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REVISÃO DE FÉRIAS – Língua Portuguesa.

Professor Arnaldo Gomes.

QUESTÃO 01.

Caminhando contra o vento,


Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes


Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso.
São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).

É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual.


Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática
são
A) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde
passa, argumentando contra a violência urbana.
B) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista
sobre as notícias relativas à cidade.
C) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e
psicológicos e interage com a mulher amada.
D) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas
ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
E) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar
pelas ruas da cidade contando sobre sua própria experiência.
QUESTÃO 02.

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado).

Para convencer o público-alvo sobre a necessidade de um trânsito mais


seguro, essa peça publicitária apela para o(a)

A) sentimento de culpa provocado no condutor causador de acidentes.


B) dano psicológico causado nas vítimas da violência nas estradas.
C) importância do monitoramento do trânsito pelas autoridades competentes.
D) necessidade de punição a motoristas alcoolizados envolvidos em acidentes.
E) sofrimento decorrente da perda de entes queridos em acidentes
automobilísticos.

QUESTÃO 03

Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São Paulo e sonhava ser atriz
em Hollywood. Tinha 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo — e uma
irmã. As duas se tornaram suas companheiras de experimentações.
Adolescente, Elena vivia a criar filminhos e se empenhava em dirigir a pequena
Petra nas cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E acreditava no
potencial da menina para satisfazer seus arroubos de diretora precoce. Por
cinco anos, integrou algumas das melhores companhias paulistanas de teatro e
participou de preleções para filmes e trabalhos na TV. Nunca foi chamada. No
início de 1990, Elena tinha 20 anos quando se mudou para Nova York para
cursar artes cênicas e batalhar uma chance no mercado americano.
Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de elenco malsucedidos,
decepcionada com a ausência de reconhecimento e vitimada por uma
depressão que se agravava com a falta de perspectivas, Elena pôs fim à vida
no segundo semestre. Petra tinha 7 anos. Vinte anos depois, é ela, a irmã
caçula, que volta a Nova York para percorrer os últimos passos da irmã,
vasculhar seus arquivos e transformar suas memórias em imagem e poesia.
Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã que fica. É um filme
sobre a busca, a perda, a saudade, mas também sobre o encontro, o legado, a
memória. Um filme sobre a Elena de Petra e sobre a Petra de Elena, sobre o
que ficou de uma na outra e, essencialmente, um filme sobre a delicadeza.
VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado).

O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre a função social de

A) narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida das irmãs Petra e
Elena.
B) descrever, por meio das memórias de Petra, a separação de duas irmãs.
C) sintetizar, por meio das principais cenas do filme, a história de Elena.
D) lançar, por meio da história de vida do autor, um filme autobiográfico.
E) avaliar, por meio de análise crítica, o filme em referência.

QUESTÃO 04

O exercício da crônica Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa como
se faz um cronisita; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a
tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com
um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua
máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato
qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que,
com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada
houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um
processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos
de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em
última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto,
mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e
poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui

A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.


B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.

QUESTÃO 05

Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido


à chuva torrencial da noite anterior, sai a caminhar com o
sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros
movimentos da vida na roça. Num demorou nem um
tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda
me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema
letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até
a água que corria pela bica feita de bambu e o contato
gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos
em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o
fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato.
Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome
e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi
quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma
senhora acompanhada de um garoto aparentando uns
cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em
proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso
“Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas
apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de
Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que
pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas
de bordas avermelhadas.
GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br.
Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado).
A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição
dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e
expressões usadas no texto está a serviço da

A) localização dos eventos de fala no tempo ficcional.


B) composição da verossimilhança do ambiente retratado.
C).restrição do papel do narrador à observação das cenas
relatadas.
D) construção mística das personagens femininas pelo autor
do texto.
E) caracterização das preferências linguísticas da
personagem masculina.

QUESTÃO 06

Em junho de 1913, embarquei para a Europa a


fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel,
perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João
Luso, que ali passara um inverno com a senhora.
Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um
sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao
cair das folhas”, um de seus mais belos sonetos, talvez o
meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”.
Fiquei na Suíça até outubro de 1914.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

No relato de memórias do autor, entre os recursos usados


para organizar a sequência dos eventos narrados,
destaca-se a

A) construção de frases curtas a fim de conferir


dinamicidade ao texto.
B) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão
dos fatos.
C) alternância de tempos do pretérito para ordenar os
acontecimentos.
D) inclusão de enunciados com comentários e avaliações
pessoais.
E) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do
escritor.

QUESTÃO 07

Obesidade causa doença

A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo a


Organização Mundial da Saúde, ligada à Organização das
Nações Unidas. O problema vem atingindo um número
cada vez maior de pessoas em todo o mundo, e entre as
principais causas desse crescimento estão o modo de vida
sedentário e a má alimentação. Segundo um médico
especialista em cirurgia de redução de estômago, a taxa de
mortalidade entre homens obesos de 25 a 40 anos é 12
vezes maior quando comparada à taxa de mortalidade
entre indivíduos de peso normal. O excesso de peso e de
gordura no corpo desencadeia e piora problemas de saúde
que poderiam ser evitados. Em alguns casos, a boa notícia é
que a perda de peso leva à cura, como no caso da asma,
mas em outros, como o infarto, não há solução.

FERREIRA, T. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com.


Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).

O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta o


excesso de peso e de gordura corporal dos indivíduos como
um problema, relacionando-o ao:

A) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante na


sociedade requer corpos magros.
B) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro
interfere na autoestima das pessoas.
C) quadro clínico da população, pois a obesidade é um fator
de risco para o surgimento de diversas doenças crônicas.
D) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre
discriminação em diversos espaços sociais.
E) desempenho na realização das atividades cotidianas, pois
a obesidade interfere na performance.

QUESTÃO 08

Os textos publicitários são produzidos para cumprir


determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse
cartaz estão voltados para a conscientização dos brasileiros
sobre a necessidade de

A) as crianças frequentarem a escola regularmente.


B) a formação leitora começar na infância.
C) a alfabetização acontecer na idade certa.
D) a literatura ter o seu mercado consumidor ampliado.
E) as escolas desenvolverem campanhas a favor da leitura.

QUESTÃO 09

O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam


para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar,
literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu. Foi aí que, em
1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred
Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem
de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas
e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali. Era a hora e
a vez de os caranguejos — aos quais os músicos recifenses gostavam de se
comparar — mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com
as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque
recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva
diferente do Brasil ao olhar para o Recife. A cidade deixou de ser o lugar
apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que
continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco
da Nação Zumbi, Da lama ao caos.
FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta. Revista Esquinas, n. 87, set 2019
(adaptado).

Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana,


fato que se deu pela

A) utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos


tradicionais.
B) ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos
musicais memoráveis.
C) substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e
harmonias inovadoras.
D) recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em
grandes festivais.
E) integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova
combinação estética.

QUESTÃO 10
TEXTO II

O Termo ready-made foi criado por Marcel Duchamp (1887-1968) para


designar um tipo de objeto, por ele inventado, que consiste em um ou mais
artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, selecionados sem critérios e
expostos como obras de arte em espaços especializados (museus e galerias).
Seu primeiro ready-made, de 1912, é uma roda de bicicleta montada sobre um
banquinho (Roda de bicicleta). Ao transformar qualquer objeto em obra de arte,
o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte.

Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado).

A instalação In absentia propõe um diálogo com o ready-made Roda de


bicicleta, demonstrando que

A) as formas de criticar obras do passado se repetem.


B) a recorrência de temas marca a arte do final do século XX.
C) as criações desmistificam os valores estéticos estabelecidos.
D) o distanciamento temporal permite a transformação dos referenciais
estéticos.
E) o objeto ausente sugere a degradação da forma superando o modelo
artístico.

QUESTÂO 11

Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles


Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a
uma conhecida. Ao recebe-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de
comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto a fulana
amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: "A partir de hoje, você
não vai mais nem sentir cheiro dessas comidas!".
Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima
com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu
num ônibus para São Paulo.
Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas
de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira,
fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um
rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa
acabar essa janta”.

PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).

Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um


efeito expressivo decorrente da
A) citação a referências literárias tradicionais.
B) alusão à inocência das crianças da época.
C) estratégia de questionar a bondade humanas.
D) descrição detalhada das pessoas do interior.
E) representação anedótica de atos de violência.

QUESTÃO 12

A associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa e do cão configura


recurso expressivo que busca

A) estimular denúncias de maus-tratos contra animais.

B) desvincular o conceito de descarte da ideia de negligência.

C) incentivar campanhas de adoção de animais em situação de rua.


D) sensibilizar o público em relação ao abandono de animais domésticos.

E) alertar a população sobre as sanções legais acerca de uma prática


criminosa.

QUESTÃO 13

A crise dos refugiados imortalizada para sempre no fundo do mar

TAYLOR, J. C. A balsa de Lampedusa. Instalação. Museu Atlântico, Lanzarote, Canárias, 2016.


Disponível em: http://conexaoplaneta.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).

A balsa de Lampedusa, nome da obra do artista britânicos Jason de Caires


Taylor, é uma das instalações criadas por ele para compor o acervo do primeiro
museu submarino da Europa, o Museu Atlântico, localizado em Lanzarote, uma
das ilhas do arquipélago das Canárias.

Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a grande maioria dos refugiados que
saem da África ou de países como Síria, Líbano e Iraque tenta chegar para
conseguir asilo no continente europeu.

As esculturas do Museu Atlântico icam a 14 metros de profundidade nas águas


cristalinas de Lanzarote.

Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a expressão do abandono.


Entre elas, há algumas crianças. Uma delas, uma menina debruçada sobre a
beira do bote, olha sem esperança o horizonte. A imagem é tão forte que
dispensa qualquer palavra. Exatamente o papel da arte.

Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa, essa reportagem


cumpre, paralelamente, a função de chamar a atenção para
A) a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélago das Canárias, com vocação
para o turismo.
B) as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em embarcações
precárias ao longo dos séculos.
C) a inovação relativa à construção de um museu no fundo do mar, que só
pode ser visitado por mergulhadores.
D) a construção do museu submarino como um memorial para as centenas de
imigrantes mortos nas travessias pelo mar.
E) a arte como perpetuadora de episódios marcantes da humanidade de que
têm de ser relembrados para que não tomem a acontecer.

QUESTÃO 14

Disponível em: bhaz.com.br. Acesso em: 14 jun. 2018.

Essa campanha de conscientização sobre o assédio sofrido pelas mulheres


nas ruas constrói-se pela combinação da linguagem verbal e não verbal. A
imagem da mulher com o nariz e a boca cobertos por um lenço é a
representação não verbal do(a)

A) silêncio imposto às mulheres, que não podem denunciar o assédio sofrido.


B) metáfora de que as mulheres precisam defender-se do assédio masculino.
C) constrangimento pelo qual passam as mulheres e sua tentativa de
esconderem-se.

D) necessidade que as mulheres têm de passarem despercebidas para evitar o


assédio.
E) incapacidade de as mulheres protegerem-se da agressão verbal dos
assediadores.

QUESTÃO 15

Chiquito tinha quase trinta quando conheceu Mariana num baile de casamento
na Forquilha, onde moravam uns parentes dele. Por lá foi ficando,
remanchando. Fez mal à moça, como costumavam dizer, tiveram de casar às
pressas. Morou uns tempos com o sogro, descombinaram. Foi só conta de
colher o milho e vender. Mudou para casa do velho Chico Lourenço [seu pai].
Fumaça própria só viu subir um par de anos depois, quando o pai repartiu as
terras. De tão parecidos, pai e filho nunca combinaram direito. Cada qual mais
topetudo, muitas vezes dona Aparecida ouvia o marido reclamar da natureza
forte do filho. Ela escutava com paciência e respondia dum jeito sempre igual:

— "Quem herda, não rouba."

Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.

ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

Os ditados populares são frases de sabedoria criadas pelo povo, utilizadas em


várias situações da vida. Nesse texto, a personagem emprega um ditado
popular com a intenção de

A) criticar a natureza forte do filho.


B) justificar o gênio difícil de Chiquito.
C) legitimar o direito do filho à herança.
D) conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
E) condenar a agressividade do marido contra o filho.

QUESTÃO 16
A charge evoca uma situação de assombro frente a uma realidade que assola
as sociedades contemporâneas. Seu efeito humorístico reside na crítica diante
do(a)

A) constatação do ser humano como o responsável pela condição caótica do


mundo.
B) apelo à religiosidade diante das dificuldades enfrentadas pela humanidade.
C) indignação dos trabalhadores em face das injustiças sociais.
D) veiculação de informações trágicas pelos telejornais.
E) manipulação das notícias difundidas pelas mídias.

QUESTÃO 17

TEXTO I

É pau, é pedra, é o fim do caminho


É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o matita-pereira

TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco.


(disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972. (fragmento).

TEXTO II

A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema


antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas
fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de
esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: "Foi em março, ao findar da
chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/
bebera longamente as águas da estação [...]". E a outra é um ponto de
macumba, gravado com sucesso por J.B. Carvalho, do Conjunto Tupi: "É pau, é
pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo". Combinar Olavo Bilac e
macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além:
tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o
mundo para nós.

NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções


de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

A) diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura


nacional.
B) singularidade com que o compositor converte referências eruditas em
populares.

C) caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação


artística.

D) relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de


originalidade.

E) resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo


público no país.

QUESTÃO 18

TEXTO I

Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se e espalmou as mãos no


teclado. Começou a tocar alguma coisa própria, uma inspiração real e pronta,
uma polca, uma polca buliçosa, como dizem os anúncios. Nenhuma repulsa da
parte do compositor; os dedos iam arrancando as notas, ligando-as,
meneando-as; dir-se-ia que a musa compunha e bailava a um tempo. […….]
Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços da véspera, sem
exasperação, sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart.
Nenhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma
fonte perene.

ASSIS, M. Um homem célebre. Disponivel em: www.biblio.com.br.


Acesso em: 2 jun. 2019.

TEXTO II

Um homem célebre expõe o suplicio do músico popular que busca atingir a


sublimidade da obra-prima clássica, e com ela a galeria dos imortais, mas que
é traído por uma disposição interior incontrolável que o empurra
implacavelmente na direção oposta. Pestana, célebre nos saraus, salões,
bailes e ruas do Rio de Janeiro por suas composições irresistivelmente
dançantes, esconde-se dos rumores à sua volta num quarto povoado de ícones
da grande música europeia, mergulha nas sonatas do classicismo vienense,
prepara-se para o supremo salto criativo e, quando dá por si, é o autor de mais
uma inelutável e saltitante polca.

WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa: revista de literatura brasileira,


2004 (adaptado).

O conto de Machado de Assis faz uma referência velada a maxixe, gênero


musical inicialmente associado à escravidão e à mestiçagem. No Texto II, o
conflito do personagem em compor obras do gênero é representativo da

A) pouca complexidade musical das composições ajustadas ao gosto do


grande público.
B) prevalência de referências musicais africanas no imaginário da população
brasileira.
C) incipiente atribuição de prestígio social a músicas instrumentais feitas para a
dança.
D) tensa relação entre o erudito e o popular na constituição da música
brasileira.
E) importância atribuída à música clássica a sociedade brasileira do século
XIX.

QUESTÃO 19

Viajo Curitiba das conferências positivistas, eles são onze em Curitiba, há treze
no mundo inteiro; do tocador de realejo que não roda a manivela desde que o
macaquinho morreu; dos bravos soldados do fogo que passam chispando no
carro vermelho atrás do incêndio que ninguém não viu, esta Curitiba e a do
cachorro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu eu viajo.

Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão misterioso morreu nos braços da


Rosicler, quem foi? quem não foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta da
estação, a única ponte da cidade, sem rio por baixo, esta Curitiba viajo.

Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vosmecê é – província, cárcere, lar
–, esta Curitiba, e não a outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.
TREVESIAN,D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro. Record. 1992

A tematização de Curitiba é frequente na obra de Dalton Trevisan. No


fragmento, a relação do narrador com o espaço urbano é caracterizada por um
olhar

A) destituído de afetividade, que ironiza os costumes e tradições da sociedade


curitibana.
B) marcado pela negatividade, que busca desconstruir perspectivas habituais
de representação da cidade.
C) carregado de melancolia, que constava a falta de identidade cultural diante
dos impactos da urbanização.
D) embevecido pela simplicidade do cenário, indiferente à descrição de
elementos de reconhecido valor histórico.
E) distanciado dos elementos narrados, que recorre ao ponto de vista do
viajante como expressão de estranhamento.

QUESTÃO 20

Os velhos papéis, quando não são consumidos pelo fogo, às vezes acordam
de seu sono para contar notícias do passado.
É assim que se descobre algo novo de um nome antigo, sobre o qual já se
julgava saber tudo, como Machado de Assis.
Por exemplo, você provavelmente não sabe que o autor carioca, morto em
1908, escreveu uma letra do hino nacional em 1867 — e não poderia saber
mesmo, porque os versos seguiam inéditos. Até hoje.
Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal antigo de Florianópolis, pelo
pesquisador independente Felipe Rissato.

“Das florestas em que habito/ Solto um canto varonil:/ Em honra e glória de


Pedro/ O gigante do Brasil”, diz o começo do hino, composto de sete estrofes
em redondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas poéticas. O trecho
também é o refrão da música.
O Pedro mencionado é o imperador Dom Pedro II. O bruxo do Cosme Velho
compôs a letra para o aniversário de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro
daquele ano — o hino seria apresentado naquele dia no teatro da cidade de
Desterro, antigo nome de Florianópolis.

Disponível em: www.revistaprosaversoarte.com. Acesso em 4 dez. 2018 (adaptado).

Considerando-se as operações de retomada de informações do texto, há


interdependência entre as expressões

A) "Os velho papéis" e "É assim".


B) "algo novo" e "sobre o qual."
C) "um nome antiga" e "Por exemplo."
D) "O gigante do Brasil" e "O Pedro mencionado."
E) "o imperador Dom Pedro II" e "O bruxo do Cosme Velho".

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