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OS SINAIS DA DOENÇA E AS
CHANCES DE CURA.
Ficha Técnica
www.graacc.org.br
O câncer é a doença que mais mata crianças e adolescen- E, como, felizmente, a medicina teve diversas conquis- cura e as perspectivas de qualidade de vida do paciente.
tes no Brasil. São cerca de 2.560 vidas perdidas por ano tas nas últimas décadas, na esteira de investimentos em
de acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade pesquisa, ensino e qualificação profissional, as chances O refinamento do diagnóstico por meio de equipamentos
(SIM), do Ministério da Saúde. Por ter baixa incidência, de cura subiram de 41% no início da década de 1990 em de última geração e de sequenciamento genético permi-
representando apenas 3% dos cânceres em geral, e sin- São Paulo, para os atuais 70%, taxa média alcançada tem o direcionamento a tratamentos cada vez mais per-
tomas muito semelhantes aos de infecções virais ou bac- pelo Hospital do GRAACC. Entretanto, se forem diagnos- sonalizados, que podem contar com terapias-alvo e atin-
terianas comuns da infância, o diagnóstico precoce ain- ticados com doença metastática, a possibilidade de so- gir diretamente as células cancerígenas causando cada
da é desafiador e exige a atenção de pais, responsáveis brevida em 5 anos é muito inferior. Quando a enfermida- vez menos danos ao paciente.
e pediatras para perceberem seus primeiros sinais. de é descoberta logo no início, alguns tipos de tumores,
como, por exemplo, o tumor de Wilms (neoplasia renal) Este material vem lembrar que a aplicação dos melho-
Os tumores que acometem as crianças e os adolescentes e retinoblastoma, (câncer ocular mais comum entre as res recursos para conduzir o tratamento oncológico pe-
geralmente são causados por alterações em células ima- crianças de até três anos), o índice de cura pode atingir diátrico para obter cura com qualidade de vida para as
turas e primitivas que ocorrem em fase de crescimento, mais de 90%. crianças com câncer só são possíveis quando os respon-
fruto de erros celulares no momento em que as células sáveis procuram por orientação médica ao notarem os
estão em divisão acelerada. Isso explica a rápida evolu- Devido à ausência de comprovação científica que asso- primeiros indícios da doença e quando a prática clínica,
ção da doença. cie fatores externos como causa do câncer pediátrico a a vivência e a observação dos profissionais de saúde au-
prevenção primária é inviável para este grupo etário. xiliam a percepção da doença desde o primeiro contato
O lado positivo é que, justamente por essas característi- Sendo assim, a ênfase na abordagem da doença deve com o paciente.
cas, costumam ser mais sensíveis à apoptose terapêuti- ser o diagnóstico precoce. Além disso, o encaminhamen-
ca, que é a morte celular programada, induzida pelo tra- to para serviços de excelência, preferencialmente espe- A luta pela vida obtém mais pontos com o conhecimento.
tamento quimioterápico. A resposta aos medicamentos é cializados em oncologia pediátrica, como o Hospital do
mais rápida nas crianças, assim como a recuperação. GRAACC, comprovadamente aumentam as chances de Boa leitura!
Leucemia
É o câncer mais comum na infância. As leucemias têm raramente, a leucemia mieloide crônica (LMC). A leuce- quando diagnosticadas precocemente e tratadas com
origem na medula óssea (o tutano dos ossos), onde o mia linfoide crônica só ocorre em adultos. quimioterapia. Outros tratamentos que podem ser in-
sangue é normalmente produzido. Além da medula óssea, as leucemias podem também dicados são a radioterapia e o transplante de medula
A leucemia é diagnosticada por meio do mielograma, atingir os testículos, que se tornam endurecidos e au- óssea.
exame do sangue retirado de dentro do osso. Existem mentados de tamanho; e o líquor (líquido da espinha), Os principais sintomas das leucemias infantis são dor
vários tipos de leucemia: a que ocorre mais frequen- provocando dores de cabeça e vômitos. nos ossos ou nas articulações, palidez, manchas roxas,
temente na criança é a leucemia linfoide aguda (LLA); As leucemias podem ter índices de cura de até 80% sangramentos, febre, cansaço e desânimo.
em segundo lugar, a leucemia mieloide aguda (LMA); e,
Palidez
e/ou sangramentos
e/ou febre Reavaliação Persistência
Hemograma SIM Repetir o SIM
e/ou dor óssea (resultado em 24 h)
Normal? clínica dos hemogama Normal? Acompanhamento
e/ou articular (em 72h) sintomas?
e/ou hepatoespenomegalia
NÃO
e/ou linfonodomegalias
2 ou + alterações:
NÃO
• Anemia
• Leucocitose ou Leucopenia
• Plaquetopenia
Emergência:
• Leucocitose > 50.000/mm3 Encaminhamento
• Sangramento ao oncologista
pediátrico ou
• Plaquetas < 20.000/mm3 hematologista
• Anemia severa (hemoglobina < 6g/dL) pediátrico
Fonte: (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald, 2014)
Emergência:
• Sinais de hipertensão intracraniana encaminhar a um serviço de emergência
• Alteração do nível de consciência
Fonte: (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald, 2012)
2 ou + alterações:
• Anemia SIM
• Leucocitose ou Leucopenia
• Plaquetopenia
Linfonodomegalia Encaminhamento
supraclavicular ou em locais ao oncologista
não habituais pediátrico
NÃO
Emergência: Investigar
• Massa mediastinal
Fonte: (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald, 2012)
Tumor renal
O tumor mais frequente no rim da criança é o tumor ou inchaço no abdome. A criança pode ainda apresen- comprometido, seguida, em geral, de quimioterapia e,
de Wilms, também chamado de nefroblastoma. Geral- tar sangue na urina, dores abdominais e pressão alta. em alguns casos, de radioterapia. A cura está estimada
mente, acomete crianças pequenas, antes dos 5 anos de O exame mais indicado para o diagnóstico é o ultras- em torno de 90% dos casos.
idade, e a manifestação mais comum é de uma massa som. O tratamento é cirurgia, em que se retira o rim
Tumores germinativos
São tumores do ovário ou testículos, mais comum em Os meninos com testículos que não desceram para a para a retirada do tumor.
adultos por volta dos 30 anos de idade, e raros na in- bolsa escrotal (criptorquidia) devem realizar um ultras- Nos meninos, é importante ainda que a cirurgia seja
fância. Os tumores de ovário podem causar dores ab- som para investigação, já que a incidência de câncer é realizada via abdominal e não via escrotal. O tratamen-
dominais, geralmente crônicas, puberdade precoce de 20 a 40 vezes maior nesses casos. O sinal de alerta to é realizado com cirurgia e quimioterapia.
(crescimento dos seios e aparecimento de pelos antes é o aumento da bolsa escrotal, confundido muitas ve-
do tempo) e tumorações palpáveis. zes com hérnia. O diagnóstico é feito durante a cirurgia
Massa abdominal
palpável de rápido
crescimento
Aumento de USG
testicular Investigar
volume testicular (resultado em 72h)
Emergência:
• Massa abdominal de crescimento rápido
Fonte: (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald, 2012)
Tumores ósseos
São mais frequentes em adolescentes. Quase sempre o cipalmente, com infecções ou dores de crescimento. também pode se manifestar nos tecidos de partes mo-
paciente refere trauma incompatível com a intensidade Para diagnosticar o tumor ósseo, é importante fazer ra- les. O tratamento é feito com cirurgia e quimioterapia.
da dor, sendo que a mesma persiste por mais tempo do diografia do local doloroso. É necessário que um mé- O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para
que seria o esperado. O local mais comum é logo acima dico ortopedista, com bastante experiência em câncer, 70%. Em pacientes com doença metastática, a sobrevi-
ou abaixo do joelho. A pele pode ficar vermelha e quen- realize uma biópsia com agulha, sem cortar a pele. Os da está em torno de 30%.
te e, quando o tumor cresce, é possível ver um inchaço tipos mais comuns de tumores ósseos malignos são os-
no local. Esses sintomas podem ser confundidos, prin- teossarcoma e sarcoma de Ewing, sendo que o último
São tumores que podem ocorrer em músculos, gordura fundido com hérnias. Para diagnosticar os sarcomas, é desenvolvem músculos estriados da musculatura es-
e articulações. Afetam tanto crianças, quanto adoles- muito importante que um médico experiente em câncer quelética. Cerca de 30% destes cânceres são diagnos-
centes e adultos. É importante que o médico examine realize uma biópsia, a fim de examinar o tumor no mi- ticados precocemente, podendo ser completamente re-
a criança para qualquer dor, inchaço ou nódulos que croscópio. Em geral, o tratamento dos sarcomas é feito movidos com tratamento cirúrgico. Mas mesmo quando
cresçam rapidamente ou que não desapareçam após com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. isso acontece, tumores pequenos, que não são visuali-
uma semana. Os sarcomas podem ocorrer na cabeça, O rabdomiossarcoma é o sarcoma de partes moles mais zados, sentidos e nem diagnosticados por exames de
no pescoço, na área genital, nos braços e nas pernas. comum na infância, que corresponde por 4 a 5% das imagem, já poderiam estar disseminados, razão pela
Em adolescentes, pode localizar-se na região dos tes- neoplasias da pediatria. Tem origem nas células que qual outros tratamentos são necessários.
tículos, provocando aumento do escroto, sendo con-
NÃO
Encaminhamento
Investi gar ao oncologista
pediátrico
NÃO
Fonte: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald, 2012.
BRASIL Ministério da Saúde; Fonte: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; Instituto Ronald McDonald. Diag-
nóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. 2ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diagnostico-precoce-na-crianca-e-no-adolescente.pdf.
Acesso em 15 de setembro de 2020.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temáticas. Protocolo de
diagnóstico precoce do câncer pediátrico [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamen-
to de Atenção Especializada e Temáticas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
Mirra AP, Latorre MRDO, Veneziano DB, editores. Incidência, mortalidade e sobrevida do câncer da infância no município de São
Paulo. São Paulo: Registro de Câncer de São Paulo; 2004.52p.