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Atos dos Apóstolos – 2020.2 – Faculdade Dehoniana – Prof. Pe. Claudio Buss
SEGUNDA SEÇÃO
vv. 28-31: iniciam uma nova seção: “estai atentos (sede solícitos) ” (um imperativo
dirigido aos presbíteros); “sede vigilantes” (v. 31): exorta os anciãos a se
comportarem de acordo com a vocação recebida, lembrando-lhes o trabalho
incansável que ele, por três anos, desenvolveu na cidade de Éfeso. Na situação
crítica da Igreja, cabe a eles zelar pela unidade e pela fidelidade de todos ao
Evangelho.
*Para desenvolver suas funções na comunidade, este devem estar atentos a si mesmos,
visto que sua conduta deve ser conforme àquela de Paulo; deve também estar em
guarda para permanecer na doutrina ortodoxa; visto que não são imunes ao perigo de
falsas doutrinas. Deus mesmo os colocou como epískopoi, ou seja, como guardiões,
supervisores, administradores. O epíscopo ainda não é visto distintamente dos
presbíteros: o termo indica como o presbítero deve desenvolver a sua função na Igreja.
E para sublinhar a função dos presbíteros como epíscopos, o autor apresenta a Igreja
não somente no seu aspecto social de comunidade para governar, mas na sua realidade
profunda de povo da aliança que tem seu fundamente na mesma realidade trinitária de
Deus: nascida do Pai, tornada possível por Cristo, guiada pelo Espírito Santo.
*Graças à morte de Jesus nasceu a plena comunhão com Deus e com o seu
povo.
* Nos vv. 29-30 Paulo exprime em forma profética o que era realidade nos
tempos de Lucas: o perigo das falsas doutrinas. O perigo vem de fora: não se
trata de perseguições, mas de falsos ensinamentos; provém de cristãos de
outras comunidades descritos como “lobos”. Mas o perigo surge também ao
interno da Igreja, com risco de romper a comunhão fraterna.
* Com a partida-morte de Paulo se encerra o tempo da Igreja da origem, tempo
ideal caracterizado pela unidade e da (quase) ausência de falsas doutrinas.
vv. 32-35: conclui o discurso. Paulo confia os anciãos a Deus e a Palavra de sua graça,
ou seja, ao Evangelho, que não somente contém a mensagem para anunciar, mas
comunica também a graça da salvação. Interessante observar que o apóstolo não
confia a Palavra aos presbíteros, visto que tem a função de proclamá-la, mas confia
os presbíteros à proteção e a força salvífica da Palavra. Na sua palavra Deus
certamente opera (cf. Is 55,10-11; 1Ts 2,13; Rm 1,16 etc.) e comunica a força de edificar
a comunidade na unidade (9,31).
No v. 33 se retorna a Paulo, modelo de comportamento: a sua “separação” é sinal
da autenticidade do seu apostolado; ele não desfrutou o ministério para a própria
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vantagem (cf. 1Cor 9,12; 2Cor 7,2; 11,8; 12,13). O tema do “desapego” das
riquezas é um tema caro ao evangelista. O autor sabe que Paulo exercitava um
trabalho manual (18,3; cf. 1Ts 2,9; 2Ts 3,8); mas para o apóstolo o trabalho servia
para não ser pesado a ninguém, para evitar a crítica de viver dependendo dos
outros. Se ajunta a isto o amor pelos pobres. “A atitude fundamental do cristão
está no ‘dar’”.
➢ A despedida de Paulo de Mileto é apresentada por Lucas com uma grande
perícia literária e de acordo com os cânones da historiografia helenista,
compondo um quadro belíssimo e tocante. É o momento da separação definitiva.
O período da vida missionária do incansável evangelizador acabou. A partir
desse momento Paulo inicia seu caminho da cruz.