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Paulo escreveu 2 Coríntios em sua terceira viagem missionária (At 18, 23-21;16),
não muito tempo depois de escrever e enviar 1 Coríntios. Apenas nesse momento deixou
Éfeso (1 Cor 16, 8) e viajou para o norte da Grécia na província romana da Macedônia (2,
13; 7, 5; 9, 2). É provável que Paulo tenha escrito essa carta no outono de 56 d.C, tendo
escrito 1 Coríntios mais cedo no mesmo ano.
DESTINATÁRIOS
NOVO TESTAMENTO II
Seminarista: Marcio Henrique Paes Página 1
ARQUIDIOCESE DE SOROCABA
PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE SOROCABA
CENTRO ARQUIDIOCESANO DE PASTORAL
DOM JOSÉ MELHADO CAMPOS
CURSO DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA E PASTORAL
Av. Dr. Eugênio Salerno, 100 – Santa Terezinha – 18035-430.
Sorocaba/SP – CEP 18001-970 – Telefone: (15) 3221-6880
PROPÓSITO
Paulo escreveu 2 Coríntios por várias razões. (1) Esperava fortalecer sua relação
com os adeptos fiéis em Corinto e impedi-los de ceder aos apelos infundados dos "falsos
Apóstolos" (11, 13) que estavam se infiltrando na Igreja e atacando sua integridade. (2)
Escreveu para afirmar e defender sua autoridade apostólica contra os que duvidavam ou
negavam (10, 10; 12, 11-12). (3) Ele procurou retomar sua série de esforços pelos cristãos
pobres em Jerusalém e por isso apelou à generosidade dos seus leitores a este respeito (cap.
8-9). (4) A segunda parte da carta (cap. 10-13) foi escrita para enfrentar os "falsos
Apóstolos" (11, 13) e seus seguidores em Corinto. Paulo avisa que não poupará (13, 2)
esses detratores se persistirem em sua oposição a seu ministério. (5) Paulo também escreveu
para informar os coríntios sobre seu plano de visitá-los pela terceira vez (12, 14; 13, 1).
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TEMÁTICA E CARACTERÍSTICAS
2 Coríntios é uma carta muito pessoal e emocional. Isso faz com que, por vezes, seja
difícil de seguir, mas nos dá um raro vislumbre da ternura e tenacidade de Paulo. Ele era um
pai espiritual passando pela experiência dolorosa de seus próprios filhos se posicionarem
contra ele e seguirem seu próprio caminho. Os altos e baixos dessa experiência estão
marcadas na primeira e segunda metade da carta: logo no início Paulo está radiante de
alegria ao ouvir que alguns dos coríntios estão retornando a ele (cap. 1-7), porém mais tarde
a sua ira e frustração regressam quando lembra que outros ainda estão em oposição (cap.
10-13). Ao longo da carta, Paulo utiliza as artes retóricas para afirmar e encorajar os fiéis,
bem como para maldade de seus detratores.
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O conteúdo de 2Cor
São Paulo via-se caluniado pelos judaizantes. Tais acusações, porém, não afetavam apenas a
pessoa do Apóstolo, mas punham em xeque a própria causa do Evangelho. Daí a
necessidade que incumbia a Paulo, de responder fazendo longa exposição de suas intenções,
de seus trabalhos e da eminente dignidade da sua missão apostólica. Nessa epístola Paulo
expandiria toda a sua alma de homem ardente que lutava pela mais sublime das causas. Ao
fazer isto, porém, o Apóstolo não se fechou numa visão individualista ou mesquinha da
realidade; ao contrário, desenvolveu perspectivas teológicas muito vastas e belas.
Paulo mudou o seu plano de viagem, não indo a Corinto, como prometera, não em virtude
de inconstância ou falta de amor, mas para não contristar os fiéis (1,12-2,4). Recomenda
caridade para com o irmão penitente (2, 5-11). “Somos o bom odor de Cristo” (2, 12-17).
O ministério da Nova Aliança é mais nobre do que o da Antiga (3, 1-4, 6). O poder de Deus
se manifesta na debilidade humana (4,7-5,10). É a caridade de Cristo que move o Apóstolo
e o leva a apregoar a reconciliação com Deus. Não vivam os coríntios como os pagãos
(5,11-7,1).
Sigam os coríntios o exemplo dos fiéis da Macedônia (8,1-15). Paulo recomenda aos
coríntios Tito e os irmãos que se encarregarão da coleta (8,16-9,5). Deus recompensa a
generosidade dos seus fiéis (9, 6-15).
Paulo não procede segundo as paixões, mas por espírito de fé (10,1-11); tem justos títulos
de glória diante dos seus adversários (10,12-18).
Embora seja tolo expor os próprios títulos de glória, Paulo ousa fazê-lo, coagido pelos
adversários: recorda os seus trabalhos, os dons extraordinários recebidos de Deus e também
as moléstias corporais, nas quais o poder de Deus se manifesta (11,16-12,10).
Paulo indica novos sinais da autenticidade da sua missão. Os coríntios deveriam defendê-lo
das calúnias, já que tanto amor lhes demonstrou no passado (12,11 -18).
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A primeira e a terceira partes são intimamente conexas entre si: visam a defender a
autoridade de Paulo ora aos olhos dos coríntios (1-7), ora perante os judaizantes (10-13).
Entre as duas apologias, a segunda parte parece interromper o curso das ideias. Mas tem seu
nexo lógico com os capítulos antecedentes e os subsequentes. Com efeito, São Paulo, que
combatia os judaizantes, podia dar a impressão de ser contrário à Igreja-mãe de Jerusalém e
de estar suscitando uma cisma entre étnico-cristãos e judeo-cristãos¹. Ora, justamente para
dissipar tal equivoco, o Apóstolo, ao mesmo tempo em que combatia os judaizantes, se
mostrava fiel à Igreja-mãe (judeu-cristã) e inculcava aos coríntios (étnico- cristãos) que
também o fossem mediante as suas esmolas.
A mensagem de 2Cor
A 2Cor é um dos escritos que mais manifestam a alma de Paulo. Envolvido pelas tramas
maldosas dos adversários e vítima dos achaques corporais, Paulo experimentou em grau
muito intenso a angústia da vida nesta terra.
Hoje os homens são muito sensíveis à angústia; não poucos se sentem “condenados à
morte”, sem esperança e sem consolo.
Precisamente a 2Cor é importante por mostrar como o Apóstolo reagiu diante das
tribulações. Paulo, de um lado, não se entregou à lamentação e ao desânimo; de outro lado,
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não quis negar artificialmente a angústia como se reconhecê-la não fosse digno do homem
perfeito.
Paulo aludia frequentemente às tribulações que o afligiam: 1,8; 7,5; 11,23-27 (o catálogo de
dores físicas e morais do Apóstolo); 12,7 (o aguilhão na carne, o anjo de Satanás que o
esbofeteava e que não sabemos identificar). Em 5, 2-4 o Apóstolo confessava mesmo o
pesar que experimentava por ter que morrer.
Ora, essas tribulações, efeitos da fragilidade humana, eram interpretadas pelos judaizantes
como sinais de que Deus não dera a Paulo a missão do apostolado; pareciam incompatíveis
com a autoridade e a dignidade de um legado de Deus.
O argumento em favor dos judaizantes era forte. Contudo Paulo quis dar às suas
deficiências físicas uma interpretação contrária à dos adversários. Conforme o Apóstolo, as
misérias físicas do cristão são justamente o sinal da presença de Deus no fiel. No caso de
Paulo, os achaques significariam que não era Paulo, como simples homem, que agia, mas
era Deus, quem agia por meio de Paulo. Toda a obra missionária de Paulo era efeito da
graça de Deus, que Paulo trazia como um tesouro em vaso de argila (4,7-10). Por
conseguinte, pelas deficiências do instrumento Paulo comprovava a autenticidade da sua
missão. É justamente próprio de Deus mostrar em meio à fraqueza humana todo o poder
divino (12,9).
Mais: Paulo confessava suas angústias diante da morte para mais altamente proclamar a sua
esperança na ressurreição; o definhar do velho homem seria a condição para o
desenvolvimento do homem novo; ressurreição e vida nova constituem um processo que
opera paralelamente com definhar e morte (4,11-16). Por isto a vida do cristão tem duas
faces: uma exterior, visível, um tanto ilusória, e outra interior, oculta, que é mais verídica,
porque derivada da posse da eternidade. Observe-se o paradoxo com que São Paulo
caracteriza a vida do cristão:
“somos considerados como moribundos, e eis que vivemos… somos considerados como
quem nada tem, embora tudo possuamos!” (2Cor 6,9s).
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“É na fraqueza (do homem) que a força (de Deus) manifesta todo o seu poder… Por isto eu
me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas
angústias por causa de Cristo. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte”.
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