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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
PROF. Dr ANTÔNIO ALVES FILHO

Discente: Francisco Paiva Júnior

SETEMBRO

2023
• Se Ana Clara é biologicamente do sexo masculino, por que utilizar o
banheiro feminino? O que deve ser levado em conta: a biologia ou a psique
humana?
Ana Clara é uma mulher, simples assim. Todo o resto é resto. Deve, portanto,
usar o banheiro feminino. Conforme leitura, pessoas trans vivem constantemente
buscando serem reconhecidas como parte do sexo biológico que se identificam.
Portanto, em casos assim, a biologia no momento do nascimento deve ser
desconsiderada.

• Existem 2 mil funcionários naquele edifício. Desses, cerca de 300 dividem o


mesmo andar, com vários banheiros espalhados pelo espaço. E se Ana Clara
começasse a frequentar outro banheiro? Essa seria a solução adequada para
o caso? Ou a solução seria a criação de um banheiro exclusivo para ela e para
os demais transgêneros do ministério, caso existam?

A solução para o problema passa pela política e cultura de inclusão, não de


exclusão. É importante salientar que a criação de um banheiro exclusivo para
mulheres trans pode ajudar a reforçar estigmas e preconceitos.

• Ana Clara também tem o direito de ir ao banheiro no trabalho. Como


exercê-lo com dignidade?

Usando o banheiro como qualquer outra mulher. Até porque ela o é.

• Mesmo que ela não tenha feito cirurgia, mesmo que ela se mantenha como
nasceu, isto é, biologicamente homem, isso impede Ana Clara de ser
declarada mulher?

Não. Continua sendo uma mulher trans, independente da presença ou


ausência de genitália masculina.

• Separar Ana Clara das demais mulheres seria crime discriminatório e


humanitário. Porém, como lidar, dentro do ambiente de trabalho, com novos
conceitos de identidade de gênero? Qual a melhor estratégia para respeitar a
dignidade humana num ambiente profissional?
Garantir que o ambiente de trabalho seja seguro, saudável e inclusivo para
todos os seres humanos que ali trabalham (sejam cis ou trans) é papel dos gestores
que, por sua vez, podem se valer de políticas de inclusão, medidas educativas etc.

• Se você estivesse no lugar de Sérgio, como encontrar uma solução para o


caso sob a luz de experiências parecidas e legislações que possam tratar do
assunto de maneira que se possa regulamentar o caso para futuras situações
análogas?
Uma solução pertinente seria cristalizar na política da empresa a inclusão e a
tolerância, por meio de atividades educativas ao longo do ano, para que não se
chegasse a esse ponto. A intolerância não pode ser tolerada, sendo cabível
desligamento ou medidas legais.

• A diversidade de gênero não era assunto tão debatido há cerca de 30 anos. É


fato que, na sociedade contemporânea, essa temática ganhou, gradualmente,
maior destaque, tornando-se alvo de discussões e análises. Porém, pode-se
atribuir apenas ao conflito de gerações a dificuldade sobre a aceitação da
diversidade? Será que, de fato, as gerações mais jovens compreendem a
situação, ou agem apenas por temor a uma retaliação (o medo de serem
taxados como pessoas retrógradas, por exemplo)? Além disso, com a
emergência do tema da diversidade e da visibilidade de grupos minoritários,
começaram a (re)surgir grupos reacionários, formados principalmente por
jovens (por exemplo, os que praticam atos de violência contra homossexuais).
Como explicar a origem desse tipo de intolerância?
Concordo, em parte, que as gerações mais novas lidam melhor com esta
problemática. Porém, por outro lado, o fundamentalismo e fanatismo religioso
acabam por fazer pessoas serem intolerantes, sejam elas jovens ou mais velhas.
Infelizmente, esse tipo de comportamento intolerante é mais comum do que parece.
O fato é que, muitas vezes, as pessoas são transfóbicas sem sequer perceberem.
A democratização da informação por meio da internet, por exemplo, parece
ter contribuído em dar maior visibilidade às comunidades trans, que antes eram
invisíveis.
• O conceito de identidade de gênero já é algo claro e bem compreendido na
sociedade? Quais seriam as melhores estratégias a serem utilizadas para
debater o tema de forma mais ampla dentro do universo da administração
pública?

Definitiva e infelizmente, ainda há muito caminho a ser percorrido nesta


estrada de melhoria e evolução. Trazer essas discussões para ambientes escolares,
de trabalho e acadêmicos pode ajudar a minimizar esses preconceitos por meio da
educação. Também é fundamental haver representatividade de pessoas trans em
espaços de poder.

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