos, me apertando. E pouco antes
de você gritar seu prazer, gostaria de beijar aquele pulso batendo selvagem em sua garganta.
—Você é muito fluente com as palavras que criam imagens muito vivas, mas eu não o estou
ouvindo, Lorde Beecham. As palavras que você acabou de dizer voaram para longe em asas de
pássaros, assim, para mim, elas nunca sequer existiram.
—Não haverá próxima vez. Tenho pensado. Você vai ser meu parceiro, nem mais, nem menos.
Qualquer outra coisa não faz sentido. Estou falando sério sobre isso, Lorde Beecham. Agora, é hora
de voltar para Shugborough Hall. É hora de almoço, e depois, então, o tempo para trabalhar.
Ele delicadamente acariciou sua bochecha, colocou um pouco de cabelo escapado atrás da orelha,
e se inclinou para um breve beijo. Isso quase o desfez, mas não completamente.
Ele recuou, sorriu para ela, acariciou sua bochecha, e assobiou enquanto se afastou dela.
—Você precisa de disciplina, —ela o chamou, seu cabelo chicoteando em sua boca.
Ele se virou e lhe lançou um olhar longo e pensativo. —Disciplina, se distribuída por um
especialista, é uma coisa muito boa, Srta. Mayberry. Talvez eu deva reconsiderar ter uma
competição com você. O que você acha? Você poderia conceber algo perto do que eu,
eventualmente, vou fazer com você?
—Você vai provavelmente levar um tiro antes que isso possa acontecer.
Ele riu com gosto. Estava começando a lhe parecer familiar agora, essa coisa de riso. Ele gostou
bastante. Isso fazia seu interior se sentir quente e, de alguma forma, mais ligado a algo fora de si
mesmo. Isso trouxe alguma mais para perto dele, e seja lá o que for, ele gostou.
Helen estava preparada para o deixar no desvio para Shugborough Hall. —Eu preciso encontrar
Walter Jones, o jovem que vai se casar com Teeny. Além disso, eu preciso ver se todos os meus
rapazes estão fazendo seu trabalho corretamente e se a Sra. Toop está controlando Cook e Gwen. Vou
estar em casa logo.
—E se os rapazes forem vagabundos?
—Eles vão se arrepender. —Ela parou por um momento, então lhe deu um sorriso de olhos
lânguidos que o fez, instantaneamente, correr mais do que uma cabra olhando para a primeira grama
da primavera. —Eles sabem tudo sobre punições, Lorde Beecham. É raro eles não se atreverem a
executar seu trabalho. É somente quando há um boato sobre uma punição nova que fazem seus
trabalhos mal, apenas para ver o que é.
Seus olhos quase se cruzaram. Ela lhe deu uma pequena reverência e montou Eleanor, que estava
bufando e revirando a cabeça, para o oeste, em direção a Court Hammering. Sua risada flutuou de
volta para ele.
—Espere, —ele a chamou. —Eu desejo visitar esta sua pousada.
Capitulo 14

O mercado da cidade de Court Hammering era apenas a cinco quilômetros a leste de Orford e três
ao sul de Shugborough Hall. Se houvesse qualquer tipo de promontório elevado, ele imaginou que
seria capaz de ver o mar. Mas a terra era de colinas onduladas, carvalhos e bordos, e cercas de
pedra mais velhas do que os druidas.
Court Hammering não era particularmente uma bela cidade antiga, mas tinha um ar de satisfação e
durabilidade impassível, uma bonita e antiga igreja construída de pedra local cinza-claro, uma
pequena área verde com uma lagoa no meio e pelo menos três dúzia de aves de todos os tipos
estavam suspensas sobre os salgueiros que pendiam sobre a água. Não era uma cidade ruim, ele
pensou, para nutrir uma amante de disciplina.
Infelizmente, a Lâmpada do Rei Edward, a principal estalagem de Court Hammering, estava
atualmente invadida por um grupo de jovens turbulentos de Cambridge, indo para um moinho
aclamado que estava sendo mantido perto do caminho de Braintree. Eles também estavam ali para se
embebedar na taberna de Helen, algo que não teria sido permitido se Helen estivesse presente.
Lorde Beecham viu o sangue em seus olhos quando ela entrou na pousada. Ele estava sorrindo de
orelha a orelha e não podia esperar para ver o que ela faria.
A taberna era longa e estreita, de teto baixo, com vigas pesadas de madeira escura, um piso de
carvalho polido, e uma grande lareira de pedra. Havia quatro longas mesas com bancos e três mesas
menores com cadeiras, e uma fileira de janelas em toda a volta da sala. Havia uma porta aberta do
outro lado da taberna que dava para a cozinha.
Ela era aconchegante e quente, como o útero de uma mãe, a salvo dos perigos do mundo, o
refúgio de um homem. O ar era espesso com os ricos aromas, espuma de cerveja e pão assado.
Mas o que atingiu Lorde Beecham quando pisou na porta aberta foi o barulho ensurdecedor.
Quando ele estivera em Oxford, tinha agido da mesma maneira? Provavelmente, sim.
Um jovem estava de pé, em cima de uma mesa comprida, cantando a plenos pulmões, sua camisa
fora das calças. Outro jovem estava xingando a garçonete, enquanto seu amigo a tentava puxar para o
colo e colocar a mão sob a saia dela, ao mesmo tempo. Um rapaz muito pálido estava deitado, o
rosto sobre a mesa, talvez inconsciente. Dados estavam sendo jogados em outra mesa. Havia gritos
de triunfo e gemidos, quando o dado dava olhos de cobra, e uma febre geral de olhos arregalados da
juventude.
No breve momento após Lorde Beecham chegar à porta da taberna, ele poderia jurar que ficou
mais ruidosa.
Com qualquer outra mulher no mundo, ele teria ordenado que permanecesse no corredor enquanto
lidava com os jovens bêbados. Mas era Helen, e não havia qualquer outra mulher como ela no mundo
todo.
Ele sorriu, cruzou os braços sobre o peito, e viu seu passo adentrando na taberna. Por tudo o que
era bom e certo, pensou, ela ficaria magnífica com uma espada na mão. Mas, verdade seja dita, ela
não precisava de uma. Ela foi diretamente para o jovem que puxava a garçonete para o colo.
Helen parou bem na frente dele.
A garçonete, Gwendolyn, a viu primeiro e gritou mais alto que o barulho de vozes masculinas
jovens, — Srta. Helen, socorro!
—Eu estou aqui, Gwen. —Ela grudou na camisa do rapaz e o levantou. Ele derrubou Gwen, e
olhava boquiaberto para a deusa que o tinha pelo pescoço.
—O quê?
—Você, jovem bacalhau estúpido, —Helen disse calmamente, o puxou para fora do banco e o
empurrou contra a parede. Ela agarrou seu pescoço com ambas as mãos e bateu a cabeça dele uma
vez, duas vezes, contra a parede. Ela rapidamente recuou e o observou deslizar, lentamente, para o
chão, inconsciente. Ela disse para Gwen, que estava ajeitando o avental e o boné, —Vá buscar os
rapazes do estábulo. Precisamos limpar todas essas pequenas miudezas da taberna.
Ei, você, grandalhona, o que está fazendo?
Foi o jovem que ofendia a garçonete quem falou. Helen voltou para ele, agarrou as lapelas
grandes do casaco amarelo brilhante, e o colocou de pé. —Acho que os botões de seu traje são
muito grandes. Você precisa de um novo alfaiate.
—Eu paguei o salário do meu último trimestre por este casaco, —o jovem gritou no rosto de
Helen. Eu sei que é o estilo nobre porque meu pai o odeia.
—Hmmm, —Disse Helen. —Entendo seu ponto de vista. Muito bem, então apenas reduza o
tamanho daqueles botões de prata.
O jovem olhou incerto e uns bons dez anos mais jovem. —Você realmente acredita que eles são
muito grandes?
—Eles o estão vestindo, e não o contrário, —disse ela, e percebeu que seu raciocínio estava
provavelmente muito confuso por causa da bebida, e então, disse: —Você é a cauda e suas roupas o
cão. —Ela se virou, em seguida, dizendo por cima do ombro: —O maldito faz você parecer
aborrecido. —Ela, então, se voltou para o resto dos jovens, muitos dos quais estavam apenas
olhando para ela, com os olhos turvos. Ela era tão grande e bonita, para não mencionar, uma
comandante. Ele podia imaginar que se perguntavam se não estavam sonhando, que tinham morrido e
ido para o céu dos vikings.
Lorde Beecham viu outro jovem, tão bêbado que foi francamente surpreendente que pudesse, até
mesmo, coordenar o suficiente para caminhar, mas ele conseguiu. Ele também parecia furioso, seus
traços nitidamente corados. Lorde Beecham não gostava disso. Ele deu um passo à frente, parou, e
disse calmamente: —Helen, atrás de você.
—Ah, sim, —ela disse, sorrindo para ele quando se virou lentamente. —Você quer dizer este
pequeno nabo com um rosto tão vermelho. Aposto que ele se parece com seu pai em um acesso de
raiva.
—Meu pai está morto —disse o jovem. —É a minha mãe. Ela fica mais vermelha do que eu
antes de voar em mim. Então, o jovem levantou os punhos e correu para ela. Helen suspirou e disse
em voz alta para a sala em geral: —Por que as crianças têm que repetir o comportamento horrível
de seus pais? Este sujeito provavelmente está bêbado demais para pensar. —Ela suspirou de novo.
Sabia que todos os outros rapazes estavam olhando, esperando para ver o que aconteceria. Quando
chegou perto o suficiente, ela se virou ligeiramente para o lado. Quando ele passou por ela, ela
bateu a mão em suas costas. Seu ímpeto, junto com o golpe o fez voar, e ele bateu na parede a não
mais de seis centímetros de distância de Lorde Beecham, que observou o jovem olhar fixamente para
ele, suspirar e cair desmontado no chão. —Ele não está mais vermelho, —disse a Helen.
Ela tinha a atenção de todos os jovens agora. Eles estavam olhando para ela, sem saber o que
fazer, uma vez que a sua inteligência estava anestesiada com muita bebida, mas eles sabiam o
suficiente para não a atacar. O jovem que estava cantando parou e começou a colocar a camisa de
volta em suas calças e se arrumar.
Helen, com as mãos nos quadris, ficou no meio da taberna. —Todos vocês ouçam. Vocês são um
bando de descerebrados. Suas entranhas estão inundadas com a minha muito boa cerveja, e é uma
pena, porque a minha cerveja merece melhores entranhas do que as que vocês, jovens malandros,
têm.
Lorde Beecham queria lhe dizer que tinha usado a palavra errada. Cada jovem queria ser chamado
de trapaceiro.
—Vocês todos vão sair desta taberna e ir para o pátio. Oh, sim, e levem estes dois que estão
descansando agradavelmente no meu piso de carvalho, com vocês.
Ainda assim eles ficaram simplesmente sentados ali, olhando para ela, incrédulos, Lorde Beecham
pensou, sobre o que tinha acontecido com dois dos seus.
Ele deu um passo à frente. —Fora! —disse ele, bastante agradavelmente. Infelizmente, ele se
lembrava muito bem de um certo número de ocasiões, em que tinha ficado igualmente bêbado e tão
turbulento. Querido Deus!
—Agora ouça aqui, senhor, nós...
—Ela tem o direito de pedir para darem o fora daqui.
—Eu ainda tenho direito a algumas cervejas.
—Ela tem todo o direito de fazer qualquer coisa que quiser com você, —Lorde Beecham disse a
outro jovem com o rosto vermelho, cujos olhos estavam mais vagos do que um homem perdido em
uma névoa. —Ela é Srta. Helen Mayberry. Ela é a proprietária desta pousada, assim como já disse.
Vão todos vocês agora. Ah, aqui estão alguns rapazes vindo para os ajudar a sair.
—Mas nós não queremos sair, —um jovem gritou, e ele se virou para Helen. —Eu posso sentir o
cheiro do pão assado e eu o quero comer.
Outro jovem disse: —Você pode ser maior do que eu, mas sei que a posso fazer cantar com
alegria, —e ele deu uma guinada em direção a ela, seus braços estendidos para a abraçar. —Eu
poderia ser mais ladino se você, apenas, me der mais da sua cerveja.
Helen simplesmente esticou o pé e o fez tropeçar. Ele caiu de rosto, e ficou por um momento,
então se jogou de costas, e piscou para ela. —Isso significa que você não me quer?
—Não, neste preciso momento, não. —Ela agarrou o colarinho da camisa dele e o arrastou para a
porta da taberna. Seus três rapazes estavam ali. —Peguem este jovem canalha espirituoso e o levem
para o pátio. Tratem-no com ternura, garotos.
O jovem estava gritando agora, —Não, eu a quero. Eu quero todo aquele cabelo loiro me
cobrindo. —Ele estava tentando agarrar Helen, lutando poderosamente, mas estava bêbado demais
para fazer mais do que cair de cara.
Os rapazes o levaram para o pátio gramado. Helen pegou um balde cheio de água. No momento
em que deixaram o jovem cair no chão, Helen jogou o balde de água sobre ele.
Ele uivou.
—Leve todos para fora, um de cada vez, —ela disse aos três rapazes.
—Eu não me lembro da última vez em que estava tão bêbado, —Lorde Beecham disse a Gwen; a
garçonete estava assistindo o jovem que a tinha maltratado sendo arrastado para fora por dois dos
rapazes de Helen.
—Pequenos salafrários é o que são, —disse Gwen. Spenser viu a garçonete marchar para Helen,
pegar outro balde cheio, e dizer, —Eu não estava pensando corretamente, Srta. Helen. Eu fui tola o
suficiente para ter medo. Agora eu posso ver que eles todos são jovens patéticos. Isso não vai
acontecer novamente. —Ela olhou para o jovem. —A próxima vez você vai perguntar à senhora
primeiro se ela lhe permite colocar a mão sob suas saias, —e ela jogou a água nele.
Ficou ali engasgando, tossindo, e gemendo, porque sua cabeça ainda doía por bater contra a
parede.
Em cinco minutos, onze rapazes estavam no pátio, esparramados no grande gramado ou no
caminho circular de cascalho, todos eles encharcados. Helen ficou de um lado e disse, em voz muito
adequada, disciplinando tanto que Lorde Beecham estava pronto para entrar em colapso de risadas,
e, ao mesmo tempo, quase se aproximando: —Vocês têm muita sorte de não ficarem doente em minha
taberna. Se algum ficasse, em seguida, sua disciplina seria grave, e não de todo agradável.
—Como eu disse, você teve sorte. Mas vou lhes dizer que gostei da canção desse jovem. Ele
cantou com o coração. O resto de vocês, no entanto, não me encantou. Vocês todos precisam de
disciplina. No entanto, existem muitos de vocês, e não há tempo suficiente para fazer isso
corretamente.
—Vocês vão permanecer aqui no quintal até que estejam sóbrios e suficientemente secos, para não
sujarem os meus adoráveis pisos. Vocês podem permanecer em minha pousada, se desejarem. Mas
haverá um limite de três copos de cerveja. Não mais. Quando vocês aceitarem quaisquer cervejas
futuras de Gwendolyn, vocês vão lhe agradecer educadamente. Se vocês se sentirem doentes, vão se
desculpar imediatamente, e vir aqui para o quintal. A taberna irá fechar exatamente à meia-noite.
Será que todo mundo entendeu?
Houve grunhidos, acenos e gemidos. O jovem que Helen tinha elogiado, abriu a boca e começou a
cantar novamente. Um de seus amigos jogou o balde de água vazio sobre ele.
Helen limpou as mãos, deu a Spenser um sorriso brilhante, e voltou para a pousada. Ela deixou
seus três rapazes guardando, permanentemente, o pátio gramado e observando os jovens, até
estarem sóbrios novamente.
—Helen, —Lorde Beecham disse, com admiração em sua voz, —O que fez foi realmente bem
feito. Foi inspirador. Você deixou todos com a virilidade coletiva intacta, mas, lhes deu uma boa
quantidade de coisas para o pensamento. Eu duvido que eles vão esquecer este dia, tão cedo.
—O meu pai me disse como lidar com os jovens quando comprei a Lâmpada do Rei Edward, há
seis anos. Eles não são ruins, apenas selvagens e jovens, e têm muito dinheiro. Eu tinha esquecido
esse moinho em Braintree. Se eu tivesse lembrado, estaria aqui para lidar com eles. —Ela ajeitou o
vestido, se voltou um pouco, e viu os olhos dele fixos em seus seios.
Ela disse: —Treze anos atrás você teria sido, talvez, um deles, Lorde Beecham?
Ele deu um sorriso lento. —Eu teria sido o único a cantar. E você teria tentado me seduzir.
E ela se perguntou, se talvez, ele não estava certo sobre isso.
Lorde Beecham passeou na pousada, enquanto Helen falava com a Sra. Toop, Gwendolyn, e seu
taberneiro, Sr. Hyde, que, Helen disse mais tarde, era um especialista fabricante de cerveja, mas,
infelizmente, também um covarde, choramingava quando alguém usava uma palavra mais dura para
ele, e se escondia atrás dos barris de cerveja, quando havia muita comoção e muitas vozes. Ele
ainda estava atrás dos barris de cerveja quando Lorde Beecham voltou para a taverna, se inclinou
sobre o bar e pediu uma cerveja.
Ele ficou impressionado. Tudo estava limpo, em bom estado. A pousada ostentava dois salões
privados, cada um com uma pequena lareira e janelas que davam para o pátio. A pousada não era
demasiado grande, embora, de dois andares, um estábulo para a esquerda, paralelepípedos que
cobriam o pátio exterior numa grande extensão. Havia uma espessa grama verde onde não havia
paralelepípedos, um olmo enorme entre a pousada e o estábulo, e flores em todos os lugares. Seu
pai
tinha dito que o estabelecimento de Helen era o melhor que havia em toda a área. O cheiro do pão
assando na cozinha fazia a sua barriga roncar.
Uma hora mais tarde, com a Sra. Toop pronta com uma frigideira, para o caso de que os jovens
não obedecessem às instruções de Srta. Helen, Lorde Beecham e Srta. Mayberry deixaram a
Lâmpada do Rei Edward e foram para o açougue. Helen conversou com o açougueiro e seu jovem
filho muito bonito, Walter. Quando ela saiu, estava sorrindo e esfregando as mãos.
—Eu o tenho, —ela disse a Lorde Beecham subindo nas costas de Eleanor. —Walter é um jovem
muito razoável. Ele irá tratar Teeny muito bem. Seu pai está encantado, apreciando que sua família
estará ligada com a minha através do casamento de seu filho com Teeny. “Teeny e Walter Jones” soa
agradável ao ouvido. Agora, podemos voltar aos negócios.
Ele se debruçou sobre o rolo de pergaminho Pahlavi até seus olhos estarem quase doendo com a
tensão. Eram quase cinco horas da tarde, hora do chá. Ele se levantou, se espreguiçou e foi para a
sala de estar.
Enquanto ele e Helen bebiam chá, Lorde Prith bebeu uma taça de champanhe e comeu uma torta de
framboesa deliciosa.
—Eu não sei sobre Walter Jones, —Lorde Prith disse, depois que Helen lhe contou suas
maquinações. —É dito ele ter aliviado, pelo menos, seis meninas jovens da sua virgindade no ano
passado.
Oh, céus, —Helen disse, e se engasgou com um bolinho. Lorde Beecham se inclinou e
levemente bateu em suas costas. Sua mão parou e olhou para a mão, que viu contraindo para a
acariciar. Ele resolutamente, pôs a mão sobre a coxa e bebeu mais chá.
—Ele é muito bonito, —disse Lorde Prith. —Eu não sei não, sobre esse casamento dele com a
nossa Teeny, Nell —Eu vou pensar mais sobre isso, pai. Obrigada por suas informações. Oh, céus,
acho que vou ter que acompanhar Teeny quando ela o conhecer, como sua acompanhante.
—Oh, não, —disse Lorde Prith. —Envie Flock com ela.
—Ele certamente protegerá sua virtude, —Helen disse, sorrindo. —Claro que ele provavelmente,
também enfiará uma faca entre as costelas de Walter Jones. Ela se virou para Lorde Beecham.
—Você está parecendo muito cansado, senhor. Gostaria de passear pelos jardins comigo?
—O gazebo, —disse ele. —Eu quero ver o gazebo.
Era uma bela tarde quente. Lorde Beecham sorriu pomposamente quando viu o adorável e pequeno
gazebo em cima de pequena subida, a leste do corredor. Helen ainda estava pensando sobre Teeny
com aquele jovem lascivo, a quem, não tinha absolutamente nenhuma dúvida, poderia tornar o mais
ardente e fiel dos maridos, ou teria visto aquele sorriso dele.
—O meu querido avô construiu o gazebo, —Lorde Prith dissera a Lorde Beecham antes,
enquanto consumiu dois copos de champanhe. —Ele dizia que minha avó gostava de se sentar lá e
ver os gansos grasnando, e de remar para um pouco além da lagoa, enquanto ela tecia a sua renda.
Mas eu não sei se isso era verdade. Você vê, sempre houve essa estranha espécie de sorriso em seu
rosto quando falava sobre o gazebo.
Sim, pensou Lorde Beecham, tomando a mão de Helen para a puxar mais rapidamente para o
gazebo. Fazer renda de alguma espécie era exatamente o que Srta. Mayberry precisava.
Capitulo 15

Tudo o que Helen queria falar era sobre o pergaminho Pahlavi e as palavras de francês antigo que
tinha copiado da borda na caverna. Ou seja, era tudo o que ela poderia falar até que ele a puxou
contra ele e a beijou, com as mãos em seu quadril, a amassando, a pressionando contra ele, com
força. Ele não tinha que a levantar, ela se encaixava perfeitamente nele. Ele quase engoliu a língua.
Nem sequer lhe ocorreu que não estava se comportando como, normalmente, fazia com uma
mulher. Ele teria ido devagar, tranquilamente, seu charme transbordando, sua inteligência suave e
fluente, seus beijos profundos e intoxicantes. As mãos do mestre a estariam tocando em todos os
lugares, testando, avaliando o que a agradou mais, até que ela ficasse selvagem e pronta, e tão
ansiosa para chegar ao seu prazer que estaria exausta, antes de ele conseguir se superar.
Mas não com Helen. Ele estava gemendo em sua boca, beijando sua mandíbula, o nariz, de volta à
boca, profundamente, em seguida, a provocando com a língua, e suas mãos estavam por toda parte,
áspero e rápido, e então ele a empurrou de volta para a chaise que havia no gazebo, ergueu seu
vestido, e quase perdeu sua semente com a visão daquelas longas pernas brancas. —Eu simplesmente
não posso lidar com isso, Helen, —disse ele, imaginando como ainda conseguiu colocar essas
palavras juntas em uma sequência lógica. —Eu sou apenas um homem. Eu não posso lidar com isso.
—Não, —Ela disse. Não, eu não posso. Depressa Spenser, oh, por favor, depressa. —Ela estava
tentando desabotoar as calças, e ele bateu nas mãos dela. Desta vez, ele queria, pelo menos, puxar
as botas. Ele conseguiu isso, mas por pouco.
Ele estava em cima dela, empurrando as pernas abertas, se achando entre elas, respirando tão
forte, que sabia que seu coração iria explodir fora de seu peito. —É, já faz muito tempo, —disse ele
em sua boca, —muito muito tempo. —Sua palma deslizou sobre sua barriga e pressionou logo
abaixo, e ela gritou, um grito de lamento fino que quase o quebrou. —Só um momento, amor, só um
momento, —disse ele mais e mais em sua boca, enquanto seus dedos estavam em sua carne macia e
sentiu o calor vindo dela, a flexibilização dela, a doação total de si mesma para ele, e começou a um
ritmo que era natural para ele, graças a Deus, porque ele estava, de alguma maneira, tão perdido, que
duvidava que pudesse ter percebido o que fazer, se não fosse como uma segunda natureza para ele.
Ela estava tensa, arqueando debaixo dele, e ele sabia, como um homem sabia sempre, em algum lugar
dentro dele, que ela atingiria seu prazer a qualquer momento. Ele queria estar com ela, não olhando
para ela, não a controlando, e por isso a beijou com força, recuou, e se chegou, plena e
profundamente, gemendo, porque era quase doloroso agora, esta necessidade urgente de seu, a
batida selvagem de seu próprio sangue, mais rápido, mais forte, o queimando com o seu calor. Todo
o seu corpo se apertou quando empurrou mais profundo, mais profundo do que até então tinha
pressionado contra seu ventre. Ele quase saiu de cima dela, arqueando e torcendo, quase os levando
para o chão. Ele os conseguiu trazer de volta. Quando seus músculos se apertaram ao redor dele, o
fazendo berrar com a agonia requintada dele, ele sabia que não podia segurar mais. Para seu delírio,
ele sentiu o seu prazer crescendo, sabia que ela estava estourando com ele e ele estava dando a ela, e
ele sorriu, enquanto jogava a cabeça para trás e gritava para as vigas no teto do gazebo.
Helen estava ofegante, ainda se retorcendo debaixo dele, ainda lutando contra ele, e ele sabia,
simplesmente sabia, naquele momento, que estava tudo acabado para ele. Quando, finalmente, ela
se acalmou, ele a beijou, e colocou seus dedos em seu cabelo bonito, o puxando, enterrando seu
rosto no dela, em seguida, o puxando para trás e mordiscando o lóbulo da orelha. Ele deitou
totalmente em cima dela, seu peso a pressionando contra a almofada da chaise macia. Ele finalmente
conseguiu se levantar nos cotovelos e olhar para ela. Isso foi tudo o que fez, apenas olhar para seu
rosto corado, os lábios entreabertos, a selvageria aterrada em seus olhos. E então, ela teve a ousadia
de tocar levemente os dedos em seu queixo. —Você tem uma covinha. Eu sempre gostei da covinha
do seu queixo.
E isso foi tudo. Ele prendeu a respiração e a começou a beijar novamente, e em um período
extremamente curto, ele estava se movendo dentro dela de novo, o que não foi o mais surpreendente
de todo. Ele a queria fazer durar mais tempo desta vez, e fez, pelo menos, um minuto mais, quando
estava em cima dela paralisado, e ela estava enlouquecida, tão frenética que parecia o querer de uma
só vez, assim como ele a queria. Quando seus dedos quentes a encontraram, ela gritou em sua boca,
seu hálito quente e feroz, e ele se derramou dentro dela.
—Eu quero você em cima de mim, —disse ele em seu ouvido quando pôde respirar. Ela não disse
nada, não que ele esperasse. Ela estava completamente relaxada debaixo dele, provavelmente
dormindo, pensou. Em seguida, ele simplesmente entrou em colapso, a cabeça ao lado da dela. Era
como se alguém tivesse batido a porta em sua cabeça, só que não doeu nada, e seu sono era muito
forte e profundo. Ele apenas piscou, a segurando firmemente, ainda profundamente dentro dela,
seus braços abraçados fortemente. Ele sentiu as mãos em suas costas, quentes, mesmo através de
suas roupas; ele percebeu, com alguma parte do seu cérebro, que apenas puxou as calças para baixo
e, que ainda estava com sua camisa e paletó.
Ele era um porco, mas iria pensar sobre isso mais tarde.
Ele acordou com o toque de uma língua molhada em sua orelha esquerda. —Spenser, —Ela disse,
depois o lambeu novamente. Ele se ergueu sobre ela, se equilibrando nos cotovelos e olhou para seu
rosto.
Ela parecia sonhadora, vaga e animada, uma combinação que o acendeu instantaneamente, sem
demora.
—Spenser, —Ela disse novamente, e quando ele se inclinou para beijar sua boca, para a provar,
se deleitar com ela, ela disse, —Eu vi fotos da mulher por cima do homem. Eu gostaria de
experimentar. Você não acha que sou muito grande, não é?
—Oh, não, —disse ele. —Mas não agora, Helen, ainda não. Sinto muito, mas eu simplesmente não
consigo. Eu sou um homem velho, Helen —E então, ele estava se movendo profundamente dentro
dela novamente, crescendo, cada vez ficando mais difícil, a cada momento, enquanto sua boca
estava na dela, e ela o estava mordendo, o lambendo, e seu mundo, mais uma vez, ficou fora de
controle.
—Vou morrer, —disse ele, quando finalmente os dois estavam respirando com dificuldade,
fortemente pressionados um ao outro, com o rosto apenas dois centímetros acima do dela, porque não
tinha força para subir mais. —Eu tenho trinta e três anos e vou morrer. Helen, eu posso ser um
homem de hábitos e experiências interessantes, mas isto vai além de qualquer coisa que já conheci na
minha vida. Estou cansado agora. Gostaria de dormir um pouco comigo?
Ela respirou fundo e fechou os olhos. Havia um leve sorriso em sua boca. Ele a beijou, em
seguida, mais uma vez, e então, eles estavam dormindo no gazebo de Lorde Prith.
Lorde Beecham acordou para perceber que o traseiro estava nu e ele estava com frio. Era
crepúsculo. Ele, lentamente, se soltou de Helen, pôs as suas calças e calçou as botas. Ele se levantou
e apenas a observou respirar. Suas pernas eram gloriosa, longas e brancas, elegantemente
musculosas, sua semente as manchavas, e ele gemeu com os sentimentos que o inundaram. Ele não
havia pedido isso. A vida tinha sido perfeitamente agradável.
É claro que a vida tinha sido agradável. O que ele tinha feito para a tornar desagradável? Ele
próprio tinha apreciado, feito exatamente o que queria fazer e quando queria. Ele não era cruel ou
mesquinho, mas era raro que visse as coisas além de sua agradável existência.
Ele olhou de novo para Helen.
Ela o queria como um parceiro. Ela queria encontrar aquela lâmpada condenada, mais do que
qualquer outra coisa neste mundo inteiro. Ele não duvidou, por um só momento, que ela queria a
lâmpada mais do que o queria, exceto nos poucos momentos em que eles se tocavam e se uniam
tão rapidamente, tão violentamente quanto uma tempestade de inverno num céu tormentoso de meia
noite. Ele tocou levemente a palma da mão em sua coxa. Lentamente, muito lentamente, ela
abriu os olhos. Ela não se mexeu, apenas olhou para ele. E sorriu. —Eu não cheguei a estar por
cima. —disse
ela.
Seus músculos quase entraram em espasmo. Tempo. —Eu juro que na próxima vez estará.
—Isso é muito —disse ela então. —Simplesmente, demais. Não pode continuar.
Ele tinha pensado a mesma coisa, reconhecendo a estranheza dessa imensa necessidade por ela,
tão diferente das outras mulheres que tinham entrado em sua vida. Mas, a ouvir realmente dizer as
palavras o feriram. Isso o fez ficar quase selvagem de raiva.
Ele levantou e tirou a mão da sua perna. E se endireitou. Sua voz estava mais fria do que um
gelado de baunilha delicioso do Gunther. —Você não sabe o que está falando. Claro que vai
continuar. É muito, mas vamos descobrir tudo mais cedo ou mais tarde. Mantenha estas conclusões
fúteis para si mesma, Helen. Prometi que da próxima vez você estará em cima.
Ela franziu o cenho para ele e inclinou a cabeça para um lado, o observando por debaixo de suas
pestanas. Em seguida, se sentou e olhou para si mesma. Ela disse sem expressão, sem olhar para
ele,
—Estou molhada. Muito molhada.
—Sim. —Ele lhe entregou o lenço e se virou para caminhar até a entrada do gazebo.
—Vou devolver o lenço para você amanhã.
—Sim, faça isso, já que eu imagino que você vai precisar dele novamente.
Ela não disse nada, apenas caminhou ao redor dele, descendo os degraus do gazebo, em toda a
vasta extensão do gramado e na entrada da biblioteca, no lado leste do corredor.
Ele não se moveu, apenas a observou. A princípio, os seus passos não eram tão firme, e ele sabia
que era por causa da tensão especial que ele tinha colocado em seus músculos, algo que ela não
estava acostumada. Ele sorriu. E percebeu algo mais, então. Esta mulher orgulhosa, muito
independente, lutava contra ele por tudo que ela valia a pena. Isso não pode continuar, o inferno,
pensou.
Nesse momento, ele percebeu que ele mesmo havia perdido toda a perspectiva sobre essa
situação.
Era uma luxúria poderosa, uma luxúria cuja força nunca tinha experimentado antes em sua vida. E
talvez isso fosse tudo o que era —luxúria, incrível, que poria um homem de joelhos em breve ordem,
ou simplesmente o mataria por excesso de indulgência.
Isso tinha que ser tratado. Ele sabia que não poderia lidar com nada enquanto ela estivesse ao
lado dele, ali, para poder fazer amor com ela, e não parar.
Ele tinha um pensamento profundo do que fazer e, talvez, a conclusão desse pensamento pudesse
acabar mudando o curso de sua vida.
O pensamento de ter uma esposa não congelou o sangue em suas veias. É estranho que não. Ele
tinha trinta e três anos. Ele pensava ter estabelecido um padrão para toda a vida até agora, mas,
Senhor, amar, ele não imaginara.
A vida o tinha visto chegando ao virar da esquina e bateu-lhe entre os olhos.
O que quer que tenha acontecido entre eles, várias vezes, e ainda mais várias vezes depois disso,
ele estava preparado para enfrentar de cabeça erguida. Ele simplesmente não o podia enfrentar com
ela em qualquer lugar nas proximidades. Ao a ouvir falar, olhar para ela, nada disso, tudo isso, o
transformou em um companheiro de pau duro sem pensar em nada, mas estar dentro dela e a ouvir
gritar seu nome, o apertar e estremeceu debaixo dele... ah, o prazer, profundo, quase doloroso prazer.
Ele havia prometido a ela que da próxima vez, poderia estar no topo. Ele quase engoliu a língua
com o pensamento e a imagem incrível que trouxe claros na sua mente.
Após Lorde Prith e Flock terem saído para o seu passeio à noite, quando Flock lamentava o seu
destino, ou seja, um futuro sem Teeny como sua esposa, ao mesmo tempo em que Lorde Prith saía
pela porta da frente ao lado dele, Lorde Beecham disse a uma Helen muito silêncios:, —Vou voltar
para Londres amanhã. Eu preciso ir ao Museu Britânico, falar com estudiosos de lá. Estou em um
impasse com o pergaminho.
Ela não gostou, ele podia ver claramente, mas do que ela não gostava, especificamente? —Que a
deixasse? Ela queria que ele ficasse com ela? Ele começou a brilhar.
—Eu não quero deixar o livro fora da minha vista, —ela disse, e suas entranhas se apertaram de
forma alarmante. O pergaminho danado. Ele parou de brilhar.
—Vou fazer uma cópia dele, —disse em uma voz cortante e fria, enquanto se levantava.
—Você é meu parceiro. Eu não o quero fora da minha vista.
Parceiro, ela disse, não o homem que ela tinha, de bom grado, cobiçado nove vezes em três dias.
Ele pensou, naquele momento, que simplesmente explodiria de raiva. E estava junto dela num
instante, suas mãos rígidas em torno de seus braços e ele estava tremendo. Não que ele a pudesse
abalar muito, porque ela era quase tão alta quanto ele, e forte. Mas ela não retaliou, apenas ficou lá e
o deixou tremer.
—Você não confia em mim, é isso?
—Não o conheço muito bem.
—Você, —ele disse, —fez amor comigo nove vezes em três dias. —Se sentiu ótimo só de dizer,
gritar na verdade, bem na cara dela. —Não me conhece? Jesus, Helen, você me conhece por inteiro
até meus dedos. Sim, eu consegui tirar minhas botas antes de cair sobre você esta tarde. Você acha
que eu iria roubar você, ou esse pergaminho miserável e ir embora para longe de sua vida? Roubar
de você?
—Eu sei que você é um homem apaixonado. Nisso, você é fiel à sua reputação. Como um
parceiro, tem sido soberbamente satisfatório, até agora.
—Mas?
Ela apenas balançou a cabeça. —É muito importante para mim, Lorde Beecham.
Mais importante do que eu? Ele queria perguntar, mas conseguiu manter a boca fechada. Ele
apertou os dentes, a deixou, em seguida, sem olhar para trás, e foi para seu estúdio. Ele passou a
hora seguinte copiando, cuidadosamente, o rolo de pergaminho. Ele o oleou novamente, alisando as
corcovas rachadas no pergaminho, em seguida, delicadamente, colocou a gaze sobre ele mais uma
vez. Quando saiu do estúdio, Helen estava no terceiro degrau da escada.
—Você quer que eu leve essa cópia ou
não? Muito lentamente, ela balançou a
cabeça.
Lorde Beecham deixou Shugborough Hall às seis horas da manhã seguinte, uma névoa úmida
deixando tudo acinzentado, com sua bagagem e seu criado Nettle com ele.
Capitulo 16

—Eu ouvi que você e o reverendo Mathers estiveram juntos, —disse o Reverendo Older para
Lorde Beecham duas semanas mais tarde, quando o encontrou em St. James Street, logo abaixo da
janela em arco do White. Ele se aproximou, olhou em volta furtivamente, para garantir que ninguém
os poderia ouvir, então soltou seu hálito quente, animado, no rosto de Lorde Beecham.
Lorde Beecham levantou uma sobrancelha. Ele não estava acostumado a um furtivo Reverendo
Older. Ele sentiu a emoção ondulando através do homem. O que estava acontecendo aqui?
—Não se se preocupe, meu rapaz. O velho Reverendo Mathers me contou tudo sobre este achado
de vocês —um rolo de pergaminho antigo escrito em Pahlavi, que fala de uma magia muito antiga.
Esta é uma maravilhosa coisa.
Naturalmente, Lorde Beecham pensou, que ele e o Reverendo Mathers tinham concordado em
manter tudo isso entre eles. Ele acreditara que o homem iria ficar em silêncio, na verdade, o
Reverendo Mathers tinha jurado, porque, como ele havia dito a Lorde Beecham, —este pergaminho
incrível, meu senhor, se torna vital para todos os miseráveis anos de mediocridade que conheci. Ah,
ele vai dar a todos nós, homens orgulhosos, modernas e surpreendentes visões sobre o mundo
antigo. Eu lhe agradeço de todo o coração. Não, senhor, ninguém nunca vai saber sobre isso de mim.
Lorde Beecham conhecia o Reverendo Mathers desde seus dias de Oxford. Um homem honrado,
um estudioso, um homem mais em sintonia com o passado antigo misterioso do que com o presente,
que achava sem imaginação e trivial. Lorde Beecham havia sido um tolo, e odiava a sensação de
profunda traição. Porque ele não era um homem de derramar suas entranhas no primeiro ataque, ou
mesmo no segundo; sobre o assunto, sua expressão permaneceu impassível, sua sobrancelha
elevada. Ele parecia levemente irritado. Mas seu coração estava batendo, acidentes vasculares
cerebrais lentos e profundos.
O Reverendo Older se inclinou, deu um tapinha na manga de Lorde Beecham e baixou a voz para
algo próximo a um sussurro. —Agora, não se preocupe, meu senhor. Nada disso vai além de mim,
Reverendo Mathers, e seu irmão. Você vê, o Reverendo Mathers não disse de bom grado para o Old
Clothhead, não; parece que o meu amigo fala em seu sono, quando está excessivamente animado ou
preocupado com alguma coisa. Old Clothhead disse que seu irmão falou de coisas estranhas e
mágicas e este antigo rolo velho escrito em Pahlavi, que contaria tudo sobre isso. Claro, Reverendo
Mathers teria me trazido isso, eventualmente. Eu sou reconhecido por meu conhecimento de velhos
mitos que têm um grão de verdade neles. Eu o procurei, meu rapaz, e estou aqui. Agora você pode
perguntar para o meu assistente. —O Reverendo Older, finalmente, se afastou da orelha de Lorde
Beecham e sorriu para ele.
—Sim, proponho que sejamos parceiros, meu senhor, —continuou ele. —Eu o posso ajudar de
maneiras que você nunca sonhou ser possível. Vamos explorar todas as possibilidades juntos. Agora,
me diga tudo sobre isso.
O homem falou em seu maldito sono. Lorde Beecham queria rir dos caprichos do destino, mas,
sua reação foi de um grande alívio, porque o Reverendo Mathers não o tinha intencionalmente
traído. E, aparentemente, ele não tinha dito tudo em seu sono, graças a Deus, que era por isso que o
Reverendo
Older estava aqui, agora, tentando sussurrar em seu ouvido. Ele sorriu para o Reverendo Older e
agradavelmente disse, —Não. Não há nada para contar. Isto é tudo uma invenção do Old Clothhead.
Você não o deve encorajar a beber tanto brandy.
Lorde Beecham raramente ou nunca tinha visto uma carranca no rosto do Reverendo Older. Havia
uma agora, aprofundando as linhas ao lado de sua boca. —Vamos, meu filho, você não deseja ser o
tímido aqui.
Sim, agora ele podia ouvir a frustração, a raiva crescente.
—Posso lhe ajudar. Eu posso fazer coisas incríveis para você. Agora, onde você se deparou com
o livro? Você não conseguiu traduzir tudo isso, ainda? Será que dá detalhes exatos sobre quaisquer
tipos de instrumentos mágicos ou objetos?
Graças a Deus o Reverendo Older realmente não sabia nada, apenas sobre o livro, mas não sobre
os detalhes. Mas, ele sabia sobre a magia, e por isso a ganância o estava empurrando. Foi uma
decepção, mas Lorde Beecham não estava indevidamente surpreendido. Seu companheiro raramente
mostrou honestidade, muito menos honra, clérigo ou não.
—Ah, —Disse Lorde Beecham, protegendo os olhos dos raios de um sol quase inexistente. —Eu
acredito ver Lady Northcliffe, logo ali na passarela, falando com seu marido. Peço que me desculpe,
Reverendo Older.
—Espere! Você deve falar comigo, meu senhor!
Lorde Beecham se virou lentamente, para o homem de quem sempre gostou, a quem sempre
admirou, um homem que, francamente, o divertia. —Não há nada a dizer. Não há pergaminho
estranho, nem nada ridiculamente mágico. Old Clothhead está queimando os fios. Você abordou a
pessoa errada. Nada disso tem a ver comigo.
—Mas Old Clothhead me disse que seguiu seu irmão porque ele estava agindo tão
misteriosamente. Ele disse que seu irmão se encontrou com você no Museu Britânico, em uma das
pequenas salas. Ele sabe quem você é, meu senhor. Agora venha, não me deixe de fora. Eu preciso
estar nisso, eu certamente preciso.
—Bom dia, Reverendo Older. —Lorde Beecham se esquivou da carruagem de um conde, de
uma carroça cheia com barris de cerveja, de três jovens dândis passeando a cavalo, e chegou intacto
ao outro lado da rua. Ele se perguntou, cinicamente, se o Reverendo Older tinha feito alguma aposta
imprudente em uma corrida de cavalos. Ele se curvou para Alexandra Sherbrooke e se virou para o
marido formidável.
—Bom dia para você, Douglas. Você está bem?
—Eu passei meu trigésimo quinto aniversário no seio acolhedor da minha família. Claro que estou
bem. Acredita, agora, que estou velho demais para estar bem? O que você quer, Heatherington?
Pare de olhar para a minha esposa ou eu vou bater no seu rosto bonito até a próxima rua.
Alexandra Sherbrooke, aproximadamente, da metade do tamanho de seu marido, o cutucou de lado
e pegou a mão de Lorde Beecham. —Como você está, Spenser? Ignore o pobre Douglas aqui. Ele
imagina que encontrou um cabelo grisalho, esta manhã, e está tentando me culpar por isso, tudo
porque eu o enfureci ontem à noite, tomando o lado de Ryder em um argumento.
—Meu irmão estava errado sobre essa noção ridícula, Alexandra. Imagine, deixar as crianças
decidirem se querem ou não trabalhar nas fábricas, ou serem designados aprendizes, ou para a
escolaridade. É escolha dos pais; ele devia saber, senão haveria caos e estragos. Você pode imaginar
os nossos rapazes autorizados a ter qualquer tipo de decisão? É um total absurdo. Você vai retirar seu
apoio quando o vir da próxima vez.
Alexandra Sherbrooke apenas riu e se inclinou para Lorde Beecham. —Agora, sobre o cabelo
grisalho de Douglas. Talvez agora, se você continuar a o provocar, o irá considerar como a causa
destes cabelos grisalhos. Quem sabe?
—Olá, Alexandra.
—Por que você continua a chamar este cão danado pelo primeiro nome?
Alexandra deu um tapinha no braço do marido, enquanto continuava falando com Lorde Beecham.
—Que bom ver você. Eu suponho que não sabe nada sobre Helen Mayberry?
—Você sabe, muito bem, que eu sou agora o parceiro de Helen e, que voltei com ela e seu pai
para Essex, para Court Hammering.
—Sim, mas você está aqui e ela não. Onde ela está?
—Ela está em casa. Estou de volta para usar mentes melhores que a minha, no Museu Britânico.
—Oh, Deus, Spenser, isso significa que você não encontrou nada sobre a lâmpada do Rei
Edward?
—É tudo absurdo, —Douglas disse, sua sobrancelha escura mais erguida do que qualquer uma das
sobrancelhas de Spenser.
—Bem, Douglas, na verdade não é, —e com essas poucas palavras, Douglas Sherbrooke era todo
ouvidos. Ele olhou para Spenser Heatherington. —Ela é certamente um mito, —disse ele
lentamente,
—Um conto tolo que não vai morrer. Não diga que há algo além.
—Apenas, talvez, haja.
Douglas começou, a um certo ritmo, a bater com a bengala na passarela, um sinal certo de que
estava ficando animado. —Ontem ouvi dizer que o lascivo réprobo de idade, Lorde Crowley, disse
para alguns companheiros que estavam quase prontos para cair mortos de bêbados, que estava no
rastro de algo fantástico, algo que o faria muito, muito rico. Eu nunca considerei que poderia ter
algo a ver com a lâmpada. Era isso do que ele estava falando?
Bem, Maldição. —Lorde Beecham suspirou. —Espero que não era, mas com minha sorte maldita,
aposto que era. —Ele suspirou novamente, e, desta vez, passando seus longos dedos através de seu
cabelo, ficou em pé. Alexandra ajeitou o cabelo.
—Por favor, não, Alexandra, —Lorde Beecham disse, dando um passo para trás. —Ou o seu
marido feroz vai me bater na passarela. Eu sou muito jovem para ser martelado, apenas trinta e três.
Agora, eu consegui escapar do Reverendo Older, e ele já tinha ouvido falar através do irmão do
Reverendo Mathers, a quem ele se refere como Old Clothhead. Além de você e Alex, o Reverendo
Mathers e eu, ninguém mais em Londres deve saber sobre isso. Mas, acontece que o Reverendo
Mathers fala em seu sono e, seu irmão disse ao Reverendo Older e Deus sabe a quem mais.
Maldição, não existe nada sagrado? Nada que um homem pode manter, apenas, como seu?
—Sim, —Douglas disse distraidamente, acariciando sua mandíbula, —Sua esposa. Quer dizer
que tudo isso começou com o Reverendo Mathers falando em seu sono?
—Eu temo que sim. E agora, Lorde Crowley —condenação, o homem me faz querer esfregar a
alma, depois que sou forçado a estar perto dele. Em um dia bom, ele pode até ser pior do que o meu
pai, que era ruim o suficiente, se é que eu posso dizer. Sinos do inferno, eu não gosto disso. Aposto
que ele sabe um pouco mais, agora. Pelo menos, não é específico, mas ele vai desenterrar
brevemente, você sabe sua reputação. Talvez metade de Londres saiba o que ele sabe agora, pelo
menos a metade indecente. Eu não ficaria surpreso se alguns desses palhaços acabassem em Court
Hammering tentando ameaçar Helen. Maldição, agora tenho de pensar em alguma maneira de a
proteger.
—Protejer Helen? —Alexandra disse, sua sobrancelha esquerda subindo. Sua capa, em seguida,
caiu. Os olhos do marido brilhavam, quando que ele fechou a capa dela novamente, e lhe disse:
—Você vai a sua modista, amanhã, o mais tardar, e a vai instruir para subir esse maldito vestido uns
centímetros. Basta olhar para Heatherington. O sujeito tem os dentes agradáveis. Eu odiaria ter que
os quebrar por ele cobiçar você, e ele estaria tentado até um nível quase impossível de negar. Ele
estará gemendo na passarela em breve, seu maxilar quebrado, se você continuar a se exibir.
—Eu vejo, —Alexandra disse, ignorando Lorde Beecham e olhando seu marido. Deixe que eu
veja se entendi exatamente. Você sente pena dos senhores porque os estou forçando a me olhar.
—Sim. —Disse Douglas. —Talvez você possa ir à costureira esta tarde.
—Olha, Douglas. Tudo o que você pode ver, é minha mão fechando a minha capa. Podemos
voltar a coisas mais interessantes agora?
—O vestido não está tão baixo assim, Douglas, —Lorde Beecham disse, suavemente.
—E como diabos você sabe disso, maldito canalha?
—Eu juro que estou brincando com você, nada mais —Não acredito em você. Se, por uma
pequena chance, você estiver dizendo a verdade, isso significaria que não é mais o mesmo,
Heatherington, que algo está errado com você. Me diga,, o que é? Eu sei que não pode ser este
negócio de lâmpada. Eu ainda não acredito que uma coisa dessas possa ser, realmente, real, a ponto
de você e eu a podermos tocar e fazer algo incrível acontecer.
—Não tenho certeza se acredito no que queira, mas me faz furioso, saber que esses canalhas estão
agora no rastro. Você sabe, Crowley. Se ele tiver apenas uma chama de acreditar, irá atrás de
alguém. Eu sei que ele iria descobrir sobre Helen.
Douglas olhou para ele por um longo tempo. —Você está realmente preocupado com isso?
Alexandra olhou para os dois homens e disse: —Na verdade, sabendo como é Helen, ela vai
apenas olhar para Crowley e o colocar no tronco, que tem na parte de trás do seu estábulo.
—Tronco? —Lorde Beecham disse, olhando para ela. —Como um homem, ou uma mulher,
pode querer colocar sua cabeça e suas mãos através destes furos e ficar trancado? E ele, ou ela, tem
que ficar ali, no meio de uma rua, para toda a gente que passar por lá, a insultar, a ele ou a ela?
—Oh, não, —Alexandra disse, e riu —os pelourinhos estão atrás do estábulo, não no meio da rua.
Helen diz que insultos não são nada, é uma punição demasiado branda.
Os olhos dos dois homens se cruzaram, particularmente, desde que Alexandra corou até a linha
dos cabelos.
—Não. —Disse ela, com firmeza. —Podemos discutir o tronco uma outra vez. Agora vamos
descobrir o que fazer. Estou preocupada com Helen, também, apesar de seu talento. E se houver
algum perigo? Já que estão sabendo sobre essas descobertas, será que algum homem mal vai à casa
de Helen e a forçar a contar sobre a lâmpada? Talvez Spenser esteja certo. Precisamos proteger
Helen. Ela ainda está em casa?
—Ela está em casa, cuidando de sua pousada e da união entre o filho do açougueiro e sua
empregada, Teeny. Flock, que parece ser o faz tudo de Lorde Prith, está desolado com isso. Meu
valete, Nettle, também tem parte neste amor não correspondido de Teeny, e ele parece com um cão
ferido.
—Helen está bem, Alexandra, cercada por mais pessoas do que qualquer um de nós já esteve.
Imagino que ela está fazendo tudo o que pode, para decifrar o rolo de pergaminho. —Ele parou,
apenas um momento, e depois acrescentou, seus olhos se estreitando. —Ela é muito inteligente.
Dando o devido tempo, eu aposto que ela possa fazer isso.
Douglas disse, sorrindo, —Helen poderia agarrar o pescoço de praticamente qualquer canalha que
poderia conhecer além das ruas, no Soho. Este negócio de tronco, Alexandra, eu quero falar mais
sobre isso, mais tarde, talvez, hoje à noite, na cama, possivelmente —Douglas limpou a garganta,
em
seguida, continuou, —Além de ser bonita, grande e forte, Helen também é inteligente. Concordo com
você sobre isso, Heatherington —O que é isso, Douglas? —disse a esposa, se aproximando dele, se
erguendo na ponta dos pés, olhando seu queixo. —Você está falando de Helen, de novo, e isso me
incomoda. Eu sei que você a admira, Douglas, mas seria sábio, você a guardar para si mesmo. É
claro que eu ainda saberia, mesmo se você o guardasse para si mesmo, porque eu sou uma parte de
você; então, você deve apagar Helen, de uma vez por todas, de sua mente. Esqueça Helen. Está me
ouvindo, Douglas?
Douglas estava olhando para a capa, mais uma vez, aberta, de sua esposa. Ele engoliu em seco,
levemente passou os dedos no nariz, e disse: —Eu sei onde o meu pão com manteiga está, meu doce.
Estou apenas tentando tranquilizar Heatherington, aqui.
—Eu não preciso de qualquer garantia, —disse Lorde Beecham. Bem, vou escrever a Helen hoje,
e a avisar para se cuidar. Além disso, eu estou aqui a quase duas semanas, e aprendi muito. Talvez
seja hora de voltar a Court Hammering. Então, nós decidiremos o que fazer juntos.
—Não, até que você nos conte tudo sobre o que você e Helen descobriram. —Douglas começou a
levar Lorde Beecham ao longo da passarela em direção a sua carruagem. —Você pode até andar
comigo e Alexandra.
—E eu quero saber por que Helen não está com você, Spenser, —disse Alexandra. —Eu não
posso imaginar porque ela o deixaria longe de sua vista, em se tratando de sua preciosa lâmpada.
—Foi uma coisa simples, —disse Lorde Beecham. Ele não estava prestes a acrescentar que
Helen não estava com ele, porque precisava de um tempo sozinho, para descobrir o que sentia sobre
ela. Ele tinha decidido. Desde que ainda não queria uma esposa, uma vez que Helen era uma lady, e
já que ele não poderia continuar a fazer amor com ela três vezes ao dia, teria que remover a parte
luxuriosa de si mesmo. Ele tinha que se tornar seu parceiro, pura e simplesmente. Havia pensado
muito sobre isso, e sabia que o poderia fazer.
Bem, maldita! Mas, agora, estava afastado de Helen por quase duas semanas, e não importava o
quão ocupado se mantivesse, ainda sentia, nos momentos mais estranhos, como se houvesse
deixado parte de si mesmo em Court Hammering —possivelmente a parte mais importante, o que era
ridículo. Ele estava simplesmente sofrendo das dores da abstinência, o que não queria dizer muita
coisa, afinal. E, ainda assim, era desconcertante. Ele se iria valer de uma das moças da ópera, talvez
esta noite, e a usar até cair morto. Não seriam três vezes, seriam cinco, talvez, até seis, o que,
certamente, garantiria a morte de qualquer homem, incluindo a sua.
Era a novidade de Helen, o esplendor de suas pernas magníficas, sendo que tinha visto os seios
apenas uma vez, naquela ruína apodrecida, quando ele a tinha ajudado a despir suas roupas
molhadas. Ele quase engoliu a língua lembrando o dia. Fora tudo tão frenético, que não havia, sequer,
beijado os seios. Ele tinha que parar com isso. Hoje à noite, ele se saciaria com alguém novo. Três
vezes, pelo menos, em quinze minutos, não mais.
Fazer amor, que fora, uma vez, seu esporte favorito, estava perdendo, rapidamente, a graça.
Fazer amor não deveria ser um trabalho árduo, e, de repente, percebeu que não estava ansioso para
qualquer outra jovem, para a usar três vezes. Ele suspirou, deixou cair o queixo no topo dos vincos
de sua tão perfeitamente e arrumada gravata de hoje, uma vez que Nettle estava perturbado por ter
perdido Teeny, e queria que seu mestre estivesse bem ciente disso.
—Spenser, qual é o problema com você? Está olhando para aquele poste com uma expressão
estranha em seu rosto.
—Ele está, provavelmente, apenas pensando em sua última conquista. —disse Douglas.
—Na verdade, ele está certo, —disse Lorde Beecham. —Agora, eu tenho um compromisso com o
Reverendo Mathers, no Museu Britânico. Devido às boas conversas do Reverendo em seu sono, pode
ser sábio de eu o mandar para o Grillons Hotel, pois, se ele balbuciar durante o sono, seu irmão não
estará perto para ouvir. Douglas, o vestido de Alexandra não precisa de elevação. Se você preferir,
eu os vou ver mais tarde, e falarei mais sobre essa maldita lâmpada.
—Oh, você não fará isso, Heatherington, porque se o fizer, eu o vou achatar.
Capitulo 17

Alexandra limpou a garganta. —Na verdade, Spenser, o que Douglas queria dizer é que, tanto ele
como eu, gostaríamos de o acompanhar para ver o Reverendo Mathers. Nós gostaríamos muito de nos
inserir em sua aventura.
Douglas levantou uma sobrancelha escura para a esposa. —Claro que ele sabe que farei o que eu
disse. Sim, nós preferimos ir com você, Heatherington, do que ir para Richmond. Lady Blakeny pode
lançar seus olhos escuros para mim outra hora.
—Lady Blakeny é alta, —disse Alexandra. —Não tão alta como Helen, mas ainda alta, maldição.
Douglas sorriu para sua esposa, a ajudou a entrar na carruagem, deu um passo atrás para Lorde
Beecham, e, em seguida, entrou.
Lorde Beecham olhou pela janela da carruagem para ver o Reverendo Older, ainda em pé, lá na
passarela, fora do White, olhando para eles. Ele não gostou da expressão no rosto do homem.
—Talvez você devesse encontrar outro estudioso, —Alexandra disse enquanto arrumava as saias
em volta dela.
—Ele é o melhor, —disse Lorde Beecham. —O melhor! Ele e meu mentor em Oxford, Sir Giles
Gilliam, foram excelentes amigos. Lembro de ficar sentado, calmamente, em um banquinho, em um
canto dos aposentos de Sir Giles, os ouvindo discutir sobre algum texto antigo. Era fascinante. —Ele
podia se lembrar de não querer deixar o local, mesmo, para se aliviar.
—Eu não gosto de ver esse lado diferente de você, Heatherington, que cheira a intelecto e
admiração, a algo que não é quente e macio, e sempre tão delicioso.
—Ele está se referindo às senhoras, Spenser.
—Eu sei, Alexandra.
—Eu prefiro que você seja, simplesmente, um libertino sem qualidades redentoras. Detesto ter
que alterar minhas opiniões, especialmente, quando estou convencido de que elas estão
perfeitamente certas.
—Eu sei, —disse Lorde Beecham. —Mas Douglas, essas outras partes tem estado dormentes por
um tempo muito longo. Elas, só agora, estão voltando à ativa. Não há razão para se preocupar
comigo, ainda.
Douglas limpou a garganta. —Se decidir o apoiar, Heatherington, eu mesmo o ajudo a levar o
Reverendo Mathers para o Grillons Hotel. Sim, você precisa de mim, Heatherington. Outros podem
se intrometer, como Crowley, e o bom Deus sabe que você é ingênuo. Eu quero ter certeza de que
ninguém levará vantagem sobre Helen, também. Sim, eu vou ter certeza de que você não terá os
joelhos cortados por quaisquer charlatães e, claro, irei assegurar que você entenda, exatamente, o
que está sendo dito e exatamente como responder. Eu conheço o Reverendo Mathers desde que era
um menino. Ele não vai se importar que eu esteja com você. Eu o vai mesmo, aconselhar, para não
falar enquanto dorme.
Lorde Beecham disse: —Eu aprecio isso, Douglas, eu certamente o farei. Eu também estou certo
de que Helen não se importará de ter mais dois parceiros. Agora, qualquer um de vocês, ouviu que o
Reverendo Older está tendo dificuldades particulares, neste momento, talvez pagar suas dívidas de
jogo?
—Esse velho colecionador? —Douglas, mais uma vez, fechou a capa de sua esposa sobre o
peito, franzindo a testa enquanto acrescentava, —Você teme que ele vai continuar tentando se meter
neste negócio?
Sim, eu sei que ele irá.
—Ele estava em Ascot, um tempo atrás, e perdeu cerca de quinhentas libras no garanhão
Rothermere, que ficou manco quase na linha de chegada. Os Hawksberrys ficaram muito chateados
com isso, não com o Reverendo Older, é claro, mas com o cavalo.
—Ele conhece um monte de gente, o Reverendo Older. Vamos continuar a prestar atenção nele.
Vou mandar um dos meus lacaios o seguir para ver se ele se encontra com homens como Crowley. O
que você diz?
—Eu acho que é uma excelente ideia. Deixe que um dos meus homens substitua o seu a cada dois
dias, Douglas. Dessa forma, não vai ser sempre a mesma pessoa, o Reverendo Older o veria.
Alexandra disse, —Eu acho que você deve ter homens seguindo Lorde Crowley também. Ele
parece ser o mais perigoso dos dois.
—Ela está certa, —disse Lorde Beecham. —Eu tenho apenas um lacaio valentão. Vou
simplesmente contratar outro.
—Eu vou também, —disse Douglas.
Alexandra disse, —Eu ouviu falar que o Reverendo Older é hábil para farejar dinheiro.
—Ele cheira tudo, —disse Lorde Beecham. —Um homem muito esperto, o Reverendo Older. Eu
acredito que ele é o melhor orador que já ouvi. Eu sempre gostei dele. Espero que não se torne um
canalha.
—Vocês, senhores, o deveriam ver flertar. Ele é realmente muito bom no que faz. Tenho medo de
dizer isso, mas uma vez ele me comeu com os olhos, apenas um pouco.
Lorde Beecham disse: —A última vez que o vi, ele me disse que ia se casar, se aposentar, e
administrar a propriedade da esposa, em Wessex. Ele me disse que queria criar cavalos.
—Aquele velho libertino. Não, não é sobre a compra de um garanhão, Heatherington, mas cerca
de olhar para os seios da minha esposa. —disse Douglas.
—Com quem ele deseja se casar, Spenser?
—Lady Chomley.
—Uma mulher linda, —disse Alexandra, mas, em seguida, franziu a testa.
—O que? O que é isso?
Alex disse: —Eu ouvi dizer que Lilac gosta de formas mais excitante de fazer amor.
Seu marido lhe deu uma carranca feroz. Que diabos 'excitante' significa? Algo que você e eu não
fazemos, regularmente? Você está escondendo alguma nova e perversa espécie de prazer de mim,
Alexandra? — Ela ficou vermelha até os lóbulos das orelhas, e cobriu o rosto com as mãos. Depois,
levou um momento a mais para limpar a garganta. —Eu não desejo falar disso neste momento,
Douglas. Agora, Spenser, me deixe falar sobre os gêmeos.
Após cinco minutos ouvindo sobre a mais brilhante dupla, das crianças mais bonitas em toda a
Inglaterra, Lorde Beecham disse: —Se eu fosse outro homem, talvez não me importasse de ter
gêmeos. Um para sentar-se em cada joelho. Um para segurar a cada mão.
Ambos os Sherbrooke olharam para ele.
—Se eles gritarem sobre sua cabeça, —Douglas disse: —O que você faria, se fosse esse outro
homem?
—O que você faz, Douglas?
—Eu os levo andar a cavalo.
Lorde Beecham franziu a testa enquanto olhava pela janela da carruagem. Ele não sabia por que
tinha dito isso. Não importava. Não era relevante para ele ou sua vida, pelo menos, por dez anos ou
mais. Quarenta e cinco anos seria uma boa idade para trazer seu herdeiro ao mundo.
O Museu Britânico era vasto em tamanho e muito escuro por dentro. Cada passo nos pisos de
pedra ecoava uma dúzia de vezes ao redor, cada novo eco mais ameaçador que o último. Ele
também estava úmido. Não havia necessidade de Douglas para dizer a sua esposa para manter a
capa fechada, ela a manteve firmemente sob o queixo.
—É melhor nas salas dos fundos, —disse Lorde Beecham. —Há lareiras e muitas velas. É
francamente acolhedor na sala onde eu costumo falar com o Reverendo Mathers.
—Mais algumas janelas poderiam fazer este lugar menos sombrio, —disse Alexandra. —Talvez,
cortinas mais quentes.
—Apenas cavaleiros sérios vêm aqui, —Douglas disse, acenando para o porteiro. —Eles
precisam, apenas, do seu fervor intelectual e estão quentes. Mostrar aos estoicos uma cortina quente,
sem dúvida, os faria tremer.
Demorou mais cinco minutos para percorrerem os amplos salões, todos eles vazios como cabaças.
Eles faziam uma pausa a cada dois passos, para olhar algum artefato em exposição, mas,
principalmente, era tão triste e frio, que simplesmente continuavam andando. Havia, talvez, uma
dúzia de homens espalhados por todo o salão, falando em pequenos grupos ou debruçados sobre
manuscritos.
Lorde Beecham se desviou para uma pequena sala, ao lado do corredor principal do museu. A
porta estava fechada. Lorde Beecham bateu suavemente, em seguida, a abriu. Ele recebeu uma
baforada de calor. E viu o fogo vivo queimando na lareira, lançando sombras por toda a sala.
—Reverendo
Mathers? Não houve
resposta.
Todos eles entraram no quarto. Havia uma longa mesa que corria ao longo de todo um lado da
sala, vários ramos de velas colocados em intervalos, ao longo da mesa. Havia dezenas de livros, em
pilhas ao acaso, alguns empilhados ordenadamente pela mão de um secretário, outros deixados ali,
um tomo muito antigo estava amontoando poeira, suas páginas se separadas, como se dedos tivessem
acabado de vaguear por elas para encontrar uma determinada seção.
Oh, céus —Alexandra disse e se voltou para o marido.
O Reverendo Mathers estava sentado na ponta do banco, nas sombras, debruçado sobre um grande
livro vermelho sangue, encadernado em couro macio. Mas ele não estava estudando ou lendo, ou
mesmo, escrevendo com a pena afiada que estava frouxamente em sua mão direita.
Ele parecia estar dormindo, mas, sabia que não estava.
Ele estava morto, um estilete fino estava preso no meio das costas.

—Lorde Hobbs vai estar aqui a qualquer momento, —Lorde Beecham disse baixinho para
Alexandra e Douglas. —Ele se tornou um magistrado de Bow Street, não muito tempo atrás. Ele é um
homem bom, inteligente o suficiente, para saber quando não tem experiência para lidar bem com
alguma coisa, mas não desiste. Você se lembra do roubo do colar de rubi de Lady Melton, cerca de
seis meses atrás? Lorde Hobbs chegou, conversou com todos os presentes, e, em seguida, atribuiu a
um dos seus detetives descobrir os fatos relevantes.
—Os rubis foram recuperados? Alexandra perguntou, enquanto tomava outro gole de chá indiano,
muito forte. Ela estava sentada em um sofá de brocado verde-claro, o marido ao seu lado. Lorde
Beecham estava assistindo a um homem alto, muito magro, vestido todo de cinza pérola suave, sendo
levado para a sala de visitas por seu mordomo, Claude, que estava olhando, particularmente, para
tudo, alterado. —Um Assassinato, —Lorde Beecham o tinha ouvido sussurrar para si mesmo antes.
—O que será de todos nós com o mestre envolvido em um assassinato?
Lorde Beecham deu um passo à frente, enquanto dizia a Alexandra, —Oh, sim. Os Bow Street
Runners, em sua maior parte, são sagazes, e conhecem todos os vilões e criminosos que percorrem as
ruas de Londres. Lorde Hobbs é um dos senhores que os mantém nos casos.
—Lorde Hobbs.
Houve gentilezas, pelo menos duas palavras educadas, antes que alguém se acomodasse, pensou
Lorde Beecham, enquanto suspirava com os próprios sentimentos de que o rei George III
enlouqueceria pela última vez, e seu filho mais velho, um outro George, um gordo, muito impopular
bufão, sendo nomeado regente.
Não houve possibilidade de continuar falando do assassinato do Reverendo Mathers, pois Claude
apareceu, limpando a garganta na porta da sala.
—Meu Lorde.
—Sim, Claude?
—Meu Deus, Claude, fique ao lado. Isto é muito importante. Vamos, se mova!
E então lá estava Helen, vestindo um casaco azul-celeste, uma boina combinando em cima de seu
cabelo loiro. Ela estava corada, impaciente, acenando com a mão branca para o mordomo de
Spenser.
Ele não podia acreditar quando ela entrou correndo pela porta, sua linda menina grande, sua
Valquíria, seu próprio anjo, certamente uma Amazona. Ela estava realmente aqui. Ele não tinha
percebido o quanto tinha saudades dela.
Ele ficou lá, e quase se curvou pelo prazer que sentiu até os ossos.
Algo tinha acontecido para a trazer até aqui, mas ele não a queria contando na frente de Lorde
Hobbs.
—Bem-Vinda, Srta. Mayberry, —disse ele.
Capitulo 18

Helen imediatamente o viu, e a nenhum outro, e foi direto para ele, suas mãos estendidas.
—Spenser, Oh, céus, eu tinha que ver por mim mesma. Oh, você não vai acreditar, eu... —Ela se
interrompeu com a visão do cavalheiro alto e austero, vestido todo de cinza. Ela o olhou de cima e
para baixo, piscou e disse: —Isso é encantador.
Lorde Hobbs, conhecido entre os Bow Street Runners como um homem com gelo em suas veias,
congelou, gaguejou, depois riu. —Obrigado, madame.
— Srta. Mayberry, —Lorde Beecham falou —Eu gostaria que você conhecesse Lorde Hobbs,
magistrado de Bow Street. Ele está aqui porque algo muito ruim aconteceu.
—Um prazer, Srta. Mayberry, —Lorde Hobbs disse, e sorriu para a incrível criatura o olhando
bem nos olhos. Ele se curvou e lhe beijou a mão.
Lorde Hobbs não era nem um pouco baixo, pensou Lorde Beecham, e não tinha certeza se deveria
estar preocupado ou não.
—Sim, meu senhor. Por que você está aqui? Você é um magistrado de Bow Street? O que
aconteceu para o trazer aqui, de todos os lugares? Spenser, você está bem?
—Sim, Helen, estou bem.
—Sim, Srta. Mayberry, eu sou de fato de Bow Street.
—Douglas? Alexandra? O que vocês estão fazendo aqui? O que está acontecendo?
Douglas se levantou, lhe deu um tapinha no braço, enquanto Alexandra dizia atrás dele, —Nós
estamos todos aqui para a ajudar, Helen. Os quatro, nós juntos, podemos superar qualquer coisa.
Pare de se preocupar.
Douglas disse naquela voz baixa, suave, que sempre utilizava com os gêmeos, —Helen, se acalme.
—Está bem, agora estou calma. Cuspam tudo.
Lorde Beecham conseguiu ordenar a todos que se sentassem, e pedir chá a Claude, que ainda
estava em pé, rígido como uma estátua, na porta da sala de desenho, à maneira que o velho Crit havia
lhe ensinado.
—Agora, —Disse ele agradavelmente, chamando a atenção de todos, —Eu vou dizer o que
aconteceu. Senhor, se sinta livre para interromper se tiver dúvidas. Você também, Srta. Mayberry.
O conde, a condessa e eu fomos encontrar o Reverendo Mathers no Museu Britânico. Quando
entramos na sala, vimos o Reverendo caído sobre a mesa de trabalho, um estilete saindo de suas
costas, entre as omoplatas. Ele ainda estava quente, apesar de não significar que tivesse acabado de
ser assassinado. O lugar estava muito quente e a porta estava fechada, mantendo todo o calor
dentro.
Helen sentou em uma cadeira de brocado azul-claro, com as mãos cruzadas no colo, sem
palavras. Ela estava olhando para ele, para ninguém mais na sala. Seu rosto estava corado. Uma
única longa madeixa de cabelo loiro tinha se soltado da pilha de tranças em sua cabeça, se
arrastando pelas costas. Ela parecia chocada, terrivelmente chocada. Não com medo, apenas
incrédula. Ele sabia exatamente como se sentia. Ele apenas balançou a cabeça para ela.
Lorde Hobbs disse: —Eu sei que você ficou com o corpo até um dos meus detetives chegar, Lorde
Beecham. Desde que você era a pessoa que trabalhava com o Reverendo Mathers, poderia procurar
para ver se alguma coisa estava faltando? Algo levado pelo assassino?
—Sim, —Lorde Beecham disse, percebendo que não havia razão para reter informações básicas
para Lorde Hobbs. —o Reverendo Mathers e eu estávamos trabalhando na tradução de um livro,
muito antigo, que Srta. Mayberry aqui tinha descoberto perto de sua casa em Essex. O Reverendo
Mathers tinha feito uma cópia para que pudesse trabalhar com ele, sozinho. Foi levado.
Helen ficou branca. —Oh, Não, —disse ela. —Ah não.
—Essa cópia do pergaminho contêm informações valiosas?
—É possível —disse Lorde Beecham. —Sua Importância reside na sua idade notável. É uma
imensa descoberta arqueológica, senhor, de enorme valor por essa razão.
—Talvez, —Lorde Hobbs disse, pensativo, incapaz de desviar o olhar de Srta. Helen Mayberry,
—tenha sido um colega do Reverendo Mathers, que ficou com ciúmes desta descoberta? Eles talvez
brigassem e o esfaqueou?
—Se fosse um colega, —Helen disse, se sentando mais para frente, —Ele não iria querer o
pergaminho original e não uma simples cópia?
—Sim, você está certa, é claro, —disse Lorde Hobbs, com o olhar mostrando demasiada
admiração para o gosto de Lorde Beecham. Lorde Hobbs voltou sua atenção formidável volta para
ele novamente. —Lorde Beecham disse: —O que é mais provável é que algumas pessoas
acreditassem que o pergaminho é a chave para encontrar um vasto tesouro. Isso é verdade? Nenhum
de nós tem qualquer ideia se é ou não.
Lorde Hobbs estudou seus dedos longos, as unhas curtas e bem polidas, então olhou para Srta.
Mayberry. —Madame, onde você achou este rolo?
—Em uma caverna na praia.
—Entendo. Você não tem ideia por que ele estava lá? Nenhuma ideia do que o livro pode conter?
—Nenhuma. Ele está escrito em uma língua antiga que eu não posso ler.
—E foi por isso que eu estava trabalhando com o Reverendo Mathers, —disse Lorde Beecham.
—Entendo. —Lorde Hobbs disse novamente. —Você pode me dar os nomes dos homens que
acredita que queriam saber mais sobre este rolo, Lorde Beecham.
—Eu sei de apenas dois nomes, senhor. Reverendo Titus Older e Jason Fleming, Lorde Crowley.
Para surpresa de todos, Lorde Hobbs amaldiçoou baixinho. Ele viu a sobrancelha levantada de
Lorde Beecham e disse, —O Reverendo Older está, provavelmente, afundado em dívidas novamente.
Amaldiçoado homem, eu vou ter que descobrir o quão profundo é o buraco em que se encontra neste
momento. E Lorde Crowley, não é um bom homem, meu senhor. Um homem muito mau, se acreditar
em apenas algumas das fofocas sobre ele.
—Eu posso imaginar, —Douglas disse, —que, pelo menos, oito, em cada dez das histórias
contadas sobre ele são verdadeiras. Cerca de três anos atrás, Lorde Crowley tentou enganar um
consórcio formado para construir um canal até perto de York.
—O que aconteceu, meu senhor?
—Quando eu descobri que ele estava à espreita nas sombras, imediatamente investiguei. Eu
mesmo tinha cerca de cinco mil libras investidas. Eu não as queria perder.
—Você o desmascarou?
Douglas concordou. —Ele conseguiu escapar da culpa. Todo mundo sabia o que tinha feito, mas
a prova, convenientemente, desapareceu. Um membro do consórcio acabou morto, supostamente
suicídio, mas todos nós duvidamos que assim fosse. Novamente, não havia provas de que Crowley
fosse o assassino. Você está certo, Lorde Hobbs, ele é um homem muito mau. Ele também guarda
rancores.
—Um deles dirigido a você?
—Ah sim. Cerca de quatro anos atrás, ele queria se casar com a minha irmã, mas ela, uma menina
muito inteligente, simplesmente lhe disse que ele era muito velho para ela, e que ele jogava. Ela
nunca se casaria com um homem que apostava. Ele não ficou contente com isso. Eu ouvi dizer que
Crowley decidiu que nenhuma mulher podia falar o que pensava assim, e, que acreditava que eu tinha
colocado as palavras em sua boca e, felizmente, me culpou e não Sinjun, minha irmã.
Lorde Beecham disse, —Ele está sempre precisando de dinheiro. Ele enterrou duas esposas,
ambas com dotes consideráveis.
—Você acredita que ele matou suas esposas? —Perguntou Lorde Hobbs.
—Não me surpreende —disse Douglas. —Sua sorte com cartas é podre, não é de todo uma
surpresa, uma vez que ele tem a febre do jogo. Ele não pode parar.
—Sim, —Disse Lorde Beecham, —ele está sempre convencido de que sua sorte vai mudar com a
próxima carta.
Lorde Hobbs se levantou e começou a andar no lindo tapete Aubusson. —Então, é possível, que
esses dois senhores poderiam acreditar que o livro é a chave para uma vasta riqueza?
Todos concordaram.
—Eu hesito em acreditar que o Reverendo Older poderia esfaquear um homem pelas costas. Ele é
um homem de Deus, não importa o seu lapso.
Mas, Douglas disse, —Homem de Deus ou não, eu coloquei um dos meus lacaios seguindo o
Reverendo Older. Lorde Beecham fez o também. Teremos, também, que seguir Crowley.
Lorde Hobbs assentiu. Isto é muito sábio. Eu irei atribuir um dos meus astutos detetives para este
caso. Ele pode trabalhar com seus homens, os encaminhar, se você quiser. Resolver este caso é vital.
Não parece bom que um homem da igreja seja assassinado no Museu Britânico. O Sr. Ezra Cave virá
se apresentar a você, assim vão saber quem ele é. Eu lhes desejo bom dia. —Ele parou, para ficar na
frente de Helen. —Eu espero a encontrar novamente, Srta. Mayberry. —Aquela voz fria e profunda
dele tinha, milagrosamente, se tornado tão quente quanto um dia de primavera suave, pensou Lorde
Beecham —o bastardo furtivo. —Você está, atualmente, residindo em Londres?
Helen, distraída, apenas balançou a cabeça, dizendo: Não, eu estou aqui apenas para ver Lorde
Beecham.
—Gostaria de ouvir mais sobre a sua descoberta do pergaminho. Eu a posso a chamar?
Isso chamou a atenção de Helen. —Eu não sei onde estarei, meu Lorde.
—Helen, você vai ficar com a gente, —disse Alexandra.
—Então, mais tarde, Srta. Mayberry, —Lorde Hobbs disse, lhe deu um longo olhar, e,
finalmente, saiu.
—Você não verá Lorde Hobbs sozinha, —Lorde Beecham disse, franzindo a testa, depois que o
homem que tinha gelo em suas veias, e não paixão, saiu. —Por algum motivo, ele tem a intenção de
tentar anexar você. Eu não vou permitir isso.
—O que quer dizer com ‘por algum motivo’? O que eu sou, um troll?
—Trolls são realmente muito pequenos. Não, não vire o seu canhão para mim. Eu não quis dizer
nada. Simplesmente saiu da minha boca dessa maneira. Você nunca vai estar sozinha com ele. Insisto,
Helen.
—Pelo amor de Deus, Spenser, quem se importa? —Helen se levantou e lhe apontou um dedo.
—Você está preocupado com Lorde Hobbs, quando tudo está desmoronando em volta de nós? —Ela
bateu na testa com a palma da mão. —Eu não posso acreditar que deixei você me distrair com todo
este negócio de troll. O Reverendo Mathers está morto, tudo por causa daquele rolo miserável que
encontrei. Ele está morto! O que nós vamos fazer?
—Você está histérica, Helen, —Alexandra disse com a voz de uma madre superiora. —Se
controle.
Helen piscou, respirou fundo, e levantou os ombros. Depois, tirando o chapéu, arrumou a madeixa
loira de cabelos para trás, nas trança. —Não. —Disse ela. —Estamos todos juntos novamente.
Bem, —disse Lorde Beecham. Diga-nos o que aconteceu.
Ele a observou levantar e começar a andar pela sala de estar. Passos largos, pernas longas e
fortes. Ele viu as pernas dela de forma tão clara, as sentiu apertando com força seu corpo, que quase
caiu no chão desmaiado.
Oh, Deus, —Helen gritou: —Isso é, perfeitamente, terrível. Um homem assassinado aqui em
Londres, e não importa o que você diz, é tudo minha culpa.
Alexandra, em voz alta, falou para ela, —Helen, você está se descontrolando, novamente. Se
controle. Você não esfaqueou o Reverendo Mathers. Uma pessoa má o fez. Não é sua culpa.
Lorde Beecham, que conseguiu no último momento não desmaiar, foi até ela e tomou as mãos
enluvadas nas sua. Ele olhou em seus olhos, de um azul rico como um céu de verão. Sentiu seu medo
agora, sua ansiedade, sua incredulidade, que se apoderou dele também. Isso era um negócio sério.
Ele disse: —Vai ficar tudo bem. Agora, o que aconteceu em casa?
—Alguém tentou invadir Shugborough Hall. O ladrão teria conseguido, se não tivesse sido por
Flock. Ele estava perambulando toda noite, para provar a Teeny que está inconsolável, para ela ter
pena dele e talvez ignorar a questão do nome.
—Que questão do nome? Perguntou Douglas.
—Teeny Flock.
—É, soa como uma pequena montagem de ovelhas, —disse Alexandra.
—Você prefere Teeny Nettle? —Perguntou Lorde Beecham, agora.
—Uma pequena erva daninha? Não ambos me dão arrepios.
—Exatamente, —Disse Helen. —Em qualquer caso, Flock estava vagando pela casa, tentando
aprofundar as sombras debaixo de seus olhos, sem dúvida, quando viu essa figura tentando quebrar
uma das janelas da sala de desenho. Ele deu o alarme. O homem fugiu, mas foi perto. Ele teria
roubado o pergaminho, se não fosse Flock.
Helen respirou muito profundamente. —O nosso segredo foi descoberto, Spenser.
—Ele poderia ter sido um ladrão comum, atrás da prata, —disse Douglas.
—É possível, —Helen disse, —mas eu não penso assim. Ladrões comuns não viriam até
Shugborough Hall. Temos uma reputação, você vê.
—Eu só posso imaginar —disse Lorde Beecham. —Eu sinto muito por isso, Helen. Ainda assim,
Flock salvou o dia. Espero que Teeny esteja mais acessível para ele.
Isso fez Helen sorrir. —Ela estava murmurando algo sobre a vergonha absoluta que os seus
futuros filhos sentiriam sempre que tivessem que dizer o nome da mãe.
Ninguém realmente sabe muito sobre qualquer coisa, neste momento. Mas a atração da riqueza é
suficiente para que muitos homens invadam uma casa e assassinem um homem da Igreja.
—E isso significa —Alexandra disse, —que alguém descobriu que Helen estava envolvida e se
mexeu muito rapidamente.
—Não gosto disso —disse Douglas. —Vou fazer com que meu mais valioso lacaio, Kelly, comece
imediatamente a seguir Lorde Crowley.
—Eu devo atribuir Crimshaw a Lorde Crowley, também, —disse Lorde Beecham. —Ele foi
criado com os guisados e é mais resistente do que uma bota velha. Este Bow Street Runner, Ezra
Cave, vamos lhe dizer para contratar mais dois homens para seguir Crowley.
—Vou providenciar isto, —Douglas disse e deu a mão para sua esposa. —Você, meu doce, virá
comigo. Eu tenho a sensação de que Heatherington e Helen têm uma série de coisas para falar.
—Sim, —Alexandra disse lentamente, olhando de um para o outro, —Eu acredito que você está
certo. , —Você vai nos manter informados, —Douglas disse, e levou sua condessa para o transporte.
Lorde Beecham se voltou para Helen, que estava olhando para ele, seus olhos tão intensos que se
perguntou se ela estava vendo seu cérebro, —Quanto a você, Srta. Mayberry, decidi que você e eu
vamos voltar para Court Hammering. Mas, primeiro, vamos visitar Old Clothhead Mathers, irmão do
Reverendo Mathers.

Old Clothhead estava bêbado quando chegaram à pequena casa da cidade do Reverendo Mathers,
perto de Russell Square.
—Ele está perto de vomitar no meu tapete limpo, —disse a Sra. Mappe, governanta da casa do
Reverendo Mathers, que Lorde Beecham havia conhecido na semana anterior. —Oh, Meu pobre
mestre, tudo isso feito por algum maldito bastardo.
—Você já soube disso, Sra. Mappe? —Lorde Beecham perguntou.
Ah, sim, Milorde, eu soube. Nossa, olha para você! —Disse ela, sorrindo para Helen. —Se você
não é uma moça alta.
—Lorde Hobbs veio?
—Nossa, homem estranho, todo vestido de cinzento como um homem que sabe "e” tem que vestir,
especialmente, como uma ave para chamar atenção.
Após dez minutos de conversa fiada com a Sra. Mappe num fascinante, mas quase ininteligível
inglês, eles foram encontrar Old Clothhead.
—Eu matei meu único irmão, —lamentou Old Clothhead, que estava enrolado em posição fetal no
tapete limpo da Sra. Mappe. —Eu disse para qualquer um que pagasse por uma caneca de cerveja o
que ele estava fazendo. Eu matei o meu irmão. Ele estava sempre me avisando que o inferno estaria
no final do meu caminho. Eu não tenho nenhum, agora.
Lorde Beecham ficou de joelhos ao lado de Old Clothhead, um homenzinho magro, que parecia
não ter comido uma boa refeição em dez anos. Me dê os nomes dos homens com que você falou,
desde a variedade comum de criminoso de beco, até os mais importantes, os homens com dinheiro.
Ele teve de repetir a pergunta mais três vezes, antes de Old Clothhead compreender. Reverendo
Older, mas ele não tem muito dinheiro em seu bolso. Titus encheu minha garganta com conhaque, não
cerveja, ele estava tão entusiasmado com este rolo, embora, talvez, seu último grão. Em seguida,
houve Lorde Crowley e James Arlington e... .
Old Clothhead não vomitou no tapete limpo da Sra. Mappe, ele simplesmente desmaiou no meio
da frase.
Lorde Beecham se levantou e olhou para o pequeno homem inconsciente.
—Ele é patético, —Helen disse, —e ele está certo. Ele é responsável pela morte do irmão Ela
pareceu que o chutaria nas costelas, mas parou, e cobriu o rosto com as mãos. —Oh, não, eu sou tão
culpada quanto ele. Eu achei essa condenável coisa, em primeiro lugar. Quem são essas pessoas,
Spenser?
Ele a puxou, lentamente, contra ele e beijou sua testa. —Vai ficar tudo bem, Helen. Eu sei tudo
sobre todos eles. Bem, não. Eu não sabia que James Arlington estava a par sobre o pergaminho.
Eles descobriram, uma hora mais tarde, que Lorde James Arlington, quarto filho do duque de
Hailsham, estava morto, tiro, se dizia, em um duelo com Lorde Crowley, porque Arlington tinha
sido
apanhado trapaceando. Duelo era proibido na Inglaterra, mas uma vez que ninguém iria falar
abertamente sobre isso, à história permaneceria enterrada. Evidentemente, o duque, o pai de Lorde
James, deu de ombros, quando soube da notícia da morte de seu filho e disse, simplesmente: —Ele
sempre trapaceou. Sua mãe lhe ensinou. Ele, obviamente, enganou o homem errado. —E tudo estava
acabado. Teria mesmo Crowley o matado em um duelo?
Lorde Beecham disse, depois de um tempo —É hora de nós irmos para casa, Helen.
Eles montaram a cavalo, por uma hora e meia. Era uma tarde linda, flores do verão
desabrochando, as árvores espalhando suas copas verdes ao longo das estradas estreitas. —Eu me
esqueci de dizer, —Lorde Beecham lhe falou, —Nós temos mais dois parceiros.
—Douglas e Alexandra?
Ele assentiu com a cabeça, e, em seguida, se inclinou e deu um tapinha no pescoço do cavalo.
Quando se endireitou, ele manteve os olhos firmemente fixados na estrada, entre as orelhas de seu
cavalo. —Antes de você chegar, eu tinha outros planos para esta noite, —disse ele, por fim.
Ela nem sequer parecia interessada. —Hmmm.
—Eu iria para a cama com uma das garotas da ópera, e a levar ao clímax, pelo menos, três vezes
em quinze minutos.
—Hmmm.
Ele a olhou, agora, com crescente frustração. —Você era novidade para mim, isto é
tudo. Não mais zumbido, apenas o silêncio entediado.
—Se você tivesse passado a noite com Douglas e Alexandra, eu provavelmente teria subido até
sua janela, e conseguido mais três vezes. O que você acha disso, maldita?
—Eu sinto muito, Spenser. Eu estava distraída pela adorável madressilva. Você disse algo?
—Helen, você quer que eu castigue você?
—Eu queria ver você o tentar fazer. Você sabe disso. O que há de errado com você? Nós estamos
no meio de uma confusão terrível. Não sabemos mais nada sobre a lâmpada do Rei Edward do que
sabíamos há duas semanas, quando você insistiu em me deixar e voltar para Londres. Devo
acrescentar que Londres é apenas uma hora e meia de Court Hammering, mas você nunca, sequer
uma vez, veio uma tarde ou uma noite, mesmo para uma simples refeição.
Agora era o momento. Ele tinha que fazer isso, ou estaria perdido. Ele ignorou a reclamação e
disse: Escute, pois eu quero dizer isso. Eu decidi ser apenas o seu parceiro, nada mais. Está bem?
Ela parecia não ter prestado atenção ao que ele tinha falado. Ela, nem sequer, reconheceu que o
tinha ouvido. Ela, simplesmente, bateu os calcanhares nas laterais elegantes de Eleanor. Eleanor
partiu pela estrada. Helen não disse mais nada o resto do passeio.
Choveu na meia hora final.
Capitulo 19

Nettle os acompanhou em uma carruagem atrás de seu mestre. Lorde Beecham se virou e o viu
inclinado na janela da carruagem, com o rosto parecendo um estudo em êxtase, apesar de uma chuva
fria pingando sobre ele. Seu coração está em alta, —disse a Helen, que não falava com ele, estava a
uns bons vinte metros a sua frente na estrada. —Logo verá a sua deusa, Teeny.
Para imensa angústia de seu criado, Lorde Beecham preferiu uma estadia na Lâmpada do Rei
Edward. Ele não queria ficar na casa de Helen, a ver descendo as escadas de camisola,
enfraquecendo em sua resolução, com o mais do que provável resultado de que perderia a cabeça.
Não, a pousada era mais segura. Ele nunca tiraria as roupas dela na pousada. Ela nunca iria olhar
para ele de forma provocativa na pousada.
Então, ele pensou no gazebo e naquela casa velha apodrecida. Suas roupas úmidas e ensopadas
—nenhuma provocação ali, e isso não tinha importância. Ah, mas no gazebo, ele sabia, e ela
também sabia exatamente o que aconteceria, muito claramente, sem nenhuma reflexão particular.
Ele esperava que ficar na pousada provaria ser uma boa ideia, que o iria manter no caminho do
celibato.
Ele seria o seu parceiro, não seu amante. Ele faria. Estava determinado. Ele não iria sair do
caminho da retidão, novamente.
Helen o acompanhou até o maior quarto de dormir da pousada, um arejado, grande quarto de
canto, de teto alto, no segundo andar, com vista para o mercado. Ela tinha uma cama de armar para
Nettle, que a olhou e quase chorou. —Vai ficar tudo bem, —Helen disse, levemente batendo em seu
ombro. —você vai encontrar outra garota tão doce como Teeny. A esqueça, Nettle. Ela não é para
você.
Lorde Beecham enviou finalmente Nettle até a taberna para tomar um pouco de cerveja,
explicando que três canecas era tudo o que Helen permitia que uma garganta masculina bebesse.
—Esqueça todos os seus sentimentos por Teeny, —ele falou ao criado. Bem, pelo menos, não chore.
Em seguida, Helen estava na porta aberta do seu quarto, com as mãos nos quadris e disse:
—Agora, o que é?
—Você é minha parceira, —Lorde Beecham disse, e então disse novamente: —Você é minha
parceira. —Ele andou até ela, fechou a porta e a trancou. —Helen, —Disse ele e a pegou nos braços,
sob seus quadris, e a levou para a cama grande no meio do quarto. Uma brisa quente agitava as
cortinas sob a luz nas janelas. Havia poucos sons agora, pois era hora do jantar, e a maioria das
pessoas estava em casa, nos seus próprios lares.
E ele estava aqui, com Helen, e ela estava de costas e ele estava em cima dela, a beijando,
puxando os grampos de seu cabelo bonito, a beijando mais, o nariz, o lóbulo da orelha, seu queixo.
Meu Deus, eu perdi você, —ele conseguiu dizer entre beijos. —Seus seios. Eu nunca vi seus seios.
Eu os vi na casa de campo quando a ajudei a tirar todas as suas roupas molhadas, mas eu realmente
não olhei. Toquei seus seios uma vez, mas não como eu quero. Eu tenho imaginado os seus seios, me
imagino os beijando e acariciando, minhas mãos, minha boca. —Oh, Deus, Helen. —Ele se inclinou,
de pé ao lado da cama sobre ela. —Sua saia de montar, Helen, sua maldita saia de montar. Depois,
há o resto de todas aquelas roupas malditas, que vocês mulheres, insistem em vestir, para retardar os
homens até o ponto de expirarem. —Levantou sua saia de montar em uns trinta segundos, e, então,
percebeu que ainda estava vestido.
—Eu quero fazer isso direito! —Ele gritou para o teto do quarto, mas, simplesmente, não podia
esperar, simplesmente não podia. Ele caiu sobre ela, puxou para cima sua camisa, e deixou suas
botas e meias diante. Ele abriu as calças e gritou quando se dirigiu a ela. Helen gritou.
Por um breve instante, ele acreditou que a tinha machucado. Ele conseguiu se levantar nos
cotovelos, para ver seus olhos fechados, os lábios entreabertos. Ela estava respirando com
dificuldade, as mãos o tocando alucinadas, e ela estava torcendo por baixo dele, tão frenética que
quase o jogou longe dela.
Ele observou o prazer a inundar, viu seus olhos se abrirem. Ela olhou para ele, atônita, então ele
estava com ela, tão fora de si que sabia que o fim estava perto. Um homem, simplesmente, não podia
suportar esse tipo de coisa. Ele gemeu em sua boca, e, em seguida, estava tentando continuar o beijo,
mas seus lábios estavam entorpecidos. Ele se foi, desmoronou.
—Eu continuo a não acreditando nisso, ele disse, sua voz profunda e áspera, quando sua
respiração e seu cérebro, finalmente, retornaram ao seu corpo. Ele rolou para o seu lado, a trazendo
com ele. Suas botas se entrelaçaram. Ele sorriu para ela, beijou a ponta de seu nariz. Ele ainda
estava dentro dela, não muito, mas ainda era uma parte dela. Ele sabia que tinha que a deixar agora,
neste instante, ou começaria de novo, e ele não queria. Ele não podia permitir isso, ou sua
determinação uma vez firme e, agora, por um fio, iria derreter como cera de vela tocando a chama.
Ele fechou os olhos, e, lentamente, tão lentamente que estava perto de o matar, saiu fora dela. Ela
caiu de costas novamente. E abriu os olhos quando a cama se moveu. Ele estava ali de pé, ao lado da
cama, sua calça aberta, o cabelo desarrumado onde ela o tinha puxado, acariciado e alisado com os
dedos, louca de desejo por ele. Seu peito ainda estava arfando, como se tivesse acabado de correr
uma corrida muito longa.
Ele pareceu imensamente bonito.
Ela o viu fechar as calças, o observou endireitar a roupa; o viu caminhar até a janela e olhar para
fora, para baixo, para a praça do mercado agora vazia.
Ela estava deitada de costas, as pernas abertas, a blusa enroscada em volta da cintura. Suas meias
estavam ainda acima dos joelhos, detidas com ligas pretas rendadas. Suas botas ainda estavam em
seus pés. Então, ela riu, nada a poderia ajudar. Ela ainda estava usando seu chapéu de montar.
—É incrível, —disse ela, ficando sobre os cotovelos. Você percebeu que desta vez realmente
conseguiu tirar a minha saia antes de me devastar?
—Sim, —Disse ele, se voltando lentamente para a olhar. —É maravilhoso. Comentei comigo
mesmo isso quando vi que o tinha feito. O que eu realmente queria eram seus seios. Eu ainda tenho
que ver os seus seios, Helen, do jeito como quero. E sim, eu tirei sua saia, não sei como o fiz, foi no
momento antes de estar dentro você. —Sua respiração engatou. Seus olhos ficaram selvagens e
escuros, e ele olhou para suas pernas abertas. —Não! —Disse ele. —Não. Vou me controlar.
E se virou para olhar para a praça do mercado novamente. Onde está o livro?
Helen piscou. Ele estava tentando se manter longe dela, muito intelectual, supôs ela, apreciando
seus esforços, mas quando olhou para ele, seu corpo ainda pulsava com o calor e a força dele, e ela o
queria, poderosamente.
—Escondido aqui na pousada. Ninguém, jamais, o encontrará. —Helen se levantou lentamente e
caminhou atrás do biombo para se limpar. Quando saiu, suas roupas estavam arrumadas. —Eu não
quero colocar meu pai em mais perigo, os empregados, também. É bastante seguro aqui. —Ela
puxou
a saia de equitação, e andou até o espelho estreito ao lado do armário. Parecia uma louca, o chapéu
de montar inclinado, a boca vermelha dos beijos, pelo menos, uma centena deles, os olhos limpos e
suaves.
Ela ficou chocada até as solas dos pés. Os olhos de Srta. Helen Mayberry nunca ficavam assim.
Ela era a multitarefas de Court Hammering, esta era sua pousada, onde só ela, e tão somente ela,
governava. Ela estava no controle, era decidida, sempre a primeira a saber exatamente o que fazer
sobre qualquer coisa.
Ela tinha acabado de forçar um homem a copular sem o seu consentimento, tinha feito isso de
forma rápida e muito bem. Bem, talvez ele tivesse culpa em uma boa parte desse arrebatamento,
também. Ela se endireitou o melhor que pôde e arrumou o cabelo sob o seu chapéu de montar. Mas,
ainda parecia ter sido beijada até ficar tonta. E outras coisas também. Qualquer um que a olhasse iria
perceber isso. Ela bateu no rosto, e se virou para o olhar, quando ele disse: —O Reverendo Mathers
e eu conseguimos decifrar um pouco mais do pergaminho. Foi muito lento. Você gostaria de ver o que
temos até agora?
Um lampejo da velha emoção voltou ao cérebro dela, não tudo, mas o suficiente. Paixão era uma
coisa estranha, tirava do prumo e a deixava se sentindo como se estivesse deitada nas nuvens, o
cérebro vazio, o corpo brilhante, o coração preenchido. —Sim, —Ela disse, —mas em primeiro
lugar, gostaria de jantar?
Isso significava deixar este quarto, significava estar em uma sala de jantar privativa com
funcionários e outras pessoas. Assim, seria quase impossível levantar suas saias e a deitar sobre a
mesa, entre a lebre assada e as trutas pescadas. Ele estaria a salvo dela e, ela dele. Se ele fosse
realmente um bom homem, não haveria uma fechadura na porta do salão para que ele ficasse tentando
a arrastar Helen sobre a mesa. Não haveria tentação.
—Em tempo, —disse ele, enquanto a seguia para fora do quarto. —Isso é uma grande melhora.
—Eu suponho que seja, —ela disse, —mas eu odiei quando você me deixou. Eu queria você
novamente. —Com essas palavras se repetindo em seu cérebro, cavando seus ossos, ele a seguiu,
descendo as escadas da pousada.
Seus três rapazes estavam ocupados no quintal porque havia hóspedes chegando para a noite. Ela
falou com Gwen, a Sra. Toop e o Sr. Hyde, que estava saboreando a própria cerveja. Quando Gwen
levou travessas cobertas para a pequena sala, Lorde Beecham se mudou para a lareira, onde um
pequeno fogo ardia, e estendeu as mãos para se aquecer, pois havia um pouco de frio da noite ao ar.
Ele olhou para a mesa e viu a comida, mas também viu Helen deitada de costas e ele se viu
beliscando a sua boca, enquanto a carregava pelos quadris para a puxar, lentamente, para ele. Ele se
viu levantando suas pernas, as separando e chegando perto, cada vez mais e mais perto. Ele estava
gritando e ela também e —e, em seguida, a porta estava voando aberta e todos os seus rapazes
estavam ali, pensando em arrebatar a sua senhora, a sua amante, a amante quem metade temia e, sem
dúvida, adorava e mataria por ela.
—Spenser, o que está errado? Parece que você acabou de levar um soco.
—Perto o suficiente. Talvez a comida vá ajudar.
Quando deu uma mordida na torta de carne de ovelha, receita da família da Sra. Toop, ele
percebeu, vagamente, que era deliciosa enquanto mastigava. Em seguida, ele engoliu. Ele não
poderia continuar por mais tempo. Então engoliu em seco. Não podia continuar por mais tempo.
—Deixe o seu garfo, Helen. Obrigado. Agora você vai me ouvir. —Ele respirou fundo outra vez.
—Aqui está a verdade. Eu apenas não posso ficar perto de você, eu simplesmente não posso. Eu
pensei que podia. Eu pensei que aqui, na sua pousada, com todas essas pessoas ao redor seria capaz
de me controlar.
Ela olhou fixamente para sua boca e disse: —Eu pensei que seria capaz de me controlar, mas você
me pegou, e eu o queria, mais do que qualquer coisa.
Ele balançou com essas palavras. Então, balançou a cabeça vigorosamente. —Eu não ouvi isso.
Eu não poderia sobreviver, se tivesse realmente ouvido o que você disse.
—Agora, eu não sei o que me aconteceu, mas seja o que for, isso já aconteceu. Eu simplesmente
não posso lidar com isso. —Então ele olhou para cima, e apesar de seu sofrimento, conseguiu sorrir
para ela. —Talvez você deva me punir, me colocar no tronco.
Ela engasgou com o aspargo. Os olhos dela se arregalaram, o vendo com o que ela tinha
designado, Nível Sete. Ela ficou perfeitamente imóvel, uma vez que prendeu a respiração.
—Diga-me, como você pune os seus rapazes no tronco?
—Se os méritos do homem merece um Nível Cinco de disciplina, ele é despido até a cintura, a
cabeça e as mãos são presas e as mulheres o atormentam.
—Como?
—Depende da natureza do crime cometido. Por atraso na assistência a um convidado, as mulheres
o vão chicotear com pequenos cachos de malva rosa.
—Isso não faz que o homem se atrase o tempo todo?
—Ah, não. Malvas rosas são muito irritantes. Fazem você coçar por uma boa semana. É realmente
muito eficaz. Na verdade, para ser justa sobre isso, foi a esposa do ex-vigário que inventou essa
forma especial de disciplina.
—Oh, Deus, —disse ele, e ficou de pé, derrubando sua cadeira. —Eu realmente queria ser o seu
parceiro, apenas o seu parceiro. —Ele pegou um bom pedaço de pão, e fugiu da sala, deixando
Helen sentada lá, olhando para ele, imaginando como ficaria preso e nu, completamente nu. Ela não
deixaria ninguém chegar perto dele, apenas ela, e não teria um monte bobo de malva rosa em sua
mão. Não, ela iria usar sua boca e sua língua e... —Helen suspirou profundamente, e foi à cozinha da
pousada, ajudar a Sra. Toop a descascar maçãs para uma torta.
Lorde Beecham atravessou o quintal da pousada, através do pequeno portão para o estábulo. Ele
não se incomodou com sela ou freio, apenas agarrou a crina de Luther e montou sobre suas costas.
Ele mordeu o pão enquanto cavalgava, sem parar, diretamente para Shugborough Hall. Flock abriu
a porta para ele. —Meu Senhor, o que está errado? É um pedaço de pão em sua mão?
Lorde Beecham comeu o pão.
Capitulo 20

—Meu senhor, parece enlouquecido comendo o pão. Você foi atacado por salteadores? O que está
errado?
—Sou eu o errado. Onde está Lorde Prith?
Flock caminhou para a sala de jantar, Lorde Beecham em seus calcanhares. Ele deu um passo para
trás apenas a tempo de evitar que o homem o atropelasse.
—Me ajude, senhor, —Lorde Beecham disse ao pai de Helen, que estava sentado em esplendor
isolado em sua própria mesa de jantar, uma taça de champanhe na mão. Flock veio para ficar atrás de
seu mestre, com o champanhe pronto, os olhos para baixo, seus ouvidos bem abertos. —Eu estou
perdido, o senhor deve me ajudar.
—Oh, céus, —Flock, de repente, disse, dando um passo para a frente, —não trouxe aquele animal
do Nettle, não é, Lorde Beecham? Eu não estou com a minha arma.
—Agora, Flock, você não pode ver que sua senhoria está sozinho? Que ele sofre? Do quê, nós
saberemos, indubitavelmente, no devido tempo. Se eu me arriscasse a adivinhar neste exato
momento, diria que ele está com fome. Sente, meu senhor. Flock, sirva a sua senhoria um pouco de
faisão assado, coberto com geleia de damasco.
—Sim, senhor, estou com muita fome —disse Lorde Beecham. Mas ele não queria comida, não
realmente. Ele queria chorar. Estava tudo acabado para ele. Ele tinha lutado muito, lutou com todas
as suas forças, combateu o máximo. Ele tinha pensado em seu pai, e continuou a lutar contra isso.
Mas, mesmo a escuridão de suas memórias não tinha diminuído, nem um pouco, o que tinha
acontecido com ele, era impotente para lutar contra isso.
Ele deu um pulo da cadeira, quase a derrubando, e começou a andar. —Senhor, —disse ele,
andando de um lado a outro na sala de jantar, o piso de carvalho rangendo sob suas botas. Graças a
Deus, ele não tinha tido tempo de tirar as botas. Ele as teria esquecido, completamente. Ele teria
montado Luther descalço. A humilhação teria sido bastante surpreendente.
Não, graças a Deus, suas botas tinham ficado em seus pés o tempo todo, enquanto tinha feito amor
frenético com uma mulher. Ele nunca tinha feito amor com uma mulher com suas botas, exceto
Helen. E se ele tivesse tirado as malditas botas? Não ira suportar. Ele inspirou profundamente,
parecia um homem selvagem.
—Eu deixei a sua filha na pousada.
—Oh, minha pequena Nell é conhecidamente uma excelente anfitriã. O que o desagradou?
—Eu mesmo, esta situação condenável. Senhor, não há nenhuma esperança para ela. Estou
perdido. Acho que, simplesmente, devo me casar com sua filha. Eu não tinha planejado me casar até
estar quase morto, porque os meus próprios pais me incutiram uma aversão poderosa para o
casamento. Na verdade, o exemplo de meu pai com cada uma das suas três esposas me tornou
determinado a evitar tomar uma esposa. Mas agora vejo que ele não tem nada a ver comigo, ou com
Helen. São outras pessoas, não nós. Ele parece não importar mais.
—Devo ter Helen. Eu não posso continuar sem ela. Bem, não exatamente sem ela, mas isso é
loucura, e tem que parar, ou eu vou me atirar de um penhasco. E onde me deixaria isso?
—Eu acredito que você estaria morto, meu rapaz.
—Não é um bom fim. Por favor senhor, tenho sua permissão para cortejar e casar com sua filha?
Lorde Prith olhou para ele. —Eu Já ouvi falar de seu pai. Seu nome era Gilbert Heatherington, não
era?
—Sim.
—Minha querida Mathilda era amiga de sua segunda esposa. Pobre Marianne, morreu depois de
cinco anos de seu casamento com ele.
Sim, senhor, eu estava lá. Meu pai estava obcecado com a construção de uma dinastia. Mas eu sou
o único filho que sobreviveu. Ele não se preocupava minimamente com as mulheres, e nem com as
crianças, exceto se viveriam, o que não aconteceu. —Lorde Beecham parou. Não havia nenhuma
razão para continuar com isso. Seu pai estava morto, todas as três esposas, incluindo sua própria
mãe, mortas também, e os inúmeros descendentes.
—Eu não sou como meu pai.
—Mas você fala do casamento como se fosse a sua queda. Por que você iria considerar o
casamento uma coisa ruim só porque o seu pai o estragou?
—Ele humilhou a minha mãe. Ela engravidou a cada ano, até que eu a podia ouvir implorar para
que a deixasse em paz, para não a forçar, que ela iria morrer com a próxima gravidez, mas ele apenas
ria e a forçou, até que na última vez, ela morreu, o amaldiçoando, mas ele não se importou. Eu
acredito que ele estava com uma amante na época. Mas eu estava lá, senhor, e ouvi o que ela disse.
Ouvi sua morte. Eu o desprezava. Eu jurei nunca engravidar uma mulher, mas, então, percebi que
tinha que ter um herdeiro, então decidi esperar, esperar até que estivesse quase no final da minha
vida, e então iria tomar uma mulher e gerar um herdeiro.
—Quantos anos você tinha quando sua mãe morreu?
—Dez. —Ele olhou para Lorde Prith. Ele não podia acreditar em tudo o que tinha deixado escapar
de sua boca. Estava dito. Já não poderia desfazer agora. Ele esperou.
Lorde Prith se recostou na cadeira. —Eu sinto muito por isso, meu rapaz.
Lorde Beecham continuou a olhar o homem, que esperava, que seria seu sogro. Ele tinha
derramado cada pedaço de escuridão de sua alma, colocou tudo fora para Lorde Prith examinar.
Agora Lorde Prith iria perceber que ele não era o homem para sua amada filha. Ele fôra atrofiado e
amargurado. Ele não era digno de alguém pura e saudável, a única mulher a conseguir que desse tudo
aos deveres conjugais, até que fosse chamado para o outro lado.
Mas ele não era digno. Tudo se resumia a isso. Ele esperou para ouvir a queda do machado no
pescoço.
Lorde Prith disse: —Pelo menos você não é baixo. Isso é um bom presságio. Helen desiste de
homens baixos.
Ele piscou. Lorde Prith o estava considerando? Sua confissão não o tinha colocado
irrevogavelmente contra ele? Spenser limpou a garganta e disse: Não, eu sou cinco centímetros
mais alto do que Helen. Ela tenta fingir que não, mas é verdade. Cinco centímetros, talvez até um
pouco mais.
—Você e Helen terão filhos magníficos. É difícil, como você bem sabe, meu filho, não engravidar
uma mulher. Você não vai matar a minha filha com muitos partos, não é?
Mesmo sacudindo a cabeça, Spenser disse: Não, eu não vou, —se lembrou que Helen não podia
ter filhos. Ela era estéril. Ele sentiu um eixo muito profundo de dor, mas, por apenas, um momento.
No grande esquema das coisas, seu primo de segundo grau, um capitão de navio que vivia nas
colônias, em um lugar chamado Baltimore, poderia ter o seu título, ou uma das crianças do sexo
masculino de seu primo o poderia ter. Era um bom homem, e não iria arruinar o nome Heatherington.
Mas verdade seja dita, Lorde Beecham não se importava que tipo de homem seu primo era. Ele
queria Helen e a queria para sempre. Foi a coisa mais estranha. Ele estava de pé na sala de jantar de
Lorde Prith, Flock, provavelmente, atrás dele nas sombras, sem mover um músculo, por medo de
alguém perceber que ainda estava no quarto, e não importava nem um pouco. Se sentiu maravilhoso.
Ele sentiu tudo.
—Irei proteger Helen com a minha vida. Eu não sou um mendigo. Ela vai ter tudo o que poderia
desejar. Eu tenho uma propriedade rural bonita em Devon. Paledowns. Ela vai adorar lá, todas as
colinas escarpadas, vales e o litoral, todos são irregulares e velhos, muito velhos. —Ele fechou a
boca de seus desabafos poéticos. Ele estava perdendo o juízo que ainda conservava. Ele faria um
relato conciso. Mostraria as profundezas do seu ardor com algumas palavras espirituosas. Ele limpou
a garganta e abriu a boca, e o que saiu foi, —Eu nunca conheci uma senhora como sua filha. Ela é
radiante, senhor. Eu não consigo imaginar como pude ter tanta sorte dela ter pular em mim, a cavalo,
em Hyde Park e me atirar ao chão. —Ele aclarou sua garganta. Do que isso veio? —Ah, Paledowns,
senhor, ela vai ser feliz lá. Ela também vai ser feliz em Londres. Eu tenho três outras casas
pontilhadas sobre a paisagem do norte. Ela, sem dúvida, as aprovará. Se ela não o fizer, poderá
disciplinar os cuidadores e mudar as coisas, até que esteja satisfeita.
—Eu a vou adorar, senhor, até que passe para o outro lado.
Lorde Prith disse confortavelmente, —Você não tem que se preocupar com coisas como essas,
meu rapaz. Minha querida Nell se sente confortável onde quer que se encontre. Sua casa soa como
um excelente lugar para ela, qualquer uma delas. Sabe, agora que refleti sobre as coisas, minha
menina parecia um pouco triste quando você se foi, meu rapaz. Me atrevo a dizer que ela ficou
abatida. Flock, ainda está aí, seus ouvidos estão afiados?
—Sim, meu senhor, mas eu tenho estado olhando para a louça, meu senhor, perguntando qual a
melhor forma de limpar todas as pequenas fendas escondidas entre todas as uvas. Eu mal ouvi uma
palavra do que disseram.
—Boa. Você acha que Srta. Helen estava deprimida, ou é uma palavra muito forte?
— Srta. Helen estava abatida como eu também, meu senhor. Eu, talvez, lhe tenha ensinado, através
do exemplo, como lamentar corretamente. Não é muito forte a palavra.
—Bom, eu não penso assim. Ela também estava distraída. A pegava olhando o nada, como se
atordoada. Um de seus rapazes na pousada deixou um ladrão roubar vários freios do estábulo. Ela o
disciplinou, mas seu coração não estava nisso, poderia dizer. Ela emagreceu, que não é bom para ela,
já que é bem perfeita, do jeito que é.
—Sim, ela é perfeita.
—Hmmm, —Lorde Prith deixou escapar e bebeu mais champanhe, olhando uma pintura na parede.
Lorde Beecham olhou para a pintura, uma série de coelhos pendurados na corda, numa cozinha do
século XVI, prontos para a panela. Ele não gostava de pinturas como essa, embora fossem populares
em quase todas as sala de jantar, em Londres. Elas sempre lhe tiravam a fome.
—Helen não é perfeita, meu rapaz —disse Lorde Prith. —Devo ser honesto com você, uma vez
que parece que a vê apenas o mel que flui de sua boca. Ela é toda própria. Talvez se possa dizer
que, de vez em quando é obstinada e, raramente, só às vezes, um pouco teimosa. Essas palavras não
são muito fortes, são, Flock?
—Elas talvez sejam sombreadas pelo seu amor parental, meu Lorde.
—Ela está acostumada a fazer exatamente o que quer, e quando quer. Ela é de temperamento
forte e fisicamente, também. Eu a vi mandar um pretendente de um lado ao outro, quando ele a
ofendeu. Ela
não quebrou nada, mas o sujeito ficou com um olho roxo por uma semana.
—Ela tem opiniões, meu menino, opiniões que são apenas dela, não necessariamente formadas por
seu querido pai. Ela está interessada em todos os tipos de coisas, como você sabe muito bem, como
este negócio da lâmpada. Ela é uma amante da disciplina. Sim, até eu sei isso sobre minha querida
Nellie. Seus empregados sempre se esforçam para agradar, mas quando entram em conflito com o
que é certo e apropriado, ela os disciplina. Pensando nisso, eles, às vezes, imploraram por isso, mas
ela é justa em seus julgamentos e nem sempre lhes dá o que querem.
—Ela não vai deixar você pisar sobre ela como um tapete, meu rapaz. Em suma, minha doce e
pequena Nell é uma mão cheia, assim como sua mãe querida, minha preciosa Mathilda. —Lorde Prith
olhou para Flock, uma sobrancelha arqueada em questão.
—Bem colocado, meu Lorde.
—Obrigado, Flock.
Lorde Beecham não se conteve. Ele perguntou: —Você já viu algum dos seus rapazes nos troncos?
—Certamente. Outros moradores alugam dela para levar a cabo as suas próprias punições. Ela é
considerada a deusa da justiça em Court Hammering. Esposas a adoram, porque ela não permite que
os maridos afoguem seus fígados em sua taverna.
Lorde Beecham disse, —Ela é muito mais do que uma deusa. Eu a quero, meu Lorde.
—Sim, eu posso ver que você quer. Muito bem, você tem a minha permissão. Você concorda que
sabe onde está se metendo? Que você não está todo a flutuar na luxúria de um homem cego para as
poucas fadinhas quase sem sentido que minha doce Nellie exibe, ocasionalmente?
—Não, não realmente, mas sei o suficiente para perceber que quero descobrir tudo sobre ela e
cada um de seus pontos fracos, durante os próximos cinquenta anos. Talvez eu mesmo case com ela
novamente na ocasião.
—A coisa encantadora a dizer, rapaz. Muito bem. Champagne, Flock. Traga uma garrafa. Ah, e
para o meu futuro genro aqui, um pouco de conhaque, coisa desagradável. Nós não o queremos forçar
a beber champanhe e o ter vomitando nos chinelos de Helen, não é?
Capitulo 21

Geordie tinha derramado vinte libras de aveia em uma enorme poça de lama. Ele sabia que seria
punido; estava choramingando em um canto, sabendo que isso iria acontecer, e que Srta. Helen
simplesmente não parecia se importar. Ela estava, apenas, olhando fixamente para o nada. Na
verdade, Helen não conseguia parar de pensar sobre o porquê de Spenser ter agarrado o pedaço de
pão e corrido para fora da pousada. Em seguida, Gwen disse, — Srta. Helen, o caipira, desajeitado,
estúpido, merece pelo menos um Nível Seis.
Geordie estremeceu tanto por antecipação, como por temor.
—O que? Oh, um Nível Seis, Gwen? Não está mostrando o seu lado cruel?
—Vinte libras de aveia, Srta. Helen, alimentação para a lama, e não aos cavalos.
—Muito bem, então. Nível Seis. —Helen se virou e caminhou de volta para a pousada. Eram
quase nove horas da noite.
Havia luz da lua, de modo que Geordie era claramente visível por todos os que desejavam assistir
a sua disciplina. Quando ouviu Geordie gritar, então gemer, ela apenas balançou a cabeça e voltou
para o pequeno salão de jantar particular. Ela atiçou o fogo, tomou um copo de sidra quente e se
sentou em uma poltrona olhando para as chamas, as vendo subir, tremendo para fora da sala
pequena..
—Helen.
Ela se virou, muito lentamente, para ver Spenser em pé na porta. —Você fugiu, com o pão.
—Sim, mas eu voltei. Eu comi o pão.
—O que você quer, Lorde Beecham?
—Há um homem nu no pátio da pousada. Seus pulsos estão amarrados por uma corda enrolada
sobre o ramo inferior de um olmo imenso, e Gwen o está chicoteando. Havia três outras mulheres na
fila esperando sua vez. Elas têm chicotes, não ramos de malva rosa.
—Sim. Geordie derramou vinte libras de aveia em uma poça de lama. É necessário um nível Seis
de disciplina. Gwen acreditava que era apropriado.
—Entendo. Tudo faz sentido agora. Quer se casar comigo, Helen?
Ela deixou cair o copo de sidra. Ficou ali, atordoada, observando a sidra correr do seu piso de
carvalho, primorosamente polido, para o pequeno tapete retangular Aubusson. Ela gemeu, ficou em
pé, e olhou descontroladamente ao redor.
Lorde Beecham tirou sua bela gravata branca e entregou a ela.
Ele a viu ficar de joelhos e limpar a sidra. Ela continuou limpando, muito tempo depois da sidra
ter sumido.
—Helen, está tudo limpo agora. —Ele estendeu a mão. —Pare de esfregar a madeira.
Ela ignorou a mão estendida e ficou de pé, cambaleou um pouco, porque estava tonta, e em
seguida, se sentou pesadamente em sua cadeira.
—Eu não fugi de você. Eu fui para Shugborough. Acabo de regressar de lá. Seu pai me deu sua
permissão para a cortejar. Na verdade, ele também deu sua permissão para casar com você. Você vai
me dar a honra de se tornar minha esposa?
Houve outro grito de Geordie, seguido de um gemido profundo. Helen disse, distraidamente,
—Isso foi, provavelmente, foi Srta. Millbark. Você notou como o gemido foi mais alto do que o
grito? Ela sempre brinca antes de atingir.
—Helen, eu não me importo com a disciplina de Geordie, neste momento particular. Quantos
golpes ele vai levar?
—Apenas dez. Em seguida, ele é forçado a ficar nu na frente da pousada, segurando uma lâmpada,
durante três horas, a menos que chova, caso em que é adiado até que esteja novamente ensolarado.
—Entendo. Você aceita?
Ela estava balançando a cabeça para ele, dizendo: —Não faz sentido. Você me deseja, vou lhe
conceder isso, pois sinto o mesmo por você. Mas você não me ama. Como você pode? Você não me
conhece.
—Não conheço você? Meu Deus, mulher, se o nosso não é um maravilhoso começo de saber, eu
não sei o que é.
—Isto é algo que ainda não entendo. Estou começando a acreditar que você é um feiticeiro,
senhor. Você tem apenas que me tocar e eu, de repente, fico fora de mim.
—Sim, É bastante agradável, não
é? Ela pareceu, de repente, perdida.
Ele estava ao seu lado em um instante, se ajoelhou ao lado de sua cadeira. —Helen, —Disse ele.
Eu sei que só nos conhecemos há um mês. Eu sei que nunca quis me casar, pelo menos não até que
estivesse quase pronto para morrer. Mas, agora, tudo é diferente. Nós somos diferentes. Case
comigo, Helen. Nós vamos ficar bem, juntos. Nós vamos encontrar esta maldita lâmpada, e talvez,
nos tornar os governantes conjuntos do mundo através de sua magia. O que você acha? É poder
suficiente? Há muitos mistérios no mundo, apenas esperando para serem descobertos. Podemos
pesquisar a nossa parte equitativa dos mesmos. Diga sim, Helen.
—Eu sou tão forte quanto você.
—Possivelmente .—Ele sorriu para ela.
Houve um outro grito muito longo e um pequeno gemido.
—Quem foi esta?
—A esposa do vigário, Sra. Possett. Ela gosta mais da dor final. Eu acredito que ela está vendo o
vigário no lugar de Geordie. Ele não é um homem muito tolerante. Já a ouvi rangendo os dentes.
—Diga-me sim, Helen.
—Eu já fui casada. —Houve uma pausa profunda e perigosa. —Eu ligava para isso.
—Você era jovem, sua mente requintada não formada. O homem era um idiota. Mas não importa
agora. Ele está há muito morto. Você e eu somos diferentes, Helen. Não somos mais crianças.
Sabemos o que queremos.
—Não.
Parecia que ela tinha atirado nele. Ele se balançou sobre os calcanhares. Levantou lentamente, e
olhou para ela. As sombras feitas pelo fogo formavam um halo em volta de seu cabelo loiro. Ela
parecia um anjo. Ela tinha acabado de ter a ousadia de o recusar.
Ele sentiu descrença, uma bolha de indignação turvar a barriga. —Isso não faz sentido. Você quer
tirar as minhas calças todo o tempo.
—Sim, bem, nisso eu não posso ajudar. Vem, Lorde Beecham.
—Maldição Você, me chame pelo meu nome —Spenser.
—Spenser, eu admito. É luxúria, ilimitada luxúria irracional que sente por mim, assim como eu
por você, nada mais, nada menos. Luxúria apenas. O que aconteceria se nós nos casarmos e seis
semanas depois os seus desejos lascivos acabem? O que você faria então? Nós estaríamos unidos
para sempre. Não, eu não quero isso.
—Você escreveu um conto incrível, senhora. Você arrancou um final de éter que não tem
substância, significado ou validade. Eu sinceramente rezo para que o nosso desejo de um para o outro
diminua um pouco, ou então, nunca vamos fazer qualquer coisa fora do nosso quarto. Agora, me deixe
propor outro final para o seu conto bastante divertido. Vamos amar, lutar e gritar, e rir, e ter um
tempo muito agradável em um futuro previsível. O que você acha disso?
—É um bom final, —ela disse, suspirou e desviou o olhar, para o fogo.
—E você teve outros amantes, senhora? Outros homens que lhe deram tanto prazer?
—Não.
Ele desejou que pudesse pensar em mais o que dizer. —Por que você está dizendo não para mim,
Helen? O que é que eu não lhe posso dar? Nem por um momento acredito no conto absurdo que
está criando. Eu creio que você gostaria muito de se tornar minha esposa. Gostaríamos de ser
parceiros e amantes na vida.
Suas mãos estavam dobradas no colo. Ela não estava se movendo, apenas sentada ali, olhando
para as mãos. —Eu não desejo outro marido, não quero perder o que eu tenho, o que eu amo.
—Pelo amor de Deus, que tipo de homem você acha que sou? Eu não levaria nada de você.
Espero lhe dar o melhor para sua felicidade.
Ela não olhou para ele, simplesmente balançou a cabeça.
Ele estava tão frustrado, tão incrédulo que ela realmente o recusasse, e por nenhuma boa razão
que saísse de sua boca, que ficou, momentaneamente, sem palavras. Então, finalmente, disse: —
Gostaria que isso fosse tudo. —Ele se jogou na cadeira ao lado dela. Ele apoiou o queixo no punho,
esticou as longas pernas e olhou para a lareira.
—Não há nada mais. Apenas luxúria, nada mais.
—Está sendo uma idiota, Helen. Obviamente este homem com quem se casou, quando era muito
jovem para ter até mesmo o começo de um cérebro, lhe deu uma opinião muito ruim dos homens e do
casamento. Não será nada disso entre nós. Use seu senso, mulher.
Ela balançou a cabeça.
—Eu também sempre tive uma opinião muito ruim do casamento, dada à devastação do meu pai
destruindo as vidas de três mulheres, mas ele desaparece nas sombras quando penso em ter você ao
meu lado, na minha cama, sentada na minha frente na mesa do café. Por que eu não posso banir a sua
experiência ruim de sua mente, Helen?
Ela estava balançando a cabeça antes mesmo dele ter acabado de falar. Ele a queria estrangular.
Em vez disso, se levantou, caminhou até a porta da sala de jantar, a fechou, e para o seu imenso
prazer, havia uma chave. Ele a virou.
—Agora, —Disse ele, voltando. —Agora.
Ele ouviu a respiração. Ela se levantou, correu, depois parou, com os punhos em seus lados. Não,
Spenser, eu não quero fazer amor com você. Você não vai me coagir dessa forma. É baixo.
—Não tão baixo quanto eu sou capaz, se a circunstância exigir.
Em menos de três minutos, Helen estava de costas sobre a mesa, e ele a puxando para o fim. Ela o
estava tentando agarrar, o trazer sobre ela, o beijar, mas ele estava segurando suas pernas, olhando
para ela, tentando não expirar no local, e, em seguida, no instante seguinte, ele estava dentro dela, até
o punho, e ele estava gemendo e empurrando, e então a ouviu gritando, gritos suaves e profundos
que foram direito para o seu sexo, e ele caiu sobre ela, a beijando até que estava sem fôlego, e ele
sentiu seus músculos se contraírem em torno dele, sentiu o imenso poder do seu clímax enquanto
ela se contorcia, e o segurou com tanta força que se perguntou se estaria preto e azul de manhã. Ele
riu, em
seguida, levantou a cabeça e gritou para as vigas da pequena sala de jantar privada.
Geordie deu um grito poderoso final do lado de fora.
—Isso foi o seu último golpe, —Helen conseguiu dizer, em seguida, mordeu seu ombro. Ela
estava ofegando tão forte que mal podia respirar. Ele não a deixou, apenas esperou, e em pouco
tempo ele se movia dentro dela novamente. —Seus seios, —disse ele. —Desta vez tenho algum
controle. Eu os quero provar.
Ele estava puxando seu vestido, mas não teve tempo. Ela levantou os quadris, e estava tudo
acabado para ele. Seus dedos se encontraram e ela mordeu o pescoço, desta vez como uma picada e
ele se tornou selvagem. Seu hálito quente estava rápido e liso em sua carne. Tomou seus adoráveis
gemidos em sua boca. Quanto a ele, pressionou sua boca contra o pescoço dela e gritou contra sua
carne macia.
—Não, —Disse ele, cada pingo de arrogância masculina soando alto e claro em sua voz. Ele se
ajeitou entre as pernas, ainda dentro dela, e colocou as mãos sobre as coxas brancas. Abra seus
olhos, Helen. Olhe, eu ainda estou dentro de você. Eu sou parte de você. Agora, não haverá mais da
sua falta de juízo. Você vai concordar em se casar comigo. Eu sou o único homem para você. Você e
eu pertencemos um ao outro. Juntos, vamos encontrar essa lâmpada mágica maldita. Juntos, vamos
criar uma vida que nos fará mais fortes como dois do que o que somos agora isoladamente. Talvez,
em cinco anos ou mais, vou ter controle suficiente para ser capaz de beijar seus seios, e isso é apenas
o começo. —Lentamente, ele saiu dela, nunca olhando para longe de seu rosto.
Helen precisou de pura força de vontade para sentar à mesa. Ela estava tão molhada quanto ele, e
mais até, supôs. Ela olhou para ele na lareira. Havia apenas duas ou três pequenas brasas brilhando
agora.
Ela quase caiu quando tentou se levantar, e baixou as saias. Pelo menos, não estava usando seu
chapéu de montar. Isso teria sido simplesmente demais.
—Você é minha, Helen.
Isso endureceu sua espinha dorsal. —Eu o vou ver de manhã, Lorde Beecham, —ela disse,
andando até a porta. Levou alguns momentos para virar a chave maldita na fechadura.
—E você estará pensando em nós, juntos? Para sempre?
Ela não disse nada, apenas saiu de sua pousada, viu que Geordie estava ali de pé sob o luar, seis
ou mais mulheres ao redor dele, bem como, vários homens, e ele estava segurando a lâmpada entre as
mãos atadas. Ele estava completamente nu.
Ela acenou para ele. Ela o ouviu choramingar. Ele não parecia muito angustiado para ela.
Um de seus rapazes selou Eleanor para ela, e estava em casa em vinte minutos. Seu pai e Flock,
felizmente, estavam fora para sua caminhada noturna. Ela ouviu seu pai gritar com os dois pavões,
ouviu Flock suspirar para Teeny. Era mais tarde do que o habitual para a sua caminhada. Deve ter
sido a visita de Spenser que os tirou de sua programação.
Teeny, estava estranhamente quieta esta noite, a ajudou a se despir e puxou as cobertas sobre ela,
quando estava na cama. Teeny apagou todas as velas. Ela parou na porta e disse: — Srta. Helen,
Flock me contou tudo sobre o discurso de Lorde Beecham para o seu pai. Ele estava muito mal, disse
Flock. Seus olhos estavam quase rolando em sua cabeça. Ele teria até bebido champanhe se seu pai
tivesse exigido isso dele. Você deveria se casar com ele, para o salvar, lhe dar de volta a ousadia
encantadora. Ele não é baixo, Srta. Helen.
E Teeny a deixou sozinha.
Naquela noite, Helen pensou sobre o pobre Reverendo Mathers e quem o poderia ter matado. Ela
adormeceu vendo um homem magro, de costas para ela, sobre o Reverendo Mathers e mergulhando
o
estilete em suas costas. Se ela pudesse ver seu rosto...
No dia seguinte, Helen não foi para a pousada. Ela permaneceu na sala, sozinha, meditando. Seu
pai permaneceu em silêncio, o que ela apreciou. Flock deu uma boa dose de suspiros quando ela
apareceu, mas o ignorou.
Lorde Beecham não veio. Ela acenou com a mão na direção de Court Hammering e ficou aliviada.
No meio da noite seguinte, quando o frio era pesado no ar e a lua estava começando a cair em
direção ao horizonte, houve um ligeiro farfalhar do lado de fora da janela do quarto de Helen. Ela se
mexeu, mas houve silêncio novamente, e ela ficou imóvel, se voltando novamente para um sono sem
sonhos.
Uma sombra preta preencheu a janela. Lentamente, muito lentamente, a janela subiu até a
sombra negra passar uma perna sobre o batente e entrar em seu quarto de dormir
Capitulo 22

Lorde Beecham gostava do romance de se vestir todo de preto para sequestrar o objeto de sua
afeição. Ele sorriu enquanto chegava ao lado da cama, olhando para ela. Seu bonito cabelo loiro
estava espalhado sobre o travesseiro. O luar deixava o seu rosto luminoso. Porque ele não era um
tolo, porque sabia muito bem que se ela ficasse irritada com ele, ela poderia causar uma boa
quantidade de dano à sua pessoa, ele colocou no pano branco que tinha na sua mão o conteúdo de um
frasco pequeno. Ele apertou a rolha para dentro do frasco, em seguida, se inclinou e apertou o pano
sobre seu nariz e boca.
Ela despertou, tentou empurrar, mas ele tinha se preparado, e assim, conseguiu a segurar ainda por
mais dez segundos. Em seguida, já era tarde demais para ela, porque a sua força se foi. Ela caiu para
trás, contra o travesseiro, vendo a sombra sobre ela, sentindo o cheiro adocicado preencher suas
narinas, se infiltrar em sua boca, enchendo todo o seu ser, eventualmente. Ela não sentia medo, não
houve tempo. Apenas, esta lassidão crescente, a lenta saída inexorável da consciência.
Ela suspirou e fechou os olhos.
Lorde Beecham se levantou, dobrando o pequeno lenço e o colocando, além do frasco, no bolso.
Ele olhou para a mulher com quem planejava se casar e sorriu, o sorriso de um homem, duro, mau e
determinado, que dizia que estava pronto para fazer qualquer coisa para a levar a um vigário.
Ele fez pausou duas vezes enquanto a vestia, para beijar os seios, finalmente, e os admirar tanto
quanto foi capaz, à luz sombria. Simplesmente não podia evitar. Seus seios eram incríveis, suaves e
brancos, muito cheios e redondos —e seu gosto, ele prendeu a respiração. Como a barriga, ele teve
que beijar sua barriga, e ele teve que fechar os olhos, porque era pouco.
E então ela gemeu, baixinho, no fundo da garganta, e ele quase caiu em cima dela.
Levou dez minutos para embalar as roupas em uma mala. Muitas coisas de seda. Porque ele sabia
muito bem que não a poderia levar ao vigário vestindo apenas a camisola, e escolheu um vestido
amarelo-pálido que ele gostava muito, uma saia e uma camisa. Ele encontrou um par de chinelos e
meias. Tudo estava bem, era um homem experiente e decidido. As meias até mesmo combinavam com
os chinelos e o vestido. Ele não se incomodou com uma capa. Já era o suficiente. Ambos poderiam
casar com a cabeça descoberta.
Ontem tinha sido, sem dúvida, o dia mais movimentado de toda a sua vida.
Ele tinha pensado em levar sua grande menina e sua valise embalada por cima do ombro e sair
pela janela do segundo andar, três degraus abaixo da borda larga e, em seguida, descer a treliça
resistente, coberta com uma roseira espinhosa, sem que ambos caíssem nos canteiros de flores
abaixo.
Sim, ele tinha pensado sobre isso e apenas riu, mas agora se perguntava se iria fazer sem matar os
dois. Pensou na carta dobrada que havia deixado em seu travesseiro e sorriu mais uma vez. O
romance do evento deveria apelar para o pai dela. Se Helen desejasse, ele se casaria com ela três
vezes durante a sua vida em conjunto.
Era uma coisa íntima, descer a treliça coberta de espinhos com Helen pendurada no ombro, perto
demais para a paz de espírito do Homem, e quando, finalmente, conseguiu colocar ambos os pés
firmemente no chão, ergueu os olhos para os céus e ofereceu uma oração muito sincera de
agradecimento.
Ele tinha a sua grande garota. Ela não o estava tentando matar, porque estava abençoadamente
inconsciente. Ele percebeu que não tinha muito tempo. Ele não a queria amarrar, pelo menos não
ainda.
Foram até a entrada principal de Shugborough Hall, até onde as sombras noturnas eram mais
profundas, onde havia escondido uma carruagem. Ouviu um dos pavões gritando atrás dele.
Respirava com dificuldade.
Ele era, pensou, enquanto gentilmente colocava Helen dentro da carruagem, um homem
surpreendente, forte, poderoso de vontade. Ele a envolveu em três cobertores no chão da carruagem,
e colocou travesseiros em torno dela. Ele não queria correr o risco dela rolar para fora do assento.
Ele ainda respirava com dificuldade, quando subiu na carruagem e fez o velho cavalo cinza resistente
à sua frente andar. Ambos Eleanor e Luther estavam seguros e firmes nos estábulos de Shugborough
Hall.
Ele assobiava no ar suave da noite enquanto dirigia as dez milhas para a pequena cabana de caça
que tinha alugado ontem de manhã, às dez horas de Lorde Marchhaven, que perguntou para Lorde
Beecham se estava pensando em entreter um grupo de caça. Spenser apenas balançou a cabeça e
sorriu. —Ah, —Disse Lorde Marchhaven, balançando a cabeça. Eu estou satisfeito que é uma boa
casa.
—Vou precisar por talvez uma semana, —Lorde Beecham havia dito.
Novamente, Lorde Marchhaven apenas balançou a cabeça, em seguida, disse enquanto ele e
Spenser apertavam as mãos, —Eu aprendi que, às vezes, na vida, um homem é forçado a fazer algo
que fica perigosamente perto do escândalo para obter o indispensável. Se divirta, meu Lorde. —Era
óbvio que Lorde Marchhaven cheirou uma semana de maldade. Lorde Beecham devia lhe ter dito que
tinha a intenção de uma vida de maldade conjugal.
Bem, como descobriu isso, Helen era indispensável para ele. Ele acreditava que, no fundo,
também era indispensável para ela. Por que ela o recusava? Não fazia qualquer sentido. A cabana de
caça era uma elegante e pequena casa de tijolos georgianos, toda rígida e amilácea, quase uma praça
perfeita, com dois andares de altura, a hera entrando e saindo dos tijolos vermelhos Ela estava na
borda da Floresta Houghton, na grande parte de propriedade da família Marchhaven, usada para
festas de caça. Não havia ninguém no momento.
Quando ele finalmente colocou Helen para dentro da casa, ainda estava assobiando, pensando em
como ele a tinha lisonjeado, e até mesmo bebido uma taça de champanhe com o Bispo Horton para
obter uma licença especial, mas ele tinha feito isso. Ele assobiou mais alto, tão satisfeito consigo
mesmo, que quase deixou Helen cair nas escadas. Suas costas doíam um pouco, mas ele ignorou.
A casa era simples. No andar de cima havia quatro aposentos, o quarto do senhor no final do
corredor. Ele era bom e grande. A cama era suficientemente grande para conter seis homens lado a
lado. Helen ficaria muito confortável aqui. A cabeceira era de ripas, uma coisa verdadeiramente
conveniente.
Ele sacudiu os cobertores e sua capa e suavemente colocou Helen debaixo das cobertas. Ele
assobiou enquanto acendia três ramos de velas, e, em seguida, a grande lareira.
Ele olhou ao redor do quarto. Era excelente, simplesmente excelente. Era um lugar ideal para um
homem trazer a mulher que tinha sequestrado, a mulher que precisava aprender que, não se casar com
o homem a quem morde o pescoço, não se podia tolerar.
Ele sabia, Helen não era uma maricas, e se pudesse, ela o dominaria na primeira oportunidade.
Ele não podia permitir qualquer oportunidade, porque se acontecesse isso, lhe traria muitos
problemas.
Ele voltou para o carruagem, subiu as valises, e levou o velho e agradável castrado para o
pequeno estábulo, para poder enfiar o nariz em uma calha de aveia. De volta ao quarto, ele tirou
quatro gravatas da valise.
Ela iria despertar em breve. Ah, aquela maravilhosa poção que a Sra. Toop lhe tinha dado, as
estrelas em seus olhos quando ele declarou o seu caso, cedendo rapidamente por causa do romance
glorioso que tudo isso representava. —Apenas imaginar, —ela disse, com as mãos sobre o grande
peito, —Minha ama vai aprender mais sobre disciplina. Oh, Deus, ela vai, não vai, meu senhor? Você
promete?
Uma vez que isto parecia extraordinariamente importante para ela, Lorde Beecham rapidamente
concordou e deu suas intermináveis garantias de que tinha mais a ensinar a Helen, que qualquer outro
homem em toda a Inglaterra, e ela iria se divertir muito, ele lhe deu sua palavra. A Sra. Toop lhe
tinha dado o frasco de clorofórmio e dito o quanto usar em sua doce senhora.
Sua última visão da Sra. Toop foi de pé na porta da pousada, com os olhos remelentos brilhando
debaixo da lâmpada que Geordie tinha orgulhosamente erguido por três horas na noite anterior.
Todos, ao que parecia, queriam que Helen se casasse com ele. Cabia a ele agora, a convencer. Ele
estava preparado para fazer o que fosse necessário.
Ele deu um grande sorriso, acrescentou mais um par de pequenos gravetos ao fogo da lareira e
voltou para a cama.

Helen acordou lentamente, o que era estranho, porque geralmente abria os olhos rapidamente e
estava pronta para sair da cama, seu corpo e cérebro vibrando de energia. Mas seus olhos
demoraram a abrir. Quando finalmente os abriu, viu que era a luz do dia, com o sol da manhã
brilhando através das janelas sem cortinas a sua esquerda.
Mas ela não tem janelas a esquerda. Elas estavam a sua direita. Algo estava errado.
Seu cérebro parecia entorpecido, do jeito que se sentia logo depois de Spenser a ter amado, até
que tudo o que restava era um sorriso bobo no rosto.
Ela tentou sentar, mas não podia se mover. Isso era certamente estranho. Tentou novamente, e
percebeu que suas mãos estavam amarradas acima de sua cabeça. Amarradas?
Ela piscou ao ouvir o som da voz de Spenser.
Ele pegou o seu rosto na palma da mão, a beijou na boca, levemente. —Bom dia, Helen. Eu
espero que você esteja se sentindo mais alerta —agora. Você ficou gemendo um pouco durante as
últimas horas.
—Spenser?
—Sim, —Disse ele, penteou suas sobrancelhas, se inclinou e a beijou, novamente.
Ela o beijou de volta antes de percebeu o que estava fazendo. Ela piscou para ele. —Por que
minhas mãos estão amarradas acima da minha cabeça?
—Para que você não tente me matar. Ou seja, você pode tentar, mas eu não acredito que até
mesmo você, minha querida, poderia conseguir isso.
—Por que eu iria querer isso?
—A verdade completa é que eu sequestrei você. Você está sozinha comigo. Eu a amarrei em minha
cama. Em suma, minha pequena doce Nellie, você está completa e totalmente à minha mercê.
Ela tentou lhe dar um soco no nariz, mas os laços em torno dos seus pulsos, apesar de não
machucar, a impediam, e percebeu que eram gravatas macias, mas ainda assim, resistentes, e que não
conseguia se libertar.
Os pés dela. Ela o tentou chutar. Ele também havia prendido os seus tornozelos, novamente com
aquelas adoráveis gravatas dele.
Ela parou e apenas olhou para ele.
Ele estava sorrindo para ela. Era um sorriso de satisfação, que também a encheu de uma
combinação estranha de alegria, —mas assim era. Ela não sabia o que pensar, mas sabia que não
podia permitir que ele continuasse.
Helen tentou não cerrar os dentes, mas era difícil. Tinha que começar por algum lado, e então
disse: —Você vai me liberar neste instante.
—Eu acho que não, querida. Você iria tentar pulverizar o meu fígado.
—Não, eu juro que não. Eu não vou nem destruir sua masculinidade maldita. Deixe que eu vá,
agora.
—Isto é uma grande mentira, Nell. Agora, nós temos um pequeno problema, e eu quero que você
saiba que pensei bastante sobre como fazer. Sei que você deve precisar se aliviar, eu vou liberar os
dois tornozelos e o pulso que está mais próximo deste lado da cama. Vou trazer o urinol perto da
cama. Você será capaz de gerenciar. Para me assegurar de que isso poderia ser feito, eu mesmo
tentei fazer mais cedo, esta manhã. Eu fui bem sucedido. Você dormiu muito tempo. Agora, antes
de você tomar o seu café da manhã que eu mesmo preparei para você, me deixe liberar sua mão e
seus tornozelos. E, Helen, não seja tola. Alivie-se, não mais do que isso.
Ela não disse uma palavra. Para ser honesta, ela ainda estava muito confusa. Estava alerta, mas
confusa.
—Você me sequestrou?
—Sim, isso foi exatamente o que fiz. Eu levei você e sua valise sobre meu ombro, para fora da
janela do seu quarto. Eu não vacilei, uma vez sequer. E ainda sou, em pé, no mínimo, cinco
centímetros mais alto que você.
—Mas por quê? Por que você está fazendo isto comigo?
—A Senhora Toop quer que eu lhe ensine mais sobre disciplina.
Ele soltou seu pulso direito e os tornozelos. Ela os esfregou sentindo formigar. —Agora, eu não
vou sair do quarto porque sei que você vai imediatamente tentar desfazer o nó em seu outro pulso. Eu
estarei bem aqui.
Ele acariciou sua bochecha levemente e se voltou para a lareira.
Ela usou o urinol. Ele se virou para a ver começar a soltar o outro nó do pulso. Ele agarrou a mão
livre e a puxou para trás, acima de sua cabeça. —Desista, Helen. Não lute comigo.
Era como dizer a um tigre enlouquecido para não atacar a criatura em movimento mais próxima.
Ela gritou e chutou com as pernas e tentou empurrar a mão livre dele. Ela lhe deu um par de bons
chutes com seus pés, mas ele finalmente conseguiu encontrar a posição exata para acabar com
qualquer resistência que ela tivesse. Amarrou seu pulso novamente, contra a cabeceira da cama.
Ele estava sobre ela. —Isso foi uma boa tentativa. Agora, o que se gostaria no seu café da manhã?
—Eu vou te matar, Spenser.
Ele se inclinou e a beijou com força, se levantando, antes que ela o pudesse morder.
Ele alisou sua camisola sobre as pernas. Então, quase como uma reflexão tardia, e antes que
pudesse lutar, ele puxou o tornozelo direito para fora e amarrou novamente. Ele a tinha agora.
—Muito agradável. Agora me deixe amarrar seu tornozelo esquerdo. —Ela o tentou chutar, mas
não conseguiu. Logo, suas pernas estavam bem presas.
—Depois do café da manhã, querida, vamos desfrutar da sobremesa, —disse ele, e assobiou,
enquanto saia do quarto.
Ele a ouviu gritando, lançando maldições ligadas a várias partes de animais, não era muito
criativo, e ele sorriu.
Ela não tinha chance.
Capitulo 23

Quinze minutos mais tarde Lorde Beecham trouxe para sua cativa, alguns biscoitos quentes,
manteiga doce, geleia de damasco, e um bule de chá, que ele mesmo tinha feito.
—Os biscoitos não estão completamente frescos. Sra. Toop fez ontem, na pousada, apenas para
esta ocasião especial. No entanto, eu os aqueci no fogo da lareira. Os biscoitos estão macios,
agradáveis e quentes. — —O que você quer dizer com sobremesa?
Ele amava sua mente. —Disciplina, meu doce. Todo mundo parece ansioso para que eu lhe
ensine mais sobre este tópico tão interessante. Talvez você tenha se tornado muito previsível na sua
abordagem, muito sem imaginação. É hora de infundir novas ideias, dar novas perspectivas.
—O que você quer dizer com todos?
—Devo manter minhas fontes privadas. Eu acredito que há um medo de possíveis retaliações.
—Spenser, você deve me deixar ir. Se você fizer isso agora, eu juro não ferir você.
—É bom que você esteja me chamando pelo nome, novamente. Isso significa que não estamos
mais disputando um jogo de braços, não é?
Ela puxou seus braços. Nada aconteceu. Estava ficando muito vermelha no rosto.
Ele acariciou sua bochecha, se sentou na cadeira ao lado da cama e disse: —Você gostaria de
manteiga e geleia em seu bolinho?
—Eu gostaria de me alimentar sozinha.
—Tudo bem. —Ele soltou uma das mãos. Ele a observou flexionar seus dedos, dobrar o pulso
para frente e para trás.
—Você gostaria de manteiga e geleia em seu bolinho?
Ela assentiu com a cabeça. Finalmente sua atenção foi para a comida e não para ele.
Comeu dois biscoitos, com manteiga e geleia de damasco, e, em seguida, se recostou no
travesseiro e suspirou. —Estava delicioso, obrigada. A Sra. Toop faz os melhores biscoitos da área.
Agora, eu gostaria de estar de volta a minha pousada para a hora do almoço. Podemos sair agora?
—Quer um pouco de chá, agora? Limão? Leite?
Ela estava com o mesmo olhar de quando tinha confrontado aqueles jovens bêbados na taverna.
Era sangue. Ela tinha sangue nos olhos.
Ele nunca deveria ter lhe dado o chá, especialmente com leite adicionado. Ela o jogou na cara
dele. Em seguida, o rosto fechou. Oh, céus, eu não pensei. Eu deveria ter tomado a bebida primeiro.
—Provavelmente, —disse ele, se levantando para se limpar. —Isso, —Ele disse, do outro lado
da sala, enquanto mergulhava um pano na bacia de água morna em cima de uma cômoda, —lhe
garante punição, Helen. O que você acha? Nível Cinco?
—Não seja ridículo. Isso não está nem perto de um Nível Cinco. —Ela percebeu o que disse e
fechou a boca, rapidamente.
Tudo bem, —disse ele, um homem tão agradável, tão razoável, tão pronto a compreender, que o ar
cheirava a ele, e, se pudesse, ela o teria chutado pelo quarto. —O que você acha justo? Nível três?
—Você não vai jogar comigo, Spenser.
—Pelo menos você ainda está usando o meu nome.
—O chamar de Lorde Beecham, seria horrivelmente embaraçoso. Eu estou aqui deitada de
camisola, de costas, com os braços e pernas amarrados.
Seus olhos quase se cruzaram. Ele os fechou e lhe acariciou o rosto. Ele tirou a camisa molhada
da calça e a soltou.
Ele sabia que ela estava olhando para ele. Ele não estava errado. Havia luxúria em seus olhos se
ele não estava enganado, não estava. Aquilo era ótimo.
Quando ele estava nu da cintura para cima, deixou sua camisa sobre as costas de uma cadeira para
secar, em seguida, voltou para a cama. —Você gosta de mim, Helen?
—Você é um homem. O que há para gostar?
—Você estava olhando para meu peito. Agora você está tendo dificuldade de manter os olhos no
meu rosto. O que você acha? Você gosta das minhas partes viris juntas?
—Estou com sede.
—Se eu lhe der outra xícara de chá, você promete que vai beber e não atirar em mim?
Ele viu que era uma luta, mas, finalmente, ela conseguiu dizer, Ah, tudo bem, eu
prometo.
Ele beijou sua boca, se endireitou, e lhe serviu, não colocando leite ou açúcar. Ele a ajudou a se
sentar e entregou a xícara.
Ela bebeu devagar, sem olhar para ele. Quando terminou, a devolveu. —Isto é uma loucura,
Spenser. Você não pode me manter amarrada a essa maldita cama.
—Por que não?
Ele quase riu do olhar completamente vazio em seu rosto. Finalmente, ainda olhando para ele, ela
disse: —Bem, eu não sei. Não é certo, eu acho. Além disso, não há nada mais sobre a disciplina que
você poderia me ensinar.
Era incrível como ela poderia soar muito segura de si. —Você acha, não é?
Ela recuou, ele viu, e foi muito divertido. Um pouco mais de um mês atrás não tinha ideia de que
uma Srta. Helen Mayberry existia. Agora, não podia imaginar não a ter aqui, perto dele, amarrada a
sua cama.
Ela limpou a garganta. Ela tomou outro gole de chá. —Não me disse que queria me dar tudo o
que eu poderia querer?
—Não me lembro.
—Você fez, ou algo muito próximo, algo que foi muito romântico e absolutamente ultrajante. Você
disse que achava que iríamos lidar bem juntos. Eu não estou lidando bem, agora. Estou amarrada. Eu
não gosto disso.
Ele deu a ela um sorriso lento e doce. —Tudo o que tem a fazer é dizer que vai casar comigo e
iremos para o Vigário Lockleer Gilliam dentro de uma hora.
—Eu poderia concordar, depois deixaria você e o vigário Gilliam sozinhos no altar.
—Poderia, mas isso seria muito decepcionante, Helen. Seu pai me deu uma lista bastante completa
de todos os seus pontos mais fracos, todas as suas impertinentes pequenas falhas de caráter, suas
minúsculas pequenas fraquezas, como ele as chama. Ele nunca disse que você era um mentirosa.
—Não estou chateada.
—Bom. Você quer se casar comigo?
Ela mordeu o lábio inferior. Ele viu que seus lábios estavam rachados e franziu o cenho, se
aproximou da penteadeira e começou a abrir as gavetas. Encontrou creme na segunda..
Ele se sentou ao lado dela na cama, mergulhou seu dedo no creme branco grosso, então começou
a esfregar isto em seus lábios. Ela apenas olhou para ele, sem se mover. Tinha uma mão livre, mas a
deixou ali, ao lado dela.
—Obrigada, —ela disse, quando ele, finalmente, terminou.
—De nada. —Ele a beijou novamente, provando o creme, que foi como lamber a casca de um
carvalho. —Agora, você vai se casar comigo?
—Não.
—Muito Bem, você está pronta para o seu castigo Nível Três, por jogar seu chá na minha cara?
—Isso não é mais do que um Nível Um.
—O que você considera um castigo nível um?
—Ser deixado sozinho por duas horas completas, em uma sala escura, sem ninguém para
conversar, sem água para beber, nada para comer. Eu costumo usar a sala atrás do estábulo. É
bastante escura.
Ele suspirou. Bem, isso não é nada excitante, mas eu suponho que é justo.
Ele puxou as cortinas, amarrou o outro pulso novamente na cabeceira, a cobriu até o peito,
acariciou sua face, beijou sua boca. Ele se levantou, olhando para ela, por um instante e começou a
assobiar. Levou a bandeja e a deixou sozinha. Ela ouviu o assobiou, enquanto ele andava pelo
corredor.
Ele não voltou.
Helen decidiu, enquanto estava deitada lá, que esta simples disciplina foi muito pior do que nunca
tinha imaginado. Era um Nível Três, no mínimo. Ela teria que reavaliar sua escala de disciplina.
Certamente quase um dia tinha passado quando, finalmente, a porta do quarto abriu. Helen poderia
ter saltado nele, estava tão feliz!
Ele puxou uma cadeira para perto da cama e se sentou, usando os dedos num toque rítmico e lento,
perto dele. Ela se viu olhando para esses dedos, se lembrando de onde tinham tocado, e estremeceu,
não o suficiente para ele perceber, mas o suficiente para que sentisse até os dedos dos pés. E
falando em tocar, porque ele não estava em cima dela? No curso normal das coisas, ele não podia
esperar para estar todo sobre ela. Aqui estava ela, como uma oferenda, e ele estava apenas sentado,
batendo seus dedos miseráveis. O que havia de errado com ele?
—Uma das técnicas disciplinares mais eficazes que descobri é o que chamo, de "não exatamente
êxtase".
O coração de Helen começou a pulsar, lentos, profundos golpes. Seu rosto estava iluminado por
excitação. Spenser pigarreou. —Veja, Helen, você e eu, juntos, somos algo que nunca imaginei
acontecer em minha vida. Eu toco você e você se torna totalmente selvagem.
—Eu não sou a única aqui sem nenhum controle. O que você sente quando toco em você?
Ele assentiu. —Boa pergunta. É bem possível que tenha perdido uma boa parte da minha técnica
impecável, não que você vá notar, uma vez que você me quer tão mal. Eu considerei isso e descobri
que isso me faz sorrir, mesmo rir. Você não acha que é estranho?
—Desde que eu nunca, sequer tenha observado esta ostentada técnica, eu não sei se o riso é
estranho ou não.
Ele se inclinou para frente, sabendo que estava indo para a incitar, mas, bom. —Bem, veja você,
querida, você está tão completamente, bem, eu hesito em usar uma palavra tão pouco lisonjeira, mas
ela se aplica perfeitamente aqui e gostaria de ser honesto. Você é muito fácil, Helen. Complacente e
submissa também se aplicam. Talvez até mesmo dócil? Não há desafio para você em tudo. Eu tenho
que a olhar com apenas um pouco de interesse em meus olhos, e você começa a lamber suas
encantadoras costelas. Eu a beijo, tudo que é necessário é um escasso beijo e você está pronta para
se deitar de costas e me puxar para cima de você.
—Você, em suma, não me deu nenhuma razão para mostrar um pouco da minha técnica magistral.
É
um pouco deprimente, toda essa facilidade absoluta, e não apresenta nenhum desafio, e eu não
acredito que devo desperdiçar suas habilidades e talentos. —Ele suspirou. —Mas, querida, porque
eu a admiro muito, estou tentando me adaptar.
Ele esperou. Ele gostou da espera, antecipando o que ela faria. Ele amava sua indignação, e isso
era exatamente o que ela dava agora a ele. Seu rosto estava corado, seus olhos brilhavam, e seus
lábios se tornaram uma linha fina, com o creme sobre eles. Ele a queria beijar, saborear o creme,
mas apenas ficou ali, seus dedos juntos. Ele não estava prestes a soltar Helen e deixar que o tocasse,
em qualquer lugar. Ele esperou.
Ela o olhou nos olhos e disse: —Você está certo sobre tudo isso. Eu sou uma criatura sem vontade
ou controle. É muito possível que qualquer um poderia me fazer sentir como você faz. O que você
acha?
Ele olhou para ela e começou a tremer com própria indignação, o tomando a ponto de transbordar,
o fazendo querer gritar. —Você, —Disse ele calmamente, —é uma besta, Helen. Você não sabe
nada. Eu a tirei das coisas provincianas e lhe estou mostrando como você é fácil, mas, apenas,
comigo. Com nenhum outro homem você seria, remotamente, fácil. Você, provavelmente, iria bater
em qualquer outra pessoa por toda a sala. É verdade. Você é uma idiota. Se você não fosse, iria
perceber que eu sou o único homem, no mundo, que pode fazer você se sentir fácil e complacente,
disposta a fazer praticamente qualquer coisa que eu queira.
Ela bocejou. —Bem, Spenser, —ela disse, —agora que posso refletir sobre isso, cheguei a
conclusão de que todos aqueles sentimentos selvagens que você me fez sentir realmente nunca
existiram. Eu acho que eles provavelmente não eram grande coisa. No máximo, eles foram
acidentais, sem sentido.
—Isto é realmente o que você acha?
—Ah sim. Certamente. —Ela estalou os dedos. —Nada mesmo.
—Eu estou tão feliz que você tenha dito isso.
Ele se levantou, tirou as botas, olhando por cima do ombro para ela. —Em breve, talvez, você vá
fazer isso por mim?
—Talvez, —Ela disse, e ele balançou a cabeça. Foi a coisa mais difícil que já tivera de fazer, mas
ele se manteve firme.
—Então, —Ela disse, —Eu vou ter a vingança final do meu pai.
Ele ouviu a emoção em sua voz, nos olhos dela, o que não podia esconder dele. E, talvez,
houvesse fúria, porque ele a tinha deixado impotente. Ah, essa mulher tinha sido criada por um
Deus benevolente, só para ele. E começou a assobiar. Ele foi com os seus pés descalços para as
janelas e puxou de volta todas as cortinas. Luz solar brilhante espirrou para dentro do quarto. Ele
olhou para ela e sorriu. —Você sabe, meu doce, eu estou voltando a captar todas as suas pequenas e
preciosas particularidades.
Ele se sentou ao lado dela, se inclinou e começou a abrir as fitas de sua camisola. Ele viu o pulso
batendo forte em sua garganta. Sua própria excitação, ele descontou. Se ele reconhecesse isso,
poderia acabar fazendo amor com ela dez vezes: rápido, duro, e demente. Não, ele se manteve em
seu curso. Ele estava punindo Helen, não amando bobamente, pelo menos, não ainda.
Ele separou sua camisola, expondo seus seios. —Ah, Agora eu tenho tempo para apreciar toda a
recompensa que você está me oferecendo.
—Seu porco. Eu não lhe ofereci nada.
Ele tocou levemente a ponta do dedo sobre a boca, então se inclinou e beijou seu peito. Ela estava
tentando se manter dura como uma tábua, mas não estava fazendo um bom trabalho. Bem, talvez
por
dez segundos. Ela confiava nele implicitamente, ele viu em seus olhos, e assim, foi capaz de
aproveitar completamente. E isso foi emocionante, não há maneira de esconder isso, pelo menos,
não com ele.
Ajudou que estava ainda com as calças e que tinha feito um voto para si mesmo no espelho que
não era hora ainda para dormir com ela, não até ela estar casada com ele. Ele podia querer cortar os
pulsos, mas iria se manter firme. —Agora é hora de sua disciplina. Desde que você está amarrada e
não pode me atacar ou me distrair, lhe vou dar um gosto da minha incrível técnica. —Ela inspirou
profundamente, mesmo quando ele começou a beijar os seios, a acariciando até que ela estivesse fora
da si. Em seguida, ele recuou e rasgou a camisola, a expondo aberta até o fim. Ele a tirou. Suas
pernas estavam abertas, com os braços acima da cabeça. Toda a sua requintada pele branca ficou
exibida bem diante de seus olhos. Ele ergueu o rosto para o teto e fez uma oração de ação de graças.
Ele a olhou de cima a baixo, cantarolando suavemente, mesmo quando levantou a mão, deixando
pairar sobre sua barriga por um momento, e depois, parou. Sua respiração engatou. Ele se levantou e
foi para a bandeja de chá, que tinha deixado sobre a pequena mesa de marchetaria em frente à lareira.
Se serviu de uma xícara de chá, bebeu e caminhou, lentamente, de volta para ela. Ele ficou ao lado da
cama, uma xícara de chá na mão, olhando para ela.
—Spenser.
—Sim, meu bem?
Ela estava respirando com dificuldade, os seios arfando, uma bela vista, além do que ele poderia
ter imaginado, na verdade, e ficou um pouco surpreso. Ela estava tentando levantar seus quadris.
Ele disse: —Esta foi a primeira fase da sua disciplina. Você gostou? Apreciou a minha magnitude
sutil? Aplauda o meu nome; não é exatamente êxtase?
Ela apenas olhou para ele.
Ele colocou a xícara de chá na mesa, sentou ao lado dela de novo, e se inclinou, beijando sua
barriga branca. Ela arfava e gemia. Ele sorriu dolorosamente contra sua pele macia, e sussurrou, sua
respiração quente, —Agora estágio dois. —Ele se moveu para baixo. Levantou a cabeça e olhou
para ela.
—Spenser.
Ela soou como se estivesse com dor. Lentamente, sabendo que ela estava querendo que ele a
acariciasse, sabendo que ela estava segurando a respiração, ele abaixou a cabeça e a beijou.
Ela gritou.
Ela era sua, agora, completamente dele, e ela estava em um mau caminho, sua teimosa menina
grande. Ele sentiu o prazer rasgando através dela, sentiu a tensão subindo, a urgência quase em crista.
Ele levantou a cabeça.
—Helen.
Ela estava além de si mesma.
—Helen.
Ela tentou se concentrar em seu rosto, mas era difícil. Ela queria sua boca sobre ela, algo que só
ele tinha feito com ela e foi imensamente excitante e ela não poderia começar a imaginar como seria
horrível para atravessar a vida sem sentir esse tipo de loucura selvagem. E agora ela sabia o que era,
como se sentia, como isso fazia você só quer gritar e gritar, e continuar gritando até explodir, ou
simplesmente, entrar em colapso.
Ela sentiu a boca sobre ela outra vez, quente, sua língua a fazendo gritar. E então, de repente, ele
se foi.
Ela ficou lá, contraindo e empurrando e puxando, na medida em que os laços macios em seus
pulsos e tornozelos permitiam, até que o prazer se desvaneceu gradualmente. Ela olhou para ele
quando se sentou na cadeira ao lado da cama, beber mais um pouco de chá e lendo a Gazette.
Ele não estava olhando para ela. Ela queria chorar, mas é claro que ela não iria. Ela o queria
matar, mas é claro que, no momento, ela não podia fazer isso. Talvez ela o pudesse condenar à
morte. Mas não havia palavras que saíssem de sua boca. Ela só ficou ali, sentindo os picos de prazer
desaparecerem lentamente, a deixando vazia e fria, pronta para o matar. Então essa era a sua
disciplina. Ele chamou isso de pouco excitante, o bastardo.
Objetivamente, a sua disciplina era incomparável. Era um Nível Dez, no mínimo. Cachos de
malva rosa não eram nada comparados a isso.
Ela queria esfaquear seu coração negro. Com a espada de seu pai. Ela puxou o seu pulso
esquerdo. Para sua surpresa, ela de repente estava livre. Ela ficou lá e piscou. O empate tinha
soltado. Agora o outro pulso. Certamente ela não poderia ter a sorte de libertar esse também. Como
ela tinha movido seu pulso só então, pouco antes de os nós terem deslizado soltos?
Ela virou seu pulso para dentro, então, deu um forte puxão. E fez isso novamente. Os nós
deslizaram sobre seu outro pulso. Ela fez a mesma coisa com cada tornozelo. Ela estava livre. A
cabeça dele ainda enterrada atrás do Gazette, não estava prestando atenção no que ela estava
fazendo.
Ela sentiu a fúria a atravessar e um alto grau de admiração e respeito por seus métodos de
disciplina. Ele a levara à beira da loucura, então a deixou. Sim, foi muito eficaz, mas certamente,
ele poderia estar olhando o seu rosto, talvez até mesmo a provocando. Mas não, o miserável estava
lendo. Muito lentamente, ela se sentou, sacudiu as gravatas, e sem uma palavra, sem nenhum aviso,
ela pulou da cama em cima dele, o jogando para trás. As páginas do Gazette se espalharam pelo
chão. A cadeira caiu e eles caíram sobre juntos, ela em cima dele.
Capitulo 24

Ela agarrou seus cabelos E bateu a cabeça várias vezes contra o tapete. Foi uma pena que o
tapete maldito era tão espesso e macio. Ela não estava fazendo nenhum avanço. Ela lhe bateu
novamente.
—Você, bastardo, —ela gritou bem na sua cara. —Você, bastardo miserável. Penso que a sua
disciplina é vergonhosa. Eu preferiria ser surrada na cabeça com um feixe. Eu preferiria ser forçada
a comer nabos cozidos sem sal, que é um bom e sólido Nível Três de disciplina. Mas não o que você
fez, esta desprezível disciplina de êxtase não completo. Eu odiei isso. Está me ouvindo, Spenser? Eu
odiei. —Ela bateu a cabeça dele novamente contra o tapete.
Ele estava rindo.
Ela se ergueu e olhou para ele. Ela bateu sua cabeça mais uma vez. Ele ainda estava rindo. Para
ela.
—Você me fez selvagem, e depois, teve a ousadia de me deixar. —Ela estava sentada em cima
dele agora, inclinada, com as mãos em volta de sua garganta. Sua camisola rasgada estava
pendurada, solta, quase caindo de seus ombros. —Você seu bobão, você me deixou e veio ler o seu
jornal. Um maldito jornal. Você ficou bebendo chá. Vou esmagar cada um dos seus ossos de seu
miserável corpo. —Ela começou a apertou o seu pescoço. Ela estava tentando, ao máximo, o sufocar
até a morte. Ela poderia ter sucesso. Helen tinha as mãos muito fortes. Seus seios estavam quase
tocando seu rosto.
Ele lhe agarrou os pulsos e puxou seus dedos de sua garganta. Ele sorriu para ela como um homem
que tinha acabado de surrupiar um pacote de prata e descobriu, para seu espanto, que era ouro.
—Será que você declarou que eu sou o mestre da disciplina? Que você está apenas em um segundo
lugar, muito distante de mim? Basta olhar para você, Helen, tentando matar o homem que tão
perfeitamente disciplinou você.
Ela parou, de repente, e sentou em cima dele. Sua camisola ainda estava ao redor, bem aberta, e
ele apenas olhou e babou, apreciando. —Você foi direto, —ela disse devagar. —Foi uma disciplina
de duas partes mais do que eficaz. Foi devastadora. —Ela se inclinou e o beijou. Então ela o mordeu,
e lambeu onde tinha mordido. Ela sentiu a mão dele puxando sua cabeça para ele. Porque ele não
vestia camisa, seus seios estavam contra sua pele quente.
Spenser a beijou descontroladamente, sem restrição por uns trinta segundos. —Oh, não, —disse
ele em sua boca, a segurando pelos braços e empurrando de volta. Seus olhos estavam ligeiramente
enlouquecidos, os lábios entreabertos, como os dele.
—Não, só fique lá, Helen, mesmo você me esmagando no chão. Agora, querida, eu tenho que dizer
isto. Você me enganou. Eu acreditava que você era possuidora de um dos principais cérebros de toda
a Inglaterra, pelo menos é isso que me levou a acreditar. Eu deve reavaliar isso agora. Ah, eu
esqueci que você é, afinal, uma mulher, com todos os inconvenientes, todos os problemas, todas as
carências inerentes ao seu charme, embora, ocasionalmente, incompetente sexo.
Ela ameaçou o beijar novamente, mas, fez uma pausa e franziu a testa. —Do que você está
falando?
Ele balançou a cabeça, decepção estampada em seu rosto. Ele suspirou e disse: Bem, você vê,
levou tempo demais.
Ela ficou completamente imóvel. Ela abriu as palmas das mãos sobre o peito nu, uma posição
agradável no peito com cabelo crespo. —O que levou muito tempo?
Mas ela sabia, oh, sim, ela sabia. Ele amava as suas mãos nele, se perguntou se ela podia sentir
seu coração acelerar. Ele disse: —É um movimento súbito, pequeno, que você faz com seus pulsos,
que esse giro rápido para dentro, que faz o truque. Os nós deslizam para a direita. Sim, você levou
um tempo muito longo para encontrar a resposta. —Então, ele estendeu a mão e acariciou os seios
nus em suas palmas. —É lindo, —disse ele. —Agora, antes de você trilhar o seu caminho comigo,
você concorda em se casar comigo?
Ela apenas ficou em cima dele, sua camisola pendurada, seu cabelo revolto ao redor do rosto, não
acreditando no que ele tinha feito com ela. Ela jamais conheceu um homem mais bonito em toda
sua vida. Tudo nele era bonito.
—Eu quero dizer isso, Helen. Nada mais de êxtase, nada mais de desejo insano. Eu não vou fazer
amor com você novamente, até prometer que vai se casar comigo.
Ela ainda ficou ali, sentada, apoiada nas palmas das mãos, agora, o deixando suportar o peso de
seus seios. Ela fechou os olhos. —Eu não posso.
Num piscar de olhos, ele a tirou de cima dele. Ela estava de costas no meio do tapete e agora ele
estava em cima dela, deitado em cima dela, para que ela não conseguisse se mexer.
Seus narizes estavam quase se tocando. Ele gritou na cara dela, —Por que não? A verdade, Helen,
agora, ou eu a vou amarrar novamente, e desta vez não vai ter uma rota de fuga para você.
Ela engoliu em seco.
Para sua surpresa, lágrimas escorreram de seus olhos, por todo o seu rosto. Ele amaldiçoou.
Ele saiu de cima dela. Ela imediatamente se virou para o lado, trazendo as pernas até o peito, e
ela chorou. Ela enfiou o punho em sua boca. Não importava. As lágrimas continuavam a cair.
A amante de disciplina de Court Hammering estava deitada de lado, no chão, chorando.
Ele xingou novamente, e a ergueu. —Isto, certamente, irá curvar as minhas costas, —disse ele, e
cambaleou até a grande poltrona em frente à lareira. Ele sentou, a sentou no colo e a abraçou firme.
—Não, querida, não chore. Isto me abala. Você sabe que uma menina grande não deveria ter que
chorar sobre qualquer coisa. Não, uma menina grande iria me dizer imediatamente o que a
incomoda. Posso arrumar qualquer confusão, Helen, resolver praticamente qualquer problema,
derrubar qualquer pessoa que a está incomodando. Claro que, em primeiro lugar, você tem que
confiar em mim.
Ele a embalou. Finalmente, ela parou. Ela estava soluçando. Ele sorriu, enquanto beijava seu
cabelo.
—Ele está vivo —disse ela, com a voz abafada contra o peito.
Ele piscou. —O que você disse, querida? Você está pensando que eu estou vivo e muito bem,
mesmo que eu tenha que levantar do chão e a trazer até aqui, para esta grande e agradável cadeira
que mantém felizmente nós dois?
Ele a viu respirar fundo, se firmando. Ele a cobriu com a camisola. Quando ela estava sentada,
com a cabeça abaixada, os cabelos quase cobrindo o perfil lindo, ele disse: —O que há de errado,
Helen? Você não gostou dos meus jogos?
—Sim, —Disse ela. Seus jogos foram hilariantes. A fuga, foi muito inteligente da sua parte. Se eu
não tivesse conseguido girar o pulso dessa maneira, eu não teria encontrado. Eu teria me sentido
muito estúpida quando você finalmente me mostrasse.
—Case comigo, Helen. Vou criar novos nós para a provocar. Vou inventar uma disciplina muito
especial para você na nossa noite de núpcias.
Ela virou-se então, e a camisola caiu. Ele resolutamente manteve os olhos no rosto. Seus olhos e
o nariz estavam vermelhos e havia manchas de lágrimas em seu rosto. Ele gentilmente tocou no
rosto amado. —Não estou fazendo amor com você, rugindo sobre você, todo o frenesi e a loucura.
Não, eu estou me contendo. Estou simplesmente segurando você, todo calmo e controlado, e sua
camisola está escancarada, e seus belos seios estão perto dos meus dedos.
Ela sorriu, mas era uma coisa lamentável, o sorriso dela, e desapareceu por completo, quando ela
disse: —Eu disse que ele está vivo.
Ele não disse nada. Ele não queria. Ele tinha um pressentimento terrível. Ele queria dizer a ela
para não dizer mais, mas não o fez. Ele esperou que a guilhotina caísse.
—Meu marido ainda está vivo. Recebi uma carta há uns seis meses. Eu não sei onde ele está. A
carta veio de Brest, na costa ocidental da Bretanha.
Ele resmungou. Ele tinha viajado através da pitoresca cidade, cerca de sete anos antes, quando o
Tratado de Amiens ainda estava em vigor. Não havia nada lá, exceto pescadores. Por que ele está lá?
Por que ele não está aqui? O que aconteceu com ele? Tem certeza de que é a sua caligrafia? Qual é o
nome do sujeito maldito?
—Gerard Yorke, o segundo filho do primeiro-secretário do Almirantado, Sir John Yorke.
Bem, isso foi um pontapé. —O Primeiro Secretário não é tão velho quanto o carvalho perto da
janela?
—Sim, pelo menos, tão velho.
Ele tinha que manter a calma, manter um controle firme sobre as coisas. Tinha que haver uma
maneira de sair dessa, não tinha de ser. —Já escreveu para ele? Ou será que você o foi ver quando
estava em Londres?
—Escrevi a Sir John, lhe contando sobre a carta. Ele não respondeu. Lhe escrevi mais uma vez e
anexei uma cópia da carta. Ele ainda não respondeu. O dia depois do casamento de Gray e Jack, eu
fui até o Almirantado, em Whitehall. Ele se recusou a me ver. Ele enviou o seu secretário para me
dizer que seu filho tinha morrido uma morte de herói, e que ele não tinha absolutamente nada a me
dizer. Ele não sabia por que eu lhe enviei uma carta ridícula que nem sequer foi escrita por seu filho.
Ele disse que desde que eu não tinha, sequer, conseguiu fornecer ao meu marido um filho, eu não
tinha reclamação sobre ele ou em sua família.
—Ele enviou seu secretário para lhe dizer isso?
Sim, o pobre homem estava muito
envergonhado.
—Por que não me disse isso há duas noites na pousada quando eu derramei a minha alma para
você?
—Porque, naquele momento, eu não queria casar com você, nem com qualquer homem, nunca
mais. Basta olhar para o marido que retornou para me assombrar, eu nem sequer gostava dele mais,
depois de cerca de duas semanas do casamento. —Ela estremeceu com as memórias, suspirou e
olhou para suas mãos. —Talvez, menos de duas semanas.
—Entendo. Por que você não me disse quando eu tinha você aqui, agradavelmente amarrada à
cama?
Ela amaldiçoou. Ele estava tão surpreso que apenas olhou para ela. —Por quê?
—Ah, tudo bem, você vai continuar puxando, puxando, não vai? Bem, aqui está, eu queria ver o
que você faria comigo.
A mulher iria deixá-lo louco, ele pensou, olhando para ela, e ele a queria, mais do que qualquer
coisa que já quis, em sua vida. Ele levemente correu a ponta do dedo por sua bochecha e acima de
sua mandíbula. —Você é tão macia. Você gostou do que eu fiz para você?
—Eu não sei se eu deveria dizer a verdade.
Ele a abraçou com mais força ainda e disse: —Eu tenho a sensação de que você e eu vamos voltar
a isso mais uma vez, depois, provavelmente muitas vezes. Agora, você disse ao seu pai?
Ela balançou a cabeça. —Por quê? Não há nada que ele possa fazer. Além disso, ele nunca gostou
de Gerard. Eu não o quero preocupar. Quanto a Sir John, talvez ele não conheça a letra de seu filho
tão bem. Mas, eu sim. Era sua letra, ou uma excelente falsificação. A principal razão porque eu
escrevi ao Sir John e o tentei ver é que ele é o primeiro secretário do Almirantado. Ele é poderoso.
Se alguém pode descobrir algo sobre Gerard, é Sir John.
—E ainda assim, ele não quis ouvir. Ele se recusou a ver você. Isso parece estranho, não é?
Sim, e eu não entendo. O corpo de seu filho nunca foi encontrado.
—O que aconteceu?
—Gerard foi morto a bordo de um navio que não estava a mais que quatrocentos metros ao largo
da costa norte da França. Um dos canhões explodiu e o navio ficou em chamas. Eles não puderam
debelar o fogo. Os homens pularam no mar, incluindo Gerard, que era o primeiro imediato. Ninguém
ficou a bordo, até mesmo o capitão. O problema é que Gerard não sabia nadar. Não é estranho, um
homem da marinha que gasta todo o seu tempo na água, e ele não sabe nadar? Me disseram que
muitos marinheiros não sabem nadar. Em qualquer caso, uma forte tempestade de inverno caiu
depois, mas não a tempo de apagar o fogo a bordo do navio. Me disseram, também, que apenas
meia dúzia de marinheiros conseguiu sobreviver, nadando até a costa.
Sir John foi quem me informou da morte de Gerard. Eu não tive mais qualquer contato com ele,
desde aquela época. Ele nunca se importou comigo. Como eu acreditava que era um velho rabugento,
não me incomodava. Meu pai, como você pode imaginar, estava perplexo porque alguém não gostava
de sua amada filha. Em qualquer caso, se Gerard de alguma forma sobreviveu, se ele está vivo, então
eu ainda sou casada. Eu não posso me casar com você, ou qualquer outro.
Ele tinha conseguido descobrir isso sozinho. Foi um tremendo golpe. Ficou ali, sentado, a
abraçando, perguntando como a vida, que parecia tão simples e fácil, momentos antes, quando ele a
estava acariciando com a boca, tinha escapado, mais uma vez, de seu controle.
Ele xingou, novamente. Isso o fez se sentir um pouco melhor, pelo menos por um curto período de
tempo.
Ela se deitou em seu peito, o rosto encaixado no seu pescoço. Ele a abraçou bem apertado.
—Se ele estiver morto, como deveria estar, você se casaria comigo, Helen?
Ela disse em seu pescoço, sua voz quente e doce, —O pensamento de acordar uma manhã
qualquer com meus pulsos amarrados acima da minha cabeça e você em cima de mim, é quase
demais para o meu cérebro lidar. Mas, você teria que prometer esse quase êxtase, novamente.
Ele riu —não havia mais nada a fazer. —Não, eu nunca a punirei com isto, novamente. —Ele
beijou sua testa e ficou em silêncio. Bem, talvez, por pouco tempo, antes de eu continuar.
Spenser ficou calado por um tempo, analisando a parede branca, ao lado da lareira.
—O que você está pensando?
—Eu estou querendo saber como entender essa história, —disse ele. —Veja bem, não faz sentido
ele enviar uma carta dizendo que está vivo e depois não fazer nada, por seis meses. Algo estranho
está acontecendo aqui. —Ele ficou em silêncio novamente. Helen estava acariciando seu peito. Era
perturbador. Ele segurou sua mão e a colocou sobre sua coxa. O que se mostrou ainda mais
perturbador. Ele a soltou e suspirou, fechando os olhos. Eu sei o que vamos fazer.
—Como você pode chegar a um plano em cinco minutos? Eu tive seis meses para pensar e não
consegui.
—Entendo. Se você não pensar em um plano, então pode não existir. Isso é um pouco arrogante de
sua parte, querida, você não acha? Talvez um Nível Seis de punição para esta falha de caráter?
Ela se inclinou e mordeu seu pescoço. Em seguida, ela lambeu onde tinha mordido e deu um
pequeno beijo. Ele adorava isso. —Acho que você apreciaria um Nível Seis, meu senhor, mais do
que eu.
Ele quase engoliu a língua, mas limpou a garganta. —A razão pela qual você não penou em nada é
porque eu não estava aqui, para estimular você.
—Qual é o seu plano?
Ele a colocou como estava, sentada em seu colo, os olhos no nível dos seus. Ele beliscou seu
nariz e deu um pequeno beijo em sua boca. Seus lábios estavam suaves do creme. —Você e eu,
Helen, vamos anunciar nosso noivado em todos os jornais de Londres, e todos os arredores. Iremos
até mesmo enviar um comunicado a todos os jornais em Paris. A sociedade está acima de guerra,
você sabe. Nós vamos marcar a data do casamento para um mês a partir de hoje. Vamos realizar
festas e um grande baile. Vamos contar com a ajuda do Sherbrookes, e também de Gray e Jack. Todo
mundo vai falar de nossas núpcias. Se Gerard Yorke ainda está vivo, então ele vai aparecer, não terá
escolha.
Ela piscou. —Isto é uma ideia brilhante. Na verdade, agora que penso nisso, não teria sido
possível para mim chegar a esse plano, porque não havia ninguém por perto para eu me casar.
Ela sorriu para ele, e ele riu para ela, e a puxou com força contra ele. Você vai se casar comigo,
Helen?
Ela sossegou, e ele sabia que estava se preocupando e avaliando.
—E se ele vier a Londres?
—Então vamos fazer o que tivermos que fazer, —Lorde Beecham disse, e se perguntou, em
silêncio, o que exatamente seria isso.
—Eu não quero estar casada com ele, Spenser. Talvez, seja apenas melhor o que temos, não
colocar as mãos no ninho de vespas. Talvez eu nunca ouça nada dele, novamente.
—Nós vamos casar, Helen. Nós não seremos amantes.
—Se ele está vivo, então nunca poderemos casar, a menos que eu divorcie dele. Eu não posso
fazer isso, Spenser. Seria um terrível escândalo.
—Nós vamos falar disso novamente, quando e se, o sujeito aparece. Se ele está vivo, ele virá. Se
ele não vier, então vamos casar. Se ele vem mais tarde, então vamos lidar com isso quando, e se, isso
acontecer. Se não há mais nada, então você vai divorciar dele. Se o escândalo for muito grande,
então vamos mudar para a Itália, um lugar encantador. Para Toscana, creio eu, a nossa própria
pequena vila confortável. Você vai comprar uma pousada local e a administrar. Eu falo italiano e
vou lhe ensinar todos os palavrões. O que você acha?
—Eu acho que você é maravilhoso, mas esse não é o ponto. Há algo que você está ignorando aqui,
e você simplesmente pode.
—O que é?
—Você é Lorde Beecham. Você deve ter um herdeiro. Eu sou estéril.
—Eu já tinha dado toda a atenção que este pensamento merece. Meu herdeiro nominal é um primo,
um capitão de veleiro nas Américas. Ele é um bom sujeito, assim como seus filhos. Não se preocupe
com isso. Eu quero você mais do que já quis algo neste mundo inteiro ignorante. Acredite.
—Não está certo. —Ele não disse mais nada, apenas olhou para ela. Ela concordou, finalmente,
em seguida, quase saltou fora de seu colo. Oh, Deus, eu esqueci sobre a lâmpada. Como eu pude
esquecer a lâmpada?
—Estou aqui com você e minhas mãos estão acariciando de cima a baixo suas lindas costas.
Como você poderia pensar em outra coisa?
—Entendo. Obrigada por essa explanação. —Ela se virou para o beijar, mas ele a segurou.
—Não, Helen, eu não vou fazer amor com você novamente, até que estejamos casados. Estou me
comprometendo com você para o resto da minha vida. Não tenho nenhuma intenção de...-
Ele olhou para os seios e engoliu. —Você deve me ajudar com isso. Eu estou preparado para ser
nobre, mas eu preciso de ajuda.
—E se Gerard não chegar até o momento em que vamos nos casar?
—Então casamos, como eu disse a você. Talvez a carta seja uma falsificação, por alguma razão
que vamos descobrir, especialmente, depois de anunciar nosso noivado. Tudo vai dar certo, Helen.
Confie em mim.
Ele ainda estava olhando para os seios quando ela disse, —Ele não era um homem muito
agradável. Eu pensei que fosse, quando o conheci, por volta do verão de 1801. Eu tinha apenas
dezoito anos e ele tinha, pelo menos, trinta, talvez mais, ele nunca me disse e eu o adorava. Ele
gostava disso, eu acho. Desde que ele era um herói, naturalmente, sabia tudo, e eu ouvia e
reverenciava cada palavra da sua boca. Ele jurou que me adorava e que não se importava que eu
fosse mais alta do que ele. Ele era um herói naval, o orgulho do Almirantado, um homem que tinha
lutado contra Napoleão na batalha do Nilo, em 1798. Lorde Nelson o promoveu por bravura. Sim, é
claro que eu descobri logo que tinha ficado deslumbrada com sua reputação, pela ilusão do herói.
Mas, eu realmente não conhecia o homem real.
—Mas, agora que eu tive tempo para analisar os dois anos que estivemos juntos, não acredito que
ele me amava. Ele me desejava, mas não se importava porque eu nunca senti nada por ele.
—Ele nunca lhe deu prazer de ser uma mulher.
—Você já sabe que não fez. Mas ele queria um filho, desesperadamente.
—Mas você disse que ele era o filho mais novo de Sir John Yorke, não o herdeiro.
—Está certo.
—Então por que a imensa necessidade de ter um menino? Não havia nenhum título ou propriedade
na balança.
—Eu não sei. Existe uma grande quantidade de riqueza na família Yorke, mas sem título.
Lorde Beecham suspirou. Isto é tão intrigante quanto a maldita lâmpada e onde o Rei Edward a
escondeu, seiscentos anos atrás, e por que ele guardava o material de todos, se a maldita coisa era
tão poderosa. E por que Burnell nunca escreveu sobre ela estar naquele barril de ferro com o rolo de
pergaminho, que já era antigo, seiscentos anos atrás?
—Ele obviamente nunca descobriu seu poder. Quanto ao outro, Deus, eu não sei.
Ele apoiou o queixo sobre as mãos e olhou para o chão, como a forma como as pranchas do piso
estavam cravadas, um hábito de longa data, quando estava pensando muito. —Se Gerard Yorke está
vivo, por que iria escrever para você agora? Tantos anos se passaram com todos o acreditando
morto. Você não pode lhe dar o seu precioso filho, ele já sabe disso. Por que ele se importa? O que
o salafrário quer?
—Eu não sei.
—Outra coisa, por que ele escolheu você, Helen? E tente me convencer de que você era a garota
mais bonita disponível, o que era, obviamente, no auge da sua jovem feminilidade, em idade de
casar, porque isso realmente não importa, pelo menos eu não acho.
—Talvez ele acreditasse, que eu sendo tão grande e resistente, daria à luz a crianças, a torto e a
direito, preenchendo a Inglaterra com toda a usa descendência. Ele realmente estava muito
interessado em crianças.
Ele suspirou e beijou a ponta do seu nariz. —Eu suponho que faz tanto sentido quanto qualquer
outra coisa. Quão rico é o seu pai?
—Não imensamente. Ele vive confortavelmente, nada mais.
—Faz oito anos desde que você viu Gerard Yorke pela última vez. Isso está certo?
—Sim. Logo após a assinatura do Tratado de Amiens, em 1803, ele partiu. Uma espécie de missão
secreta. Eu me lembro dele me sussurrando sobre essa missão especial no escuro da noite, e ele
parecia muito animado com isso. Mas então, ele estava em um navio que afundou. O que há de tão
excitante nisso?
—A menos que ele estivesse a bordo do navio apenas para o deixar em algum lugar, para
prosseguir com esta missão secreta. Ele era um mentiroso?
—Não sei mesmo. Durante nossos dois anos de casamento antes de sua morte, ele não gastou mais
de cinco, talvez seis, meses comigo, no total. Não era um casamento real. Certamente não poderia ter
sido para ele, também. Nós não nos conhecíamos, não realmente. Por que ele me escreveu,
Spenser? Por que, agora?
—Nós vamos descobrir, se ele nos perseguir em Londres, antes de termos a chance de casar.
Ela colocou a cabeça contra seu pescoço. —Eu não quero que ele volte.
—Às vezes, simplesmente, não há escolha na vida, meu doce. Você, tão somente, tem que limpar a
bagunça, antes que possa seguir em frente.
—Há outra coisa que devemos descobrir.
Ele a beijou levemente na boca e disse: —O que?
—Nós devemos descobrir quem assassinou o Reverendo Mathers.
—Sim, —Disse ele lentamente, seus olhos duros, —nós vamos.
—Eu sonhei que vi o homem que fez isso, mas eu só o vi suas costas. Ele é mau, Spenser.
—Nós o iremos vamos encontrar. —disse Spenser. E a beijou novamente.
Capitulo 25

Ele tinha se mantido firme, não podia acreditar. Ele estava imensamente orgulhoso de sua força
de vontade. Estava tão excitado que pensou que poderia moer seus dentes em pó.
Ele tinha que abotoar o vestido de Helen nas costas, mas mesmo assim, ele conseguira se segurar
firme. Ele se inclinou para beijar sua espádua e depois mordiscar o lábio.
—Não, —ele disse em voz alta para o teto do quarto. —Vou cumprir meu voto.
—Quem você pensa que é, Galahad?
Helen estava irritada com ele. Porque ele não fez amor frenético com ela, três vezes em quinze
minutos? Ele apenas sorriu. —Em um mês a partir de agora, podemos ficar na cama até que
estejamos sorrindo e sem graça.
—Eu acho que você está certo, —ela disse finalmente, duas horas mais tarde, quando eles
estavam voltando para Court Hammering, na carruagem que tinham alugado. Em sua sobrancelha
arqueada, ela acrescentou: —Vamos esperar. Nós vamos encontrar a lâmpada. Vamos descobrir se,
de fato, Gerard Yorke está vivo. Vamos descobrir quem matou o pobre Reverendo Mathers. Em suma,
temos muito que fazer. E para realizar essas coisas, devemos ter o nosso juízo centrado.
—Você quer dizer que quando eu estou amando você, você não tem juízo?
—Nem um pouco, —ela disse e o enfiou no braço. —E você sabe disso. Na verdade, você está
orgulhoso disso.
Quando chegaram a Shugborough Hall, Lorde Prith e Flock os encontraram na porta da frente.
Ambos estavam sorrindo para eles. Lorde Prith continuou a se aproximar, mesmo quando eles
entraram no hall de entrada, sem dizer nada.
Finalmente Flock disse: —Sua Senhoria quer saber o resultado da estratégia escandalosa de Lorde
Beecham. Imagine, sequestro, Srta. Helen, para mudar a sua maneira de pensar. Você vai considerar
nos dizer tudo agora, Srta. Helen.
Helen disse a seu pai, —Eu recebi uma carta de Gerard Yorke há seis meses. Até descobrir se ele
está de fato ainda vivo, não podemos nos casar. No entanto, estamos planejando nos casar em um
mês. Vamos dizer ao mundo sobre as nossas próximas núpcias. Se Gerard está aqui, nesta terra, vai
ter que fazer alguma coisa, e depois vamos ver.
Lorde Prith ficou impressionado com este plano. —Naturalmente, Teeny me mostrou a carta, Nell,
cerca de três meses atrás. Ela pensou que eu deveria saber sobre isso, menina inteligente. Eu quase
disse a Spenser sobre isso na outra noite, quando ele derramou toda a sua paixão frustrada para
mim, o seu querido pai. Mas, depois, eu pensei, não, deixe as crianças lidarem com ele. É um bom
plano, meu rapaz.
—Obrigado, —Disse Lorde Beecham.
—Teeny é uma menina superlativa, —Flock disse, e abaixou a cabeça tristemente. —Ela não me
contou sobre a carta.
—Ele vai funcionar, —disse Lorde Beecham. —Deve.
—Eu concordo. Traga champanhe, Flock.
—Por que champanhe agora, Pai?
—Alguém sempre deve pensar positivamente, Nell. Se nós celebramos agora, sem dúvida,
estaremos comemorando a mesma coisa novamente, quando você e Spenser estiverem casados.
—Meu criado ainda está respirando, senhor?
—Ele tem ficado por perto, meu rapaz. Flock e Nettle geralmente apenas olham um para o outro e
se cheiram, como dois cães vadios pelo mesmo território. No entanto, é Teeny que tem as
tendências mais violentas.
—O que ela fez?
—Ela informou a eles que vai se casar com Walter Jones. E me disse, no entanto, em privado, que
Walter é um patife a quem terá que ensinar o que é o quê. Ela me disse que memorizou todas as suas
excelentes estratégias de disciplina, observou muitas delas e selecionou as que acredita que serão
mais eficazes com Walter, se alguma vez ele se afastar. Ela está totalmente preparada.
Helen riu tanto que Lorde Beecham teve de esfregar suas costas.
No final da tarde, enquanto Helen estava em sua pousada em Court Hammering, vendo suas contas
e, sem dúvida, distribuindo disciplinas, Lorde Beecham estava trabalhando no rolo de pergaminho
em seu pequeno estúdio. Ele estava cantarolando. A tradução não estava indo muito mal agora. O
Reverendo Mathers tinha ajudado, consideravelmente. Pobre Reverendo Mathers. Ele fez uma
pausa, franzindo a testa. Ele iria escrever a Lorde Hobbs, na esperança de que ele e seu Bow Street
Runner, o Sr. Ezra Cave, tivessem descoberto alguma coisa.
Lorde Beecham olhou para cima, quando Flock limpou a garganta da porta.
—Sim?
—Meu Senhor, há um Lorde Crowley aqui para ver você.
—Que diabo, você diz. O que quer este homem maldito, eu me pergunto? Oh, o diabo. Irei agora,
Flock.
Jason Fleming, Barão Crowley, estava na sala, sozinho, de pé, ao lado da lareira. Ele estava
olhando para baixo na grade vazia. Ele se virou lentamente, quando Lorde Beecham entrou na sala.
—Você se pergunta por que estou aqui, —Lorde Crowley disse sem preâmbulos.
—Sim.
Lorde Crowley deu de ombros. —Todo mundo acredita que eu matei o Reverendo Mathers. Eu
não.
—Por que você veio aqui?
—Vim ver se você sabia de mais alguma coisa. Ele foi assassinado por causa do pergaminho, não
foi?
—Eu não faço ideia.
—Vamos, Heatherington, não há necessidade de ser tímido. Maldição, há homens me seguindo
para todos os lugares que eu vá. Imagino que um deles, me vigiando enquanto falamos,
provavelmente, está em pé, perto dessa janela, olhando para mim. Lorde Hobbs não vai me deixar em
paz; ele continua a vir com suas perguntas. Ele fala com todos que eu conheço. Eu sei que ele
acredita que matei o Reverendo Mathers. Eu não matei o homem.
—Você acredita então que foi o Reverendo Tito Older, que enfiou o estilete nas costas?
—Não, é uma pena. O velho tolo não teria o coragem.
—Então eu não posso ver outro suspeito disponível, não é?
—Não, caramba, e é isso que me assusta. Digo, Lorde Hobbs me quer pendurado, e ele quer isso
em breve. Ele tem falado a todos. Não sou recebido. Uma menina da ópera me reconheceu outra noite
e se recusou a se deitar comigo; você pode imaginar?
Lorde Beecham podia, mas ele não disse nada, apenas deu de ombros. Ele francamente não sabia
o que fazer com isso. Crowley vir ter com ele para pedir ajuda? Mais, provavelmente, isso era um
ardil e Crowley estava aqui para roubar o rolo de pergaminho. Mas já não tinha roubado a cópia?
Ele não precisaria do rolo original.
Lorde Beecham levemente sacudiu um pequeno pedaço de fiapos de sua manga. —Eu acho que,
talvez, você tenha feito isso; você tem a reputação de ter uma alma negra; é implacável; lida com a
escória; é um jogador azarado, apostando sempre, perdendo tudo, sempre precisando de dinheiro;
provavelmente já matou antes, por que não outra vez? Eu não consigo ver sua consciência o
espetando, excessivamente. Sim, eu o posso ver fazendo qualquer coisa para encher a sua bolsa.
—Maldição você, eu sou um homem que procura oportunidades. Mas eu não matei Mathers.
Talvez, tenha sido você que prendeu o estilete em suas costas.
—Eu suponho que é possível, —Helen disse da porta. —No entanto, por que ele iria matar
alguém, Lorde Crowley? Ele já tinha o rolo em sua posse. Você é um idiota, senhor, não está fazendo
nenhum sentido.
—Ah, Srta. Mayberry. Um prazer, ma'am. —Lorde Crowley conseguiu fazer uma reverência
elegante. —Você está procurando bem, eu vejo. Muito além de bem, realmente.
—Naturalmente, —Disse ela. Lorde Beecham, Flock me diz que há um homem, muito
agradável, ai fora, chamado Ezra Cave. Ele é o Bow Street Runner, creio eu, que está de olho em
Lorde Crowley.
—Eu estava louco para vir aqui, —Lorde Crowley disse, andando em direção à porta da sala de
estar. —Você não vai acreditar em mim, não importa o que eu diga.
—Dê-nos uma boa razão para acreditar que você, Crowley, —Lorde Beecham disse o seguindo
apenas uma.
Crowley olhou para trás e para frente, entre eles, em seguida, deixou escapar: —Só que, talvez, o
Reverendo Mathers não tenha sido assassinado por causa do pergaminho.
—Ah, agora, essa é uma maneira bastante original de olhar o negócio —disse Lorde Beecham.
—Eu não sei, não com certeza, mas ouvi dizer que seu irmão, Old Clothhead, como Reverendo
Older o chama, estava constantemente brigando com ele. Talvez ele quisesse o pergaminho, talvez
não. Talvez ele estivesse com ciúmes do irmão, talvez tenha finalmente chegado ao seu limite e o
apunhalou com raiva. Ele roubou o pergaminho como motivo. Talvez ele já soubesse que era valioso.
Aquele sujeito também precisa de dinheiro. Você não vai acreditar, mas ele é casado com uma
menina muito jovem, e ela o está sempre encorajando a comprar suas bugigangas e joias. Sim, Old
Clothhead está desesperado. Certamente ele é um excelente suspeito.
—Por que você não disse a Sr. Ezra Cave o que acabou de nos dizer?
—Eu concordo, meu Lorde. Soa como desculpa para mim, mas eu o vou passar, para o Lorde, já
que é conveniente pensar que Old Clothhead tenha a perspicácia de um indivíduo perseverante.
—Maldição todos vocês, eu não matei o Reverendo Mathers. Eu nem sabia que você conhecia o
Museu Britânico!
—Agora, Senhor, vai estourar o seu fígado gritando assim.
Lorde Crowley parecia pronto para cometer assassinato agora. Ele pegou sua capa e bengala de
um estático Flock e saiu pela porta da frente de Shugborough Hall.
—A coisa mais estranha, —Lorde Beecham disse pensativo, acariciando com seus longos dedos o
queixo, —é que eu acredito no sujeito. Ele tem medo. Ele está realmente com medo.
—Mas o irmão do Reverendo Mathers, Spenser? Old Clothhead?
—Eu não acho que isso é certo também, mas quem sabe? Agora, Helen, vamos todos tomar um chá
e ver o que o Sr. Cave tem a nos dizer do que ele descobriu.
Mas ele não tinha quase nada. O Sr. Ezra Cave estava preparado para gozar as suas férias ao
voltar a Londres, uma hora depois. —Eu tenho minhas notas de cinco libras em todos os tipos de
bolsos, Milorde, e ouvidos colados contra todos os tipos de paredes, tenho caras do outro lado
falando em sussurros entre si. Algo vai sair, eu sei.
Depois de Ezra Cave ter saído, Spenser e Helen olharam um para o outro, sentindo a atração
instantânea, o desejo drogando. Ambos voltaram para os seus lugares. Foi perto. Eles teriam pulado
um no outro, se Lorde Prith não tivesse escolhido aquele momento em particular para passear na sala
de estar.
—Eu nunca disse a minha pequena Nell aqui, —disse a Lorde Beecham, —mas, se eu tivesse
que descrever Gerard Yorke, seria como uma fraude. Oh, sim, eu sei, ele era um herói, então, e
todos acreditavam que ele era a mão direita de Lorde Nelson. E talvez fosse verdade, ao mesmo
tempo. Mas quando o conheci em 1801, ficou claro para mim que ele era uma criatura enganosa,
toda enfeitada com fitas e laços. Esta carta que recebeu dele, Helen, é o que eu chamaria de uma
exploração preliminar. Ele quer algo, não duvido. O que ele quer, simplesmente não consigo
descobrir. Sinto muito, Spenser, mas Gerard está vivo. Eu posso sentir o cheiro dele.
—Olha à sua volta. Se você precisar de ajuda para cortar sua garganta maldita, me diga. Onde
está Flock? Flock! Ah, aí está você. Eu quero que você massajei meus ombros. Toda esta excitação
me deixou rígido.
E Lorde Prith saiu da sala de estar, Flock em seus calcanhares. Eles o ouviram dizer, —Maravilha
—se eu pudesse misturar champanhe com algum tipo de creme doce, talvez, teria uma mistura
perfeita para esfregar nos ombros?
Oh, céus, —disse Helen. Ela virou os olhos perplexos a Lorde Beecham. —Eu não estou
entendendo nada.
—Eu também não, mas acredito que é hora de você e eu voltarmos para Londres. Precisamos de
Douglas Sherbrooke. Ele conhece todo mundo no Almirantado. Temos de chegar ao pai de Gerard,
Sir John Yorke. Vou enviar uma mensagem para Douglas, me certificando de que ele e Alexandra
ainda estão em Londres.
Lorde Beecham foi até Helen, automaticamente levantou as mãos para a tocar, e depois, as baixou,
e deu um passo rápido para trás. —Não, —Disse ele, —não. Agora, eu creio que nós devemos
discutir o que adicionei à tradução no pergaminho.
Ao invés de traduzir palavra por palavra, Lorde Beecham retirou várias folhas de papel almaço
da gaveta da mesa de Helen. —Eu juntei numa narrativa. Há ainda muitos conceitos, ideias,
palavras que faltam e que o Reverendo Mathers quebrou a cabeça sobre. Mas o que temos aqui,
Helen, são os bons inícios de uma história.
—Não, por favor, se sente mais ali. —Ele apontou para o sofá, um pouco distante.
Ela se sentou na beirada do sofá, com as mãos entrelaçadas, toda a sua atenção voltada para o que
iria ouvir. Ele limpou a garganta. —Escute, Helen.
Capitulo 26

—havia um poderoso mago, na África, que adivinhara precisar de um menino especial para ganhar
algo que queria muito, que estava na Pérsia. Ele usou de astúcia e engano, mas, conseguiu atrair o
menino desavisado, a um lugar escondido nas montanhas, dizendo que, se ele fizesse exatamente o
que lhe foi dito, que ganharia riquezas inimagináveis. Ele enviou o menino ao subterrâneo da Pérsia,
para trazer uma lâmpada, muito antiga, protegida por deuses poderosos, que conheciam o mágico e
não lhe permitiam chegar perto, mas o menino, como o mago tinha adivinhado, eles iriam permitir.
—O menino tomou a lâmpada, mas, não a daria, até que o mago o ajudasse a sair da caverna.
Enfurecido pela recusa do rapaz, o mago selou a caverna e voltou para a África. O menino teria
morrido lá, mas a lâmpada...
—Quando o rapaz saiu da caverna, estava mudado. Havia poder nele, que brilhava como um farol,
e todos viram esse poder e se ajoelharam diante dele. Diziam que a lâmpada aparecia, e depois
desaparecia. Quando o menino morreu, a luz desapareceu. Todos acreditavam que a lâmpada foi,
provavelmente, tomada pelo mago da África. Não foi. O mago estava morto há muito tempo.
—Eu, Jaquar, assessor do velho Rei, que assumi a lâmpada. Mesmo enquanto escrevo isto, sei
que vou selar a maldita coisa neste barril de ferro. Eu o estou enviando para longe, para ser
escondido para sempre, deixo esta história e um aviso com ela, para que o deixe oculto, na
profundeza, sem luz”.
Quando Lorde Beecham terminou, Helen disse, —E de alguma forma ele chegou às mãos dos
Cavaleiros Templários até o que a deu ao Rei Edward. Vamos Spenser, continue. O que é que a
lâmpada faz? Por que Jaquar a chamou de amaldiçoada? Por que esconder isso nas profundezas, sem
luz? Certamente deve haver algo mais.
—Não há nada mais de importante, apenas saudações e finalizações, o que o Reverendo Mathers
chamou de advertências para os incautos. Isso é tudo, Helen. É a história da lâmpada, ou o que quer
que seja, mais formalmente escrita do que eu traduzi, mas, em essência, é isso. Foi escrito no
segundo século antes de Cristo, na Pérsia.
—É quase idêntico ao conto de Aladdin e a lâmpada mágica, exceto pelo final, é claro, e o aviso
deste Jaquar.
—Sim, parece, então, que a história da lâmpada era suficientemente bem conhecida, amplamente
falada, e foi incorporada nas noites árabes. Verificamos a lâmpada maldita, Helen, mas não nos
ajudou, nem um pouco, para encontrar. Eu acredito que a única conclusão é que alguém a tirou do
barril de ferro. Quando? Talvez centenas de anos atrás. Talvez ela nunca tenha sido, mesmo,
enterrada. Quem sabe? De qualquer forma, sabemos que existiu num outro tempo, e que era poderosa
e, de acordo com este Jaquar, perigosa.
Helen começou a cantarolar baixinho, um hábito que, ele reconheceu, ela fazia quando estava se
concentrando totalmente. Ela disse: —Mas eu me pergunto. Há quanto tempo ela existia, antes de o
mago da África ir atrás dela? Mais cem anos? Talvez mil anos mais velha? Quanto tempo ficou
enterrada nessa longa caverna, escondida, profundamente, e na escuridão? Por que Jaquar
simplesmente não escreveu por que a lâmpada era perigosa? E como é que acabou nos depósitos
dos
Cavaleiros Templários?
Ele se levantou e caminhou até ela, tomou suas mãos e a abraçou. Ele disse contra seu cabelo,
—Esqueça a maldita lâmpada. Quem se importa sobre o núcleo da questão? É velha, antiga, muito
distante de nós. Ouça agora, Helen. Não estou me sentindo bem. Estou me segurando por um único fio
de honra. Me beije, Helen, e então, corra.
—Tudo bem, —ela disse, —Se você estiver certo de que isto é o que quer, —e o beijou na boca,
orelha, queixo. —Eu o vejo no jantar, —disse ela por cima do ombro, enquanto corria para a porta
do seu estúdio. Sua última visão foi dele, ali de pé, no meio da sala, respirando com dificuldade, a
observando com um olhar de homem faminto.
Ela queria voltar, mas não o fez, porque sabia ser muito importante para ele. Ela o conhecia,
muito bem.
Pela primeira vez, percebeu que estava pensando mais nele do que na lâmpada. Era verdade,
mesmo que agora eles tivessem acrescentado sua história e adversidades a esse conhecimento. E
verdade seja dita, a lâmpada havia desaparecido há muito tempo, assim como Spenser disse. O que
importava é que haviam descoberto que existira, verificada e autenticada por um texto antigo. Ela
ficou satisfeita, estava pronta para a deixar voltar ao mito.
Ela pensou no homem que amava de todo o coração, o homem que queria com cada fibra de seu
ser, para se casar. Ela pensou em Gerard Yorke e soube, na sua alma, que ainda estava vivo e que ele
nunca a deixaria ir. Ela, simplesmente, não sabia por quê. E, então, chorou na privacidade de seu
quarto e amaldiçoou a menina de dezoito anos, que tinha sido tão estúpida, a ponto de acreditar que
estava apaixonada por um homem tão insignificante. Spenser tinha tanta certeza de que tudo daria
certo, mas ela, simplesmente, não via como poderia.

No início da noite, Lorde Prith entrou na sala de estar onde Helen e Spenser estavam falando, e
anunciou: —Eu tenho uma surpresa para todos vocês. Flock, pode trazer.
Flock entrou carregando uma bandeja de prata. —É o meu mais novo experimento com
champanhe.
—Pai, é púrpura.
Sim, Nell. Eu derramei um pouco de suco de uva no champanhe, apenas para lhe dar essa cor
saudável e agradável. Todos podem experimentar.
—Pai, Spenser e eu somos os únicos aqui, e ele não bebe champanhe.
Lorde Prith deu um suspiro profundo e levantou a mão. —Nós vamos esperar, Flock, até que
tenhamos uma mais ampla oferta de paladares. —Ele se sentou e se recostou, sorrindo para os dois.
Agora, Você já decidiu o que vai fazer sobre Gerard Yorke?
—Nós estamos apenas começando a ordenar o pensamento, —disse Spenser. E a comida vai
ajudar.
Flock disse da porta, —Cook tem excelente timing. O jantar está servido.
Ao longo de um esplêndido jantar de lombo de porco com cogumelos, peixe e alcaparras na
manteiga preta, vários acompanhamentos e incluindo, as especialidades do cozinheiro —ovos au
miroir e groselhas vermelhas para a sobremesa, eles decidiram que todos iriam para Londres na
manhã seguinte. Helen e seu pai, Flock e Teeny, ficariam na casa da cidade de Beecham. Era a
primeira vez que a casa da cidade receberia hóspedes depois de três anos, quando a tia-avó de Lorde
Beecham, Maudette tinha chegado com suas dez melhores amigas, todas as senhoras muito velhas,
todas fazedoras de renda de bilros, deixando os trabalhos em andamento por toda a casa. Na
verdade, olhando para trás, Spenser tinha se divertido muito durante essas caóticas duas semanas.
—Flock e eu vamos estar prontos para sair amanhã às dez horas, —Lorde Prith disse a Spenser.
Ele acrescentou, —Meu Deus, com os Sherbrookes pendurados em vocês o tempo todo, minha
pequena Nellie estará muito bem acompanhada, de fato. Agora eu não preciso me preocupar com
você se aproveitando dela, meu rapaz.
Houve um momento de silêncio mortal.
—E então, —Lorde Beecham disse, limpando a garganta, —Douglas Sherbrooke e eu iremos
encontrar Sir John Yorke no Almirantado.
—Sim, —Helen disse, —mas você deve estar alerta, Spenser. Sir John é implacável e astuto. Eu
sei que Gerard tinha medo do pai, que governou não só a ele, mas toda a família com mão de ferro.
Eu quero ver quais verdades você conseguirá tirar daquele velho miserável.
Mais tarde, naquela noite, Lorde Beecham estava bem acordado na cama, pensando em sua vida.
Era, ao mesmo tempo, extraordinariamente complicado e muito simples, tão claro como uma chuva
de primavera, e ele sorriu na escuridão. Lembrou das palavras trocadas com Lorde Prith, pouco antes
de todos se recolherem. —Eu decidi que você merece ficar no quarto do Dancing Bear, na minha
casa da cidade, —Spenser havia dito.
—Um nome estranho, meu rapaz. De onde foi que o nome veio?
—Bem, cerca de cinquenta anos atrás, o meu avô tinha um urso treinado e ele o manteve em casa.
No seu quarto.
—Qual era o nome do urso?
—Guthry, eu acredito. Ele gostava de dançar com o meu avô, e disseram que ele morreu pouco
depois que o avô morreu.
Eu espero, —Lorde Prith disse, —que eles não tenham sido enterrados juntos.
—Eu entendo que foi discutido, mas não acredito que isso aconteceu. Mas, você sabe, eu tenho
aprendido ao longo dos anos que nada na minha família é o que você espera. —Exceto por meu pai,
ele pensou, que era um canalha completo, não há dúvida sobre isso; mas agora, Spenser não se
esquivou de pensar nele, simplesmente o esqueceu. Parecia muito bom. Era como estar numa casa em
que os fantasmas não assombrariam.
Quando estava quase dormindo, Lorde Beecham percebeu que a vida era fascinante, mil anos atrás
e hoje. Quem mais tinha ursos dançarinos fazendo parte de seu passado? E agora, como ele tinha feito
quando era menino, se perguntava como seria ter um urso vivendo junto, na casa.

Beecham Town
House Londres
Foi Claude, mordomo de Lorde Beecham, que deu o nome —Sala de Guerra —ao grande estúdio,
sombreado, na parte de trás da casa.
Na sexta-feira de manhã todos estavam reunidos lá, e cada um tinha uma opinião. Quando Ryder e
Sophie Sherbrooke, inesperadamente, entraram na sala, cerca de trinta minutos depois, Ryder
simplesmente parou na porta e disse com a voz especial que usava para seus quinze filhos, e que era
realmente um berro, —Fechem suas bocas ou sem sobremesa!
Isso chamou a atenção de todos. Um por um, cada ocupante parou de falar e olhou para Ryder.
Douglas Sherbrooke disse, —Ryder, Sophie, bem-vindos a Londres, se juntem a nós. Este é um
enigma dos que você vai gostar. Ryder, você conheceu um homem da marinha, Gerard Yorke? Ele,
supostamente, se afogou por volta de 1803, ao largo da costa da França.
Ryder Sherbrooke franziu a testa, olhou pensativo, coçou o queixo, em seguida, anunciou,
—Espero que isto não traga angústia a ninguém aqui, mas ele trapaceava nas cartas. Quase teve sua
garganta cortada em mais de um incidente em que eu estava presente. Lembro dele lamentando que
seu pai nunca lhe dava dinheiro suficiente e que estava desesperado. Quando lhe foi perguntado por
que ele estava desesperado, ele disse que estava há três meses sem pagar sua amante. Ele era um
companheiro decadente, se queixava muito. Sim, me lembro agora que ele se afogou. O que é tudo
isso? Qual é o problema?
E assim, o volume de voz aumentou e o nível de ruído extrapolou, até que a Sra. Glass, a
governanta Heatherington, enfiou a cabeça na porta e assobiou, como um homem. —Claude tem um
leve resfriado e sua voz não está tão forte no momento, —ela disse, uma vez que tinha a atenção de
todos. Quem gostaria de chá e bolos? Não, não falem. Levantem suas mãos. Damas primeiro.
Uma condessa, uma cunhada de uma condessa, e Srta. Mayberry todas, respeitosamente,
levantaram as mãos.
—Bem. Agora os cavalheiros.
E assim, um conde, dois viscondes, e o irmão de um conde levantaram as mãos. Lorde Prith
solicitou champanhe, com a voz suave.
Sophie Sherbrooke disse a Helen: —Nós não nos conhecemos, mas eu ouvi muito sobre você, de
Alex, que a queria estrangular antes, mas, então, ela decidiu, que estava tudo muito bem, desde que
você mantivesse a distância de Douglas. É verdade que você vai se casar com Lorde Beecham?
—Sim, —Disse Helen. —Mas, primeiro, como você já ouviu falar, devemos determinar se o meu
marido ainda está vivo, e se ele está, que tipo de mal está tramando. É uma coisa horrível ter um
marido aparecendo, quando, supostamente, deveria estar morto há oito anos. É, particularmente
difícil, porque eu quero me casar com Spenser.
—Eu vejo, —disse Sophie Sherbrooke, sem piscar um olho. Afinal ela podia, lidar muito bem
com quinze crianças forçadas a ficar dentro de casa em um dia chuvoso. —Me fale sobre isso.
Trinta minutos mais tarde, quando todos estavam comendo deliciosos sorvetes de chocolate do
cozinheiro, bolinhos de pêssego e bolo de semente de cominho, Ryder anunciou, —Contemplem o
novo membro da Câmara dos Comuns. É por isso que Sophie e eu estamos aqui em Londres neste
momento particular. Eu venci, com folga, aquele barrigudo, muito desagradável, chamado Redfield.
Agora vou representar Upper and Lower Slaughter e arredores. —Ele sorriu para todos.
—Ouça, ouça, —Lorde Prith disse, e levantou a taça de cristal de champanhe. —Hmmm, Você
está certo de que deseja fazer isso, rapaz?
—Ele quer reformar as leis miseráveis que permitem a terrível exploração de crianças, senhor,
—disse Sophie. —Ele vai ter sucesso, vocês sabem.
Eles discutiram brevemente os Amados de Ryder, as crianças que ele salvou de situações terríveis
e trouxe para viver em Brandon House.
Foram feitos planos, deslocados, reavaliados. Ryder e Sophie decidiram ficar com Douglas e
Alexandra. Eles estavam a ponto de sair, quando o Lorde Prith entrou na sala de desenho, Flock em
seus calcanhares carregando uma bandeja de prata grande.
—O que é isso, pai?
—Ah, minha cara, eu acredito que, agora, temos um número adequado de gargantas para
experimentar. Não, não fique assustada, Sophie, é champanhe.
—Sir, —ela disse, é púrpura!
—Bem, sim. É algo que eu inventei. Você vê, adicionei um pouco de suco de uva ao champanhe
para dar uma cor roxa saudável. Esplêndida, você não acha? Todos vocês irão experimentar, se
quiserem. Exceto você, Spenser, porque iria ficar completamente verde e arruinar a tarde.
Ninguém queria, mas todos foram educados, e todos beberam a mistura de uva com Spenser
assistindo, um olhar de repulsa total no seu rosto.
Alexandra inclinou a cabeça para um lado, quando baixou a bela taça de cristal depois de dois
pequenos goles. —É muito diferente, senhor. Na verdade, para ser franca sobre isso, ela está perto
de revoltante. Eu acho que, talvez, você deva tentar outra coisa para misturar com o champanhe.
Lorde Prith olhou esperançoso para Douglas, que, tristemente, sacudiu a cabeça e manteve a
boca fechada. Quando seus olhos encontraram os de Sophie, ele parecia à beira das lágrimas.
Sophie limpou a garganta, deu a seu marido um olhar agoniado, e disse: —Eu sinto muito, senhor.
Talvez seja o tipo de uvas que você usou. Talvez uvas da região do Mediterrâneo cairiam melhor.
Helen disse, —Pai, é uma boa tentativa, mas Alexandra está certa. Se eu estivesse morrendo teria
dificuldade em beber, mesmo que me fosse prometido que iriam me trazer volta.
Lorde Prith disse, —Mesmo você, minha pequena Nell? Minha filha adorada, você vê, e se ela
não aprova, então deve ser muito ruim. Mas esperem, Ryder, você não me deu a sua opinião.
—Sir, eu descobri nos anos eu que estou casado que se não concordar com a minha mulher, ela se
recusa a me dar seus sorrisos doces, bem como outras coisas doces. Lamento, senhor, mas eu não
posso.
—Eu posso entender sua hesitação, —Lorde Prith disse. —Ah, bem. Flock, como foi que nós
chamamos esta linda bebida roxa?
—Grapagne, Meu Lorde.
—Eu gosto do nome. Tem um certo peso. Hmmm. O que você acha de damasco com champanhe?
Evidentemente, ninguém pensou assim, uma vez que houve um silêncio mortal.
Ambos os casais Sherbrooke saíram logo, todos prontos, com suas tarefas já atribuídas.
Capitulo 27

Era quase meia-noite, quando houve uma batida na porta do quarto de Lorde Beecham.
Ele estava nu, deitado de costas em sua gigantesca cama, um lençol puxado até a cintura, pensando
em beijar a carne macia atrás dos joelhos de Helen, algo que ele não tinha conseguido fazer ainda.
—Entre, —Ele gritou.
Helen flutuou, não havia outra maneira de descrever, pensou, atordoado, a vendo deslizar em sua
direção. Ela estava vestindo uma camisola vermelha, de seda, com um robe vermelho mais escuro
sobre ela, e estranhamente, esse incrível conjunto, não era, nem um pouco, de mau gosto. Na verdade,
ele não dava, absolutamente, nenhuma dica sobre os tesouros que estavam por baixo.
—Vá embora, Helen. Quero dizer....
—Eu vou, —ela disse, andou até a cama e parou. —Você gosta dele? —Ela fez uma volta
graciosa, e os sons suaves do tecido deslizante o teriam deixado de joelhos, se ele não estivesse
deitado de costas.
—Se você não for embora eu os vou tirar, e examinar amanhã.
—Eu usei isso para punir você. Esta é uma disciplina, Spenser, uma espécie divina de disciplina.
O que você acha, talvez, um Nível Quatro?
—Helen, eu quero tanto você nua, que mal posso perceber o quanto de vermelho você está
usando e que terei que tirar.
—Alexandra me disse que era algo que uma amante usaria, uma amante que deseja seduzir um
muito arrojado, emocionante, protetor extravagante. É algo que, disse ela, usaria para Douglas,
mesmo sendo sua esposa. Sophie disse que Ryder riria se ela usasse algo assim e então, ele tiraria de
cima dela em um segundo.
—Eu pensei sobre isso. Bem, parece que, já que não somos casados, e somos bastante íntimos,
isso faz de mim uma amante?
—Não. Você não é uma amante. Você não pode ser uma amante. Se você não tivesse dinheiro,
então, você poderia ser uma amante. Agora saia, Helen.
Ela sorriu para ele, se virou e se foi para a porta. Ela disse por cima do ombro, sua mão branca na
moldura da porta, —Eu não quero que você pense que eu não estava totalmente consciente de você e
de tudo o mais. —Assim, sua sedução se foi, e ela cobriu o rosto com as mãos.
Ele estava fora de sua cama e a estava abraçando, tudo em menos de dez segundos. —Não, amor,
não chore. Eu iria chorar, mas não é viril. Existem certos padrões que um homem deve defender.
Deixe que a abrace, mas, por favor, não tenha pensamentos lascivos. Sim, tudo bem, pare de chorar.
Nós vamos lidar com tudo isso, Helen. Você e eu somos muito inteligentes, de fato, e olhe para todos
os nossos assistentes talentosos. E agora, nós ainda acrescentamos Ryder e Sophie Sherbrooke ao
nosso exército. Eles são muito engenhosos. Eles têm que ser, para sobreviver a quinze crianças.
—Agora há pelo menos dez pessoas que sabem sobre a lâmpada, pelo menos dez pessoas que
sabem sobre o seu marido ardiloso, que estaria melhor ficando bem morto. Há muitos mais, que
sabem sobre o assassinato do Reverendo Mathers. A Palavra continua se espalhando. As coisas vão
acontecer. Nunca acreditei em sigilo, e ter todos sabendo de tudo, essa é a chave. Em seguida, a
verdade irá aparecer. Você vai ver, querida. Não, por favor, não chore mais.
Ela fungou e ergueu o rosto. Mais uma vez, ele foi atingido por quão perto estavam de seus narizes
se tocarem. Sua grande garota estava bem ali, diante dos seus olhos, e, ele a queria muito. —Eu
estive pensando se nós, também, não devemos, apenas, anunciar ao mundo que o pergaminho admite e
identifica a existência de uma poderosa lâmpada, que, provavelmente, tenham sido escondidos juntos
. O que você acha?
—Você está nu, Spenser.
Ele, honestamente, não tinha percebido isso, mas o fez agora, e em menos tempo do que teria
levado para remover um cílio de seu olho, ele estava duro e pronto para saltar. Bem, Maldição.
—Ele a beijou. Vá para a cama, querida. Temos muito o que fazer amanhã.
Ela engoliu em seco, e falou: —Eu dormi com você sabendo que ele estava vivo. Eu o enganei. Eu
sou uma pessoa desonrosa. Eu não mereço você. E não quero contar a ninguém sobre a lâmpada.
—Ah. —Ele começou a acariciar as costas dela com suas grandes mãos. A seda escorregou entre
seus dedos. A sensação e o som da seda deslizando faria um homem, ainda que de grande vontade,
tremer. Ele negou com a cabeça, porque tinha controle sobre si mesmo e conseguiu dizer: —Bem, de
fato, você me enganou. E daí? O maldito foi embora há oito anos. Eu preferiria dizer que você não
tinha como escapar, você tinha que me ter, independentemente desse bastardo, oficialmente morto,
que pode ou não ter escrito uma única carta, seis meses atrás.
—Você não é desonrosa. Você é uma das pessoas mais honradas que eu já conheci. Agora, de
todos que sabem sobre a lâmpada, a maioria vai, simplesmente, descartar como um mito, uma vez
que, quem iria poder nos contar se ela realmente existiu? Talvez, alguns simplórios irão cavar em
qualquer lugar que acharem que a lâmpada pode estar escondida, e, não encontrando nada, exceto
uma minhoca ocasional, ela acabará por ser esquecida. Eu não acredito que muitas pessoas vão
acreditar que o pergaminho antigo tinha algo a ver com a lâmpada. É muito afetado.
Ela se inclinou para frente, tocando a testa dela com a dele. —Ainda assim, eu o levei, e agora,
percebo que você, realmente, não teve chance de dizer alguma coisa sobre o assunto.
Agora isso era interessante, ele pensou, se lembrando de como eles haviam estado encharcados,
tremendo e miseráveis, até que se haviam tocado, um ao outro, naquela casa dilapidada, com a chuva
derramando a menos de um metro de distância deles.
Sim —ele disse, beijando sua orelha, —você me pegou, e eu não tive nada a dizer sobre o
assunto. Eu me lembro de tentar dizer que eu não a queria, mas você simplesmente não iria desistir
de mim. Pare agora, Helen, quaisquer lapsos de caráter moral que você esteja sentindo, são apenas
os menores. Mas eu me pergunto se teria feito amor com você se soubesse de Gerard? Não posso
responder a isso. Eu não sei.
—Mas, é por isso que você não me quer agora.
—Spenser fechou as mãos sobre os belos braços brancos e a sacudiu, apenas um pouco. —Isso
não é verdade e você sabe disso. Eu quero você o tempo todo, Helen. Mas a coisa é, eu quero saber
que quando estou cuidando de você, ou beijando e mordiscando seu pescoço branco, que você é
minha mulher, não a minha quase esposa ou minha amante, ou mesmo, apenas, a minha parceira. Eu
quero você por tudo isso, Helen. Quero que estejamos casados quando nos reunirmos novamente.
Não há nada mais que isso. Que você e eu estejamos juntos é muito importante. É para sempre.
Você entendeu? —Ele tocou sua testa mais uma vez na dela.
—Talvez, mas ...
—Agora —ele falou calmamente em sua boca, —você disse que não me merece. Isso é um
pensamento repelente. Eu também não posso imaginar o que fez você dizer isso. É um absurdo, e
isso
me deixa com raiva. Pegue de volta, agora. Vamos manter, no momento, tudo sobre a maldita lâmpada
e o pergaminho, na berlinda.
—Está bem. —Ela fungou. —Você pode me beijar mais uma vez? Se o fizer, então eu juro que vou
correr.
Ele a beijou e ela correu. Ele ficou lá no meio do seu quarto de dormir, ofegando como o
mensageiro que tinha corrido na Maratona de Atenas, apenas para cair morto no final, se
perguntando o que a mulher lhe havia feito, e que ele estava muito grato por isso.

Sir John Yorke era uma relíquia velha dissecada, perfeitamente calvo, com olhos muito
assustadores, porque eram praticamente sem nenhuma cor, e um tique no olho esquerdo.
Ele ainda era muito poderoso, conhecido por ser cruel e vicioso, quando percebia a necessidade.
Ele estava juntando as pontas dos dedos, a pele estava solta na parte de trás das mãos manchadas
pela idade.
Ele apenas acenou para os três cavalheiros. Conhecia todos eles, não como amigos, mas como
homens poderosos, e isso não lhe deu nenhuma escolha, a não ser os receber e ouvir. Ele não tinha
ideia do que eles queriam. Olhou para eles, todos jovens, saudáveis, bem feitos. Eram muito mais
altos do que ele, e eram todos mais ricos do que ele era. Mas o único que ele realmente temia era o
conde de Northcliffe, que ainda estava envolvido no ministério, numa missão ocasional que um
homem menor não seria capaz de realizar. Ele era intimamente ligado a todos de poder no governo.
Quanto ao seu irmão, Ryder Sherbrooke, havia sido recentemente eleito para a Câmara dos
Comuns. Detestava a todos eles, mas não tinha escolha, a não ser os ouvir. Mas, graças a Deus, eles
iriam embora, depois. Boa viagem a todos esse bastardos inúteis. Ele sorriu um sorriso falso e
mesquinho.
Não se levantou. —O que posso fazer pelos senhores?
Lorde Beecham disse agradavelmente, —Estamos aqui para verificar se o seu filho, Gerard
Yorke, de fato se afogou ao largo da costa da França, em 1803.
Ryder Sherbrooke observou aqueles cílios pálidos piscarem apenas uma vez, sobre os olhos quase
incolores. Eu o peguei, pensou, se sentando e cruzando as mãos sobre a barriga.
—Claro que ele se afogou, —Sir John disse, elevando a voz. —Ele era um herói. Ele teria me
seguido até o Almirantado, se tivesse sobreviveu. Sua pergunta é absurda.
—Então, como você explica isso? —Lorde Beecham perguntou, entregando a Sir John a carta.
—Ah, Eu entendo isso agora. Minha ex nora, arrastou você para isso. Fiquei imaginando o que
três cavalheiros da sociedade queriam comigo. Você está agindo em seu nome. Bem, bem, vamos
acabar com isso. Esta não é a letra de meu filho. Ela sabe disso. Meu filho está morto.
— Srta. Mayberry acredita que é a caligrafia de Gerard Yorke, —Douglas disse, se sentando mais
à frente, seus olhos firmes no rosto de Sir John. —Ela nos disse que você não conhecia a letra de
seu filho tão bem.
Eles ouviram o movimento do secretário de Sir John por trás deles, porque não se viraram.
—Ela está errada. Naturalmente eu conheço a letra dele. Mas, o ponto é, que ela é,
provavelmente uma mentirosa. Ela precisa de dinheiro e, assim, ela cria esta ficção miserável. Ela
não produziu um filho para mim, para o meu filho e, portanto, ela não merece consideração alguma.
Por favor, lhe informe que não vou ficar satisfeito se ela continuar com este assédio.
Lorde Beecham disse muito tranquilamente, —Eu acredito que há um mal-entendido aqui, Sir
John. Quero me casar com Srta. Mayberry. Com esta carta de seu filho, parece que ela não é livre,
como tinha acreditado por oito longos anos. Nós vamos exigir prova de que ele está realmente
morto, então vamos anunciar em todos os jornais, falar com todos os que conhecemos, procurar
quaisquer
amigos dele, para descobrir a verdade.
Sir John se levantou lentamente, muito lentamente, porque o quadril lhe doía, quase todo o tempo,
e não havia nenhuma razão para isso, havia? Nada que o seu médico poderia encontrar. Era apenas a
idade, apenas a maldita idade. Pelo menos seu sangue estava bombeando fortemente através de seu
corpo, ele o podia sentir pulsando em seu pescoço. —Meu filho está morto, morto há muito tempo.
Srta. Mayberry pode se casar com o senhor com a minha bênção, Lorde Beecham.
—Eu vou, senhor. Também vou fazer o que puder para garantir que ele, de fato, está morto.
Quando os três estavam na rua, em Whitehall, à frente do Almirantado, Lorde Beecham balançava
a cabeça. Velho, astuto. Eu não confio nele, nem um pouco.
Ryder disse sem hesitação, —Ele, também, está mentindo.
—Verdade, Ryder? —Douglas perguntou, quando percebeu que Spenser tinha certeza sobre isso.
—Ele sempre foi excelente em ver através das pessoas.
Lorde Beecham se aproximou da cerca de ferro em volta do Almirantado, enquanto uma carruagem
se aproximava. —Você quer dizer que ele sabe que o filho ainda está vivo?
Ah, sim, —disse Ryder. —Ele sabe. Mas o estranho é que ele não quer que ninguém mais saiba.
Agora, por que será?
—Sim, e não se esqueça de que Gerard era um herói —disse Spenser. —Ele teria seguido seu pai
até o Almirantado, se tivesse vivido. Bem, inferno e condenação. Se ele realmente está vivo, então
eu não posso mesmo me casar com Helen. O que vamos fazer?
—Nós vamos ter que esperar —disse Ryder. —Apenas esperar o momento. Vamos colocar
anúncios em todos os jornais.
—Isto é curioso, de fato, —disse Douglas. Sim, vamos ter de esperar.
Spenser não gostou, mas não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso. Tinha rezado para que
Gerard Yorke estivesse realmente morto. Mas, agora...
Os três cavalheiros foram para o White, para refletir sobre isso mais a fundo, e perguntar a cada
homem que passeava por lá se ele tinha ouvido falar, recordava, ou tinha visto Gerard Yorke após
1803. Eles sabiam que, pela manhã o nome de Gerard Yorke estaria na boca de todos. Enquanto isso,
no White mesmo, Lorde Beecham escreveu os anúncios de noivado para todos os jornais de Londres.
O que escreveu para o Diário ficou realmente esplêndido, cheio de detalhes. Então, ele escreveu
para cada jornal, solicitando qualquer informação sobre o paradeiro de um Gerard Yorke, filho de
Sir John Yorke, do Almirantado. Isso deveria realmente agradar o velho, ele pensou. Ele ofereceu
uma recompensa de cinquenta libras. E agora, estava friccionando as mãos, sorrindo como o próprio
diabo, após o recolhimento de um bom número de almas.
Douglas e Ryder acrescentaram suas ideias. Todos ficaram satisfeitos quando os comunicados e
inquéritos foram enviados por toda Londres por um mensageiro.
Quando voltaram para a casa de Beecham, foi para atender Lorde Hobbs na sala de estar, sentado
demasiadamente perto de Helen, pensou Lorde Beecham, apertando a mandíbula. —Estou com
ciúmes, pensou ele, o que o surpreendeu. Ele viu Helen novamente, naquela confecção de seda
vermelha incrível, viu Lorde Hobbs a tentando ver também, e isso o deixou tão furioso que quase
atacou o homem no local. Ciúme, que coisa estranha.
Lorde Hobbs estava, mais uma vez, vestido de cinza, e Helen, aos olhos de Lorde Beecham,
parecia demasiadamente interessada no que ele estava dizendo, o caçador furtivo. Ele se segurou.
Estava sendo ridículo. O ciúme era bom como experiência, mas não queria mais do que isso.
Lorde Hobbs se levantou e foi devidamente apresentado a Ryder Sherbrooke.
—Entendo que acabou de ocupar o lugar do Upper and Lower Slaughter. Meus parabéns.
Ryder assentiu. —Eu gosto de cinza, —disse ele.
Lorde Hobbs olhou rapidamente para Helen, e Ryder teria jurado que ele corou um pouco.
Helen disse imediatamente, uma vez que todos estavam acomodados, —Lorde Hobbs contou que
Ezra Cave acredita que Lorde Crowley seja culpado.
—Sim, —disse Lorde Hobbs. —Eu fiquei fascinado ao ouvir que Lorde Crowley viajou até Court
Hammering para o ver, Lorde Beecham, e pleitear sua inocência.
Sim, —ele disse. —Lorde Beecham olhou diretamente para os incrivelmente belos olhos azuis de
Helen, —Acredite em mim. E eu odeio ter que dizer isso, mas eu acredito nele.
Douglas Sherbrooke amaldiçoou.
Lorde Hobbs não parecia feliz. —Ele é um homem mau. Todo mundo com que eu falei confirma
isto.
—Sim eu sei. Mas você sabe, meu senhor, ele me disse que não achava que o Reverendo Older fez
isso, porque ele não tem coragem. No entanto, a cerca do irmão do Reverendo Mathers, Old
Clothhead —é sabido que, não só ele vivia discutindo com o Reverendo Mathers, como também, tem
uma jovem esposa que gosta de joias e tal. É possível que Old Clothhead roubou o livro depois que
matou seu irmão porque pensou que poderia ser capaz de ganhar dinheiro com isso?
—Eu não sei. Vou olhar, mais uma vez, para o irmão e sua jovem esposa. Quem mais está lá,
então?
—Lorde Hobbs, —Helen disse, lhe entregando uma xícara de chá, —talvez haja alguém que não
sabemos, supervisionando tudo isso? Alguém que está dirigindo tudo isso, das sombras, que está
olhando todos nós, esperando para ver onde iremos encontrar a lâmpada?
Lorde Hobbs deu a Helen um sorriso derretido que fez Lorde Beecham ranger os dentes, algo que
Ryder ouviu. Ele sorriu para sua esposa, que imediatamente abaixou a cabeça para que ninguém
pudesse ver o sorriso no rosto.
—Isto é uma excelente sugestão, Srta. Mayberry. Um mal obscuro que dirige e planeja, que assiste
e espera.
—Sim, —Helen disse, —isso mesmo.
—É uma sugestão ridícula, —Lorde Beecham disse, em voz alta. Ele se levantou e começou a
andar pela sala de estar. —Helen, você nunca falou que acreditava que isso poderia ser o caso. Uma
personagem sombria que está escondendo sua identidade de nós? Que está puxando todas as
cordas? E nós somos apenas um bando de bonecos em um palco? Absurdo. Você criou isso de um
dos romances para mulheres tolas, não é?
Oh, céus, —disse Alexandra. Ela se levantou, sacudiu as saias, e caminhou até ficar diretamente
na frente de Helen. —Eu sinto o início de uma dor de cabeça, Helen. E preciso que você peça a
Teeny para passar um pouco de água de rosas nas minhas têmporas.
—Eu vou dizer a Teeny que ela é necessária, —Flock disse da porta. —Ao mesmo tempo, vou ter
certeza de que Nettle está longe dela, fazendo nenhuma injúria.
As sobrancelhas de Lorde Hobbs subiram. —Parece haver desarmonia aqui, meu Lorde.
—Por que, Senhor?
—Porque, Lorde Beecham, esta é a sua casa, não é?
—Sim, E Srta. Mayberry é minha noiva.
—Ah, sim. Entendo. Lorde Hobbs se levantou. —Continuarei com minhas perguntas. Eu
suponho que todos vocês estão bem envolvidos também?
Havia acenos de cabeça de todo o salão.
—Você descobriu mais sobre esta lâmpada misteriosa e antiga, que tem mais poder do que o
próprio diabo?
Lorde Beecham abriu, mas logo fechou a boca. Não, ele ficaria calado sobre isso. Isso era o que
Helen queria. Sacudiram a cabeça.
Uma vez que Lorde Hobbs saiu, Helen se virou para Lorde Beecham e gritou bem em seu rosto:
—Seu comportamento foi muito infantil. Você soava como um garotinho petulante. Você merece um
Nível Oito por isso.
—O que é um Nível Oito? —Ryder Sherbrooke perguntou.
—Eles falam de disciplina —disse Douglas. O Nível Oito é negócio sério. O que está envolvido,
Helen?
—Não vou lhe dizer, Douglas. Contudo, direi a Alexandra para que possa usar em você, sempre
que decidir que você merece.
—Eu também quero saber —disse Sophie Sherbrooke. —Quero saber todos os níveis. Quero
torturar Ryder. Quero o ver uivar.
Alexandra esfregou as mãos. —Sim, eu quero saber mais sobre ligações e nós, cordas e tal.
Douglas é muito forte. Ele também é muito grande. Eu o quero desamparado, que ele se concentre
inteiramente no que eu estou fazendo com ele. Isso é possível?
—Ah, sim —disse Helen. —Tudo bem, senhoras, sugiro que todos nós adiemos o estudo de
Spenser. Vou lhes explicar as disciplinas que desenvolvi, que se encaixam em cada Nível. Podemos
também inventar novos se vocês quiserem.
—Bem, maldição, —Ryder Sherbrooke disse, olhando para a esposa que partia. —O que vão
fazer, Spenser?
—Uma variedade de castigos, que certamente, vão enrolar os seus dedos.
Douglas disse: —Preciso pedir a Helen que me diga qual o nível da disciplina requintada que
minha querida esposa usou na semana passada. Os dedos ondulados eram apenas o começo.
—Por Deus, isso é maravilhoso —disse Ryder, esfregando as mãos. —Estou muito contente por
Sophie e eu passarmos por aqui, Spenser. Duvido que possamos manter nossas mentes focadas, mas
talvez você deva me dizer mais sobre esse negócio de lâmpada antes que as senhoras voltem, com
fogo em seus olhos e planos de disciplina transbordando de seus cérebros.
—Ela me quer impotente? —Disse Douglas, e ele se sentou na cadeira, cruzou os braços sobre o
peito, e olhou para o nada.
—Antes de falarmos da lâmpada, —Spenser disse: Deixe lhes dar vários exemplos do sistema de
disciplina de Helen.
—Ah, sim, —disse Douglas. —Então eu vou lhe dizer o que aconteceu no último sábado de
manhã.
—Que prazer inesperado esta visita acabou sendo, —Ryder disse, e bebeu seu chá enquanto se
sentava para frente, todo atenção, nem mesmo percebendo que o chá estava frio.
Spenser franziu a testa para eles. —Eu estou lembrando. Devemos planejar o baile de
compromisso formal. Eu quero toda a Londres aqui.
Sim, sim, nós vamos fazer tudo isso, —disse Ryder. —Mas as coisas principais, primeiro,
Spenser.
Capitulo 28

Era a noite antes de seu baile de compromisso formal. O nome de Gerard Yorke estava na boca
de todos. Fofocas antigas foram ressuscitadas, novas fofocas adicionadas à mistura. A sala de visitas
de Lorde Beecham estava cheia de manhã até a noite. Todos queriam falar sobre Gerard Yorke e
esta lâmpada fabulosa, e o assassinato do Reverendo Mathers, mas, principalmente, todo mundo
queria saber tudo sobre a lâmpada mágica. Ambos, Spenser e Helen, contavam a mesma história,
mais e mais. A lâmpada era um mito, uma encantadora, excitante lenda, infelizmente, sem nenhuma
base na realidade. Não, o livro não tinha sido de nenhuma ajuda.
Havia dezenas de pessoas que chegaram à casa que queriam a recompensa de cinquenta libras por
informações sobre Gerard Yorke. Havia mais dezenas de pessoas que chegaram à casa que queriam a
recompensa de cinquenta libras pelas informações sobre o assassinato do Reverendo Mathers. Helen
prendia a respiração, sempre que um desses indivíduos vinha, eles eram desalinhados, chapéus
puxados sobre seus olhos, facas presas nas faixas de suas calças não muito limpas. Plínio Blunder, o
secretário de Lorde Beecham, ficava ocupado de manhã cedo até tarde da noite, revendo cada
detalhe das reivindicações.
Hoje à noite, à meia-noite, três dias depois de todos os anúncios e as investigações terem sido
publicadas nos jornais, e não havia ainda nenhuma pista pertinente; aparentemente, nenhum dos
personagens astutos que juravam que tinham acabado de ver Gerard Yorke no White Horse Inn, fora
de Greenwich estava dizendo a verdade. E não havia nada sobre o assassinato do pobre Reverendo
Mathers. E Plinio Blunder estava se destacando em esmigalhar pretendentes mentirosos, e suas
ninharias.
Houve também intermináveis conversas por toda Londres sobre a lâmpada mágica que ninguém
realmente acreditava, mas que gerou uma fofoca fascinante, particularmente de Lorde Beecham, que o
homem impertinente e muito inteligente, estava envolvido no negócio. Londres estava tendo um tempo
bom com o entretenimento que Lorde Beecham lhes fornecia.
Quanto à sua noiva, Helen Mayberry era gloriosa, todos concordaram com isso, mesmo aquelas
senhoras, obviamente, ciumentas, diriam por trás dos leques, que ela era apenas um pouco demasiado
alta.
Amanhã à noite, Helen pensou, enquanto afundava mais profundamente na cama macia de seu
quarto, que não estava a mais do que 10 metros do dormitório de Spenser. Maldito! Amanhã à noite,
iriam anunciar o noivado. Onde diabos estava Gerard Yorke? Se ele estivesse vivo, certamente não
iria esperar até o último minuto. Certamente, ele tinha de atacar em breve. Era estranho, mas ela não
se lembrava de já ter demonstrado coragem. Talvez não tivesse havido a oportunidade.
Aconteceu tão rápido que Helen não teve tempo para atacar ou para gritar. Num momento ela
estava dormindo profundamente, sem sonhos, e no seguinte, um lenço foi enfiado em sua boca, assim
como um punho bateu no queixo, a deixando sem sentido.
Ela pensou ter ouvido uma voz de homem dizer: —Bom, temos ela agora. —Em seguida, ela
apenas desmaiou.
Ela sentiu uma batida, muito profunda, que a parecia encher e fazer querer gritar com a dor que
trouxe. Ela não queria reconhecer, a aceitar, mas, teria que fazer. Sua cabeça ia explodir e não havia
nada que a pudesse acalmar. Ela engasgou.
—Ah, você está acordando agora, Helen?
Aquela voz, sabia de quem era a voz, mas tinha passado muito tempo desde que a tinha ouvido, há
muito tempo, muito tempo atrás. E agora era diferente de alguma forma, talvez mais profunda e
mais dura, mas ela não podia ter certeza.
—Abra seus olhos, Helen.
Ela o fez, então, ofegante novamente com a dor. Ela olhou para Gerard Yorke, um Gerard Yorke
mais velho, um que viveu duramente. Ela reconhecia a dissipação quando a viu, e Gerard não esteve
passando os últimos oito anos em busca de santidade.
—Como está você minha querida?
—Eu sabia que você estava vivo, eu só sabia disso. Embaixo de que pedra que você estava se
escondendo?
—Você quer que eu a golpeei outra vez? Eu sugiro que mantenha seus insultos atrás de seus dentes.
Agora, você me queria morto, não é, Helen? Então você poderia casar com aquele mulherengo
libertino dos infernos do Beecham. Na verdade, eu não tinha planejado vir tão rapidamente, mas eu
não queria esperar até depois de seu maldito baile. Você queria me fazer aparecer. Bem, você
conseguiu. Eu esperei tanto tempo quanto pude, para que a sociedade se esquecesse de mim e da
lâmpada, mas, apenas cresceu e cresceu. Eu me mantive muito bem escondido enquanto me
perguntava se poderiam me encontrar. Mas está acabado agora. Simplesmente não resultou do jeito
que você planejou.
—Você veio como um ladrão na noite, não como um homem honrado, o herói, de volta de possível
cativeiro na França.
—Você está ainda mais linda do que era há dez anos, Helen. —Você é ainda mais encantadora
do que era há dez anos, Helen.
—Por que você está vivo, Gerard?
Ele se sentou. Estava mais à vista, agora. Ela percebeu que não podia se mover. Ela estava
amarrada, seus pulsos amarrados na frente dela, seus tornozelos unidos. Ela ainda estava vestindo
sua camisola. Um cobertor foi puxado até a cintura. Seus pés estavam descalços. Estava frio na sala,
onde quer que fosse.
Ele levou as pontas dos dedos à boca. Ela não se moveu, não fez um único som. Ela queria morder
os dedos ao osso, mas não podia correr o risco dele a derrubar novamente.
—Sim, —Disse ele, com o rosto muito perto do dela, muito perto. —Eu não acreditei nisso, mas é
verdade. Você se tornou mais bonita.
Ela estava com medo, mas nunca o iria deixar saber.
—Eu estava sentado aqui, olhando para você, querendo saber o que seria tomar você novamente.
Ah, sempre havia muito de você para tocar e acariciar. Agora você está com vinte e oito anos, uma
verdadeira velha solteirona ultrapassada. Não, eu estava errado. Você é uma viúva, coitada. Você
me amava tanto, querida Helen, que nenhum homem, depois de mim, poderia competir com o que
você teve por um tempo tão curto?
—Eu fiquei triste quando ouvi sobre sua morte, Gerard, mas vou ser honesta com você. Eu não
tinha mais amor por você do que você por mim, depois de um mês que nos casamos. Na verdade, se
eu me lembro corretamente, eu estava bastante desiludida após duas semanas. Você não era o homem
que eu tinha acreditado que era. Você realmente não era um homem em tudo. Tudo o que você queria
de mim era um herdeiro.
—É certo, e você nunca me deu um. Por que mais acha que eu casei com você? Minha vida estava
muito bem do jeito que era, mas eu não tinha escolha. Eu tinha que casar com você. Mas, então, você
era estéril. Será que o seu Lorde Beecham sabe que você é estéril, que ele nunca vai ter um
herdeiro?
—Ele sabe.
Ele ficou em silêncio por um momento, estudando seu rosto. —Você não disse a ele, não é, Helen?
Você mentiu para ele. Assim como você mentiu para mim. Ele não tem ideia de que você não pode
produzir crianças para ele.
—Ele sabe.
Ele bateu nela, não foi forte, mas ardeu. —Você já começou a bater nas mulheres, Gerard?
—Foi nada a não ser uma bofetada, Helen. Não adianta tentar fingir que sou um monstro. Eu nunca
toquei em você com raiva quando estávamos juntos.
—Não, só me tocou para me engravidar, nada mais, e talvez, isso fosse mais desalmado. Como
eu poderia ter mentido para você sobre ser estéril? Não havia nenhuma maneira de que eu pudesse
saber.
Ele não queria ouvir isso. —Se você soubesse, você teria mentido.
Foi notável, pensou ela, mas disse apenas: —Você já desapareceu há oito anos. Um tempo muito
longo. Onde estava, Gerard? O que você estava fazendo? Seu pai acredita que você está morto.
Enviei a sua carta a ele, que disse que não era a sua caligrafia. Pediu que eu não o perturbasse mais.
Eu jamais gostei do seu pai. Ele parece ainda mais mesquinho agora, do que anos atrás.
Ele não disse nada e ela continuou depois de um momento, —Lorde Beecham e seus amigos o
foram ver. Ele jurou que você estava morto, mas um dos senhores acreditava que ele estava
mentindo. Ele disse que era estranho, seu pai saber que você estava vivo, e não querer que ninguém
soubesse que você viveu. Agora, por que isso?
—O meu pai é o monstro, não eu. Ele sempre foi um monstro. O navio afundou ao largo da costa
da França há oito anos. Eu não sabia nadar, era verdade. No entanto, consegui me segurar a um barril.
Eventualmente, mais de quatro horas mais tarde, o barril foi empurrado para terra pelas ondas. Eu
sobrevivi. E também era onde queria estar, onde eu estaria a salvo.
—Do que você está falando? Você estava na França. Eles eram nossos inimigos.
—Eles não eram meus.
—Entendo, —Ela disse, e de fato viu. —Todo mundo dizia que você era um herói. Esta é a
ladainha que seu pai canta até hoje. Por que você se tornou um traidor, Gerard? Oh, não, agora eu
entendo. Você era um traidor, mesmo antes do navio de vocês afundar.
Ele bateu nela novamente. Ela não disse nada desta vez. Ela começou a trabalhar os nós em seus
pulsos, muito lentamente, quase sem mover seus pulsos e mãos.
Então ele começou a rir. Você mudou, Helen. Quando eu a conheci, você era uma menina de
dezoito anos de idade e tão curiosa e fascinante, tão animada, tão cheia de energia e entusiasmo.
Mas, você não estava cheia de vida, não é? Tudo o que eu queria de você era uma criança, mas você
me falhou. Você mudou, muito mais do que tem eu. Não estou certo do que você se tornou, mas eu a
assisti nos últimos três meses, e vi como você administra a sua própria pousada, como você ainda
agrada ao maldito do seu pai.
—E então você tomou um amante, sabendo que eu estava vivo. Isso faz de você infiel a mim, seu
marido. Você cometeu, com conhecimento de causa, adultério, Helen.
Ela olhou para ele em seus muito agradáveis olhos castanhos que ela tinha admirado quando tinha
dezoito anos. —Não há absolutamente nenhuma maneira de que você possa saber se me tornei amante
de Lorde Beecham. Eu não estava dormindo sozinha quando você conseguiu me sequestrar?
Bem, isso é verdade, —disse ele. —Mas Lorde Beecham tem a fama de ser um homem de charme
infinito. Por que você estava dormindo sozinha, então? Será que ele a tomou, mas prefere dormir
sozinho? Muitos homens são assim. Ele tinha que ter tomado você. Eu ouvi dizer que ele pode
seduzir até uma freira. Você realmente o segurou? Isso é difícil de acreditar, Helen.
—Ele me ama.
—Não, eu não acredito em você. Um homem como ele sente luxúria, nada além disso. Não há
nada além disso, de qualquer maneira. Ele sente prazer momentâneo, então ele fica entediado e se
move para a próxima mulher. Sim, eu o poderia chamar para o divórcio na Câmara dos Lordes.
Adultério. Eu poderia estragar seu nome, seu precioso pai, e todos concordariam comigo.
—Por que não, Gerard? Então todo mundo o poderia ver, ver o que você se tornou ou descobrir o
que você sempre foi. Sim, acredito que você fosse um traidor mesmo naquele tempo, não era,
Gerard? Sim, leve a sua esposa à Câmara dos Lordes e nos deixe ver o que acontece. No mínimo,
você abandonou sua esposa. Mas há muito mais do que isso. Você é um traidor. Talvez você seja
pendurado pelo seu pescoço. —Ela trabalhou as cordas que prendiam seus pulsos, lentamente,
torcendo, para frente e para trás.
Ele se levantou ao lado dela na cama estreita. Ela o observou andando pelo comprimento do
pequeno quarto. As tábuas rangiam debaixo das botas. Estava bem vestido, alto, magro. O cinza
pontilhava o seu cabelo castanho claro, e linhas marcavam sua boca. O que ele havia feito nesses
últimos oito anos?
Ele se virou para olhar para ela por um longo momento. —Você é linda, tão linda, mas eu não
posso a levar comigo, Helen. Vou deixar você viva, no entanto, se simplesmente me dizer onde
escondeu essa lâmpada. Isso é tudo o que eu quero, tudo que eu sempre procurei.
A lâmpada. Ele queria a maldita lâmpada? Era disso do que se tratava? Ela ficou muito quieta. E
sorriu para ele. —Você quer dizer que nunca teria voltar se não tivesse ouvido falar da lâmpada?
—Escrevi, inicialmente, acreditando que você me daria dinheiro para me manter fora de sua
vida. Mas, então, não havia nenhuma razão para isso. Você não tinha se casado novamente. Não
havia outro homem que você queria. E então, eu realmente me esqueci de você. Então eu soube da
lâmpada do Rei Edward. E soube sobre Lorde Beecham. E eu sabia que tinha o efeito de alavanca
que precisava. Me dê a lâmpada, Helen, e nunca mais vai me ver novamente. Você pode se casar
com o seu libertino.
Isso era muito importante, e ela sabia disso. Ela olhou para ele, em silêncio, por um bom tempo,
então disse em uma voz muito calma, —Gerard, eu realmente acreditava que havia uma lâmpada.
Quando descobri que o antigo rolo de pergaminho em um barril de ferro, rezei para que fosse sobre a
lâmpada, e foi. O pergaminho contou a história que conhecemos sobre Aladdin. Em seguida, o
escritor disse que era para ser enterrada porque era perigosa. Independentemente, a lâmpada não
estava com o pergaminho. Alguém a havia levado há muito tempo. Quando? Eu não tenho ideia, mas
ela se foi. Esqueça a lâmpada. Para ser honesta, eu vou.
—O Reverendo Mathers foi assassinado.
—Sim, e a pessoa que fez isso estava esperando que o pergaminho desse o paradeiro da lâmpada.
Ele matou o pobre homem por nada.
Ela tinha dito a verdade. Não havia mais nada que pudesse fazer.
—Eu vou matar você e Lorde Beecham se você não me levar a esta lâmpada.
Ele falava a sério. Ele não tinha acreditado nela. Bem, tinha tentado. Ela sentiu um surto de medo,
não por si mesma, mas por Spenser. Não, certamente ele estava preparado para quando Gerard
Yorke aparecesse no palco. Ele queria que ele aparecesse. Ele estava esperando por ele.
Ela sorriu para ele. —Muito Bem, Gerard. Vou levar você até a lâmpada. Mas acredite em mim. É
apenas uma lâmpada velha. Não tem nada a ver com a lâmpada mágica da lenda. Você vai ver —é
simplesmente uma lâmpada velha e inútil, que não faz nada. Esta lâmpada é nada mais do que um
velho pedaço de ouro. Eu a encontrei no sótão de um vigário. Ele tinha legado todos os seus
pertences para o meu pai, veja você. Agora, pense. Se eu realmente tivesse encontrado esta lâmpada
mágica, por que estou aqui, presa, com você? Você não acha que eu a teria esfregado e beijado, até
dormido com ela para aprender os seus segredos? Não há segredos. Não há poder. Não há mágica.
—Você mentiu sobre tudo isso, não apenas para mim, mas para cada um desses tolos crédulos em
Londres. O que eu acredito é que você tem a lâmpada, você simplesmente não encontrou como fazer
o poder nela aparecer. Se você tivesse, é óbvio que seria a mulher mais poderosa do mundo. Eu vou
encontrar o poder, você vai ver. Agora, não é que eu não confio em você, mas eu não sou um tolo. Eu
não só levei você, mas também a sua querida amiga Alexandra Sherbrooke. Ela está do outro lado do
corredor, toda ligada e amarrada, assim como você.
Ah não. Ah não. —Como você conseguiu colocar as suas mãos em Alexandra? Ela dorme com o
marido, e não só, como eu.
Ele realmente lhe deu um sorriso lunático. —Estava preocupado com isso, posso te dizer. Mas
você sabe o que mais? Eu estava preparado para acertar a cabeça de seu marido, sem esperança para
ele, eu sabia que seria mais perigoso, mas eu não podia ver outra escolha. Mas então, de repente, lá
vem ela flutuando a escada abaixo na frente de sua casa, em seu caminho para a biblioteca para pegar
um copo de brandy. Ela não conseguia dormir, parece. Eu quase ri com a sorte dele. E assim eu a
peguei e não há nada que você possa fazer sobre isso, Helen.
Douglas iria despertar, Helen pensou, ele saberia. Alexandra teria ido embora. Certamente ele iria
querer saber onde ela estava. Certamente ele iria dar o alarme.
—Você me disse verdades e mentiras, Helen. Mas eu sei de verdade que você encontrou a
lâmpada mágica. Agora, se você tentar me enganar de novo, se tentar me enganar de qualquer
maneira, a bela condessinha vai morrer.
—Eu estou vestindo minha camisola. Certamente eu não o posso levar até a lâmpada assim?
—Eu trouxe tanto para você quanto para a condessa roupas de homens. Será mais fácil do que as
arrastar com todas aquelas saias que as mulheres usam. Estou indo tranquilizar a sua amiga enquanto
você se veste, Helen. Ela já está usando roupas de meus homens. Elas não estão tão mal ajustadas,
na verdade. Mudei enquanto ela ainda estava inconsciente. Infelizmente, você acordou antes que eu
pudesse vestir você. —Ele se levantou, então. —Depressa, eu quero sair logo.
Ele se inclinou e desamarrou seus pulsos. Ele pareceu não notar que ela estava quase livre. Você
pode desatar seus próprios tornozelos. Depressa.
Helen estava livre num instante. Ela vestiu as roupas em três minutos. Durante todo o tempo,
estava pensando furiosamente. Alexandra. Ela tinha que ter cuidado para Alexandra não ser ferida.
Então, inspirou profundamente e esperou, atrás da porta, o urinol em suas mãos.
Quando ele entrou pela porta, estava empurrando Alexandra na frente dele. E disse em voz alta,
—Venha aqui, Helen, ou eu vou matar a pequena franguinha aqui. Me obedeça. Não quero truques
de você ou ela estará morta. A minha arma está junto de sua orelha direita. Saia de seu esconderijo.
Helen bateu o urinol na cabeça dele tão forte quanto podia, e isso era muito difícil.
Ele caiu como uma pedra.
—Tudo bem, Senhora, ah! O que você fez com o Sr. Yorke? É rachou a cabeça do pobre!
Alexandra disse em uma voz clara, calma, —Quem é você, senhor?
—Sou da enseada, ele me pagou dois guinéus.
—Bem. Agora vou contratá-lo. Você receberá cinco guinéus, uma vez que você nos leve de volta a
Londres para as nossas casas.
O homenzinho de rosto magro olhou para Gerard Yorke, depois para Helen, que era uns vinte
centímetros mais alta do que ele. —Eu suponho que não tenho escolha.
Eles foram para a porta da frente da pequena casa de campo. A mão de Helen ia girar a maçaneta
quando ela abriu. Sir John Yorke estava ali, com uma pistola na mão.
—Eu sabia que você ia enganar Gerard. Ele sempre subestimou as mulheres. Ele fez, não foi?
Sim, claro que é o que ele fez. E você o derrubou, não é? Eu olhei para você quando tinha dezoito
anos de idade e eu sabia que você era forte. Eu sabia que você ia ficar mais forte ao longo dos anos.
E você também se tornou perigosa. Se afaste, Srta. Mayberry, ou devo dizer Sra. Yorke?
Capitulo 29

Gerard Yorke entrou na pequena sala da frente que continha apenas duas cadeiras raquíticas e uma
mesa de madeira rústica. Ele estava segurando sua cabeça e estava gemendo. Cambaleou contra a
parede e, em seguida, se inclinou contra ela, tentando recuperar o equilíbrio novamente.
—Você é um tolo inútil, —disse o pai, —não pode nem capturar uma única mulher.
—Claro que eu podia. Eu fiz. Eu capturei duas mulheres, não apenas uma. Você pode vê-las.
Elas estão bem aqui. Coisas ruins que acontecem. Coisas ruins sempre acontecem quando Helen
tem qualquer coisa a dizer sobre isso. —Gerard sacudiu a cabeça e se forçou a olhar para o pai, que
estava segurando uma arma para Helen e a condessa do Northcliffe. O outro vilão de Gerard, o
indivíduo de queixo pequeno a quem tinha dado dois guinéus, estava parado logo atrás de Sir John
Yorke.
Seu pai apenas olhou para ele como se o quisesse expulsar. Ele não se surpreendeu, era a
maneira como seu pai sempre tinha olhado para ele.
Gerard disse lentamente, tentando entender tudo. —Como você está aqui? Você me seguiu?
—Sim, naturalmente. Eu finalmente encontrei você, há dois dias. Tenho estado à espera para ver
que decisão ia tomar sobre Helen, e você fez, seu maldito imbecil, tomou a decisão errada, mas você
nunca tomou a decisão certa, não é? Você deveria apenas ter ficado morto, permanecer
desaparecido da Inglaterra, se manter um herói na mente da sua família, mas não o fez. Agora olha
só o que está acontecendo. —Sir John se virou e sorriu para Helen, sem qualquer motivo que ela
poderia pensar, e aquele sorriso a fez murchar por dentro. O que estava acontecendo aqui?
Gerard sacudiu o punho no rosto de Helen, mesmo quando ele caiu ainda mais contra a parede.
—Eu lhe digo pai, eu não podia ficar desaparecido. E isso não foi culpa minha. Eu tive que deixar
Helen sozinha para que pudesse vestir. Eu tive que buscar a condessa de Northcliffe em outro
canto, e quando a trouxe de volta, eu a empurrei para dentro do quarto na minha frente. Eu mesmo
tinha uma arma apontada para sua cabeça. O quarto estava escuro. Olhe agora, é quase amanhecer.
Eu vi algo que poderia ter sido Helen deitada na cama. Como eu ia saber que Helen tinha o urinol e
ficou atrás da porta? Nenhum homem poderia ter imaginado isso. Eu não tinha chance.
—Qual é o significado de tudo isso? —Alexandra perguntou, olhando do velho homem para seu
filho, que ainda estava respirando com dificuldade, ainda segurando a mão na cabeça. Quem é você,
senhor?
—Ah, Minha senhora. Então você é a esposa de Douglas Sherbrooke. Ele se curvou ligeiramente.
—O seu marido é um bastardo arrogante que admiro muito. Ele é um gênio em estratégia, e provou
isso muitas vezes ao longo dos anos. Suponho que o meu filho aqui a trouxe para a usar contra Helen?
Sim, eu fiz, —disse Gerard, empurrando a parede e, finalmente, conseguindo ficar em linha reta.
—E vai funcionar. Helen gosta dela. Elas são grandes amigas. Eu só preciso apontar a arma para a
cabeça da condessa e Helen nos levará para a lâmpada mágica. Ela já disse que sim, uma vez que
ameacei sua amiga aqui.
—A lâmpada, —Sir John disse, espantado com o filho. —Você realmente acredita nessa estupidez
que está em Londres? Você é um tolo? Não há lâmpada mágica. É toda a ficção, um conto
interessante
inventado na imaginação fértil de Helen. Todo mundo está gostando de fofocar sobre isso. Não
significa nada. Você não percebe que, se houvesse algo importante, alguma relíquia antiga com
poderes estranhos, ninguém saberia disso? Seria mantido em segredo.
Helen olhou para ele e sorriu interiormente. Spenser estava certo. Como alguém poderia acreditar
em algo supostamente mágico quando todos sabiam disso?
Alexandra foi ficar atrás de Helen, fazendo com que Sir John caísse na risada. —Apenas olhe para
vocês duas juntas. Você é uma gigante, Helen, uma raridade, uma aberração.
Ela sorriu para ele. —Pelo menos, eu não sou tão velha que minha pele está manchada e
pendurada no meu corpo e meus dentes não estão apodrecidos.
Ele deu um passo na direção dela, levantou a mão, mas, então lentamente baixou. Ele olhou para a
mão por um momento. —Você não era tão impertinente quando tinha dezoito anos, —disse ele
lentamente.
—E você não era tão abertamente rude —embora você fosse tão velho quanto a morte, mesmo
naquela época. Lembro bem como você olhou para mim e como não queria que seu precioso filho se
casasse comigo.
Sir John deu de ombros. —Eu sabia que você não o iria segurar, sabia que você não lhe iria dar
um filho imediatamente, como ele alegou que faria.
—O que quer dizer com ‘eu não o iria segurar’?
—Então, meu filho inútil já estava procurando maneiras de ganhar mais dinheiro. Eu lhe comprei a
comissão, esperando, rezando para ele mudar. Ele poderia ter seguido os meus passos. Mas ele não
o fez. Ele tinha o excelente dote de seu pai, mas ele o gastou em um mês. E o que você fez? Nada.
Você acreditou em cada mentira ridícula que ele lhe disse. Mas eu sabia que você iria mudar. Eu
sabia que havia algo em você, uma vontade forte, mas você simplesmente não se alterou de forma
rápida o suficiente para ser de alguma utilidade para mim. Sim, eu estava certo. Basta olhar para o
que você se tornou.
—Não, Pai, —disse Gerard. —Seu dote durou dois meses. Ele teria durado muito mais tempo,
mas eu fui enganado. Foi Jason Fleming, Lorde Crowley, que me traiu. Eu o queria matar, mas ele foi
caçar na Escócia, o bastardo conivente, e eu não podia fazer nada. E Helen se recusou a ficar
grávida. —Gerard deu a sua esposa um olhar maligno. —Tudo que eu queria de você era uma
criança, nada mais, nada menos, no mínimo, após o seu dote ter ido embora. Mas você não me daria
uma.
—Eu estou muito satisfeita com isso, —disse Helen. —Aliás, —Ela disse ao pai: —Eu tinha
apenas dezoito anos. Se eu tivesse sido tão inteligente como sou agora, acredite, eu jamais teria me
ligado ao sapo do seu filho. Não é muito provável, senhor. Ele acabou muito mal. Eu tremo só de
pensar se ele tivesse, em vez disso, acabado como você.
Gerard, ao contrário de seu pai, não tinha muito autocontrole. —Não. Você insulta meu pai,
você, mulher inútil —Ele estava sobre ela em um instante, seu braço puxado para trás para a
golpear. Helen apenas sacudiu a cabeça quando levantou o joelho, o golpeou com força na virilha, e
então enviou seu punho ao pescoço.
Gerard gritou, se agarrou, e caiu no chão, batendo na parede. Ele não sabia se esfregava sua
virilha ou o pescoço, que doía tanto quanto. Ele tentava engolir e gemia, enquanto se balançava para
trás e para frente. Finalmente, ele sussurrou, —Pai, olha o que ela fez comigo. Mate ela. Não,
apenas a machuque. Você a pode matar mais tarde, depois de eu ter a lâmpada; mas talvez não. Ela
é minha esposa, depois de tudo. Vou pensar sobre isso. Além disso, se ela sabe que você a vai matar
não há nenhuma razão para que me levar para a lâmpada. E eu juro para você, há uma lâmpada
mágica e ela
sabe onde a lâmpada está. Ela finalmente admitiu para mim que a tem. Eu quero que a lâmpada. Ela
disse que não há nenhum poder nela, que, se houvesse, ela teria me matado com ela.
—Mas ela é apenas uma mulher, ela não sabe nada, exceto mentir. Oh, Deus, eu vou morrer
agora.
—Ele estava ofegante, se inclinando, se segurando.
—Eu não sei como você pode falar com aquele golpe na garganta, —Helen disse, sem se mover,
apenas observando os efeitos de sua obra. —Muito menos, conversa que possamos compreender
você.
—Foram golpes temíveis que você deu, —disse o pequeno homem magro com uma voz de tal
admiração que Alexandra avançou, sacudiu o punho para ele, e disse: —Você gostaria de ser o
próximo, seu pequeno imbecil?
—Essa palavra de uma condessa. É uma desgraça.
—Fique quieto. Fique no seu lugar, minha senhora. Agora, qual é o seu nome?
—Alexandra Sherbrooke.
—Não, Não, eu sei quem você é. Ele, o pequeno vilão.
—Meu nome é Bernie Ricketts. Seu filho ai, deitado contra a parede, gemendo, me deu dinheiro
para pegar as senhoras. Eu conheço fechaduras, e eu as torço e as beijo até que as portas se abrem
como um sonho; eu fiz, e o seu filho ficou livre para entrar em ambas as mansões malditas. Então eu
mantive o relógio para que ninguém possa entrar e nos prender. Eu fiz tudo certo, eu fiz. Seu filho
maldito, que não me deu dinheiro suficiente. A grande lá, toda loira e bonita, sabe das coisas, ela é
uma assassina.
—Sim, eu posso ver que ela é —disse Sir John Yorke. Ele parecia confuso na efusão de
confidências do Sr. Ricketts. Ele balançou sua cabeça. —Agora, tudo isso tem sido divertido, mas eu
tenho muito a fazer antes que o novo dia comece.
—O novo dia já começou, —Gerard disse, tentando endireitar, tentando falar mais alto que um
sussurro, porque agora sua garganta doía muito. —O que você quer dizer?
Sir John olhou seu filho, seus olhos escuros e muito cansados. —Você sabe, eu o tentei matar
uma vez, Gerard, e eu falhei.
—Não, —Gerard disse: Não, isso é impossível. Você pode ser sinistro e ninguém sabe realmente
o que você faz ou quem você é, e eu sei que bateu na minha mãe até a morte, mas ainda é meu pai.
Você não iria me matar, não é? Certamente que não é certo.
—Eu não bati na sua mãe até a morte, seu idiota. Ela caiu da varanda da nossa casa, nada mais
que isso. Quanto a você, era meu filho e eu tinha esperança de que iria fazer algo de si mesmo, mas
não o fez. Você é um esbanjador. Você é totalmente sem valor. Você se tornou um traidor de seu país.
Não há nada mais baixo do que um traidor.
—Naturalmente, eu não iria deixar você arruinar o nome da nossa família, mas você conseguiu
sobreviver à explosão do navio e, de alguma forma, chegou a costa.
—Mas você não fez o navio afundar. Mesmo porque você não poderia lidar com isso, pai.
—Não, eu contratei um dos marinheiros para lhe bater na cabeça e o jogar ao mar, rapidamente e
em silêncio. Então, teria terminado, e sua reputação de herói estaria segura. A família estaria a salvo
da desgraça.
—Foi tudo arranjado, mas depois houve o acidente a bordo de seu navio e ele explodiu, antes que
o marinheiro o pudesse encontrar. E então você estava seguro, com seus mestres e eu não podia
chegar a você.
Helen e Alexandra se entreolharam. Sir John tinha planejado tudo para ter seu próprio filho
morto?
Helen disse, —Você honestamente o queria matar, porque descobriu que ele era um traidor?
—Sim, Helen. Gerard queria dinheiro, e assim, ele conseguiu da única maneira que podia. Ele
traiu seu país. Ele foi de bom grado e rapidamente para o lado francês. Eu não sei quantos segredos
vendeu para eles, pois ele tinha acesso ao Almirantado, como você pode imaginar, desde que ele era
meu filho. Eu descobri que ele era um traidor por acidente. O idiota deixou alguns papéis que havia
roubado no bolso do casaco. Seu criado encontrou os papéis e os trouxe para mim. Eu não tinha
escolha no assunto. Fiz o que pude por ele, preenchi os despachos, o fiz um herói, e, em seguida,
quando eu soube o que ele realmente era, eu planejei o matar. Não haveria nenhuma desonra para
ninguém. Mas ele sobreviveu. Agora, me diga, Gerard, era apenas por dinheiro que você se tornou
um traidor para toda a sua família, para tudo o que o seu pai tem de mais caro?
Gerard permaneceu no chão. Ele não olhou para seu pai. Ele olhou para Helen, e havia
assassinato em seus olhos. —Foram apenas alguns planos de batalha ridículos, a localização de
algumas tropas e navios, nomes das cidades onde havia linhas de abastecimento armazenadas, que
vendi para eles, nada de muita importância. Eu lhes dei alguns nomes de homens que foram espionar
para a Inglaterra. Nada demais; mas, mais de uma vez, eu tinha que fazer muito pouco. Claro que eu
precisava de dinheiro. Eu tinha uma esposa. Eu a tinha que apoiar. Tive que fingir que a queria,
depois de seu dote ter ido embora. Se eu só tivesse conseguido a deixar grávida, então você teria me
dado a metade da minha herança. Foi o que você me prometeu.
Helen olhou para o marido e queria mais do que qualquer coisa ter sua garganta condenável entre
as mãos. —Você está dizendo que essa era a única razão porque você queria um filho? Para obter o
dinheiro de seu pai?
—Era uma grande quantidade de dinheiro, dez mil libras.
Helen apenas olhou para ele, tanta dor a tomando, toda a dor da menina inocente que tinha sido.
—Mas meu dote era dez mil libras. Você o gastou em dois meses. O que foi mais dez mil? Não muito.
Seu verme patético. Ela levantou a perna para o chutar, mas, depois parou. —Eu queria que seu pai
tivesse me contado, quando percebeu que você era um traidor. Eu o teria ajudado a destruir você. Eu
teria lançado você ao mar.
—Você não poderia, —disse Gerard. —você é uma mulher. Eles não permitiam mulheres a
bordo do navio.
—Sua mente, —Alexandra disse, lentamente, para o marido de Helen, —me surpreende.
Gerard ficou envaidecido.
Sir John olhou para Helen, então, de uma forma que ela não entendeu. Foi admiração? Não,
certamente, não. Ele disse lentamente, —Tudo isso era verdade, Gerard, mas Helen é estéril. E
então porque você não teve honra, você se tornou um traidor. Agora, por que você escreveu para
Helen depois de oito anos?
—Maldição, Eu tinha que ter dinheiro. Quando eu ouvi sobre este negócio da lâmpada, decidi
esperar até ela encontrar. Todos naquela cidade provincial estúpida em que ela vive, Court
Hammering —todo mundo fala livremente dela. Todo mundo acredita que ela a vai encontrar, e muito
em breve. Eu acredito que ela já encontrou. Tinha Lorde Beecham com ela e eles foram para a
caverna, e saíram com este baú de ferro estranho. Eu sabia que a lâmpada estava dentro dele, tinha
que ser. Eles se calaram, foram reservados. Então, Lorde Beecham veio para Londres. Eu sabia que
eles haviam encontrado a lâmpada.
—Seu idiota, escute, se eu tivesse encontrado a lâmpada e se fosse mágica, —Helen disse com
muita precisão, —Eu teria feito você desaparecer com um simples estalar de dedos, —o que ela
então fez, em frente da sua cara. —Mas eu não o fiz desaparecer, não é? Eu não poderia,
infelizmente. Me ouça com atenção, Gerard. Não há lâmpada mágica.
—Você me disse que havia, —disse Gerard. Você me disse não mais do uma hora atrás, que iria
me levar até ela.
—Eu menti.
Sir John disse, em seguida, —Já chega sobre esta lâmpada ridícula. É claro que ela mentiu para
você, Gerard. Ela queria fugir, e teria, se eu não tivesse vindo.
—É luz do dia agora. Eu tenho que me apressar. Helen, eu sinto muito, por mais estranho que
possa parecer, mas você e sua amiga aqui devem morrer. Eu só queria matar Gerard, de uma vez por
todas, mas eu era incapaz de o pegar sozinho.
—Você mataria três pessoas? —Alexandra disse, com a voz incrédula. —Apenas um monstro
faria isso, um monstro realmente muito mal, de alma maligna. E matar o próprio filho? Para tagarelar
sobre a sua honra? Você é indizível, senhor. Você merece apodrecer no inferno.
—Eu digo, chefe, a senhora está certa. Cê não é o pai do ano, e estas mocinhas —bem, não as
poupar, governador...
—Quieto, Ricketts. Agora me deixe pensar. Como vou fazer isso?
Alexandra gemeu, apertou a barriga, e caiu no chão, desmaiada. Ninguém se moveu por uma
fração de segundo, então Helen gritou, e ficou de joelhos ao lado da amiga. —Oh, Deus, Alexandra.
O que está errado? Você deve acordar, por favor.
—Isso foi muito bem feito. Você pode levantar agora, Alexandra.
Sir John fechou os olhos por um breve momento, então, lentamente, se virou para ver o conde de
Northcliffe, o Visconde Beecham e dois homens que ele não conhecia, de pé atrás deles na porta
aberta.
—Eu pensei que você estava mantendo guarda, Ricketts, —Sir John disse por entre os dentes, tão
furioso que quase se engasgou com a própria bile.
—Não, Chefe, não desde cê veio e causou todo o tumulto.
—Helen, você está bem?
Sim, mas venha aqui rapidamente. Douglas, ela tocou o estômago, e, em seguida, desmaiou. O que
há de errado com ela?
—Nada, tudo bem, —Alexandra disse, se levantou e deu a seu marido um grande sorriso. Ela lhe
fez uma reverência. —Bem-vindo, meu senhor. Como sempre, o seu timing me deixa sem fôlego.
—Bem feito, Alex, bem feito, de fato. Você nos deu a distração que precisávamos. Estou
orgulhoso de você. Agora, não se movam enquanto prendemos esses vilões.
Douglas se aproximou de Sir John Yorke e arrancou a arma de sua mão. Depois, ele estendeu a
mão para Ricketts, e o homenzinho, xingando baixinho, desistiu. —A faca, —disse Douglas.
—Cê sabe demais.
Douglas entregou duas armas de fogo e a faca para Spenser.
—Vá abraçar sua esposa, Douglas. Estes espécimes maravilhosos não estão indo a lugar nenhum,
de qualquer forma.
Sir John disse ao filho, que parecia ao mesmo tempo aliviado por estar vivo e apavorado porque
agora tinha sido apanhado, —Eu deveria ter apenas contratado alguém para atirar em você. Agora
olhe para o que fez, imbecil incompetente, não poderia mesmo sequestrar as mulheres sem ter os
homens atrás de você em um instante.
—Na verdade, —Lorde Beecham disse facilmente para Gerard, —seu pai está certo. Nós
estávamos em cima de você em um instante. —Se dirigiu ao pai, —Nós reativamos os agentes que os
seguiam, uma vez que percebemos você seguir seu filho. Queríamos descobrir o que estava
acontecendo.
—Ele ia matar todos nós, —disse Helen. Alexandra está certa. Ele é um monstro.
—Ela é uma cadela caída. Eu não sou um monstro. —Sir John correu para Alexandra. Seu filho
esticou a perna. Sir John saiu voando. Gerard saltou sobre Spenser, o jogando de lado, para Helen,
e, depois, pulou por uma janela apodrecida coberta com uma folha de madeira. A madeira lascou e
Gerard sumiu de vista.
Lorde Beecham se levantou, se arrumou um pouco, e disse calmamente: —Sr. Cave, você e seu
parceiro, por favor, podem buscar o Sr. Yorke e o trazer de volta para cá? Obrigado.
—Certamente, meu Lorde. Vamos, Tom, —disse ele ao seu parceiro. Vamos pegar aquele traidor.
Lorde Beecham observava os dois homens correrem para fora da casa. Então, ele disse, —Quanto
a você, Sr. Ricketts, basta se deitar no chão e colocar as mãos atrás do pescoço. Agora.
Bernie Ricketts se estendeu de bruços no chão.
Sir John cambaleou. Ele estava segurando seu braço esquerdo.
Douglas soltou sua esposa, em seguida, caminhou, lentamente, até Sir John. Ele, muito
calmamente, pegou o pescoço do velho entre suas mãos grandes. —Você ia matar minha esposa.
Ela está certa. Você é um monstro. É você que não merece viver. O seu nome orgulhoso, senhor, não
vai sobreviver a este dia. Você será lembrado como um assassino de sangue frio, um homem
desonroso cujo filho era um traidor.
—Será minha vez quando tiver terminado, Douglas —disse Spenser. Não o mate, ainda.
—Não, eu não vou. Eu quero que ele fique na frente de todos os homens na Câmara dos Lordes,
quero que todos vejam o tipo de tumor maligno que existe nos níveis mais altos do nosso governo.
—Douglas empurrou Sir John de costas contra a parede.
Sir John jogou a cabeça para trás e gritou: —Não, você não pode contar a ninguém. Eu passei a
minha vida lutando pela honra da Inglaterra. Não!
Ezra Cave veio pela porta da frente, naquele momento, uma faca em uma mão e uma arma na
outra, e na frente dele, estava empurrando Gerard. O pai olhou para o filho, descabelado, pálido, o
sangue escorrendo por seu braço. Ele gritou novamente, em fúria, e se atirou contra Douglas, que o
tentou agarrar, mas o velho, mais rápido do que uma cobra, se afastou, pegou a arma e faca de Ezra
Cave e a cravou em seu filho. —Eu deveria ter matado você quando nasceu. Sua mãe era uma idiota
louca e isso foi exatamente o que ela deu à luz. —E ele esfaqueou seu filho no coração.
Ele empurrou a faca do peito de seu filho e o usou como um escudo.
Ezra Cave puxou a arma do parceiro e disparou. Ele perdeu, não que isso importasse, já que
Gerard já estava morto. A bala atingiu a parede ao lado da cabeça de Sir John, rasgando a madeira,
enviando estilhaços. Sir John, com o rosto deformado pelo ódio, largou o corpo do filho no chão a
seus pés e empunhou a arma, descontroladamente na frente. —Não, não se aproximem de mim.
Apenas fiz o que era certo. —Então ele jogou a cabeça para trás e gritou para os céus, sua voz cheia
de falhas e raiva, —Eu fiz o meu dever para com o meu país. Eu tiver que executar um traidor. Não
faz nenhuma diferença que ele levava o meu sangue. Dediquei a minha vida à Inglaterra. A história
vai me julgar um homem honrado, um homem que nunca se esquivou do seu dever, um homem que
deu a vida pelo seu país.
Então, Sir John virou a arma na boca e puxou o gatilho. O sangue jorrou de sua boca e a parte de
trás de sua cabeça explodiu. Ambos, seu rosto e sua cabeça estavam vermelhos com sangue. Ele não
fez outro som, caindo onde estava, sobre o corpo de seu filho.
Ninguém se moveu por um tempo muito longo, apenas olharam para o velho deitado sobre o filho,
como se o cobrindo para o proteger.
Helen disse então, —Isto é demais, Spenser. É simplesmente, muito. —Ele viu o vazio do
choque em seu rosto e uma dor terrível em seus olhos e a abraçou.
Mas o que Spenser estava pensando era que Gerard Yorke estava morto, finalmente, e verdadeira
e irrevogavelmente, morto, e se perguntou, naquele momento, se ele conseguiria ser admitido no
céu, o que São Pedro teria a dizer a ele sobre os pensamentos em sua mente agora, enquanto segurava
sua futura esposa firmemente contra ele e olhava para o corpo de seu marido a seus pés.
Capitulo 30

Spenser Heatherington, sétimo Barão Valesdale e quinto Visconde Beecham, e Srta. Helen
Mayberry se casaram na Catedral de St. Paul. Havia quinhentos convidados presentes, muitos deles
estavam lá para trocar fofocas sobre a lâmpada fantástica que, claro, não existia realmente, que era
apenas uma brincadeira excitante jogada em sociedade por Lorde Beecham. Ah, mas que era um
fascinante conto, era, uma lâmpada mágica que tinha estado na posse do Rei Edward I, que a havia
escondido do mundo, por qualquer motivo. Todos tinham falado disso, adivinhado seu paradeiro,
concedido vários poderes. Ah, o tempo tinha passado, prazerosamente.
Havia pelo menos cinquenta pessoas lá porque gostavam de Lorde Beecham, e acreditavam que a
linda Helen Mayberry seria uma excelente esposa.
Como o pai da noiva, Lorde Prith, que estava em seu elemento. Sophie Sherbrooke tinha dito a
Helen que Lorde Prith estava dando amostras de um novo champanhe para os convidados, às
escondidas, enquanto eles entravam em St. Paul. Sophie disse que tinha uma tonalidade azul. Helen
riu e sacudiu a cabeça, se perguntando se desta vez ele havia misturado mirtilo com o champanhe. Do
que ele o estava chamando? Bluepagne? Ou talvez Chamblue?
O bispo Bascombe realizou a cerimônia, sua voz profunda e melodiosa saltando para aquele
enorme espaço cavernoso, tocando todos ali, fazendo até o mais cínico dos participantes esquecer o
que seus amigos usavam e os aquecer até os pés.
Foi um serviço adorável, bem dizendo. A enorme recepção realizada na casa da cidade de Lorde
Beecham foi magnífica, nenhuma despesa poupada. E alguns perguntaram por trás de suas mãos, e
não na seriedade, é claro, se a lâmpada mágica tinha fornecido toda essa generosidade. Afinal de
contas, tanto a bela cerimônia, todos os hóspedes, em seguida, a comida servida na recepção, foram
certamente mais do que poderia ser planejado em um ano, muito menos apenas em um mês por um
mero mortal.
Sim, certamente, ele teria que ter os serviços de uma lâmpada mágica para ter um esplêndido
casamento em tão pouco tempo.
Ryder Sherbrooke estava dizendo para Gray St. Cyre e sua esposa, Jack, —Seu marido lhe deu
meu único conselho conjugal?
—Sim, —Disse Jack, ficando na ponta dos pés e beijando a bochecha de Ryder. —Ele deu. Você
é um homem brilhante, Ryder. Eu posso ver porque Sophie o adora, mesmo quando ela está
planejando disciplinar você.
—O que é isso sobre a disciplina? —Perguntou Gray St. Cyre, uma sobrancelha levantada.
Lorde Beecham chegou a tempo de os ouvir. —E qual é o conselho matrimonial brilhante de
Ryder, Jack?
—Riso, —Ela disse, dando ao seu marido uma piscadela. —Um homem sempre pode seduzir sua
esposa com o riso.
E isso, Lorde Beecham pensou, era verdade. Ele olhou para Helen, ao lado de Alexandra
Sherbrooke. Ele nem sequer vira Alexandra, sua sublime dama de honra exibindo o seu belo peito.
Não, só viu sua nova esposa. A esposa dele. Com a idade avançada de trinta e três anos, ele era
finalmente, um homem casado.
Helen Heatherington. A aliteração lhe agradava, sabor delicioso em sua língua. Ela era mais
bonita do que um simples homem merecia. Estava toda vestida de seda amarelo-pálido, fitas de seda
amarela enroladas no seu cabelo, usava um colar de diamantes em volta do pescoço que ele tinha
dado a ela no dia anterior e pequenos diamantes caiam de seus orelhas encantadoras. Ele
simplesmente não conseguia parar de olhar para ela, e sabendo, todo o caminho até sua alma, que
ela era sua e que assim seria para sempre. Sua esposa, tão alta, esbelta e elegante, e forte como um
maldito touro. Ele se perguntou, enquanto observava as duas senhoras conversar, se elas estavam
trocando mais receitas de disciplina. Ele esperava que Alexandra estivesse dando excitantes novas
ideias a sua nova esposa. Provavelmente sim. Ele imaginou que Douglas estava esperando que Helen
estivesse dando as novas ideias a Alexandra. As senhoras pareciam ter uma imaginação muito fértil,
pelo menos foi o que Ryder tinha dito na semana anterior, um sorriso fátuo no rosto. El disse que
Sophie estava absolutamente repleta de noções falsas, ansioso para testar cada uma nele. As senhoras
tinham ainda trazido Jack St. Cyre para a disciplina. Gray, em breve, estaria com os olhos cheios de
prazer. Sophie tinha anunciado que Ryder sempre queria tentar algo novo, especialmente se o algo
novo prometia ser administrado com abandono perverso.
Quanto a Gerard Yorke, tudo tinha corrido bem naquela parte, graças a todas as forças celestiais
envolvidas. Ele tinha sido encontrado em um beco perto das docas, esfaqueado, seus bens roubados.
Eles tinham discutido o enterrar e apenas o esquecer, mas Lorde Beecham sabia que sempre haveria
perguntas, olhares maldosos em particular, uma vez que tinham levantado, através da sociedade,
que Gerard Yorke poderia muito bem estar vivo e que precisa ser encontrado.
Lorde Beecham não queria rumores de que um homem não deve se casar com uma viúva se
houvesse a menor chance de que o marido ainda estava vivo em algum lugar. Não, ele tinha que estar
morto e tinha que ter um corpo. Ele não queria nenhuma pergunta, não deveria haver dúvidas.
Bem, Gerard Yorke tinha sido encontrado, e rapidamente. Ele estava morto. Muitos tinham visto o
seu corpo? A querida Helen de Lorde Beecham era de fato uma viúva. Então, tudo, graças a Deus,
estava bem.
Teria Lorde Beecham sido responsável por seu assassinato? Muitas pessoas nem consideraram a
possibilidade, pelo que, ele estava profundamente grato. Douglas, Ryder e Gray St. Cyre tinham
conversado muito e com todos que conheciam, depois que Yorke tinha sido encontrado. Seu
raciocínio foi o seguinte: Afinal, Lorde Beecham poderia ter simplesmente o matado e o enterrado
debaixo de um carvalho e ninguém teria sabido. Ele não o teria deixado em um beco, onde seria
encontrado. Isso não fazia sentido. E todos na sociedade concordaram. Ladrões e assassinos
abundavam nas docas. Foi um desses canalhas terríveis que assassinou o pobre Gerard Yorke.
Mas a morte de seu pai, Sir John York, primeiro-secretário do Almirantado, chocou a todos. Foi
dito que ele estava tão triste com a morte de seu filho, sem saber que ele ainda estava vivo todo este
tempo e tinha sobrevivido em segredo por razões que ninguém conhecia, que ele se matou. Ele
colocou uma arma na boca e puxou o gatilho. Pai e filho foram enterrados lado a lado, no mesmo dia,
pela enlutada e chocado família Yorke.
As pessoas não falaram de outra coisa senão do suicídio de Sir John Yorke por uma semana
inteira. As partes envolvidas não disseram absolutamente nada.
Em seguida, as pessoas não falavam de outra coisa, a não ser da lâmpada mágica por uma semana
inteira.
As pessoas realmente não falaram muita coisa sobre o assassinato do Reverendo Mathers,
certamente um bom homem, e foi uma pena que alguém enfiou um estilete em suas costas, mas
depois
de tudo, quem era ele, afinal?
Ele permaneceu muito importante para Lorde Hobbs e Lorde Beecham. Lorde Hobbs, no entanto,
não podia provar, para sua própria satisfação, que Lorde Crowley havia assassinado o Reverendo
Mathers. Nem pode arrancar uma confissão de Old Clothhead, irmão do Reverendo Mathers. Helen
acreditava firmemente que Gerard tinha matado o Reverendo Mathers, mas ainda assim, eles não
poderiam estar certos. Foi condenável para Lorde Beecham, mas não havia nada que pudesse fazer
sobre isso.
—Eu tenho um brinde!
Quinhentos pares de olhos olharam para o pai da noiva. Lorde Prith, gigante de grande humor,
orgulhoso de sua filha e que parecia genuinamente gostar de seu novo genro, estava no estrado em
frente à orquestra contratada para a recepção.
Ele ergueu uma taça de cristal elegante de champanhe. —Minha bela Helen se casou com um
bom homem que vai lhe dar de tudo. Ele vai continuar a dar o seu tudo, mesmo quando o futuro se
tornar eventualmente o presente.
—Eu desejo que todos nós bebamos à sua felicidade, ao respeito imenso e infinito de um para o
outro, a propósito, que surpreende até mesmo um pai afeiçoado. — Helen começou a rir —não havia
nada que pudesse fazer. Não havia ninguém como seu pai. Ela desejava estar perto o suficiente para o
beijar e abraçar por um momento, para lhe dizer novamente o quanto o adorava, mas estava de pé ao
lado de seu novo marido, e assim, apenas riu e acenou para o pai, que estava apreciando muito ser o
centro das atenções.
A multidão amou este brinde não convencional, dado pelo único e bastante excêntrico, Lorde
Prith, cujo servo tinha lágrimas em seus olhos quando passou as taças de champanhe para os
convidados. Ninguém sabia que Flock, o servo, chorava não com a alegria do dia, mas porque sua
Teeny havia se casado com um certo Walter Jones apenas dois dias antes, em Court Hammering.
O brinde e as lágrimas do servo para sua amada Srta. Helen e sua felicidade, foram falados por
uns bons três dias após o casamento.
Exatamente às três horas e cinquenta e sete minutos da manhã, muito depois de todos os
convidados terem partido, Lorde Beecham estava deitado sobre sua noiva, se perguntando
seriamente, se iria sobreviver a sua noite de núpcias, que estava apenas na metade. Seu coração
sitiado iria bombear fora de seu peito, mas antes disso, provavelmente iria sufocar, porque, muito
simplesmente, não podia respirar. Ele pressionou a testa na de sua noiva. —Está tudo acabado para
mim, Helen.
Era a quarta vez que ele a amava.
—Deve ser. —Ela conseguiu segurar seus lábios entorpecidos juntos, finalmente, e beijar seu
pescoço levemente.
—Eu fiz isso. Ele se ergueu e conseguiu se equilibrar sobre ela, tão exausto, tão repleto de prazer
e amor pela mulher quase inconsciente debaixo dele, com seus lindos cabelos loiros enrolados ao
redor de seu rosto, que ele poderia ter chorado com o poder de todos aqueles sentimentos
maravilhosos se instalando profundamente em seu coração.
—Helen, isso foi uma grande conquista. Nós fizemos isso.
—Hmmm?
—Quatro vezes, Helen, não apenas três. Consegui quebrar essa miserável mesmice, aquele ciclo
de tríades que parecia nos ter pela garganta.
—Nós poderíamos ter parado depois da segunda, Spenser. Isso teria quebrado o ciclo também.
Nós poderíamos ter parado após uma vez.
—Não, isso me faria menos homem. Um homem deve sempre se esforçar para alcançar ainda
maiores avanços. Como foi esta noite, Helen. Mas temo que não possa me esforçar mais.
Ele caiu ao lado dela e a puxou contra ele, conseguiu beijar seu cabelo e estava inconsciente em
sua próxima respiração. Quanto a Helen Heatherington, Lady Beecham, simplesmente estava ali,
pressionada contra seu marido, acariciando levemente o seu peito. Ela não tinha energia para fazer
mais.
Ela descansou a mão em sua barriga. —Há algo que devo lhe dizer, Spenser.
Ele bufou em seu sono, conseguiu puxar para cima a cabeça e a beijar no ouvido. Ele caiu de
costas novamente, mas não para dormir. Ela tinha sua atenção.
—Eu queria lhe dizer mais cedo, mas você estava tão preocupado em estender nossos horizontes
de fazer amor que não o quis distrair.
—Você não poderia ter me distraído. Nenhum homem poderia se distrair, se tivesse você, querida.
Sim, você teria estado completamente distraído. Você teria caído da cama e teria estado tão
distraído...
Na verdade, ele conseguiu ficar sobre o cotovelo, quando, gentilmente, a empurrou de costas. Ele
se inclinou e beijou sua boca, então disse, —Tudo bem, me diga. Me distraia se você puder.
—Não sou estéril. Evidentemente era incapaz de engravidar com Gerard. O médico me disse que
isso às vezes acontece. Nós vamos ter um filho, Spenser.
Ele olhou para ela, piscou algumas vezes, então se jogou de costas. No momento seguinte, ele
deslizou para fora da cama para o chão.

Uma semana depois.


Lorde Beecham acordou com a boca macia de Helen em sua bochecha. Nada de anormal nisso.
Ele adorou, e estava se acostumando a isso, estava tão acostumado que, se ela não o beijasse todas
as manhãs, ele sabia que iria querer desesperadamente, provavelmente iria lamentar e implorar.
Suspirou e se virou para ela. Nada aconteceu.
Ele não conseguia se mover. Agora, isso era estranho. Ela o beijou novamente, sua boca macia e
quente contra a barba em seu queixo. Ele ficou imediatamente interessado, mas isso não era
novidade. E assim, tentou trazer os braços em volta dela, mas seus braços não se moviam.
Seus olhos se abriram. Ele viu sua esposa sorrindo para ele, sua expressão tão doce, tão suave, e
aquela linda boca o tocou, mais uma vez.
Ele disse vagarosamente, tentando se convencer —não era uma coisa fácil quando a queria, algo
que acontecia com muito pouco atraso. —Há algo muito errado aqui, Helen.
—Sim, eu sei, milorde. —Ela beijou a orelha esquerda. —Você é agora meu prisioneiro.
Ela estava certa sobre isso. Ele estava deitado nu sobre as costas, os braços amarrados sobre a
cabeça, as pernas abertas e os tornozelos amarrados também.
Seus olhos se cruzaram. —Destino é uma coisa notável. Helen, minha querida, e se você nunca
tivesse me visto? E se, por algum capricho terrível do destino, eu nunca tivesse visto você? E se
você nunca tivesse decidido me perseguir?
Nenhuma outra mulher faria isso comigo. Ah, Helen, me beije de novo, ou me barbeie primeiro,
então me beije e não pare.
Mas ela não o beijou nem o raspou. Ela riu e ficou ao lado da cama, as mãos nos quadris. Ah não.
Isso é retribuição, meu senhor. Lembra quando me amarrou? Isso é vingança.
—Ah, se eu mexer meu pulso para dentro, meus laços escaparão?
—Não. Eu sei como amarrar um nó que não faria isso. Temo que você esteja completamente à
minha mercê, meu senhor. Não há escapatória para você a menos que eu permita isso.
Ele pensou que iria expirar de luxúria não correspondida naquele momento, levantou uma
sobrancelha para ela. —Você vai me bater com um ramo de malvas?
Ela lhe deu um sorriso brilhante. Foi então que ele percebeu que ela estava vestindo uma camisola
de seda fina, apenas uma única camada de seda macia que era mais fina do que uma camada de suor
na testa. Era creme pálido. Ele a observou descer uma das alças de seu ombro muito branco.
Ele engoliu em seco e entendeu, instantaneamente, completamente. —Que nível é esse?
—Ainda não o designei. Devo conduzir o experimento primeiro, depois avaliar meus resultados.
—A outra alça caiu e o vestido deslizou lentamente sobre seus seios para cair até sua cintura.
—Talvez não venha a ser uma disciplina eficaz. Você pode simplesmente fechar os olhos e
adormecer novamente. Talvez até mesmo ressonar.
—Eu estou morrendo aqui, Helen.
—Isso é bom. Apenas seja paciente. Apenas me deixe te provocar um pouco mais. —Ela olhou
para seu corpo, se abaixou ao lado dele, e começou a beijar.
Ele se arqueou, respirando o ar profundamente, o coração tão acelerado que sabia que iria
envergonhar a si próprio se ela continuasse. —Helen, você deve parar. É verdade que eu não sou um
homem muito jovem, que era de esperar que eu tivesse mais controle no meu trigésimo terceiro ano
de vida masculina, mas não é verdade. Você deve parar ou eu vou a vou deixar, o que não é uma
boa coisa a fazer para uma bela mulher que também é a sua esposa.
—Pare, Helen. Ah, sua boca é tão quente ... Ele gemeu e puxou as tiras em torno de seus pulsos.
Elas cederam um pouco.
Ela parou então, e ele queria chorar. Seu cérebro estava embaçado, os olhos estavam desfocados
com a luxúria e necessidade monstruosa. Ele a viu ficar ao lado da cama de novo, viu o cremoso
deslizamento da camisola de seda sobre os quadris e caindo aos seus pés. Ela era toda dele, esta
mulher bonita, devotada. Ele queria respirar o seu último suspiro com ela ao seu lado.
—Eu estou tão cheio de sentimentos por você, Helen, que todos estão misturados no meu pobre
cérebro. Só sei que eu a tenho esperado por toda a minha vida. E, finalmente, você me atacou no
parque e me salvou. Eu te amo, Helen. Você nunca vai esquecer disso, não é?
—Oh, Não, —disse ela. —Eu nunca esquecerei. Você não vai duvidar, nunca, que eu adoro você
até os confins das minhas extremidades? Que eu faria qualquer coisa para te fazer feliz? —Ela
inclinou e desfez os nós em cada pulso.
No instante em que seus pulsos e tornozelos estavam livres, ela estava em cima dele e ele dentro
dela, se perguntando como perdeu o pouco controle que tinha, e quantas décadas um homem
poderia sobreviver a tal prazer, sem se desintegrar como pó.
—É, pelo menos, um nível nove, —disse ela em sua boca. —Finalmente.
E ele se perguntou o que o Nível Dez poderia ser.
Capitulo 31

Oito meses mais tarde


Shugborough Hall
Jordan Everett Heatherington deslizou para as mãos de seu pai no meio de uma noite de quarta-
feira, uivando alto o suficiente para fazer o médico na residência dar risada e esfregar as mãos.
—Bem feito, minha senhora, muito bem feito, de fato. E você, meu senhor, meus parabéns pelo
nascimento de seu filho, embora, absolutamente desaprove você estar aqui, no mesmo quarto onde
sua esposa trabalhou muito para fazer o seu dever por sua linhagem. Mas você insistiu, e, portanto, eu
não tive nenhuma escolha no caso.
—No entanto, me empurrar para o lado e receber seu filho em suas próprias mãos é altamente
irregular. Eu desaprovo. Você o poderia ter deixado cair. E se tivesse sido assim? Seu filho deveria
ter sido recebido por minhas mãos. Não, nada disso é certo. Eu aprecio que me permitiu remover a
placenta, não é uma coisa agradável para fazer, mas como médico, eu não tinha escolha.
Lorde Beecham olhou para seu filho, olhou para o médico, e gritou: —Flock, entre. Ah, sim, você
está aí, à espreita na porta. Leve o Dr. Cool para o andar de baixo e lhe dê um copo da mais nova
criação de Lorde Prith —O que é isso?
—É uma mistura de maçãs trituradas e champanhe. Eu acredito que ele chama de appagne. Ele
queria criar algo especial para o evento abençoado, e tem trabalhado muito duro para isso. Espero
que ele ainda esteja consciente.
—Hmm? O que é que você disse, meu senhor? Appagne?
—Você vai descobrir em breve, sir. —Helen observava seu marido cuidadosamente entregar o
filho para a parteira que estava esperando, cantando para ele mesmo antes de o abraçar.
—Meu amor, —Lorde Beecham disse, quando se sentou ao lado dela. —Você é brilhante, talvez
mais hoje do que era ontem.
Helen certamente não concordava com isso. Depois que ela tinha sido banhada por Teeny e
vestida com uma camisola fresca, ela caiu em um sono profundo, sem sonhos, pelo resto da noite.
Perto do amanhecer, houve uma enorme tempestade. Árvores foram arrancadas, avalanches de
rochas rasgaram falésias. Helen dormiu durante tudo isso.
Duas semanas mais tarde, quando Lorde Beecham e Helen visitaram a caverna, eles descobriram
que uma parede inteira tinha caído para dentro. Nessa pequena abertura viram uma luz estranha.
Ele pulsava, Helen pensou, pulsava com uma espécie suave de brilho amarelado. A luz parecia
não ter fim, se estendendo em toda a parede de terra em volta, tanto quanto o olho podia ver.
—O que é isso?
—Eu não sei. —Lorde Beecham estendeu a mão para essa luz. Seus dedos se fecharam em torno
de algo sólido, algo muito quente, algo que ele sentiu como se estivesse, de alguma forma, se
movendo, o que não estava. Essa coisa pulsou em sua mão.
—Helen, —Ele disse, muito calmamente, —eu encontrei algo que não deveria estar aqui, algo que
não é como qualquer coisa que já conhecemos. —Lentamente, muito lentamente, ele agarrou o objeto
entre as mãos e o puxou.
Era uma lâmpada velha e imunda.
Nenhum dos dois disse uma palavra. Eles só podiam olhar para a coisa. Helen rasgou uma longa
faixa de sua anágua, e Lorde Beecham levemente começou a esfregar a lâmpada para limpar. Alguns
minutos depois, viram o ouro velho amassado de sua superfície. A lâmpada era pequena, não mais do
que duas das mãos de Lorde Beecham, da ponta do dedo a outra, talvez tão alta quanto uma de suas
mãos, com os dedos estendidos, e era imensamente pesada. Lorde Beecham entregou à sua esposa.
Helen a segurou em suas mãos. Não parecia tão pesada agora. —A lâmpada, —ela disse, com
lágrimas nos olhos. —Eu não posso acreditar que estava aqui o tempo todo. Mas por que não estava
no barril?
—Talvez como uma proteção extra no caso de alguém, como você, encontrar o barril. Deve ser a
lâmpada que o Rei Edward I recebeu do Cavaleiro Templário.
—Ou talvez tenha estado originalmente no barril de ferro e se rolado mais para dentro da parede
da caverna. Sim, é a lâmpada, e é por isso que é tão quente. Há algo vivo nisso, algo que faz pouco
sentido para mim, mas deve, para alguém.
—Ela estava escondida no escuro, —disse ele. —bem no fundo da parede da caverna. Talvez
estivesse escondida lá para mais proteção ou, mais provavelmente, acredito agora, para a manter
enterrada. —Isso o fez querer sair, esquecer toda a coisa com essa maldita lâmpada, que não era
deste mundo, que não deveria estar aqui. Segurou nas mãos de Helen, vendo todos os tipos de coisas,
e soube, simplesmente sabia, que tinha mais poder do que era sábio.
—Não é real, Helen.
Ela estava acariciando a lâmpada. Ela sentou no chão da caverna e a segurou perto do ramo de
velas que haviam trazido. Tentou, então, levantar a tampa de ouro que tinha a forma de uma cebola
pequena. Ela não se mexeu. Parecia ser uma peça só, mesmo que não houvesse uma costura. O que
quer dizer, não é real?
—Eu não sei, só disse isso. O que você quer fazer com ela?
Ela disse sem hesitação, —Você se lembra de como o Rei Edward colocou a lâmpada nos braços
da Rainha quando estava tão doente? E ela sobreviveu? Quero ver se vai ajudar a Sra. Freelady. Eu
a visitei ontem, e ela está muito perto de morrer.
Lorde Beecham não achava que era uma boa ideia, mas era a lâmpada de Helen e sua decisão.
Sra. Freelady passou a noite com a lâmpada junto ao peito, Lorde e Lady Beecham na sala ao lado.
Quando olharam cedo na manhã seguinte, ela estava morta.
Helen não disse nada, só levou a lâmpada de volta para Shugborough Hall. A notícia se espalhou,
como sempre acontecia, de que a lâmpada tinha sido encontrada.
Tarde da noite, três dias depois, três homens a tentaram roubar. Lorde Beecham acordou para
ouvir Flock gritando no topo de seus pulmões. Ele atirou no braço de um dos homens, mas um dos
seus companheiros o conseguiu levar.
Ele acendeu velas e olhou para a lâmpada maldita, que estava sobre a lareira na sala de estar,
apenas ficou lá, toda velha e amassada e inofensiva. Ele revirou os olhos e voltou para a cama.
A lâmpada não tinha feito nada, salvo ficar lá, desde que tinha encontrada. Não pulsava ou emitia
qualquer luz. Não desapareceu e reapareceu novamente, ela não fez nada remotamente notável. Lorde
Beecham estava começando a acreditar que ela tinha perdido qualquer tipo de atributos mágicos.
Era apenas uma lâmpada velha. Se ela alguma vez tinha sido mágica, a magia se foi há muito
tempo.
Apenas dois dias depois, uma mulher idosa tentou roubar a lâmpada. Lorde Prith a colocou
debaixo do braço e a levou embora. Ela não parava de gritar que a lâmpada era má e que a tinha que
destruir.
Tantos anos, Helen pensou, enquanto acariciava a lâmpada. Tantos anos a tinha procurado, e agora
que era dela, parecia ser exatamente o que era —uma lâmpada velha, amassada sem nada de mágico
nisso. Ela não desapareceu ou mudou de forma, sequer uma vez. Ela apenas ficou lá em cima da
lareira, decrépita. Mas, e todos os escritos alertando para isso e aquilo? Por que, realmente, tinha o
Rei Edward a tinha enterrado? Nada sobre a lâmpada maldita fazia sentido.
Não havia respostas. O Rei Edward não tinha encontrado as respostas também. A lâmpada
simplesmente ficou lá, na prateleira, sobrevivendo a mais duas tentativas de roubo.
Capitulo 32

Dois meses depois


Foi no início da primavera, as flores silvestres estavam começando a florescer, o ar estava suave
e perfumado com sal e pinheiros. Lorde Beecham estava logo atrás de sua nova esposa no
promontório, com as mãos espalmadas sobre a barriga agora plana, com a vista sobre o mar,
observando a tempestade se aproximar. As ondas estavam chicoteando acima, enormes espumas de
água que golpeavam as rochas negras à esquerda, o envio de arcos de trovão de água no ar. Aves
gritavam e giravam no ar acima deles.
Ele beijou sua orelha. —Já lhe disse que comprei o seu presente de Natal?
—O Natal é daqui a nove meses ainda.
—Eu sonho me sentar na frente da nossa árvore de Natal com você ao meu lado, abrindo seu
presente. Talvez haja um pouco de champanhe lá dentro. Talvez, o seu pai invente uma bebida
especial de Natal, que seja champanhe misturado com bagas esmagadas de azevinho. Uma
encantadora cor vermelha.
Ela ainda estava rindo quando ele disse contra seu ouvido, —Eu lhe disse recentemente que te
amo?
Ela se virou lentamente em seus braços e o beijou. Sua respiração estava quente e doce. —Não
desde esta manhã, pouco antes de adormecer novamente, e realmente não estou certa de que você
sabia o que estava dizendo. Eu o tinha arrasado, meu Lorde.
—Eu tenho estado muito tenso desde que a conheci, Helen, decidi que um homem que consegue
encontrar uma mulher que se encaixa perfeitamente com ele e sabe disciplina —todos os níveis de
disciplina —não é apenas o bastardo mais sortudo da Terra , ele também é aquele com o maior
sorriso em seu rosto, em todos os tempos.
—Tudo isso, —ela disse, e o beijou de novo e de novo, suas mãos vagando sobre as costas dele,
agora.
Ele beijou o cabelo dela, a puxou, fechou os olhos e esfregou seu rosto em seu cabelo. —Jordan
está dormindo durante a noite, uma bênção, eu digo. Seus olhos estão brilhando de novo. —Então ele
lhe deu um sorriso deslumbrante. —Você sabe, querida, Jordan é perfeito, até seus gritos soam
inspirados, pelo menos de acordo com o vigário, que fez uma pausa no meio de seu sermão no
domingo para ouvir. Eu estava pensando, que talvez ele esteja precisando de um irmão ou irmã. Não,
não imediatamente. Mesmo se você me pedir por outro bebê imediatamente, eu não o vou deixar ter o
seu caminho. Vamos esperar pelo menos dois anos, tudo bem? Agora, quantas crianças você gostaria
de ter?
Ela o beijou de volta, amando a sensação dele, o gosto dele. Ela o amava mais hoje, esta manhã,
do que tinha no dia anterior. Foi incrível. —Mais bebes, Spenser? Eu não sei. Meu pai quer uma
meia dúzia, ele me disse. O que você acha? Podemos tentar muitos?
Na verdade, ele estremeceu, e ela sabia que estava lembrando da longa noite do parto de Jordan.
Ele finalmente disse, —Eu não sei se posso sobreviver muito mais nascimentos, Helen. Eu passei
um tempo horrível. Assim, as longas horas eu sofri com isso. Talvez minhas memórias iram
desaparecer
um pouco e não vou temer o parto tanto. Sim, vamos decidir um bebê de cada vez. Eu quero uma
garota da próxima vez, assim como você. Bem, talvez ela vá ter o meu cérebro, e que será perfeito,
não acha? Ah, eu só senti um pingo de chuva na minha bochecha, querida.
—A chuva está maravilhosamente quente. Mas você está certo. A tempestade está quase sobre nós.
Em poucos minutos, ela não vai ser tão deliciosa.
Ele pensou por um momento, depois sorriu. Vamos entrar em sua caverna e esperar. Apenas talvez
eu possa convencê-la a trazer um sorriso no meu rosto ainda maior. Deixe que eu amarre os cavalos
debaixo dessas árvores para esperar a tempestade.
Era a caverna onde eles haviam encontrado tanto o barril de ferro quanto a própria lâmpada. Eles
não tinham ido mais lá desde que Lorde Beecham a tinha tirado da parede da caverna.
Eles ficaram na entrada da caverna, observando a tempestade finalmente atingir a terra. Grossas
camadas de chuva vieram abaixo, formando um véu cinza entre eles e o mundo exterior. Eles podiam
ouvir a água turva quebrando contra as rochas. Não havia mais pássaros gritando e girando sobre o
mar. Tudo estava quieto, exceto pelo bater das ondas, de modo rítmico, constante e previsível.
—Está com frio?
Helen estendeu os braços sobre o peito. —Não, não realmente.
—Obrigado por Jordan. Ele se parece exatamente comigo.
—Não há muita justiça nisso, —ela disse, —mas, desde que acho que você é o homem mais
bonito de toda a East Anglia, está tudo certo.
Ela se virou em seus braços e sorriu para seus belos olhos. —Eu não fiquei doente por um único
dia com a Jordan. A Sra. Toop me disse que era porque, de alguma forma, consegui o deixar doente
por mim, só você era orgulhoso demais para admitir isso. Ela disse que era uma disciplina
encantadora que, até onde ela sabe, ninguém mais descobriu ainda.
—É exatamente. Eu vomitei as minhas vísceras enquanto você, felizmente, só engordou e correu,
minha vida. Agora, eu ouvi ontem que você teve que aplicar uma punição do nível seis com Geordie.
—Sim, o idiota ficou bêbado e agarrou uma das empregadas do hóspede. Ele a tentou espancar.
—Ela queria ser maltratada ou não?
—Eu perguntei isso mais em particular. Ela me disse que ainda está considerando seus
sentimentos no assunto.
Ah, se ela o considera um torrão, você vai permitir que ela inflija algum de seus castigos?
—Oh, de fato. Seus olhos brilharam enquanto ela ainda pensava sobre isso. Temo que ela o
considere um torrão simplesmente porque ela quer conduzir a disciplina. Ela o quer castigado, e,
imagino, ela também quer examinar o que ele estava fazendo com ela mais de perto.
—Um grupo de malvas? Você irá tirar o pobre Geordie de sua pele?
—Ah sim. Toda a vila vai vir e participar. Eu acredito que o escudeiro e sua esposa desejam
fazer uma festa. O vigário ama empadas de lagosta, e ele anunciou que irá lhes proporcionar, a
todos que vierem. Naturalmente, apenas as mulheres terão permissão para chicotear Geordie. Elas
fazem isso com muito mais requinte do que os homens, provocam e acariciam tão delicadamente, e
o pobre Geordie vai gemer e gemer, muito mais do que da última vez.
Lorde Beecham revirou os olhos. Empadas de lagosta em uma festa de disciplina presidida pelo
vigário, cuja esposa, provavelmente, estará empunhando um feixe de malva rosa. Ele nunca tinha
percebido o quão excitante estar no país poderia ser.
Lorde Beecham tirou o paletó e se sentou no chão da caverna, beijando, falando, se preocupando
um pouco sobre os cavalos, quando Helen disse, —Algo está diferente, Spenser.
—Diferente? O que?
—Eu notei que o chão da caverna está polido. Por que haveria de ser?
—Por que você não fica aqui e pensa em novas disciplinas para mim? Vou apenas caminhar pela
caverna e ver se, talvez, alguém está dormindo aqui.
Ele a ouviu murmurar enquanto andava para o fundo da caverna. Então parou, e gelou, não podia
ver nada à frente dele. Ele não tinha vela. Começou a rir enquanto caminhava de volta para sua
esposa.
E parou abruptamente, olhando para o Reverendo Tito Older, que estava em pé, na frente de
Helen.
A água estava pingando dele, que parecia triunfante, alegre. —O que está acontecendo aqui?
Reverendo Older, —Lorde Beecham falou, enquanto cuidadosamente, deu um passo em direção a
ele.
—Está chovendo. Não é estranho que você esteja passeando neste tempo inclemente? Você queria
nos ver? Esta é uma visita estranha, com certeza. Talvez queira nos dizer por que está aqui, nesta
caverna?
Reverendo Older tirou uma arma do bolso do casaco amplo e apontou diretamente para Helen.
—Lorde Beecham, um prazer, meu rapaz. Venha se juntar a sua linda amazona. Sim, isso mesmo,
simplesmente se sente ai mesmo, ao lado dela. Eu não tinha certeza se deveria entrar. Eu temia que
vocês estivessem numa situação íntima, sabe o que quero dizer. Não que haja algo de errado com
isso, não me interpretem mal.
Helen olhou para a arma que ele segurava, então focou em seu rosto e disse: —O que você está
fazendo aqui, Reverendo Older? Você não tem, por acaso, dormido nesta caverna, não é?
—Bem, sim, minha cara, nos últimos três dias. Você vê, a minha futura esposa, Lilac, me
expulsou de seu quarto. Ela não me quer mais. Ela disse a todas as amigas que não queria se casar
comigo, e assim, fui forçado a vir até Shugborough, onde ouvi que você ainda estava em casa.
Ele fez uma pausa, olhou para as paredes sombrias da caverna, e suspirou. —Este não é um lugar
confortável. Mesmo com seis cobertores não conseguia ficar completamente quente durante a noite,
sabe? Há apenas algo no interior das cavernas, mesmo pequenas como esta, que congela os ossos.
Mas eu vim aqui porque ouvi que foi onde você encontrou a lâmpada mágica. Eu esperava que talvez
fosse encontrar outra lâmpada, talvez uma lâmpada irmã. O que você acha?
Lorde Beecham e sua esposa apenas olharam para o Reverendo Older.
—Não, de novo, —disse Helen.
—Eu não encontrei nada, é claro. Agora, por que você está aqui, meu menino, e não em Londres?
—Nós gostamos muito daqui. Eu não vejo nenhuma razão para Helen e eu irmos para a minha casa
de campo em Devon ainda. Lorde Prith gosta de nos ter aqui com ele. Por que Lady Chomley não
deseja casar com você, senhor?
Reverendo Older suspirou profundamente e esfregou os dedos na testa. —A doce senhora
descobriu que eu tinha, hmm, temporariamente, removido um dos seus broches de sua caixa de joias
transbordante. Eu tinha perdido uma aposta, você vê, e como um cavalheiro, tinha que pagar. Na
verdade, ela tinha adiado nosso casamento várias vezes, ao longo dos últimos meses. Talvez ela
desconfiasse de mim. —Ele suspirou.
—Muito razoável dela se livrar de você, —disse Helen, e Lorde Beecham viu o brilho calculista
nos olhos. Ele conhecia muito bem aquele brilho. Ela iria enfrentar o bom Reverendo nos próximos
dois minutos. Ele estava apavorado e satisfeito. Mas ele não a podia deixar fazer isso. Não, ele não
poderia correr o risco dela, possivelmente, ser ferida. Ele coçou a barriga. Ela era sua esposa e mãe
de Jordan.
—O que você quer de nós, senhor?
—Quero a lâmpada, meu senhor. Nada mais, apenas a lâmpada que você e sua esposa encontraram
aqui. Oh, sim, esta caverna maldita está se tornando bastante famosa. Eu sei que outros tentaram
roubar a lâmpada de Shugborough Hall. Eu sou mais esperto do que isso. Eu esperei até ter vocês
dois sozinhos. Agora, vou segurar um de vocês aqui, enquanto o outro retorna ao corredor e traz a
lâmpada de volta para mim.
Lorde Beecham disse: Sim, nós temos a lâmpada. No entanto, é simplesmente uma lâmpada muito
antiga. Ela não faz nada. Ela só fica onde a colocamos. Não há magia nela.
—Sou um homem de Deus. A lâmpada foi feita para um homem como eu, não para filisteus
comuns como vocês. Eu tenho a profundidade espiritual e os insights incríveis de um verdadeiro
clérigo. A lâmpada vai me guiar para uma maior grandeza. A lâmpada funcionará para mim.
Lorde Beecham disse lentamente, —Eu não sei o que quer dizer com ‘a maior grandeza'?
—Muito bem, eu estava falando prematuramente. A lâmpada me guiará para a grandeza inicial. A
grandeza me escapou até agora. Mas, com a lâmpada eu vou encontrar o meu caminho. Eu
realizarei feitos que nem sonhei.
Helen bocejou, depois inclinou a cabeça para um lado. —Não posso imaginar nenhuma grandeza
brotando de você, senhor. Você é um vilão, nada mais, e um ladrão, basta perguntar a Lady Chomley.
Nós quase pegamos você nesse buraco, escondido.
—Eu estava assistindo vocês no promontório. Quando vieram aqui para escapar da tempestade, eu
os segui. Como eu disse, tenho um grande insight. Eu sabia que a tempestade era para mim, que os
iria forçar a vir para cá, e que iriam, em seguida, me dar a lâmpada, seu legítimo possuidor.
Helen bocejou, novamente. —É um tempo desagradável, não é, Reverendo? E você é um homem
idoso. É provável que vá pegar uma inflamação do pulmão. Vamos agora. Você vai voltar para
Londres. Você não pode ter a lâmpada. Vá embora.
O Reverendo Older franziu a testa. —Eu não gosto disso, —ele disse lentamente, olhando de
Helen para Lorde Beecham. —Eu não esperava que você fosse tão rude comigo. Agora, meu senhor,
vai voltar para Shugborough Hall e buscar a lâmpada. Vou manter Lady Beecham aqui comigo. Eu
não a vou machucar se você for rápido para me trazer a lâmpada.
Ambos apenas olharam para ele.
—Devo ter a lâmpada, senão estarei em apuros.
—Que se dane os apuros, senhor —disse Beecham. —Isso é uma pena, mas você não pode ter a
lâmpada. Vá embora.
—Você me força ser violento, algo que eu abomino. —Ele levantou a arma e apontou
diretamente para Helen.
—Eu digo, o que diabos está acontecendo aqui? Quem é esse velho que tem a ousadia de apontar
uma arma para a minha filha querida?
Lorde Beecham se animou com a chegada inesperada do sogro e sorriu. Ele pegou a mão de Helen
num aperto firme e se manteve imóvel. —Bom dia senhor. Este sujeito é o Reverendo Older. Ele veio
de Londres para tentar roubar a nossa lâmpada.
—Você quer dizer, a lâmpada que uma boa dúzia de pessoas tentou furtar ao longo dos últimos
meses? Essa lâmpada amolgada, antiga, que provavelmente não vale a pena o roubo?
—Sim, —pai, esta lâmpada. Nós dissemos a ele que não a pode ter, que a lâmpada não tem
mágica, que não tem nada de diferente, mesmo. Temos sido sinceros com ele.
—Você é Lorde Prith? O Reverendo Older perguntou, se virando, lentamente. —Como você
veio até aqui? Você está molhado até a sua medula, senhor. Eu quero a lâmpada. Ela vai fazer
milagres para mim. Agora entre aqui, e fique ao lado de sua filha e Lorde Beecham.
—Ah, eu não penso assim, —disse Lorde Prith, e chamou por cima do ombro, —Flock, você
estava certo. Nos deparamos com mais um vilão, que é até bom. Ele tem uma arma e a está apontando
para a minha querida e bela filha. O que você quer fazer?
—Mate o malandro, —disse Flock, olhando do lado do ombro do Lorde Prith.
—Basta. —Lorde Beecham caminhou até o Reverendo Older.
—Volte para trás, meu Lorde.
—Escute aqui, senhor. Você não pode matar quatro pessoas. Não seria bom, especialmente para
um homem de colarinho. Você alegou ser um homem da igreja, um homem com profundo insight.
Bem, prove a sua grandeza. Dissemos a verdade. Não há mágica amaldiçoada na lâmpada. Agora,
você precisa ir embora.
O Reverendo Older os olhou como se fosse explodir em lágrimas. —Não é justo. É muito difícil
ser um bom homem, um homem de Deus, um homem respeitado através dos tempos. Ah, era
apenas um broche bobo e a velha vaca choveu abuso na minha pobre cabeça. E então, houve o
Reverendo Mathers. Ele se recusou a ter qualquer coisa a ver com o meu esquema, muito bem
concebido. Eu não tive escolha. Oh, estou perdido.
Lorde Beecham sentiu seu sangue gelar. Muitos meses tinham se passado, e ninguém tinha
descoberto nada sobre quem tinha assassinado o Reverendo Mathers. Lorde Hobbs tinha desistido. O
Reverendo Older tinha feito isso?
Helen apenas olhou para ele espantada, não querendo acreditar no que havia ouvido. —Você foi
quem enfiou o estilete nas costas do Reverendo Mathers? Você é a pessoa que o assassinou?
Mas, o Reverendo Older não respondeu de imediato. Ele estava olhando para seus sapatos
molhados e balançando a cabeça. Então ele disse, um pouco mais de um sussurro, —Eu gostava do
Reverendo Mathers. Ele e eu fomos amigos uma vez, muito tempo atrás. Mas ele não quis me dizer
nada. O que eu deveria fazer?
Capitulo 33

Houve um silêncio mortal. Lorde Prith, simplesmente, apertou as mãos em torno do pescoço do
Reverendo Older e o levantou do chão. —Você, homenzinho patético, e você sabe que é, basta
olhar o que fez. Você é um cretino choramingas. Flock, o que devo fazer com esse imbecil assassino?
—Eu Já disse, meu senhor. Mate o safado.
—Não, pai, me deixe tomar sua arma. Afrouxa seu aperto um pouco, o rosto dele está ficando
muito azul, embora, como castigo, produziu um excelente resultado. —Helen removeu a arma da mão
mole do Reverendo Older.
—Flock, —Lorde Prith disse, amarre o sujeito.
—Com o que, meu senhor?
—Use sua imaginação esquelética, Flock.
Foi Lorde Beecham, que tirou a gravata e amarrou as mãos do Reverendo Older nas costas. Ele
olhou para o homem e disse: —O que vamos fazer com o senhor?
—Eu acho que devo encontrar o carrasco, meu Lorde.
—Você assassinou um homem excelente, —disse Helen. —Você meteu um estilete nas costas dele.
Você é uma pessoa vil.
—Sim senhora, você está certa. Aceito o seu julgamento. Sou uma ameaça imunda.
—Eu digo para matar o salafrário.
—Bem, eu sou o magistrado local, —Lorde Prith disse, quando colocou o Reverendo Older no
chão da caverna. —Fique aí, ou eu o vou chutar do penhasco.
—Eu não vou me mover. Na verdade, eu não acredito que possa me mover.
Lorde Prith anunciou, —Eu o vou ter trancado em meus porões. Nós não temos nenhuma prisão
local, de qualquer tipo. Então, vamos decidir o que é melhor, para fazer com ele.
E foi assim que Flock deu ao Reverendo Older três cobertores, alimentos, água, um grande ramo
de velas, e um urinol, e o trancou na adega, com a advertência de que, se ele bebesse mais do que
uma garrafa de vinho de Lorde Prith, iria mesmo o iria enforcar, sem julgamento.
—Devo deportar o homem a Botany Bay, —Lorde Prith disse mais tarde, quando entregou sua
mais recente invenção de champanhe para sua filha e Flock. —Eu duvido que vá sobreviver lá por
muito tempo, se é que sobreviva à viagem. Venha, você não vai fazer uma pequena tentativa, meu
rapaz?
Lorde Beecham olhou para a cor estranha no belo copo de cristal de champanhe e realmente
estremeceu. —Não, Senhor, mas vou ver minha esposa fazer um excelente teste.
Helen lhe deu um olhar que dizia claramente que o queria jogar para fora da porta. Mas ela pegou
o copo.
Lorde Beecham observou-a tomar um gole, a viu lamber os lábios, em seguida, tomar a bebida
mais vezes. Então, ela sorriu, e estendeu a taça para mais. Ele realmente ouviu Flock gemer de
prazer. Meu Deus, que tinha Lorde Prith colocado no champanhe?
—Oh, meu pai, —Helen disse, depois de ter bebido toda a sua taça. —Isso é maravilhoso. É a
melhor mistura que você já fez. O que você misturar com o champanhe?
—Algo que eu simplesmente não tinha considerado antes, minha querida. Mesmo para mim soou
muito terrível. Mas não é ruim, não é?
—É ambrosia, —Flock disse e bebeu outro copo.
—O que misturou com o champanhe, senhor?
—Bem, meu rapaz, é apenas suco de laranja, nada mais, nada menos. Estou satisfeito que,
finalmente, tenha conseguido alcançar a grandeza da uva. Sim, suco de laranja e champanhe. Agora,
como você acha que devemos chamar esta nova bebida maravilhosa?
Lorde Beecham disse, —Oranpagne?
Helen disse, —Chamorange?
—Não, —Lorde Prith disse, franzindo a testa enquanto sacudia a cabeça. —Nós precisamos de
um nome que irá provocar os sentidos, um som suave e convidativo, algo não vinculado diretamente
aos ingredientes. Sim, um nome que é totalmente diferente.
Flock estava olhando do lado de fora. —As árvores estão tão bonitas. Em breve elas vão estar
cheias e verde novamente, não uma coisa como o champanhe, meu senhor, mas ainda, beber isso
me faz sentir ao mesmo tempo suave, satisfeito, e um pouco caído, o mesmo resultado de quando eu
olho para aquelas árvores, mas por um par de meses. Por que não nomear a bebida com o nome de
uma árvore?
—Você deseja chamar esta bebida de carvalho? —Lorde Beecham disse, levantando uma
sobrancelha.
—Ou pinheiro? —Disse Helen.
—Não, —Flock disse, sua voz sonhadora, agora. —Nós devemos ser mais poéticos. O que é uma
árvore poética?
—Eu sei, —disse Lorde Prith. —Por que não chamamos de salgueiro?
Lorde Beecham pensou nisso por pelo menos três minutos antes de balançar a cabeça lentamente.
—Está perto, mas ainda não. Outra árvore, Flock.
Flock olhou para as árvores distantes e meditou. —Eu tenho o nome perfeito para esta incrível
bebida, meu senhor. Que tal a chamar de mimosa?
—Não, —Lorde Prith disse sem hesitar. —Isso não é um nome para ficar.
—Nós o vamos usar apenas até um nome melhor aparecer, —Helen disse e estendeu a taça. Outra
mimosa, por favor, Flock. Houve outra tentativa de roubar a lâmpada naquela noite. Foram três
meninos locais.

No dia seguinte, Helen disse, —Eu simplesmente não posso viver sabendo que há um ladrão em
cada esquina. Desta vez, foram apenas garotos. E se um deles tivesse sido ferido? Devemos fazer
alguma coisa.
Lorde Beecham disse: —Eu pensei de a pendurar na frente da sua pousada.
Helen se iluminou. Isto é uma ideia. Minha pousada é Lâmpada do Rei Edward. Seria justo ter
uma lâmpada pendurada sobre a porta da frente. Ah, mas todos sabem que temos a lâmpada. É tarde
demais para fazer isso, mas é uma ideia maravilhosa.
—Então, simplesmente não há outra escolha, Helen. —Eles olharam para a lâmpada, mas a coisa
ficou ali parada, sem fazer nada. Não há pulsos de calor, nenhuma luz amarelada suave. E se tivesse
sido um sonho?
Como poderia esta lâmpada antiga amolgada ter sido a base para o conto de Aladdin?
E assim, eles cuidadosamente embrulharam a lâmpada com panos leves, quentes e a colocaram no
barril de ferro. Spenser não podia suportar esconder o livro novamente. Era uma descoberta
histórica. Era para ser estudada por estudiosos no futuro.
Eles enterraram o barril de ferro em um prado, a cerca de três quilômetros a leste de Shugborough
Hall. Enterraram muito profundamente. Eles não marcaram o local onde a haviam enterrado.
Ninguém jamais a iria encontrar Nos próximos anos, eles se lembravam da lâmpada apenas
quando recebiam cartas de estudiosos pedindo para examinar o rolo de pergaminho. Ou, quando
Helen tinha a chance de visitar o cemitério e parava no túmulo da Sra. Freelady.
A população local contava os contos sobre a lâmpada, para passar as longas noites de inverno.
Mas, mesmo eles, depois de um tempo, se esqueceram de que ela tinha estado em cima da lareira de
Shugborough Hall. Passou a ser mais uma tradição local.
Lorde Prith deixou de fazer experimentos com o seu bom champanhe, dizendo que a mimosa era a
perfeição em si e não a podia superar, embora não gostasse do nome.
E, ao longo dos anos, sem ser surpresa para ninguém, uma das histórias preferidas das crianças
Beecham era —Aladim e a Lâmpada Mágica.

Fim
[1] Blunder: se traduz como “Mancada.”

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