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R A Y M O N D II LLIAMS

AB REV IA TU RAS

PALAVRAS —CHAVE No texto, utilizam-se as seguintes abreviaturas:


u m vocab ul àrio de cu l t u r a e so ci e dade c. : circa, aproximadamente (antes de uma data)
OED: New English Dictionary on Historical Principles (Oxford)
p.i./pp.ii.: precursora(s) imediata(s) de uma palavra, no mesmo idioma
ou em outro
p.r./pp.rr.: ú ltima(s) palavra(s) rastreável (rastreáveis), da(s) qual (quais)
se derivam os significados de raiz
S: século seguido de um número (S19: século 19)
v./vv.: ver verbete(s)
Tra duçú o
Cabe fazer, além disso, os seguintes esclarecimentos: início do século refere-
SANDRA GL'ARDINI VASCONCELOS
se ao primeiro terço dele; meados, ao segundo terço; fim, ao ú ltimo terço. O
in- glês antigo é anterior a 1100; o inglês médio é o que teve vigência entre
1100 e 1500, aproximadamente. As citaçõ es seguidas unicamente por um
nome e data, ou somente por uma data, correspondem a exemplos
mencionados no OED. As demais citaçõ es sã o seguidas por suas fontes
WILLIAMS, Raymond. Palavras-chave: um vocabulário de cultura e específicas. As referências a obras secundá rias sã o feitas pelo sobrenome do
sociedade. Trad. de Sandra Guardini Vasconcelos. São Paulo: autor, tal como constam em “Referéncias e bibliografia selecionada”.
Boitempo, 2007
A RT E 61
60 ARTE

a nossa vocação, amigo: a arte criativa”. A associação hoje corrente com


A RT E criativo e imaginativo, como matéria de classificação, data efetivamente do final
[art] do S18 e início do Sl9. O significativo adjetivo artístico remonta a
meados do Sl9.
O significado geral primitivo de arte, para referir-se a qualquer tipo de de CULTURA e ESTÉ TICA (vv.). Em 1815, Wordsworth escreveu ao pintor
habi- lidade, ainda vigora na língua inglesa. Mas tornou-se comum o Haydon: “Elevada é
sentido mais especializado, que predomina em as artes e, em grande
medida, em artista.
O termo art é usado no inglês desde o S13, da p.i. art, do francês antigo,
e da p.r. latina unem, habilidade. Teve ampla aplicaçã o, sem especializaçã o
predominante, até finais do S17, em assuntos tão diversos quanto
matemática, medicina e pesca com vara. Nos currículos das universidades
medievais, as artes (“as sete artes” e, mais tarde, “as artes LIBERAIS [v.]”) eram
a gramática, a lógica, a retó rica, a aritmética, a geometria, a mú sica e a
astronomia; e artista, a partir do Sl6, foi primeiro usado nesse contexto,
embora com desenvolvimentos quase contemporâneos para descrever
qualquer pessoa habilidosa (como tal, o termo é substancialmente idêntico a
artesão até finais do S16) ou praticante de uma das artes correspondentes ao
grupo presidido pelas sete musas: história, poesia, comédia, tragédia, mú sica,
dança e astronomia. Adiante, a partir do final do S17, tornou-se cada vez mais
comum uma aplicação especializada a um conjunto de habilidades até então
não representadas formalmente: pintura, desenho, gra- vura e escultura. O
uso hoje dominante de arte e artista para referir-se a essas habilidades
ainda não se havia estabelecido plenamente até o final do S19, mas foi nesse
conjunto que, no final do Sl8, e com especial referência à exclusã o dos
gravadores da nova Royal Academy, fortaleceu-se e popularizou-se uma
distinção hoje generalizada entre artista e artesão — este ú ltimo reservado
ao “trabalhador manual especializado’, sem propó sitos ‘intelectuais ,
"imaginati- vos” ou criativos”. Esse desenvolvimento de artesão e a definição
de cientista de meados do S19 possibilitaram a especializaçã o de artista e a
distinçã o já nã o das artes liberais, mas das belas-artes.
O surgimento de uma Arte abstrata e grafada com letra maiú scula, com
seus pró prios princípios internos, porém gerais, é difícil de situar. Há
vá rios usos setecentistas plausíveis, mas foi no S19 que o conceito se
generalizou. Relaciona-se historicamente, nesse sentido, ao desenvolvimento
Temperamento artístico e sensibilidade artística datam do mesmo período.
O mesmo ocorre com artista de espetáculos‘ \artiste], outra especialização para
intérpretes, como atores e cantores, reservando-se artista para pintor, escultor e,
finalmente (desde meados do S19), para escritor e compositor.
É interessante observar quais palavras, em diferentes períodos, distinguem-
-se habitualmente de arte ou contrastam com ela. Antes de meados do S17,
sem arte [artless] significava “inábil” ou “destituído de habilidade”, e o sentido
sobreviveu. Ocorreu, porém, um primeiro contraste regular entre arte e natureza,
isto é, entre o produto da habilidade humana e o produto de alguma qualidade
inerente. Sem arte adquiriu então, desde meados do S17, mas sobretudo a par-
tir do final do S18, um sentido positivo para assinalar espontaneidade mesmo
em “arte”. Enquanto arte ainda significava habilidade e INDÚ STRIA (v.) uma
habilidade diligente, elas eram amiú de intimamente associadas, mas, uma vez
tornadas abstratas e especializadas, foram contrastadas com frequência, desde o
início do S19, como áreas independentes da imaginação e da utilidade. Até o
S18, a maioria das ciências eram artes; a distinçã o moderna entre ciéncio e
arte, como á reas opostas de habilidade e de esforço humanos, com métodos e
finalidades fundamentalmente diferentes, remonta a meados do S19, embora os
pró prios termos se tenham contraposto muito antes, no sentido de “teoria” e
“prática” (ver CIENCIA, TEORIA).
Esse conjunto complexo de distinçõ es histó ricas entre os diversos tipos de
habilidade humana e os propó sitos básicos variáveis no uso dessas habilidades
está obviamente relacionado tanto com as mudanças na divisã o prá tica do
trabalho quanto com as mudanças fundamentais nas definiçõ es práticas dos
propó sitos do exercício da habilidade. É possível relacioná -lo principalmente
com as mudanças inerentes à produçã o capitalista de mercadorias, com sua
especializaçã o e reduçã o de valores de uso a valores de troca. Em consequên-

‘ Em inglés, artiste, em contraposição a artist. (N. T.)


82 C I Ê N CI A CIV I LI Z AÇ ÃO

62 ARTE

ra, estético e subjetivo) para definir a limitaçã o igualmente evidente da “outra”


cia, houve uma especializaçã o defensiva de certas habilidades e propó sitos, posiçã o, na realidade complementar.
que passaram a designar-se as artes ou os humanidades, nas quais as formas Ver xRrE, EMP ÍR ICO, EK PER IÊ NCIA, MATERI A LISM O, P OSI TIV ISTA, SUB
de uso e de intenção gerais que não estavam determinadas pela troca JETIVO, TEORIA.

imediata podiam ao menos tornar-se conceitualmente abstratas. Essa é a base


formal da distinção entre arte e indústria, e entre belas-artes e artes úteis
(estas ú ltimas adquiririam, por fim, um novo termo especializado em
TECNOLOGIA [v.]).
CIVILI ZA SAO [civilizafion]
Nessa perspectiva fundamental, o artista distingue-se não apenas do Em geral, usa-se civilizaçã o hoje para designar um estado ou condiçã o consu-
cien- tista e do tecnólogo - cada um deles teria sido chamado de artista em
mada de vida social organizada. Como CULTURA (v.) — com a qual tem uma
períodos anteriores -, mas do artesão, do artifice e do trabalhador
longa e ainda difícil interaçã o, a palavra se referia originalmente a um processo
especializado, que hoje sã o operários em termos de uma definiçã o e de uma
e, em alguns contextos, esse sentido ainda sobrevive.
organizaçã o específicas do TRABALHO (v.). Quando essas distinçõ es práticas
Civilization foi precedida em inglês por civilize, que surgiu no início do Sl7
se fazem valer, num modo determinado de produção, arte e artista suscitam
a partir do francês civiliser, do Sl6, p.i. civilizare, do latim medieval
associaçõ es ainda mais gerais (e vagas) e propõ em-se a expressar um
(transformar uma questã o criminal em uma questã o civil e, por extensã o,
interesse humano geral (isto é, não uti- litário), ainda que, ironicamente, a
incorporar a uma forma de organizaçã o social). A p.r. é civil, do latim civilis (de
maioria das obras de arte seja efetivamente tratada como mercadoria e a
maioria dos artistas, ainda que com justiça afirmem intençõ es muito ou pertencente aos cidadã os), do latim civis (cidadã o). Civil, portanto, foi usado

diferentes, seja efetivamente tratada como uma categoria de artesãos ou em inglês a partir do Sl4 e, por volta do Sl6, adquiriu os sentidos ampliados

trabalhadores especializados independentes, que produzem certo tipo de de ordeiro e educado. Em 1594, Hooker referiu-se à “sociedade civil” - uma
mercadoria marginal. expressã o que se tornaria central no S17 e especialmente no S18 -, mas o
Ver ci ENCIA, Co ixriVO, CULTURA, ESTÉT ICO, GÊNIO, I t.iDÜSTRIA, TECNOLOG IA. principal de- senvolvimento para a descriçã o de uma sociedade ordenada foi
civility, da p.i. civilitas, do latim medieval (comunidade). Civilidade foi usada
no S17 e Sl8 em contextos nos quais hoje se esperaria encontrar civilizaçã o, e
ainda em 1772, em visita a Johnson, Boswell

encontrou-o ocupado, preparando a quarta ediçâo de seu dicionário in folio


2...). Ele se recusava a admitir civilização, mas apenas civilidade. Com todo o
respeito que ele merecia, eu considerava civilização, de civilizar, melhor que
civilidade, no sentido oposto a barbdrie.

Boswell identificou corretamente o principal uso que começava a surgir e


que enfatizava não tanto um processo, mas um estado de ordem social e
refinamento, particularmente em contraste histórico ou cultural deliberado
com barbaris-
84 CIVI L I ZAÇfi O

C IV I LI ZAÇfi O 83
fortes sobre os fracosi as grandes obras realizadas em todos os cantos do globo
ano. Civilizotion apareceu no dicionário de Ash em 1775 para indicar tanto graças à cooperação de multidões.
o estado quanto o processo. Tornou-se comum por volta do final do S18 e
Essa é a gama de exemplos positivos de civilização que Mill oferece; trata-
mais marcadamente no 519.
se de uma gama totalmente moderna. Seguem-se os efeitos negativos: a perda
De certo modo, o novo sentido de civilizaçã o, a partir do final do S18, é
de independência, a criação de necessidades artificiais, monotonia,
uma combinaçã o específica das ideias de um processo e de uma condiçã o
compreensão mecânica e estreita, desigualdade e pobreza sem esperanças. O
adquirida. Tem atrá s de si o espírito geral do Iluminismo, com sua ênfase no
contraste feito por Coleridge e outros era entre civilização e cultura ou
autodesenvol- vimento humano secular e progressivo. Civilizaçã o expressou
cultivo:
esse sentido de processo histó rico, mas também celebrou o sentido associado
de modernidade: uma condiçã o adquirida de refinamento e ordem. Na reaçã o A distinçã o permanente e o contraste ocasional entre cultivo e civilizaçã o (...) A
romà ntica contra essas pretensõ es da civilizaçã o, palavras alternativas permanência da naçã o [...] e seu cará ter progressista e liberdade pessoal [...]
desenvolveram-se para exprimir outros tipos de desenvolvimento humano e de- pendem de uma civilização contínua e progressista. Mas a pró pria
outros critérios para o bem-estar humano, notadamente CULTURA (v.). No civilização não é senão um bem misto, se não uma influência muito mais
final do S18, a associaçã o de civilizaçã o com refinamento de maneiras era corruptora, a héctica da enfermidade e nà o o viço da saú de, e é mais
normal tanto no inglês como no francês. Burke escreveu em Reflexões sobre a apropriado chamar uma nação assim distinta de um povo com verniz e não de
Revolução em França: “nos- sos costumes e civilizaçã o, e todas as boas coisas
um povo polido, onde essa civilização não se ffuunnddaa nnoo ccuullttiivvoo,, nnoo
que deles decorrem"’. Aqui os termos parecem quase sinô nimos, embora
ddeesseennvvoollvviimmeennttoo hhaarrmmoonniioossoo ddaaqquueellaass
devamos obser var que maneiras tem uma referência mais ampla do que no
qquuaalliiddaaddeess ee ffaaccuullddaaddeess qquuee ccaarraacctteerriizzaamm
uso moderno corrente. A partir do início do S17, o desenvolvimento de
nnoossssaa hhuummaanniiddaaddee.. ((OOnn tthhee CCoonnssttiittuuitiioorni
civilizaçã o para seu sentido moderno, no qual se enfatiza tanto a ordem social
oo/fCChhuurrcchh aanndd SSttaattee,, VV))
e o conhecimento ordenado (mais tarde, CIhNCIA [v.]) quanto o refinamento
de maneiras e o comportamento, é, de modo geral, mais precoce no francês do NNeessssaa ppaassssaaggeemm,, éé eevviiddeennttee qquuee
que no inglés. Mas há um momento decisivo na língua inglesa nos anos 1830, CCoolleerriiddggee eessttaavvaa ccoonnsscciieennttee ddaa
quando Mill escreveu, em seu ensaio sobre Coleridge: aassssoocciiaaççããoo eennttrree cciivviilliizzaaççããoo ee pp oo lliimm eennttoo
Considere-se, por exemplo, a questã o de quanto a humanidade ganhou com a ddaass mmaanneeiirraass;; eessssee éé oo sseennttiiddoo ddoo
ci- vilizaçã o. Um observador forçosamente surpreende-se com a multiplicaçã o aarrgguumm eennttoo ssoobbrree oo vveerrnniizz,, ee aa ddiissttiinnççããoo
dos confortos materiais; o avanço e a difusão do conhecimento: a decadência lleemmbbrraa aa ccuurriioossaa jjuussttaappoossiiççããoo,, nnoo iinngglléêss ee
da su- perstição; as facilidades de intercâmbio recíproco; o abrandamento das nnoo ffrraannccêêss dd oo SS1l88,, eenn ttrr ee ppoolliisshheedd [[ppoolliiddoo]] ee
maneirasi o declínio da guerra e do conflito pessoali a limitação progressiva da ppoolliittee [[ccoorrttéêss]],, qquuee pp oo ss ss uueemm aa mmeessmmaa rraaiizz..
tirania dos MMaass aa ddeessccrriiççããoo dd ee cciivviilliizzaaççããoo ccoommoo uumm
““bbeemm mmiissttoo””,, aassssiimm ccoomm oo aa ddeessccrriiççããoo

* Trad. Renato de Assumpção Faria, Denis F. S. Pinto e Carmen Lidia R. R. Moura, 2. ed.,
mm aa ii ss eellaabboorraaddaa ffeeiittaa pp oo rr MMiillll ee sseeuuss eeffeeiittooss
Brasília, Unb, 1997, p. 102. (N. T.) ppoossiittiivvooss ee nneeggaattiivvooss,, mm aa rr cc aa oo mm oomm eennttoo
eemm qquuee aa ppaallaavvrraa ppaassssoouu aa rreepprreesseennttaarr
ttooddoo uumm pprroocceessssoo ssoocciiaall mmooddeerrnnoo.. AA
ppaarrttiirr ddaaíí,, eessssee sseennttiiddoo ttoorrnnoouu--ssee
ddoommiinnaannttee,, qquueerr ooss eeffeeiittooss ffoosssseemm
ccoonnssiiddeerraaddooss bboonn ss ,, mm aauuss oouu mmiissttooss..
NNããoo oobbssttaannttee,, eellee aaiinnddaa eerraa vviissttoo
ssoobbrree ttuu dd oo ccoommoo uumm pp rroo cc eessssoo ggeerraall ee
cceerr--
ttaammeennttee uunniivveerrssaall.. HHoouuvvee uumm
mmoo mm eennttoo ccrrííttiiccoo e e mm qquuee ssee uuss oo uu
cciivviilliizzaaççããoo nnoo pplluurraall.. IIssssoo ooccoorrrree mmaaiiss
ttaarrddiiaammeennttee ccoomm cciivviilliizzaaççõõeess dd oo qquuee
ccoomm ccuullttuurraass,-; sseeuu pp rr ii mm eeiirroo uu ss oo
mm aa nn iiffeessttoo ddeeuu--ssee eemm ffrraannccêêss
((BBaallllaanncchhee)),, eemm 11881199.. ÉÉ pp rr eecceedd iiddoo eemm
iinnggllêêss pp oo rr uussooss iimmppllíícciittooss ppaarraa rreeffeerriirr--ssee
aa uumm aa cciivviilliizzaaççããoo mm aa ii ss aannttiiggaa,, mm aass nnãã oo
éé ccoommuumm eemm lluuggaarr nn eenn hhuumm aattéé aa
ddééccaaddaa dd ee 11886600..
CI V I LI ZAÇx I CLA SSE 85 CO MUN IC AÇÃ O CO M U N I DA t03
DE

Em inglês moderno, civilicação ainda se refere a uma condiçã o ou estado


a muitos e partilhar - podem ser lidos em qualquer uma das direções, e a
geral, e ainda em contraste com selvageria ou barbarismo. Mas o relativismo
escolha de direção é frequentemente crucial. Daí a tentativa de generalizar
inerente aos estudos comparados, e com reflexos no uso de civüizações,
a distinção em duas expressões tão opostas como comunicação(ções) mani-
afetou esse sentido principal, e atualmente a palavra atrai algum adjetivo
puladora(s) e comunicação(ções) participativa(s).
definidor: civilização ocidental, civilização moderna, civilização
Ver coouM.
industrial, civiliza- çã o científica e tecnológica. Como tal, passou a ser uma
forma relativamente neutra para referir-se a qualquer ordem social ou
modo de vida adquirido, e nesse sentido tem uma relaçã o complicada e muito
discutida com o sentido social moderno de cultura. Contudo, o sentido de um COMUNI DADE [community]

estado adquirido ainda tem força suficiente para conservar alguma qualidade Comriiiinify está presente na língua inglesa desde o S14, da p.i. comuneté,
normativai assim, a ci- vilização, um modo civilizado de vida, as condiçóes do francês antigo, do latim communitatem (comunidade de relaçõ es ou
da sociedade civilizada podem ser vistos como algo que se pode perder ou sentimen- tos), da p.r. latina communis (COMUM [v.]). Fixou-se, em inglês, em
conquistar. uma gama de sentidos: (i) os comuns ou pessoas comuns, enquanto distintas
Ver CIDADE, CULTURA DESBNVOLV IM ENTO, MODERNO, OCI DENTAL, SOCIEDA DE. das pessoas de condiçã o (S14-S17); (ii) um estado ou sociedade organizada,
em seus usos mais tardios relativamente pequena (do S14 em diante); (iii) as
pessoas de um distrito (do S18 em diante); (iv) a condiçã o de possuir algo
em comum, como em comunidade de interesses, comunidade de bens (do
S16 em diante); (v) um senso de identidade e características comuns (S16 em
diante). Veremos que os sentidos (i) a (iii) indicam grupos sociais reais; os
sentidos (iv) e (v), uma qualidade específica de relação (como em
communitas j. Desde o S17, há sinais da distinçã o que se tornou
particularmente importante do Sl9 em diante e pela qual se percebia que
comunidade era mais imediata do que SOCIEDADE (v.), embora se deva
lembrar que a pró pria sociedade teve esse sentido mais imediato até o S18,
e que sociedade civil (ver CIVILIZAÇAO) foi originalmente, como sociedade e
comunidade nesses usos, uma tentativa de fazer uma distin- çã o entre o
conjunto de relaçõ es diretas e o estabelecimento organizado do reino ou do
Estado. A partir do S19, o sentido de proximidade ou de localidade
desenvolveu-se rigorosamente no contexto das sociedades industriais maiores
e mais complexas. A palavra comunidade foi normalmente escolhida para
referir-se aos experimentos em um tipo alternativo de vida em grupo. Ainda
é usada nesse sentido e se lhe agregou, em um sentido mais limitado, a
palavra comuna (o francês commune - menor divisã o administrativa — e o
alemã o
C RIT I Cx ! c u rT U Rx 117

104 CO M U N I DADE

se mantém a mesma espécie de atividade, mas livrar-se do hábito, que


Gemeinde - divisã o civil e eclesiá stica — haviam interagido entre si e com depende íundamentalmente da abstraçã o da resposta de sua situaçã o e
comunidade, e também entraram no pensamento socialista — especialmente circunstâ ncias reais: a elevaçã o ao cará ter de “juízo” e a um processo
comuna — e na sociologia — especialmente Gemeinde - para expressar tipos aparentemente geral, quando o que é preciso compreender é a
específicos de relaçõ es sociais). O contraste, expresso de modo crescente no especificidade da resposta, que nã o é um “juízo” abstrato, mas uma prá tica
S19, entre as relaçõ es mais diretas, mais totais e portanto mais significativas definida em relaçõ es ativas e complexas com sua situaçã o e contexto totais,

de comunidade e as relaçõ es mais formais, mais abstratas e mais instrumen- mesmo quando inclui, como é frequen- temente necessá rio, respostas

tais de Estado ou de sociedade em seu sentido moderno foi formalizado de positivas ou negativas.
Ver CONSUMID OR, ESTÉTICO, G OSTO, SEN SI B IU DADE.
maneira decisiva por Tö nnies (1887) como um contraste entre Gemeinschaft
e Gesellschaft,- esses termos à s vezes sã o usados ainda hoje em outras línguas
na forma original. Uma distinçã o compará vel é evidente nos usos de comu-
nidade de meados do S20. Em alguns deles, foi-lhes conferida uma agudeza CULTURA [culture
polêmica, como em política comunitária, que se distingue näo apenas de
Culture é uma das dnas ou três palavras mais complicadas da língua inglesa.
politics nacional, mas de politics local formal e, via de regra, envolve diversos
Isso ocorre em parte por causa de seu intrincado desenvolvimento histó rico
tipos de açã o e de organizaçã o local diretas, “trabalhar diretamente com as
em diversas línguas europeias, mas principalmente porque passou a ser usada
pessoas”, e como tal se distingue de “serviço para a comunidade”, que tern um
para referir-se a conceitos importantes em diversas disciplinas intelectuais
sentido mais antigo de trabalho voluntá rio suplementar à provisä o oficial ou
distintas e em diversos sistemas de pensamento distintos e incompatíveis.
ao serviço pago. A complexidade de comunidade, portanto, diz respeito à
A p.i. é o latim cultura, da p.r. colere. Colere tinha uma gama de
difícil interaçä o entre as tendências originalmente distintas no
significados: habitar, cultivar, proteger, honrar com veneraçã o. Alguns
desenvolvimento histó rico: por um lado, o sentido de um interesse comum
desses significados finalmente se separaram nos substantivos derivados,
direto; por outro, a materializa- çã o de diversas formas de organizaçã o
embora ainda haja su- perposiçõ es ocasionais. Dessa maneira, “habitar”
comum, que pode ou nã o expressá -la de maneira adequada. Comunidade pode
desenvolveu-se do latim colours ate chegar a colony [coló nia]. “Honrar com
ser a palavra calidamente persuasiva para descrever um conjunto existente de
veneraçã o” desenvolveu-se do latim cultus ate chegar a cult [culto]. Culture
relaçõ es, ou a palavra calidamente persuasiva para descrever um conjunto
assumiu o sentido principal de cultivo ou cuidado, incluindo, como em
alternativo de relaçõ es. O mais importante, talvez, é que, diferentemente de
Cícero, culture animi, embora com significados medievais subsidiá rios de
todos os outros termos de organizaçã o social (Esfodo, naçäo, sociedade etc.),
honra e adoraçã o (cf., em inglês, cultu- ra como “adoraçã o” em Caxton,
ela parece jamais ser usada de modo desfavorável e nunca
1483). As formas francesas dO liltim Culture eram couture, do francês antigo,
receber nenhum termo positivo de oposiçã o ou de distinção.
que a partir de então desenvolveu seu pró prio sentido especializado, e mais
Ver civ iLi Znçño, come, COMUN ISMO, NAC IONALI STA, SO CIE DA DE.
tarde culture, que por volta do início do S15 havia passado para o inglês. O
sentido primordial referia-se, entã o, a lavoura, isto é, o cuidado com o
crescimento natural.
Em todos os primeiros usos, cultura era um substantivo que se referia a
um processo: o cuidado com algo, basicamente com as colheitas on com os
animais.
118 C U LT UR A argumentação, Milton escreve CULTURA

O subsidiário coulter (relha de arado) tomou um rumo linguístico diferente


sobre
a partir do latim culter (relha de arado) passando pelo inglés antigo culter até che-
um
gar às ortografias inglesas variantes culter, colter, coulter e, até mesmo no
proces
início do S17, culture (Webster, A Duquesa de Malfi, III, ii: "relhas de arado
so
[alhures] em brasas”). Isso proporcionou outra base para a etapa seguinte e
social
importante de significado, por metaforização. A partir do princípio do S16, o
geral,
cuidado com o crescimento natural ampliou-se para incluir o processo de
e esse
desenvolvimento humano, e esse, ao lado do significado original relativo a
é um
lavoura, foi o sentido principal até o final do Sl8 e início do 519. Daí More:
estági
“para a cultura e o pro- veito de suas mentes”; Bacon: “a cultura e o cultivo das
o
mentes” (1605); Hobbes: “uma cultura de suas mentes” ( 1651); Johnson: "ela
defini
negligenciou a cultura de seu discernimento" (1759). Em diversos momentos
do de
do desenvolvimento, ocor- reram duas mudanças cruciais: em primeiro
desen
lugar, certo grau de adaptaçã o à metáfora, que tornou direto o sentido de
volvi
cuidado humano; em segundo lugar, uma extensão dos processos específicos ao
mento
processo geral, que a palavra poderia carregar de modo abstrato.
Naturalmente, é a partir deste ú ltimo desenvolvi- . da

mento que o substantivo independente cultura iniciou sua complicada histó ria Inglat
erra
moderna, mas o processo de mudança é tã o intrincado, e os sentidos latentes
setece
às vezes se aproximam tanto, que não é possível afirmar uma data
ntista,
definitiva. Como substantivo independente, cultura - processo abstrato ou o
esse
produto de tal processo - só passa a ser importante no final do S18 e nã o é
proce
comum antes de meados do S19. Há um uso interessante em Milton, na
sso
segunda edição revisada de The Readie and Easie Way to Establish a Free
geral
Commonwealth (1660):
adquir
difundir muito mais conhecimento e civilidade, e até religião, por todos os lugares iu
do país, comunicando o calor natural do governo e da cultura de modo mais associ
bem distribuído a todas as partes extremas, que hoje permanecem no aturdimento açõ es
e na ignorância. defini
das de
Aqui, o sentido metafó rico (“calor natural”) ainda parece presente, e ainda
classe
se diz civilidade (cf. CIVILIZAÇÃ O) quando, no 519, se esperaria
apesa
normalmente cultura. Contudo, pode-se igualmente ler "governo e cultura”
em um sentido bastante moderno. De acordo com o teor de sua r de
cultivo e ciiltivado serem mais comumente usados com esse significado. Mas há uma 119
carta de 1730 (do bispo de Killala para Mrs. Clayton, citada em England in the Eighteenth
Century, de Plumb) que tem esse sentido ilaro: “não tem sido costume entre pessoas de
nascimento ou cultura criar seus tilhos para a Igreja'* Akenside í Pleasures of lmagination,
1744) escreveu: “nem berço de ouro nem cultura podem outorgar”; Wordsworth escreveu:
“onde se desconhece completamente a graça da cultura" (1805); e Jane Austen (Emma,
1816):“todas as vantagens da disciplina e da cultura’'
Desse modo, fica claro que cultura se desenvolvia em inglés para alguns de seus
sentidos modernos antes dos efeitos decisivos de um novo movimento social e intelectual. No
entanto, para seguir a evolução por meio desse movimento, no fim do Sl8 e princípios do
S19, temos de examinar também os desenvolvimen- tos em outras línguas, especialmente
no alemã o.
No francés, até o S18, cultura sempre esteve acompanhada de uma forma gramatical
indicativa do assunto que se cultivava, tal qual no uso em inglés já assinalado. Sua
utilizaçã o ocasional como substantivo independente data de meados do 518, bem
posterior a usos ocasionais semelhantes em inglês. O substantivo independente civilização
também surgiu em meados do 518; a partir de então, sua relação com cultura é muito
complicada (cf. CIVILIZAÇÃ O e a dis- cussão a seguir). Havia nessa época um
desenvolvimento importante em alemão: a palavra foi empreitada do francês, primeiro
grafada Cultur e, a partir do S19, Kultur. Seu principal uso era ainda corno sinô nimo de
civilização: primeiro, no sentido abstrato de um processo geral de tornar-se "civilizado” ou
‘cultivado”; segundo, no sentido que já fora estabelecido para civilização pelos historiadores
do Iluminismo, na popular forma setecentista das histó rias universais, como uma
descrição do processo secular de desenvolvimento humano. Então, Herder introduziu uma
mudança decisiva de uso. Em sua obra inacabada Auch eine Phílosophie der Geschichte zur
Bildung der Menscheit [Sobre a filosofia da história para a educação da humanidade] (1784-
91), ele escreveu a respeito de Cultur: “nada é mais indeterminado que essa palavra e
nada mais enganoso que sua
Menschheit -
120 CULTURA

aplicação a todas as nações e a todos os períodos”. Ele atacava o pressuposto das *História
histórias universais de que “civilização" ou “cultura" — o autodesenvolvimento cultural
histórico da humanidade — fosse o que hoje chamaríamos de processo unilinear geral da
e conduziria ao ponto alto e dominante da cultura europeia do 518. Na verdade, humanid
atacava o que chamava de subjugação e dominação europeias dos quatro ade”
cantos do globo e escrevia: (1843-
52) — de
Homens de todas as regiões do globo que haveis perecido ao longo das épocas,
G. F.
não vivestes apenas para adubar a terra com vossas cinzas, para que ao final dos
Klemm,
tempos a cultura europeia derramasse felicidade sobre vossa posteridade. A
que
própria ideia de uma cultura europeia superior é um insulto flagrante à
traçava o
majestade da Natureza.
desenvol
Argumentava que era necessário, no que consistia uma inovação decisiva, vimento
falar de “culturas" no plural: culturas específicas e variáveis de diferentes humano
naçöes e períodos, mas também culturas específicas e variáveis dos grupos desde a
sociais e eco- nòmicos no interior de uma nação. Esse sentido desenvolveu-se selvager
amplamente no movimento romàntico como alternativa ao ortodoxo e ia ate a
dominante “civifi- zaçõo". Primeiro, foi usado para enfatizar as culturas liberdad
nacionais e tradicionais, incluindo o novo conceito de cultura popular (cf. e,
FOLK). Mais tarde, passou a ser usado para atacar o que era visto como o passand
caráter “MECÂNICO" (v.) da nova civilização que então emergia: tanto por seu o pela
racionalismo abstrato quanto pela “inumanidade" do desenvolvimento domesti
industrial da época. O termo foi usado para distinguir desenvolvimento cação.
“humano" do "material". Politicamente, como era frequente no período, Embora
oscilava entre o radicalismo e a reação e não raras vezes, na confusão de o
importantes mudanças sociais, fundia elementos de ambos. (Também seria antropól
necessário salientar, embora isso só aumente a real complicação, que Humboldt
ogo
e outros fizeram o mesmo tipo de distinção, principalmente entre
norte-
desenvolvimento “material" e “espiritual", mesmo ate 1900, com uma
america
inversão dos termos: cultura material e civilização espiritual. Em geral, no
no
entanto, predominava a distinção oposta.)
Morgan,
Por outro lado, a partir da década de 1840, na Alemanha, utilizava-se Kufftir
ao
em um sentido muito parecido com o que tivera civilizaçäo nas histórias univer-
rastrear
sais do Sl8. A inovação decisiva foi All emeine Kultur eschichte der
es-
tágios comparáveis, tenha usado “sociedade antiga", culminando em civifiznçõo, o
121
sentido que lhe deu Klemm se manteve e foi seguido diretamente em inglês por
Tylor em Primitive Culture (1870). O sentido predominante nas ciências sociais
modernas deve ser traçado segundo essa linha de referência.
É possível avaliar, portanto, a complexidade do desenvolvimento e do uso
modernos da palavra. É fácil distinguir o sentido que depende de uma conti-
nuidade literal do processo físico, como hoje em “cultura de beterraba’, ou, na
aplicação física especializada em bacteriologia desde a década de 1880, “cultura de
germes". Mas, quando vamos além da referência física, temos de reconhecer três
categorias amplas e ativas de uso. Já discutimos as fontes de duas delas:
i) o substantivo independente e abstrato que descreve um processo de desen-
volvimento intelectual, espiritual e estético, a partir do S18; (ii) o substantivo
independente, quer seja usado de modo geral on específico, indicando um modo
particular de vida, quer seja de um povo, um período, um grupo ou da
humanidade em geral, desde Herder e Klemm. Mas também é preciso reconhe- cer
(iii) o substantivo independente e abstrato que descreve as obras e as práti- cas
da atividade intelectual e, particularmente, artística. Com frequência, esse parece
ser hoje o sentido mais difundido: cultura é música, literatura, pin- tura,
escultura, teatro e cinema. Um Ministério da Cultura refere-se a essas
atividades específicas, algumas vezes com o acréscimo da filosofia, do saber
acadêmico, da história. O uso (iii) é, na verdade, relativamente tardio. É difícil
datá-lo com precisão porque é, na origem, uma forma aplicada do sentido (i):
aplicou-se e transferiu-se a ideia de um processo geral de desenvolvimento
intelectual, espiritual e estético às obras e às práticas que o representam e sus-
tentam. Mas também se desenvolveu a partir do sentido anterior de processo; cf.
“cultura progressiva das belas-artes”, em Millar Htstorical View of the English
Government, IV, 314 (1812). Em inglês, (i) e (iii) estão ainda próximos; às vezes, por
razões internas, são indiscerníveis, como em Arnold, Culture and Anarchy
(1867); ao passo que o sentido (ii) foi decididamente introduzido no inglês
122 C U LT UR A
CULTURA t23

por for, em Primitive Culture (1870), na esteira de Klemm. O desenvol-


palavra complexa indica. A complexidade, vale dizer, não está, afinal, na palavra
vimento decisivo do sentido (ii) em inglês ocorreu no final do Sl9 e início
mas nos problemas que as variações de uso indicam de maneira
do S20.
significativa.
Diante dessa complexa e ainda ativa histó ria da palavra, é fácil reagir com fi necessá rio examinar, igualmente, as palavras associadas e derivadas. Cul-
a escolha de um sentido “verdadeiro'” “adequado” ou “científico" e descartar tivo e cultivado sofreram a mesma extensão metafó rica de um sentido
ou- tros sentidos por serem vagos ou confusos. Há provas dessa reaçã o físico para um sentido social ou educacional no 517; eram palavras
mesmo no excelente estudo de Kroeber e Kluckhohn, Culture: a Critical Review particularmente significativas no S18. Coleridge, ao fazer uma distinção
ofConcepts and Definitions, em que o uso na antropologia norte-americana é típica do início do S19 entre civilização e cultura, escreveu (1830): “a
adotado como norma. É claro que, em uma disciplina, é preciso esclarecer o distinção permanente, e o con- traste ocasional, entre cultivo e civilização‘' O
uso conceitual. Mas, em geral, o que é significativo é o leque e a sobreposiçã o substantivo, nesse sentido, efeti- e-amente desapareceu, mas o adjetivo ainda é
de sentidos. O complexo de significados indica uma argumentação complexa bastante comum, especialmente em relação aos costumes e gostos. O
sobre as relaçõ es entre desenvolvimento humano geral e um modo específico importante adjetivo cultural parece datar da década de 1870 e tornou-se
de vida, e entre am- bos e as obras e práticas da arte e da inteligência. É comum por volta da década de 1890. A palavra só esteve disponível no
particularmente interessante que, na arqueologia e na antropologia cultural, a sentido moderno quando o substantivo independente, nos sentidos artístico,
referência a cultura ou a uma cultura aponte primordialmente a produçã o intelectual ou antropoló gico, tornou-se familiar. A hos- tilidade à palavra
material, enquanto na histó ria e nos estudos culturais a referência indique cultura em inglês parece datar da controvérsia a respeito das posições de
fundamentalmente os sistemas de sig- nificação ou simbólicos. Isso confunde Arnold. Ganhou força no final do Sl9 e início do S20, em associação com igual
amiú de, mas, ainda mais frequentemente, esconde a questão central das hostilidade a esteta e ESTÉ TICO (v.). Sua associação com distinçõ es de

relaçõ es entre produção “material” e “simbó lica’, que em algumas discussõ es classe produziu o arremedo culchah‘. Havia também uma área de hostili-
dade associada ao sentimento antialemão, durante e apó s a Primeira
recentes — cf. meu pró prio Cultura - foram mais relacionadas do que
Guerra, em relação à propaganda sobre Ktiffur. A área central de hostilidade
contrastadas. Nessa complexa argumentaçã o, há posiçõ es fundamentalmente
persistiu, e um de seus elementos foi enfatizado pela recente expressão
opostas e também efetivamente superpostas; há ainda — o que é
norte-americana cultura-vulture [cultura-abutre]. É significativo que
compreensível — muitas questõ es não resolvidas e respostas confusas. Mas não
praticamente toda a hostilidade (com a ú nica exceção da temporária
se podem resolver esses argumentos e questões reduzindo-se a complexidade do
associação antialemã) tenha sido vinculada aos usos que envolviam
uso real. Esse ponto é relevante também aos usos de formas da palavra em
afirmaçõ es de conhecimento superior (cf. o substantivo INTELECTUAL),
outras línguas além do inglês, em que existem variaçõ es considerá veis. O uso
refinamento (culchah) e distinçõ es entre arte “alta” (cultura) e arte e
antropoló gico é comum nos grupos linguísticos alemã o, escandinavo e
entretenimento populares. Ela registra, portanto, uma história social real e
eslavo, mas subordina-se de maneira distinta aos sentidos de arte e de
uma fase muito difícil e confusa do desenvolvimento social e cultural. É
erudiçã o ou de um processo geral de desenvolvimento humano em italiano e
interessante que o uso social e antropoló gico em constante expansão de
francês. Entre línguas, assim como no interior delas, o leque e a cultura e cultural e de formações como subcultura (a cultura de um grupo
complexidade de sentidos e referências indicam tanto a diferença de posiçào discernível menor) tenha ou eludido ou diminuído a hostilidade e o
intelectual quanto algum obs- curecimento ou sobreposição. Essas variaçõ es,
de qualquer espécie, envolvem necessariamente visões alternativas das Ê como soa a palavra culture quando pronunciada por pessoas de alto nível sociocultural.
atividades, relações e processos que essa (N. T.)
124 C ULT U RA

mal-estar e embaraço que lhe são associados, exceto em certas áreas


(notada- mente no entretenimento popular). O uso recente de culturalisma
para indicar um contraste metodoló gico com estruturalismo na aná lise social
mantém muitas das dificuldades anteriores e nem sempre evita a
hostilidade.
Ver aNT ROPOLOGIA, ARTE, CIÉNCIA, CIV ILIZAÇÃO, DESENVOLVI MENTO,
ESTÉ- TICO, FOLK, H UMANI DA DE, OCIDENTAL.

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