Esta pesquisa pretende apresentar a videodança como um campo de estudo
sobre a cenografia e a práxis cenográfica. A videodança é um tipo de arte contemporânea intermidiática, que nunca se configura da mesma forma, está sempre mudando, seu fazer artístico é mediado pelo encontro do movimento intrínseco à Dança e da Linguagem Audiovisual. Já a cenografia é um pensamento elaborado na estrutura dos Elementos Visuais da Cena que possibilitam pensar e praticar a correlação entre espaço cênico, corpo, imagem, estética, dramaturgia e cena. A ideia é estruturar um pensamento crítico que de conta de explicar a relação entre espaço cênico, corpo, movimento, linguagem audiovisual e o papel do pensamento cenográfico neste contexto. Nossas observações iniciais partem da seleção de três obras produzidas na relação de dança com o audiovisual nos anos de 2020 e 2021, período de isolamento e distanciamento social necessários à contenção da Covid-19. O espaço cênico, nesta pesquisa, é entendido como um elemento visual inerente e indissociável à dança porque compõe a cena enquanto imagem e ação. Então, consideremos que todo espaço que abriga a dança, no momento do seu acontecimento, ele torna-se um espaço cênico, mesmo que seja por um instante efêmero; mesmo que a dança esteja deslocada do espaço idealizado para sua apresentação; mesmo que não haja um cenógrafo por trás da concepção espacial/visual de algumas danças, o espaço cênico se impõe porque ele está presente quando se dança, dança é o corpo se movendo no tempo/espaço. Um dos principais pressupostos desta pesquisa é sobre o espaço que vemos na tela quando assistimos a uma videodança, ser, um espaço em que podemos praticar a cenografia. Trata-se de um espaço cenográfico completamente contaminado pelo meio do ambiente audiovisual, como um sistema aberto, mas que pode ser investigado como um dos Elementos Visuais da Cena na videodança.