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CONTABILIDADE GERAL

para o Exame de Suficiência do CFC

Bacharel em Ciências Contábeis


Michael Dias Correa

CONTABILIDADE
GERAL

O livro é a porta que se abre para a realização do homem.


Jair Lot Vieira con cursos

con cursos
CONTABILIDADE GERAL
para o Exame de Suficiência do CFC
Michael Dias Correa
1ª edição 2011

© desta edição: Edipro Edições Profissionais Ltda. – CNPJ nº 47.640.982/0001-40


Sumário
Editores: Jair Lot Vieira e Maíra Lot Vieira Micales
Produção editorial: Murilo Oliveira de Castro Coelho
Revisão: Sandra Mara Doretto
Arte: Karina Tenório e Simone Melz

Dados de Catalogação na Fonte (CIP) Internacional


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) capítulo 1 Escrituração contábil............................................. 11
1.1. Classificação e representação gráfica das contas............. 12
Correa, Michael Dias
Contabilidade geral para o exame de suficiência : elaborado de acordo
1.2. Contas sintéticas, analíticas e redutoras........................... 14
com a resolução n. 1301, de 17 de setembro de 2010, do Conselho Federal 1.3. Livros contábeis..................................................................... 15
de Contabilidade / Michael Dias Correa. – São Paulo : EDIPRO, 2011. –
(Coleção exame de suficiência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)) 1.4. As variações patrimoniais..................................................... 17
1.4.1. Investimentos iniciais ou adicionais de capital.................. 18
Bibliografia. 1.4.2. Receitas, despesas, resultado econômico e contas de
ISBN 978-85-7283-698-2 compensação............................................................................ 19
1. Contabilidade I. Título. II. Série. 1.5. Representação gráfica dos estados patrimoniais............... 21
1.6. Regimes contábeis: de caixa e de competência................ 24
11-07106 CDD-657 1.6.1. Regime de competência..................................................... 25
Índices para catálogo sistemático: 1.6.2. Regime de caixa................................................................. 26
1. Contabilidade : Exame de suficiência 657 1.6.3. Regime misto..................................................................... 26
2. Exame de suficiência : Contabilidade 657

capítulo 2 Medidas preliminares à elaboração de


demonstrações contábeis............................................................ 29
2.1. Balancete de verificação....................................................... 29
2.2. Conciliações e retificações de saldos de contas................ 31
edições profissionais ltda. 2.3. As provisões e os diferimentos............................................. 33
São Paulo: Fone (11) 3107-4788 – Fax (11) 3107-0061
Bauru: Fone (14) 3234-4121 – Fax (14) 3234-4122 2.4. O inventário de mercadorias e de materiais...................... 37
www.edipro.com.br 2.4.1. Inventário periódico........................................................... 37
6 CON TA BILIDA DE GER A L Sumário 7

2.4.2. Inventário permanente....................................................... 37 5.1.1.3. Tipos de ativos........................................................... 69


5.1.1.4. Definição de passivo................................................... 70
2.5. Resultado com mercadorias................................................. 38
5.1.1.5. Reconhecimento do passivo....................................... 71
2.5.1. Impostos que afetam as mercadorias................................. 40
5.1.1.6. Tipos de passivos........................................................ 72
5.1.1.7. Definição de patrimônio líquido................................. 73
capítulo 3 A avaliação dos ativos e passivos.......................... 47 5.1.1.7.1. Reservas............................................................. 74
3.1. Avaliação dos ativos............................................................... 47 5.2. Demonstração do resultado do exercício........................... 74
3.1.1. Ativo circulante.................................................................. 47
5.3. Demonstração de lucros e prejuízos acumulados............. 76
3.1.2. Ativo não circulante........................................................... 48
5.4. Demonstração das mutações do patrimônio líquido........ 77
3.1.3. Valor justo.......................................................................... 49
5.5. Demonstração de valor adicionado..................................... 79
3.2. Avaliação dos passivos.......................................................... 50
5.6. Demonstração do fluxo de caixa......................................... 82
3.3. Considerações sobre avaliação de ativos e de passivos.... 51
5.6.1. Método direto.................................................................... 84
3.4. Relação com os princípios contábeis.................................. 52 5.6.2. Método indireto................................................................. 87
3.4.1. Princípio do registro pelo valor original.............................. 52
3.4.2. Princípio da atualização monetária.................................... 52
capítulo 6 Consolidação das demonstrações contábeis..... 91
3.5. Método da equivalência patrimonial.................................. 53
3.5.1. Controlada e controladora................................................. 54 6.1. A legislação societária........................................................... 93
6.1.1. Comissão de Valores Mobiliários (CVM)........................... 94
3.5.2. Coligada............................................................................ 55
6.1.2. Controladas não consolidadas............................................ 94
3.5.3. Equiparada à coligada........................................................ 56
3.5.4. Investimento relevante...................................................... 57 6.2. Conceitos básicos.................................................................. 95
capítulo 4 Reconhecimento de receitas e despesas.......... 59 6.2.1. Demonstrações contábeis consolidadas............................. 95
6.2.2. Consolidação do ponto de vista societário e fiscal.............. 96
4.1. Receitas.................................................................................. 59
6.2.3. Consolidação do ponto de vista do investidor ou credor.... 97
4.1.1. Natureza das receitas......................................................... 60
6.3. Técnicas de consolidação..................................................... 97
4.1.2. Características das receitas................................................ 60
6.3.1. Necessidade de uniformidade de critérios contábeis entre
4.1.3. Reconhecimento das receitas............................................ 61
as empresas consolidadas........................................................... 98
4.2. Despesas................................................................................. 62
6.4. Eliminações de consolidação............................................... 98
4.2.1. Confrontamento das receitas com as despesas.................. 63
6.4.1. Saldos de balanços............................................................. 98
4.2.2. Reconhecimento da despesa.............................................. 63
6.4.1.1. Duplicatas a receber.................................................. 99
6.4.1.2. Investimentos............................................................. 99
capítulo 5 A elaboração das demonstrações contábeis.... 65 6.4.1.3. Contas-correntes...................................................... 100
5.1. Balanço patrimonial.............................................................. 66 6.4.2. Saldos das demonstrações dos resultados do exercício.... 100
5.1.1. Estrutura do balanço patrimonial....................................... 66 6.4.2.1. Vendas...................................................................... 100
5.1.1.1. Definição de ativo...................................................... 68 6.4.2.2. Comissões sobre vendas e juros............................... 101
5.1.1.2. Características do ativo.............................................. 69 6.5. Papéis de trabalho............................................................... 101
8 CON TA BILIDA DE GER A L Sumário 9

6.6. Lucros nas transações intercompanhias.......................... 102 7.4.3. Formação do capital......................................................... 122
6.6.1. Introdução....................................................................... 102 7.4.4. Direito de retirada no processo de reorganização............. 123
6.6.2. Juros, comissões e outras receitas intercompanhias......... 103 7.4.5. Direito dos credores na incorporação e fusão.................. 123
6.6.3. Dividendos....................................................................... 103 7.4.6. Direito dos credores na cisão........................................... 124
6.7. Tratamento contábil e legal das participações 7.4.7. Averbação da sucessão..................................................... 124
minoritárias.................................................................................. 104 7.5. Incorporação........................................................................ 124
6.7.1. Fundamento.................................................................... 104 7.5.1. Conceito.......................................................................... 124
6.7.2. Tratamento legal e apresentação no balanço 7.5.2. Aspectos contábeis e legais.............................................. 125
patrimonial............................................................................ 105 7.5.3. Incorporação de sociedades sob controle comum............ 126
6.7.3. Apuração do valor da participação minoritária................. 105 7.6. Fusão..................................................................................... 129
6.7.3.1. No balanço consolidado........................................... 106 7.6.1. Conceito.......................................................................... 129
6.7.3.2. Na demonstração do resultado do exercício............. 108 7.6.2. Aspectos contábeis e legais.............................................. 130
6.8. Tratamento de impostos no processo de consolidação.... 109 7.6.3. Fusão a valores de mercado............................................. 131
6.8.1. Imposto de renda na transação com ativos....................... 109 7.7. Cisão..................................................................................... 135
6.8.2. ICMS e IPI...................................................................... 110 7.7.1. Conceito.......................................................................... 135
6.9. Tratamento dos itens não realizados em operações 7.7.2. Responsabilidade dos sucessores na cisão....................... 135
intercompanhias.......................................................................... 112 7.7.3. Cisão parcial.................................................................... 136
6.9.1. Lucro nos estoques.......................................................... 112 7.7.4. Cisão total....................................................................... 137
6.9.1.1. Situações de ocorrência........................................... 112 7.7.5. Substituição e atribuição das ações................................. 137
6.9.1.2. Fundamento............................................................. 113 7.7.6. Aspectos contábeis e legais.............................................. 137
6.9.2. Lucro nos bens permanentes........................................... 114 7.7.6.1. Exemplo................................................................... 138
6.9.2.1. Introdução................................................................ 114
7.8. Aspectos contábeis, fiscais e tributários das operações
6.9.3. Lucro ou prejuízo em investimentos................................ 114
de reorganização societária........................................................ 140
6.9.4. Lucro ou prejuízo em bens imobilizados.......................... 116
7.8.1. Tratamento do ágio/deságio.............................................. 140
6.10. Ágio..................................................................................... 117 7.8.2. Roteiro para contabilização.............................................. 142
7.8.3. Aspectos fiscais e tributários............................................ 142
capítulo 7 Combinação de negócios...................................... 119 7.8.4. Declaração de rendimentos e pagamento de imposto...... 143
7.8.5. Compensação de prejuízos fiscais.................................... 143
7.1. Reorganização societária – aspectos introdutórios da
7.8.6. Formas de finalização....................................................... 143
incorporação................................................................................ 119
7.8.6.1. Dissolução................................................................ 143
7.2. Formas de concentração.................................................... 119
7.8.6.1.1. Formas de dissolução.........................................143
7.3. Transformação..................................................................... 120 7.8.6.2. Efeitos...................................................................... 144
7.4. Aspectos legais na incorporação, cisão e fusão............... 121 7.8.7. Liquidação....................................................................... 144
7.4.1. Protocolo......................................................................... 122 7.8.7.1. Liquidação pelos órgãos da companhia.................... 144
7.4.2. Justificativa...................................................................... 122 7.8.7.2. Liquidação judicial................................................... 144
10 CON TA BILIDA DE GER A L

7.8.7.3. Deveres do liquidante.............................................. 145


7.8.7.4. Poderes do liquidante............................................... 145
7.8.7.5. Denominação “em liquidação”................................. 146
7.8.7.6. Assembleia geral....................................................... 146
7.8.7.7. Pagamento do passivo.............................................. 146
7.8.7.8. Partilha do ativo....................................................... 147
7.8.7.9. Prestação de contas.................................................. 147
7.8.7.10. Responsabilidade na liquidação............................. 147
7.8.7.11. Direito do credor não satisfeito.............................. 147
7.8.8. Extinção........................................................................... 148
7.8.8.1. Encerramento da liquidação.................................... 148
7.8.8.2. Incorporação por outra sociedade, fusão ou
cisão total........................................................................ 148

capítulo 8 Exercícios...................................................................... 149

Referências.......................................................................................... 207
capítulo ∙ 1

Escrituração contábil

A escrituração contábil é a técnica responsável pelo registro de


todos os fatos contábeis de uma entidade, segundo os princípios e as
normas contábeis, com o objetivo de evidenciar as situações econômica,
financeira e patrimonial das entidades submetidas a tal avaliação, além
dos resultados obtidos em um determinado período de tempo, o qual
é denominado exercício social (MARION, 2009).
Tem como objetivo o estudo, o controle e a geração de informa-
ções e orientações acerca do estado patrimonial e de suas variações.
Para que sejam efetuados todos os registros dos atos e dos fatos que
figurarão no patrimônio empresarial e no balanço patrimonial contá-
bil, é utilizada a técnica do registro contábil, por meio do método das
partidas dobradas.
No entanto, é necessário, inicialmente, que seja compreendido o
método das partidas simples, o registro único dos fatos contábeis, em que
apenas um elemento patrimonial é utilizado, ou seja, um valor no débito
contábil ou no crédito contábil, sem a necessidade de registro de outros
componentes patrimoniais. Pela evidente deficiência, por não permitir o
controle amplo do patrimônio, não é mais usado nos dias atuais.
Pelo seu mecanismo simplificado, o método das partidas dobra-
das é um método largamente utilizado e que possui como princípio
fundamental o fato de que o registro de qualquer operação financeira
implica débito contábil em uma ou mais contas, gerando a necessidade
de semelhante crédito (igual valor), também em uma ou mais contas.
12 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 13

Sendo assim, a soma dos valores debitados deve ser sempre igual à QUADRO 1 – EVIDENCIAÇÃO DE CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO

soma dos valores creditados (MARION, 2009). O que vai definir o Contas patrimoniais Contas de resultado
saldo final de cada conta contábil é a diferença entre os valores debi- ativo passivo • Receitas
tados e creditados nela. - venda de mercadorias ou
• bens: • obrigações: serviços
É importante citar que o sistema de escrituração contábil se utiliza - caixa - fornecedores - descontos obtidos
de distintas maneiras para registrar os fatos contábeis, evoluídos com - contas-correntes - salários a pagar - comissões obtidas
o passar do tempo. Consequentemente, existem os sistemas manual e - terrenos - contas a pagar - aluguéis ativos
eletrônico. Vejamos alguns detalhes sobre eles: • direitos: • patrimônio líquido: • Despesas
• manual: o registro é feito nos livros de escrituração de ma- - clientes - capital social - custo das mercadorias
neira manual; - contas a receber - reservas vendidas
- duplicatas a receber - lucros ou prejuízos - Salários
• informatizado ou eletrônico: utilizam-se computadores para o - material de expediente
registro dos fatos contábeis.
A representação gráfica das contas nada mais é do que o respectivo
registro em folhas ou fichas individuais. O conjunto desses registros
1.1. Classificação e representação gráfica das contas forma o livro contábil chamado razão, no qual cada ficha é utilizada
para uma conta específica. Os elementos mínimos necessários para
Tratando-se de contabilidade, as contas são classificadas da se-
cada registro são os seguintes: valores a débito e a crédito, data, histó-
guinte maneira:
rico e saldo da conta. Um modelo de razão utilizado largamente pelas
a) contas patrimoniais: representam os elementos que compõem
empresas é especificado conforme o quadro que segue:
o patrimônio, ou seja, o ativo (conjunto de bens e direitos) e o
passivo (conjunto das obrigações e patrimônio líquido); QUADRO 2 – MODELO DE LIVRO RAZÃO
b) contas de resultado: registram as variações patrimoniais das
Título da conta: caixa
empresas, determinando também o resultado do exercício, evi-
denciado pelo lucro ou pelo prejuízo. Dividem-se, conceitual- Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C

mente, em receitas e despesas. As despesas são representadas recebimento


pela utilização de recursos e de serviços, sempre com o objetivo 11/03/2011 da duplicata 100 … 100 d
nº 37/2011
maior de geração de receitas, como é o caso de seguros, água
e esgoto, manutenção, etc. No caso das receitas, normalmente pagamento de
18/03/2011 conta de energia … 30 70 d
são provenientes da venda de bens ou de serviços, por meio de elétrica, cf. conta
juros resultantes de aplicações financeiras, descontos obtidos,
dentre outras formas. Existe outra forma para que sejam corretamente evidenciados os
Com o objetivo de deixar mais clara a estrutura das contas patri- saldos das contas no livro razão, chamada razonete ou “conta em T”. Essa
moniais e de resultado, o quadro seguinte mostra as contas do balanço maneira é apenas uma simplificação da ficha vista anteriormente no qua-
patrimonial (contas patrimoniais) e as contas da demonstração do re- dro, onde apenas são destacados o título da conta e duas colunas, sendo
sultado do exercício (contas de resultado): uma para os débitos (coluna da esquerda) e outra para os créditos (coluna
14 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 15

da direita). Para que seja obtido o saldo de cada conta, deve-se realizar contas analíticas, os totais do ativo, do ativo circulante, das disponi-
o cálculo da soma de cada coluna. A diferença será o saldo da conta. bilidades e do caixa geral serão automaticamente aumentados em R$
950,00 (R$ 500 do caixa matriz e R$ 450,00 do caixa filial).
Normalmente, as empresas apresentarão as suas demonstrações
1.2. Contas sintéticas, analíticas e redutoras
contábeis com um grande número de contas com saldos positivos, e
Na estrutura de contas de uma empresa qualquer, as contas sinté- estas aumentam a estrutura patrimonial daquelas. No entanto, existem
ticas, também chamadas “contas de primeiro grau”, indicam grupos de contas denominadas retificadoras ou redutoras, as quais apresentam
contas de mesma natureza. As contas sintéticas podem ser divididas em um saldo contrário ao do grupo pertencente. Dessa forma, tais contas
diversas subcontas, chamadas de contas analíticas, também conhecidas do ativo têm saldos credores; já as do passivo e do patrimônio líquido
como “contas de segundo grau”. têm seus respectivos saldos devedores.
A seguir, o quadro mostra um exemplo dessa situação dentro da O quadro seguinte mostra alguns exemplos de contas retificadoras,
estrutura do ativo: juntamente com os seus grupos dentro do balanço patrimonial:

QUADRO 3 – GRAUS DAS CONTAS CONTÁBEIS QUADRO 4 – CONTAS RETIFICADORAS

Código Descrição Grupo Conta

1 ativo (subdivisão patrimonial) - duplicatas descontadas


- provisão para ajustes ao valor de mercado
1.1 ativo circulante (subgrupo do ativo) - deságio de investimentos
ativo - depreciação acumulada
1.1.1 disponibilidades é um subgrupo do ativo circulante
- exaustão acumulada
1.1.1.1 caixa geral é uma conta de primeiro grau - amortização acumulada
- provisão estimada para créditos de liquidez duvidosa
1.1.1.1.1 caixa matriz é uma conta analítica (ou de segundo grau)
passivo - custos e despesas diferidos
1.1.1.1.2 caixa filial é uma conta analítica (ou de segundo grau)
- capital social a integralizar
patrimônio
Para serem registrados os valores relativos às operações financei- - ações em tesouraria
líquido
- prejuízos acumulados
ras das entidades, apenas as contas analíticas podem ser afetadas,
ou seja, as contas de segundo grau. Como consequência, todas as Fica claro, com as contas evidenciadas no quadro, que as contas
contas sintéticas (ou de primeiro grau) são afetadas em decorrência contábeis, embora presentes no ativo, no passivo ou no patrimônio lí-
daquele registro contábil, pois estas se referem à totalização dos seus quido, sempre vão figurar com saldo negativo, especificando a natureza
respectivos subgrupos. retificadora delas.
Para exemplificar, considerando o quadro anteriormente citado, a
conta de código 1 (ativo) não pode ser afetada de maneira direta. Ima-
1.3. Livros contábeis
ginando a situação em que a empresa possua um valor de R$ 500,00 no
caixa matriz (código 1.1.1.1.1) e mais R$ 450,00 no caixa filial (código Para seguir preceitos legais, a contabilidade se utiliza de vários
1.1.1.1.2), quando ambos os valores forem registrados, nas respectivas livros para registrar os fatos contábeis e para controlar o patrimônio.
16 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 17

Existem diversos tipos, entre obrigatórios e voluntários, os chamados Rio de Janeiro, 10 de março de 2011
livros contábeis e livros auxiliares, respectivamente.
compra, à vista, de h. m.
Como o livro razão já foi analisado oportunamente, neste mo- máquinas e equipamentos
equipamentos industriais, 8.300
mento, somente será abordado o outro livro contábil obrigatório: o a caixa
cf. s/ nf no. 12.948
livro diário.
Explicando a operação que ocorreu no quadro que foi ilustrado,
Diferentemente do livro razão, o qual registra os fatos de maneira
primeiramente foi especificada a data, além do local efetivo do regis-
cronológica, mas realizando este controle conta por conta, no livro
tro da operação. Isso é feito para que se possa seguir rigorosamente
diário, são registradas diariamente, e em ordem cronológica, todas as
a ordem cronológica de apresentação. Na sequência, intitulam-se as
operações que afetam a situação patrimonial de uma entidade. Antes
contas utilizadas na operação.
da utilização de recursos de informática de maneira mais ampla, esses
registros eram feitos de forma manual, passando a ser feito mecanica- De acordo com o que preconiza o princípio fundamental das partidas
mente em folhas soltas. Atualmente, utiliza-se de meios eletrônicos dobradas, os valores levados a débito contábil devem, também, ser leva-
para a sua confecção, mantendo certa padronização para não deixar dos a crédito contábil com equivalência de valores. Para o caso de escritu-
de seguir preceitos legais pertinentes. ração realizada de maneira manual nas partidas do livro diário, a conta a
ser debitada deve ser sempre evidenciada antes, e a conta creditada deve
O livro razão e o livro diário, além de obrigatórios, devem seguir
ser evidenciada logo abaixo, um pouco à direita, precedida da preposição
certas formalidades durante o seu processo de confecção e posterior
“a”, servindo como identificador das contas debitadas e creditadas. Não é
publicação, a fim de que tenham validade tanto jurídica quanto fiscal.
obrigatória a utilização da preposição “a” antes da conta a ser creditada,
As formalidades são requisitos mínimos que tais livros devem conter,
mas outra forma de se identificar contas debitadas e creditadas deve ser
antes e depois de serem escriturados, dentre as quais:
utilizada para não haver confusão entre os valores utilizados.
• deve possuir as folhas numeradas; A operação que passou ilustrou a conta de máquinas e equipamen-
• deve ser encadernado; tos debitada e a conta de caixa creditada no mesmo valor, R$ 8.300. Na
• o livro diário deve ser autenticado na Junta Comercial Estadual, coluna do meio, aparece o histórico, nada mais do que uma descrição
para o caso de empresas mercantis, ou no Registro Civil de sumária do fato que acaba de ser registrado. Sua redação deve ser
Pessoas Jurídicas, para o caso de empresas civis; padronizada ao máximo, além de ser concisa para que se economize
• deve possuir um termo de abertura e um termo de encer- tempo e espaço, não devendo, em hipótese alguma, ser prolixa. Em
ramento; resumo, não se deve gastar muito espaço, nem tempo, mas os registros
• deve seguir uma ordem cronológica para a escrituração, consi- devem possuir uma quantidade de informações mínima que esclareça
derando dia, mês e ano; qualquer dúvida sobre as operações realizadas e registradas.
• não deve haver rasuras, correções ou linhas em branco na es-
crituração do livro diário; 1.4. As variações patrimoniais
• deve ser preenchido seguindo língua e moeda nacionais nos
Para que o patrimônio das entidades seja alterado, é necessá-
valores escriturados.
ria a ocorrência de algumas situações envolvendo as suas finanças.
Na sequência, segue um modelo de livro diário: Tais ocorrências estão associadas ao investimento inicial de capital
18 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 19

por parte dos proprietários, sócios, quotistas ou acionistas e seus 1.4.2. Receitas, despesas, resultado econômico e contas de
posteriores aumentos ou diminuições realizados no capital inicial compensação
da empresa. Também podem influenciar na variação os resultados
Inicialmente, serão analisados os pontos conceituais relacionados
obtidos quando a empresa possui atividades operacionais em conti-
às receitas de uma entidade, os quais podem ser caracterizados mais
nuidade, quer seja fabricando e vendendo seus produtos, revendendo
comumente por ingressos de elementos para a estrutura do ativo das
mercadorias adquiridas de fornecedores ou durante a prestação dos
empresas, seja por dinheiro, seja por direitos a receber em prazos curto
serviços para o seu público-alvo.
ou longo. Esses ingressos estão ligados à prestação de serviços, venda
de mercadorias ou de produtos fabricados.
1.4.1. Investimentos iniciais ou adicionais de capital De maneira adicional, as empresas podem obter receitas que
decorrem de investimentos em outras empresas, caracterizados por
Quando uma empresa inicia as suas atividades operacionais, é na- dividendos ou juros sobre capital próprio, diretamente ligados à quan-
tural que necessite de investimentos por parte de seus proprietários tidade de dinheiro investida em outras empresas como forma de di-
ou acionistas para que possa se inserir no mercado em que tenha a versificação de ganhos.
intenção de atuar com possibilidade de permanência e de crescimento. Por fim, no entanto, não tão comum quanto as duas situações expli-
O primeiro investimento realizado pelos sócios é denominado capital cadas anteriormente, também pode ser gerada receita por um desconto
social ou capital inicial, o qual é registrado no patrimônio líquido das (parcial ou total) recebido de um fornecedor ou de qualquer outro
empresas por meio da conta capital social. credor da empresa. Nessa situação, é importante ressaltar que não há
Na sequência, havendo interesse ou desinteresse por parte dos ingresso imediato de recursos, nem promessa de ingresso de recursos
sócios ou dos acionistas, esse investimento pode ser aumentado ou no futuro. O que ocorre, de fato, é que uma quantia que seria paga
diminuído, respectivamente. No primeiro caso, o investimento adi- inicialmente ao fornecedor ou ao credor não necessitará ser paga (nem
cional, intimamente relacionado ao interesse que os sócios ou acio- parcial, nem totalmente), gerando um benefício à empresa, já que esta
nistas possuem na pronta expansão dos negócios, dá fôlego extra ao não necessitará devolver parte ou o todo da mercadoria ou do serviço
negócio que ainda não está tão consolidado. Na segunda situação, anteriormente prestado pelo credor. Isso ocorre, muitas vezes, para
por ocorrência de falecimento de um dos sócios ou de desinteresse fidelizar clientes novos ou antigos, gerando um maior estreitamento de
dos acionistas, pode acontecer a redução do capital inicial que, em- relações empresariais.
bora mais incomum e regulamentada, pode ocorrer. Quando ocorre, Não importando qual seja a sua origem, uma receita sempre terá
retira fôlego dos negócios, diminuindo a possibilidade de expansão ou o poder ou a influência de aumentar o patrimônio da empresa, pois
das atividades por causa da menor quantidade de recursos disponí- é caracterizada por ganhos, diretos ou indiretos, durante as atividades
veis para aplicação na empresa. operacionais.
Nesses dois casos, a atividade operacional da empresa não é levada Tratando-se de despesas, essas são caracterizadas pelo consumo de
em consideração. Apenas se toma como base o capital inicial da em- bens ou serviços que ajudam na geração de receitas. Estes podem ter
presa, que é aumentado ou diminuído pela vontade dos sócios ou dos ligação direta ou indireta com a obtenção de receitas, por isso espera-
acionistas, ou por algum acontecimento de força maior, previsto no -se que, no conjunto, as despesas possam ser inferiores às receitas é,
contrato social ou no estatuto das empresas. assim, o patrimônio da empresa possa ser elevado.
20 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 21

Exemplos de despesas ligadas diretamente às receitas geradas são bém não afetam diretamente o patrimônio das empresas, mas repre-
os custos das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados, já que sentam operações que podem eventualmente afetá-los, dente as quais
os esforços feitos pelas empresas estão totalmente especificados, ou contratos de seguros e títulos de cobrança, por exemplo.
pela compra de mercadorias para revenda, ou no esforço para que um
serviço seja prestado. 1.5. Representação gráfica dos estados patrimoniais
Algumas despesas não possuem ligação direta com as receitas ge-
radas, mas são imprescindíveis para a geração das mesmas. É, por A maneira mais simplificada para que sejam demonstradas as situ-
exemplo, o caso da contratação de seguros para os veículos ou para a ações possíveis com relação à estrutura patrimonial é com a utilização
estrutura predial de uma empresa, a contratação de mão-de-obra ad- de gráficos e de figuras. Nas ilustrações a seguir, supõem-se dois pratos
ministrativa ou de vendas, o pagamento de aluguel, condomínio ou de em uma balança, o da esquerda é o ativo e o da direita é o passivo.
contas corriqueiras, como telefone, água e despesas ligadas às ativida- Com valores iguais para ambos, o equilíbrio estará alcançado. Mas,
des de limpeza e de manutenção. Todas ajudam a empresa a funcionar normalmente, o ativo e o passivo apresentam valores diferentes, e a
de maneira harmoniosa, fazendo com que as receitas sejam geradas balança virtual penderá para um dos lados. O peso (valor) que se utiliza
com maior frequência e efetividade. para se alcançar este equilíbrio é chamado patrimônio líquido e, por
O resultado econômico nada mais é do que a comparação do total lógica, estará no lado do menor valor.
de receitas com o total de despesas, sendo considerado um mesmo A seguir, é apresentada a primeira situação
intervalo de tempo para as duas, um mês, um trimestre, um ano, etc. 1ª situação
Caso as receitas superem as despesas durante esse período de tempo, o
resultado do período será positivo, ou seja, pode-se dizer que foi gerado
lucro no período, aumentando o seu patrimônio. Entretanto, se o total A P
de receitas incorridas não for suficiente para superar o total de despesas
dentro de um mesmo período de tempo, tal situação ocasionará um
resultado negativo, chamado de prejuízo, o qual tem o poder de variar • ativo = passivo
para menos o patrimônio das entidades. • patrimônio líquido = 0
Por fim, as contas de compensação são representadas por um sis-
A primeira situação revela a inexistência de riqueza própria (repre-
tema que trata apenas de contas que não afetam o patrimônio das
sentada pelo patrimônio líquido), como, por exemplo, acontece com
entidades. Elas podem indicar riscos ou responsabilidades futuras e
o indivíduo ou a empresa que possui bens à sua disposição, mas tem
são particularmente diferentes das contas patrimoniais e de resultado.
dívida junto a terceiros de igual valor.
Antes da entrada em vigor da legislação societária (a Lei nº 6.404/76),
Esta é a situação patrimonial gráfica, mostrando valores iguais para
essas contas ficavam registradas no balanço patrimonial, na sequência
ativo (A) e passivo (P):
do ativo e do passivo. Nesse sistema, para cada conta debitada, apenas
uma conta será creditada.
Tais contas não são representativas nem de ativo nem de passivo, A P
servindo apenas como instrumento adicional de controle contábil. Tam-
22 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 23

Com valores idênticos, fica fácil verificar que o ativo e o passivo 3ª situação
representam o mesmo peso, fazendo com que a empresa possua um
patrimônio líquido igual a zero.
A PL
A segunda situação é evidenciada na sequência, onde a empresa
possui um valor superior a zero representando sua riqueza própria,
conforme segue:
• ativo = patrimônio líquido
• passivo = 0
2ª situação
A terceira situação revela a inexistência de obrigações ou dívidas,
representadas pelo passivo exigível da empresa. Logo, todo o ativo é dos
A P + PL sócios, acionistas ou quotistas e não há reclamos de terceiros sobre ele.

• ativo > passivo


A PL
• patrimônio líquido > 0

A segunda situação revela existência de riqueza própria, sendo jus- A situação anterior denota, tal como a primeira situação, valores
tificada pela diferença positiva entre o ativo (A) e o passivo (P), tal idênticos. Essa equidade apenas se difere da primeira situação, pois,
diferença, chamada patrimônio líquido (PL), conforme demonstra a do lado direito, são relacionados, agora, os valores relativos à riqueza
estrutura gráfica que segue: empresarial e não obrigações ou dívidas na situação mais antiga.
A quarta situação a ser destacada é a que evidencia uma pior situa-
ção empresarial, pois mostrará uma situação gráfica em que a empresa
P possui um menor conjunto de bens e de direitos que o de obrigações,
A
fazendo com que a empresa apresente dificuldades de pagamentos,
PL
que podem ser de longo, médio ou curto prazos. Na sequência, segue
a correspondente representação comparativa.
Com relação à estrutura gráfica mostrada anteriormente, é fácil 4ª situação
identificar o valor a maior no lado do ativo (A), ocasionando a criação
do patrimônio líquido (PL).
A terceira situação, nem tão comum na prática entre as em- A + PL P
presas em atividade no Brasil, demonstra a situação de falta de
capitais de terceiros, fazendo uma simulação de atividades sem obri-
gações. Isso, teoricamente, pode ocorrer, mas é muito difícil na práti- • ativo < passivo
ca empresarial. • patrimônio líquido < 0
24 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 25

Também chamada de patrimônio líquido negativo ou passivo a des- Partindo desse texto legal e de suas interpretações, pode-se dizer
coberto, deixa clara a ideia de que a empresa apresenta dificuldades que existem, formalmente, três regimes de escrituração contábil: regi-
de liquidez, ou seja, o poder de gerar recursos, pois terá muito mais me de competência, regime de caixa e regime misto.
obrigações a liquidar do que a possibilidade de novos recursos em um
mesmo período de tempo.
1.6.1. Regime de competência

A Tal como estabelece o Princípio da Competência, o regime de com-


P petência relaciona receitas e despesas, considerando apenas os fatos
PL geradores. Quer dizer que o instrumento de análise para o regime de
competência é o fato gerador das operações.
Para finalizar, não foi considerada a situação de ativo igual a zero, Para exemplificar, na situação hipotética de uma empresa realizar
em que o patrimônio líquido (PL) é igual ao (P), pois é muito im- uma venda de parte de sua produção de determinado período, as des-
provável, sendo apenas citada na situação hipotética de uma empresa pesas que devem ser consideradas são apenas as ligadas aos esforços
que apresente prejuízos consecutivos, gerando um patrimônio líquido realizados para a realização da venda. Portanto, se uma empresa vender
negativo e, posteriormente, liquidando todo o seu ativo, ainda, sem apenas metade dos produtos fabricados, no caso de ela ter gasto R$
conseguir liquidar todas as suas obrigações. 500,00 na fabricação da totalidade de seus produtos, as despesas a
serem reconhecidas como custos serão apenas a parcela efetivamente
vendida, ou seja, R$ 250,00.
1.6. Regimes contábeis: de caixa e de competência
Já no lado das receitas, devem ser consideradas as receitas efeti-
O processo de escrituração contábil deve seguir regras, ditames vamente concretizadas. Significa dizer que, mesmo que as receitas
legais e, corroborando com esses requisitos, existem diversas normati- não tenham sido recebidas ou, adicionalmente, as despesas não te-
zações acerca dos regimes de escrituração. nham ainda sido pagas, o que define sua contabilização é unicamente
A mais recente regulamentação é a Resolução do Conselho Federal o fato gerador.
de Contabilidade n° 1.282, do ano de 2010 que, em seu artigo 9°, esta- Isto é, todas as obrigações tributárias, para ilustrar, advindas de
belece o uso do princípio da competência nos registros de transações, operações de compra e venda, não necessitam, necessariamente, do pa-
tornando obrigatório o registro completo das operações, independen- gamento das compras ou do recebimento das vendas, respectivamente.
temente do recebimento das receitas ou do pagamento das despesas. Para o exemplo anteriormente citado, no momento do encerramento do
Essa resolução atualizou os preceitos da Resolução n° 750, do ano resultado do exercício, serão considerados os valores de R$ 250,00 para
de 1993, mais uma vez, do Conselho Federal de Contabilidade. A re- os custos de fabricação, mesmo que relacionados a compras realizadas
solução de 2010 também deixou claro, no parágrafo único do artigo 9°, a prazo e aos valores relacionados à venda total, quer ela tenha sido
que o Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da con- feita à vista ou a prazo.
frontação de receitas e despesas correlatas, o que quer dizer que, com A legislação societária obriga as empresas que possuem o objetivo
períodos semelhantes, devem ser tomadas todas as receitas e despesas de lucro a utilizarem o regime de competência para a escrituração con-
incorridas e, não necessariamente, as recebidas e pagas. tábil, permitindo somente àquelas que não possuem o objetivo principal
26 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 1 – Escrituração contábil 27

de lucro a possibilidade de registro da escrituração contábil por meio O regime misto faz uso das duas metodologias de escrituração si-
do regime de caixa, mais simplificado. multaneamente, mas sem confundi-las: utiliza o regime de caixa para
as receitas e o regime de competência para as despesas.
1.6.2. Regime de cai xa A administração pública utiliza este regime de escrituração, pois
também considera o Princípio da Prudência. Ao estabelecer o regime
Conforme salientado anteriormente, o regime de caixa é apenas de competência para as despesas, assume que possui obrigações com
permitido pela legislação societária para a escrituração de Organiza- a sociedade, seja por meio de obras, despesas correntes de manu-
ções Não Governamentais (ONG’s), Organizações da Sociedade Civil tenção, folha de pagamento, etc. De maneira diferente, estabelece o
de Interesse Público (OSCIP’s), condomínios, igrejas, profissionais regime de caixa para as receitas, isto é, apenas considera receitas as
liberais, etc. Enfim, para as sociedades que não possuem o interesse efetivamente realizadas.
principal do lucro.
Este procedimento tem lógica, pois como os investimentos gover-
A mecânica de registro é diferente da utilizada no regime de com- namentais dependem de recursos disponíveis, não há como realizá-los
petência. No regime de caixa, as contas de receitas e despesas são contando com uma receita que ainda não foi realizada, ou seja, que não
registradas de acordo com o ingresso ou a saída de recursos financeiros tenha sido transformada em moeda.
das entidades, respectivamente.
São apenas considerados como receitas os recursos que ingressam nas
entidades, não sendo utilizados os fatos geradores. Para o caso de uma
venda realizada totalmente a prazo, não há valor a ser registrado como
receita, pois não houve a entrada de recursos na estrutura empresarial.
A mesma coisa pode ser dita sobre as despesas relacionadas a
compras de matérias-primas ou de qualquer outro insumo que tenha
sido realizada a prazo. Se não ocorrer a saída de recursos da empresa
por meio de pagamento, não é considerada despesa para efeito de
regime de caixa.
De maneira resumida, o regime de caixa não considera o fato gera-
dor para efeito de receita e de despesa. Apenas considera as entradas
de recursos para as receitas e as saídas de recursos para despesas,
mas é pouquíssimo utilizado, pois abarca uma quantidade pequena de
entidades empresariais e profissionais.

1.6.3. Regime misto

O regime misto é utilizado pelos órgãos governamentais, pois, con-


forme o próprio nome diz, é uma mistura dos dois regimes de escritu-
ração vistos anteriormente: o de competência e o de caixa.
capítulo ∙ 2

Medidas preliminares à
elaboração de demonstrações
contábeis
2.1. Balancete de verificação
No método das partidas dobradas, sabe-se que para cada débito ou
conjunto de débitos, deve haver o correspondente crédito ou conjun-
to de créditos para manter o equilíbrio patrimonial constante. Dessa
forma, não importa o momento em que a empresa esteja, tampouco
importa a operação financeira que tenha acabado de ser registrada. É
invariável que a soma dos débitos seja igual à soma dos créditos.
Uma preocupação constante das pessoas que desempenham ativi-
dades laborais na área contábil é verificar, periodicamente, essas igual-
dades, relacionando todas as contas por meio de um relatório chamado
balancete de verificação do razão, balancete de verificação do diário ou,
simplesmente, balancete de verificação.
O balancete é um relatório gerencial, de divulgação não obrigató-
ria, que traz as informações de todas as contas afetadas por registros
contábeis, sejam estes ocorridos por débito ou por crédito contábil.
Além do saldo final de cada conta do patrimônio das empresas afetada
por registros, ainda evidencia as movimentações por seus valores totais a
débito e a crédito, permitindo a conferência de maneira mais confiável.
São vários os tipos de balancete. O tipo mais simples é o de duas
colunas, onde apenas são apresentados os totais de débitos e de crédi-
tos para cada conta, sem a preocupação de mostrar as movimentações
ocorridas, os saldos iniciais ou saldos finais. Vamos a um exemplo
desse tipo de balancete:
30 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 31

Cia. Exemplo
Como visto nos últimos modelos de balancete de verificação, a
Balancete de Verificação em 30/06/2010 quantidade de informações gerada por cada um dos dois modelos é bem
maior que a do primeiro modelo, que contava com apenas duas colunas.
Saldos
Contas Nos últimos modelos, os saldos iniciais, as movimentações do período
Devedores Credores e os saldos finais são apresentados de maneira separada e detalhada,
Caixa 28.000 … permitindo aos usuários um melhor uso e análise delas.
Valores a receber 15.000 …
Estoques 35.000 … 2.2. Conciliações e retificações de saldos de contas
Veículos 10.000 …
O balancete de verificação é um instrumento de confecção relati-
Máquinas e equipamentos 8.000 …
vamente simples, mas que necessita englobar todas as contas de uma
Fornecedores … 63.000 estrutura patrimonial. Ele se torna falho, pois na ocorrência de um erro
Salários a pagar … 3.000 de lançamento, por exemplo, um lançamento a débito que foi realizado
Capital social … 30.000 a crédito ou vice-versa, o erro ficará evidente nos totais do balancete de
verificação, mas não será muito fácil encontrar esta diferença.
96.000 96.000
Como precaução para evitar os erros apenas mostrados no balan-
Existem tipos mais completos de balancetes, os que possuem 4 e cete de verificação, existe um procedimento chamado conciliação ou
6 colunas, em que é mostrada a movimentação do período, além dos reconciliação. Esse procedimento, muito comum para os controles de
saldos finais e iniciais. A seguir, serão evidenciados modelos de balan- operações bancárias e de estoques, consiste em revisar, uma a uma, as
cetes que possuem mais informações que o exemplo já mostrado, que operações realizadas e registradas nos sistemas contábeis das empresas
possuía apenas duas colunas. para evitar registros equivocados, ausência de registros ou registros
indevidos de operações financeiras.
Cia. Exemplo
Balancete de Verificação em 30/06/2010 Outro erro que o balancete de verificação não consegue identificar
é o lançamento incorreto em contas do mesmo grupo. Por exemplo, se
Movimentação
Balancete anterior
do período
Balancete atual um valor for debitado de maneira correta, mas na conta contábil equi-
Contas vocada, este modelo de balancete não conseguirá identificar tal erro. Ao
Saldos Saldos atuais
Débito Crédito invés de ser debitada a conta de caixa, a conta debitada foi a conta de
Devedores Credores Devedores Credores bancos, não gerando qualquer diferença nos totais do balancete, mas,
internamente, nos sistemas contábeis das empresas.
Cia. Exemplo
Balancete de Verificação em 30/06/2010 Todos esses eventuais ajustes devem ser feitos e documentados,
tendo como referência os primeiros lançamentos realizados, os equi-
Saldos anteriores Movimentação do período Saldos atuais
vocados. Este processo de ajuste se chama retificação das operações
Contas
Devedores Credores Débito Crédito
Saldos
Devedores Credores
contábeis ou retificação dos lançamentos contábeis.
Devedores Credores
Os saldos das contas são afetados, e tais registros adicionais podem
gerar saldos maiores e menores nas contas contábeis, que dependem
32 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 33

unicamente dos saldos anteriores e de como sejam feitos esses ajustes Estoques
nos sistemas contábeis.
(SI) 1.000 …
Vejamos um exemplo:
(03) 150 …
Para o caso do controle efetuado na conta de estoques de merca-
dorias, esta é a cronologia das operações realizadas: … 400 (15)
… 300 (22)
Data Entrada Saída Saldo
… 250 (28)
01/08/10 … … 1.000
(31) 100 …
03/08/10 150 … 1.150
300 …
15/08/10 … 400 750
22/08/10 … 300 450 Com esse erro simulado, registrado e marcado na estrutura ante-
riormente apresentada, ficou claro que o valor de R$ 250 foi ingressado
28/08/10 250 … 700
no sistema contábil da empresa de maneira equivocada, sendo registra-
31/08/10 100 … 800 do no crédito (que representa as saídas de estoque) ao invés de ter sido
registrado no débito (que representa as entradas de estoque).
De acordo com a tabela apresentada anteriormente, com registros de Para que ele seja corrigido, deverá ser registrado o estorno da ope-
entradas em unidades monetárias, os registros deveriam ser os seguintes: ração realizada equivocadamente (o lançamento inverso) para desfazer
o erro. Posteriormente, deverá ser registrado o lançamento de maneira
Estoques correta, ou seja, o débito contábil representativo da entrada no estoque
(SI) 1.000 … no valor de R$ 250.
(03) 150 …
… 400 (15) 2.3. As provisões e os diferimentos

… 300 (22) A legislação societária define que todas as obrigações devem ser
(28) 250 …
registradas para manter a integridade do patrimônio das empresas. O
que a legislação societária, por meio do seu artigo 183 também estabe-
(31) 100 …
lece, é que os ativos devem ser considerados sempre sendo deduzidas
800 … as provisões para ajuste a valor de mercado e as provisões para perdas
prováveis de realização.
O razonete em T demonstra todas as operações registradas de ma- Voltando para o início do parágrafo seguinte, os passivos, quando
neira correta, apresentando um resultado final de 800 unidades, pois as conhecidos, são facilmente registrados e comprovados. No artigo se-
entradas e as saídas estão todas corretas na contabilidade da empresa. guinte da legislação societária, o 184, os passivos também são influen-
Na sequência, será apresentada a mesma situação, sendo simulado ciados pela situação em que não são conhecidos seus valores certos, ou
um erro de registro no dia 28, quando houve uma entrada no estoque seja, quando apenas existe a possibilidade de ocorrerem, mas já podem
no valor de R$ 250, evidenciado na sequência. ser calculados. Estes são alguns conceitos de provisão.
34 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 35

A provisão nada mais é do que esperar, de maneira antecipada, que Quando esta provisão, ou seja, esta expectativa acontece, o registro
algo ocorra na estrutura empresarial. Quando isto efetivamente ocorre, contábil a ser efetivado é o seguinte:
não ocorre surpresa negativa. Nas situações em que era esperado algo • D – Provisão estimada para créditos de liquidação duvidosa
oneroso e efetivamente não ocorre, a empresa sai mais fortalecida. (Retificadora do Ativo Circulante)
Em linhas gerais, serve para fazer com que os componentes patri- • C – Clientes (Ativo Circulante)
moniais sejam demonstrados com cautela, sempre avaliando os bens e Neste último lançamento contábil, é reconhecida a perda com o “ca-
direitos recebíveis pelos menores valores e as obrigações sempre apre- lote” recebido dos clientes. Assim, a perda esperada passa a ser realizada,
sentadas pelos maiores valores, nas situações em que houver duas ou fazendo com que deixe de ser provisão e passe a diminuir os direitos
mais opções para avaliação. Em contabilidade, também é atribuível à com os clientes que a empresa tem, deixando os direitos incobráveis.
Convenção do Conservadorismo. Eventualmente, valores provisionados podem não ter as operações
A Resolução CFC 750/93, que trata especificamente dos Princípios impactando o patrimônio de fato, o que seria o caso de a empresa
de Contabilidade vigentes no país, versa sobre o Princípio da Prudência contar com valores não recebíveis e estes valores serem integralmente
da seguinte forma: liquidados pelos seus devedores. Aqui, deverá ser registrada a rever-
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor são desta provisão, cujo lançamento contábil é relativamente simples,
valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, conforme segue:
sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quan- • D – Provisão estimada para créditos de liquidação duvidosa
tificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
(Retificadora do Ativo Circulante)
De maneira complementar, o conceito de provisão está associado • C – Receita de reversão de provisão estimada para créditos de
não ao registro antecipado de uma perda, pois efetivamente, ela não liquidação duvidosa (Resultado)
ocorreu. É, apenas, a possibilidade estimável de que algo possa ocorrer, Neste último caso, como era esperada a perda e ela não ocorre,
fazendo com que a estrutura patrimonial esteja preparada quando (e presume-se que a empresa teve um ganho, mas na verdade, este ganho
se) esta perda ocorrer de fato. acaba sendo apenas um ajuste contábil dos valores ora provisionados.
Seguindo o método das partidas dobradas, as provisões devem sem- Também por este motivo, os órgãos governamentais ou fiscais, em de-
pre ser registradas com, no mínimo, duas partidas contábeis. Na sequ- terminadas situações, não consideram estas receitas por reversões como
ência, seque um exemplo de registro contábil de uma conta de provisão. sendo componentes de resultados tributáveis.
• D – Despesa com provisão estimada para créditos de liquidação Com relação a diferimentos, em contabilidade, este conceito é, por
duvidosa (Resultado) vezes, confundido. Primeiramente, não se deve confundir diferimentos
• C – Provisão estimada para créditos de liquidação duvidosa de isenções. O diferimento, geralmente, é uma vantagem (quase sem-
(Retificadora do Ativo Circulante) pre fiscal) concedida a algumas aplicações. Nada mais é do que um
Nesta operação, a conta creditada afeta para menos o Ativo Circu- adiamento da obrigação.
lante, registrando os valores esperados com inadimplência relacionados Sendo assim, o diferimento implica na prática que tem o poder
às vendas realizadas a prazo e ainda não recebidas de clientes. A conta de adiar o pagamento de um imposto devido, transferindo-o para um
debitada é uma despesa contábil, embora nem sempre os órgãos gover- tempo futuro; daí decorrendo que o recolhimento será de responsabili-
namentais ou fiscais permitam a dedutibilidade de todas as provisões dade do contribuinte para o qual, ao receber a mercadoria, é encerrado
registradas para efeitos fiscais. o diferimento.
36 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 37

De maneira mais simplificada, essa situação pode ser considerada 2.4. O inventário de mercadorias e de materiais
uma forma de substituição tributária, onde o imposto deve ser reco-
O inventário é a ferramenta que a empresa possui para atualizar o
lhido por outra pessoa, sendo esta a responsável pelo recolhimento do
valor do seu estoque em uma determinada data e verificar a existência
imposto dos contribuintes envolvidos em todos os momentos passados.
física de um bem; pode ser efetuado de duas maneiras:
Diante dessa característica, o pagamento do imposto não é dispensado
de forma alguma, pois será cobrado em algum momento.
2.4.1. Inventário periódico
As unidades da federação costumam fornecer incentivos relacio-
nados a diferimentos. O Estado do Paraná, por exemplo, por meio dos Ocorre quando a empresa efetua uma venda sem um controle do
artigos 94 a 109 do Decreto n° 1.980/07 (RICMS/PR) dispensa atenção estoque permanente e, portanto, sem controlar o custo das mercadorias
especial ao diferimento. Será abordado o diferimento parcial para esta vendidas. Quando é necessário apurar o resultado obtido com a venda
situação, tratado nos artigos 96 e 97 do dispositivo legal supracitado. das mercadorias (RCM), é feito um levantamento físico para avaliação
O diferimento parcial acarreta o “pagamento do imposto nas saídas do estoque de mercadorias existente naquela data; e pela diferença
internas entre os contribuintes e operações de importação, por contri- entre o total das mercadorias (que a empresa possuía e que comprou no
buinte, de mercadorias, na proporção de:” período) e esse estoque final, obtemos o custo das mercadorias vendidas
(CMV) nesse período. Com esse sistema, a empresa passa a elaborar o
Percentual Alíquota NCM RICMS
inventário físico somente no final de um período, normalmente um ano.
Todos os produtos
33,33% 18% Inciso VI do artigo 14. Com o término do exercício social, o valor encontrado será representado
(18%)
2004, 2005, 2006 no balanço patrimonial, na conta estoque de mercadorias.
58,62% 29% Alínea “c” do inciso V do artigo 14.
e 2008
3303, 3304, 3305 CMV = estoque inicial + compras – estoque final
52% 25% Alínea “f” do inciso III do artigo 14.
e 3307
Inciso VI do artigo 14 / aplica-se Exemplo: Uma empresa possuía, em 01/01/2003, estoque inicial
61,11% 18% 3102.10.10
somente nas operações entre no valor de R$ 300.000. Durante o ano, realizou compras que totali-
estabelecimentos industriais, artigo zaram de R$ 1.000.000. O estoque final em 31/12/03 foi avaliado em
96, § 5º.
R$ 200.000. As vendas foram de R$ 1.200.000.
No entanto, de acordo com o estabelecido pelo art. 96 do RICMS/
• CMV = EI + C – EF
PR, existem algumas situações em que não ocorre este diferimento
parcial, conforme o trecho legal destacado: • CMV = 300.000 + 1.000.000 – 200.000
Art. 96 [...] • CMV = R$ 1.100.000
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às operações:
a) sujeitas ao regime de substituição tributária; 2.4.2. Inventário permanente
b) com petróleo e combustíveis.
c) que destinem mercadorias a empresas de construção civil.
Ocorre quando a empresa controla de forma contínua o estoque de
mercadorias, dando-lhe baixa, em cada venda, pelo custo dessas merca-
Devem, também, ser considerados os casos de substituição tribu-
dorias vendidas (CMV). Esse controle é efetuado sobre as mercadorias
tária. Porém, por não se tratarem dos aspectos concernentes à Conta-
vendidas (CMV) e sobre as mercadorias que não foram vendidas (es-
bilidade Geral, não serão vistos neste momento.
38 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 39

toque final). Pela soma dos custos de todas as vendas, teremos o custo b) Custo da mercadoria vendida:
das mercadorias vendidas (CMV) total do período. Representa quanto custou para a empresa a mercadoria que foi
Ao utilizar esse sistema de controle de estoque, a empresa passa vendida no período. É importante ressaltar que para o cálculo do CMV
a controlar permanentemente o seu estoque de mercadorias, fazendo não é necessário saber o preço de venda.
uma nova avaliação a cada operação que modifique o saldo de uma Na prática, a empresa analisa quanto tinha de mercadoria no es-
conta. Existe um acompanhamento contínuo dos bens. toque, soma a este saldo quanto comprou no período e retira quanto
Esse método de controle de estoque era conhecido como método ainda tem no estoque. O saldo final representa o total do custo de
das fichas, pois cada bem tinha uma ficha, que era atualizada após mercadoria vendida.
cada transação, apresentando tempestivamente a evolução da conta. O CMV é uma despesa e, na apuração do resultado, irá diminuir a
No método de inventário permanente, são efetuados dois lança- receita líquida de vendas. É calculado pela seguinte fórmula:
mentos no momento da venda, um pra reconhecer a receita, e outro
para baixar o estoque, conforme se segue: CMV = estoque inicial + compras líquidas – estoque final
Lançamento para reconhecer a receita – venda à vista c) Compras líquidas:
• D – caixa (BP) A empresa, para praticar os seus atos comerciais, deve primeira-
• C – vendas de mercadorias (DRE) mente comprar as mercadorias-objeto da negociação. Essa compra pode
Lançamento para atualizar o estoque ser a vista tendo como contrapartida um saque no disponível ou a prazo,
criando uma obrigação.
• D – custo da mercadoria vendida (DRE)
O valor líquido das compras deverá ser calculado a partir das com-
• C – estoque de mercadoria (BP)
pras brutas, adicionando as despesas que, geralmente, constam da
nota fiscal (frete, seguro e impostos não recuperáveis) e diminuindo
2.5. Resultado com mercadorias
os impostos recuperáveis (ICMS, IPI), os descontos obtidos e as de-
O resultado da negociação com as mercadorias pode ser apurado na voluções de vendas.
DRE, onde é chamado resultado bruto com mercadorias, encontrado A representação gráfica da conta Compras é a seguinte:
pela equação:
Compra líquida = compra bruta + frete + seguro – descontos obtidos
RCM = vendas líquidas – custo das mercadorias vendidas (CMV) – impostos recuperáveis – devoluções de compras

a) Vendas líquidas: O valor apurado como compra líquida entrará no cálculo do CMV
Venda líquida representa o resultado das vendas menos as deduções – custo das mercadorias vendidas.
sobre as vendas. Entende-se por dedução os impostos incidentes sobre d) Terminologia aplicada às operações com mercadorias:
as vendas, as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedi-
• Descontos comerciais obtidos
dos, as devoluções de vendas, calculado pela seguinte equação:
São descontos obtidos junto ao fornecedor no ato da negociação das
Venda líquida = venda bruta – impostos sobre vendas – descontos compras e representam uma receita para a empresa. Estarão incluídos
concedidos – devolução de venda – PIS sobre faturamento – COFINS na nota fiscal.
40 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 41

• Devoluções de compras mercadoria e o Estado. A legislação fiscal determina que o ICMS deve
Mercadoria que a empresa comprou e, posteriormente, devolveu ser contabilizado separadamente do valor da mercadoria, normalmente
por algum motivo específico ao seu fornecedor. Normalmente, será com as contas: ICMS a recolher, ICMS a recuperar, ICMS sobre ven-
necessário efetuar um lançamento cancelando a compra. das e ICMS sobre compras.
• Gastos com transportes e seguros IPI – Imposto sobre produtos industrializados
Representa os fretes, seguros e outros custos adicionais que são É um imposto de competência Federal exigido das empresas in-
incorporados ao custo das mercadorias adquiridas no ato das compras dustriais. O seu valor não está embutido no valor de venda, devendo
e de responsabilidade do comprador. ser incluído no valor final da nota fiscal da operação, aumentando o
• Impostos e taxas valor a pagar pelo comprador, assim como o ICMS é um imposto não
Na apuração do valor das compras, a empresa deve retirar do seu cumulativo, isto é, o imposto incidente de uma operação (compra) será
total os impostos incidentes sobre elas, como o ICMS sobre compras e compensado com o valor do imposto incidente da operação subsequente
o IPI, que serão recuperados no ato da venda. (venda), somente para as indústrias. As sociedades comerciais normal-
mente não recuperam o IPI.
2.5.1. Impostos que afetam as mercadorias ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza
Além dos fatos administrativos, como frete, seguro, etc., que alte- É um imposto de competência Municipal, cobrado sobre presta-
ram os valores das mercadorias, existem ainda os impostos e as contri- dores de serviços, pode ter sua alíquota diferenciada de um Município
buições que incidem sobre as mesmas. para outro. Representa uma dedução do preço total da receita de ser-
Os impostos mais comuns são: ICMS, IPI, ISS, PIS sobre fatura- viços prestados.
mento e COFINS.
PIS sobre faturamento – plano de integração social
ICMS – Imposto sobre operações relativas à circulação É de competência Federal e representa parte das vendas brutas que
de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte serão destinadas aos programas sociais do governo.
interestadual e intermunicipal e de comunicação
O seu valor já está embutido no preço de venda e é um imposto
É um imposto de esfera estadual, considerado imposto por dentro, cumulativo, isto é, o imposto incide sobre as operações de venda e
pois seu valor já está embutido no preço de compra ou de venda e não não poderá ser compensado. Ele tem sua alíquota fixada pelo governo
cumulativo, isto é, o imposto incidente de uma operação (compra) será Federal e deve ser calculado e recolhido mensalmente, tomando como
compensado do imposto incidente da operação subsequente (venda). base para o recolhimento a receita bruta do mês anterior.
Na compra, o ICMS representa um direito da empresa (ativo) e na
venda uma obrigação (passivo) junto ao governo. Deverá ser calculado COFINS – contribuição para financiamento da seguridade social
mensalmente e recolhida a diferença nos primeiros dias do mês sub- Assim como o PIS, a COFINS tem o seu valor já embutido no pre-
sequente. Ao final do exercício social, serão contabilizados todos os ço de venda e também é um imposto cumulativo, isto é, incide sobre
recolhimentos e será fechado o saldo da conta. as operações de venda e não pode ser compensado, é de competência
O ICMS é calculado mediante a aplicação de um percentual sobre federal devendo ser recolhido aos cofres públicos a cada mês, tomando
o valor da mercadoria ou do serviço, podendo variar de acordo com a como base o total das vendas brutas no mês anterior.
42 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 43

Uma empresa pode adquirir os mesmos tipos de mercadorias em altera-se pela compra de outras unidades por um preço dife-
datas diferentes, pagando preços variados por elas. Assim, para deter- rente. Assim, ele será calculado dividindo-se o custo total do
minar o custo dessas mercadorias estocadas e das mercadorias que estoque pelas unidades existentes. É aceito pela legislação fis-
foram vendidas, precisamos adotar algum critério. Os mais conhecidos cal brasileira em casos específicos de fabricação nas indústrias,
para avaliação de estoque são: preço específico, PEPS, UEPS e preço normalmente para uma linha de produção que não ultrapasse
médio ponderado. o exercício social.
Na avaliação do estoque (quanto a empresa tem financeiramente Exemplo de controle de estoque: Uma empresa apresentou as
no estoque), não é necessário levar em consideração o preço de venda, seguintes movimentações na conta estoque de mercadoria, em deter-
e, sim, somente quanto custaram as mercadorias vendidas. minado mês:
Tipos de avaliação do estoque:
• Dia 5: compra de 10 unidades por R$ 25,00 cada;
a) Preço específico – Quando é possível fazer a determinação • Dia 10: venda de 4 unidades pelo preço de R$ 35,00 cada;
do preço específico de cada unidade em estoque, pode-se dar
• Dia 15: venda de mais 5 unidades por R$ 40,00 cada;
baixa em cada venda, por esse valor; com isso, no estoque final,
seu valor será a soma de todos os custos específicos de cada • Dia 20: compra de 5 unidades por R$ 30,00 cada unidade;
unidade ainda existente. • Dia 25: venda de 10 unidades por R$ 40,00 cada.
Tal tipo de apropriação de custo, entretanto, somente é pos- A seguir, será exemplificado como é feito o controle do estoque,
sível em alguns casos, em que a quantidade, ou o valor, ou a nas fichas permanentes da empresa, pelos três métodos de controle.
própria característica da mercadoria o permite (comércio de
carros usados, imóveis). Na maioria das vezes, não é possível Utilizando o custo médio:
ou economicamente conveniente a identificação do custo es- Data Transação Compras Vendas Saldos
pecífico de cada unidade, principalmente no caso onde existe Qde Unit Total Qde Unit Total Qde Unit Total

movimento grande no estoque. Saldo inicial 10 20,00 200,00

b) PEPS – Com base nesse critério, a empresa baixa do seu es- 5 Compra 10 25,00 250,00 20 22,50 450,00

toque o custo da mercadoria vendida da seguinte maneira: a 10 Venda 4 22,5 90 16 22,50 360,00
15 Venda 5 22,5 112,5 11 22,50 247,50
primeira mercadoria que entra é a primeira que sai. Assim, à 20 Compra 5 30 150 16 24,80 397,50
medida que ocorrerem as vendas, a empresa vai dando baixa 25 Venda 10 24,8 248 6 24,80 149,50
no estoque a partir das primeiras compras, o que equivaleria 15 400,00 19 450,50 6 149,50

ao raciocínio de que vendemos primeiro as primeiras unidades


CMV = R$ 450,50 (90,00 + 112,50 + 248,00)
compradas. Em inglês, é conhecido com FIFO.
não entra o preço de venda.
c) UEPS – A última mercadoria a entrar é a primeira a sair,
este método não é aceito pela legislação fiscal brasileira, pois Utilizando a fórmula do CVM =
apresenta um resultado operacional menor, prejudicando a ar- CMV = EI + CO – EF = 200,00 + 400,00 – 149,50 = R$ 450,50
recadação, também conhecido como FIFO.
d) Média ponderada móvel ou custo médio – Chama-se pon- Vendas líquidas: 140,00 + 200,00 + 400,00 = R$ 740,00
derada móvel, pois o valor médio de cada unidade em estoque 4 x 35,00 = 140,00 5 x 40,00 = 200,00 10 x 40,00 = 400,00
44 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 2 – Medidas preliminares à elaboração de demonstrações contábeis 45

Utilizando o método UEPS:


RCM = Vendas – CMV = 740,00 – 450,50 = R$ 289,50
Data Transação Compras Vendas Saldos
EF= R$ 149,50 Qde Unit Total Qde Unit Total Qde Unit Total
Saldo inicial 10 20,00 200,00
5 Compra 10 25,00 250,00 10 25,00 250,00
Utilizando o método PEPS: 20 … 450,00

Data Transação Compras Vendas Saldos


Qde Unit Total Qde Unit Total Qde Unit Total 10 Venda 4 25,00 100,00 10 20,00 200,00

Saldo inicial 10 20,00 200,00 6 25,00 150,00

5 Compra 10 25,00 250,00 10 25,00 250,00 16 … 350,00

20 … 450,00
15 Venda 5 25,00 125,00 10 20,00 200,00

10 Venda 4 20,00 80,00 6 20,00 120,00 1 25,00 25,00

10 25,00 250,00 11 … 225,00

16 … 370,00
20 Compra 5 30,00 150,00 10 20,00 200,00

15 Venda 5 20,00 100,00 1 20,00 20,00 1 25,00 25,00

10 25,00 250,00 5 30,00 150,00

11 … 270,00 16 … 420,00

20 Compra 5 30,00 150,00 1 20,00 20,00 25 Venda 5 30,00 150,00 6 20,00 120,00

10 25,00 250,00 1 25,00 25,00 … … …

5 30,00 150,00 4 20,00 80,00 … … …

16 … 420,00 10 … 225,00 6 … 120,00


15 400,00 19 480,00 6 120,00

25 Venda 1 20,00 20,00 1 25,00 25,00


9 25,00 225,00 5 30,00 150,00 CMV = R$ 480,00 (150,00 + 125,00 + 255,00)
10 … 245,00 6 … 175,00
Utilizando a fórmula do CMV = EI + CO – EF = 200,00 + 400,00
15 400,00 19 425,00 6 175,00 – 120,00 = R$ 480

CMV = R$ 425,00 (80,00 + 100,00 + 245,00) Vendas líquidas: 140,00 + 200,00 + 400,00 = R$ 740,00
4 x 35,00 = 140,00 5 x 40,00 = 200,00 10 x 40,00 = 400,00
Utilizando a fórmula do CMV = EI + CO – EF = 200,00 + 400,00
– 175,00 = R$ 425,00 RCM = vendas líquidas – CMV = 740,00 – 480,00 = R$ 260,00
Vendas líquidas: 140,00 + 200,00 + 400,00 = R$ 740,00 EF= R$ 120,00
4 x 35,00 = 140,00 5 x 40,00 = 200,00 10 x 40,00 = 400,00 Método Estoque Custo mercadoria Resultado com
Estoque final
utilizado inicial vendida mercadorias
RCM = vendas líquidas – CMV = 740,00 – 425,00 = R$ 315,00 Custo médio 200,00 149,50 450,50 289,50
UEPS 200,00 120,00 480,00 260,00
EF= R$ 175,00
PEPS 200,00 175,00 425,00 315,00
capítulo ∙ 3

Avaliação dos ativos


e dos passivos

3.1. Avaliação dos ativos

De acordo com Hendriksen & Van Breda (p. 304, 1999), “mensu-
ração é o processo de atribuição de valores monetários significativos
a objetos ou a eventos associados a uma empresa, obtidos de modo a
permitir agregação (tal como na avaliação total de ativos) ou desagrega-
ção, quando exigida em situações específicas”. Basicamente, um ativo
é reconhecido por seu potencial futuro de geração de benefícios.

3.1.1. Ativo circulante


Segundo Iudícibus et al (2011), as contas do disponível, com exceção
dos instrumentos financeiros, não apresentam problemas em sua avaliação.
De acordo com o CPC 16, que aborda os conceitos relativos aos
estoques, estes deverão ser avaliados de acordo com o valor de custo ou
realizável líquido. Para Iudícibus et al (2011, p. 76), pode ser considerado
como valor realizável líquido “[...] o preço de venda estimado no curso
normal dos negócios deduzido dos custos para a sua conclusão e dos
gastos necessários para se concretizar a venda”.
Porém, o conceito de valor justo não pode ser confundido com o de
valor realizável líquido. O CPC 16 define valor justo como aquele pelo
qual um ativo ou um passivo pode ser trocado ou liquidado por partes
interessadas e que conheçam o objeto da transação, com a ausência de
fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que a carac-
terizem como compulsória.
48 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 3 – Avaliação dos ativos e dos passivos 49

Entretanto, a definição apresentada no inciso 1º, artigo 183 da Lei Os demais investimentos classificáveis no ativo não circulante devem
das Sociedades por Ações (nº 6.404/76) considera como valor justo o ser avaliados pelo custo de aquisição, sendo deduzidos de provisão para
valor “dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de rea- atender a perdas prováveis de realização ou, ainda, para redução do custo
lização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais de aquisição até o valor de mercado, na situação de este ser inferior.
despesas necessárias para a venda e a margem de lucro”. Conforme Partindo para os direitos classificados na estrutura do imobilizado
comentam Iudícibus et al (2011), a própria legislação acabou por con- das empresas, devem ser avaliados pelo custo de aquisição. No entanto,
fundir os dois conceitos. este valor deve ser deduzido do saldo das contas de depreciação, amor-
Já com relação às despesas antecipadas, ilustradas por valores con- tização ou exaustão, de acordo com as especificações de cada ativo.
tratados por seguros, por assinaturas de jornais e revistas e aluguéis Os direitos classificáveis como intangíveis devem ser avaliados pelo
pagos antecipadamente, deverão ser apresentados no balanço pelas im- custo incorrido no momento de sua aquisição, também sendo deduzido
portâncias aplicadas menos as apropriações efetuadas até a data do ba- este valor do saldo da conta de amortização associada ao ativo.
lanço, obedecendo ao regime de competência (IUDÍCIBUS et al, 2011).
Por fim, levando em conta os ativos provenientes de operações de
A atividade principal de cada empresa influencia na classificação
longo prazo, estes serão avaliados ao valor presente, sendo que os de-
dos instrumentos financeiros, incluindo os derivativos, direitos e títulos
mais sofrerão ajustes quando houver algum efeito de relevância.
de crédito classificados tanto no ativo circulante quanto no ativo reali-
zável a longo prazo. Se forem destinados à negociação futura ou dispo- 3.1.3. Valor justo
níveis para a venda, devem ser avaliados pelo valor justo. No entanto,
se não possuírem relação com a atividade principal das empresas em Conforme o conceito apresentado, o valor justo acaba por se con-
questão, devem ser avaliados pelo critério de valor de custo de aqui- fundir, de acordo com a própria legislação, com o valor realizável líqui-
sição ou valor de emissão, no caso de títulos, e atualizados seguindo do. Considerando todas as especificidades que os ativos possuem e,
disposições legais ou contratuais, realizando ajustes periódicos ao valor adicionalmente, estes conceitos sobrepostos pelo legislador, há de ser
provável de realização, caso este seja inferior. analisado o valor justo para cada ativo de maneira separada.
Tratando-se de direitos que tiverem relação com mercadorias ou Inicialmente, de matérias-primas e de bens constantes de almo-
com produtos da atividade empresarial principal, sendo consideradas xarifado. O valor justo, nesses casos, é o preço pelo qual possam ser
matérias-primas, produtos em processo de fabricação e bens constantes repostos, por meio de compra realizada em mercado corrente e ativo.
de almoxarifado, devem ser avaliados pelo respectivo custo de aquisição Já para os bens ou direitos que são adquiridos com intenção de
(ou de produção), sendo deduzidos de eventuais provisões para ajustá- revenda, determina-se o valor justo como sendo o preço líquido de reali-
-los ao valor de mercado, quando este for inferior. zação em moeda mediante a venda em mercado ativo, sendo deduzidos
os impostos e todas as despesas incorridas para a efetivação da venda,
3.1.2. Ativo não circulante além da margem de lucro obtida na negociação.
Todos os investimentos em participação no capital social de outras Com relação aos investimentos que as empresas possuam, listados na
empresas, desde que não classificados pelo método de equivalência estrutura de seus ativos, valor justo é o valor líquido pelo qual tais investi-
patrimonial, devem ser avaliados pelo custo de aquisição, devidamente mentos possam ser alienados a terceiros, sendo pessoas físicas ou jurídicas.
deduzidos da provisão para perdas prováveis de realização, desde que O ponto mais detalhado com relação à determinação do valor justo,
estas perdas sejam comprovadas como permanentes. considerando as possibilidades existentes nos dias atuais, é relacionado
50 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 3 – Avaliação dos ativos e dos passivos 51

aos instrumentos financeiros. Quando se está avaliando um destes 3.3. Considerações sobre avaliação de ativos
circulantes em um mercado ativo, o valor justo é relacionado a tal e de passivos
avaliação de mercado, sempre que forem realizadas transações não
compulsórias entre partes tidas como independentes e detentoras da Tratando-se de instrumentos financeiros, ambos devem ser avalia-
mesma quantidade e qualidade de informações sobre este mercado. dos pelo respectivo valor de mercado. O que regula esse dispositivo é a
alínea “d” do §1º do artigo 183 da legislação societária, a qual descreve
Agora, quando há a ausência desse mercado ativo para avaliação
as formas para a avaliação a preço de mercado. Estas reavaliações, que
do instrumento financeiro, existem três possibilidades distintas para
podem ser positivas ou negativas, devem ser feitas em contrapartida
se chegar ao valor justo:
à conta denominada ajustes de avaliação patrimonial, classificada no
• é o valor que se pode obter em um mercado ativo com a ne- patrimônio líquido. O que significa dizer que tais ajustes não transitam
gociação de um instrumento financeiro que possua natureza, pelas contas de resultado.
prazo e riscos semelhantes;
Imagine-se um instrumento financeiro, com valores, antes de
• é o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros, também uma reavaliação, a R$50.000,00, que possua o valor de mercado de
considerando instrumentos financeiros que possuam natureza, R$60.000,00. O seguinte lançamento contábil deverá ser registrado:
prazo e riscos semelhantes; ou
• é o valor decorrente da utilização de modelos matemáticos e/ Instrumentos financeiros (ativo circulante ou não circulante)
R$ 10.000,00
a ajuste de avaliação do valor patrimonial (patrimônio líquido)
ou estatísticos, os quais tenham a intenção de precificar estes
instrumentos financeiros. O motivo pelo qual esses ajustes não afetam as contas de resulta-
do está associado a ainda não serem reconhecidos, apenas o sendo no
momento da alienação efetivada do referido instrumento financeiro.
3.2. Avaliação dos passivos
Outro fator que merece ser considerado de maneira diferenciada
De maneira menos detalhada na estrutura patrimonial, os passivos relaciona-se aos elementos do intangível, pois o critério estabelecido
também apresentam quantidade reduzida de critérios distintos para para avaliação é o custo incorrido na aquisição, sendo deduzido do saldo
avaliação, vistos nos próximos parágrafos. da respectiva amortização. Como as atualizações da Lei nº 6.404/76
Com relação às obrigações, aos encargos e aos riscos, conhecidos não especificaram o tempo máximo para a amortização desses ativos,
ou apenas estimáveis, incluindo a obrigação com o imposto gerado pela subentende-se que o prazo continue sendo de dez anos, de maneira
renda (resultado do exercício), o critério de avaliação será o do valor semelhante ao que acontece com o extinto ativo diferido.
atualizado até a data de levantamento do balanço patrimonial. Por fim, existe a possibilidade aberta pela lei de ser feito registro
Já para as obrigações que tenham sido contraídas em moeda estran- de perda de capital relacionado a ativos, quando houver decisão de in-
geira e com cláusula de paridade cambial, devem ser convertidas para terromper as atividades que tinham como destinação recuperar o valor
a moeda corrente nacional, tendo como referência a taxa de câmbio investido ou, ainda, quando ficar comprovado que estes ativos não po-
vigente à data do balanço. derão produzir resultados suficientes para que o valor seja recuperado.
Finalmente, todas as obrigações, os encargos e os eventuais riscos De maneira adicional, também passa a existir a permissão para
classificáveis no passivo exigível de longo prazo devem ser ajustados ao revisão e para ajustes de critérios utilizados na determinação da vida
respectivo valor presente, ajustados os demais quando existir qualquer útil econômica estimada dos bens e, por consequência, para os cálculos
efeito relevante. da depreciação, da amortização ou da exaustão.
52 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 3 – Avaliação dos ativos e dos passivos 53

3.4. Relação com os princípios contábeis indispensável para que as demonstrações contábeis pudessem eviden-
ciar a realidade patrimonial das empresas.
Em 1993, a resolução CFC n° 750 dispôs sobre os Princípios Fun-
Complementarmente, ainda em vigor, o inciso III do §2º, alínea “e”
damentais de Contabilidade, os quais tiveram vigência na íntegra até
do art. 7º da resolução em voga trata da atualização monetária, especifi-
o dia 28 de março de 2010, data em que entrou em vigor a resolução
cando que não representa nova avaliação, mas apenas o ajuste de valores
CFC n°. 1.282/10, que atualizou e consolidou os dispositivos da reso-
originais transportados para uma data determinada, pela aplicação de
lução de 1993.
indexadores ou outros elementos capazes de evidenciar a variação do
Dentre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, constavam poder aquisitivo da moeda brasileira em um intervalo de tempo.
dois: o princípio do registro pelo valor original (art. 7º) e o princípio da
Finalmente, devido à elevada importância no arcabouço teórico da
atualização monetária (art. 8º). contabilidade, a resolução CFC n° 1.282/10 não mais considera a atua-
lização monetária como um dos princípios de contabilidade, revogando
3.4.1. Princípio do registro pelo valor original o art. 8º e todos os dispositivos que tratavam a atualização monetária
como um dos Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Este princípio determina, desde 1993, que os componentes do pa-
trimônio devem sofrer registros pelos valores originais das transações,
expressos em moeda corrente brasileira. 3.5. Método da equivalência patrimonial
Define, com propriedade, custo histórico como o valor pelo qual os
A equivalência patrimonial significa que a investidora avaliará sua
ativos são registrados, considerando os valores pagos (ou compromissos participação societária na investida, utilizando como referência o per-
assumidos de pagá-los) ou pelo valor justo dos recursos entregues para centual de participação no capital social daquela empresa. Esse per-
a aquisição no momento em que é realizada. Já os passivos devem ser centual é aplicado sobre o patrimônio líquido da investida, resultando
registrados pelos valores dos recursos recebidos em troca da obrigação no valor do investimento da investidora.
ou que serão necessários para liquidar tal obrigação no curso normal
Dessa forma, serão reconhecidos os resultados das controladas e co-
das operações. Este princípio, em comparação do que era regulado
ligadas no exercício em que forem gerados, além do reconhecimento pela
desde 1993, não se alterou com a nova resolução de 2010.
investidora de quaisquer outros efeitos no patrimônio líquido da inves-
tida como o aumento ou a redução de reservas de capital, as quais não
transitam por resultado enquanto estiverem classificadas como reservas.
3.4.2. Princípio da atualização monetária
O princípio fundamental do método da equivalência patrimonial
Como no início da década de 1993, o Brasil vivia um período de in- (MEP) está em considerar que o patrimônio líquido contábil representa
flação elevada, de mais de dois dígitos percentuais ao mês, a atualização o capital próprio das entidades. Tendo este raciocínio, no caso de uma
monetária era extremamente útil para a validação das demonstrações empresa possuir participação no capital social de outra, ela terá direito
contábeis e para trazê-las a valor corrente ou, pelo menos, tentar trazê-las. à participação no patrimônio líquido dessa outra empresa proporcio-
No entanto, depois da implantação do Plano Real, da consequente nalmente ao capital social.
estabilização dos índices de inflação em níveis aceitáveis mundialmente Com o objetivo de ilustrar tal situação, imagine-se que a empresa
e do aparecimento do Brasil em cenário mundial como potência em A, que participa por contar com 20% do capital social da empresa B,
franco crescimento, a atualização monetária não mais se tornou algo terá direito de participar, também, de 20% no patrimônio líquido da
54 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 3 – Avaliação dos ativos e dos passivos 55

empresa B. Significa dizer que 20% do patrimônio líquido da empresa total das ações de uma empresa. Dessa forma, a lei prevê a possibilidade
B pertencem à empresa A. de o capital votante estar representado por apenas 50% do capital total.
Algumas definições adicionais são concernentes ao MEP. Dentre Nessa situação, 25% do capital total mais uma ação podem repre-
elas, podem ser citadas a sociedade controladora, a sociedade coliga- sentar a maioria do capital votante, isto é, a obtenção permanente de
da normal e por equiparação, a relevância, etc. Todos esses conceitos 25,01% do capital total pode representar a preponderância nas delibe-
possuem suporte da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e rações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores, no
da Instrução CVM nº 247/96. caso de a empresa ter 50% do seu capital representado por ações sem
direito a voto e que a investidora possua 25,01% das ações ordinárias,
3.5.1. Controlada e controladora ou seja, as ações representativas do capital votante.
Pode-se dizer que uma empresa é uma controladora quando possui Existe outra forma de controle, chamada controle comum. Utilizada,
a titularidade de mais da metade (ou mais de 50%) das quotas ou das na prática, por grandes grupos e quando a participação individual por si
ações com direito a voto de outra empresa, chamada de controlada. No só não garante preponderância nas deliberações. Por interesses comuns,
entanto, esse controle não precisa ser direto, podendo ser realizado por algumas pessoas ou empresas investidoras selam acordos para formar
outra empresa controlada, o chamado controle indireto. um grupo que, no conjunto, representa a maioria do capital votante.
Imagine-se, novamente, que uma empresa X participe com mais Tome-se mais um exemplo: a empresa VAIBEM S/A possui o capital
de 50% do capital votante da Y. Existe, ainda, uma terceira empresa, social de R$70.000.000,00, formado por 30.000.000 de ações preferen-
denominada Z, que possui mais de 50% do capital votante pertencente ciais e 40.000.000 de ações ordinárias. O seu estatuto prevê que so-
à companhia Y. Pode-se deduzir que a empresa X é controladora direta mente as ações ordinárias têm direito a voto nas deliberações principais.
da companhia Y e a companhia Y é controladora direta da Z. No entanto, Assim sendo, o detentor (ou os detentores) de 20.000.001 ações (mais de
a companhia X controla, de forma indireta, a companhia Z. Essa situação 50% do capital votante) terá assegurada a preponderância nas delibera-
ocorre, pois a companhia X dita as regras de forma direta para a compa- ções da empresa. No entanto, nenhum acionista individualmente possui
nhia Y, por isso acaba exercendo, também, controle sobre a companhia Z. esta quantidade de ações. A empresa VAIMAL S/A possui 16.000.000
(40,0% do capital votante), o que não lhe assegura a preponderância
Essa possibilidade só existe quando os investimentos são perma-
absoluta nas deliberações da VAIBEM. Há a empresa VAIPIOR LTDA,
nentes. Caso contrário, seriam classificáveis, ou no ativo circulante, ou
que investiu apenas R$4.500.000,00, adquirindo 4.500.000 ações or-
no ativo realizável a longo prazo. Outro ponto conceitual que merece
dinárias (11,25% do capital votante) da empresa VAIBEM S/A. As duas
destaque é a preponderância nas deliberações sociais, pois a regra é que
investidoras chegaram a um acordo para tomarem as decisões futuras
aquele investidor que possuir a maioria do capital com direito a voto a
em conjunto, já que por possuírem 51,25% do capital votante da VAI-
possui. Só que, nos mercados de capitais, não é incomum encontrar
BEM, elas são controladoras da empresa investida.
parcelas menores que a maioria definindo os rumos de empresas. Isso
ocorre quando as ações das empresas estão difundidas no mercado de
tal forma que, nas assembleias gerais de acionistas, no caso em que 3.5.2. Coligada
parte dos acionistas minoritários não participarem, as ações futuras
serão decididas pela maioria presente. Segundo a legislação societária, a única condição para que se con-
No §2º do art. 15 da legislação societária, está estabelecido que a sidere uma empresa coligada de outra é que o investimento tenha rele-
quantidade de ações sem direito a voto não poderão exceder a 50% do vância significativa. Não existe previsão legal para participação indireta
56 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 3 – Avaliação dos ativos e dos passivos 57

ou ao tipo de ações (ordinárias ou preferenciais), havendo ainda a possi- representar apenas 20% do capital total. Mesmo assim, Z é coligada de
bilidade de coligação entre sociedade anônima e limitada e vice-versa. Y. A participação indireta de X no capital votante de Z é de 10% (25%
Na sequência, segue mais um exemplo ilustrativo: a CIA. PRETA tem de 40% ou 0,25 x 0,40 = 0,10, ou seja, 10%), logo Z é coligada de X por
participação no capital social em diversas empresas, como segue: equiparação indireta.
• 12% do capital, sem direito a voto, da CIA. VERDE;
• 5% do capital com direito a voto e 8% do capital sem direito a 3.5.4. Investimento relevante
voto da CIA. AZUL; Conceito diretamente relacionado à empresa investidora. Segundo
• 5% do capital com direito a voto e 4% do capital sem direito a a legislação societária, um investimento é considerado relevante quan-
voto da CIA. AMARELA; e do representa, no mínimo e isoladamente, 10% do patrimônio líquido
• 2% do capital com direito a voto e 5% do capital não votante da investidora e que seja em uma coligada, ou se, no conjunto das em-
da CIA. BRANCA. presas coligadas e controladas, o valor contábil desse investimento for
Tomando como referência somente as participações da CIA. PRE- equivalente a, no mínimo, 15% do patrimônio líquido da investidora.
TA, pode-se deduzir que: Por meio do inciso I do art. 4º da instrução CVM n° 247/96, a aná-
1 – A CIA. VERDE e a CIA. AZUL são suas coligadas; lise a ser efetuada para se determinar a relevância de um investimento
de forma isolada deve considerar, exclusivamente, os investimentos
2 – A CIA. AMARELA e a CIA. BRANCA não são coligadas da
em empresas coligadas. Assim, não se faz a análise da relevância dos
CIA. PRETA.
investimentos em controladas, de forma isolada, pois a CVM pressupõe
que todos os investimentos em controladas são relevantes.
3.5.3. Equiparada à coligada Tendo em conta os investimentos, quando vistos em conjunto, de-
Na instrução CVM nº 247/96, as alíneas “a” e “b” do art. 2º orien- vem ser considerados também aqueles que a investidora possua em
tam sobre os conceitos de sociedades equiparadas às coligadas, poden- controladas. Dessa forma, na análise conjunta, somam-se todos os in-
do a equiparação ser direta ou indireta. Segundo Correa (2011), não vestimentos em coligadas, em coligadas por equiparação e em contro-
interessa o percentual de participação na investida. Sendo enfatizado, ladas. Se o valor contábil alcançar ou superar o equivalente a 15% do
apenas, o percentual do capital votante. patrimônio líquido da investidora, os investimentos em sociedades co-
Também regula a matéria o art. 15 da lei societária, que limita o ligadas e equiparadas a coligadas serão, também, relevantes, visto que
percentual máximo de ações preferenciais em 50%, e supondo que uma os investimentos em controladas são sempre, como já visto, relevantes.
empresa tenha o seu capital social constituído com este percentual de Tome-se outro exemplo ilustrativo da empresa PRETA S.A., cujo
ações preferenciais, uma sociedade que participa com apenas 5% do ca- patrimônio líquido é de R$ 60.000,00, possuindo as seguintes partici-
pital votante será considerada coligada por equiparação de forma direta. pações societárias em suas coligadas:
Na equiparação indireta, também pode existir a coligação por equi-
Investida Valor do investimento
paração, conforme ilustrado na sequência:
VERDE R$ 6.300,00
A empresa X detém 25% do capital da empresa Y, sem controlá-la.
AMARELA R$ 3.000,00
Y é coligada de X. A empresa Y participa do capital votante da empresa
AZUL R$ 2.400,00
Z com 40%, também sem controlá-la. O capital de Z é composto de
ações ordinárias e preferenciais. Assim, a participação de Y em Z pode BRANCA R$ 11.700,00
58 CON TA BILIDA DE GER A L

De forma resumida, têm-se as seguintes análises:


• Isoladamente
a) O investimento de R$ 6.300,00, na investida VERDE, é relevan-
te porque representa 10,5% do patrimônio líquido da investidora.
b) O investimento de R$ 11.700,00, na investida BRANCA, é relevan-
te porque representa 19,5% do patrimônio líquido da investidora.
c) O investimento de R$ 3.000,00, na investida AMARELA, não é
relevante, pois representa 5% do patrimônio líquido da PRETA.
d) O investimento de R$ 2.400,00, na investida AZUL não é rele-
vante, visto que representa apenas 4% do patrimônio líquido da
investidora.
• No conjunto
a) Os investimentos efetuados na VERDE e na BRANCA continu-
am sendo relevantes, pois a análise do conjunto dos investimen-
tos não lhes tira aquela condição adquirida quando analisados
isoladamente.
b) Note-se que o somatório dos investimentos, ou valor contábil
deles, é de R$ 23.400,00. Logo, o investimento na AMARELA
e na AZUL passam a ser relevantes, pois o somatório dos investi-
mentos em coligadas e controladas ultrapassa 15% do patrimônio
líquido da investidora.
Em outro exemplo, a empresa MARRON, cujo patrimônio líquido é
de R$ 160.000,00, possui as seguintes participações societárias:
• R$ 16.200,00 na coligada Cia. AZUL;
• R$ 7.000,00 na controlada Cia. AMARELA.
Na análise dos investimentos, chega-se à conclusão de que am-
bos os investimentos da Cia. MARRON são relevantes, pois os inves-
timentos em sociedades controladas sempre o são e o investimento
de R$ 16.200,00 na Cia. AZUL, isoladamente, é relevante, haja vista que
R$ 16.200,00 é superior a 10% do seu patrimônio líquido.
Apenas enfatizando, quando se trata de empresa controlada, não
há razão de se determinar a relevância do investimento, a não ser para
verificar a relevância em conjunto com outros investimentos.
capítulo ∙ 4

Reconhecimento de
receitas e despesas

4.1. Receitas

As receitas podem ser definidas como entradas de elementos para


o ativo, caracterizadas como dinheiro ou por direitos a receber. São
advindas de vendas de mercadorias, produtos ou prestação de serviços.
Pode-se dizer também que essas podem ser derivadas de juros a rece-
ber, depósitos bancários, títulos ou outros ganhos esporádicos.
Para Iudícibus (2004, p. 164), a receita é conceituada como:
[...] é a expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de
bens e serviços da entidade, em sentido amplo (em determinado perí-
odo de tempo) e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e
no patrimônio líquido, considerado separadamente da diminuição do
ativo (ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio líquido provocados
pelo esforço em produzir tal receita.
O International Accounting Standards Board (IASB, 2011) define
receita como o ingresso bruto de dinheiro, contas a receber ou outros
valores que surgem do curso normal da empresa, oriundos de venda
de mercadorias ou da prestação de serviços (objeto de atividade da
empresa), ou pelo uso de recursos da empresa, geradores de royalties
e dividendos.
Já para o Financial Accounting Standards Board (FASB, 2011) as
receitas são entradas ou outros aumentos de ativos de uma entidade,
ou liquidação de seus passivos (ou a combinação de ambos), durante
um período, proveniente da entrega ou da produção de mercadorias,
60 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 4 – Reconhecimento de receitas e despesas 61

prestação de serviços, ou outras atividades que constituem as principais 4.1.3. Reconhecimento das receitas
operações em andamento da entidade.
O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON, Um dos princípios inerentes ao conceito de receita é relacionado ao
2011), por sua vez, define a receita como um acréscimo no ativo ou um fato de que um aumento no ativo (ou diminuição no passivo) é, ao mes-
decréscimo no passivo, reconhecidos de acordo com os princípios de mo tempo, um acréscimo de patrimônio líquido. Conforme o regime
contabilidade, resultantes das atividades da empresa e que alteram o de competência, no que diz respeito ao reconhecimento das receitas, é
patrimônio líquido dessas. preciso que o produto ou o serviço já tenha sido totalmente transferido
ao cliente, para que possa ser reconhecida.
Os ganhos são diferenciados das receitas, pois são itens não re-
correntes. Eles possuem o mesmo efeito no patrimônio líquido, mas Dessa forma, a receita é a aceitação por parte do mercado do es-
podem ou não surgir da atividade normal da empresa. Incluem-se nessa forço de produção da empresa. Esse conceito pode ser aplicado para
categoria os que surgem de vendas e baixas de ativos não circulantes receitas e para ganhos.
(imobilizados, por exemplo). Para que uma receita seja reconhecida, são necessários alguns fatores:
• Seu valor pode ser medido com segurança;
4.1.1 Natureza das receitas • Existe a probabilidade de os benefícios futuros fluírem para
a empresa;
Em relação à sua natureza, Iudícibus e Marion (1999) definem que • Os custos incorridos e futuros podem ser medidos de modo
as receitas podem ser operacionais e de outra natureza, as primeiras confiável.
são derivadas das vendas ou da prestação de serviços, já os juros, por
exemplo, são considerados receitas indiretas ou de outra natureza den- Além disso, devem ser observados também os seguintes aspectos
tro da empresa, por não derivarem da atividade dessa. com relação a mercadorias e serviços:
Especificamente com relação à receita operacional, Iudícibus e • Os riscos relevantes e também os benefícios devem ser trans-
Marion (1999) comentam que esta não poderia existir se a entidade feridos a quem os comprou;
não fosse capaz de gerar ou produzir, utilizando seus recursos (e, como • Não existe mais controle por parte do vendedor sobre as mer-
se verá, incorrendo em despesas) produtos ou serviços que o mercado cadorias ou sobre os serviços.
aceitasse. Assim, antes de mais nada, receita é um fluxo de produtos O momento exato de reconhecimento das receitas pode, contabil-
ou de serviços durante um certo período contábil. mente, ocorrer de três formas:
• A entrega do bem ou prestação do serviço: Geralmente re-
4.1.2. Características das receitas presenta o registro da receita. Quando a mercadoria está en-
tregue, os custos e as despesas são, em sua grande maioria,
Pode-se afirmar que as três principais características das receitas são: conhecidos;
• Para que a receita seja produzida, precisa haver de forma direta, • Antes da entrega do bem ou da prestação do serviço: Ocorre,
ou indireta, uma despesa; geralmente, com serviços. O valor da receita pode ser deter-
• O mercado é que dá a palavra final de seu valor; minado por contrato ou por acordo. Antes do faturamento, já
• Está relacionada à produção de bens e serviços. existe a criação de um direito contra o cliente;
62 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 4 – Reconhecimento de receitas e despesas 63

• Depois da entrega do bem ou da prestação do serviço: Quando As perdas podem ser exemplificadas por itens resultantes de de-
é impossível medir o valor dos ativos recebidos em troca da sastres, inundações, fogo, etc. Além disso, desincorporação de ativos
prestação de serviço ou da venda de mercadoria. Pode ser que também é considerada uma perda.
ainda existam muitas despesas ainda não estimadas.

4.2.1. Confrontamento das receitas com as despesas


4.2. Despesas

Para Iudícibus e Marion (1999) as despesas são o sacríficio dos Algumas despesas não estão diretamente ligadas ao processo
ativos realizados em troca de obtenção de receitas (é esperado que seja produtivo:
maior que o das despesas). • Com vendas e administrativas;
Outro entendimento sobre as despesas é que geram benefícios eco- • Financeiras;
nômicos durante determinado período e que têm em contrapartida a • Impostos e taxas;
saída de recursos (dinheiro), redução de ativos (entrega de bens) ou, • Pesquisa e desenvolvimento.
ainda, uma criação de passivos (quando realizadas a prazo), ocasionan-
do simultaneamente um decréscimo no patrimônio. Já algumas delas diretamente ligadas ao processo produtivo, podem
variar de acordo com o modelo de custeio, absorção, variável ou inter-
As despesas podem ser consideradas o uso ou o consumo de bens
mediários e são diretamente ligadas aos produtos.
e serviços no processo de obtenção de receitas (HENDRIKSEN; VAN
BREDA, 1999). Dessa forma, pode-se destacar com relação a estas: Podem ser consideradas despesas diretamente relacionadas ao
processo produtivo:
• Utilização ou consumo de bens e serviços no processo de pro-
duzir bens; • Custos de matéria-prima e de mão-de-obra direta;
• Gastos realizados no passado ou no presente, com realização futura; • Desperdício natural de matéria-prima e custo da ociosidade
da mão-de-obra;
• Fato gerador: esforço contínuo para a produção de receitas.
• Custos indiretos de fabricação.
A definição de despesa inclui perdas (sinistros, venda de ativos não
correntes e perdas não realizadas) e evita o subjetivismo da segregação.
Geralmente são apresentadas em separado, pois facilita a compreensão 4.2.2. Reconhecimento da despesa
e a decisão dos usuários. Características básicas da perda:
Normalmente, uma despesa é reconhecida quando bens ou serviços
• Não estão associadas às receitas; são consumidos para a obtenção de receitas. As despesas devem ser
• Não estão associadas com outros exercícios; reconhecidas no exercício em que a receita correspondente também é
• Decorrem de eventos imprevisíveis. (confrontação das despesas com as receitas).
O reconhecimento das perdas é semelhante ao das despesas, pois
não podem ser vinculadas a receitas, devendo ser registradas no exer-
cício em que se torna evidente que um ativo proporcionará à empresa
menos do que se esperava na avaliação esperada.
capítulo ∙ 5

A elaboração das
demonstrações contábeis

De acordo com o Artigo 176 da Lei nº 6.404/76, mediante as alte-


rações dadas pela Lei nº 11.638/07, as demonstrações financeiras que
devem ser apresentadas às companhias abertas são as seguintes:
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com
base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demons-
trações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do
patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I – balanço patrimonial;
II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III – demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração das origens e aplicações de recursos.
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº
11.638,de 2007)
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído
pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a in-
dicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício
anterior.
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupa-
das; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada
a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do res-
pectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações
genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”.
66 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 67

§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros os valores que são rapidamente conversíveis em moeda, ou que já são
segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de moeda efetivamente, serão apresentados no ativo circulante, e aqueles
sua aprovação pela assembléia-geral.
que possuem prazo de resgate maior, como aplicações financeiras com
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e prazo superior a 360 dias ou o imobilizado da empresa deverão ser
outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para
considerados como ativo não ccirculante.
esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
O passivo, por sua vez, também é apresentado de acordo com a or-
dem crescente dos prazos de exigibilidade, ou seja, aquelas dívidas que
deverão ser pagas até 360 dias figuram no circulante. Por fim, dívidas
5.1. Balanço patrimonial
com prazo superior a esse figuram no passivo não circulante.
É uma demonstração contábil que tem por objetivo mostrar a situ- Já o patrimônio líquido é o grupo que apresenta os valores não
ação financeira e patrimonial de uma entidade em uma determinada exigíveis e que pertencem aos sócios. A seguir, um resumo ordenado
data. Representando, portanto, uma posição estática, sintética e orde- dos principais grupos e contas do balanço patrimonial.
nada da mesma (REIS, 2009).
Modelo de balanço patrimonial

Ativo Passivo
5.1.1. Estrutura do balanço patrimonial
• circulante: contas em constante
O balanço apresenta os ativos (bens e direitos), considerados como • circulante: obrigações exigíveis
giro – sendo que a conversão em
que serão liquidadas nos próximos 365
aplicações dos recursos e passivos (exigibilidades e obrigações) e o pa- dinheiro será no máximo no mesmo
dias após o levantamento do balanço
exercício social
trimônio líquido, que é resultante da diferença entre o total do ativo
e do passivo. O lado do passivo também é conhecido como o de ori- • realizável a longo prazo: bens e
direitos que se transformam em di- • exigível a longo prazo: obriga-
gem dos recursos, uma vez que as entradas de valores são de terceiros nheiro após um ano do levantamento ções exigíveis que serão liquidadas
ou de recursos próprios. do balanço com prazo superior a um ano
A estrutura balanço patrimonial está demonstrada a seguir: • investimentos: valores de caráter
permanente que geram rendimento e
Ativo Passivo que não são necessários à manutenção
da atividade da empresa
ativo circulante passivo circulante
• imobilizado: itens corpóreos de
passivo não circulante natureza permanente que serão utili-
ativo não circulante • patrimônio líquido: recursos dos
patrimônio líquido zados para a manutenção da atividade proprietários aplicados na empresa
básica da empresa
Pode-se notar que o balanço apresenta de forma equilibrada a situ- • intangível: itens não corpóreos
ação patrimonial da empresa, apresentando bens, direitos e obrigações destinados à manutenção da atividade
da empresa
em um único relatório.
Os critérios de apresentação do balanço evidenciam o ativo de A seguir, as principais características do Ativo, do Passivo e do
acordo com a ordem crescente dos prazos de realização. Dessa forma, Patrimônio Líquido.
68 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 69

5.1.1.1. Def inição de ativo • Precisa relacionar algum direito a benefícios futuros. Por exem-
plo, a proteção à cobertura do sinistro, como direito em contra-
Os elementos que constituem o ativo podem ser definidos como
prestação ao prêmio de seguro pago pela empresa;
“benefícios econômicos futuros prováveis, obtidos ou controlados
• O direito precisa ser exclusivo da entidade. O direito de transpor-
por uma dada entidade em consequência de transações ou eventos
tar a mercadoria da entidade por uma via expressa, embora be-
passados” (FASB, SFAC 6 Par. 25, apud HENDRIKSEN e VAN
néfico, não é ativo, pois é geral, não sendo exclusivo da entidade.
BREDA, p. 283,1999).
Pode-se afirmar, ainda, que “ativos são recursos controlados por
uma entidade capazes de gerar, mediata ou imediatamente, fluxos de 5.1.1.2. Caracter ísticas do ativo
caixa.” (IUDÍCIBUS, p. 139, 2004). Já para Marion e Iudícibus (1999),
Segundo Iudícibus e Marion (1999), para que determinado bem
o ativo, portanto, pode ser caracterizado como algo que possui um
seja considerado um ativo ele deverá preencher as seguintes caracte-
potencial de serviços em seu bojo, para a entidade, capaz, direta ou
rísticas simultaneamente:
indiretamente, imediata ou no futuro, de gerar fluxos de caixa.
Para a conceituação do ativo, é preciso que sejam definidos, conhe- • Bens ou direitos;
cidos, alguns conceitos relativos aos seus elementos (bens e direitos), • Propriedade (há exceções, que podem ser ilustradas pela figura
conforme os elencados por Hendriksen e Breda (1999). do leasing financeiro);
• Incorpora um benefício futuro provável, isoladamente ou em • Mensurável em dinheiro;
combinação com outros ativos. Aqui pode ser citado como • Benefícios presentes ou futuros.
exemplo a conta de estoques, que, combinada com outras con-
tas do ativo, gerará benefícios futuros para a empresa, como
5.1.1.3. Tipos de ativos
vendas a prazo, recebimentos, entre outros;
• Uma dada entidade pode conseguir o benefício e controlar o Pode-se afirmar que o ativo possui quatro grupos principais:
acesso de outras entidades a esse benefício;
• Ativos tangíveis – podem ser considerados tangíveis os ativos
• A transação ou o evento, originando o direito da entidade ao que podem ser tocados, medidos ou mensurados de alguma
benefício, ou seu controle ao mesmo, já ter ocorrido; forma. Pode-se afirmar que esses integram o patrimônio físico
• Consideração quanto a sua controlabilidade, ou seja, tem que das entidades, sendo exemplificados por máquinas, instalações,
ser controlável pela entidade. Nesse ponto, entra um conceito terrenos, entre outros;
interessante relativo ao leasing, que, segundo afirma Martins • Ativos intangíveis – já os ativos intangíveis (que deverão possuir
(1999), incorpora à empresa benefícios, riscos e controle que, as mesmas características de reconhecimento dos tangíveis),
mesmo não sendo de sua propriedade, deverão ser contabiliza- são aqueles oriundos da aquisição de direitos ou de serviços.
dos como ativo. Dessa forma, o “leasing” financeiro (arrenda- Entram nesse contexto os direitos autorais, marcas e patentes,
mento mercantil), tratado até 2007 como aluguel, passa a ser fundo de comércio, licenças, locações, entre outros que possi-
contabilizado como ativo para fins contábeis. Para fins fiscais, bilitem benefícios futuros, mas que não possuam as mesmas
continua sendo aluguel; características corpóreas dos tangíveis;
70 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 71

• Ativos monetários – são aqueles que podem ser expressos ou • Não é necessário que o valor seja conhecido com certeza para
transformados em moeda, cujos valores nominais são definidos que seja feita a provisão, o que configura a exigibilidade con-
pelo título ou pelo documento que o suporta. Nessa categoria tingente. Exemplos desses passivos podem ser ilustrados pe-
também podem ser reconhecidos os valores como as disponibi- las ações judiciais, que também deverão ser consideradas no
lidades em forma de caixa, bancos, títulos a receber, depósitos, passivo devido à convenção do conservadorismo, que escolhe
entre outros que possuam estas características; maior avaliação para o passivo, ou seja, verificando a possibi-
• Ativos não monetários – os ativos não monetários são represen- lidade de a ação judicial efetivamente ocorrer, esta já deve ser
tados basicamente por bens e por direitos de existência física. registrada, independente de um valor preciso ou, ainda, data
Esse conceito aplica-se aos bens imobilizados e a suas deprecia- para pagamento estipulada;
ções, bem como investimentos, adiantamentos a fornecedores, • Deve haver um valor de vencimento determinável e a expec-
funcionários e estoques. tativa de que seja exigido pagamento. Esse tópico está relacio-
nado à maioria dos passivos, porém as ações judiciais perdem
esta característica;
5.1.1.4. Def inição de passivo • O beneficiário da dívida deverá ser reconhecido até o momen-
to do pagamento, podendo ele ser um elemento específico ou
Uma característica essencial de uma exigibilidade é que configura- um grupo.
-se por uma obrigação, dever ou responsabilidade de agir ou cumprir
de uma certa forma. Para Hendriksen e Van Breda (p. 409, 1999),
“passivos são sacrifícios prováveis de benefícios futuros resultantes de
5.1.1.5. Reconhecimento do passivo
obrigações presentes.” Além disso, o passivo deverá incorporar os se-
guintes conceitos: Com relação ao passivo, devem ser observadas as seguintes carac-
terísticas relativas ao seu reconhecimento:
• A obrigação deve existir no primeiro momento, apesar de estar
ligada a uma transação ou a um evento do passado. O passivo • Corresponde à definição de passivo, porém é preciso observar
representa, em sua maioria de contas, o reflexo de transações que a obrigação surge quando se obtém o direito de utilização
passadas, uma vez que contas como fornecedores, impostos, de bens ou de serviços, ocorrendo o reconhecimento da con-
salários, contas diversas a pagar, entre outras, refletem transa- trapartida, seja ela ativo ou despesa;
ções ocorridas anteriormente; • É mensurável, ou seja, é possível avaliar monetariamente tal
• As provisões e deveres devem ser incluídos, baseados em ne- elemento por uma quantia definida ou estimada;
cessidades de realização de pagamentos futuros. Seguindo o • É relevante, ou seja, de acordo com o princípio da oportunidade
princípio da competência e a convenção do conservadorismo, ou convenção da materialidade, a obrigação precisa apresentar
as provisões deverão ser feitas de acordo com o fato gerador, e, valor relevante para que seja registrada;
desde que minimamente estimáveis, deverão ser incorporadas • É preciso, porém o momento em que a transação ocorre nem
ao passivo, refletindo, assim, a verdadeira situação de endivi- sempre é claro. Uma despesa deve ser reconhecida quando os
damento da entidade; bens ou os serviços são consumidos ou utilizados no processo
72 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 73

de geração de receita. Se a obrigação de pagamento por esses contas de salários dos funcionários, que recebem valores fixos
bens e serviços ainda não tiver sido reconhecida, isso deverá todos os meses. Já os variáveis, guardam certa relação com o
ocorrer após o momento em que as despesas são reconhecidas. volume de vendas, como os impostos, por exemplo, que aumen-
Em muitos casos, porém, os bens e os serviços são recebidos tam ou diminuem conforme a quantidade vendida;
antes de serem utilizados. Nesse caso, tanto o ativo quanto o 5. Exigíveis de coligadas e exigíveis de terceiros – as dívidas com
passivo devem ser contabilizados a menos, evidentemente, de coligadas são as mantidas com as empresas do mesmo grupo. Já
forma que o pagamento tão logo seja feito. as com terceiros, são advindas de dívidas junto a outros que não
possuem nenhuma ligação com a empresa, possuindo, assim,
um maior risco.
5.1.1.6. Tipos de passivos
6. Exigíveis quirográficos – em caso de falência, as dívidas serão
O passivo apresenta as obrigações em ordem decrescente de exigi- liquidadas nessa ordem:
bilidade e apresenta subdivisões conforme a seguir:
• Com falência;
1. Passivos monetários – são obrigações em termos nominais, ou • Empregados e encargos sociais;
seja, envolvem o pagamento de quantias predeterminadas. Com
• Dívidas com garantias reais: hipotecas, penhor mercantil;
relação aos passivos circulantes, normalmente têm vencimento
• Governo (impostos e outros).
de curto prazo, assim podem ter o seu valor apresentado pelo
valor de face. Já nos passivos não circulantes, o valor tende a
ser representativo, dessa forma eles devem ser avaliados por
seu valor presente; 5.1.1.7. Def inição de patr imônio líquido
2. Passivos não monetários – “são aquelas obrigações de forneci-
mento de bens ou serviços de quantidade e qualidade prede- De forma simples, pode ser definido como a diferença entre o va-
terminadas.” Hendriksen e Van Breda (p. 415, 1999). Exemplos lor do ativo e do passivo. Porém o detalhamento desse grupo pode ser
podem ser os adiantamentos de clientes, que foram valores mais aprofundado, pois contém, entre outros recursos conferidos pelos
recebidos anteriormente e que deverão ser honrados pela em- acionistas, reservas que representam distribuição de lucros, ajustes de
presa na forma de entrega de bem ou de serviço; capital, etc. Também fazem parte do patrimônio líquido:
3. Passivos onerosos e não onerosos – os primeiros são aqueles • Valores pagos por acionistas;
que custam à empresa mensalmente juros e encargos, como, • Doações para investimentos recebidas de terceiros;
por exemplo, financiamentos e empréstimos. Já os não onerosos
• Valores integralizados pelos sócios;
são aqueles que a empresa não paga encargos, decorrentes da
• Capital integralizado pelos sócios;
atividade normal da empresa, como duplicatas a pagar, forne-
cedores, empréstimos, entre outros que não possuem juros em • Reservas de lucros;
sua composição; • Reservas especiais de capital;
4. Exigíveis fixos e variáveis – os exigíveis fixos não variam com o • Prejuízos acumulados;
volume de renda da empresa, os exemplos mais comuns são as • Ações em tesouraria.
74 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 75

5.1.1.7.1. Reservas • As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzi-


das das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras
Sua criação pode ser requerida por disposição estatutária ou legal, a
despesas operacionais;
fim de proteger a entidade e seus credores dos efeitos de possíveis per-
das. A legislação de um país também pode determinar essas reservas. • Outras despesas que não sejam consideradas como operacionais,
Muitas vezes, a existência e o valor dessas reservas são considerados por exemplo, doações concedidas, deduzidas das receitas não
relevantes para a tomada de decisões. consideradas operacionais, como lucro na venda de imobilizado;
• O resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a
provisão para o imposto;
• As participações de debêntures, empregados, administradores
5.2. Demonstração do resultado do exercício
e partes beneficiárias e as contribuições para instituições ou
Para Marion (1998), a demonstração do resultado do exercício (DRE) fundos de assistência ou previdência de empregados;
é um resumo ordenado de receitas e despesas, evidenciando o resultado • O lucro ou o prejuízo líquido do exercício e o seu montante por
econômico da empresa, em um período, normalmente de 12 meses. Essa ação do capital social.
demonstração tem como base o princípio da competência, que, segundo A seguir, a estrutura básica da DRE com os principais subgrupos
FIPECAFI (2006), está delineada conforme outros dois princípios: demonstrados:
• Princípio da realização da receita: as receitas devem ser reco-
MODELO DA DRE
nhecidas no exercício em que são realizadas, ou seja, deverão
ser registradas, independentemente do recebimento, de acordo Receita operacional bruta (vendas e serviços)

com o seu fato gerador; ( - ) deduções da receita bruta


• Princípio do confronto das despesas com as receitas: partindo ( = ) receita operacional líquida
( - ) custos das vendas
do princípio da realização da receita, este princípio versa sobre (=) resultado operacional bruto
o confrontamento destas com as despesas, o que deverá ocorrer • Despesas financeiras
no mesmo período das despesas, independentemente de seu
( - ) despesas administrativas
pagamento. Isso ocorre em virtude do raciocínio de que toda a ( - / + ) outras despesas/receitas
receita deverá ter uma receita ou custo em contrapartida. • Outras despesas
• Outras receitas
Apesar de ser elaborada anualmente para fins de divulgação, a DRE
normalmente é elaborada mensalmente pela administração e trimes- ( = ) lucro ou prejuízo operacional
( = ) lucro líquido antes do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro
tralmente para fins fiscais. De acordo com a legislação, em síntese, as
• ( - ) provisão para imposto de renda e contribuição social sobre o lucro
empresas deverão, na DRE, discriminar:
• A receita bruta com vendas e serviços, as deduções das vendas, ( = ) lucro líquido antes das participações
• ( - ) participações de administradores, empregados, debêntures e partes
os abatimentos e os impostos (PIS, COFINS, ICMS, IPI); beneficiárias
• A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias
( = ) resultado líquido do exercício
e serviços vendidos e o lucro bruto;
76 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 77

Segundo Reis (2009), a DRE termina na apuração do lucro ou do Conforme o artigo 186, § 2º da Lei nº 6.404/76, a companhia po-
prejuízo, sendo que, no caso de resultado positivo, e havendo distribui- derá, à sua opção, substituir a demonstração de lucros ou de prejuízos
ção de lucros, esse valor vai aparecer em outra demonstração, chamada acumulados pela demonstração das mutações do patrimônio líquido.
demonstração de lucros e prejuízos acumulados, vista a seguir. Tal demonstração será evidenciada a seguir, com a coluna da DLPA
devidamente demonstrada.

5.3. Demonstração de lucros e prejuízos


5.4. Demonstração das mutações do patrimônio
acumulados
líquido
A demonstração de lucros e prejuízos acumulados (DLPA) eviden-
A demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) é
cia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros (do exercício)
destinada a evidenciar, em um determinado período, a movimenta-
ou prejuízos acumulados no patrimônio líquido. Com o advento da Lei
ção das contas que integram o patrimônio da entidade. Ela fornece
nº 11.638/07, não pode mais permanecer, nos balanços, saldo na conta
indicações importantes para os usuários sobre as movimentações do
de lucros acumulados. Todo resultado (lucro do exercício) deverá ser
patrimônio líquido, além da destinação da conta de lucros.
destinado na forma de reservas, podendo haver saldo somente na forma
de prejuízo acumulado. Essa demonstração serve para que sejam visualizados os aumentos
de capital, dividendos, constituição e reversão de reservas, proposta
Pode-se dizer que a DLPA é um instrumento de ligação entre a
de distribuição de lucros, tipos de reservas criadas. Mostra a forma-
demonstração do resultado do exercício e o balanço patrimonial. A
ção e a utilização de todas as reservas e não apenas a movimentação
seguir, um modelo de DLPA.
do lucro, além de melhorar a compreensão do cálculo de dividendos
MODELO DA DLPA obrigatórios. As principais mutações ocorridas no patrimônio líquido
Saldo em 31-12-x0 da empresa são evidenciadas a seguir:
(ou saldo inicial em 1q-1-x1)
• Itens que não afetam o total do patrimônio:
Saldo em 31-12-x0 (ou saldo inicial em 1q-1-x1) • Aumento de capital com reservas;
Ajustes de exercícios anteriores ----
• Apropriação do lucro líquido para formação das reservas;
Reversões de reservas ----
Lucro líquido do exercício em (19x1) ----
• Compensação de prejuízos com reservas;
Saldo disponível • Itens que afetam o total do Patrimônio;
Proposta da administração p/ destinação do lucro • Redução pelo prejuízo líquido do exercício;
reserva legal (- - - -) • Redução por dividendos;
reserva estatutária (- - - -)
reserva para contingência (- - - -) • Redução por pagamento ou por crédito de juros sobre capital
reserva orçamentária (para expansão) (- - - -) próprio;
reserva de lucros a realizar (- - - -)
dividendos (- - - -)
• Acréscimo por doações e por subvenções para investimentos
recebidos;
Saldo em 31-12-x1
• Acréscimo por subscrição e por integralização de capital;
78 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 79

• Acréscimo por valor que exceda o valor nominal das ações; MODELO DE DMPL
• Acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e DLPA
Capital Reservas Reservas
bônus de subscrição; Histórico Prejuízos Total
Social de capital de lucros
acumulados
• Acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;
- Reserva legal          
• Reduções por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;
- Reserva estatutária          
• Acréscimo, ou por redução, ou por ajustes de exercícios anteriores; - Reserva de lucros para expansão          
• Reversão da reserva de lucros a realizar para conta de dividen- - Reserva de lucros a realizar          
dos a pagar. - Dividendos a distribuir
(R$ … por ação)          
A DMPL é uma demonstração não obrigatória pela Lei nº 6.404/76, Saldo em 31.12.X          
porém tem publicação exigida pela CVM para sociedades anônimas
de capital aberto (Instrução nº 59/86). Ainda de acordo com a Lei nº A coluna de prejuízo acumulado é justamente a que engloba a DLPA.
6.404/76, no art. 186, §2º: a DLPA “poderá ser incluída na DMPL, se Além disso, a estrutura aqui apresentada de forma simplificada pode
elaborada e publicada pela companhia, para tanto uma das colunas da sofrer alterações ou incrementos por contas adicionais ou por exclusão
DMPL será a da conta de lucros ou de prejuízos acumulados. A seguir, no caso de entidades que não tenham todos os grupos aqui delineados.
uma estrutura básica de DMPL.

MODELO DE DMPL 5.5. Demonstração de valor adicionado


DLPA
Capital Reservas Reservas
Histórico
Social de capital de lucros
Prejuízos Total A demonstração do valor adicionado (DVA) tem como finalidade
acumulados
básica demonstrar como foi aplicada e distribuída a riqueza gerada pela
Saldos iniciais          
empresa (FIPECAFI, 2006). Dessa forma, a DVA apresenta o quanto a
Ajustes de exercícios anteriores:          
empresa agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros, que são
- efeitos de mudança de critérios transformados, vendidos e consumidos na atividade operacional.
contábeis          
Mediante sua análise, é possível conhecer a distribuição da riqueza da
- retificação de erros de exercícios
anteriores           empresa e o Produto Interno Bruto (PIB). Consolidando todas as DVAs
Aumento de capital:           elaboradas no país, chega-se à base do PIB nacional (FIPECAFI, 2006).
- com lucros e reservas           Conforme o Pronunciamento Número Nove do Comitê de Pronun-
- por subscrição realizada           ciamentos Contábeis (CPC nº 09), a distribuição da riqueza deve, no
Reversões de reservas:           mínimo, ser detalhada da seguinte forma:
- de contingências          
- de lucros a realizar          
• Pessoal e encargos;
Lucro líquido do exercício:           • Impostos, taxas e contribuições;
Proposta da administração de • Juros e aluguéis (contas a pagar e fornecedores);
destinação do lucro:           • Juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos;
80 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 81

• Lucros retidos/prejuízo do exercício. (produtos ou serviços), diminuídas pelas deduções de vendas apre-
sentadas na DRE (devoluções de vendas, vendas canceladas) e pelos
Segundo Silva (2010), a DVA de acordo com o CPC 09 pode ser
valores adquiridos de terceiros, principalmente as relativas ao custo
apresentada em três modelos, um para empresas em geral, outro para
das vendas e das despesas operacionais. Esse conceito está relacionado
instituições financeiras e o terceiro para seguradoras. Segue o modelo
ao quanto de riqueza a sociedade efetivamente gerou. Além disso, é
indicado para empresas em geral:
preciso considerar que as companhias abertas também consideram
Demosntração do Valor Adicionado neste grupo constituição e reversão para devedores duvidosos, além
1. Receitas de depreciações, amortizações e exaustões, bem como o resultado
1.1. Vendas de mercadorias, produtos e serviços não operacional.
1.2. Provisão para devedores duvidosos – Reversão / O grupo que representa o valor adicionado recebido em transferên-
Constituição cia é composto, basicamente, pelas receitas financeiras e pelos lucros
1.3. Não operacionais gerados por outras sociedades avaliados pela equivalência patrimonial
2. Insumos adquiridos de terceiros (inclui os valores dos (receita de equivalência patrimonial), tal qual receita de dividendos e
impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS) juros de capital próprio). Esse grupo representa as riquezas geradas por
2.1. Matérias-primas consumidas outras sociedades e transferidas para a companhia.
2.2. Custos das mercadorias e serviços vendidos Por fim, o grupo da distribuição do valor adicionado representa os
2.3. Materiais, energia, serviços de terceiros e outros gastos, de forma direta ou indireta, com empregados e que são apre-
2.4. Perda / Recuperação de valores ativos sentados na DRE tanto na forma de custo como despesa. Entre os
3. Valor adicionado bruto (1-2) valores, destacam-se:
4. Retenções • Salários;
4.1. Depreciação, amortização e exaustão • 13º salário;
5. Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4)
• Férias;
6. Valor adicionado recebido em transferência
• INSS;
6.1. Resultado de equivalência patrimonial
• FGTS;
6.2. Receitas financeiras
7. Valor adicionado total a distribuir (5+6)
• Assistência médica;
8. Distribuição do valor adicionado • Auxílio transporte;
8.1. Pessoal e encargos • Participação no resultado;
8.2. Impostos, taxas e contribuições • Seguro de acidentes de trabalho;
8.3. Juros e aluguéis • Comissões;
8.4. Juros sobre capital próprio e dividendos • Gratificações;
8.5. Lucros retidos / prejuízos do exercício • Outros valores que compõem a remuneração de pessoal.
O valor adicionado líquido, produzido pela entidade, representa Dentre os quais, que estão nesta categoria, as distribuições ao
todos os valores relativos à receita bruta na venda de mercadorias governo, representadas pelos impostos incorridos com os governos
82 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 83

municipal, estadual e federal e incluídos na apuração do lucro líquido O importante é destacar que a DFC evidencia as mudanças não só
do exercício: na conta caixa, mas em todas as contas de disponibilidades, abrangen-
do também bancos e aplicações de liquidez imediata (que são aquelas
• ICMS;
que podem ser resgatadas imediatamente e possuem baixo risco de
• IPI;
alteração em seu valor).
• ISS;
Conforme o Art. 176 da Lei nº 6.404/76, alterado pelo dispositivo
• PIS;
da Lei nº 11.638/2007, a demonstração das origens e aplicações de re-
• COFINS; cursos – DOAR deixa de ser obrigatória, passando a ser demonstração
• Imposto de Renda Pessoa Jurídica; facultativa para as companhias. A partir de 2008, passa a ser exigida,
• Contribuição social; em seu lugar, para as companhias abertas, a demonstração de fluxos
• IPTU; de caixa. Tal exigência torna-se necessária para a adequação a uma
• Imposto sobre operações financeiras. tendência mundial que segue a contabilidade.
A DVA ainda evidencia no grupo de distribuição do valor adi- Uma vez que a DRE é uma demonstração que apura o resultado
cionado as distribuições aos financiadores, referentes aos gastos de- (econômico) pelo regime de Competência, os fatos ali representados já
correntes da utilização dos recursos de terceiros, sendo que normal- ocorreram (confronto das despesas com as receitas), independente de
mente estão ligados a empréstimos ou a instituições financeiras e, seu pagamento ou recebimento, sendo que podem ou não já ter impac-
entre eles, estão: tado no caixa e equivalentes de caixa.
Assim, o resultado apresentado no balanço (resultado financeiro)
• Juros; normalmente não é igual ao resultado econômico (DRE). Dessa forma,
• Variação monetária passiva (empréstimo em moeda nacional); poderá apurar um lucro econômico e ter uma variação financeira negativa.
• Variação cambial passiva (empréstimos em moeda estrangeira); Para melhor compreensão da diferença do fluxo econômico para
• Comissões bancárias. o financeiro, se forem consideradas, em uma determinada empresa,
As distribuições aos acionistas na forma de dividendo e remunera- vendas realizadas, mas não totalmente recebidas, nota-se que uma
ção sobre capital próprio estão delineadas na distribuição aos acionis- parte foi para o caixa (ou equivalentes de caixa), e outra ficou em
tas. Por fim, o valor do lucro líquido deduzido de todas as participações clientes, assim como o resultado com vendas total, nem todo o valor
está representado na parcela retida para reinvestimento na empresa, impactará na DFC.
atualmente representada pelas reservas. Compras que também não foram totalmente pagas, havendo dessa
forma trânsito de valores pela conta fornecedores ao invés de caixa,
demonstram valores que não são considerados na DFC. Também é
5.6. Demonstração do fluxo de caixa possível observar variações que não impactam no caixa no caso das
provisões com salários, impostos e outras despesas e custos que não
O fluxo de caixa é evidenciado a partir da demonstração de fluxo
foram pagos.
de caixa (DFC), uma demonstração de grande importância na análise
da empresa, porque evidencia as modificações ocorridas nas disponibi- Dentro da DFC, existem três grupos principais que evidenciam a
lidades da entidade (caixa e bancos conta movimento, principalmente). movimentação de caixa e seus equivalentes.
84 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 85

Os fluxos das operações são os decorrentes das atividades opera- DRE – 2010
cionais da empresa, ou seja, da exploração do objeto social da empresa.
(=) LAIR 650,00
Aqui, deverão ser relacionados os recebimentos decorrentes de vendas
de mercadorias ou prestação de serviços, bem como o pagamento de (-) Provisão IR -260,00

fornecedores, salários e impostos, ou seja, tudo o que a empresa faz, (=) Lucro líquido 390,00
efetivamente, para manter a sua atividade. Os fluxos dos financiamen-
É possível observar que o lucro econômico (DRE) foi de 390,00,
tos, por sua vez, referem-se a empréstimos e financiamentos captados
porém é preciso fazer a verificação com a variação financeira, para
pela empresa, incluindo o recebimento de eventuais empréstimos e o
visualizar o impacto desse valor no caixa e equivalentes.
pagamento por dívidas relativas a estes. Nessa categoria, deverão ser
reconhecidos também os recursos oriundos de integralização de capital Balanço Patrimonial
e dividendos pagos aos acionistas.
Ativo Passivo
Por fim, os fluxos dos investimentos são ligados aos desembolsos circulante
2009 2010
circulante
2009 2010
referentes às aquisições de ativos imobilizados, necessários à ma-
Caixa 195,00 130,00 Fornecedores 390,00 780,00
nutenção da atividade da empresa, bem como os recebimentos na
Clientes 780,00 1.170,00 Empréstimos 520,00 780,00
alienação desses ativos. Incluem, ainda, os desembolsos relativos à
concessão de empréstimos a terceiros e os recebimentos na amorti- Estoques 715,00 910,00 Provisão IR 260,00 520,00
zação desses empréstimos. A DFC pode ser elaborada pelos métodos Ativo não Passivo não
2009 2010 2009 2010
direto e indireto. circulante circulante

Realizável a
130,00 130,00 Financiamentos 650,00 130,00
longo prazo
5.6.1. Método direto
Patrimônio
Investimentos 520,00 780,00
O método direto evidencia os fluxos operacionais pela variação líquido
das entradas e das saídas de dinheiro na conta caixa e equivalentes Imobilizado 780,00 780,00 Capital social 1.300,00 1.300,00
de caixa, considerando, assim, somente os valores efetivamente pagos
Intangível 130,00 130,00 Reservas 130,00 520,00
e recebidos. Neste método, são utilizados o balanço patrimonial e a
Total 3.250,00 4.030,00 Total 3.250,00 4.030,00
demonstração do resultado do exercício, simultaneamente.
A DFC é elaborada a partir da análise do balanço patrimonial e da
Apesar de um lucro de 390,00, no que diz respeito à variação de
demonstração do resultado do exercício. Segue um exemplo:
caixa, houve uma redução de 65,00. Isso ocorre, pois nem todas as
DRE – 2010 operações transitam pelas contas de equivalentes de caixa.
Vendas 3.900,00 Inicialmente, será feito o cálculo dos recebimentos e dos paga-
mentos em relação a compras e a vendas de mercadorias. Para facili-
(-) CMV -2.080,00
tação do cálculo, em relação às vendas, pode-se considerar que foram
(=) Lucro 1.820,00
feitas a prazo, ou seja, transitaram pela conta clientes, que possuía
(-) Despesas diversas -1.170,00 um saldo inicial de 780,00, um total de vendas de 3.900 (valor obtido
86 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 87

na DRE) e um saldo final de 1.170,00, o que demonstrará que o valor


MODELO DFC – MÉTODO DIRETO
efetivo do recebimento de clientes foi de 3.510,00. Já para o valor pago
pelas compras de mercadorias, é preciso que se calcule o total das saldo inicial das disponibilidades 195,00
compras do período, utilizando a fórmula: CMV = estoque inicial + fluxo das operações
compras – estoque final. (+) recebimento de vendas 3.510,00

2.080 = 715 + compras – 910 (-) pagamento de compras -1.885,00

Para achar o valor pago pelas compras, devemos primeiramente (-) desembolso por despesas diversas -1.170,00

calcular o valor total das compras do período. Para isso, utilizamos a (=) caixa das operações 445,00
fórmula do CMV: fluxo dos financiamentos
CMV = EI + C – EF (+) empréstimos 260,00
2.080,00 = 715,00 + C – 910,00 (-) pagamento de financiamentos -520,00
C = 2.275,00 (=) caixa gerado pelos financiamentos -260,00
Dessa forma, foram verificadas as compras do período, que deve- fluxos dos investimentos:
rão ser conferidas, pagas à vista ou não, utilizando o mesmo raciocínio (-) aquisição de investimentos -260,00
para os recebimentos. Assim, o saldo inicial de fornecedores que era
(=) caixa gerado pelos investimentos -260,00
de 390,00, mais as compras do período (2.275,00), menos o saldo
final da conta (780,00) demonstra que o valor efetivo de pagamento saldo final dfc -65,00
foi de 1.885,00. saldo final de disponibilidades 130,00
Em relação às despesas, no valor de 1.170,00, verificou-se que no
variação disponibilidades (saldo inicial – saldo final caixa
passivo não houve tal contrapartida, pois não surgiram novos passivo. e equivalentes)
-65,00
Assim, considera-se que estes valores foram efetivamente pagos, ou
seja, transitaram pelo caixa ou equivalentes de caixa. A única despesa Assim, embora a empresa tenha gerado um lucro de 300,00, em
disposta na DRE e que gerou passivo foi a provisão de IR, no valor de função do não recebimento total das vendas, pagamento de financia-
260,00, ou seja, esse valor não foi pago e, assim, não figura na DFC. mentos e aquisição de investimentos, ela teve uma variação negativa
A conta empréstimos também variou de 520,00 para 780,00, o no fluxo financeiro, fato evidenciado pela DFC.
que demonstra uma entrada de dinheiro, pois a contrapartida do em-
préstimo é uma conta de disponibilidades. Já a conta de financia-
mentos teve uma redução de 520,00, o que demonstra que houve 5.6.2. Método indireto
pagamento de dívida.
Nos investimentos, houve um aumento de 260,00 denotando aqui- Para o método indireto, o fluxo de financiamentos e de investimen-
sição, porém a análise do passivo não demonstra dívida a prazo consti- tos tem o mesmo raciocínio, já o fluxo de operações necessita de alguns
tuída para tal fim, logo o valor foi retirado do caixa. ajustes. Partindo-se do mesmo exemplo, tem-se:
88 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 5 – A elaboração das demonstrações contábeis 89

dividendos distribuídos e ajustado das despesas e receitas que não


DRE – 2010
representam entradas de caixa, como depreciação, amortização e exaus-
vendas 3.900,00 tão, apropriações de férias e 13º, descontos obtidos e outros que não
(-) CMV -2.080,00 influenciem o valor do caixa, porém afetem o resultado.
(=) lucro 1.820,00 A conta clientes, com aumento de 780,00 para 1.170,00, denota um
numerário que deixou de entrar em conta, logo figurará na DFC pelo
(-) despesas diversas -1.170,00
método indireto como um ajuste negativo no lucro. Já a conta estoques,
(=) LAIR 650,00 com seu aumento de 195,00 evidencia compra de estoque, o que, por
(-) provisão IR -260,00 não ter contrapartida em fornecedores, resulta em diminuição do caixa,
necessitando de um ajuste negativo na DFC.
(=) lucro líquido 390,00
Já para o passivo, o raciocínio é inverso, pois, conforme o valor
Balanço Patrimonial
das compras de 2.275,00, foi verificado que apenas 1.885,00 foi efe-
tivamente pago, o que gera um aumento de caixa de 390,00, pois
Ativo Passivo foi um numerário que deixou de sair das disponibilidades. Além
2009 2010 2009 2010
circulante circulante
disso, o imposto de renda que era de 260,00 aumentou para 520,
Caixa 195,00 130,00 Fornecedores 390,00 780,00
evidenciando que os 260,00 referentes à provisão do período não
Clientes 780,00 1.170,00 Empréstimos 520,00 780,00 saíram do caixa, sendo, assim, um ajuste positivo. A seguir, a DFC
Estoques 715,00 910,00 Provisão IR 260,00 520,00 pelo método indireto.
Ativo Passivo
2009 2010 2009 2010 MODELO DFC – MÉTODO INDIRETO
circulante circulante

Realizável a saldo inicial das disponibilidades 195,00


130,00 130,00 Financiamentos 650,00 130,00
longo prazo fluxo das operações
Patrimônio (+) lucro líquido do exercício 390,00
Investimentos 520,00 780,00
líquido
(-) aumento de clientes -390,00
Imobilizado 780,00 780,00 Capital social 1.300,00 1.300,00
(-) aumento de estoques -195,00
Intangível 130,00 130,00 Reservas 130,00 520,00
(+) aumento de fornecedores 390,00
Total 3.250,00 4.030,00 Total 3.250,00 4.030,00
(+) aumento de provisão IR 260,00

O método indireto parte do lucro líquido do exercício, ou seja, o re- … …


sultado econômico, após diversos ajustes, chegará ao mesmo resultado (=) caixa das operações 455,00
evidenciado pelo método direto. É conhecido também como método fluxo dos financiamentos
da reconciliação.
(+) empréstimos 260,00
É preciso lembrar que ao utilizar lucro ou prejuízo para a elabora-
(-) pagamento de financiamentos -520,00
ção da DFC pelo método indireto, este já deverá estar diminuído dos
90 CON TA BILIDA DE GER A L

MODELO DFC – MÉTODO INDIRETO

(=) caixa gerado pelos financiamentos -260,00

fluxos dos investimentos:

(-) aquisição de investimentos -260,00

(=) caixa gerado pelos investimentos -260,00

saldo final DFC -65,00

saldo final de disponibilidades 130,00

variação de disponibilidades (saldo inicial – saldo final caixa e equivalentes) -65,00

Embora os métodos percorram diferentes caminhos, chegaram a


um mesmo resultado, a evidenciação de 65 reais de variação negativa
do saldo de caixa e equivalentes.
capítulo ∙ 6

Consolidação das
demonstrações contábeis

A legislação societária define como obrigatória, mas apenas em


algumas situações, a apresentação das demonstrações contábeis conso-
lidadas. Na vida empresarial dos dias atuais, é observada a formação de
grupos econômicos, constituídos por diversas sociedades empresariais
e nos mais diversos segmentos: industriais, comerciais, financeiros e
de prestação de serviços.
Estas empresas, geralmente sociedades anônimas, precisam evi-
denciar, de forma clara e transparente, todas as transações efetuadas
e, principalmente, as realizadas em conjunto com outras empresas,
quando integrantes de um grupo econômico. Assim, surge a ne-
cessidade da consolidação das demonstrações financeiras por parte
dessas empresas.
Em linhas gerais, é possível dizer que a consolidação das de-
monstrações financeiras se constitui no trabalho de eliminar toda e
qualquer transação realizada entre os componentes de um mesmo
grupo empresarial para que o grupo possa apresentar uma demons-
tração única.
A consolidação de balanços, expressão mais difundida, nada mais
é do que uma demonstração que tem importância cada vez maior, em
vista da crescente busca de capital por parte das empresas junto ao
mercado de ações.
As demonstrações financeiras não consolidadas das empresas per-
tencentes a um grupo empresarial perdem muitas informações, não
92 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 93

sendo, muitas vezes, adequadas a uma análise mais completa e pos- 6.1. A legislação societária
terior tomada de decisões por parte dos acionistas minoritários e pelo Como dispositivo com obrigatoriedade de confecção definida em
público, de uma forma mais ampla. lei, a consolidação apenas considera as companhias de capital aberto
Após o processo de consolidação das demonstrações contábeis, e os grupos empresariais.
pode-se conhecer a efetiva posição financeira da empresa, controla- O art. 249 trata das companhias abertas, quando apresentam mais
dora juntamente com as suas afiliadas. Os grupos empresariais são de 30% de seu patrimônio líquido investido em empresas controladas.
constituídos por semelhanças de interesses ou de atividades, as quais Já o art. 275 da legislação societária regula os grupos empresariais,
podem ser complementares umas às outras. É exatamente sob esse sendo empresa de capital aberto ou não. Neste caso, a sociedade de
aspecto que as demonstrações financeiras devem ser analisadas, pois comando poderá ser uma sociedade limitada, mas, mesmo para esses
representam um conjunto de atividades empresariais. Essa análise casos, será necessária a operação de consolidação.
somente será válida quando realizada com base nas demonstrações
Na sequência, são apresentados os artigos da lei das sociedades anô-
consolidadas.
nimas que regulamentam a consolidação das demonstrações contábeis:
Na legislação societária, os arts. 249 e 250 são a base legal das de-
monstrações consolidadas. Por força do art. 249 desta lei, a legislação Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento)
delegou poderes para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a do valor do seu patrimônio líquido representado por investimentos em
sociedades controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com
fim de que esta expedisse normas de caráter obrigatório por parte das
suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas nos ter-
companhias de capital aberto brasileiras. mos do artigo 250.
Essa autarquia, por meio da Instrução 247/96 e suas alterações, Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir
editou os procedimentos que devem ser adotados nas demonstrações normas sobre as sociedades cujas demonstrações devam ser abrangidas
financeiras consolidadas. na consolidação, e:
O processo de consolidação tem o objetivo de apresentar aos inte- a) determinar a inclusão de sociedades que, embora não controladas,
sejam financeira ou administrativamente dependentes da companhia;
ressados, principalmente acionistas e credores, os resultados econômi-
b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou mais sociedades
cos e a posição financeira da sociedade controladora, juntamente com
controladas.
suas controladas, isso como uma única unidade econômica.
[...]
A consequência natural é que se aumente o nível de conhecimento
Art. 275. O grupo de sociedades publicará, além das demonstrações
das atividades do grupo, já que, na análise individual das demonstra- financeiras referentes a cada uma das companhias que o compõem,
ções, algumas informações podem ser perdidas ou, ainda, não serem demonstrações consolidadas, compreendendo todas as sociedades do
detectadas por não estarem evidentes. grupo, elaboradas com observância do disposto no artigo 250.
No processo de consolidação das demonstrações financeiras de §1º As demonstrações consolidadas do grupo serão publicadas junta-
mente com as da sociedade de comando.
um grupo econômico, as transações ocorridas internamente no grupo
§2º A sociedade de comando deverá publicar demonstrações financei-
devem ser eliminadas antes de sua finalização. Assim, apenas são
ras nos termos desta Lei, ainda que não tenha a forma de companhia.
considerados os montantes relativos às operações efetuadas com ter-
§3º As companhias filiadas indicarão, em nota às suas demonstrações
ceiros, pessoas físicas ou jurídicas, os quais não sejam componentes financeiras publicadas, o órgão que publicou a última demonstração
do grupo econômico. consolidada do grupo a que pertencer.
94 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 95

§4º As demonstrações consolidadas de grupo de sociedades que inclu- no processo de consolidação. A legislação societária não estabeleceu,
am companhia aberta serão obrigatoriamente auditadas por auditores de forma clara, esses casos, transferindo à CVM tal responsabilidade.
independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários, e ob-
Dessa maneira, a CVM estabeleceu, por meio da Instrução 247/96:
servarão as normas expedidas por essa comissão.
Art. 23 – Poderão ser excluídas das demonstrações contábeis conso-
Para esses casos, os investimentos em controlada devem englobar o lidadas, sem prévia autorização da CVM, as sociedades controladas
valor dos investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimo- que se encontrem nas seguintes condições:
nial (MEP) no balanço patrimonial, o ágio ou o deságio não amortizado I. com efetivas e claras evidências de perda de continuidade e cujo
e as provisões para perdas permanentes, caso existam. patrimônio seja avaliado, ou não, a valores de liquidação; ou
II. cuja venda por parte da investidora, em futuro próximo, tenha efe-
tiva e clara evidência de realização devidamente formalizada.
6.1.1. Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
§1º Em casos especiais justificados, poderão ser ainda excluídas da
A CVM é uma autarquia de nível federal, constituída para regu- consolidação, mediante prévia autorização da Comissão de Valores
lar e fiscalizar as operações brasileiras de valores mobiliários, além Mobiliários, as sociedades controladas cuja inclusão, a critério da
CVM, não represente alteração relevante na unidade econômica con-
de estabelecer algumas normas sobre as demonstrações contábeis das
solidada ou que venha distorcer essa unidade econômica.
sociedades anônimas de capital aberto. Para as demonstrações conso-
§2º No balanço patrimonial consolidado, o valor contábil do investi-
lidadas, existe a imposição legal para que as empresas investidoras, as
mento na sociedade controlada excluída da consolidação deverá ser
quais possuam capital aberto e possuam participações societárias em avaliado pelo método da equivalência patrimonial.
controladas realizem a confecção e a divulgação.
§3º Não será considerada justificável a exclusão, nas demonstrações con-
O art. 21 da Instrução nº 247/96 da CVM definiu os procedimentos tábeis consolidadas, de sociedade controlada cujas operações sejam de
relativos à avaliação de investimentos permanentes pelo MEP, além dos natureza diversa das operações da investidora ou das demais controladas.
procedimentos de consolidação de demonstrações contábeis.
Fica claro que a consolidação não acontece no caso de sociedades
Art. 21 – Ao fim de cada exercício social, demonstrações contábeis controladas em que o controle seja temporário, já que não existe a
consolidadas devem ser elaboradas por: característica de permanência dos valores investidos, bem como nas
I. companhia aberta que possuir investimento em sociedades contro- que estão em processo de concordata, falência ou em reorganização
ladas, incluindo as sociedades controladas em conjunto referidas no total. Nesses casos, a descontinuidade das operações descaracteriza
artigo 32 desta Instrução; e
os investimentos como permanentes.
II. sociedade de comando de grupo de sociedades que inclua compa-
nhia aberta.
6.2. Conceitos básicos

6.1.2. Controladas não consolidadas 6.2.1. Demonstrações contábeis consolidadas


A lei das sociedades anônimas estabelece situações em que, mesmo As demonstrações contábeis consolidadas representam o resultado
sendo preenchidos os requisitos da consolidação das demonstrações con- da concatenação das demonstrações contábeis individuais das compo-
tábeis, a CVM pode determinar que elas não necessitem ser incluídas nentes do grupo. Nesse caso, uma detém o controle direto ou indireto
96 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 97

sobre as outras e são eliminados os saldos e os resultados decorrentes não havendo diferenças com relação às demonstrações consolidadas.
das operações realizadas entre as empresas deste grupo. Isso significa dizer que, se uma empresa do grupo tiver prejuízo contábil
As demonstrações contábeis que devem ser consolidadas são o ou fiscal, não poderá compensá-lo com o lucro de outra empresa que
balanço patrimonial consolidado, a demonstração consolidada do re- faça parte do mesmo grupo.
sultado do exercício, a demonstração consolidada dos fluxos de caixa, Também os dividendos são calculados sobre o lucro de cada em-
a demonstração consolidada das mutações do patrimônio líquido e a presa e não sobre o lucro consolidado do grupo, descaracterizando a
demonstração consolidada do valor adicionado. Juntamente com essas personalidade jurídica na situação consolidada.
demonstrações consolidadas, devem ser evidenciadas as notas expli-
cativas e eventuais quadros analíticos julgados necessários à completa
evidenciação da situação patrimonial e dos resultados consolidados. 6.2.3. Consolidação do ponto de vista do investidor ou credor
Como exemplo, uma determinada empresa X participa do capital Para o investidor e para o credor, a consolidação pode representar
social de outras empresas, a Y e a Z, suas controladas. A empresa X a possibilidade de uma análise ou apreciação mais criteriosa e trans-
mantém operações comerciais normalmente com todas as suas contro- parente das garantias de seus créditos e da lucratividade dos investi-
ladas. Isoladamente, existem três empresas distintas, cada uma delas mentos realizados. A consolidação oferece informações adicionais para
com a sua personalidade jurídica distinta. Porém, em conjunto, for- análise, como a visualização do potencial do grupo para geração de
mam o grupo XYZ. Para a obtenção do patrimônio do grupo XYZ, ou recursos, a análise mais criteriosa dos índices relacionados a cada em-
a verdadeira posição econômica e financeira desse grupo, é necessário presa individualmente e em grupo, possibilitando, também, a avaliação
que sejam somados os valores constantes nas demonstrações contábeis dos índices de liquidez, de endividamento e de lucratividade tanto por
de cada uma das participantes do grupo econômico. Também devem empresa quanto em grupo.
ser eliminados quaisquer resultados de operações realizadas entre es-
sas empresas.
Concluindo, as demonstrações consolidadas representam o somató- 6.3. Técnicas de consolidação
rio das demonstrações das empresas pertencentes ao grupo societário,
de cuja soma é subtraído o resultado de operações realizadas entre as Com todas as demonstrações financeiras das empresas que com-
empresas componentes do grupo. põem um grupo econômico, tem-se em mãos a matéria-prima necessá-
ria para a consolidação. A técnica adotada será, em princípio, a simples
A entidade XYZ não possui personalidade jurídica, nem possui re-
soma dos saldos das contas de todas essas demonstrações.
gistros contábeis arquivados nos controles internos. Ela existe apenas
para fins de consolidação das demonstrações contábeis e, para isso, Como exemplo, será considerada a existência de três empresas que
são utilizados apenas os chamados papéis de trabalho de consolidação. possuam os seguintes valores de disponibilidades em suas demonstra-
ções a serem consolidadas:
X S.A. R$ 10.300,00
6.2.2. Consolidação do ponto de v ista societário e fiscal Y S.A. R$ 18.100,00
Z S.A. R$ 23.200,00
Os efeitos do imposto de renda e dos demais tributos são calculados
Total consolidado R$ 51.600,00
individualmente em cada empresa que faz parte do grupo societário,
98 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 99

Esse procedimento deverá ser adotado para as demais contas do ser ajustados e/ou eliminados em decorrência dos seus respectivos
balanço, tais como duplicatas a receber e a pagar, estoques, imobilizado, fatos geradores.
investimentos, obrigações trabalhistas, tributárias, outras obrigações, etc.

6.4.1.1. Duplicatas a receber


6.3.1. Necessidade de uniformidade de critérios contábeis
entre as empresas consolidadas As duplicatas a receber das empresas que pertencem ao grupo e
Para que o processo de consolidação ocorra, existe a necessidade que correspondem a vendas de mercadorias ou prestação de serviços a
de uniformização das demonstrações contábeis por parte das empre- outras empresas do mesmo grupo devem ser eliminadas no processo de
sas que compõem o grupo, pois, em muitos casos, a consolidação é o consolidação. A outra parte deve ter esses montantes em saldo a pagar
somatório de linha por linha dessas demonstrações. na conta de fornecedores. O correto lançamento contábil da eliminação
das duplicatas a receber e de fornecedores é o seguinte:
Assim, a sociedade responsável pelo processo de consolidação deve
adotar um manual de diretrizes contábeis para ser utilizado por todo o Fornecedores (empresa compradora)
R$ 15.000,00
grupo, obrigando as outras empresas a utilizá-lo. Esse manual deve con- a duplicatas a receber (empresa vendedora)
ter o elenco de contas padronizado, a definição das práticas contábeis
Conforme especificado, quando se debita a conta de fornecedores
uniformes com relação à reavaliação, além do manual de consolidação.
da empresa compradora, é realizado o cancelamento da obrigação. E
Tais manuais devem conter os modelos das demonstrações contá-
quando se creditam as duplicatas a receber, cancela-se o direito da
beis. Os planos de contas de todas as empresas componentes do grupo
vendedora. Essa operação é necessária para que os valores sejam ajus-
econômico devem prever um controle segregado das contas e das ope-
tados tanto em direito quanto em obrigações, já que as empresas estão
rações que serão objeto de eliminação na consolidação, facilitando o
dentro de um mesmo grupo.
processo como um todo.

6.4. Eliminações de consolidação 6.4.1.2. Investimentos

Naturalmente, a consolidação não é apenas a simples soma dos Os investimentos na participação do capital de outras sociedades
saldos de cada conta das diversas empresas componentes de um mesmo participantes do grupo econômico também devem ser eliminados. Os
grupo econômico. É preciso que sejam eliminados os saldos existentes investimentos relevantes são contabilizados pelo MEP, assim, haverá
e as transações realizadas entre as empresas do grupo. Na sequência, na sociedade investidora um valor proporcional ao valor do patrimônio
serão ilustrados alguns exemplos de eliminações que se fazem neces- líquido da empresa investida (ou empresas), as quais podem ser coli-
sárias durante o processo. gadas ou controladas.
Como as demonstrações financeiras da investidora que serão usadas
na consolidação terão os seus investimentos contabilizados pelo método
6.4.1. Saldos de balanços
da equivalência patrimonial, a sua eliminação será feita tendo como
Durante o processo de consolidação das demonstrações contábeis, contrapartida as diversas contas do patrimônio líquido da controlada.
também os saldos de balanço merecem atenção especial, pois devem Os valores a serem eliminados em cada uma das contas do patrimônio
100 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 101

líquido da sociedade investida devem ser proporcionais ao percentual Vendas (empresa vendedora)
de participação que a empresa de comando tiver da controlada. R$ 12.000,00
a Custo dos produtos vendidos (empresa compradora)
Para essa eliminação, é como se a conta de investimentos no ativo
da controladora representasse um valor a receber da controlada e uma Para as operações mercantis entre empresas do mesmo grupo, de-
parte das contas do patrimônio líquido da controlada representasse vem ser eliminadas as receitas realizadas pela vendedora com um lan-
uma obrigação com a controladora. Como apenas fluíram recursos de çamento a débito, e o custo de aquisição para a empresa compradora
uma empresa para outra, sem sair do grupo, não há incremento patri- deve ser eliminado com um crédito de igual montante.
monial, devendo ser eliminados da estrutura consolidada.
6.4.2.2. Comissões sobre vendas e juros
6.4.1.3. Contas-cor rentes
Os valores correspondentes a comissões sobre vendas, juros e quais-
Embora vedadas pela legislação societária, ocorrem situações em quer valores realizados entre as companhias dentro do grupo devem ser
que operações entre empresas de um mesmo grupo são registradas eliminados durante a consolidação.
mediante débitos e créditos em conta-corrente. Dessa forma, na data
Receitas – comissões e juros (empresa X)
do balanço, deve haver um saldo devedor em uma empresa e um cor- R$ 11.500,00
a Despesas – comissões e juros (empresa Y)
respondente saldo credor em outra empresa. Tais saldos de operações
intercompanhias devem ser eliminados com o seguinte lançamento Finalmente, todas as transações que acarretem juros, comissões
contábil de consolidação: ou quaisquer outros valores devem ser eliminadas com o lançamen-
to contábil exatamente inverso ao que lhes deu origem. No caso das
Contas-correntes credoras (empresa X) receitas, devem ser lançadas a débito para a empresa X e, no caso de
R$ 25.000,00
a Contas-correntes devedoras (empresa Y)
despesas para a empresa Y, devem ser lançadas a crédito, anulando o
Comparando com o mecanismo utilizado nas contas de duplicatas a efeito gerado quando analisado em grupo.
receber e fornecedores, no caso de contas-correntes o raciocínio acaba
sendo o mesmo. Se a empresa X deve um valor para a empresa Y, es-
pecificado em conta-corrente, e este valor está registrado na estrutura 6.5. Papéis de trabalho
contábil da empresa Y, todos os eventuais débitos e créditos devem ser
São muitas as maneiras de se proceder à consolidação das demons-
eliminados quando se tratarem de operações intercompanhias.
trações contábeis. A única obrigatoriedade é que se realizem apenas
registros extracontábeis. Entre as diversas maneiras, pode ser citada
6.4.2. Saldos das demonstrações dos resultados do exercício a utilização de papéis de trabalho elaborados de maneira manual e a
utilização de fichas de razão, também extracontábeis, individualizadas
6.4.2.1. Vendas por conta, que serão utilizadas na consolidação. Nestas fichas, serão
As vendas que ocorreram entre empresas do mesmo grupo devem lançados os saldos de cada empresa a ser consolidada para, após, serem
ser eliminadas na consolidação. Essa eliminação deve considerar o cus- efetuados os registros dos lançamentos de eliminação de consolidação,
to dos produtos ou mercadorias vendidas de maneira adicional: chegando-se aos saldos consolidados por conta.
102 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 103

A utilização mais comum no processo de consolidação é dos papéis Os exemplos mais comuns dessa natureza de operação são as receitas
de trabalhos com controle manual. decorrentes de juros cobrados, decorrentes de comissões de vendas e
de dividendos recebidos (creditados à receita), lucros ou prejuízos de
operações de vendas entre as sociedades, as quais ainda permaneçam
6.6. Lucros nas transações intercompanhias
nos ativos da sociedade compradora dos bens.
6.6.1. Introdução

A lei das SAs, especificamente em seu art. 250, define: 6.6.2. Juros, comissões e outras receitas intercompanhias
Art. 250. Das demonstrações financeiras consolidadas serão excluídas: Estas parcelas são registradas como receitas em uma das empresas
I – as participações de uma sociedade em outra; e como despesas na outra empresa componente do grupo. Esses va-
II – os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; lores não representam receitas e despesas efetivas com terceiros, mas
apenas dentro de um mesmo grupo econômico. Consequentemente,
III – as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos
acumulados e do custo de estoques ou do ativo não circulante que as demonstrações consolidadas do resultado do exercício devem ser
corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre excluídas, conforme as operações contábeis evidenciadas:
as sociedades.
a) Para eliminar juros dentro do mesmo grupo.
§1º A participação dos acionistas não controladores no patrimônio
líquido e no lucro do exercício será destacada, respectivamente, no Receita de juros (empresa X)
R$ 3.500,00
balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. a Despesas de juros (empresa Y)

§2º A parcela do custo de aquisição do investimento em controlada,


que não for absorvida na consolidação, deverá ser mantida no ativo não b) Para eliminar comissões de vendas cobradas pela controladora
circulante, com dedução da provisão adequada para perdas já compro- X da controlada Y.
vadas, e será objeto de nota explicativa.
Receita de comissões de vendas (X)
R$ 1.800,00
§3º O valor da participação que exceder do custo de aquisição cons- a Despesas de comissões de vendas (Y)
tituirá parcela destacada dos resultados de exercícios futuros até que
fique comprovada a existência de ganho efetivo.
§4º Para fins deste artigo, as sociedades controladas, cujo exercício 6.6.3. Div idendos
social termine mais de 60 (sessenta) dias antes da data do encerra-
mento do exercício da companhia, elaborarão, com observância das Os dividendos que são recebidos necessitam de uma análise adi-
normas desta Lei, demonstrações financeiras extraordinárias em data cional para verificar como foram contabilizados na sociedade investi-
compreendida nesse prazo.
dora ou na recebedora. A regra geral para as empresas que participam
Os incisos I e II já foram evidenciados em tópicos anteriores. Tra- do processo de consolidação é que os investimentos devem ser ava-
tando-se do inciso III, o qual estabelece que as demonstrações conso- liados pelo MEP. Aqui, os dividendos recebidos não são componen-
lidadas não devem incluir os lucros ou os prejuízos nas transações efe- tes dos resultados, diminuindo os investimentos. Sendo assim, não
tuadas entre as empresas do grupo, será visto neste tópico. Assim, tais haverá eliminação a ser realizada na demonstração consolidada do
valores necessitam ser eliminados durante o processo de consolidação. resultado do exercício.
104 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 105

No entanto, quando a empresa adota o método de custo para avaliar deve figurar apenas a parte que realmente pertence aos acionistas da
esses investimentos, os dividendos são creditados em receita e devem empresa controladora.
ser eliminados no processo de consolidação. A participação dos acionistas minoritários e dos acionistas não con-
troladores deve ser classificada isoladamente no balanço patrimonial
consolidado, antes do patrimônio líquido, pelo fato de caracterizar, na
6.7. Tratamento contábil e legal das participa-
demonstração consolidada, uma obrigação dos controladores para com as
ções minoritárias
não controladoras, sejam físicas, sejam jurídicas. Se tal evidenciação não
fosse apresentada, o patrimônio consolidado sofreria distorção para mais.
6.7.1. Fundamento

O controle acionário que uma empresa exerce sobre a outra não 6.7.2. Tratamento legal e apresentação no balanço
representa, necessariamente, a posse da totalidade das ações da con- patrimonial
trolada. Quase sempre, esse controle é relativo e efetivado com um
percentual menor de participação acionária, maior que a metade das Seguindo o disposto no §1º do art. 250 da lei das sociedades anô-
ações e com direito a voto de uma empresa. Dessa forma, o restante nimas, tem-se o referido texto legal:
das ações da empresa controlada pertence a outras pessoas jurídicas Art. 250....
ou físicas, denominadas acionistas minoritárias. §1º A participação dos acionistas não controladores no patrimônio
Há alguns casos em que a empresa controladora não é a acionista líquido e no lucro do exercício será destacada, respectivamente, no
majoritária, mas, mesmo assim, assume o controle acionário. Todos os balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício.
outros acionistas, minoritários, são chamados de acionistas não con- Com base nesse dispositivo legal, a estrutura patrimonial deve ser
troladores. O quadro que segue evidencia todos os tipos de acionistas: evidenciada da seguinte maneira:
acionistas BALANÇO PATRIMONIAL
grupo de acionistas com pequena parcela do capital votante
minoritários
Passivo
acionistas acionistas ou grupo de acionistas com grande parcela do passivo circulante
majoritários capital votante passivo não circulante
passivo exigível a longo prazo
acionistas acionistas ou grupo de acionistas que possuem mais de 50%
Resultados diferidos
controladores do capital votante ou que controle as decisões
Participação minoritária em controlada consolidada
acionistas ou grupo de acionistas que possuem parcela Patrimônio líquido
acionistas não pequena ou insignificante do capital votante da empresa Total do passivo
controladores e, individualmente ou em grupo, não dá direito a controle
decisorial
6.7.3. Apuração do valor da participação minoritária
Para evidenciar a parcela do capital desses acionistas minoritários
(ou majoritários não controladores), durante o processo de consolida- De acordo com a estrutura do mercado de capitais brasileiro, são
ção, deve ser destacado do patrimônio líquido consolidado o montante mais recorrentes as participações minoritárias, tanto de pessoas físicas
relacionado a eles. Dessa forma, no patrimônio líquido consolidado, quanto de pessoas jurídicas. As participações no balanço patrimonial
106 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 107

consolidado e na demonstração consolidada do resultado do exercício Patrimônio líquido R$


serão analisadas na sequência.
reserva de capital 220.000,00
reserva de lucros 280.000,00
6.7.3.1. No balanço consolidado patrimônio líquido otal 1.000.000,00

A participação minoritária é a parcela do capital de empresas con- Imaginando, ainda, que 20% das 500.000 ações não pertençam
troladas consolidadas pertencente a acionistas ou a sócios minoritários. à controladora, a qual está realizando a consolidação. Aqui, deve ser
O valor dessa participação é constituído, antes de qualquer outro valor, aplicado o mesmo percentual sobre as demais contas do patrimônio lí-
pelo capital que esses acionistas minoritários integralizaram, conforme quido, já que esse valor pertence aos minoritários ou não controladores.
o exemplo ilustrado na sequência: A estrutura hipotética fica conforme a mostrada a seguir:
Capital da controlada Y R$ % Patrimônio líquido da controlada Y
detido pela controlada X 450.000,00 90% Minoritários Controlada X
Contas Valor total
detido por sócios minoritários 50.000,00 10% (20%) (80%)

total 500.000,00 100% capital social R$ 500.000,00 R$ 100.000,00 R$ 400.000,00


reserva de
R$ 220.000,00 R$ 44.000,00 R$ 176.000,00
Também se sabe que o patrimônio líquido da controlada não é capital
constituído apenas pela conta representativa do capital, pois, na maio- reserva de lucros R$ 280.000,00 R$ 56.000,00 R$ 224.000,00
ria das empresas, ele está representado, também, pelas reservas e pelos
total R$ 1.000.000,00 R$ 200.000,00 R$ 800.000,00
valores de ajustes patrimoniais decorrentes de atividades normais. E
se os sócios minoritários participam com um percentual no capital Como visto na última ilustração, o valor apurado pertencente aos
social, também têm o direito de participar, em igual proporção, das acionistas minoritários totaliza R$ 200.000,00. Esse é o valor que deve
ações possuídas, sobre todo o valor do patrimônio líquido da investida. ser segregado no balanço patrimonial consolidado. O devido lançamen-
O valor da participação minoritária em controladas, o qual deve ser to contábil no processo de consolidação será o seguinte:
apresentado na demonstração consolidada, é a soma das participações
Discriminação Débito Crédito
desses sócios minoritários no patrimônio líquido das controladas em
que participam. capital social R$ 100.000,00 …
Para ilustrar, suponha-se que a empresa controlada “Y” possua o reservas de capital R$ 44.000,00 …
seu capital social dividido em 500.000 ações com valor nominal de R$ reservas de lucro R$ 56.000,00 …
1,00 cada uma e que seu patrimônio líquido seja constituído conforme
a participação minoritária
os dados abaixo: … R$ 200.000,00
em controladas consolidadas

Patrimônio líquido R$
Esse valor, R$ 200.000,00, deverá constar no balanço patrimonial
capital social 500.000,00 consolidado, separado do patrimônio líquido.
108 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 109

6.7.3.2. Na demonstração do resultado do exercício 6.8. Tratamento de impostos no processo de con-


solidação
Na demonstração consolidada do resultado do exercício, o valor a
ser destacado é a parcela do lucro das controladas consolidadas, que
6.8.1. Imposto de renda na transação com ativos
está associado à participação minoritária. Trabalhando com os mesmos
valores percentuais do exemplo anterior (20%), que a empresa controla- Conforme visto em pontos anteriores dos itens a serem elimi-
da tenha obtido um resultado de R$ 200.000,00, o valor a ser destacado nados nas demonstrações consolidadas, devem ser considerados os
na consolidação referente à participação minoritária é de R$ 40.000,00 lucros não realizados, por serem advindos de transações entre em-
(20% de R$ 200.000,00). presas que compõem um mesmo grupo econômico. Muitos desses
A seguir, supõe-se que o lucro da controladora tenha sido de lucros, quando contabilizados individualmente e eliminados na con-
R$ 500.000,00 e o da Controlada Y de R$ 200.000,00, perfazen- solidação, são resultados tributáveis nas sociedades em que foram
do um lucro total de R$ 600.000,00. Pode-se apresentar tal desta- lançados inicialmente.
que na demonstração consolidada do resultado do exercício da se- Tomando tal situação como referência, para não haver um lucro
guinte maneira: eliminado e uma despesa com imposto de renda ainda presente, se
o lucro for eliminado para ser incluído posteriormente como lucro na
Controladora X e sua Controlada Y
consolidação, deve ser excluído o imposto que incide sobre esse lucro
Demonstração consolidada do resultado do exercício para incluí-lo quando aquele lucro for apresentado na consolidação.
No entanto, se o lucro for eliminado na consolidação, e nunca mais
receita bruta …
aparecer, não haverá ajuste a fazer, pois, nesse caso, a despesa com a
lucro bruto …
incidência de imposto é uma despesa contábil também para a conso-
despesas operacionais … lidação ou o ajuste se concretizar na forma de acréscimo ao custo do
… …
bem tomado em análise.
Tomemos como exemplo a situação em que uma controlada realiza
lucro líquido total R$ 600.000,00
venda de seus estoques para a controladora. Levando em consideração
(-) participações minoritárias nos que a controlada obteve lucro e foi tributada e, ainda, que uma parcela
R$ (40.000,00)
resultados consolidados desses estoques não foi vendida pela controladora, a parcela do lucro
lucro líquido consolidado R$ 560.000,00 não realizado deve ser eliminada na consolidação.
Aqui, devem ser efetuados os ajustes relativos ao imposto devido,
Os acionistas minoritários têm o direito de participar no resultado de forma proporcional ao valor do lucro que não tenha sido realizado.
das controladas de que são sócios, ainda que haja lucro decorrente Os ajustes a serem feitos serão descritos em sequência:
de operações com a controladora, pois esse lucro será eliminado para
apurar o valor que pertence ao grupo econômico, mas não a parti- a) No balanço patrimonial consolidado
cipação dos minoritários ou não controladores. Este se caracteriza Credita-se a conta de lucros ou de prejuízos acumulados para se
como um dos principais objetivos da consolidação e da apuração da eliminar a despesa do imposto de renda. No ativo circulante, deverá
participação dos acionistas minoritários. ocorrer o lançamento de um débito na conta antecipação de imposto ou
110 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 111

de imposto de renda a compensar, já que, quando o lucro for realizado, devem compor o custo de aquisição dos estoques da empresa que
este imposto será devido pela controladora. efetiva a compra. De maneira adicional, não incluem a receita líquida
da empresa que efetivou a venda. No entanto, alguns ajustes são ne-
b) Na demonstração consolidada do resultado do exercício
cessários nessas situações.
Aqui, apenas é realizado o ajuste referente ao valor provisionado
Imagine-se que uma empresa controladora realize a venda por R$
para imposto de renda.
30.000,00, com ICMS incluso de 15% e mais o IPI de R$ 6.000,00, es-
Trabalhando-se com valores hipotéticos, considera-se a seguinte toques que lhe custaram, desconsiderando os impostos sobre a compra,
situação: R$ 18.000,00. Assim, ela apresentará a seguinte estrutura de resultado:
• Lucro bruto obtido pela vendedora, ainda existente nos esto-
Faturamento bruto R$ 36.000,00
ques da compradora – R$ 300.000,00;
(-) IPI R$ (6.000,00)
• IR em que a vendedora incorreu na parte relativa a esse lucro Receita bruta R$ 30.000,00
– 15% de R$ 300.000,00 = R$ 45.000,00. (-) ICMS R$ (4.500,00)
Neste caso, os ajustes necessários serão os seguintes: Receita líquida R$ 25.500,00
(-) CPV R$ (18.000,00)
a) No balanço patrimonial consolidado
Lucro bruto R$ 7.500,00
Débito no ativo circulante de R$ 45.000,00, relativo ao imposto de
renda a compensar e um lançamento a crédito na conta, denominado Com essa situação evidenciada, os seguintes ajustes se tornam ne-
lucros acumulados de R$ 45.000,00. cessários:

b) Na demonstração consolidada do resultado do exercício a) No balanço patrimonial consolidado


Nesse caso, o lançamento só é feito na parte relativa à despesa Há de ser feita a eliminação do lucro não realizado de R$ 7.500,00,
do imposto, posto que o ajuste no ativo circulante já foi realizado no mas não é necessário qualquer ajuste de valores relacionados ao IPI e ao
lançamento anterior, especificado na letra “a”. ICMS. Os saldos a recolher ou a compensar são obrigações ou direitos,
Esses lançamentos contábeis realizam todos os ajustes, tanto com também considerados na consolidação.
controlada quanto com a controladora. Com a venda desse estoque b) Na demonstração consolidada do resultado do exercício
intercompanhias, era aumentado o lucro não pelo seu montante de R$
Deve ser eliminado o valor relativo ao custo dos produtos vendidos,
300.000,00, mas pelo valor líquido de R$ 255.000,00, sendo a parcela
bem como da receita líquida, do ICMS, da receita bruta, do IPI e do
de R$ 45.000,00 diminuída pelo imposto de renda.
faturamento bruto.
Assim, os ajustes que ocorrerão na demonstração consolidada do
6.8.2. ICMS e IPI
resultado do exercício serão os rotineiros, apenas com mais detalhes
Os valores relativos ao Imposto sobre Operações relativas à Cir- relativos aos impostos sobre vendas:
culação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Débito Crédito
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e o Imposto
Faturamento bruto R$ 36.000,00 …
sobre Produtos Industrializados (IPI), quando são recuperáveis, não
112 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 113

Débito Crédito
ou dos produtos vendidos, bem como as receitas oriundas das vendas
ocorridas. Como as vendas normalmente são realizadas a preços de
a diversos … …
mercado, os quais consideram lucros ou prejuízos, podem ocorrer duas
IPI … R$ 6.000,00 situações para efeitos de consolidação.
ICMS … R$ 4.500,00 A primeira delas é quando a entidade compradora já realizou a re-
CPV … R$ 18.000,00 venda da totalidade das mercadorias para um terceiro, de fora do grupo,
não restando qualquer saldo de tais estoques quando da consolidação.
Estoques (lucros não realizados) … R$ 7.500,00
A segunda é quando a entidade compradora ainda possui a totali-
Quando são realizados os lançamentos relacionados ao faturamento dade ou parte dos estoques adquiridos na data da consolidação.
bruto, ao IPI, ao ICMS e ao CPV, são ajustados, concomitantemente, Analisando os casos de maneira isolada, no primeiro, não há a
a receita bruta, a receita líquida e o lucro bruto. Se esses impostos não existência de estoques na análise, sendo assim, não haverá também
forem recuperáveis, já figurarão no custo dos estoques, sendo necessá- lucros nos estoques decorrentes das operações entre as sociedades.
rio o mesmo ajuste, tal qual evidenciado anteriormente. Dessa forma, as únicas operações de eliminação a serem realizadas são
Agora, na situação de esses impostos serem recuperáveis, a empresa a eliminação das vendas em uma empresa com a respectiva eliminação
compradora terá estocado R$ 25.500,00 (R$ 36.000,00 – IPI – ICMS) e, dos custos das vendas em outra. Na segunda situação, com existência
se não foram recuperáveis para ela, terá ativado o total de R$ 36.000,00. de parte ou de todo o saldo em estoques na data da consolidação,
Para a última hipótese, quando se eliminar o lucro não realizado haverá lucros não realizados nos estoques, e eles devem ser elimina-
de R$ 7.500,00, o estoque consolidado cairá de R$ 36.000,00 para dos, haja vista que não representam lucros efetivamente realizados de
R$ 28.500,00, correspondente aos originais R$ 18.000,00 mais R$ operações com terceiros.
10.500,00 de impostos (IPI + ICMS) não recuperáveis. O aumento des-
se montante está correto, já que este aumento para o ICMS e para o IPI
é indicado para o registro do custo de aquisição de estoques, isso tanto 6.9.1.2. Fundamento
nas demonstrações individuais quanto nas demonstrações consolidadas. Quando ocorrer a eliminação dos lucros não realizados na conso-
lidação, os ativos terão a possibilidade de serem avaliados seguindo o
estabelecido pelos princípios de contabilidade, além de seguirem os
6.9. Tratamento dos itens não realizados em ope-
critérios de avaliação de ativos previstos na lei das sociedades anônimas
rações intercompanhias que, em seu art. 183, define que os estoques devem ser avaliados pelo
custo de aquisição ou pelo valor de mercado, quando este for inferior.
6.9.1. Lucro nos estoques Por isso tratando-se de demonstrações consolidadas, deve-se tomar
como custo o valor considerado para o conjunto, como se fosse uma
6.9.1.1. Situações de ocor rência
única empresa e não um grupo propriamente dito.
Considerando as vendas que sejam realizadas pelo preço de custo Assim, de maneira resumida, os estoques adquiridos por uma
de aquisição, não existirá lucro ou prejuízo em estoques não realizados. empresa componente do grupo, mas que se encontrem em outra do
No processo de consolidação, são eliminados os custos das mercadorias mesmo grupo, devem ser avaliados por meio do valor pago pelo grupo
114 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 115

a terceiros não integrantes, ou seja, pelo valor de ingresso no grupo Considerando uma situação hipotética, imagine-se que uma em-
de empresas. presa X possua o controle acionário de outra empresa, a companhia
Y e, além desse controle acionário em Y, ela possua participação na
coligada Z, de 40% do capital desta última. O restante do capital
6.9.2. Lucro nos bens permanentes social da coligada Z pertence a outros acionistas de fora do grupo
em questão.
6.9.2.1. Introdução
A controladora X vende essa participação acionária que possui em
Em alguns tópicos anteriores, os valores relacionados a lucros não re- Z para a empresa controlada Y com um lucro de R$ 20.000,00 e obtém
alizados foram analisados. No entanto, ocorreram lucros ou prejuízos não um ganho de R$ 2.000,00. Nessa situação, foi apurado lucro entre
realizados em outras contas de ativos, por transações entre as empresas companhias do mesmo grupo, e este ganho permanece no ativo de uma
do mesmo grupo econômico, em contas distintas dos estoques. Seguindo, empresa do mesmo grupo econômico.
também, ditames legais existe a necessidade adicional de eliminação dos A primeira análise deve considerar o método de avaliação de in-
lucros ou dos prejuízos nos bens permanentes das empresas. vestimentos adotado pelas empresas envolvidas na operação. Se for o
Esses lucros, segundo o texto legal, quando não realizados, também da equivalência patrimonial nas empresas envolvidas na transação, a
devem ser eliminados na consolidação. A lei menciona os lucros na adquirente, controlada Y, deverá registrar a aquisição da participação
estrutura de bens permanentes e se refere à possibilidade de ganhos acionária da seguinte maneira:
em transações com investimentos permanentes, imobilizados ou in-
Débito Crédito
tangíveis. Deve ser enfatizado que, em termos práticos, as vendas de
Investimento na coligada C
ativos intangíveis não são comuns e, assim, serão tratados apenas os Valor da equivalência patrimonial
R$ 18.000,00 …
casos referentes às operações que se relacionem com os investimentos
ágio R$ 2.000,00 …
e com os bens imobilizados.
a banco c/ movimento … R$ 20.000,00

Dessa forma, tratando-se da controladora X e os impactos que a


6.9.3. Lucro ou prejuízo em investimentos baixa do investimento na coligada Z vão gerar, o lançamento contábil
As empresas de um grupo econômico podem possuir participações seguinte deve ser realizado na controladora:
acionárias em outras empresas não pertencentes ao mesmo grupo, e es-
Débito Crédito
sas participações podem ser consideradas não relevantes pela legislação
societária. Todas as participações, além das negociadas com empresas Banco c/ movimento R$ 20.000,00

do mesmo grupo, podem ser negociadas. a investimento na coligada “C” … R$ 18.000,00


Nessas situações, a empresa vendedora pode obter ganho eventual, a outras receitas … R$ 2.000,00
o qual não é considerado como operacional ou incorrer em prejuízo,
também não considerado como operacional. No caso de esse resultado Os lançamentos contábeis não acabam por aqui. Como houve um
apurado ser lucro, deve ser eliminado na consolidação, pelo fato de não ganho da controlada X quando vendeu para a controlada Y, e esse ga-
haver realização de lucros com terceiros. nho ainda está no ativo de X como resultado, deve ser eliminado na
116 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 6 – Consolidação das demonstrações contábeis 117

consolidação, pois não houve, ainda, ganho com terceiros. Aqui, mais sim, ser eliminado. Por fim, na maioria dos casos, as empresas utilizam
um lançamento contábil deve ser registrado: os valores contábeis para vendas de imobilizados, não incorrendo, nem
em ganho, nem em prejuízos a serem apurados.
Débito Crédito

Outras receitas R$ 2.000,00 …


6.10. Ágio
a ágio … R$ 2.000,00
Tanto o ágio quanto o deságio devem possuir fundamentação eco-
Nos exercícios financeiros subsequentes, para a realização do ágio, nômica no momento da sua constituição e, por isso, devem ser contro-
o qual deve possuir a devida fundamentação econômica, a eliminação lados de forma distinta, conforme cada fundamentação econômica que
no momento da consolidação seria efetuada mediante um lançamento lhes tenha dado origem.
a débito de conta de lucros ou prejuízos acumulados e a crédito da Na consolidação, quando as empresas avaliam seus investimentos
conta de ágio. pelo MEP, não haverá problemas, pois a separação do ágio e do desá-
gio já foi feita no balanço individual de cada empresa participante do
processo de consolidação.
6.9.4. Lucro ou prejuízo em bens imobilizados Dessa forma, no processo de consolidação, o investimento será
As companhias participantes de um mesmo grupo também podem eliminado somente pelo valor da equivalência patrimonial. Esse valor
transacionar entre si com elementos que serão incorporados ao conjun- será baixado com um lançamento a débito em conta do patrimônio
to de bens imobilizados. Dessas transações, também podem ser gerados líquido da controlada e outro lançamento a crédito no valor do inves-
timento na controladora, tendo exatamente os mesmos registros do
ganhos ou perdas.
ágio e do deságio.
Os ganhos ou perdas ocorrem quando essas transações são realiza-
O valor do ágio ou do deságio, no balanço patrimonial consolidado,
das por valores diferentes dos valores contábeis da vendedora. Quando
será registrado com seu saldo na controladora. O primeiro será regis-
ocorre tal situação, a companhia adquirente deve manter controle ex-
trado no ativo não circulante, subgrupo investimentos ou imobilizado,
tracontábil para acompanhar a evolução patrimonial desses bens, visto
dependendo da sua origem. Para o deságio, pode ser idêntico ao ágio,
que, em sua maioria, os bens imobilizados estão sujeitos ao processo
mas com crédito contábil. Se o deságio não tiver fundamentação eco-
de depreciação, o que caracteriza a realização dos lucros. Se houver
nômica correspondente, deverá ser classificado no passivo, dentro de
parcela de lucros ainda não realizados, deve ser eliminada no processo resultados diferidos.
de consolidação.
O valor da depreciação dos bens imobilizados pode ser lançado
como despesa do exercício ou incorporado ao custo de produção, quan-
do integrar o valor dos estoques de produtos acabados. Adicionalmente,
existe a necessidade de se analisar a relevância desse lucro na totalidade
do grupo econômico, pois se ele for irrelevante, não se efetua todo esse
controle para eliminação na consolidação. Se relevante, tal valor deve,
capítulo ∙ 7

Combinação de negócios

7.1. Reorganização societária - aspectos introdu-


tórios da incorporação

Reorganizações societárias são procedimentos eventuais por meio


dos quais sociedades são transformadas, fundidas, incorporam ou são
incorporadas, dividem-se ou simplesmente vendem, ou encerram ati-
vidades operacionais ou divisões de produtos existentes. O processo de
reorganização societária envolve a transformação, a concentração e a
desconcentração de empresas.
São diversas as razões que podem levar uma sociedade a cogitar a
possibilidade de reorganização societária. Dentre as quais, podem ser
destacados a busca de competitividade no mercado em face da conjun-
tura socioeconômica, o planejamento fiscal, objetivando minimizar a
carga tributária, diminuir divergências entre acionistas e a descentra-
lização administrativa ou concentração administrativa.

7.2. Formas de concentração

O art. 223 da legislação societária (BRASIL, 1976) dispõe sobre


as três formas de concentração societária com personalidade jurídica
própria, são elas: a incorporação, a fusão e a cisão. O trecho legal ain-
da estabelece que esses processos de reorganização podem envolver
sociedades diversas, mas devem observar as formas de alteração dos
120 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 121

atos constitutivos de cada tipo societário, ou seja, a deliberação deve a aprovação, pelos sócios ou pelos acionistas, quando houver expressa
ocorrer conforme disposto em contrato social ou estatuto, a depender disposição nos atos constitutivos no sentido de possibilitar a trans-
do tipo de sociedade inicialmente considerada. formação. De outra forma, caso seja omissa no contrato social ou no
Considerando a situação, no caso de um estatuto estabelecer que estatuto tal previsão de transformação, é assegurado ao sócio ou ao
possa ser alterado somente com a aprovação por unanimidade dos acio- acionista antigo o direito de retirar-se da sociedade com o devido re-
nistas, será dessa forma que o processo de reorganização será condu- embolso das ações ou das quotas de que ele tiver direito.
zido. Se o resultado for uma sociedade nova, deverá ser constituída O dispositivo legal buscou dar suporte aos sócios e aos acionistas,
conforme os preceitos legais para o tipo societário adotado. mas também o fez aos credores, estipulando, no art. 222, que a trans-
O parágrafo 3º do artigo citado estabelece que, na reorganização formação não prejudicará o direito dos credores, cabendo à empresa
societária envolvendo sociedade anônima de capital aberto, com ações resultante garantir a satisfação dos seus créditos. Assim, se uma socie-
negociadas em bolsa de valores, a sociedade resultante também será dade que, antes da transformação, conferia responsabilidade ilimitada
aberta e deverá providenciar a obtenção do respectivo registro em, no aos sócios, adotou, por transformação, tipo societário que restrinja a
máximo, 120 dias. Caso não obtenha esse registro ou não observe o pra- responsabilidade dos sócios ou acionistas, estes continuarão a respon-
zo limite, será facultado o direito ao acionista de se retirar da companhia. der pelas obrigações assumidas pela sociedade previamente à transfor-
mação, de maneira ilimitada em caso de dissolução ou insolvência da
sociedade de tipo diferente.
7.3. Transformação Para evitar processos inescrupulosos de transformação que envol-
vessem ou atribuíssem responsabilidades a terceiros em futuro processo
Depois de ser constituída uma sociedade sob algum tipo societário,
de falência, o estatuto legal, de acordo com o parágrafo único do art.
a mesma pode mudar de tipo, passando, por exemplo, de sociedade li-
222 da lei das S.A. impôs um limite, estabelecendo que se os credores
mitada para sociedade anônima e vice-versa. Nessas situações, apenas
do tipo anterior pedirem a falência da sociedade, responderão pelo
foi alterada a forma jurídica. No art. 220 da mesma lei, está definido
processo os sócios anteriores, ou seja, os que eram sócios ao tempo em
que a transformação é a operação pela qual a sociedade passa, indepen-
que as obrigações tenham sido geradas.
dentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro.
O parágrafo único do art. 220 estabelece que as regras a serem obe-
decidas na transformação são as que regem a constituição e o registro 7.4. Aspectos legais na incorporação, cisão e fusão
do tipo societário a ser adotado pela sociedade. Se a sociedade passar
de sociedade por quotas de responsabilidade limitada para sociedade A legislação societária regulamenta os processos de incorporação,
anônima, todo o procedimento deverá ser o estabelecido na Lei nº de fusão ou de cisão por meio dos arts. 223 a 234. Esses procedimentos
6.404/76, além das instruções pertinentes ao assunto, emitidas pela também são aplicáveis a outros tipos de sociedades que não as socie-
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no caso da sociedade nova dades anônimas.
ser uma sociedade de capital aberto. As operações de concentração e de desconcentração de pessoas ju-
Esse procedimento, embora pareça simples, não o é. A legislação rídicas são igualmente importantes, tanto para as sociedades por ações
societária impõe restrições para a efetivação, estabelecendo consenti- quanto para as sociedades constituídas por quotas de responsabilidade
mento compulsório de todos os sócios ou acionistas. Ainda estabelece limitada ou formas distintas adotadas no processo.
122 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 123

7.4.1. Protocolo ou seja, quando o passivo é maior que o ativo. Os patrimônios líquidos a
serem vertidos para a formação do capital social da companhia sucessora
Todas as condições de incorporação, de fusão ou de cisão constarão
devem ser, no mínimo, iguais ao capital social a realizar. Os peritos de-
de protocolo firmado pelos órgãos da administração ou dos sócios das
vem certificar a satisfação dessa condição quando realizarem a avaliação.
empresas interessadas no processo. Esse protocolo é uma proposta ou
Quando a sociedade incorporadora for titular de parcela das ações
um contrato firmado pelos órgãos da administração ou pelos sócios das
ou quotas da sociedade incorporada, essa participação poderá ser ex-
empresas que integrarão o processo de incorporação, de fusão ou de
tinta ou substituída por ações em tesouraria, pois estará adquirindo
cisão, devendo ser, na sequência, objeto de deliberação pelos acionistas
ações de sua própria emissão.
ou pelos sócios dessas mesmas sociedades.
O artigo 226 da legislação societária exige laudo pericial para avalia-
7.4.4. Direito de retirada no processo de reorganização
ção dos ativos das sociedades envolvidas no processo de reorganização. A
sociedade que tiver patrimônio absorvido por outra deverá levantar balan- O direito de retirada de acionista da companhia está previsto no
ço específico para esse fim, no qual os bens e os direitos serão avaliados art. 137 da legislação societária. A fusão e a incorporação de sociedades
pelo valor contábil ou de mercado, seguindo os preceitos do art. 8º da são citadas nesse dispositivo legal. Para o acionista divergente, o direito
mesma lei, na mesma data e seguindo os mesmos critérios de avaliação de retirada começa a fluir a partir da publicação da ata da assembleia
para todas as empresas envolvidas no processo (CORREA, 2011). que aprovar o protocolo. Já o pagamento, apenas será realizado quando
A maneira de apurar o valor do patrimônio tomado no processo de a operação for concretizada.
incorporação, de fusão ou de cisão é opcional: contábil ou mercado. A deliberação sobre a fusão da companhia ou sua incorporação
Não pode ser confundida com a avaliação dos ativos, que é o custo de em outra está sujeita à aprovação de acionistas que representem, pelo
aquisição ou o valor de mercado, o menor. Também não se deve con- menos, a metade das ações com direito a voto. O estatuto pode, even-
fundir tal avaliação com o processo de reavaliação de ativos, já que este tualmente, estabelecer quantidade maior no caso de a empresa não ter
possui objetivo distinto, o de ajustar os elementos patrimoniais mais ações negociadas em bolsa de valores.
próximos do valor de mercado ou de reposição. O acionista que não concordar com o procedimento tem o direito
de se retirar da companhia, mediante reembolso do valor das ações.
7.4.2. Justificativa Esse reembolso deve ser solicitado à companhia no prazo de 30 dias, a
É a exposição de motivos e finalidades da incorporação, da fusão partir da publicação da ata da assembleia geral.
ou da cisão, devendo ser submetida à deliberação da assembleia geral.
Também é evidenciado o interesse das sociedades. Os aspectos con- 7.4.5. Direito dos credores na incor poração e fusão
cernentes à justificativa figuram nos incisos I a IV do art. 225 da lei
Os credores de datas prévias ao processo de incorporação ou de
das sociedades anônimas.
fusão têm direito de reivindicar a anulação judicial dessa operação. O
prazo para o exercício finaliza 60 dias após a publicação dos atos.
7.4.3. Formação do capital
Ocorrendo a falência da incorporadora, os credores antigos podem
A legislação societária veda a participação em processo de reorgani- pedir a separação dos patrimônios para que os seus créditos sejam
zação de sociedades, quando ocorre a existência de passivo a descoberto, honrados pelo patrimônio da sociedade devedora original. No entanto,
124 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 125

essa opção é apenas aplicada no caso de ocorrer a falência da sociedade os bens, direitos e obrigações. Nesse processo, a empresa sucedida
incorporadora dentro do mesmo prazo, a partir da incorporação. é extinta, dando lugar a outra, a qual é chamada de sucessora e que
mantém todos os bens, direitos e obrigações existentes previamente.
7.4.6. Direito dos credores na cisão A incorporação é realizada entre as empresas e não entre os titulares
dos direitos de acionista ou quotista. Eles apenas deliberam como parte
As obrigações da sociedade cindida, anteriores à cisão, serão sem-
integrante do corpo social.
pre suportadas de forma solidária pelas sociedades resultantes do pro-
O aumento do capital social é verificado na incorporadora, absor-
cesso de cisão. Assim, quando houver versão total do patrimônio da
vendo o valor da incorporada. Na prática, acontece uma operação de
primeira, as sucessoras responderão em condições iguais. Já, quando
subscrição de capital de uma sociedade para outra, sendo a incorporada
a versão do patrimônio não for total, as sucessoras responderão com
a subscritora e a incorporadora quem recebe a subscrição.
a cindida de forma solidária, já que ambas continuam com atividades
operacionais (CORREA, 2011). Os administradores da incorporada deverão obter autorização para
subscrever o aumento de capital da incorporadora em assembleia geral.
No entanto, o ato de cisão parcial pode diminuir a obrigação dos
Assim, quem fará a subscrição serão os administradores da sociedade
sucessores, estabelecendo que respondam somente pelas obrigações
a ser incorporada em nome da própria sociedade.
que lhes forem transferidas, afastando a solidariedade com as demais
sociedades envolvidas no processo. Isso deve estar acordado no proto- Segundo a legislação societária, a escrituração de todos os fatos
colo e, nessa situação, os credores anteriores à cisão podem se opor à envolvendo a incorporação deve ser transcrita no livro diário da socie-
operação, desde que o façam dentro de 90 dias da publicação dos atos, dade incorporadora, que sucede a incorporada (ou as incorporadas) em
conforme preconiza a legislação societária. todos os bens, direitos e obrigações já existentes.

7.4.7. Averbação da sucessão 7.5.2. Aspectos contábeis e legais

Quando já realizada a reorganização, sendo por meio de incorpora- Conforme será visto a seguir, de maneira hipotética, a empresa
ção, de fusão ou de cisão, a administração da sociedade sucessora de- Nova S.A. absorve o patrimônio das empresas Velha Ltda. e Antiga
verá providenciar o registro na junta comercial respectiva e nos demais S.A. As duas últimas deixam de existir, sendo a Nova S.A. a única a
órgãos competentes. Segundo a legislação societária, a certidão forne- responder, dentro da normalidade, pelos bens, direitos e obrigações.
cida pelo registro de comércio é documento hábil para a averbação,
Velha Ltda.
junto aos demais registros competentes, de bens, direitos e obrigações
Patrimônios Nova S.A.
do novo patrimônio.
Antiga S.A.

7.5. Incorporação Não existindo participação acionária ou no capital social entre as


sociedades componentes da incorporação, e quando esta se opera pelos
7.5.1. Conceito
valores contábeis dos patrimônios, o procedimento contábil é simples:
A incorporação é conceituada como a operação pela qual uma ou os ativos e os passivos das sociedades incorporadas (Velha Ltda. e Anti-
mais sociedades são absorvidas por outra que lhes sucede em todos ga S.A.) são transferidos para o patrimônio da incorporadora Nova S.A.
126 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 127

7.5.3. Incor poração de sociedades sob controle comum D C


Analise-se outro exemplo ilustrativo com valores apenas hipoté- a ativo circulante … R$ 20.000,00
ticos. A empresa Pedrosa S.A., no final do exercício de 2010, incor-
a ativo não circulante … R$ 64.000,00
porou a empresa Arenosa Ltda. O capital de Pedrosa S.A. e o capital
de Arenosa Ltda. são possuídos pelas mesmas pessoas físicas. Dessa passivo circulante R$ 16.000,00 … 

forma, pode-se dizer que existe um controle comum e os respectivos passivo não circulante R$ 12.000,00 … 
patrimônios são demonstrados a seguir: a conta de incorporação … R$ 28.000,00

Pedrosa S.A. Arenosa Ltda Pode ser verificado que uma conta transitória de incorporação foi
Ativo criada, sendo registradas as contrapartidas dos saldos das contas ativas
e passivas, transferidas à sociedade Pedrosa S.A., com a baixa simultâ-
circulante R$ 72.000,00 R$ 20.000,00
nea de ativos e de passivos da empresa Arenosa Ltda.
não circulante R$ 248.000,00 R$ 64.000,00
… R$ 320.000,00 R$ 84.000,00 2) Baixa das contas do patrimônio líquido
Passivo D C
circulante R$ 32.000,00 R$ 16.000,00 Patrimônio líquido R$ 56.000,00 … 
não circulante R$ 20.000,00 R$ 12.000,00 a conta de incorporação … R$ 56.000,00
Passivo
Por meio desses registros, o patrimônio da sociedade Arenosa Ltda.
Patrimônio líquido R$ 268.000,00 R$ 56.000,00
fica zerado, pois todos os saldos foram transferidos para ela, tanto no
… R$ 320.000,00 R$ 84.000,00 débito quanto no crédito. No segundo quadro ilustrativo, cancela-se
Arenosa Ltda., pois representa a contrapartida ao aumento do capital
Nesse caso, como registros contábeis, apenas deve ser feita a trans-
social da empresa Pedrosa S.A. transferido pela empresa Arenosa Ltda,
ferência dos ativos e dos passivos de Pedrosa Ltda. para Arenosa S.A.
o qual também é o valor do recebimento pelos acionistas da Arenosa
Com tais registros finalizados, ocorrerá o aumento simultâneo do ca-
Ltda. de ações da Pedrosa S.A.
pital social em Arenosa S.A. de R$ 56.000, equivalente ao ingresso
líquido de recursos, por meio da transferência dos bens, dos direitos O reconhecimento da transferência do patrimônio da extinta em-
e das obrigações na realização de capital, o que é feito mediante os presa Arenosa Ltda. para a empresa Pedrosa S.A. será feito com os
lançamentos contábeis a seguir: lançamentos realizados na sequência:

1) Transferência de ativos e de passivos para a sociedade 1) Recebimento dos ativos e dos passivos da Arenosa Ltda.
Pedrosa S.A.: D C

D C Ativo circulante R$ 20.000,00 … 

Conta de Incorporação R$ 84.000,00 …  Ativo não circulante R$ 64.000,00 …


128 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 129

D C
mesmo assim, o processo de reorganização, considerando a mesma
situação, poderia ter sido realizado com base em laudo, seguindo o que
a conta de incorporação … R$ 84.000,00
estabelece o art. 8º da legislação societária (BRASIL, 1976).
conta de incorporação R$ 28.000,00 … 
passivo circulante … R$ 16.000,00 
passivo não circulante … R$ 12.000,00 7.6. Fusão

2) Aumento de capital ocorrido na incorporação a favor dos


7.6.1. Conceito
acionistas da Pedrosa S.A.

D C
Conceitua-se como a união entre duas ou mais sociedades para
formar uma sociedade nova, sucessora de todos os bens, direitos e
Conta de incorporação R$ 56.000,00 … 
obrigações, sendo extintas todas as sociedades fundidas.
a capital social … R$ 56.000,00 Na fusão, existe a necessidade de, no mínimo, duas sociedades
participantes do processo. Já na incorporação, basta uma sociedade. Na
Com todos esses lançamentos realizados, a estrutura patrimonial
fusão, as sociedades participantes do processo perdem a personalidade
em Pedrosa S.A., após o recebimento de todos os ativos e passivos
jurídica para dar lugar a uma nova sociedade. Esta, com personalidade
lançados, passa a ser a seguinte:
jurídica própria e sucessora das sociedades anteriores no que se referir
Ativo Passivo aos bens, aos direitos e às obrigações.
ativo circulante R$ 92.000,00 passivo circulante R$ 48.000,00 Na incorporação, uma das empresas participantes do processo é,
ativo não
obrigatoriamente, preexistente e absorve o patrimônio da outra (ou das
R$ 312.000,00 passivo não circulante R$ 32.000,00 outras) empresa, continuando com a personalidade jurídica anterior.
circulante
…  patrimônio líquido R$ 324.000,00 Nesse processo, para não deixar qualquer prerrogativa legal de
lado, a assembleia geral de cada empresa aprovadora do protocolo deve
…  R$ 404.000,00 …  R$ 404.000,00
nomear os peritos que avaliarão o patrimônio líquido das empresas
Nos casos de incorporação com o patrimônio das empresas envol- envolvidas no processo.
vidas sob controle comum, não é uma preocupação a avaliação contábil Para a sociedade fundida ser formalmente constituída, será delibe-
de tais patrimônios, pois os saldos contábeis anteriores ao processo de rado em assembleia geral, na qual serão aprovados, ou não, os laudos de
reorganização não se alteram por não se tratar de uma operação de avaliação patrimonial. Não pode ser realizada a aprovação de laudo de
compra e de venda dessas sociedades. avaliação patrimonial por sócios ou por acionistas das próprias empre-
O que acontece é a incorporação de empresas que possuíam pro- sas em que forem titulares de direitos de sócios ou acionistas. Aqui, os
prietários comuns, permanecendo os valores contábeis dos bens, dos sócios ou acionistas de uma empresa apenas nomearão os peritos para
direitos e das obrigações já existentes antes do processo. Nesse caso, avaliar o patrimônio das outras empresas e os analisarão, aprovando-
admite-se que o laudo de avaliação tenha como base os saldos contá- -os ou não. Todos os atos constitutivos serão levados ao registro pelos
beis dessas empresas, especificado no protocolo da incorporação. Mas, administradores da empresa resultante do patrimônio fundido.
130 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 131

7.6.2. Aspectos contábeis e legais Empresa X Empresa Y Empresa Z (nova)

Tome-se como base a operação hipotética de três empresas: a Cia. ativos R$ 2.044.335,60 R$ 1.525.537,80 R$ 3.569.873,40
Dunga, a Cia. Soneca e a empresa Zangado Ltda. As três empresas passivos R$ 1.410.649,20 R$ 969.211,80 R$ 2.379.861,00
unem seus patrimônios para formar a Cia. Grandes Anões. patrimônio líquido R$ 633.686,40 R$ 556.326,00 R$ 1.190.012,40

Cia. Dunga Nesse caso, é necessário que sejam criadas contas transitórias de
Cia. Soneca Cia. Grandes Anões fusão nas duas empresas extintas e na empresa nova. O procedimento
Zangado Ltda.
é idêntico ao utilizado na incorporação. Existindo participação socie-
tária entre as empresas envolvidas no processo, devem ser eliminadas
Depois de finalizado esse processo, a Cia. Dunga, a Cia. Soneca
com contrapartida no patrimônio líquido, por valores correspondentes
e a empresa Zangado Ltda. perdem a personalidade jurídica anterior,
a esse investimento.
deixando de existir. Da fusão de seus patrimônios, surge a Cia. Grandes
Anões, que fará a sucessão total de seus bens, direitos e obrigações.
7.6.3. Fusão a valores de mercado
Sob o ponto de vista contábil, a fusão se dá de forma muito se-
melhante à incorporação, sendo que a Cia. Dunga, a Cia. Soneca e Para uma distribuição mais justa aos futuros sócios ou acionistas,
a empresa Zangado Ltda. transferem todos os seus bens, direitos e é preciso que os patrimônios sejam avaliados pelos valores de mercado.
obrigações para a Cia. Grandes Anões, criada para tal fim. Sendo assim, os patrimônios devem ser avaliados por peritos nomeados
Em linhas gerais, os aspectos contábeis envolvidos na fusão são em assembleia com esse objetivo. Os sócios ou acionistas de uma empresa
bastante simples. Devem ser adotados todos os procedimentos pre- indicam os peritos que avaliarão o patrimônio da outra empresa, mas não
viamente estabelecidos no protocolo, pois é este o documento que dá podem aprovar o laudo da empresa em que sejam sócios ou acionistas.
suporte ao processo. A respectiva quantidade de ações que competirá a cada acionista
Consequentemente à fusão, é criada uma nova empresa. E como toda deve ser proporcional ao patrimônio que tinham na empresa extinta.
empresa que inicia suas operações, formaliza-se por meio do seu capital Outro exemplo hipotético será evidenciado para a fusão, em que os acio-
social inicial. Na fusão, os acionistas ou sócios não precisam subscrever nistas das empresas Madeira S.A. e Prego S.A. deliberaram e aprovaram
e integralizar capital social, pois ele será proveniente das empresas que tanto o protocolo quanto a justificativa para realizar a fusão. A empresa
deixaram de existir. Outro aspecto a ser considerado se refere às possibi- resultante, Cadeira S.A., receberá todo o patrimônio das duas empresas
lidades de os patrimônios serem unidos, tomando-se por base os valores avaliado a valores de mercado. Consequentemente, todos os atos legais
contábeis das empresas participantes ou por valores de mercado. foram praticados (balanços, avaliações, auditoria independente, proto-
No exemplo ilustrado na sequência, é evidenciada uma operação colo, justificativa, assembleias gerais, etc.).
de fusão considerando os valores contábeis dos patrimônios. Os sócios 1) Situação das empresas antes e após a fusão
ou acionistas das empresas hipotéticas X e Y resolveram fundir os seus
1.1) Situação antes da fusão
patrimônios para dar origem à sociedade Z, que é nova e foi criada para
com este fim. As empresas extintas possuem, de maneira resumida, a Empresa madeira
seguinte estrutura patrimonial nos balanços patrimoniais: ativo R$ 373.555,00
132 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 133

Empresa madeira Ativo Passivo


passivo R$ 164.205,60 capital social R$ 209.349,40
PL (capital social + reservas) R$ 209.349,40 Total R$ 373.555,00 Total R$ 373.555,00
Empresa prego
Balanço Patrimonial da Empresa Prego S.A
ativo R$ 568.432,80
Ativo Passivo
passivo R$ 277.594,20
ativo circulante R$ 145.254,20 passivo circulante R$ 200.395,00
PL (capital social + reservas) R$ 290.838,60
ativo não passivo não
R$ 423.178,60 R$ 77.199,20
1.2) Situação após a fusão circulante circulante
patrimônio líquido
Empresa cadeira
capital social R$ 290.838,60
ativo R$ 941.987,80
passivo R$ 441.799,80
Total R$ 568.432,80 Total R$ 568.432,80
PL (capital social + reservas) R$ 500.188,00

No processo de fusão, as reservas de lucros e de capital que estavam 3) Lançamentos Contábeis


no patrimônio líquido das empresas participantes foram incorporadas 3.1) Na empresa Madeira S.A.
ao capital social após a fusão. Dessa forma, há a distribuição propor-
cional de parcelas do capital social entre os acionistas das sociedades a) Pelo encerramento das contas do ativo
que participaram do processo. conta de dissolução (fusão) R$ 373.555,00
a diversos …
2) Balanço das empresas fusionadas antes do evento a ativo circulante R$ 127.400,00
Os balanços apresentados evidenciam os valores para a fusão, além a ativo não circulante R$ 246.155,00
de terem sido auditados por auditores independentes e terem como
b) Pelo encerramento das contas do passivo
referência a mesma data de elaboração.
diversos …
Balanço Patrimonial da Empresa Madeira S.A. a conta de dissolução (fusão) R$ 164.205,60
passivo circulante R$ 121.591,60
Ativo Passivo
passivo não circulante R$ 42.614,00
ativo circulante R$ 127.400,00 passivo circulante R$ 121.591,60
ativo não passivo não c) Pela baixa das contas do patrimônio líquido
R$ 246.155,00 R$ 42.614,00
circulante circulante
patrimônio líquido …
patrimônio líquido a conta de dissolução (fusão) R$ 209.349,40
134 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 135

3.2) Na empresa Prego S.A. 4) Após a fusão, o balanço patrimonial de Cadeira S.A. se
apresentará da seguinte forma:
a) Pelo encerramento das contas do ativo
Ativo Passivo
conta de dissolução (fusão) R$ 568.432,80
ativo circulante R$ 272.654,20 passivo circulante R$ 321.986,60
a diversos …
a ativo circulante R$ 145.254,20 ativo não circulante R$ 669.333,60 passivo não circulante R$ 119.813,20

a ativo não circulante R$ 423.178,60 Patrimônio Líquido

Capital Social R$ 500.188,00


b) Pelo encerramento das contas do passivo
Total R$ 941.987,80 Total R$ 941.987,80
diversos …
a conta de dissolução (fusão) R$ 277.594,20
passivo circulante R$ 200.395,00
7.7. Cisão
passivo não circulante R$ 77.199,20

c) Pela baixa das contas do patrimônio líquido 7.7.1. Conceito


patrimônio líquido … O processo de cisão não se confunde com os processos de incorpora-
a conta de dissolução (fusão) R$ 290.838,60 ção e de fusão, já que na cisão pode existir a figura de diferentes suces-
sores ou apenas um. Outra diferença se refere à extinção da sociedade
3.3) Na empresa Cadeira S.A., resultante da fusão
cindida, a qual não é obrigatória. Dessa forma, além da possibilidade
a) Pela constituição da nova empresa Cadeira S.A. de restar somente um único sucessor, no caso da cisão parcial, poderá
ocorrer a existência de vários sucessores, na cisão parcial ou total. Para
conta de fusão …
o último caso, é obrigatória a extinção da empresa cindida. Também a
a capital social R$ 500.188,00
empresa receptora de parte do patrimônio pode ser nova ou já existente.
b) Pelo recebimento dos ativos Os motivos que levam as empresas a cogitarem a possibilidade da
cisão são as mais diversificadas, entre elas podem ser citadas a dissidên-
diversos …
cia entre sócios, o aprimoramento da competitividade ou, finalmente,
a conta de fusão R$ 941.987,80
ajustes tributários advindos de um planejamento operacional.
ativo circulante R$ 272.654,20
ativo não circulante R$ 669.333,60

c) Pelo recebimento dos passivos 7.7.2. Responsabilidade dos sucessores na cisão

conta de fusão R$ 441.799,80 Com relação à cisão, a legislação societária regula, por meio do §1º
a diversos … do art. 229 e do art. 233, estabelecendo que a responsabilidade dos
a passivo circulante R$ 321.986,60 sucessores em relação às obrigações da companhia cindida antes da
a passivo não circulante R$ 119.813,20 cisão está limitada à parcela ou à proporção do patrimônio recebido ou
136 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 137

transferido. Também a sucessora participará dos direitos da cindida na nio a ser transferido. Finalmente, cabe à assembleia geral promover a
proporção do patrimônio recebido. Isso quer dizer que, no momento constituição estatutária da nova empresa.
da cisão, a sucessora receberá parcela do patrimônio, composto por Conforme Correa (2011), se o processo for de cisão parcial com ver-
bens, direitos e obrigações, observando-se a mesma proporção entre são do patrimônio para uma empresa preexistente, a operação segue os
os elementos patrimoniais. dispositivos estabelecidos no processo de incorporação, ou seja, há, neste
Segundo Correa (2011), no caso de haver extinção da empresa cindi- caso, tecnicamente, incorporação de parcela do patrimônio da sociedade
da, as empresas que absorvem o patrimônio responderão de forma soli- cindida, funcionando a sociedade receptora como incorporadora.
dária pelas obrigações da empresa cindida, ou seja, se uma das empresas Já o arquivamento dos atos do processo de fusão parcial na junta
não honrar as responsabilidades herdadas da empresa cindida, as demais comercial e a sua publicação caberão, conjuntamente, aos administra-
terão obrigação de fazê-lo proporcionalmente ao patrimônio recebido. dores da companhia cindida e aos administradores das empresas que
Se a empresa cindida não se extinguir, as sucessoras são obrigadas absorverem parcela de seu patrimônio.
a ser solidárias com as obrigações que esta tinha antes da cisão, ou seja,
se a empresa cindida não puder honrar os compromissos assumidos
7.7.4. Cisão total
antes da cisão e que, no processo de cisão, ficaram sob sua respon-
sabilidade, as empresas resultantes ou as que receberam parcelas do Para os casos de cisão total com extinção da companhia cindida, os
patrimônio terão que assumir tais compromissos proporcionalmente procedimentos a serem observados são semelhantes aos procedimentos
aos patrimônios herdados. da cisão parcial. A diferença entre as duas formas de cisão consiste no
A solidariedade somente poderá ser excluída em caso de cisão fato de que a publicação e o arquivamento dos atos inerentes ao pro-
parcial, desde que esta intenção conste no protocolo e que tenha sido cesso competem aos administradores das empresas resultantes ou que
aprovada pela assembleia geral que tiver deliberado sobre a cisão. absorveram o patrimônio da sociedade extinta.
Também não pode ter qualquer oposição dos credores anteriores ao
processo de cisão.
7.7.5. Substituição e atribuição das ações
Se acontecer, esta oposição dos credores poderá ser individual, ou
seja, na situação de um credor não se pronunciar em relação ao afasta- Os titulares de ações da empresa cindida, os quais passarão à condi-
mento da solidariedade em relação aos seus créditos, mediante notifica- ção de acionistas nas empresas sucessoras, receberão delas as ações que
ção oficial à empresa em 90 dias a contar da efetivação da cisão, ele não forem integralizadas com parcelas do patrimônio na mesma proporção
poderá invocar a solidariedade, prevalecendo, para ele, a estipulação ou das ações que possuíam na empresa cindida, de acordo com o § 5º do
a deliberação da assembleia. art. 229 da legislação societária.

7.7.3. Cisão parcial 7.7.6. Aspectos contábeis e legais

A deliberação sobre o processo de cisão parcial, quando há criação Considerando o processo de cisão, ela pode ser total, onde a em-
de sociedade nova, cabe à assembleia geral. Também compete a ela, em presa cindida desaparece, enquanto na cisão parcial a empresa cindida
caso de aprovação da cisão, nomear os peritos que avaliarão o patrimô- permanece, mas com patrimônio menor, haja vista que repassa parcela
138 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 139

do seu patrimônio às empresas sucessoras (ou à sucessora). Assim, Ativo Valor (R$)
supondo que a empresa 123 S.A. passe pelo processo de cisão, sendo
reservas de capital 42.500,00
criadas duas empresas novas para absorverem parcelas do seu patrimô-
nio, poderemos ter as seguintes situações: reservas de lucros 153.000,00
total do passivo 935.000,00
AAA S.A.
Cisão parcial – 123 S.A. 123 S.A. Considerando esse balanço que, hipoteticamente, apresenta valo-
BBB S.A. res de mercado, os acionistas decidiram que a nova empresa receberia
AAA S.A. parcelas proporcionais de 30% do ativo e do passivo. Após a cisão, cada
Cisão total – 123 S.A.
BBB S.A. empresa permanece com uma parcela dos bens, direitos e obrigações
proporcional ao percentual que lhe foi atribuído pelo processo de cisão.
7.7.6.1. Exemplo Como objetivo principal, enquadra-se a conversão da parcela do
patrimônio líquido da sociedade cindida em capital social na socie-
Na sequência, é apresentado um exemplo de cisão parcial com a dade resultante. Afinal de contas, a sociedade resultante é uma so-
criação de uma nova empresa. Eis o patrimônio da empresa quando ciedade nova e, como tal, deverá possuir em seu patrimônio líquido
foi definida a cisão: somente o capital social. De maneira oposta, se não houver essa ca-
pitalização das contas do patrimônio líquido, elas serão transferidas
Ativo Valor (R$)
de maneira proporcional.
Ativo circulante 518.500,00
Patrimônio após a cisão:
disponibilidades 153.000,00
contas a receber 246.500,00 Ativo Empresa cindida Empresa nova

mercadorias em estoque 119.000,00 ativo circulante 388.875,00 129.625,00

Ativo não circulante 416.500,00 disponibilidades 114.750,00 38.250,00

imobilizado 416.500,00 contas a receber 184.875,00 61.625,00

total do ativo 935.000,00 mercadorias em estoque 89.250,00 29.750,00

Passivo … ativo não circulante 312.375,00 104.125,00

passivo circulante 484.500,00 Imobilizado 312.375,00 104.125,00

empréstimos e financiamentos 255.000,00 total do ativo 701.250,00 233.750,00

obrigações sociais e tributárias 161.500,00 Passivo … …

fornecedores 68.000,00 passivo circulante 363.375,00 121.125,00

Patrimônio líquido 450.500,00 empréstimos e financiamentos 191.250,00 63.750,00

capital 255.000,00 obrigações sociais e tributárias 121.125,00 40.375,00


140 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 141

Ativo Empresa cindida Empresa nova


b) deságio decorrente da diferença entre o valor de mercado
de ativo na sociedade sucedida: esse valor deve ser sub-
fornecedores 51.000,00 17.000,00
traído do respectivo ativo transferido para a sucessora;
patrimônio líquido 337.875,00 112.625,00 c) ágio e deságio fundamentados em expectativa de resultado
Capital 337.875,00 112.625,00 futuro: devem continuar tendo o mesmo tratamento que
total do passivo 701.250,00 233.750,00 teriam na sucedida, porém agora na sociedade sucessora,
ou seja, incluídos no balanço patrimonial e amortizados no
Como evidenciado, os valores do patrimônio líquido foram total- prazo e na extensão das projeções que os determinaram;
mente capitalizados antes do processo de cisão e o percentual transfe- d) o ágio decorrente da aquisição do direito de exploração,
rido para a empresa nova foi de 30% do valor dos bens, dos direitos e concessão ou permissão delegadas pelo poder público: de-
das obrigações e, consequentemente, o patrimônio líquido. verá ser adicionado, no caso de ágio, ou subtraído, em caso
de deságio, do valor relativo ao direito transferido.
7.8. Aspectos contábeis, fiscais e tributários das 2) Quando a empresa controlada incorporar a sua controladora,
operações de reorganização societária a incorporadora deverá contabilizar o ágio e o deságio da se-
Em linhas gerais, os processos de reorganização societária são sim- guinte forma:
ples quando conhecidas a natureza da operação e as condições estabe- a) ágio e deságio, quando o fundamento econômico tiver
lecidas no protocolo e na justificativa. Com a devida documentação pro- sido a diferença entre o valor de mercado dos bens e o
cessual, deve-se dar atenção às alterações estatutárias ou contratuais, seu valor contábil, devem ser contabilizados nas contas
assim como ao protocolo e à justificativa. Deve-se atentar, também, ao representativas dos bens que lhe deram origem. No caso
laudo dos peritos ou da empresa especializada, que realizou a avaliação de ágio, a contrapartida será uma reserva especial de ágio
do patrimônio, pois nele constarão os valores e a vida útil remanescente no patrimônio líquido;
a serem utilizados pelas empresas sucessoras. Com tudo isso dispo-
b) em conta específica do ativo não circulante, subgrupo
nível, é possível iniciar os lançamentos contábeis correspondentes ao
Imobilizado (ágio) – quando o fundamento econômico ti-
processo de reorganização.
ver sido a aquisição do direito de exploração, concessão ou
permissão delegadas pelo poder público;
7.8.1. Tratamento do ágio/deságio c) em conta específica ativo não circulante (ágio) ou em con-
Quanto ao tratamento contábil do ágio e do deságio, as seguintes ta específica de resultados diferidos (deságio) – quando o
situações podem ser evidenciadas, de acordo com Correa (2011): fundamento econômico tiver sido a expectativa de resul-
tado futuro.
1) Quando estão envolvidas empresas de capital fechado ou quan-
do a controladora absorver o patrimônio da controlada: Por fim, a contabilização no processo de incorporação se diferencia
a) ágio decorrente da diferença entre o valor de mercado de pelo fato de a incorporadora ser a controlada ou a controladora. No
ativo na sociedade sucedida: esse valor deverá ser adiciona- caso de a controladora ser incorporada pela sua controlada, o deságio
do ao respectivo ativo transferido para a empresa sucessora; vai para resultados diferidos.
142 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 143

7.8.2. Roteiro para contabilização 7.8.4. Declaração de rendimentos e pagamento de imposto

A contabilização dos processos de reorganização societária segue Especificamente sobre o pagamento do imposto devido, o art. 861
um roteiro até a efetivação. Primeiramente, devem ser elaborados os do RIR/99 estabelece que o pagamento do imposto correspondente a
papéis de trabalho do processo de reorganização, com base no proto- período de apuração encerrado em virtude de incorporação, fusão ou
colo, na justificativa, no laudo de avaliação e nas alterações contratuais cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação
ou estatutárias. deverá ser efetuado até o último dia útil do mês subsequente ao da
Na sequência, a empresa que passa pelo processo de reorganiza- ocorrência do evento.
ção deve encerrar as contas de resultado relativas ao exercício em que
se opera a reorganização, incorporando-as ao patrimônio líquido ou 7.8.5. Compensação de prejuízos fiscais
destinando-as de outra forma, conforme o protocolo. Em seguida, para
baixar os elementos patrimoniais, a sucedida encerra todas as contas Quaisquer prejuízos fiscais de pessoas jurídicas fusionadas, incorpora-
de ativo, passivo e patrimônio líquido em contrapartida de uma conta das ou cindidas não podem ser compensados nas pessoas jurídicas resul-
denominada conta de incorporação, conta de fusão ou conta de cisão. tantes. O Código Tributário Nacional (CTN) também estabelece que as
sociedades resultantes dos processos de reorganização societária sucedem
Por fim, a sucessora, a qual recebe parte ou a totalidade do patri-
a anterior em todos os direitos e obrigações. Entretanto, a compensação
mônio da sucedida, reconhecerá os ativos, os passivos e o aumento do
de prejuízo fiscal é um benefício fiscal, não podendo ser utilizada.
patrimônio líquido, que poderá ser exclusivamente na conta de capital
social, em contrapartida das contas denominadas contas de incorpora-
ção, contas de fusão ou contas de cisão. 7.8.6. Formas de finalização
Tratando-se de contabilização da operação na sucessora, deve ser
7.8.6.1. Dissolução
destacado que, no grupo do patrimônio líquido, normalmente constará
apenas o capital social, para o caso de criação de empresa nova. No Do ponto de vista legal, a dissolução de uma sociedade é o ato pelo
entanto, pode haver casos em que a versão do patrimônio seja efetuada qual se desfaz um vínculo contratual entre sócios, com o objetivo de se
linha por linha, conforme cada modelo de reorganização societária. extinguir uma pessoa jurídica (CORREA, 2011).

7.8.6.1.1. Formas de dissolução


7.8.3. Aspectos fiscais e tributários
Dissolve-se uma empresa de três formas distintas, conforme os
As pessoas jurídicas sucessoras das empresas incorporadas, fu- detalhes na sequência.
sionadas, cindidas ou transformadas respondem, de maneira integral,
• Por pleno direito: pelo término do prazo de duração, nos casos
pelos impostos devidos pelas sucedidas.
previstos nos estatutos, por deliberação da assembleia geral,
Essa responsabilidade se refere aos créditos tributários definiti-
pela existência de um único acionista (verificada em assembleia
vamente constituídos ou em curso de constituição na data dos atos
geral ordinária, se o mínimo de dois não for reconstituído até
citados e também os constituídos posteriormente, desde que relativos
a assembleia do ano seguinte) e pela extinção, na forma da lei,
a obrigações tributárias surgidas antes da referida data.
da autorização para funcionar.
144 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 145

• Por decisão judicial: quando anulada sua constituição, em ação a maioria de acionistas deixarem de promover a liquidação, ou a ela
proposta por qualquer acionista, quando provado que não pode se opuserem, nos casos de dissolução da companhia de pleno direito.
preencher o seu fim em ação proposta por acionistas que repre- Também poderá ocorrer por requerimento do Ministério Público, por
sentem 5% ou mais do capital social e em caso de falência, na meio de comunicação da autoridade competente, se a companhia, nos
forma prevista na respectiva lei. 30 dias subsequentes à dissolução, não iniciar a liquidação ou se, após
• Por decisão de autoridade administrativa: nos casos e na forma iniciá-la, interrompê-la por mais de 15 dias, no caso da extinção, na
previstos em lei especial. forma da lei, da autorização para funcionar.
No caso de liquidação, será observado o disposto na lei processual,
7.8.6.2. Efeitos devendo o liquidante ser nomeado pelo juiz.

A empresa dissolvida conserva a personalidade de jurídica até a 7.8.7.3. Deveres do liquidante


extinção, para que seja realizada a liquidação.
São diretamente caracterizados como atribuições do liquidante o
arquivamento e a publicação da ata da assembleia geral ou a certidão
7.8.7. Liquidação de sentença que tiver liberado, ou decidido, a liquidação, a arrecadação
dos bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam, a
A liquidação de uma empresa ocorre no momento da realização dos
confecção imediata e em prazo não superior ao fixado pela assembleia
ativos e do pagamento do passivo exigível. O saldo, quando é positivo,
geral ou pelo juiz, do balanço patrimonial da companhia, a finalização
é dividido proporcionalmente entre os sócios.
dos negócios da companhia, a realização do ativo, o pagamento do pas-
sivo e a partilha do remanescente entre os acionistas, a exigência junto
7.8.7.1. Liquidação pelos órgãos da companhia aos acionistas, quando o ativo não bastar para a quitação do passivo,
Não sendo diretamente estabelecido pelo estatuto, é incumbência da integralização de suas ações, a convocação de assembleia geral nos
da assembleia, nos casos de dissolução de pleno direito, a determinação casos previstos em lei ou quando julgar necessário, o pedido de falência
do modo de liquidação e a nomeação do liquidante e do conselho fiscal, da companhia e o pedido de concordata, nos casos previstos em lei.
que devem estar ativos durante o período de liquidação. A empresa Quando finalizada a liquidação, o liquidante deve submeter à assem-
que tiver constituído um conselho de administração poderá mantê-lo, bleia geral o relatório dos atos e das operações da liquidação e suas contas
competindo-lhe nomear o liquidante. finais, além de arquivar e publicar a ata que houver encerrado a liquidação.
O funcionamento do conselho fiscal será permanente ou a pedido
de acionistas, conforme o estatuto. O liquidante poderá ser destituído, 7.8.7.4. Poderes do liquidante
a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado.
De acordo com o citado por Correa (2011), é uma atribuição do
7.8.7.2. Liquidação judicial liquidante representar a companhia e praticar todos os atos que se-
jam necessários à sua liquidação, incluindo alienar bens móveis ou
Além dos casos citados anteriormente, a liquidação será processada imóveis, transigir, receber e dar quitação. Sem expressa autorização
judicialmente a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou da assembleia geral, o liquidante não poderá obter bens, nem contrair
146 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 7 – Combinação de negócios 147

empréstimos, a não ser que sejam indispensáveis para pagamento de 7.8.7.8. Par tilha do ativo
obrigações que não possam ser adiadas, assim como ficará impedido
A assembleia geral pode deliberar que, antes de finalizada a liqui-
de dar sequência, ainda que para facilitar a liquidação, na atividade
dação e depois de pagos todos os credores, façam-se as distribuições
operacional.
entre os acionistas proporcionais aos seus direitos.
A assembleia geral tem a opção de aprovar, por meio do voto de acio-
7.8.7.5. Denominação “em liquidação” nistas, os quais representem 90% (noventa por cento), no mínimo, das
Para a denominação da companhia em todos os atos ou operações, ações, depois de pagos ou garantidos os credores, condições especiais
o liquidante deverá sempre usar a denominação social seguida da ex- para a partilha do ativo remanescente, com a atribuição de bens aos só-
pressão “em liquidação”. cios, por seus valores contábeis ou outro por ela (assembleia) estipulado.
Se for provado pelo acionista dissidente que as condições especiais
7.8.7.6. Assembleia geral de partilha favoreceram a maioria em detrimento de parcela que lhe
corresponderia se inexistissem tais condições, será a partilha suspen-
O liquidante deverá convocar assembleia geral semestralmente, sa, se não tiver sido consumada ou, se já consumada, os majoritários
para prestar-lhe contas dos atos e das operações praticados no semes- indenizarão os minoritários pelos prejuízos identificados.
tre e apresentar o relatório e o balanço da situação da liquidação. A
assembleia geral pode fixar, para essas prestações de contas, períodos
7.8.7.9. Prestação de contas
menores ou maiores, nem inferiores a três meses, nem superior a
doze meses. Segundo Correa (2011), quando tiver sido pago o passivo e distribu-
Todas as ações possuem direito equitativo de voto quando em li- ído, proporcionalmente, o ativo remanescente, o liquidante convocará
quidação, tornando-se ineficazes as restrições ou as limitações que se a assembleia geral para a prestação final de contas. Sendo aprovadas as
façam existentes em relação às ações ordinárias ou preferenciais. Sendo contas, a liquidação é encerrada e a companhia se extingue oficialmen-
finalizado o estado de liquidação, as restrições com relação ao direito te. O acionista dissidente terá o prazo de 30 dias, a contar da publicação
de voto retornam normalmente. da ata, para promover a ação que lhe couber.
Em caso de liquidação judicial, as assembleias gerais serão convo-
cadas por ordem do juiz, a quem também compete presidi-las e resolver 7.8.7.10. Responsabilidade na liquidação
as dúvidas e os litígios que forem eventualmente apresentados. As atas
das assembleias serão anexadas ao processo judicial. O liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador
e os deveres e as responsabilidades dos administradores, dos fiscais e
dos acionistas se manterão até a extinção da empresa.
7.8.7.7. Pagamento do passivo

Mantendo-se as prioridades dos credores preferenciais, o liquidante 7.8.7.11. Direito do credor não satisfeito
pagará as dívidas sociais proporcionalmente e sem distinção entre ven-
cidas e a vencer. Exclusivamente para o caso em que o ativo for superior Quando estiver encerrada a liquidação, o credor que não se en-
ao passivo, o liquidante poderá pagar integralmente as dívidas vencidas. contrar totalmente satisfeito só terá o direito de exigir dos acionistas,
148 CON TA BILIDA DE GER A L

individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma,


por eles recebida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, ação
de perdas e danos.
Já para o acionista que for executado, caber-lhe-á o direito de
recuperar dos demais a parcela que lhe couber no crédito pago ao
credor reclamante.

7.8.8. Extinção

A seguir, são apresentadas as formas de extinção de uma empresa.

7.8.8.1. Encer ramento da liquidação

Uma empresa pode ser extinta pelo encerramento da liquidação, esta


sendo representada por meio do processo pelo qual o liquidante paga o
passivo e distribui proporcionalmente o ativo que tiver sobrado entre os
acionistas, através da prestação final de contas aprovadas por estes.

7.8.8.2. Incorporação por outra sociedade, fusão ou cisão total

Adicionalmente, nos casos de incorporação por outra empresa, de


fusão ou de cisão total. Neste último caso, não há devolução do patri-
mônio aos sócios, uma vez que passa a fazer parte de outra empresa,
que sucede a extinta em todos os bens, direitos e obrigações. Os sócios
recebem da sucessora as ações de que eles tiverem direito, decorrentes
da incorporação, da fusão ou da cisão.
capítulo ∙ 8

Exercícios

01. (CONTADOR – 2º/2000) Uma empresa que iniciou suas


atividades em 1º.12.1999 apresentou até 31.12.1999, data do pri-
meiro balanço, a seguinte movimentação em relação a uma deter-
minada mercadoria:

Data Natureza da Operação Valor Total


8.12.1999 Compra de 30 unidades R$ 2.400,00 (*)
16.12.1999 Venda de 05 unidades R$ 500,00
23.12.1999 Compra de 40 unidades R$ 3.600,00 (*)
31.12.1999 Venda de 20 unidades R$ 2.200,00
(*) Valor líquido de ICMS

O valor do estoque final, avaliado pelo método PEPS, atingiu o


montante de:
a) R$ 3.300,00.
b) R$ 4.050,00.
c) R$ 4.000,00.
d) R$ 3.600,00.

Resolução
Data Qdte Um Valor Qdte Um Valor Qdte Um Valor

8.12.99 30 80,00 2.400,00 … … … 30 80,00 2.400,00

16.12.99 … … … 5 80,00 400,00 25 80,00 2.000,00


150 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 151

Data Qdte Um Valor Qdte Um Valor Qdte Um Valor 03. (CONTADOR – 2º/2000) Marque a alternativa INCOR-
23.12.99 40 90,00 3.600,00 … … … 40 90,00 3.600,00 RETA:
31.12.99 … … … 20 80,00 1.600,00 5 80,00 400,00
a) A Empresa Gama deverá usar o método da equivalência patri-
3.600,00
… … … … … … … 40 90,00
(SF)
monial somente na avaliação dos seus investimentos nas Em-
presas Alfa e Ômega.
b) A Empresa Ômega deverá usar o método da equivalência patri-
monial na avaliação dos seus investimentos na Empresa Fatos.
c) A participação total da Empresa Gama na Empresa Fatos é
PARA RESPONDER ÀS DUAS QUESTÕES A SEGUIR, FAÇA
UMA ANÁLISE DA SEGUINTE ESTRUTURA de 28,2%.
d) A participação total da Empresa Gama na Empresa Beta é de 24%
Empresa GAMA
80% 60% Resolução

15% ´ 60% = 9%

Empresa ALFA Empresa ÔMEGA 60%


Empresa
GAMA 15% Empresa
30% 15%
Empresa FATOS
GAMA
Empresa BETA Empresa FATOS
80% Empresa 30%
GAMA
80%
30% ´ 24% = 19,20% Empresa
FATOS

02. (CONTADOR – 2º/2000) Marque a alternativa CORRETA: 30% ´ 24% = 19,20%

a) A Empresa Fatos é controlada pela Empresa Gama, que tam-


Controle total direto da Empresa Gama sobre a Empresa Fatos =
bém controla a Empresa Ômega.
19,20% + 9% = 28,20% - não há controle.
b) A Empresa Gama controla somente as Empresas Alfa e Ômega,
não detendo, nem indiretamente, qualquer outra controlada.
c) A Empresa Fatos é coligada da Empresa Ômega, mas é contro- 04. (CONTADOR – 1º/2001) Uma determinada empresa con-
lada pela Empresa Gama, por intermédio das participações das tratou para o período de doze meses, com vigência de 1º.8.2000 a
Empresas Alfa e Beta. 31.7.2001, por R$ 3.600,00, seguro para todos os funcionários da
d) A Empresa Gama tem controle indireto sobre a Empresa Beta, empresa, sendo pago 50% à vista e o restante para 60 dias.
detendo controle direto sobre a Empresa Fatos. O registro CORRETO referente a este fato contábil é:
152 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 153

a) despesa de seguros R$ 3.600,00 b) despesa de pró-labore R$ 1.800,00


a caixa R$ 1.800,00 a pró-labore a pagar R$ 1.665,00
a seguros a pagar R$ 1.800,00 a IRRF a recolher R$ 135,00
b) despesa de seguros R$ 1.800,00 c) despesa de pró-labore R$ 1.665,00
prêmios de seguros a apropriar R$ 1.800,00 IRRF a recuperar R$ 135,00
a caixa R$ 1.800,00 a caixa R$ 1.800,00
a seguros a pagar R$ 1.800,00 d) despesas de pró-labore R$ 1.800,00
c) despesas de seguros antecipadas R$ 3.600,00 a caixa R$ 1.665,00
a caixa R$ 1.800,00 a IRRF a recolher R$ 135,00
a seguros a pagar R$ 1.800,00
Resolução
d) seguros contratados R$ 1.800,00
O pagamento de pró-labore, no próprio mês, é DEBITADO na
a seguros a pagar R$ 1.800,00
conta de despesa de pró-labore no valor bruto de R$ 1.800,00, a reten-
a caixa R$ 1.800,00 ção do imposto de renda na fonte é CREDITADA na conta de IRRF a
seguros a vencer R$ 1.800,00 recolher no valor de R$ 135,00 e CREDITADO na conta caixa o valor
líquido de R$ 1.665,00.
Resolução
Por tratar-se de pagamento de despesas de antecipados, o valor
contratado e DEBITADO na conta de despesa de seguros antecipados 06. (CONTADOR – 1º/2001) Uma determinada empresa rea-
é de R$ 3.600,00, o pagamento à vista e CREDITADO na conta caixa lizou, em julho de 2000, benfeitorias em terreno alugado de ter-
é de R$ 1.800,00 e o pagamento a prazo e CREDITADO na conta ceiros nesta mesma data, no montante de R$ 52.800,00. Sendo o
seguros a pagar é de R$ 1.800,00. contrato de locação de 4 anos e que o valor totalmente amortizado
no período locado, o valor da amortização a ser lançada em cada
período-base anual é de, respectivamente:
a) R$ 6.600,00; R$ 15.400,00; R$ 15.400,00 e R$ 15.400,00.
05. (CONTADOR – 1º/2001) Uma determinada empresa efe-
b) R$ 13.200,00; R$ 13.200,00; R$ 13.200,00 e R$ 13.200,00.
tuou no dia 31.3.2001 o pagamento do pró-labore do sócio-gerente,
no valor líquido de R$ 1.665,00, retendo na fonte o imposto de c) R$ 6.600,00; R$ 13.200,00; R$ 13.200,00; R$ 13.200,00 e
renda no valor de R$ 135,00. Indique o lançamento CORRETO, R$ 6.600,00.
correspondente à operação: d) R$ 10.560,00; R$ 10.560,00; R$ 10.560,00; R$ 10.560,00 e R$
10.560,00.
a) despesas de pró-labore R$ 1.665,00
despesas c/ imposto de renda na fonte R$ 135,00 Resolução
a caixa R$ 1.800,00 • Valor total a ser amortizado = R$ 52.800,00
154 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 155

• Período para amortização = 4 anos tegralizou a sua parte de 50% com um veículo de sua propriedade,
• Amortização mensal = R$ 52.800,00 / (4 x 12) avaliado em R$ 25.000,00 e o restante em dinheiro. O outro inte-
• Amortização mensal = R$ 1.100,00 gralizou sua parte, no mesmo dia, totalmente em dinheiro.
• 2000 ( 6 meses) = 6 x R$ 1.100,00 = R$ 6.600,00 (julho de 2000) Indique o lançamento contábil CORRETO:
• 2001 (12 meses) = 12 x R$ 1.100,00 = R$ 13.200,00 a) caixa R$ 75.000,00
• 2002 (12 meses) = 12 x R$ 1.100,00 = R$ 13.200,00 a capital social R$ 75.000,00
• 2003 (12 meses) = 12 x R$ 1.100,00 = R$ 13.200,00
b) caixa R$ 50.000,00
• 2004 ( 6 meses) = 6 x R$ 1.100,00 = R$ 6.600,00 (junho de 2004)
a capital social R$ 50.000,00
c) caixa R$ 50.000,00
07. (TÉCNICO – 2º/2001) Uma empresa vendeu um gerador veículos R$ 25.000,00
de seu imobilizado, que custou R$ 5.000,00, por R$ 4.500,00, à a capital social R$ 75.000,00
vista. Indique a afirmativa CORRETA, considerando que o equipa-
d) caixa R$ 75.000,00
mento vendido já estava depreciado contabilmente em R$ 1.000,00
(vida útil estimada em 10 anos): a capital social R$ 50.000,00
a veículos R$ 25.000,00
a) Apurou-se uma perda de R$ 500,00.
b) A depreciação total foi de R$ 500,00. Resolução
c) Apurou-se um lucro de R$ 500,00. Trata-se do registro do capital inicial da empresa, sendo R$
d) Houve uma entrada no caixa de R$ 4.000,00. 25.000,00 em veículo e R$ 50.000,00 em dinheiro.
• D – Caixa = R$ 50.000,00
Resolução
• D – Veículos = R$ 25.000,00
• Custo de aquisição = R$ 5.000,00
• C – Capital Social = R$ 75.000,00
• (-) Depreciação = (R$ 1.000,00)
• (=) Custo da imobilização vendida = R$ 4.000,00
• Valor de venda = R$ 4.500,00 09. (CONTADOR – 1º/2002) Uma empresa obteve um emprés-
• Lucro na venda = R$ 500,00 timo no valor de R$ 25.000,00, para capital de giro, com venci-
mento dentro do próprio mês. Pagou no ato R$ 1.500,00 a título
Considerando que não houve mais nenhuma alteração no patri- de encargos financeiros. Este fato implica:
mônio, esse será acrescido de R$ 500,00 referente ao lucro na venda
do gerador. a) Aumento do ativo e patrimônio líquido no valor de R$ 25.000,00
e diminuição do passivo no valor de R$ 1.500,00.
b) Aumento do ativo no valor de R$ 25.000,00 e redução do pas-
08. (TÉCNICO – 2º/2001) Dois sócios resolveram constituir sivo em R$ 1.500,00 e aumento do patrimônio líquido em R$
uma empresa, com capital inicial de R$ 75.000,00. Um deles in- 23.500,00.
156 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 157

c) Aumento do patrimônio líquido e ativo em R$ 23.500,00 e • saldo inicial + R$ 300.000,00 = ( R$ 120.000,00 + R$ 80.000,00)
aumento do passivo em R$ 25.000,00. + R$ 200.000,00
d) Aumento de passivo em R$ 25.000,00, aumento do ativo em • saldo inicial = (R$ 200.000,00 + R$ 200.000,00) – R$ 300.000,00
R$ 23.500,00 e redução do patrimônio líquido em R$ 1.500,00. • saldo inicial = R$ 100.000,00

Resolução conta caixa entradas saídas


saldo inicial R$ 100.000,00 R$ 0,00
Lançamento:
venda à vista R$ 300.000,00 R$ 0,00
• D – (ATIVO) bancos conta movimento = R$ 23.500,00
compra de mercadorias R$ 0,00 R$ 120.000,00
• C – (RESULTADO) despesas financeiras = R$ 1.500,00
folha de pagamento R$ 0,00 R$ 80.000,00
• C – PASSIVO empréstimos bancários = R$ 25.000,00
saldo final R$ 0,00 R$ 200.000,00

10. (TÉCNICO – 1º/2002) Considerando as movimentações


abaixo, o saldo inicial da conta caixa, em 10.2.2002, era de: 11. (TÉCNICO – 2º/2002) Em 29.11.2001, uma empresa co-
• 10.2.2002 — compra de mercadorias no valor de R$ 120.000,00 mercial obteve um empréstimo para capital de giro no valor de R$
em moeda corrente. 20.000,00, com vencimento para liquidação em 28.1.2002 no valor
total de R$ 23.000,00. Considerando que os juros referem-se ao
• 10.2.2002 — pagamento de duplicata no valor de R$ 200.000,00,
período de 30.11.2001 a 28.1.2002, o valor dos encargos financei-
com 10% de desconto, conforme cheque emitido contra o banco.
ros a ser apropriado no ano 2001 é de:
• 10.2.2002 — pagamento de folha do pessoal, de janeiro, no valor
de R$ 80.000,00 em moeda corrente. a) R$ 1.400,00.
• 10.2.2002 — vendas à vista recebida em moeda corrente no total b) R$ 1.550,00.
de R$ 300.000,00. c) R$ 1.600,00.
• 10.2.2002 — vendas a prazo no total de R$ 700.000,00. d) R$ 3.000,00.
• 10.2.2002 — saldo final de R$ 200.000,00.
Resolução
a) R$ 20.000,00.
b) R$ 100.000,00. Encargos:
c) R$ 220.000,00. novembro 2001 1 dia R$ 50,00
d) R$ 280.000,00. dezembro 2001 31 dias R$ 1.550,00
janeiro 2002 28 dias R$ 1.400,00
Resolução (=) soma 60 dias R$ 3.000,00

• saldo inicial + (venda à vista) = (pagamentos de duplicata + folha despesas 2001 … R$ 1.600,00

de pagamente) + saldo final despesas 2002 … R$ 1.400,00


158 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 159

12. (TÉCNICO – 2º/2002) De acordo com os dados abai-


apuração do resultado líquido do exercício
xo e sabendo-se que o estoque final de mercadorias totaliza R$
= resultado operacional líquido … R$ 44.000,00
100.000,00 em 31.12.2001, pode-se afirmar que o custo das mer-
cadorias vendidas é:
venda de mercadorias R$ 280.000,00
13. (TÉCNICO – 2º/2002) A empresa recebeu a importância
compras de mercadorias R$ 187.500,00
líquida no valor de R$ 23.800,00 referente à quitação de um tí-
depreciações acumuladas R$ 12.500,00
tulo, tendo concedido ao cliente um desconto de 15%, gerando o
fornecedores R$ 105.000,00
seguinte lançamento:
despesas gerais R$ 82.500,00 a) caixa
estoque inicial de mercadorias R$ 55.000,00 a descontos concedidos R$ 23.800,00
duplicatas a receber R$ 30.000,00
b) caixa
juros passivos R$ 26.000,00
a títulos a receber R$ 28.000,00
caixa R$ 25.000,00
capital social R$ 25.000,00 c) caixa R$ 28.000,00a descontos concedidos R$ 4.200,00
móveis e utensílios R$ 20.000,00 a títulos a receber R$ 23.800,00
juros ativos R$ 15.000,00
d) caixa R$ 23.800,00
a) R$ 44.000,00. descontos concedidos R$ 4.200,00
b) R$ 137.500,00. a títulos a receber R$ 28.000,00
c) R$ 142.500,00.
d) R$ 242.500,00. 14. (TÉCNICO – 2º/2002) Uma determinada empresa, em
26.12.2001, pagou, antecipadamente, um bilhete de viagem para
Resolução seu funcionário, a ser realizada a serviço, em 2.1.2002. Conside-
rando que a empresa encerrou seu exercício social em 31.12.2001,
• CMV = EI + Compras – EF
o registro contábil da aquisição do bilhete, no referido exercício:
• CMV = R$ 55.000,00 + R$ 187.500,00 – R$ 100.000,00
• CMV = R$ 142.500,00 a) Elevou o passivo.
b) Reduziu o patrimônio líquido.
apuração do resultado líquido do exercício
c) Não alterou o patrimônio líquido.
receita operacional bruta … R$ 280.000,00
d) Elevou o patrimônio líquido.
(-) CMV … (R$ 142.500,00)
= resultado operacional bruto … R$ 137.500,00 Resolução
(+) juros ativos R$ 15.000,00 …
O pagamento da passagem não afetou o patrimônio líquido porque
(-) despesas gerais (R$ 82.500,00) …
a despesa paga antecipadamente é contabilizada no ativo, pois pertence
(-) juros passivos (R$ 26.000,00) (R$ 93.500,00)
ao exercício seguinte.
160 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 161

• D – despesa paga antecipadamente Resolução


• C – caixa/banco conta movimento O recebimento de recursos relativos a serviços a serem realiza-
dos em período futuro gera uma obrigação da entidade, ocasionando o
aumento do passivo e, consequentemente, o aumento do ativo com a
15. (TÉCNICO – 1º/2003) Uma determinada empresa fez as- entrada de recursos na conta caixa.
sinaturas de jornais pelo período de doze meses, tendo pago no
ato, em 1º.2.2002, o valor integral de R$ 1.200,00. A consequên-
cia dessa operação, por ocasião do encerramento do exercício, em
17. (CONTADOR – 2º/2003) Determinada indústria mantém
31.12.2002, foi:
um controle individual de seu imobilizado. Em 31.12.2001, os sal-
a) Saldo da conta despesa antecipada de R$ 100,00. dos das contas no balanço patrimonial eram os seguintes:
b) Uma exigibilidade de R$ 200,00.
Itens máquinas e
c) Saldo da conta despesa antecipada de R$ 1.100,00. depreciação acumulada
equipamentos
d) Uma despesa de R$ 1.200,00.
Máquina A R$ 43.190,00 R$ 34.370,00

Resolução Máquina B R$ 63.360,00 R$ 53.160,00

O saldo da conta despesa paga antecipadamente iniciou com o re- As máquinas foram utilizadas em três turnos de 8 horas, em todo
gistro contábil, em 1º.2.2002, no valor de R$ 1.200,00 pelo pagamento o período de 2002. A empresa adota o método das quotas constantes
à vista da assinatura do jornal para o período de um ano, sendo amor- de depreciação, sendo sua vida útil de 10 anos. Considerando-se que
tizada a importância de R$ 100,00 em cada mês pelo fornecimento de o coeficiente adotado é de dois para três turnos de 8 horas, o valor da
jornal, considerando-se que, no exercício de 2002, foram apropriadas depreciação, no período, de tais máquinas, a ser contabilizado pela
11 (onze) parcelas das despesas com jornais, ficou restando um saldo empresa, será de:
de R$ 100,00 em 31.12.2002, que se refere ao mês de janeiro de 2003,
ainda não amortizado. a) R$ 10.655,00.
b) R$ 18.838,00.
c) R$ 19.020,00.
16. (CONTADOR – 1º/2003) O recebimento de uma determi- d) R$ 21.310,00.
nada importância em dinheiro, em 2002, por conta de serviços a
serem realizados em 2003, provocou em 2002: Resolução
a) Redução do prejuízo ou aumento do lucro. • Máquina A R$ 43.190,00 x 10% x 2 = R$ 8.638,00
b) Aumento do prejuízo ou redução do lucro. depreciação acumulada = R$ 34.370,00
c) Aumento do ativo e do passivo. depreciação do período = R$ 8.638,00
d) Redução do ativo e do passivo. depreciação acumulada final = R$ 43.008,00
162 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 163

• Máquina B R$ 63.360,00 x 10% x 2 = R$ 25.344,00 c) prejuízos acumulados


depreciação acumulada = R$ 53.160,00 a resultado do exercício
depreciação do período = R$ 25.344,00 d) resultado do exercício
depreciação acumulada final = R$ 78.504,00 a reserva legal
Entretanto:
Resolução
• Valor limite depreciável do bem = R$ 63.360,00
O Saldo devedor na apuração do resultado representa prejuízo do
• Depreciação máxima do bem = R$ 63.360,00 - R$ 53.160,00
exercício. Nesse caso, deve-se transferir para a conta prejuízo acumu-
• Depreciação máxima do bem = R$ 10.200,00
lado por meio do lançamento a crédito na conta resultado do exercício
• Máquinas depreciação e a débito na conta prejuízos acumulados no mesmo valor.
• Máquina A = R$ 8.638,00
• Máquina B = R$ 10.200,00
• Total: R$ 18.838,00 20. (TÉCNICO – 2º/2003) Uma indústria de móveis em seu
balancete final de 31.12.2002 apresenta, entre outras, as seguintes
contas e os respectivos saldos:
18. (TÉCNICO – 2º/2003) O efeito no balanço patrimonial
relativo à compra de um imóvel a prazo é representado: Contas Saldos
máquinas e equipamentos R$ 96.000,00
a) Pela diminuição do ativo e pela diminuição do patrimônio líquido.
depreciação acumulada de máquinas e equipamentos R$ 55.200,00
b) Pela diminuição do ativo e pela diminuição do passivo.
c) Pelo aumento do ativo e pelo aumento do patrimônio líquido. Considerando que, desde o mês da sua entrada em funcionamen-
d) Pelo aumento do ativo e pelo aumento do passivo. to, as máquinas e os equipamentos só foram utilizadas em um turno
diário de 8 horas e que na contabilidade os encargos de depreciação
Resolução pertinentes sempre foram registrados pela taxa anual de 10%, o período
Ao adquirir um bem, aumenta-se o ativo. Se o bem for adquirido a restante de depreciação, se mantida a mesma taxa, é de:
prazo, a entidade contrai uma obrigação e, com isso, aumenta o passivo. a) 5 anos e 1 mês.
b) 4 anos e 9 meses.
19. (TÉCNICO – 2º/2003) O saldo devedor evidenciado na c) 5 anos e 3 meses.
apuração de resultado do exercício é registrado da seguinte forma: d) 4 anos e 3 meses.

a) resultado do exercício Resolução


a prejuízos acumulados
Considerando-se a vida útil do bem de 10 anos (taxa depreciação
b) capital social = 10% anual), calcula-se o valor do bem correspondente ao total que
a resultado do exercício ainda será depreciado.
164 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 165

máquinas e equipamentos R$ 96.000,00 22. (TÉCNICO – 2º/2003) O encerramento das contas de re-
depreciação acumulada de máquinas e equipamentos R$ 55.200,00 sultado do balancete de verificação, levantado em 31.12.2002 e
(=) Valor depreciável R$ 40.800,00 descrito abaixo, evidenciará:
contas saldos
Regra de três:
bancos conta movimento R$ 4.800,00
R$ 96.000,00 – 10 anos caixa R$ 2.100,00
R$ 40.800,00 – X capital social R$ 9.600,00
X = 4,25 ou 4 anos e 3 meses despesas antecipadas de juros R$ 3.600,00
despesas com energia elétrica R$ 360,00
despesas com material de escritório R$ 720,00

21. (TÉCNICO – 1º/2004) Uma empresa pagou R$ 1.380,00 despesas com publicidade R$ 1.500,00

relativos a um prêmio de seguro com vigência para o período de despesas com salários R$ 3.000,00

1º.7.2003 a 30.6.2004. O pagamento integral foi efetivado em despesas de seguros R$ 600,00


1º.7.2003 e o balanço patrimonial apurado em 31.12.2003. O valor duplicatas a pagar R$ 6.000,00
a ser apropriado em 2004 como despesas de seguros será de: duplicatas a receber R$ 3.000,00
impostos sobre vendas R$ 3.000,00
a) R$ 575,00. instalações R$ 3.600,00
b) R$ 690,00. reserva de lucros R$ 1.380,00
c) R$ 805,00. móveis e utensílios R$ 6.000,00
d) R$ 828,00. receitas de serviços a prestar R$ 3.600,00
receitas de serviços prestados R$ 9.900,00
Resolução receitas financeiras R$ 2.400,00
salários a pagar R$ 3.000,00
• despesa mensal de seguros = R$ 1.380,00 ÷ 12
• despesa mensal de seguros = R$ 115,00 a) R$ 480,00 de prejuízo.
• uso do seguro em 2003 = 1º.7.2003 a 31.12.2003 b) R$ 720,00 de lucro.
• uso do seguro em 2003 = 6 meses c) R$ 2.880,00 de prejuízo.
• despesas de seguros em 2003 = R$ 115,00 x 6 d) R$ 3.120,00 de lucro.
• despesas de seguros em 2003 = R$ 690,00
• despesas a apropriar de seguros em 2004 = 1º.1.2004 a 30.6.2004 Resolução
• despesas a apropriar de seguros em 2004 = 6 meses • receita de serviços = R$ 9.900,00
• despesas a apropriar de seguros em 2004 = R$ 115,00 x 6 • receita financeira = R$ 2.400,00
• despesas a apropriar de seguros em 2004 = R$ 690,00 • total das receitas = R$ 12.300,00
166 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 167

• salários = (R$ 3.000,00) • resultado na venda de mercadorias = R$ 300.000,00 - (50% x R$


• impostos = (R$ 3.000,00) 500.000,00) = R$ 50.000,00
• material de escritório = (R$ 720,00) • patrimônio líquido em fevereiro de 2003 = patrimônio em janeiro
• energia elétrica = (R$ 360,00) de 2003 + resultado na venda de mercadorias patrimônio líquido
• publicidade = (R$ 1.500,00) em fevereiro de 2003 = R$ 900.000,00 + R$ 50.000,00 = R$
950.000,00
• seguros = (R$ 600,00)
• total de despesas = (R$ 9.180,00)
• lucro = receitas – despesas 24. (TÉCNICO – 1º/2004) Analise o balanço patrimonial abaixo.
• lucro = R$ 12.300,00 – R$ 9.180,00
ATIVO
• lucro = R$ 3.120,00
ativo circulante R$ 5.000,00
caixa R$ 1.500,00
23. (TÉCNICO – 1º/2004) Em janeiro de 2003, uma empresa
bancos conta movimento R$ 2.000,00
foi constituída com o capital social de R$ 1.000.000,00, sendo
integralizados no ato 80% em moeda corrente nacional e 10% em duplicatas a receber R$ 1.500,00

máquinas e equipamentos. Em fevereiro de 2003, a empresa adqui- ativo não circulante R$ 5.000,00
riu, a prazo, mercadoria para revenda no valor de R$ 500.000,00 veículos R$ 5.000,00
e vendeu 50% do estoque pelo valor de R$ 300.000,00, com ven-
ativo total R$ 10.000,00
cimento em março de 2003, não ocorrendo incidência tributária.
Sem outra movimentação, os valores do patrimônio líquido no final PASSIVO
de janeiro e de fevereiro de 2003, respectivamente, foram de:
passivo circulante R$ 6.700,00
a) R$ 800.000,00 e R$ 1.150.000,00. fornecedores R$ 2.700,00
b) R$ 900.000,00 e R$ 550.000,00. empréstimos a pagar R$ 4.000,00
c) R$ 900.000,00 e R$ 950.000,00.
patrimônio líquido …
d) R$ 1.000.000,00 e R$ 1.050.000,00.
capital social R$ 3.300,00

Resolução passivo total R$ 10.000,00

Patrimônio laíquido inicial Os percentuais de capital próprio e de terceiros, respectivamente, são:


capital subscrito R$ 1.000.000,00 a) 197,00% e 67,00%.
capital a integralizar (10% x R$ 1.000.000,00) (R$ 100.000,00) b) 106,06% e 52,24%.
patrimônio líquido em c) 49,25% e 203,03%.
R$ 900.000,00
janeiro de 2003 d) 33,00% e 67,00%.
168 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 169

Resolução Balancete de verificação em 31.12.2003


• capital próprio = R$ 3.300,00 contas devedor credor
• capital de terceiros = R$ 2.700,00 + R$ 4.000,00 ações negociáveis em
R$ 90.000,00 …
• capital de terceiros = R$ 6.700,00 curto prazo

• total dos recursos = capital próprio + capital de terceiros bancos conta movimento R$ 12.400,00 …
• total dos recursos = R$ 3.300,00 + R$ 6.700,00
caixa … R$ 12.000,00
• total dos recursos = R$ 10.000,00
capital social … R$ 130.000,00
• percentual de capital próprio = R$ 3.300,00 ÷ R$ 10.000,00
clientes R$ 77.000,00 …
• percentual de capital próprio = 0,33 x 100
contas a pagar … R$ 20.000,00
• percentual de capital próprio = 33,00%
depreciação acumulada
• percentual de capital terceiros = R$ 6.700,00 ÷ R$ 10.000,00 … R$ 7.000,00
de equipamentos
• percentual de capital terceiros = 0,67 x 100 dividendos a pagar R$ 3.000,00 …
• percentual de capital terceiros = 67,00% duplicatas descontadas R$ 7.500,00 …
encargos sociais a
… R$ 2.000,00
recolher
25. (TÉCNICO – 1º/2004) A opção que representa unicamente
equipamentos R$ 20.000,00 …
capital de terceiros é:
estoques de mercadorias R$ 94.600,00 …
a) Duplicatas a pagar e lucros acumulados. financiamentos bancários … R$ 44.000,00
b) Duplicatas a pagar e impostos a pagar. fornecedores … R$ 60.000,00
c) Capital social e lucros acumulados. impostos a recolher … R$ 6.000,00
d) Capital social e duplicatas a pagar. reserva de lucros … R$ 15.000,00
provisão para imposto de
Resolução R$ 4.500,00 …
renda
Duplicatas a pagar e impostos a pagar pertencem ao passivo, por- reserva legal … R$ 10.000,00
tanto são capitais de terceiros. salários a pagar R$ 600,00 …
total R$309.600,00 R$ 309.600,00

26. (TÉCNICO – 1º/2004) No balancete de verificação de O total CORRETO do ativo circulante no balanço patrimonial em
31.12.2003 que se segue, foram cometidos erros de classificação 31.12.2003 foi de:
da natureza das contas.
a) R$ 188.500,00.
Balancete de verificação em 31.12.2003 b) R$ 278.500,00.
contas devedor credor
c) R$ 280.600,00.
ações em tesouraria … R$ 3.600,00
d) R$ 283.900,00.
170 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 171

Resolução d) Uma receita financeira, no exercício de 2003, no valor de


R$ 3.750,00.
As contas com saldos invertidos são as seguintes:
• caixa Resolução
• dividendos a pagar
Valor contábil do imóvel:
• salários a pagar
custo de aquisição R$ 30.000,00
• duplicatas descontadas
(–) depreciação R$ 6.000,00 (20% de R$ 30.000,00)
• provisão para imposto de renda R$ 24.000,00
• ações em tesouraria
• provisão para crédito de liquidação duvidosa Resultado obtido na transação de venda:
preço de venda R$ 25.000,00
Após a retificação o valor do ativo circulante será:
(–) valor contábil R$ 24.000,00
• caixa = R$ 12.000,00 R$ 1.000,00
• bancos conta movimento = R$ 12.400,00
• clientes = R$ 77.000,00 Receita financeira recebida antecipadamente:
• provisão para crédito de liquidação duvidosa = (R$ 2.100,00) • R$ 25.000,00 x 0,05 x 5 = R$ 6.250,00 (referente 5 meses de juros
• duplicatas descontadas = (R$ 5.400,00) – outubro / 2003 a fevereiro / 2004)
• estoques de mercadorias = R$ 94.600,00 Receita financeira apropriada no ano:
• ações negociáveis a curto prazo = R$ 90.000,00 • R$ 25.000,00 x 0,05 x 3 = R$ 3.750,00 (referente a 3 meses de
• total = R$ 278.500,00 juros – outubro / 2003 a dezembro / 2003)
• redução do ativo imobilizado = baixa do valor contábil do imóvel =
R$ 24.000,00 aumento do pl = resultado da transação de venda +
27. (CONTADOR – 2º/2004) Uma empresa possuía um imó- receitas financeiras = R$ 1.000,00 + R$ 3.750,00 = R$ 4.750,00
vel, utilizado no desempenho de suas atividades, adquirido por R$ aumento do ativo circulante = reflexo nas contas a receber referente
30.000,00 e depreciado em 20% do seu valor. Vendeu-o por R$ valor de venda do imóvel + reflexo nas disponibilidades referente
25.000,00, em 30.9.2003, concedendo prazo ao comprador para recebimento antecipado dos juros = R$ 25.000,00 + R$ 6.250,00
pagamento até o final de fevereiro de 2004, com juros simples referente recebimento antecipado dos juros = R$ 31.250,00
de 5% ao mês, recebidos no ato da venda. A empresa encerra seu
exercício social em 31 de dezembro de cada ano. A operação pro-
porcionou à empresa vendedora: 28. (CONTADOR – 2º/2004) Um trator de esteira foi adquirido
por R$ 45.000,00, em janeiro de 2003. Segundo as especificações
a) Aumento do ativo circulante no valor de R$ 4.750,00. do fabricante, as horas estimadas de vida útil desse trator são
b) Aumento do patrimônio líquido no exercício de 2003 no valor 9.000 horas. Considerando-se que no ano de 2003 o trator tenha
de R$ 7.250,00. trabalhado 1.200 horas, a taxa e o valor da depreciação por horas
c) Um ativo imobilizado reduzido no valor de R$ 25.000,00. trabalhadas seria, respectivamente, de:
172 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 173

a) R$ 4,00/hora trabalhada e R$ 4.800,00. b) R$ 688.000,00.


b) R$ 5,00/hora trabalhada e R$ 6.000,00. c) R$ 1.108.000,00.
c) R$ 6,00/hora trabalhada e R$ 7.200,00. d) R$ 1.188.000,00.
d) R$ 10,00/hora trabalhada e R$ 12.000,00.
Resolução
Resolução
• saldo inicial = movimentação credora – movimentação devedora
• taxa de depreciação = R$ 45.000,00 / 9.000 horas
+ saldo final
• taxa de depreciação = R$ 5,00 por hora trabalhada
• saldo inicial = R$ 343.000,00 + R$ 25.000,00 + R$ 600.000,00 +
• valor da depreciação de 2003 = 1.200 horas trabalhadas x R$ 5,00
R$ 320.000,00 - R$ 250.000,00 + R$ 150.000,00
• valor da depreciação de 2003 = R$ 6.000,00
• saldo inicial = R$ 1.188.000,00
Conta caixa Entrada Saída saldo
29. (TÉCNICO – 2º/2004) Uma empresa realizou as seguintes
saldo inicial R$ 1.188.000,00 …
operações no mês de agosto de 2004:
pagamento de duplicata R$ 343.000,00 R$ 845.000,00
• Pagou, antecipadamente, em dinheiro, uma duplicata de seu aceite aquisição de material consumo R$ 25.000,00 R$ 820.000,00
no valor de R$ 350.000,00, obtendo um desconto de 2%. saque e colocação no caixa R$ 250.000,00 R$ 1.070,000,00
• Emitiu nota fiscal-fatura relativa à prestação de serviço no valor empréstimo sócio R$ 600.000,00 R$ 470.000,00
de R$ 500.000,00, com sessenta dias de prazo para recebimento. pagto salários empregados R$ 320.000,00 R$ 150.000,00
• Adquiriu material de consumo no valor de R$ 25.000,00, pagos em saldo final R$ 150.000,00 …
dinheiro, apropriando-o ao resultado do exercício.
• Recebeu aviso bancário, comunicando que uma duplicata de sua
emissão, no valor de R$ 80.000,00, descontada no banco, foi liqui-
dada pelo sacado. 30. (TÉCNICO – 2º/2004) Uma empresa encerrou o seu ba-
lanço patrimonial em 31.12.2003, com os saldos a seguir:
• Emitiu cheque no valor de R$ 250.000,00, sacando o dinheiro e
colocando-o, em seguida, no caixa. Contas Saldos
• Fez empréstimos em dinheiro a um sócio no valor de R$ 600.000,00. adiantamento a fornecedores R$ 550.000,00
• Pagou aos empregados, em dinheiro, salários do mês de julho, no adiantamento de clientes R$ 290.000,00
valor de R$ 320.000,00, já apropriados como despesa operacional aluguéis a pagar R$ 220.000,00
do período a que se referem. aluguéis a receber R$ 150.000,00
• Depois das operações acima citadas, passou a ter um caixa, em bancos conta movimento R$ 230.000,00
31.8.2004, de R$ 150.000,00. caixa R$ 100.000,00

O saldo inicial da conta caixa, em 1º.8.2004, é de: capital social R$ 300.000,00


clientes R$ 450.000,00
a) R$ 608.000,00.
174 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 175

Contas Saldos ATIVO Saldos


duplicatas a pagar R$ 420.000,00 ativo não circulante R$ 1.060.000,00
edifícios de uso R$ 400.000,00 veículos R$ 100.000,00
empréstimo exigível a curto prazo R$ 150.000,00 terrenos R$ 200.000,00
estoque de mercadorias R$ 350.000,00 edifícios R$ 400.000,00
financiamento exigível a longo prazo R$ 600.000,00 máquinas e equipamentos R$ 360.000,00
imposto de renda a recolher R$ 15.000,00 total ativo R$ 2.890.000,00
reserva de lucros R$ 150.000,00
máquinas e equipamentos de uso R$ 360.000,00 PASSIVO Saldos

outros impostos a recolher R$ 90.000,00 passivo circulante R$ 1.690.000,00


reservas de capital R$ 150.000,00 duplicatas a pagar R$ 420.000,00
salários a pagar R$ 150.000,00 imposto a recolher R$ 90.000,00
terreno de uso R$ 200.000,00 imposto de renda a recolher R$ 15.000,00
títulos a pagar a curto prazo R$ 355.000,00 adiantamento de clientes R$ 290.000,00

veículos de uso R$100.000,00 empréstimos curto prazo R$ 150.000,00


salários a pagar R$ 150.000,00
O total do ativo circulante e do passivo circulante, respectivamen- títulos a pagar curto prazo R$ 355.000,00
te, foi de: aluguéis a pagar R$ 220.000,00

a) R$ 1.280.000,00 e R$ 2.240.000,00. passivo não circulante R$ 600.000,00

b) R$ 1.830.000,00 e R$ 1.690.000,00. financiamentos R$ 600.000,00


patrimônio líquido R$ 600.000,00
c) R$ 1.830.000,00 e R$ 2.290.000,00.
capital social R$ 300.000,00
d) R$ 2.120.000,00 e R$ 1.400.000,00.
reservas de lucro R$ 150.000,00
lucros ou prejuízos acumulados R$ 150.000,00
Resolução
total passivo R$ 2.890.000,00
ATIVO Saldos
ativo circulante R$ 1.830.000,00
31. (TÉCNICO – 2/ 2004) Considere os dados a seguir:
caixa R$ 100.000,00
bancos conta movimento R$ 230.000,00 Contas Saldos
clientes R$ 450.000,00 compras de mercadorias R$ 18.000.00
estoque de mercadorias R$ 350.000,00 despesas operacionais R$ 41.000.00
adiantamento a fornecedores R$ 550.000,00 devolução de compras de mercadorias R$ 3.000.00
aluguéis a receber R$ 150.000,00 devolução de vendas de mercadorias R$ 1.500.00
176 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 177

Contas Saldos Resolução


estoque inicial de mercadorias R$ 6.000.00 A saída do numerário em caixa (conta do ativo) foi utilizada na
imposto sobre vendas de mercadorias R$ 2.000.00 compra de um bem que também compõe o grupo do ativo.
resultado do exercício R$ 18.000.00
receita com vendas de mercadorias R$ 75.000.00
33. (TÉCNICO – 1º/2000) Uma empresa apresenta os seguin-
outras receitas R$ 3.500.00
tes saldos nas contas do seu balancete:
Com base, exclusivamente, nesta informação, o valor do estoque estoques R$ 6.000,00
final de mercadorias é de: adiantamentos de clientes R$ 12.000,00
a) R$ 1.500.00 caixa R$ 25.000,00

b) R$ 3.500.00 fornecedores R$ 2.000,00

c) R$ 5.000.00 impostos a recuperar R$ 4.000,00


financiamentos bancários R$ 9.000,00
d) R$ 6.500.00
imóveis R$ 11.000,00

Resolução adiantamentos a fornecedores R$ 7.000,00

Resultado do exercício = receita operacional bruta – devolução de O valor do patrimônio líquido é:


vendas – impostos sobre vendas de mercadorias – custo de mercado-
a) R$ 53.000,00.
rias vendidas – despesas operacionais + receita não operacional R$
b) R$ 23.000,00.
18.000,00 = R$ 75.000,00 – R$ 1.500,00 – R$ 2.000,00 – custo de
c) R$ 30.000,00.
mercadorias vendidas – R$ 41.000,00 + R$ 3.500,00
d) R$ 25.000,00.
Custo de mercadorias vendidas = R$ 16.000,00 custo de merca-
dorias vendidas = estoque inicial + compras – devolução de compras
Resolução
– estoque final R$ 16.000,00 = R$ 6.000,00 + R$ 18.000,00 – R$
3.000,00 – estoque final estoque final = R$ 21.000,00 – R$ 16.000,00 Contas do ATIVO
estoque final = R$ 5.000,00 estoques R$ 6.000,00
caixa R$ 25.000,00
impostos a recuperar R$ 4.000,00
32. (TÉCNICO – 1º/2000) Podemos considerar como fato per-
imóveis R$ 11.000,00
mutativo a transação:
adiantamentos a fornecedores R$ 7.000,00
a) Compra de galpão para a fábrica. total R$ 53.000,00
b) Venda de mercadoria a prazo.
Contas do PASSIVO
c) Pagamento de salários administrativos.
adiantamentos de clientes R$ 12.000,00
d) Pagamento de serviços prestados por autônomos.
178 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 179

Contas do PASSIVO SALDOS


fornecedores R$ 2.000,00 contas devedores credores
financiamentos bancários R$ 9.000,00 fornecedores … R$ 3.000,00
total R$ 23.000,00 despesa com salários R$ 1.000,00 …
despesa com viagens R$ 500,00 …
Logo se o ativo – passivo = patrimônio líquido, este é de R$30.000,00
compra de mercadorias
R$ 2.000,00 …
para venda
venda de mercadorias … R$ 5.000,00
34. (TÉCNICO – 1º/2000) Uma empresa possui passivo a des- despesa com depreciação R$ 400,00 …
coberto quando: despesa com aluguéis R$ 300,00 …
a) O ativo circulante for menor que o passivo circulante. total R$ 12.400,00 R$ 12.400,00
b) O seu ativo for menor que o passivo. Sabe-se que o estoque final de mercadorias, em 31.12.1999, é de
c) Apresentar má situação de liquidez financeira. R$ 1.700,00.
d) O seu ativo for maior que o passivo.

Resolução 35. (TÉCNICO – 2º/2000) O custo das mercadorias vendidas


Quando o ativo for menor que o passivo é de:
a) R$ 1.500,00.
b) R$ 1.800,00.
c) R$ 2.000,00.
CONSIDERANDO OS DADOS ABAIXO, RESPONDA
d) R$ 1.700,00.
ÀS TRÊS QUESTÕES A SEGUIR:

Resolução
Balancete de Verificação em 31.12.1999
• CMV = EI+ CO – EF
SALDOS
contas devedores credores
• CMV = 1.500+ 2.000 – 1.700
caixa R$ 1.400,00 …
• CMV = 1.800
móveis e utensílios R$ 2.300,00 …
depreciação acumulada 36. (TÉCNICO – 2º/2000) O ativo corresponde ao montante de:
… R$ 400,00
de móveis e utensílios
estoque inicial de a) R$ 6.100,00.
R$ 1.500,00 …
mercadorias b) R$ 5.000,00.
clientes R$ 3.000,00 … c) R$ 8.000,00.
capital social … R$ 4.000,00
d) R$ 4.000,00.
180 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 181

Resolução mentos, R$ 18.350,00 na concessão de empréstimos a terceiros e


o restante em despesas.
Ativo
caixa R$ 1.400 Assim, o total do patrimônio líquido será:
estoque R$ 1.700 a) R$ 41.875,00.
móveis R$ 2.300 b) R$ 64.000,00.
(-) depreciação. R$ (400.00) c) R$ 57.875,00.
total R$ 8.000,00 d) R$ 56.000,00.

Resolução
37. (TÉCNICO – 2º/2000) O lucro líquido é de:
Ativo
a) R$ 1.800,00. aplicação R$ 9.590,00
b) R$ 1.000,00. mercadoria R$ 23.800,00
c) R$ 3.200,00. máquinas R$ 6.135,00
d) R$ 5.000,00. empréstimos R$ 18.850,00
total R$ 57.875,00
Resolução
Passivo
receita R$ 5.000
financiamento R$ 16.000,00
(-)CMV (R$ 1.800)
total R$ 16.000,00
(-)desp. salário. (R$ 1.000)
(-)desp. viagem (R$ 500) Apuração do resultado
(-)desp. depreciação (R$ 400) receita R$ 8.000,00
(-)desp. aluguel (R$ 300) despesa R$ 6.125,00
total R$ 1.000 resultado R$ 1.875,00

Patrimônio líquido
capital social R$ 40.000,00
38. (CONTADOR – 1º/2001) Durante o mês de setembro, uma
lucro R$ 1.875,00
empresa foi registrada na junta comercial e captou recursos totais
de R$ 64.000,00, sendo R$ 40.000,00 dos sócios sob a forma de
capital registrado e R$ 24.000,00 de terceiros, destes 2/3 a título
de financiamentos de longo prazo e 1/3 como receitas. Os referidos 39. (CONTADOR – 1º/2001) É CORRETO afirmar, quanto ao
recursos foram aplicados no mesmo mês, sendo R$23.800,00 em método da equivalência patrimonial, que:
mercadorias para revenda; R$ 9.590,00 em aplicações financeiras a) Os resultados e quaisquer variações patrimoniais de uma con-
de curto prazo, R$ 6.135,00 na compra de máquinas e equipa- trolada ou coligada não precisam ser reconhecidos no momento
182 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 183

de sua geração, uma vez que dependem de serem, ou não, Resolução


distribuídos.
Nas contas a receber, o valor nominal dos títulos deve ser retificado
b) A empresa investidora registra somente as operações ou as tran- (diminuído) da provisão estimada para créditos de liquidez duvidosas,
sações baseadas em atos formais, pois, de fato, os dividendos ajustando-as ao provável valor de realização.
são registrados como receita no momento em que são declara-
dos e distribuídos, ou provisionados pela empresa investida.
c) Os resultados e quaisquer variações patrimoniais de uma con- 41. (TÉCNICO – 2º/2001) Quanto à escrituração contábil, é
trolada ou coligada devem ser reconhecidos no momento de sua CORRETO afirmar que:
geração, independentemente de serem, ou não, distribuídos. a) A entidade está dispensada de manter em boa ordem a do-
d) A empresa investidora registra somente as operações ou as cumentação contábil se dispuser de um eficiente sistema de
transações baseadas em atos formais, pois, de fato, os divi- microfilmagem de documentos.
dendos são registrados como despesa no momento em que b) A documentação contábil é considerada hábil quando revesti-
são declarados e distribuídos, podendo ser provisionados pela da das características endógenas e exógenas essenciais, aceitas
empresa investida. pelos usos e costumes.
Resolução c) As contas de compensação constituem sistema próprio, poden-
do, nos casos em que o registro exigir, terem como contrapar-
No MEP, os investimentos em coligadas e controladas são avaliados tida contas que modificam a situação patrimonial.
de acordo com os fatos geradores, ou seja, com os lucros reconhecidos
d) Os lançamentos no Diário obedecerão à ordem cronológica,
pelas empresas investidoras, independentemente do momento que eles
com individualização, clareza e referência ao documento pro-
sejam transferidos e se serão transferidos, pois são baseados no patri-
bante, incluídas as operações de natureza aleatória.
mônio líquido das investidas.
Resolução
De acordo com a doutrina neopatrimonialista, as características das
40. (CONTADOR – 4º/2001) Indique a alternativa INCORRE-
informações podem ser endógenas ou exógenas e são classificadas em
TA em relação aos critérios de avaliação do ativo:
Essenciais (necessidade, finalidade e os meios patrimoniais), utilizadas
a) Investimentos permanentes: custo de aquisição ou com base no para satisfazer a necessidades dos usuários das informações e aceitas
valor de patrimônio líquido. pelos usos e costumes,
b) Ativo imobilizado: custo de aquisição deduzido da respectiva
depreciação, amortização e exaustão acumuladas, calculadas
com base na estimativa de sua utilidade econômica. 42. (TÉCNICO – 2º/2001) A conta de exaustão acumulada é:
c) Estoques: custo de aquisição ou valor de mercado quando este a) Apresentada como redutora da conta florestamento e reflores-
for menor. tamento para efeito de demonstração.
d) Contas a receber: valor nominal dos títulos acrescido da provi- b) Apresentada como redutora da conta marcas e patentes para
são para ajustá-lo ao valor provável de realização. efeito de demonstração.
184 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 185

c) Debitada pela inclusão na apuração do resultado do período de Resolução


ocorrência.
A conta de custo das mercadorias vendidas é debitada na apuração
d) Debitada pela retificação da conta que lhe deu origem. do custo das mercadorias, em contrapartida da conta estoques.
Resolução
Exaustão é o fenômeno que caracteriza as perdas de valor que 45. (TÉCNICO – 2º/2001) Indique o registro contábil corres-
sofrem as imobilizações sujeitas à exploração e que, com o decorrer do pondente à venda de mercadorias no valor de R$ 25.000,00, cujo
tempo, se esgotam, como reservas vegetais, minerais, florestas. recebimento é 30% à vista, 30% em 30 dias e o restante em 60 dias.
a) caixa = R$ 25.000,00
43. (TÉCNICO – 2º/2001) A demonstração do resultado: a venda de mercadorias = R$ 25.000,00
a) Destacará o lucro ou o prejuízo acumulado devidamente dedu- b) caixa = R$ 7.500,00
zido do imposto de renda. clientes = R$ 17.500,00
b) Evidenciará, observado o princípio da competência, a formação a venda de mercadorias = R$ 25.000,00
dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as
c) caixa = R$ 7.500,00
receitas e os correspondentes custos e despesas.
clientes = R$ 7.500,00
c) Evidenciará, observado o princípio da continuidade, a formação
duplicatas a pagar = R$ 10.000,00
dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as
receitas e os correspondentes custos e despesas. a venda de mercadorias = R$ 25.000,00
d) Destacará as receitas, os custos e as despesas dependendo de d) venda de mercadorias = R$ 25.000,00
seu recebimento e pagamento. a caixa = R$ 7.500,00
a clientes = R$ 17.500,00
Resolução
A DRE está ligada ao princípio da competência uma vez que faz Resolução
o confronto das despesas e das receitas de acordo com o fato gerador. • D – caixa = R$ 7.500
• D – clientes = R$ 17.500
• C – venda de mercadorias = R$ 25.000
44. (TÉCNICO – 2º/2001) A conta custo dos produtos vendidos
é debitada pela:
a) Baixa, da conta de estoque, do produto em processo, pela for- 46. (CONTADOR – 1º/2002) Determinada empresa adquiriu
mação do produto acabado. uma máquina em 2 de janeiro de 1998, colocando-a em funciona-
b) Apuração final da estrutura dos custos de produção. mento na mesma data.
c) Apuração final do balanço patrimonial. Sabendo-se que:
d) Baixa, da conta de estoque, do produto acabado, por venda. • A taxa de depreciação foi de 20% ao ano.
186 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 187

• O valor de aquisição da máquina foi de R$ 22.000,00. Com base nas informações, é CORRETO afirmar que:
• A máquina foi vendida por R$ 20.000,00 em 1º de julho de 2001.
a) O custo total das vendas do dia 3 de março foi de R$ 5.900,00.
Pode-se afirmar que o valor residual da máquina em 31.12.2000 b) O lucro bruto total das operações alcançou a cifra de R$
era de: 3.900,00.
c) O lucro bruto alcançado nas vendas do dia 5 de março foi de
a) R$ 8.800,00.
R$ 3,00 por unidade.
b) R$ 13.200,00.
d) O estoque final existente após a venda do dia 5 de março é de
c) R$ 15.400,00. 300 unidades ao custo médio de R$ 14,40.
d) R$ 22.000,00.
Resolução
Resolução
200 10,00 2.000,00
• 1998 – R$ 4.400 – (20% 22.000)
400 13,00 5.200,00
• 1999 – R$ 4.400 – (20% 22.000)
2 400 13,00 5.200,00 600 12,00 7.200,00
• 2000 – R$ 4.400 – (20% 22.000)
3 500 12,00 6.000,00
valor residual – R$ 8.800,00
100 12,00 12.000,00

4 400 15,00 6.000,00 400 15,00 6.000,00


47. (CONTADOR – 1º/2002) Uma empresa comercial mantém 5 200 14,40 2.880,00 500 14,40 7.200,00
controle permanente de estoque e o avalia pelo método do custo 8.880,00 300 14,40 4.320,00
médio ponderado. O estoque final de mercadorias em 28 de feve-
reiro de 2002 era de 200 unidades avaliadas ao custo unitário de
R$ 10,00. As compras e as vendas dessas mercadorias estão isentas
de tributações. Em março de 2002, a empresa realizou os seguintes 48. (TÉCNICO – 1º/2002) Indique a alternativa em que todas
movimentos de compra e venda de mercadorias: as contas são retificadoras:
• 2.3.2002 — compra a prazo de 400 unidades pelo valor total de a) Amortização Acumulada, Prêmios de Seguros e Máquinas.
R$ 5.200,00. b) Depreciação, Diferido e Ajuste a Valor Presente.
• 3.3.2002 — venda a prazo de 500 unidades pelo valor total de c) Amortização, Depreciação e Exaustão Acumuladas.
R$ 6.000,00. d) Depreciação, Prêmios de Seguros e Provisões.
• 4.3.2002 — compra à vista de 400 unidades ao preço unitário de
R$ 15,00. Resolução
• 5.3.2002 — venda à vista de 200 unidades ao preço unitário de Amortização, Depreciação e Exaustão Acumuladas são as contas
R$ 18,00. retificadoras do ativo.
188 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 189

49. (TÉCNICO – 1º/2002) Indique o lançamento contábil cor- Resolução


respondente ao pagamento de uma duplicata, em dinheiro, antes
O valor de R$ 15.000 foi totalmente debitado, porém, o raciocínio,
de seu vencimento, com um desconto de 5%:
segundo o princípio da competência deveria ter sido:
a) duplicatas a pagar
30/09 R$ 1.250,00
a caixa
31/10 R$ 1.250,00
b) duplicatas a pagar 30/11 R$ 1.250,00
a duplicatas descontadas 31/12 R$ 1.250,00
a descontos obtidos Total R$ 5.000,00

c) duplicatas a pagar
a caixa 51. (TÉCNICO – 1º/2002) A empresa realiza uma operação de
a duplicatas descontadas desconto com um banco de suas duplicatas a receber. O lançamen-
to a crédito na conta clientes ocorre no momento que:
d) duplicatas a pagar
a) O banco acusar o recebimento da duplicata.
a caixa
b) O banco emitir o aviso de crédito.
a descontos obtidos
c) A duplicata for enviada ao banco para desconto.
Resolução d) A duplicata for descontada no banco.

O pagamento de uma duplicata gera um débito no passivo, uma Resolução


saída do ativo (A caixa) e no pagamento antes do vencimento foi obtido A conta cliente e creditada somente quando do efetuo recebimento
um desconto, que deve ser creditado por se tratar de receita. do valor.

52. (TÉCNICO – 1º/2002) O passivo exigível de uma empresa é


50. (TÉCNICO – 1º/2002) A empresa contratou seguro contra in- de R$ 19.650,00 e seu patrimônio líquido de R$ 9.850,00. O valor
cêndio para suas instalações, com vigência de 1º.9.2001 a 31.8.2002, do recurso próprio é de:
pagando o prêmio no valor total à vista de R$ 15.000,00, contabili-
zado como despesa operacional do exercício de 2001. O lançamento a) R$ 9.800,00.
de ajuste feito em 31.12.2001, conforme o princípio contábil da com- b) R$ 9.850,00.
petência, provoca no resultado do exercício de 2002: c) R$ 10.000,00.
d) R$ 29.500,00.
a) Aumento de R$ 5.000,00.
b) Aumento de R$ 15.000,00. Resolução
c) Redução de R$ 10.000,00. Recurso próprio ou capital próprio é o termo utilizado para patri-
d) Redução de R$ 5.000,00. mônio liquido, ou seja, capital dos sócios.
190 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 191

53. (TÉCNICO – 1º/2002) Considerando os dados abaixo, a 54. (TÉCNICO – 2º/2002) Uma determinada empresa, em
alternativa que contém o valor do resultado do exercício de acordo 1.3.2001, contratou uma apólice de seguros nas seguintes condições:
com o princípio da competência é:
• Prazo de cobertura: 12 meses, a partir da contratação.
Despesas não incorridas e não pagas R$ 50.000,00 • Forma de pagamento do prêmio: 06 parcelas mensais, iguais e
Receitas ganhas e não recebidas R$ 40.000,00 consecutivas, sendo a 1ª no ato da contratação e as restantes a cada
Despesas incorridas e pagas R$ 18.000,00 dia 1º de cada mês.
Despesas incorridas e não pagas R$ 12.000,00 • Valor do prêmio: R$ 360,00.
Receitas recebidas e não ganhas R$ 20.000,00
Despesas não incorridas e pagas R$ 10.000,00
O saldo em 31.12.2001 da conta seguros a apropriar é:
Receitas ganhas e recebidas R$ 30.000,00 a) R$ 60,00.
b) R$ 180,00.
a) R$ 80.000,00 de prejuízo.
c) R$ 300,00.
b) R$ 20.000,00 de prejuízo.
d) R$ 360,00.
c) R$ 12.000,00 de lucro.
d) R$ 40.000,00 de lucro.
Resolução
Resolução Foram amortizados 10/12 de despesas com seguros, o equivalente
Receitas ganhas e não recebidas a R$300,00 de consumo do direito e que foi apropriado para a despesa.
D Clientes
R$ 40.000
C Receitas
55. (TÉCNICO – 2º/2002) Uma empresa recebeu um aviso
bancário comunicando o débito, em conta-corrente, da mesma
Despesas incorridas e pagas
importância correspondente a uma duplicata descontada e não
D Despesa
R$ 18.000 liquidada pelo cliente. O lançamento contábil correspondente é:
C Caixa
a) duplicatas descontadas
a bancos conta movimento
Despesas incorridas e não pagas
D Despesas b) clientes
R$ 12.000 a bancos conta movimento
C Contas a Pagar
c) clientes
Despesas ganhas e recebidas a duplicatas descontadas
D Caixa d) bancos conta movimento
R$ 30.000
C Receita a duplicatas descontadas
192 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 193

Resolução vendas canceladas de mercadorias R$ 2.000,00


No caso de não recebimento da duplicata, a conta-corrente da em- receita de vendas de mercadorias R$ 22.000,00
presa será creditada, ou seja, arcará com o não recebimento. abatimentos incondicionais sobre
R$ 3.000,00
vendas de mercadorias
ICMS sobre vendas de mercadorias R$ 3.000,00
outros impostos sobre vendas de
56. (TÉCNICO – 2º/2002) O fato representado pela compra a mercadorias
R$ 1.500,00
prazo de 100 unidades de mercadorias a R$ 200,00 cada, em um custos das mercadorias vendidas R$ 11.500,00
total de R$ 20.000,00 e com R$ 3.400,00 de ICMS destacado na
estoque final de mercadorias para
nota fiscal, contabilizado por meio do lançamento: R$ 3.600,00
revenda
a) mercadorias = R$ 23.400,00 variações monetárias ativas R$ 700,00
a duplicatas a pagar = R$ 23.400,00 receitas financeiras R$ 800,00

b) mercadorias = R$ 20.000,00 Considerando os dados acima, a receita líquida é de:


ICMS a recuperar = R$ 3.400,00
a) R$ 1.000,00.
a duplicatas a pagar = R$ 23.400,00
b) R$ 12.500,00.
c) mercadorias = R$ 16.600,00 c) R$ 14.000,00.
ICMS a recuperar = R$ 3.400,00 d) R$ 15.500,00.
a duplicatas a pagar = R$ 20.000,00
d) mercadorias = R$ 20.000,00 Resolução
a duplicatas a pagar = R$ 6.600,00 receita bruta R$ 22.000
a ICMS a recuperar = R$ 3.400,00 (-) abatimentos R$ 3.000
(-) ICMS R$ 3.000
Resolução
(-) outros R$ 1.500
Estoque R$ 16.600 (-) vendas canceladas R$ 2.000
ICMS R$ 3.400 (=) receita líquida R$ 12.500
Duplicatas R$ 20.000
*O ICMS não integra o estoque

58. (TÉCNICO – 2º/2002) Pertence ao passivo circulante ou


passivo exigível a longo prazo, a conta:
57. (TÉCNICO – 2º/2002) Uma empresa, em 31.12.2001, apre-
sentou, antes do encerramento das contas de resultado, os seguin- a) Clientes.
tes saldos: b) Reserva legal.
194 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 195

c) Adiantamentos de clientes. adiantamento para despesas de viagens R$ 1.000,00


d) Adiantamentos a fornecedores. amortizações acum. R$ 1.000,00
bancos conta movimento R$ 3.250,00
Resolução caixa R$ 8.500,00
Adiantamento de clientes configura como uma obrigação da empresa. depreciação acumulada de móveis e
R$ 5.100,00
utensílios
despesas financeiras pagas
R$ 1.230,00
59. (TÉCNICO – 1º/2003) O encerramento de todas as contas antecipadamente
de receitas, custos e despesas, ao final de um exercício, tem por florestas R$ 2.180,00
finalidade a determinação: duplicatas a pagar R$ 17.300,00
duplicatas descontadas R$ 2.000,00
a) Do resultado dos atos contábeis.
edifícios R$ 20.000,00
b) Da redução do ativo.
encargos sociais a recolher R$ 6.500,00
c) Do resultado do exercício.
estoque de mercadorias para revenda R$ 12.000,00
d) Da redução do capital e passivo.
fornecedores R$ 11.800,00
impostos a recolher R$ 700,00
Resolução
participações em sociedades
R$ 3.000,00
Apuração do resultado do exercício controladas
prêmios de seguros a apropriar R$ 1.300,00

60. (TÉCNICO – 1º/2003) O ativo compreende os bens e os provisão para créditos de liquidação
R$ 2.100,00
duvidosa
direitos de uma entidade, como:
salários a pagar R$ 12.000,00
a) Aplicações financeiras, instalações, impostos a recuperar. terrenos R$ 15.000,00
b) Aplicações financeiras, terrenos e receitas antecipadas.
a) R$ 51.300,00.
c) Títulos a receber, clientes, receitas financeiras e máquinas.
b) R$ 50.300,00.
d) Caixa, estoques de mercadorias, e receitas líquidas de vendas.
c) R$ 49.600,00.
Resolução d) R$ 48.300,00.

Aplicações financeiras, instalações e impostos a recuperar são Resolução


exemplos de bens e direitos.
duplicatas a pagar R$ 17.300,00
encargos sociais a recolher R$ 6.500,00
61. (CONTADOR – 1º/2003) Com base nos saldos das contas fornecedores R$ 11.800,00
abaixo, determine o montante do passivo circulante: impostos a recolher R$ 700,00
196 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 197

salários a pagar R$ 12.000,00 • Receitas – Despesas = Resultado


total R$ 48.300,00 • R$ 200.000,00 – R$ 160.000,00 = R$ 40.000,00

62. (CONTADOR – 1º/2003) Uma entidade apura seu resul- 63. (TÉCNICO – 1º/2003) Na contabilidade de uma empresa
tado pelo princípio da competência. o movimento de receitas e comercial, foi registrado o seguinte lançamento:
despesas de 2002 foi o seguinte:
bancos conta movimento R$ 105,00
• receita de 2001 recebida em 2002 R$ 10.000,00 a duplicatas a receber R$ 100,00
• receita de 2002 recebida em 2003 R$ 200.000,00 a juros ativo R$ 5,00
• receita de 2003 recebida em 2002 R$ 20.000,00
Tal lançamento refere-se à seguinte operação:
• despesa de 2001 paga em 2002 R$ 5.000,00
• despesa de 2002 paga em 2002 R$ 150.000,00 a) Cobrança efetuada pelo banco de duplicata acrescida de juros.
• despesa de 2003 paga em 2002 R$ 10.000,00 b) Recebimento de duplicata descontada.
• despesa de 2002 paga em 2003 R$ 10.000,00 c) Débito em conta de uma duplicata que foi descontada.
d) Remessa de duplicata ao banco em cobrança simples.
Em vista disso, afirmamos que o resultado em 2002 foi:
a) Prejuízo de R$ 30.000,00. Resolução
b) Prejuízo de R$ 40.000,00. Entrada do dinheiro no banco acrescida de juros gerados pelo re-
c) Lucro de R$ 40.000,00. cebimento em atraso.
d) Lucro de R$ 150.000,00.

Resolução 64. (TÉCNICO – 1º/2003) A provisão para créditos de liquida-


ção duvidosa é constituída para atender:
Receita de 2002 recebida em 2003
D Caixa a) Aos riscos de inadimplência dos clientes.
R$ 200.000
C Receita b) Às diminuições de créditos por motivos de devoluções.
c) Aos descontos e aos abatimentos concedidos.
Despesa de 2002 paga em 2002
d) Aos aumentos dos débitos por motivos de devoluções.
D Despesa
R$ 150.000
C Caixa
Resolução
Despesa de 2002 paga em 2003
Para a proteção da entidade com relação aos riscos de inadim-
D Despesa plência dos clientes é composta a provisão para créditos de liquidação
R$ 10.000
C Contas a pagar duvidosa.
198 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 199

65. (TÉCNICO – 1º/2003) Aumenta o patrimônio líquido: • CMV=R$ 174.000,00


a) Os pagamentos de salários. Venda R$ 240,000,00
b) Os recebimentos de duplicatas com juros. (-)Devoluções R$ 7.000,00
c) Os recebimentos de duplicatas com desconto. (-)ICMS R$ 33.000,00
d) As vendas de bens abaixo do custo de aquisição. (=)CMV R$ 174.000,00
(=) Resultado líquido R$ 26.000,00
Resolução
Juros aferidos configuram receitas
67. (CONTADOR – 2º/2003) Uma empresa encerrou seu exer-
cício em 31.12.2002 e efetuou o pagamento de salários de dezem-
66. (CONTADOR – 2º/2003) As informações abaixo destaca- bro somente em janeiro de 2003. Não apropriou na data devida
das projetam um resultado com mercadorias de: a despesa de salários, inobservando o princípio da competência,
tendo como consequência:
devolução de vendas de mercadorias R$ 7.000,00
estoque final de mercadorias R$ 8.000,00 a) Diminuição do saldo do caixa em 2002.
estoque inicial de mercadorias R$ 12.000,00 b) Diminuição do resultado de 2002.
fretes pagos sobre compras de
R$ 5.000,00
c) Aumento do saldo do caixa em 2003.
mercadorias
d) Aumento do resultado de 2002.
ICMS incidente sobre as compras de
R$ 15.000,00
mercadorias
Resolução
ICMS incidente sobre as vendas de
R$ 33.000,00
mercadorias A não contabilização da despesa aumenta o patrimônio, pois não
total das compras de mercadorias R$ 180.000,00 reconhece uma diminuição que aquela geraria.
total das vendas de mercadorias R$ 240.000,00

a) R$ 33.000,00.
b) R$ 31.000,00. 68. (TÉCNICO – 2º/2003) Uma empresa emitiu nota fiscal
c) R$ 26.000,00. de serviços prestados no valor de R$ 10.000,00, com retenção de
d) R$ 11.000,00. imposto de renda na fonte de 1,5% do valor total, recebendo o valor
líquido no ato. O registro contábil referente à operação é:
Resolução a) caixa
a receita de serviços R$ 9.850,00
• CMV= EI+CO+FR-ICMS-EF
• CMV=R$ 12.000,00+R$ 180.000,00-R$ 5.000,00-R$ 15.000,00- b) caixa
R$ 8.000,00 a receita de serviços R$ 10.000,00
200 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 201

c) caixa R$ 10.000,00 passivo exigível R$ 38.000,00


a irrf a pagar R$ 150,00 patrimônio R$ 43.000,00
a receita de serviços R$ 9.850,00
d) caixa R$ 9.850,00 70. (TÉCNICO – 2º/2003) O registro contábil de uma opera-
irrf a recuperar R$ 150,00 ção em que a empresa adquire as suas próprias ações é realizado
a receita de serviços R$ 10.000,00 por intermédio da conta:

Resolução a) Ações em tesouraria.


b) Capital a realizar.
D Caixa R$ 9.850,00
c) Ações em custódia.
Ir a recolher R$ 150,00
d) Acionistas conta capital.
Receita R$ 10.000,00
Resolução

69. (TÉCNICO – 2º/2003) Com base nos saldos das contas Ações em tesouraria.
abaixo, o valor CORRETO do patrimônio líquido, independente-
mente das contas que compõem o mesmo, é de: 71. (TÉCNICO – 1º/2004) O pagamento de uma dívida é uma
contas saldos
operação que:
adiantamento a fornecedores R$ 13.000,00 a) Diminui o patrimônio líquido e o passivo e aumenta o ativo.
adiantamento de clientes R$ 10.000,00 b) Aumenta o passivo e diminui o ativo.
estoques R$ 15.000,00 c) Aumenta o patrimônio líquido e diminui o ativo e passivo.
financiamentos bancários R$ 16.000,00 d) Diminui o ativo e diminui o passivo.
fornecedores R$ 12.000,00
seguros R$ 25.000,00
Resolução
impostos a recuperar R$ 8.000,00 Diminui o ativo pela saída de numerário e diminui o passivo por
imóveis R$ 20.000,00 pagamento da dívida.

a) R$ 17.000,00.
b) R$ 18.000,00. 72. (TÉCNICO – 1º/2004) Assinale a conta que representa um
c) R$ 35.000,00. direito.
d) R$ 43.000,00. a) Adiantamentos a fornecedores.
b) Adiantamentos de clientes.
Resolução
c) Provisão para 13º salário.
ativo R$ 81.000,00 d) Provisão para férias.
202 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 203

Resolução Contas Saldos


Direito de receber mercadoria, serviços em contrapartida do di- despesas com seguros R$ 300,00
nheiro que já foi adiantado para o fornecedor despesas com telefone R$ 200,00
duplicatas a pagar R$ 3.500,00
equipamentos R$ 4.000,00
73. (TÉCNICO – 1º/2004) O lançamento contábil correspon- estoques de peças de reparos R$ 5.000,00
dente a um cheque sacado no banco para suprimento de caixa: imóveis R$ 12.000,00

a) Altera o ativo circulante. reserva de lucros R$ 2.200,00


receita com venda de serviços R$ 28.000,00
b) Aumenta o ativo circulante.
seguros a vencer R$ 3.300,00
c) Mantém o ativo circulante.
d) Reduz o passivo circulante. Após o encerramento das contas de resultado, o balanço patrimonial
apresentou o ativo total e o patrimônio líquido, respectivamente, de:
Resolução
a) R$ 26.600,00 e R$ 21.400,00.
Fato permutativo entre contas do ativo b) R$ 29.900,00 e R$ 21.400,00.
c) R$ 31.600,00 e R$ 29.400,00.
d) R$ 34.900,00 e R$ 29.400,00.
74. (CONTADOR – 2º/2004) Uma determinada empresa
de manutenção de veículos em seu balancete de verificação, de Resolução
31.12.2003, apresentava os seguintes saldos das contas:
ATIVO
Contas Saldos
bancos conta movimento R$ 4.000,00
adiantamento de clientes R$ 5.000,00
caixa R$ 800,00
bancos conta movimento R$ 4.000,00
clientes R$ 800,00
caixa R$ 800,00
equipamentos R$ 4.000,00
capital a integralizar R$ 8.000,00
estoques de peças de reparos R$ 5.000,00
capital social R$ 12.000,00
imóveis R$ 12.000,00
clientes R$ 800,00
seguros a vencer R$ 3.300,00
custo de serviços vendidos R$ 3.500,00
total R$ 29.900,00
despesas com aluguel R$ 500,00
despesas com energia elétrica R$ 200,00 APURAÇÃO DO RESULTADO
despesas com pró-labore R$ 3.200,00 receita com venda de serviços R$ 28.000,00
despesas com propaganda R$ 1.500,00 (-) custo de serviços vendidos R$ 3.500,00
despesas com salários R$ 3.400,00 (-) despesas com aluguel R$ 500,00
204 CON TA BILIDA DE GER A L Capítulo 8 – Exercícios 205

APURAÇÃO DO RESULTADO 76. (TÉCNICO – 2º/2004) O estoque inicial de mercadorias de


(-) despesas com energia elétrica R$ 200,00 uma empresa era de R$ 15.000,00 e o estoque final de mercado-
(-) despesas com pró-labore R$ 3.200,00
rias, de R$ 25.000,00. O custo das mercadorias vendidas durante
(-) despesas com propaganda R$ 1.500,00
o exercício foi de R$ 100.000,00. Do total das compras efetuadas,
70% foi a prazo, correspondendo, portanto, ao valor de:
(-) despesas com salários R$ 3.400,00
(-) despesas com seguros R$ 300,00 a) R$ 70.000,00.
(-) despesas com telefone R$ 200,00 b) R$ 77.000,00.
(-) duplicatas a pagar R$ 3.500,00 c) R$ 80.500,00.
total R$ 15.200,00 d) R$ 87.500,00.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Resolução
(-) capital a integralizar R$ 8.000,00
capital social R$ 12.000,00 • CMV=EI+CO-EF
reserva de lucros R$ 2.200,00 • 100.000=15.000+CO-25.000
lucro exercício R$ 15.200,00 • 100.000=-10.000
total R$ 21.400,00 • CO-110.000*70% = 77.000

75. (TÉCNICO – 2º/2004) Quando da apuração do resultado Gabar ito


do exercício, é CORRETO afirmar que: 1C 2B 3B 4C 5D 6C

a) As contas de compensação, ou seja, as receitas, as despesas 7C 8C 9C 10 B 11 C 12 C


diferidas e as de compensações no exercício serão encerradas. 13 D 14 C 15 A 16 C 17 B 18 D

b) As contas de resultado, ou seja, as despesas incorridas e as 19 C 20 D 21 B 22 D 23 C 24 D


receitas auferidas no exercício serão encerradas. 25 B 26 B 27 D 28 B 29 D 30 B

c) As contas de resultado, ou seja, as receitas antecipadas, as des- 31 C 32 A 33 C 34 B 35 B 36 C


pesas antecipadas, as receitas e as despesas do exercício serão 37 B 38 A 39 C 40 D 41 D 42 A
encerradas. 43 B 44 D 45 B 46 A 47 D 48 C

d) As contas transitórias, ou seja, as receitas, as despesas, as re- 49 D 50 C 51 A 52 B 53 D 54 A


ceitas antecipadas e despesas antecipadas serão encerradas. 55 A 56 C 57 B 58 C 59 C 60 A
61 D 62 C 63 A 64 A 65 B 66 C
Resolução 67 D 68 D 69 D 70 A 71 D 72 A
73 C 74 B 75 B 76 B … …
O conceito de apuração do resultado do exercício envolve o con-
fronto das despesas incorridas e das receitas auferidas.
Referências

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em
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