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1. A cidade de Corinto
Segundo Atos dos Apóstolos (18,1), Paulo foi a Corinto pouco depois da missão em
Atenas, a princípios do ano 50, ficando ali, 1 ano e meio (cf. At 18,11). Pouco depois
chegou Apolo (At 18,27-28), quem completará a evangelização. Porém, antes da chegada
de Paulo, existia uma pequena comunidade cristã, que se reunia em casa de Áquila e
Priscila (At 18,2-3), os quais tinham sido expulsos de Roma no ano de 49.
Deve ser observado que Paulo sentiu medo frente a evangelização de Corinto (At
18,9s), apresentando-se «frágil, tímido e temeroso» (1 Cor 2,3), devido a que nem sua
figura externa (era de baixa estatura), nem sua origem (era do povo), nem seus estudos
(numa escola rabínica), nem a mensagem que anunciava (a Cristo crucificado e
ressuscitado), facilitavam que fosse aceito por uma sociedade sofisticada como aquela de
Corinto. Seu esquema de evangelização será o de sempre: pregava aos sábados na sinagoga
(At 18,4) e, quando foi expulso dela, se dedicava aos gentios (At 18,7); para sua
manutenção, trabalhava na fabricação de tendas com Áquila e Priscila (At 18,3).
A igreja de Corinto estava formada por pequenas comunidades domésticas
presididas pelos responsáveis nomeados pelo próprio Paulo. Ainda que estivessem
relacionadas entre si, a caminhada de cada comunidade era independente, fato que
provocou numerosos problemas, principalmente aos que Paulo se dirigiu por meio de suas
cartas.
A maior parte dos membros da comunidade era de origem gentílica, ainda que
também houvesse alguns judeu-cristãos. Era uma igreja marcada pela divisão em classes,
reflexo da estratificação da sociedade civil existente em Corinto. A maioria pertencia à
classe social baixa, ainda que houvesse uma minoria abastada e culta (cf. 1Cor 1,26) que
determinará o ritmo da comunidade. Isto produziu uma falta de integração na comunidade,
sendo a causa de tensões e conflitos entre a maioria pobre e a minoria abastada.
Outro problema que Paulo teve que enfrentar foi a mentalidade dos cristãos,
influenciada pelas concepções e práticas da sociedade do momento, na tentativa de viver a
nova fé sem abandonar os costumes dos numerosos cultos que os rodeavam ou
anteriormente vividos. Isto se manifestou especialmente na busca de um “conhecimento”
religioso profundo desde o «saber intelectual» sem contar com a “experiência” de Deus, na
concepção dualista do mundo que os levou a negar a ressurreição (1Cor 15), em sublinhar
os «fenômenos místicos», num forte «individualismo» que tornou-se a causa da divisão em
grupos dentro da comunidade (1Cor 1-4), no desprezo dos «fracos» e na prática da
«liberdade» sem controle.
Estando em Éfeso, Paulo enviou uma carta (para nós perdida) à comunidade de
Corinto, pedindo-lhes que não se misturassem com os «impuros» (cf. 1Cor 5,9). O
Apóstolo se referia àqueles que, a pesar de estar vivendo mal, queriam continuar na
comunidade (5,1); mas os coríntios compreenderam mal a sua mensagem e começaram a
separar-se do resto da população de Corinto (5,10-13). Esta primeira carta (canônica) será a
origem de numerosas cartas que a comunidade enviará ao seu apóstolo, oferecendo-lhe
notícias de problemas surgidos no seu meio (1,11-5,1; 6,1) ou elaborando perguntas sobre
alguns temas concretos (7,1.25; 8,1; 12,1).
Assim, Paulo recebeu uma carta da comunidade (7,1), trazida provavelmente pelos
“de Cloé” (1,11), ou pelos líderes Estéfanas, Fortunato e Acaico (16,17), os quais o
informaram sobre alguns problemas da comunidade: a divisão em grupos (caps. 1-4); o
caso incestuoso (cap. 5); o recurso aos tribunais civis (cap. 6); a opção pelo matrimônio ou
pela virgindade (cap. 7); a possibilidade de comer carne sacrificada aos ídolos (caps. 8-10);
os conflitos nas reuniões comunitárias (caps. 11-14); e as dúvidas sobre a ressurreição (cap.
15). Para responder a estas questões, na primavera do ano 53, Paulo teria escrito uma
segunda carta (que corresponderia a 1 Cor – canônica). Esta carta chegou à comunidade
pelas mãos de Tito, quem recebeu também o encargo de organizar, em Corinto e na Acaia
(16,1-4), a coleta para os cristãos de Jerusalém.
Posteriormente, Paulo teria escrito uma terceira carta «em uma grande aflição e
angústia de coração, com muitas lágrimas» (2 Cor 2,4;7,8), que foi perdida; terminando a
relação epistolar de Paulo com sua comunidade com uma quarta carta, que corresponde a 2
Coríntios (canônica).
12-14); expõe uma magnífica catequese sobre “a ceia do Senhor” - Eucaristia - (11,17-34),
e culmina a carta com uma reflexão teológica acerca da ressurreição de Jesus Cristo e dos
cristãos (cap. 15).