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Arifureta Shokugyou de Sekai Saikyou

Volume 4

Volume 4

Capítulo 82: O desaparecimento de Aiko


Prólogo do quarto arco
Esse evento aconteceu um pouco mais tarde.

Três semanas se passaram desde que o grupo de Kouki recebeu o choque da


reunião e dos sentimentos complexos devido a separação na |Cidade Postal
Holward|.

Atualmente, havia uma coisa que o grupo de Kouki precisava lidar


imediatamente: matar pessoas. Porém, eles não seriam mais capazes de lutar
se não soubessem lidar com isso, então voltaram para a |Capital Real|. Era
necessário que eles conhecessem o lado sombrio do "assassinato" se
quisessem, de fato, participar da guerra contra a raça dos ⌊Demônios⌋. Do
contrário, teriam apenas desvantagens na guerra se não pudessem superar
isso.

Em primeiro lugar, eles não seriam capazes de pensar sobre isso


corretamente, já que pouco tempo lhes restava. O evento que ocorreu
em |Ur| já tinha chegado aos ouvidos deles. Era óbvio que os movimentos da
raça dos ⌊Demônios⌋ ficaram mais ativos, considerando que eles próprios
também foram atacados e todos podiam imaginar que a guerra estava se
aproximando. Dessa forma, o mais rápido possível, o grupo de Kouki queria
superar este problema de qualquer forma.

Atualmente, o grupo de Kouki estava praticando combate contra


os ⌈Cavaleiros⌋ comandados por Meld. Ryutaro, o grupo de Nagayama e a
gangue de Hiyama já estavam preparados para isso, repetidamente, se
perguntavam se eles poderiam realmente fazer isso depois de verem Hajime
atirar na cabeça da mulher da raça dos ⌊Demônios⌋. Não havia muito tempo
restando, mas, eles acabariam "quebrados" se fossem obrigados a matar,
então Meld e os ⌈Cavaleiros⌋ também estavam buscando uma solução.

Para os sombrios estudantes, uma pequena boa notícia chegou, era o retornou
do grupo de Aiko. Normalmente, o carisma de Kouki seria capaz de animar os
colegas de classe. Contudo, o Herói estava depressivo, o que também fazia
com que todos ficassem deprimidos. A razão para eles não se partirem
mentalmente com a severa derrota e o atual problema era graças a Suzu
animando o ambiente, o que era seguido de pessoas prudentes como Shizuku
e Nagayama. Mesmo assim, as mentes dos estudantes foram tomadas pela
preocupação, forçando-os a olharem com mais do que receptividade para a
adulta com quem eles eram familiarizados e que tanto confiavam. Todos
realmente queriam se reunir com a professora que sempre dava o seu melhor
por seus estudantes.

Ouvindo sobre o retorno de Aiko, Shizuku fez o primeiro movimento. Shizuku


queria se consultar com Aiko sobre vários assuntos, assim ela encerrou seu
treinamento. Ela também queria ouvir a impressão dos colegas de classe que
encontraram Hajime muito antes dela e também queria trocar informação de
forma objetiva com Aiko, que não julgava nem discriminava.

Usando a bainha da cor do azeviche que ela recebeu de Hajime e o cinto de


outra espada de gume duplo completamente negro, Shizuku caminhou pela
passagem do Palácio Real. Por algum motivo, sua aparência fazia mais damas
nobres e camareiras corarem do que outros homens. Esse era um problema
que assombrava Shizuku até neste mundo diferente. Ela realmente queria ser
poupada de ser chamada de "Onee-sama" por mulheres que eram mais velhas
que ela.

Ouvindo sobre as coisas que Hajime fez em |Ur|, Shizuku queria perguntar
diretamente a Aiko sobre o que ela pensava de Hajime. Dependendo da
impressão de Aiko sobre Hajime, a instável mente do atual Kouki poderia se
inclinar para uma direção indesejável. Era a natureza de Shizuku o que a
sobrecarregava com provações para onde quer que ela fosse.

(Shizuku): “Com toda certeza também houve uma confusão quando eles
passaram por |Ur|... mas, ele também me deu esta espada parecida com uma
Katana... sério, o que ele quis dizer com 'resistente e capaz de cortar qualquer
coisa com facilidade'? Esse não seria um Artefato no nível de um tesouro
nacional?”
Falando consigo mesma, Shizuku silenciosamente moveu sua mão para
a Katana pendendo em sua cintura. Caminhando em direção ao quarto de Aiko,
Shizuku se lembrou da vez em que visitou a ferraria do |Reino| com o objetivo
de cuidar de sua Katana.

Shizuku chamava sua Katana simplesmente de [Katana Negra] e a mostrou


para o melhor ⌈Ferreiro⌋ do |Reino|. No início, o ⌈Ferreiro⌋ foi formal por estar
diante de uma Apóstola de Deus. Contudo, sua atitude mudou completamente
assim que ele examinou a [Katana Negra] com magia de avaliação e ele
perguntou a Shizuku, enquanto segurava os ombros da aluna. Assim, como se
sua atitude anterior fosse uma mentira, ele a bombardeou com perguntas, não,
ele a interrogou com palavras, tais como onde ela obteve a espada e quem era
o criador.

Embora ela estivesse aturdida, Shizuku conseguiu recuperar sua calma e


perguntou o que tinha acontecido. O ⌈Ferreiro⌋ disse que até dentro do tesouro
do |Reino|, esta espada devia estar mais ou menos no mesmo nível
da [Espada Sagrada]. Embora sua potência e capacidade de receber |Poder
Mágico⟩ não chegasse ao nível da [Espada Sagrada], suas funcionalidades e
detalhes precisos como arma estavam acima da [Espada Sagrada].

Em seguida, exames detalhados descobriram que se


a Katana recebesse |Poder Mágico⟩, a lâmina se estenderia em 60
centímetros na forma de uma lâmina de vento. Além disso, duas lâminas a
mais se formariam ao lado da parte estendida que, no momento oportuno,
poderiam ser disparadas.

Então, a bainha foi examinada. Entendeu-se que a bainha seria revestida por
um relâmpago se ela recebesse |Poder Mágico⟩ e havia uma parte em forma
de interruptor na boca da bainha que dispararia agulhas com imensa força.

A parte da lâmina foi feita de [Azantium], então ela não seria lascada e
praticamente não havia necessidade de fazer manutenção. A manutenção era
apenas para repor as agulhas se elas fossem usadas.
Entretanto, havia um problema: ela não tinha nenhuma formação mágica para
fornecer |Poder Mágico⟩. Era algo natural. Hajime era capaz de usar
manipulação direta de |Poder Mágico⟩ e ele originalmente nunca havia
pensado em dar a espada para ninguém. Assim, não foi um erro quando ele
disse: “resistente e capaz de cortar qualquer coisa com facilidade”, se ela fosse
usada por Shizuku.

Essas eram as únicas funções instaladas e a misteriosa espada negra (ou


assim os ⌈Ferreiros⌋ a viam) que só poderia ser usada com a manipulação
direta de |Poder Mágico⟩, fez os ⌈Ferreiros⌋ do |Reino| queimarem com
espírito de luta.

"Mesmo que não possamos fazer uma arma com tamanhos detalhes e
funcionalidades, nós vamos tornar esta espada utilizável!", era o que eles
estavam pensando. Em resumo, eles dariam um jeito de fazer o |Poder
Mágico⟩ fornecido pelo usuário ser absorvido pela espada de qualquer modo.
Consequentemente, depois de três dias e três noites, os ⌈Ferreiros⌋, com o
melhor deles na liderança, deixaram de lado seus outros trabalhos e
conseguiram ter sucesso na criação da formação mágica.

Assim, Shizuku seria capaz de utilizar as habilidades da [Katana Negra] sem


precisar de um encantamento. Posteriormente, os ⌈Ferreiros⌋, cujos |Poderes
Mágicos⟩ se esgotaram, dormiram por vários dias com expressões realmente
contentes.

Shizuku estava olhando para longe enquanto se lembrava do incrível espírito


de criação, então ela chegou a seu destino, o quarto de Aiko. Ela bateu, mas
não houve resposta. Ela ouviu que Aiko ia se reportar para o Rei e os outros
oficiais, então Shizuku pensou que ela ainda não devia ter voltado.
Encostando-se à parede, Shizuku decidiu esperar pelo retorno de Aiko.

Trinta minutos se passaram até a volta de Aiko. Seus passos podiam ser
ouvidos do corredor interno e, de alguma forma, pareciam deprimidos. Aiko
estava caminhando sem olhar para frente e sua expressão séria fez Shizuku
entender que Aiko estava desesperadamente pensando sobre algo em sua
cabeça.

Assim, Aiko nem mesmo notou seu quarto com Shizuku ao lado da porta e
continuou andando. Enquanto se perguntava sobre o que tinha acontecido,
Shizuku chamou Aiko.

(Shizuku): “Sensei… Sensei!”

(Aiko): “Hoeh!?”

Soltando uma voz boba, seu corpo se contorceu em surpresa. Aiko olhou ao
redor e finalmente notou Shizuku. Depois, Aiko suspirou de alívio vendo a
aparência saudável de Shizuku, então ela sorriu com alegria.

(Aiko): “Yaegashi-san! Há quanto tempo. Você está bem? Você não se


machucou? Os outros estão seguros?”

Apesar de ela estar depressiva até um momento atrás, as coisas que ela disse
eram apenas suas preocupações com seus estudantes. Para a imutável Ai-
chan-sensei, alegria também entrou no olhar de Shizuku assim que ela sorriu e
um senso de segurança preencheu sua mente. Por um tempo, as duas ficaram
felizes com a segurança uma da outra e por sua reunião, então elas entraram
no quarto de Aiko para se consultarem e trocarem informação.

(Shizuku): “Então foi isso o que aconteceu... Shimizu-kun foi…”

Shizuku e Aiko estavam sozinhas no quarto e elas mutuamente trocaram


informações enquanto bebiam chá dentro de xícaras com fofas pernas de gato.
Ouvindo sobre o que tinha se passado em |Ur|, essas palavras foram a
resposta de Shizuku.

Dentro do quarto, um clima desconfortável pairava no ar. Aiko encolheu seus


ombros de forma abatida; ela obviamente estava deprimida com Shimizu.
Pensando na personalidade de Aiko e seu senso de responsabilidade, Shizuku
não poderia deixar de se preocupar com as circunstâncias, mas, ela não podia
encontrar as palavras necessárias para se dizer.

Porém, apesar de Shizuku estar relutante em permitir que Aiko continuasse


depressiva ou mais alegremente possível, ela se regozijou com a segurança da
professora.

(Shizuku): “Eu me sinto mal por Shimizu-kun... contudo, eu realmente estou


feliz pela Sensei estar viva. Eu realmente quero agradecer Nagumo-kun”

Para a sorridente Shizuku, Aiko estava refletindo porque ela, mais uma vez, fez
sua estudante se preocupar com ela, então ela respondeu com um sorriso.

(Aiko): “Entendo. Em nossa reunião, ele não tinha nenhum interesse em nós e
neste mundo... mas ele veio salvar Yaegashi-san e os outros. Além disso, ele
até protegeu uma criança pequena... fufu, é possível que alguma parte do
passado dele tenha voltado. Ou eu devo dizer que ele está crescendo
enquanto muda... ele se tornou confiável”

Dizendo isso enquanto olhava para longe, por algum motivo, as bochechas de
Aiko... estavam levemente pintadas de vermelho. Shizuku estava confusa
enquanto pensava, "Essa não é uma reação estranha por apenas se lembrar
de um de seus estudantes?". Ela observou enquanto Aiko algumas vezes ria
enquanto se lembrava de algo, “Fufu”.

Notando o olhar de Shizuku, ] Tosse! [, Aiko limpou sua garganta e foi incapaz
de acalmar as coisas, suas bochechas convulsionaram e ela teve uma
premonição ruim. Shizuku decidiu pressionar. Enquanto tentava se convencer
que isso não seria possível, Shizuku disse...

(Shizuku): “… Sensei? Pela nossa conversa, a Sensei disse que foi salva de
uma situação perigosa, você pode me contar os detalhes?”

(Aiko): “Eh!?”
(Shizuku): “Bem, foi dito que a Sensei poderia ter morrido, então eu quero
ouvir como você se recuperou disso…”

(Aiko): “So-sobre isso…”

Shizuku se lembrou do remédio especial que rapidamente curou o moribundo


Meld, ela pensou que devia ter sido isso, então, se fazendo de tola perguntou a
Aiko. As bochechas de Aiko começaram a ficar mais vermelhas que antes. O
olhar de Aiko estava percorrendo o quarto e, hesitantemente, ela murmurou
suas palavras... era de fato como a aluna suspeitava.

Como a espadachim que ela era, Shizuku cortou direto ao assunto.

(Shizuku): “… Sensei. Algo aconteceu entre você e… Nagumo-kun?”

(Aiko): "!?!?!? Nã-não tem jeito de algo ter acontecido, sabia? Ma-mas o que
você está tentando dizer? Foi só o habitual comigo sendo uma professora e ele
sendo um estudante!”

(Shizuku): “Sensei. Por favor, se acalme. Sua expressão ficou estranha”

(Aiko): “!!!”

Aiko estava realmente abalada. Desesperadamente, Aiko murmurou, "Eu sou


uma professora, eu sou uma professora...". Aiko deve ter pensado que ela
estava murmurando em sua mente, mas não estava. Assim, Shizuku ficou
convencida. Apesar de Shizuku não entender em que ponto isso aconteceu,
Aiko começou a ter um sentimento especial por Hajime, diferente do que sentia
pelos outros estudantes!

(Shizuku): “Nagumo-kun! Como uma pessoa! O que você fez com Ai-chan!?”

Neste momento, qualquer um poderia ver as bochechas de Shizuku


convulsionando enquanto ela pensava nisso. Hajime já tinha se tornado um
"levantador de bandeiras", cujo nível não poderia ser comparado nem com
Kouki. Mas, diferente de Kouki, Hajime não era denso quanto a afeição que as
outras tinham e ele as respondia claramente... e devia ter dito isso para Aiko
também.

Uma rival de sua melhor amiga apareceu em um lugar inesperado, fez Shizuku
olhar para o teto com sua mão cobrindo suas bochechas, se contorcendo.
Independentemente do gênero, Shizuku passou a odiar esse lado de Hajime, e
uma ideia perigosa de realmente espalhar um apelido doloroso passou por sua
mente... uma ideia que ela conseguiu desistir.

Aiko e Shizuku tentaram acalmar as coisas ao limparem suas gargantas


repetidas vezes, então elas continuaram sua conversa anterior como se nada
tivesse acontecido.

(Shizuku): “Então, Sensei. Aconteceu alguma coisa quando você se reportou


para o Rei? Afinal, parece que vocês tiveram uma conversa séria”.

A pergunta de Shizuku fez Aiko se lembrar de algo e ela ficou com uma
expressão angustiada, onde ódio e desconfiança se misturavam.

(Aiko): “… oficialmente, Nagumo-kun foi declarado um herege”

(Shizuku): “!?!?!? Mas isso... !!! O que você quer dizer? Não, de certa forma
eu posso imaginar... mas, essa decisão não foi apressada demais?”

Hajime era poderoso. Com apenas algumas pessoas, ele repeliu mais de
60.000 〈Feras Mágicas〉 enquanto usava Artefatos misteriosos. As
companheiras de Hajime também possuíam poderes inacreditáveis. Contudo,
sua postura dizia que ele não cooperaria com a ⟦Igreja dos Santos⟧ e até se
oporia a eles dependendo da situação. Era verdade que Hajime era uma
existência verdadeiramente perigosa para o |Reino| e a ⟦Igreja dos Santos⟧.

No entanto, era mesmo muito apressado marcá-lo como um herege tão


rapidamente. A marca de um herege era dada para aqueles que desobedeciam
aos ensinamentos da ⟦Igreja dos Santos⟧ e se tornavam inimigos de Deus.
Tal marca tornaria legal qualquer um que derrotasse Hajime, a qualquer
momento, em qualquer lugar e, de acordo com a situação, até os ⌈Cavaleiros
Templários⌋ e o exército do |Reino| poderiam agir.

Depois disso, ao atacarem Hajime porque ele era um herege, eles receberiam
o tratamento de um inimigo por parte de Hajime, seu implacável e severo
ataque. Não havia forma do Rei e da ⟦Igreja⟧ não saberem do perigo. Contudo,
Aiko disse que eles decidiriam naquela hora. Não havia forma de Shizuku não
estar surpresa com isso.

Shizuku imaginou até esse ponto, o que fez Aiko concordar com admiração ao
ver que seu raciocínio rápido não tinha mudado.

(Aiko): “É totalmente como Yaegashi-san disse. Aliás, não importa se ele tenha
imenso poder e não siga a ⟦Igreja⟧, ele acabou salvando |Ur|, mas eles
ignoraram meus protestos. Nagumo-kun esperava esta situação, então ele se
escorou no título da ⟦Deusa da Boa Colheita⟧. A propósito, eu escutei dos
guarda-costas que o nome ⟦Deusa da Boa Colheita⟧ e ⟦Espada da
Deusa⟧ se espalhou ainda mais para outras cidades.

Assim, ao marcá-lo como um herege, isso também significa que a ⟦Igreja⟧ está
negando a ⟦Deusa da Boa Colheita⟧, quem salvou o povo. Dessa forma, eles
não deveriam ser capazes de ignorar tão facilmente meu protesto ou assim
deveria ter sido. Mas, essas pessoas forçaram a decisão. Eles estavam
obviamente agindo de forma estranha... aliás, eu me lembro que outros, além
de Ishtar e as pessoas da ⟦Igreja⟧, o Rei e outras Realezas, estavam com
aparências estranhas…”

(Shizuku): “… isso é preocupante. Mas o que eles estão pensando? Porém, o


que eles não podem deixar de pensar agora é 'quem' eles deveriam mandar
contra o poderoso Nagumo-kun, não é? E esse é o ponto aqui”

(Aiko): “… tem razão. Talvez…”


(Shizuku): “Eeh. Só há nós... mas eu absolutamente vou recusar isso,
entendeu? Eu não quero morrer. Se eu me tornar inimiga de Nagumo-kun... eu
não quero nem imaginar isso”

Shizuku tremeu e Aiko mostrou um sorriso sem graça entendendo o que


Shizuku sentia.

Assim, antes que o |Reino| e a ⟦Igreja⟧ dissessem a Kouki e os outros para


lutarem com Hajime, Aiko decidiu dizer a eles sobre tudo o que Hajime havia
dito sobre os Deuses Loucos e seu propósito durante suas viagens. Ela não
tinha prova, então ela não sabia se Kouki e os outros iriam acreditar. Além do
mais, até este momento, eles deram o seu melhor porque acreditavam que o
Deus iria devolvê-los a seu mundo original, contanto que eles vencessem a
guerra contra a raça dos ⌊Demônios⌋.

"Na verdade, o Deus se encanta com a reação das pessoas com suas ações e
a possibilidade de devolvê-los é extremamente baixa. Então, vamos procurar
pelas moradas daqueles que se rebelaram contra os Deuses nos tempos
antigos e procurar por uma forma de voltarmos por conta própria!". Ninguém
iria acreditar nessas palavras se fossem ditas de repente.

Depois que Kouki e os outros escutassem o que ela tinha a dizer, se eles iriam
considerar isso como um absurdo e continuariam a lutar como antes, ou se
eles acreditariam nela e buscariam por outro caminho... isso era algo que Aiko
não poderia prever. No entanto, ela devia avisá-los para não acreditarem
cegamente na ⟦Igreja⟧. Aiko se convenceu do que tinha que fazer agora.

(Aiko): “Yaegashi-san. Nagumo-kun sabe que sua informação é inacreditável e


ele iria ser antagonizado por Amanogawa e os outros, então ele disse isto
apenas para mim.”

(Shizuku): “Informação... é isso?”

(Aiko): “Sim. É sobre o Deus venerado pela ⟦Igreja⟧ e o objetivo da viagem de


Nagumo e as garotas. Ele não deu nenhuma prova sobre isso... mas é uma
informação realmente importante, então hoje à noite... não, ao entardecer, eu
quero dizer isto a todos”

(Shizuku): “Então... não, eu entendo. Portanto, eu devo chamar todos agora?”

(Aiko): “Não, essa é uma informação que eu não quero que a ⟦Igreja⟧ saiba,
então eu quero dizer isso no momento em que todos se reúnem naturalmente,
no jantar. E nós devemos ser capazes de conversar entre nós, vou dizer que
quero passar um tempo com os estudantes que não vejo há muito tempo, sem
estranhos”

(Shizuku): “Certamente... eu entendo. Dessa forma, no jantar...”

Mais tarde, uma boa quantidade de tempo se passou enquanto Shizuku e Aiko
conversavam. No entanto, elas não poderiam saber que a promessa para o
jantar não poderia se concretizar…

O horário era o entardecer.

Enquanto o Sol estava se pondo, ele deixava um presente de despedida de cor


laranja vívida e Aiko caminhava pelo corredor vazio. A luz do Sol do entardecer
entrava no corredor pelas janelas e criava um óbvio contraste com a parede e o
piso no outro lado.

Aiko seguiu em frente para a sala de jantar enquanto seu olhar era cativado
pelo Sol da tarde, mas, ela imediatamente parou depois que sentiu a presença
de alguém. Quando olhou para frente, viu uma figura parecida com uma mulher
na sombra. A mulher caminhou no meio do corredor e, graciosamente, parou
seus pés com uma postura reta. Suas roupas eram o hábito de uma freira
da ⟦Igreja dos Santos⟧.

A mulher era linda, contudo, ela falou com Aiko com uma voz um tanto
mecânica e fria.

(Freira): “Prazer em conhecê-la, Hatayama Aiko. Eu vim por você”


Aiko sentiu um arrepio em sua espinha quando escutou essa voz, mas fingiu
calma para não ser indelicada com alguém que acabava de conhecer.

(Aiko): “Umm, prazer em conhecê-la. Vindo por mim... você está falando do
jantar com os estudantes?”

(Freira): “Não, seu destino é a igreja principal!”

(Aiko): “Eh?”

A frase que não deu a ela uma chance de responder fez Aiko automaticamente
perguntar de novo. Nesse momento, a mulher se moveu para fora da sombra
para um local iluminado pelo Sol poente. Vendo a mulher, Aiko segurou sua
respiração. Até Aiko, que era do mesmo sexo que ela, ficou instintivamente
encantada pela beleza da mulher.

Seus cabelos prateados brilhavam enquanto refletiam a luz do Sol. Com olhos
azuis grandes, longos e estreitos e suas misteriosas e maravilhosas feições
que pareciam tanto de uma jovem adulta quanto como as de uma jovem
garota; todas as suas partes estavam perfeitamente posicionadas. Sua altura
era elevada para uma mulher, cerca de 1 metro e 70, o que forçava Aiko a
olhar para cima. Sua pele branca era tão suave quanto à uma porcelana
branca, suas mãos e pés eram esguios. Seus peitos não eram nem grandes
nem pequenos, era um tamanho realmente excelente se você pensasse no
equilíbrio dela como um todo.

Entretanto, infelizmente, ela não tinha nenhuma expressão. Ao invés de falta


de expressões, era como se ela usasse uma máscara Noh. Ninguém duvidaria
se dissessem que ela era uma estátua... a maior obra-prima de um escultor
famoso. A mulher possuía uma beleza artisticamente inumana.

Para Aiko, que prendia o fôlego, a mulher sorriu e, indiferentemente, continuou


suas palavras.

(Freira): “Nós sentimos que o que você ia dizer a eles seria inconveniente para
nós. Afinal, o que seus estudantes vão fazer agora parece 'interessante' para
nós. É por esse motivo que, até que o momento chegue, você irá,
temporariamente, deixar o palco”

(Aiko): “O qu-que você está…”

A bela freira lentamente se aproximou de Aiko sem dar nenhum passo, e Aiko
inconscientemente recuou. Então, Aiko viu os olhos azuis da freira brilhar. Aiko
sentiu sua mente ficar nebulosa. Na mesma hora, ela se concentrou, como se
estivesse invocando magia e essa nebulosidade se dispersou em um instante.

(Freira): “... entendo. Como esperado, eu não posso ignorar a forma como
você se chama de 'Deusa'. Para você ser capaz de resistir ao meu ‖Charme‖.
Não há outro jeito. Eu vou levá-la à força!”

(Aiko): “Nã-não se aproxime! O qu-que eu quero… ugh!?”

A pressão da verdadeira personalidade da mulher fez Aiko imediatamente


tentar ativar sua magia. No entanto, mais rápida do que ela terminando o
encantamento, a freira instantaneamente encurtou a distância entre elas e
desferiu um soco no estômago de Aiko. Aiko desabou e, nesse momento,
sentiu que sua consciência estava a ponto de ser engolida pela escuridão, ela
ouviu o murmúrio da freira.

(Freira): “Não se preocupe. Eu não vou matá-la. Você é uma peça excelente, e
você pode ser útil contra aquele irregular”

O garoto de cabelo branco e tapa-olho apareceu no interior da mente de Aiko.


Em seguida, embora soubesse que não chegaria até ele, ela gritou o nome
dele em sua mente logo antes de sua consciência desaparecer por completo.

[Aiko]: ("Nagumo-kun!")

(Freira): “???”

A freira facilmente colocou Aiko em seu ombro, como se ela não pesasse nada,
então ela olhou ao redor do corredor como se tivesse sentido alguém. Por um
tempo, a freira silenciosamente procurou por algo. Então, ela lentamente abriu
a porta para um dos quartos de hóspedes junto ao corredor.

Depois disso, ela entrou na sala, olhou ao redor, se aproximou do guarda-


roupa sem fazer nenhum som de passos e abriu a porta com força. Porém, não
havia nada dentro, então a freira inclinou sua cabeça e olhou ao redor mais
uma vez, olhando aqui e ali. Pouco depois, por não ter encontrado nada,
colocou Aiko em seu ombro de novo e saiu do quarto.

Com o silêncio voltando para o local, um murmúrio trêmulo pôde ser ouvido.

(???): “… eu preciso contar isto... alguém...”

Ninguém estava no interior do quarto. Contudo, passos recuando podiam ser


ouvidos e, em pouco tempo, o quarto recuperou por completo seu silêncio.

Capítulo 83: Problema urgente no Grande Deserto

Um mundo marrom.

O |Grande Deserto Guruyuen| era um local em que essas palavras se


expressavam perfeitamente. A areia era marrom, formada por milhões de
minúsculos grãos. O vento que estava soprando constantemente jogava a areia
e manchava o ar de marrom e em um raio de 360° havia apenas uma cor até
onde os olhos podiam alcançar.

Além disso, havia inúmeras dunas de areia, grandes e pequenas, cujas


superfícies sempre se remexiam com o vento. A cada momento, o padrão nas
superfícies das dunas estava constantemente mudando, como se dissesse, "Eu
estou vivo". O Sol escaldante e seu calor incondicional fazia a temperatura da
areia no chão disparar rapidamente. Ela facilmente excedia 40 graus Celsius.
Aliado com a areia esvoaçante, esse era o pior ambiente para se viajar.

Entretanto, isso só se aplicava para viajantes "comuns".


Atualmente, dentro de um ambiente tão severo, um veículo negro em forma de
caixa, na verdade, um [Veículo Mágico de Quatro Rodas], estava avançando
casualmente enquanto levantava uma tempestade de poeira. Embora não
houvesse nem estrada nem rota, isso foi resolvido com a bússola instalada no
interior do veículo.

(Shia): “… o exterior é incrível... eu estou mesmo feliz por isso não ser uma
carruagem normal”

(Tio): “Esta concorda. Esta não sabe como esse se tornou tal ambiente... mas
esse de fato não é um lugar em que esta gostaria de se mover ativamente”

Sentadas no banco de trás enquanto observavam a areia golpeando a janela e


observando o mundo de cor amarronzada, Shia e Tio murmuraram com
sinceridade. Não importava o quão M Tio fosse, este ambiente apenas a
deprimia.

(Myuu): “É completamente diferente de quando Myuu veio aqui antes! Aqui é


muito gelado e os olhos de Myuu não estão doendo! Papai é incrível!”

(Kaori): “Isso mesmoooo. Papai Hajime é incrível, não éééé? Myuu-chan, você
quer beber água gelada?”

(Myuu): “Eu queroooo. Kaori-oneechan, obrigadoooo”

Sentada no colo de Kaori, que estava sentada no lado da janela no banco da


frente, Myuu estava animada porque as coisas estavam diferentes de quando
ela esteve nesse local quando foi sequestrada. Myuu estava olhando para
Hajime, que criou esse espaço tão confortável, com olhos brilhantes.

Isso era natural. Teria sido intensamente severo para Myuu, que era uma
integrante da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, atravessar o deserto. Para uma
jovem garota com cerca de quatro anos de idade como ela, não seria estranho
se ela morresse devido a seu estado enfraquecido. Suportar tal ambiente fez a
surpresa de Myuu aumentar ainda mais pela diferença entre aquela vez e essa.
Afinal, este [Veículo de Quatro Rodas] era equipado com ar condicionado.
Em seguida, aquela que concordou com Myuu e pegou um pouco de água
gelada, que normalmente não existiria no deserto mesmo que a pessoa fosse a
mais otimista de todas, era a colega que fez uma confissão impactante para
Hajime e uma declaração de guerra para Yue em |Holward| e, antes que ele
percebesse, ela se tornou uma de suas companheiras. Ela era Kaori. A
propósito, a água foi retirada do refrigerador instalado no carro.

(Hajime): “Quer saber, Shirasa-… Kaori. Por favor, pare de dizer Papai Hajime.
Por algum motivo, isso me dá uma coceira terrível bem aqui”

(Kaori): “??? Mas, Myuu não fala isso como se fosse normal?”

(Hajime): “Bom, eu não ligo que Myuu faça isso. Contudo, uma colega de
classe me chamando de papai é realmente…”

Devido a sua característica de gostar de cuidar dos outros, Kaori acabou se


tornando a responsável por Myuu e ela quase sempre chamava Hajime de
“Papai Hajime” quando ela estava ao lado de Myuu. E com uma colega, uma
garota acima de tudo, chamando-o de papai, Hajime sentia um senso de
resistência diferente de quando Myuu o chamava assim, e ele ficou com uma
expressão realmente incomodada.

Aliás, Hajime chamando ela de "Kaori" foi resultado de um pedido dela. Seu
motivo foi, "Hajime-kun chama todas por seus primeiros nomes, então é injusto
que eu seja chamada pelo meu sobrenome!", algo nesse sentido.

(Kaori): “É mesmo? Então eu vou parar... porém, algum dia, quando eu


também ter um filho... nesse momento…”

Kaori disse isso com bochechas de um vermelho escuro, enquanto dava uma
espiada em Hajime. Assim, uma estranha atmosfera se formou ao redor de
todos dentro do veículo, exceto por Myuu. Então Yue respondeu Kaori no lugar
de Hajime, que fingia não ter escutado nada.

(Yue): “… infelizmente, eu já assumi esse compromisso. Hajime me prometeu


isso”
(Kaori): “!?!?!? Hajime-kun, o que ela está dizendo?”

(Hajime): “… eu não acho que isso seja algo estranho. Afinal, isso ainda é algo
para o futuro distante”

(Yue): “… fufu, Hajime já me prometeu me apresentar a seus pais”

(Kaori): “!?!?!?”

(Yue): “… ele minuciosamente criou um plano familiar brilhante”

(Kaori): “!?!?!?”

(Yue): “… até os encontros na cidade natal de Hajime”

(Kaori): “!?!?!?”

Os ataques intensos de Yue não podiam ser detidos! Essas palavras, uma a
uma, se tornaram estacas voltadas para o peito de Kaori. No entanto, Kaori não
era uma mulher que seria tão facilmente derrotada. Ela acreditou na
sobrevivência de Hajime mesmo naquela situação desesperadora e ela
possuía coragem para desafiar Yue, quem obviamente possuía uma ligação
especial com Hajime. No momento em que as palavras de Yue pararam, Kaori
começou seu contra-ataque!

(Kaori): “Eu, eu sei de muitas coisas sobre Hajime-kun que Yue não sabe! Por
exemplo, o sonho de Hajime para o futuro, seus hobbies, até seu gênero
favorito! Yue sabe dos animes e mangás que Hajime-kun gosta?”

(Yue): “Hmph… isso... mas isso não está relacionado com a nossa atual
situação. Não há esse tipo de coisa aqui. Hajime pode apenas me ensinar
assim que chegarmos no Japão…”

(Kaori): “Que ingênua. Só olhe para o atual Hajime-kun. Ele não se parece
com um personagem de anime?”

(Hajime): “Geh!?”
Essa deveria ser uma batalha entre Kaori e Yue, mas por algum motivo, Hajime
recebeu o dano.

(Kaori): “Cabelo branco com um tapa-olho, além disso, seu olho mágico...
essas são certamente características dos personagens favoritos de Hajime-
kun... até sua arma, aquela [Broca de Cruz] é baseada no funil... ah, mas o
que Hajime-kun gosta é o 00[1], então é um GN Drive[2]? O que quer que seja,
o atual Hajime-kun ainda é um grande otaku”

(Hajime): “GAH!? K-Kaori…”

(Yue): “Mu, muu… para a arma de Hajime ser baseada nisso...”

(Kaori): “Yue, você pode dizer que venceu se você não sabe do que o seu
amado gosta?”

(Yue): “… Kaori… você tem coragem... então, permita-me te ensinar. Sobre as


coisas que Hajime gosta... na cama”

(Kaori): “!?!?!? Q-, q-, q-, na cama, uuuuu, como imaginei…”

(Yue): “Fufufu… é bom que você saiba da diferença entre nós”

Durante a viagem deles, Yue e Kaori já tinham soltado tantas faíscas uma
contra a outra que os outros integrantes do grupo já estavam acostumados a
ignorarem elas. No começo, Shia as observava com preocupação, mas no
início, isso não se tornou um problema sério, então ela parou de se envolver
com elas.

De certa forma, era Hajime que recebia a maior parte dos danos. Hajime era a
fonte das brigas das duas, então o conteúdo de suas discussões o fazia se
contorcer. Mesmo agora, ele recebeu dano mental devido as coisas com que
ele mais se preocupava serem reveladas e explicadas.
Em resposta, Yue audaciosamente contou sobre as atividades "noturnas", o
que fez Kaori tapar seus ouvidos, não querendo escutar isso. O próprio Hajime
não queria que Myuu fosse exposta a isso, então ele tentou impedir Yue.

Entretanto, mais rápida do que Hajime, Myuu inesperadamente parou a


discussão das duas.

(Myuu): “… uuuu, Yue-oneechan e Kaori-oneechan estão sempre brigando!


Myuu vai odiar se as irmãzonas não se derem bem!”

Dizendo isso, Myuu se moveu do colo de Kaori para o colo de Shia no banco
de trás. Além disso, Yue e Kaori ficaram abaladas. Foi porque a garota de
quatro anos de idade disse que iria odiá-las.

(Shia): “Nossa, vocês duas estão sendo inconvenientes na frente de Myuu-


chan. Ou melhor, isso é péssimo para a educação dela. Eu também entendo o
quanto vocês duas pensam em Hajime-san, mas por favor, sejam mais
prudentes”

(Yue): “!!! Que vergonha. Para ser repreendida por Shia…”

(Kaori): “Eu-eu sinto muito, Myuu-chan, Shia”

Serem repreendidas por Shia fez com que as duas encolhessem seus ombros.

Para Yue, Shia era semelhante a uma amiga e uma irmã mais nova, e apesar
de Shia também possuir afeição por Hajime, Shia também pensava em Yue de
forma parecida, o que fez com que Yue não a visse como uma rival amorosa.
Quanto a Tio, ela era apenas uma pervertida. Era por isso que Kaori, que fez
uma aberta declaração de guerra contra Yue, era a primeira rival amorosa que
ela teve.

Yue estava convencida que havia um vínculo absoluto entre ela e Hajime. Ela
possuía uma confiança inabalável de que ela era a "pessoa especial" dele. Era
por esse motivo que ela estava confiante de que seria capaz de facilmente
derrotar a desafiante, Kaori, quando a confissão e a declaração de guerra
aconteceram.

No entanto, apesar de sua confiança não mudar, Kaori algumas vezes fazia as
flores desabrocharem entre ela e Hajime quando eles se lembravam do Japão,
que era desconhecido para Yue e as outras. Para Kaori, que sabia do passado
de Hajime que ela não conhecia, o senso de rivalidade de Yue floresceu em
pouco tempo.

Como resultado, exatamente como crianças se vangloriando de suas coleções,


suas brigas se transformaram em algo sério em tal situação, e hoje, Myuu e
Shia finalmente se irritaram com elas.

Normalmente, Hajime seria aquele que pararia Yue, mas ele era quem estava
recebendo a maior parte do dano com a discussão das duas. E agora, ele só
poderia olhar para longe, como se isso não tivesse nenhuma relação com ele,
para curar seu coração ferido.

(Tio): “Nn? O que é aquilo? Mestre, parece haver uma comoção às três horas”

Yue e Kaori estavam desesperadamente apelando dizendo que elas estavam


se entendendo para melhorar o humor de Myuu, e Shia também estava
acalmando Myuu com um sorriso sem graça. Hajime murmurava, "Eu não sou
um chuuni", com olhos vazios. Enquanto isso acontecia, inesperadamente, Tio
que os observava com interesse chamou Hajime. Ela parecia ter descoberto
algo do lado de fora da janela.

Hajime olhou para o lugar que Tio mencionou, uma enorme duna a sua direita.
Lá, inúmeras 〈Feras Mágicas〉 parecidas com minhocas, 〈Minhocas de
Areia〉[3] para ser mais preciso, se reuniam. Suas numerosas cabeças podiam
ser vistas no topo da duna.

Essas 〈Minhocas de Areia〉 tinham em média 20 metros, 〈Feras Mágicas〉 de


larga escala, enquanto a maior delas tinha por volta de cem metros de
comprimento. Elas viviam neste |Grande Deserto Guruyuen| e iriam
normalmente se afundar no subterrâneo e atacar as presas em suas
proximidades ao abrirem suas bocas enormes e repletas de presas debaixo da
areia. Elas se especializavam em ataques surpresa devido à dificuldade em
detectá-las e eram temidas pelas pessoas que cruzavam o enorme deserto
como deuses da morte.

Felizmente, as 〈Minhocas de Areia〉 não eram muitos perceptivas, assim,


contanto que a pessoa não fosse tão azarada para acabar se aproximando
delas por acidente, elas não iriam nem notar nem atacar alguém que estivesse
distante. Assim sendo, podia se dizer que havia alguém que não era tão
sortudo naquela duna, mas…

(Hajime): “??? Por que elas só estão se contorcendo?”

Isso mesmo, Tio não estaria com uma cara de dúvida e perguntaria a Hajime
se fosse apenas algumas 〈Minhocas de Areia〉 aparecendo. Com as
habilidades de percepção de Hajime, ele teria notado qualquer ataque surpresa
das 〈Minhocas de Areia〉, e eles seriam capazes de fugir do alcance do
monstro com a velocidade do [Veículo de Quatro Rodas]. O que era anormal
era o comportamento das 〈Minhocas de Areia〉; ao invés de estarem atacando
alguém, elas estavam se contorcendo pelo local.

(Tio): “É como se, elas estivessem em dúvida se deveriam ou não comer, não
é?”

(Hajime): “Bem, pelo que eu vejo, é isso mesmo, não?”

(Tio): “Esta não tem conhecimento deste lugar. Mas esses são devoradores de
tudo, eles não deveriam estar hesitando em comer algo…”

Apesar de Tio ser uma pervertida masoquista, ela viveu muito mais do que
Yue, e diferente da aprisionada Yue, seu conhecimento era muito vasto. Era
por isso que ela possuía informação confiável sobre as 〈Feras Mágicas〉. Para
ela estar olhando com incerteza, algo extraordinário devia estar acontecendo.
Contudo, eles não tinham nenhuma razão para se envolveram com isso.
Hajime decidiu ir para o mais longe possível sem confirmar ou se envolver com
a situação.

E nesse momento...

(Hajime): “Kh!? Todas, se segurem!”

Hajime gritou e imediatamente acelerou o [Veículo de Quatro Rodas]. Na


sequência, atrás do [Veículo de Quatro Rodas], começando com uma
pequena parte de seu corpo aparecendo, uma figura gigantesca com a mesma
cor que o deserto apareceu. Com sua boca aberta, era uma 〈Minhoca de
Areia〉. Aparentemente, o grupo de Hajime também fazia parte dos azarados.

Hajime manobrou para a esquerda e para a direita, avançando pela areia em


alta velocidade. Sob o [Veículo de Quatro Rodas] que desenhava a letra "S",
uma segunda e terceira 〈Minhoca de Areia〉 apareceram.

(Kaori): “Kyaaaa!”

(Myuu): “Hiu!”

(Shia): “Wawawa!”

Na sequência dos gritos, estavam Kaori, Myuu e Shia. Recebendo a poderosa


força centrífuga, Kaori se virou para trás, preocupada com Myuu no banco de
trás. Mas seu equilíbrio ruiu e ela caiu no colo de Hajime com seu quadril no
colo de Yue.

Piscando seus olhos, as bochechas de Kaori coraram, e do jeito que ela


estava, ela se agarrou com força na cintura de Hajime. Sua posição era
realmente muito ruim. Isso fez as bochechas de Hajime se apertaram. A
propósito, a outra metade do corpo de Kaori estava esmagando Yue.

(Hajime): “Oi, Shira-… Kaori! O que você está fazendo em uma situação
dessas!?”
(Kaori): “É perigoso! Uma situação perigosa! Então, eu só estou me segurando
em Hajime-kun!”

(Yue): “… maldita seja Kaori. Mas me imobilizar, isso é... um ataque surpresa?”

Enquanto recebiam uma emboscada das 〈Minhocas de Areia〉, Kaori usou


esta chance para abraçar Hajime. Yue estava dando tapas na bunda de Kaori,
mas a aluna corada ainda estava se agarrando na cintura de Hajime, sem se
mover.

Enquanto eles estavam assim, as três 〈Minhocas de Areia〉 que apareceram


com seus corpos fora da terra estavam encarando o [Veículo de Quatro
Rodas] que desviou de todos os seus ataques. Desta vez, essas figuras
gigantescas avançaram para atacar de cima.

Se fosse uma carruagem normal, tudo chegaria ao fim com esse ataque.
Entretanto, esse era um Artefato criado com uma parte da alma de otaku de
Hajime. Ele não estava com medo por ser visto como presa.

Aliás…

(Hajime): “Ah, esta é a primeira vez que eu estou usando ISTO!”

Dizendo isso, Hajime virou o [Veículo de Quatro Rodas] com uma derrapada,
avançando de marcha à ré, ele usou sua magia e ativou as funcionalidades
instaladas.

] CLANK! KA-THUNK! KA-THUNK! [

Ao mesmo tempo que o som mecânico soou, uma parte do capô do [Veículo
de Quatro Rodas] se abriu e um braço com um conjunto de quatro foguetes
apareceu. O braço se moveu como se estivesse procurando por sua presa, e
quando ele se virou na direção das 〈Minhocas de Areia〉 se aproximando, ]
wooosh! [, tal efeito sonoro apareceu acompanhado das ogivas mortais
soltando faíscas.
Brilhando em uma cor laranja, os foguetes entraram diretamente nas bocas
abertas das 〈Minhocas de Areia〉 e, depois de um momento, eles criaram
enormes explosões enquanto destruíam as 〈Minhocas de Areia〉 de dentro. O
sangue carmesim e a carne dos monstros caíram como uma chuva e algumas
partes se prenderam no para-brisa do [Veículo de Quatro Rodas] andando de
marcha à ré.

(Hajime): “Uhee… Shia, não me diga que Myuu viu isso”

(Shia): “Eu já fiz aquiloooo. Anh! Myuu-chan, isso machucou? Mas por favor,
aguente mais um pouco”

Hajime pediu a Shia para fazer isso no momento que os foguetes foram
disparados contra as 〈Minhocas de Areia〉 atacando porque o estímulo poderia
ser forte demais para Myuu. Dessa forma, em sincronia com Hajime, Shia já
estava abraçando Myuu com força em seu peito para que ela não visse o que
estava acontecendo.

Contudo, talvez porque ela não pudesse respirar com seu rosto sendo
enterrado nos peitos de Shia, Myuu tentou escapar e involuntariamente tocou
uma parte do corpo de Shia. Automaticamente, Shia gemeu. Hajime decidiu
que ele não ouviu nada.

No momento, apesar de Kaori estar se agarrando na cintura de Hajime, Yue foi


finalmente capaz de arrumar seu cinto de segurança. Certamente essa não era
uma situação em que ele poderia ser derrotado por seus próprios impulsos,
mesmo que suas orelhas estivessem completamente vermelhas e seu rosto
contraído.

(Kaori): “Des-deculpe-me Hajime-kun. Eu sinto muito. Que, que eu


impulsivamente... não há nenhuma perversão nisso. É só que, só um pouco, eu
apenas queria te abraçar…”

(Yue): “… então se tudo correr bem, você vai satisfazer Hajime dessa forma?”
(Kaori): “Un, então é isso... espere, não! Yue, não coloque palavras tão
estranhas em minha boca. Eu não sou tão indecente quanto Yue”

(Yue): “… você diz que eu sou indecente... certamente, eu não posso rebater
isso quando eu estou sozinha com Hajime”

(Hajime): “… garotas, por favor, calem-se já. Aliás, Yue, por favor, não fale
sobre as atividades noturnas porque isso é embaraçoso”

Com as três 〈Minhocas de Areia〉 destruídas pelos foguetes instalados


no [Veículo de Quatro Rodas], Hajime intensificou seu olhar porque
as 〈Minhocas de Areia〉 na duna de antes podiam ser vistas se movendo
devido ao som e o impacto da explosão.

Contudo, a seu lado, Kaori e Yue estavam conversando como de costume, o


que reduziu sua tensão. Involuntariamente, ele as repreendeu por ele ficar
envergonhado.

Em primeiro lugar, em sua mente, a Yue "noturna" era certamente indecente e,


quando ele estava sozinho com ela, ele a via como uma pessoa muito erótica.
Kaori, que parecia ter enxergado esse significado ao olhar para ele, estava com
olhos cheios de lágrimas. Yue, com um sorriso provocante, estava olhando
para Hajime enquanto lambia seus lábios. Kaori, que viu isso, soltou um fofo
gemido. Inconscientemente, seu espírito de luta queimou ainda mais.

Do banco de trás, Shia disse, "Eu entendo seus sentimentos Kaori-san. Nós
somos companheiras aqui”, enquanto acariciava o ombro de Kaori com olhos
simpáticos.

Hajime as ignorou e moveu o [Veículo de Quatro Rodas] para cima de outra


duna. Ele podia ver o grupo de 〈Minhocas de Areia〉 debaixo do chão com
suas partes inferiores ainda enterradas. Elas não escondiam nada enquanto se
levantavam ligeiramente da areia. Elas deviam ter imaginado que tinham sido
notadas pelo grupo de Hajime, então os monstros escolheram a velocidade ao
invés de outro ataque surpresa.
Hajime guardou o lança-foguetes e ativou outra peça de seu armamento no
lugar. O centro do capô se separou e uma máquina retangular apareceu de
dentro. Em seguida, a caixa retangular estendeu seu cano com um som de, ]
kashun! [, e ela se tornou um rifle parecido com [Schlagen].

Na sequência, faíscas vermelhas brilhantes saíram da [Schlagen] do [Veículo


de Quatro Rodas]. Com seu braço ajustando o ângulo, ] DUuuoo!! [, veio um
som estrondoso de tiro assim que uma linha cintilante atravessou o mundo
marrom.

A bala, que foi disparada em alta velocidade, avançou enquanto levantava a


areia no chão após o impacto e imponentemente criou uma tempestade de
poeira. Na coluna de areia que se levantou exatamente como uma erupção
havia, logicamente, muita areia colorida de carne e sangue vermelho.

A [Schlagen] instalada no [Veículo de Quatro Rodas] continuou a disparar


clarões vermelhos brilhantes, um após o outro. As 〈Minhocas de Areia〉 que
estavam caçando sua presa explodiram no chão e se tornaram pequenos
pedaços de nutrição para o solo árido.

(Kaori): “Hajime-kun! Olhe ali!”

(Yue): “… uma pessoa branca?”

Quando a [Schlagen] do [Veículo de Quatro Rodas], que estava soltando


fumaça branca, foi guardada, Kaori soltou uma voz de surpresa e apontou seu
dedo. No lugar que Kaori apontava, assim como Yue murmurou, havia uma
pessoa caída que estava envolta por roupas brancas. Era provavelmente
aquele que as 〈Minhocas de Areia〉 anteriores estavam observando. Contudo,
com a distância, não se sabia o motivo para ele não ter sido devorado.

(Kaori): “Por favor Hajime-kun. Vamos para lá... eu sou


uma ⌈Curandeira⌋ afinal”

Kaori olhou para Hajime, suplicando. Até Hajime estava interessado sobre o
porquê aquela pessoa não ser atacada pelas 〈Feras Mágicas〉 do deserto em
tal situação, então ele aceitou o pedido de Kaori. Era possível que a pessoa
conhecesse um método ou um item capaz de manter as 〈Feras
Mágicas〉 afastadas. E na realidade, havia um mineral chamado [Cristal
Faeadren] que possuía esse efeito no |Mar de Árvores|. O cristal só tornava
difícil para as 〈Feras Mágicas〉 se aproximarem, mas havia uma possibilidade
de que itens ainda mais fortes existissem.

Assim, o [Veículo de Quatro Rodas] se aproximou do homem caído. A pessoa


vestia roupas que eram parecidas com uma galabeya[4] (roupa egípcia) e
usava um capuz que era grande o bastante para esconder seu rosto. Seu rosto
não podia ser visto. Caindo de bruços, o capuz o escondia.

Saindo do [Veículo de Quatro Rodas], Kaori correu com pequenos passos em


direção a pessoa caída.

(Kaori): “!!! Isto é…”

Quando o capuz foi retirado, o rosto de um homem podia ser visto, um rosto
jovem que ainda estava na metade de seus vinte anos. Contudo, o que
surpreendeu Kaori não foi nada além do estado do jovem homem. Com uma
expressão angustiada, ele estava encharcado de suor, sua respiração estava
irregular e seu pulso estava rápido.

Ele gerava um intenso calor por todo o seu corpo que podia ser sentido mesmo
através de suas roupas. Além disso, veias de sangue podiam ser vistas como
se elas estivessem sendo pressionadas de dentro de seu corpo e ele estava
sangrando de seus olhos e nariz. Era obviamente uma situação anormal. Não
era nem insolação nem algum tipo de resfriado.

Hajime ficou cauteloso com o jovem homem que parecia estar portando um
vírus, mas ele decidiu ficar em silêncio e observar enquanto a especialista em
cura o examinava. Kaori ativou ‖Infiltrar e Examinar‖. Usando |Poder
Mágico⟩ para se infiltrar no corpo de outra pessoa, ela podia examinar o estado
do alvo e o resultado poderia ser visto em sua [Placa de Status].
Com uma mão colocada no peito do jovem homem, a outra mão de Kaori
estava segurando sua [Placa de Status] onde o resultado do exame foi
exibido. O resultado foi…

(Kaori): “… |Poder Mágico⟩ fora de controle? Isso significa que o |Poder


Mágico⟩ dentro do corpo dele está fora de controle por causa de veneno?”

(Hajime): “Kaori? Você descobriu algo?”

(Kaori): “Y-yeah, mas isto…”

Dizendo isso, Kaori mostrou o que estava exibido em sua [Placa de Status]...

CONDIÇÃO
Excessiva liberação de |Poder Mágico⟩, incapaz de liberá-lo para fora.
SINTOMA
Febre, consciência confusa, dor no corpo inteiro, ruptura dos vasos sanguíneos e he
CAUSA
Anormalidade nos fluidos corporais.

(Kaori): “É só o meu palpite, mas ele deve ter bebido algo que resultou em
seu |Poder Mágico⟩ ficando descontrolado... além disso, como ele não pode
ser liberado, seu |Poder Mágico⟩ está pressionando o interior de seu corpo e
seu corpo não pode suportar isso... se isto continuar, seus órgãos internos e
vasos sanguíneos vão explodir. Também é possível que ele fique enfraquecido
e morra devido à enorme quantidade de hemorragia... eu estou solicitando uma
bênção neste lugar, ‖Dez Mil Céus‖”

Concluindo assim, Kaori entoou sua ‖Magia de Cura‖. ‖Dez Mil Céus‖ foi o
que ela ativou. Era uma das ‖Magias de Cura‖ de nível intermediário com o
efeito de curar condições anormais. Era a magia usada para desfazer a
petrificação de Suzu.
Contudo...

(Kaori): “… quase não houve mudanças... por quê? Para essa magia ser
incapaz de curá-lo... isso quer dizer que muito tempo se passou?”

Aparentemente, ‖Dez Mil Céus‖ não poderia curar o homem, ela só poderia
adiar a progressão. Em seguida, talvez porque a pressão dentro de seu corpo,
o jovem homem gemeu de dor. Seu sangramento não parou. No momento,
como ela não tinha nenhum método de tratamento claro, Kaori apertou seus
dentes e decidiu usar sua medida de emergência.

(Kaori): "Aqui eu declaro a luz da graça, aqui é meu reino, meu santuário que
esmaga todo o mal conforme a minha vontade, ‖Solo Sagrado‖"

‖Magia de Cura‖ de alto nível do atributo da luz, ‖Solo Sagrado‖. Era uma
magia que transferia o |Poder Mágico⟩ entre as pessoas dentro da área.
Basicamente, ao transferir o |Poder Mágico⟩ da pessoa para um companheiro,
essa pessoa iria temporariamente escapar do esgotamento de |Poder
Mágico⟩. Era uma magia que visava reforçar o alvo se ele/ela não
tivesse |Poder Mágico⟩ suficiente para lançar uma magia poderosa.

Além disso, a magia não se limitava ao |Poder Mágico⟩ do usuário, então ela
poderia transferir à força o |Poder Mágico⟩ de outra pessoa dentro da área de
alcance. Ela possuía o mesmo princípio do ‖Drenar Magia‖. Contudo, ela
precisava de muito mais tempo para extrair o |Poder Mágico⟩ de outra pessoa
e era impossível extrair muito de uma vez. Este era o motivo para ela ser
apenas uma "magia de alto nível"

Em primeiro lugar, isso só se tornou prático porque Kaori era capaz de ativar
magia que originalmente precisaria de dez versos com apenas três versos de
encantamento. Isso mostrava o quão capaz Kaori era.

A razão para ela usar esta magia no jovem homem sofrendo era obviamente
para liberar o |Poder Mágico⟩ fora de controle que estava criando pressão
dentro do corpo dele em direção ao exterior. Foi exibido na [Placa de
Status] que o homem estava em um estado onde ele "não podia liberar |Poder
Mágico⟩ para fora de seu corpo", assim ela decidiu testar "se" isso poderia ser
resolvido ao drenar à força dele usando magia de alto nível.

A luz branca pura se expandiu do centro do corpo do homem e luzes fugazes


em forma de vagalumes se espalharam. Era uma cena misteriosa. Com seus
olhos fechados, a aparência de Kaori, que colocou sua mão no peito do jovem
homem enquanto se concentrava e era envolvida pela luz efêmera, era divina.

Kaori, quem facilmente ativou a magia de alto nível, fez com que as outras
versadas em magia, Yue e Tio, involuntariamente soltassem vozes de
admiração. Enquanto era segurada por Shia, Myuu observava Kaori com uma
expressão encantada e murmurou, "Lindo...".

Sem notar que suas novas companheiras ao seu redor estavam soltando vozes
de admiração, Kaori colocou o |Poder Mágico⟩ extraído do homem no
bracelete feito de [Cristal Divino] que ela recebeu de Hajime. Aparentemente,
a força drenada pela magia de alto nível foi efetiva.

A propósito, o motivo para o item não ser um anel foi porque Hajime não queria
repetir o mal-entendido do passado[5].

Gradualmente, a respiração do jovem homem ficou estável. A vermelhidão em


seu corpo também desapareceu assim como o sangramento também foi
interrompido. Depois de desativar ‖Solo Sagrado‖, Kaori ativou uma ‖Magia
de Cura‖ de nível iniciante, ‖Bênção‖, que curou os vasos sanguíneos do
homem.

(Kaori): “Por enquanto... eu não acho que isso terá um efeito imediato já que
não vejo nenhuma solução real para isso. Também há a possibilidade de uma
morte lenta com a extração de |Poder Mágico⟩, então eu só extrai até o nível
onde a pressão dentro do corpo dele diminuísse. Se isto continuar, eu acho
que a possibilidade de uma morte lenta devido a pressão de dentro de seu
corpo ou da fadiga é... elevada. Eu também não me lembro de tal sintoma de
quando estava estudando... Yue e Tio sabem algo sobre isso?”
Com o jovem homem fora de risco, Kaori estava um pouco aliviada, mas
preocupada por não ser capaz de curá-lo completamente. Assim, ela perguntou
a Yue e Tio cujo conhecimento era vasto. Os olhares das duas vagaram como
se estivessem procurando algo dentro de suas memórias, mas não havia
nenhuma resposta. No fim, essa se tornou uma situação onde eles não
poderiam nem mesmo dizer se era uma doença com uma causa desconhecida.

(Hajime): “Kaori, só por segurança, tente nos examinar também. Afinal,


também existe a possibilidade de que essa seja uma doença desconhecida que
se espalha através de infecção pelo ar. Bom, não há necessidade de se
preocupar se for apenas |Poder Mágico⟩ fora de controle”

(Kaori): “Un, você tem razão”

Concordando com as palavras de Hajime, Kaori examinou a todos e não


encontrou nenhuma anormalidade. Dessa forma, como parecia que isso não
infectou ninguém pela respiração, o grupo de Hajime colocou suas mãos nos
peitos aliviados.

Quando eles fizeram isso, o jovem homem soltou um gemido e suas pálpebras
tremeram. Assim, ele acordou. Lentamente abrindo seus olhos e então olhando
ao seu redor, o jovem homem viu Kaori por perto, o observando com
preocupação e disse, "Deusa? Entendo, então este é o pós-vida…”.

Em seguida, o homem começou a se animar por um motivo diferente e tentou


encostar em Kaori apenas para ter seu estômago pisoteado por Hajime, que
não escondia sua irritação pelos já irritantes calor e areia.

(Homem): “Ufffph!?”

(Kaori): “H-Hajime-kun!?”

Olhando de lado o homem gemendo, cujo corpo se curvou em um "<", e Kaori,


que soltou uma voz surpresa, Hajime começou a questioná-lo.
Hajime sabia que a roupa parecida com galabeya e o sobretudo vestido pelo
jovem homem eram uma especialidade do |Ducado[6] de Ancadi| que estava
localizado no maior oásis do |Grande Deserto Guruyuen|. Ele estudou isso
como forma de escapar da realidade na época em que ele era chamado de
"incompetente". Se o jovem homem dissesse que um tipo de doença estava se
espalhando em |Ancadi|, eles teriam que mudar seu destino devido ao atual
estar em uma zona de perigo. Assim ele perguntou ao jovem homem.

Recuperando seus sentidos depois de ser pisoteado por Hajime, o homem nem
mesmo olhou para o grupo de Hajime o cercando e encarou o objeto negro,
piscando confuso. Depois de ouvir sobre as circunstâncias de Kaori e entender
que o grupo de Hajime era seu benfeitor, ele curvou sua cabeça, os agradeceu
e começou sua história.

Ouvindo a história do homem, "Aqueles Deuses estão nos pregando uma


peça?", Hajime estava olhando para o céu questionando o porquê os
problemas sempre os seguirem onde quer que eles fossem.

Notas

[1] Referência a Mobile Suit Gundam 00, a sétima versão da saga Gundam,
produzida pelo estúdio Sunrise.

[2] Um Drive de Núcleo Gundam (GN Drive em inglês) é um poderoso sistema


de energia utilizado em Mobile Suit Gundam 00 e criado para dar uma
significativa vantagem em combate para um Mobile Suit.

[3] Uma Minhoca de Areia (Sandworm em inglês) é uma criatura fictícia que
aparece no universo dos livros Duna, escrito por Frank Herbert. Minhocas de
Areia são criaturas colossais parecidas com minhocas que vivem no planeta
desértico Arrakis. Arrakis é a única fonte conhecida no universo da Melange,
uma droga apreciada por suas propriedades medicinais e psicotrópicas. Os
depósitos de Melange são encontrados nos mares de areia de Arrakis, onde as
Minhocas de Areia vivem e caçam.
[4] O jellabiya, ou galabeya, é uma roupa tradicional no Egito dos nativos do
Vale do Nilo. O mesmo termo é usado para se referir as roupas tradicionais
sudanesas e eritreias, mas ambas têm aparências diferentes das populares
vestimentas egípcias que são usadas por homens e mulheres e são muito mais
coloridas.

[5] Hajime está se referindo aos eventos do capítulo 024, quando ele deu a Yue
alguns cristais mágicos para ela abastecer seu Poder Mágico e ela pensou que
isso era um pedido de casamento.

[6] Um ducado é um território, feudo, ou domínio governado por um Duque ou


Duquesa. Alguns ducados foram soberanos em áreas que seriam reinos
unificados somente durante a era moderna (como Alemanha e Itália). Em
contrapartida, outros distritos foram subordinados desses reinos que
unificaram, total ou parcialmente durante a era medieval (como Inglaterra,
França e Espanha).

Capítulo 84: O Ducado de Ancadi

Graças a sua condição peculiar de antes, o jovem homem, apesar de ter


recuperado a consciência, não poderia se levantar. Além disso, com o perigo
da desidratação, devido a temperatura do deserto e seu suor considerável, o
homem foi convidado para o interior do veículo e recebeu permissão para
beber um pouco de água lá dentro.

O jovem homem foi forçado a reconhecer que o [Veículo de Quatro


Rodas] era algum tipo de carruagem, e ele sentiu vertigem com o conforto do
interior do veículo. Contudo, quando ele se lembrou que não poderia concluir
sua missão se ele parasse no meio do caminho, ele se recompôs como se não
houvesse tempo para apreciar tamanho luxo, assim, ele se apresentou para o
grupo de Hajime, quem o salvou.

(Homem): “Primeiramente, permitam-me agradecer por sua ajuda. Muito


obrigado. Quando eu pensei que fosse morrer neste estado... |Ancadi| estaria
condenado. Meu nome é Viz Fuad Zengain. Filho do governante do |Ducado
de Ancadi|, Randzi Fuad Zengain”

Surpreendentemente, o jovem homem chamado Viz era uma pessoa


importante. O próprio |Ancadi| era um ponto-chave no transporte de produtos
marinhos, então o frescor não iria cair tanto de |Elisen|, onde 80% dos
produtos marinhos eram produzidos nessa parte Norte do continente. Em
outras palavras, ao ser o principal fornecedor de comida da parte Norte do
continente, |Ancadi| possuía o monopólio[1]. O próprio governante
de |Ancadi| não era apenas um nobre renomado, mas um grande nobre que
tinha a confiança do |Reino Haihiri|.

Escutando que a identidade de Kaori era a de uma ⟦Apóstola de Deus⟧ e uma


pessoa que foi invocada de um mundo diferente, além da forma como o grupo
de Hajime era formado por Aventureiros Rank ⟦Ouro⟧, Viz ficou tão espantado
que seus olhos se arregalaram. Assim, ele pensou, "Isto é um comando de
Deus!? Até uma Deusa foi enviada para nós!", e ele subitamente orou aos
céus. Neste caso, a Deusa, Kaori, ficou aturdida com ele. Hajime o apressou
para dizer a eles sobre a situação enquanto liberava uma pequena ‖Pressão‖,
fazendo Viz limpar a garganta e começar a falar enquanto ficava ensopado por
suor gelado.

O que Viz disse a eles foi...

Quatro dias atrás, pessoas desmaiando com uma febre alta de causa
desconhecida começaram a aparecer uma após a outra em |Ancadi|. Isso foi
realmente súbito, com 3.000 pessoas da população de 270.000 ficando
inconscientes no primeiro dia, e aqueles com sintomas parecidos chegando a
20.000 pessoas. O centro médico ficou lotado instantaneamente, e a situação
continuou até lotar o centro comunitário. Os funcionários estavam tratando os
pacientes enquanto investigavam a causa da doença, porém, assim como
Kaori, eles só podiam adiar o progresso sem encontrar uma cura.

Enquanto isso acontecia, o número de pacientes continuou a aumentar sem


parar. Em pouco tempo, funcionários infectados começaram a aparecer. O
número superou em muito a quantidade de usuários de magia capaz de atrasar
a doença, e, diante de tal caos, morte finalmente apareceu entre aqueles que
não recebiam o tratamento. Desespero envolveu o povo devido ao fato de
pessoas morrerem logo no segundo dia em que elas foram infectadas.

No meio de tudo isto, um ⌈Farmacêutico⌋[2] acidentalmente usou ‖Examinar


Líquido‖ na água de consumo. Consequentemente, descobriu se que a água
continha veneno, o que resultava no descontrole do |Poder Mágico⟩.
Imediatamente, uma equipe de inspeção foi formada. Eles examinaram o oásis
de |Ancadi| enquanto assumiam a pior situação em suas mentes, e, como eles
imaginaram, o oásis estava contaminado.

Naturalmente, um oásis é a salvação para um país localizado no meio de um


deserto, desse modo, a proteção e manutenção eram controladas
rigorosamente pelos responsáveis. Pensando nisso normalmente, não seria
exagero dizer que era impossível se livrar dos guardas de |Ancadi| e
envenenar o oásis mesmo com todas as medidas preparadas.

De onde, como, quem... a equipe de inspeção só poderia inclinar suas


cabeças, mas, mais importante ainda, como o estoque de água de dois dias
atrás não era abundante, eles não tinham mais água para usar. Assim, o
resultado foi eles ficarem sem formas de salvar aqueles que foram infectados
por beberem a água contaminada.

Contudo, não era como se não houvesse nenhum outro método... havia uma
forma de curar esses infectados. O método requeria um mineral
chamado [Pedra Serena]. Esta [Pedra Serena] era um mineral especial que
possuía o efeito de acalmar a atividade do |Poder Mágico⟩ e uma pequena
quantidade deste valioso mineral poderia ser encontrada na zona rochosa do
Norte, perto do |Grande Vulcão Guruyuen|. Se a [Pedra Serena] fosse
transformada em pó e ingerida, ela seria capaz de acalmar o desequilíbrio
de |Poder Mágico⟩ dentro dos corpos dos infectados.

Mesmo assim, a zona rochosa do Norte era tão distante que era necessário
pelo menos um mês de viagem usando uma carruagem. Aliás, os Aventureiros
de |Ancadi|, especialmente aqueles capazes de entrar
no |Calabouço| do |Grande Vulcão Guruyuen|, coletar a [Pedra Serena] e
voltar, já tinham se tornado vítimas da doença. Aventureiros incompetentes não
poderiam nem mesmo atravessar a tempestade do deserto que envolvia
o |Grande Vulcão Guruyuen|. Além disso, mesmo que houvesse pessoas com
poder para fazer isso, eles também não tinham nenhum estoque de água
segura para se usar, então era necessário pedir ajuda do |Reino|.

A ajuda pediria por água que pudesse temporariamente atender 270.000


pessoas no |Ducado de Ancadi|, além de pessoas poderosas capazes de
entrar no |Calabouço| do |Grande Vulcão Guruyuen|. Contudo, não era fácil
encontrar pessoas poderosas que pudessem fazer isso. Mesmo que o pedido
do |Ducado| pudesse não ser atendido, o |Reino| iria pelo menos escolher
investigar a atual condição de |Ancadi| primeiro. Além disso, o |Reino| também
iria deliberadamente deixar os procedimentos o mais lento possível.

Dessa forma, Zengain, a pessoa no poder, pensou que era necessário que Viz
fosse o representante e pedisse diretamente por reforços.

(Viz): “Meu pai, minha mãe e minha irmã mais nova também foram infectados,
e apesar de eles conseguirem se recuperar usando o estoque de [Pedra
Serena] em |Ancadi|, eles estavam em uma condição realmente enfraquecida
que eles eram incapazes de ir para a cidade mais próxima, quanto mais para
o |Reino|.

Foi por isso que eu fui o escolhido para pedir ajuda e deixei |Ancadi| ontem
junto com guarda-costas. Naquele momento, eu não tinha nenhum sintoma...
mas eu posso ter sido infectado. A aparição da doença parece diferir
dependendo do indivíduo. Eu fiquei agitado com esta situação... minha família
ficando doente, o |Ducado| caindo em desordem, e como nós discutimos quem
iria pedir por resgate imediatamente. Também era necessário obter a [Pedra
Serena]. E mesmo agora, as vidas do povo de |Ancadi| estão
desaparecendo... mas eu estou nessa condição miserável!”
Mesmo que ele não pudesse colocar força em seu corpo, Viz fechou seu punho
e atingiu sua coxa. Ele parecia ter um grande senso de responsabilidade por
seu povo como o próximo líder de |Ancadi|. Ele também devia estar aflito pela
forma como seus guarda-costas foram aniquilados quando as 〈Minhocas de
Areia〉 atacaram.

No entanto, foi muita sorte as 〈Minhocas de Areia〉 hesitarem em devorá-lo ao


sentirem a doença. Embora ele estivesse exausto por culpa da doença, isso
também fez com que as 〈Minhocas de Areia〉 não o atacassem e,
consequentemente, ele foi encontrado pelo grupo de Hajime. A vida é onde o
indivíduo é incapaz de saber o que irá acontecer a seguir.

(Viz): “… eu quero que vocês, não, eu peço a vocês, como um representante


do Senhor do |Ducado de Ancadi|. Por favor, me emprestem sua força”

Dizendo isso, Viz curvou sua cabeça. Silêncio preencheu o veículo por um
tempo. O som da areia carregada pelo vento e atingindo as janelas ressoou
intensamente. O próprio Viz sabia que, como o representante do Duque[3], ele
não deveria facilmente curvar sua cabeça para outra pessoa, mas ele estava
muito desesperado para deixar escapar tamanha boa sorte.

Todos os olhares se voltaram para Hajime. Embora elas deixassem a decisão


para Hajime, todos os olhares, exceto os de Yue e Tio, estavam obviamente o
dizendo que elas queriam ajudá-lo. Especialmente Kaori; ela não poderia
ignorar tal situação como uma ⌈Curandeira⌋. Seu olhar estava o suplicando.
Entretanto, Myuu foi mais direta.

(Myuu): “Papaiiii. Papai não vai ajudar ele?”

Ela disse enquanto o olhava com um olhar realmente puro. Ela parecia
acreditar incondicionalmente que Hajime poderia resolver qualquer tipo de
problema. Para Myuu, Hajime era seu primeiro e único herói. Para Myuu, e o
olhar de expectativa de Kaori, "Não há o que fazer", Hajime encolheu seus
ombros com um sentimento irônico.
“Fufu”, Shia e Tio riram de Hajime. Hajime imediatamente olhou por sobre seu
ombro para Yue, e Yue estava... exatamente como sempre. Não importava
qual fosse a decisão de Hajime, ela iria lhe emprestar todo o seu poder. Mesmo
sem palavras, os sentimentos de Yue foram claramente transmitidos para ele.
Hajime acariciou a bochecha de Yue, e transmitiu seu consentimento a Viz
para atender o pedido.

Em primeiro lugar, ele planejava ir para o |Grande Vulcão Guruyuen|, e ele


pensou em confiar Myuu a |Ancadi| nesse momento. Afinal, não seria certo
levar uma criança de quatro anos de idade para um |Grande Calabouço|.
Dessa forma, eles não viam nenhum problema em coletar a [Pedra
Serena] enquanto conquistavam o |Calabouço|, e não havia perigo para Myuu,
uma criança ⌊Demi-Humana⌋, já que a fonte da doença que causava
desequilíbrio no |Poder Mágico⟩ era conhecida. No fim, esse era um problema
que Hajime poderia resolver enquanto completava seu próprio objetivo.

(Viz): “Com Hajime-dono sendo um ⟦Ouro⟧, eu queria que vocês


coletassem [Pedra Serena] do |Grande Vulcão|, mas é necessário ir para
a |Capital Real| primeiro para garantir nossa água. Este Artefato de movimento
pode ser usado por alguma outra pessoa além de Hajime-dono?”

(Hajime): “Bem, exceto Kaori e Myuu, todas podem usá-lo, mas... não há
necessidade de percorrer todo o caminho até a |Capital Real|. Eu vou dar um
jeito de garantir a água, então eu quero ir para |Ancadi| primeiro, o que você
acha?”

(Viz): “Hajime-dono pode de alguma forma assegurar isso? O que isso


significa?”

As palavras de que Hajime era capaz de garantir a água para centenas de


milhares de pessoas deixaram Viz com dúvidas, e era natural que ele
duvidasse disso. Entretanto, mesmo sem transportá-la, Hajime tinha um
método para obter água. Coletar a umidade na atmosfera usando ‖Magia de
Água‖.
É claro que isso seria impossível para um usuário de magia comum, mas a seu
lado estava o raro gênio em magia, Yue. Além disso, Yue tinha várias formas
de recuperar instantaneamente seu |Poder Mágico⟩. Aliás, Viz ou Randzi ainda
teriam tempo o suficiente para ir para o |Reino| pedir por ajuda se eles
recuperassem sua condição física e usassem as [Pedras Serenas] restantes
em |Ancadi|.

Depois de explicar rapidamente isso, Viz não pôde acreditar no início. Afinal, as
chances eram extremamente baixas para ele chegar no |Reino| em sua atual
condição, mas ele concordou em voltar para |Ancadi| depois de ser persuadido
por Kaori, uma ⟦Apóstola de Deus⟧.

Enquanto era surpreendido mais uma vez com o [Veículo de Quatro


Rodas] se movendo em alta velocidade como se estivesse deslizando pelo
deserto, Viz se perguntou o porquê uma ⟦Apóstola de Deus⟧ como Kaori estar
sozinha acompanhada por Aventureiros; por que uma criança da tribo
dos ⌊Habitantes do Mar⌋ chamava Hajime, um humano, de Papai; por que eles
se davam bem com alguém da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋; por que uma
mulher exuberante de cabelo preto ficava com um sorriso repugnante apesar
de sofrer abusos? Porém, o peito dele estava aquecido pela esperança que
apareceu diante de seus olhos.

Dentro da areia marrom esvoaçante, o |Ancadi| em que eles chegaram, assim


como a |Cidade Comercial Neutra de Fhuren|, era cercado por muros, e um
da cor do leite no caso. O muro exterior e as construções eram brancas como
leite, o que criava um belo contraste com o mundo exterior colorido de marrom.

Contudo, o que diferia em relação a |Fhuren| eram os pilares de luz vindo da


parede circundante de formato irregular e que subiam em direção aos céus. Os
pilares de luz se reuniam no céu, formando um domo gigantesco,
cobrindo |Ancadi| por completo. Às vezes, era como a superfície da água
quando algo era jogado nela; ondulações apareciam, criando um espetáculo
misterioso e lindo.
Aparentemente, este domo prevenia a areia de entrar na cidade. E apesar da
enorme tempestade de areia algumas vezes aparecendo com a lua cheia, o
domo impedia que a areia entrasse em |Ancadi| e parecia apenas como um
dia nublado do lado de dentro.

O grupo de Hajime entrou em |Ancadi| pelo enorme portão brilhante. Até


uma ‖Barreira Mágica‖ foi criada no portão para não permitir que a areia
entrasse. Os guardas do portão, apesar de estarem surpresos ao verem
o [Veículo Mágico de Quatro Rodas], não tinham energia para questionar a
situação por causa da atmosfera sombria cercando |Ancadi|; eles pareciam ter
desistido. Contudo, quando eles notaram o próximo Duque sentado no banco
de trás do [Veículo de Quatro Rodas], eles se levantaram em atenção,
parecendo recuperar suas energias como Soldados.

O portão de entrada de |Ancadi| estava localizado em uma elevação maior. Ele


parecia ter sido construído para permitir que os visitantes apreciassem a beleza
de |Ancadi|.

O grupo de Hajime estava certamente admirando essa beleza. O oásis no


Leste estava cintilando enquanto refletia a luz do Sol, e muita vegetação verde
deslumbrante crescia, o cercando. A água do oásis estava fluindo para dentro
da cidade como rios e havia pequenos barcos ancorados aqui e ali mesmo que
eles estivessem no meio do deserto. Praças verdes exuberantes estavam
posicionadas ao redor da cidade, o que fazia os visitantes entenderem o quão
espaçosa a cidade é.

No Norte estava a terra agrícola. Para provar a história da abundância


de |Ancadi| na produção de frutas, Hajime podia ver grandes quantidades de
frutas crescendo tão longe quanto a ‖Visão de Longo Alcance‖ avistava. No
lado Oeste havia um prédio grande em forma de palácio com uma cor branca
pura diferente dos outros edifícios que eram brancos como leite. A imponência
e a escala faziam qualquer um entender que esta era a residência do Duque.
Os edifícios com aparência grosseira estavam alinhados ao redor do palácio
provavelmente formavam a ala governamental.
Enquanto era uma nação desértica, essa também era a capital da água... esse
era o |Ducado de Ancadi|.

Normalmente, este lugar estaria animadamente negociando frutas já que essa


era a última parada até |Elisen|. Além disso, esse era um local popular para
passeios turísticos e deveria estar tomado de animação e clamor. Mas agora,
ele estava coberto por uma atmosfera sombria. Havia poucas pessoas na rua e
nenhuma loja estava aberta. Todas as portas estavam firmemente fechadas,
como se silenciosamente esperassem que a tempestade passasse,
escondidas. O silêncio governava a cidade.

(Viz): “… eu queria mostrar nosso país repleto de energia para a


Senhorita ⟦Apóstola⟧ e Hajime-dono. Infelizmente, não temos tempo para isso.
Então, deixem-me guiá-los por aqui assim que tudo se resolver. Por enquanto,
vamos até meu pai. Ele está no palácio”

O grupo concordou com as palavras de Viz, e eles avançaram com o oásis


como plano de fundo.

(Viz): “Pai!”

(Duque): “Viz! Você, qu-... não, espere, o que aconteceu com você!?”

Entrando no palácio usando o rosto de Viz como passe, o grupo de Hajime


entrou no escritório do Duque, Randzi. Eles ouviram que o Duque estava muito
enfraquecido, mas, aparentemente, ele usou ‖Magia de Cura‖ e alguns
remédios, e agora estava trabalhando com vigor.

Randzi estava surpreso que seu filho, que partiu para a |Capital Real| para
pedir ajuda, retornou. Exatamente como os funcionários dentro do palácio,
Randzi ficou com olhos arregalados ao ver o estado de seu filho.

Não era de se estranhar. Afinal, Viz estava flutuando no ar no momento.


Mais precisamente, ele estava em uma posição como se estivesse caindo de
bruços enquanto era carregado por uma [Broca de Cruz] no meio do ar. Viz
estava muito fraco, e apesar da ‖Magia de Cura‖ de Kaori ajudá-lo a manter
sua consciência, ele não poderia caminhar sozinho. Quando Kaori não pôde
mais aguentar isso e tentou ajudar, "Ah, ⟦Apóstola⟧-sama, por mim...", Viz
corou e começou a observar Kaori com olhos marejados. Assim, Hajime fez
a [Broca de Cruz] o carregar a força.

A propósito, isso fez parecer que Hajime estava com ciúmes. Pensando assim,
as bochechas de Kaori ficaram vermelhas e ela espiou Hajime, mas era
simplesmente porque ele não queria criar outro Kouki ou Hiyama.

Apesar de eles estar com uma aparência tão miserável, se agarrando


na [Broca de Cruz], Viz rapidamente terminou de se explicar para seu pai.
Enquanto a conversa avançava, uma pessoa que parecia ser um mordomo
apareceu trazendo a forma em pó da [Pedra Serena], o que Viz bebeu, pois
ele ainda estava sendo tratado com a ‖Magia de Cura‖ de Kaori. Assim, ele foi
curado como se não houvesse nenhum obstáculo que o impedisse de se
recuperar.

Mesmo assim, isso era apenas uma sensação; a toxina ainda estava dentro de
seu fluido corporal. Esse era simplesmente o efeito da [Pedra Serena] fazendo
seu trabalho. A toxina estava misturada com o fluido corporal dele, então havia
a possibilidade de ela ser excretada, mas não havia mais nada que pudesse
ser feito.

(Hajime): “Muito bem, nós devemos prosseguir. Kaori, você vai com Shia para
o centro médico onde estão os pacientes. Leve o [Conjunto de Cristais
Mágicos]. O resto de nós vai garantir a água. Duque, há um espaço aberto
com cerca de 200 metros de todos os lados?”

(Randzi): “Hmm? Um, apesar de haver um na área de cultivo…”

(Hajime): “Então, excluindo Kaori e Shia, nós vamos para lá. Shia, você deve ir
até Yue se o [Conjunto de Cristais Mágicos] ficar completamente cheio”
Hajime proferiu instruções para todas as integrantes. O que o grupo de Hajime
precisava fazer era simples. Assim como no caso de Viz, Kaori usaria o ‖Solo
Sagrado‖ para extrair |Poder Mágico⟩ dos pacientes pouco a pouco e
atrasaria o progresso da doença usando ‖Dez Mil Céus‖. O |Poder
Mágico⟩ extraído seria estocado dentro do [Conjunto de Cristais Mágicos].
Então, os cristais seriam levados e usados por Yue para criar água assim que
eles estivessem carregados.

Depois de ele ajudar Yue a criar um reservatório, Hajime iria em direção ao


oásis. Ele iria investigar a causa. Ele iria resolver tudo se ele descobrisse a
causa, porém, no caso contrário, ele apenas seguiria para o |Grande Vulcão
Guruyuen|. Era esse o seu plano.

Todas concordaram vigorosamente com as instruções de Hajime.

Atualmente, o Duque, Randzi, os guardas e seus assistentes foram para um


canto da área de cultivo na parte Norte de |Ancadi|, seguidos por Hajime, Yue,
Tio e Myuu. A planície tinha quase três vezes mais do que 200 metros em cada
um de seus quatro lados. Normalmente, esse era o lugar reservado a uma
certa plantação, mas agora era seu período de repouso[4].

No momento, o hesitante Randzi estava encarando com raiva o grupo de


Hajime, expressando que se não fosse pela situação de emergência, eles
teriam recebido a pena capital. Embora ele realmente quisesse garantir água, o
senso comum o dizia que o plano de Hajime era impossível, assim não havia
como evitar que Randzi o encarasse.

Entretanto, seu olhar de suspeita se transformou instantaneamente em um de


assombro depois que Yue usou sua magia.

(Yue): “‖Destruidor de Ameaças‖”

Um orbe negro rodopiante imediatamente apareceu acima da terra agrícola


para onde sua mão direita estava esticada. Esse orbe mudou sua forma acima
do solo arável, se tornando um fino quadrado que se esticou horizontalmente e
esse quadrado já estava com cerca de 200 metros de comprimento. Assim,
depois de um momento estagnado, ele caiu no chão sem fazer nenhum som e
casualmente esmagou o solo.

O chão afundou devido a tremenda pressão e a terra tremeu. Era como se o


próprio solo estivesse gritando. Depois de um momento, a fazenda com 200
metros de comprimento de todos os lados, que recebeu a pressão da super
gravidade, formou um enorme reservatório com cinco metros de profundidade.

Hajime deu uma espiada em Randzi e seus subordinados, e cada um deles


estava com a boca aberta o máximo que suas mandíbulas permitiam. Seus
olhos arregalados pareciam saltar. O impacto foi tão forte que eles ficaram sem
palavras, todos eles estavam gritando, "Huwwhuuattt!?", em suas mentes.

Ativando a ‖Magia da Era dos Deuses‖ com metade de sua potência, "Fuu",
Yue exalou. Embora seu |Poder Mágico⟩ estive exausto por subitamente
consumir uma enorme quantidade de magia, sua expressão não mudou já que
ela só sentia um pouco de cansaço.

Apesar de estar tudo bem para ela usar a magia armazenada dentro
do [Conjunto de Cristais Mágicos] exatamente como na batalha em |Ur|, ela
pensou em manter o |Poder Mágico⟩ dentro dos cristais o máximo possível
porque eles iam desafiar o |Grande Vulcão Guruyuen| após isso. Além disso,
como eles não estavam em uma batalha, Hajime usou o outro método de Yue
para reabastecer seu |Poder Mágico⟩.

O corpo de Yue estava balançando como se ela estivesse a ponto de cair, mas
ela mostrou que não precisava de ajuda. Isso era algo que ela queria fazer,
então ela não queria cair por causa disto. Eventualmente, com um baque, o
corpo de Yue se inclinou no braço de Hajime.

Atrás dela, Hajime abraçava Yue e a ergueu um pouco. Desta vez, ele estava a
abraçando pela frente. Yue estava sorrindo contente, e respondeu ao abraço
dele ao envolver seus braços no pescoço de Hajime.
Seguido disso, "... obrigada pela refeição". Então ela mordeu o pescoço de
Hajime.

] MORDIDA! CHUUUU [

Sangue fluiu do corpo de Hajime. Yue, desatentamente, com olhos marejados,


estava lambendo o pescoço de Hajime múltiplas vezes. A amorosidade de Yue,
apesar de sua aparência, aumentou ainda mais quando ela sugou o sangue de
Hajime. Isso faria alguém pensar que feromônios estavam sendo emitidos de
todo o corpo dela, transformando a atmosfera em uma provocante.

(Yue): "Nh, ah, chu, chu, fuu".

A cena de uma linda garotinha usando sua língua para lamber a nuca de
Hajime enquanto soltava pequenos e sensuais sons de arquejo, fez com que
todos esquecessem de perguntar a raça de Yue, quando, pensando
normalmente, ela seria na verdade uma odiosa chupadora de sangue. Os
homens ao redor estavam relaxando. Apenas o Duque, como esperado de um
Lorde, se recuperou de seu espanto e encarou irritado o grupo de Hajime.
Muitas coisas estavam se passando dentro de sua cabeça. Ele pensou que
eles eram um pouco arrogantes demais, ele pensou em assuntos sérios e seus
olhos ficaram vermelhos.

A propósito, embora Tio também quisesse exibir sua perversão, ela estava
tapando por completo os olhos de Myuu porque ainda era muito cedo para a
garota ver essa cena, enquanto a própria mulher ficava excitada. “Myuu não
pode veeeer”, Myuu se queixou apenas para ser abraçado por trás e não pôde
resistir já que sua cabeça estava sendo envolvida por peitos muito maiores do
que os de Shia.

Convertendo o sangue de Hajime em |Poder Mágico⟩ ao usar a ‖Conversão


de Sangue‖, Yue silenciosamente se separou do pescoço de Hajime depois de
lambê-lo mais uma vez. Então, ela beijou os lábios de Hajime. Hajime e Yue
estavam olhando um para o outro com olhares ardentes e, "Ahem!", isso
acabou com tossidos. Eles vinham de Randzi, o Duque, e os homens que
estavam relaxando. Pensando que eles tinham exagerado, Hajime e Yue
mostraram sorrisos sem graça... então eles se viraram e começaram a se beijar
de novo.

(Randzi): “Não, não, não, vocês devem fazer isso onde não podemos ver... eu
também tenho vários palpites sobre aquela cena, a chupadora de sangue, mas
por ora, eu quero que vocês façam aquilo que vocês deveriam fazer... ou
melhor, não deveriam ser vocês as pessoas que mais entendem isso!?”

A objeção do Duque fez Hajime e Yue encolherem seus ombros


relutantemente, olhando de soslaio para Randzi e os outros, que estavam
irritados com os gestos dos dois, o casal começou seu trabalho.

Hajime foi até o reservatório e retirou o [Veículo de Quatro Rodas] da [Caixa


do Tesouro]. Usando a função de nivelamento de terreno instalada no veículo,
ele usou a ‖Separação de Mineral‖ e revestiu a superfície do reservatório com
metal, assim a água não poderia ser absorvida. Depois de Hajime voltar
quando ele terminou o revestimento, Yue esticou seu braço e usou ‖Magia de
Água‖ no reservatório.

(Yue): “‖Onda de Fissura‖”

Essa era uma das ‖Magias de Água‖ de alto nível que criava uma onda
enorme para esmagar os inimigos. Para um usuário de magia comum, apesar
de chamá-la de onda gigante, ela só seria um tsunami com cerca de dez a
vinte metros. Contudo, o número mudou assim que Yue a usou. Um tsunami
com 150 metros de largura e 100 metros de altura foi criado, imediatamente
fluindo para dentro do reservatório. No meio disso, ela chupou o sangue de
Hajime várias vezes para repor seu |Poder Mágico⟩, e assim, quase metade
de seu |Poder Mágico⟩ foi poupado. No entanto, também havia um limite para
a quantidade de sangue que Hajime possuía.

Mais do que isso e ele ficaria anêmico devido à perda de sangue, mas Shia
chegou neste momento. Em suas mãos estava o [Conjunto de Cristais
Mágicos] de Kaori. Embora fosse transferido pouco a pouco, o |Poder
Mágico⟩ foi drenado de vários milhares de pacientes. Assim, uma enorme
quantidade foi acumulada. Nem mesmo duas horas se passaram desde que
Kaori foi para o centro médico, mas nesse pequeno intervalo de tempo, ela foi
capaz de tratar um enorme número de pacientes. Ela certamente também era
uma personagem trapaceira.

Shia voltou para ajudar Kaori mais uma vez e, ao mesmo tempo, Yue ativou
a ‖Onda de Fissura‖ em rápida sucessão. Em pouco tempo, o reservatório de
quarenta mil metros quadrados estava cheio de água fresca e não
contaminada.

(Randzi): “… uma coisa dessas…”

Aturdido, Randzi estava encarando a superfície da água diante dele, refletida


pela luz do Sol e brilhando como um oásis. Ele estava sem palavras.

(Hajime): “Isso é o bastante por ora. Em seguida, eu vou examinar o oásis... se


eu não descobrir nada, então estará tudo bem para você pedir água para
o |Reino| nesse momento”

(Randzi): “Ah, yeah. Bom, há muito o que eu quero perguntar... mas obrigado.
Você tem minha gratidão. Com isto, meu povo não morrerá por desidratação.
Aliás, deixe-me guiá-los para o oásis”

Apesar de Randzi ainda estar se recuperando do choque, ele sabia o que


deveria ser feito, então sua atitude mudou completamente e ele sinceridade
mostrou sua gratidão para o grupo de Hajime.

Hajime e as outras se moveram diretamente para o oásis.

Imutável, o oásis estava brilhando lindamente, refletindo a luz do Sol, e ele não
parecia conter nenhum veneno.

Contudo...

(Hajime): “… nn?”
(Yue): “… Hajime?”

Franzindo o cenho, Hajime encarou um ponto dentro do oásis. Notando a


mudança dele, Yue inclinou sua cabeça e indagou Hajime com uma expressão
curiosa.

(Hajime): “Bem, é que, meu [Olho Mágico] estava reagindo a algo agora
mesmo... Duque, até que ponto a equipe de inspeção examinou o oásis?”

(Randzi): “… eu estou certo que deve ter sido a substância dentro do oásis e
do rio escoando para cá. Eles também investigaram a substância em várias
fontes e o rio subterrâneo. A substância da água era exatamente como meu
filho te descreveu, mas nenhuma anomalia foi encontrada no rio subterrâneo.
Além disso, o alcance do exame foi de apenas algumas dezenas de metros a
partir do oásis. O próprio fundo do oásis não foi examinado”

(Hajime): “Algum Artefato afundou dentro do oásis?”

(Randzi): “??? Não, eu acho que não. Embora os guardas e a gestão do oásis
usassem um Artefato, ele era posicionado acima do solo... é um Artefato do
tipo barreira, então ele não deveria ser capaz de poluir o oásis. Quanto a prova,
o oásis nunca foi contaminado antes”

O Artefato do qual Randzi falava era chamado [Obstrutor do Que se Deseja],


e ele era na realidade o domo de luz protegendo |Ancadi|. Ele era uma barreira
útil que impedia a areia de entrar enquanto permitia que o necessário, como o
ar e a umidade, passasse, mas as coisas capazes de passar também poderiam
ser decididas pela configuração. Além disso, ele não era uma simples barreira,
já que também tinha a função de detecção, e o que podia ser detectado
também podia ser definido. Ao configurar a barreira usando a configuração
padrão, era possível detectar se a alma de alguém foi afetada por uma ‖Magia
Negra‖.

Em outras palavras, se ela fosse configurada para "aqueles que tem intenção
maliciosa contra o oásis", a pessoa que definiu isso, Randzi, iria saber se
o [Obstrutor do Que se Deseja] estivesse reagindo a algo. Entretanto, o
próprio Duque não sabia se havia uma condição secreta. A propósito, até
agora, muitas pessoas estavam entrando e saindo durante o exame enquanto
os guardas estavam de folga devido ao oásis já estar contaminado.

(Hajime): “… heeeee. Então eu me pergunto o que é aquilo”

Com o oásis do |Ducado de Ancadi| contaminado, a figura de Randzi


apertando seus punhos com amargura faria alguém pensar que ele era, de
fato, o pai de Viz. Olhando para Randzi com olhos semicerrados, Hajime riu ao
entender que Randzi interpretou de forma equivocada suas palavras. O [Olho
Mágico] de Hajime certamente viu "algo" liberando |Poder Mágico⟩ bem no
fundo do oásis.

A coisa que não deveria estar lá fez com que Randzi e os outros se agitassem.
Se aproximando do oásis, Hajime retirou um objeto de metal no formato de
uma garrafa PET de 500ml da [Caixa do Tesouro] e a proveu de |Poder
Mágico⟩. Em seguida, ele despreocupadamente a jogou dentro do oásis.

Trotando, Hajime se afastou do oásis e ficou ao lado de Yue. Embora todos


estivessem com expressões de dúvida, Hajime não disse nada. Depois disso,
Randzi finalmente foi questionar Hajime. E nesse momento...

] BAAAANNNGGGG!!! [

O som de uma enorme explosão surgiu acompanhado do oásis jorrando uma


enorme coluna de água. Randzi e seus subordinados mais uma vez ficaram
boquiabertos e com olhos arregalados.

(Hajime): “Tch, ele desviou? Não, deve ser porque ele tem uma defesa alta,
huh?”

Dizendo isso, Hajime pegou dez do mesmo objeto anterior e os jogou dentro do
oásis. Na sequência, depois de vários segundos, enormes explosões e colunas
de água apareceram por todo o oásis.
O que Hajime jogou era o assim chamado [Torpedo]. Como um dos |Sete
Grandes Calabouços| próximo a |Elisen|, as |Ruínas Submersas de
Melusine|, ficava localizado no fundo do oceano (de acordo com a informação
de Miledi), Hajime fez protótipos de armas que poderiam ser usadas no mar,
o [Torpedo]. Ele os jogou porque agora tinha o tempo e o lugar para fazer um
teste com essa nova arma. O resultado foi: apesar de ele ter uma boa
quantidade de poder, sua detecção automática e velocidade não eram tão
boas. Melhorias eram necessárias.

Os [Torpedos] estavam equipados com um cristal, criado com a ‖Magia da


Criação‖, que possuía ‖Detecção Específica‖ e ‖Perseguição‖. Eles iriam
caçar o inimigo, e assim que o alvo estivesse travado, eles explodiriam com o
contato. O que isso significava era que havia algo dentro da água, e ele usou a
arma experimental para perseguir isso.

(Randzi): “Oy, oy, oy! Hajime-dono! O que diabos você está fazendo!? Ahh! O
píer está destruído! Os peixes estão mortos! O oásis está manchado de
vermelho!”

(Hajime): “Tch, ele ainda não foi apanhado, huh. Muito bem, em seguida serão
50…”

Randzi estava gritando por causa do cenário do oásis gradualmente ficando


pior, mas Hajime murmurou sem se importar e se moveu para longe. Randzi,
junto de seus subordinados, se agarrou em Hajime, desesperadamente
tentando impedi-lo.

Na visão de Randzi, que não sabia sobre a "coisa" identificada pelo [Olho
Mágico] de Hajime, o rapaz estava subitamente jogando objetos
desconhecidos que explodiam o oásis um após o outro, junto do píer e dos
peixes. Era uma situação confusa, já que a barreira não via o alvo como uma
ação maligna e destrutiva. Randzi não poderia esconder sua confusão,
contudo, ele ainda tentava proteger o oásis desesperadamente.
Irritado com Randzi e os outros se agarrando nele, Hajime tentou se livrar deles
enquanto avançava. No entanto...

] WOOOOSH! [

Inúmeros tentáculos saíram da água cortando o vento, e eles atacaram Hajime


e os outros. Na mesma hora, Hajime interceptou a coisa
usando [Donner] e [Schlag] e os tentáculos saindo da água foram destruídos.
Yue os congelou enquanto Tio usou fogo para evaporar os tentáculos.

Assim que Randzi e seus subordinados olharam para o oásis, tentando


entender o que tinha acontecido, eles mais uma vez ficaram espantados com o
espetáculo de algo aparecendo do oásis. Eles pensaram que a superfície da
água se ergueu devido ao furioso bombardeio de Hajime. A coisa continuou se
levantando e se tornou uma pequena montanha com a altura de cerca de dez
metros.

(Randzi): “O que é... isso…”

Randzi murmurou com uma expressão vazia, mas suas palavras ressoaram
claramente.

Notas

[1] Em economia, monopólio designa uma situação particular de concorrência


imperfeita, em que uma única empresa detém o mercado de um determinado
produto ou serviço, conseguindo, portanto, influenciar o preço do bem
comercializado.

[2] Os farmacêuticos são profissionais da saúde de tradição milenar,


sucessores dos boticários e apotecários, peritos no uso de fármacos e
medicamentos e suas consequências ao organismo humano ou animal. Na
antiguidade o farmacêutico elaborava medicamentos a partir de princípios
ativos presentes na natureza. Nos tempos modernos, os fármacos em sua
maioria, são de origem sintética.
[3] Duque é um título que se refere ao chefe de Estado de um ducado. Pode
ser também um título nobiliárquico integrado ou não numa casa soberana. É o
título imediatamente acima do Marquês e abaixo do Grão-duque.

[4] Período de repouso é quando a condição interna de uma planta é


desfavorável para o crescimento de brotos mesmo que as condições externas
sejam favoráveis.

Capítulo 85: A coisa espreitando no oásis

A coisa aparecendo no oásis tinha dez metros de comprimento, contava com


inúmeros tentáculos que se debatiam e uma [Pedra Mágica] brilhando em
vermelho estava em seu interior. Um 〈Slime〉... essa era a palavra mais
adequada para descrevê-la.

Contudo, seu tamanho era anormal. 〈Feras Mágicas〉 do tipo 〈Slime〉 tinham
um metro de comprimento, no máximo. Além disso, não deveria existir nenhum
com poder de manipular a água a seu redor. Ele deveria apenas ser capaz de
manipular tentáculos que eram parte de seu próprio corpo.

(Randzi): “Mas o que... o que é essa 〈Fera Mágica〉? Isso é... um 〈Vachram〉?”

Randzi murmurou em completa surpresa. O 〈Vachram〉 era uma 〈Fera


Mágica〉 parecida com 〈Slime〉 deste mundo.

(Hajime): “Bem, eu não me importo com o que isso seja. No fim, esta não é a
coisa contaminado o oásis? Dessa forma, ele provavelmente tem uma magia
peculiar que excreta veneno”

(Randzi): “… o que você está pensando deve estar correto. Porém, Hajime-
dono pode derrotar ele?”

Enquanto Hajime e Randzi estavam conversando, o 〈Vachram do


Oásis〉 ainda estava atacando furiosamente utilizando seus tentáculos. Yue e
Tio estavam lidando com esses tentáculos com ‖Magia de Gelo‖ e ‖Magia do
Fogo‖, respectivamente. Hajime também estava os interceptando enquanto
usava [Donner] e [Schlag], e embora ele mirasse no núcleo em forma
de [Pedra Mágica] vermelha, ele não podia atingi-la com facilidade, já que
a [Pedra Mágica] se movia ao redor do corpo do monstro, como se ela tivesse
vontade própria.

Vendo os Artefatos de Hajime e as magias de Yue e Tio, Randzi desistiu de


ficar espantado e decidiu apenas ignorá-los, o que o permitiu ser capaz de
calmamente fazer a pergunta anterior para Hajime.

(Hajime): “Nnnnn… yeah, não há motivos para se preocupar. Eu o peguei


agora”

Respondendo despreocupadamente à pergunta de Randzi, Hajime calmamente


colocou [Schlag] em seu coldre e usou ambas as mãos para
preparar [Donner] enquanto semicerrava seus olhos, acompanhando a
trajetória da [Pedra Mágica] em movimento. Seu braço direito estava esticado
para a frente e o cotovelo do braço esquerdo estava levemente flexionado.
Seus pés, um posicionado para frente e o outro para trás. Era a postura de tiro
chamada de Postura Weaver¹, a pose para disparar [Donner] com precisão.

Os olhos de Hajime se apertaram drasticamente, exatamente como os de um


falcão, capturando por completo o movimento daquela [Pedra Mágica].
Assim…

] KABOOM!! [

Com um som explosivo e seco, uma linha de luz cortou o ar como se fosse
puxada por uma força magnética. A [Pedra Mágica] em movimento, enquanto
ignorava a lei da inércia, foi atravessada pelo clarão, e podia se dizer que
a [Pedra Mágica] foi voluntariamente atingida.

O impacto e o calor do canhão eletromagnético instantaneamente aniquilaram


a [Pedra Mágica], e, ao mesmo tempo, o 〈Vachram do Oásis〉 perdeu seu
poder e a água que ele manipulou voltou ao normal. ] WoOoOoOSHHHH! [.
Uma enorme quantidade de água se derramou. Randzi e seus subordinados
estavam observando as ondas geradas.

(Randzi): “… acabou?”

(Hajime): “Ah, agora não há mais reação de |Poder Mágico⟩ no oásis. No


entanto, eu não sei se aniquilar a causa é igual a purificá-lo”

Com as palavras de Hajime indicando que ele facilmente repeliu a causa da


situação desesperadora de |Ancadi|, Randzi e seus subordinados ficaram
confusos. Mesmo assim, como a causa certamente foi exterminada diante de
seus próprios olhos, um dos subordinados de Randzi foi examinar a substância
da água em pânico.

(Randzi): “… como está?”

(Subordinado): “… não, ainda está contaminado”

Randzi perguntou com um tom de expectativa, mas seu subordinado estava


sacudindo sua cabeça desapontado. Eles sabiam que as pessoas foram
infectadas pela água extraída do oásis, mas eles não podiam esconder sua
decepção depois de descobrirem que a água ainda estava contaminada,
mesmo que o 〈Vachram do Oásis〉 não estivesse mais lá.

(Tio): “Bom, não há motivos para tu ficares desapontado. Com a causa


desaparecendo, a contaminação não avançará. E a água do oásis vem da
água fresca do rio subterrâneo, então o oásis será capaz de voltar a seu estado
normal se a água contaminada se esgotar”

Tio disse isso a Randzi e seus subordinados para confortá-los, assim Randzi e
os outros começaram a se animar, mostrando seus anseios. Suas aparências,
com Randzi, o governante de |Ancadi|, no meio, mostrava o quanto eles
amavam esta nação. Esse era um país que existia em um ambiente severo,
então o patriotismo era alto.
(Randzi): “… entretanto, eu me pergunto o que a 〈Fera Mágica〉 parecida
com 〈Vachram〉 estava fazendo no deserto... ele é um novo tipo de 〈Fera
Mágica〉 que veio do rio subterrâneo?”

Se recompondo, Randzi inclinou sua cabeça enquanto olhava para o oásis. E


Hajime foi a pessoa que o respondeu.

(Hajime): “É apenas um palpite meu, mas... isso provavelmente é trabalho da


raça dos ⌊Demônios⌋, não é?”

(Randzi): “!?!?!? Raça dos ⌊Demônios⌋? Hajime-dono, você deve saber de


algo para ser capaz de dizer isso, estou certo?”

Randzi estava surpreso com as palavras de Hajime, mas ele instantaneamente


recuperou sua compostura e incentivou Hajime a explicar. Randzi estava
olhando para Hajime, aquele que garantiu a água e exterminou a causa da
contaminação, com respeito e confiança. Não havia mais o traço de suspeita
que havia no início.

Hajime imaginou que o 〈Vachram do Oásis〉 era uma nova 〈Fera


Mágica〉 criada com a ‖Magia da Era dos Deuses‖ que a raça
dos ⌊Demônios⌋ tinha. Havia a peculiaridade do 〈Vachram do Oásis〉, além do
fato de que a raça dos ⌊Demônios⌋ também estava mirando Aiko em |Ur| e os
heróis em |Orcus|.

Esse era provavelmente um dos planos da raça dos ⌊Demônios⌋, utilizar


suas 〈Feras Mágicas〉. A raça dos ⌊Demônios⌋ estava investigando e
apagando elementos perigosos e desconhecidos e o ponto crucial no Norte do
continente antes da guerra. As provas eram a forma como eles atacaram Aiko,
uma existência que poderia afetar o suprimento de comida, e os heróis de outro
mundo que a ⟦Igreja dos Santos⟧ invocou para lutar contra a raça
dos ⌊Demônios⌋.

Quanto a |Ancadi|, esse era um ponto crucial no suprimento de comida, já que


ele era uma parada dos produtos marinhos de |Elisen| e também produzia uma
enorme quantidade de frutas e outros alimentos. Além disso, se |Ancadi| fosse
atacado, seria difícil pedir ajuda devido a sua localização no meio do |Grande
Deserto|. Assim, não seria estranho para a raça
dos ⌊Demônios⌋ tornar |Ancadi| um alvo.

Escutando isso, Randzi soltou um baixo gemido com uma expressão


angustiada.

(Randzi): “Eu ouvi sobre as 〈Feras Mágicas〉. Nós também fizemos nossa
própria investigação sobre isso, porém... eu nunca imaginei que eles poderiam
criar algo como isso... quão ingênuo eu fui”

(Hajime): “Bem, não havia nada que você pudesse fazer, não é? Afinal, até
a |Capital Real| não recebeu a informação sobre novos tipos de 〈Feras
Mágicas〉. Além disso, o caso onde o grupo do ⌈Herói⌋ foi atacado aconteceu
recentemente. E isso deve ter criado comoções em toda parte agora mesmo”

(Randzi): “Talvez esteja na hora de eles fazerem um movimento, huh...


Hajime-dono... apesar de você se apresentar como um Aventureiro... esses
Artefatos e poder, como imaginado, você é o mesmo que Kaori-dono…”

Sem dizer nada, Hajime encolheu seus ombros, assim Randzi parou de
questioná-lo, pensando que Hajime deveria ter seus próprios motivos. Não
importava que circunstância fosse, isso não mudava o fato de que o grupo de
Hajime salvou |Ancadi|. Não havia motivo para fazer qualquer questionamento
inútil para seus benfeitores.

(Randzi): “… Hajime-dono, Yue-dono, Tio-dono. Permitam que este Duque


de |Ancadi|, Randzi Fuad Zengain, mostre sua gratidão em nome desta nação.
Vocês salvaram este país”

Dizendo isso, Randzi e seus subordinados curvaram suas cabeças. Não era
algo simples para o próprio Duque curvar sua cabeça, porém,
independentemente de Hajime ser ou não um ⟦Apóstolo de Deus⟧, Randzi
ainda iria se curvar. E apesar de apenas pouco tempo ter se passado, Hajime
entendia que Randzi possuía um extraordinário patriotismo. Esta também era a
razão para seus subordinados não impedirem Randzi de curvar sua cabeça
para alguém que se apresentou como um mero Aventureiro, e eles também se
curvaram. Tal personalidade também foi passada para seu filho, Viz. Seus
gestos, discursos e comportamentos eram semelhantes.

Na direção deles, Hajime estava com um largo sorriso enquanto dizia...

(Hajime): “Ah, vocês expressaram sua gratidão. Aliás, por favor, não se
esqueçam deste enorme favor”

Ele esperava que eles retribuíssem este favor. Bem, isso não era algo novo.
Hajime disse, “Não, por favor, não se preocupem com isso. Isto é algo natural
para se fazer como uma pessoa”, casualmente e humildemente, assim, Randzi
ficou automaticamente perplexo pensando que Hajime despreocupadamente
disse que havia algo que ele queria. Na realidade, o próprio Randzi não se
importava em dar algo a ele como agradecimento para os salvadores do país,
mas ele não esperava que isso fosse ser dito tão diretamente.

Hajime pensava que não havia necessidade para gratidão, já que era
necessário para ele tornar |Ancadi| segura porque ele precisava confiar Myuu
a eles, e também havia o pedido de Kaori.

Contudo, como eles queriam mostrar sua gratidão, não seria ruim ter mais
pessoas como aliadas em momentos de emergência, então ele claramente os
disse que isso era um favor. Hajime pensou que Randzi iria corresponder com
sinceridade, mas ele também era um político, então Hajime precisava se
certificar disso.

(Randzi): “Ah, ahh. É claro. Isso será lembrado para sempre... mas, ainda há
muitas pessoas sofrendo em |Ancadi|, eu posso pedir sua ajuda em nome
delas?”

Essa era uma situação com que Randzi estava acostumado, como um político
e como um nobre, mas Randzi estava um pouco perplexo devido as palavras
tão diretas de Hajime. Pouco depois, como se ele tivesse chegado a um
acordo, Randzi concordou com um sorriso sem graça. Posteriormente, ele
pediu a Hajime que providenciasse [Pedra Serena] para salvar as pessoas
infectadas.

(Hajime): “Meu objetivo original era o |Grande Vulcão Guruyuen|. Assim, não
há nenhum problema em recolher esse material. Contudo, quanto eu devo
coletar?”

Com Hajime facilmente aceitando seu pedido, Randzi esfregou seu peito em
alívio, em seguida, ele disse a Hajime o atual número de pacientes e a
quantidade necessária que deveria ser coletada. Embora fosse uma
quantidade considerável, não seria um problema porque Hajime possuía
a [Caixa do Tesouro]. Aventureiros normais não poderiam ser capazes de
salvar todos os infectados, então Randzi estava agradecendo a Deus por ter
conhecido o grupo de Hajime.

Acompanhada por Shia dentro do centro médico, Kaori trabalhava como uma
tempestade. Ela simultaneamente extraía |Poder Mágico⟩ dos pacientes em
situação mais urgente e preenchia o [Conjunto de Cristais Mágicos]. Ela
também atrasava o progresso da doença nos pacientes reunidos dentro de um
raio de dez metros a partir dela e usava ‖Magia de Cura‖ ao mesmo tempo
para recuperar os pacientes de seus estados enfraquecidos.

Shia estava usando sua força hercúlea para mover os pacientes imobilizados
de uma vez. Ela não estava os movendo usando a carroça, mas ela erguia a
carroça cheia de pacientes e pulava por cima das construções, indo e vindo
das instalações médicas. Ela fazia isso porque era mais eficiente para reunir os
pacientes em estado mais urgente ao redor de Kaori, ao invés de fazer
a ⌈Curandeira⌋ se locomover entre as instalações.

Este método criou um espetáculo inacreditável estrelando a garota com orelhas


de coelho que deveria ser incompetente, o que fez com que muitos pacientes
começassem a pensar que sua doença tinha ficado ainda pior, assim criando
tal ilusão. Desespero escorria das instalações médicas, criando um caos
desnecessário.

A própria equipe médica usava magia de alto nível em sucessão, e eles ficaram
assombrados quando viram Kaori usando várias ‖Magias de
Cura‖ simultaneamente como se fosse algo natural. Assim que seu espanto
passou, eles passaram a ter um profundo respeito por Kaori, e tratavam os
pacientes de acordo com as instruções dela.

Hajime e os outros se aproximaram do grupo reunido ao redor de Kaori. Depois


disso, Randzi falou em voz alta sobre a água sendo garantida e como a causa
tinha sido eliminado, o que resultou em todos gritando de alegria ao mesmo
tempo. Sorrisos começaram a voltar para as pessoas que estavam em
desespero com a quantidade de mortes e com a forma como eles não podiam
garantir água no meio do deserto.

A informação foi imediatamente transmitida para as outras instalações. As


pessoas infectadas recuperaram suas energias porque eles só precisavam
resistir mais um pouco e eles seriam salvos.

(Hajime): “Kaori, nós vamos desafiar o |Grande Vulcão Guruyuen|. Então,


quanto tempo você pode aguentar?”

(Kaori): “Hajime-kun…”

Dentro das instalações médicas cheias de gritos de alegria, Hajime caminhou


até Kaori, que não parou de tratar os pacientes, e a indagou.

Kaori ficou muito feliz assim que ela viu Hajime, mas ela imediatamente ficou
com uma expressão séria, observando um espaço vazio. Em seguida, ela
terminou seus cálculos, se virou para olhar Hajime e o respondeu com, "Dois
dias". Ela deve ter julgado que esse era o limite tanto para seu |Poder
Mágico⟩ quanto para a resistência dos pacientes.

(Kaori): “Hajime-kun. Eu, eu vou ficar aqui e vou tratar os pacientes. Por favor,
colete a [Pedra Serena]. Ela parece ser um mineral valioso... mas ninguém
exceto Hajime pode fazer isso porque uma enorme quantidade é necessária.
Eu sinto muito... mesmo sabendo que Hajime-kun não se importa com este
mundo…”

(Hajime): “Se for só isso, então eu posso coletá-las enquanto avanço dentro do
vulcão. Não vai importar se eu precisar procurar na superfície... resumindo, eu
só preciso conquistar o |Calabouço| mais rápido. Aliás, não há motivos para
você se desculpar. Afinal, isso é algo que eu mesmo decidi... além disso, eu
não poderia apenas deixar Myuu em um lugar onde pessoas desmaiam e
morrem, poderia?”

(Kaori): “Fufu… entendo. Então, boa sorte, e deixe Myuu-chan comigo”

Kaori escutou sobre os Deuses Loucos e o propósito da viagem de Hajime no


caminho para |Ancadi|. Ela também ouviu que Hajime iria voltar para o mundo
original deles mesmo que isso significasse abandonar este mundo. Ele também
a disse para voltar para Kouki e os outros se ela não pudesse concordar com o
plano dele. Ouvindo tudo isso, a vontade de Kaori não vacilou; ela queria
continuar acompanhando Hajime.

Mesmo neste caso atual, se Hajime decidisse abandonar |Ancadi|, e mesmo


que ela tentasse persuadi-lo, ela iria apenas desistir se não houvesse efeito.

No entanto, era verdade que ela queria se tornar a força para o povo
de |Ancadi|, se ela pudesse. Ela estava involuntariamente olhando para
Hajime com um olhar suplicante no momento em que Hajime estava pensando
sobre sua decisão. Ela não estava convencida de que seu desejo seria o
mesmo que a decisão de Hajime, mas o olhar de Kaori deve ter influenciado a
decisão dele, já que ele encolheu seus ombros um pouco com um sorriso sem
graça quando recebeu esse olhar.

Por esse motivo, a forma como parecia que Hajime estava seguindo o desejo
egoísta dela fez com que Kaori ficasse com um sentimento complicado.
Entretanto, Hajime apenas sacudiu sua mão indiferentemente para Kaori, quem
se desculpava. Imaginando o sentimento de Kaori, ele a disse para não se
incomodar, já que isso era algo que ele tinha decidido. Ela sorriu para Hajime,
que estava preocupado com ela, apesar de dizer isso de uma forma grosseira,
e quem despreocupadamente mostrava uma atitude paterna. Ela o olhou com
um olhar repleto de confiança e afeição.

(Kaori): “Eu também darei o meu melhor... assim, por favor, volte em
segurança. Eu vou estar esperando…”

(Hajime): “… o-okay”

Kaori, que semicerrou seus olhos carinhosamente e exalava a aura de uma


esposa que estava se despedindo de seu marido que seguia para o campo de
batalha, fez com que Hajime gaguejasse involuntariamente.

Desde antes, Kaori era uma pessoa honesta. Mesmo quando eles estavam no
Japão, Kaori impiedosamente desfazia os equívocos de Kouki, jogando
bombas em Hajime, o que resultava na classe sofrendo com a tempestade de
ciúmes... isso tinha se tornado a rotina deles. E ela estava sendo ainda mais
sincera desde o dia que ela se confessou a ele.

De alguma forma, Hajime conseguiu desviar seu olhar, mas o lugar para onde
ele olhou... era onde Yue estava. Ele viu; Yue estava observando Hajime em
silêncio com olhos sem vida e inorgânicos. Era realmente terrível. Ele
inconscientemente mudou seu olhar para outro lugar, e Kaori estava lá,
sorrindo com afeição…

Mas vendo a atmosfera de Kaori, nossa estrela, Myuu, soltou uma bomba.

(Myuu): “Kaori-oneechan, Kaori-oneechan parece a Yue-oneechan de antes.


Kaori-oneechan vai beijar Papaiiii?”

(Tio): “Oya? Então tu viste aquilo Myu?”


(Myuu): “Uhhhh? Myuu viu a cena pelo espaço entre seus dedos. Yue-
oneechan parecia tão adoráveeeel. Myuu também quer beijar Papaiiii”

(Tio): “Uuuum. Até esta não fez isso, sabias? Então, Myuu precisa esperar até
ficar maior”

(Myuu): “Uuuuu”

As palavras inocentes de Myuu fizeram Hajime falar, "Esta imprestável!", uma


raiva injusta direcionada a Tio. Como imaginado, com, “Esses olhos! Esses
olhooos! Muito bom!”, Tio começou a se excitar, mas isso já era algo trivial.

Quanto ao motivo, uma Hanya² segurando uma Katana apareceu bem ao lado
de Hajime. Logicamente, era Kaori.

(Kaori): “… o que isso significa, ah? Hajime-kun não foi trabalhar em algo?
Então, por que você beijou Yue? Me diga, como chegamos a isso? Havia
alguma necessidade para isso? Enquanto eu estava desesperadamente
tratando os pacientes, vocês dois estavam se divertindo, ah? Vocês até se
esqueceram de mim? Ou melhor, nós nos separamos apenas para vocês
ficarem sozinhos?”

Com olhos sem luz, Kaori estava encarando Hajime com uma Hanya atrás
dela. Suor frio escorria pelas bochechas de Hajime. Hajime queria dizer que
isso aconteceu devido ao consumo de sangue; ele e Yue não se separariam
até que se beijassem. Porém, mais rápida do que ele, Yue avançou.

Hajime esperava que ela resolvesse o mal-entendido, mas ele foi um tolo por
esperar isso de Yue neste tipo de situação.

Yue e Kaori olharam uma para a outra, e Yue estufou seu peito de forma
solene. Sorrindo depois de dizer "Fu"...

(Yue): “… foi delicioso”

Ela informou Kaori.


(Kaori): “Aha, ahahahahaha”

(Yue): “Fufu, fufufufufufu”

Risadas sinistras surgiram das duas lindas garotas e ecoaram dentro do centro
médico. Até este momento, a equipe do centro médico e os pacientes
pensavam em Kaori como uma santa, mas agora, eles estavam espantados e
viravam seus rostos para longe, assim seus olhos não se encontrariam com os
dela.

Era algo que não poderia ser evitado. Ninguém iria considerar uma pessoa com
uma Hanya balançando uma Katana em suas costas como uma santa. Além
disso, a pessoa que estava a confrontando tinha um dragão envolto por nuvens
negras e relâmpagos. Eles não podiam fazer nada além de querer desviar o
olhar.

Para Kaori e Yue, que estavam se encarando enquanto riam, Hajime suspirou
e rapidamente decidiu se aproximar para desferir um peteleco na testa de cada
uma. ] Shwip! [. Um som inacreditável surgiu do impacto dos petelecos. Yue e
Kaori espontaneamente gemeram e se agacharam. Com olhos marejados, elas
olharam para cima, expressando, "O que você está fazendo?", o que fez
Hajime mostrar uma expressão admirada.

(Hajime): “Kaori. Não é como se eu e Yue quiséssemos fazer esse ato. Você
entende, não é? Além disso, Yue é minha amada. Não precisamos de sua
permissão para fazer isso”

(Kaori): “Uh… então é isso... mas eu não acho que essa seja a verdadeira
razão…”

Irritada com isso, Kaori se opôs a Hajime. Hajime suspirou mais uma vez e
disse, "Yue, você também, não há necessidade de sempre implicar dessa
forma". Contudo, "Hmph!", Yue virou seu rosto e se recusou a escutá-lo, "Esta
é uma luta entre mulheres... não há motivos para Hajime interferir".
Randzi e os outros só podiam ficar parados no lugar com a carnificina
repentina. Shia refletiu, "Eu notei que recentemente minha presença tem
diminuído". Tio ainda estava ofegando muito, enquanto Myuu ficou em seu
modo irritado porque Yue e Kaori estavam brigando de novo.

Hajime desistiu de controlar a situação e decidiu ir para o |Grande Vulcão


Guruyuen| o mais rápido possível. Kaori não era a única que ficaria ocupada
no centro médico, e embora Hajime tenha dito a Randzi com antecedência, ele
mais uma vez disse ao Duque para tomar conta de Myuu. Sorrindo sem graça
com o relacionamento entre Hajime e seu grupo, Randzi prontamente
concordou em cuidar de Myuu.

Myuu foi persuadida de antemão, mas assim que ela percebeu que Hajime
estava partindo, ela olhou para baixo com uma expressão solitária. Hajime se
ajoelhou para ficar na altura de Myuu e encarou sua cabeça.

(Hajime): “Myuu, eu estou indo. Seja uma boa menina e espere por mim,
okay?”

(Myuu): “Uh, Myuu vai ser uma boa garota. Então volte depressa Papai”

(Hajime): “Ah, eu vou voltar o mais rápido possível”

Agarrando a bainha de suas roupas com força com ambas as mãos, Myuu
estava segurando suas lágrimas. E a cena de Hajime gentilmente acariciando
Myuu, mesmo que eles não fossem ligados por sangue, fez com que todos os
vissem como nada além de um pai e sua filha. A atmosfera fria pós carnificina
se tornou calorosa. Hajime empurrou as costas de Myuu na direção de Kaori.
Yue, Shia, e Tio se moveram em ordem.

Hajime estava a ponto de se virar, quando Kaori o chamou.

(Kaori): “Ah, Hajime-kun… é que, tenha uma viagem segura”

(Hajime): “Ou, por favor, tome conta de Myuu”


(Kaori): “Un… a propósito, é que... posso pedir por um, beijo? Como... um
beijo para desejar uma viagem segura”

(Hajime): “… é claro que não pode. Ou melhor, de onde saiu isso?”

(Kaori): “Na bochecha é suficiente, entende? Ainda é um não?”

Embora ela estivesse se inquietando com bochechas coradas, o tom de Kaori


era inesperadamente poderoso. Aparentemente, sua rivalidade com Yue fez
com que ela pensasse que não devia se segurar nesses momentos. Hajime se
lembrou que tinha notado que Kaori era proativa na época em que eles ainda
estavam no Japão, mas a Kaori de depois de se confessar a ele era ainda
mais.

Hajime ignorou a garota com orelhas de coelho que dizia, "Ah, então eu
também!", atrás dele e decidiu recusar Kaori categoricamente, mas ele foi
atacado por um inimigo inesperado.

(Myuu): “Myuu tambéééém. Myuu quer beijar Papai também!”

Kaori se aproveitou de Myuu, que inocentemente se esticava na direção de


Hajime. Hajime queria dizer muitas coisas e fugir dela (Myuu não era tão forte
afinal), porém, finalmente...

(Myuu): “Papai, Papai odeia Myuu?”

Dizendo isso com olhos marejados, Myuu se segurou para não chorar.

No fim, Kaori, Myuu e, por algum motivo, Shia, foram beijadas em suas
bochechas. E, desta vez, em um local onde muitos pacientes estavam
deitados, eles estavam assistindo com olhares calorosos, apesar de eles não
saberem o motivo. Posteriormente, Hajime, como se estivesse fugindo, seguiu
para o |Grande Vulcão Guruyuen|.

A propósito, embora Tio também quisesse um beijo, Hajime impetuosamente a


insultou porque ela estava sendo convencida demais, o que resultou em ela
ficando ainda mais excitada. Vamos apenas dizer que isto se tornou algo
abominável.

Notas

[1] A Weaver Stance é uma técnica para atirar com pistolas ou revólveres. Ela
foi desenvolvida pelo vice-xerife do condado de Los Angeles, Jack Weaver,
durante uma competição de estilo livre de pistolas no Sul da Califórnia no final
da década de 50.

[2] Hannya é uma máscara dotada de dentes ameaçadores, boca grande e


chifres. Existe um conceito de um inferno no budismo japonês em
que Hannyas são a representação dos confusos sentimentos humanos como a
paixão, ciúme, e ódio, todos capazes de transformar homens e mulheres nesse
terrível monstro. O que justifica o porquê de atores do tradicional teatro japonês
se utilizarem de tal máscara em suas performances nas representações das
histórias (desde o século 19) para transmitir uma identidade, uma
personalidade nebulosa aos seus personagens. A Hannya é a
máscara Noh mais divulgada no Ocidente.

Capítulo 86: Grande Vulcão Guruyuen

|Grande Vulcão Guruyuen|.

Ele estava situado a 800 quilômetros na direção Norte do |Ducado de Ancadi|.


Pelo que eles podiam ver, havia uma enorme montanha com cinco quilômetros
de diâmetro e três mil metros de altitude. Ele não tinha a aparência parecida
com um cone dos vulcões ativos normais. Era a forma de um domo com o topo
plano feito de lava, e seria mais apropriado chamá-lo de uma colina gigantesca
do que uma montanha. Contudo, a altitude e escala eram simplesmente
anormais.

O |Grande Vulcão Guruyuen| era comumente conhecido como um dos |Sete


Grandes Calabouços|. Contudo, diferente do |Grande Calabouço Orcus|, ele
não era muito visitado por Aventureiros. Era devido ao perigo e complicações
em seu interior. Além disso, diferente do |Grande Calabouço Orcus|, 〈Feras
Mágicas〉 que forneciam [Pedras Mágicas] eram escassas... essas eram as
razões básicas, mas a principal era, na realidade, o fato de apenas poucas
pessoas serem capazes de chegar a sua entrada.

O motivo era...

(Hajime): “… é exatamente como Laputa[1]”

(Yue): “… Laputa?”

Hajime inconscientemente murmurou enquanto se lembrava da cena daquela


obra de arte em forma de animação, o que fez com que Yue e as outras
garotas o olhassem sem entender. Hajime apenas encolheu seus ombros e
observou a gigantesca tempestade de areia rodopiante de dentro do [Veículo
de Quatro Rodas].

É isso mesmo, exatamente como o castelo voador estava cercado por um


cúmulo-nimbo[2], o |Grande Vulcão Guruyuen| estava envolvido por uma
tempestade de areia enorme que rodopiava a seu redor. A escala da
tempestade era tão grande que escondia completamente o |Grande Vulcão
Guruyuen|, e os tornados feitos de areia eram como uma parede flutuante.

Além disso, uma enorme quantidade de 〈Feras Mágicas〉 (como 〈Minhocas de


Areia〉) estava espreitando dentro da tempestade de areia, e elas iriam
impiedosamente realizar ataques surpresa dentro de seu limitado campo de
visão. Assim, Hajime só poderia concordar com a afirmação de que pessoas
com habilidades medianas não seriam capazes de passar pela tempestade de
areia e entrar no |Grande Vulcão Guruyuen|.

(Shia): “Estou feliz por não estarmos caminhando aqui”

(Tio): “Certamente, até esta não desejaria entrar nesse local com o próprio
corpo”
Olhando para a gigante tempestade de areia pela janela como Hajime, Shia e
Tio estavam agradecidas pelo [Veículo de Quatro Rodas]. Sorrindo sem
graça, Hajime disse, "Então vamos", e o [Veículo de Quatro Rodas] disparou.
Neste caso, eles não foram conquistar o |Calabouço| despreocupadamente.
Não havia muitas [Pedras Serenas] na superfície, assim, era necessário
avançar pela profundeza intocada do |Calabouço| para obter a quantidade
necessária. E se eles fossem para a parte mais profunda, deveria existir um
atalho parecido com o que eles encontraram em suas outras explorações.
Assim, eles seriam capazes de retornar imediatamente para |Ancadi|.

O próprio Hajime não estava interessado na segurança do povo de |Ancadi|,


mas ele não ligava em ajudá-los. Ao fazer isso, ele pelo menos não sentiria
culpa por sua companheira Kaori, nem permitiria que Myuu visse um
espetáculo que iria trazer grande choque para ela.

Enquanto pensava nisto, Hajime recuperou seu espírito e avançou para dentro
da tempestade de areia gigante.

Dentro da tempestade de areia havia um mundo pintado de marrom. Assim


como a névoa do |Mar de Árvores Haltina|, era difícil ver o que havia em
frente. Ela também era capaz de influenciar a condição física da pessoa, então
ela seria ainda mais problemática do que aquela névoa. Assim, mesmo usando
magia, atravessar este local repleto de 〈Feras Mágicas〉 escondidas era, de
fato, praticamente impossível.

Luz saindo do farol feito com a [Pedra de Luz Verde] iluminava o local sombrio
onde a luz do Sol não poderia alcançar. A velocidade deles era de 30 km/h. Se
a informação que eles receberam antes estivesse correta, eles iriam atravessar
a tempestade de areia dentro de cinco minutos.

E nesse momento, as orelhas de coelho de Shia se ergueram e Hajime


também reagiu, um instante depois dela. “Segurem-se!”, Hajime ergueu sua
voz, e virou por completo o volante.
Três 〈Minhocas de Areia〉 com suas enormes bocas abertas saltaram da areia.
Evitando a emboscada, o [Veículo de Quatro Rodas] desenhou um "S" no
chão, e Hajime continuou fugindo sem se importar. Com a velocidade
do [Veículo de Quatro Rodas], seria melhor sair depressa da tempestade de
areia, ao invés de lutar todas as vezes que algo aparecesse.

Mais duas 〈Minhocas de Areia〉 apareceram para atacar de ambos os lados


do [Veículo de Quatro Rodas] enquanto ele disparava e ignorava as
três 〈Minhocas de Areia〉 anteriores. A sincronia delas era tão boa que o corpo
do [Veículo de Quatro Rodas] receberia alguns golpes. No entanto, isso
resultaria em um golpe que não danificaria nenhum pouco o [Veículo de
Quatro Rodas], e o [Veículo] só iria virar para o lado. Era por esse motivo
que, assim que Hajime percebeu o ataque surpresa usando a ‖Detecção de
Presença‖, ele imediatamente tentou derrapar para desviar. Contudo, Yue e
Tio o detiveram.

(Yue): “… nn, deixe comigo”

(Tio): "Só deixe isto com esta Mestre"

Ouvindo as duas, Hajime manteve o volante reto sem hesitar. Assim, as


minhocas gigantes saíram do mundo colorido de marrom.

Entretanto, os ataques vindos das 〈Minhocas de Areia〉 do lado esquerdo e


direito não poderiam nem mesmo tocar no [Veículo de Quatro Rodas].

(Yue e Tio): “‖Lâmina de Vento‖”

Vendo a 〈Minhoca de Areia〉 a esquerda, Yue murmurou e uma lâmina feita de


vento foi instantaneamente produzida e disparada do lado de fora do [Veículo
de Quatro Rodas], desenhando uma trajetória usando a areia no ar. Dessa
forma, a 〈Minhoca de Areia〉 que pulou diante deles foi cortada
horizontalmente, e sangue se espalhou do monstro dividido ao meio.

Esse espetáculo foi similar com o que aconteceu no lado direito, o lado que Tio
estava responsável.
(Tio): “Hmm, como esperado de ti, tu lançaste um belo ataque”

(Yue): “… de forma alguma eu não usaria o vento da tempestade de areia. Tio


também, como esperado de você”

De forma parecida, elas instantaneamente escolheram usar uma ‖Magia do


Vento‖, ‖Lâmina de Vento‖, e embora ela fosse uma magia de nível iniciante,
as ‖Lâminas de Vento‖ disparadas eram tão fortes quanto magia de nível
intermediário. A razão era elas usarem o vento intenso do lado de fora. De
modo simples, a força da magia não era afetada apenas pelo |Poder Mágico⟩,
assim, a melhor magia para se usar era escolhida de acordo com a condição
atual e o ambiente. Porém, apesar de dizer que isso era simples, na verdade,
era difícil de se fazer. Yue e Tio serem capazes de realizar esse ato era,
certamente, algo esperado de suas competências.

Atrás deles, as três 〈Minhocas de Areia〉 de antes ainda estavam os seguindo.


Elas tinham considerável velocidade enquanto avançavam sob o solo. Irritado
com elas, Hajime ativou um dispositivo do [Veículo de Quatro Rodas]. ]
Briiing! [. Tal som saiu da parte traseira do [Veículo de Quatro Rodas] e uma
de suas partes se abriu. Vários objetos pretos e redondos rolaram de lá.

No momento que algum deles se encontrava com uma 〈Minhoca de


Areia〉 perseguindo o [Veículo de Quatro Rodas], eles criavam enormes
explosões. O impacto jogava a terra para longe, e as 〈Minhocas de
Areia〉 avançando pelo subterrâneo saíam do chão enquanto espalhavam
carne e sangue. Na direção das 〈Minhocas de Areia〉, mais objetos negros
(granadas) rolavam e causavam mais explosões que destruíam metade dos
corpos dos monstros. A metade superior de seus corpos era explodida,
espalhada no meio do ar, e desaparecia dentro da tempestade de areia.

(Shia): “Uhyaaaa, incrível. Hajime-san, quantas funções estão instaladas


neste [Veículo de Quatro Rodas]?”
Shia perguntou a Hajime enquanto olhava as 〈Minhocas de Areia〉 que eram
destruídas de forma chamativa pela janela traseira. Hajime estava com um
sorriso travesso.

(Hajime): “Ele é capaz de se transformar em uma arma em forma humana, um


Golem gigante”

(Yue, Shia e Tio): “…”

Apesar de elas quererem dizer que isso era impossível, elas sabiam que
Hajime poderia fazer isso, assim, não apenas Shia, Tio e Yue também
começaram a silenciosamente olhar o interior do [Veículo]. Sorrindo sem
graça, Hajime disse, "Foi uma piada. Como imaginado, eu não posso fazer uma
função dessas... mas eu queria poder". Entretanto, Yue e as garotas estavam
convencidas de que Hajime algum dia seria capaz de criar isso.

Posteriormente, o tranquilo grupo de Hajime também foi atacado por uma


aranha imensa amarronzada, e 〈Feras Mágicas〉 parecidas com formigas.
Contudo, todas elas foram esmagadas pelo armamento do [Veículo de Quatro
Rodas] e pela magia de Yue e Tio, sem serem capazes realizar nada, nem
mesmo obstruir o avanço do grupo.

Ignorando Shia que dizia, "Eu sou inútil aqui", no banco de trás, o grupo de
Hajime facilmente atravessou a colossal tempestade de areia que obstruiu
muitos Aventureiros.

“Buuahh!”. O grupo de Hajime saiu da tempestade de areia e chegou em uma


montanha rochosa muitas vezes maior do que o Uluru[3]. Era um lugar
silencioso cercado pela tempestade de areia que parecia uma muralha onde o
céu azul podia ser visto no alto... o olho da tempestade.

A entrada para o |Grande Vulcão Guruyuen| estava no cume, então eles


continuaram a viajar pela encosta usando o [Veículo de Quatro Rodas]. A
superfície rochosa exposta tinha uma cor avermelhada, e vapor jorrava em
alguns pontos. Embora fosse um vulcão ativo, o fato de ele nunca entrar em
erupção era uma das maravilhas de um |Grande Calabouço|.

Em pouco tempo, o ângulo se tornou difícil demais para o [Veículo de Quatro


Rodas] avançar, então o grupo de Hajime saiu do [Veículo] e seguiu em
direção do topo da montanha a pé.

(Shia): “Uwau... es-está quente”

(Yue): “Nnnnn…”

(Hajime): “De fato… o calor está em uma escala diferente comparado com o
calor do clima seco do deserto... mesmo sem o limite de tempo, seria melhor
conquistar o |Calabouço| depressa, huh”

(Tio): “Hmm, apesar de esta se sentir confortável aqui... esta não pode
esperar... para sentir tanto calor que este corpo se contorceria em agonia”

(Hajime): “… eu vou te jogar no magma mais tarde”

Atacados pelo calor assim que eles saíram do [Veículo de Quatro Rodas],
excluindo Tio, todos ficaram com expressões insatisfeitas. Como eles estavam
em um local com ar condicionado antes, eles sentiram ainda mais calor. Como
Aventureiros em outro mundo e viajantes, para eles contraírem sintomas
parecidos com os de um recluso era... apenas colher o que eles plantaram.

Eles não tinham muito tempo, então enquanto reclamavam do calor, eles
rapidamente seguiram para o topo da montanha e escalaram o local rochoso
como se não fosse muito esforço. Como resultado, o grupo de Hajime atingiu o
topo da montanha em menos de uma hora.

Eles chegaram no cume, um lugar intricado repleto de rochas de vários


tamanhos. Havia pedras com superfícies pontiagudas e também algumas lisas
e escorregadias. Era como uma exibição de estranhos objetos. Aliás, eles
podiam sentir o topo da tempestade de areia nas proximidades.
Havia uma rocha excepcionalmente enorme, e um grupo de pedras com
formatos estranhos. Havia uma rocha no formato de um arco com o
comprimento de dez metros.

O grupo de Hajime seguiu até lá e encontrou uma enorme escadaria que


continuava para dentro do |Grande Vulcão Guruyuen| debaixo da pedra em
forma de arco. Hajime ficou de pé diante da escadaria e olhou por sobre seu
ombro para os rostos de Yue, Shia e Tio em ordem. Com uma expressão
confiante, ele disse algo para desafiar o |Grande Calabouço|.

(Hajime): “Vamos nessa!”

(Yue): “Nn!”

(Shia): “Sim!”

(Tio): “Umh!”

O interior do |Grande Vulcão Guruyuen| era mais imprevisível do que o


do |Grande Calabouço Orcus| e o do |Grande Calabouço Raisen|.

Ao invés da dificuldade, era a estrutura de seu interior que era inesperada.

Primeiramente, magma estava flutuando no meio do ar. Não fluindo como no


canal do país dos ⌊Demi-Humanos⌋, |Faea Belgaen|, mas o magma estava
flutuando e fluindo como rios. O magma vermelho fumegante e escaldante no
meio do ar era como dragões enormes saltando.

Assim, o magma fluindo ao redor da passagem e do amplo espaço não fazia


com que o desafiante ficasse atento com o magma no chão, mas também com
o que estava flutuando acima dele.

Além disso...

(Shia): “Ukya!”
(Hajime): “Woops, você está bem?”

(Shia): “Haaaa, Hajime-san, obrigado. Foi impossível para eu perceber isso... o


magma subitamente jorrou do chão”

Exatamente como Shia disse, o magma abruptamente jorraria ao redor de


todas as paredes. Era algo realmente repentino e era difícil perceber qualquer
indicação desse evento. Era algo parecido com uma mina terrestre. Felizmente,
Hajime tinha a ‖Detecção de Calor‖. Sem ela, a velocidade para conquistar
o |Calabouço| iria despencar devido a necessidade extra de cautela.

Depois disso, o que tornava esse local verdadeiramente difícil era o calor
fervilhante... um calor extremo. O local era naturalmente quente devido ao
magma fumegante ao redor da passagem e do amplo espaço, o que fazia com
que o grupo se sentisse dentro de uma sauna, ou, para ser mais preciso, em
cima de uma frigideira escaldante. O calor era a característica mais
problemática sobre o |Grande Vulcão Guruyuen|.

Enquanto suava, o grupo de Hajime continuou a avançar enquanto desviava


das gotas do magma jorrando. E em um certo local espaçoso, eles descobriram
que o lugar tinha cortes artificiais espalhados por toda a parte. O local estava
repleto de cortes que pareciam ter sido feitos por uma picareta, mas havia um
pequeno cristal rosa claro espreitando de uma parte da parede.

(Hajime): “Oh? Aquela coisa. [Pedra Serena]… correto?”

(Tio): “Hmm, és de fato aquilo Mestre”

A frase em forma de pergunta de Hajime foi confirmada por Tio, cujo


conhecimento era vasto. Aparentemente, este parecia ser o local onde os
Aventureiros, que superavam a tempestade de areia e entravam no |Grande
Vulcão Guruyuen|, a mineravam.

(Yue): “… tão pequena”


(Tio): “As que estão em outros locais também possuem o tamanho de
pequenas pedras…”

Assim como Yue disse, a [Pedra Serena] restante era quase tão grande
quanto um mindinho. Apesar de elas poderem ser coletadas e carregadas, seu
tamanho era realmente muito pequeno. Como imaginado, seria ineficiente
demais coletar as pedras na superfície, então seria necessário que eles
seguissem para as profundezas para serem capazes de obter mais delas
rapidamente.

Por ora, Hajime usou a ‖Investigação de Mineral‖ para procurar pela [Pedra
Serena] nos arredores. Depois que ele armazenou aquelas que podiam ser
coletadas facilmente, ele incitou Yue e as garotas a seguirem em frente,
depressa.

Enquanto sentiam repulsa do calor, eles desceram para o sétimo andar. Esse
era o andar registrado como o mais longe que Aventureiros foram capazes de
chegar. Ninguém que seguiu adiante a partir deste ponto voltou com vida.
Assim, se preparando, o grupo de Hajime desceu para o oitavo andar.

Nesse momento...

(Monstro): “GRuuOoOOOO!!!”

Quando eles sentiram um forte vento quente, uma enorme chama flamejante
apareceu para atacar o grupo de Hajime do lado direito deles. Ela avançou
enquanto desenhava uma espiral laranja na parede.

(Yue): “‖Calamidade Absoluta‖”

Yue ativou uma magia contra a chama flamejante. Um orbe rodopiante negro
apareceu diante do grupo. Era uma ‖Magia da Gravidade‖. Contudo, ela não
foi usada para esmagar o objeto no chão.

A chama que facilmente poderia transformar uma pessoa em cinzas foi tragada
pela esfera que tinha apenas 60 centímetros de diâmetro e desapareceu sem
deixar rastros. Na verdade, a chama engolida pela esfera foi anulada. A esfera
negra rodopiante, a ‖Magia da Gravidade‖ chamada ‖Calamidade
Absoluta‖, gerava sua própria gravidade, puxava o que se aproximava e o
engolia dentro de si, como um buraco negro.

Quando todas as chamas flamejantes foram engolidas pela supergravidade


rodopiante de Yue, o grupo pôde ver a identidade de seu agressor.

Era um touro. Ele estava de pé no meio do magma, e seu corpo todo também
estava revestido de magma. Ele tinha dois chifres afiados e curvados em sua
cabeça, e fogo saía de sua boca de vez em quando. A imunidade a calor
desta 〈Fera Mágica〉 fez Hajime inconscientemente querer contestar isso.

Talvez porque o 〈Touro de Magma〉 tenha ficado irritado por sua magia
peculiar, o ataque da chama flamejante, ser facilmente anulado, sons de, ]
Thud! Thud! [, podiam ser ouvidos de suas pernas e ele assumiu uma postura
de ataque.

Para o 〈Touro de Magma〉, a supergravidade que Yue criou se moveu


imediatamente como se estivesse sendo puxada pelo monstro. Nesse
momento, o 〈Touro de Magma〉 também atacou usando chamas comprimidas.
O ataque em forma de laser do monstro possuía um poder várias vezes maior
do que seu ataque normal de fogo.

Mesmo agora, a 〈Fera Mágica〉 ainda estava disparando na frente deles. No


entanto, Yue literalmente recebeu e devolveu o ataque usado.

] KABOOOOM!! [

O espaço vibrou acompanhado pelo som de uma explosão, e o 〈Touro de


Magma〉 que estava de pé na lava foi lançado para longe com o ataque. Atirado
para trás com o impacto, o 〈Touro de Magma〉 ficou preso na parede.
Contudo, “GRAAAAH!!”, ele só soltou um grito furioso e instantaneamente se
levantou. Desta vez, ele começou a mais uma vez disparar com todas as suas
forças para repelir os intrusos.
(Yue): “Hah… como imaginado, ataques de fogo não são efetivos nele”

(Hajime): “Bom, ele estava revestido por magma... então não poderia ser
diferente”

Yue, que devolveu o disparo da chama flamejante, soltou um grunhido. Rindo


ironicamente, Hajime tentou pegar [Donner], mas Shia ergueu sua mão.

(Shia): “Hajime-san, por favor, deixe isto comigo!”

Apesar de Hajime duvidar de Shia, que já estava com [Doryukken] em suas


mãos, ela bufou cheia de animação. A dúvida dele se tornou confiança, e ele
mostrou seu reconhecimento acenando com sua mão. Foi depois que ele
imaginou que Shia queria testar os novos recursos instalados em [Doryukken],
quando seu [Olho Mágico] viu Shia fornecendo seu |Poder Mágico⟩ para a
marreta.

“Muito beeeem! Eu vou fazer isso!”, Shia soltou um grito, e depois de alguns
breves passos, ela pulou na direção do 〈Touro de Magma〉, que se moveu
vários metros na direção do grupo.

Rodando uma vez no meio do ar e utilizando o impulso, ela desferiu um golpe


com [Doryukken] contra o 〈Touro de Magma〉 no chão com uma sincronia
perfeita. Sua mira foi precisa, [Doryukken] seguindo para baixo atingiu
diretamente a cabeça do 〈Touro de Magma〉. Nesse momento, ondulações
de |Poder Mágico⟩ azul-claro se espalharam ao redor do centro do local onde
a marreta atingiu, seguido por um impacto imenso. A cabeça do 〈Touro de
Magma〉 estourou, explodiu.

Usando [Doryukken], que foi empregada com perfeição, como um ponto de


apoio, Shia rodopiou mais uma vez. Ela pulou sobre o corpo deslizando
do 〈Touro de Magma〉 e aterrissou esplendidamente do outro lado.

(Shia): “O-ohh, Hajime-san, eu, a pessoa que o utilizou, agora sei que este
novo dispositivo gera uma quantidade incrível de força”
(Hajime): “Ah, parece que sim... eu tentei imaginar que tipo de coisa era
esta ‖Conversão : Impacto‖, mas isto é bom…”

Não apenas Hajime, Yue e Tio imediatamente elogiaram o golpe que Shia
desferiu com força considerável. Era graças a magia peculiar que Hajime
citou, ‖Conversão : Impacto‖.

Esta ‖Conversão : Impacto‖ era uma nova magia peculiar que Hajime
adquiriu, uma derivação da ‖Conversão de Poder Mágico‖. O efeito era
exatamente como seu nome indicava, ela convertia |Poder Mágico⟩ em um
impacto.

Era a habilidade do 〈Cabeça de Cavalo⟩ que Hajime instantaneamente


transformou em carne moída alguns dias atrás no |Grande Calabouço Orcus|.
Na realidade, ele coletou a carne em segredo, e quando ele recuperou sua
estaca, ele a comeu.

Se fosse uma 〈Fera Mágica〉 comum, nem o Status nem as habilidades de


Hajime iriam aumentar, mas ele a comeu por pensar que ela poderia causar
algum efeito, pois o 〈Cabeça de Cavalo⟩ foi capaz de enfrentar o grupo de
Kouki, mesmo com Kouki usando o ‖Superar Limite‖... mas como ele
imaginou, seu Status não mudou; ele apenas recebeu a magia peculiar
do 〈Cabeça de Cavalo⟩.

Assim, ele usou ‖Magia da Criação‖ para adicionar ‖Conversão : Impacto‖ a


um minério e o instalou na recém-atualizada [Doryukken].

Hajime observou a cabeça estourada do 〈Touro de Magma〉 com interesse,


mas ele foi incitado por Yue a se apressar.

Depois disso, a variação das 〈Feras Mágicas〉 aumentou enquanto eles


desciam os andares. Havia 〈Feras Mágicas〉 parecidas com morcegos que
espalhavam o magma em suas asas; 〈Feras Mágicas〉 parecidas com
moreias[4] vermelhas escaldantes que pulavam da parede que derretia; 〈Feras
Mágicas〉 em forma de ouriço que só exibiam seus rostos de dentro do magma
e atacavam usando suas línguas cobertas de magma como se fosse um
chicote enquanto subiam o rio de magma que desafiava a lei da gravidade; e
havia até serpentes flamejantes…

Era realmente complicado, já que os corpos das 〈Feras Mágicas〉 estavam


revestidos de magma ou em chamas, o que anulava magias meia-boca, e
algumas delas usavam ataques surpresa de dentro dos rios de magma onde
escondiam seus corpos. As 〈Feras Mágicas〉 não apenas tentavam infligir
ferimentos fatais usando investidas com o corpo, muitas delas também usavam
o magma do ambiente para atacar; uma situação onde elas tinham armas
infinitas. Além disso, elas fugiriam para dentro do magma para garantir sua
segurança.

De fato, era verdade que mesmo se os Aventureiros fossem capazes de


atravessar a tempestade de areia, eles não seriam capazes de ir além do
sétimo andar e retornar. Além disso, mesmo se as 〈Feras Mágicas〉 pudessem
ser derrotadas, o tamanho e qualidade das [Pedras Mágicas] eram os
mesmos das 〈Feras Mágicas〉 dos andares de número 40 do |Grande
Calabouço Orcus|, e a existência da [Pedra Serena], um valioso mineral, não
afetava muito os ganhos. Assim, era compreensível que ninguém quisesse
desafiar este |Calabouço|.

Além disso, o mais problemático era o calor que aumentava gradualmente.

(Shia): “Haa, haa… está quente”

(Yue): “… Shia, você sente calor porque você pensa nele. Essa coisa fluindo é
apenas água... viu, está fresco agora, fufu”

(Tio): “Ah, Mestre! Yue está começando a enlouquecer! Seus olhos ficaram
vazios!”

Tirando Tio, o grupo de Hajime foi abatido pelo forte calor. Por ora, ele pegou
Artefatos que simulavam ares-condicionados... mas era apenas como jogar
água sobre solo seco. Seus suores escorriam como cachoeiras incontroláveis.
Vendo Yue e Shia com as consciências começando a ficar nebulosas, Hajime
pensou que era necessário para eles descansarem um pouco enquanto
limpava o suor em seu queixo.

Quando eles chegaram em um local espaçoso, Hajime


usou ‖Transmutação‖ na parede longe do magma e criou um túnel. Ele fez
Yue e as outras entrarem e fechou a entrada para limitar o calor do magma que
os atingia diretamente. A propósito, ele usou ‖Separação de
Mineral‖ e ‖Transmutação de Compressão‖ para revestir a superfície da
parede da sala com material sólido, assim eles não seriam atacados por
nenhuma Moreia ou por jatos de magma.

(Hajime): “Fuu… Yue, por favor, crie um bloco de gelo. Nós vamos descansar
aqui por um tempo. Caso contrário, não seria estranho que cometêssemos um
erro fatal mais tarde”

(Yue): “Nn… okay”

Embora seus olhos estivessem vazios, Yue conjurou ‖Magia de Gelo‖ e um


enorme bloco de gelo apareceu no meio da sala. Apesar de Tio não se importar
com o calor, ela fez o vento soprar com o bloco de gelo como o centro. Graças
ao vento criado por Tio, o ar frio do bloco de gelo instantaneamente diminuiu a
temperatura do quarto.

(Shia): “Whaaaaaaaa, está frescoooo, eu posso sobreviver agoraaaa”

(Yue): “… hmmmmmmm”

Caindo em uma postura feminina, Yue e Shia apertaram seus olhos em deleite.
Era o nascimento da Yue-molenga e Shia-molenga.

Enquanto pensava que as duas eram moe[5], Hajime pegou toalhas da [Caixa
do Tesouro] e entregou a todas.

(Hajime): “Yue, Shia, é bom que vocês estejam se divertindo, mas limpem o
suor. Seus movimentos vão ficar lentos se vocês ficarem geladas demais”
(Yue): “… nnnnn”

(Shia): “Entendidoooo”

Com palavras alongadas, Yue e Shia lentamente pegaram as toalhas. Vendo


elas, Tio falou com Hajime.

(Tio): “Mestre, não relaxes tua guarda ainda, okay?”

(Hajime): “Você, também. Este calor é com certeza perigoso. Eu tenho que
criar um Artefato de ar-condicionado melhor…”

(Tio): “Hmm, para isso ser capaz de derrotar o mestre... este provavelmente é
o conceito deste |Grande Calabouço|”

Ao invés de derrotar, calor é calor, e Tio, que também estava se limpando com
a toalha, deixou Hajime confuso com o que ela disse.

(Hajime): “Conceito?”

(Tio): “Mhm. Esta ouviu muitas coisas do Mestre, mas há aquilo que é
chamado de desafio, correto? Se isto é parar desafiar o Deus... então devem
existir vários conceitos com base nisso, ou assim esta pensou. Por exemplo,
o |Grande Calabouço Orcus|, o qual esta ouviu do Mestre, possui
muitas 〈Feras Mágicas〉, então várias experiências de combate serão
adquiridas enquanto o desafiante avança. O |Grande Calabouço
Raisen| anula o poder chamado magia, polindo a flexibilidade do desafiante
contra este tipo de ataques. Este |Grande Vulcão Guruyuen| provavelmente
usa o calor para obstruir a concentração do desafiante e como ele reagiria
contra ataques surpresa nesta situação, não é”

(Hajime): “… de fato... eu nunca pensei sobre isso porque no fim, eu só


precisava conquistá-los... mas os desafios são usados
pelos ⟦Libertadores⟧ para nos 'ensinar', huh”
“Entendo”, Hajime concordou com a suposição de Tio. Ela tinha um
conhecimento profundo apesar de ela ser uma completa masoquista, e a
prudente Tio normalmente poderia ser vista como uma linda mulher de cabelo
preto que exalava sensualidade e ternura... então Hajime a olhou com um
verdadeiro olhar de pena.

Contudo, vendo o suor de Tio escorrendo de seu pescoço e desaparecendo no


vale de seus seios abundantes, Hajime desviou o olhar. Seus olhos se voltaram
para as roupas de Yue e Shia, pegajosas com todo o suor. Notando o
desaparecimento e aparecimento de suas peles nuas, seu olhar foi atraído para
Yue.

Provavelmente porque ela estava esfregando seu suor, grande parte de sua
pele estava aparecendo em seu vestido totalmente branco. Sua pele tinha um
tom de vermelho devido ao calor. Sua pele nua brilhava com o suor e sua
respiração mais irregular do que o normal era realmente erótica.

Inconscientemente, Hajime até esqueceu de olhar para longe e continuou a


observá-la, mas seu olhar subitamente se encontrou com o de Yue. Se
esquecendo da situação devido ao encanto, e ficando um pouco excitado,
Hajime tentou desviar o olhar com culpa.

Contudo, pouco antes de ele olhar para longe, Yue, que capturou o olhar de
Hajime, revelou um sorriso provocante. Com as roupas ainda desarrumadas,
arqueando suas costas como um gato, ela lentamente ficou de quatro e se
aproximou de Hajime. Seus olhos nebulosos não permitiriam que o olhar de
Hajime fugisse, com bochechas coradas graças ao calor, e mostrando um
pouco de seus peitos todas às vezes que ela se movia…

Yue, que imediatamente se aproximou de Hajime de quatro, se sentou nas


pernas cruzadas do rapaz, enviando um olhar para cima, e com um tom doce e
mimado…

(Yue): “… Hajime, me limpe”


Hajime inconscientemente recebeu a toalha dela e seu olhar permaneceu fixo
nos olhos de Yue. Em sua mente, “Ah, droga. Eu não posso derrotar Yue nesta
situação”, ele pensou com um sorriso irônico. Silenciosamente, ele tentou
deslizar sua mão pela nuca de Yue... mas foi detido pelo protesto de Shia.

(Shia): “V-O-C-Ê-S D-O-I-S! Por favor, prestem um pouco de atenção ao


tempo, lugar e ocasião! Nós estamos com pressa e este é um |Grande
Calabouço|! Nossa! Sério, nossa!”

(Hajime): “Não, bom, umm. Não é como se eu pudesse evitar, não é? Yue está
erótica demais. Então, eu não poderia ignorá-la”

(Yue): “… Hajime encarando em silêncio estava fofo”

(Shia): “Vocês dois não podem ao menos refletir um pouco? Em primeiro lugar,
por que Hajime-san não olha para mim? Mesmo eu estando bem ao lado de
Yue-san em tais condições... poxa, minha confiança despencouuuu. Hey, Tio-
san também deve dizer algo”

(Tio): “Bem, os dois estão apaixonados um pelo outro. Então esta acha que
não podemos fazer nada, não é? Esta também quer que o Mestre abuse dela
sem se importar com o local... no entanto, bom, o Mestre reagiu um pouco aos
peitos destaaaa. Esta ficará satisfeita só com isto desta vez. Kufufu”

Era a usual frase pervertida de Tio. Entretanto, Hajime foi pego olhando para o
suor escorrendo nos peitos de Tio, e ele achou que isso a fez parecer sensual.
Ouvindo isso, "Eu nem mesmo estou sendo olhada!", Shia estava zangada.
Shia se esqueceu do TLO[6] (tempo, lugar e ocasião) que ela citou um pouco
antes e começou a se despir diante de Hajime. Então, "Esta também vai se
despir", mas Hajime disparou balas de borracha para silenciá-las, do contrário
isso se tornaria um aborrecimento.

Hajime continuou a esfregar o suor de Yue diante de Shia, que se contorcia


com seus peitos completamente à mostra, e Tio, que se contorcia com um
sorriso repugnante. Hajime suspirou enquanto secretamente ficava aliviado por
Kaori não estar com eles.

Notas

[1] Tenkû no shiro Rapyuta, também conhecido como Laputa ou o Castelo no


Céu, é um filme de animação japonês realizado por Hayao Miyazaki em 1986.
Esse foi o primeiro filme do Studio Ghibli e foi animado por Tokuma Shoten.

[2] Um cúmulo-nimbo, ou cumulonimbus em latim, é um tipo de nuvem


caracterizada por um grande desenvolvimento vertical. Uma de suas principais
características é o formato de bigorna que se forma em seu topo, resultado dos
ventos da alta troposfera. Tipicamente produzem muita chuva, principalmente
durante os meses mais quentes do ano.

[3] Uluru (também conhecido como Ayers Rock ou The Rock, "A rocha") é um
monólito situado no norte da área central da Austrália, no Parque Nacional de
Uluru-Kata Tjuta, perto da pequena cidade de Yulara, 400 km a sudoeste
de Alice Springs. É o segundo maior monólito do mundo (depois de Monte
Augustus, também na Austrália). Tem mais de 318 metros de altura e oito
quilômetros de circunferência, e se estende em 2,5 quilômetros de
profundidade no solo. Foi descrito pelo explorador Ernst Giles em 1872 como
"o seixo notável". Uluru é notável pela sua qualidade de coloração variável de
iluminação diversa que ocorre em diferentes horas do dia e do ano,
apresentando ao pôr-do-sol uma visão particularmente notável.

[4] Muraenidae é uma família de peixes que agrupa as espécies conhecidas


pelos nomes comuns de moreias e moreões. Uma das principais
características deste grupo é o corpo longo e cilíndrico, semelhante a uma
serpente. Conhecem-se cerca de 200 espécies, distribuídas por 15 gêneros,
das quais a maior mede 4 metros de comprimento. Os murenídeos habitam
cavidades rochosas e são carnívoros, caçando com base em seu olfato muito
apurado. Não têm escamas, para proteção, algumas espécies segregam da
pele um muco que contém toxinas. A maior parte das moreias não tem
barbatanas peitorais ou pélvicas. A sua pele tem padrões elaborados que
servem como camuflagem.

[5] Moe é uma gíria que originalmente refere-se a um interesse em particular


para personagens femininas descritas como "fofas" ou "adoráveis". Existem
várias interpretações do que moe significa atualmente, como um sentimento de
proteção direcionado a um personagem feminino de aparência jovem.

[6] TLO (Tempo, Lugar e Ocasião) é uma gíria japonesa usada para chamar
atenção para uma situação ou experiência que é inapropriada.

Capítulo 87: O desafio final é fácil?

O |Grande Vulcão Guruyuen| tinha provavelmente cinquenta andares.

Pois o 50º andar era o andar atual em que o grupo de Hajime estava. A parte
do provavelmente se devia a situação desse recinto ser um pouco especial.
Francamente, eles não entendiam nada sobre o andar atual.

Porém, mais precisamente, o grupo de Hajime estava atualmente a bordo de


um pedregulho marrom, como se fosse um pequeno barco, no magma que
estava correndo como um grande rio no meio do ar.

"Parecemos o Indiana-san no modo difícil, eh...", Hajime murmurou enquanto


se lembrava do mais famoso (e excessivamente agressivo) arqueólogo da
Terra.

Quanto a razão para eles estarem nesta situação... sinceramente, era culpa de
Hajime. O grupo de Hajime notou que o magma, que continuava a queimá-los,
algumas vezes fazia movimentos anormais enquanto eles procuravam
pela [Pedra Serena] antes de completarem um andar.

Para ser mais preciso, o fluxo de magma mudava muito, apesar de não haver
nada o obstruindo, ou a corrente subitamente parava, ou havia apenas uma
parte do magma flutuando no ar, e ela de repente transbordava, assim o
magma escorria para baixo.

No entanto, essas situações aconteciam com o magma distante da passagem,


então eles não se preocupavam com isso porque não seriam perturbados em
sua conquista do andar. Porém, Hajime, por acaso, usou ‖Investigação de
Mineral‖ no ambiente e descobriu que a causa para o movimento artificial do
magma era a [Pedra Serena]. Parecia que o |Poder Mágico⟩ dentro do
magma era "acalmado pela [Pedra Serena]”, algo parecido com obstruir o fluxo
de rocha derretida.

Assim, o grupo de Hajime pensou que o local onde o movimento do magma


estava bastante obstruído possuiria uma enorme quantidade de [Pedra
Serena]. Dessa forma, eles procuraram por esses locais e realmente
descobriram grandes quantidades de [Pedra Serena] enterradas nestes
pontos. Enquanto prestavam atenção ao movimento do magma, o grupo de
Hajime coletou uma quantidade considerável de [Pedra Serena].
Posteriormente, eles chegaram a um certo local pensando que já estavam com
minérios demais.

Era uma localidade cercada por magma flutuando no meio do ar como uma
enorme parede. Hajime transmutou uma escada para se aproximar e descobriu
uma enorme quantidade de [Pedra Serena] enterrada no local quando
usou ‖Investigação de Mineral‖.

Na mesma hora, Hajime usou ‖Separação de Mineral‖ para coletar apenas


a [Pedra Serena], mas ele foi imprudente porque continuou coletando [Pedra
Serena] devido à falta de concentração causada pelo calor. Ele não prestou
muita atenção as paredes ao redor do magma.

Hajime notou este erro quando ele guardou a [Pedra Serena] na [Caixa do
Tesouro]. Foi porque magma jorrou com grande força da parede no momento
que o efeito da [Pedra Serena] desapareceu.
Hajime imediatamente pulou para trás, mas o magma estava jorrando com
imensa força, exatamente como água jorrando da rachadura de uma barragem.
O buraco de onde ele jorrava se expandiu e mais magma irrompeu.

A tremenda e excessiva velocidade do magma fez com que os arredores


ficassem imediatamente cheios de magma. Hajime
usou ‖Transmutação‖ para criar um pequeno barco antes que a barreira de
Yue se quebrasse e o grupo embarcou. O pequeno barco foi imediatamente
aquecido pela rocha derretida, mas não havia problema, já que Hajime
fortaleceu a embarcação usando ‖Atribuir Força‖, habilidade derivada
de ‖Vajra‖.

Em seguida, eles continuaram à deriva ao longo do fluxo de magma e estavam


flutuando no meio do ar antes que percebessem isso. Eles seguiram para as
profundezas do |Grande Vulcão Guruyuen| usando uma rota diferente das
escadas. Flutuando enquanto sentiam o calor escaldante do magma
fumegante, eles acabaram chegando no local onde estavam atualmente.

A propósito, normalmente, eles iriam parar no leito do rio assim que eles
estavam a ponto de subir na rota aérea de magma, mas Shia usou ‖Atribuir
Efeito‖ da ‖Magia da Gravidade‖ para reduzir o peso do barco, e assim eles
foram capazes de subir no magma. ‖Atribuir Efeito‖ tornava possível o ajuste
do peso das coisas que Shia tocava, como se elas fizessem parte dela.

(Shia): “Ah, Hajime-san. Há outro túnel”

(Tio): “Nós estamos no nível do sopé desta montanha. Se preparem, okay?”

Vendo a direção que Shia apontou, o grupo de Hajime certamente continuaria a


flutuar para dentro de um grande buraco na parede junto com a rocha
derretida. Eles entendiam que o magma continuava a fluir para baixo. Até
agora, eles entraram em um túnel cada vez que eles desciam um andar,
poderia se dizer que era um atalho se fôssemos comparar com o uso da
escada.
Enquanto concordavam com o conselho de Tio, o grupo de Hajime flutuou para
dentro do túnel. A estrada aérea de magma continuava no meio de um grande
túnel parecido com uma serpente. Depois que a rota de rocha derretida
começou a diminuir, ela subitamente desapareceu logo após uma curva. Não,
mais precisamente, isso era mais parecido com uma súbita descida parecida
com uma cascata.

(Hajime): “De novo... todas, cuidado para não serem derrubadas!”

Yue e as garotas concordaram com as palavras de Hajime e todas se


agarraram na borda do pequeno barco ou na cintura de Hajime. Depois de
sentirem a ansiedade parecida com a de uma montanha-russa prestes a
encarar a primeira descida, o barco do grupo de Hajime finalmente caiu.

] Fwiish, swiish [

O som do vento entrou em seus ouvidos. Shia usou ‖Magia da


Gravidade‖ para alterar o peso enquanto Tio controlava o vento ao mesmo
tempo que eles desciam rapidamente pelo magma. A velocidade do magma
aumentou várias vezes como se ele não tivesse qualquer viscosidade.

Transmutando pregos em seus sapatos para fixar sua postura, Hajime


cuidadosamente observou os arredores. Afinal, normalmente, nesses
momentos…

(Hajime): “Tch, eles realmente apareceram”

Estalando sua língua, ele puxou [Donner] simultaneamente, e Hajime puxou o


gatilho sem hesitação. Um som explosivo surgiu. Ele ressoou três vezes
acompanhado por três clarões que cortaram o ar sem desviar-se e destruíram
os alvos. Aqueles que apareceram para atacar o grupo de Hajime eram os
monstros em forma de morcego que espalhavam magma de suas asas.

Esses 〈Morcegos de Magma〉 não eram uma grande ameaça sozinhos. Eles
só tinham uma velocidade considerável e a capacidade de espalhar o magma
como se fossem projéteis de fogo. Eles não passavam de insetos para o grupo
de Hajime.

Entretanto, o ponto complicado sobre os 〈Morcegos de Magma〉 era o fato de


eles atacarem em grupo. Mais trinta poderiam ser esperados se um fosse
avistado, exatamente como baratas, as 〈Feras Mágicas〉 apareciam das
rachaduras na parede de pedra.

Até agora, apesar de Hajime matar instantaneamente três 〈Morcegos de


Magma〉, como era esperado, eles podiam ouvir o som de uma enorme
quantidade de asas batendo no meio do vento vindo da rápida descida.

(Yue): “… Hajime, deixe a esquerda e as costas para mim”

(Hajime): “Ah, eu vou deixar isso com você. Shia, Tio, vocês controlam o
barco”

(Shia): “Entendido!”

(Tio): “Mhm, conte com esta. Que tal algumas palmadas no traseiro como
recompensa?”

Ignorando o comentário pervertido de Tio, que não poderia ser considerado


uma piada nem uma sugestão real, Hajime e Yue estavam de costas um para o
outro diagonalmente em relação ao barco. Então, a multidão de 〈Morcegos de
Magma〉 pôde ser vista.

Não seria exagero chamá-los de uma criatura viva. Os inúmeros 〈Morcegos de


Magma〉 estavam se movendo como uma grande massa, como um grupo
perfeitamente ordenado de pássaros. Sua aparência era a mesma de um
dragão quando visto de lado. Estaria mais correto chamá-lo de dragão de fogo,
porque cada uma de suas asas estava coberta por magma flamejante.

A massa de 〈Morcegos de Magma〉 se aproximando do grupo de Hajime se


dividiu em dois no meio do caminho, criando um movimento de pinça[1] pela
frente e por trás. Não importava quão fracos eles fossem sozinhos, os
numerosos 〈Morcegos〉 estavam se movendo como uma única e enorme
criatura e, normalmente, iriam esmagar qualquer um com seus números.

Contudo, esse grupo era uma equipe de indivíduos cheios de trapaças.


As 〈Feras Mágicas〉 que se tornaram fertilizante na terra perto da |Cidade de
Ur| eram prova de que esse grupo não seria tão fraco para ser derrotado
apenas por números.

Hajime pegou [Metsurai] da [Caixa do Tesouro], a posicionou ao lado de sua


cintura e puxou o gatilho da monstruosidade.

] BAAANNNG [

Com o zumbido do peculiar som de tiro, a tempestade de morte exibia seu


inquestionável poder e os disparos rápidos perfuraram vários alvos. As balas
esmagavam a parede da caverna ao longe, enquanto os 〈Morcegos de
Magma〉 eram mortos e caíam no chão sem serem capazes de resistir.

Além disso, Hajime pegou [Orkan][2] usando sua mão livre, a colocou em seu
ombro e impiedosamente a disparou. Faíscas foram criadas e os foguetes
voaram e penetraram o meio dos 〈Morcegos de Magma〉 que estavam se
agrupando devido a barragem de [Metsurai], espalhando impactos violentos
junto de sons estrondosos.

O resultado foi claro. A multidão de 〈Morcegos de Magma〉 foi esmagada e


caiu como uma pequena ventania.

Algo parecido acontecia com os 〈Morcegos de Magma〉 atacando pela


retaguarda.

(Yue): “‖Dragão da Tempestade‖”

A mão direita de Yue estava esticada para frente, e no momento que ela
murmurou isso, uma esfera verde de vento foi criada. Em seguida, a esfera se
transformou, formando um dragão em menos de um instante. O dragão de
vento, que era uma compilação do vento esverdeado, chamado ‖Dragão da
Tempestade‖, encarou a multidão de 〈Morcegos de Magma〉, e ele abriu suas
mandíbulas, se movendo para devorar suas presas.

Naturalmente, os 〈Morcegos de Magma〉 dispararam projéteis de fogo contra


o ‖Dragão da Tempestade‖, então eles se dividiram em dois de novo para
desviar do dragão. Contudo, todos os "dragões" de Yue eram uma composição
de ‖Magia da Gravidade‖ e outro elemento. Obviamente, o ‖Dragão da
Tempestade‖ não era composto apenas por vento comum; ele era feito de
lâminas de vento que eram atraídas pela gravidade para criar um dragão.
Assim que ele se movesse, seria difícil para a presa escapar.

Os 〈Morcegos de Magma〉, exatamente as outras 〈Feras Mágicas〉 que se


tornaram alimento para o ‖Dragão do Trovão‖, não puderam resistir e foram
puxados para o ‖Dragão da Tempestade‖. Assim, o corpo coberto por lâminas
de vento cortou as 〈Feras Mágicas〉 em pedaços, espalhando carne e sangue.
Deve se notar que o motivo para Yue não usar ‖Dragão do Trovão‖ ou ‖Céu
Azul‖ era devido aos 〈Morcegos de Magma〉 serem fortes contra o calor, e
Yue julgou que seria o suficiente apenas cortar suas asas.

No fim, o ‖Dragão da Tempestade‖ entrou no meio da multidão e lançou as


milhões de lâminas de vento que formavam seu corpo em todas as direções,
aniquilando por completo os 〈Morcegos de Magma〉.

(Tio): “Ummmm, a força de aniquilação do Mestre e Yue é amedrontadora, não


importa quantas vezes esta tenha visto”

(Shia): "Com certezaaaa"

Enquanto controlavam o barco na rápida correnteza, Tio e Shia estavam os


elogiando com sentimentos desconfortáveis. Encolhendo seus ombros ao
mesmo tempo que guardava [Metsurai] e [Orkan] dentro da [Caixa do
Tesouro], Hajime tocou a bochecha de Yue com seu peito, então voltou para a
frente. Yue, depois de apertar seus olhos com alegria por ser tocada, voltou a
olhar o ambiente com cautela.
Hajime e Yue, que casualmente aproveitaram a oportunidade para flertar,
fizeram Shia exalar uma aura que expressava, "Shia está solitária! Me abrace!",
situação da qual Tio se aproveitou. Fazendo uma expressão levemente
incomodada depois de pensar que não havia o que fazer, Hajime acariciou as
orelhas de coelho de Shia e então beliscou a bochecha de Tio. Hajime estava
incomodado por esse tipo de coisa poder fazer as duas exibirem expressões
tão alegres.

O grupo de Hajime estava consideravelmente calmo, apesar de eles serem


atacados por 〈Feras Mágicas〉 enquanto desciam a rápida estrada aérea de
magma. No entanto, como se para acabar com sua compostura, o magma que
descia até agora, subitamente começou a subir.

Depois de subir algumas dezenas de metros com imensa velocidade, eles


podiam ver luz à sua frente. Era a saída do túnel. Contudo, o problema foi o
magma parando por completo desta vez.

(Hajime): “Segurem firme!”

Com o comando de Hajime, Yue e as garotas mais uma vez se agarraram ao


pequeno barco. Utilizando a rápida velocidade do magma, o pequeno barco foi
lançado para longe com enorme força.

Enquanto tinha sua barriga atacada pela sensação de estar no meio do ar,
Hajime rapidamente confirmou a condição dos arredores. O espaço onde o
grupo de Hajime estava caindo era similar a sala onde o desafio final
do |Grande Calabouço Raisen| aconteceu; um espaço vasto.

Entretanto, foi uma sala com forma esférica no |Grande Calabouço Raisen|.
Essa tinha um formato distorcido que tornava impossível entender
completamente quão vasto o espaço era, mas ele tinha ao menos mais do que
três quilômetros. Quase todas as partes do chão estavam repletas de magma,
mas os pedregulhos que apareciam em alguns lugares criavam pontos de
apoio. Nas paredes adjacentes havia locais protuberantes e, em contrapartida,
também havia locais planos. No ar, como era de se esperar, havia inúmeros
rios de pedra derretida se encontrando e desaparecendo abaixo, dentro do
oceano de magma.

Pilares de fogo jorravam do oceano fervilhante e escaldante. Se houvesse algo


chamado de caldeira do inferno, ela deveria parecer com isto. Essa era a
impressão do grupo de Hajime.

Contudo, a coisa mais notável era a pequena ilha no meio do oceano de


magma. A ilha estava a cerca de dez metros acima da superfície do magma;
era uma ilha ou uma rocha. Se fosse apenas isso, então ela se tornaria apenas
um enorme apoio para eles, mas a ilha estava coberta por um domo de
magma. A esfera de magma era exatamente como uma pequena versão do
Sol, mas a coisa no meio da ilha era o bastante para capturar a atenção do
grupo de Hajime.

(Tio): “Ó vento”

O pequeno barco que estava virando devido a velocidade foi fixado por Tio no
ar, então, cada um deles voltou para suas próprias tarefas enquanto mais uma
vez embarcavam no barco. Yue usou ‖Elevar‖ para ajustar a velocidade de
queda do barco. O barco aterrissou suavemente no oceano de magma, e o
grupo maximizou sua vigilância porque este lugar era obviamente diferente do
que eles viram até o momento.

(Yue): “… aquela é a residência?”

Yue murmurou enquanto olhava para o meio da ilha cercada pelo domo de
magma.

(Hajime): “Eu acho que podemos pensar assim... mas, se for realmente isso…”

(Tio): “Deveria haver o último guardião... não é Mestre?”

(Shia): “Nós usamos algo parecido com um atalho, então seria exagerado
demais dizer que passamos o teste Hajime-san?”
O pensamento de Hajime foi confirmado por Tio, que estava olhando as
imediações com um olhar afiado, isso não a faria ser vista como uma
masoquista pervertida se alguns pequenos acidentes fossem ignorados.
Mesmo vendo sua expressão se intensificando, Shia murmurou palavras
otimistas enquanto olhava para uma certa direção.

Seguindo o olhar de Shia, Hajime podia ver uma escadaria além do enorme
apoio para os pés. A escadaria continuava dentro da parede, o que o fez
pensar que talvez eles teriam aparecido ali se tivessem seguido a rota correta.

Mesmo assim, não importava o quão impossível seria para alguém usar o rio
flutuante de magma, era otimismo demais pensar que o atalho atravessava até
a sala do desafio final. "Seria ótimo se isso realmente acontecesseeee", Shia
disse, mas seu olhar atento expressava que até ela não acreditava nisso.

Eles sendo cautelosos foi a atitude correta, porque, na mesma hora, disparos
de magma surgiram de dentro do magma flutuando no ar.

(Tio): “Hmph, deixe isto com esta!”

Tio gritou enquanto ativava sua magia, assim, massas de fogo lançadas do
oceano de magma contra-atacaram o magma se aproximando do alto.

Entretanto, esse ataque era apenas o sinal de início. Logo após Tio contra-
atacar as massas escaldantes e espalhá-las, mais ataques flamejantes foram
disparados do oceano de magma como se fosse uma metralhadora.

(Hajime): “Tch, se espalhem!”

Julgando que eles apenas seriam um alvo em sua atual posição, o pequeno
barco, Hajime disse a elas para espalharem-se enquanto pulava na direção de
um apoio próximo, abandonando o barco. As numerosas massas em chamas
esmagaram o pequeno barco onde o grupo de Hajime estava, assim, ele
afundou no oceano de magma.
Com cada um deles em um ponto diferente, o grupo de Hajime interceptou as
massas de fogo se aproximando. Embora eles as interceptassem com
facilidade, o grupo de Hajime estava irritado porque isso não parecia ter fim.
Eles também estavam irritados com o calor vindo do oceano de magma que
distorcia o ar.

Para superar esta situação, ao mesmo tempo que Hajime terminou de


recarregar [Donner] e [Schlag] girando as armas em suas mãos, ele mirou o
cano de [Schlag] sobre sem ombro sem se virar. Assim que o cotovelo de seu
braço artificial estava apontado para frente, ele atirou para interceptar as
massas de magma a sua frente, enquanto disparava [Schlag] rapidamente
para se livrar do ataque flamejante se aproximando de Yue atrás dele.

Sua intenção foi completamente entendida por Yue sem nenhuma palavra ser
dita. Ela imediatamente ativou ‖Magia da Gravidade‖ usando esta
oportunidade.

(Yue): “‖Calamidade Absoluta‖”

Ao mesmo tempo que o nome foi dito, uma esfera negra rodopiante apareceu
no meio do grupo de Hajime, puxando as massas de magma uma após a outra.
A pequena esfera negra engoliu tudo e usou sua supergravidade para
comprimi-las.

No espaço entre o bombardeio de magma e a magia de Yue, Hajime


usou ‖Aerodinâmica‖ para pular no ar, tentando chegar na ilha no meio do
domo de magma.

A coisa mais problemática sobre a barragem que assolava o grupo de Hajime


era sua ininterrupção. Este lugar era obviamente o desafio final do |Grande
Vulcão Guruyuen|, mas como não havia um inimigo visível, diferente dos
outros |Calabouços| em que eles estiveram, ele não sabia o que fazer para
completá-lo. Assim, Hajime pensou em chegar na ilha suspeita.

Enquanto corria no ar em direção a ilha, Hajime usou a ‖Telepatia‖.


[Hajime]: (“Eu vou olhar ao redor da ilha central. Me cubram”)

[Yue, Shia e Tio]: (“Entendido”)

As massas de magma fora do alcance da ‖Calamidade Absoluta‖ de Yue


apareceram para atacar Hajime, mas Tio as interceptou usando vários projéteis
de fogo do oceano de magma. Shia não expandiu [Doryukken] e usou seu
modo espingarda para interceptar os ataques. Yue, enquanto mantinha
a ‖Calamidade Absoluta‖, também interrompeu o ataque usando inúmeros
projéteis de fogo do oceano de magma, exatamente como Tio.

Com a cobertura de Yue e as garotas, Hajime se aproximou em linha reta da


ilha, e ele estava a ponto de dar o último salto usando ‖Aerodinâmica‖.

Entretanto, nesse momento…

(???): “ROOOOOOOOOOAAAAAR!!!”

(Hajime): "Kh!?"

Ouvindo o rugido vociferante e majestoso, uma serpente gigante apareceu para


atacar bem embaixo de Hajime, que estava no meio do ar com sua boca
aberta.

Talvez por todo o seu corpo estar coberto por magma, nem a ‖Detecção de
Calor‖ nem a ‖Detecção de Presença‖ notaram o monstro neste local repleto
de magma. Além disso, o próprio oceano de magma estava repleto de |Poder
Mágico⟩, então a ‖Detecção de Poder Mágico‖ também não a notou, assim, a
colossal 〈Serpente de Magma⟩ foi capaz de realizar um ataque surpresa
completo.

Entretanto, Hajime torceu seu corpo usando seu reflexo sobre-humano e, por
um triz, foi capaz de desviar da boca do monstro.

No lugar que Hajime antes estava, ] crunch [, a 〈Serpente de


Magma⟩ abocanhou e seguiu em frente. Hajime inverteu seu corpo no meio do
ar como um gato, mirou os canos das armas na cabeça da 〈Serpente de
Magma⟩ passando e atirou. O clarão com destrutividade mortal garantida não
errou seu alvo e atingiu a cabeça da 〈Serpente de Magma⟩, lançando-a para
longe.

(Hajime): “Quê!?”

Contudo, o som que apareceu não foi o grito de agonia da 〈Serpente de


Magma⟩, mas a voz espantada de Hajime.

Naturalmente, a causa era a 〈Serpente de Magma⟩. Afinal, a cabeça da 〈Fera


Mágica⟩ foi certamente atingida e explodida, mas o que se espalhou era
apenas magma, nada que indicasse um ferimento. Ele viu 〈Feras
Mágicas〉 revestidas por magma no |Grande Vulcão Guruyuen|, mas elas
estavam apenas "vestindo" a rocha derretida e tinham sua própria carne.
Nenhuma era composta apenas por magma.

Hajime imediatamente se recuperou e tentou atirar em outras partes da criatura


para testar. Inúmeros clarões impiedosamente penetraram o corpo
da 〈Serpente de Magma⟩, mas como ele imaginou, não havia carne.
Esta 〈Serpente de Magma⟩ parecia ser composta apenas por magma.

Embora surpreso, Hajime imobilizou o monstro por ora ao explodir todo o seu
corpo, então ele mais uma vez pulou em direção a ilha central
usando ‖Aerodinâmica‖, passando ao lado da 〈Serpente⟩.

Entretanto, o ataque da 〈Serpente de Magma⟩ ainda não tinha terminado. No


momento que Hajime passou ao lado dela, a 〈Fera Mágica⟩ subitamente
lançou seu corpo contra Hajime, mesmo depois de perder sua cabeça e partes
de seu corpo.

Hajime fez a bala de espingarda em seu braço artificial explodir e conseguiu


por pouco esquivar usando o recuo. E neste momento, um arrepio desceu pela
espinha de Hajime. Seguindo seu instinto, Hajime imediatamente disparou as
balas de espingarda em sucessão e usou ‖Aerodinâmica‖ para se retirar do
local em alta velocidade.

Com um ataque seguido do outro, as 〈Serpentes de Magma⟩ apareceram de


dentro do oceano de magma, perseguindo Hajime. Essas enormes bocas, ]
crunch, crunch [, mastigaram.

Recuando enquanto rodava no ar, Hajime aterrissou em um ponto de apoio


próximo. Yue e as garotas foram para o lado dele. A barragem de bolas de fogo
parou temporariamente.

(Yue): “… Hajime, você está ileso?”

(Hajime): “Ah, sem problemas. Mais importante, os verdadeiros alvos


finalmente apareceram”

Yue, que estava preocupada com a segurança dele, tocou seu braço. Hajime
devolveu o toque e respondeu sem tirar seus olhos do que estava a sua
frente. ] Fwuush [. Com esse som, 〈Serpentes de Magma⟩ apareceram uma
após a outra diante de Hajime.

(Tio): “Como esperado, a ilha era é parada final. Bem, vós pareceis dizer 'nos
derrotem se quiserdes passar'”

(Shia): “Mas, a que Hajime-san atirou antes se regenerou, não é? Elas podem
ser derrotadas?”

Cerca de 20 〈Serpentes de Magma⟩ apareceram, encarando o grupo de


Hajime. Até a 〈Serpente de Magma⟩ que recebeu os tiros de Hajime mais cedo
já tinha recuperado sua aparência original, como se nada tivesse acontecido.

Shia franzia o cenho enquanto apontava isso. No |Grande Calabouço Raisen|,


ela ficou confusa com os 〈Golems⟩ que se regeneravam, mas agora ela estava
calmamente pensando como superar isto. Isso estava evidente pela forma
como suas orelhas de coelho se moviam incansavelmente. Sorrindo
ironicamente para Shia, que ficou muito corajosa, Hajime compartilhou seu
palpite com as garotas.

(Hajime): “Deve ser algo parecido com o 〈Vachram⟩ de antes, há um núcleo,


uma [Pedra Mágica], para formar o corpo de magma. Apesar do meu [Olho
Mágico] não conseguir especificar a localização por causa da obstrução do
magma”

Todas concordaram com as palavras de Hajime e simultaneamente atacaram


as 20 〈Serpentes de Magma⟩.

Os monstros dispararam massas de magma parecidas com erupções


solares[3] de suas bocas enquanto se esticavam. As vinte atacaram de todas
as direções. Normalmente, o alvo seria engolido pelos inúmeros ataques de
fogo sem ser capaz de escapar.

(Tio): “Faz muito tempo desde que esta usou este ataque! Então, provem um
pouco disso!”

Uma quantidade enorme de |Poder Mágico⟩ negro apareceu diante da mão


esticada de Tio. Ela então foi comprimida em menos de um instante e
disparada em seguida. Esse era o ‖Sopro‖ da tribo ⌊Ryujin⌋.

Diante do clarão negro, cujo poder terrível forçou Hajime a se defender com
todas as suas forças, todas as 〈Serpentes de Magma⟩ na frente de Tio foram
eliminadas sem deixarem nenhum vestígio. Além disso, ela balançou sua mão
como se estivesse segurando uma lâmina de luz negra e aniquilou
outras 〈Serpentes de Magma⟩.

Na mesma hora, oito 〈Serpentes de Magma⟩ foram aniquiladas, assim, o


grupo de Hajime saiu do meio do cerco.

Como era esperado, ao aniquilá-las sem deixar nenhum vestígio, a [Pedra


Mágica] também seria aniquilada, não importava onde ela estivesse localizada,
mas era uma das qualidades do |Grande Calabouço| não permitir que as
coisas fossem fáceis.
As doze 〈Serpentes de Magma⟩ restantes instantaneamente esmagaram o
ponto de apoio onde o grupo de Hajime estava, caindo no oceano de magma e
desaparecendo, mas seu número voltou a 20 no momento em que elas
reapareceram.

(Hajime): “Oi, oi, eu tinha confirmado o desaparecimento das [Pedras


Mágicas], entendeu? Derrotar elas não é a condição para completar o
desafio?”

A expressão de Hajime se distorceu com a dúvida. Hajime ativou a Velocidade


da Luz no momento que o ‖Sopro‖ de Tio estava a ponto de atingir
as 〈Serpentes de Magma⟩ e ele confirmou o momento em que a [Pedra
Mágica] dentro do monstro foi destruída pelo ‖Sopro‖ usando sua visão
cinética melhorada.

Hajime passou a questionar a condição para conquistar este |Calabouço|, e


Shia ergueu sua voz enquanto apontava para o meio da ilha.

(Shia): "Hajime-san! Olhe aquilo! A parede está brilhando!”

(Hajime): “Quê?”

Quando ele olhou para a ilha no meio da sala, era exatamente como Shia
disse. Uma parte da parede de pedra lançava uma luz tão grande quanto um
punho. Ele não tinha notado até o momento, mas a luz alaranjada estava
saindo de algum tipo de cristal enterrado dentro da parede de pedra.

Hajime usou a ‖Visão de Longo Alcance‖ para confirmar isso, porém, apesar
de ser difícil confirmar devido a camuflagem, ele entendeu que uma grande
quantidade de cristais parecidos estava enterrada na parede de pedra da ilha
de forma sistemática. A ilha central era cilíndrica, assim, considerando o
intervalo entre os cristais e a área da superfície da ilha, cerca de cem cristais
estavam enterrados. E os cristais que atualmente estavam lançando essa luz
eram oito... o mesmo número de 〈Serpentes de Magma⟩ que Tio aniquilou
antes.
(Hajime): “Entendo... então precisamos derrotar cem dessas 〈Serpentes de
Magma⟩ para completá-lo, huh”

(Yue): “… neste calor, enfrentar cem delas... isso combina com o conceito
do |Calabouço|”

Não é preciso dizer que, sofrendo com o calor e os ataques surpresa, os


desafiantes seriam colocados em uma situação onde eles precisariam se
concentrar ao máximo até o fim; uma sordidez adequada para um |Grande
Calabouço|.

De fato, até o grupo de Hajime estava bastante exausto, mentalmente.


Contudo, suas expressões não mostravam qualquer exaustão, eles estavam
mostrando sorrisos destemidos porque descobriram o método para conquistar
o |Calabouço|.

Eles recuperaram seus ânimos quando entenderam o que eles deviam fazer, e
eles mais uma vez atacaram as 〈Serpentes de Magma⟩. Juntamente com a
chuva de massas de fogo, as 〈Serpentes de Magma⟩ faziam movimentos
irregulares para capturar e queimar suas presas.

O grupo de Hajime se espalhou de novo e começou a contra-atacar.

Com asas de 〈Dragão〉 crescendo de suas costas, Tio flutuou usando o vento
que ela gerava e usou um tornado junto de lâminas de vácuo para atacar,
bombardeando as 〈Serpentes〉. Era uma ‖Magia do Vento‖ ofensiva de nível
intermediário, ‖Canhão Imperial‖.

(Tio): “Esta é a nona! Atualmente, esta está liderando Mestre! Se esta derrotar
a maioria deles, então esta quer muitas recompensas (punições)! Logicamente,
apenas nós dois à noite!”

Tio gritou enquanto cortava a nona 〈Serpente de Magma⟩ em pedaços. Hajime


tentou recusar com uma expressão impressionada, mas Shia o interrompeu.
(Shia): “Quêêê! É injusto se for apenas Tio-san! Eu também estou entrando
neste desafio! Hajime-san, uma noite comigo se eu vencer!”

Depois de gritar, Shia pulou para cima de uma 〈Serpente de Magma⟩ e atacou
sua cabeça com [Doryukken] do alto. No momento do impacto, ondas
azuladas de |Poder Mágico⟩ se espalharam, em seguida, um impacto violento
foi gerado. A 〈Serpente⟩ imediatamente explodiu a partir de sua cabeça até o
oceano de magma. Minerais brilhantes flutuaram dos restos da 〈Serpente de
Magma⟩. Era a [Pedra Mágica] esmagada pelo impacto da ‖Onda de Choque
Mágica‖.

Massas de magma se aproximavam das costas de Shia, que ainda estava no


meio do ar depois de matar uma das 〈Serpentes de Magma⟩. Shia usou o
coice da explosão de [Doryukken] e desviou. Contudo, como se estivesse
esperando por isto, uma 〈Serpente de Magma⟩, com sua boca aberta,
apareceu para atacar o local onde Shia iria cair.

No entanto, Shia não estava preocupada com isso, ela jogou no ar um disco
tirado do coldre em suas costas. Era um disco com 30 centímetros de diâmetro,
e ele não caiu, mas flutuou um pouco abaixo de Shia. Shia colocou seu pé nele
e mais uma vez dançou pelo ar.

O disco usava o mesmo princípio da [Broca de Cruz] para flutuar no ar, se


tornando um apoio para os pés, e se movia de acordo com a vontade de Shia
ao usar o [Minério de Indução]. Assim, juntamente com o ajuste de peso de
Shia, era possível lutar como se ela estivesse "dançando no ar".

Com seu cálculo falhando, a 〈Serpente de Magma⟩ passou pelo espaço vazio
sob Shia. Transformando [Doryukken], Shia mirou seu cano na direção do
monstro e puxou o gatilho. O que foi disparado não era um cartucho comum,
mas um cartucho sólido[4].

Contudo, essa não era uma bala sólida comum. Essa era uma bala criada a
partir de um minério especial que Hajime concedeu a característica da ‖Onda
de Choque Mágica‖, assim, ela geraria uma onda de choque a partir
do |Poder Mágico⟩ fornecido ao mesmo tempo em que atingia o alvo.
Considerando apenas a força, ela superava em muito a Granada.

Junto do rugido de [Doryukken], a bala sólida disparada não errou seu alvo e
atingiu a parte de trás da cabeça da 〈Serpente de Magma⟩, dessa forma, a
partir de sua cabeça e seguindo para seu corpo, o monstro foi engolido pela
explosão gerada. Esse impacto mais uma vez destruiu a [Pedra Mágica] que
agora flutuava enquanto brilhava no ar.

(Hajime): “Oi, garotas. Vocês, não me venham com…”

(Yue): “… então, eu quero um encontro de um dia, só nós dois”

Hajime abriu sua boca para argumentar com a competição unilateral de Tio e
Shia, mas ele foi interrompido por Yue, que também queria participar da
competição de aniquilação. Deixando de lado as atividades noturnas, o
aumento no número de companheiras diminuiu o tempo a sós dos dois, então
Yue parecia querer um dia inteiro apenas com os dois.

Enquanto emanava uma aura de quem estava se divertindo, a magia que Yue
ativou era brutal. Era o seu mais recente favorito, ‖Dragão do Trovão‖.

Porém, devido a ela se tornar mais e mais habilidosa utilizando isso, o ‖Dragão
do Trovão‖ que apareceu era composto por sete figuras. Quase ao mesmo
tempo, eles se moveram em direção a seus respectivos alvos. Rugidos
ensurdecedores apareceram. Em contrapartida, as 〈Serpentes de Magma⟩,
que estavam tentando devorar Yue, foram devoradas uma a uma pelo grupo de
dragões de trovão sem deixarem para trás nem mesmo traços de magma,
dessa maneira, suas [Pedras Mágicas] dentro de seus corpos também foram
destruídas.

Vendo esse espetáculo, Shia disse, "Como imaginei, o inimigo mais poderoso é
Yue-saaaan!", Tio falou, "Yue é um problema! És absolutamente anormal!”.
Ambas estavam com expressões impetuosas enquanto praguejavam. Elas
usaram ataques ainda mais severos, aumentando o número de alvos que elas
aniquilavam.

(Hajime): “… não é como se eu me importasse. Mas, elas parecem estar se


divertindo”

Encolhendo seus ombros diante das três garotas animadas, que fizeram dele o
prêmio da competição, Hajime apenas desistiu. Assim, sem se virar, ele
rapidamente disparou [Schlag] sobre seu ombro na direção da 〈Serpente de
Magma⟩ avançando atrás dele.

As balas disparadas constantemente no corpo da 〈Serpente de Magma⟩,


juntamente com os impactos, explodiram o corpo do monstro. Ao mesmo
tempo, os impactos fizeram a [Pedra Mágica] flutuar no ar. Repelindo as
rajadas de magma que voavam da metade inferior do corpo do monstro,
Hajime atirou precisamente na [Pedra Mágica] caindo pouco antes de ela
mergulhar no oceano de magma.

A bala que Hajime disparou de [Schlag] era a munição explosiva parecida com
a de Shia. Entretanto, como seria problemático se as balas fossem tão
grandes, seu poder não chegava ao do projétil sólido. É claro que se ele
usasse [Schlagen], então seria possível utilizar todo esse poder destrutivo.
Porém, essa era a primeira vez que as balas eram usadas, de forma parecida
com um experimento, ele só usou os dois revólveres.

A bala de tamanho normal não tinha poder suficiente para destruir a 〈Serpente
de Magma⟩ juntamente com sua [Pedra Mágica], assim sendo, Hajime
precisava de dois tiros para explodir a armadura de magma e atirava com
exatidão na [Pedra Mágica] exposta usando a precisão de [Donner].
Naturalmente, [Schlagen] era capaz de ignorar a armadura de magma e
perfurar a [Pedra Mágica], mas ele tinha poder de penetração demais, o que
não facilitava a tarefa de localizar a [Pedra Mágica], dessa forma, o rifle não
era adequado para mirar nas [Pedras Mágicas].
Agora, outras duas 〈Serpentes de Magma⟩ estavam atacando Hajime, da
direita e da esquerda, mas ele se retirou em alta velocidade
usando ‖Aerodinâmica‖ e ‖Teletransporte‖. Ele girou no meio do ar e
disparou [Schlag] em uma posição invertida.

] BOOOOM! [

Um som explosivo surgiu. No entanto, as rajadas de intenção assassina


disparadas eram quatro. As 〈Serpentes de Magma⟩, que estavam atacando da
direita e da esquerda com imensa velocidade, não tiveram qualquer chance de
ficarem confusas com o súbito desaparecimento de sua presa. Elas foram
atacadas pelo impacto vindo do alto, então seus copos de magma dispersaram,
expondo o núcleo, a [Pedra Mágica].

Simultaneamente, dois clarões de luz foram disparados de [Donner] e


atravessaram as duas [Pedras Mágicas] sem nem mesmo um milímetro de
erro.

Se alguém observasse, dos cristais enterrados ordenadamente na


circunferência externa da parede de pedra da ilha central emitindo luz, apenas
oito não estavam ativos. Isso foi feito mesmo que pouco tempo tenha se
passado desde que a luta real começou.

Se o palpite do grupo de Hajime estivesse correto, onde o conceito do |Grande


Vulcão Guruyuen| era uma batalha prolongada enquanto a concentração do
desafiante diminuía devido ao horrível ambiente, então a expectativa do criador
deste desafio estava completamente incorreta porque esses eram Hajime e seu
grupo.

O ‖Sopro‖ de Tio destruiu mais 〈Serpentes de Magma⟩

— Faltavam seis.

Shia golpeou com [Doryukken] e, simultaneamente, disparou a bala sólida em


outra 〈Serpente de Magma⟩, as explodindo.
— Faltavam quatro.

Duas 〈Serpentes de Magma⟩ tentavam fazer um movimento de pinça contra


Yue, emboscando de baixo, onde estava o oceano de magma. Contudo, acima
deles estava o ‖Dragão do Trovão‖, enrolado ao redor de Yue, os obstruindo,
assim, a situação se tornou um impasse. Em seguida, as duas 〈Serpentes de
Magma⟩ foram atacadas por quatro dragões de trovão de ambos os lados, e
foram devoradas.

— Faltavam duas.

Uma 〈Serpente de Magma⟩ estava rapidamente disparando contra Hajime


enquanto atirava massas de magma como se fossem disparos de uma arma de
fogo. Entretanto, Hajime estava se balançando, como uma folha dançando ao
vento, e desviou das rajadas de magma. Quando ele estava a ponto de ser
devorado pela 〈Serpente de Magma⟩, ele atirou com [Schlag], e eles
passaram um pelo outro. O monstro explodiu enquanto a inércia fazia a [Pedra
Mágica] saltar para fora, ela então foi destruída por [Donner] e Hajime nem
mesmo olhou para ela.

Finalmente, a última 〈Serpente de Magma⟩ estava usando um ataque surpresa


do oceano de magma. Hajime voou usando ‖Aerodinâmica‖ e
disparou [Schlag], na direção do interior da boca aberta do monstro se
aproximando por baixo.

No momento do impacto, ondas de choque vermelhas se espalharam do


magma. A abertura criada revelou um pouco da [Pedra Mágica]. Hajime
preparou [Donner] em sua mão direita. Quando ele estava a ponto de realizar
o último ataque, ele observou os olhares satisfeitos de Yue e as garotas.

(Hajime): “Este é o fim”

Olhando com o limite de sua visão, Hajime realizou o ataque final com o
objetivo de conquistar o |Grande Vulcão Guruyuen|.

... e nesse momento.


] FUUUUWIIIIIISHHHHH [

Um raio surgiu do alto.

A luz, que parecia como punição divina lançada dos céus, era a luz que feriu
mortalmente Hajime antes. Não, ela devia ser muito mais forte do que isso. O
ataque, que fez até o ar gritar, esperando pelo momento da batalha quando
Hajime estivesse mais vulnerável... engoliu o garoto juntamente com a
última 〈Serpente de Magma⟩.

Notas

[1] O movimento de pinça, ou envolvimento duplo, é uma manobra militar na


qual os flancos do exército oponente são atacados simultaneamente por duas
alas defensivas, movimentando-se como braços de uma pinça, em reação ao
ataque inimigo contra o centro do exército. O objetivo é cercar o atacante. O
movimento completo inclui ainda partes da força defensiva circundando
completamente a atacante por trás, evitando o envio de reforços.

[2] Alterando “Orca” para “Orkan”.

[3] Erupções solares são explosões na superfície do Sol causadas por


mudanças repentinas no seu campo magnético. A atividade na superfície solar
pode causar altos níveis de radiação no espaço sideral. Esta radiação pode vir
como partículas (plasma) ou radiação eletromagnética (luz).

[4] Os projéteis sólidos têm destinação militar, defesa pessoal ou para tiro
esportivo e destacam-se por sua maior capacidade de penetração e alcance.

Capítulo 88: O usuário de Magia da Era dos Deuses

Sem nenhum aviso, o raio branco subitamente caiu dos céus.


A luz atingiu Hajime com uma sincronia perfeita, exatamente quando ele estava
a ponto de eliminar a última 〈Serpente de Magma〉. Assim, o garoto foi
engolido por uma tempestade destrutiva que carregava calor e impacto ferozes.

(Yue): “Ha-Hajimee!!!”

O grito de Yue ecoou. Um pouco afastadas de Hajime, Shia e Tio só podiam


observar Hajime sendo engolido pelo raio, e recuperaram seus sentidos
quando elas escutaram o grito doloroso de Yue, algo que elas nunca ouviram
desde que a conheceram.

Caindo bem acima de Hajime, o raio também engoliu a última 〈Serpente de


Magma〉 e atingiu o mar escaldante, explodindo grandiosamente os arredores e
temporariamente revelando o fundo do oceano de magma. O raio continuou
perfurando o mar de magma por um tempo, mas gradualmente ficou mais e
mais fino antes de finalmente desaparecer como se estivesse se fundindo com
o ar.

Yue, que desesperadamente pulou para onde Hajime estava, viu ele aparecer
de dentro da luz que desaparecia e flutuar no ar, embora ele estivesse surrado.
Contudo, cruzando seus braços para proteger seu peito e rosto, Hajime
imediatamente perdeu seu equilíbrio e começou a cair na direção do agitado
mar de magma por causa do impacto do raio.

(Yue): “Kh! ‖Elevar‖!”

Pensando que Hajime tinha perdido sua consciência, Yue usou magia para
impedir a queda dele. Usando esta oportunidade, ela abraçou Hajime e eles
aterrissaram em um apoio próximo.

(Yue): “Kh! Hajime! Hajime!”

Preocupação máxima podia ser vista no rosto de Yue enquanto ela fazia
Hajime beber a [Água Sagrada] que segurava. A condição de Hajime era
muito terrível. Seu braço direito estava tão queimado que até o osso podia ser
visto, enquanto seu braço artificial estava derretido parcialmente. Seu tapa-olho
foi arrebentado e sangue continuava a escorrer da profunda ferida em sua
bochecha. Além disso, seu abdômen estava preto, carbonizado. Mesmo assim,
como prova de seu crescimento, seus órgãos internos não foram danificados.

Naquele momento, no momento que o raio estava a ponto de engolir Hajime,


ele girou seu corpo para encarar o ataque e usou ‖Fortalecimento
Concentrado‖ e ‖Atribuir Força‖, derivações de ‖Vajra‖. Graças a isso, sua
cabeça foi protegida pelo reforço de seu braço artificial, enquanto seu coração
e pulmões foram salvos por seu braço direito e [Donner]. A roupa ao redor de
sua barriga, feita do couro de uma 〈Fera Mágica〉 especial, teve sua defesa
aumentada ainda mais com o ‖Atribuir Força‖, e o próprio Hajime tinha uma
resistência anormal contra magias, então não havia perigo para sua vida,
porém…

(Yue): “Nh… a recuperação está lenta demais!”

Aparentemente, com Yue murmurando irritada, a recuperação da [Água


Sagrada] não avançou muito. Assim, ela cerrou seus dentes.

Anteriormente, Hajime foi queimado e desmaiou depois de receber o ataque de


um raio para proteger Yue durante a luta contra a 〈Hidra〉 no desafio final
do |Grande Calabouço Orcus|[1]. Dessa forma, Yue não queria ver essa cena
mais uma vez, e ela jurou jamais permitir que Hajime passasse por isso de
novo. Contudo, o espetáculo do rapaz sendo engolido pelo raio e
desmoronando indefeso era a exata reprodução do evento daquela vez. Isso
fez com que o rosto de Yue, normalmente sem expressões, se contorcesse
com arrependimento.

E nesse momento...

(Tio): “Tola! Acima de ti!!”

Tio avisou, e, ao mesmo tempo, inúmeros clarões surgiram. Essas eram


versões menores do raio. Cada um tinha o poder e a escala de um décimo do
ataque anterior, mas cada luz da morte poderia certamente destruir o corpo de
seu alvo.

No entanto, Yue não notou os clarões se aproximando do alto porque ela


estava ocupada fazendo Hajime beber o segundo frasco de [Água Sagrada].
Era uma situação onde a magia de Yue não poderia ser usada a tempo, já que
ela só tinha olhado para cima por causa do aviso. Em mais três segundos, não,
em um segundo... no momento em que o ataque pareceu se expandir, Yue
desesperadamente construiu uma defesa mágica em sua mente.

(Tio): “Não vou permitir! ‖Tormenta do Vazio‖!”

Tio ganhou mais alguns segundos para Yue. ‖Tormenta do Vazio‖ era
uma ‖Magia do Vento‖ defensiva. A parede de ar comprimido recebeu a
chuva mortal. A barreira de vento entortou imensamente no momento do
impacto. Normalmente, o ataque teria sido defletido, mas não havia forma de
fazer isso. Os minirraios caindo um após o outro fizeram o ar guinchar. O
tempo que ela poderia interceptá-los era realmente de apenas poucos
segundos.

Contudo, isso foi o bastante.

(Yue): “‖Interrupção Divina‖!”

A defesa mágica de Yue foi ativada. Normalmente, ela usaria ‖Calamidade


Absoluta‖, mas o pequeno intervalo de tempo para ativar a magia não seria
suficiente, apesar de ela ter ficado mais competente em utilizá-la. Era devido
ao tempo necessário para construir e ativar a ‖Magia da Gravidade‖, tempo
que não poderia ser comparado ao de magias de outros atributos. Assim, ela
decidiu usar ‖Interrupção Divina‖, a melhor magia defensiva que ela podia
ativar imediatamente.

Uma barreira de luz que brilhava intensamente apareceu diante da mão


esticada de Yue, cobrindo a garota e o inconsciente Hajime em uma
semiesfera. Além disso, a ‖Tormenta do Vazio‖ ativada por Tio finalmente foi
incapaz de resistir a tempestade de minirraios, e se partiu, acompanhada pelo
som do ar sendo rasgado. Ao mesmo tempo, a torrente de destruição
imparável se chocou com a barreira de luz abaixo dela.

] WOOOOOOSSSHHHH!!! [

A enorme pressão que parecia uma cachoeira não aniquilou Hajime e Yue,
mas continuou a atacá-los. A ‖Interrupção Divina‖ de Yue se rachou.
Julgando que a situação pioraria depois de receber mais força do que tinha
imaginado, Yue transformou a barreira que cobria todos os seus arredores em
um escudo que só cobria o que estava acima de sua cabeça no meio de sua
ativação. A força aumentou inversamente a escala que ela cobria.

As imediações foram destruídas pelos minirraios e partes dos pontos de apoio,


excluindo o apoio onde estavam Yue e Hajime, já tinham afundado no mar de
magma.

Esses minirraios teimosamente tinham Hajime como alvo, eles nem mesmo
caíam nos pontos próximos, onde Shia e Tio estavam. Entretanto, Shia e Tio
foram forçadas a ficar onde estavam porque o poder e a densidade da
barragem dos minirraios era muito anormal.

(Shia): “Hajime-san! Hajime-saan!”

(Tio): “Se acalme Shia! Tu morrerás se deixares a proteção desta!”

(Shia): “Mas! Hajime-san está...”

Tio desesperadamente advertiu Shia, que tentou disparar na direção da


infinidade de minirraios com olhos cheios de lágrimas enquanto movia o
escudo de vento rodopiante.

Tio também estava preocupada com Hajime. Ela entendia quão doloroso era
para Shia. Entretanto, elas não poderiam se mover de forma indefesa com a
versão minimizada do ataque que feriu severamente Hajime, e tinha um efeito
de enfraquecer a taxa de recuperação da [Água Sagrada]. Agarrando Shia
pela nuca, Tio desesperadamente evitou as luzes ameaçadoras.

Depois de dez segundos, ou quem sabe um minuto... a tempestade de raios


que parecia continuar pela eternidade, caiu com particular intensidade, e o fim
finalmente pôde ser visto. O ambiente estava em uma condição miserável, e
fumaça branca estava surgindo de vários pontos.

Yue e Tio esgotaram seus |Poderes Mágicos⟩. Ofegando, elas se


recarregaram usando o |Poder Mágico⟩ estocado dentro do [Conjunto de
Cristais Mágicos].

E, ao mesmo tempo, a voz de um homem, que era um misto de espanto e


admiração, surgiu do alto.

(???): “… uma força que não pode ser ignorada; certamente foi o certo
emboscá-los aqui. Vocês são todos perigosos demais. Especialmente aquele
homem…”

Yue e as garotas olharam para cima, na direção do teto, de onde a voz surgia.
Em seguida, seus olhos se arregalaram com espanto. Quanto ao motivo,
vários 〈Dragões〉, e um 〈Dragão〉 gigante e completamente branco que não
podia ser comparado ao resto do grupo, estavam voando, e havia um homem
com cabelo vermelho, pele escura e orelhas levemente pontudas, um homem
da raça dos ⌊Demônios⌋, nas costas do 〈Dragão Branco〉.

(Homem): “Para o ‖Sopro‖ do meu 〈Dragão Branco〉 ser incapaz de matá-lo...


e além disso, ele tem poderosas armas desconhecidas não descritas no
relatório... essas mulheres também. É realmente inacreditável para vocês não
serem exterminadas com um bombardeio de 50 〈Dragões de Cinzas〉. Vocês,
mas o que são vocês? Quantas ‖Magias da Era dos Deuses‖ você
obtiveram?”

O homem estava encarando do alto com olhos dourados ameaçadores,


parecidos com os de Tio. Ele fez essa pergunta enquanto se mantinha atento
com Yue e as outras, que o encararam de volta. Ele pensava que o poder de
Yue e as garotas vinha das ‖Magias da Era dos Deuses‖ dos |Grandes
Calabouços|.

(Hajime): “Antes de nos questionar, que tal se apresentar primeiro? A raça


dos ⌊Demônios⌋ não tem educação?”

Aquele que respondeu o homem da raça dos ⌊Demônios⌋ era o anteriormente


inconsciente Hajime. O homem da raça dos ⌊Demônios⌋ franziu o cenho.
Entretanto, as vozes de Yue e as garotas apareceram antes do homem abrir
sua boca.

(Yue): “Hajime!”

(Shia): “Hajime-san!”

(Tio): “Tu estás bem!? Mestre!?”

De alguma forma, Hajime ergueu a metade superior de seu corpo, mas ele
mais uma vez caiu porque seu ferimento era realmente severo. Yue
prontamente o ajudou enquanto Shia e Tio pulavam para um ponto próximo de
onde Hajime estava, preocupadas.

Hajime sorriu para dizer a Yue e as garotas, que estavam o olhando com
apreensão, que ele estava bem, e se levantou sozinho. No entanto, ele não
estava em uma condição onde seria capaz de lutar imediatamente. Isto estava
evidente por sua testa encharcada de suor devido as fortes dores que ele
sentia. Mesmo assim, Hajime moveu seu olhar de Yue e as garotas para o
homem da raça dos ⌊Demônios⌋ no alto, e mostrou seu sorriso destemido.

(Homem): “… não há necessidade para me apresentar para aqueles que logo


morrerão”

(Hajime): “Eu concordo. Eu só estava perguntando porque isso é o normal a se


fazer. Eu também não estou interessado, então não se incomode com isso. A
propósito, como está o braço do seu amigo?”
Hajime perguntou com sarcasmo para ganhar um pouco de tempo para sua
recuperação. O homem da raça dos ⌊Demônios⌋ falou "relatório" e
"emboscada", então Hajime se lembrou do indivíduo da raça
dos ⌊Demônios⌋ que estava coordenando o ataque contra a |Cidade de Ur|,
cujo braço foi destruído, mas conseguiu escapar com vida[2]. Assim, a
informação dele deve ter vindo dessa pessoa.

Com suas sobrancelhas se contorcendo por um instante, o homem da raça


dos ⌊Demônios⌋ respondeu com um tom um pouco mais baixo do de antes.

(Homem): “Eu mudei de ideia. Marque este meu nome em sua carne e ossos.
Meu nome é Freed Baghuar. Um ⟦Apóstolo de Deus⟧ que trará a punição
divina para os hereges”

(Hajime): “⟦Apóstolo de Deus⟧... entendo. Que exagerado. Você tem


permissão para se apresentar assim porque obteve a ‖Magia da Era dos
Deuses‖? Não é o tipo de magia que controla 〈Feras Mágicas〉, correto?
Apesar das 〈Feras Mágicas〉 dispararem os raios, elas pareciam fazer isso por
vontade própria. Portanto, deve ser uma magia que cria 〈Feras Mágicas〉, não
é? Logicamente, aqueles que podem criar um exército incomparável podem se
apresentar como ⟦Apóstolos de Deus⟧, heh”

(Freed): “Isso mesmo. Pois Aruvu-sama, que obteve os poderes de Deus, me


disse diretamente, 'Meu apóstolo'. Dessa forma, todo o meu ser está devotado
em realizar o desejo de meu mestre. Assim, eu vou usar tudo de mim para
negar vocês, cujas existências só serão um obstáculo”

Lembrando muito Ishtar da ⟦Igreja dos Santos⟧, o homem da raça


dos ⌊Demônios⌋, Freed Baghuar, estava negando a existência do grupo de
Hajime diante deles. Porém, Hajime riu com audácia dessa negação feroz.
Apesar de sua taxa de recuperação estar lenta, Hajime usou ‖Recuperação‖,
habilidade derivada da ‖Conversão de Poder Mágico‖, para trocar
seu |Poder Mágico⟩ por recuperação, e seu sangramento parou. Embora ele
não pudesse usar seu braço esquerdo, era possível para ele usar seu braço
direito, mesmo que o osso ainda pudesse ser visto. Hajime se empolgou, “Eu
ainda posso lutar!”.

(Hajime): “Essa frase é minha. Aqueles que me atrapalharem são inimigos. E


eu irei... matar meus inimigos!”

Depois de gritar isso, Hajime suportou a intensa dor para mirar [Donner] em
Freed e puxou o gatilho. Ele forçou seu braço direito e corpo em agonia devido
ao coice, e usou intenção assassina contra seus inimigos. Além disso, ele
ativou a ‖Velocidade da Luz‖ e pegou as [Brocas de Cruz] para atacar. Ao
mesmo tempo, o ‖Dragão do Trovão‖ de Yue, o ‖Sopro‖ de Tio e as balas
explosivas de Shia o acompanharam.

Contudo, quando vários dos 〈Dragões de Cinzas〉 com três a quatro metros de
comprimento entraram na trajetória dos ataques, inúmeras pilhas de barreiras
negras avermelhadas em forma de triângulo imediatamente apareceram e
receberam todos os ataques do grupo de Hajime.

A barreira que recebeu a força do ataque do grupo de Hajime nem mesmo


resistiu por poucos segundos antes de se desfazer, porém, mais 〈Dragões de
Cinzas〉 vieram detrás do grupo e empilharam outras barreiras similares, e
assim, não foi possível atravessá-las. Olhando atentamente, eles viram que
havia 〈Feras Mágicas〉 em forma de tartaruga nas costas dos 〈Dragões〉. Suas
carapaças estavam brilhando com uma cor preta avermelhada, então
essas 〈Feras Mágicas〉 parecidas com tartarugas muito provavelmente foram
as responsáveis por ativar as barreiras.

(Freed): “Vocês acharam que eu trouxe apenas essas 〈Feras Mágicas〉 do


tipo 〈Dragão〉? Vocês não vão conseguir passar com facilidade pela defesa
deles, entenderam? Muito bem, eu vou mostrar a vocês. Eu vou mostrar o
outro poder que eu obtive... o poder dos Deuses!”

Freed começou a se concentrar e recitar o encantamento em um murmúrio. Em


sua mão havia um enorme tecido onde uma complexa e bizarra formação
mágica estava desenhada. De acordo com o que ele disse, isso era outro
poder dos Deuses. Ele provavelmente se referia a ‖Magia da Era dos
Deuses‖ que obteve neste |Grande Vulcão Guruyuen|. Sabendo do grande
efeito de uma ‖Magia da Era dos Deuses‖, o grupo de Hajime começou a
atacar furiosamente, para não permitir que ele terminasse seu feitiço.

Contudo, assim que eles superavam a barreira dos 〈Dragões de Cinzas〉, uma
nova barreira imediatamente seria ativada atrás da anterior, assim, seus
ataques não poderiam alcançar Freed. Normalmente, Hajime iria pedir a Yue e
as outras duas para cobri-lo enquanto ele avançava usando ‖Aerodinâmica‖,
mas ele ainda não tinha se recuperado completamente, então seria difícil para
ele derrotar o grupo de 〈Dragões de Cinzas〉. Pensando nisso, Hajime apertou
seus dentes.

Hajime guardou [Donner] e disparou todas as munições de [Orkan] cujo coice


era pequeno, mas elas apenas explodiram várias barreiras dos 〈Dragões de
Cinzas〉, isso foi tudo. Elas não foram capazes de chegar a Freed. Até
as [Brocas de Cruz], que tinham muito poder, não poderiam destruir
completamente todas as barreiras.

E o tempo acabou. Freed terminou seu encantamento.

(Freed): “‖Transcender Fronteiras‖”

(Shia): “Kh! Atrás de você! Hajime-san!”

Ao mesmo tempo, assim que a última letra do nome da magia foi dita, Freed e
o 〈Dragão Branco〉 desapareceram. Para ser mais preciso, membranas
brancas apareceram e eles pularam dentro delas. O momento que Freed disse
o nome da magia e o aviso de Shia aconteceram ao mesmo tempo, então, o
grupo de Hajime, sem ter tempo para arregalarem seus olhos com o espanto,
viraram suas cabeças para trás.

Lá estava... bem na frente de Hajime, um 〈Dragão Branco〉 com a boca


totalmente aberta e Freed em cima dele, mirando em Hajime. Dentro da boca
do 〈Dragão〉 havia um calor extremo e |Poder Mágico⟩, concentrado e
comprimido ao limite. O garoto imediatamente usou [Orkan] como escudo e,
ao mesmo tempo, o raio foi disparado à queima-roupa.

] BOoOoOoOoOOOM [

(Hajime): “Ghh!! AaAAAH!!”

Acompanhado por um som estrondoso, [Orkan] foi atingida pelo raio e Hajime
foi lançado para longe. O impacto e dano severos fizeram sua carne gritar, e
Hajime soltou um gemido agonizante de sua boca apertada.

(Yue): “Hajime!”

Querendo ajudar Hajime, que foi atirado para longe pelo raio, Yue e as garotas
imediatamente tentaram atacar o 〈Dragão Branco〉, mas os 〈Dragões de
Cinzas〉 atacaram com um bombardeio como se soubessem o que as garotas
fariam.

Embora não tivesse recebido um golpe direto do raio, o impacto de ser lançado
para longe fez a ferida de Hajime reabrir e sangue jorrar. Hajime estava
desesperadamente segurando [Orkan] com seu braço direito ferido e resistiu
usando ‖Aerodinâmica‖. Então, pensando que iria cair no mar fervendo se
isto continuasse, ele ativou o ‖Superar Limite‖.

Era uma aposta perigosa ativar ‖Superar Limite‖ com um corpo ferido.
Normalmente, ele iria apenas ficar exausto depois de usar a habilidade, mas
com sua condição atual, ele provavelmente ficaria paralisado mais tarde. Ainda
assim, Hajime julgou que usar isso era realmente necessário para superar esta
situação.

O corpo de Hajime foi envolvido dentro de uma torrente de luz vermelha


brilhante, seu poder cresceu explosivamente.

(Hajime): “RAaAAA!!”
Rugindo, ele inclinou [Orkan] para desviar o raio à força. Mesmo assim, ele
não poderia desviá-lo completamente, e ele foi atirada para longe enquanto
jorrava sangue devido ao ataque.

O 〈Dragão Branco〉 continuou atacando ao disparar inúmeros projéteis de luz,


que eram os mesmos da 〈Hidra〉. No entanto, o raio do 〈Dragão〉 era muito
mais forte do que o da 〈Hidra〉, então os projéteis de luz também não podiam
ser subestimados. Além disso, sua combinação com um usuário de ‖Magia da
Era dos Deuses‖ tornava tudo extremamente complicado.

(Hajime): “[Broca de Cruz]!”

Com os projéteis de luz que chegavam, Hajime se concentrou ao limite,


entrando no mundo em câmera lenta e desviando como uma folha balançando
ao vento. Em seguida, ele guardou [Orkan], que ficou inútil depois de derreter,
e disparou [Donner], enquanto também fazia a [Broca de Cruz] voar para
atacar Freed ao mesmo tempo.

(Freed): “Que persistente! Para desviar de um golpe decisivo por tão pouco!”

Se cobrindo mais uma vez com a barreira da 〈Fera Mágica〉 em forma de


tartaruga, Freed estava apertando seus dentes enquanto observava a
tenacidade do gravemente ferido Hajime com surpresa. Então, ele começou a
recitar de novo o encantamento enquanto o 〈Dragão Branco〉 voava em alta
velocidade.

(Tio): “Esta não vai permitir!”

Contra Freed e o 〈Dragão Branco〉, que resistiam ao ataque feroz das [Brocas
de Cruz], enquanto disparavam os projéteis de luz e se afastavam de Hajime
para ganhar tempo e completar o encantamento, uma voz misteriosa
subitamente ressoou por todo o espaço. Ao mesmo tempo, eles foram
assaltados por um impacto incrível de seu flanco.

Lançado para longe, Freed parou seu feitiço e instintivamente se agarrou


no 〈Dragão Branco〉. Ele então olhou para aquela que afastou o 〈Dragão
Branco〉 com dez metros de comprimento. Ele arregalou seus olhos em
assombro.

(Freed): “Um 〈Dragão Negro〉!?”

(Tio): “Pareces que tu esqueceste teu lugar e se empolgaste! Esta não


permitirá que machuques mais o Mestre!”

Aquela que afastou Freed e o 〈Dragão Branco〉 foi a "dragonificada" Tio.


Aceitando o risco da raça dos ⌊Demônios⌋ sabendo da existência da raça
dos ⌊Ryujin⌋, Tio revelou sua aparência. E embora ela fosse um pouco menor
do que o 〈Dragão Branco〉, sua pressão superava em muito a do inimigo.

A razão para Tio decidir se juntar ao grupo de Hajime em sua jornada era por
ela gostar de Hajime, mas também para observar as pessoas que vieram do
outro mundo, e para descobrir como seria o seu próprio futuro. Assim, ela
queria esconder o fato de ela ser da tribo ⌊Ryujin⌋. Essa também era uma lei
de sua raça, então ela naturalmente seguiria isso. Afinal, não importava quão
forte sua raça fosse, eles não seriam capazes de lutar contra números. Isso era
algo que foi marcado dentro de seu povo pela perseguição de 500 anos atrás.

Entretanto, Hajime, quem ela estava convencida de ser invencível e que não
poderia ser ferido, sofreu ferimentos graves. Assim, quando ela viu o rapaz
impotentemente caindo por causa do raio que vinha do alto, a mente de Tio foi
atacada por uma feroz agitação.

Ela pensou que tinha mal interpretado algo. Hajime era um humano. Se ferido
em um momento de descuido, era possível que ele morresse facilmente. Tio
gradualmente se lembrou disso, e ela, que esqueceu do senso comum devido
à sua vida longa, estava agora claramente consciente de seu sentimento
graças a sua devoção por Hajime. Ele era um objeto de interesse para ela, mas
não como seu Mestre. Ela entendia agora que Hajime era um "homem" que
ela, como mulher, não queria perder.
Dessa forma, ela decidiu usar sua ‖Forma de Dragão‖ na frente dos outros.
Ela não seria capaz de estufar seu peito e chamá-los de companheiros se
estivesse relutante em fazer isto nesta crise. Acima de tudo, o orgulho de Tio
Clarce da raça dos ⌊Ryujin⌋ não a permitiria escolher a lei acima da vida de
sua pessoa importante.

(Tio): “Jovem! Lembres-te disto! Este é o ‖Sopro‖ de um 〈Dragão〉!”

] ROooOOOOooOaaaAAR [

Acompanhado de um som ribombante, um clarão negro imediatamente


apareceu para engolir o 〈Dragão Branco〉 junto de Freed. O 〈Dragão
Branco〉 girou seu corpo e disparou seu ‖Sopro‖ contra o ataque que se
aproximava. A luz negra e a branca colidiram, criando uma onda de choque
violenta. O oceano de magma logo abaixo, no centro do ponto de colisão,
estava enlouquecido e gerando gigantescas ondas de magma.

A princípio, os ‖Sopros‖ de Tio e do 〈Dragão Branco〉 eram iguais, mas o


ataque de Tio começou a gradualmente empurrar o do 〈Dragão Branco〉.

(Freed): “Kuh, para eu encontrar uma sobrevivente da raça dos ⌊Ryujin⌋ aqui...
não há outro jeito. Apesar de ser arriscado, eu vou usar magia para fazer o
espaço…”

(Hajime): “Você acha que eu vou te deixar fazer isso!?”

(Freed): "Kh!?"

Talvez por ele não ter recebido nenhum relato sobre a raça dos ⌊Ryujin⌋, Freed
estava realmente surpreso. Vendo esta situação, ele cerrou os dentes, pegou
outro pedaço de tecido de seu bolso, e tentou recitar o encantamento
da ‖Magia da Era dos Deuses‖ mais uma vez.

Contudo, ele foi interrompido pelo impacto acompanhado de uma voz atrás
dele.
Era Hajime, que chegou atrás de Freed, sem o conhecimento deste, e
disparou [Donner] em sucessão enquanto sangue escorria de seus ferimentos.
Seis balas foram disparadas com um único som de tiro. Todos as balas, sem
desviar nem mesmo um milímetro, atingiram o mesmo lugar.

A 〈Fera Mágica〉 com aparência de tartaruga ao lado de Freed ativou a barreira


mais rápido do que Freed poderia reagir, mas assim que ela foi atingida em
distância quase inexistente pelos clarões, a barreira brilhando na cor preta
avermelhada foi facilmente destruída. Na sequência, Hajime apareceu na frente
de Freed, que mostrou sua irritação e entrou em pânico.

Ativando a ‖Garra do Vento‖ em [Donner], Hajime balançou a arma uma vez.

(Freed): “Guaah!?”

Pela distância de um fio de cabelo, Freed evitou ser cortado em dois ao cair
para trás. Entretanto, um corte horizontal foi gravado em seu peito. Hajime não
parou seu ataque, rodando usando o impulso do ataque contra Freed, ele
ativou ‖Onda de Choque Mágica‖ da ‖Conversão de Poder Mágico‖ e
chutou o ⌊Demônio⌋.

] BAAAM! [

(Freed): “GAaAHH!!”

Freed mal se defendeu usando seu braço esquerdo, mas ele não pôde defletir
a força, e assim, seu braço esquerdo foi esmagado e seus órgãos danificados.
Freed foi atirada para longe do 〈Dragão Branco〉.

Notando o desaparecimento de seu mestre, o 〈Dragão Branco〉 perdeu sua


concentração e o ‖Sopro‖ negro se aproximou em um instante. Na mesma
hora que Hajime pulou para longe do 〈Dragão Branco〉, o ‖Sopro‖ de Tio
superou o raio e lançou o 〈Dragão Branco〉 para longe.

(Dragão Branco): “Roarrrr!!”


Gritando enquanto era atirado para longe, o 〈Dragão Branco〉 conseguiu
recuperar seu equilíbrio no meio do ar, mesmo depois de sua barriga receber o
ataque do ‖Sopro‖ de Tio, e ele imediatamente voou em direção ao teto. Freed
estava nas costas de um 〈Dragão de Cinzas〉. Reunindo-se no ar, Freed mais
uma vez subiu no 〈Dragão Branco〉.

Hajime tentou persegui-lo usando ‖Aerodinâmica‖, contudo…

(Hajime): “Gh!? Gahakh!!”

A luz vermelha brilhante envolvendo Hajime desapareceu rapidamente, e não


apenas de seus ferimentos, mas ele também vomitou uma enorme quantidade
de sangue. Seu ‖Superar Limite‖ atingiu o limite de tempo. Em sua condição
ferida, o dano foi ainda mais agravado por ultrapassar seu limite, e assim, o
limite de tempo foi encurtado. Hajime estava caindo na direção do oceano de
magma porque sua ‖Aerodinâmica‖ foi desativada.

(Tio): “Mestre! Aguente firme!”

(Hajime): “Guh, Ti-Tio…”

Tio voou para colocar Hajime em suas costas. Hajime, cujo dano foi
aprofundado com o efeito posterior do ‖Superar Limite‖ e deveria ter
desmaiado, de alguma forma, conseguiu ficar de joelhos e seus olhos brilharam
assim que ele encarou Freed no alto.

Pelo que ele viu, até os 〈Dragões de Cinzas〉 que estavam atacando Yue e as
garotas se reuniram ao redor de Freed.

(Yue): “Hajime!”

(Shia): “Hajime-san!”

Gritando o nome do garoto, Yue e Shia apareceram correndo. Tio aterrissou


em um ponto de apoio próximo. Ela fez isso porque era alta a possibilidade do
atual Hajime não ser capaz de suportar os movimentos de batalha de Tio e
cair. Pulando para o mesmo ponto, Yue e Shia imediatamente foram para os
lados do rapaz e sustentaram seu corpo.

(Freed): “… que força assustadora. Essas mulheres também não são normais.
Uma integrante da raça dos ⌊Ryujin⌋ que deveria ter sido aniquilada, uma
usuária de magia que não usa encantamento nem formações mágicas, e uma
integrante da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋ com força inesperada e a habilidade
para ver o futuro... elas também são possíveis usuárias da ‖Magia da Era dos
Deuses‖. E para me acuarem agora... eu teria sido derrotado se não tivesse
desferido o primeiro golpe, huh…”

Espremendo suas palavras, Freed estava trocando um olhar com Hajime,


criando faíscas. Ofegando, Freed tocou a ferida gravada em seu peito com sua
mão direita ilesa.

(Hajime): “Por que você está assumindo que este é o fim? Eu ainda posso
lutar”

A expressão de Hajime ficou pavorosa por causa das palavras de Freed. Mas
mesmo com seu corpo surrado, os olhos de Hajime estavam brilhando com
intenção assassina, enquanto ele declarava que a batalha continuaria.

(Freed): “… é claro. Sua torrente de intenção assassina transbordando mostra


que você não irá desistir, não importa o quão ferido você esteja. Não apenas
você tem poderes terríveis, como também tem uma intenção assassina que
pode até devorar seu inimigo... não, esse é o compromisso em sobreviver…”

Imaginando isso, Freed mostrou uma expressão decidida e encarou Hajime


mais uma vez.

(Freed): “Eu não quero usar este método... mas isto é necessário se eu puder
matar inimigos poderosos como vocês”

(Hajime): “O que você disse?”


Sem responder à pergunta de Hajime, Freed disse algo para a 〈Fera
Mágica〉 parecida com um pequeno pássaro, que posou em seu ombro sem
que ninguém percebesse.

Então...

] RIBOMBO, RIBOMBO, RIBOMBO, RIBOMBO, RIBOMBO, RIBOMBO,


RIBOMBO, RIBOMBO, RIBOMBO! [

] SPLASH! [

] KABOOM! [

Um grande tremor sacudiu todo o espaço, não, todo o |Grande Vulcão


Guruyuen|, e o oceano de magma começou a se agitar, acompanhado de um
incrível som estrondoso.

(Hajime): “Uoh!?”

(Yue): “Nnah!?”

(Shia): “Kyaa!?”

(Tio): “Nuoh!?”

Sofrendo com a súbita onda de choque que vinha debaixo, o grupo de Hajime
ficou de quatro e gritou, enquanto desesperadamente tentavam recuperar seus
equilíbrios. O grande tremor estava gradualmente ficando mais e mais intenso,
e podia se dizer que ele chegou a sete na Escala de Richter[3]. Do oceano de
magma, inúmeros pilares de fogo, não, pilares de magma começaram a jorrar.

(Shia): "Hajime-san! O nível do magma!”

Com as palavras de Shia, o magma ao redor do ponto de apoio, onde o grupo


de Hajime estava, realmente começava a subir.

(Hajime): “O que ele fez?”


Hajime espremeu suas palavras e perguntou ao óbvio culpado por esta
situação, Freed. Se movendo para o teto acima da ilha central, Freed
respondeu à pergunta.

(Freed): “Eu só destruí a pedra angular[4]”

(Hajime): “Pedra... angular?”

(Freed): “Isso mesmo. Você não achou que era estranho quando viu o
magma? O |Grande Vulcão Guruyuen| obviamente é um vulcão ativo.
Contudo, não há registros de erupção até hoje. O que eu quero dizer é que
deve existir algo controlando a atividade do reservatório subterrâneo de
magma”

(Hajime): “Essa seria a 'pedra angular', huh... não me diga!?”

(Freed): “Sim. Eu destruí a pedra angular gigante que acalmava o reservatório


de magma. Assim, este |Grande Calabouço| logo será destruído. E apesar de
eu me arrepender profundamente por não poder compartilhar a ‖Magia da Era
dos Deuses‖ deste |Calabouço| com meu povo... isso não será tão ruim se eu
puder matar vocês aqui. Sejam destruídos com este |Grande Calabouço|”

Friamente olhando para baixo, para o grupo de Hajime, Freed segurou um


pingente em seu pescoço e o apontou para o teto. Então, a rachadura no teto
começou a se abrir. Junto do buraco circular no teto, várias portas no alto
também se abriram.

Aparentemente, Freed abriu o atalho para o exterior usando a prova de ter


conquistado o |Grande Vulcão Guruyuen|. Pela última vez, Freed encarou o
grupo de Hajime e então se virou junto do 〈Dragão Branco〉, desaparecendo
dentro da passagem no teto.

Com o magma ao redor enlouquecido, como se fosse um mar influenciado por


um furacão, o número de pilares de magma continuou a aumentar. O magma
começou a engolir as beiradas do ponto de apoio onde o grupo de Hajime
estava. Era um espetáculo digno de ser chamado de fim do mundo.
Por algum tempo, Hajime fechou seus olhos e ficou pensando em algo. Se
decidindo sobre alguma coisa, ele se levantou, apesar de seus ferimentos. Na
mesma hora, os 〈Dragões de Cinzas〉 deixados para trás por Freed e
o 〈Dragão Branco〉 começaram a simultaneamente disparar pequenos raios.
Eles pareciam querer matar o grupo de Hajime neste local, por qualquer meio
necessário.

Enquanto Yue estava interceptando os ataques usando a ‖Calamidade


Absoluta‖, Hajime colocou sua mão na [Caixa do Tesouro]. Então, ele
colocou sua mão nas duras escamas de 〈Dragão〉 cobrindo a bochecha de Tio,
que estava disparando seu ‖Sopro‖ contra os 〈Dragões de Cinzas〉 no alto,
para fazê-la encará-lo.

(Hajime): “Tio, escute. Pegue isto e vá sozinha, você tem que escapar pelo
teto para o exterior”

Por um momento, Tio estava piscando, sem entender o que ele disse. Então,
ela percebeu no momento seguinte e levantou uma voz que era uma mistura
de tristeza e fúria. As palavras de Hajime a diziam para ela sobreviver,
descartando ele e as outras duas.

(Tio): “Mestre, esta, esta não é digna de passar seu último momento com ti?
Tu estás descartando esta? Esta…”

(Hajime): “Não é isso Tio. Eu só vou dizer isso uma vez porque não temos
muito tempo sobrando. Eu não estou desistindo. Eu vou obter a ‖Magia da Era
dos Deuses‖ e vou espancar aquele desgraçado algum dia. Aliás, eu vou
cumprir minha promessa de levar a [Pedra Serena]. Entretanto, é impossível
fazer isso sozinho. É por esse motivo que eu quero que você me empreste seu
poder. Se não for você, será impossível atravessar tudo e voltar
para |Ancadi|... por favor, Tio”

Hajime olhou para Tio dragonificada com um olhar sério que ele nunca tinha
usado com ela antes. Com seu orgulho e arrogância, Hajime tinha dito que
seria capaz de fazer qualquer coisa sozinho, mas ele estava confiando nela.
Expressando que ele precisava da cooperação dela para cumprir seus desejos
e para superar todas as dificuldades. Ele disse que precisava do poder de Tio.
Não havia traços dele desistindo, tentado se sacrificar, ou a excluindo.

A tristeza e raiva no coração de Tio mudaram radicalmente para alegria


enquanto ela tremia. A ela foi "confiado" algo importante pelo homem que ela
gostava, não, pelo homem que ela queria como parceiro nesta situação de vida
ou morte. Ela não seria uma mulher se não correspondesse.

Dessa forma, Tio respondeu com apenas uma frase.

(Tio): “Conte com esta!”

Hajime colocou a [Caixa do Tesouro] na parte mais interna das escamas de


Tio. Fazendo isso, ele estava tocando diretamente o corpo dela enquanto ela
estava em sua forma de 〈Dragão〉.

Confirmando a [Caixa do Tesouro] com sua pele, Tio silenciosamente


esfregou sua cabeça em Hajime. Era a melhor expressão de amor que ela
poderia demonstrar agora. Hajime também a acariciou gentilmente antes de se
separar dela. Tio voltou seu olhar para Yue e Shia. Assim, ela acenou com a
cabeça vigorosamente após sentir que as duas também não tinham desistido.

(Hajime): “Tio, entregue esta mensagem para Kaori e Myuu. 'Nos vemos mais
tarde'. Okay?”

(Tio): “Fufu, entendido”

A mensagem extremamente indiferente de Hajime fez Tio rir involuntariamente,


e depois de um instante, ela voou enquanto era cercada por um poderoso
vento. Usando manobras aéreas para desviar dos pequenos raios, Tio
imediatamente tentou atravessar o grupo de 〈Dragões de Cinzas〉.
Os 〈Dragões de Cinzas〉, sentindo a crise pelos movimentos do 〈Dragão
Negro〉, concentraram seus ataques em Tio.
Os pequenos raios que se aproximavam foram neutralizados pelo ‖Sopro‖ de
Tio, mas isso não foi tão fácil porque os raios continuavam a surgir um após o
outro. No entanto, no momento que o equilíbrio estava a ponto de ruir, um raio
apareceu debaixo e destruiu vários 〈Dragões de Cinzas〉 que estava atacando
Tio.

Eram os pequenos raios comprimidos e disparados pela ‖Calamidade


Absoluta‖ de Yue. Além disso, balas sólidas explosivas foram disparadas, e a
onda de choque eliminou mais alguns 〈Dragões de Cinzas〉.

Subitamente, talvez porque Freed e o 〈Dragão Branco〉 tivessem chegado no


exterior, as portas no teto começaram a fechar. Percebendo que não tinha
muito tempo, Tio focou em acelerar com determinação para receber o
bombardeio. A velocidade de voo dela aumentou ainda mais, mas os pequenos
raios caindo começaram a superar as escamas de 〈Dragão〉 de Tio.

(Tio): “Hmph, uma dor só neste nível, isso é bom! Podem viiiir!”

Exatamente como ela disse, o humor de Tio melhorou junto do aumento em


sua velocidade sempre que os ataques dos 〈Dragões de
Cinzas〉 machucavam seu corpo. Era o efeito da ‖Conversão de
Dor‖ da ‖Forma de Dragão‖. Quanto mais dor ela sentia, mas sua tensão
aumentava junto de um aumento temporário em suas capacidades, uma
habilidade derivada horrível. A propósito, isso foi algo que ela adquiriu quando
conheceu Hajime depois de viver várias centenas de anos. Assim, ao invés de
"superar a barreira (como a barreira diante da habilidade derivada)", era mais
como se "uma porta tivesse sido aberta".

Com os 〈Dragões de Cinzas〉 ficando assustados, Tio passou pela tempestade


de raios e atravessou a porta pouco antes de ela se fechar. Olhando para cima,
uma pequena e nostálgica luz podia ser vista. Era a luz do exterior. Ainda havia
muitas portas que começavam a se fechar uma a uma.

Sem pensar nas consequências, exceto parte dela que iria ser usada para
manter a ‖Forma de Dragão‖, Tio usou sua magia ao limite e manipulou o
vento. Se lembrando da longa vida que ela teve, essa era uma velocidade que
ela nunca usou antes. Ela literalmente voou, se tornando um vendaval.

Ela passou por uma, duas, três portas, e finalmente chegou na última delas;
uma porta imensa conectada com o lado de fora. Tio estava seguindo em
frente enquanto era cercada pelo vento negro como se fosse uma bola de
canhão. E projéteis de luz atacaram ela do alto.

Aparentemente, Freed e o 〈Dragão Branco〉 notaram Tio, e assim, eles


pararam para atacá-la. Agora, mais da metade das portas estava fechada.
Girando enquanto desviava, Tio não diminuiu sua velocidade, mesmo se ela
não pudesse evitar o bombardeamento, e o 〈Dragão Branco〉 disparou seu
raio.

Com seu |Poder Mágico⟩ esgotado, o raio não tinha a força do início do
confronto. Foi no máximo apenas metade de sua força inicial. Contudo, o dano,
se Tio fosse atingida por ele, ainda superaria o que ela recebeu dos raios
menores. Além disso, a velocidade dela iria cair se ela desviasse ou o
interceptasse. Nesse caso, ela não conseguiria chegar a tempo antes da porta
fechar.

Tio se preparou e ela aumentou ainda mais sua velocidade usando


a ‖Conversão de Dor‖ logo após o bombardeio de projéteis de luz.

E nesse momento, várias sombras passaram ao lado de Tio, aparecendo entre


ela e o raio que se aproximava.

Essas eram coisas que Tio conhecia apenas ao vê-las. As cruzes flutuantes,
armas de alcance total, as [Brocas de Cruz] de Hajime. Elas seguiram atrás
de Tio.

As três [Brocas de Cruz] que apareceram e estavam envolvidas por uma luz
vermelha brilhante, tentaram mudar o ângulo do raio, e o defletiram para o
lado. Apesar de elas serem destruídas uma atrás da outra pela força do
ataque, elas interromperam o raio e protegeram Tio. Além disso, outras
quatro [Brocas de Cruz] voaram ao lado dela, para protegê-la.

(Tio): “Nuhaaaaa, não posso mais segurar! Mestreeee, esta te amaaaa!”

Mesmo ele podendo ser derrotado pela torrente de magma, Hajime ainda
estava controlando todas as [Brocas de Cruz] de dentro do vulcão para
proteger Tio. Assim, ela rugiu para o mundo, gritando sobre seu amor. Sendo
especialmente forte, mesmo entre a tribo ⌊Ryujin⌋, Tio nunca foi protegida por
um homem até hoje. Era sempre ela a responsável pela proteção. Foi por esse
motivo que o fato de ela estar sendo protegida durante uma situação
extremamente difícil fez ela explodir de alegria com uma sensação que ela
nunca teve antes.

(Tio): “Guuroarrr!!!”

Com um rugido de 〈Dragão〉, ela passou pela última porta. Se tornando uma
massa de vento negro, Tio voou verticalmente, dançando sob a luz do Sol que
surgia cercado pela gigantesca tempestade de areia.

(Freed): “Para a situação chegar a este ponto… !!! Que monstro! Mas
esse 〈Dragão Negro〉 está coberto de feridas. Eu vou mat... !?!?!?”

Tio, que voava para cima, deixou Freed, no 〈Dragão Branco〉, espantado, mas
ele imediatamente afiou seu olhar e tentou atacar. Contudo, seu plano e suas
palavras foram interrompidas. As quatro [Brocas de Cruz] cercaram Freed e
o 〈Dragão Branco〉 em todas as direções antes que eles percebessem.

Freed fez a 〈Fera Mágica〉 em forma de tartaruga, que ele pegou durante sua
fuga, prontamente erguer uma barreira. Afinal, foi provado que o poder ofensivo
da [Broca de Cruz] não poderia destruir a barreira. E apesar do resultado
poder ser diferente se elas estivessem carregadas com balas explosivas, as
balas sólidas dos ataques de longa distância de Shia eram escassas, e Hajime
deu prioridade para a munição de [Donner] e Schlag, assim, ele não teve
tempo para implementar esses novos projéteis nas [Brocas de Cruz].
Entretanto, as [Brocas de Cruz] possuíam um método de ataque ainda mais
poderoso. Este método fez a expressão tranquila de Freed congelar,
comprovado pela forma como ele foi lançado para longe junto do 〈Dragão
Branco〉 depois de receber um enorme dano.

] KABOOOOOOM! [

Enquanto pensava que era estranho que as [Brocas de Cruz] não atirassem e
abruptamente brilhassem em vermelho, no momento seguinte, elas explodiram.

As quatro [Brocas de Cruz] foram posicionadas em todos os lados para não


permitir que seus alvos escapassem do impacto. O enorme e poderoso impacto
e as balas que se espalharam como uma tempestade, destruíram a barreira e
atingiram Freed e o 〈Dragão Branco〉.

(Freed): “GAaAAH!!”

(Dragão Branco): “RUaAAAAn!!”

Mestre e servo gritaram ao mesmo tempo enquanto eram atirados para longe.

Além disso, Tio atacou com um tornado, empurrando Freed e o 〈Dragão


Branco〉 para dentro da tempestade de areia. Tio queria disparar
seu ‖Sopro‖ para ter certeza de eliminá-los, mas ela não poderia fazer isso
porque não tinha muita força sobrando.

Tio observou por um tempo o lugar onde Freed e o 〈Dragão


Branco〉 desapareceram, então ela moveu seu olhar depois de confirmar que
não havia mudanças. Ela silenciosamente observou o |Grande Vulcão
Guruyuen| diante dela sem nenhum traço de sua usual depravação. Em
seguida, acenando como se dissesse, "Esta irá acreditar em vós", ela se virou
e voou na direção de |Ancadi|.

Depois de vários minutos, um grande terremoto com o |Grande Vulcão


Guruyuen| como epicentro com sons que superavam rugidos apareceu, e uma
grande explosão, capaz até de partir a atmosfera, surgiu, e temporariamente
soprou a tempestade de areia. Fumaça negra apareceu no |Grande Vulcão
Guruyuen| enquanto rochas escaldantes voavam e faíscas se espalhavam do
vulcão.

Foi uma grande erupção no |Grande Vulcão Guruyuen| que foi registrado
como nunca ter entrado em erupção na história. De certa forma, esse era um
momento histórico. Depois de alguns minutos, o vulcão mais uma vez foi
cercado pelo véu da tempestade de areia gigante, escondendo sua
excentricidade.

Mesmo assim, o som estrondoso, que parecia ser o grito da terra, junto com a
fumaça preta que jorrava, certamente foi visto pelo povo de |Ancadi|. A
preocupação deles aumentou ainda mais. Esse também foi o sentimento da
garota e da garotinha que estavam esperando pelo retorno de seus importantes
companheiros.

Notas

[1] Hajime e Yue enfrentaram a Hidra no capítulo 021.

[2] Hajime está se referindo ao responsável por incitar Shimizu a atacar a


Cidade de Ur e tentar matar ele e Aiko no capítulo 063.

[3] Para acomodar a enorme variação na quantidade de energia que se libera


em sismos de magnitude diferente, a escala de Richter recorre a uma escala
logarítmica, no caso de base 10. O logaritmo incorporado na escala faz com
que os valores atribuídos a cada nível aumentem de forma logarítmica, e não
de forma linear, evitando os grandes valores que daí resultariam. Em
consequência, um sismo a que seja atribuída magnitude 5,0 na escala de
Richter (tremor descrito como "Moderado") tem uma amplitude sísmica 10
vezes maior do que um de magnitude 4,0 (descrito como "Ligeiro"). Dessa
forma, uma diferença de três pontos na escala corresponde a um aumento de
mil vezes na amplitude do sismo.
[4] A pedra angular era a pedra fundamental utilizada nas antigas construções,
caracterizada por ser a primeira a ser assentada na esquina do edifício,
formando um ângulo reto entre duas paredes. A partir da pedra angular, eram
definidas as colocações das outras pedras, alinhando toda a construção. A
pedra angular é o elemento essencial que dá existência àquilo que se chama
de fundamento da construção. Atualmente, a pedra angular seria semelhante
ao alicerce dos prédios contemporâneos.
Imagem de Freed Baghuar

Capítulo 89: Dentro do calor escaldante

(Hajime): “… autodestruição é o romance de um homem”

(Yue): “??? Hajime?”


(Shia): “Hajime-san?”

Hajime, que repentinamente murmurou com um sorriso, enquanto os pequenos


raios caíam do alto, fez Yue e Shia o olharem com expressões de dúvida.
Sacudindo sua cabeça para dizer a elas que não era nada, Hajime estava
sendo ajudado pelas duas e conseguiu pular e chegar na borda da ilha central.

O magma ao redor ficou mais e mais agitado desde que Tio escapou voando, e
não havia mais nenhum apoio para os pés além da ilha central. A ilha também
seria engolida em menos de cinco minutos.

Yue absorveu a chuva de pequenos raios usando a ‖Calamidade Absoluta‖,


enquanto Shia atacava com [Doryukken] os 〈Dragões de Cinzas〉 que
ficavam impacientes e tentavam atacá-los diretamente, fazendo-os caírem
dentro do magma. Dez 〈Dragões de Cinzas〉 já tinham sido derrotados.

O domo de magma que eles viram no início, em cima da ilha central, já tinha
desaparecido, e eles podiam ver uma construção da cor do azeviche. Perto da
construção havia um disco flutuando alguns centímetros acima do chão. Devia
ser o objeto normalmente utilizado para ativar o atalho que permitia que o teto
de abrisse, como aconteceu mais cedo.

Olhando de lado os 〈Dragões de Cinzas〉 desesperadamente tentando desviar


dos pilares de magma jorrando e atacando-os, o grupo de Hajime se aproximou
da construção completamente negra.

À primeira vista, parecia ser um prédio alto sem nenhuma porta, mas uma parte
da parede tinha os mesmos brasões dos |Sete Grandes
Calabouços| gravados. De pé diante dessa parte da parede, ela
silenciosamente deslizou e o grupo entrou na construção. O grupo atravessou
a entrada ao mesmo tempo que o magma subiu, engolindo a ilha central. Mais
uma vez, a porta se fechou silenciosamente e impediu o magma de correr para
dentro por muito pouco.
Depois de observarem a porta por um tempo e verem que ela não derreteria e
nem havia magma entrando, o grupo de Hajime suspirou aliviado. Eles
esperavam que a residência estivesse neste local e se prepararam para tal
situação. Assim, o resultado foi uma folga.

(Hajime): “Nós estamos seguros por enquanto... mesmo assim, para este
quarto interceptar até a vibração…”

(Yue): “Nn… Hajime, por aqui”

(Hajime): “Um círculo mágico”

Logo que ele entrou na sala, Hajime ficou surpreso por não sentir o grande
tremor. Respondendo a seu murmúrio, Yue, que estava a seu lado, apontou
seu dedo. A coisa que ela indicou era uma complexa e requintada formação
mágica. A formação mágica da ‖Magia da Era dos Deuses‖. O grupo
concordou um com o outro e entrou na formação.

Exatamente como no |Grande Calabouço Orcus|, suas memórias fluíram sem


permissão, rastreando como eles conquistaram o |Calabouço|. Assim, depois
de confirmar que eles completaram o desafio ao derrotarem todas
as 〈Serpentes de Magma〉, a ‖Magia da Era dos Deuses‖ foi diretamente
gravada em seus cérebros.

(Hajime): “… entendo, isto é, ‖Magia Espacial‖”

(Yue): “… a semente para o movimento instantâneo”

(Shia): “Ahh, exatamente como aquele cara que subitamente apareceu atrás
de nós, não é?”

Aparentemente, a ‖Magia da Era dos Deuses‖ que residia no |Grande


Vulcão Guruyuen| era ‖Magia Espacial‖. Outra magia que poderia interferir
de forma inesperada. Como de costume, a ‖Magia da Era dos Deuses‖ era
muito diferente das magias comuns.
Yue estava se referindo ao ataque surpresa de Freed. O primeiro ataque
surpresa provavelmente surgiu do alto com a ajuda da ‖Magia Espacial‖.
Embora ela não entendesse se ele se teleportou ou apenas distorceu o espaço
para se esconder, isso não mudava o fato de ser algo perturbador. Até seu
segundo ataque surpresa teria atingido Hajime se não fosse pelo ‖Futuro
Decidido‖ de Shia, habilidade derivada da ‖Visão do Futuro‖. Um belo
desempenho.

Ao mesmo tempo que o grupo de Hajime dominou a ‖Magia Espacial‖, a luz


da formação mágica diminuiu e, ] shiiiing [, uma parte da parede se abriu e
letras brilhantes começaram a aparecer diante deles.

“Eu sinceramente desejo o livre-arbítrio das pessoas no futuro” (Naizu


Guruyuen).

(Hajime): “… que singelo”

Ao ver a mensagem, essa foi a impressão que Hajime teve. Vendo os


arredores, ele notou que a habitação do fundador do |Grande Vulcão
Guruyuen| era bem triste. A sensação de alguém vivendo no local não poderia
ser sentida, diferente da moradia de Orcus. Era realmente um lugar com nada
além da formação mágica.

(Yue): “… parece ter sido algo preparado por ele mesmo”

(Shia): “Parece que Naizu-san não deixou nada além da magia”

(Hajime): “Eu acabei de me lembrar, Naizu apareceu nas notas de Oscar. Ele
parecia ser realmente uma pessoa taciturna”

Com Shia ajudando Hajime no lado esquerdo, Yue caminhou para a parede
com uma abertura do tamanho de um punho e pegou o pingente lá dentro. Era
parecido com as provas da conquista de outros |Calabouços|, mas o pingente
circular tinha desenhos diferentes. Yue silenciosamente o colocou no pescoço
de Hajime.
(Hajime): “… agora obtivemos ambas a magia e a prova. Em seguida, como
vamos sair daqui?”

(Yue): “… Hajime tem alguma ideia?”

(Shia): “Hajime-san deve ter uma ideia, não é? O exterior está provavelmente
repleto de magma, correto?”

Apesar de elas compartilharem suas preocupações, nem um traço de


desconforto podia ser sentido em Yue e Shia. Enquanto se sentia feliz pela
confiança das duas, Hajime contou a elas seu plano de fuga.

(Hajime): “É claro que vamos mergulhar dentro do magma”

(Yue): “… nn?”

(Shia): “… como é?”

A informação extremamente insuficiente era difícil demais de ser entendida, o


que fez Yue e Shia pensarem, "A cabeça dele foi mesmo tão danificada?". As
duas perguntaram de novo com expressões de preocupação com a cabeça de
Hajime.

(Hajime): “Eu vou explicar isso corretamente, então por favor, não me olhem
assim. Hmm, na verdade, eu preparei um [Submarino] que pode ser usado
logo após sairmos deste lugar. Isso é algo que eu criei porque pensei ser
necessário para as |Ruínas Submersas de Melusine|. Honestamente, eu
estava um pouco preocupado se ele poderia suportar o magma, mas aquele
pequeno barco resistiu bem após ser revestido com ‖Vajra‖, então eu fiz um
teste. E como esperado, parece que vai ficar tudo bem”

"Ma-mas quando foi que você fez isso...", Shia falou com espanto, e espanto
também podia ser visto nos olhos de Yue.

Na realidade, no momento que Freed disse ter destruído a pedra angular,


Hajime transferiu diretamente o [Submarino] da [Caixa do Tesouro] para o
magma. Ele pensou em atravessar à força o teto junto de Tio se ele tivesse
derretido. Mas como o [Submarino] não derreteu (graças ao uso do [Minério
de Indução]), ele soube que seria capaz de escapar mesmo se o espaço
estivesse coberto de magma.

Contudo, como a escala do tremor do |Grande Vulcão Guruyuen| era


obviamente bem perigosa, junto com tudo o que estava caindo pelo local, eles
provavelmente seriam incapazes de escapar com tranquilidade. Assim, com o
limite de tempo se aproximando para eles voltarem para |Ancadi|, eles não
tinham tempo para procurar calmamente por uma rota de fuga. Dessa forma,
ele decidiu permitir que Tio escapasse antes deles. Fazendo isso, a [Pedra
Serena] seria levada de volta dentro do limite de tempo.

(Hajime): “A rota de fuga é, logicamente, o atalho no teto. Yue, eu deixo a


barreira com você até nós chegarmos na área de embarque do [Submarino].
Você pode fazer isso, não pode?”

(Yue): “Nh… conte comigo”

Acenando com a cabeça para as palavras de Hajime, Yue se concentrou e


criou camadas triplas da ‖Interrupção Divina‖. A barreira brilhante cobriu o
grupo de três. Os três concordaram um com o outro e se posicionaram diante
da porta. Depois disso, a porta conectada com o lado de fora, repleto de
magma fervendo, se abriu.

] Bang! [

Um som imediatamente apareceu e a torrente escaldante de magma fluiu para


dentro da sala. E apesar da ‖Interrupção Divina‖ realmente proteger o grupo
de Hajime do magma, suas visões foram instantaneamente tingidas de
carmesim. Com o espetáculo inacreditável de ver o magma enquanto eram
submergidos, mesmo estando preparados, o grupo de Hajime ainda se
encontrou sem palavras. E apesar de existir o ditado que diz "o mundo é
grande", provavelmente, não havia ninguém além deles que saboreou tal
espetáculo.
(Hajime): “Está bem ali do lado de fora. Vamos nessa!”

(Yue): “Nh”

(Shia): “Si-sim!”

Com as instruções de Hajime, os três lentamente foram para o exterior. E


apesar de estarem em uma sala fechada que eles não conheciam, exatamente
como Hajime disse, assim que eles se aproximaram do local com a ajuda
da ‖Interrupção Divina‖, eles imediatamente chegaram diante de um lugar
que reconheceram como uma porta. Enquanto Yue ajustava a barreira, eles
alcançaram a frente da escotilha, e os três finalmente conseguiram embarcar
no [Submarino]. E instintivamente, o grupo de Hajime relaxou.

E nesse momento...

] DOOORUUUUUUNNNG!!! [

Um tremor muito maior do que os anteriores agora assaltava todo o espaço. O


magma subitamente começou a fluir em uma direção com enorme velocidade.
O [Submarino] foi arrastado pela rápida correnteza. Em seu interior, o grupo
de Hajime parecia estar dentro de um liquidificador, enquanto eles continuavam
a girar em todas as direções.

(Hajime): “Guwah!?”

(Yue): “Nnya!?”

(Shia): “Hau!? Isso dói!”

Cada um deles teve seu corpo jogado contra as paredes e gritou. Yue
imediatamente ativou a ‖Calamidade Absoluta‖, usando o pequeno e negro
orbe rodopiante para puxá-los, e eles conseguiram escapar da situação
agitada.

(Hajime): “P-phew. Obrigado Yue”


(Shia): “Muitíssimo obrigado Yue-san”

(Yue): “Nn… mais importante...”

Yue moveu a ‖Calamidade Absoluta‖ e carregou Hajime para o lugar que


parecia ser o assento de controle. Hajime forneceu seu |Poder Mágico⟩ e
tentou controlar o [Submarino] dentro do magma viscoso e que corria
intensamente, mas como ele imaginou, o leme não podia ser controlado.

(Hajime): “Tch, se isso é uma erupção, então ser atirado para fora é algo
afortunado”

(Yue): “… há mais alguma coisa?”

A expressão angustiada de Hajime fez Yue inclinar sua cabeça.

(Hajime): “Ah. Eu instalei uma certa pedra, exatamente como a das [Brocas
de Cruz], para identificar as direções dentro do magma. Eu sei a localização do
atalho no teto graças as [Brocas de Cruz] que saíram do |Calabouço| antes
de se explodirem, porém... esta corrente está se movendo para longe da saída”

(Shia): “Eh? Isso significa que estamos mergulhando no subterrâneo?”

(Hajime): “Yeah, bem, ao invés de seguir para o subterrâneo, é mais como se


estivéssemos nos movendo diagonalmente... muito bem, me pergunto onde
isso está conectado... Yue, Shia. Não vamos poder voltar imediatamente. Não
há nada que possamos fazer, exceto seguir essa corrente”

A expressão decidida de Hajime fez Yue e Shia apenas relaxarem seus olhares
e calmamente se aproximarem dele.

(Yue): “… eu vou estar ao seu lado até o fim. Eu não tenho nenhuma queixa,
contanto que isso seja realizado”

(Shia): “Fufu… literalmente, mesmo se estivermos dentro do fogo ou da água,


eh. Eu também, eu vou para 'qualquer lugar', contanto que eu possa estar com
vocês dois!”
(Hajime): “... entendo. Eu penso o mesmo”

Hajime relaxou e devolveu um sorriso para as duas.

O grupo de três se aproximou um do outro dentro do [Submarino] enquanto


eles eram arrastados pela torrente escaldante.

No momento em que o grupo de Hajime era arrastado pelo magma subterrâneo


para o desconhecido, após conseguirem escapar do |Grande Vulcão
Guruyuen|, uma sombra estava voando instavelmente acima da feroz areia
marrom do |Grande Deserto Guruyuen|.

Não é preciso dizer que era Tio em sua forma de 〈Dragão〉.

(Tio): “Ugh… isto é bem ruim... pelo amor de Deus, que ‖Sopro‖ sórdido... não
há outro jeito. Mestre, desculpe por isto”

Escapando usando a força, Tio foi banhada por uma enorme quantidade de
raios cuja toxina acabou agravando seus ferimentos. Assim, julgando que ela
acabaria desmaiando antes de chegar a |Ancadi|, Tio se desculpou com
Hajime por pegar a [Caixa do Tesouro] e mastigar o frasco da poção especial,
a [Água Sagrada], sem permissão.

Apesar de ela consumir uma enorme quantidade de |Poder Mágico⟩ por


disparar ‖Sopros‖ sucessivamente, ultrapassando o limite de seu corpo, e
reforçando sua capacidade de voo, ela tinha agora se recuperado
consideravelmente. Além disso, mesmo que seus ferimentos não fossem
curados instantaneamente, a toxina foi reprimida.

Posteriormente, ela voou por várias horas e finalmente pôde ver |Ancadi| com
seus olhos. Se ela continuasse voando mais do que isto, as pessoas na torre
de vigia seriam capazes de ver a atual aparência de Tio. Por um momento, Tio
ponderou se devia ou não desfazer sua forma de 〈Dragão〉. Contudo,
pensando que seria absolutamente necessário para ela estar em sua forma
de 〈Dragão〉 enquanto viajava com Hajime, como o homem da raça
dos ⌊Demônios⌋ chamado Freed provavelmente ainda estava vivo, ela decidiu
revelar isso.

Aliás, sua cidade oculta não era algo que poderia ser facilmente encontrado.
Mesmo se isso fosse revelado por acaso, a raça dos ⌊Ryujin⌋ não seria
destruída tão facilmente. Além disso, se isso se tornasse o pesadelo (a
perseguição), exatamente como há quinhentos anos, Hajime com certeza
emprestaria seu poder a Tio se ela pedisse ajuda a ele. Afinal, Hajime era doce
com suas companheiras.

Enquanto pensava nisso, ela finalmente estava a poucos quilômetros de


distância de |Ancadi|. Pelo que ela podia ver, a torre de vigia estava no meio
de um tumulto. Assim, como seria um aborrecimento ser atacada devido a um
mal-entendido, Tio fez um desvio em direção ao portão de entrada e aterrissou
ligeiramente longe dele.

] ZIIIIIIIIIIIIIIIIP! [

Soldados de |Ancadi| se moveram na direção de Tio, que aterrissou e criou


uma nuvem de areia, com uma formação em linha. Se você olhasse por cima
dos muros, vários Soldados estavam a postos com arcos ou cajados com
formações mágicas gravadas em mãos.

A nuvem de areia estava se dissipando. Os Soldados podiam ouvir seus


colegas engolindo em seco pelo nervosismo. Entretanto, o que apareceu na
areia foi uma linda mulher com olhos dourados e cabelo preto, que parecia
estar extremamente exausta, o que fez os Soldados se entreolharem com
perplexidade.

Entre os Soldados confusos, uma garota apareceu. Era uma garota cujos
cabelos eram pretos como os de Tio, Kaori. Atrás dela, os Soldados e o filho do
Duque, Viz, estavam a dizendo que era perigoso, mas Kaori os ignorou
completamente e correu ferozmente em direção a Tio, ajoelhada e ofegando.
Escutando o relato da torre de vigia e sabendo que Tio era da raça
dos ⌊Ryujin⌋, Kaori imaginou que Hajime estava voltando e correu com pressa.

(Kaori): “Tio! Você está bem!?”

(Tio): “Huh, Kaori… ugh, esta está muito bem. Esta só está um pouco
cansada”

A expressão de Kaori mudou quando ela viu o corpo de Tio coberto de feridas,
e ela parecendo muito esgotada. A garota imediatamente se ajoelhou ao lado
da mulher, e rapidamente examinou sua condição. Quando ela descobriu que
havia uma toxina desconhecida no corpo de Tio, ela instantaneamente
começou a ativar a ‖Desintoxicação‖ e ‖Magia de Cura‖ ao mesmo tempo.

(Kaori): “Como... para isso não ser desintoxicado…”

Contudo, até a [Água Sagrada] precisava de tempo para desintoxicar a toxina


do raio. Assim, a magia de Kaori foi incapaz de curá-la imediatamente. No
entanto, apesar do rosto de Kaori se distorcer, Tio tinha se recuperado
consideravelmente graças ao efeito da [Água Sagrada], que ela tomou
anteriormente, e a extraordinária ‖Magia de Cura‖ de Kaori. Ela disse a
Kaori, "Não há motivos para te preocupares, isso logo vai ser desintoxicado",
com um sorriso enquanto acariciava a cabeça da garota.

Imaginando que de fato não havia nada para se preocupar julgando pela
expressão de Tio, Kaori relaxou e sorriu aliviada. Em seguida, ela olhou ao
redor e sua expressão gradualmente ficou desconfortável.

(Kaori): “Tio… un, e quanto a Hajime-kun e as outras duas? É apenas você?


Aliás, o que foi... aquela erupção…”

(Tio): “Se acalme Kaori. Esta vai explicar tudo. Mas primeiro, diga aos
Soldados atrás de ti para se acalmarem e leve esta para um lugar onde
podemos conversar”

(Kaori): “Ah, nn, eu irei”


Só agora Kaori notou os Soldados confusos atrás dela, e assim, ela concordou
vigorosamente, apesar de sua expressão ainda indicar seu mal-estar. A
expressão de Tio, que não continha nenhuma aflição, também foi um fator que
ajudou Kaori a se acalmar.

A garota correu de volta para Viz, os Soldados e Randzi, quem também


apareceu. Explicando as circunstâncias, ela levou Tio para um lugar onde elas
poderiam conversar em paz.

(Kaori): “Então, sobre Hajime-kun e as outras duas…”

(Tio): “Hmm, eles certamente voltarão logo. Afinal, o Mestre não pensa em
desistir. E embora esta não tenha escutado nada devido à falta de tempo, o
Mestre certamente tinha um plano de fuga”

Escutando sobre o que tinha acontecido no |Grande Vulcão Guruyuen|, Kaori


ficou pálida enquanto apertava seus punhos com força. A inquietação que ela
sentiu desde o momento que ela e o povo de |Ancadi| viram a gigantesca
erupção aumentou.

Para Kaori, que estava apertando seus punhos e parecia que iria desabar a
qualquer momento, Tio tranquilamente colocou suas mãos em cima das de
Kaori. Depois disso, ela observou a garota com um olhar intenso.

(Tio): “Kaori. Esta tem uma mensagem do Mestre”

(Kaori): “De Hajime-kun?”

(Tio): “Mhm. Na verdade, é para Kaori e Myuu... 'Nos vemos mais tarde', foi o
que o Mestre disse”

Kaori imaginou que seria algo como "Eu certamente vou voltar" ou "Não se
preocupem", palavras para tranquilizar Kaori e Myuu. Contudo, as palavras
indiferentes demais, como se ele estivesse dizendo, "Eu estou indo para uma
loja de conveniência agora, então nos vemos mais tarde", deixaram Kaori
aturdida e boquiaberta.

Cruzando sua mente estava a imagem de Hajime, que mostrava um sorriso


feroz e dizia, "Algo como isso não é nada se eu ficar sério, entendeu?". Era
uma figura tranquila que iria superar qualquer tipo de dificuldade enquanto
sorria. Enquanto ela naturalmente imaginava a figura dele, Kaori estava
sorrindo ironicamente porque essa era a mensagem mais reconfortante, ao
invés do tipo de palavras inábeis e duras.

(Kaori): “Entendo, então tudo ficará bem, huh”

(Tio): “Mhm, não importa quão desesperadora a situação pareça, o Mestre


certamente voltará como se nada tivesse acontecido. Isto é algo que esta
acredita…”

(Kaori): “Un… Hajime vai ficar bem. É por esse motivo que eu devo fazer tudo
que posso aqui”

(Tio): “Isso mesmo. Esta irá, logicamente, ajudar a ti”

Se lembrando de como Hajime desapareceu no |Grande Calabouço|, Kaori


pensou que ele certamente estaria bem, e como Tio, ela acreditava nele
enquanto apertava seus punhos com força. Kaori se levantou e estava com um
olhar determinado em seus olhos para curar o povo enfraquecido, que recebeu
a forma em pó da enorme quantidade de [Pedra Serena] que foi passada para
o grupo de Randzi mais cedo.

Mais tarde, elas explicaram a situação a Myuu, que foi confiada a filha do
Duque, Airi (14 anos de idade), no palácio. E apesar de Myuu chorar porque
seu papai Hajime não voltaria, Tio a disse que a filha de Hajime não deveria
chorar tão facilmente, então ela se segurou com bochechas estufadas.

Embora Myuu pertencesse a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, sabendo que ela
era a companheira de uma [Apóstola de Deus], Kaori, e depois de cuidarem
dela por um tempo, as pessoas do palácio vieram a conhecer a fofura de Myuu.
Airi, que estava proibida de sair devido a seu ainda enfraquecido estado,
estava especialmente afeiçoada a Myuu.

Mesmo que ainda houvesse a situação sobre Tio ser da raça dos ⌊Ryujin⌋,
Randzi e os outros não criaram um tumulto sobre isso, porque, embora eles
ainda estivessem em dúvida, isso não mudava o fato de que ela era a
benfeitora do |Ducado|, arriscando sua vida para levar a [Pedra Serena].

Kaori e os outros curaram os pacientes um após o outro, mas o grupo de


Hajime ainda não tinha retornado, mesmo depois de dois dias se passarem,
assim, suas expressões gradualmente obscureceram. Tio procurou por
qualquer traço do grupo de Hajime pela rota do |Grande Vulcão
Guruyuen| várias vezes, mas ela ficou perplexa por não encontrar nada.

Então, depois que três dias se passaram desde o retorno de Tio, Kaori fez uma
sugestão a Myuu e Tio.

(Kaori): “Eu acho que não há mais pacientes que precisam de tratamento de
mim agora. Eles só precisam descansar depois disto, então não será um
problema se deixarmos tudo para a equipe do centro médico. Portanto... vamos
procurar o grupo de Hajime-kun”

(Myuu): “Papai? Nós vamos nos encontrar com o Papai?”

(Tio): “Hmm, tu estás correta. Esta também pensa que está na hora de
fazermos um movimento”

Myuu alegremente inclinou seu corpo com as palavras de Kaori, enquanto Tio
concordava com uma expressão ansiosa.

(Kaori): “Mas, eu acho que não podemos levar Myuu para o |Grande Vulcão
Guruyuen|”

(Tio): “Tu estás correta. Senão, não haverá sentindo para o Mestre ter confiado
Myuu a este lugar. Além disso, a erupção de antes tornou difícil procurá-los
com segurança”
(Kaori): “Yeah. Eu também acho que sim. Por isso eu pensei em ir
para |Elisen| primeiro, para devolver Myuu-chan para sua mamãe”

(Tio): “Fumu, essa é certamente uma boa ideia… yup. Então, será melhor para
vós montardes nas costas desta. Se for apenas até |Elisen|, esta não precisa
nem mesmo de um dia. Nós chegaremos ao anoitecer se sairmos de manhã”

A conversa avançando fez uma enorme quantidade de interrogações surgirem


acima da cabeça de Myuu. Depois de Kaori explicar a garotinha de uma forma
facilmente entendível, Myuu ficou com uma expressão triste porque elas não
iriam se encontrar com Hajime. Entretanto, ela também queria rever sua mãe.
Depois que as duas a disseram que iriam esperar pelo papai Hajime com ela,
Myuu consentiu, apesar de estar relutante. Como Myuu estava comparando
sua mãe real com seu papai, Kaori e Tio não podiam fazer nada além de
sorrirem ironicamente.

No dia seguinte, enquanto eram observadas pelo Duque, que parecia querer
impedi-las, e Viz, com seu olhar fervoroso, Kaori e Myuu subiram nas costas de
Tio dragonificada e voaram em direção ao Oeste. Atrás delas, os
agradecimentos e o nome de Kaori ressoaram grandemente entre o povo.

Pensando em sua pessoa querida, que mais uma vez estava desaparecida,
Kaori jurou encontrá-lo de novo, e ela olhou diretamente para frente.

Mais tarde, elas nunca imaginariam que seria tão fácil se reunirem com ele…

Capítulo 90: Uma garota caiu do céu, no caso, a filha


do protagonista

Azul diante de tudo o que estava visível.

Um céu limpo se estendia pelo horizonte, e a luz do Sol caía brilhantemente.


Contudo, não estava tão quente, e o clima tornava fácil passar o tempo no
local. A gentil brisa soprando de vez em quando era agradável. No entanto,
havia uma única "coisa", não importava o quanto você olhasse ao redor, que
faria com que você se sentisse um pouco solitário.

Em primeiro lugar, essa sensação não era algo que poderia ser evitado. Afinal,
esse era o meio do oceano.

Bem no meio do oceano, havia um navio balançando, flutuando com as ondas.


Bem, não era possível dizer que estava tudo bem chamá-lo de navio. Afinal, as
pessoas deste mundo não seriam capazes de reconhecer isto como um
"navio".

Quanto ao motivo, o corpo do navio era de um preto lustroso com formato


aerodinâmico, sem nenhum lugar para passageiros embarcarem, diferente dos
navios comuns. Normalmente, o corpo também teria dois pequenos objetos em
forma de asas em ambos os lados, criando um formato de "V" e um leme
parecido com um parafuso acoplado atrás... mas a única coisa que poderia ser
vista eram os restos devastados desses itens. Se ele fosse nivelado, o formato
original, que lembrava ligeiramente uma orca, poderia ser visto.

Contudo, as pessoas deste mundo certamente concordariam em chamar isso


de um novo tipo de 〈Fera Mágica〉, ao invés de um navio. O navio em forma de
orca era um submarino. Não é preciso dizer que esse era o artefato de Hajime
que permitiu que seus passageiros escapassem por muito pouco da morte,
depois de serem jogados dentro do magma do |Grande Vulcão Guruyuen|.
Em troca, ele estava quebrado ao ponto onde sérios danos estavam evidentes.

Deitado em cima do [Submarino] flutuando enquanto era levado pelas ondas,


com ambas as mãos na parte de trás de sua cabeça, Hajime estava exibindo
um olhar extremamente satisfeito. Seu braço esquerdo artificial que foi
derretido depois de ser atacado pelo raio e estava incapaz de se mover
corretamente, foi consertado usando o material do [Submarino] e voltou para
sua forma original. Contudo, os dispositivos instalados não poderiam ser
usados.

(Yue): “… Hajime, como está sua condição?”


Enquanto adormecia embalado pela calorosa luz do Sol e as ondas o
balançando, a escotilha atrás dele subitamente se abriu. Yue esticou sua
cabeça para fora e o perguntou sobre sua condição com apreensão. Hajime
recebeu um enorme dano do ataque, e com a toxina do raio, a ferida não se
recuperaria facilmente.

(Hajime): “Não há mais nenhum problema. Todos os ferimentos já estão


fechados. Mas eu sinto que precisarei de ao menos mais um dia para me
recuperar por completo... mais importante, como estão as coisas do lado de
Yue? Você está consideravelmente exausta, não está?"

(Yue): “Nn… eu estou bem. Shia me deu seu sangue afinal”

As palavras preocupadas de Hajime foram respondidas alegremente por Yue,


que saiu da escotilha e foi para o lado dele, que estava deitado, de quatro.
Assim, com um movimento extremamente natural, ela se deitou em cima de
Hajime. Sua bunda macia estava sendo pressionada contra Hajime e o
estimulava em um lugar realmente perigoso.

(Hajime): “… Yue-san, por que você subiu em cima de mim?”

(Yue): “… porque Hajime estava aqui”

Apesar da resposta ser exatamente como a de um certo montanhista[1], o


olhar de Yue estava sério. Em seguida, Hajime foi atacado com um
murmúrio, "... continue desse jeito", ocultado com sedução enquanto ela
relaxava seu corpo. Ela lambeu o pescoço de Hajime, o mordeu e bebeu o
sangue que escorria.

(Yue): “… nn, quase toda a toxina desapareceu. Parece que não há motivos
para se preocupar”

Aparentemente, ela bebeu o sangue de Hajime para confirmar quanto da toxina


do raio ainda restava.

(Hajime): “Eu não disse que não havia mais nenhum problema?”
(Yue): “… nn. Mas eu não posso evitar ficar preocupada. Nossa atual
localização também é um problema... mas eu estou feliz por Hajime poder
descansar”

(Hajime): “Bem, yeah. Foi realmente um desenvolvimento rápido. Eu não sei


se fomos sortudos ou azarados…”

Hajime, que estava sorrindo ironicamente, fez Yue franzir o cenho apertando
suas sobrancelhas, incomodada. Os dois se lembraram de como eles foram
engolidos pelo magma no |Grande Vulcão Guruyuen|, arrastados até eles
chegaram onde estavam agora, no vasto oceano. Eles sofreram muitas
adversidades que poderiam ser lamentadas pelo caminho, mas foi algo feliz e
afortunado eles terem sobrevivido. Um tipo delicado de mentalidade.

Depois de eles serem atirados dentro do magma e levados para o subterrâneo,


o grupo de Hajime foi exposto a rápida correnteza durante um dia inteiro. Como
eles não poderiam utilizar a todo o momento a força de atração
da ‖Calamidade Absoluta‖ de Yue para controlar a posição de seus corpos,
Hajime conseguiu criar uma [Pedra de Gravidade] usando a ‖Magia da
Criação‖, produzindo assentos flutuantes depois de muita tentativa e erro
dentro do [Submarino] turbulento. Assim, embora o [Submarino] continuasse
produzindo sons como os de um brinquedo sendo esmagado contra a parede,
o assento flutuante conseguiu mantê-los fora da situação parecida com o
interior de uma batedeira.

Em seguida, com Yue e Shia se agarrando a sua direita e esquerda, ele


passou algum tempo de insônia iluminado pela fraca luz da [Pedra de Luz
Verde].

"Será que nós estamos indo direto para o manto[2] do planeta?". Hajime
começou a se questionar enquanto suava frio. Contudo, sua viagem
subterrânea rumo ao desconhecido finalmente terminou. O grupo de Hajime foi
atacado pelo maior impacto que eles sentiram até então. O imenso impacto
atravessou a defesa de ‖Vajra‖ e danificou o [Submarino]. Junto do impacto,
o [Submarino] foi atirado para longe com enorme força.
Apressadamente reativando ‖Vajra‖ após o intenso impacto, Hajime
questionou o que tinha acontecido e usou a função de câmera remota
da [Pedra de Visão de Longo Alcance] instalada na [Broca de Cruz] para
confirmar seus arredores. Depois disso, o espetáculo que entrou em sua vista
não era o mundo vermelho cheio de magma, mas magma se contorcendo
como uma cobra e fervendo imensamente no "mar" furioso.

Aparentemente, o grupo de Hajime foi lançado para longe pela chamada


erupção freatomagmática[3] quando eles foram cuspidos do vulcão submerso.
O impacto danificou o casco, mas, felizmente, a água não entrou, ou talvez
poderia se dizer "Como esperado do artefato de Hajime".

Escapando por pouco da morte, o grupo de Hajime estava aliviado por ser
capaz de voltar para a superfície, mas o sofrimento deles continuou.

Depois de ficarem aturdidos por darem voltas e voltas com a erupção, e então
serem jogados para dentro do oceano, o grupo imediatamente recuperou o
controle do [Submarino] e começou a navegar. Ambas as laterais e a
popa[4] estavam gravemente danificadas, mas era possível navegar ao
fornecer |Poder Mágico⟩ ao [Submarino]. Não havia problemas além da taxa
de consumo de combustível ser esmagadoramente pior quando comparada
com o uso da hélice, aletas e popa.

Como ele não seria capaz de resistir a outra erupção, o grupo de Hajime se
apressou para fugir, mas uma sombra gigantesca seguiu o [Submarino] em
forma de orca. Era uma criatura gigante parecida com uma lula. Com seu
comprimento chegando a 30 metros, e com mais de 30 tentáculos se
contorcendo, sua aparência era similar à de um monstro marinho,
o 〈Kraken〉[5].

O monstro impiedosamente atacou o [Submarino]. Torcido pelos tentáculos,


o [Submarino] estava a ponto de ser mastigado pelas presas afiadas no meio
de sua boca. Entretanto, o monstro foi repelido pelas armas
do [Submarino] (torpedos) e a magia de Yue.
Contudo, isso não terminou mesmo depois de eles repelirem o 〈Kraken〉. Desta
vez, eles foram atacados por um bando de tubarões. Os 〈Tubarões〉, outro tipo
de 〈Fera Mágica〉, eram inimigos irritantes que cooperavam enquanto
disparavam tornados de água.

No fim, a munição dentro do [Submarino] se esgotou e eles só poderiam


confiar na magia de Yue. Era uma situação onde Yue usava o |Poder
Mágico⟩ armazenado dentro do [Conjunto de Cristais Mágicos] e chupava o
sangue de Shia, pois Hajime já tinha perdido uma enorme quantidade de
sangue. Eles conseguiram fugir enquanto repeliam os 〈Tubarões〉, mas eles
lutaram antes no |Grande Vulcão Guruyuen|, então o grupo de Hajime
realmente esgotou todas as suas energias. Apesar de Shia não fazer nada, ela
desmaiou devido a anemia causada por oferecer seu sangue a Yue,
simplesmente porque isso era "o mínimo" que ela poderia fazer.

Permitindo que Yue e Shia descansassem, Hajime moveu o [Submarino] para


a superfície. Eles estavam em um local onde havia apenas o mar e o céu azul
tão longe quanto os olhos podiam alcançar, então eles avançaram em direção
ao continente. Assim, depois de navegar por meio dia, devido ao clima calmo e
as ondas, Hajime parou o [Submarino] e descansou, se banhando na luz do
Sol do lado de fora.

O desenvolvimento de conquistar o |Grande Vulcão Guruyuen| até o atual


momento foi realmente veloz. Não importava como você olhasse para a
situação, podia se dizer que, exceto o grupo de Hajime, outras pessoas não
teriam qualquer chance de sobreviver a tudo isso. Estava tudo bem para
Hajime querer inconscientemente gritar, "Que falta de sorte", como um certo
usuário do "punho da igualdade de gêneros"[6].

(Hajime): “Como está Shia?”

Embora ele estivesse olhando para longe, Hajime perguntou a Yue, que estava
atualmente sentada em cima dele.
(Yue): “… ela ainda está dormindo. Eu bebi muito... então ela provavelmente
não irá acordar tão cedo”

O motivo de Yue era o fato da quantidade de sangue convertida em |Poder


Mágico⟩ não ser tão eficiente comparando se quando ela chupava o sangue de
Hajime. Isso acontecia porque a quantidade convertida era muitas vezes maior
com o rapaz, seu parceiro do ‖Pacto de Sangue‖, do que com Shia, que não
era. Depois de escolher seu parceiro para o ‖Pacto de Sangue‖, o efeito
da ‖Conversão de Sangue‖ de outras pessoas diminuía, embora esse efeito
aumentasse muitas vezes se ela usasse seu parceiro contratado.

(Hajime): “Entendo. Bem, é melhor para ela descansar agora. De qualquer


forma, não sabemos nossa atual localização, muito menos quanto tempo
precisamos para chegar ao continente. Nós também não sabemos o que irá
acontecer, então é melhor usarmos nosso tempo para nos recuperarmos”

(Yue): “… nn”

O mar estava a Oeste do continente, então eles só precisavam seguir para o


Leste para chegar a terra. Não havia problemas porque eles poderiam criar
água com magia e pegar peixes para as refeições. Animais como peixes não
seriam capazes de escapar do [Submarino] e da magia, então, mesmo que
eles estivessem no meio do enorme oceano, essa não era uma situação para
se entrar em pânico. Aliás, visto que eles poderiam confirmar sua localização
usando as estrelas da noite, eles poderiam determinar o curso na direção do
continente. Assim, eles descansavam quando precisavam.

A luz do Sol calorosa e a brisa fizeram Hajime relaxar. Observando Hajime com
olhos semicerrados, Yue…

(Hajime): “… Yue-san. O que você está fazendo?”

(Yue): “… deixando Hajime energético”

Antes que ele percebesse isso, Yue exalava uma aura provocante e se movia
lentamente. Ela parecia querer energizá-lo. Mas apesar de ela não dizer qual
parte, quando Hajime viu os olhos desfocados de Yue, ele nem mesmo pensou
em resistir.

(Yue): “Ngh… fufu, Hajime ficou energético”

(Hajime): “… espere, fazer isso no meio do oceano... bem, se fosse eu há meio


ano, eu nem mesmo imaginaria isso”

No lugar em que eles se sentiam seguros enquanto estavam felizes por


sobreviver, Hajime e Yue mostraram seus corpos um para o outro. Por um
tempo, o [Submarino] foi sacudido por algo além das pequenas ondas.

(Shia): “Parece que vocês estavam se divertindo…”

Depois de se aliviarem de várias formas diferentes, eles voltaram para dentro


do [Submarino] e foram encarados por Shia.

(Hajime): “Ng? Você está acordada, eh. Como está sua condição?”

(Shia): “Agindo como se nada tivesse acontecido, mas eu estou feliz com a
preocupação. Minha sonolência foi eliminada graças ao intenso tremor, as
vozes em transe e aqueles sons diferentes. Minha condição física está
excelente pela energia convertida pelo vazio e a solidão. Yeah, 'com isso, eu
também vou ser atacada', ou foi o que eu pensei”

(Hajime): “Entendo, isso é bom”

Hajime estava realmente feliz por Shia ter se recuperado, mas como ele não
mostrou nenhum sentimento de culpa, isso fez Shia, "Uuuuu", lamentar com
olhos marejados. A aparência dela fez Hajime pensar que ele a ignorou
demais. Sorrindo sem graça, ele a disse para abrir espaço e se sentou ao lado
dela.

Acordando sem ninguém a bordo e escutando os sons de Hajime e Yue


fazendo amor pela escotilha aberta, Shia ficou realmente solitária, e assim, ela
abraçou Hajime, que se sentou ao lado dela, com força. Yue também se sentou
ao lado de Shia, não de Hajime, e acariciou a cabeça dela para conforta-la.

Enquanto os dois consolavam Shia, Hajime forneceu seu |Poder Mágico⟩ para
ligar o [Submarino], avançando para o Leste. De vez em quando, eles seriam
atacados por 〈Feras Mágicas〉, mas elas eram repelidas pela magia de Yue, e
eles avançaram durante um dia inteiro. Avançando debaixo do céu estrelado,
Hajime finalmente avistou a terra quando o Sol da manhã iluminou o mundo.

De acordo com a posição das estrelas que eles viram na última noite, o grupo
estava atualmente localizado ao Norte de |Elisen|. Dessa forma, contanto que
eles seguissem para o lado esquerdo da terra, eles certamente veriam o cais
junto de |Elisen| e o |Grande Deserto Guruyuen|.

Aliviados por verem terra, eles avançaram para o Sul por dois dias.

Quando o Sol atingiu o zênite do segundo dia, o grupo parou


o [Submarino] para descansar, e almoçou acima do [Submarino] enquanto
balançavam com as ondas. O cardápio era, logicamente, peixes que eles
capturaram no mar. Usar a ‖Capa do Relâmpago‖ para assar a comida fez
Hajime se lembrar de seu tempo dentro do Abismo. O grupo não tinha nenhum
utensílio de cozinha nem nenhum tempero porque a [Caixa do Tesouro] foi
confiada a Tio.

Mesmo assim, o peixe que os três comeram alegremente, enquanto


observavam o horizonte distraidamente, estava bastante delicioso. O local e a
atmosfera compensavam a falta de tempero. Aqueles que viviam no mar, ou
abriam uma barraca durante um festival, todos eles estavam acostumados com
este tipo de compensação.

E quando Shia estava aproveitando o peixe assado desconhecido, suas


orelhas de coelho subitamente se levantaram e então começaram a se mover
inquietamente. Acompanhada por um, "Nn?", Hajime também notou a presença
de algo. Enchendo sua boca com um peixe de quase 60 centímetros de
comprimento, ele moveu seu olhar.
Cercando o [Submarino], ] zoom! [, várias pessoas apareceram de dentro do
mar e apontaram suas lanças. Havia cerca de 20 pessoas. Todos tinham
cabelos esmeralda e orelhas que pareciam barbatanas em forma de leque. Por
suas aparências, eles eram um grupo da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋. Seus
olhos estavam transbordando com cautela e se apertaram perigosamente.

Entre eles, um homem encarou Hajime com sua lança apontada e o


questionou.

(Homem A): “Quem é você? Por que você está aqui? E o que é essa coisa em
que você está montado?”

Hajime estava ocupado mastigando o peixe que enchia sua boca ao ponto de
deixar suas bochechas estufadas. Ele não planejava se opor a eles, então
Hajime queria responder rapidamente, mas, infelizmente, o peixe que ele
estava comendo no momento era enorme e difícil de mastigar. Levaria tempo
para ele poder engoli-lo.

Hajime assumiu uma postura séria, mas a forma tão calma com que ele estava
comendo sua refeição, apesar das lanças apontadas para ele enquanto era
cercado, fez com que os homens o vissem como nada além de uma pessoa
insolente.

Veias apareceram na testa do homem que o questionou. Em todo o caso,


mesmo que eles tivessem suas dúvidas, era demais para eles serem tão
ameaçadores depois de encontrarem humanos no mar. Shia pensou em
quebrar a situação volátil ao responder no lugar de Hajime.

(Shia): “Ah, umm, por favor, se acalme. Nós somos…”

(Homem A): “Silêncio! Alguém da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋ como você não
deve abrir a boca!”

A posição da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋ era baixa mesmo entre as raças


dos ⌊Demi-Humanos⌋ fora do |Mar de Árvores|. A forma como eles estavam
estranhamente agitados e teimosamente queriam que Hajime, que estava os
menosprezando (do ponto de vista deles), os respondesse também pode ter
sido um fator. Mudando o alvo de sua lança, o homem a apontou
imponentemente contra Shia.

O ataque do homem da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ não iria passar pela
defesa de Shia com seu corpo fortalecido; a lança iria apenas cortar
superficialmente a bochecha de Shia, mesmo se ela não desviasse do golpe. O
homem provavelmente queria machucá-la ligeiramente para dar um aviso a
Hajime. Como imaginado, o grupo sentiu que isso estava anormal. Afinal, a
tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ não era tão feroz.

Contudo, esse foi um péssimo movimento, não importava em que


circunstâncias eles estivessem. Independentemente da situação, mesmo que
isso fosse um aviso, Hajime não iria permitir que alguém tentasse ferir Shia.

Em um instante, enorme intenção assassina e pressão caíram como uma


imensa catarata, se espalhando pela superfície do mar como uma ondulação,
criando fortes ondas.

] BOOOOM!!! [

Com seus olhos arregalados, o homem que estava encarando a súbita


mudança de Hajime foi atirado para longe, acompanhado por um alto som. Ele
quicou várias vezes na superfície do mar, voando enquanto girava, e
finalmente afundou dentro da água.

Com expressões perplexas, os membros restantes da tribo dos ⌊Habitantes do


Mar⌋ moveram seus olhares do homem afundando para Hajime, que estava
segurando a cauda de um enorme peixe assado com uma pose de alguém que
acabou de dar uma tacada em uma partida de golfe.

A agitada água do mar estava brilhante enquanto refletia a luz do Sol. Até os
olhos do peixe morto estavam brilhando um pouco.

(Homens): “Qu-, qu-”


Os integrantes da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ estavam abalados.

Apoiando o peixe meio comido no ombro, Hajime encarou o homem que estava
ao lado do que foi lançado para longe. Não é preciso dizer que, recebendo uma
pressão que ele nunca sentiu antes, o homem da tribo dos ⌊Habitantes do
Mar⌋ usou sua lança enquanto gritava em pânico ao ser encarado por Hajime.

(Homem B): “ZeeAAh!!”

Em toda a vida do homem até esse momento, esse foi um ataque que o
satisfez ao máximo. Com a premonição da morte, ele instintivamente desferiu
um ataque mortal. Entretanto, o ataque mortal perfurou a boca do peixe de olho
branco e foi facilmente detido.

(Homem B): “Eh? Quê? Co-como…”

Quando Hajime balançou o peixe, o homem ficou pasmado depois de ver o


espetáculo inacreditável, e assim, a lança foi facilmente arrancada. A
velocidade do movimento fez a lança escapar da boca do peixe, atingindo
diretamente o rosto de outro integrante da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋.
Olhando de lado a pessoa que gemia enquanto sangue escorria de seu nariz,
Hajime mais uma vez balançou seu peixe.

O homem cuja lança foi tomada e jogada para longe estava com as bochechas
contraídas por causa da cena absurda do peixe de olho branco se aproximando
de seu rosto com sua boca aberta e brilhando um pouco em uma luz vermelha
brilhante.

Então...

] BAM!!! [

(Homem B): “Hmmm!?”

Ele foi atirado para longe, exatamente como o homem de mais cedo.
(Hajime): “] Mastiga, mastiga… engole… [. Muito bem, eu realmente não quero
lutar contra a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋. Assim sendo, por que não nos
acalmamos e conversamos aqui? Entretanto, eu não posso ficar em silêncio se
alguém tentar ferir minha companheira... ah, as pessoas que foram lançadas
para longe não morrerão porque eu me segurei, okay?”

Com o peixe flácido, que perdeu seu brilho, em uma das mãos, Hajime propôs
depois de desativar sua ‖Pressão‖. O próprio Hajime não queria mesmo lutar
contra o povo da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, que eram da mesma tribo que
Myuu. Apesar do outro lado tentar matá-lo, ele realmente nem mesmo os via
como tios da vizinhança (os ignorando totalmente).

Contudo, a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ parecia não ter aceito sua proposta.
Foi devido a seu orgulho que parecia ter sido danificado por Hajime, que os
menosprezou expressando, "Vocês não são nem mesmo um desafio", apesar
dos humanos estarem em desvantagem dentro do oceano, e ele lançou seus
companheiros para longe, embora ele dissesse que eles não morreram.

Além disso, graças ao alerta anormal contra a raça humana, eles não poderiam
confiar nas palavras de Hajime. "Não podemos baixar nossa guarda!". Eles
tomaram distância do grupo de Hajime e assumiram uma postura, prontos para
jogarem os pequenos arpões em suas costas.

(Homem C): “Entendo. Não foi o bastante sequestrar aquela garota, huh? É
por isso que você veio aqui de novo, para sequestrar nossas outras crianças?”

(Homem D): “Não daremos tempo para você invocar qualquer magia! O mar é
nosso território, não pense que você pode escapar ileso!”

(Homem E): “Nós vamos fazer você cuspir a localização daquela garota,
mesmo que tenhamos que cortar seus braços e pernas!”

(Homem F): “Não se preocupe. Nós vamos mantê-lo vivo até te entregarmos
ao |Reino|. No entanto, sua segurança não está garantida”
Essa parecia ser uma situação anormal. Ao invés de estarem cautelosos, fortes
ressentimentos podiam ser vistos em seus olhos. Hajime entendia a causa da
agitação deles pelas palavras "sequestrar outras crianças". Essas pessoas
provavelmente o interpretaram errado e o consideraram um dos responsáveis
por sequestrar Myuu. Montado em um transporte desconhecido e levando uma
escrava da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋ enquanto se aventurava ao redor do
território da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋... não seria tão estranho para um
humano como ele ser julgado de forma errônea.

A raça dos ⌊Demi-Humanos⌋ possuía um grande senso de unidade e afeição


por sua raça. Isso certamente era verdadeiro quando se tratava de sua própria
raça, mas o sentimento era ainda mais forte por sua própria tribo. A
tribo ⌊Haulia⌋ saiu do |Mar de Árvores| somente por Shia, enquanto a tribo
dos ⌊Homens-Ursos⌋ ignorou a decisão da conferência dos Anciões para se
vingar daquele que feriu seu líder. Mesmo a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ não
pensava diferente. Qualquer criança da tribo era importante, mesmo que não
fosse o próprio filho dos envolvidos.

Secretamente, Hajime estava ficando um pouco amuado enquanto se


queixava, "Mesmo que ela não tivesse se esforçado para me tratar como seu
pai, ela tem essas pessoas para tratá-la como sua filha, eh". O murmúrio
misturado com um sorriso irônico estava mirado para Myuu, que não estava no
local. Em seguida, Hajime tentou dizer o nome de Myuu para resolver o mal-
entendido.

(Hajime): “Ahhhh, sabem, sobre esse seque-…”

(Homem C): “Peguem eles!!”

Contudo, mais rápido do que suas palavras, a tribo dos ⌊Habitantes do


Mar⌋ começou a jogar seus arpões um após o outro. Apesar da metade inferior
de seus corpos estar debaixo da água, percorrendo a superfície, os arpões
estavam voando com uma considerável velocidade e realmente estavam
apontados para os ombros ou pés de seus alvos, para não matá-los.
Meticulosamente, eles também estavam golpeando o [Submarino], o que o
fazia balançar intensamente.

Se fosse um humano normal, ele teria perdido seu equilíbrio e teria sido
perfurado pelos arpões por ser incapaz de assumir uma ação evasiva ou teria
caído dentro do oceano para ser contido pela tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋.
Bem, isso se ele fosse um humano comum.

(Yue): “‖Castelo de Onda‖”

Com o murmúrio de Yue, a água do mar foi comprimida enquanto subia,


obstruindo os arpões vindo de todas as direções. Na sequência, enquanto a
tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ ainda estava espantada pela magia sem
encantamento, Yue fez cerca de 20 bolas de trovão flutuarem ao redor dela.

Ao mesmo tempo que a água do mar literalmente se tornou uma muralha, ela
voltou ao normal. As pessoas da tribo dos ⌊Habitantes do
Mar⌋ testemunharam as bolas de trovão flutuando e soltando faíscas ao redor
de Yue.

(Homem C): “Kh!? Re-recuuuuaaaar!!”

Um grito de ordem surgiu. Os pálidos integrantes da tribo se viraram para fugir.


Contudo, eles foram lentos demais.

] Fwoosh!! Bzz! BZzz! BzZZzz!! [

Cada uma das bolas de trovão voou em uma direção diferente, sem permitir
que nenhum dos membros da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ fugisse,
suavemente os eletrocutando. “ABABABABABABABAh”, tal grito foi ouvido
deles. Depois de um tempo, as 21 pessoas da tribo dos ⌊Habitantes do
Mar⌋ estavam flutuando na superfície do mar.

(Hajime): “Yue, vivas pelo bom trabalho”

(Yue): “Nn… Hajime, sobre o que essas pessoas estavam dizendo”


(Hajime): “Bom, deve ter sido sobre Myuu”

(Shia): “Muitas coisas aconteceram quando estávamos indo para |Elisen|.


Como esperado de Hajime-san. Sem nem mesmo passar um segundo em uma
cidade, um problema já apareceu…”

(Hajime): “Por favor, pare Shia. Eu estou um pouco preocupado com isso...
droga. Não deveria haver nenhum problema se Myuu estivesse aqui…”

Hajime estava suspirando enquanto se preocupava com isso. Assim, por


enquanto, ele se moveu para reunir os corpos boiando das pessoas da tribo
dos ⌊Habitantes do Mar⌋.

Depois de ele instantaneamente remodelar o [Submarino] ao fazer um


compartimento de carga, onde ele colocou as pessoas com cabelo afro e olhos
brancos da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, o grupo continuou sua viagem.

Yue efetivamente enfraqueceu um de seus trovões, o que fez com que uma
pessoa imediatamente acordar. Essa pessoa guiou o grupo para o cais depois
de eles explicarem a situação a ele.

A princípio, como Hajime sabia o nome e as características de Myuu, o homem


disse, "Então você é mesmo o culpado", enquanto se enfurecia. Entretanto,
Hajime já estava irritado, então ele o estapeou inexpressivamente até que o
homem se acalmasse, e o homem escutou a história do grupo depois de ser
disciplinado.

Depois disso, o grupo o disse que Myuu estava atualmente em |Ancadi| e iria
voltar imediatamente para |Elisen|. O homem pediu que o grupo o permitisse
acompanhá-los até |Ancadi|. Quanto ao motivo, o homem simplesmente não
podia aceitar a história do grupo de Hajime sem nenhuma prova, então ele
queria ir junto até |Ancadi| para ao menos encontrar uma pista sobre Myuu.

Além do jovem homem diante deles, que estava os guiando, as pessoas que
anteriormente estavam vociferando contra Hajime eram aqueles que
conheciam Myuu diretamente. A mãe de Myuu também foi ferida quando a
garota foi sequestrada, assim, essas pessoas ficaram emotivas. E, como ele se
sentiria estranho quando se reunisse com Myuu depois de espancar os
conhecidos dela, Hajime relutantemente aceitou o pedido do jovem homem.

Em seguida, depois de avançarem no mar por algumas horas,

(Shia): “Ah, Hajime-san! Ela está à vista! A cidade! Finalmente, um lugar com
pessoas!”

(Hajime): “Nn? Ohh, ela realmente está no meio do mar, eh”

Shia estava apontando para |Elisen| com olhos brilhantes e falou com Hajime.
Movendo seu olhar, realmente, uma grande cidade flutuando acima do oceano
apareceu em sua visão.

Hajime moveu o [Submarino] na direção do lugar com muitos cais. Depois de


olharem de lado para os homens da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, turistas
humanos e mercadores, que ficaram com os olhos arregalados depois de
verem Hajime guiando um navio desconhecido, o grupo atracou em um local
vago.

As pessoas da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ seguiram para o grupo,


testemunhando dezenas de companheiros inconscientes no compartimento de
carga do [Submarino], e começaram uma comoção. Contudo, Hajime pensou
que estaria tudo bem porque ele explicou a situação para o jovem homem,
então, por ora, ele e o rapaz descarregaram as pessoas desmaiadas no píer.

Depois que eles fizeram isso, pessoas da tribo dos ⌊Habitantes do


Mar⌋ completamente armadas e soldados humanos já tinham se aglomerado.
O jovem homem deu um passo à frente para explicar a situação e começou a
falar como um figurão. Hajime queria voltar depressa para |Ancadi| e se
encontrar com o grupo de Kaori, então quando ele observou o jovem homem,
ele ficou irritado e disse internamente, "Só decida quem vai viajar conosco de
uma vez!".
Hajime queria que isto acabasse pacificamente, mas é claro que as coisas não
seriam tão simples. Empurrando de lado o jovem homem que estava confuso,
os soldados correram na direção do grupo. O grupo de Hajime foi cercado sem
espaço para fugir no pequeno píer.

(Soldado A): “Seja obediente. Vamos contê-lo até que possamos esclarecer a
verdade”

(Hajime): “Oi, oi, você não escutou a história?”

(Soldado A): “É claro. E é melhor se formos aqueles a confirmar isso. Não há


necessidade para vocês irem”

Palavras sem qualquer espaço para uma recusa. Hajime ficou ainda mais
irritado, mas ele se controlou porque esta era a cidade natal de Myuu.

(Hajime): “Escute aqui. Nossas companheiras estão nos esperando lá. Porém,
mesmo nós querendo imediatamente seguir para |Ancadi|, não percorremos
todo o caminho até aqui para devolver essas pessoas que nos atacaram
equivocadamente?”

(Soldado A): “Independentemente de ter sido um equívoco ou não... mesmo


que a criança sequestrada esteja mesmo em |Ancadi|, você é suspeito porque
entrou no território de |Elisen| em um navio não identificado. Não há como
dizer que você não fugirá em nossa jornada até |Ancadi|, não é mesmo?”

(Hajime): “O que há com esta situação? Se eu quisesse fugir, poderíamos


apenas aniquilar essas pessoas e escapar na mesma hora”

(Soldado A): “Também há esse ponto. Mas, isso não muda o fato de que você
entrou em nossa jurisdição sem permissão. Além disso, vocês atacaram a
corporação de vigilantes que descobriu vocês, não tem jeito de liberarmos
vocês tão facilmente”
(Hajime): “Foram eles que não nos escutaram e nos atacaram devido a sua
agitação. Mesmo assim, você acha que vamos obedientemente deixar você
nos prender? Pare logo com essa besteira”

Os olhos de Hajime se apertaram perigosamente. O homem que parecia ser o


líder dos Soldados diante dele estava franzindo o cenho com a pesada aura
transbordando de Hajime.

No peito do líder estava o distintivo com o brasão do |Reino Haihiri|, indicando


que ele era o Comandante do regimento enviado sob o pretexto de ser a
proteção do |Reino|. Entre a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, havia pessoas que
poderiam ser da corporação de vigilantes, e eles não recuaram mesmo depois
de se surpreenderem com a aura de Hajime.

Para Hajime, este local era a terra natal de Myuu, e ele não queria causar
nenhum problema em |Elisen|, já que ele pensava que ela se tornaria
provavelmente a base do grupo, porque eles certamente levariam algum tempo
para procurar as |Ruínas Submersas de Melusine|[7], cuja localização não
era conhecida. Era verdade que Myuu estava em |Ancadi|, e ele entendia que
a suspeita poderia ser resolvida. Contudo, a hostilidade de Hajime contra a
injustiça deste mundo poderia ser chamada de reflexo condicionado. Assim, ele
não iria facilmente aceitar isso.

Era realmente uma situação explosiva.

Dentro da tensão crescente, Hajime pensou que ele não deveria se


descontrolar na cidade de Myuu, e no momento que ele pensou em ceder...

(Shia): “Nn? Agora mesmo…”

Com suas orelhas de coelho se movendo, Shia começou a olhar para o céu.
Hajime não afastou seu olhar do Comandante e perguntou, "O que foi?".
Contudo, antes que Shia pudesse respondê-lo, Hajime também sentiu uma
pequena presença e uma voz.

(???): “!!!”
(Hajime): "Ah? Quê?”

(???): “... pai... !!!”

(Hajime): “Oy, não pode ser!?”

(???): “... papaaaai!”

Hajime apressadamente olhou para o alto e uma pequena sombra estava


caindo do céu vazio!

Com braços abertos, a sombra que estava em queda livre com um grande
sorriso era…

(Hajime): “Myuu!?”

Isso mesmo, era Myuu. Myuu estava praticando paraquedismo. Sem


paraquedas. Olhando atentamente, atrás dela estava a forma de 〈Dragão
Negro〉 de Tio, que estava desesperadamente descendo, e montada em suas
costas estava Kaori, que também estava em pânico.

Assim que ele reconheceu a sombra caindo como Myuu, Hajime


ativou ‖Aerodinâmica‖ e ‖Teletransporte‖. Ele imediatamente pulou,
ignorando o cais que foi destruído pelo impacto e os soldados gritando
enquanto caíam dentro do mar.

Hajime pulou instantaneamente mais de 100 metros de altura graças


a ‖Aerodinâmica‖, para pular na direção do lugar em que Myuu estava caindo,
e ativou a ‖Velocidade da Luz‖. Dentro do mundo em câmera lenta, ele se
certificou de que Myuu estava em seus braços, e ele caiu com uma velocidade
regulada e milagrosa, perfeitamente anulando qualquer tipo de choque.

Com Myuu em seus braços, Hajime usou ‖Aerodinâmica‖ para saltar e quicou
até alcançar o chão. Internamente, suor frio escorria como uma cachoeira.

(Myuu): “Papai!”
Sem fazer nenhuma ideia do que Hajime estava pensando, Myuu esfregou seu
rosto no peito dele com um sorriso no rosto. Talvez tenha sido Tio quem a
disse que Hajime estava bem embaixo delas.

Assim, apesar de ele não saber se foi acidental, ou quem sabe intencional, ela
caiu na direção de Hajime. Vendo como ela estava sorrindo enquanto caía,
estaria correto afirmar que ela acreditava que Hajime certamente a pegaria.

Mesmo assim, era preciso uma extraordinária coragem para fazer uma queda
livre com um sorriso tão grande. "Contenha-se!". Hajime argumentou com a
garota de quatro anos de idade em sua mente. Hajime estava franzindo o
cenho enquanto ele pensava em repreendê-la. Mas quando eles chegaram no
chão, ele acariciou Myuu.

Notas

[1] Possível referência a Kokou no Hito ("O alpinista"), uma série escrita por
Shinichi Sakamoto e Yoshirō Nabeda e ilustrada por Sakamoto, baseada
na novel de Jirō Nitta. Ela foi orginalmente serializada na Weekly Young
Jump de 2007 a 2012, com os 170 capítulos posteriormente publicados em 17
volumes pela editora Shueisha. O mangá conta a história de um alpinista
solitário e introvertido chamado Mori Buntarō, cuja personalidade é
parcialmente baseada no montanhista Buntarō Katō, que é apresentado a
escalada esportiva depois de ser transferido para uma nova escola no ensino
médio e mais tarde dedica toda sua vida a escalada de montanhas profissional,
mantendo a subida da Face Leste da K2 (segunda maior montanha do mundo
com 8.611 metros) como seu objetivo. O mangá ganhou o Prêmio de
Excelência em 2010 no Japan Media Arts Festival e recebeu o prêmio de
Melhor Mangá Seinen em 2011 no Prix Mangawa Awards.

[2] Manto é a camada da estrutura da Terra (e dos outros planetas de


composição similar) que fica diretamente abaixo da crosta, prolongando-se em
profundidade até ao limite exterior do núcleo. O manto terrestre estende-se
desde cerca de 30 km de profundidade (podendo ser bem menor nas zonas
oceânicas) até 2.900 km abaixo da superfície (transição para o núcleo). A
diferenciação do manto iniciou-se há cerca de 3.800 milhões de anos, quando
a segregação gravimétrica dos componentes do proto-planeta Terra
produziram a atual estratificação. A pressão na parte inferior do manto atinge
mais de 140 GPa (equivalente a 1.400.000 atmosferas). O manto difere
marcadamente da crosta pelas suas características de composição química e
de comportamento mecânico, o que se traduz pela existência de uma clara
alteração súbita (uma descontinuidade) nas propriedades físicas dos materiais.

[3] Freatomagmatismo ou erupção freatomagmática é a designação dada a um


tipo de erupção vulcânica que produz ejeta juvenis, cujas características
resultam da interação entre água e magma. Pelas características das rochas e
formações que produzem, estas erupções distinguem-se das erupções
magmáticas e das erupções freáticas, já que os seus produtos contêm clastos
juvenis, o que não ocorre nas erupções freáticas, e são o resultado da
interação entre o magma e a água, o que os diferencia dos produtos das
erupções magmáticas. As grandes erupções explosivas apresentam em geral
componentes magmáticos e hidromagmáticos em diferentes proporções e
fases eruptivas.

[4] A popa, ou ré, é a seção traseira de uma embarcação, sendo tecnicamente


definida como a área construída entre o painel de popa e as alhetas da
embarcação.

[5] O Kraken era uma espécie de lula, que ameaçava os navios no folclore
nórdico. Este cefalópode tinha o tamanho de uma ilha e cem tentáculos,
acreditava-se que habitava as águas profundas do Mar da Noruega, que
separa a Islândia das terras Escandinavas, mas poderia migrar por todo o
Atlântico Norte. O Kraken tinha fama de destruir navios. O Kraken às vezes é
confundido com o Cetus da mitologia grega por serem criaturas parecidas.

[6] Referência a Toaru Majutsu no Index, uma série de light novel japonesa
escrita por Kazuma Kamachi e ilustrada por Kiyotaka Haimura. Foi publicada
pela ASCII Media Works de 10 de abril de 2004 a 10 de outubro de 2010, em
22 volumes. A série ganhou duas versões em mangá que começaram a ser
publicadas no Japão em 2007, uma pela ASCII Media Works, e outra na revista
mensal Shōnen Gangan. Em 2008 foi lançado o primeiro anime de 24
episódios baseado na franquia. A história se passa na Cidade Acadêmica,
cidade na qual 80% dos seus cidadãos são estudantes, é tecnologicamente
avançada e está localizada na região oeste de Tóquio, onde os alunos,
chamados de espers, estudam e desenvolvem habilidades especiais cuja fonte
é a mente humana. Touma Kamijou é um estudante da Cidade Acadêmica cuja
habilidade, a Imagine Breaker, possui o poder de anular quaisquer outros
poderes usando sua mão direita, mas esse poder faz com que sua sorte
também seja anulada.

[7] Melusine, ou Melusina, é uma personagem da lenda e folclore europeus, um


espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas. Ela é geralmente
representada como uma mulher que é uma serpente ou peixe (ao estilo das
sereias), da cintura para baixo. Algumas vezes, é também representada com
asas, duas caudas ou ambos, e, por vezes, mencionada como sendo
uma nixie (espíritos aquáticos do folclore alemão e escandinavo). Suas lendas
estão especialmente conectadas com as áreas Norte e Oeste da França,
Luxemburgo e os Países Baixos.

Capítulo 91: A reunião de mãe e filha

(Myuu): “] Hic, sob, hic [”

O som de uma garotinha soluçando ressoou por perto do píer que ficou aos
pedaços. Os espectadores e Soldados estavam se aglomerando lá, mas não
havia nenhum clamor, e o local estava estranhamente quieto.

Era porque a garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, que caiu do céu, foi
salva por seu suposto sequestrador, o garoto humano que pulou no céu para
pegá-la, e havia um 〈Dragão Negro〉 com uma garota montada em suas costas
no céu. Contudo, a maior das razões era a forma como o garoto repreendeu a
garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋. Bem, na realidade, foi a forma como
a garotinha chamava o garoto que a repreendeu.

(Myuu): “] Soluça [, Papai, desculpe…”

(Hajime): “Me prometa que você não fará algo tão perigoso de novo, okay?”

(Myuu): “Un, Myuu promete”

(Hajime): “Okay, isso é bom. Venha cá”

(Myuu): “Papaaaaai!”

As figuras de Hajime, que estava sob um joelho enquanto repreendia a


garotinha, e Myuu, que obedientemente refletiu enquanto era repreendida por
ele, apesar de estar chorando e então pular no peito de Hajime quando foi
perdoada... era tão natural quanto um pai com sua filha. Isso também foi
demonstrado pela forma como Myuu o chamava repetidamente de “Papai”.

A situação onde a suposta garota da tribo dos ⌊Habitantes do


Mar⌋ sequestrada "adorava" um garoto humano o bastante para tratá-lo como
seu pai, e a forma como Hajime tratava Myuu como sua própria filha fez com
que todos ficassem perplexos, sem entender o que estava acontecendo. Suas
mentes estavam perguntando a mesma coisa. Que era, “Como as coisas
chegaram a isto?”.

Hajime ergueu Myuu com seu braço e esfregou suas costas para acalmá-la, e,
finalmente, as pessoas ao redor recobraram seus sentidos e começaram a
causar uma enorme comoção.

Enquanto ele olhava de lado para as pessoas agitadas e perplexas, Hajime


esfregou as costas de Myuu e alguém abraçou ele por trás... quando ele olhou
por sobre seu ombro, lá estava Kaori, cuja cabeça estava em seu ombro,
tremendo levemente.

(Kaori): “Estou feliz... estou mesmo feliiiiz, ] soluça, soluça [”


Desta vez, Kaori começou a chorar. Embora ela agisse com firmeza, por
dentro, ela estava preocupada que Hajime pudesse estar morto. Ela acreditava
na sobrevivência de Hajime, mas não havia como ela não se sentir preocupada
com ele. Isso foi acentuado pela forma como ele desapareceu pela segunda
vez em pouco tempo depois de eles finalmente se encontrarem de novo,
resistir a isso seria impossível para ela.

(Hajime): “Eu sinto muito por fazer você se preocupar. Mas como você pode
ver, eu estou cheio de vida aqui. Portanto, por favor, não chore... se Kaori
chorar... eu vou ficar imensamente preocupado”

(Kaori): “Uh, ] soluça [, en-então, me deixe ficar assim só mais um pouco…”

Incomodado, Hajime acariciou a cabeça de Kaori, cujas mãos estavam


envolvendo o braço dele. Contudo, talvez porque ela não pudesse parar de
chorar, Kaori enterrou seu rosto mais e mais no ombro de Hajime. Ambas suas
mãos estavam abraçando com força a barriga de Hajime por trás.

(Comandante): “Oi, você, explique o que vocês est-... gah!?”

(Tio): “Muh? Me desculpe”

A pessoa que tentou falar era o Comandante que estava pingando devido a ser
atirado para dentro do mar como consequência do pulo de Hajime. Ele não leu
o clima e tentou questionar Hajime. Entretanto, ele foi nocauteado por Tio (que
desativou sua ‖Forma de Dragão‖ quando aterrissou), que estava correndo na
direção de Hajime, assim, o homem caiu mais uma vez dentro do mar.

Sem se importar com o homem, Tio foi para o lado de Hajime, segurou a
cabeça dele e a pressionou contra seus peitos.

(Hajime): “Mas que... !?!?!? Oi, Tio”

(Tio): “Esta acreditou, tu sabes? Esta acreditou... mesmo assim, Mestre...


muito tempo se passou até esta reunião”
Quando Hajime silenciosamente olhou para o rosto de Tio do decote dela, sua
expressão era a de alguém confirmando a segurança de sua pessoa
importante em seus braços, com lágrimas se acumulando nos cantos de seus
olhos. Desta vez, Hajime sentiu que não havia o que fazer e deixou ela fazer o
que queria porque ele a confiou com algo excessivo.

Enquanto isso acontecia, Myuu disse, "Myuu vai abraçar o Papai tambéééém",
e ela se agarrou na nuca de Hajime. Shia, que estava ao lado de Yue, que
estava ao lado de Hajime, começou a abraçar o braço livre dele.

Os olhares ao redor não poderiam alcançar Hajime, pois seu corpo inteiro
estava coberto por uma linda garotinha, lindas garotas e uma linda mulher. Os
olhares ao redor gradualmente mudaram de perplexidade para olhares que
estavam vendo uma cena calorosa. Até o agitado grupo de vigilantes e os
Soldados abaixaram suas armas, aturdidos.

(Comandante): “Vocês aí... não apenas uma vez, mas duas... eu vou prendê-
los por obstruírem o trabalho dos Soldados do |Reino|”

Mais uma vez rastejando para o píer, o Comandante estava furiosamente


encarando o grupo de Hajime. Com a arma em mãos, ele parecia estar pronto
para atacar a qualquer momento. Embora Hajime não pudesse ser reconhecido
como o sequestrador pela forma como a sequestrada Myuu estava
anormalmente ligada a ele, havia muitas variáveis desconhecidas sobre o
rapaz, então, logicamente, o homem queria o questionar.

Desde o início, Hajime queria explicar que ele foi confiado pelo Diretor da Filial
da ⟦Guilda⟧ de |Fhuren|, Ilwa, para escoltar Myuu. Contudo, ele estava com
problemas, já que não tinha nada para provar isso, mas agora, ele tinha o item
em mãos.

Com a [Caixa do Tesouro] devolvida por Tio, Hajime pegou sua [Placa de
Status] e o formulário do pedido de Ilwa, então ele os apresentou ao
Comandante.
(Comandante): “… deixe-me ver... um Rank ⟦Ouro⟧!? Além disso, um pedido
direto do Diretor da Filial de |Fhuren|!?”

Além do formulário do pedido, também havia a carta de Ilwa, onde os detalhes


estavam escritos. Ela estava endereçada ao prefeito de |Elisen| e o alto
escalão dos Soldados que residiam nesta cidade, ou seja, o homem diante do
grupo. Depois de ler a carta atentamente, o Comandante suspirou
profundamente e depois de hesitar um pouco, ele desistiu enquanto encolhia
seus ombros e então fez uma continência.

(Comandante): “… o pedido está completo. Nagumo-dono”

(Hajime): “É bom que todas as dúvidas tenham sido esclarecidas. Você deve
ter coisas que quer perguntar, mas nós estamos com pressa. Assim, eu não
quero que você pergunte nada porque... eu quero deixar esta criança se
encontrar com sua mãe agora mesmo. Está tudo bem, não está?”

(Comandante): “É claro que sim. Contudo, como um Soldados do |Reino|... eu


não posso ignorar o 〈Dragão〉, você pulando e a coisa em forma de navio de
antes”

Radicalmente mudando da maneira opressora de antes, a atitude do


Comandante se tornou uma em que ele tratava Hajime com respeito. Ainda
assim, ele apelou com seu olhar forte para Hajime, dizendo que era impossível
para ele ignorar esses assuntos.

(Hajime): “Sobre isso, podemos apenas conversar em outro momento? Afinal,


eu vou ficar em |Elisen| por um tempo. Eu também acho que não há motivos
para relatar isso para o |Reino| porque eles provavelmente já sabem sobre
isso…”

(Comandante): “Mm, entendo. De qualquer modo, está tudo bem, contanto


que possamos ter uma chance para conversarmos. Agora, por favor, devolva
essa garota para sua mãe... ela sabe da condição da mãe?”
(Hajime): “Não, ela não sabe. Mas está tudo bem. Afinal, nós temos o melhor
medicamento e ⌈Curandeira⌋ aqui”

(Comandante): “Entendo. Então, deixe-me questioná-lo assim que tudo se


resolver”

Mais tarde, o Comandante se apresentou como Saluz, então ele partiu para
controlar a multidão ao dispersar os espectadores. Uma pessoa zelosa.

As pessoas que conheciam Myuu pareciam querer chamá-la, mas Hajime usou
seu olhar para detê-los porque muito tempo se passaria até ela retornar para
sua mãe se eles fizessem isso.

(Myuu): “Papai, Papai. Estamos voltando para casa. Mamãe está esperando!
Myuu quer ver a Mamãe”

(Hajime): “É claro... então vamos nos apressar e encontrá-la”

Puxando a mão de Hajime, Myuu o apressou com, "Depressa, depressa!".


Fazia cerca de dois meses desde a última vez que ela voltou para sua casa e
sua mãe. Assim, não havia como evitar esse sentimento. Apesar de ela
normalmente rir enquanto estava aos cuidados do grupo de Hajime pelo
caminho, à noite, quando a hora de dormir chegava, ela queria ser mimada
porque ela realmente sentia falta de sua mãe.

No caminho para a casa de Myuu, com a garota como guia, Kaori se aproximou
dele e perguntou com uma voz baixa e desconfortável.

(Kaori): “Hajime-kun. Sobre o que o Soldado de antes disse…”

(Hajime): “Bem, não parece haver nenhum risco de vida. O ferimento dela
simplesmente é bastante severo, e ele também tem um efeito fisiológico... bom,
não há motivos para se preocupar sobre a última parte com Myuu aqui.
Portanto, por favor, verifique o ferimento dela”

(Kaori): “Un. Conte comigo”


Enquanto tinham esse tipo de conversa, eles escutaram uma comoção na
estrada adiante. Era a voz de uma jovem mulher e as vozes de vários homens
e mulheres.

(??? A): “Remia, se acalme! É impossível com a condição de suas pernas!”

(??? B): “Isso mesmo Remia-chan. Myuu-chan certamente irá voltar!”

(Remia): “Eu não quero! Vocês não disseram que Myuu voltou!? Então, eu
tenho que ir vê-la! Eu preciso recebê-la!”

Aparentemente, a mulher tentou sair da casa e foi impedida por vários homens
e mulheres. Era provavelmente porque um conhecido contou a mãe de Myuu
sobre o retorno de sua filha.

Com o estrondo da voz desesperada da mulher chamada Remia, o rosto de


Myuu floresceu e brilhou. Então, o mais alto que podia, ela chamou a mulher na
metade de seus vinte anos, que caiu na porta de entrada, enquanto corria.

(Myuu): “Mamãããããããe!!”

(Remia): “!?!?!? Myuu!? Myuu!”

Correndo com todas as suas forças e com uma expressão completamente feliz,
Myuu pulou no peito da mulher, sua mãe, Remia, que tentava firmar suas
pernas diante da porta da frente.

Ver as figuras de uma mãe cuidadosamente abraçando com força sua filha,
expressando que ela não queria se separar de novo de sua menina, fez com
que as pessoas ao redor olhassem para a cena calorosamente.

Por muitas, muitas vezes, Remia repetiu, "Eu sinto muito", para Myuu. Era
porque ela perdeu Myuu de vista ou por sua incapacidade de ir procurar por
ela, ou talvez por ambos.
Lágrimas rolaram por Remia se sentir aliviada pela segurança de sua filha e
também pela dor de ser incapaz de protegê-la. Olhando para Remia com olhos
ansiosos, Myuu gentilmente acariciou a cabeça de sua mãe.

(Myuu): “Está tudo bem. Mamãe, Myuu está aqui. Então não há com o que se
preocupar”

(Remia): “Myuu…”

Ela nunca imaginou que seria confortada por sua filha de quatro anos de idade,
então os olhos marejados de Remia inconscientemente se arregalaram e ela
observou Myuu.

Myuu também estava olhando diretamente para Remia e havia de fato


preocupação com Remia dentro dos olhos da garota. Myuu era a filhinha da
mamãe e não poderia suportar ficar sozinha antes de ser sequestrada, e
apesar de ela também ter passado por momentos difíceis, ela estava mais
desolada com sua mãe do que com sua própria situação nesta reunião.

Surpresa com isso, Remia estava inconscientemente observando Myuu com


seriedade, o que fez a garota sorrir, e desta vez, foi ela quem abraçou a mulher
com força. Remia não estava tão ferida física e mentalmente, mas ela estava
sofrendo com noites sem dormir, se preocupando excessivamente com Myuu,
mas parecia que sua filha tinha retornado muito mais madura do que antes.

Este fato fez Remia involuntariamente mostrar um sorriso sem graça. Com
seus ombros relaxados e suas lágrimas parando, Remia estava olhando para
sua filha com olhos repletos de amor.

Myuu e Remia mais uma vez se abraçaram, mas, subitamente, a garota soltou
um grito.

(Myuu): “Mamãe! Suas pernas! O que aconteceu!? Você está machucada!?


Está doendo!?”
Aparentemente, Myuu notou o estado das pernas de Remia por sobre o ombro
da mulher. Ambos os pés espreitando da saia longa da mulher estavam
completamente enfaixados, eles estavam em um estado horrível.

Era sobre isso que Saluz estava falando, e era isso o que o grupo de Hajime
ouviu do jovem homem no caminho para |Elisen|. O que deixou a tribo
dos ⌊Habitantes do Mar⌋ agitada não foi apenas o fato de Myuu ser
sequestrada, mas também a forma como sua mãe foi seriamente ferida e ficou
impossibilitada de andar.

Embora Myuu dissesse que ela foi sequestrada quando se separou de Remia,
a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ não seria capaz de dizer que houve um
sequestro a menos que houvesse uma testemunha. Eles foram capazes de
declarar isso porque parecia que Remia tinha se encontrado com os
sequestradores.

Remia descobriu um grupo de homens suspeitos apagando suas pegadas na


areia próxima da costa quando ela estava procurando por Myuu quando ela se
separou da garota. Apesar de sentir um presságio ruim, ela se aproximou dos
homens para perguntar se eles sabiam de sua filha... os rostos dos homens
expressaram, "Oh, merda", e eles começaram encantamentos de repente.

Convencida que os homens tinham culpa no desaparecimento de Myuu, Remia


tentou fazer algo para recuperar Myuu, correndo enquanto seguia as pegadas.

Contudo, um dos homens reagiu ao disparar projéteis de fogo. Felizmente, ela


evitou um golpe na metade superior de seu corpo, mas suas pernas foram
atingidas, então ela foi lançada dentro do mar com o impacto. Remia perdeu
sua consciência tanto pela dor quanto pelo impacto. Quando ela acordou, ela
estava sendo ajudada pelas pessoas do grupo de vigilantes, que foram a
procurar porque ela ainda não tinha voltado.

Sua vida foi salva, mas conforme o tempo passou, Remia ainda não podia
sentir suas pernas, assim, ela ficou incapaz de caminhar ou nadar.
Naturalmente, Remia tentou procurar por sua filha, mas ela não poderia devido
a suas pernas. No fim, ela não pôde fazer nada além de contar com o grupo de
vigilantes e o |Reino|.

Remia estava em um estado onde não poderia nem mesmo ficar de pé.

Remia sorriu para tentar fazer com que sua filha não se preocupasse mais do
que isso, então ela tentou dizer a Myuu, "Está tudo bem". Entretanto, mais
rápida do que ela, Myuu pediu ajuda a seu "Papai", a pessoa em que ela mais
confiava neste mundo.

(Myuu): “Papaaaai! Por favor, ajude a Mamãe! As pernas da Mamãe estão


machucadas!”

(Remia): “Eh!? M-Myuu? Agora mesmo…”

(Myuu): “Papai! Depressaaaa!”

(Remia): "Ara? Arara? Você disse Papai? Myuu, quem é este Papai?”

Confusa, muitas interrogações flutuaram acima da cabeça de Remia. As


pessoas ao redor também estavam confusas. Muitas frases absurdas estavam
aparecendo aqui e ali, como:

(??? C): “Remia… se casou de novo? Sem… SEM CHANCES”

(??? D): “Finalmente, a primavera de Remia-chan chegou mais uma vez!


Parabéns!”

(??? E): “É mentira, não é? Alguém, por favor, me diga que isso é mentira...
minha Remia-san…”

(??? F): “Papai… Myuu disse Papai!? Esse não sou eu!?”

(??? G): “Eu tenho certeza que é alguém com um nome artístico como
Ku***ngpapa, yup, deve ser isso”
(??? H): “Oi, hora de uma reunião de emergência! Todos os membros do
grupo 'Observando Remia-san e Myuu-chan afetuosamente', se reúnam agora!
Uma tempestade se aproxima!”

Aparentemente, Remia e Myuu, esta mãe e filha, eram populares no local.


Remia ainda era jovem, na metade de seus vinte anos. Apesar de ela estar
consideravelmente magra no momento, ela tinha uma bela aparência, parecida
com a de Myuu. Era fácil imaginar quanta atenção sua beleza atrairia assim
que ela se recuperasse, então era fácil de entender que ela fosse tão popular.

Com a comoção que continuava a crescer, a expressão de Hajime dizia, "Eu


não quero ir até lá agora". Embora ele pensasse que essas pessoas fossem
entender assim que ele explicasse os detalhes sobre como Myuu veio a
chamá-lo de Papai, ele era apenas um "substituto (apesar de internamente os
envolvidos não pensarem assim)" do Papai dela, e ele não estava interessado
em se casar com Remia, mas o atual mal-entendido estava crescendo em um
ritmo incontrolável.

No entanto, Hajime pensou que isso era uma bênção. Afinal, Hajime e seu
grupo não seriam capazes de continuar sua jornada a menos que eles
deixassem Myuu com sua mãe. Seria uma despedida assim que o grupo
conquistasse as |Ruínas Submersas de Melusine|. Hajime pensou que Myuu
se aproximou de seu grupo porque ela estava longe de sua casa e foi separada
à força de sua mãe, assim, quando ela voltasse para sua mãe, seu desejo de
ficar ao lado do grupo iria certamente se enfraquecer conforme o tempo
passasse, embora ela pudesse ficar triste no início. As pessoas ao redor
estavam muito preocupadas com Remia e sua filha, então elas certamente
iriam ajudá-las.

(Myuu): “Papaaaai! Depressa! Por favor, ajude a Mamãe!”

O olhar de Myuu estava firmemente mirado para onde Hajime estava, assim,
Remia e os outros notaram o garoto assim que eles seguiram o olhar de Myuu.
Hajime desistiu e caminhou para onde mãe e filha estavam.
(Myuu): “Papai, Mamãe está…”

(Hajime): “Está tudo bem Myuu... eu com certeza vou curá-la. Então por favor,
não fique com esse olhar triste”

(Myuu): “Okay…”

Hajime esfregou o cabelo de Myuu, que estava o olhando com uma expressão
chorosa, então ele moveu seu olhar para Remia. A mulher estava observando
Hajime, perplexa. Enquanto pensava que não havia como evitar que ela ficasse
assim, o garoto decidiu carregá-la para dentro da casa para curá-la, já que sua
aparição fez o tumulto ficar ainda maior.

(Hajime): “Eu sinto muito, mas, me dê licença por um momento, tudo bem?”

(Remia): “Eh!?!?!? Arara?”

Hajime ergueu Remia como se ela fosse uma princesa enquanto parecia que
não estava sentindo nenhum peso dela. Assim, ele carregou a mulher para
dentro da casa guiado por Myuu. Com Hajime carregando a mulher, gritos e
rugidos surgiram atrás deles, o que ele decidiu ignorar. A própria Remia só
poderia piscar ao ser subitamente levantada e carregada pelo rapaz.

Entrando na casa, ele encontrou um sofá na sala de estar, então Hajime


lentamente colocou Remia lá. Em seguida, enquanto observava a mulher
piscando sentada no sofá diante dele, Hajime chamou Kaori.

(Hajime): “Kaori, como ela está?”

(Kaori): “Deixe-me olhá-la... Remia-san, eu vou tocar seu pé. Por favor, diga se
isso doer”

(Remia): “Si-sim? Umm, o que há com esta situação?”

Quando ela pensou que sua filha sequestrada tinha subitamente retornado, um
homem cuja sua filha adorava e chamava de Papai apareceu. Além disso,
lindas garotas desconhecidas e uma bela mulher se reuniram na casa dela. Tal
situação fez as sobrancelhas de Remia se apertarem, preocupada.

Enquanto isso acontecia, o exame de Kaori terminou e ela disse a Remia que
os nervos danificados de suas pernas poderiam ser curados com sua ‖Magia
de Cura‖.

(Kaori): “Contudo, isso vai levar algum tempo. Os nervos danificados estão em
locais delicados, então eu vou precisar de cerca de três dias para garantir que
não haja nenhum efeito colateral. Aliás, eu acho que será melhor que eles
sejam curados pouco a pouco. Apesar de isso ser inconveniente, por favor,
aguente firme até lá, porque eu certamente vou curá-la”

(Remia): “Ara ara, maa maa. Eu pensei que não seria mais capaz de andar...
como eu posso recompensá-la…”

(Kaori): “Fufu, não se preocupe com isso. Afinal, você é a mãe de Myuu-chan”

(Remia): “Umm, pensando nisso, qual é a relação de todos vocês com Myuu...
além disso, umm... por que Myuu chama aquela pessoa de 'Papai'…”

Enquanto Kaori imediatamente começava a tratar as pernas de Remia, o grupo


de Hajime decidiu explicar a ela os detalhes dos acontecimentos. Sobre como
eles encontraram Myuu em |Fhuren|, o tumulto, e a forma como Hajime passou
a ser chamado de Papai. Escutando tudo enquanto era tratada por Kaori,
Remia curvou sua cabeça profundamente, então ela os agradeceu repetidas
vezes com lágrimas nos olhos.

(Remia): “Realmente, como eu posso retribuir vocês por isto... é graças a


vocês que eu fui capaz de me reunir com minha filha. Eu certamente irei
retribuir a gentileza de vocês, mesmo que seja com minha vida. Contanto que
seja algo que eu possa fazer, independentemente do que for…”

Apesar do grupo de Hajime a dizer que não se incomodavam, Remia não


poderia aceitar não recompensar os benfeitores de sua filha. Nesse meio
tempo, o tratamento de Kaori terminou. Quando eles disseram a Remia que
eles estavam procurando por uma estalagem, ela disse que isso era um
presente divino e os pediu para apenas usarem a casa dela.

(Remia): “Por favor, ao menos me permitam fazer isto. Felizmente, esta casa é
grande, então há espaço para todos. Por favor, não se contenham e usem esta
casa enquanto vocês estiverem em |Elisen|. Além disso, Myuu ficará feliz com
isto. Não é, Myuu? Você está feliz por Hajime-san e as outras ficarem em
nossa casa, não está?”

(Myuu): “??? Papai está indo para algum lugar?”

Escutando as palavras de Remia, Myuu, que estava descansando sua cabeça


no colo de Remia, acordou, piscando, ela estava aturdida. Aparentemente, ela
parecia pensar que era algo natural que Hajime ficasse em sua casa. A
expressão dela dizia que ela não entendia por que Remia fez essa pergunta.

(Hajime): “Eu pensei em colocar um pouco de distância assim que ela voltasse
para sua própria mãe…”

(Remia): “Ara ara, ufufu. Não é bom que o Papai se distancie de sua filha,
sabia?”

(Hajime): “Não, eu não expliquei antes? Nós somos…”

(Remia): “Eu sei que vocês vão continuar a sua viagem cedo ou tarde.
Contudo, por esse motivo, por favor, continue sendo o 'Papai' dela até que
esse dia chegue. Se você se afastar agora, então isso se tornará um súbito
adeus... não é?”

(Hajime): “… bem, se você está dizendo isso…”

(Remia): “Ufufu, também está tudo bem para você sempre ser o 'Papai' dela,
sabia? Afinal, eu disse 'com minha vida' antes…”
Dizendo isso, "Ufufu ♡", Remia riu com uma mão em sua bochecha levemente
corada. Um sorriso tão tranquilizador e lindo normalmente iria acalmar qualquer
um... mas uma nevasca se formou ao redor de Hajime.

(Hajime): “Por favor, não brinque com isso... a atmosfera congelou agora…”

(Remia): “Ara ara, que popular. Entretanto, já faz quase cinco anos desde que
eu perdi meu marido... Myuu também quer um papai, não quer?”

(Myuu): “Fue? O Papai não é um papai?”

(Remia): “Ufufu, ela disse isso, então Papai?”

A nevasca ficou muito mais intensa. Embora ele não soubesse se Remia
realmente notou a fria atmosfera, sua aura calma fez com que suas palavras
não fosse tomadas nem como piada nem como algo sério. “Você tem bastante
coragem!”, era o que os olhares de Yue e as garotas diziam, o que foi
facilmente repelido por Remia com um sorriso acompanhado de, "Ara ara,
ufufu". Ela poderia ser inesperadamente uma grande pessoa.

No fim, o grupo decidiu ficar na casa de Remia. Na hora de atribuir os quartos,


Remia disse, "O marido e a esposa não deveriam ficar juntos?", o que foi
respondido com o silêncio de Yue e as garotas. Então, Myuu disse, "Myuu vai
dormir com Papai e Mamãe", o que deixou o local em caos, mas, pelo menos,
as coisas se acalmaram por ora.

O grupo estava indo conquistar o próximo |Grande Calabouço| a partir de


amanhã, então eles precisavam reabastecer e reparar os itens quebrados e
perdidos enquanto também era necessário que eles treinassem a recém
adquirida ‖Magia da Era dos Deuses‖. Contudo, enquanto pensava que ele
não poderia negligenciar seu pouco tempo restante com Myuu, Hajime
adormeceu na cama.

Três dias depois.


A estranhamente curta distância entre Remia e Hajime fez com que os olhares
ensanguentados pela inveja dos homens da tribo dos ⌊Habitantes do
Mar⌋ apunhalassem o garoto. As tias da vizinhança também estavam fofocando
sobre Hajime e Remia. Além disso, as abordagens de Yue e as garotas ficaram
ainda mais intensas por elas estarem de mal humor. Yue, à noite, também ficou
mais amorosa. Mesmo assim, Hajime completou as preparações do grupo para
começar a procurar pelas |Ruínas Submersas de Melusine|.

Quando chegou a hora de eles partirem, Myuu estava com uma expressão
realmente solitária. Ela puxou com força o cabelo de Hajime, mas ele
conseguiu se separar dela no píer e embarcou no Submarino consertado.
Acenando com as mãos, Myuu gritou com firmeza, "Papai, tenha uma viagem
segura!". Em seguida, com um ar que não poderia ser considerado brincalhão
nem sério, Remia acenou com sua mão e disse, "Tenha uma viagem segura,
Q-U-E-R-I-D-O ♡".

De longe, elas poderiam ser vistas como esposa e filha se despedindo do


marido indo trabalhar. Olhares furiosos surgiram de Yue e as garotas atrás dele
e da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ ao seu redor. Isso fez com que Hajime
ficasse um pouco hesitante sobre voltar para esse lugar após conquistar o
próximo |Calabouço|.
Capítulo 92: Ruínas Submersas de Melusine

Noroeste, 300 quilômetros da |Cidade do Mar Elisen|.

Essa era a localização de um dos |Sete Grandes Calabouços|, |Ruínas


Submersas de Melusine|, informação que o grupo obteve de Miledi Raisen.

Contudo, o grupo não tinha muito tempo para escutar Miledi naquele momento,
então ela só os disse que a "Lua" devia ser acompanhado pela "prova de
Guruyuen" sem dar a localização detalhada.

E assim, o grupo de Hajime só avançou pelo vasto oceano de acordo com a


direção e distância que lhes foram ditas. Entretanto, eles não encontraram
nada quando procuraram no local indicado no fundo do mar durante o dia. O
grupo pensou que eles seriam capazes de encontrar algum tipo de sinal porque
essa era uma ruína submersa, mas parecia que eles foram ingênuos demais.

A localização indicada era muito rasa comparada com outros lugares na


circunferência de cem quilômetros, então este deveria ser o local correto... era
isso o que Hajime pensava.

Relutantemente, o grupo decidiu parar a busca e esperar pela noite, quando a


Lua apareceria, assim como Miledi tinha dito. A hora atual era o entardecer. O
Sol estava brilhando em vermelho com metade de seu corpo escondido pelo
horizonte, iluminando o mundo pela última vez no dia. O céu e o mar estava
tingidos de laranja enquanto uma estrada em linha reta era produzida pelo
reflexo do Sol no mar a partir do horizonte.

Um belo espetáculo da natureza, não importava em qual mundo fosse. Hajime


estava observando o Sol se pondo no convés do [Submarino] atracado.
Abruptamente, ele pensou em algo inacreditável, seria possível voltar para o
Japão se ele seguisse pela estrada de luz levando na direção do Sol? Ele
sorriu sem graça enquanto pensava sobre isso.

(Kaori): “Aconteceu alguma coisa?”


Notando a mudança em Hajime, Kaori o chamou.

Como ela estava tomando banho a bordo há pouco, seu cabelo estava
molhado. Não, não apenas Kaori. Yue, Shia, e Tio subiram para o convés antes
que ele percebesse. Todas tinham tomado banho dentro do [Submarino] do
qual Hajime se orgulhava. Suas bochechas coradas, os cabelos molhados
presos em seus rostos e nucas, deixavam as figuras delas realmente
cativantes. A água do chuveiro estava configurada para cair direto do teto,
assim, não seria um problema se as quatro tomassem banho juntas.

A propósito, o motivo para Hajime estar no convés, olhando para o pôr do Sol,
era devido a possibilidade de ser levado para o chuveiro se ele fosse
descuidado.

Quando as garotas estavam a ponto de entrar no chuveiro, Tio convidou


Hajime, o que ganhou a aprovação de Kaori, Shia e, logicamente, Yue. Assim,
as quatro eliminaram as rotas de fuga para uma recusa de Hajime. O rapaz,
que não iria aceitar nenhuma outra mulher além de Yue, disse claramente que
não teria nenhum contato de pele nu com outras mulheres.

Contudo, as garotas ignoraram Hajime enquanto sorriam. Olhando de lado para


Yue, que estava corando enquanto mostrava um sorriso provocante, Kaori e
Tio estavam prendendo Hajime de ambos os lados, enquanto Shia tentava
deixá-lo inconsciente usando [Doryukken] por trás. Sentindo o perigo iminente
em seu corpo, Hajime fugiu com seriedade e seguiu para o convés... mas, não
era uma vergonha para um homem negar a refeição servida a ele?

Hajime pensou que essa era uma pergunta tola e sacudiu sua cabeça, então
ele respondeu Kaori.

(Hajime): “Eu estou apenas me lembrando um pouco do Japão. Afinal, a cena


aqui não é muito diferente da de lá”
(Kaori): “... entendo. Yeah, ela realmente é. É exatamente como o Sol do
entardecer que eu vi no mar antes... de certa forma, isso faz eu me sentir
nostálgica. Embora nem mesmo meio ano tenha se passado, eh”

(Hajime): “É porque o cotidiano daqui é sempre muito agitado”

Se sentando ao lado de Hajime, Kaori estava concordando com as palavras


dele enquanto olhava para longe. Ela devia estar se lembrando dos dias que
passou no Japão.

Talvez por ela se sentir solitária com a conversa dos dois, Yue moveu seu
corpo ainda corado na direção de Hajime e se sentou no colo dele. Ela confiou
suas costas do peito dele, embora ela ainda estivesse se sentindo com calor.
Então, ela começou a observar Hajime logo abaixo de seu rosto.

Seus olhos estavam obviamente expressando que ela queria que eles
deixassem ela participar da conversa. Yue estava se sentido solitária, e, ao
mesmo tempo, ela queria ouvir sobre a cidade natal de Hajime. Hajime,
enquanto internamente era nocauteado pela fofura de Yue, beliscou a
bochecha de Kaori, que estava sentada a seu lado, para repreendê-la por
causa da Hanya que tinha aparecido.

Com apenas isso, seu humor ficou melhor, o que fez com que Hajime se
sentisse perturbado. Ele pensou, "Por que ela faria tudo isto para alguém que
não aceitará seus sentimentos...". Embora pensasse nisso, ele não diria isso
em voz alta. Afinal, isso seria grosseria com os sentimentos dela.

Enquanto ele beliscava a bochecha de Kaori, desta vez, Shia se aproximou


dele do lado oposto de Kaori com olhos brilhantes. Ela obviamente estava
sinalizando que queria ser acariciada também. Com sua mão disponível, ele
esfregou as orelhas de coelho de Shia. “Eheheeee”, Shia ficou com um sorriso
relaxado.

As costas dele serviram de apoio para Tio. Ela não pediu nada em particular,
apenas se sentou de costas com as costas dele silenciosamente. Contudo, ele
entendeu que Tio estava relaxada, e ela confiou o peso de seu corpo a ele.
Isso foi um pouco inesperado, já que Hajime estava pensando em jogá-la
dentro do mar se ela fizesse alguma demanda pervertida.

Assim, talvez por ela sentir algo da aura de Hajime, o corpo de Tio estremeceu
e tremeu por um momento enquanto sua respiração ficava irregular…

Os integrantes do grupo de Hajime aconchegaram-se um nos outros acima do


vasto oceano. Levaria algum tempo até a noite chegar e a Lua começar a
brilhar. Então, para passar o tempo, Hajime começou a falar um pouco sobre
sua terra natal.

A história de Hajime fascinou Yue e as outras duas, enquanto Kaori estava o


auxiliando com um sorriso radiante. O tempo passou rapidamente enquanto
eles aproveitaram a pacífica atmosfera e o Sol desceu completamente para o
outro lado do horizonte, e a Lua começou a brilhar em seu lugar.

Pensando que estava na hora, Hajime pegou o pingente que era a prova da
conquista do |Grande Vulcão Guruyuen| do bolso em seu peito. O formato do
pingente era uma mulher segurando uma lanterna e havia um buraco nela, o
que a deixava vazia.

Mesmo quando eles estavam em |Elisen|, Hajime pegou o pingente e o


segurou na direção da Lua, e também o forneceu seu |Poder Mágico⟩, mas
não houve nenhuma mudança em particular.

"O que é preciso ser feito com a Lua e o pingente?", era o que ele pensava
enquanto inclinava sua cabeça. Por ora, Hajime tentou segurar o pingente na
direção da Lua. A Lua podia ser vista pelo buraco da lanterna do objeto.

Ele esperou por um tempo, mas não houve mudanças. Hajime, sem entender o
que fazer, suspirou e começou a tentar outro método.

Mas, nesse momento, uma mudança apareceu no pingente.

(Shia): “Waah, a luz está se reunindo na lanterna. É lindoooo”


(Kaori): “Essa é... uma cena misteriosa. Mesmo a parte da lanterna sendo
vazia…”

Shia estava admirando a cena e Kaori, com olhos brilhando, concordou com
ela.

Assim como as duas disseram, a parte da lanterna estava absorvendo o luar e


luz começou a se acumular em seu interior. De acordo com isso, a parte oca foi
preenchida pela luz. Também ficando interessadas, Yue e Tio observaram o
pingente que Hajime erguia.

(Hajime): “Mesmo eu também tentando fazer isso na última noite…”

(Tio): “Hmm, Mestre. Pode ser que nada funcionaria se não estivéssemos aqui,
não é?”

Devia ser como Tio imaginou. Em pouco tempo, a lanterna terminou de


acumular a luz e o pingente estava agora coberto de luz. Ao mesmo tempo, um
facho de luz saiu da lanterna, apontando para um certo local na superfície do
mar.

(Yue): “… que produção excelente. Realmente diferente da de Miledi”

(Hajime): “Sim. Isso é mesmo como uma história de fantasia, até eu estou
impressionado com isso”

“Guiados pela luz da Lua”, era mesmo algo digno de um romance, o que fez
não apenas Hajime, mas também Yue e o resto do grupo, erguerem vozes de
admiração. A impressão de Shia, exatamente como a de Hajime e Yue, era
mais forte como alguém que se aventurou no |Grande Calabouço Raisen| de
Miledi.

O grupo não sabia por quanto tempo a luz seria liberada da lanterna do
pingente, então o [Submarino] zarpou na mesma hora, guiado pela luz.
O mar à noite era escuro. Ou talvez fosse melhor dizer que tudo era negro. E
mesmo que a superfície do oceano estivesse brilhante devido ao luar, eles
foram guiados para dentro da água, e assim, tudo instantaneamente ficou
escuro. A luz liberada pelo [Submarino] e o pingente eram as únicas coisas
atravessando o mar sombrio.

A luz emitida pelo vidro do cristal dianteiro (feito com um tipo de minério
resistente e transparente) do [Submarino], estava apontado para o fundo do
oceano.

A localização indicada era uma zona rochosa no fundo do mar. Inúmeras


paredes de pedra distorcidas estavam reunidas para formar uma cadeia
montanhosa. Era um lugar que o grupo investigou durante o dia, mas isso
resultou em nada... mas, quando o [Submarino] se aproximou da pedra
apontada pela luz do pingente, um tremor começou a ser gerado junto de um
forte estrondo.

O som e o tremor foram causados pelas paredes de pedra que começaram a


se movimentar. Parte de uma rocha foi dividida em duas, se abrindo para a
direita e esquerda, como uma porta. A estrada negra seguia para dentro, como
se estivesse os convidando para o submundo.

(Hajime): “Entendo... então era por isso que não podíamos encontrá-la, não
importava o quanto procurássemos. Que tolice a minha pensar que seríamos
capazes de encontrar o |Calabouço| apenas com a sorte”

(Yue): “… não há o que fazer, mas isso foi divertido”

(Kaori): “Yue está certa. Você não acha que foi uma experiência incrível poder
visitar o fundo do mar neste mundo diferente?”

Os ombros de Hajime se encolheram assim que ele entendeu que a busca feita
durante o dia foi em vão, mas parecia que Yue e Kaori gostaram muito disso.

Hajime moveu o [Submarino] e o grupo entrou na fenda. A lanterna do


pingente ainda tinha metade de sua luz acumulada, mas ela parou de liberar a
luminosidade. Apenas a luz do [Submarino] estava brilhando dentro do mar
escuro.

(Tio): "Ummmmm, esta pensou nisto desde que ouviu sobre a ruína no fundo
do mar, mas não seria impossível para pessoas comuns entrarem neste
labirinto sem esta coisa chamada [Submarino]?"

(Yue): “… é impossível, a menos que você use uma barreira poderosa”

(Kaori): “Também seria impossível se você não puder controlar o ar, a luz, e a
corrente de água ao mesmo tempo, eh”

(Hajime): “Porém, é necessário conquistar o |Grande Vulcão Guruyuen| para


chegar aqui, então eu acho que as pessoas capazes de conquistar o |Grande
Calabouço| são capazes de entrar aqui.

(Shia): “Quem sabe nós devêssemos usar a ‖Magia Espacial‖?”

Entrando mais fundo na estrada subaquática, o grupo de Hajime estava


considerando outras formas de conquistar este |Calabouço| sem
um [Submarino]. Eles estavam impressionados pela entrada fantástica, mas,
certamente, assim que eles pensassem sobre isso normalmente, a menos que
fossem vários ⌈Magos⌋ de alto nível, seria impossível entrar no |Calabouço|.
Um ponto problemático parecido com o dos outros |Grandes Calabouços|.

Com cautela, o grupo de Hajime observou o fundo do mar através do cristal


dianteiro.

E nesse momento...

] FwwwOOOOoooooshhhh!! [

(Tio): “Uwoh!?”

(Yue): “Nh!”

(Shia): “Wawah!”
(Kaori): “Kyah!”

(Hajime): “Mas que... !?!?!?”

O lado do [Submarino] subitamente recebeu um impacto e, imediatamente, ele


foi jogado para uma direção. Exatamente como na vez em que eles foram
jogados dentro da rápida corrente de magma, o [Submarino] foi virado e
girado, mas o grupo já tinha pensado em contramedidas para isso. Usando
a [Pedra de Gravidade] instalada no fundo do [Submarino] para aumentar o
peso, o grupo o estabilizou.

(Shia): “Uh, eu não quero experimentar este tipo de movimentação de


novoooo”

O rosto de Shia empalideceu assim que ela se lembrou da vez em que eles
foram arrastados pelo subterrâneo do |Grande Vulcão Guruyuen|, e sacudiu
sua cabeça para se impedir de lembrar disso.

(Hajime): “Nós não nos recuperamos imediatamente? Eu já disse que vai ficar
tudo bem a partir de agora. Mas, acima de tudo, para onde esta corrente está
nos levando…”

Enquanto sorria sem graça para Shia, Hajime observou o exterior através do
cristal dianteiro. A luz da [Pedra de Luz Verde] estava circulando ao redor da
caverna escura, o permitindo imaginar os arredores. Pelo que ele podia ver, o
grupo parecia ter sido arrastado pela correnteza para dentro de uma enorme
caverna redonda.

Enquanto operava o [Submarino], o grupo de Hajime avançou acompanhando


a corrente. Depois de um tempo, a [Pedra de Visão de Longo
Alcance] instalada na popa avistou inúmeros objetos brilhando com uma cor
preta avermelhada.

(Hajime): “Eles parecem estar se aproximando de nós... bom, provavelmente


são 〈Feras Mágicas〉 envolvidas por |Poder Mágico⟩ preto avermelhado, huh”
(Yue): “… devemos?”

Quando Hajime murmurou, Yue, que estava sentada ao lado dele, estava
reunindo |Poder Mágico⟩ em sua mão, e falou com o tom de um delinquente,
mas ela ainda parecia fofa.

(Hajime): “Não, vamos usar as armas. Eu também quero confirmar sua


eficácia”

Hajime operou o dispositivo na parte traseira do [Submarino]. Então, vários


torpedos do tamanho de uma garrafa pet que pintaram de vermelho o oásis
de |Ancadi|, foram lançados. Hajime os pintou cuidadosamente, então eles
pareciam tubarões sorrindo maliciosamente.

Como eles estavam dentro da rápida correnteza, a propulsão dos torpedos só


poderia movê-los até certo ponto, e isso resultou em eles se espalhando como
minas submarinas.

O [Submarino] avançou em frente, e, em pouco tempo, as inúmeras 〈Feras


Mágicas〉 envolvidas pelo |Poder Mágico⟩ preto avermelhado e aparência de
peixes-voadores[1] entraram no agrupamento de torpedos.

] BOOoOOoooOOoom!!! [

Grandes explosões foram geradas atrás do [Submarino] em sucessão e uma


enorme quantidade de bolhas envolveu o grupo que parecia ser formado por
peixes-voadores. Depois disso, os corpos dos monstros foram despedaçados
pelo impacto e a carne e sangue se espalharam dentro das bolhas, parecendo
alga marinha jogada dentro de uma rápida correnteza.

(Hajime): “Yup, eles têm mais poder do que antes. A melhoria foi um sucesso”

(Shia): “Uwaahhhh, Hajime-san. Agora mesmo, havia algo com olhos de peixe
sendo arrastado para o lado de fora”

(Tio): “Shia, esses eram mesmo peixes mortos”


(Kaori): “Mais uma vez, isso me faz pensar que os artefatos que Hajime-kun
faz são trapaça”

Depois disso, o grupo de Hajime avançou enquanto facilmente derrotava


os 〈Peixes-Voadores〉 que eles encontravam com frequência.

Eles avançaram sem saber quanto tempo levaria.

Nesse momento, eles começaram a notar o senso de incompatibilidade do


cenário imutável. O grupo de Hajime chegou em um lugar onde as paredes do
entorno estavam aleatoriamente destruídas. Quando eles olharam com
atenção, cabeças de 〈Peixes-Voadores〉 estavam localizadas entre as paredes
de pedra com seus olhos vazios.

(Hajime): “… hmm, este não é o lugar por onde passamos antes?”

(Yue): “… parece que sim. Estamos andando em círculos?”

Aparentemente, o grupo de Hajime estava andando em círculos na caverna.


Eles pensaram que o |Grande Calabouço| estava à frente deles, então eles
avançaram, mas Hajime não estava certo se errou uma das entradas, já que
essa era uma caverna submarina normal. Consequentemente, o grupo agora
não avançava de acordo com a estrada estabelecida, e cuidadosamente
investigava os arredores em busca de qualquer pista.

Como resultado...

(Kaori): “Ah, Hajime-kun. Há mais um ali!”

(Hajime): “Com isto, este é o quinto local…”

O grupo descobriu vários locais dentro da caverna que estavam gravados com
um longo brasão de cinquenta centímetros de Melusine. A insígnia de Melusine
era um pentagrama com linhas conectadas em cada um dos cinco pontos e o
centro estava marcado com o desenho de uma lua crescente. Era parecido
com os cinco locais nesta caverna anelar.
Através de um exame minucioso, o grupo de Hajime se aproximou do primeiro
brasão que eles encontraram. Como eles estavam expostos a rápida
correnteza, Hajime tomou cuidado no controle do [Submarino].

(Hajime): “Bem, há cinco lugares com o pentagrama, então se a luz sobrando


dentro do pingente for usada…”

Murmurando, Hajime pegou o pingente que ele usava em seu pescoço e o


segurou no cristal dianteiro. Assim, o pingente reagiu e a luz foi liberada
diretamente da lanterna. Em seguida, a luz tocou o emblema e ele brilhou.

(Kaori): “Seria desastroso para pessoas que viessem aqui usando magia... se
eles não notassem isto imediatamente, seu |Poder Mágico⟩ seria esgotado”

Assim como Kaori disse, este método estilo RPG seria cruel demais para
pessoas que sobrevivessem apenas com o uso de magia. Poderia ser que o
objetivo era fazê-los atingir seu limite em um sentido diferente do proposto
no |Grande Vulcão Guruyuen|.

Depois disso, mais três brasões em suas próprias localizações foram banhados
com a luz da lanterna e o grupo chegou diante do último emblema. A luz
coletada dentro da lanterna diminuiu quando ela era liberada para iluminar o
brasão, e a luz restante era o suficiente apenas para mais um uso.

Hajime segurou o pingente e despejou a luz no último brasão, finalmente, um


caminho para avançar pela caverna em forma de anel se abriu. Com um som
de estrondo, a parede da caverna de dividiu em duas.

Nada aconteceu enquanto o grupo avançava em seu interior, mas a água


estava descendo em linha reta para baixo. Dessa forma, o [Submarino] foi
envolvido pela sensação de flutuar enquanto ele caía.

(Hajime): “Ohh?”

(Yue): “Nh”
(Shia): “Hyah!?”

(Tio): “Nuoh”

(Kaori): “Hauu!”

Respectivamente, os cinco soltaram gritos diferentes. Hajime estava resistindo


a sensação de flutuar no meio de sua virilha. Dessa forma, o [Submarino] se
chocou com o chão duro acompanhado de um som ribombante. O severo
impacto foi transmitido para o interior, e Kaori, cujo corpo não era tão forte,
soltou um gemido.

(Hajime): “Kh… Kaori, você está bem?”

(Kaori): “Uhh, eu-eu estou bem. Mais importante, aqui é...”

Enquanto franzia o cenho, Kaori olhou para o exterior através do cristal


dianteiro, e, diferente de há pouco, o lado de fora não era água do mar, mas
uma cavidade. Como não havia sinal de 〈Feras Mágicas〉, o grupo de Hajime
saiu para fora.

No exterior do [Submarino] havia um enorme espaço hemisférico. Quando


eles olharam para cima, havia um enorme buraco, mas eles não sabiam que
tipo de princípio fazia a superfície da água balançar para frente e para trás.
Sem nenhum pingo de água, ela estava apenas balançando, e esse era o local
onde o grupo de Hajime caiu.

(Hajime): “Parece que aqui é o local certo. Ao invés de uma ruína submersa,
isso é uma caverna”

(Yue): “… é bom que não haja água por toda a parte”

Devolvendo o [Submarino] para a [Caixa do Tesouro], Hajime incentivou Yue


e as outras a avançarem para a passagem que eles podiam ver dentro da
caverna... mas ele chamou Yue antes do grupo se mover.

(Hajime): “Yue”
(Yue): “Nn”

Com apenas isso, Yue imediatamente criou uma barreira ao redor deles.

Momentaneamente, correntes de água parecidas com lasers os atacaram


como meteoros do alto. O laser feito de água comprimida era parecido com
a ‖Ruptura‖ que Yue usou no |Grande Calabouço Raisen|. Se você fosse
atingido por isso, um buraco seria facilmente criado em seu corpo.

Contudo, a barreira de Yue era extremamente forte, mesmo ela sendo


invocada às pressas. Como prova disso, a barreira facilmente bloqueou o
ataque vindo do alto. Como Hajime prontamente percebeu o aumento
no |Poder Mágico⟩ e a intenção assassina, Yue respondeu rapidamente e o
ataque surpresa já não era mais uma surpresa. Naturalmente, no momento que
Hajime chamou Yue, Shia e Tio imaginaram um ataque e não foram
perturbadas por isso.

Entretanto, Kaori não reagiu da mesma forma que elas.

(Kaori): “Kyaa!?”

Os ataques súbitos e intensos demais a fizeram instintivamente soltar um grito.


Ela imediatamente se agarrou em Hajime, que estava ao lado dela.

(Kaori): “Sin-sinto muito”

(Hajime): “Não, eu não ligo para isso”

Olhando para Hajime, de quem ela se separou, Kaori normalmente iria corar,
mas seu rosto não parecia bem. Ela parecia estar um pouco deprimida com a
exposição de seu comportamento vergonhoso quando ela se agarrou em
Hajime.

Além disso, ela mais uma vez ficou chocada com a aptidão de Yue com magia.

Quando ela ainda estava com o grupo de Kouki, Kaori também usava magia
defensiva para auxiliar Suzu. Ela treinou duro, e sua velocidade de ativação
não era inferior à de uma ⌈Mestra de Barreiras⌋ como Suzu. Mesmo assim,
quando comparada com Yue, sua magia defensiva era brincadeira de criança.

Ela sentiu "isso" quando o grupo de Hajime os resgatou no |Grande


Calabouço Orcus|, ela entendeu, mas ela empurrou seu "complexo de
inferioridade" para o fundo de sua mente porque somente quando ela pudesse
fazer isso ela seria capaz de ficar ao lado de Hajime. Contudo, a dúvida sobre
ela ser apenas um fardo cruzou sua mente mais uma vez.

(Hajime): “Você está bem?”

(Kaori): “Eh? Ah, não é nada. Não há nada errado”

(Hajime): “… entendi”

Kaori imediatamente tentou enganá-lo ao mostrar um sorriso forçado. Embora


Hajime estreitasse ligeiramente seus olhos com a ação dela, ele não disse
nada.

Sua ação fez Kaori se sentir um pouco solitária, mas aliviada ao mesmo tempo.
Então, ela notou Yue, que continuava a bloquear a chuva mortal, a encarando.
Seus olhos pareciam ver através do coração de Kaori, o que fez a garota
colocar força em seus olhos e encarar Yue de volta.

Kaori não permitiria que seus sentimentos fossem ridicularizados como daquela
vez. Afinal, se isso acontecesse, a linda garota diante dela, que recebia o amor
de Hajime, pararia de reconhecê-la como uma ameaça.

Isso... era algo que ela não seria capaz de suportar.

Recebendo o poderoso olhar de Kaori, Yue sorriu um pouco e mais uma vez
olhou para cima. Ao mesmo tempo, Tio disparou suas chamas para queimar o
teto. Com isso, o culpado do ataque caiu aos pedaços.
Era uma 〈Fera Mágica〉 parecida com uma craca[2]. Muitas delas estavam
presas no teto, lançando ‖Ruptura‖ do buraco acima. Um espetáculo
convidando a repugnância fisiológica.

Talvez por ela ainda ser uma criatura marinha, ela era fraca contra fogo e foi
imediatamente queimada pela ‖Magia do Fogo‖ de Tio, ‖Chama Espiral‖.

Depois de derrotar essas 〈Cracas〉, o grupo de Hajime caminhou para a


passagem. Eles desceram mais em relação a sala anterior e a água do mar
chegou até suas coxas.

(Hajime): “Ahhhh, está difícil para caminhar…”

(Yue): “… eu devo descer?”

Com sons de água espirrando enquanto eles avançavam pela água do mar,
Hajime começou a reclamar. E assim, Yue, que estava sendo em seus ombros,
perguntou. Yue foi carregada por Hajime porque, com sua altura, ela iria ficar
ensopada mais rápido do que qualquer um.

Hajime devolveu um olhar dizendo que não havia problema enquanto ele
ignorava os olhares de inveja de Kaori e Shia. Assim, ele colocou sua mão na
coxa de Yue, para ela não cair, a ajeitando firmemente em seu lugar. Yue
também envolveu suas mãos ao redor do pescoço de Hajime.

Kaori e Shia estavam enviando mais e mais olhares invejosos, mas elas
estavam agora focando em outro problema; um ataque de 〈Feras Mágicas〉.

As 〈Feras Mágicas〉 que apareceram pareciam shurikens. Elas se moviam em


linha reta na direção de seus alvos enquanto giravam em alta velocidade, mas,
algumas vezes, elas também se curvavam durante o voo. Hajime calmamente
puxou [Donner] e, sem hesitação, disparou, derrubando tudo o que estava no
ar. Apesar de algumas morrerem com seus corpos ainda intactos, as 〈Feras
Mágicas〉 mortas que flutuavam na superfície da água tinham a forma de uma
estrela-do-mar.
Além disso, percebendo 〈Feras Mágicas〉 parecidas com cobras do mar
nadando rápido na água do mar abaixo deles, Yue as espetou usando lanças
de gelo.

(Hajime): “… elas não são fracas demais?”

Exceto por Kaori, todas as integrantes do grupo concordaram com o murmúrio


de Hajime.

Os inimigos dentro de um |Grande Calabouço| eram teoricamente fortes


individualmente e as coisas ficavam complicadas se mais do que um
aparecesse. Contudo, as 〈Estrelas-do-Mar〉 e 〈Cobras do Mar〉 eram
parecidas com as 〈Feras Mágicas〉 que os atacaram no mar assim que eles
saíram do vulcão submarino, ou, no mínimo, tão fracas quanto aquelas. 〈Feras
Mágicas〉 realmente impróprias para um |Grande Calabouço|.

Excluindo Kaori, que não sabia muito sobre |Grandes Calabouços|, todos
estavam inclinando suas cabeças, mas suas respostas seriam respondidas
dentro do enorme espaço no final da passagem.

(Hajime): “… que merda?”

Assim que o grupo de Hajime entrou no espaço, corpos translúcidos parecidos


com geleia bloquearam a entrada da passagem.

(Shia): “Deixe-me fazer isso! Uryaaah!!”

Na mesma hora, Shia, que estava na retaguarda, balançou [Doryukken] para


quebrar a parede. No entanto, a superfície só foi espalhada, mas a parede de
geleia não se quebrou. Na sequência, os restos espalhados se prenderam nos
peitos de Shia.

(Shia): “Hyaa! O que é esta coisa!?”

Shia soltou uma voz de confusão e choque. Quando o grupo de Hajime se


virou, a roupa ao redor dos peitos de Shia estava derretendo. A geleia se
enrolou ao redor da roupa e roupas íntimas dela, e as voluptuosas colinas
gêmeas de Shia começaram a ficar mais e mais expostas.

(Tio): “Shia, não se mova!”

Imediatamente, Tio queimou com perfeição a coisa parecida com geleia. Uma
pequena parte dos peitos de Shia, onde a geleia se prendeu, estava inchada e
vermelha. Parecia que a geleia bloqueando a entrada tinha uma acidez bem
forte.

(Hajime): “Kh! Há mais vindo!”

Hajime avisou, e logo depois que eles se afastaram da parede de geleia,


inúmeros tentáculos atacaram do alto. Eles pareciam afiados como lanças, mas
sua aparência era parecida com a geleia que estava bloqueando a entrada.

(Hajime): “Honestamente, a combinação de Yue na defesa e Tio no ataque


parece trapaça”

Uma defesa inexpugnável e, ao mesmo tempo, um ataque unilateral. Foi por


isso que Hajime não pôde fazer nada além de murmurar isso. Vendo isto como
uma oportunidade, Shia lentamente estava se aproximando do lado de Hajime
enquanto enfatizava seu decote exposto. Genuinamente astuta, ela começou a
implorar olhando para cima enquanto corava.

(Shia): “Me desculpe Hajime-san. Está queimando, então Hajime-san pode


aplicar um pouco de remédio?”

(Hajime): “… ] suspiro [, você não está vendo nossa situação?”

(Shia): “Bem, eu acho que vai ficar tudo bem porque Yue-san e Tio-san são
imbatíveis... aliás, se eu não apelar um pouco nesta situação, eu vou ser
ofuscada por Kaori-san também…”

Shia disse enquanto se aproximava de Hajime para mostrar a queimadura em


seu peito.
Então...

(Kaori): “Traga o solo sagrado e a cura para este lugar, ‖Bênção do Céu‖”

Kaori curou o ferimento de Shia enquanto sorria gentilmente. “Ahhhhh, esta era
uma chance para que meus peitos fossem tocados!”, Shia lamentou enquanto
todos a olhavam com frieza.

(Yue): “Hm? Hajime, essa geleia parece derreter magia também”

Enquanto ele estava olhando friamente Shia, Yue o disse isso. Quando Hajime
olhou para ela, ele pôde ver partes da barreira de Yue derretendo.

(Tio): “Mhm, esta considerou isso. Esta sentiu que foi estranho que a chama
anterior perdesse sua força. Parece que ela pode derreter até o |Poder
Mágico⟩ dentro das chamas”

Se o que Tio disse estivesse correto, então essa gelei era capaz de
derreter |Poder Mágico⟩. Era uma capacidade poderosa e perturbadora.
Adequada para 〈Feras Mágicas〉 de um |Grande Calabouço|.

Apesar de ela não dever ter escutado o pensamento de Hajime, finalmente, a


figura da 〈Fera Mágica〉 que estava manipulando a geleia apareceu.

A coisa que apareceu, como se estivesse penetrando através das pequenas


rachaduras no teto, parou no meio do ar, e começou a se remodelar. Um
humanoide translúcido com membros parecidos com barbatanas apareceu, e
todo o seu corpo carregava incontáveis manchas brilhantes vermelhas com
antenas crescendo em sua cabeça. A figura que estava nadando no meio do ar
com seus membros em forma de barbatana era exatamente como um clione[3].
Bem, um 〈Clione〉 com dez metros de altura não poderia ser nada além de um
monstro.

Sem nenhum movimento preliminar, tentáculos foram disparados do enorme


corpo do 〈Clione〉. Ao mesmo tempo, geleia estava espirrando de sua cabeça
exatamente como um chuveiro.
(Kaori): “Yue, ataque também! Deixe a defesa comigo! ‖Interrupção Divina‖!”

Usando a habilidade derivada, ‖Ativação Tardia‖[4], Kaori ativou


a ‖Interrupção Divina‖ que ela preparou de antemão. Concordando com
Kaori, Yue foi até Tio, e juntas, elas lançaram chamas na direção do
enorme 〈Clione〉. Shia também mudou [Doryukken] para seu modo de disparo
e atirou.

O 〈Clione〉 foi atingido por todos os ataques delas, e seu corpo explodiu e se
espalhou em todas as direções. "Um golpe, uma morte!", Yue e as outras
mostraram expressões satisfeitas, mas Hajime deu um aviso a elas.

(Hajime): “Ainda não! Sua presença ainda está aqui. Kaori, mantenha a
barreira... o que é isto? A presença da 〈Fera Mágica〉 está em todo o lugar…”

As habilidades de detecção de Hajime capturaram a presença da 〈Fera


Mágica〉 em toda a sala. Além disso, tudo o que seu [Olho Mágico] via estava
pintado com uma cor preta avermelhada, como se a 〈Fera Mágica〉 fosse a
própria sala. Essa era uma situação que ele nunca encontrou antes, assim,
naturalmente, os olhos de Hajime se apertaram.

Após isso, como se sentisse sua ansiedade, o 〈Clione〉, que estava espalhado
em todas as direções, se regenerou em um instante. Ademais, em sua barriga
estavam as 〈Estrelas-do-Mar〉 e as 〈Cobras do Mar〉 que eles encontraram e
derrotaram. Elas derreteram enquanto soltavam sons crepitantes.

(Tio): “Hmm, parece que as 〈Feras Mágicas〉 que esta pensou serem fracas
eram realmente 〈Feras Mágicas〉 comuns, e elas parecem ser a refeição desta
coisa... Mestre. Não importa se isso continuar se regenerando. Mas, onde está
sua [Pedra Mágica]?”

(Shia): “Agora que Tio-san mencionou, por que eu não posso ver a [Pedra
Mágica], apesar de ela ser transparente?”
Concordando com a suposição de Tio, Shia estava agora olhando para Hajime,
mas o garoto estava com uma expressão preocupada enquanto ele procurava
pela localização da [Pedra Mágica] do enorme 〈Clione〉.

(Yue): “… Hajime?”

Quando Yue o chamou, Hajime coçou sua cabeça e relatou o que ele viu.

(Hajime): “… nada. Essa coisa não tem um [Pedra Mágica]”

Suas palavras deixaram todas aturdidas.

(Kaori): “H-Hajime-kun? Para isso não ter um [Pedra Mágica]... então, isso
significa que ela não é uma 〈Fera Mágica〉?”

(Hajime): “Eu não sei. Contudo, se eu fosse dizer, esse corpo de geleia, ele
todo é a [Pedra Mágica]. Meu [Olho Mágico] viu que o corpo inteiro dessa
coisa está tingido com a cor preta avermelhada. Aliás, tomem cuidado, já que
esta sala toda também está pintada da mesma cor. Ou talvez nós já estejamos
dentro do estômago dessa coisa”

Ao mesmo tempo que Hajime disse sobre o fato chocante, o


enorme 〈Clione〉 começou a atacá-los de novo. Desta vez, não apenas os
tentáculos atacavam enquanto geleia caía do alto, mas seus pés entraram na
água do mar e algumas partes de seu corpo foram disparadas como se fossem
torpedos.

Hajime pegou um enorme rifle negro da [Caixa do Tesouro]. O enorme rifle


tinha um cilindro de gás instalado onde a munição deveria ser carregada, e,
aliás, ele tinha um calibre enorme inacreditável.

Isso era natural. Afinal, isso não era um rifle…

] FWOOOOSH!! [

Era um lança-chamas. O [Minério das Chamas] em sua forma de piche fazia


o [Lança-Chamas] espalhar chamas de 3.000 °C. Ele não estava apontado
para o enorme 〈Clione〉, nem para os tentáculos nem para a geleia que era
lançada. Ele estava apontado para a "parede" que estava transmitindo uma
reação preta avermelhada. O 〈Clione〉 foi deixado para Yue e as outras duas.

Talvez porque o enorme 〈Clione〉 tinha uma habilidade mimética, a parede


parecia ser apenas algo comum, mas a chama solta por Hajime queimou-a e
arrancou-a como se ela fosse um papel de parede. Hajime estava levemente
aliviado pela coisa na parede não ser outro 〈Clione〉 gigante.

Contudo, a geleia transparente continuou aparecendo pelas rachaduras na


parede, não importava o quanto ele a queimasse, e, finalmente, ela apareceu
debaixo dos pés dele. As solas de seus sapatos geraram sons crepitantes.

O ataque no corpo real por Yue e as outras duas também estava aumentando
em intensidade, e até o enorme 〈Clione〉 parecia finalmente ter ficado sério,
pois a geleia jorrava de toda a parede com enorme força. Além disso, o nível
da água aumentou antes que o grupo percebesse isso. A princípio, estava ao
redor da altura das coxas, mas agora, ela subiu até a cintura. Quanto a Yue, a
região de seu peito já estava ensopada pela água.

Yue e as outras duas derrotaram o 〈Clione〉 gigante várias vezes, mas a geleia
do ambiente imediatamente se reunia, e o fim da luta não estava à vista.

Era uma situação terrível se eles não descobrissem uma forma de derrotar o
monstro, e eles iriam morrer afogados. Enquanto o poder de luta do grupo
estava sendo reduzido, eles não seriam capazes de manter o cerco
ao 〈Clione〉 gigante. Mesmo que eles invocassem uma ‖Barreira Mágica‖ e
entrassem no [Submarino], ele iria derreter, a menos que eles descobrissem
como derrotar a coisa.

Assim, Hajime decidiu recuar. Contudo, todas as passagens foram bloqueadas


pela geleia. Hajime desesperadamente olhou ao redor. Então, ele descobriu
uma rachadura no chão que gerava um redemoinho.
(Hajime): “Eu ao menos vou nos tirar desta situação. Há um lugar abaixo do
chão. Bom, eu não sei onde ele está conectado, então preparem-se!”

(Yue): “Nh”

(Shia): “Siiiim”

(Tio): “Entendido”

(Kaori): “Okay!”

Recebendo as respostas de todas, Hajime, enquanto virava o [Lança-


Chamas] para queimar a geleia se aproximando, usou ‖Transmutação‖ na
direção da rachadura. A rachadura foi forçada a se expandir e, gradualmente,
um profundo buraco se abriu.

Enquanto ainda estava debaixo da água, Hajime pegou um cilindro com 15


centímetros de comprimento e três de diâmetro. No meio estava a parte do
bocal de um tubo snorkel. Isso era um pequeno cilindro de oxigênio. Ele foi
criado usando o minério imbuído com ‖Magia Espacial‖ usando a ‖Magia da
Criação‖. Assim, o espaço em seu interior, onde o oxigênio estava, se
expandia exatamente como na [Caixa do Tesouro].

Contudo, enquanto ele fazia as preparações em |Elisen|, Hajime priorizou os


equipamentos quebrados e perdidos. Junto a isto, era difícil para ele
usar ‖Magia Espacial‖, então o espaço criado era muito menor comparado
com a [Caixa do Tesouro]. Por causa disso, esse pequeno cilindro de oxigênio
só poderia durar por cerca de 30 minutos.

Definindo o limite de tempo no canto de sua mente, Hajime repetidamente


"transmutou" a água, e, pouco depois, ele pegou o [Bate-Bunker] da [Caixa
do Tesouro] assim que não houve mais reação no solo. Depois de fixar a
âncora debaixo da água, ela atacou.

] Screeechhhh!!! [
Na sequência, ele puxou o gatilho para quebrar o chão.

] KABOooOOOOoommmm!!! [

Dentro da água, um som estrondoso abafado foi gerado e se espalhou com a


vibração.

No momento seguinte, água escorreu para o buraco aberto com imensa


velocidade. A água do mar que chegava ao redor da cintura começou a fluir
feroz e subitamente, o que resultou em Yue e as outras três sendo tragadas e
jogadas para o buraco.

Dentro da rápida correnteza, Hajime desesperadamente se preparou para


enfrentar a correnteza e pegou um pedregulho gigantesco e
inúmeras [Granadas Incendiárias] da [Caixa do Tesouro]. Então, ele as
jogou ao mesmo tempo que ele deslizava para dentro do espaço juntamente de
Yue e as outras.

Atrás dele, sons estrondosos e abafados surgiram. Entretanto, ele foi incapaz
de confirmar se teve sucesso em ganhar algum tempo contra a perseguição
do 〈Clione〉 gigante.
[1] Exocoetidae é uma família de peixes marinhos, conhecidos pelo nome
comum de peixes-voadores, que agrupa cerca de 70 espécies divididas em 7
gêneros. A família tem distribuição natural nas águas quentes das regiões
tropicais e subtropicais de todos os oceanos, tendo maior diversidade no
Pacífico e no Índico. A característica mais surpreendente dos peixes
pertencentes a esta família é o tamanho das suas barbatanas peitorais,
inusitadamente grandes, que permitem que estes peixes decolem da superfície
das águas e percorram em voo planado distâncias superiores a 50 metros.

[2] Craca é a designação comum aos crustáceos, exclusivamente marinhos, da


classe dos cirrípedes, que geralmente vivem fixados a rochas, conchas, corais,
madeiras e outros objetos flutuantes, encerrados em uma carapaça calcária,
semelhante a um pequeno vulcão.

[3] O clione limacina (mais conhecido como anjo-do-mar) é um molusco


transparente, carente de carapaça, que nada pelas águas do mar movendo
seus apêndices que se assemelham a pequenas asas de anjo.

[4] Alterando “Ativação Atrasada” para “Ativação Tardia”.

Capítulo 93: Complexo de inferioridade

(Kaori): “] Tosse, tosse [, ugh.”

(Hajime): “Huff, huff, você está bem Kaori?”

(Kaori): “Y-yeah, de alguma forma... todo mundo está…”

Na frente de Kaori, que estava tossindo por beber uma grande quantidade de
água do mar, estava Hajime, cuja mão estava ao redor da cintura dela, e uma
praia totalmente branca. Não havia mais nada ao redor dela além disso, mas
ela podia ver ao longe um grande número de árvores de manguezal[1], e a
superfície do mar ondulante no céu. A água do mar era como uma barreira,
impedindo qualquer intruso. Era um espaço vasto.

(Hajime): “Parece que fomos separados... bom, eu dei a todas uma versão
menor da [Caixa do Tesouro], então elas devem ser capazes de se cuidarem
por conta própria”
(Kaori): “… nn”

Hajime levianamente disse depois de soltar Kaori e arrumar seu cabelo.


Contudo, a mente de Kaori parecia estar em outro lugar.

Enquanto observava Hajime se levantar e começar a trocar de roupa, Kaori se


lembrou do que aconteceu há pouco.

O grupo de Hajime tentou uma retirada estratégica com o enorme 〈Clione〉.

O lugar em que eles caíram era um espaço gigantesco e esférico com dezenas
de túneis, onde havia a água do mar jorrava com tremenda força. Ou talvez
podia se dizer que eles estavam sendo arrastados para lá; um lugar com uma
correnteza confusa e parecida com a de uma tempestade.

Tragados pela rápida corrente, o grupo de Hajime conseguiu se manter junto,


porém, a correnteza seguinte impiedosamente os separou. Yue tentou controlar
a corrente com magia, mas isso não funcionou muito bem porque ela era
aleatória demais. Shia controlou o peso de [Doryukken] em cooperação com
Tio; uma bela ação.

Hajime realmente queria pegar o Submarino e subir nele, mas era impossível
dentro da rápida correnteza. Apertando seus dentes, Hajime pegou um minério
comprimido ultra pesado e tentou usar o peso para superar a corrente
exatamente como Shia.

Nesse momento, por sorte, ele viu Yue sendo arrastada em sua direção, e ela
iria se chocar com Hajime graças a correnteza. Shia e Tio já tinham
desaparecido dentro de um túnel em algum lugar, e suas figuras não podiam
mais ser vistas dentro do espaço.

Hajime tentou alcançar Yue, assim ela não se separaria dele, mas a figura de
Kaori sendo tragada para o lado mais baixo entrou em sua visão. O olhar aflito
de Kaori se encontrou com o de Hajime. Ele anteriormente alcançou Yue diante
dele, mas seu olhar e o de Kaori se encontraram.
Havia duas escolhas.

Se ele pegasse Yue, Kaori seria arrastada sozinha para um túnel. A mesma
coisa aconteceria com Yue se ele alcançasse Kaori. O atual Hajime só poderia
escolher uma delas. Esse momento pareceu durar uma eternidade. Hajime
trocou um olhar com Yue, e ele tomou uma decisão.

Usando o peso do minério comprimido ultra pesado que ele pegou da [Caixa
do Tesouro], Hajime disparou para baixo, e então ele pegou Kaori. Os olhos
de Kaori se arregalaram em surpresa, mas os dois foram imediatamente
expostos a uma correnteza ainda mais forte. Juntos, os dois foram jogados
dentro de um túnel.

Enquanto era arrastado, Hajime ativou ‖Vajra‖ para proteger Kaori em seus
braços, resistindo até quando ele foi jogado contra uma parede de pedra.
Assim, ele foi capaz de ver luz vindo do alto quando a corrente enfraqueceu e
subiu.

E lá estava a areia totalmente branca da praia se espalhando por todo o litoral.

(Kaori): “… nee, Hajime-kun. Por que... por que você me salvou?”

(Hajime): “Hah?”

Kaori questionou Hajime, cujas costas estavam viradas para ela. Hajime só
inclinou sua cabeça, pensando, "Que tipo de pergunta foi essa?".

(Kaori): “Por que você me salvou e não Yue?”

(Hajime): “Bem, Kaori parecia estar morrendo e Yue pode fazer algo sozinha.
Os olhos de Yue também me disseram para salvar Kaori”

(Kaori): “… você realmente confia nela, eh”

(Hajime): “Isso não é natural? Nós somos parceiros, entende?”

(Kaori): “...”
A já deprimida Kaori ficou ainda mais depressiva depois de escutar essa
resposta. Subitamente, uma sombra se esticou sobre a abatida Kaori.

Confusa, Kaori olhou para cima e lá estava o rosto de Hajime muito próximo do
dela. Seus olhos e nariz estavam bem na frente dela. Uma distância que
terminaria em um beijo se ele se aproximasse só mais um pouco. Kaori sentiu
que estava sendo sugada pelos olhos de Hajime, e, de repente, suas
bochechas foram beliscadas.

(Kaori): “Izo jói! U qui vossê eztá fassendu!?”

Kaori protestou com olhos marejados.

Contudo, Hajime ignorou o protesto dela e brincou com suas bochechas


macias sem se incomodar por um tempo. Depois de finalmente ser solta, Kaori
olhou para cima com um olhar reprovador enquanto esfregava suas bochechas
vermelhas, mas Hajime só bufou com "Hmph".

(Hajime): “Se você tem tempo para ficar deprimida, então é melhor usá-lo e se
mover. Nós estamos dentro de um |Grande Calabouço|, sabia? Até quando
você vai continuar molhada deste jeito? Ou, você está tentando ganhar minha
simpatia?”

As palavras duras de Hajime fizeram o rosto de Kaori instantaneamente se


avermelhar. Foi pela vergonha. Ela notou o que ele deixou implícito, "Este não
é o lugar errado para isso?".

(Kaori): “Nã-não há nada disso! Eu só estava sonhando acordada. Eu-eu vou


trocar minhas roupas em breve. Me desculpe”

(Hajime): “...”

Kaori apressadamente se levantou e começou a tirar suas roupas depois de


pegar roupas substitutas da mini [Caixa do Tesouro] (com um
armazenamento do tamanho de uma casa) que foi dada a ela antes do grupo
deixar |Elisen|. Hajime despreocupadamente virou suas costas para ela. A
Kaori normal iria fazer uma investida ao dizer, "Está tudo bem se você quiser
olhar", apesar de se sentir constrangida, mas a atual Kaori terminou de mudar
de roupa rapidamente sem dizer nada.

(Kaori): “Eu-eu terminei... então, o que devemos fazer?”

(Hajime): “Vejamos... mesmo se formos para o fundo do mar de novo, nós


ainda não sabemos onde as outras estão... mas não há nada que possamos
fazer além de continuar procurando. Aquelas garotas provavelmente também
estão bem”

Depois de procurar na selva por perto, Hajime se virou. Kaori concordou com
ele enquanto sorria; um sorriso que escondia seu coração deprimido. Hajime
estreitou ligeiramente seus olhos com o sorriso de Kaori, mas, no fim, ele não
disse nada e começou a caminhar.

Avançando ao longo da praia com areia puramente branca, criando sons


enquanto caminhavam, os dois entraram na selva. As densas árvores e
arbustos foram cortados por Hajime. Kaori estava apenas o seguindo.

Então, Hajime subitamente parou e se virou para Kaori, colocando sua mão na
parte de trás de sua cabeça como se fosse abraça-la.

(Kaori): “Fue? Ah, umm, Hajime-kun? O qu-que há com esta súbita…”

Kaori corou, mas Hajime imediatamente se separou e ela instantaneamente


empalideceu quando viu a coisa na mão de Hajime.

Era uma aranha. Com tamanho quase tão grande quanto a palma de uma mão,
ela estava se movendo com suas doze pernas com um líquido violeta
escorrendo delas. Algumas pernas cresciam como as de uma aranha normal,
enquanto algumas cresciam de suas costas; uma estrutura expressando que
ela era capaz de se mover usando ambos os lados! Ela parecia repugnante.
(Hajime): “Não baixe sua guarda, okay? Um |Grande Calabouço| é
completamente diferente comparado com a superfície de |Orcus|. Não pense
nisso como o mesmo, ou você irá sofrer”

(Kaori): “U-un. Desculpe. Eu vou tomar cuidado”

(Hajime): “...”

A aranha que Hajime capturou não tinha [Pedra Mágica], era apenas uma
aranha venenosa. O fato de que ela quase foi morta pela criatura que nem era
uma 〈Fera Mágica〉, e a forma como Hajime a ajudou, fez com que Kaori
ficasse ainda mais desanimada.

Quando ela ainda estava no grupo de Kouki, ela era uma faz-tudo, contudo, no
grupo de Hajime, ela não era nada útil. Isso deixou Kaori mais e mais em
pânico internamente.

Assim, a garota dedicou ainda mais atenção em direção ao ambiente, o que fez
a conversa entre os dois diminuir, e eles saíram da selva com uma atmosfera
indecifrável entre eles.

À frente deles estava…

(Hajime): “Isto... isto não é o que chamamos de cemitério de navios?[2]”

(Kaori): “Incrível... aqueles são veleiros, mas o tamanho…”

Na área rochosa adiante da selva estavam muitos veleiros alojados


parcialmente apodrecidos. Os veleiros estavam a cerca de cem metros de
comprimento, no mínimo, e na distância longínqua havia um maior com pelo
menos trezentos metros de comprimento.

O espetáculo bizarro fez Hajime e Kaori inconscientemente pararem seu


avanço. Contudo, não levou muito tempo para os dois recuperarem seus
sentidos e entrarem no cemitério de navios.
Eles avançaram ao passar pelas aberturas entre rochas, algumas vezes
passando sobre elas, enquanto em outras, eles caminhavam pelos navios.

(Hajime): “Ainda assim... só há navios de guerra aqui”

(Kaori): “Un. Mas só o maior deles parece ser um navio de passageiros. Ele
tem decorações luxuosas…”

Os navios neste cemitério não tinham canhões localizados no


estibordo[3] como os navios de guerra (que usavam velas) da Terra. Mesmo
assim, Hajime foi capaz de concluir que esses eram navios de guerra porque
havia marcas de uma feroz batalha em todas as embarcações. Pela aparência
dos navios, eles pareciam ter recebido ataques mágicos. Alguns tiveram seus
mastros cortados perfeitamente, alguns conveses foram queimados ou
carbonizados, e algumas cordas e redes foram petrificadas.

Eles não tinham nenhum canhão, então eles usavam magia de longo alcance
para derrotar os inimigos, o que era um método de combate imaginável pelas
marcas que restavam.

Assim, o palpite de Hajime se provou um fato quando ele e Kaori estavam no


meio do cemitério de navios.

(??? A): "UoOOOOOOOOOOOOOO!!!!"

(??? B): "WAaAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!"

(Hajime): “!?!?!? Mas que... !?!?!?”

(Kaori): “Hajime-kun! O ambiente está... !!!”

Quando eles sentiram que escutaram gritos de muitos homens repentinamente,


a cena ao redor começou a se distorcer. Hajime e Kaori pararam de caminhar
pela surpresa e eles observaram o ambiente para entender o que estava
acontecendo. A distorção das imediações ficou ainda mais intensa e, antes que
eles percebessem, Hajime e Kaori já estavam no convés do navio, acima do
vasto oceano.

Em seguida, eles olharam ao redor, não era o cemitério de navios, mas


centenas de veleiros se dividiam em dois grupos, se confrontando. Acima dos
navios estavam pessoas erguendo suas armas enquanto gritavam.

(Hajime): “Qu-que merda é esta…”

(Kaori): “Ha-Ha-Hajime-kun? Eu estou dentro de um sonho? Hajime-kun, você


está aqui, certo? Certo?”

Ambos Hajime e Kaori estavam espantados, mas eles conseguiram superar


sua confusão, no entanto, eles não foram capazes de olhar a seu redor.

Enquanto eles faziam isso, uma enorme faísca surgiu no céu, gerando altos
sons parecidos com os de fogos de artifício acompanhados por centenas de
navios se movendo simultaneamente. A esquadra no lado do navio em que
Hajime e Kaori estavam também se moveu depois que o fogo de artifício
surgiu.

E quando os navios se aproximaram de uma certa distância, eles usaram a


velocidade para colidir com os outros navios, enquanto magia também era
lançada.

] GOoOOOOOOOO!! [

] DOoGAaAAAN!! [

] DOBAaAAAA!!! [

(Hajime): “Owh!?”

(Kaori): “Kyaa!”

Projéteis de fogo foram acompanhados por sons estrondosos e criaram


buracos nos cascos dos navios. Enormes tornados avançaram na direção dos
mastros. A superfície do mar congelou, parando os navios. E projéteis esféricos
de cor cinza petrificaram tudo.

Até o convés em que Hajime e Kaori estavam foi atingido por projéteis de fogo
e começou a se incendiar grandiosamente. As tripulações dos navios
imediatamente ativaram magia para descongelar a água do mar e apagar o
fogo.

Era literalmente um campo de batalha onde incontáveis pessoas e navios se


enfrentavam. A magia lançada e envolta por intenção assassina roçou suas
peles.

Hajime e Kaori distraidamente observaram esse espetáculo, e, mais uma vez,


projéteis de fogo foram lançados atrás deles. Os cursos dos projéteis estavam
mirados diretamente para Hajime e Kaori.

Hajime desistiu de questionar o porquê eles subitamente se envolverem nesta


guerra, e ele puxou [Donner] porque estava tudo bem matar a todos porque
eles foram atacados primeiro. Assim, ele interceptou os projéteis de fogo
usando o canhão eletromagnético.

A bala disparada foi acompanhada por um som explosivo e um clarão, mas,


inesperadamente, ela nem mesmo chegou a atingir os projéteis de fogo, quanto
mais interceptá-los. A bala voou pelo céu e desapareceu.

(Hajime): “Quê!?”

Erguendo uma voz surpresa pela enésima vez, Hajime abraçou Kaori a seu
lado e começou a desviar.

(Kaori): “Espere, eu vou obstruí-los! ‖Rompimento de Luz‖!”

Com o encantamento de Kaori, a ‖Magia da Luz‖ defensiva de nível iniciante


apareceu.
Hajime tentou desviar porque a magia desconhecida continuava a avançar
mesmo após seu núcleo ser atingido, mas Kaori ativou sua magia e não
poderia se mover de lá. Relutantemente, ele ativou ‖Vajra‖ e aguardou os
projéteis de fogo.

Contudo, a preocupação de Hajime se provou infundada porque a barreira de


Kaori bloqueou por completo os projéteis de fogo. Com uma expressão de
dúvida, Hajime pensou que ele apenas tivesse errado enquanto inclinava sua
cabeça, e mais uma vez disparou contra os projéteis de fogo se aproximando.
Desta vez, o [Olho Mágico] de Hajime realmente viu os núcleos sendo
atingidos, mas a bala apenas atravessou os projéteis de fogo e voou para
longe.

(Hajime): “… então é isso?”

Vendo a cena, Hajime estava imaginando o motivo para seu ataque não ser
efetivo e decidiu tentar outro método de ataque. Kaori tentou colocar outra
barreira para bloquear as chamas se aproximando, mas Hajime a impediu e
ativou a ‖Garra do Vento‖ em [Donner]. Na sequência, ele desviou, e, ao
mesmo tempo, ele cortou os projéteis de fogo usando a ‖Garra do Vento‖.
Desta vez, os projéteis não atravessaram e foram cortados em dois.

(Kaori): “Umm, Hajime-kun?”

(Hajime): “Isso não parece ser uma ilusão nem algo real. Ataques físicos não
têm efeito, mas ataques que contém |Poder Mágico⟩ sim. Santo Deus, o que
há com esta situação?”

Hajime suspirou com esta situação problemática e, "Gwaa", uma voz


agonizante surgiu atrás dele. Enquanto se perguntava o que era isso, ele se
virou e viu um jovem homem se agachando segurando seu abdômen, com sua
outra mão segurando um alfanje[4]. Olhando cuidadosamente, havia uma
piscina de sangue abaixo dele e sangue coberto de pingentes de gelo caindo
por perto. Ele deve ter sido atingido por uma lança de gelo.
“Você está bem!?”, Kaori imediatamente ergueu sua voz enquanto se
aproximava dele, e então, ela usou sua ‖Magia de Cura‖. Uma luz
completamente branca liberada por ela envolveu o homem. Ele devia ser
curado em um piscar de olhos porque Kaori era uma ⌈Curandeira⌋... ou assim
ela pensava, mas o resultado foi inesperado. No momento que o jovem homem
recebeu a ‖Magia de Cura‖ de Kaori, ele se tornou partículas de luz e
desapareceu.

(Kaori): “Eh? Eh? Po-por que…”

Depois de pensar um pouco, Hajime disse a confusa Kaori o que ele imaginava
ter acontecido.

(Hajime): “Isso não aconteceu porque o efeito e o atributo da magia não


importam, já que ela possui |Poder Mágico⟩?”

(Kaori): “… então, eu-eu acabei... de matar aquela pessoa…”

(Hajime): “Kaori, isto não é a realidade. Só pense nisto como 'uma ilusão onde
podemos nos mover livremente'. Além disso, você não pode chamar algo que
desapareceu ao ser curado de humano”

(Kaori): “Hajime-kun… un, você tem razão. Eu sinto muito por ficar um pouco
confusa. Mas eu estou bem agora”

Embora sutil, Hajime disse palavras de preocupação a Kaori. Entretanto, ela


não se sentiu feliz como acontecia normalmente, apenas encolheu seus
ombros se desculpando. Então, ela sorriu para se acalmar. Ver a reação dela
fez Hajime involuntariamente murmurar o que ele estava pensando desde mais
cedo.

(Hajime): “… você continua se desculpando, eh”

(Kaori): “Eh? Você disse algo?”

(Hajime): “Não, nada”


Hajime moveu seu olhar de Kaori.

Não foi por causa da atmosfera enigmática ao redor dela, mas porque ele
sentiu presenças ameaçadoras. Quando ele olhou ao redor, os Soldados
estavam gritando e atacando os navios próximos, e antes que eles
percebessem, vários homens com olhares sombrios estavam observando
Hajime e Kaori.

Kaori notou o olhar de Hajime e olhou para a direção que ele estava
observando, e os homens imediatamente começaram a atacar os dois.

(Soldado A): “Por Deus!”

(Soldado B): “Vida longa! Ehito-samaaaa!”

(Soldado C): “Pagãos! Morram por nosso Deus!”

Eles estavam em um frenesi. Com olhos vermelhos, eles declararam enquanto


cuspiam saliva. Completamente anormal.

Ele foi capaz de imaginar que essa era uma guerra entre países pela forma
como as esquadras se portavam, e ele finalmente entendeu a razão para isso.
Essa era uma guerra religiosa. Se ele concentrasse sua audição, poderia ouvir
outros Soldados nos outros navios gritando coisas parecidas. Contudo, eles
estavam gritando o nome de um Deus diferente.

Kaori só poderia ficar parada, em completa surpresa dentro da atmosfera de


loucura.

Abraçando Kaori por trás, Hajime apontou e disparou [Donner] sobre seu
ombro. No entanto, o que ele disparou não era uma bala, mas uma massa de
puro |Poder Mágico⟩. Usando ‖Compressão de Poder Mágico‖ e ‖Emissão
de Poder Mágico‖, derivadas da ‖Manipulação de Poder Mágico‖, ele era
capaz de lançar o |Poder Mágico⟩ sem afetar o alvo fisicamente. De certa
forma, era uma técnica infalível para desarmar o alvo, porque humanos, e
até 〈Feras Mágicas⟩, não seriam capazes de se mover se seu |Poder
Mágico⟩ se esgotasse. Este movimento sempre foi mantido guardado porque
ele não usaria um método tão brando contra seus inimigos.

Contudo, este método comedido seria o mais útil nesta situação. A bala
vermelha brilhante disparada por [Donner] momentaneamente cortou o espaço
e perfurou a testa de um dos Soldados enlouquecidos que atacava com seu
alfanje. Sem parar, a bala atingiu o Soldado atrás do anterior, e seus corpos
instantaneamente se dispersaram.

(Hajime): “Kaori! Nós vamos pular! Não morda sua língua!”

(Kaori): “Eh? Kyaaaaa!!”

Seria problemático se eles fossem cercados no convés, então Hajime pulou


usando ‖Aerodinâmica‖ enquanto abraçava Kaori. Ela gritou com o poderoso
impulso.

Chutando o Soldado no cesto da gávea[5], Hajime aterrissou em um dos


quatro cestos nos mastros.

Abaixo deles, os Soldados enlouquecidos estavam olhando para cima, para


Hajime e Kaori, com olhos vermelhos.

Mesmo que eles fossem inimigos de outros países, por algum motivo, alguns
dos homens estavam mirando os dois estudantes. Além disso, aqueles que
estavam mirando neles não faziam nenhuma distinção entre aliados e inimigos.
Seus números continuavam aumentando sem parar, exatamente como um
caso sério de um vírus contagioso.

Antes que um momento se passasse e, na frente de seus próprios inimigos, os


Soldados subitamente pararam de se mover e torceram suas cabeças,
encarando Hajime e Kaori. Eles imediatamente começaram a se aglomerar ao
redor dos dois como em um filme de horror. O ar de loucura deixou até Kaori
pálida.
(Hajime): “Muito bem, o que devemos fazer para sair deste espaço
repugnante?”

(Kaori): “… talvez haja algo como... uma saída?”

(Hajime): “Nós estamos no meio do mar, sabia?”

(Kaori): "Talvez exista uma saída em um desses navios? Entende, algo como
a Porta Para Qualquer Lugar[6]"

Kaori se lembrou e comparou isso a ferramenta conveniente de um certo gato


azul robótico. Olhando para seus arredores, Hajime franziu o cenho e recusou
a ideia dela porque os navios eram numerosos demais.

(Hajime): “… pelo que eu posso ver, há pelo menos seiscentos navios aqui... é
impossível procurar um por um. Você não acha que seremos capazes de
encontrar a saída mais rápido se a guerra acabar?”

(Kaori): “Ummmmm, de fato, também há os navios afundados... então...


devemos... acabar com a guerra?”

(Hajime): “Acabar com ela... entendo, hora de matar todo mundo, huh? Kaori
também disse algo extremo eh”

(Kaori): “Eh? Umm, eu não quis dizer isso…”

(Hajime): “Yup, deve ser isto. Nada mais vem a minha mente, e eu gosto mais
desta solução”

Disparando balas de |Poder Mágico⟩ e atirando contra vários Soldados


subindo usando as cordas no mastro, Hajime pensou que seria melhor se ele
tivesse um revólver mágico. Ele pensou nisso enquanto continuava atirando as
balas vermelhas brilhantes junto com o ‖Controle Remoto‖, derivado
da ‖Manipulação de Poder Mágico‖, fazendo-as interceptar os projéteis de
fogo que se aproximavam.
(Hajime): “Kaori, eu sei que você não é talentosa com magia ofensiva, mas
até ‖Magia de Cura‖ se torna ataque aqui. E mesmo se não descobrirmos
como escapar, é verdade que estamos sendo atacados, então vamos derrubar
todos eles”

(Kaori): “O-okay!”

Escutando as palavras de Hajime, Kaori começou seu encantamento com uma


expressão decidida enquanto tremia. O campo de batalha enlouquecido
parecia atacar a mente dela, mas ela absolutamente não queria mostrar um
comportamento vergonhoso para sua pessoa importante a seu lado.

Hajime estava encarando o ambiente como se a protegesse.

Olhando para baixo, aliados e inimigos estavam misturados enquanto eles


subiam no navio, matando uns aos outros. Diferente do que aconteceu quando
Hajime e Kaori atacaram, a morte nesta ilusão estava cheia de derramamento
de sangue.

No convés estavam vísceras, membros decepados e cabeças espalhadas.


Todos estavam repetidamente gritando "Por Deus", "Pagão", e "Punição
divina", com olhos alucinados enquanto espalhavam sua intenção assassina.

Dentro do sangue fresco dos Soldados espalhado como uma tempestade de


flores de cerejeira, o cesto da gávea onde Hajime e Kaori estavam era... não,
era mais como se os Soldados estivessem obstinadamente mirando nos dois
alunos.

Ocasionalmente, balas vermelhas brilhantes voavam em todas as direções,


atravessando os inimigos. Além disso, elas voavam ao redor de Hajime e Kaori
para protegê-los, se posicionando tanto como ataque quanto defesa ao mesmo
tempo.

Contudo, os soldados enlouquecidos não estavam preocupados, e


repetidamente tentavam ataques suicidas. Dezenas de Soldados usavam
magia para voar enquanto outros se aproximavam ao seguir de um mastro para
o outro. Podia se ver que a luta estava concentrada no navio onde Hajime e
Kaori estavam. O [Olho Mágico] de Hajime também capturava a oscilação
de |Poder Mágico⟩ de magias de alto nível das mãos de ⌈Magos⌋ mirando
neles.

Nesse momento, Hajime pensou em atirar neles, mas o encantamento de Kaori


terminou e ela ativou sua magia de mais alto nível.

(Kaori): “... pessoas, ergam seus braços pois este é o local para onde a Santa
Mãe está sorrindo, ‖Escritura‖!”

Assim, ondas de luz se espalharam pelo campo de batalha com Kaori no


centro.

A ondulação palpitava enquanto se expandia várias vezes, chegando a um


quilômetro de raio. O inimigo que era tocado pela onda era cercado pela luz.

‖Magia de Cura‖ de altíssimo nível do atributo da luz, ‖Escritura‖.

Era uma ‖Magia de Cura‖ com alcance superamplo com o efeito de curar
todos dentro de sua área. O alcance em si dependia da quantidade de |Poder
Mágico⟩ do usuário e de sua competência, mas, no pior caso, seu alcance
efetivo era de 500 metros de raio. Além disso, se o usuário desse o "sinal" de
antemão, seria possível curar alvos específicos. E, normalmente, esta magia
era usada por dezenas de ⌈Magos⌋, e levava muito tempo para ativar o
encantamento, juntamente a sua formação mágica estupidamente gigante. Ser
capaz de ativá-la sozinha em apenas um ou dois minutos era impossível, a
menos que fosse uma personagem trapaceira.

Ao mesmo tempo que a luz da ‖Escritura‖ ativada por Kaori envolvia o campo
de batalha, todos os Soldados dentro da área de efeito tiveram seus corpos
dispersados sem distinção de aliado ou inimigo. Quando a magia acabou, o
corpo de Kaori se inclinou com a exaustão de |Poder Mágico⟩, e ela foi
prontamente auxiliada por Hajime.
(Hajime): “Ohh, uma reprodução em massa de Mary Celeste[7], huh. Você foi
magnífica Kaori. Não, eu deveria dizer 'como esperado de você'?”

(Kaori): “Ah, uh, nã-não há necessidade disso. Hajime-kun e as outras são


muito mais incríveis…”

O elogio honesto de Hajime fez as bochechas de Kaori corarem com o


constrangimento. Ela mostrou um sorriso de autodepreciação quando ela
pensou que Yue seria capaz de usar uma magia mais poderosa em menos
tempo. Então, ela murmurou ‖Reabastecer‖ para recarregar o |Poder
Mágico⟩ gasto com o pingente dado por Hajime. Hajime tinha melhorado o
pingente com uma formação mágica e a habilidade para usar o |Poder
Mágico⟩ estocado com um encantamento, pois Kaori era incapaz de usar
manipulação direta de |Poder Mágico⟩.

Hajime franziu levemente suas sobrancelhas e queria dizer algo quando ele viu
a expressão de Kaori, mas ele deixou isso de lado porque ele tinha que lidar
com os novos inimigos se aproximando. A batalha recomeçou.

Com a ineficiência dos ataques físicos, essa era uma situação onde a enorme
quantidade de Soldados não vacilava contra qualquer tipo de ataque enquanto
eles lutavam no navio. Normalmente, essa seria uma situação difícil, mas havia
os monstros trapaceiros no local.

Enormes frotas dos dois países foram aniquiladas pelos dois humanos em um
intervalo de uma hora.

(Kaori): “… Uuh, ] tosse [, kafh, descul-…”

(Hajime): "Está tudo bem. Só aguente firme”

Logo após os últimos Soldados serem aniquilados, o ambiente mais uma vez
se distorceu. Eles notaram que tinham voltado para o cemitério de navios de
antes.
Se perguntando se a aniquilação realmente era a resposta correta, Kaori
imediatamente suspirou de alívio, correu para uma pedra próxima e vomitou.
Contudo, ela não vomitou nada, já que o jantar que ela comeu já tinha sido
digerido, e assim, ela sentiu dor por tentar vomitar.

Com lágrimas se acumulando no canto de seus olhos, Kaori usou uma mão
para dizer a Hajime, "Não venha", para detê-lo.

Entretanto, Hajime ainda se aproximou dela e esfregou suas costas. Kaori não
queria mostrar uma cena tão patética a ele, mas ela se sentiu confortável com
os sentimentos gentis e calorosos transmitidos de suas costas. Sua náusea e
espírito gradualmente se recuperaram.

Hajime pegou uma bebida parecida com suco de maçã da [Caixa do


Tesouro] e entregou a ela. Kaori obedientemente o bebeu calorosamente e
sua energia voltou. O sabor doce e fresco, apagou o sabor azedo do suco
gástrico.

(Kaori): “Desculpe…”

Kaori, que franziu suas sobrancelhas e se desculpou pelo problema, fez com
que Hajime semicerrasse seus olhos.

(Hajime): “Bem, eu acho que isso é inevitável. Até eu me senti enojado. Eu


nunca imaginei que humanos ficariam tão alucinados por causa de suas
crenças cegas. De qualquer forma, vamos descansar por ora. Até eu quero
recuperar meu |Poder Mágico⟩ consideravelmente gasto”

(Kaori): “… un. Diga Hajime-kun. O que foi aquela ilusão? Ela está relacionada
com esses destroços marítimos?”

Kaori se levantou e então se sentou em uma rocha próxima para depois o


questionar. Hajime levou um tempo para pensar antes de dizer a ela sua
suposição.
(Hajime): “É apenas uma hipótese, mas eu acho que a ilusão pode ser uma
reprodução de uma batalha do passado. Bom, também parecia ser algum tipo
de melhoria para atacar aqueles que desafiassem o |Calabouço|... ou isso
pode ser o conceito deste |Calabouço|”

(Kaori): “Conceito?”

(Hajime): “Yeah. Tio disse isso quando estávamos no |Grande Vulcão


Guryuuen|[8]. Ela disse, 'Não seria possível que cada |Calabouço| tenha seu
próprio conceito preparado pelos ⟦Libertadores⟧?'. Se isso for verdade, então
aqui nós…”

(Kaori): “… descobrimos a miséria trazida pelos Deuses Loucos... talvez?”

(Hajime): “Aah, eu também pensei nisso”

Continuando as palavras de Hajime ao murmurar a resposta, Kaori se lembrou


do espetáculo de antes, seu rosto mais uma vez ficou pálido, e seu corpo
tremeu como se ela estivesse sofrendo de um resfriado.

O que fez Kaori se sentir doente era a loucura dos Soldados. O comportamento
e discurso deles era exatamente como o dos chamados "fanáticos", enquanto
ela também não podia se impedir de sentir repulsa com a matança.

As pessoas continuavam a rir alto em um frenesi, mesmo quando sangue


espirrava de seus corpos. Houve até aqueles que morreram ao arrancarem
seus próprios corações e os erguerem em direção ao céu como uma oferenda
aos Deuses. Também havia um irmão mais velho que esfaqueou seu próprio
irmão, só para atacar Hajime e Kaori, enquanto o mais novo ria
orgulhosamente. A guerra era um lugar cheio de loucura, mas a que eles
acabaram de ver era muito mais sinistra. E ela foi travada simplesmente "Por
nosso Deus", dessa forma…

Vendo Kaori cobrindo sua boca por não poder resistir a isso, Hajime se sentou
a seu lado e segurou a mão da garota. Ele não poderia deixar Kaori, que
estava enojada pela loucura, sozinha. Ela ficou um pouco surpresa, olhou para
Hajime, relaxou e apertou a mão dele.

(Kaori): “Hajime-kun, obrigado…”

(Hajime): “Não ligue para isso. Eu entendo... a dor de ser exposto a loucura.
Eu senti isso quando caí no Abismo…”

(Kaori): “… então, como? Espere, não há necessidade para você responder...


foi... Yue-san, não foi?”

(Hajime): “Yeah, foi graças a ela. Se eu não tivesse conhecido ela dentro do
Abismo... eu me pergunto como eu teria terminado”

Hajime olhou para longe com afeição e nostalgia. Ele certamente estava se
lembrando do momento em que encontrou Yue. Vendo sua expressão, Kaori
sentiu seu peito apertar.

(Kaori): “É agoniante. Defender, proteger Hajime-kun... eu queria fazer isso.


Mas mesmo se eu falar isso, não é como se eu pudesse fazer algo. Como sou
eu... que não pode proteger nem mesmo uma promessa. Ahhhh, Yue é
realmente uma poderosa inimigaaaa”

A risada de Kaori fez Hajime apertar seus olhos de novo. O sorriso de Kaori
não era o usual sorriso caloroso e positivo porque ele também mostrava
autoculpa e autodepreciação.

(Hajime): “… você esteve se desculpando desde que chegamos aqui, e não


mostre um sorriso destes”

(Kaori): “Eh? Ummm…”

As repentinas palavras de Hajime fizeram Kaori ficar com uma "?" acima de
sua cabeça. Contudo, o sorriso dela imediatamente se desfez e sua expressão
congelou com as palavras seguintes de Hajime.

(Hajime): “… escute Kaori. Por que você nos seguiu até aqui?”
(Kaori): “… é que... eu sou apenas um fardo no fim das contas?”

A abatida Kaori fez Hajime suspirar, e ele não respondeu à pergunta dela.

(Hajime): “Eu me lembro da conversa que tivemos sob o luar enquanto


bebíamos aquele chá nojento naquele dia[9]. Portanto, honestamente, eu não
acho que seja esquisito você ter boa vontade pelo meu atual eu”

(Kaori): “Hajime-kun, eu…”

(Hajime): “No entanto, eu não tenho intenção de negar isso. Eu tenho certeza
que Kaori tem coisas que só ela pode ver, e é isso o que atiçou seu coração.
Assim, não faz sentido que eu negue a decisão que você tomou. Eu já te dei
minha resposta, 'ainda assim', eu acho que é algo bom que você me favoreça.
Até Shia não se sente desencorajada. Ou melhor, ela recentemente me deixou
seriamente preocupado com a possibilidade de ela me atacar enquanto eu
durmo”

Recentemente, Hajime sentiu pavor enquanto pensava na garota com orelhas


de coelho com força física irritante. Vendo esse Hajime, Kaori mostrou um
sorriso sem graça em concordância.

(Kaori): “… un, eu acho que a agressividade e positividade dela são incríveis”

(Hajime): “Eu a tratei duramente no início. Eu não penso em mais ninguém


como 'especial' além de Yue... eu honestamente pensei que ela iria desistir
rapidamente”

(Kaori): “...”

(Hajime): “Não importava quão mal eu tratava ela, como eu tratava Yue como
especial, e ela nunca estava nem irritada e nem chorava, mas ela parecia feliz
com isso. Ela não poderia se comparar a Yue em uso de magia porque ela não
tem aptidão, e mesmo que ela tenha sido derrotada no duelo contra Yue, ela
não parou de seguir em frente. Ela não se acobardou, mesmo quando ela foi
atacada por seu próprio complexo de inferioridade”
(Kaori): “Eu-eu, algo como complexo de inferioridade…”

Kaori, que silenciosamente escutou Hajime, não poderia contestar e se


levantou. Contudo, ela estava exausta e imediatamente se sentou.

(Hajime): “Você não notou isso? Você esteve se desculpando desde que
chegamos aqui. Até a forma como você sorri está completamente diferente do
habitual”

(Kaori): “Eh?”

(Hajime): “Escute Kaori. Não continue olhando para baixo. Erga seu rosto e
olhe em meus olhos”

Escutando isso, Kaori finalmente notou que ela esteve olhando para baixo por
um tempo. Antes, ela fazia questão de olhar nos olhos da outra pessoa quando
falava... assim, quando Kaori enfrentou o olhar de Hajime, ela percebeu.

(Hajime): “Escute aqui, eu não vou dizer isso uma segunda vez. Eu amo Yue.
Mesmo que eu pense nas outras como 'importantes', isso não muda o fato de
que apenas Yue é 'especial'. Então, se você sofre com isso, se você sente que
é inferior comparada a Yue... Kaori, você deve se separar de mim”

(Kaori): “Kh…”

As palavras incisivas fizeram Kaori olhar para baixo de novo. Hajime continuou
falando, mesmo tendo visto a reação dela.

(Hajime): “A razão para eu permitir que você nos acompanhasse naquele


momento foi pela mesma razão de Shia; eu julguei que seria melhor para você
ficar ao meu lado porque eu confio em Kaori. Você entendeu meus
sentimentos, 'mesmo assim', você seguiu em frente por vontade própria. Foi
por isso que eu pensei que estaria tudo bem para você ficar a meu lado se
você me aprova... mas, eu não me sinto da mesma forma agora”
Quando Hajime terminou suas palavras, ele afastou sua mão da melancólica
Kaori. Assim, ele jogou as palavras finais.

(Hajime): “Por favor, pense cuidadosamente sobre isso mais uma vez. Por que
você veio conosco, e se você deve ficar ao meu lado de agora em diante...
Kaori não é Shia. A Shia também gosta de Yue. Dependendo de sua resposta,
eu vou te mandar de volta para sua melhor amiga (Yaegashi)”

(Kaori): “Eu-eu…”

Kaori queria dizer algo enquanto ela observava a mão se separando da dela,
mas as palavras não sairiam.

Dentro do clima desconfortável, Hajime incitou Kaori a se mover porque era


necessário para eles se aproximarem do maior dos veleiros preservados ao
longe.

Notas

[1] Manguezal, mangue, mangrove ou mangal é um ecossistema costeiro, de


transição entre os ambientes terrestre e marinho, uma zona úmida
característica de regiões tropicais e subtropicais.

[2] Um cemitério de navios é um local onde cascos de navios destruídos são


deixados para apodrecer e se desintegrar, ou deixados como navios de
reserva. Tal prática é menos comum hoje devido a legislação sobre resíduos, e
assim, algumas docas onde os navios são desmantelados (para reciclar e
remover materiais perigosos como o amianto) também são conhecidos como
cemitérios de navios. Por analogia, o termo também pode se referir a um
enorme número de destroços marítimos que se acumularam em uma única
área, mas não foram removidos, sendo deixados para se desintegrarem
naturalmente.

[3] Estibordo é o lado direito de uma embarcação ou aeronave, olhando-se de


trás para frente.
[4] Alfanje é um sabre cuja lâmina pequena e larga possui um fio na parte
convexa da curva.

[5] Na gávea, por ser o ponto mais elevado na embarcação, é construído o


cesto de observação, cesto da gávea, para monitoramento nos navios onde os
vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra. Geralmente com
a forma de uma pequena cesta suficientemente grande para abrigar um ou
poucos homens, esta peça encontrava-se no alto dos mastros ou torres
próprias das caravelas ou navios. Dada a sua situação, a gávea era um lugar
muito instável pois era onde se manifestava com maior intensidade a oscilação
e o rolamento lateral da embarcação.

[6] A Porta Para Qualquer Lugar (Dokodemo Door em japonês) é uma das
ferramentas mais populares e frequentemente usadas na série Doraemon. Sua
função primária é transportar o usuário para qualquer lugar que ele desejar ao
atravessá-la.

[7] O Mary Celeste foi um bergantim (galé de um a dois mastros e velas


redondas) mercante norte-americano que foi encontrado à deriva e sem
tripulação no Oceano Atlântico, ao largo dos Açores, em 4 de dezembro de
1872, pelo bergantim canadense Dei Gratia. O navio, embora com sinais de
abandono, estava com boas condições de navegabilidade, com parte das velas
içadas, sem ninguém a bordo, e sem o seu barco salva-vidas. O último registo
no diário de bordo tinha data de dez dias antes. O Mary Celeste saiu de Nova
Iorque rumo a Gênova (na Itália) em 7 de novembro, e quando foi descoberto
ainda tinha bastante provisões e mantimentos. Sua carga de álcool estava
intacta e os bens pessoais do capitão e do restante da tripulação não tinham
sido mexidos. Nunca mais se viu ou se ouviu falar dos tripulantes do navio.

[8] Alterando “Guruyuen” para “Guryuuen”.

[9] Hajime está se referindo a conversa que teve com Kaori no capítulo 4, antes
dos alunos entrarem no Calabouço Orcus pela primeira vez.
Capítulo 94: Mais uma vez, eu me lembro

Hajime e Kaori olharam para os veleiros. Mesmo na Terra, os primeiros veleiros


não poderiam se igualar a escala gigantesca do que eles viam.

Com não menos do que 300 metros de comprimento, tão grande quanto um
prédio de dez andares, ele só era parcialmente visível do chão. Ao longo de
seu casco, decorações magníficas estavam colocadas. Apesar de estarem
apodrecendo, elas ainda passavam uma impressão forte que te faziam querer
admira-las. Nos navios de madeira, Hajime, que também era especialista em
fazer as mesmas decorações, estava relutantemente impressionado com a
extensão dos detalhes delas, e não podia fazer nada além de admirar o tempo
e esforço que os artesãos depositaram nessa criação.

Enquanto abraçava Kaori, Hajime pulou usando ‖Aerodinâmica‖ e aterrissou


no topo do cruzeiro de luxo. Então, como era de se esperar, o ambiente
começou a se distorcer.

(Hajime): “De novo? Kaori fique alerta. Algo está prestes a acontecer”

(Kaori): “Un. Parece tudo bem para mim”

Hajime sentiu que a resposta descontraída de Kaori não era adequada para
alguém ainda no meio da exploração de um |Grande Calabouço|. Ficou claro
que a tensão de Kaori tinha caído drasticamente. Mesmo que ela ainda
estivesse sorrindo, Hajime podia dizer que era diferente do seu sorriso usual.
Ele tinha certeza que ela não estava fazendo de propósito, mas sua nova
atitude distraída não era boa para a atual situação deles. Ela devia ao menos
ficar atenta até a exploração das |Ruínas Submersas Merujiine|[1] ser
concluída, Hajime pensou enquanto coçava sua bochecha.

Hajime fez uma rápida análise do ambiente alterado, desta vez, parecia que
eles estavam em cima de um luxuoso cruzeiro zarpando para o mar.

Atualmente no horário da noite, com a lua cheia brilhando no céu. O cruzeiro


de luxo estava brilhando com faíscas de luz, e no convés havia vários arranjos
imitando um bufê alinhados com muitas pessoas que estavam conversando
enquanto comiam a comida com aparência deliciosa.

(Hajime): “Isto é uma festa... não é?”

(Kaori): “Haa, isso é com certeza deslumbrante. Nós confundimos o conceito


de Merujiine?”

Hajime e Kaori estavam de pé em um terraço elevado, provavelmente uma


área reservada para a tripulação, enquanto olhavam para baixo, para o enorme
convés, tentando entender a diferença entre esta festa alegre e a cena sinistra
que eles testemunharam na última vez.

Assim, justo quando eles decidiram descansar um pouco, a porta atrás deles
se abriu e vários marinheiros conversando saíram. Ao invés de arriscar perder
esta chance enquanto descansavam, eles decidiram se misturar com os
marinheiros e escutar suas conversas.

Ao escutar as histórias dos marujos, eles descobriram que esta festa marítima,
aparentemente, estava sendo feita para celebrar o fim da guerra. A guerra que
continuou por tantos anos, ao invés de acabar com invasão e aniquilação, foi
resolvida com a assinatura de um tratado de paz. Os marinheiros pareciam
felizes, e se eles olhassem com atenção, os dois seriam capazes de ver que
não havia apenas humanos no deque, mas também ⌊Demônios⌋ e ⌊Demi-
Humanos⌋. Sem distinção entre raças, todos estavam livremente conversando
entre si.

(Hajime): “Houve uma era como esta, não houve?”

(Kaori): “Certamente, essa foi uma grande conquista para todas essas
pessoas por se esforçarem tanto pelo fim da guerra. Embora eu não tenha
certeza de quantos anos se passaram desde o fim da guerra, com toda
certeza, nem todos os sentimentos negativos se apagaram, mesmo assim, eles
ainda foram capazes de rir abertamente…”
(Hajime): “As pessoas ali embaixo certamente devem ser parecidas com
aquelas que deram o seu melhor para encerrar a guerra. Todos são diferentes,
ver isto não significa necessariamente que todos sejam capazes de rir juntos
tão cedo”

(Kaori): “É verdade…”

Sendo capturados na atmosfera e as expressões animadas das pessoas,


Hajime e Kaori também relaxaram naturalmente. Depois de um tempo, eles
viram um homem idoso subindo em um palco preparado no convés. Havia um
senso de respeito nos olhos das pessoas assim que eles o notaram no palco, e
eles abruptamente pararam de falar para se concentrar nele.

Havia outro homem que parecia ser um auxiliar de pé, perto do homem idoso,
mas, por algum motivo, ele estava vestindo um capaz e tentando se misturar
com o plano de fundo. Dada a ocasião, Hajime pensou que a aparência dele
era um pouco grosseira... contudo, não parecia que mais ninguém estava
preocupado com o homem encapuzado.

Eventualmente, quando todo o falatório desapareceu, o homem idoso começou


seu discurso.

(??? A): “Cavalheiros, aqueles que desejaram por paz, as valentes almas que
participaram da guerra arriscando suas vidas, são os mensageiros da paz.
Hoje, neste lugar, eu realmente sinto que é um grande fortúnio para todos nós
sermos capazes de nos reunirmos aqui. Foi uma guerra que começou há muito
tempo, até para a minha geração, ainda assim, nós fomos capazes de nos
aliarmos pela paz depois de trazer um fim para a guerra. Ver tal sonho se
tornando realidade... meu coração ainda palpita”

Todos estavam escutando em silêncio enquanto o velhote falava. Enquanto o


discurso continuava, eventos como dúvidas, encontros inesperados e
incidentes se tornaram apoios em direção à paz. Ele falou sobre aqueles que
frequentemente foram imprudentes em suas tentativas de superar isto, e os
amigos que se separaram durante o conflito... enquanto o discurso prosseguia,
os olhos de todos começaram a olhar para longe, ansiando por aqueles que
faziam falta e segurando as lágrimas nos cantos de seus olhos, resistindo a
vontade de deixá-las escorrerem.

Parecia que o homem velho era o Rei dos humanos. Entre os humanos,
mesmo nos estágios iniciais da guerra, parecia haver um movimento nos
bastidores em busca da paz. As pessoas agora acenavam para mostrar seu
respeito.

Finalmente, parecia que o discurso tinha acabado. O Rei ainda parecia estar
animado depois de seu discurso, o clima no convés também estava bastante
agitado. Entretanto, Hajime foi assolado por um mau pressentimento. Algo
parecia errado, ele viu a expressão do Rei um pouco antes de todos.

(Rei): “... e assim, um ano se passou desde a assinatura do tratado de paz…


foi tudo tão tolo”

Com as palavras do Rei, por um momento, a multidão pareceu confusa, Hajime


pensou que tinha ouvido errado. Todos estavam trocando olhares em
confusão. Enquanto isso, o discurso exaltado do Rei continuou.

(Rei): “Sim, foi genuinamente tolo. Ver ambas as feras e os hereges falando
sobre o futuro e bebendo juntos, que ridículo. Vocês entendem cavalheiros? É
isso mesmo, eu estou falando de vocês”

(??? B): “O que diabos você está dizendo Aleist!? Droga, qual o problema em
dize-... gaah!?”

Com a súbita mudança do Rei Aleist, um dos ⌊Demônios⌋ que estava agitado
se levantou e parou diante dele. Então, assim que ele tentou questionar o Rei
Aleist… o resultado repentino foi uma espada aparecendo de seu peito.

O homem da raça dos ⌊Demônios⌋ que foi esfaqueado, olhou por sobre seu
ombro para ver as expressões assustadas dos humanos. Ao olhar para os
rostos deles, você poderia dizer que eles estavam realmente surpresos. Com
uma expressão final de descrença, o homem da raça dos ⌊Demônios⌋ caiu.
Gritos surgiram e o convés inteiro entrou em um alvoroço. “Sua Majestade!”,
gritaram vários homens e mulheres enquanto corriam em direção ao corpo
caído do homem da raça dos ⌊Demônios⌋.

(Aleist): “Bom, cavalheiros, como eu declarei inicialmente, eu realmente estou


feliz por trazer todos aqui esta noite. Nós vamos criar um país livre das raças
que foram abandonadas por Deus, onde todos poderão ser iguais. Desde o
Gênesis[2] há apenas um Deus, ‘Ehito-sama’. Aqueles que viraram suas
costas para ele, insensatamente adorando um falso Deus, tais pagãos não
devem ter permissão para partir! Isso vai acabar hoje!

O único caminho para a paz é através da destruição de todos os infiéis!


Portanto, neste dia, enquanto nos livramos dos líderes dos não-crentes, eu não
posso me impedir de me alegrar! Agora, servos de Deus, entreguem o
julgamento a esses pagãos com o martelo da justiça! Aah! Ehito-sama, por
favor, observe nosso trabalho!”

A risada do Rei Aleist ecoou enquanto ele se ajoelhava e encarava o alto, em


direção aos céus. No momento que ele deu o sinal para os Soldados, que
estavam vestidos como marinheiros, eles cercaram completamente o local da
festa no convés.

O deque estava posicionado no meio do navio, prensado entre um mastro


gigante e a estrutura principal, dez andares que se espalhavam da frente para
trás. Se você os observasse, os Soldados estavam ocupando a armação no
terraço e no mastro, organizada de tal forma que eles poderiam focar nos alvos
abaixo deles. No meio do mar, não havia lugar para eles escaparem, a
vantagem geográfica estava totalmente do lado dos Soldados. Hajime já estava
consciente disto, mas as expressões de desespero dos líderes dos países
mostravam que só agora eles estavam percebendo este fato.

Em um instante, toda a magia finalmente foi liberada e o convés foi


bombardeado. Apesar dos passageiros lutarem desesperadamente, eles
estavam em desvantagem... foi um massacre unilateral, e aqueles que
resistiam eram abatidos.
Daqueles que correram em direção ao interior do navio, a maioria foi morta
enquanto corria. O deque mudou completamente para um mar de sangue em
apenas um instante.

(Kaori): “Ugh”

(Hajime): “Kaori…”

Kaori cobriu sua boca com uma das mãos para conter a náusea enquanto ela
se inclinava na balaustrada[3]. A cena foi tão macabra que não foi estranho
que Hajime estendesse sua mão e oferecesse seu apoio a Kaori.

Parecia que o Rei Aleist se sentia um caçador enquanto ele se juntava a seus
subordinados na perseguição dos poucos que fugiram para dentro do navio.

O homem encapuzado seguiu o Rei para dentro do navio. Pouco antes de ele
entrar, ele se virou e olhou para trás, para o convés. Nesse instante, um tufo de
cabelo prateado escapou da borda de seu capuz e brilhou forte com a luz da
Lua. Seus olhos escondidos se encontraram, e, por um momento, Hajime
pensou que eles estavam sendo vistos.

O ambiente se distorceu de novo, aparentemente, o |Calabouço| só queria


mostrar a eles a cena anterior, Hajime e Kaori logo voltaram para cima do
degradado cruzeiro de luxo.

(Hajime): “Kaori, descanse um pouco”

(Kaori): “Não, eu estou bem. Apesar de ter sido intenso... eu me pergunto se


isso foi realmente o fim desse desafio... nós nem chegamos a fazer nada”

(Hajime): “Eu acho que este cemitério de navios é o ponto final. Embora não
possamos explorar o mar além da barreira... se você pensar normalmente
sobre isso, as pessoas que quisessem prosseguir para as profundezas do mar
precisariam usar o navio. Quem sabe testemunhar essa cena fosse o propósito
da visão. Queimar o horripilante trabalho dos Deuses em sua memória, assim
você se sentiria obrigado a explorar este navio como resultado. É uma ideia
bastante sórdida, especialmente para as pessoas deste mundo”

O povo deste mundo, embora poucos pudessem chegar até esse local, tinham
fé nos Deuses. Mostrar a eles um resultado tão horripilante de sua fé...
certamente iria ser uma tortura para um espírito gentil, e o ponto vital explorado
neste |Calabouço| era o poder da magia que afetava profundamente o estado
mental da pessoa. Nesse sentido, era o contrário do visto no |Grande
Calabouço Raisen|. Foi apenas por Hajime vir de outro mundo que o resultado
de sua pressão mental foi muito baixo.

Hajime e Kaori olharam para o deque com uma expressão indicando relutância
ao se lembrarem do massacre sinistro que aconteceu ali. Entretanto, no caso
de Hajime, seu rosto parecia mais como se ele estivesse se lembrando de uma
falta dura em uma partida de futebol.

Fortalecendo sua determinação, os dois pularam para o convés e seguiram


para a porta perto da qual o Rei Aleist entrou sabe-se lá há quanto tempo.

O interior do navio estava completamente cercado pela escuridão. Como o


exterior estava radiante, não seria estranho que a luz entrasse pelas fissuras
da madeira podre, mas, por alguma razão, não havia nenhuma luz. Com o
objetivo de avançar pela escuridão, Hajime pegou uma lanterna da [Caixa do
Tesouro].

(Kaori): “Aquela cena de mais cedo... mesmo a guerra já tendo acabado... eu


me pergunto, o Rei realmente traiu eles?”

(Hajime): “Foi isso o que pareceu... contudo, não foi um pouco estranho?
Quando ele subiu no palco, as pessoas olharam para ele com olhos cheios de
amor e respeito... se você realmente odiasse ⌊Demônios⌋ e ⌊Demi-Humanos⌋,
você seria mesmo capaz de receber um respeito tão profundo?”

(Kaori): “Isso é verdade... baseado na forma como aquelas pessoas estavam


falando dele, parece que houve uma mudança súbita em algum momento
durante o ano após o fim da guerra... o que poderia ter acontecido para causar
uma mudança tão drástica?”

(Hajime): “Bem, sem dúvidas, eles estavam lutando por seus Deuses, eles
estavam gritando alto o suficiente. Eles transmitiram um sentimento quase de
loucura”

(Kaori): “Yeah, eles pareciam como Ishtar-san, abusando de suas religiões


para menosprezar os outros. Isso é patético, não é?”

Aparentemente, da perspectiva da garota do ensino médio, o Papa da ⟦Igreja


dos Santos⟧ era uma pessoa patética. No entanto, Hajime só teve um
minúsculo sentimento de simpatia por ele ao ouvir isso. Os dois continuaram
em frente, ainda pensando sobre a cena anterior, até que eles encontraram
algo brilhando em resposta a luz de Hajime.

Hajime e Kaori pararam e observaram enquanto a luz lentamente se


aproximava deles. Quando ela se aproximou o bastante, eles podiam ver que
era uma garota com um vestido branco esvoaçante. Ela estava no corredor na
frente deles e ficou parada ali, balançando ligeiramente com sua cabeça
olhando para baixo.

Kaori e Hajime sentiram algo desagradável e tremeram violentamente. A


expressão de Kaori ficou particularmente rígida enquanto Hajime, decidindo
que uma garota comum não estaria em um local deste, apontou [Donner] em
sua direção com intenção assassina.

Instantaneamente, a garota caiu no corredor com um baque suave. Então, em


um ângulo impossível para as articulações de um humano normal, ela se
ergueu sobre suas mãos e pés como uma aranha e se lançou contra eles!

(Garota): "Ketaketaketaketaketaketaketaa!"

Sua risada bizarra ecoou pelo corredor. Olhos brilhantes, exatamente como os
das lendas urbanas, os encararam por entre suas franjas, enquanto Hajime
atirava na figura que se aproximava.
(Kaori): “NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!”

(Hajime): “Wah!? Se acalme Kaori! Não agarre meu braço!”

Exatamente como o padrão desta situação indicava, Kaori se agarrou a Hajime


e soltou um grito. A garota se aproximando deles riu dela de modo zombeteiro.
Hajime, que estava tentando atirar na garota com [Donner], teve sua mira
alterada por culpa de Kaori, se agarrando nele.

(Garota): “Kegya!!”

Em um momento, a garota estava nos pés de Hajime. Então, com seu grito
bizarro, ela saltou diretamente para o rosto de Hajime.

Hajime relutantemente desistiu de tentar atirar, e, ao invés disso, desferiu um


chute mortal diretamente em seu estômago enquanto ela ainda ria. Como
precaução, ele se envolveu com magia e usou o ‖Grande Chute‖ para realizar
o golpe.

No momento que o chute de Hajime atingiu o estômago dela, a garota foi


lançada contra a parede, quicando várias vezes e parando no fim do corredor.
Seus braços e pernas estavam em uma posição ainda mais anormal, assim,
ela lentamente desapareceu, como se estivesse se fundindo com a escuridão.

Hajime suspirou e então deu uma tapa na cabeça de Kaori, que ainda tremia e
se agarrava a ele. Kaori olhou para Hajime, uma expressão de medo ainda em
seu rosto. Lágrimas estavam visíveis em seus olhos enquanto sua boca soltava
um pequeno guincho, qualquer um poderia ver que ela ainda estava
aterrorizada.

(Hajime): “Hey, Kaori, você não gosta desse tipo de coisa macabra?”

(Kaori): “Há alguém que gosta desse tipo de coisa!?”

(Hajime): “Você não ficaria bem se pensasse nelas apenas como aparições?”

(Kaori): “… gusuu, eu vou dar o meu melhor”


Assim que Kaori prometeu, ela se separou de Hajime, contudo, ela ainda não
soltou sua mão das roupas do garoto.

Desde mais cedo, ela estava preocupada com o que dizer a Hajime, ela
parecia mais reservada do que o habitual, mas agora, um forte desejo residia
em seus olhos. Ela absolutamente não se permitiria se separar dele! Era um
tipo de desespero, enquanto simultaneamente, era uma expressão de seu
amor por ele.

Após Kaori terminar de reunir sua determinação, a porta à frente deles no


corredor foi aberta com um estrondo. Do outro lado da porta havia incontáveis
manchas de sangue no piso, e quando eles olharam para cima, eles viram a
cabeça de uma mulher com cabelos longos e molhados pendurada no teto e
olhando para baixo, para eles. Ao mesmo tempo, eles ouviram um barulho e se
viraram para ver um homem sem cabeça arrastando um machado pelo chão.

Hajime desferiu outro de seus chutes no homem sem cabeça e preparou sua
arma para dar sequência ao ataque, mas não houve necessidade. O homem
sem cabeça já estava morto com o chute.

(Kaori): “Chega... eu quero voltar agora... eu quero ver Shizuku-chaaaan”

Assim que eles continuaram seguindo para o interior do navio, os estranhos


fenômenos ficaram mais e mais violentos, o que fez Kaori voltar a ser uma
criança, se agarrando as costas de Hajime e se recusando a sair dali.

Desde que Kaori era pequena, ela sempre considerava Shizuku como sua
cavaleira e protetora sempre que entrava em casas assombradas ou tinha que
lidar com Kouki e os garotos. Entretanto, esses sentimentos nunca cruzaram a
fronteira e se tornaram um yuri.

Merujiine, a fundadora das |Ruínas Submersas Merujiine|, parecia tentar


encurrala-los emocionalmente. Hajime, que sobreviveu ao Abismo, já tinha
experiência ao ser cercado pela escuridão e realmente não via muita
dificuldade na situação, embora ele entendesse como seria difícil para alguém
com uma mentalidade mais normal lidar com tudo isso. Contudo, ele não podia
imaginar Tio ou Yue soluçando com tais surpresas.

Isso foi até pouco tempo atrás, quando Kaori, enquanto ainda chorava e
flertava, se separou dele e começou a repelir os horrores usando sua ‖Magia
de Cura‖. Vendo a súbita mudança de atitude, Hajime queria retorquir, "Para
onde a garotinha assustada e perdida de mais cedo foi?", enquanto a
observava. Conforme eles avançavam, Kaori começou a ficar mais instável
novamente, mas, juntos, eles eventualmente chegaram no porão[4] do navio.

Eles atravessaram as pesadas portas abertas. Eles seguiram para o fundo do


porão do navio, se movendo entre a carga escassa. Contudo, antes que eles
se afastassem muito, as portas atrás deles se fecharam com um alto ] boom! [.

(Kaori): “Pii!?”

Kaori soltou uma voz estranha com o som inesperado e Hajime começou a se
preocupar se ela ainda estava com a importante conversa em sua mente sobre
o que fazer depois de terminarem este |Calabouço|. Não foi a primeira vez que
este pensamento cruzou sua mente.

Entretanto, Hajime só suspirou e começou a calmamente acariciar os ombros


da garota. Porém, a eficiência desta tática foi interrompida quando uma névoa
espessa começou a lentamente bloquear o campo de visão deles.

(Kaori): “Ha-Ha-Ha-Ha-Ha-Hajime-kun!?”

(Hajime): “Você está começando a soar como uma estrangeira animada. Não
se preocupe, só lide com isso como sempre. Você vai ficar bem se apenas
esmagar a todos com sua magia”

No momento que Hajime respondeu, eles escutaram o ressoar de algo


cortando o vento, voando na direção deles. Hajime se moveu como um raio e
bloqueou o ataque mirado em seu pescoço com seu braço esquerdo. Quando
ele abaixou seu braço, eles puderam ver um fio extremamente fino preso nele.
Eles não tinham tempo para encarar, logo houve o som contínuo do ar sendo
cortado como se flechas voassem de todos os lados.

(Hajime): “Chegar tão longe apenas para encontrar uma armadilha? É tão
repulsivo! Isso é típico desses malditos ⟦Libertadores⟧!”

(Kaori): “Avante, guardião da luz. ‖Luz Absoluta‖!”

Hajime foi pego de surpresa por um momento, entretanto, como elas eram
apenas armas primitivas, Kaori foi capaz de bloqueá-las com sua magia
defensiva. Pouco depois, a névoa à frente deles começou a girar violentamente
e uma feroz tempestade assaltou Hajime e Kaori.

(Kaori): “Kya!?”

Kaori foi atirada para longe, dentro da tempestade, sua imagem gritando
desapareceu dentro da neblina. Hajime ficou com uma cara azeda enquanto
tentava encontrá-la usando suas habilidades de detecção. Infelizmente, parecia
que a névoa tinha uma função que inabilitava esse tipo de habilidades, de
forma parecida com o interior do |Mar de Árvores Haltina|, assim, ele
rapidamente perdeu a localização dela.

(Hajime): “Che. Kaori, não se mova!”

Com uma cara irritada, Hajime chamou Kaori, mas ao invés da garota,
um ⌈Cavaleiro⌋ carregando uma espada longa apareceu de dentro da neblina
na frente dele. Usando uma técnica incomum, ele investiu ferozmente e atacou
Hajime com sua espada.

Bloqueando o ataque calmamente com [Donner], ele atingiu o peito de seu


enorme oponente com [Schlag], então disparou uma bala mágica em seu
estômago com [Donner]. Um buraco se abriu no estômago do ⌈Cavaleiro⌋ e
ele silenciosamente desapareceu dentro da neblina.

Entretanto, na mesma hora, uma linha de ⌈Espadachins⌋ e ⌈Cavaleiros⌋ com


força anormal emergiu da névoa. Esses guerreiros tinham uma grande
variedade de armas, e usavam a neblina para lançar ataques em Hajime, um
após o outro, desaparecendo na névoa depois de cada ataque.

(Hajime): “Droga, tão problemático…”

Hajime estava preocupado por ele não poder ouvir a resposta de Kaori.
Enquanto praguejava, ele expandiu as balas mágicas vermelhas ao redor de
seu corpo como se fosse um satélite. Ao mesmo tempo, ele ativou
a ‖Velocidade da Luz‖ e rapidamente limpou seus arredores.

Mudando para o ponto de vista de Kaori, com Hajime desaparecendo de sua


vista, ela estava achando difícil manter sua fachada valente. Kaori era
realmente ruim com o horror, seria muito difícil superar sua crise atual mesmo
sob condições normais, mas agora, seu corpo queria congelar só pelo medo de
estar sozinha. Junto de seu poderoso complexo de inferioridade, apesar de ela
não admitir isso a si mesma, tudo o que ela queria fazer era se abraçar e
chorar.

Kaori se repreendeu, ela não podia se deixar ser vista se acobardando assim, e
forçou seu corpo a se levantar. Assim que se levantou de novo, ela sentiu uma
mão em seu ombro. Hajime frequentemente a encorajaria ao esfregar o ombro
dela. Vencida pela felicidade, Kaori se viu se virando com alegria.

(Kaori): “Hajime-ku-”

Contudo, assim que ela se virou, Kaori notou que algo estava errado com a
mão em seu ombro. Para ser mais preciso, ela parecia fina e fria demais. Kaori
sentiu arrepios em sua espinha assim que sua intuição a avisou que o que
estava atrás dela não era Hajime.

Se não era Hajime, então quem era? Continuando a se virar, agora como uma
máquina enferrujada, Kaori viu. Olhos, nariz, boca... e então ainda mais
buracos. Era o rosto de uma mulher tingido de escuridão tão negra quanto o
abismo.

(Kaori): “Fuwaaaah”
O espírito de Kaori foi destruído em um instante, e seus instintos defensivos a
deixaram inconsciente.

Nos dois minutos que Kaori precisou para se levantar e depois desmaiar,
Hajime já tinha destruído 50 guerreiros fantasmas. Esta era apenas a
estimativa aproximada dele ao matar um dos guerreiros a cada dois ou três
segundos.

Justo quando ele estava começando a pensar que tinha se livrado de todos
eles, um enorme homem empunhando uma espada grande saiu da névoa,
disparando em linha reta contra ele e desferindo um golpe que carregava uma
enorme força.

Hajime desviou do ataque com o menor movimento de seu corpo. Contudo, as


coisas ainda não tinham acabado. O guerreiro trouxe sua espada grande de
volta para o ar usando o coice de seu ataque no chão e se moveu para atacar
de novo.

Hajime respondeu ativando ‖Vajra‖, parando o golpe com seu braço mecânico
e pulando com seus joelhos na espada, a tirando das mãos de seu oponente e
a prendendo contra o chão. Assim, com um movimento rápido, ele ergueu seu
revólver e disparou uma bala mágica contra a cabeça do enorme homem.

Ao mesmo tempo que a cabeça do homem foi destruída, a neblina no ambiente


começou a desaparecer.

(Hajime): “Kaori! Onde está você?”

Hajime focou todos os seus sentidos para encontrar a presença de Kaori.


Porém, mesmo sem fazer isso, Kaori foi facilmente localizada.

(Kaori): “Eu estou bem aqui, Hajime-kun”

(Hajime): “Kaori, você está bem?”


Hajime suspirou de alívio ao ver Kaori caminhando na direção dele com um
sorriso. Assim que Kaori chegou a seu lado, ela se aninhou contra ele com um
lindo sorriso.

(Kaori): “Isso foi... muito assustador…”

(Hajime): “Foi mesmo?”

(Kaori): “Un. É por isso que eu quero ser confortada”

Assim que ela disse isto, Kaori jogou seus braços ao redor do pescoço de
Hajime e o abraçou. Em uma distância tão pequena, eles estavam
praticamente tocando seus narizes, Kaori localizou a boca de Hajime com seus
olhos e começou a se aproximar cada vez mais…

] Gotsu [

Com esse som, o cano de [Donner] se encontrou com a têmpora de Kaori.

(Kaori): “Qu-quê?”

Kaori parecia confusa enquanto Hajime apertava seus olhos brutais e


direcionava intenção assassina contra ela.

“O quê? É claro que eu matarei meus inimigos, não importa a aparência deles”,
e sem um momento de hesitação, ele puxou o gatilho.

] Karankara [

Houve o som de uma faca atingindo o chão, ela caiu da mão de Kaori quando
ela foi alvejada. Ela pretendia esfaqueá-lo nas costas enquanto se abraçava
com ele. Com passos firmes, Hajime se aproximou da caída Kaori.

Se levantando de novo, Kaori começou a falar com Hajime com uma voz
apavorada e trêmula.

(Kaori): “Hajime-kun, por que você faria algo assim!?”


Entretanto, a resposta de Hajime foi disparar outra bala mágica em Kaori.

(Hajime): “Não se atreva a falar com a voz de Kaori! Não degrade o corpo dela
ao se mover com ele! Você achou que eu não veria a verdade? Você não é
nada além de um pedaço de lixo possuindo o corpo dela”

O [Olho Mágico] de Hajime já tinha revelado a ele que havia uma mulher
fantasma possuindo Kaori.

Com a verdade claramente exposta, Kaori, que até um momento atrás estava
acobardando-se no chão, instantaneamente mudou sua expressão e deu uma
gargalhada zombeteira.

(Espírito): “Nyahahaha, mesmo que você saiba a verdade, isso não importa.
Você não pode fazer nada... o corpo desta garota já é meu!"

Enquanto ela dizia isto, a Kaori possuída se ergueu e empurrou Hajime para o
chão, acabando montada em cima dele.

(Espírito): “Espere, o que você está fazendo? Esta é sua mulher! Você planeja
machucá-la!?”

(Hajime): “Cale a boca! Você está me deixando com dor de cabeça. Eu não te
falei para não se mover? Eu não vou machucar Kaori, as balas mágicas vão
passar diretamente pelo corpo dela, a única que irá sofrer é você”

(Espírito): “Se eu desaparecer, a alma desta mulher vai se despedaçar! Está


mesmo tudo bem para você!?”

Com essas palavras, Hajime inclinou sua cabeça pensando. Apesar de existir
uma boa chance de não ser um blefe, não havia como verificar se isso era
verdade.

A maioria das pessoas provavelmente ficaria encurralada com a indecisão


nesta situação, a Kaori possuída estava esperando isto? Ela estava dando sua
risada de novo, enquanto gesticulava para ele se afastar. Vendo isto, Hajime
deu sua resposta a ela.

] Zupaaaan! Zupan! [

Foi um par de balas mágicas. A expressão da Kaori possuída estava tão


chocada que não era possível saber se ela sentiu alguma dor. Logo, sua
expressão mudou para uma de frustração enquanto ela gritava com Hajime
furiosa.

(Espírito): “Você está louco!? Você não se importa com o que aconteça com
esta mulher!?”

(Hajime): “Calada sua pilha de lixo! Se eu não atacar, o corpo de Kaori vai
continuar possuído. Contudo, contanto que você não seja morta, a alma dela
não será afetada, não é? Até que você sinta vontade de abandonar o corpo
dela, tudo vai ficar bem se eu apenas te torturar sem te matar”

A mulher fantasmagórica ficou sem palavras ao ouvir isso. Quando ela olhou
nos olhos de Hajime, ela foi atingida pela intenção assassina que residia lá.

(Hajime): “Eu vou fazer você se arrepender de pensar que poderia tocar no
que é 'importante' para mim. Mesmo que você seja uma inimiga, eu não te
matarei, eu não te deixarei experimentar o alívio da morte. Eu vou garantir que
você não possa escapar do corpo de Kaori mesmo se você quiser. Eu vou te
forçar a sofrer até ficar louca com a dor”

Magia vermelha fluiu do corpo de Hajime, seus cabelos brancos foram pegos
pelos turbilhões de vento e lentamente começaram a balançar com a energia.
Não havia raiva, sede de sangue ou insanidade em seus olhos, eles eram
como pedras de gelo.

Hajime estava furioso, mais do que já esteve antes. Ele não ficaria satisfeito
apenas ao matar sua inimiga desta vez, ela teria que passar por uma crueldade
digna das profundezas do inferno.
A fantasma possuindo Kaori era densa demais para perceber que comprou
uma briga com alguém que ela nunca deveria ter perturbado. Só agora, quando
ela sentiu seu olhar preso nos olhos de Hajime, ela finalmente percebeu o que
despertou: um monstro, um que você normalmente rezaria para nunca
encontrar.

Com o cano de [Donner] mais uma vez pressionado contra sua testa, a mulher
fantasma sinceramente implorou para ser libertada. Mesmo que tudo o que ela
conseguisse fosse permissão para desaparecer um segundo mais cedo,
quando ela imaginou o que este monstro provavelmente faria com ela, até um
segundo parecia uma bênção.

Ela era apenas um fantasma comum. Apesar de ela parecer ter uma essência
persistente maior do que qualquer outra aparição que eles encontraram, em
face desta atmosfera, isso não significava nada. A fúria fria que Hajime
transmitia era simplesmente aterrorizante demais.

(Espírito): “Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer!


Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer!”

Os soluços da fantasma ecoaram alto enquanto o dedo de Hajime se movia


para puxar o gatilho, quando subitamente o corpo de Kaori começou a brilhar.
Era o brilho da ‖Magia de Cura‖ que restaurava todos os estados
anormais, ‖Dez Mil Céus‖, que Kaori preparou com antecedência como uma
precaução usando a habilidade ‖Invocação Tardia‖.

Enquanto ficava aturdida pela sensação de alívio inacreditável, a fantasma


escutou uma voz dentro dela.

(Kaori): “Está tudo bem, eu vou te enviar embora corretamente”

Junto a essas palavras, a luz brilhante e completamente branca se intensificou.


A fantasma sentiu medo enquanto a luz a envolvia, a carregando gentilmente
em direção aos céus. Entretanto, enquanto ela gradualmente seguia para o
próximo mundo e sua consciência começava a desaparecer, ela foi tomada por
uma sensação de paz e alívio.

Com uma batida de mãos, Kaori a mandou embora e lentamente começou a


abrir suas pálpebras trêmulas. Hajime, que ainda estava debaixo de Kaori,
montada nele, olhou diretamente para os olhos da garota. Desde que a garota
começou a brilhar, a fraca presença da existência da fantasma foi refletida
no [Olho Mágico] de Hajime. Por ora, ele suprimiu sua intenção assassina e
focou em confirmar se a fantasma tinha realmente deixado Kaori.

Os rostos deles estavam muito próximos, e com Hajime deitado embaixo dela,
o olhar dele estava repleto de uma mistura de alívio e preocupação enquanto
focava seus olhos intensamente nas pupilas dela, isso seria o bastante para
deixar qualquer um comovido.

Gentilmente abaixando sua cabeça, Kaori pressionou seus lábios contra os de


Hajime. Foi apenas o mais puro encontro de lábios, mas para Kaori, esse ainda
foi seu precioso primeiro beijo.

O corpo todo de Hajime ficou rígido pela surpresa por um momento. Com o
objetivo de se certificar que Kaori estava livre, Hajime usou quase toda a sua
concentração examinando ela. Com sua mente tão distraída, naturalmente, não
foi possível para ele desviar do beijo.

Depois de um tempo, Kaori gentilmente separou seus lábios.

(Hajime): “O que você está…”

(Kaori): “Talvez esta seja minha resposta?”

(Hajime): “Sua resposta?”

(Kaori): “Un. Por que eu segui você? Por que eu quero continuar seguindo
você? Esta é minha resposta para as perguntas de Hajime”
Quando ela disse isto, Kaori sorriu para Hajime. Era o sorriso que ele sempre a
via exibindo, caloroso como um raio de luz do Sol. Desde que eles chegaram
neste |Calabouço|, ele estava ofuscado e coberto por uma risada forçada, mas
agora, ele brilhava mais uma vez.

Na verdade, Kaori ainda manteve sua consciência enquanto estava possuída,


embora parecesse que ela estava assistindo o mundo exterior dentro de uma
sala de vidro. Ela ainda foi capaz de ver Hajime em seu estado de fúria nunca
antes visto, dizendo coisas como Kaori ser "importante" para ele. Isso foi
transmitido pela fantasma e chegou até seu coração.

Com a cena deste Hajime, uma tristeza insuportável surgiu no peito dela, mas,
ao mesmo tempo, ela sentiu a paixão febril de quando se confessou a ele.

Se ela quisesse explicar isso, era um sentimento de egoísmo, de sempre


querer ser tolerante, sempre fazê-los vivamente conscientes de sua presença.
No meio do círculo de garotas que Yue permitia que rodeasse Hajime, Kaori
achava inaceitável que ela não fosse permitida a ter ele só para si, mesmo
assim, ao mesmo tempo, ela não queria imaginar um futuro onde ela não
estivesse ao lado de Hajime.

Ela queria fazê-las reconhecer que, mesmo que suas capacidades estivessem
longe de Yue e as outras, seus sentimentos não eram menores.

(Kaori): “Eu gosto de Hajime-kun, não, eu te amo. É por isso que, a partir
daqui, eu quero que nossos futuros estejam interligados”

(Hajime): “Isso não vai apenas te deixar amargurada? Exatamente como é


com Shia, mesmo que Yue não esteja aqui, isso não significa necessariamente
que eu vou corresponder seu amor”

(Kaori): “É verdade, provavelmente, isso será doloroso às vezes… eu quero


ser monopolizada, eu quero que você olhe apenas para mim. Eu sinto tanta
inveja de Yue às vezes, e tão inferior quando eu me comparo a ela”

(Hajime): “Se é esse o caso…”


(Kaori): “Mas eu vou apenas me arrepender se eu me permitir me separar de
você aqui, eu tenho certeza disso. Para mim, só por estar perto de Hajime é
maravilhoso... e é assim que eu sempre me senti. Com o tempo, eu quero
diminuir a distância entre nós ainda mais, mas, por ora, isto é o suficiente”

Beliscando as bochechas de Hajime com ambas as mãos, Kaori sorriu


suavemente.

A expressão no rosto de Hajime era uma mistura de preocupação e surpresa,


mas Kaori decidiu por conta própria, e se ela acreditava que essa era a melhor
decisão para si mesma, Hajime não diria nenhuma palavra. Cada pessoa tem
sua própria ideia de felicidade, decidir a felicidade de Kaori por ela era algo que
ele não faria, nem algo que ele queria fazer.

(Hajime): “… entendo. Se Kaori está bem com isto, então eu não direi mais
nada”

(Kaori): “Un. Apesar de eu provavelmente causar muitos problemas, por favor,


não me odeie, ok?”

(Hajime): “O que você está dizendo depois de tanto tempo? Desde nossa
época na escola até agora neste mundo, você sempre foi uma terrível
causadora de problemas”

(Kaori): “Isso não é verdade!”

(Hajime): “Sério? Na escola, você nunca lia a situação e casualmente aparecia


para falar comigo, completamente inconsciente das bombas que você atirava
para todos os lados, e nunca percebia que, em todas as vezes, os rapazes ao
nosso redor iriam ferver de raiva. E não vamos esquecer quando uma senhorita
usando um négligé[5] decidiu visitar o quarto de um homem no meio da
noite…”

(Kaori): “Uu, eu me lembro, tudo o que eu queria fazer era falar com você…
un, foi realmente constrangedor quando eu percebi mais tarde que eu fui até o
seu quarto vestida daquela forma”
Enquanto Kaori estava cobrindo seu rosto corando com ambas as mãos,
Hajime se levantou e ofereceu a ela sua mão. Assim, com uma risada, ele
esfregou o ombro de Kaori gentilmente, e começou a caminhar em direção ao
círculo mágico que começou a brilhar dentro do depósito assim que a névoa se
dissipou.

Contudo, ele foi impedido por Kaori, segurando com força a manga de sua
roupa. Se ele olhasse atentamente, poderia ver que ela ainda estava um pouco
fraca. Aparentemente, a possessão tinha entorpecido os sentidos de seu corpo.
Agora que seu corpo foi libertado, com sorte, não levaria muito tempo para ela
voltar a seu estado normal.

(Hajime): “Vamos descansar um pouco”

Hajime sugeriu isto, mas parecia que Kaori tinha uma ideia própria e, com um
sorriso, ela pulou nas costas de Hajime.

(Hajime): “… o que você está fazendo?”

(Kaori): “Não é melhor se continuarmos depressa? Eu não sei quando


meu |Poder Mágico⟩ vai voltar, e se nós ficarmos por aqui, a neblina
certamente voltará, não é?”

Definitivamente havia alguma verdade nas palavras dela, assim, Hajime


respondeu com um "Não há o que fazer", enquanto coçava sua cabeça, e
caminhava em direção ao círculo mágico carregando Kaori.

Kaori envolveu seus braços ao redor do pescoço de Hajime e se agarrou com


força nas costas dele. Apesar de ele não dizer nada, Hajime estava dando o
seu melhor para ignorar a sensação macia que pressionava suas costas.

Kaori se moveu perto o bastante para que ele pudesse ouvir sua respiração em
seu ouvido. Os lábios dela, próximos o bastante para quase tocar seu lóbulo da
orelha, se abriram gentilmente e um som suave reverberou dentro de seus
ouvidos.
(Kaori): “Hajime-kun… eu quero te perguntar algo sobre o que aconteceu mais
cedo”

(Hajime): “Mais cedo?”

(Kaori): “Sim. Por que você ficou tão nervoso durante aquela luta?”

(Hajime): “Saa, por que eu estava nervoso? Eu não sei”

(Kaori): “Mouu, por favor, me digaaaa”

Se recusando a responder à pergunta dela ou ser pego em seu clima de flerte,


Hajime continuou a carregar Kaori enquanto se movia para frente em um ritmo
acelerado e, sem hesitação, pisou em cima do círculo mágico.

Notas

[1] Alterando “Melusine” para “Merujiine”.

[2] Gênesis é o primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia Cristã,
antecede o Livro do Êxodo. Narra a visão desde a criação do mundo na
perspectiva hebraica, genealogias dos patriarcas bíblicos, até à fixação deste
povo no Egito através da história de José. A tradição judaico-cristã atribui a
autoria do texto a Moisés, enquanto a crítica literária moderna prefere
descreve-lo como um compilado de texto de diversas mãos.

[3] Balaustrada é o conjunto dos balaústres (haste de madeira ou de metal) e


das correntes, cabos de arame ou vergalhões que guarnecem a borda de um
navio e servem para proteger as pessoas a bordo.

[4] Porão é, em náutica, a parte mais baixa no interior de um navio, onde se


dispõe a carga a transportar.

[5] Négligé é um robe feminino de tecido fino e transparente, geralmente


adornado de rendas ou folhos.
Algumas informações canonicas sobre Kaori, a causadora de problemas
(informações tiradas das histórinhas bônus da versão Premium das light novels,
elas não interferem na história principal, são mais fazer comédia e mostrar
algumas curiosidades da rotina dos personagens, tanto na Terra quanto em
Tortus):
Os piores dias para ir a escola, segundo Hajime, eram os dias de festa na escola, pois a Kaori
sempre causava uma situação constrangedora e seus colegas ficavam loucos de vontade de
lincha-lo depois disso, como:
Na festa de Halloween da escola, Kaori apareceu na frente de Hajime vestindo uma roupa sexy
de gatinha e miando para ele;
Na festa de Natal, Kaori ganhou presentes de todo mundo da sala, mas quando ela viu o
Hajime, ela deu todos os seus presentes para ele;
E no dia dos Namorados, o Hajime fingiu que estava doente e não foi para a escola com medo
do que ia acontecer.
No dia que ela conheceu Hajime, ela ligou para Shizuku, narrando com muito entusiasmo
como ele foi muito corajoso, e ela pede ajuda para da Shizuku para descobrir quem é ele, onde
estuda, seus hobbies, tipo sanguíneo, seu endereço etc, além de querer tirar fotos dele
escondida, para o desespero de sua amiga, pois ela temia que Kaori virasse uma stalker-
yandere (o que acabou acontecendo). Kaori levou Shizuku uma vez para comprar um
jogo, feito pela empresa do pai do Hajime (um eroge), para ter algo para conversar
com ele. Mas como ela não achou a versão livre para todas as idades, ela arrastou
sua amiga para área pornografica para pegar a versão +18 do game (há um
momento hilário e que o gerente da loja tenta expulsar as duas, mas a Kaori
implora para comprar o jogo porque era um presente para o pai dela).
Já no outro mundo, no do treinamento dos alunos, Kaori fala com Hajime que ela
percebeu o jeito que ele olha as empregadas domésticas (ele tem fetiche por
maids)do castelo, e temendo que ele sucumbisse aos seus desejos e atrapalhasse
o serviço delas, ela vestiria uma roupa de empregada so para ele (Hajime teve que
correr e se esconder atrás do comandante Meld para que seus colegas não o
matassem.
O hanya que aparece atrás dela quando ela ta com raiva, é uma referência aos
stands de série JoJo, e foi herdado de sua mãe (o pai da Kaori chamava o da sua
esposa de " demônio Shirazaki").
A Kaori puxou da mãe a beleza e o modo stalker-yandere.
Durante uma conversa com o pai dela, Kaori fala que o que mais gosta no Hajime,
era que ele era parecido com o pai dela, ambos eram gentis e mesmo sendo
fracos, jamais hesitavam e em ajudar os outros.
Ela não está 100% convencida que Myuu não é filha do Hajime, pois quando ele
fez uma arma de brinquedo para ela (chamada Donna), ela viu que a perícia em
tiro dela e quase igual do Hajime, chegando ao ponto da Myuu saber quantos
centímetros faltava para ela atingir o alvo.
Capítulo 95: Subjugação da comida nojenta

Uma luz fraca brilhou na superfície do oceano, e isso fez das ondas um teto.
Nesse espaço, uma construção que era parecida com um templo existia no
centro, e era sustentada por quatro enormes colunas. Não havia paredes entre
as colunas. Uma formação mágica delicada e complexa estava desenhada no
local que parecia ser um altar no meio do templo. Entretanto, do templo, cujos
arredores estavam cheios com a água do mar, o caminho que flutuava na
superfície da água do oceano se estendia em quatro direções, e no fim havia
um círculo. E uma formação mágica também estava desenhada na base desse
círculo.

Uma das quatro formações mágicas começou a brilhar subitamente. Então,


depois que a luz momentânea, que parecia uma explosão, sumiu, as sombras
de algumas pessoas estavam lá. Eram Hajime e Kaori.

(Hajime): “… aqui é... aquilo é uma formação mágica? Inesperadamente, nós


já o completamos?”

(Kaori): “Um, há algum problema?”

(Hajime): “Não, eu não pensei que o |Calabouço| já tinha terminado... embora


eu sinta que foi um pouco fácil se compararmos com os outros |Calabouços|...
pelo menos, eu esperava que aquele 〈Clione〉 fosse aparecer no fim…”

Aparentemente, entendendo que eles tinham chegado na moradia de Meiru


Merujiine, Hajime ficou com uma expressão que indicava que ele estava um
pouco decepcionado. Ao contrário disso, Kaori, espiando o rosto dele por sobre
seu ombro, respondeu enquanto sorria ironicamente.

(Kaori): “Sabe Hajime-kun. Este lugar foi bem difícil. O início é uma caverna
submersa afinal, e como normalmente você não possuiria algo como
um [Submarino], você iria continuamente consumir muito |Poder Mágico⟩ até
que completasse os desafios, e, se feito de forma insuficiente, você iria se
afogar. Aquela coisa em forma de clione era quase um inimigo invencível, e
como ataques físicos são ineficazes contra as coisas que pareciam fantasmas,
você irá de novo confiar em seu |Poder Mágico⟩. Graças a isso, atravessar
todo esse caminho não pode ser feito sem enfrentar um enorme exército. Esse
é um nível de dificuldade ridiculamente alto”

(Hajime): “Yeah, eu acho que podemos dizer isso considerando o que você
citou”

(Kaori): “Sem mencionar que, para as pessoas deste mundo, onde a devoção
parece ser forte... mostrar tamanha loucura…”

(Hajime): “Intensidade mental alta demais?”

O ponto de Kaori era, em resumo, que Hajime era forte demais. Ao dizer tudo
isso, certamente, Hajime concordava que o |Grande Vulcão
Guryuuen| também poderia ser facilmente e perfeitamente completado se não
fosse pelo ataque de Freed no final.

E, pensando nisso, eles chegaram antes de se reunirem com Yue e as outras,


mas, no momento que ele pensou sobre o que elas estariam fazendo, a
formação mágica que estava no fim do caminho da direita começou a brilhar
como se tivesse lido os pensamentos de Hajime.

Quando a explosão de luz desapareceu, as figuras de três pessoas, Yue, Shia


e Tio, estavam ali. Foi uma sincronia excelente.

(Hajime): “Ótimo momento. Foi tudo bem com vocês?”

(Yue): “Nn… com vocês... não foi seguro?”

(Shia): “Ah, Kaori-san você está bem!?”

(Tio): “Mu? Tu estás ferida? O que aconteceu com a ‖Magia de Cura‖?”

Para a pergunta de Hajime, embora cada uma delas mostrasse uma aparência
energética, elas enviaram olhares de preocupação a Kaori, que estava sendo
carregada nas costas de Hajime. A resposta de Kaori a respeito disso foi…
(Kaori): “Obrigado por se preocuparem. Mas, eu estou bem. Porque metade
disso sou eu sendo apenas mimada”

Para Kaori que declarou isso ousadamente enquanto mostrava um sorriso


genuinamente animado, Yue apertou seus olhos, Shia implorou com, "Estou
com inveja. Por favor, troque de lugar comigoooo", e Tio mostrou um largo
sorriso com um, "Hohoo", parecendo divertir-se.

(Hajime): “Hey, Kaori. Por acaso você já pode se levantar?”

(Kaori): “Ehehe, na realidade, desde o início não havia nenhum problema para
eu caminhar... eu sinto muito?”

(Hajime): “Haa, se apresse e desça”

Para Kaori, que ria como um se fosse uma diabinha, Hajime a desceu
enquanto mostrava uma expressão impressionada. E então, eles se juntaram
com Yue e as outras e encararam o templo.

(Tio): “E? O que aconteceu? Hey, diga logo Mestre. Parece que algo
aconteceu com Kaori? Hey, hey, o que aconteceu? Diga sem esconder nad...
hebuu!?”

Como Tio começou a questioná-lo com uma atitude absolutamente irritante


enquanto sorria, Hajime, que ficou irritado, desferiu uma bofetada nela.
Enquanto ela se sentava com facilidade, Tio, que caiu com uma fascinante
postura inclinada, ficou com suas bochechas vermelhas enquanto respirava
com dificuldade.

(Tio): “Im-impacto depois de tanto tempoooo, haa, haa, nn, Mestre, não está
tudo bem punir esta mais? Dar um chute não seria melhor?”

Na atmosfera que era esperada, ignorando Tio, que disse tais coisas satisfeita,
Hajime e as outras seguiram para o interior do altar. Atrás dele, “Mais uma vez,
está tudo bem fazer mais uma vez! Por favor, acerte estaaaa”, as palavras
repugnantes que foram ditas foram ignoradas por todos com todas as suas
forças.

(Yue): “… e? O que aconteceu?”

Yue perguntou a mesma coisa que Tio. Entretanto, seu olhar não estava em
Hajime, ele estava focado em Kaori. Kaori, sorrindo meigamente de bom humor
enquanto enfrentava o olhar de Yue, jogou uma bomba verbal mais uma vez.

(Kaori): “Eu só beijei Hajime-kun um pouco”

(Yue): “… hou”

(Shia): “Eh!? Isso é verdade!? De quem partiu!? Quem tomou a iniciativa!? Não
pode ser, foi Hajime-san!?”

Para as palavras de Kaori, a voz de Yue diminuiu uma nota, e Shia se


aproximou como se estivesse animada.

(Kaori): “Foi de mim. Hajime-kun estava nervoso por minha causa... eu roubei
um beijo porque não consegui me segurar”

(Shia): “Waa, foi o mesmo comigo! Eu também roubei um porque não consegui
me segurar. Nós somos companheiras! Kaori-san!”

(Kaori): “Ufufu, isso mesmo Shia. Da próxima vez, devemos roubar um beijo
duplo?”

(Shia): “Nesse caso, devemos fazer disso um fato consumado?”

Bem ao lado de Hajime, as duas garotas começaram a refinar o plano de


ataque contra ele. Suor frio escorreu no rosto do rapaz. Embora parecesse que
elas estavam animadas e parecessem estar brincando, na verdade, os olhos
de Kaori e Shia estavam sérios. Antigamente, ele nunca teria imaginado que
Kaori miraria olhos tão carnívoros em sua direção.

(Yue): “… eu pensei que você iria fugir com seu rabo entre as pernas”
Yue mirou um olhar escrutinador para Kaori. Yue notou que a garota estava
atormentando seu coração enquanto sentia um complexo de inferioridade.
Dessa forma, esta se tornou a primeira vez que Kaori desafiava um |Grande
Calabouço|, possivelmente, ela pensou se a aluna iria fugir para casa ao
fracassar. Logicamente, ela não tinha intenção de confortar o outro lado, que
proclamou uma declaração de guerra a ela. Se Kaori recuasse aqui, era como
se ela estivesse declarando sua derrota, considerando a extensão da situação.

Contudo, parecia que Kaori conseguiu se recuperar, ou melhor, havia até


mesmo um ar de determinação ao redor dela. Yue estava preocupada com o
que tinha acontecido.

(Kaori): “… isso mesmo. Hajime-kun também me disse que fazer isso antes
seria melhor. Porém, as várias diferenças entre ue... eu vou mostrar agora”

(Yue): “… você ficou provocadora?”

(Kaori): “Certamente, você pode dizer isso. Ou talvez eu deva dizer, apesar de
vir com todas vocês tentando ser provocadora desde o início, vendo a
diferença, eu certamente deixei isso de lado. Eu te mostrei um lado
vergonhoso”

(Yue): “… embora estivesse tudo bem se você apenas desistisse”

(Kaori): “Fufu, você está assustada? Em competir comigo?”

(Yue): “… não se deixe levar tão facilmente. Causadora de problemas”

(Kaori): “Isso, foi isso o que Hajime-kun disse antes. … eu, eu realmente tenho
uma disposição para causar problemas?”

Para as palavras afiadas de Yue, o rosto de Kaori endureceu. Mesmo ela se


sentindo um pouco triste por ser chamada de causadora de problemas tanto
por sua rival amorosa quanto pela pessoa que ela amava, Kaori imediatamente
se recompôs. A propósito, Yue também, ou quem sabe você deveria dizer que
Hajime e as outras também, já que todos tinham uma relativa disposição para
causar problemas, embora as palavras certamente tenham voltado para eles, a
autoconsciência desse fato não estava presente em Yue.

(Kaori): “Bem, mesmo que seja como Yue disse... como eu sou ao menos
'importante' para Hajime-kun, eu decidi mirar em ser 'especial' dando o meu
melhor. Não importa o que digam, entendeu?”

(Yue): “… entendo. Nesse caso, eu vou aceitar seu desafio da mesma forma
que antes”

(Kaori): “Sim! Ah, mesmo assim, eu não odeio Yue, sabia? Uma rival ou algo
desse tipo, algo que eu desejava um pouco”

(Yue): “… amigas? Kaori e eu somos?”

(Kaori): “Isso mesmo, amigas. No Japão, há algo como uma pessoa que
representa 'amigo' se escrevendo a palavra 'rival'. Nesse caso, não estaria tudo
bem se referir a uma 'amiga' ao escrever 'rival do amor'?”

(Yue): “… Japão… local de nascimento de Hajime... é um pais mais misterioso


do que eu imaginei. Mas... eu acho que faz sentido”

(Kaori): “Isso. Ufufu, portanto, por favor, tome conta de mim também?”

(Yue): “… nn”

Apesar de Yue e Kaori estarem emitindo uma atmosfera de bons sentimentos,


ao lado delas, Hajime, que escutou a conversa das duas, estava terrivelmente
desconfortável. Era o sentimento de um jovem homem sozinho, mesmo que ele
inapropriadamente se esgueirasse no meio das garotas que estavam no meio
de uma conversa de garotas. Coisas como Kaori conhecendo as palavras para
se referir a uma pessoa do século passado chamada de forte, apesar de ele
não poder evitar seu desejo para retorqui-la, como Yue respondeu com as
palavras de um certo mercenário amante de caixas de papelão, ele se
controlou porque conseguiu reconhecer a situação.
Hajime e as outras chegaram no altar e colocaram seus pés na formação
mágica juntos. Seguindo o habitual, ela cuidadosamente examinou o interior de
suas mentes e suas memórias foram lidas. Entretanto, não foi apenas isso
desta vez, era como se eles estivessem vivenciando as experiências de outras
pessoas ao mesmo tempo. Em outras palavras, o que Yue e as outras
passaram foi compartilhado com Hajime e Kaori.

De alguma forma, parecia que Yue e as outras finalmente chegaram em uma


metrópole abandonada que poderia até ser chamada de cidade submarina em
um enorme espaço subterrâneo. Logo, o espaço se distorceu como aconteceu
com Hajime e Kaori, e uma guerra surgiu na área metropolitana com os
exércitos de dois países. Essa metrópole parecia ser um local sendo invadido
pelo exército da raça dos ⌊Demônios⌋ na capital humana, e, no fim, parecia
que elas foram atacadas por ambos os lados, assim como Hajime e Kaori.

Havia uma enorme arquitetura que parecia ser o castelo real no interior da
capital, e Yue e as outras, que avançaram enquanto destruíam os exércitos,
ouviram o discurso dos líderes do castelo sendo invadido.

Certamente, o incidente onde a raça dos ⌊Demônios⌋ destruiu um vilarejo


humano foi o estopim para isso, no entanto, o país dos humanos, que fez desta
metrópole a capital, começou a guerra com a raça dos ⌊Demônios⌋ usando
esse incidente que, na realidade, parecia ser uma conspiração dos humanos
que não desejavam a paz e ansiavam pelo extermínio da outra raça. No
momento em que eles perceberam, a guerra já tinha saído de controle e se
expandiu, e, finalmente, isso se tornou uma situação onde o lado humano viu o
jogo virar e foi invadido até sua |Capital Real|... essa parecia ser a situação.

E a pessoa que tramou a conspiração era o Sumo Sacerdote da ⟦Igreja da


Luz⟧, que tinha uma ligação profunda com o país, e esta ⟦Igreja da Luz⟧,
aparentemente, era a antecessora da ⟦Igreja dos Santos⟧. Além disso, eles
pareciam estar encurralados como se estivessem entretendo uma deidade em
tempos difíceis, eles tentaram obter o apoio de Deus ao oferecer sacrifícios.
Como resultado, várias centenas de mulheres e crianças foram reunidas na
área metropolitana, e essa se tornou uma situação sinistra de uma execução
em massa feita na catedral da Igreja.

Até para Yue e as outras, que viram essa cena, o choque foi bem intenso,
como era de se esperar. Como a formação mágica as obrigou a se lembrarem
dessas memórias, elas ficaram com rostos pálidos. Especialmente Shia, ela
parecia que iria vomitar a qualquer momento.

Finalmente, com o fim da confirmação das memórias, todos pareciam ter sido
reconhecidos como pessoas que conquistaram o |Calabouço| com sucesso. A
nova ‖Magia da Era dos Deuses‖ foi gravada dentro das mentes de Hajime e
as outras.

(Hajime): “Esta magia estava aqui? Nós não acabamos de cruzar o continente
para obtê-la? Malditos ⟦Libertadores⟧”

(Yue): “… encontramos, o 'poder da regeneração'”

Hajime soltou algumas palavras abusivas. Isso aconteceu porque a ‖Magia da


Era dos Deuses‖ das |Ruínas Submersas Merujiine| que eles obtiveram era
a ‖Magia de Regeneração‖.

Ele se lembrou das palavras na litografia debaixo da |Grande Árvore| no |Mar


de Árvores Haltina|. Ele estava certo que estava escrito que o "poder da
regeneração" era necessário para prosseguir. Em outras palavras, para
capturar o |Grande Calabouço| que estava no extremo leste do continente,
você seria obrigado a ir até o extremo Oeste, e isso seria absurdamente
problemático para uma pessoa que chegou primeiro no |Mar de Árvores
Haltina|. Embora não tivesse sido tão ruim assim, já que Hajime e as outras
possuíam uma forma de se moverem em alta velocidade com os [Veículos
Mágicos].

Quando Hajime apertou suas sobrancelhas em repulsa aos ⟦Libertadores⟧, e,


simultaneamente, com a luz pálida da formação mágica, um paralelepípedo
apareceu do chão e se aproximou. Parecia ser um pequeno altar. Enquanto
pensavam que o altar brilhava fracamente, no momento seguinte, a luz
assumiu a forma de um humano. De certo modo, isso parecia ser uma
mensagem deixada para trás, de forma parecida com a de Oscar Orcus.

A forma humana claramente mudou sua silhueta gradualmente, e ela se tornou


uma mulher. A mulher, que se sentou no altar, estava usando um vestido
branco de peça única que era um pouco folgado, e ela possuía orelhas em
forma de leque e cabelos longos verde-esmeralda. Parecia que essa
representante dos ⟦Libertadores⟧, Meiru Merujiine, era uma mulher que
pertencia a Tribo dos Habitantes do Mar.

Ela, da mesma forma que Oscar, disse a verdade sobre


os ⟦Libertadores⟧ depois de se apresentar. Ela parecia ser uma mulher gentil,
cercada por uma atmosfera amistosa, apesar de carregar pesar. Pouco depois,
quando ela terminou de falar o mesmo que Oscar relatou, ela falou algumas
palavras no fim.

(Meiru): “… por favor, não se apegue aos Deuses. Não confie neles. Não use
os presentes que eles concederem. Lute para que você possa ser
independente. Decida por vontade própria e avance com seus próprios pés.
Qualquer problema difícil, a resposta sempre estará dentro de cada um. Ela só
está dentro de você. Não seja iludido pelas palavras doces desses Deuses que
só querem enganá-lo. Com o livre-arbítrio, com absoluta certeza, haverá
felicidade. Para você, eu estou rezando que uma chuva de felicidade caia”

Concluindo isso, Meiru Merujiine desapareceu, se tornando a luz pálida


novamente. Logo a seguir, uma pequena formação mágica brilhou assim que
apareceu no local onde ela estava sentada, e quando a luz sumiu, uma moeda,
onde o brasão de Merujiine estava gravado, apareceu ali.

(Shia): “O número de provas é quatro Hajime-san. Com isto, nós certamente


seremos capazes de desafiar o |Calabouço| do |Mar de Árvores|. Eu me
pergunto como o Pai e os outro estãoooo?”
Shia foi rápida em pesar sobre sua família e sua terra natal que ela realmente
sentia falta. Contudo, como o que veio a sua mente foi seu pai e os outros
gritando, "Hyahhaaaa!", ela dispersou essa cena ao sacudir sua cabeça. Assim
que Hajime guardou a moeda que era a prova em sua [Caixa do Tesouro], ele
se lembrou dos Haulia gritando, "Hyahaaaaa!", da mesma forma que Shia, e
apagou essa cena ao sacudir sua cabeça.

E, assim que a prova foi guardada, o templo começou a estremecer. E então, a


água do oceano dos arredores subitamente começou a subir.

(Hajime): “Uo!? Tch, expulsão forçada, huh? Todas, se segurem!”

(Yue): “… nn”

(Kaori): “Wahwah, isso é irracional demais!”

(Shia): “É como no |Grande Calabouço Raisen|, chegaaaa”

(Tio): “Tortura aquática... está sendo feita”

Para a água do mar que aumentava fantasticamente, Hajime e as outras, que


não tiveram nem mesmo tempo de pegar o [Submarino], foram submergidos
em um piscar de olhos. Imediatamente, eles mais uma vez não eram páreo
contra a correnteza, e todos se agarraram firmemente nas roupas um do outro
e equiparam um cilindro de oxigênio comprimido em suas bocas que foi tirado
de dentro da [Caixa do Tesouro].

E então, logo após isso, uma parte do teto se abriu como aconteceu com o
atalho do |Grande Vulcão Guryuuen|, e a água do oceano derramou-se com
violenta força. Hajime e as garotas, fluindo para dentro do poço, foram
lançados para as regiões mais acima com a intensa força, como se estivessem
sendo empurrados por uma fonte de água vindo de baixo.

Quem sabe, embora esse pudesse ser o atalho das |Ruínas Submersas
Merujiine|, diferente da Meiru Merujiine com a atmosfera de uma onee-
san gentil, esse era um caminho absurdamente violento. Além disso, era quase
como uma coação. Inesperadamente, ela poderia ter sido uma pessoa
extrema.

Hajime e as garotas, que foram empurrados à força para cima, finalmente


notaram que acima havia um beco sem saída. Contudo, no momento que eles
colidiram com ele, o teto deslizou de novo, e eles foram despejados dentro do
vasto mar no exterior das |Ruínas| vigorosamente. Hajime estava convencido.
Meiru Merujiine era absolutamente uma pessoa extremamente violenta,
contrária à sua aparência.

Hajime e as outras, que foram atirados no mar, apressadamente pegaram


o [Submarino] da [Caixa do Tesouro]. E assim, embora eles tentassem
embarcar pela escotilha, esse plano foi obstruído. Principalmente por culpa de
um oponente que eles não queriam encontrar.

] Zubaaaaaaaa!!! [

Um tentáculo semitransparente passou diante dos olhos dele com uma força
tremenda, e o [Submarino] saiu voando.

[Hajime]: ("Yue")

[Yue]: ("‖Caixão de Gelo‖!")

No olhar que Hajime mirou à frente, apesar de ele supostamente ter uma
aparência parecida com a de uma fada, fazendo tudo derreter, era a criatura
brutal que se regenerava infinitamente, o 〈Clione〉 gigante. Enquanto apertava
ser dentes ao ver a coisa que apareceu, especialmente depois que a captura
do |Calabouço| foi concluída, Hajime chamou Yue invocando a ‖Telepatia‖.

O enorme 〈Clione〉 mais uma vez disparou incontáveis números de tentáculos


com uma impetuosa força, como se eles não sofressem a resistência da água.
Por outro lado, Yue congelou a água do oceano dos arredores em um formato
esférico em resposta à chamada de Hajime, e formou uma barreira de gelo.
A barreira de gelo foi ferozmente jogada para longe no mar com a força dos
tentáculos que a atingiram diretamente, com Hajime e as garotas lá dentro.
Todos sacudiram dentro da barreira com o violento impacto.

[Tio]: ("O que devemos fazer!? Mestre!")

Para Tio, que se comunicou usando o [Minério da Telepatia], Hajime


respondeu.

[Hajime]: ("Todas, mirem no mar. Nós vamos ser torturados até a morte
debaixo da água. Eu vou nos conseguir um pouco de tempo!)"

Hajime manipulou remotamente o [Submarino] ao operar o anel feito


com [Minério de Indução] enquanto dizia isso. Atrás deles,
o [Submarino] que deveria estar longe, mergulhou para a frente com extrema
velocidade e desviou dos incontáveis tentáculos que apareceram para atacar
enquanto girava seu casco. E então, o [Submarino] disparou vários torpedos
de sua parte inferior.

O número de torpedos que poderia ser disparado de uma única vez era doze.
Se você pensasse sobre isso normalmente, seria poder destrutivo mais do que
suficiente. Contudo, Hajime, julgando que a situação gradualmente pioraria se
ele não fizesse uma certa escolha agora, não afrouxou sua mão e disparou
todos os torpedos que estavam carregados no [Submarino] consecutivamente.
O fazendo navegar como se fizesse o casco deslizar, ele fez um círculo com o
enorme 〈Clione〉 como centro. Enquanto executava movimentos impossíveis
para um navio comum, o número de torpedos que eram disparados
sucessivamente chegou a 48.

Eles avançaram enquanto traçavam uma linha de bolhas trazendo violenta


destruição, atingindo diretamente o enorme 〈Clione〉 sem desviar sua mira.

] Doou! Doou! Doou! Doou! [

Tais sons abafados de impacto reverberaram, e a água do oceano subiu e


inchou como se estivesse se expandindo. Do mar, se você olhasse acima
do 〈Clione〉 gigante, o nível do mar instantaneamente subiu, e, em seguida,
você veria uma enorme coluna de água irrompendo.

Hajime e as garotas tentaram ir para a superfície ao manipular a corrente de


água logo após todos os torpedos explodirem. Entretanto, parecia que, para um
monstro que possuía tamanho poder regenerativo, essa ação não foi capaz de
conseguir muito tempo. O absurdo do 〈Clione〉 gigante parecia facilmente
exceder as previsões deles.

[Hajime]: ("Yue, em cima!")

[Yue]: ("Tsk… nada bom, não vou conseguir!")

Uma geleia semitransparente estava à deriva acima de Hajime e as outras, que


tentavam ir para a superfície enquanto recuperavam o [Submarino] movido
remotamente, e isso se tornou um 〈Clione〉 de três metros quando ela se
reuniu e se solidificou em poucos segundos. E assim, quando a coisa abriu sua
enorme cabeça com um som de ] Gapa! [, o monstro engoliu a barreira de gelo
de uma vez. Naturalmente, Hajime e as garotas estavam dentro da barriga
do 〈Clione〉 juntos da barreira.

[Hajime]: ("Merda, a regeneração é rápida demais!")

[Kaori]: ("Parece que ele se regenerou de um tentáculo que foi despedaçado!")

[Shia]: ("Isto é ruim Hajime-san. Os arredores estão repletos de geleia!")

Aparentemente, não foi apenas do tentáculo que foi despedaçado, a geleia


semitransparente parecia ter sido distribuída em vários locais ao seguir a
correnteza do oceano desde o início da batalha.

[Yue]: ("… Hajime. Não há muito para manter a barreira! Eu não posso reforçá-
la porque não há água dentro da barriga do monstro!")

[Hajime]: ("Tch, todas, se preparem para o impacto!")


Yue desesperadamente resistiu ao derretimento da barreira de gelo com
incrível força. Hajime, enquanto fortalecia seu poder defensivo ao envolver a
barreira com ‖Vajra‖, pegou uma enorme quantidade de foguetes e torpedos
da [Caixa do Tesouro] e os colocou do lado de fora da barreira, mais
especificamente, na barriga do 〈Clione〉.

Mais uma vez, o corpo do 〈Clione〉 explodiu e se espalhou junto de um rugido


estrondoso. Como ela começou a derreter rapidamente, mesmo com a ajuda
de ‖Vajra‖, Hajime e as garotas, que receberam o choque da explosão, foram
lançados para longe, e a barreira de gelo também foi esmagada.

Eles foram jogados para o mar. Hajime controlou remotamente e moveu


o [Submarino] no oceano assim que ele pegou Kaori e Shia, que não
poderiam lutar diretamente debaixo da água.

Contudo, desta vez, o [Submarino] foi capturado. Uma parte do


enorme 〈Clione〉 se agarrou no fundo do [Submarino] antes que qualquer um
percebesse e abriu um buraco nele. No intervalo onde a velocidade de cruzeiro
caiu conforme a água do oceano entrava no interior do [Submarino], a geleia
semitransparente que tinha se espalhado, se reuniu de novo e envolveu
o [Submarino].

Além disso, Hajime e as outras notaram, quando eles estavam emergindo, que
uma enorme quantidade de geleia semitransparente estava se expandindo e os
cobrindo de cima. Julgando pela velocidade de recuperação anormal
do 〈Clione〉 gigante, não era possível superá-lo sem muito esforço.

Enquanto praguejava usando linguagem abusiva em sua mente por seu


orgulhado [Submarino] estar sendo derretido, Hajime chamou Yue com
a ‖Telepatia‖.

[Hajime]: ("Yue. Vou contar com o seu ‖Transcender Fronteiras‖")

[Yue]: ("… vai levar quarenta segundos")


[Hajime]: ("Os estorvos não vão nos abandonar. Para escapar do mar, nós não
temos escolha além de fazer isso")

[Yue]: ("Nn… conte comigo")

Yue fechou seus olhos para se concentrar e não se moveu. Kaori e Shia a
seguraram para que ela não fosse arrastada pela correnteza. O ‖Transcender
Fronteiras‖ que Yue estava tentando usar era uma das ‖Magias
Espaciais‖ que eles adquiriram no |Grande Vulcão Guryuuen|. Criando um
buraco entre dois pontos, o espaço entre eles era conectado. Em resumo, essa
era uma magia que criava um portal dimensional. Mesmo assim, como fazia
pouco tempo desde que ela aprendeu isso, para Yue a utilizar, seria preciso
todo esse tempo.

Os tentáculos que atacavam foram destruídos por Tio com um ataque rápido
da versão reduzida de seu ‖Sopro‖. Porém, como o consumo de |Poder
Mágico⟩ do ‖Sopro‖ era intenso, e como o poder e alcance caíam
consideravelmente debaixo da água, era difícil atingir os tentáculos devido a
linha reta do ataque e o baixo poder de destruição. O monstro iria alcança-los
em mais alguns segundos.

Hajime, pegando minérios sucessivamente da [Caixa do Tesouro], prosseguiu


usando continuamente a ‖Transmutação‖, e como a barreira de gelo que Yue
formou pouco tempo atrás, ele criou uma barreira física na forma de uma
esfera.

[Tio]: ("Mestre! Ele já atravessou!")

[Hajime]: ("Eu consegui fazer o que queria, então entrem todas!")

A barreira metálica grande o bastante para cinco pessoas estava completa, e,


simultaneamente, com Tio entrando por último, o buraco se fechou e o objeto
se tornou uma esfera de metal perfeita. Além disso, essa esfera de metal foi
coberta por |Poder Mágico⟩ vermelho. Ela estava sendo fortalecida
por ‖Vajra‖. Temporariamente, como [Pedras de Gravidade] também
estavam incluídas, ela não iria afundar.

Logo após isso, os tentáculos dispararam contra a esfera de metal, e


começaram a se enrolar nela rapidamente.

A geleia semitransparente, que derretia até |Poder Mágico⟩, imediatamente


destruiu e consumiu ‖Vajra‖. E então, até a superfície da esfera metálica foi
derretida em um instante. Entretanto, enquanto faíscas vermelhas percorriam a
esfera metálica, o metal derretido de suas beiradas e a parede protetora se
sustentavam por muito pouco.

Isso acontecia porque Hajime continuava a constantemente


usar ‖Transmutação‖ de dentro da esfera. Felizmente, havia tantos minérios
guardados dentro da [Caixa do Tesouro] que eles estavam literalmente
apodrecendo. Enquanto Hajime usava ‖Transmutação‖ repetidamente para
combater o derretimento, o momento que ele impacientemente esperava
finalmente chegou.

[Yue]: ("‖Transcender Fronteiras‖!")

A ‖Magia Espacial‖ de Yue foi invocada. Dentro da esfera de metal, uma


membrana brilhante de formato elíptico apareceu na imediata vizinhança de
Hajime e as garotas. Era o portal que se conectava a outro local.

[Hajime]: ("Todas, pulem nele!")

De acordo com o comando de Hajime, que continuava a


usar ‖Transmutação‖ ao apoiar sua mão na esfera metálica, todas pularam
dentro do portal juntas. Hajime pulou a seguir. Depois que Hajime o
atravessou, o portal imediatamente se fechou, e vários segundos mais tarde,
um incontável número de tentáculos perfurou a esfera metálica e a derreteu.

Hajime e as garotas, que passaram pelo portal, foram atingidos pela terrível
sensação de flutuar. Era porque o movimento feito antes os levou para o céu.
Para se separar do mar, mesmo que só um pouco, Yue estabilizou a saída a
cem metros de altura.

Na mesma hora, Tio usou ‖Dragonificação‖[1] e voou enquanto colocava


Hajime e as outras em suas costas. Nas costas de Tio, Yue começou a cair, e
Kaori e Shia a ajudaram de ambos os lados. Era um estado onde seu |Poder
Mágico⟩ estava completamente esgotado. Apressadamente, ela recarregou
seu |Poder Mágico⟩ com o [Conjunto de Cristais Mágicos].

(Hajime): “Yue, você nos salvou. Como esperado de você. Transferência


espacial é proporcional em dificuldade”

(Yue): “… haa, haa, nn. Eu fiz o meu melhor. Mas ainda não é possível usar
em combate”

Como Yue disse, a manipulação da ‖Magia Espacial‖ era tão difícil que não
poderia nem ser comparada com a ‖Magia da Gravidade‖, e, na visão de Yue,
ela ainda não estava em um nível em que poderia ser usada em um combate.
Muito tempo era consumido para construir a imagem da formação mágica,
mesmo com a ‖Composição por Imaginação‖, e a eficiência do |Poder
Mágico⟩ ainda era muito ruim, mesmo sendo uma transição espacial de
apenas cem metros, ela consumiu tanto |Poder Mágico⟩ que chegava a duas
vezes o consumo de uma magia de alto nível.

No entanto, como Yue era habilidosa, ela foi capaz de realizar isso e coloca-la
em uso em um curto período, e a fuga deles se tornou possível. Admiração era
enviada por Kaori e as outras, e, até certo ponto, Yue corou envergonhada.

Embora todos tenham relaxado com essa situação, no momento seguinte, suas
expressões congelaram.

] Doogoooooooo!!! [

] Zabaaaaaaaa!!! [
Junto de um som estrondoso, subitamente, um enorme tsunami surgiu atrás de
Hajime e as garotas para arrastá-los para baixo. Não, chamá-la de enorme
seria presunçoso. Ela já era um muro que chegava aos céus. O tsunami, que
parecia facilmente ultrapassar quinhentos metros de altura, apareceu para
atacá-los enquanto erguia cristas de ondas no distante céu onde Tio voava a
cem metros do nível do mar. E o diâmetro parecia ser de cerca de um
quilômetro.

(Hajime): “Tsk, Tio!”

[Tio]: ("Entendido!")

Tio se recuperou com o grito de Hajime, acelerando de uma vez enquanto batia
suas asas. Não havia como escapar. A ‖Magia Espacial‖ demoraria demais.
Se fosse assim, não havia nada a pensar além de seguir para o outro lado. Ela
voou com uma velocidade que rivalizava com a vez em que escapou
do |Grande Vulcão Guryuuen|.

(Kaori): “... ‖Selo de Contenção‖, ‖Sábio do Além‖!”

(Yue): “‖Sábio do Além‖”

Kaori produziu uma corda de luz que conectou todos para se prepararem
quando fossem engolidos, enquanto ao mesmo tempo, ela expandia sua magia
defensiva de alto nível com Yue. Shia deu um aviso no instante seguinte
enquanto ela arregalava seus olhos e se concentrava em algo.

(Shia): “Tio-san, cuidado! De dentro do tsunami! Tentáculos estão vindo!”

Ela parecia relatar a cena que viu com sua magia característica, ‖Suposição
do Futuro‖, uma derivação de sua ‖Premonição‖. Tio, sem nem mesmo
confirmar as palavras de Shia, girou seu corpo instantaneamente. Em seguida,
incontáveis tentáculos surgiram de dentro do tsunami e perfuraram o espaço
onde Tio estava até um momento atrás.
Ela foi capaz de desviar deles com sucesso. Contudo, a distância com o
tsunami diminuiu por essa razão. Os tentáculos ainda continuaram a atacar,
mas Hajime os interceptou e os queimou até virarem cinzas com o [Lança-
Chamas]…

(Hajime): “Droga! Todas, se juntem!”

Hajime, que estava nas costas de Tio, cobriu Yue, Shia e Kaori como se
estivesse as abraçando, e então, logo depois disso, o enorme tsunami, que
poderia ser chamado de desastre natural, os engoliu.

Como havia o ‖Sábio do Além‖ usado tanto por Yue quanto por Kaori, e
embora eles não tenham recebido o impacto do tsunami diretamente, mesmo
assim, eles foram violentamente atingidos pela feroz torrente e voltaram para
dentro do mar.

Uma parte do ‖Sábio do Além‖ foi completamente esmagada, e a outra parte


já estava rachando. Supondo que eles não tivessem expandido a barreira em
mais uma parte, neste momento, eles poderiam estar rumo a seus túmulos
marinhos. Hajime e as outras sacudiram suas cabeças com o choque de serem
jogados dentro do oceano e ergueram seus rostos enquanto mostravam
expressões sombrias mais uma vez.

(Hajime): “Ele realmente não vai deixar sua presa escapar, vai?”

O enorme 〈Clione〉 já estava diante de Hajime e as garotas, que estavam


protegidos pelo ‖Sábio do Além‖. Além disso, sua figura estava ficando ainda
maior e já tinha excedido vinte metros. Isso ainda era insuficiente? Enquanto
reunia geleia semitransparente dos arredores, a coisa continuava a crescer
ainda mais.

(Kaori): “Nã-não pode ser... ele não morre, derrete qualquer coisa e manipula
até o mar... o que devemos fazer?”

(Shia): “… Hajime-san. Você pode me dar um beijo sério? Eu quero fazer isso
com Hajime-san pelo menos no final”
(Tio): “… fuu, Mestre. Esta também, esta deseja um beijo no fim”

Kaori ficou com uma expressão sombria com o desespero, e Shia implorou a
Hajime com um sorriso como se estivesse constrangida. Tio fez o mesmo.

Entretanto, as garotas que viraram seus olhares para Hajime sacudiram seus
corpos com um "Biku". O motivo eram os olhos de Hajime brilhando com
chamas. O brilho em seus olhos era feroz, carregando intenção assassina que
chegava a um nível de insanidade, e ele estava encarando o 〈Clione〉 que se
tornava maior enquanto mostrava seus dentes.

Hajime não faria algo como desistir. Não havia nem mesmo uma minúscula
evidência de tal pensamento. O que estava em sua cabeça era: o que eles
deviam fazer para matar o inimigo diante de seus olhos e como eles poderiam
sobreviver, era apenas isso. Confrontado por um inimigo formidável de um
nível impossível, se isso fosse o bastante para fazê-lo desistir, Hajime não
poderia estar agora neste local. Ele certamente teria perecido no Abismo muito
tempo atrás.

E entendendo isso, como eles escaparam da beira da morte no Abismo juntos,


Yue também ainda pensava em uma solução desesperadamente sem carregar
nenhum vestígio de resignação.

Com os olhos de Hajime que brilhavam, Kaori, Shia e Tio, embora paralisadas
enquanto o encaravam com expressões que ressaltavam o fato de que seus
corações tinham sido roubados, recuperaram suas consciências porque
o 〈Clione〉 gigante começou seu ataque quando finalmente chegou a trinta
metros.

Em pânico, Kaori formou o ‖Sábio do Além‖ mais uma vez. Shia buscou
possibilidades de vitória com a ‖Suposição do Futuro‖. Tio disparou
seu ‖Sopro‖. Nos olhos das garotas, não havia nenhum indício de elas
estarem desistindo. Elas eram mulheres corajosas, caso contrário não estariam
ao lado de Hajime.
Yue também, apesar de ela ainda não ter pensado em um plano para escapar,
no momento, ela estava agindo tanto ofensiva quanto defensivamente em
nome da sobrevivência.

Hajime não fez nada em particular e apenas trabalhou intensamente em seus


pensamentos. No pouco tempo que Yue e as outras ganharam, ele continuou a
buscar um caminho para a vitória com pensamentos em alta velocidade
enquanto invocava a ‖Velocidade da Luz‖. Ele se obrigou a se lembrar de
toda a informação que adquiriu até o momento. Com uma força incrível no
cérebro de Hajime, as cenas de até agora foram repassadas.

E então, ele se lembrou. Ele e as garotas tinham escapado do 〈Clione〉 gigante


antes. Isso se tornou uma pergunta. “Apesar de possuir tanto poder, por que
ele nos ignorou daquela vez?”. Naquele momento, o que estava diferente em
relação a batalha atual? Será que…

(Hajime): “Não estamos usando fogo o bastante”

Correto, na última vez, Tio e Yue usaram ‖Magia do Fogo‖ com grande
ímpeto. Daquela vez, os tentáculos viraram cinzas e não poderiam mais ser
usados para ele se regenerar.

Hajime encontrou esperança nisso. Embora fosse apenas um palpite sem


nenhuma prova, provavelmente, a regeneração do 〈Clione〉 não era infinita. A
geleia semitransparente que compunha seu corpo e parecia ser infinita, na
verdade, possuía uma quantidade finita.

Aliás, a coisa parecia ser capaz de criar a geleia por conta própria, julgando
pelo que ele viu até agora. No entanto, se o monstro fosse aniquilado de uma
vez, ele precisaria de tempo para repor a geleia. Portanto, como na última vez
ele teve que repor uma enorme quantidade de seu corpo danificado, ele
priorizou sua regeneração ao invés da perseguição, e Hajime e as garotas
foram capazes de fugir por esse motivo.
Nesse caso, a situação era a mesma. Estaria tudo bem se eles pudessem
aniquila-lo mais rápido do que a criação ou regeneração da geleia
semitransparente que formava o 〈Clione〉. Entretanto, este lugar era o oceano.
Podia se dizer que ‖Magia do Fogo‖ não poderia ser usada de forma muito
efetiva. Apesar do ‖Sopro‖ de Tio possuir uma grande temperatura, isso não
parecia o bastante para destruir o monstro. Não havia outro método. Não havia
nenhuma arma disponível que poderia destruí-lo. Nesse caso…

(Hajime): “Está tudo bem se eu apenas criar uma”

Hajime, retirando torpedos e minérios sucessivamente da [Caixa do Tesouro],


começou a produzir algo com força incrível.

(Yue): “… Hajime? Você pensou em algo?”

(Hajime): “Yeah. Para usar fogo dentro do mar não há outra escolha além
disto. Devemos derrota-lo se tudo correr bem”

(Kaori): “Hajime-kun, isso é verdade!?”

(Shia): “Como esperado de Hajime-san! Eu acreditei em você desde o início!”

(Tio): “… Shia, você, tu não pediste um beijo como se já tivesses desistido?


Não, deixando isso de lado, esse é o nosso Mestre!”

(Hajime): “Contudo, vai levar tempo. Todas, eu vou deixar isso com vocês”

Para Hajime, que disse isso enquanto mostrava um sorriso destemido, Kaori,
Shia e Tio imediatamente concordaram com suas cabeças veementemente, e
elas confrontaram o enorme 〈Clione〉 enquanto aumentavam suas
concentrações.

Hajime expandiu suas capacidades de percepção ao máximo usando


a ‖Velocidade da Luz‖, além disso, ele demonstrou seu poder de
concentração que excedia sua limitação ao usar o ‖Superar Limite‖ ao
mesmo tempo, enquanto colocava todo o seu poder na criação da arma.
Apesar de ele completar uma bala, a produção em massa da munição não
chegaria no nível das balas comuns, dado o nível de extrema dificuldade na
criação delas. Entretanto, se elas fossem usadas esporadicamente,
o 〈Clione〉 gigante poderia conseguir se regenerar ou criar a geleia
semitransparente. A situação iria piorar imensamente se isso acontecesse. Se
ele fosse atacar, ele teria que fazer isso para exterminar o alvo
instantaneamente. Enquanto era envolvido em |Poder Mágico⟩ vermelho, a
prova do ‖Superar Limite‖, a ‖Transmutação‖ frenética de Hajime se repetiu.

Contudo, a realidade era cruel. Enquanto o enorme 〈Clione〉 estivesse no mar,


ele possuía uma vantagem esmagadora, e mesmo que Yue e as garotas que
formavam esse grupo de trapaceiras continuassem lutando, elas não seriam
capazes de rivalizar com a coisa por muito tempo.

Embora Yue, Kaori, Shia e Tio estivessem lutando desesperadamente com


expressões tensas, não parecia que elas seriam capazes de aguentar até que
a preparação de Hajime estivesse completa.

[Hajime]: ("Três minutos, e tudo isto acaba, se eu conseguir três minutos!")

Enquanto invocava a ‖Telepatia‖ instintivamente, Hajime gritou isso.


Finalmente, o 〈Clione〉 gigante, cujos ataques ferozes elas não podiam conter,
se aproximou de seus olhos e se moveu para engolir Hajime e as garotas
assim que sua cabeça se dividiu com um ] Gapa! [.

Hajime relutantemente decidiu atirar, mesmo que fosse apenas uma forma de
tentar sobreviver.

Porém, nesse momento, não foi nem Yue, Shia, Tio ou Kaori, mas a voz de um
refinado velhote que respondeu ao grito de Hajime com ‖Telepatia‖.

[???]: ("Yo, Menino Ha. Isso não parece perigoso? Occhan[2] vai ajudar")

[Hajime]: ("!?!?!? Es-esta voz, não pode ser, Lee-san?")

[Leeman]: ("Yeah. O amigo do Menino Ha, é o Lee-san")


Sim, quem apareceu foi aquele que estava preso no aquário de |Fhuren|, era o
monstro-peixe com cara humana, Leeman, quem Hajime chamava de Lee-san.
Hajime, quando olhou ao redor enquanto arregalava seus olhos pela surpresa,
subitamente viu uma enorme sombra prateada atingindo o corpo gigante
do 〈Clione〉 do lado. O enorme 〈Clione〉, que estava a ponto de abater suas
presas assim que abriu sua boca, foi atirado para longe assim que recebeu o
perfeito ataque surpresa e foi empurrado.

Nesse intervalo, o peixe com rosto humano nadou nas imediações da barreira
do ‖Sábio do Além‖. Com a abrupta situação, Yue e as outras foram
completamente incapazes de entender o que estava acontecendo. Vendo a
figura de Leeman, Yue e Tio começaram a se questionar, Shia arregalou seus
olhos surpresa dizendo, "O daquela vez!", e, finalmente, Kaori estava gritando
com um “Hii!?”.

[Leeman]: ("Shia jou-chan[3] também está bem?")

(Shia): “Fue!? Um, si-sim! Eu estou sadia”

[Leeman]: ("Isso é esplêndido. Então, Menino Ha, o que você está


aprontando? Se você tiver mais três minutos, você vai ser capaz de lidar com
o 〈Akujiki〉[4]? Se você tem que fazer algo, faça isso depressa. Você não tem
muito tempo, tem?")

[Hajime]: ("Y-yeah. Embora eu não tenha entendido muito bem, de qualquer


forma, você nos salvou. Obrigado Lee-san")

Hajime moveu a mão que ele parou com a súbita aparição de Leeman, e voltou
a se concentrar na criação da arma com pressa.

Enquanto isso, a enorme sombra prateada realizava um ataque suicida contra


o 〈Clione〉 gigante, conquistando tempo ao trocar golpes com o monstro. Na
realidade, a verdadeira identidade da sombra prateada parecia ser um grupo
de peixes. Eles não eram nem mesmo 〈Feras Mágicas〉, eram apenas peixes
comuns. Embora eles fossem apenas peixes, dezenas de milhares, não, seu
número era de centenas de milhares, e parecia que eles eram capazes até de
segurar esse monstro. Mas como seu número diminuía a cada ataque, com
toda certeza, eles não seriam capazes de continuar assim por muito tempo.

Por que Leeman estava no local? Shia, que foi escolhida à força como a
representante porque ela parecia ser uma conhecida dele, fez essa pergunta.

[Shia]: ("U-um, Lee-san? Está tudo bem? Uh, o que diabos está
acontecendo?")

[Leeman]: ("Hmph, não é nada de importante. Como eu estava perto desta


área, uma comunicação telepática foi ouvida acompanhada por um enorme e
familiar |Poder Mágico⟩. O que eu vi quando disparei para cá, não foi o Menino
Ha sendo atacado pelo 〈Akujiki〉? Apesar de haver muitas perguntas, essa é
uma crise envolvendo meu amigo. Seria vergonhoso para um homem não fazer
nada")

(Shia): “Uh, aquele grupo de peixes... o 〈Akujiki〉 está nele?”

[Leeman]: ("O 〈Akujiki〉 é aquela coisa. Há muito tempo, um monstro que


assombra o mar desde tempos antigos... não, aquela coisa é um desastre
natural. Ele também pode ser chamado de um ancestral das 〈Feras Mágicas〉.
Aquela multidão de peixes está sendo guiada por minha habilidade. Para nossa
espécie que usa ‖Telepatia‖, a habilidade nos permite manipular as criaturas
do mar comuns até certo nível")

Um fato surpreendente surgiu. O peixe com rosto humano, Leeman, parecia


ser capaz de manipular peixes. O grupo de peixes quase foi destruído no
momento que a conversa de Leeman terminou, e o 〈Clione〉 gigante mais uma
vez atacou enquanto abria sua boca e seguia na direção de Hajime e as outras.

Contudo, o tempo adquirido pelo nobre sacrifício... foi precisamente três


minutos.

Um grupo de torpedos maior do que os comuns se espalhou ao redor


do ‖Sábio do Além‖ que cercava Hajime e as outras. O número era de
aproximadamente 120. E o mesmo número de anéis flutuava ao redor de
Hajime, que sorria audazmente.

Quando ele ativou o [Minério de Indução] em sua mão, o grupo de torpedos


foi lançado de uma vez. 120 torpedos dispararam em alta velocidade enquanto
desenhavam uma linha de bolhas contra o 〈Clione〉 gigante que abria sua
boca. Contudo, se fossem apenas os torpedos, como eles seriam capazes
apenas de dispersar o corpo do 〈Clione〉 mesmo com suas explosões, não
haveria dano considerável e ele provavelmente iria se regenerar
imediatamente.

O enorme 〈Clione〉 tentou interceptar o grupo de torpedos, enviando um


enorme número de tentáculos como se estivesse aborrecido com o estorvo que
atrapalhava sua refeição, e todos encararam a cena se perguntando o que iria
acontecer. Hajime, que excedeu o limite de torpedos manipulados com o
máximo de seu poder de concentração, mal foi capaz de desviar dos ataques.

(Hajime): “Você não vai desviar deles? Então, eu vou te fazer engoli-los até
ficar cheio”

O murmúrio de Hajime ressoou. O enorme 〈Clione〉, que parecia ser conhecido


como 〈Akujiki〉 em razão de sua capacidade de absorver qualquer coisa, fez
Hajime pensar que esse era o motivo para ele não desviar dos ataques.

E assim, a expectativa se provou correta. O grupo de torpedos que desviou da


barragem de tentáculos, atingiu diretamente e penetrou o 〈Clione〉 gigante
uniformemente, sem nem mesmo mostrar vontade de desviar.

Contudo, uma explosão não aconteceu. Enterrados no corpo gigante


do 〈Clione〉, apesar de eles estarem derretendo, não houve nenhuma
explosão. O 〈Clione〉 que estava absorvendo o grupo de torpedos negros em
seu corpo estava ficando com um padrão de cores como se veneno estivesse
invadindo deu corpo.
Hajime, antes do grupo de torpedos derreter completamente, seguiu com o
próximo movimento. Ele pegou uma quantidade imensa de líquido negro dentro
do espaço vazio da [Caixa do Tesouro]. Era o piche formado pela forma
líquida do [Minério das Chamas]. O interior dos anéis flutuantes era como
uma cachoeira derramando o líquido.

Então, ao mesmo tempo, todo o gigante corpo do 〈Clione〉 começou a ser


manchado de preto. Como água encharcando um papel e mudando sua cor
inteira, o líquido negro estava invadindo o enorme e semitransparente 〈Clione〉.
O culpado era o piche do [Minério das Chamas] em forma líquida que foi
colocado dentro dos anéis.

Os anéis e o grupo de torpedos, todos estavam conectados por um pequeno


portal. O que passou pelo interior do anel atravessou o espaço e chegou ao
mesmo tempo no anel usado como saída e que foi construído no interior dos
torpedos. Em outras palavras, os torpedos não eram explosivos, eles eram
formas de carregar os anéis, e, ao mesmo tempo, eles também eram uma
barreira física que servia para enviar o piche.

Naturalmente, embora o piche também estivesse derretido, com o total de 120


portais, a velocidade de derretimento da enorme quantidade de piche que era
derramada sem pausa não poderia acompanhar a invasão de todo o corpo
do 〈Clione〉.

Em um instante, o 〈Clione〉 gigante, embora tentasse fugir da invasão ao


separar seu corpo, foi impedido por Yue e as garotas. A separação foi
minuciosamente detida por uma barreira, ‖Magia de Gelo‖ e o ‖Sopro‖. Ainda
assim, o portal de Yue não poderia ser usado porque ela não era capaz de
abri-lo com precisão em um alvo em movimento. Para ser capaz de fazer isso,
dois pontos no espaço tinham que ser conectados.

O 〈Clione〉 gigante, por ter ficado sério e pensado em acabar com Hajime e as
outras ao usar seu potencial de batalha com o volume máximo de geleia
semitransparente que ele conseguiu reunir dos arredores, viu seu plano se
voltando contra si. O piche que Hajime derramou nele terminou de tingir o
enorme 〈Clione〉 de preto sem deixar nenhum ponto para trás.

Hajime, enquanto curvava seus lábios, perfurou o monstro com olhos brilhantes
e ferozes. Em sua mão, uma pequena brasa estava acesa.

(Hajime): “Queime no fogo do inferno e morra”

A brasa que foi lançada pelo polegar de Hajime, enquanto desenhava um arco,
atingiu diretamente o piche, como se estivesse sendo sugada. Nesse
momento, um calor escaldante de 3.000 °C surgiu e se espalhou pelo portal
instantaneamente.

Em pouco tempo, ele foi tingido de preto e o enorme 〈Clione〉 tentou absorver o
piche dentro de seu corpo com uma aura que transmitia seu desespero, e,
desta vez, ele foi tingido por uma vermelho ardente. Como Hajime disse, de
dentro de seu corpo, o fogo infernal que não era capaz de ser detido, não
permitiu nem mesmo um momento de resistência, e o corpo do monstro foi
completamente queimado.

Uma enorme flor carmesim floresceu no mar, finalmente aparecendo de dentro


do corpo do enorme 〈Clione〉, acompanhada por uma massa de bolhas e o
monstro foi destruído, fritando até mesmo seu exterior. E então, as chamas de
altíssima temperatura criaram uma violenta explosão de vapor enquanto
evaporavam a água do mar em um instante.

] Goobaaaaaaa!!! [

Um impacto tremendo surgiu, e o distante mar queimou. Na água, que ainda


estava em fúria, era como se uma tempestade estivesse passando. Dentro do
mar agitado, Hajime e as outras, que se protegeram do impacto com uma
barreira, procuraram pela forma do enorme 〈Clione〉.

Seus olhares percorreram o oceano sem negligência, e a água estava se


acalmando aos poucos... a forma do 〈Clione〉, que era como um pesadelo, não
podia ser vista em lugar algum. Hajime investigou o local cuidadosamente
usando o [Olho Mágico] e a ‖Visão de Longo Alcance‖, mas, como
esperado, os traços do 〈Clione〉 gigante não foram refletidos.

Hajime e as garotas estavam convencidos. O monstro de tempos antigos... a


subjugação do 〈Akujiki〉 foi completada.

(Hajime): “Guh… de alguma forma, conseguimos?”

Os anéis que flutuaram pelos arredores se espalharam e afundaram enquanto


perdiam seu poder, e o |Poder Mágico⟩ vermelho que cobria o corpo de
Hajime rapidamente se dispersou e desapareceu. Ao mesmo tempo, Hajime,
que cambaleou com o efeito colateral do ‖Superar Limite‖, se ajoelhou dentro
da barreira do ‖Sábio do Além‖, e ficou com uma expressão distorcida pela
intensa dor de cabeça pelo excesso de trabalho.

Contudo, seus olhos diziam, "Eu o matei!", grande alegria transbordava por sua
sobrevivência e vitória.

(Yue): “… Hajime, você está bem?”

(Kaori): “Hajime-kun, eu vou te curar imediatamente!”

Yue rapidamente se aproximou do lado de Hajime e apoiou seu corpo. Kaori


também foi cura-lo assim que ela invocou sua ‖Magia de Cura‖ com pressa.
Shia e Tio também se aproximaram de seus lados e abraçaram o garoto.

(Shia): “Você conseguiu! Hajime-san!”

(Tio): “Como esperado do Mestre... tu fizeste uma cena de assassinato


extrema. Esta sentiu arrepios”

Com a cura de Kaori, enquanto sentia sua dor de cabeça diminuindo com o
tempo, Hajime também relaxou sua expressão com suas companheiras que se
reuniram a seu redor. Enquanto estavam absorvidos pelas reverberações da
vitória, quando as coisas ficaram calmas, a voz de um homem velho parecendo
um pouco indignado ressoou.
[Leeman]: ("Yoo, Menino Ha. Por favor, me diga se você for explodir algo.
Você não considerou que eu poderia morrer?")

[Hajime]: ("Ah, Lee-san. Desculpe. Eu não pensei em nada além de matar


aquela coisa")

Aparentemente, Leeman foi atirado para muito longe com a última explosão.
Como Hajime usou todo o seu poder para matar o 〈Clione〉 gigante, sua
consciência não se dirigiu para Leeman. Além disso, a última explosão não era
algo que Hajime tinha planejado. Por um momento, Hajime também ficou
surpreso.

[Leeman]: ("Bom, não havia o que fazer já que você estava enfrentando
o 〈Akujiki〉, não é? Independentemente do que foi feito, isso foi esplêndido")

[Hajime]: ("Se Lee-san não tivesse aparecido, as coisas teriam ficado


realmente terríveis. Obrigado")

[Leeman]: ("De nada. Bom, eu só segui o meu código moral. Não se preocupe
com isso")

[Hajime]: ("Você é um homem honrado como sempre. Como esperado de Lee-


san. Eu também sou grato pela coincidência de você estar aqui")

[Leeman]: ("Menino Ha, quando as coincidências se acumulam, não podemos


chamar isso de inevitável? Esse Occhan sendo capaz de ajudar você também
foi inevitável, e o fato de você sobreviver também é uma inevitabilidade")

Hajime relaxou sua boca com um, "hah", o mesmo feito pelo peixe com cara de
velhote, que sorria amplamente. Para as duas pessoas que estavam se
comunicando, o grupo feminino no plano de fundo estava discutindo com
sussurros.

(Tio): “… o que é isso? Eles não estão conversando excessivamente?”

(Yue): “… amizade honorável entre homens?”


(Kaori): “Hajime-kun… o amigo que ele conseguiu fazer no outro mundo foi o
Seaman[5]? Até no Japão a cena dele se dando tão bem com alguém assim
não poderia ser vista!”

(Shia): “Esse sentimento já existia desde a última vez. Conversa de garotas


não pode se tornar outra coisa além de conversa de garotos se for entre
homens, não é? Bom, no entanto, o outro lado é um velhote…”

Para elas, a atmosfera de intimidade entre Hajime e Leeman tinha um certo


significado, quando Yue e as outras ficaram com expressões complicadas e os
observaram, sem demonstrarem sua perplexidade, a conversa dos dois
também parecia ter terminado.

[Leeman]: ("Portanto, Occhan já está indo. Menino Ha. Vamos nos encontrar
de novo se o destino permitir")

[Hajime]: ("Yeah. Lee-san, cuide-se")

Com um aceno mútuo, Leeman se virou. Entretanto, quando olhou para trás
enquanto avançava um pouco, ele falou com Shia.

[Leeman]: ("Jou-chan. Parece que há muitas rivais, mas dê o seu melhor.


Quando você estiver com seus filhos, vamos deixá-los brincar com as minhas
crianças. Eu também vou te apresentar minha esposa. Até breve")

Quando ele partiu deixando apenas essas palavras, desta vez sem olhar para
trás, ele desapareceu no oceano.

Aqueles que ficaram para trás…

(Todos): “Você é casado!?!?!?”

Foi um grande choque para Hajime e seu grupo. Embora ele tivesse um ar de
um andarilho, quando se pensava que ele tinha uma família, nada além de um
velhote inútil podia ser visto. Por um tempo, o grito deles ecoou pelo mar.
Notas

[1] Alterando “Forma de Dragão” para “Dragonificação”.

[2] Occhan é uma forma informal de se referir a um tio ou a um homem mais


velho que não faz parte de sua família.

[3] Ojou-chan significa "pequena senhorita" em japonês e é uma forma


respeitosa e carinhosa de se referir a uma mulher mais jovem.

[4] Akujiki, no budismo, é uma expressão que pode ser traduzida como "comer
algo proibido".

[5] Seaman é um jogo para Dreamcast que simula uma mascote virtual. É um
dos poucos jogos de Dreamcast que utiliza o microfone que vem como
acessório no console. A narração é feita por Toshiyuki Hosokawa, no original
em japonês, e por Leonard Nimoy, na versão em inglês. O rosto da
criatura Seaman é na verdade o produtor do jogo, Yoot Saito.

Capítulo 96: A promessa com a filha

(Myuu): “Papaaaai! Já é de manhãããã! Acordeeee!”

Em um canto da |Cidade Marítima Elisen|, uma voz de criança ressoou no


segundo andar de uma certa casa. O horário, atravessando a manhã
lentamente, era por volta de quando você começa a sentir o calor do dia. Da
janela, como uma previsão que o clima de hoje seria bom, o Sol da manhã
surgia brilhantemente.

] Dosun! [

(Hajime): “Aaaaa?”

Hajime estava dormindo na cama, que estava sendo iluminada por esse Sol
matutino. E, o chamando de Papai estava Myuu, que foi acordá-lo com uma
voz energética.
Myuu realizou um magnífico salto cujo peso não foi sentido apenas na cama,
sua aterrissagem, que merecia um dez perfeito, foi feita na barriga de Hajime,
que era seu Papai. É claro que ela não estava de pé nele. Ela estava sentada
de pernas abertas em cima do rapaz.

Apesar de ela ainda ter apenas quatro anos de idade, o peso de seu corpo já
chegava a 15 ou 16 quilos. Se uma criança com tal peso pulasse no abdômen
de uma pessoa normal, ela provavelmente gemeria, mas, naturalmente, Hajime
nem mesmo sentiu dor. No entanto, um gemido sonolento apareceu porque ele
foi forçado a acordar.

(Myuu): “Papai, se levante. É de manhã. Bom dia”

(Hajime): “… aah, Myuu? Dia. Por favor, pare de ficar fazendo ] pechipechi [
porque eu já acordei”

Ela estava tão feliz por Hajime ter acordado? Enquanto mostrava um sorriso
brilhante, Myuu tamborilava no rosto de Hajime com sons de ] pechipechi [ de
suas mãos que pareciam pequenas folhas. Hajime, enquanto segurava Myuu e
levantava seu corpo a cumprimentando, acariciou o cabelo verde-esmeralda
dela gentilmente. Vendo Myuu apertando seus olhos se sentindo contente, o
rosto de Hajime também relaxou.

(Yue): “… nn… au… Hajime? Myuu?”

Dentro de tal clima reconfortante, subitamente, uma voz que faria qualquer um
se sentir seduzido ressoou. Hajime, quando virou um pouco os lençóis com sua
atenção atraída para esse lado, viu a figura sonolenta de uma linda garota
esfregando seus olhos com as costas de suas mãos curvadas como se fosse
um gato.

Longos cabelos loiros escorriam como ondas e não poderiam ser chamados de
bagunçados, mesmo que ela tivesse acabado de acordar, e eles brilhavam por
causa do Sol da manhã entrando pela janela, a fazendo piscar seus olhos
carmesins que eram vermelhos como rubis. Como ela não estava usando
roupas, da mesma forma que Hajime, sua pele era completamente branca sem
nenhuma mácula e o par de vales que podiam ser vistos pelas aberturas de
seu cabelo que pendiam em sua frente e criava uma sensação de sedução e
encanto juntamente com o som de sua voz.

(Myuu): “Mas por que Papai e Yue-oneechan sempre estão pelados?”

A inocente pergunta de Myuu se referia ao "horário em que eles acordavam


pela manhã". De forma alguma isso significava que eles eram um par de
nudistas.

E, parecendo se questionar, "Talvez eles não tenham pijamas?", Myuu olhou


alternadamente para Hajime e Yue com olhos que observavam algo um pouco
lamentável. Para a questão pura e infantil, com perguntas como, "É por que
roupas atrapalham?", Hajime, que não era capaz de dar uma resposta sem que
ela fosse confundida com assédio sexual, pediu que Yue o ajudasse com uma
expressão levemente preocupada.

Em sua consciência que se gradualmente despertava, Yue, que imaginou a


aflição de Hajime, voltou a seu modo adulto para responder à pergunta da
garota inocente.

(Yue): “… Myuu vai entender quando ela ficar maior”

(Myuu): “Você entende quando fica maior?”

(Yue): “… nn, você entende”

Para Myuu que inclinava sua cabeça, Yue fugiu da pergunta claramente à
força. A educação sexual de Myuu foi deixada para Remia, sua mãe.
Entretanto, Myuu, que inclinou sua cabeça para o lado com uma expressão que
não parecia concordar enquanto soltava um "Uuuun", olhou para trás
lentamente e fez mais uma pergunta inocente enquanto encarava um certo
ponto, encurralando Hajime.
(Myuu): “Papai também, você sabe por que este lugar fica grande? Mas, Myuu
não tem isto. Myuu não vai entender?”

Dizendo isso, em um certo local onde o característico fenômeno fisiológico das


manhãs aparecia, Myuu começou a tamborilar com suas mãos fazendo ]
peshipeshi [. Apesar de não ter sofrido um impacto tão grande, Hajime, que
ficou em choque com o toque em seu local delicado, mudou a forma como ele
segurava Myuu depressa para separá-la o máximo possível "daquilo".

(Hajime): “Myuu, não toque nisso. Escute. É natural que Myuu, que é uma
garota, não tenha um. Está tudo, então não se preocupe com isso. Em mais
dez anos, não, vinte anos, ou melhor, pelo resto de sua vida, isso é algo com
que você não tem que se preocupar, não importa o que aconteça”

Hajime disse algo tolo com uma cara extremamente séria. Myuu concordou
com um ] kokuri [ porque isso foi dito por seu amado Papai, mesmo que
uma "?" flutuasse em sua mente. Ficando com uma expressão um pouco
satisfeita com isso, Hajime mais uma vez desembaraçou os cabelos de Myuu
ao penteá-los com sua mão. Myuu também, depois que suas perguntas de um
momento atrás foram esquecidas, começou a se concentrar nesse sentimento
gentil.

Para essa cena, um olhar estava voltado com um sentimento de alegria, era
Yue, que estava ao lado dele. Em seus olhos, "Superprotetor", "Energético por
causa da manhã" e "Uma vantagem das manhãs?", sentimentos deste tipo
pareciam estar contidos neles.

Hajime encarou outra direção com isso. Dentro do calor que aumentou um
pouco por causa da luz do dia, essa cena reconfortante continuou até Remia e
Kaori e as outras, que se inquietaram por Myuu não ter voltado depois de ir
acordar os dois, aparecerem no quarto.

Hajime e as outras, após completarem as |Ruínas Submersas Merujiine|,


voltaram para |Elisen| nas costas de Tio, que usou a ‖Dragonificação‖,
porque eles perderam o [Submarino], e, mais uma vez, seis dias se passaram
desde que eles se tornaram assunto na cidade. Desde o dia que voltaram,
Hajime e as outras ficaram na casa de Remia e Myuu.

A cidade chamada |Elisen| era uma ilha flutuante de madeiras interligadas com
uma enorme população. Como o vasto mar se tornava um terreno infinito, toda
a cidade tinha a aparência de ser basicamente um espaço livre feito com os
espaços entre os prédios e as ruas. A casa de Remia e Myuu tinha um
tamanho muito maior do que o suficiente para duas pessoas viverem, e era um
espaço tão confortável que até com Hajime e as garotas, cinco pessoas,
ficando lá, não houve qualquer sensação de inconveniência.

Assim, eles tiveram tempo para reabastecer seus equipamentos e dominar


a ‖Magia da Era dos Deuses‖ que eles obtiveram. Embora parte fosse pelo
clima de férias causado pela culinária perfeita de frutos do mar de |Elisen|, o
vento e as ondas também eram agradáveis, e o local era muito confortável.

No entanto, eles sentiram que o descanso foi pouco após ficarem na casa por
seis dias. O motivo, evidentemente, era Myuu. Não era possível levar a menina
com eles em sua jornada além deste ponto. Uma garota de quatro anos de
idade, sem qualquer tipo de poder, seria absurdo levar ela para o |Grande
Calabouço| no extremo Leste.

Sem mencionar que os dois |Grandes Calabouços|, excluindo o |Mar de


Árvores Haltina|, estavam em locais ainda mais complicados. Um estava no
território da raça dos ⌊Demônios⌋, a |Caverna de Gelo Shunee|. E o outra
certamente estava em algum lugar na |Montanha de Deus|. Em ambos os
casos, eles teriam que entrar no coração de uma grande nação. Para locais tão
perigosos, eles absolutamente não poderiam levar Myuu.

Graças a isso, embora eles devessem se despedir desta cidade, isso foi
descoberto? Quando Hajime e as garotas tentavam começar essa conversa,
Myuu sempre ativava seu modo de criança ultra mimada e eles não poderiam
começar a falar porque ela invocava a “Morte certa! Petição de Silêncio da
Garotinha!”. Eventualmente, continuando com o treinamento da ‖Magia da Era
dos Deuses‖ e na conclusão dos novos equipamentos, eles ficaram até o
sexto dia, mesmo que fosse apenas para pensar em uma desculpa.

(Hajime): “Mesmo assim, se eu não me despedir de forma razoável... haa, o


que eu devo dizer a Myuu... será que ela vai chorar? Seu choro... haa, é
depressivo”

Hajime, enquanto preparava alguns equipamentos com


a ‖Transmutação‖ sentado no píer, murmurou um solilóquio em aparente
melancolia. No momento que ele escapou do inferno, apesar de pensar que
todo este mundo era inconsequente, agora, ele estava quebrando a cabeça
para se despedir de uma pequena criança. Nesse estado atual, em sua mente,
Hajime tinha sentimentos complexos.

(Hajime): “A culpa é sua Sensei…”

Descartar tudo neste mundo, a ideia de não se importar com todos os


sacrifícios apenas por seu objetivo desapareceu por completo, e Hajime usou
palavras abusivas ao se lembrar de sua antiga professora, que foi o estopim
que o levou para passar a carregar tais pensamentos. Contudo, Yue, Shia,
Kaori e Tio estavam diante de seus olhos, e vendo o rosto sorridente de Myuu,
que estava brincando de pega-pega debaixo da água com as garotas, o sorriso
que apareceu em seu rosto era o oposto de suas palavras.

Mesmo não sendo sua obrigação, naquele momento, se ele tivesse


abandonado Myuu, ou se ele a tivesse deixado em |Ankaji|¹ e deixado Remia
sozinha, ou se ele se separasse da menina rapidamente... com certeza, as
garotas não estariam com esses enormes sorrisos.

Mesmo que ele a descartasse, por exemplo, embora essa separação pudesse
causar tristeza em Yue e as outras, isso não seria motivo para que os sorrisos
das garotas desaparecessem por completo, porém, eles poderiam se comparar
a esses que elas mostravam agora? Isso com certeza era devido a forma como
Hajime chegou até este local, abandonando sua "forma de vida solitária".
Enquanto observava Myuu, que estava se divertindo com o pega-pega irregular
correndo esplendidamente com a ajuda das encarnações de trapaças com
todos os seus poderes (todas, excluindo Myuu, eram "pegadoras") enquanto
ela mostrava perfeitamente os traços da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, mais
uma vez, Hajime suspirou. Entre as peras de Hajime, que estavam esticadas
em cima do píer, subitamente, a figura de uma pessoa apareceu fazendo sons
de espirro. Aparecendo com água do mar pingando, era Remia, a mãe de
Myuu.

Remia, que estava com seus longos cabelos verde-esmeralda amarrados em


uma trança frouxa em suas costas, estava vestindo um biquíni verde-claro
esplendidamente sugestivo. No início, quando ela se reuniu com Myuu, ela
estava consideravelmente abatida, mas agora, tendo se recuperado
perfeitamente da situação anterior de seu corpo graças aos absurdos efeitos de
cura da ‖Magia de Regeneração‖, você não poderia pensar que ela era a mãe
de uma criança, não quando ela estava envolta em sua antiga sedução.

Todos os homens da cidade desejavam ser o parceiro do segundo casamento


dela, já que ela era uma beldade gentil, ao ponto em que ninguém acharia
estranho o fato de existir um fã-clube de mãe e filha. Ela possuía uma figura
esplêndida, quase igual à de Tio, e as gotas de água que escorriam pela
superfície de seu corpo eram absolutamente fascinantes.

Tal Remia, que era charmosa mesmo sob circunstâncias normais, apareceu
entre as pernas dele subitamente. Hajime, que estava quebrando sua cabeça
pensando em Myuu, foi pego de surpresa. Remia, enquanto apoiava seu corpo
ao colocar suas mãos no colo de Hajime, olhou para cima de um local que era
consideravelmente perigoso.

Entretanto, em seu rosto havia o oposto da sedução emitida pela posição e seu
corpo, e na expressão gentil de Remia, ao invés disso, havia algo que indicava
que ela estava preocupada com Hajime.

(Remia): “Muito obrigada. Hajime-san”


(Hajime): “O que é isso tão de repente? Me agradecendo…”

Hajime ficou com uma cara confusa assim que Remia declarou sua gratidão
subitamente.

(Remia): “Ufufu, a pessoa que também se preocupa tanto pelo bem da filha...
como a mãe dela, eu também queria expressar minha gratidão pelo menos
uma vez”

(Hajime): “Então... eu fui descoberto? No entanto, eu pretendia esconder isso”

(Remia): “Ara ara, há alguém que não sabia disso? Yue-san e as outras
também parecem estar todas pensando nisso... Myuu foi capaz de conhecer
pessoas realmente maravilhosas”

Assim que Remia olhou para trás por sobre seu ombro, embora Shia estivesse
sendo despida de seu traje de banho com a travessura de Myuu, mesmo eles
vendo a garota perseguindo Myuu desesperadamente enquanto usava suas
mãos para esconder seus peitos, ela estava mostrando um grande sorriso. E,
mais uma vez, quando Remia voltou seu olhar para Hajime, desta vez, ela
abriu sua boca com uma expressão que era um pouco mais séria.

(Remia): “Hajime-san. Já é o bastante. Todos já fizeram mais do que o


suficiente. Portanto, por favor, não se preocupe e siga em frente em nome dos
objetivos que você tem que cumprir”

(Hajime): “Remia…”

(Remia): “Conhecendo todos vocês, aquela menina cresceu muito. Apesar de


ela só se comportar como uma criança mimada, ela se tornou capaz de se
preocupar com outra pessoa além dela mesma... essa menina entende. Que
Hajime-san e as outras têm que ir... apesar de ela agir completamente como
uma criança mimada involuntariamente por ainda ser imatura, ainda assim,
'Não vá', foi algo que ela nunca disse, não é? Essa criança também sabe que é
errado prender vocês aqui mais do que isto. Dessa forma…”
(Hajime): “… então é isso? Se uma criança está se preocupando comigo,
então eu não estou tomando conta dela... eu entendi. Hoje à noite, eu decidi
dizer a ela claramente. Amanhã, nós vamos partir”

O apelo silencioso de Myuu, apesar de ela não querer que eles partissem, ele
notou que isso era uma manifestação de seu medo sobre não querer atrapalhar
Hajime e as garotas ao dizer essas palavras, e o garoto, que olhou para o céu
enquanto cobria seus olhos com uma mão, se determinou a se despedir. Para
esse Hajime, Remia, mais uma vez, mostrou um olhar gentil para ele.

(Remia): “Então, hoje à noite vamos ter um banquete. Porque essa é a festa de
despedida de Hajime-san e as garotas”

(Hajime): “Isso mesmo... estou ansioso por isso”

(Remia): “Ufufu, sim, por favor, espere animadamente por isso, Q-u-e-r-i-d-o”

(Hajime): “Não, essa forma de me chamar é…”

Para Remia, que mostrava um sorriso provocador, embora Hajime começasse


a fazer sua reclamação, graças a uma voz que continha a frieza de uma
nevasca, ele foi interrompido como sempre.

(Yue): “… Remia… que coragem”

(Kaori): “Remia-san, desde quando... não houve nem negligência nem


oportunidade”

(Tio): “Fumu, pelo ângulo que esta vê, até parece que tu estas servindo o
Mestre... quanta exposição... incrível!”

(Shia): “Um, Myuu-chan? O traje de banho da onee-chan, você pode devolvê-


lo logo? Os olhares públicos já estão um pouco…”

Yue e as outras, que voltaram para onde Hajime estava sem serem percebidas,
encararam Remia com olhos ferozes. "Não pode ser, ela realmente está
desejando Hajime para um segundo casamento?", parecia ser o pensamento
que estava as deixando vigilantes. Nesses últimos dias, essa era uma cena
vista com frequência. E a pervertida foi ignorada. O traje de banho roubado
pela garota de quatro anos de idade e a garota com orelhas de coelho que
estava chorando também foram ignoradas.

Por outro lado, se fôssemos falar sobre Remia, que estava sendo encarada
pelas outras, a aparência dela recuando não poderia ser vista, porque ela
estava meramente sorrindo enquanto dizia, "Ara ara, ufufu". Aquele sorriso
jovial, que escondia os verdadeiros sentimentos de Remia, fazia com que fosse
difícil distinguir se suas aproximações contra Hajime eram sérias ou apenas
brincadeira. Esta era a chamada dignidade de uma viúva ou algo do tipo?

Falando sobre o garoto em questão, ele estava atraído pelo traje de banho de
Yue, que estava encarando Remia, enquanto ela estava de quatro e se
levantava para o píer. Embora ele a visse todos os dias, seu olhar foi atraído
em um nível inconsciente.

Era um biquíni preto. Ele era esplendidamente sugestivo porque era do tipo
amarrado apenas por fios. O contraste criado com a brancura da pele de Yue
era excessivamente adorável. Amarrando seu cabelo em uma maria-chiquinha,
apesar de isso fazê-la parecer mais infantil do que o normal, a diferença
sentida com o traje de banho adulto era insuportável para Hajime.

Yue, que estava soltando faíscas com Remia, quando notou o olhar de Hajime,
mostrou um sorriso parecendo estar de bom humor com um "... fufu", porque
ela parecia ter imaginado que o coração do garoto foi roubado por ela, e a
garota se aproximou de Hajime de quatro.

Contudo, como ela não tinha permissão par continuar na liderança para
sempre, Kaori pegou o braço de Hajime do outro lado. Ela pressionou o braço
do rapaz no meio do decote que surgia de seu biquíni branco, embora ela
estivesse completamente vermelha com o constrangimento. Seu olhar, que
estava mirado em Hajime com olhos voltados para cima, estava apelando em
silêncio com, “Olhe para mim também”.
Além disso, Shia, atrás dele, se apoiou nele enquanto pressionava seu
orgulhado par de vales nas costas de Hajime. Como seu traje de banho ainda
estava com Myuu, ela parecia ter a intenção de esconder seu corpo. Mas, para
Hajime, além da suavidade de primeira classe e a sensação característica das
duas que estavam o tocando, havia um local que estava o deixando
extremamente preocupado.

A propósito, embora Tio também mostrasse um traje de banho muito atraente,


como o sentimento era muito desagradável assim que ela começou a ofegar
em suas desilusões, Hajime a obrigou a esfriar sua cabeça à força assim que a
atacou com um pedaço de metal que estava segurando. Assim, atualmente, ela
se tornou um corpo afogado.

Dessa forma, no local em que Hajime estava, cercado por lindas mulheres e
garotas, Myuu apareceu de dentro do mar. Ela apareceu enquanto entrava no
meio de Hajime e Remia, então pulou no garoto pela frente. Para Hajime, que a
segurou em seus braços em um instante, Myuu, com um "Receba os
espólios!", simplesmente ergueu o traje de banho de Shia e o colocou na
cabeça de Hajime. Aparentemente, isso parecia ser um presente de sua filha.

(Shia): “My-Myuu-chan!? Por que, uma coisa dessas... será!? Não pode ser...
isso foi um pedido de Hajime-san? Sé-sério! Hajime-san, se o meu traje de
banho estava em sua mente, se você tivesse dito... que tinha gostado tanto…”

(Yue): “… Hajime, eu vou te dar o meu também”

(Kaori): “Eu-eu também! Se Hajime-kun quiser... mas como seria


constrangedor me despir aqui... no quarto, mais tarde, tudo bem?”

(Remia): “Ara ara, então, eu também... a parte de cima ou a de baixo, qual é a


melhor? Ou quem sabe, as duas?”

Colocando a peça do traje de banho de uma mulher em sua cabeça, o homem


cercado de mulheres de todos os lados foi presenteado com mais trajes de
banho, esse era Nagumo Hajime.
A água que escorria do traje de banho de Shia era bastante surreal aliada com
a expressão congelada dele. Os homens que testemunharam essa cena
estavam derramando lágrimas de sangue. E qual foi a extensão dos rumores
que se espalharam na área nesse dia? A história foi a seguinte: “Tomem
cuidado com o garoto de cabelo branco e tapa-olho. O prato favorito dele é
traje de banho roubado. Ele é um pervertido que se deleita ao usa-los em sua
cabeça”.

Ao anoitecer desse dia, Hajime e as outras informaram a Myuu de sua partida


antes do jantar. Myuu, que ouviu isso, agarrou a bainha da roupa que ela vestia
com força e ambas as mãos, e sinceramente resistiu ao choro. O silêncio
continuou por um tempo, e foi Myuu quem o quebrou.

(Myuu): “… não podemos mais nos ver?”

(Hajime): “…”

Era uma pergunta que ele achava difícil de responder. O objetivo de Hajime era
voltar para o Japão, que era sua terra natal. Entretanto, o método concreto
ainda não era conhecido, e ele não sabia em que momento e em que estado
ele voltaria.

Antes, Miledi Raisen o disse para coletar todas as ‖Magias da Era dos
Deuses‖ se ele quisesse realizar seu desejo. Talvez fosse possível que ele
voltasse imediatamente nesse momento. Como parecia não haver necessidade
de voltar para |Elisen| até o fim dessa jornada, ele não poderia negar a
possibilidade de esta se tornar a despedida final.

(Myuu): “… Papai, você sempre será o Papai de Myuu?”

Para Hajime, que estava com problemas para respondê-la, Myuu disse essas
palavras antes de escutar a resposta dele. Hajime encarou o olhar dela
diretamente e agarrou com firmeza ambos os ombros de Myuu.

(Hajime): “… Myuu, se esse é o seu desejo...”


Quando respondeu assim, Myuu mostrou um sorriso enquanto ela relaxava sua
expressão que estava rígida por resistir às lágrimas. Foram Yue e as outras
que ficaram emocionadas com a cena. Em certos aspectos, a expressão de
Hajime no momento parecia a mesma de quando ele estava em uma luta difícil,
e, por um instante, eles realmente pareciam um pai e uma filha.

(Myuu): “Então, cuide-se. E, da próxima vez, Myuu vai se encontrar com o


Papai”

(Hajime): “Vai se encontrar…Myuu. Eu planejo ir para muito longe. Dessa


forma…”

(Myuu): “Mas, se o Papai pode ir, então Myuu pode ir também. Afinal... Myuu é
a filha do Papai”

Como ela era digna de ser filha de Hajime, nada seria impossível. Estufando
seu peito como se parecesse confiante, se Hajime não fosse buscá-la, Myuu
fez a declaração de que iria atrás dele sozinha. É claro que isso não significava
que a menina entendia com precisão que Hajime estava voltando para seu
local de nascimento ao atravessar mundos. Sem mencionar que as chances de
Myuu obter todas as ‖Magias da Era dos Deuses‖ ao capturar
os |Calabouços| e atravessar os mundos eram impossíveis.

E assim, esse era um objetivo impossível de ser realizado vindo da pobre


concepção de uma criança.

Contudo, quem no mundo riria de uma declaração tão poderosa? Quem no


mundo tolamente descartaria o desejo dela? Era impossível fazer isso. Isso
não deveria ser feito. As palavras que Remia disse sobre Myuu ter crescido
estavam evidentes. Myuu, embora tenha sido por pouco tempo, cresceu ao
observar as confiáveis costas de Hajime e as garotas. Tal filha amada poderia
ser separada agora? Estava tudo bem se separar dela? Não, não havia como
uma coisa dessas ser feita. Não havia forma de fazer isso ser algo bom.

Por isto, Hajime decidiu. Agora, enquanto ele fazia mais um juramento aqui.
(Hajime): “Myuu, por favor, espere”

(Myuu): “Papai?”

Myuu, que sentiu que a aura de Hajime mudou, inclinou sua cabeça enquanto
ficava com uma cara que indicava sua curiosidade. Até o momento, não havia
nenhuma expressão de preocupação, e o olhar direto, que era sempre intenso,
perfurou os olhos de Myuu. Eram os olhos que Myuu sempre observava.

(Hajime): “Quando tudo terminar. Eu vou voltar para a casa de Myuu sem
falha. Reunindo todos, nós viremos buscar Myuu”

(Myuu): “… verdade?”

(Hajime): “Yeah, verdade. Eu já menti para Myuu?”

Com as palavras de Hajime, Myuu sacudiu sua cabeça. Hajime gentilmente


acariciou o cabelo de Myuu.

(Hajime): “Quando eu voltar, da próxima vez, eu vou levar Myuu comigo. E,


minha cidade natal, eu vou mostrar o local onde nasci. Você com certeza vai
ficar surpresa. Porque minha terra natal é um lugar que parece uma caixa de
surpresas”

(Myuu): “!!! O lugar onde Papai nasceu? Eu quero ver!”

(Hajime): “Você está animada com isso?”

(Myuu): “Muito!”

Myuu ficou com uma expressão encantada enquanto pulava para cima e para
baixo. Para essa Myuu, Hajime gentilmente semicerrou seus olhos. Myuu, que
sorria amplamente, mandou para longe sua preocupação sobre se encontrar
com Hajime de novo, e, sem mudar a força de seus pulos, ela saltou em
Hajime. Hajime, que a pegou com firmeza, segurou Myuu em seus braços.
(Hajime): “Então, você pode ser uma boa menina e esperar com a Mamãe?
Não faça nada perigoso. Escute sempre o que a Mamãe falar, você pode dar o
seu melhor nisso?”

(Myuu): “Sim!”

Hajime se desculpou, usando seu olhar, com Remia, que estava encarando a
conversa dos dois enquanto sorria. Com, “Desculpe, eu decidi isso de forma
egoísta”.

Em contrapartida, quando Remia lentamente balançou sua cabeça, ela


concordou enquanto encarava o olhar de Hajime com firmeza. Dizendo, “Por
favor, não se preocupe com isso”. Seu olhar caloroso, que não continha
nenhum traço de condenação, ao invés disso, continha sentimentos de
gratidão.

O contato visual do Papai e da Mamãe foi notado? Enquanto Myuu observava


Hajime e Remia alternadamente, ela puxou as roupas de Hajime.

(Myuu): “Papai, Mamãe também? Mamãe também vai?”

(Hajime): “Aah, então… Remia?”

(Remia): “Sim, o que foi querido? Você não está dizendo que só eu vou ficar
de fora, não é?”

(Hajime): “Não, não é isso, mas... é sério, o lugar que eu estou me referindo
está em 'outro mundo'?”

(Remia): “Ara ara, para o lugar em que a filha e o marido vão, há alguma forma
de eu não os acompanhar? Ufufu”

Com Hajime segurando a filha, a figura de Remia se aninhando perto deles


podia ser vista. Isso era normal para um casal. Kaori e as outras os cortaram
como se dissessem, "Como se fôssemos te permitir!", e o tumulto se espalhou.
Para onde foi o clima sério do início da conversa? Com Kaori e as outras e
Remia no meio de uma guerra de sorrisos, Hajime, que foi deixado de lado
antes que qualquer um notasse, foi questionado por Yue.

(Yue): “… você vai levar elas conosco?”

(Hajime): “Você é contra isso?”

Quando Hajime respondeu assim a pergunta de Yue, ela sacudiu sua cabeça,
encarando o rapaz com um olhar gentil, e respondeu.

(Yue): “… se isso é algo que Hajime decidiu...”

(Hajime): “É mesmo?”

(Yue): “… mas, e se você não puder voltar tão cedo?”

Era a mesma pergunta que estava preocupando Hajime. Obter as ‖Magias da


Era dos Deuses‖, assumindo que ele obtivesse o meio para voltar para sua
casa de alguma forma, não era certo que ele poderia atravessar os mundos no
momento que desejasse. E havia uma grande possibilidade de isso se tornar
uma situação completamente diferente do que ele prometeu para Myuu. Se
isso acontecesse, o coração da menina certamente ficaria profundamente
machucado.

Contudo, quando Hajime encolheu seus ombros, ele se virou com um olhar
forte que carregava determinação para Yue enquanto mostrava um sorriso em
sua boca. Yue também, como ela só perguntou por perguntar, sua boca
relaxou como resposta como se dissesse que entendia.

(Hajime): “Eu farei isso de qualquer maneira. Não importa o que aconteça, eu
vou voltar para a casa de Myuu e mostrar a ela o Japão. Se nós cruzarmos os
mundos deixando Myuu para trás, custe o que custar, nós voltaremos para este
mundo mais uma vez. Está tudo bem atravessar os mundos quantas vezes
forem precisas. Essa seria a única diferença?”

(Yue): “… nn. Seria só isso”


Mostrando sorrisos que mostravam que eles se entendiam, Hajime e Yue se
encararam intimamente. Yue estava feliz por ver que Hajime era capaz de
valorizar algo ao ponto em que ele faria até um juramento. Hajime também,
apreciando esse lado dela, mais uma vez encheu seu coração de amor por
Yue, que estava sorrindo para ele. Como sempre, a habilidade especial de
Hajime e Yue, "Espaço Rosa", foi invocada.

Negligenciando o tumulto das outras, para Hajime e Yue, que estavam criando
um mundo apenas para duas pessoas, Kaori e as outras ficaram com
expressões impressionadas. Entretanto, para Myuu, que era a filha, tal
habilidade parecia não se aplicar, e quando ela se forçou entre os dois
esplendidamente, ela exigiu ser carregada de novo pelo Papai Hajime. Embora
eles tenham feito uma promessa de se reencontrarem, isso não mudou o fato
de que eles ficariam separados por um tempo. A última noite parecia ser uma
situação onde ela agiu de forma mimada com todas as suas forças.

No dia seguinte, Hajime e as garotas se despediram de Myuu e Remia e


começaram uma viagem a partir da |Cidade Marítima Elisen|.

Nota

[1] Alterando “Ancadi” para “Ankaji”.


Capítulo 97: Certificado de heresia

Fazia um dia e meio desde que eles colocaram os pés mais uma vez dentro do
mundo marrom.

Hajime mirou diretamente no |Ducado de Ankaji| com a ajuda do [Veículo de


Quatro Rodas] movido a |Poder Mágico⟩ enquanto amontoados de poeira
subiam atrás deles. O destino original deles era o |Mar de Árvores|, mas eles
mudaram a direção porque pensaram que poderiam reparar o oásis se Kaori
usasse sua ‖Magia de Regeneração‖.

A ‖Magia de Regeneração‖ tinha o efeito de literalmente fazer qualquer coisa


voltar a sua forma original. Assim, Hajime julgou que eles deveriam ser
capazes de restaurar o oásis contaminado, tendo sucesso com
a ‖Regeneração‖ onde a ‖Magia de Purificação‖ falhou.
Hajime não tinha nenhuma razão particular para rejeitar a ideia. Eles não
tiveram oportunidade de experimentar as frutas, que eram a especialidade
local, da última vez, então ele facilmente aceitou a sugestão de Kaori.

Diferente da última vez, a entrada de |Ankaji| estava cheia de pessoas


esperando em fila. Muitas carroças grandes estavam alinhadas, e julgando pela
atmosfera, parecia ser uma linha de ⌈Mercadores⌋.

(Hajime): “Essa é uma caravana bem grande”

Hajime declarou categoricamente.

(Yue): “… nn… vai demorar”

Yue acrescentou.

(Kaori): “Eles provavelmente estão trazendo suprimentos?”

Kaori sugeriu.

O palpite de Kaori parecia estar correto. O motivo por trás da longa fila era o
pedido de ajuda ao |Reino Haihiri|. ⌈Mercadores⌋ estavam se aproveitando do
movimento das tropas e viajaram com a corporação de assistência. A
corporação de assistência de |Haihiri| parecia aceitar
os ⌈Mercadores⌋ de |Ankaji|, contanto que eles não causassem problemas.

De qualquer forma, como o oásis estava arruinado, tirando o plantio já


estocado, era preciso destruir as plantações contaminadas por motivos de
segurança. Isto causou uma enorme necessidade de comida, assim como
água. |Ankaji| não poderia se dar ao luxo de ser exigente sobre de quem iria
receber ajuda.

Hajime desconsiderou a caravana. Não querendo esperar sob o calor do


deserto, ele dirigiu o [Veículo de Quatro Rodas] até o portão sem esperar na
fila.
As pessoas da caravana começaram a notar o objeto negro e começaram a
correr, seus corações gritavam, "Eles estão montados em um monstro?". Na
direção dos perigosos olhares misturados com medo e desconfiança, Hajime
brandiu sua arma enquanto o veículo se aproximava do portão com uma
nuvem de poeira.

Enquanto eles se aproximavam, os Soldados viram o [Veículo de Quatro


Rodas] e subitamente ficaram agitados. Eles se moveram para desafiar
Hajime, mas os colegas que reconheceram o [Veículo de Quatro Rodas] os
convenceram a se aproximar sem suas armas. Enquanto se aproximavam de
Hajime, eles despacharam um mensageiro para correr de volta para a cidade.

Hajime e suas companheiras deixaram o [Veículo de Quatro Rodas] enquanto


ignoravam o caos que suas presenças causaram. Como sempre, várias
pessoas estavam encantadas pela bela aparência de Yue. Assim que Hajime
colocou o [Veículo de Quatro Rodas] de volta na [Caixa do Tesouro], os
olhares pareciam se perguntar. “Será possível. A Apóstola de Deus voltou?”, o
guarda do portão perguntou enquanto observava a figura de Kaori.

Os Soldados estavam aliviados ao ver Kaori. Talvez eles a reconhecessem


daquela vez que o grupo trouxe Randzi de volta, ou quando eles foram buscar
as [Pedras Serenas] no [Grande Vulcão Guryuuen].

Parecia que o [Veículo de Quatro Rodas] ficou conhecido como o transporte


de Kaori, e eles a nomearam de Apóstola de Deus. Hajime não sentia a
necessidade de corrigi-los, já que eles não estavam exatamente errados. Como
foi bom que eles reconheceram Kaori, eles a colocaram na frente.

(Kaori): “Sim, nós voltamos para tentar purificar o Oásis. Por favor, diga isto
para o Duque…”

Kaori começou.

(Guarda): “Oásis! Isso é verdade?”

O guarda do portão respondeu.


(Kaori): “Eu só estou dizendo que é possível…”

(Guarda): “No entanto, se for uma Apóstola... e nos desculpe pela indelicada
em tal lugar. Nós já enviamos um mensageiro. Eu não posso abandonar meu
posto, mas um dos Senhores deve estar vindo imediatamente para escolta-la,
se você quiser esperar na sala de espera”

Parecia que eles ganharam reconhecimento pelo anterior resgate do país.


Hajime podia ver o respeito nos olhos dos Soldados enquanto eles o
encaravam. Eles estavam recebendo o tratamento VIP. Enquanto
cuidadosamente observavam os ⌈Mercadores⌋ que os enviavam olhares de
curiosidade, Hajime mais uma vez colocou seus pés no |Ducado de Ankaji|.

O Lorde Randzi correu ofegantemente depois de quase 15 minutos de espera.


Foi uma chegada bem rápida. Pelo menos para Randzi, parecia que eles eram
importantes.

(Randzi): “Já faz algum tempo. Estou feliz por vocês estarem seguros. Eu
estava preocupado por vocês não voltarem depois de confiarem as [Pedras
Serenas] a Tio-dono. Seria problemático se nosso salvador morresse antes
que pudéssemos expressar nossa gratidão”

(Hajime): “Eu sou apenas um Aventureiro. Mas, bom, obrigado. Como você
pode ver, seus sentimentos são bem recebidos”

(Randzi): “Oh, e nós terminamos de estocar a comida com a ajuda que


recebemos. Junto com o reservatório que Yue fez, vocês nos conseguiram
tempo suficiente. As pessoas não vão passar fome graças a vocês e
os ⌈Mercadores⌋”

Randzi gentilmente riu com bochechas levemente afundadas. Parecia que ele
tinha se esforçado bastante para salvar |Ankaji|. A fadiga parecia transpirar de
suas expressões. Ele não estava descansando o suficiente.

(Kaori): “Senhor. Quanto a purificação do oásis…”


Kaori começou.

(Randzi): "Apóstola-dono... não, Kaori-dono. O oásis está como de costume.


Graças a água subterrânea fresca, a purificação está prosseguindo pouco a
pouco. Mais meio ano e o oásis deve estar completamente purificado. Um ano
mais tarde, a água penetrará o solo e vai purificá-lo, então vamos poder plantar
de novo"

Randzi respondeu um pouco deprimido.

Kaori explicou que ela poderia ser capaz de purifica-lo imediatamente. A


resposta de Randzi foi drástica. Levando um momento para digerir
isso, "Sério!?", Randzi gritou fervorosamente. Kaori timidamente acenou com a
cabeça enquanto se movia para trás de Hajime, assustada com a exuberância
do homem. O perturbado Randzi se corrigiu, então pediu educadamente pela
purificação.

Como já era a intenção deles, Hajime concordou e Randzi os guiou para o


oásis. O oásis não estava muito popular no momento. No passado, esse era
um local superlotado, onde as pessoas relaxavam. Randzi estava sem
expressão, mas transmitia uma aura solitária enquanto se lembrava do antigo
oásis.

Kaori seguiu para a margem do oásis e começou a invocar a ‖Magia de


Regeneração‖.

Apesar de Hajime ter obtido a ‖Magia de Regeneração‖, como de costume,


sua aptidão para isso era praticamente nenhuma. Contudo, no caso de Shia,
parecia que havia um efeito de recuperação automática, mas isso teria que ser
ativado intencionalmente. Aliás, suas forças física e mental pareciam se
recuperar muito mais rápido. Constantemente, Shia se tornava mais e mais
uma super-humana. Junto com os níveis de proficiência, manipulação do peso
do corpo e fortalecimento corporal, ela se tornou um tanque com recuperação
automática instalada.
Aquela com a maior aptidão era Kaori, seguida por Tio e, finalmente, Yue. No
caso de Yue, como sempre, como consequência de sua própria ‖Regeneração
Automática‖, esta magia parecia ter uma recuperação ineficiente em
comparação. Por outro lado, para a cura de Kaori, sua alta aptidão com ‖Magia
de Cura‖ parecia a fazer ter uma noção maior sobre a ‖Regeneração‖, a
permitindo usá-la de forma mais abrangente e eficaz do que qualquer uma. Foi
um pouco triste Yue não ser capaz de usá-la para melhorar sua destreza de
combate.

Kaori começou o encantamento. Era um feitiço longo. Ele inicialmente levava


sete minutos, mas, depois de praticar, ela se tornou capaz de diminuir o tempo
para três minutos. Como ela só precisou de uma semana para aprender essa
magia, era praticamente uma trapaça. Contudo, como Yue estava presente, era
difícil realmente chamá-la de trapaceira. Comparada com as habilidades de
Yue, isto parecia fácil.

“... ‖Imitação Absoluta‖”, ela estendeu um cajado branco enquanto fechava


seus olhos e murmurava as palavras finais.

No momento seguinte, uma luz pálida lembrando um vaga-lume apareceu e


então caiu no meio do oásis. O oásis inteiro começou a brilhar, e partículas de
luz fraca começaram a borbulhar na superfície e flutuaram para o céu. Era uma
cena majestosa que tocava o coração. Era realmente como se a corrupção
estivesse sendo expurgada pela luz celestial.

Todos se esqueceram de respirar enquanto admiravam a cena. Mesmo depois


que o misterioso brilho que cobriu o oásis flutuou para o céu, Randzi ficou
parado sem dizer nenhuma palavra, imerso em pensamentos com os vestígios
do brilho.

Enquanto apoiava Kaori, que oscilava um pouco pela exaustão, Hajime tocou
Randzi. O Senhor voltou a si e ordenou a seus homens que verificassem a
qualidade da água. Seus subordinados apressadamente examinaram o oásis
com ‖Detecção Mágica‖. Depois de engolir em seco, Randzi observou seus
homens, que assim que terminaram sua inspeção, relataram seus resultados
com expressões de incredibilidade.

(Subordinado): “… está recuperado”

Um subordinado murmurou.

(Randzi): “Repita isso?”

Randzi exigiu.

O subordinado adicionou palavras de confirmação e Randzi prendeu seu


fôlego, agora sabendo a verdade.

(Subordinado): “Nenhuma anormalidade no oásis! É o oásis original! Ele está


completamente limpo!”

Nesse momento, Randzi e seus subordinados ovacionaram em uníssono. Eles


jogaram qualquer documento que tinham em mãos e abandonaram qualquer
coisa que estavam segurando enquanto se abraçavam e batiam em suas
costas, expressando suas alegrias. Randzi também olhou para cima, para os
céus, exalando profundamente e se perguntando se isto não foi fácil demais.

(Hajime): “Depois disso, a regeneração do solo. Lorde, onde está a colheita


que vocês descartaram?”

(Randzi): “… bom, ela foi toda colocada em um único lugar. Pensando em todo
o tempo e esforço, é lamentável que nós tenhamos que jogá-la fora... espere,
você não está dizendo... ???”

(Hajime): “Se Yue e Tio se juntarem, isso deve ser possível…”

(Yue): “… nn, sem problemas”

(Hajime): “Elas cresceram com o esforço, seria uma pena jogá-las fora”

Hajime acrescentou.
Assim que Randzi percebeu que eles eram capazes não apenas de recuperar o
solo, mas também a colheita perdida, sua mão seguiu para o seu peito e ele
curvou sua cabeça profundamente sem hesitação. Isso não era algo que um
Lorde deveria fazer, mas essa era a extensão de seu apreço pelas ações
deles. O amor por eles era profundo neste país. Era o tipo de coisa que
transformava seu senso de agradecimento.

Depois de receber a reverência de Randzi, Hajime tentou se mover na direção


da terra agrícola. Contudo, ele subitamente parou quando sentiu uma
perturbação. Um grupo alucinado estava se aproximando ao longe. Os
Soldados do |Ducado de Ankaji| estavam seguindo até eles em linha reta com
numerosos Soldados com trajes diferentes. Usando a ‖Visão de Longo
Alcance‖, Hajime podia ver que o grupo era composto por oficiais da Igreja
e ⌈Cavaleiros Templários⌋ desta cidade.

Assim que eles se aproximaram do grupo de Hajime, eles imediatamente os


cercaram com uma formação semicircular. Um homem idoso em uma túnica
branca suntuosa dos ⌈Cavaleiros Templários⌋ deu um passo à frente. A
atmosfera perigosa entre o homem e Hajime só estava separada pela presença
de Randzi.

(???): “Vocês os veem, eles são perigosos”

(Randzi): “Bispo Forbin, que diabos é isto? Eles são perigosos? Este herói já
salvou o |Ducado| duas vezes. Eu não vou ignorar desrespeito contra eles
como um Senhor de |Ankaji|”

O homem idoso, que se chamava Bispo Forbin, bufou com as palavras de


Randzi.

(Forbin): "Hmph, herói? Segure sua língua. Eles já foram reconhecidos como
hereges. Palavras imprudentes se voltarão contra você"

O Bispo rosnou.
(Randzi): “Eles foram marcados como hereges? Ridículo, eu não ouvi nada
sobre isto”

Randzi estava chocado com a palavra herege sendo anexada a Hajime. Randzi
era um seguidor da Igreja. Ele estava consciente do peso dessas palavras.
Eles cometeram um engano? Ele olhou para o Bispo com descrença.

(Forbin): “É claro que você não saberia disso, as notícias acabaram de chegar
esta manhã. E o herege apareceu agora mesmo, você não acha que essa foi
uma sincronia excelente? Com certeza esta foi uma mensagem de Deus.
Destruir os inimigos de Deus... agora, para a Central…”

Hajime não conseguiu escutar as vozes do final, mas, aparentemente, ele foi
marcado como um herege. Randzi e o Bispo o olharam involuntariamente.

Hajime não parecia nem chocado nem particularmente apressado, ele apenas
encolheu seus ombros como se perguntasse a Randzi, "O que eu deveria
fazer?".

Randzi apertou suas sobrancelhas depois de ver a resposta de Hajime.


Contudo, o Bispo abriu sua boca e riu abertamente.

(Forbin): “E agora, eu tenho que derrotar os inimigos de Deus. Eles avisaram


que este homem é bem brutal, mas eu tenho cem ⌈Cavaleiros
Templários⌋ atrás de mim. Venha conosco silenciosamente, assim não iremos
perturbar a paz pública, e não tornaremos as coisas mais difíceis para você”

Randzi fechou seus olhos. Sem mais nenhuma informação, ele poderia
imaginar o porquê Hajime foi rotulado como um herege, considerando seu
poder e sua personalidade. Hajime era uma força que a Igreja não poderia
controlar, e assim, não poderia aceitar.

Contudo, considerando a força das companheiras de Hajime, detê-los era uma


decisão igual ao suicídio. Randzi duvidou da sanidade de começar uma guerra
contra Hajime. Ele estava se perguntando se as prioridades deles estavam
corretas.
Era um fato que Hajime salvou |Ankaji|. Ele curou o povo que tinha sido vítima
do veneno, preparou a água que foi sua salvação, derrotou o monstro
espreitando no oásis, e, acima de tudo isso, purificou o oásis e o fez voltar a
ser o que era.

Para este enorme débito, isso era preocupante, considerando o que eles
estavam oferecendo como recompensa. Os olhos de Randzi se arregalaram ao
perceber que uma oportunidade acabara de se apresentar. E, com a dignidade
de um Lorde, Randzi quebrou o silêncio e deu uma resposta ao impaciente
Bispo.

(Randzi): “Rejeitado”

(Forbin): “… me desculpe, o quê?”

Para as palavras completamente inesperadas, o Bispo Forbin mostrou uma


interessante expressão de pateta. A aparência do Bispo, internamente, colocou
um sorriso irônico em Randzi. Seria impossível para ele enfrentar a decisão da
Igreja dos Santos. Randzi repetiu as palavras com inesperada determinação.

(Randzi): “Eu disse que me recuso. Esses heróis são a salvação de nossa
nação. Se você vai torná-los inimigos, então eu não posso perdoar a Igreja dos
Santos”

(Forbin): “Você… está… insano? Você não pode desafiar a Igreja. Você quer
ser marcado como um herege também?”

Em resposta as palavras de Randzi, o Bispo soltou um grito assustado cheio de


raiva. Os ⌈Cavaleiros Templários⌋ também se olharam com expressões
confusas.

(Randzi): “Bispo, a Central não sabe sobre as realizações deles? Eles


salvaram o |Ducado| quando fomos atacados pelo veneno mortal. Seu relatório
também deve ter mencionado que eles resgataram a |Cidade de Ur|, não
mencionou? Eu não entendo a sanidade desta declaração de heresia.
Reconsidere a heresia diante desses novos fatos”
(Forbin): “Silêncio! A decisão é final! Esta é a vontade de Deus! Isso é
imperdoável. Se você continuar a proteger este herege, a própria |Ankaji| será
marcada. Preste atenção!”

As pupilas do Bispo tinham a luz da euforia. A forma como ele estava gritando
passava uma aura que não combinava muito com o clero. Randzi o encarou
com um olhar frio. Hajime foi até o lado dele com um movimento imperceptível
e o perguntou com um olhar de surpresa.

(Hajime): “Você tem certeza disto? Ambos o |Reino| e a Igreja vão retalhar.
Como um Lorde, você vai ficar bem?”

Randzi não respondeu Hajime. Ao invés disso, ele voltou seu olhar de Hajime
para os homens ao redor, que transmitiam uma aura de prontidão e aceitação.
Seus olhos mostravam sua determinação como se dissessem, "Morrer lutando
é o caminho a seguir". Era esse tipo de expressão.

O Bispo também parecia ter lido a mudança no clima e berrou um último aviso
enquanto seu rosto avermelhava e se tornava mais alucinado.

(Forbin): “Esta é sua resposta? Sua jornada termina aqui. Bem, não só a de
vocês. Este é o fim para qualquer um que entrar em meu caminho. Vocês
receberão a punição de Deus e cairão na ruína!”

(Randzi): “Aqui é |Ankaji|, nós não somos tão descarados a ponto de vender
um herói que nos salvou. Divina? Como se eu acreditasse que o julgamento de
Deus seria tão vergonhoso. Eu acho que minha fé difere da do Deus do Bispo”

O Bispo ficou sem expressão depois das palavras irritadas de Randzi. Ele
ergueu uma mão para tentar enviar um sinal para os ⌈Cavaleiros
Templários⌋ atacarem.

Neste momento, houve um baque. Algo voou nos ⌈Cavaleiros⌋ e ficou preso
em um de seus elmos com um som estridente. A seus pés estava uma
pequena pedra. Ela não causou nenhum dano ao ⌈Cavaleiro⌋, mas, por que
ela estava ali? Tais perguntas estavam surgindo quando outra pedra foi atirada,
chocando-se ruidosamente contra a armadura do ⌈Cavaleiro Templário⌋.

Se você olhasse de onde a pedra veio, muitos dos habitantes de |Ankaji|,


reunidos durante o tempo decorrido, cercavam os ⌈Cavaleiros Templários⌋.

Eles apareceram em resposta as misteriosas luzes que anteriormente surgiram


no oásis e encontraram a cena dos ⌈Cavaleiros Templários⌋ cercando seu
Lorde e Hajime.

Eles se lembraram dos tratamentos que receberam de Kaori, a Apóstola de


Deus, as [Pedras Serenas] e a equipe que desafiou o |Calabouço| para salvá-
los. Eles estavam indignados com o comportamento da Igreja, o que se tornou
hostilidade assim que eles começaram a atirar pedras.

(Forbin): “Parem! Povo de |Ankaji|! Eles são inimigos de Deus. Hereges!


Vocês estão desafiando o desejo de Deus!”

Forbin estava gritando muito, tentando resolver o mal-entendido dos habitantes


exaltados. Eles apenas não sabiam que Hajime foi marcado como herege e
iriam relaxar assim que o Bispo explicasse a situação deles, ou assim o Bispo
pensou.

Na verdade, as palavras do Bispo da Igreja dos Santos fizeram com que os


habitantes parassem de atirar pedras e se olhassem em confusão.

Desta vez, Randzi falou com dignidade.

(Randzi): “Meu amado povo, escute! Eu acabei de ser informado que o oásis
foi purificado. Nosso oásis voltou ao normal graças aos esforços de Hajime.
Assim como a terra contaminada. E a colheita. Eles usaram sua magia para
nos devolver |Ankaji| do jeito que ele era. Eles também me trouxeram de volta
a |Ankaji|. Tomem sua decisão com suas próprias mentes. Ajudem o herói de
nossa nação, ou se voltem contra ele. Eu decidi ficar do lado dele!”
O Bispo tentou zombar do discurso de Randzi, "Com tais palavras vazias, não
há motivos para se oporem a majestade da Igreja", contudo, seu sorriso de
zombaria lentamente sumiu.

A intenção dos habitantes foi exibida na forma de um apedrejamento.

(Forbin): “E eu, a...”

As palavras do Bispo foram abafadas pelos estrondos de pedras atingindo


armaduras.

(Habitante A): “Você está agindo tranquilamente, isto é um assunto de vida ou


morte!”

(Habitante B): “A Igreja nunca fez nada. Mesmo assim, sua insanidade o faz
querer ferir a Apóstola que nos ajudou!?”

(Habitante C): “Afinal de contas, o que é um herege? Você está abusando do


termo!”

(Habitante D): “Devem ter sido hereges que autorizaram isto!”

(Habitante E): “Protejam Kaori!”

(Habitante F): “Vida longa ao Lorde!”

(Habitante G): “Kaori, eu me dedico a você!”

(Habitante H): “Vamos começar um fã-clube para Kaori!”

Aparentemente, os habitantes tinham um sentimento de amor e respeito


profundo por Randzi e Kaori. Deixando a fé de lado, eles defenderam Randzi e
Kaori com todas as suas forças. Não, era mais como se eles estivessem
mudando sua própria fé. Entretanto, parecia que eles tinham uma fé própria, a
crença de que ninguém iria ferir Kaori, que os salvou como a Apóstola de Deus.
Em resumo, era uma fé que excedia a confiança do Bispo. Não se sabia de
onde essa confiança vinha.
Residentes se reuniam um após o outro. A força das pessoas não era tão
inferior à dos ⌈Cavaleiros Templários⌋, mas o Bispo se tornou uma referência
de raiva e hostilidade que aumentava incessantemente. Os ⌈Cavaleiros
Templários⌋ começaram a se afastar, recuando.

(Randzi): “Bispo-dono, essas são as intenções de |Ankaji|. E quanto as suas


acusações anteriores?”

(Forbin): “Não é tão simples como você imagina…”

O Bispo girou em seus calcanhares enquanto apertava seus dentes, uma


carranca voltada para Hajime. Os ⌈Cavaleiros⌋ rapidamente se moveram para
segui-lo. O Bispo parecia ferver de raiva, mostrando sua paixão com passos
barulhentos enquanto seguia de volta para a Igreja.

(Hajime): “Está mesmo tudo bem? Eles vão partir com isto?”

Hajime tinha um olhar preocupado, sendo deixado de lado até o fim da


conversa. O envolvimento direto de Kaori com a crise com a Igreja deixou um
olhar alarmado em seu rosto.

Apesar disto, Randzi respondeu com um olhar calmo, como se isso não fosse
um grande problema.

(Randzi): “Esta é a escolha de |Ankaji|. O povo que vive neste |Ducado| é


grato a vocês. É impensável que vocês morram em nosso território, é por isso
que eles teriam matado para proteger vocês. Eu não quero tal golpe neste
país”

(Hajime): “Deixando isso de lado, eu não seria ferido por alguém do nível
deles…”

Hajime respondeu coçando sua bochecha.

Randzi riu com as palavras dele.


(Randzi): “Se é assim, então isso significa que vocês são mais assustadores
do que a Igreja. Ser o herói da nação é apenas metade da razão para
protegermos vocês. Nós também não queremos vocês como inimigos. Eu não
posso nem imaginar a quantidade de magia que você possui para facilmente
massacrar um monstro desconhecido e capturar um |Grande Calabouço| em
apenas alguns dias.

Você ignorou a Igreja e também não respondeu à ameaça de


cem ⌈Cavaleiros⌋. Você derrotou um exército de dezenas de milhares e há até
rumores de que você derrotou um ⌊Demônio⌋ instantaneamente. Não, isso é
totalmente assustador. Haverá um momento em que eu sucederei meu pai
depois que ele morrer, mas eu me orgulharei de ter tomada uma sábia decisão”

Assim, Randzi não tinha intenção de concordar com a hostilidade da Igreja


contra Hajime. Ele colocou a Igreja e Hajime em uma escala de quem era o
aliado mais forte e escolheu a segunda alternativa. De fato, podia se dizer que
o próprio país agiria contra a autoridade da Igreja. Dizer que esta era uma
decisão ousada não seria exagero.

Hajime sorriu ao pensar que seu confronto com a igreja foi impedido pelas
próprias pessoas do |Ducado|. Enquanto as pessoas se moviam ao redor
deles com agitação pela segurança deles, Kaori riu alegremente. Hajime
percebeu que este era o caminho que Aiko desejava para ele, um que não era
uma "forma de vida solitária".

Três dias depois da crise com a Igreja.

O grupo de Hajime terminou de purificar as áreas agrícolas, e ele estava


observando o oásis brilhar de uma colina.

Hajime podia ver a superfície brilhante da água. Pessoas se reuniam ao redor


do oásis mais uma vez com animação e sorrisos. Casais sentavam na grama
observando as crianças brincando na água. Havia pessoas pescando no píer e
namorados em seus próprios mundinhos em barcos. Pessoas voltavam ao
oásis, e todas elas sorriam.

Esta foi a forma que Hajime passou seu dia em |Ankaji|. Ele pretendia partir
assim que eles comprassem um pouco de frutas, mas ele continuou
no |Ducado| pela generosidade do Lorde e dos habitantes, e acabou passando
alguns dias a mais.

Hajime se preocupava que, com o atual clima na cidade, a partida deles


de |Ankaji| se tornaria um desfile. Ele teve que fazer um pedido para Randzi
manter as cosias modestas. Eles conseguiram terminar de se despedir na
mansão do Duque, e, finalmente, Hajime chegou aos portões, dando uma
última olhada no oásis antes de partir.

(Hajime): “Você está se destacando, talvez você pudesse vestir algo um pouco
menos chamativo”

Hajime mencionou para Yue a seu lado enquanto ele se virava para partir.

(Yue): “Eu estou? Você não gosta disso?”

(Kaori): “O quê? Então é isso? Hajime-kun”

(Hajime): “Bem, Yue, Kaori. Do meu ponto de vista, vocês só estão chamando
atenção”

(Shia): “Bom, é-é porque este vestido não é usado para viagens…”

Shia estava falando dos trajes que faziam parte da famosa dança do ventre.
Seus umbigos estavam visíveis entre a parte de cima e as curtas calças. Era
algo sensacional, seus pequenos umbigos deslumbrantes. Isso fazia com que
cada olhar se voltasse para quem vestisse esses trajes.

Essa parecia uma forma comum de se vestir em |Ankaji|. Quando Yue recebeu
o presente da Duquesa na mansão, ela imediatamente começou a vesti-lo para
se exibir. Assim que ele a viu, os olhos de Hajime ficaram parecidos com os de
uma fera selvagem. Aparentemente, Hajime parecia ter uma fraqueza para
esse tipo de vestimenta. Seus olhos ficaram colados em Kaori assim que ela
começou a usá-lo, incitando Shia e Tio a fazerem o mesmo.

Diferente de Yue, elas não provocaram resposta o suficiente em Hajime. Como


resultado, elas começaram a vestir as roupas o dia todo. No entanto, o traje de
Yue acabou com toda a razão em Hajime.

Até agora, enquanto eles partiam, todas continuavam em seus trajes eróticos.
Finalmente, Hajime chegou a seu limite e começou a apontar isso em voz alta
e com agressividade, apesar de estar um pouco feliz, para fazê-las voltarem a
se vestir normalmente.

Fazia dois dias desde que eles partiram de |Ankaji|.

Eles estavam na estrada que levava para |Horuado|¹. O [Veículo de Quatro


Rodas] de Hajime continuamente se aproximava de uma caravana que estava
sendo atacada pelo que pareciam ser ladrões.

Foi neste ponto que Hajime e Kaori se encontraram com uma pessoa
inesperada.

Nota

[1] Alterando “Holward” para “Horuado”.

Capítulo 98: Uma reunião surpreendente

Foi Shia a primeira a notar a confusão.

(Shia): “Não tem alguém sendo atacado logo à frente?”

Como de costume, Yue estava pressionada contra Hajime. Kaori tentava entrar
no meio deles, sua aura de dragão pressionava a aura de relâmpagos de Yue.
O resultado foi Hajime tendo que dirigir com cuidado, e assim, ele não estava
com sua atenção direcionada para o que estava à sua frente.

Como disse Shia, parecia haver uma caravana à frente com dois grupos, um
atacando o outro. Assim que o veículo deles se aproximou, a ‖Visão de Longo
Alcance‖ de Hajime o permitiu ver os dois grupos no meio de uma batalha, um
atacando e o outro defendendo. As orelhas de coelho de Shia captaram o
estrondo da batalha antes que Hajime pudesse vê-los.

(Hajime): “Eles parecem ser bandidos. Os bandidos parecem exceder os


guardas da caravana em 40 contra apenas 15. A diferença em seu potencial de
combate é clara"

Hajime descreveu a situação para Yue e Kaori

(Yue): “… nn, os guardas estão oferecendo uma boa luta”

Yue adicionou.

(Hajime): “Eles têm uma barreira mágica cercando a caravana, mas ela não vai
aguentar muito tempo. Os bandidos estão tentando quebrar a proteção com
magia”

(Kaori): “Mas a defesa deles está aguentando por enquanto”

(Hajime): “Fazer a barreira cobrir toda a caravana faz com que ela fique fina
demais. Ela não irá aguentar muito tempo. Eles só conseguiram um pouco de
tempo, mas isso não vai durar muito”

Parecia que a caravana enfrentava um ataque surpresa. Inúmeras pessoas


dentro da barreira estavam agachadas com ferimentos, ou pior, mortas. Eles
conseguiram derrubar alguns bandidos, mas os ladrões ainda eram
proporcionalmente maiores em número. Eles conseguiram erguer uma barreira,
mas assim que ela fosse derrubada, as pessoas da caravana iriam,
inquestionavelmente, encontrar um fim macabro.
A conversa de Hajime foi cortada assim que a barreira de desvaneceu no nada.
Os bandidos soltaram um grito e seguiram em frente, atravessando as defesas
restantes da caravana com sorrisos terríveis em seus rostos. O esquadrão de
escolta lutou desesperadamente, mas eles foram derrotados. Uma pessoa
após a outra caía com os ferimentos causados pelos bandidos.

Kaori tinha uma expressão determinada em seu rosto, ela se virou para Hajime
e pediu que ele ajudasse os resgatando com um tom que sugeria que ela
estava agitada.

(Kaori): “Hajime-kun, por favor! Ajude-os, se você puder…”

Hajime não respondeu, mas acelerou seu [Veículo de Quatro Rodas]. Como
era óbvio que a caravana seria destruída se ele não ajudasse, ele já tinha
decidido que queria conhecer a história deles. Ele queria dizer isso a Kaori,
mas não o fez.

O [Veículo de Quatro Rodas] triturou o chão produzindo sons de, ]garri, garri,
garri[, enquanto acelerava com violência, o veículo se movia como se tivesse
um foguete preso no motor.

(Kaori): “Hajime-kun, obrigado…”

Kaori sorriu alegremente assim que ele começou a agir. Hajime encolheu seus
ombros em resposta. Hajime estava simplesmente fazendo o que ele queria
fazer. Yue apertou seu cinto de segurança.

(Kaori): “Oh, isso, Hajime-kun? Isto não é um pouco…”

A sensação parecia ter sido arruinada assim que o [Veículo de Quatro


Rodas] continuou acelerando. Apesar de ela pedir pela ajuda dele, ela sabia
como os carros funcionavam na terra, e a velocidade com que ele estava
disparando contra os alvos não permitiria tempo para parar. Ele iria atropelá-los
com o [Veículo de Quatro Rodas]? Kaori não poderia de se impedir de pensar
assim.
Com o olhar preocupado de Kaori, Hajime respondeu.

(Hajime): "Eles não te ensinaram a pisar com força no acelerador quando você
vê um criminoso na autoescola?"

(Kaori): “É claro que eles não ensinam isso. Não distorça as leis de trânsito
para seu próprio benefício. Hey, Yue, não concorde com ele, pare de acenar
com a cabeça!”

Enquanto Kaori o corrigia, Hajime a ignorou, virando o veículo na direção de


um bandido na retaguarda e que parecia ser o líder. Hajime pretendia matar os
bandidos ao passar por cima deles sem hesitação.

O líder dos bandidos finalmente notou o objeto estranho se aproximando deles


enquanto criava uma nuvem de poeira. Ele emitiu instruções para os bandidos
próximos e eles começaram a invocar magia. Para eles, o [Veículo de Quatro
Rodas] parecia ser um novo tipo de monstro. Eles não acreditariam que isso
foi feito por um homem, quanto mais que era operado por pessoas.

Hajime colocou |Poder Mágico⟩ no [Veículo de Quatro Rodas], operando


uma de suas muitas funções. Uma lâmina de aproximadamente um metro
apareceu de seus lados e teto. Os bandidos dispararam projéteis de fogo
contra o veículo, mas eles quicaram inofensivamente no [Veículo de Quatro
Rodas], então Hajime escolheu ignorá-los e continuou dirigindo em frente.
Apesar das bolas de fogo atingirem o veículo, sua investida imperturbável
contra os bandidos colocou expressões azedas em seus rostos.

]Dogoo! Baki! Squish![

Horror, desespero e constrangimento... essas eram as expressões nos rostos


dos bandidos assim que eles colidiram com o capô do [Veículo de Quatro
Rodas].

Enquanto bandidos voavam pelo teto, a lâmina no topo os fatiava em pedaços.


Alguns tentaram pular para os lados para desviar das lâminas, mas acabaram
sendo atirados para longe. A 80 km/h, qualquer um que fosse sortudo o
bastante para desviar das lâminas acabaria com ossos quebrados e órgãos
rompidos.

O grupo de bandidos na retaguarda foi eliminado em um momento, deixando


sete mortos.

Depois de cuidar dos bandidos na retaguarda, Hajime girou o carro, o fazendo


derrapar. A área se tornou um campo de massacre enquanto o [Veículo de
Quatro Rodas] cortava os bandidos, fazendo os membros sobreviventes da
caravana encararem a cena com olhares espantados. Os bandidos e guardas
em combate subitamente pararam para encarar a cena.

Assim que os bandidos e os guardas da caravana os olharam cautelosamente,


Hajime se virou para Kaori enquanto ela se inclinava para a frente
impacientemente.

(Hajime): “Se eles nos atacarem sem compaixão, nós devemos estar dispostos
a fazer o mesmo. Você entendeu?”

Hajime explicou a Kaori.

(Kaori): “… sim, eu entendo”

Kaori entendia que, apesar de ser gentil, ela não teria permissão para curar ou
proteger pessoas que eles chamariam de inimigos. Se ela o fizesse, não seria
capaz de seguir Hajime. Ela tinha se decidido fazer parte deste grupo. Hajime
temia que Kaori entraria em seu caminho, mas ela acenou para ele com
determinação para aliviar suas suspeitas.

(Hajime): “Eu não vou interferir. Então faça o que você precisa fazer”

Hajime suspirou.

(Kaori): “Sim”

Kaori mostrou um sorriso, saindo do [Veículo de Quatro Rodas] e correndo


em direção a pessoa ferida mais próxima. Ela estava surpresa quando
descobriu que era uma jovem mulher. Os bandidos que recuperaram sua
determinação imediatamente se aproximaram de Kaori agressivamente, seus
rostos distorcidos pela raiva ao verem seus colegas sendo mortos.

“Sua vadia! Morra!”, um dos bandidos brandiu sua espada longa enquanto
erguia sua voz irritada.

Kaori o deu um olhar de lado e então desviou enquanto o ignorava. Ela


continuou correndo à toda em direção a pessoa ferida enquanto começava seu
encantamento. Um momento mais tarde, houve um alto estrondo, e a cabeça
do homem explodiu, facilmente acabando com sua vida.

]Dopan! Dopan! Dopan! Dopan! Dopan! Dopan![

O vento continuamente carregou os sons de morte com cada estalo de trovão.


Cada explosão resultou na destruição de outra cabeça em um espetáculo de
sangue. Isso foi imensamente severo. Os mais de 40 bandidos tiveram seu
número reduzido pela metade em questões de segundos.

Em pânico com a visão inacreditável, alguns bandidos tentaram agarrar Shia e


as outras garotas em uma tentativa de ganharem reféns. Um dos guardas
tentou gritar para as garotas para avisá-las, mas sua preocupação era sem
sentido. O crescimento da super-humana Shia estava progredindo muito bem,
e não havia aberturas na forma de combate da ⌊Garota-Coelho⌋!

Shia puxou [Doryukken] da [Caixa do Tesouro], que pareceu ter surgido do


nada atrás dela para os bandidos. ]Passi![. Ela fez um som satisfatório assim
que Shia balançou a arma, a marreta se esticou e aumentou de tamanho.
Assim que ela a manuseou, uma membrana branca circular se formou em sua
ponta. Era uma parede de ar que atingiu os troncos de três bandidos, os
lançando para longe com um único golpe.

(Shia): “Oops! Sangue demais!”

Aparentemente, como eles não enfrentaram nenhum adversário fraco em muito


tempo, Shia se esqueceu de se conter quando lutava com um inimigo mais
fraco. Ela pretendia apenas derrubar seus inimigos, mas com seu espírito
distraído, ela fez os troncos deles voarem, deixando a metade inferior para trás.
O súbito jorrar de sangue fez Shia se afastar vários passos com surpresa.

Yue e Tio enviaram olhares surpresos para Shia, mesmo que elas estivessem
dizimando os outros bandidos com uma tempestade de magia.

Os dez bandidos restantes foram atingidos por Hajime sem cerimônias, morte
imediatamente se seguiu sem tempo para que eles implorassem por suas
vidas. Era uma destruição pura, sem qualquer sinal de misericórdia.

Kaori usou a ‖Magia de Cura‖ para tratar várias pessoas que estavam
espalhadas ao redor da caravana de uma vez. Lamentavelmente, muitos dos
guardas da caravana que caíram mais cedo já tinham dado seus últimos
suspiros. Até a ‖Magia de Regeneração‖ não poderia trazê-los de volta da
morte.

Assim que Hajime se aproximou de Kaori, uma pessoa correu na direção dela.
A estranha tinha uma estatura pequena, seu rosto estava escondido por um
capuz, fazendo com que sua aparência fosse suspeita. Contudo, Hajime sabia
que esta era a pessoa que manteve a barreira de pé desesperadamente para
proteger a caravana. Nenhum dos guardas da caravana entrou no caminho de
Hajime enquanto ele se aproximava.

(???): “Kaori!”

A pessoa encapuzada esticou seus braços e usou sua velocidade para saltar
em Kaori enquanto gritava seu nome com uma voz agradável. Kaori não
escondeu seu espanto, murmurando o nome da pessoa em resposta.

(Kaori): "Lily? No fim das contas, é a Lily? Aquela barreira pareceu familiar. Eu
não imaginei que fosse encontrar você nesse lugar, mas eu suspeitei…"

Parecia que Kaori reconheceu a pessoa encapuzada como Lily.


... ou melhor, Liliana S. B. Haihiri, a Princesa do |Reino Haihiri| era a pessoa
de capuz.

Liliana abraçou Kaori com alívio, oferecendo um vislumbre de seus grandes


olhos azuis e aparente beleza escondida pelo capuz. Seus olhos se apertaram
assim que ela começou a chorar, falando com Kaori em voz baixa entre
soluços.

(Liliana): “Eu também não achei que fosse encontrar Kaori neste lugar. Isso
é... boa sorte. Parece que eu ainda não gastei toda a minha sorte”

(Kaori): “Lily? Qual o problema?”

Kaori não entendia muito bem o significado das palavras de Liliana, mas ela
notou que algo estava errado e se afastou. Liliana colocou um dedo na boca de
Kaori, a advertindo para não usar seu nome.

Aparentemente, Liliana estava sozinha e conseguiu se esconder na caravana


para chegar tão longe. Kaori mostrou um olhar simpático enquanto a princesa
tentava enfatizar o desafio que teve que enfrentar.

(Hajime): “Kaori, vocês já terminaram?”

Hajime interrompeu, alheio ao clima.

Liliana deu a Hajime um olhar vazio. Subitamente, Liliana ergueu sua voz e
gritou, "Hya!". Olhando para Hajime de dentro de seu capuz, uma luz parecia
ter se acendido em sua cabeça e ela imediatamente começou a cumprimentar
Hajime.

(Liliana): “Você é Nagumo, não é? Há quanto tempo. Nós escutamos sobre


sua sobrevivência depois da queda. A força e capacidade para sobreviver são
dignas de respeito. É muito bom você ter sobrevivido. Enquanto você estava
desaparecido, Kaori estava um caco”

(Kaori): “Espere Lily, nós estamos bem agora”


Kaori falou em afobação.

(Liliana): “Eu ouvi sobre como Kaori se confessou para Hajime por Shizuku,
mas você tem que me contar mais sobre isso”

Liliana estava provocando Kaori em um tom divertido, sorrindo atrás de seu


capuz. Kaori ficou completamente vermelha com o constrangimento.

O sorriso da Princesa devia ser muito popular com o público. Não havia
dúvidas de que se ela o mostrasse para jovens ou velhos, eles se
apaixonariam por ela. Entretanto, Hajime não foi particularmente afetado por
seu sorriso.

Sem reconhecer a situação, ele a olhou desconfiadamente e exigiu, "… e quem


exatamente é você?".

(Liliana): “Heh?”

Se Hajime não as interrompesse, Liliana e Kaori, sem dúvidas, continuariam


falando sobre o estado de todos os outros estudantes no |Reino|. Hajime não
tinha a paciência para ser sutil. Ele queria respostas diretas.

Liliana era uma Princesa com uma grande personalidade e que era amada por
todas que ela conhecia. Ela estava chocada ao ser abordada tão
inadequadamente por um homem que normalmente nem seria digno de se
encontrar com a Princesa, assim, ela soltou uma voz estúpida
involuntariamente.

Kaori entrou em pânico imediatamente e tentou aliviar a situação pelo bem da


aturdida Liliana. Ela falou em voz baixa para que ninguém as escutasse.

(Kaori): “Hajime, você… Princesa! É a Princesa! Ela é a Princesa do |Reino


Haihiri|, é com Liliana que você está falando!”

(Hajime): “… … … ah…”

(Liliana): “Gusu, você se esqueceu de mim, não foi? Gusu”


Liliana choramingou.

(Kaori): “Lily! Não chore por causa disso! Hajime-kun é um tipo de pessoa com
memória curta. Ele é especial. Nenhuma pessoa normal esqueceria de Lily.
Então você não precisa chorar!”

Kaori tentou suavizar a situação.

(Hajime): “Hey, você poderia não dizer essas coisas rudes tão casualmente?”

Hajime suspirou.

Como os olhos marejados de Liliana estavam horríveis, Kaori estava


desesperadamente tentando conforta-la. Hajime involuntariamente tentou
retorqui-la, contudo, Kaori o deu um olhar irritado que dizia, "Fique quieto agora
mesmo!". Enquanto isso, Liliana estava explicando, "Não, está tudo bem Kaori,
foi só o meu orgulho que ficou um pouco ferido...". De maneira geral, a
conclusão da conversa das duas parecia ser que Hajime estava errado por ter
esquecido completamente quem Liliana era.

Na atmosfera já delicada, um homem da caravana se aproximou deles.

“Há quanto tempo… parece que você está bem…”, o líder da caravana afirmou.

(Hajime): “O das bebidas energéticas…”

Hajime respondeu.

(Mottou): “Sério? Uma bebida energética? Uma companhia que pode fazer
isso deve ser famosa e rica. Você pode me falar o nome deles?”

(Hajime): “Oh, não, deixa para lá. Mas como você está Mottou?”

(Mottou): “Yeah, estou feliz por você se lembrar de Mottou, da Empresa


Comercial Junker. Esta é a segunda vez que você nos ajuda em um lugar
perigoso. Parece que estamos destinados a nos encontrar de novo”
O homem riu e apertou a mão de Hajime.

Parecia que o líder da caravana era o homem que eles escoltaram


até |Fhuren| da |Cidade de Brook| algum tempo atrás¹.

Hajime também se lembrou de quando o espírito comercial dominou ele e o


rapaz teve que colocar o mercador em seu lugar. Hajime aprendeu um pouco
sobre a natureza humana do homem chamado Mottou. Apesar de parecer que
o espírito comercial de Mottou não ter diminuído nem um pouco. Ele
casualmente tocou o anel da [Caixa do Tesouro] de Hajime assim que soltou
a mão do estudante. Seus olhos não estavam rindo, mas pareciam
perguntar, "Você tem certeza que não vai vender isso mesmo?". Talvez fosse
apenas a imaginação de Hajime.

Shia explicou para Kaori e Lily a relação deles com Mottou.

(Liliana): “Você se lembra de uma pessoa aleatória que você conheceu uma
vez, mas não uma Princesa?”

Lily ficou ainda mais deprimida e Kaori lutou para conforta-la apesar da história
que acabara de ouvir.

Como Mottou disse, eles estavam seguindo para o |Ducado de


Ankaji| via |Horuado|. O problema de |Ankaji| já era conhecido, e como um
mercador, ele estava pronto para seguir para lá e lucrar. Parecia que ele já
tinha visitado o |Ducado| antes, e esta seria sua segunda jornada após uma
parada na |Capital Real|. Pelo olhar em seu rosto, estava claro que eles
estavam ganhando bastante.

Hajime explicou que eles estavam seguindo para o |Mar de Árvores| depois de
pararem em |Horuado|. Mottou implorou que eles o escoltassem até chegarem
a |Horuado|.

Contudo, antes que Hajime pudesse responder, Liliana interrompeu a


conversa.
(Liliana): “Eu sinto muito por te interromper mercador. Eu devo falar com você
por um momento. Obrigado por me transportar tão longe. Eu sinto muito por
meu pedido egoísta, mas eu não vou me juntar a você no resto do caminho
até |Horuado|”

(Mottou): “Oh, você não está mais seguindo para |Horuado|?”

(Liliana): “Sim, este ponto é o suficiente. Eu irei, logicamente, te pagar por toda
a viagem”

Parecia que Liliana tinha se aproveitado da caravana para chegar


até |Horuado|. Se encontrando com Hajime pelo caminho, ela não sentia mais
necessidade de continuar com esse plano. Nesse ponto, Hajime sentiu um
toque em seu ombro e Kaori sussurrou em seu ouvido.

“Não seja mais cruel com Lily!”, ela fez um apelo silencioso com seus olhos.

(Mottou): “É mesmo? Bem, foi um prazer. Não se preocupe com o dinheiro”

Mottou continuou.

(Liliana): “Huh? Não… por quê?”

Mottou se recusou a receber dinheiro, o que confundiu Liliana. A caravana


tinha fornecido cama e comida, além de uma escolta. Vindo de Mottou, o
mercador, essas palavras pareciam completamente inesperadas. Liliana
mostrou a Mottou um sorriso preocupado.

(Mottou): “Não se incomode demais com isso. Mas aqui está um aviso.
Normalmente, uma caravana irá cobrar passageiros extras antes da partida.
Não pagar antes de partir sugere que o responsável pela caravana está
tramando algo, ou não planejava receber em primeiro lugar. Nosso caso é o
último”

(Liliana): “É mesmo…”
(Mottou): “Eu não sei quais são suas circunstâncias, mas como você está
viajando sozinha, eu presumi que era algo sério. Durante uma crise, se um
mercador como eu ajudar, então no futuro, as pessoas deste país podem
passar a confiar neste mercador”

Liliana percebeu que Mottou sabia a identidade dela desde o começo. Ele
fingiu não saber para ajudá-la sem atrair atenção.

(Liliana): “Então pelo menos eu devo oferecer um gesto de minha apreciação.


Sem sua ajuda, eu nunca teria saído da |Capital Real|”

(Mottou): “Heh… a coisa que você mais deseja frequentemente é a mais difícil
para se comprar de um mercador, sabe?”

(Liliana): “Eh? Não, eu não sei”

Liliana respondeu confusa.

(Mottou): “É confiança”

Mottou explicou.

(Liliana): “Confiança?”

(Mottou): “Sim, um negócio sem confiança não prospera e nunca gerará lucro.
Contudo, ajudando uma jovem senhorita em uma situação séria, a Companhia
Comercial Junker pode se tornar conhecida como uma companhia em que as
pessoas podem confiar. Seu bilhete vai ser pago sem demora”

Liliana mostrou um sorriso sem graça com as palavras ditas por ele. Se você
usar dinheiro excessivamente, isso é sinônimo de falta de confiança. Havia
alguns sentimentos contrários surgindo em Liliana. Eventualmente, ela desistiu
deles e aceitou a boa vontade de Mottou.

(Liliana): “Sua companhia é realmente digna de confiança. Esta Princesa


de |Haihiri| nunca irá esquecer sua gentileza e dedicação. Obrigada!”
(Mottou): “Você desperdiça suas palavras comigo”

Mottou se curvou profundamente com respeito.

Assim, ele se virou, deixando Liliana e Hajime para trás enquanto sua caravana
seguia sua rota para |Horuado|. Ele partiu sabendo que ele receberia seu
próprio certificado de heresia por ajudar a Princesa. Ele já tinha recebido a
informação de que o |Ducado de Ankaji| se recuperou graças à ajuda de
Hajime. Hajime só poderia imaginar o motivo para ele escolher ajudar desta
forma. Ele supôs que Mottou diria que ele fez isso para "ganhar um favor para
um amanhã melhor", o slogan de um genuíno mercador.

Depois de Mottou partir, o grupo seguiu para o [Veículo de Quatro


Rodas] enquanto Liliana começava a explicar sua história. A expressão dela
estava cheia de tensão e impaciência, o que fez Hajime ficar com um mau
presságio. Finalmente, ela começou a falar.

(Liliana): “Aiko foi sequestrada…”

Hajime sentiu que havia mais do que isso na história.

Para resumir a história de Liliana:

Recentemente, o clima dentro do Palácio Real parecia mais desconfortável do


que Liliana se lembrava.

O Rei se comprometeu com a Igreja dos Santos ainda mais fervorosamente do


que fez no passado. O Primeiro-Ministro e os outros líderes também pareciam
ter sido pegos em sua devoção, suas crenças fortalecidas sem razão aparente.

Se fosse apenas isso... porém, também havia o fato que, um após o outro,
todos pareciam concordar com a Igreja. A colaboração deles foi reforçada
como nunca. Liliana continuou dizendo a si mesma que era apenas sua
imaginação.
O desconforto não parou por aí. Todos pareciam estranhamente desprovidos
de qualquer ambição. Ela tentou falar com os ⌈Cavaleiros⌋ e Soldados que
conhecia, rostos familiares, e todos eles responderam corretamente, mas suas
respostas pareciam mecânicas. Talvez fosse algum tipo de doença.

Ela até tentou consultar Meld, o ⌈Cavaleiro⌋ que ela tinha maior confiança, mas
ele sempre estava fora de sua vista e ocupado. Liliana não conseguiria se
encontrar com ele nem mesmo uma vez.

Enquanto isso, Aiko finalmente retornou para a |Capital Real| com os detalhes
da |Cidade de Ur|. Liliana parecia ter estado presento no momento.
Subitamente, uma demanda anormal foi feita. Foi uma solicitação para fazer de
Hajime um herege. Creditada com o resgate de |Ur|, as objeções e opiniões de
Aiko, que possuía grande reconhecimento e popularidade como a ⟦Deusa da
Fertilidade⟧, foram completamente ignoradas.

A conclusão parecia irracional, e Liliana foi uma feroz opositora, apesar de seu
pai não ceder, não importava o que ela dissesse. Sua teimosia parecia beirar a
obsessão. Em vez disso, a própria Liliana foi acusada de não ter fé, e seu pai
começou a vê-la como uma inimiga, ao invés de uma filha.

Liliana fingiu que eles a tinham convencido, e então imediatamente fez planos
para fugir. Ela queria discutir o que estava acontecendo com Aiko primeiro.
Liliana sabia que Aiko estava planejando se encontrar com o resto dos
estudantes para discutir os eventos cercando a queda de Hajime no jantar,
então ela queria se encontrar com a professora previamente e discutir seus
temores.

Ela estava se aproximando do quarto de Aiko quando a escutou discutindo com


outra mulher no corredor. Quando ela espiou perto do local, ela viu Aiko
inconsciente e nas mãos de uma mulher com cabelo prateado vestindo um
hábito de freira².

A mulher amedrontou Liliana, e ela imediatamente disparou para uma


passagem secreta próxima só conhecida pela Família Real.
Embora a mulher de cabelo prateado tivesse notado e procurado por ela, a
mulher não notou a passagem secreta e deixou Liliana em paz. Liliana estava
confiante que a mulher de cabelo prateado era a mentora por trás de tudo isto.
Que tudo estava conectado e que ela precisava contar a alguém.

Entretanto, como Aiko foi emboscada, ficou claro que os estudantes estavam
sendo vigiados. Ela também não sabia do paradeiro de Meld. Então ela se
lembrou que uma das estudantes, uma amiga confiável, não estava na capital.
Assim ela decidiu encontrar Kaori. Ela tinha ouvido a história de que Kaori
estava com Nagumo Hajime. Isso significava que havia apenas esses dois para
ela recorrer. Ela escapou por uma passagem secreta com o plano de seguir
para o |Ducado de Ankaji|.

Baseando-se nas notícias que |Ankaji| estava se recuperando após uma


emergência pública, parecia haver uma grande possibilidade de a pessoa
responsável ser Hajime e seu grupo.

(Liliana): “E depois disso, você sabe, eu recebi permissão para viajar com a
caravana da Companhia Comercial Junker. Eu não acho que fui notada, mas
me ver sendo atacada por bandidos, ou que eu seria ajudada por Kaori... nem
em meus sonhos... um pouco antes... mas... eu... isso foi assustador... a
Igreja... o que está acontecendo? A freira com aquele cabelo prateado... meu
pai…”

Liliana abraçou seu corpo, tremendo de medo. Ao invés da talentosa Princesa


que ela costumava ser, ela parecia apenas uma garota assustada. Embora isso
não fosse nenhuma surpresa. Todas as pessoas que ela conhecia se tornaram
estranhos, e ela estava com medo de ser a próxima.

Kaori a abraçou com força, tentando aliviar, mesmo que só um pouco, o medo
que se entranhava na mente de Liliana.

Enquanto observava a cena, Hajime repassou os eventos em sua mente. A


história de Liliana o lembrou das |Ruínas Submersas Merujiine| e a cena que
lhe foi mostrada no fim. As pessoas que entraram em fervor com sua crença
em Deus. Isto era realmente uma situação de perigo.

Ele não sabia se essas visões eram verdadeiras. Isso poderia estar
acontecendo agora? Não, ao invés de se preocupar com isso, eles deviam
adquirir a ‖Magia da Era dos Deuses‖ rapidamente e deixar este mundo o
mais rápido possível.

Contudo, Hajime não poderia tomar uma decisão imediatamente, já que ele
tinha que considerar Aiko-sensei. Muito provavelmente, o que Aiko iria dizer
para os estudantes era a verdade sobre eles serem trazidos para este mundo
para lutar para o entretenimento de Deus. Eles gostavam de usar pessoas
como peões, e suas palavras iriam colocar um pouco de suspeita que iria
perturbar eles. Parecia que a teoria de Hajime estava correta.

Para eles decidirem sequestrar Aiko, isso devia ser culpa do garoto. Eles
provavelmente não queriam matá-la, mas as pessoas que sentiam prazer ao
manipular a todos como se fossem fantoches, poderiam decidir eventualmente
usá-la.

Hajime estava em dívida com Aiko pelo conselho que ela o deu. As coisas não
eram tão ruins agora que ele não estava sozinho.

Por esse motivo…

(Hajime): “Nós vamos ajudar minha professora”

Hajime escolheu salvar, ao invés de abandonar aquela que precisava dele.

Com essas palavras, Liliana ergueu seu rosto com esperança. Ela estava com
uma expressão de alívio apesar do fato de que estaria voltando para a cidade.
Ela ouviu que ele era indiferente por seus colegas de classe neste mundo e
temia que Hajime iria abandoná-los. Ela esperava que convencê-lo seria muito
difícil.

(Liliana): “Você vai mesmo?”


Liliana pedia confirmação, mas Hajime apenas encolheu seus ombros.

(Hajime): “Por favor, não me entenda mal. Não é pelo seu |Reino|. É pela
minha professora. Ela foi sequestrada por minha causa. Eu tenho que assumir
a responsabilidade”

(Liliana): “Por Aiko…”

Liliana ficou um pouco desanimada quando percebeu que Hajime não tinha
planos de emprestar seu poder para o |Reino|, mas ela tinha alguma
esperança que ele mudasse de ideia pelo caminho. Apesar de suas palavras
duras, ela ainda mostrou um sorriso involuntário.

(Hajime): "Bom, no processo de ajudar minha professora, eu posso acabar


auxiliando o |Reino| por acidente"

Ele admitiu.

(Liliana): “… fufu, eu espero que seja esse o caso. Eu te agradeço Nagumo”

Como a mulher que sequestrou Aiko estava vestindo um hábito da Igreja, e


como o Rei estava ouvindo a Igreja em um nível anormal, provavelmente, a
Igreja era a causa de todos esses problemas. A Igreja certamente entraria no
caminho de Hajime, e eles acabariam como seus inimigos. Ajudar Aiko e
consertar o |Reino| pareciam ser sinônimos. Ao ajudar Aiko, Hajime ajudaria
Liliana.

Liliana compartilhou um sorriso com Kaori, fazendo a boca de Hajime se


distorcer um pouco.

Além de salvar Aiko, Hajime tinha outro propósito. Era a ‖Magia


Espiritual‖ na |Montanha de Deus|. Pelo que eles tinham escutado de Miledi
(a armadura possuída brincalhona que os deu a ‖Magia da Gravidade‖),
a |Montanha de Deus| também era um dos |Sete Grandes Calabouços|.
Contudo, se havia uma entrada para o |Grande Calabouço| escondida pela
Igreja, Hajime não fazia ideia. Ainda assim, valia a pena verificar, mesmo que
os oficiais da Igreja provavelmente entrassem em seu caminho.

Portanto, mesmo que ele tivesse originalmente planejado seguir para o |Mar de
Árvores|, ele agora tinha um bom motivo para ir até a |Montanha de Deus|. E,
no processo, ele resgataria Aiko, com a probabilidade de uma luta com a Igreja
ser muito alta. Se ele atacasse o templo principal, talvez fosse tudo o que ele
precisava fazer para obter a ‖Magia Espiritual‖, ou assim ele pensava.

A respeito da mulher de cabelo prateado, Hajime mencionou que ele imaginou


ter visto uma pessoa com cabelos dessa cor nas visões que eles tiveram
nas |Ruínas Submersas Merujiine|. No cruzeiro de luxo, havia uma mulher
com um capuz que desapareceu e ela certamente tinha cabelo prateado.
Hajime não poderia dizer se era a mesma pessoa, a idade seria diferente
demais³. Entretanto, havia uma sensação desde o início. Algo a se fazer com
esta mulher com cabelo prateado.

O espírito de luta de Hajime se incendiou. Ele iria detê-los, não importava quem
fosse o inimigo. Ele iria matar qualquer um que entrasse em seu caminho. Ele
mostrou um sorriso feroz como o de um lobo selvagem.

(Yue): “… Hajime, ótimo”

Yue respondeu a seu olhar.

(Kaori): “Hajime-kun… seu rosto parece um pouco fechado…”

(Tio): “Obrigado por me mostrar um olhar tão brutal. Tu estás deixando esta
molhada!”

Tio acrescentou.

A atmosfera entre Hajime e as garotas era tudo, menos sutil, e Liliana corou
com a cena.

Notas
[1] Mottou é o mercador que Hajime escoltou no capítulo 52, logo depois de
completar o Calabouço Raisen e voltar para Brook.

[2] Esses eventos aconteceram no capítulo 82.

[3] Hajime está se referindo a figura encapuzada (referida como um homem


pelo tradutor desse capítulo) que parecia ter olhado diretamente para ele e
Kaori no fim da visão do Rei Aleist, no capítulo 94.
Capítulo 99: O ataque da Apóstola e a Capital Real
invadida

Em uma sala onde a única fonte de luz era produzida pela luz da Lua, havia um
contraste de preto e branco se espalhando pela estreita janela de grade.
Era uma sala simples e plana, com apenas seis tatames de tamanho¹ com uma
pequena mesa, uma cadeira, uma cama de madeira e um banheiro simples. Se
comparado com as celas de prisões da Terra, ela seria obviamente muito pior.

Em uma prisão tão ruim, Hatayama Aiko estava sentada na cama no canto da
sala, atualmente enterrando seu rosto em seus joelhos.

Fazia três dias desde que Aiko foi levada para esse quarto.

Graças ao Artefato em forma de bracelete que ela usava em seu pulso, Aiko
não poderia usar magia. Ainda assim, ela tentou escapar no início. Como
esperado, não era possível abrir à força uma porta de aço apenas com sua
força física; além disso, a abertura da janela de grade só era o suficiente para
seus braços passarem por pouco.

Mesmo assim, a atual posição das salas no último andar do caro templo,
o |Templo da Montanha de Deus|, tornava impossível alcançar o solo de
forma segura, apesar disso, havia membros da Igreja posicionados do lado de
fora, vigiando.

Em tal posição, Aiko estava preocupada sobre a segurança de seus


estudantes; contudo, ela não poderia fazer nada, e assim, ela ficou abatida e
sombria. Sua estatura já pequena ficou ainda menor na cama.

(Aiko): “… eu preciso ir para os meus estudantes... mas como…”

Aiko murmurou enquanto olhava para cima. Ela se lembrou que a freira com
cabelo prateado a disse que ela foi sequestrada. Aiko se perguntou se o que
ela ouviu de Hajime se tornaria um inconveniente se ela contasse para Kouki e
os outros. Era óbvio quem era o "mestre" a quem a freira se referia. E parecia
que eles estavam interessados nos estudantes também.

A mente de Aiko ficou repleta com inquietação indescritível. Ela se lembrou dos
eventos de |Ur|, onde um de seus estudantes, Shimizu Yukitoshi, perdeu sua
vida. “Possivelmente, mais uma vez, outro estudante irá…”, com esse tipo de
pensamento em sua mente, Aiko ficou ainda mais ansiosa.
Sendo confinada nesta sala, ela tentou pensar sobre coisas que ela poderia
fazer neste momento. Se ela sossegasse e refletisse com calma, notaria que o
Palácio Real parecia muito estranho e estava coberto com um denso senso de
incongruência. Na mente de Aiko, com uma postura forte, ela se lembrou da
perigosa atmosfera que o Rei Eric e os outros líderes possuíam.

Com certeza, Aiko começou a imaginar que a freira com cabelo prateado tinha
feito algo. Ela definitivamente disse a palavra ‖Charme‖. Se fosse verdade,
então eles estavam usando algo nas linhas de lavagem cerebral.

Contudo, ao mesmo tempo, quando ela falou com Shizuku e Liliana, tal
sensação estranha de incongruência não estava presente. Embora ficasse
aliviada com isso, ainda havia um grande desconforto crescendo em seu peito
devido ao confinamento.

Enquanto rezava por suas seguranças, ela se lembrou de outra preocupação.


Foram as palavras, "eliminação do irregular". Essas foram as palavras que ela
ouviu pouco antes de perder completamente sua consciência. Por essa razão,
Aiko se lembrou de um certo estudante.

A pessoa a quem ela devia sua vida, o estudante que matou Shimizu Yukitoshi.
Embora possuísse um forte desejo e uma força monstruosa, o garoto pensou
seriamente e escutou as palavras de Aiko. E muitas coisas aconteceram, várias
coisas diferentes, e lá no fundo, como esperado, bem no fundo, apesar de ela
não dever pensar nisso, ela ainda continuava se lembrando.

A memória que ela desesperadamente tentou selar em sua mente mais uma
vez foi lembrada, e, por algum motivo, suas bochechas ficaram quentes.
Embora Aiko sacudisse sua cabeça para limpar sua mente, ela começou a se
preocupar com a segurança de Hajime, e descuidadamente murmurou seu
nome.

(Aiko): “… Nagumo-kun”

(Hajime): “Ou? O que foi Sensei?”


(Aiko): “Fe!?”

Com a súbita resposta a seu murmúrio inconsciente, Aiko instintivamente


soltou uma voz de surpresa. Não deveria haver mais ninguém no quarto.
Enquanto procurava por todo o quarto, Aiko inclinou sua cabeça. “Foi só uma
alucinação?”, ela pensou. Contudo, Aiko definitivamente não estava
alucinando. Mais uma vez, ela escutou a voz.

(Hajime): “Aqui Sensei”

(Aiko): “Eh?”

O corpo de Aiko ficou alerta com a voz. Não era uma alucinação! Seu olhar
espreitou pela estreita janela de grade. Havia a figura de Hajime espiando do
outro lado.

(Aiko): “Eh? Eh? Nagumo-kun? Eh? Este é o último andar... deste templo…
eh?”

(Hajime): “Ahhhh, sim. Primeiramente, se acalme Sensei. Eu quase terminei de


verificar a existência de armadilhas…”

Desconsiderando o olhar confuso de Aiko, Hajime confirmou que não havia


nenhuma armadilha com seu [Olho Mágico] antes que
a ‖Transmutação‖ fosse usada e brilhantes faíscas vermelhas aparecessem.
Um buraco grande o bastante para uma pessoa passar foi feito, e com isso, a
invasão estava completa.

A sala em que Aiko estava confinada ficava a cerca de cem metros acima do
nível do solo. Entretanto, ele entrou como se estivesse pisando em terra firme!
É preciso dizer que, com Hajime casualmente criando um buraco e entrando na
sala, Aiko o encarou em choque.

Hajime mostrou um pequeno sorriso para a impressionada Aiko.


(Hajime): “O quê? Isso é mesmo tão surpreendente? Você não percebeu que
eu estava vindo? No entanto, eu já devo ter praticamente eliminado todos os
traços de minha presença... eu perdi um pouco de minha confiança agora”

(Aiko): “He? Percebeu? Eh?”

(Hajime): “Não, é que, você chamou o meu nome. Você não me notou do lado
de fora da janela?”

Obviamente, Aiko não sentiria a presença de Hajime sem que


a ‖Percepção‖ fosse usada, mas Aiko simplesmente disse o nome dele por
causa de seus desejos. Enquanto pensava nisso, Aiko não poderia dizer que
ela inconscientemente murmurou o nome do rapaz. Ela rapidamente pensou
que mudar o assunto seria a melhor escolha.

(Aiko): “Um, além disso, por que você está aqui…”

(Hajime): “Para ajudar, é claro”

(Aiko): “Wa, por mim? Nagumo-kun? Você veio até aqui para me ajudar?”

Para Aiko, que começou a corar e murmurar estranhamente "awawa", Hajime


cuidadosamente examinou o estado dela. Pensando bem, ela não tinha sido
manipulada mentalmente? Hajime pensou nisto enquanto franzia o cenho. Com
um olhar sério em seus olhos, ele começou a examinar Aiko cuidadosamente
com seu [Olho Mágico] em busca de sinais de manipulação mágica.

Enquanto caminhava na direção de Aiko, que se sentou na cama, ele a


observou com grande atenção. Aiko começou a corar muito e seu pulso
disparou. De qualquer modo, o garoto em que ela acabara de pensar foi ajudá-
la após ouvir sobre sua situação difícil. Ele estava ao lado dela na cama, à
noite, a observando com uma expressão intensa. Era apenas um estudante e
uma professora, não deveria existir nenhum problema específico, não é?
Embora ela pensasse assim... Aiko não estava confiante para dizer isso em voz
alta. Ela ficou rígida, já que não podia fazer nada além de devolver o olhar que
Hajime estava a dando.
Hajime, pensando que estaria tudo bem agora que o [Olho Mágico] não
descobriu nenhum tipo de manipulação por magia, segurou a mão de Aiko. Ele
ia remover o artefato que estava restringindo a magia dela.

No entanto, Aiko, cuja mão foi subitamente agarrada, "Hyauuuu!", soltou uma
estranha voz. Ela encolheu um pouco.

“Pare! Isso não é bom! Nagumo-kun! Uma coisa dessas não pode ser
permitida! Eu sou uma professora!”, ela começou a gritar.

(Hajime): “Mas, não é inconveniente que sua magia esteja selada? Ou, há algo
errado em fazer isso? Apesar de não parecer haver nenhuma armadilha”

(Aiko): “Eh? Ah, esta coisa…”

(Hajime): “… o que mais seria?”

(Aiko): “Ah, ahaha… desculpe. Não é nada…”

Com a suspeita passando, os olhos de Hajime começaram a mostrar um olhar


desapontado. Aiko tentou o enganar com um sorriso falso. E, mudando de
assunto, perguntou como ele sabia onde ela estava presa.

(Hajime): “A Princesa nos disse”

(Aiko): “Princesa? A Princesa Liliana?”

(Hajime): “Ahh. Ela testemunhou você sendo sequestrada. Como ela imaginou
que Amanogawa e os outros estivessem sob vigilância, ela decidiu escapar
da |Capital Real|. Então ela pediu nossa ajuda”

(Aiko): “Lili pediu… então Nagumo-kun aceitou o pedido dela”

(Hajime): “Maaaaa, eu pareço ser o responsável por esta situação... embora a


Sensei possa não querer me ver... bem, por favor, aguente até nos reunirmos
com os outros”
Após Hajime terminar de remover o Artefato que selava a magia de Aiko, ele se
levantou. Aiko imaginou que a última frase de Hajime se referisse à morte de
Shimizu. E os olhos de Aiko encararam o dúbio Hajime, então ela começou a
dizer o que ela realmente sentia sobre isso.

(Aiko): “Não querer ver você, não é nada disso. Você veio ajudar, eu estou
realmente grata... certamente, a situação de Shimizu-kun não pode ser
completamente esquecida, e eu provavelmente nunca serei capaz de me
esquecer disso... ainda assim, a intenção que você teve quando puxou o
gatilho… eu acho que eu a entendo. Eu não guardo rancor de você, e também
não te odeio”

(Hajime): “… Sensei”

Para Hajime de olhos arregalados, Aiko revelou um sorriso ansioso com


gentileza.

(Aiko): “Naquele momento, como eu não pude dizer corretamente... desta vez,
por favor, permita-me dizer isso... obrigado por me ajudar. Eu sinto muito por te
fazer puxar o gatilho”

(Hajime): “…”

Hajime estava com um sorriso sem graça porque parecia que Yue estava
correta, mesmo assim, era um fato que ele fez Aiko sofrer; contudo, ele não
poderia falar sobre esse assunto.

(Hajime): “Eu, eu só fiz o que eu queria fazer. Apesar de receber sua gratidão,
você não tem que se desculpar. Ao invés disso, vamos partir logo. A Princesa
já deve ter chegado até Amanogawa e o resto dos alunos. Depois de nos
juntarmos com eles, é necessário conversar sobre o futuro”

(Aiko): “Eu entendo. Nagumo-kun, por favor, seja cuidadoso. A Igreja o vê


como um herege. E, para a pessoa que me sequestrou, você provavelmente…”
(Hajime): “Eu sei. De qualquer forma, após te entregar, eu vou tomar conta de
um assunto inacabado, provavelmente, nesse momento, a Igreja e eu vamos
nos confrontar... no entanto, eu já me preparei para isso”

Hajime assentiu para Aiko com um olhar que mostrava sua forte vontade. As
bochechas de Aiko ficaram quentes de novo devido a esse olhar. Aiko tentou
expressar suas preocupações mais uma vez.

Mas nesse momento, um som estrondoso de algo quebrando foi ouvido de


longe, o ar também tremia um pouco.

Com isso, o corpo de Aiko se endureceu e ela voltou seus olhos para Hajime.
Hajime estava olhando para fora e se concentrando em algo ao longe. Nesse
momento, ele recebeu informação do grupo de Yue, que estava no chão.

(Hajime): “Che, com esta sincronia... bem, de certa forma, isso é


conveniente…”

Após um tempo, Hajime voltou a encarar Aiko enquanto estalava sua língua.
Embora Aiko não soubesse que Hajime tinha ‖Telepatia‖, como ela sabia que
ele tinha muitos Artefatos, ela imaginou que ele descobriu algo. O olhar dela
passava a impressão de querer saber o que estava acontecendo.

(Hajime): “Sensei, é um ataque surpresa dos ⌊Demônios⌋. Parece que agora


mesmo a barreira externa cobrindo o |Reino| foi destruída”

(Aiko): “Um ataque surpresa dos ⌊Demônios⌋!? Isso significa…”

(Hajime): “Ahh, neste momento, o |Reino Haihiri| está sendo invadido. Eu


acabei de receber a informação de minhas companheiras através
de ‖Telepatia‖. Parece que os ⌊Demônios⌋ também trouxeram um enorme
exército de 〈Feras Mágicas〉. É um ataque surpresa completo”

Com o resumo de Hajime, o rosto de Aiko ficou pálido, "Não pode ser", foi o
que saiu de seus lábios enquanto ela sacudia sua cabeça.
Era verdade. Primeiramente, era impossível não notar uma invasão com a
quantidade de forças que estava avançando em direção ao |Reino|. A grande
barreira que cercava a |Capital Real| também era forte o bastante para repelir
qualquer ataque comum e era inesperadamente resistente contra os mais
poderosos. Ninguém acreditaria que as duas maiores dificuldade fossem
superadas tão facilmente.

(Hajime): “Sensei, primeiro, vamos temporariamente nos juntar com


Amanogawa e o resto do grupo. Então vamos falar sobre o que fazer”

(Aiko): “Si-sim”

Aiko, que congelou com a tensão, estava agora segurando a mão direita de
Hajime. “Uhya!”. Uma voz estranha lhe escapou, ela envolveu seus braços ao
redor do pescoço de Hajime com a brusquidão da ação.

Assim, no momento seguinte…

]Ka!![

Uma grande luz prata verteu do lado de fora.

(Aiko): “!?!?!?”

Uma luz tão forte quanto o luar caiu dentro do quarto, alarmes instintivamente
se ativaram na mente de Aiko.

Contudo, Hajime não se abalou e prosseguiu pulando para fora da sala através
do buraco que ele fez anteriormente. Aiko gritou enquanto se agarrava em
Hajime devido aos rápidos movimentos, mas não havia tempo para se
preocupar.

Aconteceu simultaneamente, Hajime segurou Aiko e disparou para fora do


quarto antes da luz erradicar completamente o local no instante seguinte.

]Bobaaaa!![
Não houve nenhum som ribombante quando o quarto foi esmagado, ele
simplesmente evaporou, se desfazendo em partículas de luz. O topo do templo,
que era feito de aço, agora não tinha nada mais do que partículas muito mais
finas do que areia, que foram então espalhadas com o vento da noite e
desapareceram no céu.

Para o fenômeno específico, Hajime, enquanto usava ‖Aerodinâmica‖ para se


manter no ar, arregalou seus olhos e murmurou.

(Hajime): “… isso foi... decomposição?”

(???): “Belíssima resposta irregular”

Para seu breve murmúrio, uma resposta inesperada surgiu, uma voz que
parecia o badalar de um sino, entretanto, ela era fria e desprovida de qualquer
emoção.

Quando Hajime voltou seu olhar para onde a voz surgiu, havia uma mulher com
cabelo prateado e olhos azuis o encarando do teto. Hajime então imaginou que
esta era a mulher que sequestrou Aiko.

Apesar de esta mulher ser diferente da descrição de Liliana. Ela não estava
vestindo o hábito de uma freira, ao invés disso, esta mulher estava
completamente envolta por um vestido branco e armadura. O vestido não tinha
mangas e chegava até a altura dos joelhos, seus braços, pernas e cabeça
estavam cercados pela proteção da armadura, com uma placa metálica presa
em ambos os lados de sua cintura. Era a figura de uma guerreira, não
importava como você a olhasse. Exatamente como uma Valquíria².

A mulher de cabelo prateado saltou pelo ar como se a gravidade não tivesse


poder sobre ela. E, com uma rotação, se posicionou na frente da lua, um par de
asas prateadas se expandindo de suas costas.

As asas se expandiram com um ]Basaa[, parecia que as asas prateadas


estavam envolvidas por magia prateada. Com a Lua atrás dela, ela parecia
misteriosamente divina enquanto seu cabelo prateado flutuava com o vento.
Ela possuía beleza e encanto extremamente impressionantes.

Entretanto, infelizmente seus olhos não entravam nessa descrição. Apesar de


sua imensa beleza, apenas seus olhos passavam uma impressão fria como se
fossem pedras de gelo. Não era a frieza do ódio contra outro ser. Era
exatamente como uma ferramenta mecânica com um só objetivo. Eram os
olhos de uma boneca.

A mulher de cabelo prateado, enquanto olhava de cima para Hajime, que


segurava Aiko cuidadosamente, lentamente estendeu ambos os braços.

Então, suas manoplas brilharam momentaneamente, e, no momento seguinte,


uma enorme espada branca apareceu em suas mãos. A enorme espada tinha
quase dois metros de comprimento e também estava envolta por magia
prateada. A mulher de cabelo prateado parecia não ser afetada por seu peso,
chamando Hajime sem um pingo de sentimentos.

(???): “Eu sou Nointo. Eu sou uma ⟦Apóstola de Deus⟧, por meu mestre, eu
vou remover todas as peças desnecessárias”

Uma declaração de guerra. A mulher que se apresentou como Nointo, no


verdadeiro sentido do termo, era uma ⟦Apóstola de Deus⟧. Finalmente,
parecia que eles tinham decidido interferir nos planos de Hajime. Diretamente o
removendo do "jogo de Deus".

Magia prateada surgia ao redor de Nointo. Uma enorme pressão atacou Hajime
e Aiko, era como se eles estivessem debaixo de uma enorme cachoeira.

Apesar de Aiko tentar resistir desesperadamente, sua expressão ficou azul e


depois branca. Seu corpo começou a tremer incontrolavelmente.
Pensando, "Estamos condenados", enquanto quase perdia sua consciência,
uma magia vermelha brilhante subitamente cercou Aiko. A magia vermelha
brilhou ainda mais para protegê-la, ela bloqueou completamente a pressão que
Nointo liberava.
Aiko arregalou seus olhos. Ela virou seu rosto para Hajime, quem ela assumiu
ser a causa. Assim, sem nem mesmo tremer, ele recebeu a pressão. Ela viu a
aparência de Hajime mostrando seus dentes ferozmente.

Enquanto ele recebia a pressão, o olhar cético de Aiko não estava mais em sua
mente. Hajime, exatamente como Nointo, fez uma declaração de guerra.

(Hajime): “Mate-me se você puder, fantoche de Deus”

Com essas palavras como sinal, a uma altitude de 8.000 metros no céu sobre
a |Montanha de Deus|, a ⟦Apóstola de Deus⟧ e o Monstro que escapou do
inferno entraram em confronto.

Pouco antes do ataque de Nointo contra Hajime, Yue, Shia, Kaori e Liliana
avançavam pelo Palácio Real usando passagens secretas. O propósito delas
era levar Liliana até o grupo de Kouki.

Originalmente, foi decidido que Yue e as outras iriam resgatar Aiko


na |Montanha de Deus|, e também procurar pelo |Grande Calabouço| e
a ‖Magia da Era dos Deuses‖, já que a situação de Liliana procurando a
ajuda do grupo de Kouki era uma tarefa trivial.

Entretanto, para garantir a segurança de Aiko, eles precisavam ter certeza que
o grupo de Kouki não tinha sofrido lavagem cerebral. Era necessário confirmar
se eles estavam seguros.

Além disso, a |Montanha de Deus| era literalmente a sede da Igreja. Mesmo


que fosse para resgatar Aiko, era preferível que eles não causassem um
alvoroço. Para não ser notada, uma pessoa seria o suficiente para procurar
pelo local de confinamento de Aiko, assim, Hajime seguiu sozinho.

Dessa forma, Yue, que permaneceu na |Capital Real|, decidiu se juntar a


Kaori, que insistia em ajudar Liliana, já que isso não seria um grande problema.
Ainda assim, só para casos de emergências, Tio estava de prontidão em algum
lugar do |Reino|. Isto se devia ao fato de eles precisarem de alguém para
supervisionar a situação.

Assim, o grupo de Yue viajou para o palácio através de passagens secretas e


apareceu em um quarto de hóspedes. No local de onde elas vieram, a
antiguidade silenciosamente voltou para seu local original, escondendo a
passagem como se nada tivesse acontecido.

(Liliana): “Neste horário, todos devem estar dormindo em seus próprios


quartos... por enquanto, vamos seguir para o quarto de Shizuku”

Liliana baixou sua voz na escuridão. Então ela virou seu rosto da direção do
quarto de Shizuku. Ao invés de confiar em Kouki, o Herói, sua avaliação era
mais realista.

Concordando com Liliana, Shia liderou o grupo porque ela tinha a maior
percepção dentro do grupo. Shizuku e os outros estavam atualmente dormindo
em quartos de alta classe, então eles estavam em uma área separada. O grupo
estava avançando pelos corredores com passos silenciosos enquanto a luz da
Lua se infiltrava pelas janelas.

E, depois de avançarem por um tempo, algo aconteceu.

]Zudoooon!![

]Pakyaaaan!![

O som estrondoso lembrando um bombardeio, em seguida, o som de vidro se


quebrando podia ser ouvido através da |Capital Real|. O ar sacudiu e tremeu
com o impacto, as janelas no corredor em que estava o grupo de Yue também
estavam vibrando.

(Shia): “Wawa, mas o quê!?”

(Liliana): “Isto... não pode ser!?”


Shia, enquanto usava suas orelhas de coelho ao máximo para ouvir as
pessoas que poderiam aparecer, instintivamente as cobriu com ambas as mãos
enquanto soltava uma voz de dor. Logo após isso, o rosto de Liliana ficou
pálido, e ela se apressou em direção à janela. Yue e as outras também se
aproximaram da janela para ver o que estava acontecendo.

E o espetáculo que cumprimentou seus olhos…

(Liliana): “Como é possível... a grande barreira... foi destruída?”

Liliana cobriu sua boca e falou com uma voz trêmula. Exatamente como ela
disse, no céu noturno da |Capital Real|, a grande barreira se despedaçou em
partículas de magia e se espalhou como poeira.

Liliana só poderia observar o espetáculo com espanto, uma luz brilhou no


momento seguinte, o som estrondoso foi ouvido mais uma vez. E a fina película
de luz que cobria a capital do |Reino| começou a vacilar.

(Liliana): “Até a segunda barreira... por quê… ela é tão frágil? Com isto, logo...”

O que era a grande barreira a qual Liliana se referia? Havia três enormes
barreiras mágicas que defendiam o |Reino| de inimigos estrangeiros. Um
Artefato gerava a barreira em três pontos, ⌈Magos⌋ da Corte Real forneciam
seus |Poderes Mágicos⟩ nele regularmente para sustentar as barreiras. Sua
força foi testava muitas vezes, o |Reino| foi protegido da invasão
dos ⌊Demônios⌋ por centenas de anos. Esta era uma das razões para a guerra
ainda estar em um impasse.

Uma barreira de proteção absoluta foi quebrada em um único momento. E,


agora mesmo, a segunda barreira também estava perto de ser destruída.
Quanto mais próximas do |Reino| as barreiras estavam, mais fortes elas se
tornavam, mas se a segunda barreira estava a ponto de ser destruída, era uma
questão de tempo antes que a última também caísse. O Palácio Real estava
ficando agitado. Parecia que eles tinham notado que a barreira foi atacada.
Luzes começaram a piscar em vários locais.
(Liliana): “Não pode ser, um trabalho interno? Mas, ajudar... as forças
inimigas? O que é que está acontecendo…”

Foi Yue quem descobriu essa resposta por Liliana, que estava muito absorvida
na ideia e ficou aturdida.

(Tio): “Tu me escutaste? Senhora, esta deve resumir a situação para ti?”

O [Minério da Telepatia] começou a brilhar, uma voz ressoou dele. Era a voz
de Tio, que foi deixada vigiando a |Capital Real|. Pela forma que ela falou, eles
praticamente compreenderam o que estava acontecendo.

(Yue): “Nn… por favor, faça isso Tio”

(Tio): “Entendido. Cerca de um quilômetro ao Sul da |Capital Real|,


há ⌊Demônios⌋ liderando um enorme exército de monstros. O 〈Dragão
Branco〉 daquela vez também está aqui. Teu ‖Sopro‖ foi o que destruiu a
barreira. Contudo, esta não vê a figura do líder”

(Liliana): “Não pode ser, uma invasão? Como, mas como eles conseguiram
chegar tão perto…”

Em resposta ao relato de Tio, Liliana franziu o cenho com uma expressão


incrédula.

Para essa dúvida, Yue e as outras podiam imaginar a resposta. O cavaleiro


do 〈Dragão Branco〉, Freed Baghuar, o ⌊Demônio⌋ daquela vez em que
a ‖Magia Espacial‖ foi obtida no |Grande Vulcão|. Até mesmo para Yue, era
virtualmente impossível abrir um "portal" para um exército inteiro passar, mas
se houvesse alguma ajuda, isso podia ser possível.

Se transportar por todo o caminho do continente do Sul sem atrair atenção,


aparecendo bem debaixo do nariz da |Capital Real|. Não havia outra forma
além dessa. Embora o 〈Dragão Branco〉 estivesse atacando, ele
provavelmente não podia se movimentar muito. Seu mestre provavelmente
estava descansando na retaguarda, dando ordens.
Enquanto isso, o som de vidro se quebrando ressoou pelo ar mais uma vez. A
segunda barreira estava destruída. Enquanto ficava frustrada, Liliana os incitou
para se encontrarem com Kouki e os outros estudantes. Contudo, Yue sacudiu
sua cabeça.

(Yue): “… nos separamos aqui. Vocês continuam”

(Liliana): “Na, aqui? O que você quer…”

Liliana franziu o cenho com dúvida e começou a falar que se encontrar


rapidamente com Kouki e os outros e planejar suas próximas ações seria o
melhor. Enquanto Yue abria a janela, seus olhos se estreitaram e ela falou seu
motivo friamente.

(Yue): “… o cavaleiro ⌊Demônio⌋ do 〈Dragão Branco〉 feriu Hajime... eu vou


espancá-lo até ele chorar”

Aparentemente, devido ao ataque surpresa no Grande Vulcão, Yue carregava


um profundo rancor contra Freed. Todas presentes no local não poderiam fazer
nada contra a perigosa atmosfera de Yue.

(Shia): “Vo-você está nervosa Yue-san…”

(Yue): “… Shia? Você já se esqueceu”

(Shia): “Sem chances. Eu vou continuar o espancado, mesmo se ele começar


a chorar e implorar”

Apesar de Shia instintivamente se corrigir com a irritada Yue, as palavras


da ⌊Vampira⌋ foram inexpressivas, mas Shia começou a dizer algo ainda mais
extremo. Shia, que normalmente mostrava um sorriso brilhante, declarou suas
intenções de forma imponente com uma expressão divertida. Shia também
parecia não ser capaz de perdoar o que tinha acontecido antes.

(Shia): “E portanto, Kaori-san, Lili-san. Yue e eu, para disciplinar o dono


daquele lagarto gigante, vamos partir agora”
(Yue): “… nn, qualquer um que nos obstruir também”

Assim que elas disseram isso, ambas Yue e Shia saíram pela janela sem
ouvirem o que Kaori e Liliana tinham a dizer. A vida de Freed estava em jogo.
Fuja Freed! Depressa, fuja! Era o que seus companheiros teriam dito se eles
estivessem ali.

A brisa da noite e o barulho entraram pela janela aberta. Por um tempo, Kaori e
Liliana ficaram paradas em silêncio, então elas começaram a avançar mais
uma vez, como se nada tivesse acontecido.

(Liliana): “… Nagumo-san… é muito amado…”

(Kaori): “Sim... insanamente... senão... elas são inimigas bem poderosas”

(Liliana): “Kaori… para sobreviver, trabalhe duro, ok? Eu irei ajuda-la”

(Kaori): “Sim. Obrigado Lili…”

Depois disso, Lili se virou e murmurou com uma voz triste, “A forma como eu
estou sendo tratada está ficando mais e mais grosseira…”.

O comentário foi ignorado admiravelmente por Kaori. “Para falar a verdade, Lili
choraria se eu dissesse que também queria ir?”. Enquanto pensava isso no
canto de sua mente, Kaori e Lili rapidamente seguiram para Kouki e o resto do
grupo de alunos.

Notas

[1] No Japão, o tamanho de um quarto é geralmente medido pelo número de


tatames. O tamanho tradicional de um tatame é 90 cm por 180 cm (1,62 metros
quadrados) por 5 centímetros. Então a cela de Aiko tem aproximadamente 9,72
m².

[2] As valquírias (literalmente "a que escolhe os mortos"), na mitologia nórdica,


são dísir, deidades femininas menores que serviam Odin sob as ordens
de Freya. O seu propósito era eleger os mais heroicos guerreiros mortos em
batalha e conduzi-los ao salão dos mortos, Valhalla, regido por Odin, onde se
converteriam em einherjar (guerreiros mortos recolhidos pelas Valquírias para
irem ao palácio de Valhala). A escolha servia metade daqueles que morriam
em batalha (a outra metade seguia para o campo de Freyja, na vida após a
morte, denominado Fólkvangr). Odin precisava de guerreiros para que
lutassem a seu lado na batalha do fim do mundo, Ragnarök. A sua residência
habitual era Vingólf, situado próximo de Valhalla. O dito salão contava com
quinhentas e quarenta portas por onde entravam os heróis derrotados para que
as guerreiras os curassem, deleitando-se com a sua beleza e onde também
"serviam hidromel e cuidavam da louça de barro e vasilhas para beber". Estas
surgem também como amantes de heróis e outros mortais, em que, por vezes,
são descritas como filhas da realeza, ocasionalmente acompanhadas por
corvos, e de vez em quando incorporadas a cisnes ou cavalos.

Capítulo 100: A incomparável Shia


A capital do Reino cedeu ao caos depois do súbito ataque que destruiu a
barreira e a aparição da raça dos Demônios.

Enquanto as pessoas começavam a correr para fora de suas casas, elas


ficavam com caras espantadas assim que viam a grande barreira se
despedaçando. Para tal cenários, os grupos de patrulha só poderiam gritar
irritadamente, “Não deixem suas casas!”. Aqueles com pensamento rápido logo
se recompuseram. Eles tentaram deixar a capital com apenas o mínimo de
bagagens. Enquanto isso, uma quantidade significante de pessoas se reuniu
nos portões do Palácio Real para buscar abrigo. Gritos foram ouvidos.

Apesar de ser tarde da noite, com esta quantidade de barulho, não seria
estranho para uma multidão se formar nos minutos seguintes. Especialmente
porque o Palácio Real também não foi capaz de acalmar a confusão. De
qualquer forma, o Palácio Real estava confuso com a situação, especialmente
quando tudo aconteceu em um piscar de olhos. No momento que eles notaram,
todos já estavam uma situação onde uma espada estava apontada para suas
gargantas. Era uma reação esperada.

Apesar de eles tentarem rapidamente reunir o exército…

]Pakyaaaan!![

Isso não foi feito a tempo.

A última barreira finalmente foi quebrada, a força dos monstros criados com a
Magia da Era dos Deuses e os Soldados Demônios os montando avançaram,
fazendo a terra vibrar no processo. A última linha de defesa deles era apenas
um muro feito de pedra que cercava a Capital Real. Apesar de ser a única
defesa, ele ainda possuía considerável força... contudo, pensar que o muro
duraria muito seria otimismo demais.

Para esmagar o muro, os Demônios reuniram múltiplas pessoas para invocar


magia avançada. Junto a isso, os monstros lançaram chamas peculiares e
Magia do Trovão. Pedaços de gelo e estilhaços de pedra eram disparados, e
um grupo de Ciclopes-Besouros, que tinham quatro metros de altura,
começaram a destruir as paredes com suas clavas.

Mesmo em locais diferentes, havia monstros parecidos com javalis, que


mediam cinco metros de comprimento, se chocando contra o muro com intensa
força enquanto eram envolvidos por vento para aumentar seus poderes. Com
isso, uma destruição no nível de um terremoto atingiu o muro com cada
impacto. Além disso, os monstros capazes de voar, tais como Águias Negras e
Dragões Cinzas, estavam no céu e ignoravam completamente o muro,
continuando a invasão a capital.

Apesar dos Soldados que estavam posicionados no topo da muralha lutarem


desesperadamente com o inesperado e enorme exército, a interceptação deles
foi mal executada. Era como se eles estivessem tentando impedir um trem de
aço com armas de airsoft[1].

Em tal situação, havia Tio, que estava de prontidão observando a situação da


grande torre do relógio da capital, e Yue e Shia, que acabaram de deixar a
Capital Real.

— … Tio, você encontrou aquele cara?

— Tio-san, onde está aquele idiota?

— … vós... não, maa, esta entende vossos sentimentos. “Com todos juntos é
muito mais reconfortante!”, é o que esta se lembra da Princesa Liliana dizer, ela
é muito penosa... sendo descartada tão facilmente.

— … não ligue para isso.

— Isso é só um detalhe bobo.

Tio estava encarando Yue e Shia com uma expressão impressionada, as duas
não pareciam se preocupar muito com isso. Isto também devia ser influência de
Hajime. Elas não estavam interessadas se não houvesse oponentes.
Yue e Shia estavam com olhos arregalados enquanto procuravam por Freed
Baghuar, e então seus Minérios da Telepatia reagiram. A voz de Hajime surgiu.

— Oi! Tio! Venha até aqui imediatamente!

— Nuo! Mestre? Qual o problema?

Devido a voz inesperadamente forte que veio do Minério da Telepatia, Tio, que
foi chamada, inconscientemente expressou sua surpresa.

— Uma perigosa apareceu. Eu quero que você tome conta da Sensei. Caso
contrário, eu não serei capaz de ir com tudo.

— !?!?!? Muito bem, esta entende! Esta seguirá para aí imediatamente!

Tio, que reconheceu que Hajime estava enfrentando uma oponente onde seria
necessário que ele lutasse com todo o seu poder, em um instante, usou a
Dragonificação, então, rapidamente, disparou em direção ao alvo que estava a
8.000 metros no céu.

— … Hajime, tome cuidado.

— Hajime-san! Yue-san e eu vamos acabar com os domadores de monstros,


então não se preocupe!

— Ha? Vocês duas não estavam com a Princesa... uuo, essa passou perto!
Desculpem, não parece que eu serei capaz de conversar nesta situação!
Apesar de não saber o que vocês planejam fazer, sejam cuidadosas.

Embora Hajime parecesse duvidar do que Shia disse, devido a intensa batalha
em que estava, ele teve que cortar a comunicação. Enquanto protegia Aiko, o
oponente não estava abrandando contra Hajime. Em um instante, Yue e Shia
começaram a se perguntar se deveriam ir ajudar.

— Yue-san, o que você vai fazer?


— … se for Hajime, então ficará tudo bem. Tio também vai estar lá. Mais
importante que isso, precisamos lidar com o Demônio domador. Aliás, não
podemos permitir que eles destruam a formação da Magia da Era dos Deuses.

Correto, a razão para Yue entrar no campo de batalha, apesar de também ser
em parte para se vingar por Hajime, era não permitir que outro detentor da
Magia da Era dos Deuses, Freed, ficasse à vontade.

No caso de Freed saber onde o Grande Calabouço da Montanha de Deus


estava, exatamente como aconteceu no Grande Vulcão, ele provavelmente
seguiria para lá primeiro. Além disso, ele poderia destruir a formação mágica
na sequência. Elas notaram que os monstros e a estrutura do Grande Vulcão
gradualmente se restaurariam, então era possível que, com o tempo, tudo
fosse recuperado, mas não era possível dizer quanto tempo seria preciso para
isso acontecer. Dessa forma, Yue queria evitar que isso acontecesse a
qualquer custo, e decidiu atacar Freed.

Em primeiro lugar, retaliação era 90% do motivo…

Assim, nesse momento, enquanto estavam no topo da torre do relógio, Yue e


Shia notaram dois monstros que pareciam águias com aproximadamente três a
quatro metros de comprimento. Enquanto observavam Yue e Shia, os monstros
mergulharam para atacar ambas da esquerda e da direita.

]Kueeeeee!![

As Águias Negras soltaram um grito corajoso e se aproximaram. Sem nem


olhar, Shia pegou Doryukken da Caixa do Tesouro e a colocou em seu modo
de disparo, e então, sem hesitação, atirou uma bala sólida[2] explosiva. Yue
também, sem precisar olhar, apenas estalou seus dedos com sua mão direita e
inúmeras lâminas de vento surgiram como uma chuva pesada.

Das duas Águias Negras que se aproximavam das garotas, uma cabeça foi
explodida devido a onda de choque, e a outra, como se tivesse sido executada
por uma guilhotina, foi fatiada em pedaços. Suas trágicas figuras caíram no teto
de uma casa civil. Nesse momento, as pessoas que estavam dentro da casa
escutaram o barulho e ficaram extremamente nervosas com o som.

Depois que as duas foram mortas, todos as Feras Mágicas que podiam voar se
viraram e notaram Yue e Shia. Se você olhasse com atenção, notaria que
cerca de um terço delas tinha Demônios montados. Depois dos Demônios
olharem como se estivessem investigando a situação, quando notaram as duas
Águias caindo, eles entenderam que o grupo inimigo contava com uma Garota-
Coelho e uma garotinha, e como se estivessem olhando para duas idiotas, eles
bufaram para Yue e Shia, e então começaram a invocar suas magias.

Ambas Yue e Shia não tinham intenções de defender o Reino do enorme


exército, contudo, o propósito delas era Freed. Era como se elas estivessem
tentando sair sem permissão, não havia outra escolha além de contra-atacar, já
que elas se tornaram alvos.

Por ora, Shia disse — Não somos inimigas, mas há pouco fomos atacadas,
então não tivemos outra escolha. — Apesar de eles estarem rindo dessa tolice,
não parecia que eles tinham qualquer intenção de parar seus ataques.

Os Demônios pensaram que as oponentes eram desprezíveis, então eles


prosseguiram e deixaram alguns amigos para trás para lidar com isso, no
momento seguinte, os gritos e sons estrondosos de seus momentos finais
ressoaram atrás dos que partiram, e quando eles se viraram para ver a causa,
seus olhos se arregalaram com o espanto.

]Googaaaaaaa!![

Era um dragão feito de relâmpagos, rugindo enquanto devorava os amigos


deles e os monstros um após o outro.

Para esse espetáculo, os Demônios só poderiam encarar em completa


surpresa. Tentando escapar do Dragão do Trovão, um Demônio
desesperadamente tentou se afastar, indo na direção de seus amigos com seu
monstro, esticando sua mão, como se estivesse pedindo ajuda... entretanto, no
momento seguinte, uma bala explosiva atravessou o vento com intenção
assassina de suas costas, e o Dragão Cinza e seu cavaleiro foram
despedaçados.

Embora os parentes de sangue daqueles que morreram ficassem ferozes, eles


lutaram para entender o que tinham acabado de testemunhar. Os Demônios
que ficaram congelados, se recompuseram e se prepararam para perseguir a
causa. E eles começaram a procurar pelas garotas que esmagaram seus
companheiros em um instante. Devido a imprevisibilidade, eles começaram a
ver ilusões de suas próprias mortes. Com a alta tensão, eles esqueceram até
de limpar o suor enquanto ele escorria por seus olhos. E, na frente deles,
apareceram Yue e Shia.

Contudo, para eles, a aparição delas foi completamente inesperada. Porque ao


invés de se esconderem do grupo que as perseguia, elas permaneceram no
mesmo lugar. Yue e Shia nem se incomodavam em olhar para eles.
Exatamente como na primeira vez, elas concentraram seus olhares na busca
de algo no exterior do muro. Suas costas falavam mais do que palavras.

Em outras palavras, elas não poderiam se importar menos com eles.

No momento que perceberam isso, as expressões dos Demônios, que estavam


paralisados com a alta tensão, se distorceram em irritação e raiva. Enquanto
transformavam seus companheiros em fatias, aos olhos de Yue e Shia, eles
não eram nada mais do que pedrinhas a serem chutadas ao lado da estrada.
Como guerreiros, ou devido a seu orgulho como Demônios sendo espezinhado,
calor percorreu todos os seus corpos e sangue ferveu.

— Malditaaaas!!

— Uooooooo!!

— Morraaaam!!

Embora consumidos pela raiva, suas habilidades como Soldados era natural e
eles entraram em suas posições. Eles mostraram um grande trabalho de
equipe. Eles formaram um quadrado de todos os lados para cercá-las e então
dispararam todas as suas magias ao mesmo tempo. A magia dos Demônios
era excelente. Normalmente, a cena faria a expressão do alvo se distorcer em
desespero.

No entanto, eles ficaram impressionados com a expressão entediada de Yue.


Assim, ela esticou seu dedo como se fosse um fino bastão.

— … a diferença na habilidade, vocês deviam aprender a reconhecer isso


instintivamente.

Ao mesmo tempo que ela disse essas palavras, todas as magias foram
completamente bloqueadas pelo dragão de trovão se enrolando ao redor de
Yue e Shia como um casulo. E o dragão de trovão mais uma vez abriu suas
mandíbulas como se fosse um portal, e como se estivessem cometendo
suicídio, todos eles pareciam estar pulando voluntariamente dentro da boca do
monstro.

Então, esperando que as muitas pessoas do outro lado começassem a invocar


suas magias que se excediam em penetração, outra parte do dragão de trovão
se abriu. Shia, cujas orelhas de coelho estavam esvoaçando, disparou com a
velocidade de uma bola de canhão.

Em um instante, todos os Demônios por perto sabiam que ela planejava


obstruir seus encantamentos, então todos invocaram Magia de Fogo de nível
iniciante que praticamente não levava tempo para ser lançada.

Entretanto, Shia, como se não se incomodasse, desviou de todos os projéteis


com simples explosões de Doryukken para mudar sua órbita, ela então atacou
com a marreta de lado, mirando nos três Demônios que estavam invocando
magia.

— Ri… ya… aaaaa!

Com um grito, Doryukken foi desferida, e devido a Magia da Gravidade, a arma


obteve o peso de quatro toneladas no momento do impacto. Com isso, o corpo
dela também foi estimulado com Fortalecimento Corporal. O resultado seria
melhor não ser dito. Os troncos dos três Demônios foram destruídos. Até os
monstros que estavam sendo montados por eles tiveram suas espinhas
esmagadas com a onda de choque. Eles foram atirados para longe enquanto
soltavam gritos em seus momentos finais.

Shia, que ainda estava no ar, nesse instante, diminuiu o peso de Doryukken e o
seu próprio para cinco quilos ou menos, e, mais uma vez, dançou pelo ar como
se fosse uma pena. Então, alterando Doryukken de volta para o modo de
disparo, balas sólidas explosivas foram disparadas mirando os Demônios que
lançavam projéteis de fogo. Como pretendido, mais uma vez no céu noturno do
Reino, flores vermelhas brilhantes floresceram.

Shia puxou dois discos coloridos que foram atirados no ar da Caixa do


Tesouro, eles flutuaram no ar desconsiderando a gravidade e foram usados
como suportes. Ela olhou os arredores parada no ar, batendo de leve
Doryukken em seu ombro.

Então, em um local um pouco afastado, os últimos Demônios sobrando


estavam a ponto de desesperadamente começar um ataque suicida contra
Yue.

— Garotinha… gaaa!! Eu vou te matar!!

Com olhos injetados de sangue e um tipo de sentimento, “Mesmo que eu seja


morto”, podia ser sentido de seu desespero. Contudo, a atitude de Yue com ele
era fria como um cobertor molhado.

— … você está 300 anos adiantado, garoto…

Ele provavelmente planejava atacar quando o dragão de trovão ainda estivesse


lidando com seus amigos. Entretanto, seus lábios se distorceram quando ele
descobriu que o que as palavras de Yue significavam era que o dragão de
trovão já tinha voltado, em seguida, sua cabeça foi cortada de modo limpo por
uma lâmina de vento que veio por baixo e ela voou pelos becos com olhos
girando.

Depois que tempo foi inutilmente tomado, Yue começou a procurar por Freed
de novo. Ao lado dela, Shia aterrissou enquanto carregava Doryukken.

— Eles realmente pensam que somos parte da força de combate do Reino, não
pensam?

— … isso não importa. Eles podem pensar o que quiserem.

— Que seca... maa, as coisas certamente parecerem isso…

As duas brincaram uma com a outra enquanto procuravam por Freed, quem
sabe ele já estivesse a caminho do Grande Calabouço usando a Magia
Espacial... elas começaram a ficar apreensivas, então...

— !?!?!? Yue-san!

— Nn.

Ao mesmo tempo que Shia deu seu aviso, Yue pulou para longe da torre do
relógio sem hesitação. Logo após isso, uma película oval apareceu no meio do
ar, uma enorme aurora jorrou de lá. A aurora apagou por completo a parte
superior da torre do relógio onde Yue e Shia estavam, contudo, o ataque foi tão
poderoso que o prédio ficou extremamente destruído.

— Como esperado, algum tipo de premonição. Que irritante…

Ao mesmo tempo que essa voz masculina ressoou, o Demônio Freed Baghuar,
que possuía cabelo vermelho e era o cavaleiro do Dragão Branco, apareceu da
película oval. Por sua expressão, você poderia notar a irritação por elas
facilmente desviarem do ataque surpresa.

Assim, um Dragão Branco apareceu do "portal", junto com vários Demônios


montados nas costas de Águias Negras e Dragões Cinzas, parecendo ser
centenas, Yue e Shia foram completamente cercadas.
Ao mesmo tempo... um terrível som ribombante foi ouvido e uma parte da
muralha externa foi finalmente destruída, na sequência, Demônios e Feras
Mágicas invadiram a capital uma após a outra, algumas das tropas viram Yue e
Shia e dispararam ferozmente contra elas. Parecia que eles pretendiam matar
as duas aqui de uma vez por todas.

— Não posso acreditar que vocês conseguiram sobreviver àquela situação.


Como imaginei, a paixão daquele homem para viver... é perigosa demais. Para
começar, nós vamos matar vocês duas, que são as companheiras daquele
homem.

Para as palavras de Freed, que continham ódio, Yue e Shia estavam ambas
destemidas. E elas responderam ao mesmo tempo. Estranhamente, foram as
mesmas palavras que o garoto que elas amavam, atualmente no céu a 8.000
metros de altura, tinha dito.

— Mate-nos se você puder (por favor).

Como se essas palavras fossem o sinal, os monstros e Demônios as cercando


dispararam magias ao mesmo tempo.

Lanças de fogo de um calibre capaz de queimar até mesmo a atmosfera


estavam voando, lasers de água foram disparados e cortaram o espaço, vento
de intenção assassina se tornou lâminas para atacar, um bombardeamento de
gelo e neve rugiu, areis de petrificação e veneno se espalharam, e um chicote
de relâmpago na forma de uma serpente se moveu ao redor do céu noturno. E
uma Aurora rasgou o céu, só por precaução.

Um grupo de 40 Demônios ou mais e cerca de 100 Feras Mágicas. Em todas


as direções, havia inimigos. A cena foi preenchida com uma tempestade de
ataques.

No entanto, Yue e Shia ainda estavam calmas, apesar de estarem cercadas


pela morte de todos os lados, suas posturas não mostravam sinais de tentar
desviar. Alguns Demônios pensaram, “Elas desistiram...”, enquanto suas
expressões mostravam que elas tinham perdido a vontade, apenas Freed
manteve sua atenção devido a um pressentimento desagradável que
aumentava intensamente dentro dele.

— Transcender Fronteiras.

Yue ativou sua Magia da Era dos Deuses.

Na mesma hora, dois portais brilhantes apareceram diante da Aurora. Freed


dubiamente apertou suas sobrancelhas. Ao conectar o portal em tais
coordenadas, mesmo se elas teleportassem a Aurora, ela provavelmente
apareceria no outro portal para um ataque direto.

Entretanto, essa expectativa só poderia ser assumida se apenas um par de


portais fossem criados. Freed baseou sua expectativa em suas próprias
limitações.

Portanto, ele não poderia entender o motivo para Yue e Shia pularem dentro do
portal, já que não era possível para ele notar imediatamente que um portal já
tinha aparecido atrás deles.

— Merd-, desviem!

Yue e Shia desapareceram através do outro portal, no momento em que a


Aurora se conectou com o portal, embora Freed tenha notado seu equívoco e
avisasse seus companheiros, já era tarde demais.

Apesar do próprio Freed ser capaz de desviar a tempo, muitos subordinados


atrás dele... quando foram diretamente atingidos pela Aurora, ficaram
levemente consciente de que estavam morrendo, e com isso, apenas alguns
conseguiram escapar.

— Maldita seja, matando meus subordinados. Eu não esperava que você fosse
capaz de abrir dois ao mesmo tempo... isso significa que eu ainda estou te
subestimando…
Raiva preencheu seus olhos, ao mesmo tempo, ele também estava com medo
de Yue, que era capaz de criar dois portais simultaneamente e teve sucesso
em usar essa técnica corretamente em um combate. Também não houve
traços de encantamento ou o uso de formações mágicas, embora ele
confirmasse a verdadeira natureza delas em sua mente, no momento, era
necessário procurar pelas outras duas pessoas.

— Freed! Bem ali!

Um dos subordinados de Freed apontou para fora do muro externo.


Certamente, Yue e Shia estavam lá.

Era difícil para lutar com casas logo abaixo deles. Se Freed realmente
esperava por um confronto entre eles, seria improvável que ele apenas
continuasse a invasão da Capital Real, e assim, ele se transferiu diretamente
para o exterior da muralha externa. É claro que seria uma situação de
emergência se ele continuasse sua invasão ao invés de confrontar Yue e Shia,
já que a foice do Deus da morte certamente desceria sobre suas costas.

Como Freed também entendia isto, ele não poderia virar suas costas para elas.
Yue esticou sua mão direita e dobrou seu dedo, como se dissesse para se
aproximarem, com esta ação, a ira de todos os Demônios excedeu o ponto de
ebulição.

Era óbvio que a jovem garota com aparência infantil estava os provocando, e a
detestável Garota-Coelho que massacrou seus companheiros também estava
lá, com isso em suas mentes, "Nós seremos seus oponentes", eles pensaram
enquanto alinhavam seus olhares... a provocação não poderia ser ignorada
devido ao orgulho deles como uma raça superior, mesmo que suas oponentes
estivessem em menor número.

— Você é só uma garotinha!

— Sua besta suja, não fique tão cheia de si!


Enquanto gritavam essas palavras abusivas, todos os Demônios atacaram ao
mesmo tempo. Eles mandaram as Feras Mágicas atrás de Yue, que era capaz
de lançar magias fatais em rápida sucessão e de forma veloz. Do chão, parte
do enorme exército também atacava Yue e Shia ferozmente.

Shia, graças a Caixa do Tesouro, era capaz de continuamente atirar balas


explosivas que eram praticamente ilimitadas. No céu, e até no solo, o Poder
Mágico de Shia emitia uma cor que lembrava pedras da lua, ondulando, no
instante seguinte, ele foi convertido em uma onda de choque e destruição que
se espalhou por toda a parte. As únicas coisas que restaram foram apenas
corpos quebrados, esmagados como se tivessem sido atropelados pela morte.

E então, o Dragão Branco e todos os Dragões Cinzas lançaram seus Sopros


de uma vez. O ataque seria fatal para Shia, mesmo com seu Fortalecimento
Corporal ativo se ela fosse atingida diretamente. Entretanto, Shia não entrou
em pânico.

— Calamidade Absoluta.

Yue disparou um orbe negro rodopiante que apareceu diante dos olhos de
Shia. A esfera da cor do azeviche continha supergravidade, exatamente como
um buraco negro, a aurora se aproximando de Shia foi distorcida e então
completamente devorada.

— Ku, você também usou isso da última vez. Essa Magia da Era dos Deuses é
uma que eu não conheço. Todos os membros, escutem! Eu vou lidar com a
Maga loura! Todos vocês se juntem e matem aquela Garota-Coelho! Separem
elas, não permitam que elas cooperem!

— Entendido!

Parecia que Shia atuava como vanguarda de Yue e quando elas se


separavam, parecia que a Garota-Coelho ofegava exaustivamente, a
retaguarda dos Demônios decidiu separar Yue para derrotar as duas. Embora
parecesse isso, quando Shia começou a recuar na direção de Yue, o Demônio
montado em uma Águia Negra especialmente gigante, que estava envolvida
por um enorme tornado, disparou como uma bola de canhão.

Shia estava no ar empunhando Doryukken e parecia que fosse jogá-la, mas


devido a sincronia inesperada, os Demônios se prepararam para um ataque
suicida e o alvo deles não deveria ser capaz de responder a tempo. Com uma
rotação enquanto usava as explosões de Doryukken, todos os ataques vindos
dos Demônios foram detidos e eles foram atirados para longe radialmente.

Com pressa, o Demônio na Águia Negra envolta por um tornado tentou


confrontá-la. Como esperado, não havia tempo para ela contra-atacar a
investida, também não havia tempo para desviar, então ela segurou Doryukken
como se fosse um escudo e aumentou seu poder físico. Um dos dispositivos de
Doryukken se ativou, enquanto fazia um som, um escudo redondo se formou.

— Mesmo que seja apenas você! Eu definitivamente vou te matar sem falha!

O Demônio com cabelo loiro curto gritou, enquanto olhava para Shia com olhos
cheios de ódio por seus companheiros serem mortos, e colidiu com Doryukken
que ela segurava no alto.

Shia, que foi empurrada para trás, se separou de Yue, apesar de tentar
aumentar seu peso para suportar o empurrão, antes que ela pudesse reagir,
um portal de teleporte negro já tinha sido aberto atrás dela. Nesse instante, os
olhares de Yue e Shia se encontraram, o precipitado ataque suicida tinha o
objetivo de conseguir tempo para Freed invocar sua Magia Espacial.

— Yue-san! Eu sinto muito! Nós vamos ser separadas!

— Nn… sem problemas. Eu vou matar este cara aqui.

Imediatamente antes de ser empurrada para o portal, Yue, com seu polegar
levantado, disse — Boa sorte! — Shia sorriu um pouco com isso. O sorriso foi
visto pelo Demônio montado na enorme Águia Negra, seu rosto se distorceu
com a raiva. Apesar de ele realmente não se importar com Shia, era a própria
companheira de Yue que estava sendo engolida pelo portal, o que significava
que elas estavam agora separadas.

— Esse rosto sorridente leviano, que repugnante. Quando seus braços e


pernas forem arrancados, nós vamos arrastá-la na frente do seu homem.

O primeiro Demônio que atravessou disse isso enquanto saía do portal.


Parecendo diferente do resto dos Demônios, Shia imaginou que isso se tratava
de um rancor pessoal, enquanto franzia o cenho dubiamente, ela o perguntou.

— … nós nos encontramos em algum lugar? Eu não me lembro de ter feito


nada para receber olhares tão duros.

— Você ainda se lembra daquela mulher Demônio com cabelo vermelho?.

Shia, que não podia entender o motivo para a súbita conversa sobre uma
mulher aparecer, só podia inclinar sua cabeça confusa. Porém, o Demônio
considerou esse ato como um sinal de que ela não se lembrava, enquanto
apertava seus dentes, ele revelou mais informações sobre seu ressentimento.

— Sua desgraçada, estou falando da mulher que vocês mataram no Grande


Calabouço Orcus[3].

— … … … ah! Aquela pessoa!

— Maldita!

Estava muito claro que Shia tinha esquecido completamente este assunto até
agora, o homem, que já estava furioso e em seu ponto de ebulição, disparou
várias lâminas de vento com encantamentos curtos. Assim, Shia desviou delas
como se não fossem nada.

— Espere um segundo, quem era aquela pessoa para você? Só com o que
você disse há pouco, eu ainda não pude entender.

— Cattleya, a mulher que vocês assassinaram... era minha noiva!


— !!! Ah, entendi... então esse é o motivo.

Shia acenou com a cabeça como se estivesse consentindo.

Parecia que o homem na frente dela era o amado a quem a mulher no Grande
Calabouço Orcus sussurrou seu amor antes de morrer... ele era Mikhail.
Embora ela não entendesse como ele descobriu isso, ele sabia que Hajime foi
aquele que matou sua noiva e parecia estar queimando com o desejo de
vingança. Para fazer Hajime sentir o mesmo que ele sentiu, Mikhail planejava
arrastar ambos os corpos de Shia e Yue na frente dele.

— Como você se atreve, Cattleya... era sábia e gentil, ela sempre pensou em
seu país…

Mikhail estava gritando seu rancor com olhos vermelhos, e a usual vivacidade
de Shia se tornou fria como se isso fosse uma mentira, e ela respondeu com
palavras extremamente leves.

— Eu não sei nada sobre isso.

— O qu-que você quer dizer!?

— Não, se ela não queria morrer, ela poderia apenas ter evitado a luta, não é?
Em primeiro lugar, foi ela quem nos desafiou. Hajime-san até a avisou. Não
vamos te perseguir se você fugir. Se uma pessoa importante foi morta, é óbvio
que alguém irá carregar rancor... mesmo que você diga que tipo de pessoa ela
era... não estamos interessados... você me entendeu? Exatamente como as
vidas de todos que vocês tomaram até agora... não há chances de você estar
interessado.

— Ca-calada, calada, calada! Inimiga de Cattleya! Eu vou te atormentar até


que você enlouqueça, então vou te matar!

Mikhail, gritando como se tivesse perdido sua paciência, fez outro tornado ser
produzido para aumentar a velocidade da Águia Negra enquanto mergulhava
contra Shia. Parecia que o tornado era a magia de Mikhail, e não a habilidade
inerente da enorme Águia Negra. Enquanto montava o monstro, Mikhail
continuava seu encantamento e inúmeras lâminas de vento foram lançadas do
tornado em uma tentativa de bloquear as rotas de fuga de Shia.

Shia, empunhando Doryukken, derrubou as lâminas de vento e então diminuiu


seu peso assim que pulou em um disco para desviar da investida da Águia
envolta pelo tornado.

Contudo, antes que ela desviasse, tropas de Demônios montando outras


Águias Negras se reuniram enquanto Shia e Mikhail conversavam. Como
Mikhail estava montando a maior Águia Negra, eles provavelmente eram seus
subordinados.

Shia estava em uma situação onde todas as forças de Águias Negras que
estavam nos céus disparavam agulhas de pedra contra ela. Era exatamente
como uma chuva forte. Shia disparou balas sólidas explosivas para criar ondas
de choque com o objetivo de derrubar as agulhas.

E pulou contra uma Águia Negra próxima após abrir um caminho na barragem.
Desconsiderando os Demônios assustados, ela atacou com Doryukken sem
qualquer hesitação. Os Demônios que foram atingidos desapareceram dentro
da escuridão da noite enquanto seus órgãos internos e ossos eram
esmagados.

Shia continuou a usar seu impulso dos ataques e esmagou os Demônios e


Águias Negras que estavam afastadas do resto do grupo.

— Ku, não entrem em combate a curta distância! O céu é nosso domínio!


Ataquem com ondas de magia e agulhas de pedra de longe!

Para os companheiros que foram atirados como se fossem bolas de pinball,


Mikhail julgou que combate a curta distância seria impossível e ordenou que
todos atacassem estritamente a distância. Mais uma vez, Shia foi forçada a
desviar de suas magias e agulhas de pedra que vinham de todas as direções
ao continuamente pular dos discos que ela usava como trampolins.
Contudo, ela nunca chegou na distância para atacar, todas às vezes que ela se
aproximava, eles se afastavam e Shia ficava irritada com isso. Assim, a garota
julgou que não seria eficiente se só usasse balas explosivas, então ela puxou
um novo item da Caixa do Tesouro.

Era uma bola metálica vermelha. Ela tinha aproximadamente dois metros de
diâmetro. Uma corrente se estendia da bola metálica e Shia a prendeu no topo
de Doryukken. Então, ela usou sua perna para chutar a bola metálica que
estava caindo devido à gravidade e se balançava horizontalmente de
Doryukken.

]Gagin!![

Com um som estrondoso, a bola de metal voou com uma velocidade


inacreditável.

Enquanto entrava em pânico, o Demônio que era o alvo tentou desviar


rapidamente, contudo, subitamente, o lado da bola de metal explodiu, com isso,
é claro que seu curso mudou. O Demônio e sua Águia Negra não foram
capazes de responder a brusquidão, a bola metálica que pesava mais de dez
toneladas colidiu com eles, os dois foram instantaneamente mortos com todos
os ossos em seus corpos esmagados no céu noturno.

Shia puxou a corrente de volta com Doryukken, e a bola de metal que acabara
de massacrar seus inimigos rapidamente voltou para seu alcance. E enquanto
a bola voltava, Shia disparava balas explosivas em rápida sucessão para
manter os outros ocupados, ou simplesmente para matá-los. Quando a bola de
metal retornou, ela foi mais uma vez lançada em outro alvo.

Isso mesmo, o mais novo dispositivo de Doryukken era basicamente


um kendama[4] com um sistema incorporado que o permitia mudar seu peso e
disparar balas com o objetivo de mudar sua trajetória.

— Uriyaaaaaaaa!
Shia continuou brincando com o Kendama no céu noturno da Capital Real
enquanto gritava. Quando a bola era lançada, sua trajetória estava sempre
mudando e sempre voltava após destroçar seu alvo. O Kendama virou um
meteoro vermelho que disparava irregularmente através do céu noturno, ele
começou a ficar ainda mais vermelho assim que o sangue dos inimigos o
manchou.

— Maldita seja, essas técnicas tão estranhas! Para cima! Ataquem ela fora de
seu alcance!

Mikhail, enquanto mordia seus lábios ao ver seus subordinados sendo mortos
um após o outro, deu ordens para uma barragem de ataques ser lançada para
manter ela ocupada e conseguir tempo para ele invocar sua própria magia.
Shia facilmente desviou dos ataques como se dançasse no ar sem peso.

Então, logo após desviar do último ataque, magia de longo alcance caiu sobre
sua cabeça como um dilúvio.

Shia segurou o centro de Doryukken sobre sua cabeça e começou a girá-la em


círculos. Com isso, a bola metálica que estava conectada por sua corrente
também começou a girar devido a força centrífuga e acompanhou o movimento
de Doryukken. A marreta e o Kendama giraram em alta velocidade com intensa
força, eles se tornaram um escudo redondo improvisado que também estava
rodeado por uma cor vermelha, e os ataques mágicos que estava caindo foram
todos lançados para longe e se dispersaram por causa da força inigualável.

— Você é minha!

Mikhail, que julgou que ela estaria ocupada demais lidando com os ataques do
alto, disparou contra Shia. A enorme Águia Negra soltou uma extraordinária
quantidade de agulhas de pedra que correram com a determinação da Magia
do Vento. A tempestade local soltou um uivo enquanto disparava na direção de
Shia.
Shia se permitiu cair em queda livre para reduzir sua altitude rapidamente e
desviou do bombardeio de vento. Os lábios de Mikhail se distorceram como era
de se esperar, de novo, ele decidiu esperar pelo momento que ela pisasse no
chão se esquivando, e ele planejava lançar mais lâminas de vento.

No entanto, nos olhos de Mikhail que estava observando seu alvo, Shia não
tinha uma expressão tomada pelo desespero, o espetáculo que ele viu incluía
uma bola de ferro do tamanho de um punho aparecendo do nada sob os pés
de Shia e ela saltou dela.

Shia pegou a bola de ferro da Caixa do Tesouro e usou suas pernas com força
máxima para se lançar dela. A bola de ferro, que foi chutada com velocidade
avassaladora e mira perfeita, atingiu a enorme Águia Negra em que Mikhail
estava montado! O vívido som de carne rasgando pôde ser ouvido.

— Kuueeeeeeee!!!

A enorme Águia Negra gritou com a dor do impacto enquanto caía girando.
Mikhail, mais uma vez, disparou uma bola de canhão de vento que continha
agulhas de pedra em desespero enquanto ele caía com a enorme Águia Negra.

Shia, que finalmente passou por todos os ataques mágicos que choviam sobre
sua cabeça, desviou a bola de canhão de vento que se aproximava
rapidamente usando Doryukken. Contudo, as agulhas feitas de pedra não
poderiam ser completamente evitadas, algumas delas perfuraram seu ombro e
braço.

— Conseguimos! Ela foi atingida pelas agulhas de pedra do Kotorisu!

— Com isto está acabado!

As agulhas em si não causavam muito dano, entretanto, todos os Demônios


pareciam igualmente alegres por Shia ter sido atingida pelas agulhas de pedra.

Shia olhou para as expressões deles com suspeita.


A resposta para sua dúvida apareceu imediatamente. Começando por onde as
agulhas se prenderam, ela começou a ser petrificada. Parecia que Kotorisu era
o nome da enorme Águia Negra, e sua magia inerente parecia permitir que
suas agulhas de pedra petrificassem o alvo após o contato. Era uma habilidade
desagradável e problemática.

Normalmente, quando afligido com uma condição anormal, você usaria um


remédio específico para curá-lo, ou o purificaria com Magia de Cura. Contudo,
neste momento, Shia estava sozinha no campo de batalha, então os Demônios
pensaram que ela estava condenada. Contanto que eles continuassem a
atacando sem dar chance de ela tomar algum remédio, ela ficaria
completamente petrificada.

Entretanto, no momento seguinte, suas expressões que mostravam sua


convicção da vitória, mudaram para uma de perplexidade e, finalmente, para
desespero.

Foi porque…

— Mmm, que gafe. Porém, se isto é tudo...

Enquanto dizia isso, Shia puxou e jogou para longe as agulhas, e, com o
objetivo de se concentrar, ela fechou seus olhos. Então, em um instante, a
petrificação que estava gradualmente se espalhando, parou subitamente, na
sequência, a carne que se tornou pedra recuperou sua cor original. E,
finalmente, o ferimento das agulhas também foi remendado, ela voltou a seu
estado normal como se nada tivesse acontecido.

— Po-por quê!?

— O que está acontecendo!?

Não havia sinais de Magia de Cura sendo usada, também não havia qualquer
sinal de uso de remédios, contudo, Shia facilmente curou a petrificação e o
dano das agulhas apenas ao se concentrar um pouco, medo começou a
aparecer nas expressões dos Demônios. Um medo do desconhecido que não
poderia ser entendido. Suas vozes estavam perturbadas e trêmulas.

Não havia necessidade de pensar muito sobre como Shia conseguiu se curar.
Ela simplesmente usou a Magia de Regeneração. Como de costume, sua
aptidão com a magia era bastante ruim, era só o suficiente para ela ser capaz
de curar ferimentos e condições anormais em seu corpo.

Sua autocura era quase uma versão inferior da Regeneração Automática de


Yue, Shia podia até curar doenças sérias, contudo, isso não era automático e
ela não poderia regenerar algo externo. No entanto, poucas feridas ou simples
fraturas seriam curadas dentro de alguns segundos com um pouco de
concentração, e se ela gastasse mais tempo, também poderia curar
enfermidades graves.

Não havia como evitar que os Demônios estivessem em desespero. Porque


incluindo o poder impressionante dela, a garota também possuía a capacidade
para se recuperar, eles não podiam pensar em nenhum método para encurralá-
la. Os olhos que estavam olhando Shia eram os mesmos olhos das pessoas
que confrontavam Hajime. Em outras palavras, eles estavam olhando para um
monstro! Então...

— Saa, aqui vou eu.

Shia, enquanto segurava Doryukken, rapidamente apareceu diante dos olhos


dos Demônios paralisados e confusos. Assim, um golpe mortal foi desferido!
Com apenas um golpe, outro Demônio morreu. Nesse momento, os Demônios
restantes entraram em pânico e gritaram palavras incompreensíveis, não havia
absolutamente nenhuma cooperação e eles começaram a tentar ataques
suicidas imprudentemente.

Shia calmamente, enquanto utilizada o Kendama, ou através do uso das balas


sólidas explosivas, prontamente reduziu o número deles.
Finalmente, o último homem da equipe de Mikhail se tornou presa de
Doryukken, entretanto, a luz da Lua foi subitamente apagada e uma sombra
cobriu toda a área.

Shia olhou para cima, atrás das escuras nuvens, Mikhail estava caindo do céu.
Parecia que a enorme Águia Negra também estava em seus limites, uma
descida abrupta em linha reta era tudo o que o monstro seria capaz de fazer
agora.

— Incontáveis relâmpagos caindo do céu, desvie disso se você puder!

Ao mesmo tempo que Mikhail gritou, inúmeros relâmpagos caíram enquanto


ribombavam desordenadamente. Era como uma chuva intensa de raios. Esta
magia originalmente fazia um enorme ataque de grandes relâmpagos caírem
das nuvens escuras, uma magia de ataque avançada, Martelo do Trovão, da
Magia do Vento, e ele ousadamente a multiplicou, criando uma magia de área
de efeito. Apenas com isso, você poderia dizer quão avançado Mikhail era com
o uso da magia.

Os relâmpagos rapidamente ultrapassaram Mikhail e caíram diretamente na


direção de Shia.

Muito provavelmente, com o objetivo de matá-la com certeza, ele chegou a


resolução de esfaqueá-la, apesar de seus próprios raios caírem enquanto ele
fazia um ataque suicida. Ele já tinha usado muito poder só para multiplicar os
relâmpagos, entretanto, por mais super-humana que Shia fosse, ela não seria
rápida o bastante para desviar dos raios.

A velocidade dos relâmpagos que caíam era de 150 quilômetros por segundo.
Não era possível desviar após reconhecer isso. Aos olhos de Mikhail, enquanto
seus subordinados eram mortos um após o outro, ele estava suportando
enquanto determinadamente continuava seu encantamento usando todo o
Poder Mágico em seu corpo, "Desta vez, com toda certeza, ela irá cair!". Sua
força de vontade podia ser vista.
Entretanto, logo após isso, Mikhail viu uma cena inacreditável.
Inesperadamente, Shia desviou dos raios que caíam. Não, mais precisamente,
era como se ela soubesse exatamente que área não seria atingida e se
movesse para lá antes que os raios caíssem.

Esse foi o erro de Mikhail. Shia tinha uma técnica que a permitia desviar de
coisas antes que elas se tornassem perceptíveis.

Uma derivação de sua magia inerente, Premonição, chamada Visão da


Revelação. Ela a permitia ver dois segundos no futuro. Apesar de ser uma
versão inferior de sua Suposição do Futuro, ela nem mesmo consumia Poder
Mágico, era uma habilidade conveniente que podia ser usada várias vezes em
rápida sucessão. Esse foi o resultado dos esforços de Shia em seus
treinamentos contínuos.

— O que é você!? O que exatamente é você!?

— … eu sou apenas uma mulher com orelhas de coelho.

Ele não poderia acreditar no que viu, Shia desviou de todos os relâmpagos,
naturalmente, o ataque de Mikhail enquanto mergulhava também foi facilmente
repelido, e ela empunhou o Kendama e esperou que ele passasse.

Então, o Kendama circulou magnificamente ao redor de Mikhail, as correntes


se enrolaram em seu corpo e ele foi instantaneamente contido.

— Nuguoo! Me solte!

— Eu vou te soltar, exatamente como você deseja!

Mikhail, que foi pego pela corrente, foi lançado por Doryukken, assim que ele
foi solto, a força centrífuga o fez voar em direção ao solo. A força centrífuga
causada pela pesada massa de ferro era tremenda, Mikhail foi atirado contra o
chão como um meteorito.
Imediatamente, ele preparou uma barreira de vento e escapou da morte
instantânea, contudo, era provável que todos os ossos em seu corpo
estivessem esmagados enquanto ele jazia de costas sem se mover um
centímetro. “Gobog Gobo”, ele tossiu sangue.

Shia aterrissou a seu lado.

Carregando Doryukken em seu ombro, ela tinha um compromisso com ele.


Mikhail, enquanto vagamente mantinha sua consciência, voltou seus olhos para
Shia. Em seus lábios, devido a sua incapacidade de derrubar sua inimiga, ou
devido a situação impossível onde ele foi completamente aniquilado apesar de
contar com quase cem subordinados, um sorriso de autodepreciação, que até o
próprio Mikhail não entendia, foi exibido. Ser espancado até chegar neste
estado, era possível que ele não pudesse fazer nada além de rir de si mesmo.

Para Shia, que estava o olhando de cima, Mikhail percebeu que esse era o seu
fim. Em seu coração, ele se desculpou com sua querida noiva que ele não
conseguiu vingar, então, ele falou suas últimas palavras.

— … goho, este… goho… monstro!

— Fufu, muitíssimo obrigada!

A última retaliação de Mikhail pareceu apenas deixar Shia mais feliz.

No fim, enquanto observava absorto a marreta que era desferida contra sua
cabeça, Mikhail pensou que se houvesse uma vida após a morte, ele iria
procurar por Cattleya, ele perdeu a consciência enquanto tinha esses
pensamentos.

Enquanto carregava Doryukken depois de aplicar o golpe final, as bochechas


de Shia relaxaram por causa das palavras finais de Mikhail.

— Parece que eu finalmente fiquei forte o bastante para ser chamada de


monstro... fufu, parece que eu cheguei mais perto de Hajime e as outras. Muito
bem, e quanto ao lado de Yue-san…
Shia olhou na direção de Yue, elas pareciam estar separadas por uma
distância considerável. E, mesmo agora, ela esperava que ainda pudesse ser
capaz de dar um bom golpe em Freed, Shia então começou a disparar para se
juntar a Yue.

Notas

[1] Airsoft, ou Softair, é um jogo esportivo onde os jogadores participam de


simulações de operações policiais, militares ou de mera recreação com armas
de pressão que atiram projéteis plásticos não letais, utilizando-se
frequentemente de táticas militares. É praticado em ambientes fechados ou ao
ar livre, frequentemente em áreas de grande extensão.

[2] Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para tiro
esportivo e destacam-se por sua maior capacidade de penetração e alcance.

[3] A mulher a quem ele se refere foi a que emboscou o grupo de Kouki no
Grande Calabouço Orcus e foi morta por Hajime no capítulo 78.

[4] O kendama é um brinquedo tradicional japonês. O ken tem três partes em


forma de cálice e uma espiga que encaixa no buraco da bola que está presa ao
brinquedo por um fio. O kendama é uma variação de um brinquedo hispânico
clássico conhecido como bilboquê. O princípio desse brinquedo era simples:
através do movimento das mãos, a bola deveria ser encaixada no suporte.
Capítulo 101: A incomparável Yue

A Lua brilhante se tornou invisível atrás da multidão de Dragões de Cinzas.


Havia provavelmente cerca de cem figuras visíveis. E no meio de todos eles,
havia o Dragão Branco, e a figura de Freed Baghuar podia ser vista montada
em suas costas.

— Não nos menospreze. Dividir as forças inimigas é uma técnica padrão em


batalhas.

Shia e Mikhail tinham acabado de desaparecer dentro do portal de


transferência do Transcender Fronteiras feito com Magia Espacial. Assim,
Freed ordenou que as forças de Águias Negras os perseguissem. Enquanto
passavam, eles encaravam e ofendiam Yue, que continuava parada.

Apesar de não haver qualquer sinal de Magia do Vento sendo usada, para a
figura que flutuava nos céus exatamente como a Lua no céu noturno, um
sorriso apareceu mesmo quando a reação deles era ouvida, e Yue apenas
encarou Freed silenciosamente.

Freed era um Demônio orgulhoso, ao invés de olhar para os outros com


igualdade, ele os menosprezava. Ele era um fiel devoto do Deus Demônio que
eles idolatravam, o tipo de homem que não aceitaria nenhuma mudança em
sua forma de viver ou agir.

Assim, era impossível que ele tivesse interesse em uma mulher de outra raça.
Contudo, esse Freed, no momento, enquanto estava cercado por Dragões de
Cinzas e seus subordinados bloqueando a verdadeira Lua, vendo a garota com
lindo rosto que brilhava exatamente como a Lua, se sentiu encantado
pensando, Seria lamentável que tal joia fosse destruída.

Com esses pensamentos, apesar de ele entender que era necessário matar
Hajime, e embora ele estivesse furioso por seus irmãos serem mortos, mesmo
assim, palavras tolas saíram de sua boca.

— Que lamentável... mulher, como um Feiticeiro, não importa o quanto eu


queira a habilidade de invocar magias sem encantamentos, e embora isto
possa ser imprudente nesta situação... o que você me diz? Você se juntará a
mim? Não vamos te tratar mal só porque você é uma mulher.

Para o convite de Freed, a resposta de Yue foi…

— … fu, volte após renascer, feioso.

Isso foi indescritivelmente severo, uma resposta de intenso sarcasmo


misturada com escárnio.

A propósito, não seria exagero dizer que a aparência de Freed, se avaliada por
dez pessoas, todas iriam concordar que ele era um homem bonito. Combinado
com seus vastos poderes, ele era extremamente popular com as mulheres da
raça dos Demônios. Dessa forma, ele não era um homem feio.

Entretanto, Yue viu a expressão desolada de Freed no Grande Vulcão quando


ele falou sobre seu Deus, em sua memória, isso foi horrível e repugnante. Tal
homem a convidou com um rosto esclarecido. A única coisa que ela via era um
homem tolo e revoltante. Em primeiro lugar, ela não sentia nada por outros
homens além de Hajime, então, para começar, esse convite não passava de
tolice.

Quando a resposta de Yue foi ouvida, os olhos de Freed se contraíram e se


apertaram.

— Você já escolheu seu caminho como uma mártir? Ou talvez seja sua
lealdade por este país? Descarte seus ensinamentos, não siga um país com fé
cega, você planeja sacrificar sua vida por esse tipo de coisas? Esse é o maior
nível de estupidez. Assim que você conhecer nosso Deus, os ensinamentos de
Aruvu-sama, você será purificada após fechar seus olhos apenas uma vez!

Para Freed, que começou a dizer baboseiras sobre tópico irrelevantes, Yue
simplesmente respondeu disparando Lâminas de Vento. Era meramente por
ela não conseguir mais suportar ouvir essa conversa fiada.
Um jato de sangue dançou com os ventos do anoitecer. Como Freed conseguiu
mover seu corpo, as Lâminas de Vento que Yue lançou só conseguiram cortar
seu ombro superficialmente. Na mesma hora, Freed foi capaz de reagir as
Lâminas de Vento, ele era definitivamente uma das poucas e incríveis pessoas
que conquistaram um Calabouço. Caso contrário, ele teria perdido um braço.

Para Freed, que estava encarando ela com raiva, Yue só o respondeu com um
olhar frio. Então, ela anunciou para o tolo líder dos Demônios e monstros.

— … sua pergunta é inútil. No momento que você feriu Hajime, você já estava
sentenciado a morrer em agonia.

Como se essas palavras fossem um sinal, gelo e neve extremamente frios


surgiram de Yue.

Isso instantaneamente se tornou um enorme tornado, subindo na direção dos


céus enquanto cercava Yue. Uma tempestade branca que conectava os céus e
o chão, a temperatura do ambiente rapidamente se reduziu para o zero
absoluto, os Dragões de Cinzas que estavam bloqueando a Lua foram
congelados.

Esta era uma magia composta de gelo de um nível excepcional no mesmo


sistema da magia Prisão de Gelo, juntamente com a Magia do Vento
intermediária Imperador da Tempestade, que criava um tornado com amplo
alcance com uma temperatura de zero absoluto.

Quase como um mamute sendo congelado instantaneamente devido à


mudança no clima que trouxe a era do gelo, todos os Dragões de Cinzas
morreram sem danos exteriores, caindo e se esmagando no chão, quebrando
seus corpos em pedaços. Parecia que seus interiores estavam completamente
congelados como cristais vermelhos de sangue quicando ao redor da terra.

— Vocês não me escutaram? Acho que não há o que fazer. Derrubem ela!

Freed, que perdeu quase 20 Dragões de Cinzas instantaneamente, ordenou o


ataque enquanto cerrava seus dentes. Como resultado, todos os Dragões de
Cinzas se deslocaram juntos de todas as direções, de cima e de baixo, eles
dispararam Auroras em desordem de todos os lados.

Como se fosse uma chuva de meteoros, cerca de cem Auroras foram lançadas
no céu noturno. A noite escura foi rasgada pelos raios de luz, e como se a
Maga no centro estivesse esperando pela morte, uma nevasca na temperatura
do zero absoluto surgiu e enfureceu-se.

Com o impacto das incontáveis Auroras, o tornado de gelo e neve se dispersou


como se derretesse no ar. O gelo e a neve que se espalharam criaram uma
espiral, o que apareceu no centro foi a figura de Yue, que estava ferida com a
poderosa explosão... na verdade não, o que apareceu foi uma Yue ilesa
acompanhada por uma esfera negra rodopiante que circulava ao redor dela.

Sem perder um segundo, cerca de cem Auroras mais uma vez surgiram após
confirmarem que a pequena inimiga ainda estava ali.

Entretanto, as inigualáveis luzes mortais que normalmente eliminariam tudo,


uma após a outra, foram engolidas dentro da esfera negra que era controlada
por Yue, ou dobradas e refletidas em direção do horizonte, nenhuma delas
alcançou a garota.

Yue usou Magia da Gravidade para aumentar mais sua altitude. Enquanto era
exposta a incontáveis Auroras, não havia nenhuma agitação em sua
expressão. Calamidade Absoluta era usada para engolir tudo e Céu
Amaldiçoado era usada para mover a bola de gravidade extrema, como se
fosse um satélite de proteção orbitando e protegendo a Lua.

— Os Sopros são ineficazes, derrubem ela diretamente! Vão!

Para a mudança de estratégia de Freed, os Dragões de Cinzas não ficaram


para trás e seguiram a ordem obedientemente. Enquanto os Dragões soltavam
rugidos, intenção assassina foi mostrada em seus olhos, eles queriam
despedaçar a garota esguia com suas garras e presa afiadas.
Eles pretendiam atacar em ondas. Os arredores de Yue foram logo tomados
pela multidão cinza de Dragões de Cinzas.

Yue, que estava sendo confrontada, não se preocupou com a intenção


assassina dos Dragões de Cinzas que se aproximavam, ela calmamente
fechou seus olhos enquanto se concentrava. Podia se dizer que era
conveniente para os Dragões de Cinzas que ela não estivesse se movendo,
suas garras se expandiram, e suas poderosas mandíbulas se abriram.

No momento em que eles pensaram que seria impossível para ela escapar da
morte, enquanto os encarava, os olhos de Yue se abriram! E então, seus
adoráveis lábios finos expressaram.

— Fios Decapitadores.

Nesse momento, o mundo deles se alterou em uníssono.

Como um espelho que tinha se partido, incontáveis linhas foram desenhadas


no espaço aberto, as linhas foram feitas na área adjacente do ponto de partida.
E assim, os Dragões de Cinzas que se aproximavam em sucessão dentro do
espaço rachado, após congelarem por um instante, caíram no chão enquanto
ouviam o som de seu sangue jorrando das partes cortadas de seus corpos que
entraram em contato com o espaço destroçado.

Magia Espacial, Fios Decapitadores. Ao partir o espaço e movê-lo, essa magia


iria cortar qualquer objeto.

Com a magia cortante invisível de Yue, mais de 30 Dragões de Cinzas


morreram sem serem capazes de fazer nada além de gritar em seus momentos
finais. A expressão de Freed tremeu com a ativação da Magia Espacial, a
velocidade do movimento, e a escala de desenvolvimento que era muito maior
do que ele poderia fazer.

— Que grande habilidade... por acaso, você é uma das pessoas escolhidas por
Deus!? Se for isso, então sua rejeição a minha proposta é entendível.
Freed suou bastante enquanto acenava com a cabeça em consentimento.

— Este idiota equivocado, isto é extremamente revoltante…

Qualquer um poderia entender que ela estava com uma expressão


incomodada.

— … que piada. Quando eu luto, é sempre pelo bem de Hajime. Não me


coloque no mesmo grupo que o seu.

Para as palavras duras, Freed, cuja personalidade mantinha os Deuses em alta


estima, os amava e respeitava, não poderia aceitar isso e ficou sem
expressões. Parecia que mencionar esse assunto era um tabu para Freed.

— Se alegre. Eu não direi mais nada após isto. Nós vamos matá-la e jogar seu
corpo na frente daquele homem. Se eu me realizar isto, posso causar alguma
agitação. Nesse momento, esse será o fim dele.

— … essa boca certamente trabalha muito. Você não pode apenas mostrar
isso através de suas ações ao invés de ficar falando sem parar? Feioso.

Para as palavras que venceram seu discurso inflamado, múltiplas veias


apareceram em Freed assim que ele foi ridicularizado. Como Yue disse, ele
decidiu mostrar seu plano com ações.

Mas isto já tinha sido visto no Grande Vulcão, Freed deu ordens para o
pequeno monstro em forma de pássaro montado em seu ombro. Então, uma
parte da multidão de monstros que invadiu e destruiu a muralha externa da
Capital Real surgiu ao redor de Yue no solo. Parecia que eles pretendiam
atacar do chão.

Yue, enquanto se protegia das auroras dos Dragões de Cinzas com sua bola
de gravidade, invocou o Dragão do Trovão. O dragão dourado apareceu das
nuvens escuras no céu e soltou um rugido parecido com um trovão. Ele se
aproximou enquanto as Auroras dos Dragões de Cinzas e Freed eram detidas
pela Calamidade Absoluta, o dragão de trovão foi então enviado para acabar
com as tropas no solo.

Como de costume, foi mais uma situação fácil onde a boca do dragão de trovão
sugou tudo... era isso o que deveria ter acontecido, mas seu avanço foi detido
por seis pares de monstros em forma de tartaruga, Absods, que excediam
cinco metros de comprimento. Um dos enormes Absods abriu sua grande boca
e começou a consumir o dragão.

Absod era um monstro que também foi visto com a mulher Demônio chamada
Cattleya no Grande Calabouço Orcus, esse era um monstro cuja magia
inerente era capaz de tomar outra magia e armazená-la em seu corpo.
Entretanto, o Absod, que estava consumindo o dragão de trovão no chão, tinha
um tamanho diferente do monstro que foi visto no Calabouço. Muito
provavelmente, ele foi melhorado e fortalecido.

Mesmo assim, como esperado do dragão de trovão. Embora ele estivesse


sendo engolido pelo Absod, com seu gigantesco corpo, apesar de lentamente,
a tartaruga estava certamente sendo levantada. Parecia que a limitação de ser
capaz de engolir apenas um tipo de magia não tinha mudado. Mesmo que o
trovão fosse absorvido, o monstro não poderia tragar a Magia da Gravidade.

Os seis Absods gradualmente começaram a flutuar e se debateram com


desespero, antes que seus grandes corpos fossem carregados pelo dragão de
trovão, outro Absod começou a absorver a Magia da Gravidade. Como
imaginado, o dragão de trovão não poderia resistir a dois Absods fortalecidos
com suas magias inerentes, Armazenamento Mágico, o corpo do dragão de
trovão foi consumido.

Logo após isso, a magia comprimida foi lançada contra Yue.

— … irritante.

Como um míssil teleguiado antiaéreo sendo lançado do solo, ele precisamente


mirou em Yue. A garota, que estava usando a bola de gravidade com o máximo
de suas habilidades para bloquear as Auroras dos Dragões de Cinzas e do
Dragão Branco, desviou ao "cair" do céu.

— Fu, eu entendo que você usa uma Magia do Trovão estranha. Assim,
contanto que Absod esteja aqui, sua magia será selada.

Freed riu com um sorriso malicioso. Contudo, Yue não estava particularmente
preocupada, ela apenas observou silenciosamente os Absods, e após um curto
espaço de tempo, seus olhos vagaram pelo céu enquanto pensava em algo,
então ela se concentrou nos monstros de novo.

— Você está tentando rasgar o espaço mais uma vez? Eu não vou de dar tanto
tempo assim!

O Dragão Branco e os Dragões de Cinzas aumentaram ainda mais a


intensidade de seus ataques, um monstro parecido com uma pantera negra se
aproximando ao se lançar do chão para o céu.

Apesar da tempestade de auroras ser bloqueada pela bola de gravidade, a


maior parte da consciência de Yue estava sendo usada para construir outra
magia, seus movimentos estavam mais lentos comparados a antes. Dessa
foram, a Pantera Negra, que se aproximava rapidamente pelo solo, começou a
lançar incontáveis tentáculos, além disso, suas garras afiadas também
evitaram a bola de gravidade que estava focada em impedir que as auroras
alcançassem seu alvo.

Entre ataque e defesa, incontáveis ferimentos apareceram no corpo de Yue,


sangue vermelho se espalhou no céu noturno. No entanto, como esse era
apenas um ferimento superficial, não seria um problema muito grande. Em
primeiro lugar, os verdadeiros poderes defensivos de Yue não eram barreiras
nem esferas de gravidade. Era a trapaça chamada Poder de Regeneração.

Uma barreira seria posta se houvesse um companheiro, ou ela desviaria se o


ataque fizesse suas roupas rasgarem, já que isso seria um incômodo,
originalmente, ela iria apenas ignorar os ataques dos inimigos e contaria com
seus poderes regenerativos, o verdadeiro estilo de batalha de Yue era simples:
atacar sem parar.

Para Yue, que estava com sangue jorrando de seu corpo, a expressão de
Freed era uma que mostrava que ele estava convencido de sua vitória, mas
quando os ferimentos de Yue foram automaticamente regenerados, os olhos
dele só poderiam se arregalar com o espanto.

— Isso também é uma Magia da Era dos Deuses? Exatamente quantas vocês
adquiriram?

Apesar de ele não estar totalmente errado, enquanto expressava seu mal-
entendido para Yue, ele deu ordens para todos os monstros continuarem
atacando até que superassem a taxa de recuperação dela. E assim, Freed
também começou o encantamento de uma Magia da Era dos Deuses.

Contudo, Yue já estava se concentrando em sua magia há algum tempo. Os


olhos de Yue se abriram e mostraram força, no espaço dos rugidos
ensurdecedores e clarões, sua voz adorável ressoou…

— Cinco Dragões Celestiais!

Logo após isso, nuvens escuras apareceram e trovões rugiram, o vento


rodopiante se tornou uma tempestade e soprou com força, as correntes de
águas produzidas se tornaram gelo, uma nuvem cinza de areia assumiu a
forma de uma enorme serpente, e chamas fortes o bastante para queimar a
atmosfera foram compactadas.

Como resultado, a aparição de cinco dragões monstruosos foi vista no céu da


noite da capital do Reino. Apesar dos dragões serem criados a partir da Magia
da Gravidade, todos eles tinham seus próprios atributos.

— Gooaaaaaa!!!

Os cinco dragões rugiram de forma magnífica e fizeram o ar tremer.


O grupo de monstruosos dragões gigantes parecia divino, os Dragões de
Cinzas provavelmente perceberam por instinto que eles foram completamente
superados e soltaram choros miseráveis em seu pavor. Em seus olhos, quase
não havia mais intenção assassina contra Yue, ao invés disso, medo e choque
estavam em seu lugar, seus olhos se voltaram para seu mestre, Freed,
implorando por ajuda.

Freed mais uma vez expôs seu comportamento vergonhoso ao ficar com sua
boca completamente aberta com a magia que ignorava o senso comum
enquanto montava o Dragão Branco. A oportunidade não foi perdida, Yue
mandou os cinco dragões celestiais atacarem as tropas terrestres.

O dragão de trovão disparou contra os monstros e engoliu o primeiro, o Absod


o enfrentou e abriu sua enorme boca também. Embora o dragão de trovão
fosse consumido em parte, foi diferente do que aconteceu há pouco. Um
dragão azul disparou por trás do dragão de trovão, quando ambos colidiram,
Absod derreteu devido ao intenso calor.

— Kuaaaaaan!!

A dor gerada por seu casco derretendo enquanto ainda estava vivo fez Absod
gritar penosamente com sua magia inerente sendo superada, o dragão de
trovão então mirou outro alvo. Era outro Absod que foi engolido pelo dragão da
tempestade. Enquanto soltava um rugido incrível, ele mordeu o outro dragão
onde a Tartaruga estava, a beirada de seu corpo se transformou em cinzas ao
ser escaldado.

Mais uma vez, em um local próximo, o dragão de gelo estava congelando um


Absod e o dragão de pedra se enrolou e fez toda a área se petrificar. O dragão
da tempestade, após se separar do dragão do trovão, avançou para frente e
despedaçou os outros monstros, como as Panteras Negras ao lado dos
Absods.
Como esperado, usar os cinco dragões celestiais era difícil, Yue estava
ofegando e sua testa estava ensopada por suor. Depois de rapidamente se
livrar dos Absods, seu alvo seguinte eram os Dragões de Cinzas no céu.

O grupo inigualável de Dragões de Freed foi desafiado de forma parecida por


Yue e seus dragões. Sem dúvidas, a imagem dos Dragões de Cinzas se
tornando comida dos cinco dragões celestiais seria vista, isto parecia apenas
mostrar a diferença de habilidades entre Yue e Freed.

Freed finalmente percebeu após todo este tempo. A forma de um monstro


terrível que ele normalmente evitaria. Não era apenas o garoto, que recebeu
um grande dano com o ataque surpresa no Grande Vulcão, mas também a
garota diante de seus olhos, ela, sem sombra de dúvidas, era alguém que ele
teria que arriscar sua vida para desafiar.

Ele estava envergonhado de si mesmo por se tornar arrogante ao dizer o que


tinha dito antes da luta.

Dessa forma, este próximo ataque mágico contaria, literalmente, com toda a
energia de Freed.

— ... mundo que está sempre balançando, martelo de ferro do gigante, rugidos
dos Dragões, exército de pernas que esmagam, ambos os mundos que nunca
se encontraram, escutando estrondos, trazendo gritos, é a visão de Deus! É o
pesar de Deus! Tu, sejas esmagado com desespero! Tremor do Céu!

O espaço ao redor ribombou intensamente. Soando mais baixo do que o som


de uma barriga com fome, como se o próprio mundo estivesse gritando.

A resposta de Yue foi...

— Mu!

Sua cautela se intensificou, já que ela tinha conhecimento desta magia, uma
magia defensiva foi invocada na mesma hora. O alcance da explosão mágica
era grande demais para ser evitado a tempo. E todas as defesas medianas
seriam completamente vencidas em um instante.

Depois de cancelar os cinco dragões celestiais e a bola de gravidade, ela


imediatamente começou a usar a Magia Espacial. Isto se devia ao fato de ela
não ter como desperdiçar recursos com outras magias. Yue, com o rápido uso
da Magia Espacial, fez o espaço encolher momentaneamente e criou uma
grande explosão.

O próprio espaço explodiu. Sem dúvidas, isso tinha enorme força, até o
restante das tropas terrestres e os Dragões de Cinzas foram obliterados em um
instante, o ataque afundou a terra e afastou todas as nuvens dentro da área.

Magia Espacial, Tremor do Céu. O espaço era comprimido à força, essa era
uma magia que gerava um impacto extremamente poderoso ao liberar o
espaço comprimido.

— … nn, como esperado... da Magia da Era dos Deuses.

Contudo, Yue sobreviveu, apesar de ela estar no centro do impacto. Suas


roupas foram rasgadas em algumas partes, sangue escorria de sua boca,
alguns de seus órgãos internos deviam estar danificados, entretanto, o
resultado era leve demais comparado ao que foi o impacto.

Seus leves ferimentos foram rapidamente curados.

Em geral, ele teria poder o bastante para apagar por completo todo o seu alvo
sem deixar rastros…

A razão para isso foi Yue usando a Magia Espacial Fios de Contenção, antes
do Tremor do Céu ser ativado. Esta era uma magia que restaurava o espaço.
Em uso, era uma magia conveniente que poderia ser usada para defesa e
contenção. Mais ainda, seu consumo de magia não chegava ao ponto em que
exigia uma quantidade absurda de Poder Mágico do usuário.
O espaço não foi completamente restaurado porque foi criado em um instante,
embora Yue recebesse algum dano, além da restauração física da
Regeneração Automática, suas roupas também foram recuperadas com o uso
da Magia de Regeneração, sua aparência, tanto interior quanto exterior, estava
impecável.

No meio de onde todos o ambiente foi destruído, uma figura estava sendo
banhada pela luz do luar como se nada tivesse acontecido, era uma
combinação incrível de divindade e força.

Contudo, havia uma pessoa que não duvidava da capacidade de Yue. Ele
atacou ela de um ponto cego.

— Eu sabia que você faria algo! Monstro disfarçado de garota!

Atravessando o portal atrás de Yue, Freed, que montava o Dragão Branco,


apareceu enquanto lançava uma Aurora.

Apesar de Yue desviar do ataque ao "cair" na mesma hora, ela não poderia
desviar da boca aberta do Dragão Branco enquanto eles se cruzavam, ele
tentou devorar o braço da garota a partir de seu ombro.

]Bushu![. Sangue jorrou da ferida. O Dragão Branco foi incapaz de rasgar por
completo o braço de Yue, quando suas presas afiadas afundaram em sua pele
macia, ele tentou disparar uma Aurora à queima roupa.

Isso parecia ser improvisado, já que Freed continuava a lançar grandes


magias, desta vez, ele estava convencido de sua vitória, e se virou para Yue
encantado. Contudo, no momento que ele viu a expressão da garota, um
arrepio indescritível percorreu a espinha de Freed, seus olhos cheios de
encanto foram substituídos pelo medo.

Porque nos lábios de Yue estava um sorriso na forma de uma Lua crescente
perfeita. Seus finos lábios rosas se destacavam. O sorriso não mostrava mais a
divindade que ela exibiu há pouco. A luz da Lua que brilhava na garota mudou
para uma não de solenidade, mas para uma diabólica.
Através do vento da noite, olhos de um vermelho profundo brilharam entre os
espaços de seus lindos cabelos dourados.

As palavras que ela disse...

— Você me tocou?

Então...

O encantamento da Magia da Era dos Deuses foi calmamente dito pela boca
de Yue.

— Destruição Gravada.

Na mesma hora, no céu noturno onde a luz do luar diabólica se derramava,


dois gritos foram simultaneamente ouvidos.

— Guuaaaaa!!

— Kuuruaaan!!

O Dragão Branco se contorceu com o impacto, desta vez, o braço de Yue foi
completamente arrancado, entretanto, ela não tinha uma expressão de
angústia e manipulou a Magia da Gravidade para subir aos céus. E, em um
instante, a aparição do braço perdido foi vista, ela então encarou Freed e o
Dragão Branco que estavam em agonia enquanto sangue escorria de seus
corpos.

— ... que tal? As mesmas feridas que Hajime recebeu. Isso machuca?

— Guuu! Maldita seja, isto…

Para Yue, que estava sem expressão e estava com a Lua em suas costas,
Freed apertou seus dentes com a intensa dor e a encarou de volta.

Os estados de Freed e o Dragão Branco eram sérios. O Dragão Branco sofreu


com um buraco em seu peito através da combustão, além disso, ele estava
sangrando por todo o seu corpo, parecia que ele iria cair a qualquer momento.
Quanto a Freed, ele estava sangrando com um corte em seu peito, seu braço
esquerdo estava quebrado e jazia sem vida, e ele tossia sangue intensamente
com seus órgãos internos danificados. Junto a isto, havia feridas grandes e
pequenas através de todo o seu corpo.

Todos os ferimentos eram os mesmos da vez em que Hajime foi ferido no


Grande Vulcão. Magia de Regeneração, Destruição Gravada... uma magia que
reproduzia os ferimentos e destruição que algo recebeu no passado. Apesar de
não ser direto nem indireto, se o alvo não fosse tocado dentro de um raio
menor do que três metros, a magia não funcionaria, os ferimentos que podiam
ser reproduzidos eram proporcionais ao Poder Mágico usado.

Yue, se possível, queria encurralar Freed com esta magia. Esta luta era uma
vingança pessoal para ela. No Grande Vulcão, seu amado foi ferido seriamente
e raiva se enraizou em seu coração, incapaz de se livrar disso a menos que
sua vingança fosse realizada. Desde então — ... na próxima vez que nos
encontrarmos, eu definitivamente vou espancá-lo. — Ela prometeu.

E quando ela obteve a Magia de Regeneração nas Ruínas Submersas


Merujiine, enquanto se lembrava dos eventos no Grande Vulcão, agora que era
capaz de fazer isso, ela pretendia usar a Destruição Gravada nele. Yue
sussurrou — Yan —, indicando que não havia mais o que fazer.

Entretanto, ela era fraca em combate a curta distância. Esse cenário seria fútil,
considerando que ela não seria capaz de ativar a magia antes que Freed e o
Dragão Branco voassem para longe em alta velocidade, a impedindo de tocá-
los. Portanto, ela pensou que teria que receber uma quantidade considerável
de dano do inimigo antes que pudesse usar sua magia, porém... Freed a tocou
de propósito antes disso. Não havia como impedir que Yue revelasse um
sorriso involuntário. Contra os inimigos de Hajime, sua mente não poderia
impedir esse contentamento.

— … o meu eu de agora... isso significa que eu não fui escolhido como


vencedor neste dia... eu estava despreparado.
— … eu não te permitirei.

Freed imaginou que tivesse recebido um xeque-mate e cerrou seus dentes, no


momento em que Yue estava a ponto de desferir o golpe final, ondas de
ataques mágicos foram lançadas do solo na direção da garota.

— Freed-sama! Por favor, retire-se depressa!

— Nós vamos conseguir tempo para você!

Eles faziam parte das tropas terrestres que estavam invadindo a Capital Real.
Os Soldados imaginaram que Freed estava em apuros e foram resgatá-lo.

— Homens! Ku, sinto muito!

Os Demônios que foram em seu resgate, após verem Freed e o Dragão Branco
cobertos por feridas, ficaram com olhos cheios de ódio e realizaram ataques
suicidas sem nem pensar em se defenderem. Naturalmente, não havia como
eles matarem Yue apenas com força de vontade. No entanto, parecia que esse
curto intervalo de tempo conquistado foi o suficiente para Freed abrir um portal.

Logo antes da lança de fogo que Yue invocou pudesse perfurar Freed e o
Dragão Branco, ambos pularam dentro do portal e desapareceram.

— … impedida.

Yue, depois de ver Freed escapando com sucesso, ouviu — Você se atreve a
fazer isso com Freed-sama! — dos Demônios que a olhavam com frieza e
atacavam repetidas vezes enquanto gritavam a mesma coisa, a Magia Espacial
Tremor do Céu, que Freed usou há pouco, foi mais uma vez utilizada. Apesar
de Yue aniquilar os sentimentos irritantes de seus inimigos em um instante,
você ainda poderia ver alguma irritação na expressão da garota. Sua raiva
reprimida não foi descarregada.

Enquanto Yue estava respirando profundamente para se acalmar, uma voz


animada, imprópria para a situação, ressoou no campo de batalha.
— Yue-san! Aquele cara ainda está vivo? Se sim, me deixe bater nele uma
vez... uwaa, o que aconteceu? Houve algum desastre natural?

As orelhas de coelho de Shia balançavam enquanto ela pulava do disco


flutuante e perguntava olhando ao redor com uma voz impressionada.

— … escapou.

Shia entendeu mais ou menos o que aconteceu com essa simples frase,
enquanto ficava levemente surpresa com a inesperada tenacidade de Freed,
ela tranquilizou Yue com um sorriso sem graça.

E enquanto esperavam para recuperar seus Poderes mágicos, elas trocaram


informações, então uma explosão aconteceu em um canto do Palácio Real, na
sequência, um enorme pilar de luz desceu do céu e elas viram uma cena
impossível onde um enorme exército de monstros, composto por dezenas de
milhares e ainda fora das muralhas externas, foi completamente obliterado.
Assim, as duas trocaram olhares.

— … Hajime.

— … Hajime-san.

As duas responderam ao mesmo tempo.

— … por ora, devemos ir para o Palácio Real?

— … nn.

Shia e Yue concluíram que o autor dessa falta de senso comum era Hajime,
elas sorriram enquanto encaravam a gigantesca cratera onde os monstros
desapareceram, juntas, as duas seguiram para o Palácio Real, local onde
Hajime deveria estar.
Capítulo 102: A Apóstola de Deus, Nointo

Asas prateadas batiam sob a luz do luar.

Entretanto, não era para voar. Era para disparar projéteis mágicos feitos de
penas de prata que transmitiam a intenção assassina de suas asas. Os
projéteis mágicos de prata possuíam um incrível poder, além da capacidade de
serem continuamente disparados, a escuridão foi rasgada no céu a oito mil
metros acima do solo, e um grande número de clarões caiu sobre seu alvo.

O que se levantou contra o ataque foi uma arma de aço que se iluminava com
luz vermelha brilhante. Sempre que o monstro que esmagava todos seus
inimigos soltava um rugido, as penas de prata que voavam se espalhariam de
forma trágica e se dispersariam. Apesar de elas terem uma trajetória bem
calculada, era inútil se todas fossem derrubadas em um único ataque, um
buraco foi criado na barragem que poderia até ser confundida com uma
muralha. O que era preciso para prosseguir era coragem. Era assim que a
evasão perfeita era realizada.

— Hiyaaaaa!

Uma voz adorável, que não combinava com a cena, ressoou na situação onde
eles apostavam suas vidas. Era Hatayama Aiko-sensei, que não poderia
suportar mais e soltou uma voz imprópria. Hajime usou Metsurai para disparar
uma enorme barragem contra as penas de prata que a Apóstola de Deus
Nointo lançava; Aiko estava sendo segurada por seu braço direito e o garoto
continuava a desviar no último segundo possível. A professora experimentou
sua primeira dogfight de sua vida (ao vivo e em cores).

— Sensei! Mantenha sua boca fechada! Você vai sangrar demais se se


morder!

— Mesmo que você me dig-aa!? Eu, eu me mordi…

O aviso de Hajime foi em vão, Aiko imediatamente ficou com lágrimas nos
olhos. Na verdade, não, ela já estava com lágrimas nos olhos desde o começo
da batalha aérea, então não foi apenas por ela ter se mordido.

Hajime também, como Aiko particularmente não tinha muita força física, para
protegê-la usando movimentos intensos, ele usou a Velocidade da Luz,
derrotando a barragem iminente e desviando com movimentos mínimos,
contudo, essa movimentação ainda era mais intensa do que uma montanha-
russa; Aiko já estava em um estado grogue.

No entanto, ele não poderia seguir apenas descartando ela. Os ataques


impiedosos de Nointo não davam espaço para Hajime, que estava segurando
Aiko, além disso, assim que ele jogasse a professora para longe, os ataques
certamente seriam mirados nela. Lutar com Aiko atrás dele poderia funcionar,
contudo, se moverem juntos enquanto o garoto segurava a mulher seria a
melhor escolha.

Aliás, esta situação não continuaria para sempre. Uma companheira confiável
devia estar indo ao resgate deles. Hajime usou Schlag para derrubar as penas
de prata que os cercavam de todas as direções enquanto desviava, ele falou
com Aiko, que estava com os olhos fechados com força e se agarrava ao
garoto com firmeza.

— Sensei, só aguente mais um pouco. Agora mesmo, minha companheira


estava vindo para cá. Quando essa pessoa chegar aqui, você será capaz de
voltar para o chão.

— Tu-tudo bem! Mas, e quanto a você!?

— É claro que eu vou matar aquela pessoa arrogante.

— Uuuuu, eu sinto muito por estar te atrapalhando…

Enquanto cerrava seus dentes, ela estava consciente que era literalmente
bagagem extra. Hajime abraçou Aiko com força e deu uma cambalhota. No
mundo invertido, o bombardeio prateado passou sobre a cabeça de Hajime. O
raio de luz apagou a parte superior da torre de isolamento em que Aiko estava
sendo mantida em cativeiro anteriormente.

Mais uma vez, um grito foi ouvido, contudo, ele foi apagado pelas ondas de
choque. Enquanto era pressionada no peito de Hajime, o batimento cardíaco
do garoto podia ser ouvido, e ele não estava nenhum pouco irregular, Aiko
entendeu e obteve um estranho senso de segurança ao escutar esse
coração. Sério, no que eu estou pensando nesta situação, ela se contestou,
entretanto, Aiko aceitou e se agarrou em Hajime com ainda mais força.

— Não se preocupe com isso. Eu já esperava uma situação irracional desde o


início.

— !!! Wa, você iria tão longe... só por mim…

É claro que Hajime estava se referindo a luta contra a Igreja pela Magia da Era
dos Deuses, não a parte em que ele ajudava Aiko... no entanto, a professora,
que estava embriagada com a situação, cometeu um belíssimo equívoco no
significado das palavras do garoto. E, em uma situação onde ela estava sendo
abraçada e protegida, o mal-entendido aumentou ainda mais. Era necessário
que a mulher rapidamente despertasse disso.

— … então você ainda tem espaço para conversar, irregular.

— Nuguooooo!?

Logo após o bombardeio prateado e a barragem de penas de prata, uma voz


fria e mecânica soou de uma distância surpreendente ao lado de Hajime. Ao
mesmo tempo, ele usou seu braço artificial para disparar para trás usando seu
cotovelo, ele também usou o coice para se virar. O que apareceu em seus
olhos foi uma enorme espada usada para defender o ataque, e a outra grande
espada foi desferida de lado.

As duas espadas grandes tinham dois metros de comprimento, 30 centímetros


de largura e estavam envoltas em luz prateada, só isso seria o bastante para
fazer qualquer um sentir a intimidação esmagadora transmitida pelas armas. E
a habilidade que elas possuíam também era muito impiedosa. Afinal, elas
estavam cobertas pela magia inerente prateada, Decomposição, que Nointo
usava. Não seria recomendado nem mesmo tocá-las.

Contudo, mesmo que ele soubesse disso, Hajime não poderia realizar nenhum
movimento insensato porque Aiko ainda estava com ele, o garoto assim usou
Schlag para atingir o centro da enorme espada para desviar sua trajetória e se
permitir recuar, com isso, ele mal conseguiu desviar. A grande espada passou
e raspou suas franjas, o que o fez começar a suar frio.

Ele instantaneamente usou seu braço artificial, Schlag e Vajra; o Azantium


conseguia adiar a Decomposição, porém, era inevitável que ele recebesse
dano todas as vezes que os dois entrassem em contato. Desta vez, a
superfície de Schlag foi raspada de leve. Se a mesma coisa fosse feita
repetidas vezes, a arma seria destruída bem rápido.

Nointo não deteve a força centrífuga causada pela enorme espada, enquanto
rodava, a luz do luar era refletida e fazia seus cabelos prateados brilharem
lindamente, ela então se virou para Hajime e desceu sua espada que era
usada para bloquear as balas. Com imenso poder, a velocidade da espada já
excedia em muito o senso comum.

Mais uma vez, Hajime disparou um cartucho de seu braço artificial para repelir
a grande espada e usou o recuo para girar, ele então apontou o cano de
Schlag em Nointo e puxou o gatilho três vezes. Três clarões surgiram enquanto
seguiam em direção ao coração de Nointo, mas as balas foram precisamente
miradas contra o abdômen dela.

Contudo, a velocidade de reação de Nointo também não era normal. Ela já


estava segurando a enorme espada para proteger seu estômago no momento
que Hajime mirou sua arma de fogo.

Hajime então usou a Broca de Cruz para perseguir Nointo, que foi afastada
devido ao poder do canhão eletromagnético. As balas sólidas explosivas
liberaram uma onda de luz vermelha brilhante no céu noturno e criaram uma
onda de choque terrível. Embora Nointo conseguisse facilmente negar o ataque
com suas asas de prata, assim como Hajime planejou, eles acabaram se
afastando.

— Hawa, hawawa… que, como foi…


— … Sensei. Eu estou te implorando, enquanto ainda estivermos tentando
matar um ao outro, por favor, não solte esses sons fofos. É como se você
estivesse arruinando o clima.

— Fo-fofo… Nagumo-kun! O qu-que você está dizendo para sua sensei…

Eles estavam no meio de uma batalha de nível altíssimo onde a vitória ou


derrota poderia ser decidida em questão de segundos, contudo, os gritos fofos
de Aiko seriam ouvidos em intervalos, o vigor de Hajime seria impactado em
todas as ocasiões. — Você está surpreendentemente confortável enquanto
está sendo protegida. — Foi dito enquanto a Apóstola olhava os dois com
suspeita, na realidade, metade disso estava correto, Aiko nunca pensou, nem
em seu sonho mais louco, que ela se sentiria tão segura ao ser abraçada por
Hajime.

— … mesmo segurando uma bagagem extra, para poder sobrepujar você...


como imaginado, você é forte demais. Você não é uma peça adequada para
meus mestres.

— Bom, fico feliz. Finalmente ofendendo os Neets%sup1, ser chamado de


incômodo desnecessário e peça desqualificada é uma excelente avaliação para
mim. Muito obrigado.

— … é inútil tentar me irritar. Eu não tenho emoções.

— Ha? O que você está dizendo? Esses são meus verdadeiros sentimentos.

—…

Nointo expandiu suas asas e concentrou seus olhos, então posicionou suas
espadas gêmeas formando uma cruz. Como ela disse, não havia mesmo
nenhum sentimento, isso era apenas uma conversa inútil... nos olhos de
Hajime, raiva começou a se acumular, seus pensamentos inúteis foram então
omitidos. Em todo o caso, ele ainda a mataria. Não importava o que ele
pensava de Nointo, no fim, isso era algo trivial.
As asas de prata da Apóstola começaram a bater de novo, as penas de prata
foram lançadas e se espalharam no céu. Contudo, desta vez, elas não
seguiram contra Hajime. Ao invés disso, elas se reuniram ao redor de Nointo
em um instante; várias penas de prata foram empilhadas uma em cima da
outra e formaram um desenho. Correto, era uma formação mágica. A formação
mágica brilhou com luzes prateadas e Nointo encarou Hajime.

E…

— Onda de Chamas do Desastre.

A magia que foi usada criou um enorme tsunami de fogo que queimou o céu.

Parecia que ela não era capaz apenas de usar projéteis mágicos, mas também
magias de atributos. Ela não usou isso até o momento porque julgou que seus
projéteis mágicos de prata seriam o suficiente. Em outras palavras, ela decidiu
levar a luta a sério.

A enorme onda de chamas cresceu e desceu contra a cabeça de seus alvos,


contra as extraordinárias ondas de chamas, Aiko momentaneamente viu uma
ilusão em que ela era engolida pelo enorme fogo. Ela encarou Hajime de seu
peito, ele estava procurando por algo e suor podia ser visto em suas
bochechas.

O que o garoto estava procurando era o núcleo da magia. Se ele pudesse


encontrá-lo com seu Olho Mágico, ele poderia fazer todo o ataque desaparecer
assim que atingisse seu núcleo. É claro que seria necessária uma precisão
divina para atingir algo equivalente ao buraco de uma agulha, mas para
Hajime, isso já era uma habilidade normal.

Entretanto, a magia que Nointo usou tinha um alcance gigantesco, ela era
grande o bastante para iluminar por completo a Montanha de Deus, e podia até
ser comparada ao nascer do Sol. Era como procurar por uma agulha em um
palheiro, a posição do núcleo era desconhecida.

E o limite de tempo acabou sem piedade.


O tsunami de chamas que chegava a centenas de metros engoliu por completo
Hajime e Aiko, sem dar chance para eles escaparem. Era um xeque-mate, não
importava como você olhasse para a situação. Seria normal assumir que as
duas pessoas foram completamente carbonizadas sem deixar vestígios para
trás.

Contudo, Nointo não desviou seus olhos do centro das grandes chamas que
queimavam vivamente.

— … você também vai superar isto.

Logo após Nointo murmurar isso, os efeitos do ataque terminaram, no meio das
enormes chamas, Hajime e Aiko estavam perfeitamente cercados por quatro
Brocas de Cruz.

Com os dois no centro, as quatro Brocas de Cruz criaram uma pirâmide e se


conectaram uma com a outra através de fios. Uma película de luz vermelha
brilhante se esticava entre o campo onde os fios se conectavam.

— Ainda está apenas em um estágio experimental, porém... parece que ainda


funciona muito bem.

— Is-isto é…

A expressão um pouco aliviada de Hajime podia ser vista. Isto foi possível
porque o fio e o minério que possuíam Magia Espacial, atribuída através da
Magia da Criação, foram adicionados as Brocas de Cruz, assim, quando quatro
pontos se uniam, uma barreira seria formada. No entanto, não era uma simples
barreira, ela era do tipo que isolava o próprio espaço, teoricamente, seu poder
defensivo era garantido. Entretanto, isto ainda estava em seus estágios
experimentais, porque não havia prova sólida de quanto ela poderia suportar,
Hajime ficou um pouco inquieto por um momento.

Nointo olhou para a barreira com surpresa e viu Aiko, que ainda estava sendo
abraçada e estava agitada, mais uma vez, ela compôs outra formação mágica.
Porém, havia mais do que 20 formações mágicas desta vez, suas formas foram
reveladas enquanto, ao mesmo tempo, penas de prata eram lançadas contra
Hajime.

Era exatamente como o ataque de ondas furiosas. Muito provavelmente,


apesar da barreira de quatro pontos demonstrar considerável força, seria um
problema para as pessoas que estavam dentro desse espaço. Além disso, não
era certo que a barreira poderia aguentar as ondas de ataques de Nointo.

O lado ruim desta barreira era que Hajime não poderia atacar enquanto estava
confinado porque o espaço em si estava isolado. Dessa forma, o garoto
rapidamente desfez a barreira e se distanciou de Nointo, ele planejou se
devotar na esquiva até Tio chegar.

Então, de repente nesse momento, um som começou a soar através da


Montanha de Deus.

Hajime olhou para o local onde a cantoria estava vindo enquanto desviava das
penas de prata, então, ele viu uma reunião dos Sacerdotes da Igreja, suas
mãos estavam cruzadas em uma pose de oração e eles cantavam
continuamente. O coro, que consistia de cem Sacerdotes, transmitia a
sensação de solenidade, exatamente como os que você seria capaz de ver na
Terra.

Mas o que..., na mesma hora que Hajime se questionou...

— … !?!?!? O que é isto? Meu corpo está…

— Nagumo-kun!? Auuuu, o qu-que é isto…

Os corpos de Hajime e Aiko ficaram esquisitos.

Força não poderia ser encontrada e seus Poderes mágicos estavam


rapidamente enfraquecendo. Era como se todas suas energias estivessem
sendo roubadas de seus corpos. Ademais, partículas de luz começaram a se
agarrar a eles e seus movimentos ficaram prejudicados.
— Ku, uma magia que causa uma condição anormal... como esperado do
templo principal. As medidas deles contra inimigos são perfeitas.

O palpite de Hajime estava correto.

Ishtar e os Sacerdotes notaram que Nointo, a "Verdadeira Apóstola de Deus",


estava lutando e a ajudaram com a magia Hino da Degeneração Suprema.
Esta era uma magia brutal que enfraquecia os inimigos e os restringia também,
era uma magia irregular que só poderia ser mantida se fosse continuamente
cantada por múltiplos Sacerdotes ao mesmo tempo.

— Ishtar, huh. Ele parece entender bem seus deveres. Um belíssimo trabalho.

Ishtar estava olhando para Nointo com uma expressão eufórica do solo, e a
Apóstola o olhou de volta com olhos que não mostravam nenhum sentimento.
Se você olhasse a expressão de Ishtar, você entenderia na mesma hora que
ele queria cooperar com Nointo e esse parecia ser o auge de sua vida.
Certamente, ele era uma existência conveniente que se movia conforme a
vontade de Deus.

Deixando Ishtar e os outros Sacerdotes de lado, neste momento, a magia


invocada era mesmo problemática.

Hajime gradualmente perdeu seus poderes, enquanto gastava uma enorme


quantidade de Poder Mágico, ele conseguiu desviar do ataque de Nointo.
Entretanto, era óbvio que seu tempo de reação foi reduzido drasticamente. E
enquanto continuava com seu corpo nesse estado, os ataques de Nointo não
diminuíam.

Várias formações mágicas apareceram ao redor de Nointo e relâmpagos


surgiram, eles dispararam na direção de Hajime enquanto realizavam
movimentos irregulares no céu. Hajime atirou nos núcleos dos relâmpagos com
Schlag e eles se dispersaram, contudo, ele não poderia se livrar do ar
eletrificado causado pelos raios e eles receberam um pouco do choque.

Rigidez momentânea. Contudo, isso era uma abertura fatal contra Nointo.
— !?!?!?

Nointo se moveu com uma super velocidade e cruzou suas espadas gêmeas.
Devido a rigidez momentânea do choque elétrico, a reação de Hajime foi
levemente atrasada; ele conseguiu repelir o primeiro golpe usando Schlag, mas
a segunda espada não poderia ser evitada e afundou em seu ombro.

— Guuuuuu!

Enquanto soltava uma voz de dor, ele girou seu corpo ao usar a explosão de
seu braço artificial, usando Aerodinâmica, ele tentou fugir da alcance da
espada de Nointo. Naturalmente, os ataques severos dela não o davam muito
tempo livre, então ele fez as Brocas de Cruz se autodestruírem e conseguiu se
distanciar dela.

— Nagumo-kun!?!?!?

— Eu estou bem, então fique quieta!

Sangue escorria do ombro de Hajime e caía nas bochechas de Aiko. Com a


onda de choque que as Brocas de Cruz criaram, Vajra foi usada para defender
os dois, apesar de Aiko não receber muito dano com o impacto, ela tentou
manter sua consciência e soltou um grito preocupado com Hajime.

Mas o garoto não tinha tempo para se preocupar com a professora. Enquanto
respondia com frieza, Nointo começou a disparar penas de prata. Hajime usou
Vajra, Garra do Vento e Schlag para derrubá-las. Graças as partículas de luz,
seu corpo ficou lento, no fim, não era possível desviar de tudo.

Para esse Hajime, Nointo disparou contra a frente dele... não, foi uma finta e
ela esticou suas asas de prata! Uma luz foi emitida. As luzes brilhantes
cegaram Hajime.

No entanto, suas habilidades de percepção eram de primeira. Logo a seguir,


ele sentiu a presença de Nointo em suas costas e virou Schlag para disparar
rapidamente. Explosões consecutivas foram ouvidas, se virando... o garoto viu
várias penas de prata espalhadas. Certo, era uma distração que Nointo fez
com um embrulho de suas penas de prata.

— !?!?!?

A espinha de Hajime ficou ereta. Seus instintos estavam disparando, o


avisando. Hajime se lamentou por ter se virado, ele só poderia puxar o gatilho
sem mirar corretamente com seu braço para trás.

Balas foram disparadas e, por sorte, elas voaram na direção da cabeça de


Nointo, mas ela facilmente desviou ao se abaixar. E uma das enormes espadas
cortaram as costas de Hajime. Hajime usou a derivação de Vajra, Atribuir
Força, com o melhor de suas capacidades, ele se concentrou em preparação.

Apesar da força grande espada de Nointo ser igual a Vajra de Hajime por um
instante, a proteção foi logo despedaçada, as pontas das espadas foram
desferidas contra o corpo de Hajime.

— Gaaaaaa!!

— Nagumo-kun!

Ele sentiu dor queimando suas costas. Para Hajime que instintivamente soltou
sua voz, a expressão e a voz de Aiko estavam impacientes. Contudo, Hajime
contra-atacou Nointo ao dar um mortal para a frente usando o impacto do corte.

Nointo imediatamente os perseguiu com sua espada segurada no alto.

Hajime, cujo corpo estava lento, colocou Vajra em uma Broca de Cruz para
torná-la um escudo, outras Brocas de Cruz foram enviadas para a esquerda e
para a direita de Nointo e dispararam suas balas explosivas.

Assim que Nointo disparou, ela usou suas asas de prata para repelir as balas
das Brocas de Cruz e usou sua enorme espada para cortar a Broca de Cruz
atuando como escudo de Hajime, além disso, ela lançou sua segunda espada
na primeira para destruir a Broca de Cruz; ela facilmente atravessou o alvo.
Os olhos de Hajime se arregalaram; os olhos de Nointo estavam literalmente
diante dos dele. Os olhos dela mostravam que esta era a diferença entre os
dois. Em outras palavras, — Este é o fim.

Os olhos de Hajime não mostraram sinais de desistência. No entanto, para não


deixar Aiko morrer nesta situação, ele precisava considerar várias coisas. Se
fosse preciso, Hajime decidiu que ele seria ferido no lugar dela. Em tal
situação, se ele ficasse enfraquecido demais, teria que usar Superar Limite
sem esperar pela chegada de Tio, assim, ele se preparou para sacrificar seu
braço esquerdo primeiro.

E, contra a grande espada de Nointo, Hajime ergueu seu braço esquerdo


artificial para ser cortado. No momento em que ele estava a ponto de ser
quebrado e ele sofreria um ferimento fatal...

— Guugaaaaaaaaaaaaa!!!

Junto com o rugido de um Dragão, uma luz negra se aproximou vindo embaixo
deles com incrível poder. Era um Sopro escaldante que eliminaria tudo. A
violenta tempestade negra foi precisamente mirada em Nointo.

Na mesma hora, as asas de prata de Nointo se enrolaram em seu corpo em


uma posição defensiva.

Logo após isso, o Sopro negro atingiu diretamente as asas de Nointo, e apesar
do ataque estar sendo decomposto, a força do golpe a empurrou para longe.
As magias negra e prateada colidiram uma com a outra e criaram partículas
escuras e prateadas que se espalharam no ar, Nointo foi lançada para uma das
torres da Igreja. Com o som do impacto, a torre começou a se abalar e
desmoronou.

Os gritos dos Sacerdotes liderados por Ishtar podiam ser ouvidos. Eles
pareciam irritados ao ver uma Apóstola de Deus sendo derrubada.
Hajime pegou Orkan da Caixa do Tesouro e sem olhar, disparou todos os doze
foguetes contra o grupo de Ishtar. Desta vez, ele ignorou o tipo diferente de
gritos que ele escutou. Porque outra voz ecoou e abafou as outras.

Mestre. Tu estás bem?

Ouvindo a voz, as bochechas de Hajime relaxaram, embora ele ainda estivesse


atento com Nointo. A chegada do Dragão que ele estava esperando aconteceu.

— Você me salvou Tio. Estava um pouco perigoso até agora.

Enquanto ficava feliz com as palavras de Hajime, o Dragão Negro, que era Tio,
estava recuperando altitude depois de derrubar a poderosa inimiga e foi até o
lado de Hajime enquanto batia suas asas.

Esta está feliz acima de tudo por ter chegado a tempo. Castigo mais tarde...
esta quer uma recompensa.

— … vou pensar sobre isso se você conseguir proteger a Sensei.

Verdade!? Não vá se esquecer dessas palavras de agora! Saaaaa, Sensei-


dono, tu deves subir nas costas desta.

Hajime, em tal situação onde Tio ainda era fiel a seus próprios desejos (Em
retrospecto, Yue, Shia e Kaori também eram), ficou com uma expressão
impressionada, Aiko, que estava sendo abraçada com força, foi posta nas
costas do Dragão.

A professora sentiu uma sensação estranha com a conversa dos dois, ela
obedientemente se agarrou nas costas de Tio porque agora não seria mais um
peso para o garoto.

— Eh, Tio-san. Boa sorte.

Umu. Conte comigo. Afinal, a Sensei é uma pessoa importante para o Mestre
(no sentido de uma professora), esta não permitirá que caias nas mãos do
inimigo.
Aiko aumentou ainda mais seu mal-entendido com as palavras "pessoa
importante" que Tio disse, e ansiosamente olhou para Hajime. Não importava
como você olhasse para isso, essa não era uma expressão que uma
professora mostraria para um estudante, era como uma donzela apaixonada,
contudo, não havia ninguém presente para apontar isto.

E nesse momento, a torre em que Nointo foi atirada explodiu no chão com um
som estrondoso. Uma espessa nuvem de poeira dançou, e com a pressão do
vento das asas de prata de Nointo, ela foi soprada e a Apóstola mostrou sua
figura ilesa. O Sopro de Tio não parecia ser capaz de penetrar a defesa de
suas asas de prata.

— …Tio, vá.

Aye. Porém, está voltará para ajudar depois que a segurança da Sensei-dono
estiver garantida? No mínimo, esta irá fazer algo sobre as pessoas da Igreja.

Para Hajime, que já estava encarando Nointo com intensa sede de sangue, Tio
conseguiu adivinhar há pouco a causa da magia que estava enfraquecendo
Hajime, ela declarou com confiança enquanto encarava o grupo de Ishtar.
Hajime continuou a focar em Nointo.

Quando essas palavras foram ouvidas, o garoto simplesmente acenou com a


cabeça e então disparou com ferocidade contra a Apóstola pelo ar.

— Nagumo-kun! Tome cuidado! Por favor…

… fumu? Hoooo... ora, ora…

Para Aiko, que estava com ambas as mãos na frente de seu peito orando, Tio
parecia imaginar o que estava acontecendo e ficou interessada, em outras
palavras, ela pensou, Isto vai ser interessante.

Sensei-dono. Embora esta entenda que tu estás preocupada com o Mestre,


esta está com um pouco de pressa. Eu vou te levar para o chão, então esta irá
espancar o grupo de velhotes logo ali. As coisas serão difíceis se o Mestre for
atrapalhado por eles.

Aiko disse — Espere —, assim que Tio começou a se virar. Pelo quê?, pensou
Tio enquanto encarava Aiko em suas costas ao arquear seu pescoço. A
professora devolveu o olhar com um rosto determinado.

— Tio-san. Se você percorrer todo o caminho até o solo, ter que voltar até aqui
após me descer não vai tomar muito tempo? Estamos a 8.000 metros no céu. Ir
e voltar vai ser bem severo…

Mu? Certamente, isso está absolutamente correto, porém... Sensei-dono, tu


não estarias pensando em..

— Sim. Se Tio-san pretende lutar pelo bem de Nagumo-kun, então, por favor,
me permita ajudar. Se você não fizer algo logo com o grupo de Ishtar-san,
Nagumo-kun será rapidamente enfraquecido. Seria uma perda de tempo me
levar até o chão.

O que Aiko disse era possível, contudo, Tio estava bastante relutante.

Apesar de muitas pessoas parecerem ter sido feridas com o ataque de Orkan,
se você observasse, veria Ishtar se preparando para cantar seu hino mais uma
vez enquanto também construía uma barreira, Tio queria se livrar de todos
eles. Porém, se por acaso Aiko se ferisse, a promessa com Hajime seria
quebrada.

Pode ser ruim para esta dizer isto para a Sensei-dono, mas, o que tu podes
fazer? Sem formações mágicas nem experiência de combate? Tu podes lutar
contra os Sacerdotes e seus Cavaleiros?

A opinião de Tio foi severa e fez Aiko apertar seus dentes com força, então a
professora lentamente moveu seu dedo em direção a sua boca. E com seus
olhos fechados, ela o mordeu e fez um corte, o sangue que escorreu da ponta
de seu dedo foi usado para desenhar formações mágicas ao esfregá-lo nas
costas da mão oposta.
— Eu posso não parecer, mas em termos de Poder Mágico, eu sou igual a
Amanogawa-kun, que é o Herói. Embora eu não tenha nenhuma experiência
de batalha... eu mostrarei que posso te ajudar de forma adequada! Lutar contra
outra pessoa... honestamente, eu estou assustada, mas eu não tenho escolha
além de fazer isso. A partir de agora, com o objetivo de garantir que todos
sobrevivam e voltem para o Japão, acima de qualquer um, eu não posso fugir!

O Reino estava cético com a invasão, até o Rei virou um fanático como os
Sacerdotes. Confiar em Deus, que planejou tudo desde o início, já não era
mais uma opção. Para sobreviver neste mundo, Aiko e seus alunos deveriam
continuar seguindo em frente.

Se era assim, como a professora, mesmo que ela fosse criticada por isso, o
que tinha que ser feito, deveria ser feito. Tio entendeu com a determinação nos
olhos de Aiko, e, apesar de ainda hesitante, ela decidiu permitir que a
professora a acompanhasse porque não havia outra escolha.

É inevitável se tu já fizeste tua decisão final. Se esse é o desejo da Sensei-


dono, então o Mestre não terá nenhuma queixa. Como tu desejas. Devemos
explodir esses tolos juntas!

— Sim!

A tensão, o medo e a resposta de Aiko que confirmou a decisão foram o sinal


para seus movimentos começarem. Tio voou contra a grande Igreja que
simbolizava os Sacerdotes com rapidez. Seus inimigos eram os Sacerdotes e
Cavaleiros Templários que somavam centenas de pessoas.

Assim, um grupo diferente composto por Tio e Aiko desafiou o principal templo
da maior religião deste mundo.

Nota

[1] O termo "nem-nem" (de "nem trabalha, nem estuda") refere-se à população
jovem fora do mercado de trabalho e de instituições educacionais. Equivale em
espanhol ao termo "nini" (ni estudia, ni trabaja) e à sigla em inglês NEET para a
expressão “not in education, employment, or training", algo como "fora da
educação, emprego e formação profissional". Esta é uma classificação do
governo, usada primeiramente no Reino Unido e que logo depois passou a ser
utilizada em outros países, inclusive o Japão. No Reino Unido, o termo
compreende pessoas com faixa etária entre 16 e 18 anos. No Japão, o termo
compreende pessoas de idade entre 15 e 34 anos que são desempregadas,
solteiras, não registradas na escola, não procuram trabalho ou o treinamento
profissional necessário para trabalhar.

Capítulo 103: O anjo que caiu

O primeiro ataque foi com Schlagen.

Brilhantes faíscas vermelhas surgiram, a bala foi disparada com super


velocidade e muito poder destrutivo seguiu em linha reta até seu alvo saindo da
arma do monstro. O bombardeio de balas especializadas em penetração, que
perfuraram até o Sopro de Tio, como era de se esperar, Nointo decidiu desviar
ao invés de usar Decomposição com suas asas de prata para detê-las.

Ela girou seu corpo enquanto caía e desviava dos brilhos vermelhos que
passavam acima de sua cabeça, então disparou contra Hajime com uma
velocidade assustadora.

Contudo, ele antecipou os movimentos dela e já tinha colocado as Brocas de


Cruz no caminho, elas dispararam balas sólidas explosivas que soltavam sons
estrondosos.

— !?!?!?

Nointo notou as ondas vermelhas vindo das balas explosivas, ela considerou
que suas asas de prata não a protegeriam a tempo, então ela usou suas
enormes espadas em suas mãos para interceptar as balas.
A grande espada foi desferida com velocidade divina, ela abruptamente cortou
as balas ao meio como se fossem manteiga. O que foi decomposto foi o Poder
Mágico que estava dentro das balas sólidas explosivas, contudo, não era
possível para um golpe de uma enorme espada cortar tudo, balas foram
lançadas de ambos os lados e ondas de choque foram transmitidas.

Apesar de seu poder diminuir, Nointo foi exposta a uma onda de choque direta
e seus movimentos pararam por um momento.

Na frente de seu peito estava Hajime, que encurtou a distância dentro desse
instante. Ao usar Grande Chute no ar com a ajuda da Aerodinâmica, ele
começou a comprimir poder em seu braço esquerdo, ativando Oscilação
Esmagadora e a Espingarda Explosiva mecânica, e com o uso completo da
habilidade Conversão de Impacto colocada no Grande Braço, uma enorme
magia foi lançada.

Nointo imediatamente usou suas duas espadas grandes como escudo. Uma
das enormes espadas foi usada para bloquear o punho antes que o impacto
fosse liberado por completo. Ela mal conseguiu fazer isso no último segundo,
conseguindo deter o punho de aço de Hajime.

No entanto, ela não foi capaz de suprimir o poder do golpe. ]Gaaaaaan![. O


som de metal colidindo ressoou com um rugido intenso; Nointo foi lançada para
longe com a imensa força.

Dopaaaanaaa! Dopaaaanaaa!

Hajime não relaxou e continuou sua perseguição. Donner e Schlag foram


imediatamente sacadas e dispararam com poder máximo. Duas explosões
estrondosas foram ouvidas. Dois clarões vermelhos rasgaram a noite escura.
Contudo, Nointo cruzou suas duas espadas enquanto era atirada para trás para
ficar em uma postura defensiva para se preparar para os doze impactos
iminentes.

— Kuuuuuuu!!
Para cada um dos ataques de Donner e Schlag, a velocidade era tão grande
que apenas um disparo foi ouvido. Com precisão inacreditável, cada bala
atingiu o mesmo lugar. Simultaneamente, Nointo gemeu com cada um dos
tiros, suas enormes espadas tremiam com os impactos e, ]Piki[, um som
desagradável foi ouvido.

Hajime se perguntou se deveria ficar impressionado com a durabilidade das


duas enormes espadas, capazes de suportar doze tiros dos canhões
eletromagnéticos, e seu soco, que contou com toda a força de seu corpo, mas
ainda assim não quebraram.

Ela foi atirada ainda mais longe. Mais uma vez, Nointo foi enterrada após
destruir algumas instalações que estavam solenemente decoradas pela Igreja.
Hajime pegou Orkan de sua Caixa do Tesouro e lançou todos os seus foguetes
só por precaução.

Bashuuuuuuuu!!

O grupo de foguetes soltou faíscas e causou danos fatais no prédio, que estava
a ponto de desabar. O prédio desmoronou completamente junto de uma
enorme explosão, ele foi envolvido por enormes chamas que atingiam 3.000
graus Celsius com a enorme quantidade de piche que estava armazenada
dentro dos foguetes.

Enquanto olhava para as chamas que pintavam o céu noturno de vermelho,


Hajime ainda não baixou sua guarda. Ele recarregou os foguetes de Orkan com
a ajuda da Caixa do Tesouro, e, mais uma vez, ele mirou a montanha de
entulho que estava queimando com força.

Então, nesse momento...

— ... de baixo.

Assim que Hajime pulou e olhou para baixo dele, o chão onde o garoto estava
explodiu diante de seus olhos, Nointo bateu suas asas de prata e voou para
fora do buraco. Parecia que ela conseguiu se salvar do resto do ataque ao usar
magia para seguir sob o solo.

Uma enorme quantidade de penas de prata foi lançada como se fosse uma
metralhadora, e ela também soltou seu bombardeamento prateado. Eles
trocaram golpes enquanto giravam como folhas sopradas pelo vento. A
Apóstola cruzou suas espadas gêmeas, pela pequena abertura, um golpe de
espada surgiu e foi repelido por um dos revólveres. Então Hajime lançou
mísseis contra Nointo.

A mulher que reconhecia o poder de Orkan após experimentá-lo com seu


próprio corpo voou para longe rapidamente enquanto lançava luzes prateadas
para derrubar os mísseis que a perseguiam. Enquanto ela soltava suas penas
de prata para interceptar os foguetes, ela também criou formações mágicas
para lançar ataques mágicos em ondas ferozes contra Hajime.

Incontáveis mísseis foram disparados e chamas explosivas se espalharam pelo


céu noturno, o garoto guardou Orkan e logo puxou Donner e Schlag de novo.
Ele logo atirou contra o núcleo dos ataques mágicos que seguiam contra ele, e
Nointo, de forma parecida, derrubou todos os foguetes.

Um pequeno silêncio surgiu dos intervalos da feroz batalha aérea. Nointo e


Hajime estavam se encarando no ar.

— Naaaaa, eu tenho algo que gostaria de perguntar, você me ouvirá um


pouco?

— … o que foi?

Os monstros invadindo a capital do Reino não deviam ser um fato


desconhecido para a Igreja. Mas Hajime estava sendo atacado sem ser capaz
de fazer suas perguntas, então, uma trégua temporária foi concedida porque
Nointo decidiu o ouvir. Era o momento perfeito para Hajime continuar falando.

— As coisas acontecendo no chão. Neste ritmo, o Reino não vai cair em


ruínas? Em seguida, obviamente será esta Montanha de Deus. Ao invés de
perder seu tempo lutando comigo, você não deveria estar enfrentando os
Demônios?

Hajime fez uma pergunta razoável, contudo, Nointo bufou com seu nariz
indicando que essa era uma questão tola.

— Se chegar a isto, então essa será a conclusão desta era.

— O fim. Como imaginei, Ehito só vê os "humanos" como brinquedos, somos


apenas peças para ele passar seu tempo. Por acaso, os seres humanos foram
escolhidos para perecer nesta era? Do jeito que as coisas estão indo, ou Ehito
está do lado do Deus dos Demônios, ou ele se tornou seu subordinado.

— … se for isso, o que você fará a respeito?

— Não, eu só pensei em verificar a credibilidade das histórias dos Libertadores.


Afinal, para mim, ambos os lados ainda são pessoas suspeitas.

As sobrancelhas de Nointo se contraíram quando ela ouviu seu mestre sendo


chamado de pessoa suspeita. Entretanto, Hajime não se preocupou com isso e
continuou falando com um sorriso.

— Naaaaa, se eu estou no caminho, por que eles apenas não me mandam de


volta para meu mundo original? Aliás, os heróis também, se o Reino vai ser
varrido do mapa, isso não significa que eles não têm um papel tão importante
assim?

— Seu pedido foi rejeitado irregular.

— Eu posso ouvir o motivo?

— É porque o mestre deseja assim. Ele deseja a sua morte irregular.


Eliminando todas as dificuldades, obtendo imenso poder e poderosas
companheiras... e então, arruinando completamente o equilíbrio. Meu mestre
deseja muito pela sua morte. É por esse motivo que, de uma forma em que
você sofra ao máximo e lamente suas escolhas, eu vou acabar com você
enquanto você saboreia o arrependimento e o desespero. Ao máximo possível
para dar a meu senhor o maior deleite de todos. Ahh, quanto aos heróis... há
uma ideia bem interessante e elaborada, assim, o mestre ficou muito
interessado. Portanto, enquanto você ainda está aqui vivo, continue a dançar
para satisfazer o meu senhor.

Hajime não estava muito preocupado e concordou em sua mente, ele encolheu
seus ombros já que a resposta era o que ele esperava após ouvir o que Miledi
Raisen os contou antes. Em outras palavras, Esses caras certamente são lixo.

Entretanto, ao invés de se preocupar consigo mesmo, as últimas palavras dela


o deixaram preocupado com seus colegas.

— … uma ideia interessante?

— Não é necessário que você saiba sobre isso, já que morrerá muito em breve.

A conversa terminou, Nointo imediatamente disparou incontáveis magias e


penas de prata para reiniciar a batalha.

Além disso, seu poder estava em uma dimensão completamente diferente de


antes. O poder de uma única pena era quase comparável aos canhões
eletromagnéticos e cada ataque mágico tinha quase níveis infinitos de poder.
Se você olhasse com atenção, cada parte do corpo de Nointo estava envolvida
por magia prateada e ela liberava uma intimidação esmagadora. Era igual ao
Superar Limite que Hajime e Kouki usavam.

— !!!

Enquanto prendia o fôlego com as ondas de ataques extremos que contavam


com enorme poder, Hajime segurou Metsurai em sua mão direita e Schlagen
em sua esquerda e continuou revidando. Metsurai rugiu e disparou doze mil
balas por minuto que negaram por completo as penas de prata e ataques
mágicos, enquanto isso, as balas de Schlagen seguiram em linha reta contra
Nointo.
Entretanto, os movimentos da Apóstola envolvida pela luz prateada eram
incomparáveis com o que eram antes. No momento em que o bombardeio de
luz vermelha brilhante de Schlagen seguiu contra Nointo, o corpo dela
desapareceu como uma neblina e apareceu a vários metros de distância.

Nointo criou uma miragem de imagens persistentes[1] graças a sua incrível


velocidade para desviar das balas e seu corpo continuou a embaçar um pouco.

Hajime se antecipou e usou Brocas de Cruz para disparar balas sólidas


explosivas, contudo, mais uma vez, elas apenas atingiram as imagens
persistentes da Apóstola. Nointo, que desapareceu por
completo, Zazazazazaza, criou imagens persistentes no instante seguinte e
apareceu atrás de Hajime. E como um pião, ela desferiu suas enormes
espadas gêmeas e girou junto a sua força centrífuga que continha imenso
poder.

— !?!?!?

Os últimos movimentos de Nointo superavam em muito a percepção de Hajime


com a Velocidade da Luz ativa; foi um ataque surpresa completo. Embora ele
mal tenha conseguido inclinar seu corpo para trás para evitar um ataque direto,
Schlagen, que foi usado como um escudo, foi cortado em dois. A energia
interna do rifle foi descarregada por acidente e uma enorme explosão surgiu
entre Hajime e Nointo.

Isso fez a mulher retardar um pouco sua perseguição. Contudo, isso criou
tempo suficiente para Hajime contra-atacar. O corpo do rapaz foi envolvido por
magia vermelha brilhante. Ele usou o Superar Limite.

Para Nointo, que estava investindo, Hajime também avançou um passo.


Metsurai não estava mais em suas mãos, ao invés do rifle, ele segurava
Donner e Schlag. A partir desse ponto, eles começariam um combate a curta
distância.

— Tsuaaaaaa!!
— Haaaaaaaa!!

Logo após Hajime desviar do meio golpe de uma das enormes espadas, ambas
as lâminas foram desferidas contra o corpo do garoto com uma sincronia
excelente. Usando Schlag, ele repeliu uma espada ao disparar o canhão
eletromagnético no meio dela, e a outra foi repelida com a parte de cima do
cano do revólver, Donner, em sua mão direita, foi apontada para o coração de
Nointo. Um clarão vermelho brilhante surgiu, mas Nointo desviou enquanto
girava e deixava uma imagem persistente, com sua velocidade, ela atacou com
sua espada grande usando a força do movimento.

Para se opor a Decomposição, Hajime aplicou uma grande concentração do


Atribuir Força de Vajra em Schlag, o que aumentou em várias vezes sua
densidade; ao invés de enfrentar todo o peso do ataque, ele usou Schlag para
defletir a primeira espada para cima.

E contra a segunda espada que foi desferida horizontalmente, ele recebeu sua
lâmina com o cano da arma enquanto ela ainda estava cercada com o Atribuir
Força e a disparou. Com um raio de luz, uma explosão soou e a segunda
espada voou.

Ambos estavam em uma distância mínima um do outro, e enquanto desviavam


e repeliam as armas de seu oponente, os dois esqueceram de respirar assim
que seus ataques ferozes continuaram sem serem capazes de causar um
golpe mortal.

— Oooooooooooo!!!

— Haaaaaaaaaaaa!!!

Sem notarem, Hajime e Nointo começaram a gritar.

Um tendão ou um nervo, com apenas um passo em falso, a morte apareceria


no momento seguinte. Não havia tempo para prestar atenção aos ataques do
outro, eles apenas confiavam em suas experiências e instintos enquanto
atacavam com sua espada e disparavam suas armas de fogo.
A espada de prata criou um rastro de luz através da noite escura e o clarão
vermelho voou em todas as direções como sangue espirrando. Se ambos
ataques fossem comparados ao Sol, a tempestade de ataques deles seria
considerada uma erupção solar. Em um segundo, com o objetivo de continuar
sobrevivendo, eles desviaram dos ataques do outro e suas velocidades
subiram sem qualquer limite.

Em proporção, se eles fossem arranhados de leve, sangue se espalharia por


tarde a parte. Hajime tinha cortes superficiais por todo o seu corpo; Nointo
estava sangrando no local onde ela foi atingida.

As habilidades de Hajime e Nointo eram iguais. Do jeito que as coisas estavam


indo, a batalha de ataque e defesa estava fadada a continuar pela eternidade,
entretanto, o garoto estava sendo encurralado. Não, para ser mais preciso, ele
estava a ponto de ser encurralado.

Hajime já tinha entendido. Nenhum Poder Mágico de Nointo foi consumido


desde o início da batalha.

Não é preciso dizer que Hajime tinha um limite de tempo ao usar Superar
Limite. A habilidade seria cancelada à força e o deixaria em um estado
enfraquecido por um tempo. Apesar do Poder Mágico do rapaz ser gigante, não
seria possível continuar assim indefinidamente.

Por outro lado, Nointo estava aparentemente recebendo um suprimento de


Poder Mágico de algum lugar, o que a permitia continuar a se fortalecer sem
restrições. O Olho Mágico de Hajime estava brilhando com força, ele foi capaz
de ver que algo parecido com uma Pedra Mágica estava alojado no coração de
Nointo.

Hajime decidiu que se a situação continuasse como estava, ele seria derrotado.

— Explodaaaa!

Dododododo!!!!
Ao mesmo tempo que gritou, Hajime fez as Brocas de Cruz dispararem balas
explosivas enquanto ainda estava dentro do raio de explosão.

— Você enlouqueceu!?

Os olhos inorgânicos de Nointo se arregalaram um pouco. Os olhos dela


carregavam a dúvida que questionava a sanidade de Hajime.

Dezenas de balas sólidas explosivas foram disparadas pelas seis Brocas de


Cruz e criaram incontáveis ondulações com Hajime e Nointo no centro. A
Apóstola envolveu suas asas de prata ao redor de seu corpo e o garoto usou
Vajra com sua potência máxima.

Zudoooooooooooon!!!!!!

Na mesma hora, uma flor vermelha brilhante de luz surgiu no alto do céu da
noite. Não é preciso dizer que a imensa onda de choque afastou Hajime e
Nointo.

Foi uma onda de choque aterradora, ela perfurou Vajra e causou muito dano ao
corpo do garoto. Como prova disso, muito sangue jorrava de todo o corpo de
Hajime. Ele estava coberto por feridas.

Nointo também não ficou livre de danos, como ela não conseguiu se envolver a
tempo, a Apóstola também estava com ferimentos e tossia sangue. Parecia
que o impacto atingiu os órgãos internos dela.

— … você está planejando um suicídio duplo?

— Haaaaa, haaaaa… suicídio com você? Ha, que piada de mal gosto. Só diga
isso se você for uma boa mulher e minha amada.

Sem querer, Nointo estava com olhos de dúvida com o ataque imprudente, e
Hajime respondeu brincando enquanto respirava com dificuldade. A frase tinha
um tom de escárnio pela dúvida dela envolver um relacionamento entre
pessoas próximas em seus últimos momentos.
Hajime então pegou uma nova arma da Caixa do Tesouro. E então ele atirou
vários objetos que voaram em alta velocidade.

Sem fazer som, você não conseguiria acompanhar os objetos se não prestasse
atenção. Contudo, Nointo os atingiu como se não fossem nada com sua
enorme espada.

Kakin! Kakin! Um som áspero ressoou, enquanto girava no ar, um anel em


forma de lua crescente com cerca de quinze centímetros de diâmetro, uma
arma de arremesso parecida com a chamada Chakram[2], podia ser vista.

— Agora isto. Você ficou sem-!?

Dopan! Dopan! Dopan! Dopan! Dopan! Dopan!

Contra as armas primitivas, Nointo relaxou um pouco sua guarda, mas canhões
eletromagnéticos foram disparados das mãos de Hajime.

Logo após isso, raios de luzes vermelhas brilhantes apareceram no lado


esquerdo e direito da Apóstola que estava encarando Hajime; a cabeça dela
seria esmagada pelo ataque.

Nointo não poderia continuar falando devido a situação impossível, ela


imediatamente posicionou suas enormes espadas gêmeas de seus lados como
escudos. Todas as doze balas que foram disparadas por Donner e Schlag
eram explosivas. E, como antes, elas foram miradas com precisão milimétrica.

Por que as balas foram disparadas de direções completamente diferentes e


cercaram Nointo?

Foi por causa dos anéis, chamados Engetsu[3], que Hajime lançou mais cedo.
Os anéis tinham Ocultar Presença e Garra do Vento incorporados neles com o
uso da Magia da Criação, apesar de serem armas de arremesso do tipo furtivo
e para assassinatos, mais do que isso, esse era um artefato com um efeito
especial.
Sua função de portal foi o que tornou possível matar o Clione nas Ruínas
Submersas Merujiine. Em outras palavras, o buraco no meio do anel estava
diretamente conectado ao mesmo espaço que o outro Engetsu; se uma bala
fosse disparada nele, ela iria atravessar o espaço e sairia pelo buraco do outro
anel. É claro que ele também conseguia controlar de forma remota essas
armas, assim como fazia com as Brocas de Cruz.

Protegendo sua cabeça com suas espadas gêmeas, as balas explosivas que
calculavam cada movimento de Nointo atravessavam o espaço; nenhuma das
balas deixava aberturas e atingia seu alvo pretendido; uma imensa onda de
choque surgiu.

No instante seguinte...

Bakin!

Bakin!

Junto a esses sons, as enormes espadas de Nointo quebraram ao meio.

— Naaaa! Por que, com apenas esta quantidade de dano…

Apesar de ela dizer que não possuía sentimentos, em sua voz, Nointo mostrou
sua surpresa.

Entretanto, ela mesma não deve ter notado. Após Hajime disparar os primeiros
tiros precisos, desde que eles começaram seu combate extremamente
próximo, ele continuou a mirar todas as balas contra a rachadura que apareceu
na enorme espada de Nointo ao invés de mirar no corpo da mulher. Como os
dois eram iguais em termos de habilidades, ele estava esperando pela chance
que surgiria ao quebrar as armas da Apóstola.

Hajime certamente não desperdiçou a chance que Nointo o deu, ele pegou um
novo artefato de sua Caixa do Tesouro e o jogou sem parar. Nointo não teve
tempo para desviar dos dez artefatos que forma jogados em alta velocidade e
de repente, ela tentou os repelir com suas espadas quebradas.
Contudo, essa foi uma péssima ideia contra este artefato. O que foi jogado era
um metal redondo com fios amarrados a ele.

Era um instrumento de captura chamado de boleadeira[4], uma arma


comumente conhecida como uma arma de arremesso. De forma geral, após
atingir seu alvo, com força centrífuga suficiente para começar a girar, como ela
contava com o Minério de Indução, a arma chegava com facilidade na
velocidade necessária após ser atirada. E, de forma natural, o item que Hajime
criou não era uma simples boleadeira.

— !!! O que é isto? Eu não posso me mover!

Os punhos das enormes espadas de Nointo, ambos os braços, cintura e pés


foram amarrados pela boleadeira, enquanto os metais esféricos produziam
ondulações e voavam no ar. Isso se devia ao efeito da Magia Espacial que foi
criada com o uso da Magia da Criação. Os pesos eram fixados no próprio
espaço, assim, o objeto capturado também ficava preso no local.

Em primeiro lugar, Nointo tinha a habilidade Decomposição, então ele tinha


menos de dez segundos antes que ela conseguisse escapar. Além disso, não
era possível restringir as asas dela porque elas eram compostas por magia,
então a Apóstola só precisaria reusar sua magia para criar um par novo. Do
jeito que as coisas estavam, as asas de prata removeriam as contenções com
extrema facilidade.

Mas o objetivo de Hajime era esse intervalo de poucos segundos. Um golpe


mortal... o ataque mais forte possível que ele poderia usar nesses poucos
segundos!

Hajime puxou uma arma enorme e cilíndrica que media mais de dois metros de
comprimento de sua Caixa do Tesouro. Era o Bate-Bunker. ]Kiiiiiiiiiii!![. A arma
soltou um som particular e foi carregada com um relâmpago vermelho
brilhante. Assim, ele disparou em linha reta contra Nointo.

— Ku!
A mulher soltou uma voz dolorosa e se envolveu com suas asas de prata como
se fosse um casulo. Magia prateada contendo Decomposição brilhou com
força; parecia exatamente como uma Lua.

Hajime bateu o Bate-Bunker diretamente nesse casulo lindo e criou uma onda
de choque fantástica. Logo a seguir, sua nova função de fixação espacial foi
ativada e quatro braços apareceram, o Bate-Bunker foi fixado no lugar
enquanto enfrentava a Decomposição. As faíscas vermelhas brilhantes já
estavam em um estágio crítico e se agitavam com intensidade.

— Resista a isso se puder.

Os lábios de Hajime estavam se curvando audazmente e seus olhos possuíam


intenção assassina. O Poder Mágico vermelho brilhante do Superar Limite
brilhou mais e mais, logo, a Lua prateada estava inteira tingida pela Lua
vermelha brilhante.

Depois disso, um impacto invisível surgiu no buraco de saída do Bate-Bunker.


Era a função que criava vibrações espaciais instalada na abertura de saída.
Era uma versão simplificada da Magia Espacial, Tremor do Céu, que disparava
uma vibração violenta contra o alvo, a combinação fazia a durabilidade do alvo
diminuir drasticamente.

E junto a Magia da Gravidade, no momento do impacto, a estaca da cor do


azeviche aumentou seu peso para mais de 20 toneladas e liberou um som
ribombante de um trovão.

Dogoooooooooooooooooo!!!!

Em uma distância mínima, uma descarga explosiva que foi comprimida com a
Onda de Choque Mágica, a estaca feita de Azantium girou em uma velocidade
sem igual com a ajuda da indução eletromagnética[5] e ela destruiu sua presa
por completo.

A estaca completamente negra soltou faíscas vermelhas brilhantes e perfurou


com facilidade as duas asas de prata, ela atravessou o coração de Nointo e
continuou em frente, a estaca atravessou o corpo dela e despedaçou uma das
asas a partir da base. Assim, como um meteoro, a estaca voou em direção ao
horizonte enquanto criava um rasto vermelho.

— ...

—…

O que sobrou foi a figura de Nointo com um buraco aberto no local onde sua
fonte de suprimento de Poder Mágico estava. Sangue não jorraria porque o
ferimento foi todo carbonizado pela Capa do Relâmpago; era apenas um corpo
com um buraco em seu peito, o que a fazia não parecer nada humana. Os
olhos que espreitaram eram frios e mecânicos como sempre, e as asas de
prata se dispersaram no ar.

Era algo simples, ainda assim, Hajime parecia ter alguns sentimentos confusos
com essa atmosfera reprovadora...

Enquanto olhava nos olhos de Nointo, que rapidamente perdiam sua luz e se
tornavam vazios, seu corpo se inclinou um pouco e a Apóstola caiu em uma
encosta próxima das instalações da Igreja. Na superfície da montanha escura,
o brilho prateado de Nointo cintilava com força.

Quando Hajime desceu ao lado dela, ele puxou Donner e a mirou contra a
cabeça da mulher. Apesar de seu Olho Mágico e suas habilidades de
percepção mostrarem que Nointo estava definitivamente morta, ele se sentiria
desconfortável se não colocasse uma bala na cabeça dela. Era um hábito
desagradável que ele tinha.

No momento em que Hajime estava a ponto de puxar o gatilho de Donner...

Zudooooooooooooooooooooo!!!!!

Uma enorme explosão surgiu e fez a Montanha de Deus vibrar com


intensidade. O espetáculo que cumprimentou os olhos de Hajime quando ele
olhou para trás foi... a Igreja e sua catedral desmoronando enquanto uma
enorme nuvem em forma de cogumelo se formava com o som ribombante.

— … sem chances.

O murmúrio não intencional de Hajime ecoou claramente.

Notas

[1] Persistência da visão, ou persistência retiniana, designa o fenômeno ou a


ilusão provocada quando um objeto visto pelo olho humano persiste na retina
por uma fracção de segundo após a sua percepção.

[2] O chakram é uma arma de arremesso originada do Sul da Ásia e partes do


Oriente Médio. É uma arma de voo reto de maneira a ricochetear. Acredita-se
que a arma foi desenvolvida há mais de três mil anos, tendo sido largamente
encontrada nas regiões em que hoje estão países como Índia, Paquistão e Irã.
Ele é de forma circular, com uma aresta exterior aguçada e varia em tamanho
de cerca de 12 a 30 centímetros de diâmetro. Ele também é conhecido como
chalikar ou "círculo".

[3] Em japonês, Engetsu significa "lua crescente".

[4] Boleadeira é uma espécie de funda (arma de arremesso constituída por


uma correia em cujo centro é colocado o objeto que se deseja lançar ), uma
arma muito utilizada para caçar nas grandes pradarias do pampa rio-
grandense, uruguaio e argentino. Era lançada nos pés do animal enquanto ele
corria, causando-lhe assim a queda e possibilitando ao caçador ir ao local
dessa queda e matar o animal. A boleadeira é composta de bolas metálicas ou
pedras arredondadas (bolas ou boleadoras em espanhol) amarradas entre si
por cordas tendo em cada uma das extremidades uma das bolas.

[5] A indução eletromagnética é o fenômeno que origina a produção de uma


força eletromotriz (ou tensão) num meio ou corpo exposto a um campo
magnético variável, ou num meio móvel exposto a um campo magnético
estático. É assim que, quando o dito corpo é um condutor, produz-se uma
corrente induzida. Este fenômeno foi descoberto por Michael Faraday, que o
expressou indicando que a magnitude da tensão induzida é proporcional à
variação do fluxo magnético (Lei de Faraday).

Capítulo 104: A Montanha de Deus

— … sem chances.

Sem querer, Hajime expressou seus sentimentos enquanto observava a


enorme nuvem em forma de cogumelo[1] que queimava o céu noturno. Ele se
lembrou da cena de um documentário de guerra que viu na TV há muito tempo,
então, de repente, um contato telepático surgiu.

“Mes-Mestre... como estão as coisas do seu lado?”[2]

“Oh? Oooooh, Tio, huh. Não, por aqui tudo já foi resolvido…”

“Fumu, isso é ótimo. Como esperado do Mestre. Nós acabamos de terminar


nossos negócios também, portanto, tu podes se juntar a nós?”

“Não, algo incrível acabou de…”

“… nós já sabemos a causa. Ou melhor, isto foi culpa desta e da Sensei…”

“… como é que é?”

“Por enquanto, tu podes se juntar a nós?”

“Haaaaa, entendido.”

Parecia que o motivo para o templo central da Igreja desmoronar por completo
era conhecido, dessa forma, Hajime rapidamente se moveu para se encontrar
com Tio enquanto seu rosto mostrava seu desconforto. Enquanto seguia para o
céu, a forma de Dragão Negro de Tio foi facilmente encontrada no ar, afastada
da nuvem de cogumelo.
E, aos olhos de Hajime, Aiko, que estava montada nas costas de Tio, tinha um
ar que indicava suas emoções de pânico. A pergunta, “Por que Aiko está
aqui?”, apareceu dentro de sua cabeça. Julgando pela personalidade de Aiko,
ela provavelmente implorou para Tio deixá-la ficar e cooperar ao invés de fugir
para poder ajudar Hajime. Era óbvio que a professora estava preocupada em
um estado em que pensava: “Eu realmente fui longe demais agora”.

— … Sensei, Tio. Vocês duas parecem bem.

— Na-Nagumo-kun! Graças a Deus você está seguro. De verdade, obrigado


Deus.

“Mestre. Umu, por um momento pensamos que tu tivesses morrido, mas tu


ainda estás vivo. Puxa, como esperado da Sensei-dono do Mestre. Eu não
esperava que o Sopro de Dragão desta erradicasse por completo toda a Igreja.
Isso foi brilhante e divino.”

Para as palavras de Tio, Hajime só poderia piscar. E com uma expressão que
dizia "não pode ser", ele se virou para Aiko.

— … Sensei, o que foi que você fez?

— Awawawawawa, is-izu istá eradu! Eu não tinha a intenção de fazer isso. A


barreira da Igreja era muito forte... se o poder do Sopro de Tio-san aumentasse
só um pouco, então... nós só pretendíamos superar a barreira, no entanto...

Apesar de Aiko suspirar aliviada quando viu Hajime bem, ela começou a entrar
em pânico de novo quando o aluno a perguntou sobre o que tinha acontecido.
Parecia que isto era o que você conseguiria quando questionasse uma Aiko em
pânico.

Enquanto montava em Tio, a professora estava determinada a lutar contra a


magia de Ishtar que causava um estado anormal em Hajime. Contudo, mesmo
com sua alta aptidão com magia, Aiko, que não tinha uma formação mágica
satisfatória, não era capaz de invocar fortes ataques mágicos. E para piorar, a
própria catedral parecia ser um artefato que criava uma poderosa barreira. Se
Ishtar estivesse sendo protegido dentro da barreira, até mesmo o Sopro de Tio
não seria capaz de alcança-lo.

Se isto continuasse, Ishtar seria capaz de calmamente usar sua magia dentro
de uma zona segura. Ela pensou em alguma forma de obter mais poder para
exceder a defesa da barreira enquanto elas desviavam dos ataques dos
Cavaleiros Templários. O que Aiko pensou foi... tirar vantagem de suas
próprias habilidades. A propósito os atributos de Aiko eram os seguintes:

Nome: Aiko Hatayama 25 anos de idade


Classe: Agricultora Level:
Força: 190 Vitalidade:
Resistência: 190 Agilidade:
Poder Mágico: 820 Resistência Mágica:
HABILIDADES
Gestão do Solo ⋯ Restauração do Solo [+ Recuperação Automática] ⋯ Cultivo de Longo Alcance [+ Exp
de Substância Estranha] ⋯ Estimular Crescimento ⋯ Criação Seletiva ⋯ Avaliar Planta ⋯ Produção de F
Autocolheita ⋯ Operação de Fermentação [+ Fermentação Rápida] [+ Fermentação de Longo Alcance] [+
de Temperatura de Longo Alcance [+ Otimização] [+ Atribuir Barreira] ⋯ Aprimoramento de Fazen
Compreensão da Linguagem

Entre essas habilidades, parecia que ela usou a Operação de Fermentação.


Quanto a Montanha de Deus, como havia muitas pessoas vivendo por perto,
havia uma enorme quantidade de materiais que poderiam ser fermentados.
Com isso em mente, a professora tentou realizar a fermentação de
metano[3] como acontecia no subsolo[4]. Para ser mais exato, isso era uma
réplica com substâncias do mundo diferente, entretanto, não houve mudanças
no fato de isso gerar um gás inflamável.

Ela determinadamente espalhou o gás ao redor da Igreja. Não era um ataque


mágico, assim, a barreira da Igreja não reagiu já que era apenas uma
fermentação e a barreira coletou o gás do exterior como se fosse apenas ar.
Com o objetivo de manter o gás a uma certa distância, Tio manipulou o vento
para soprá-lo para um local fixo.

E com tanto gás inflamável reunido, combinado com o Sopro de Tio, seria
possível destruir a barreira da Igreja, pensando assim, quando ela lançou seu
Sopro…

— … as coisas terminaram assim.

“Umu. Esta e a Sensei destruíram tudo em uma enorme escala, fazia muito
tempo desde que esta sentiu a morte. Muito além de destruir a barreira, a
própria Igreja explodiu... tal método, durante toda a vida desta, ela nunca viu
nada parecido com isto. Como esperado da Sensei-dono do Mestre. Esta está
impressionada.”

— Isso está errado! Não foi nada disso! Eu não pensei que tudo explodiria
desta forma! Eu só pensei que a explosão seria bem pequena! Essa é a
verdade! Haaaa!? Todos da Igreja? O que aconteceu com eles!?

Aiko inventou desculpas enquanto ficava afobada e com os olhos marejados,


seus olhos então começaram a vagar pelas ruínas da Igreja. Hajime e Tio
também olharam para a montanha de ruínas.

— … maaaaa, eles provavelmente foram explodidos com isso.

“A Igreja só colocou fé demais em sua barreira. Este também foi um ataque


surpresa, completamente indefesos contra a explosão, é improvável que
alguém tenha sobrevivido.”

— A-ah… não pode ser... ouvir isso, mesmo eu tendo me preparado para as
consequências…

Se tornando uma cúmplice, o rosto de Aiko ficou pálido assim que ficou claro
que ela foi a causadora da explosão que matou todos os integrantes da Igreja.
Apesar de ter se concentrado na batalha, ela não poderia recuperar sua
compostura quando os resultados foram apontados.

Sem querer, ela acabou vomitando. Para Aiko, que estava chorando e
vomitando, Hajime coçou sua cabeça e silenciosamente se aninhou com a
professora. Ele segurou as mãos de Aiko sem se importar que estivessem
sujas de vômito. No momento, a professora precisava de carinho.

Aiko sentiu o calor sendo transmitido através de suas mãos dormentes e seu
coração congelado derreteu. E, apenas por agora, ela esqueceu de tudo
relacionado a relação de uma professora e um estudante, Aiko pulou no peito
de Hajime e se agarrou a ele com força enquanto soluçava.

“… as costas desta…”

Tio expressou sua opinião triste enquanto olhava para a terrível cena em suas
costas, ela imediatamente usou Magia de Regeneração para restaurar suas
escamas. Tio também queria conceder algum tempo para que Aiko se
recuperasse, foi ela quem disparou o Sopro, assim, a professora não tinha que
arcar com mais responsabilidade do que o necessário, contudo, este não era o
momento certo para explicar isso. Assim, com a Magia de Regeneração, ela
curou um pouco de sua alma desgastada.

Aiko, cuja energia retornou, olhou para cima, ainda agarrada no peito de
Hajime. Apesar da cena ter se tornado terrível porque ela estava cheia de
catarro, lágrimas e vômito, Hajime não se incomodou e simplesmente pegou
um pouco de água e uma toalha da Caixa do Tesouro para limpar a sujeira na
mulher. Embora a professora estivesse aborrecida por mostrar um
comportamento tão vergonhoso, ela continuou imóvel.

— Você conseguiu se acalmar? Sensei.

— Si-sim. Eu-eu estou bem agora. Nagumo-kun…

Aiko, que se afastou de Hajime depois da pergunta, estava com o rosto


vermelho com a vergonha. Por algum motivo, a voz do garoto a fez ficar com
os sentimentos ainda mais descontrolados. Os olhos olhando para cima e
encarando estavam febris e umedecidos. Não importava como você a olhasse,
isso não poderia ser causado apenas por um sentimento de humilhação, essa
era uma expressão que possuía sentimentos especiais.

Hajime só via Aiko como uma professora, e não uma "mulher", contudo, como
esperado, quando tal expressão era mostrada, “Are? Não tem algo estranho
aqui? Poderia ser, aquele tipo de coisa?”, ele conseguiu entender os
sentimentos de Aiko e suas bochechas se contraíram.

Isto era perigoso em vários sentidos, Hajime imediatamente desviou seus olhos
e Tio transmitiu um aviso.

“Mestre. Há uma pessoa. Ele claramente não parece ser comum…”

— O que foi?

Não podia ser possível, seria surpreendente demais se alguém pudesse


sobreviver a esse tipo de explosão, Hajime olhou na direção que Tio estava
observando, definitivamente havia um homem careca vestindo roupas brancas,
todos o encararam. No entanto, como Tio disse, ele não era uma pessoa
comum. Seu corpo era transparente e ele estava balançando.

O homem careca imaginou que Hajime e as duas tivessem o reconhecido, ele


se virou e começou a voltar, se movendo como se a gravidade não existisse e
deslizou para o outro lado dos escombros da montanha. E ele se virou pouco
antes de desaparecer para encarar os três.

— … ele está tentando nos dizer para segui-lo?

“Provavelmente. O que devemos fazer Mestre?”

— … é verdade, apesar de querer me reunir logo com Yue e as outras... em


primeiro lugar, nós viemos aqui procurar pela Magia da Era dos Deuses. É
possível que isto tenha alguma relação com o Calabouço. Não podemos nos
dar ao luxo de ignorar pistas.
“Fumu, tem razão. Muito bem, vamos persegui-lo.”

Com as palavras de Hajime, Tio concordou e bateu suas asas para aterrissar
nas ruínas, depois que Hajime e Aiko desmontaram, ela voltou a sua forma
humana e notou a sujeira em suas costas. Com as sobrancelhas apertadas, Tio
pegou novas roupas da Caixa do Tesouro. Hajime também notou seu estado e
puxou algumas roupas extras da Caixa do Tesouro e terminou de se trocar
rapidamente.

— Aaaau, des-desculpe... eu sujei vocês dois.

A culpada era Aiko; ela se desculpou e seu corpo pequeno ficou ainda menor
com a vergonha. Como uma mulher, ela achava insuportavelmente vergonhoso
vomitar nas roupas de outra pessoa.

Hajime e Tio também entendiam que não havia o que fazer, eles queriam dizer
a ela que não se incomodavam, mas isso não era algo tão simples de se fazer.
Enfim, com a curta conversa de antes, Aiko aceitou seus sentimentos, dessa
forma, ela começou a pensar sobre várias coisas relacionadas a Hajime.

Contudo, seria um problema se ela continuasse deprimida para sempre, Hajime


logo mudou de assunto.

— Sensei, me desculpe por fazer você nos acompanhar. Embora eu não saiba
o que irá acontecer... precisamos descobrir a identidade daquele careca.

— Si-sim, eu entendo. Eu vou acompanhar Nagumo-kun…

Hajime pensou que havia um estranho poder e calor nas últimas palavras que
ela falou, mas ele apenas fingiu não notar e seguiu para o lugar onde o homem
calvo desapareceu.

A figura do homem apareceu mais uma vez enquanto eles avançavam pelas
ruínas. E depois de cinco minutos caminhando, eles finalmente chegaram a
seu destino, o careca ficou parado em silêncio enquanto olhava diretamente
para o grupo de Hajime.
— Quem é você? O que você quer conosco?

—…

O homem não respondeu à pergunta de Hajime, no entanto, ele apontou com


seu dedo sem dizer nada. Apesar do local ser apenas um amontoado de
entulho, o olhar do velho homem parecia os dizer para avançarem. Hajime, que
julgou que nenhuma resposta seria concedida mesmo se ele questionasse o
homem, acenou com a cabeça para Tio e eles seguiram para o local indicado.
Assim, nesse momento, os escombros começaram a levitar e o chão debaixo
deles começaram a brilhar levemente. Se você observasse com atenção, um
dos brasões dos Grandes Calabouços estava esculpido ali.

— … você é um dos... Libertadores?

Assim que Hajime fez sua pergunta, a luz que o chão emitia envolveu o garoto
e as duas mulheres. E no instante seguinte, o grupo estava de pé em um
espaço completamente desconhecido e estranho. Ele não era tão grande. A
sala estava pintada com um preto lustroso, uma formação mágica estava
desenhada no centro, e havia um livro antigo no pedestal a seu lado. Parecia
que eles subitamente chegaram a sala final do Calabouço.

Hajime e as mulheres caminharam em direção a formação mágica. Hajime


segurou a mão de Aiko, que ficou com uma interrogação sobre sua cabeça, e a
guiou, enquanto assentiu com a cabeça para Tio, eles pisaram dentro da
formação mágica.

Então, não era a sensação habitual, suas memórias foram examinadas, havia
uma sensação de algo indo cada vez mais fundo, e as três pessoas
inconscientemente gemeram. Essa era uma sensação desconfortável, por um
momento, eles pensaram que era uma armadilha, mas, no momento seguinte,
tudo terminou. E eles foram reconhecidos como pessoas que completaram
outros Calabouços, o conhecimento da magia foi implantado diretamente
dentro de suas cabeças.
— … Magia Espiritual?

— Uuuumu. Parece ser a magia que pode interferir diretamente com as almas.

— Entendo. A razão para a alma de Miledi sobreviver e estar diretamente


implantada em um Golem foi esta magia…

Com a experiência do conhecimento sendo gravado diretamente dentro de sua


cabeça, Aiko estava agachada segurando sua cabeça. Depois de Hajime
concordar com um rosto esclarecido, eles se aproximaram do pedestal ao lado
e pegaram o livro.

Parecia que o conteúdo eram notas escritas por Rausu Baan, que era o
fundador do Grande Calabouço da Montanha de Deus. O livro explicava
basicamente a mesma coisa que Oscar Orcus tinha dito, além das discussões
dos Libertadores até a morte de seu autor na Montanha de Deus.

Contudo, como Hajime não estava interessado nisso, ele logo pulou essa parte.
Ele não se importada com a vida de Rausu Baan. Por que ele deixou apenas
uma imagem corpórea dele mesmo? Ele poderia ter vivido como Miledi ao usar
a Magia Espiritual, apesar da razão estar explicada em suas confissões,
Hajime já tinha passado por essa parte.

E a última seção estava descrevendo as condições para completar o


Calabouço; de acordo com o texto, quando a imagem corpórea de Rausu Baan
aparecesse como guia, isso significaria que você foi reconhecido.

A imagem corpórea só apareceria com a prova da conquista de pelo menos


dois Grandes Calabouços, além do desafiante não ter fé em Deus ou ter
superado algum tipo de influência em que o poder de Deus atuou. Em outras
palavras, parecia que o conceito da Montanha de Deus era possuir uma
vontade firme que não te permitiria se curvar a Deus.

Era provavelmente isso, mas, na realidade, se você desafiasse a rota correta,


era possível ser reconhecido por sua vontade. Aiko foi aceita, apesar de ter
recebido muito dos ensinamentos da Igreja por bastante tempo, porque seus
sentimentos por seus estudantes eram muito maiores do que sua fé, ou talvez
fosse o suficiente ela ter a capacidade de se posicionar contra a Igreja.

Para as pessoas deste mundo, essa era uma condição muito difícil, porém, era
algo fácil para Hajime e os outros estudantes.

Aiko, que se recuperou do choque de obter a Magia da Era dos Deuses, se


sentiu encorajada e eles pegaram o anel do pedestal junto do livro, então eles
deixaram o local depressa. Mais uma vez, o brasão de Rausu Baan brilhou e
os três voltaram para o lugar original em que estavam.

— Sensei, você está bem?

— Uuuuu, sim. De certa forma... mesmo assim, uma magia tão incrível... com
toda certeza, se há uma magia tão incrível, também deve existir uma que
possa nos mandar de volta ao Japão.

Aiko assentiu com a cabeça como se concordasse e massageou sua têmpora.


Sua expressão era a de alguém que estava cansada com os eventos duros que
aconteceram nos últimos dias e finalmente acabaram, ela relaxou quando a
possibilidade de voltar para casa foi sentida.

— Muito bem, nós sabemos o local onde a formação mágica está, portanto,
vamos nos juntar a Yue e as outras logo.

— Aaaa, isso mesmo! O Reino está sendo atacado, não está? Eu espero que
todos estejam seguros…

Com uma expressão preocupada, Aiko juntou suas mãos em seu peito
enquanto orava, então eles começaram a descer da montanha. Embora eu
tenha dito isso, a única forma de descer da Montanha de Deus para o Reino
era pulando.

O grito de Aiko ecoou enquanto ela experimentava a queda livre; Hajime e Tio
apenas a ignoraram. Com Aiko em seu ombro, Hajime e as mulheres
aterrissaram no chão e, ignorando as chamas e gritos vindo do Reino, o que
fez a professora ficar com uma expressão cética, o grupo decidiu ir primeiro
para onde Kaori e as outras estavam.

E o que eles viram quando se juntaram a elas…

Com uma espada atravessada em seu peito, Kaori já tinha deixado de respirar.

Notas

[1] Uma nuvem de cogumelo é uma nuvem de fumaça, chamas e destroços,


em forma de cogumelo, que se forma por causa de uma grande explosão.
Estão geralmente associadas a explosões nucleares, mas um evento de
dimensões semelhantes tem o mesmo efeito. As erupções vulcânicas e as
colisões de pequenos corpos como meteoros ou cometas com a Terra pode
produzir nuvens de cogumelos naturais. Uma nuvem de cogumelo nuclear é
formada quando o calor de uma explosão nuclear aquece o ar e ele torna-se
menos denso, subindo e levando consigo poeira e detritos.

[2] Para me adequar aos padrões de discurso da Novel Mania, os pensamentos


e conversas telepáticas vão ser envolvidas por aspas (“”).

[3] O metano é um gás incolor, sua molécula é tetraédrica e apolar (CH4), de


pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar se transforma em
mistura de alto teor inflamável. É o mais simples dos hidrocarbonetos. 60% da
emissão de metano no mundo é produto da ação humana, vindo principalmente
da agricultura, grande parte vindo do processo de digestão de animais
herbívoros, carnívoros e onívoros.

[4] Quanto às fontes alternativas, um método para a obtenção de metano é via


biogás, gerado pela fermentação de matéria orgânica, incluindo esterco,
esgoto, lixo urbano e outros estoques de material biodegradável, em condições
anaeróbicas, como debaixo da terra.

Capítulo 105: Traição


Voltando um pouco no tempo. Precisamente quando Liliana e as outras
chegaram no Palácio Real.

Pakyaaaaaaaaaan!

— Tsu!? Mas o que foi... !?

Para o som desagradável de vidro quebrando, Shizuku Yaegashi[1], que estava


dormindo em seu quarto, rapidamente entrou em seu modo de alerta e saiu de
sua cama enquanto segurava sua katana negra que ficava ao lado de seu
travesseiro. Esses eram movimentos de uma pessoa que continuava atenta
com seus arredores mesmo enquanto descansava.

—…

Por um tempo, Shizuku prendeu sua respiração com uma expressão séria e
estava pronta para sacar sua katana a qualquer momento, contudo, não havia
anormalidades dentro de seu quarto, assim, ela suspirou aliviada.

O motivo para Shizuku estar com este nível de vigilância era porque nos
últimos dias não houve nenhum sinal de Liliana ou Aiko.

Mesmo há algum tempo antes disso, ela notou um senso de incongruência


dentro do Palácio Real. Nesse dia, no dia em que Aiko voltou, ela desapareceu
após anunciar que tinha algo importante para contar aos estudantes na hora do
jantar, devido a isto, Shizuku suspeitava que algo de ruim aconteceu com a
professora para silenciá-la.

Naturalmente, a aluna procurou pelo paradeiro das duas pessoas


desaparecidas; apesar de eles falarem que Aiko e a Princesa só estavam
sendo questionadas pelo líder da Igreja, Ishtar, no templo central, Shizuku não
teve permissão para se encontrar com as duas. Além disso, eles até a evitaram
ao declarar a Espadachim que as duas seriam liberadas em alguns dias,
ademais, o pai de Liliana, o Rei Eric, também disse não se preocupar com isso;
a aluna não poderia fazer nada além de relutantemente recuar por enquanto.
Contudo, mesmo assim, sua ansiedade não desapareceu, e como aconteceu
há pouco, quando ia para cama, Shizuku ficava tão vigilante e atenta quanto
uma espiã.

Quando ela silenciosamente deixou a cama, a aluna preparou seu


equipamento em poucos segundos e deixou o quarto com cuidado. Desde que
Kaori decidiu viajar com Hajime, Shizuku era a única pessoa no quarto.
Quando ela confirmou que não havia nada errado no corredor, ela
imediatamente bateu na porta de Kouki e Ryutaro, que ficava do lado oposto ao
quarto dela.

A porta se abriu na mesma hora e a figura de Kouki foi vista. Ryutaro estava no
fundo do quarto e parecia estar totalmente acordado. Parecia que eles também
acordaram como Shizuku devido ao som de um momento atrás.

— Kouki, por favor, seja mais cauteloso. Abrir a porta tão subitamente... não
seria um perigo se eu fosse uma inimiga?

As sobrancelhas de Shizuku se apertaram um pouco quando Kouki abriu a


porta sem nenhum cuidado e ela o avisou. Por outro lado, Kouki tinha uma
expressão de admiração. Mesmo que ele tenha ouvido o som de vidro
quebrando, ele não pensava que haveria qualquer perigo nos corredores do
Palácio Real. O aluno não parecia estar totalmente acordado.

Nesses últimos dias, Shizuku sentiu que algo estava estranho dentro do
Palácio Real e com a situação de Aiko, — Algo está errado, mantenha-se
atento —, foi o que ela repetiu várias vezes, mas Kouki e Ryutaro pensaram
que ela estava se preocupando demais com isso e não a levaram a sério.

— Mais importante que isso Shizuku. O que foi que aconteceu há pouco? Era o
mesmo som de algo quebrando…

— … eu não sei. De qualquer forma, vamos acordar todos e reunir informação.


Seja o que for que esteja acontecendo, eu tenho uma sensação ruim…
Shizuku só disse isso e se virou para bater nas portas de seus colegas de
classe uma após a outra. A maioria dos estudantes foi logo reunida para uma
reunião devido ao súbito som de algo quebrando. Com apreensão, Kouki
começou a erguer sua voz assim que os alunos começaram a se reunir no
corredor parecendo irritados por seus sonos serem perturbados.

Então, nesse momento, uma das camareiras que era amiga de Shizuku correu
na direção da garota. Ela vinha de uma casa que apreciava esgrima e possuía
uma linhagem de Cavaleiros, devido a esta conexão, ela se tornou íntima de
Shizuku.

— Shizuku-sama…

— Nia!

A camareira chamada Nia correu para o lado de Shizuku enquanto parecia


estar desanimada. Ela era uma sombra de sua usual atmosfera solene,
Shizuku se lembrou do senso de incongruência e ergueu suas sobrancelhas,
mas ela foi superada pela surpresa da informação que Nia trouxe, a sensação
ruim da aluna foi intensificada.

— A primeira barreira foi destruída.

—… o que foi que aconteceu?

Nia contou a verdade enquanto Shizuku instintivamente a questionava.

— Os Demônios estão invadindo. Um enorme exército estava avançando pelas


imediações da Capital Real e o ataque deles quebrou a grande barreira.

— … não pode ser, como foi que eles…

A informação era tão inacreditável que até Shizuku perdeu sua calma e ficou
aturdida.

Os outros colegas também estavam no mesmo estado, eles começaram a


murmurar ruidosamente. O exército dos Demônios; era impossível para eles
serem capazes de invadir a capital do Reino sem atrair a atenção de ninguém;
com a grande barreira sendo destruída ficava ainda mais difícil aceitar a
situação. Era inevitável que eles não fossem capazes de manter a calma.

— … apenas a primeira da enorme barreira foi destruída?

Assim, com uma expressão séria, Kouki fez uma pergunta a Nia. A grande
barreira que protegia o Reino era composta de três partes, a primeira, no lado
de fora, a segunda e então a terceira barreira; a terceira era a mais forte, já que
cobria a menor escala de terra em comparação com as outras.

— Sim. Por ora... entretanto, a primeira barreira foi quebrada com um único
golpe. É apenas uma questão de tempo antes que eles atravessem tudo…

Para a resposta de Nia, Kouki sugeriu que todos ajudassem a repelir o exército
inimigo.

— Mesmo que seja só um pouco, nós devemos ajudar a conseguir tempo.


Enquanto isso, os residentes do Reino devem se abrigar, se o corpo de
exército[2] e os Cavaleiros estão preparados…

Havia poucos que mostraram uma expressão decidida com as palavras de


Kouki. Shizuku, Ryutaro, Suzu e apenas os grupos de vanguarda, como o
grupo de Nagayama.

Os outros estudantes só estavam com um olhar sombrio enquanto desviavam


seus olhos. Eles eram pessoas que perderam a vontade para se colocarem na
linha de frente. Subitamente desafiar um enorme exército apenas aumentou a
hesitação deles.

“Então, mesmo se formos apenas nós...”, Kouki começou a fortalecer sua


determinação, mas, surpreendentemente, Eri Nakamura respondeu.

— Espere Kouki-kun. Ao invés de lutarmos por conta própria, eu acho que


devemos nos reunir com Meld e os outros.
— Eri… mas...

— Nia-san, o exército... quanto você sabe sobre eles?

— … eles são aproximadamente cem mil Demônios.

Os estudantes prenderam seus fôlegos quando escutaram o número.

— Kouki-kun. Não podemos contê-los sozinhos. Nós temos que enfrentar


números com números. Mesmo que sejamos mais fortes do que pessoas
comuns, eu acho que devemos ir para o local onde somos mais necessários.
Ou seja, não deveríamos cooperar lado a lado com o grupo de Meld?

Apesar de vir da modesta e dócil garota de óculos, Eri, a força em seus olhos
não era menor do que a de Kouki e os outros. E a opinião dela era justificada.

— Un, Suzu concorda com Eririn. Como esperado da Eririn de Suzu! Esses
óculos não são apenas para exibição!

— Suzuuuuu… os óculos não têm relação com issoooo.

— Fufu, eu também concordo com Eri. Eu perdi a minha calma por um tempo.
E quanto a você Kouki?

Com as opiniões das três garotas, Kouki estava hesitante. Contudo, após
cuidadosamente pensar no julgamento de Eri, e como Kouki também confiava
muito nela, no fim, ele decidiu se juntar aos Cavaleiros de Meld e o corpo de
exército como a garota de óculos sugeriu.

Kouki e os outros alunos começaram a correr para onde os Cavaleiros e


Soldados estavam se mobilizando. Ninguém notou o sorriso em forma de lua
crescente ao lado deles…

Quando Kouki e os outros chegaram no ponto que era designado como um


local para encontros de emergência, muitos Soldados e Cavaleiros já estavam
alinhados de forma correta, o Vice-Comandante dos Cavaleiros, Jose Rancaid,
estava na plataforma informando seus homens em voz alta. Enquanto eram
banhados pela luz do luar, os Soldados estavam todos parados com
expressões pálidas e aturdidas, eles apenas encaravam Jose sem vigor.

Assim, Jose, que notou que Kouki e os estudantes acabaram de entrar na


praça, parou de falar e acenou para o Herói.

— … bom trabalho vindo até aqui. Você entende a situação?

— Sim, nós já escutamos sobre isso de Nia. Eh, onde está Meld-san?

Kouki assentiu com a cabeça para as palavras e pergunta de Jose, e ele não
viu a figura de Meld enquanto olhava ao redor, então o aluno perguntou sobre o
paradeiro do Comandante.

— O líder está lidando com algumas coisas. Mais importante, saa, venha para
o centro. O Herói é nosso líder afinal…

Como disse Jose, Kouki e alguns outros alunos foram guiados para o meio de
onde os Soldados estavam em fila. Os colegas de classe que ficaram para trás,
— Eh? Nós também? —, mostraram expressões confusas enquanto eram
cercados por Soldados silenciosos, eles não poderiam fazer nada além de
seguir Kouki e os outros.

Passando pelo silêncio, as expressões dos Soldados ao redor não mudaram


nada, junto das aparências dos Cavaleiros, o sentimento de incongruência
começou a crescer em Shizuku. Era o mesmo sentimento ruim que ela teve
desde o início quando acordou; o coração de Shizuku estava em conflito.
Inconscientemente, ela colocou força na mão que estava segurando
sua katana negra.

E quando Kouki e os outros foram completamente cercados pelos Soldados e


Cavaleiros, Jose recomeçou seu discurso.

— Todos, o exército inimigo se aproxima. Contudo, não há o que temer. Não


há inimigos que podem nos enfrentar. Nós não conhecemos a derrota. A morte
não vai nos alcançar. Sa, todos, recebam nosso Herói. Agora mesmo, nós
existimos para este dia. Sa, saquem suas espadas.

Os Soldados e os Cavaleiros sacaram suas espadas.

— Esse é o início do massacre. Observem com atenção.

Jose pegou algo de seu peito e o segurou sobre sua cabeça. Como instruído,
não apenas os Soldados, mas também Kouki e os estudantes prestaram
atenção.

E...

Ka!!

Luz irrompeu.

O item que Jose estava segurando liberou uma luz brilhante que era
comparável a granada de atordoamento[3] de Hajime. Kouki e os alunos, que
estavam prestando atenção, ficaram completamente indefesos, eles desviaram
seus olhos na mesma hora e os cobriram enquanto gritavam, suas visões
ficaram temporariamente bloqueadas por olharem para a luz.

E, no instante seguinte…

Zuburiiii!

... incontáveis sons intensos ressoaram.

— Aguuuu?

— Gaaaaa!

— Gufuuuu!?

Na sequência, gritos abafados foram ouvidos de vários lugares.


Os gritos eram diferentes dos causados pela luz de um momento atrás. Era a
voz que surgia pela agonia e a dor. Então, depois disso, houve o som de
incontáveis pessoas caindo no chão.

No meio de tudo isso, apenas Shizuku entendeu a causa. Após entrar no


espaço aberto, a cautela dela aumentou ao máximo. Ela sentiu que havia algo
errado no discurso de Jose. Por isso, quando o clarão de luz explodiu, ela
assumiu uma postura defensiva sem ser abalada e a seguir foi capaz de
bloquear a lâmina do assassino com sua katana negra. Era provavelmente a
dádiva do treinamento que a permitiu confiar nas presenças que ela sentia
enquanto seus olhos estavam cegos.

E depois que a luz desapareceu, Shizuku começou a olhar ao redor enquanto


sua visão começava a se recuperar, cada um de seus colegas de classe foi
perfurado nas costas pelas espadas de Cavaleiros e Soldados e estavam
sendo segurados contra o chão.

— O que isto…

Eles soltaram gemidos enquanto eram derrubados e segurados de cima, além


disso, olhando para as figuras de seus colegas, que tinham espadas em suas
costas, a voz de Shizuku estava presa em sua garganta. “Não pode ser”, ela
começou a imaginar o pior desfecho onde todos eles estavam mortos, porém,
parecia que todos ainda estavam vivos, já que suas vozes de agonia podiam
ser ouvidas.

Apesar de ela ficar um pouco aliviada por saber disso, Shizuku mostrou um
olhar austero para os Soldados cercando a situação inesperada, uma cena
estranha foi refletida dentro da multidão e, sem querer, ela se enrijeceu.

— Ara-ra, eu deveria dizer que isso era esperado? Nee, Shizuku?

— Eh? Eh… o que você está... !?

Sim, enquanto todos os outros colegas de classe estavam em condições


críticas no chão, havia apenas uma pessoa que estava de pé com
tranquilidade. Essa pessoa era completamente diferente de sua forma habitual,
com uma voz grudenta, ela falou com Shizuku. Como a aura dela mudou
demais, as perguntas e dúvidas de Shizuku estavam presas em sua garganta.

Nesse momento, mais uma vez, um Cavaleiro golpeou sua espada na direção
das costas da garota.

— Ku!?

Enquanto ficava abalada com a súbita mudança na outra pessoa, Shizuku mal
foi capaz de desviar e se virou para a pessoa com um olhar impressionada.

— Você também desviou disto, huh... é sério, Shizuku é uma pessoa


problemática, huh?

— O que você está dizen-!?

Aumentando ainda mais a intensidade, os Soldados e Cavaleiros se juntaram e


atacaram com suas espadas. Shizuku superou todos eles e então, de repente,
virou seus olhos quando seu nome foi chamado.

— Shizuku-sama! Ajude…

— Nia!

Lá estava a figura de Nia atirada no chão com um Cavaleiro em cima dela e


uma espada a ponto de atingi-la. Shizuku imediatamente chegou ao lado de
Nia em um instante com sua habilidade de movimento instantâneo, Sem
Batida, ela desferiu sua bainha contra o Cavaleiro que estava atacando Nia e o
atirou para longe.

— Nia, você está bem?

— Shizuku-sama…

Enquanto ajudava Nia a se levantar do chão, Shizuku olhou ao redor com


atenção.
Para essa Shizuku, Nia murmurou e envolveu ambas as mãos ao redor da
aluna.

E...

… uma adaga foi enfiada nas costas de Shizuku.

— Agu!? Ni-Nia? Por-por que…

—…

Com uma expressão que mostrava que ela não podia acreditar no que tinha
acontecido e com uma careta devido a dor intensa de suas costas, Shizuku
olhou para Nia que estava se agarrando a ela.

Sua expressão já não tinha seu olhar alegre nem a familiaridade de antes, ela
apenas devolveu o olhar de Shizuku.

A estudante finalmente encontrou a resposta. No início, ela pensou que o


estado de Nia era devido ao Reino sendo invadido, contudo, não era isso, a
aura dela era quase idêntica a dos Cavaleiros e Soldados sem expressão que
a cercavam, havia definitivamente uma razão diferente para isto.

Nia prendeu o braço de Shizuku e o torceu enquanto imobilizava a estudante


contra o chão, ela então colocou grilhões que selavam a magia, exatamente
como aconteceu com todos os outros estudantes.

— Ahahaha, como imaginado, até mesmo para Shizuku, você com certeza não
esperava que essa garota pudesse se voltar contra você, não é? Un un, isso
está correto, não está? Foi por isso que eu gastei algum tempo preparando
isso.

Com uma dor escaldante percorrendo suas costas e apertando seus dentes no
chão frio, Shizuku percebeu que algo foi feito aos Soldados e Nia. E apesar de
ela não querer admitir, a cena desastrosa que se desenrolava diante dela,
neste momento, a Espachim chamou sua amiga íntima, que tinha um sorriso
cínico estranho em seu rosto.

— O que isto… significa… Eri?

Correto, essa pessoa, que era modesta e quieta, atenta e gentil, uma
companheira confiável de Shizuku e dos outros alunos com quem eles
compartilharam alegrias e tristeza, essa pessoa era Eri Nakamura.

Mesmo com ferimentos sérios, os estudantes, que foram atacados e ainda


estavam vivos, não poderiam fazer nada além de ficarem com expressões
cheias de agonia; eles observavam a expressão de Eri enquanto ela
calmamente andava e tratava os Soldados como se fosse a superior deles.

Ao invés de responder a pergunta de Shizuku, Eri começou a rir de forma


estranha como se estivesse se divertindo enquanto se movia na direção de
Kouki. E após tirar seus óculos, ela puxou o colar que selava magia preso no
pescoço de Kouki com um sorriso atraente.

— E-Eri… mas… o que… gu… aconteceu…

Embora não chegasse a extensão de Shizuku, que era amiga de infância dele,
Eri, que era uma de suas companheiras e amiga íntima, tinha uma aura muito
diferente ao redor dela, Kouki desesperadamente a questionou enquanto
suportava a dor da espada que percorria seu corpo. Entretanto, a garota tinha
uma expressão alucinada que continha ardor e ela ignorou a pergunta do
rapaz.

Então...

— Aha, Kouki-kun, Euuuu pegueiiii vocêêê.

Enquanto dizia isso, ela colocou seus lábios sob os de Kouki. Dentro do
silêncio estranho que cercava a área, um som vívido de água podia ser ouvido.
Eri estava insanamente liberando suas emoções por Kouki como se estivesse
as guardando por anos.
Apesar de Kouki não poder entender o que estava acontecendo, ele estava
tentando se livrar dela com desespero, porém, o aluno foi segurado por várias
pessoas, junto com o colar que selava magia, como todos os outros
estudantes, ele também tinha suas mãos e pés presos, além disso, seu poder
foi minado com a espada que estava presa em seu corpo.

Quando ela finalmente se satisfez, Eri separou seus lábios enquanto criava um
fio prateado. Então, com uma expressão eufórica em seus olhos, ela lambeu
seus lábios e começou a se levantar lentamente, ela então encarou os
estudantes que estavam imobilizados e sangravam. Expressões absortas
assim como expressões agonizadas estavam presentes. Quando a garota viu
tal espetáculo, a aluna assentiu em satisfação, seus olhos pararam em Shizuku
e ela sorriu.

— Maa, esse tipo de coisa. Shizuku.

— … o que você quer dizer… kofu…

Com uma expressão que mostrava que ela não entendia, Shizuku vomitou
sangue enquanto encarava Eri, a garota sacudiu sua cabeça com uma
expressão que dizia, "Erro meu", e começou a falar sobre sua motivação como
se estivesse falando com um bebê.

— Uuuun, você não compreende, huh? Sabe, eu sempre quis Kouki-kun. Por
esse motivo, eu fiz o que era necessário para obtê-lo. É tão simples quanto
isso.

— … se você gostava de Kouki, então... se você se confessasse... este tipo de


situação…

Em resposta a objeção de Shizuku, por um momento, Eri ficou sem expressão.


Contudo, ela começou a falar e formou seu sorriso cínico mais uma vez.

— Isso é inútil, inútil, inúúúútil. Se confessar é inútil. Kouki-kun é generoso,


então não há formas de ele ver alguém como especial. Mesmo se exista
apenas lixo sem valor ao redor dele, ele não as deixaria sozinhas porque ele é
benevolente demais. Por isso, com o objetivo de tornar Kouki-kun apenas meu,
eu tive que trabalhar duro e me livrar de todo o lixo em seus arredores.

“Você não consegue entender nem isso?”, Eri encolheu seus ombros como se
isso fosse algo tolo. Apesar de serem chamados de lixo, os estudantes não
estavam com raiva já que estavam surpresos demais com a súbita mudança.
Para a pessoa diante dela mudar tanto, Shizuku olhou para a garota como se
esta fosse a primeira vez que elas se encontravam.

— Fufu, foi algo bom sermos enviados para um mundo diferente. No Japão,
teria sido realmente difícil me livrar do lixo, era duro viver lá. É claro que eu não
permitirei que sejamos enviados de volta após esta guerra terminar. Junto de
Kouki-kun, nós dois vamos continuar vivendo aqui para todoooo o sempreeee.

Enquanto olhava para Eri rindo e se entretendo, um palpite impossível veio à


mente de Shizuku e ela involuntariamente o compartilhou.

— … não pode ser… o motivo para a grande barreira... ser destruída com tanta
facilidade foi porque...

— Ahaha, então você notou isso? Correto, fui eu. Eu disse a eles para
quebrarem o Artefato que mantinha a grande barreira.

Parecia que o pior cenário possível que Shizuku pensou se tornou realidade. A
razão para os Demônios serem capazes de chegar nas periferias do Reino sem
serem notados e facilmente quebrarem a grande barreira, tudo foi obra de Eri.
A linha de visão de Eri estava voltada para os Soldados e Cavaleiros sem alma
que estavam de pé ao lado dela; ela provavelmente os disse para fazerem isso.

— Se eu matasse vocês, eu não poderia mais permanecer no Reino... foi por


isso que eu entrei em contato com os Demônios, levando o Reino em direção a
destruição com as habilidades que recebi neste mundo, eu vou mandar os
Cavaleiros que transformei em marionetes para as terras dos Demônios como
tributos, então seremos apenas eu e Kouki-kun.

— Impossível… para entrar em contato com os Demônios…


Kouki, após conseguir se recuperar do choque do beijo, murmurou com uma
expressão que mostrava que ele não podia acreditar nisso. Eri esteve treinando
com todos eles no Reino por muito tempo. Dentro da enorme barreira em que
os Demônios não seriam capazes de entrar, deveria ser impossível entrar em
contato com eles, ele começou a usar esses argumentos enquanto tentava
acreditar em Eri.

Entretanto, a moça facilmente quebrou suas esperanças.

— A mulher da raça dos Demônios que nos atacou no Grande Calabouço


Orcus. Enquanto partíamos, eu rapidamente fiz algo, eu usei Necromancia.
Como esperado, os Demônios vieram recuperar o corpo dela, então eu
aproveitei a oportunidade. Com essa situação, eu fiquei nervosíssima. Se o que
eu propus fosse rejeitado e eu fosse assassinada... involuntariamente, eu usei
a Necromancia... eu não queria que eles duvidassem de mim, assim mostrei
minha Necromancia para aumentar meu valor... maa, no fim, tudo correu
bem…

De acordo com as palavras de Eri, ela usou Necromancia na mulher da raça


dos Demônios e deixou uma mensagem para os Demônios que iriam procurar
por ela, já que a companheira não voltou. Graças a isto, Mikhail soube como
Cattleya tinha morrido. Junto a isto, ela se comunicou com os Demônios
através de um cadáver "humano" apropriado.

Quando a história de Eri foi ouvida, Shizuku se lembrou da Necromancia da


garota e seu rosto que já estava pálido pela perda de sangue ficou ainda mais
pálido.

Necromancia era a magia que agia nos pensamentos residuais do cadáver. Ela
escondeu o fato de que poderia usar isso perfeitamente. Se fosse isso, então
todos os Cavaleiros e Soldados que pareciam não possuir alma e cercavam
Shizuku e os outros... o pior cenário possível chegou a mente da Espadachim
quando ela pensou em Nia, que a segurava contra o chão.

— A razão... para as aparências... dessas pessoas é…


— É claro que é por causa da Necromanciaaaa. Todos já estão mortoooos.
Ahahahahahaha!

Shizuku cerrou seus dentes enquanto ela recebia a resposta cruel e uma
refutação desesperada foi ouvida.

—… isso é mentira... os mortos-vivos... não podem falar... eles não deveriam...


ser capazes de fazer isso!

— Veja, isso é devido a minha habilidade. Apesar de algumas memórias e


padrões de pensamentos durante suas vidas serem adicionados para eles
serem capazes de falar, isso foi minha ideia original para a Necromancia,
Amarrar Alma, eu acho? Ah, mesmo assim, o senso de incongruência
permaneceu, huh. Eu não fui capaz de cuidar de tudo em um dia, então eu
comecei a me preocupar sobre o que fazer... um dia, uma pessoa ofereceu sua
cooperação. Uma pessoa com lindo cabelo prateado. Eu estava surpresa por
meu plano ser descoberto, nesse instante, eu preparei minha resolução para
várias coisas... não era certo que eu seria acusada naquele momento, embora
eu não pudesse confiar nessa pessoa, eu podia ao menos me aproveitar
delaaaa.

— É sério, foi tão assustadoooor —, Eri fingiu estar limpando seu suor. Muito
provavelmente, houveram vários processos que resultaram nessa situação,
mas ela não mostrou indícios de que iria os explicar.

— Na verdade, eu acidentalmente coloquei minhas mãos em um assistente


próximo do Rei, então eu sou incrível, não sou? Em contrapartida, ele ficou
igual a uma pessoa drogada e perigosa. Maa, graças a isso eu fui capaz de
prosseguir com meus planos com rapidez. Kufufu, está tudo bem! Eu não
desperdiçarei as mortes de vocês. Eu vou corretamenteeee reciclá-los e
permitir que os Demônios os usem!

Originalmente, eles só agiram através de pensamentos residuais com o uso da


Necromancia, mas se você levasse em consideração a intenção da pessoa
morta enquanto ainda viva, os pensamentos residuais seriam envolvidos por
magia assim que o alvo voltasse a vida, ele se moveria da forma que o Mago
desejava, alternando com uma forma onde técnicas eram usadas para possuir
um corpo e fazê-lo obedecer ao Mago.

O desempenho do morto-vivo era normal, embora incomparável com quando


ele estava vivo, ele não se moveria a menos que fosse ordenado, já que não
possuía mais a capacidade de pensar por conta própria. É claro que se você
desse uma ordem como — Continue atacando —, eles continuariam por serem
capazes de se mover sem o uso de instruções detalhadas.

Em outras palavras, quando Nia e Jose falaram com Shizuku e os alunos, eles
não tinham capacidade de pensar, isso deveria ser impossível com o uso de
Necromancia. Era por isso que havia um senso de incongruência, a técnica que
Eri chamou de Amarrar Alma era uma técnica que acrescentava memória e
padrões de pensamentos para o cadáver através da extração do restante do
espírito do alvo.

Esta era basicamente uma habilidade para interferir com a alma. Ou seja, Eri
conseguiu trabalho duro e adentrou no reino da Magia da Era dos Deuses por
conta própria. Definitivamente uma trapaça, embora ela dissesse com
frequência que era incompatível com a Necromancia, essa quantidade de
estudo e o talento no nível de um gênio era algo que merecia admiração. Por
outro lado, isso também poderia ser por seu imenso ímpeto por sua obsessão.

A propósito, a razão para Eri não matar imediatamente seus colegas de classe
era porque o Amarrar Alma só poderia ser usado uma vez logo após a morte.

— Guu… pare… Eri! Se você fizer essas coisas… eu…

— Não vai me perdoar? Ahaha, eu imaginei que você diria isso. Kouki-kun é
amável. Além disso, não importa quanto lixo eu limpe... dessa forma, eu
também vou usar Amarrar Alma em Kouki-kun; eu vou ser capaz de te tornar
meu. Ninguém mais, apenas olhando para mim, cumprindo cada um dos meus
desejos! Apenas meu Kouki-kun! Aa, aa! Só imaginar isso faz com que eu me
sinta tendo um orgasmo!
Eri começou a se abraçar e contorceu seu corpo com uma expressão
ninfoléptica[4]. Não havia mais a aparência da garota calma que fazia parte do
comitê de livros. Todos os colegas pensaram. “Ela ficou louca”. Amarrar Alma
era uma habilidade especificamente feita para facilitar e aumentar ainda mais a
conveniência da Necromante ao dar instruções, contudo, não havia como
mudar o fato de que uma marionete era apenas uma marionete. Mesmo que
ela entendesse isso, ela ainda não parecia se incomodar com esse tipo de
Kouki.

— Mentira... isso é mentira! Uu, Eririn não é... não tem jeito de Eri fazer isto!
Com certeza... algo... é isso... ela está sendo manipulada! Recobre seus
sentidos Eri!

Suzu, que era a melhor amiga de Eri, gritou com uma expressão aflita
enquanto ofegava com a dor. Ela estava arranhando o chão com suas mãos
como se estivesse tentando rastejar na direção de Eri. A garota se virou para
Suzu e olhou os olhos dela com um sorriso. Ela lentamente caminhou em
direção a pessoa mais próxima, que estava deitado no chão: Reiichi Kondo.

Kondo sentiu um mau pressentimento, — Hiiii —, ele soltou um grito enquanto


tentava se afastar, mesmo que só um pouco de Eri, que se aproximava.
Naturalmente, ele estava sendo imobilizado, a única coisa que ele poderia
fazer era gritar, já que sua magia também estava selada.

Eri, que foi até o lado de Kondo, o fez mais uma vez tremer de medo e o
mostrou um sorriso. Kouki e os outros estavam erguendo suas vozes, — Pare!
Pare com isso!

— Pa-pare!? Gaa, ah, agu…

Os gritos abafados de Kondo começaram a surgir. A espada foi mais uma vez
enfiada nas costas do rapaz, porém, desta vez, foi no local em que seu coração
estava. Por pouco tempo, apesar de Kondo se debater e mostrar sua
tenacidade devido a seu poderoso Status, seus movimentos logo ficaram
fracos, e... ele parou de se mover por completo.
Eri colocou suas mãos em Kondo e começou a murmurar um encantamento.
Após completar o encantamento e murmurar o nome da magia, Amarrar Alma,
um Kondo semitransparente se sobrepôs com seu próprio corpo.

Depois disso, o Cavaleiro que estava prendendo o garoto se levantou e se


afastou um passo. Kouki e os outros alunos esperaram ansiosamente, Kondo,
cujo coração deveria ter sido destruído, lentamente levantou seu corpo, ele
ficou de pé com uma expressão sem vida, da mesma forma que os Soldados e
Cavaleiros ao redor.

— Siiiim. Uma marionete foi completadaaaa.

A voz animada de Eri ressoou enquanto os outros estudantes olhavam para


Kondo com surpresa assim que ele ficou de pé parado sem dizer nada e sem
nenhuma expressão. Agora mesmo, uma pessoa foi finalmente morta, para a
cena de morte, eles não poderiam transmitir seus pensamentos.

— E-Eri… por que...

Para Suzu, que tentou fazer uma pergunta com uma expressão chocada, Eri
compartilhou a pior conclusão possível.

— Nee, Suzu? Obrigado. No Japão e mesmo aqui, você foi muito conveniente
para usar e me manter próxima de Kouki-kun.

— … eh?

— Eu tive que desistir. A atmosfera entre Kouki-kun enquanto ele era cercado
por Shizuku e Kaori era demais. Se você se aproximasse sem cuidado, outras
garotas iriam criar buracos em você com os olhos... como não tínhamos
poderes daquele lado, era questão de tempo até você se autodestruir por tentar
se aproximar. A esse respeito, eu sou grata a existência de Suzu. Você parecia
ser radiante, não importava quão tolamente usada e exposta você era. Mesmo
se eu me aproximasse de Kouki e dos outros, ninguém iria se queixar sobre
isso. Por esse motivo, a posição de “melhor amiga de Suzu Taniguchi” era
muito conveniente. Graças a vocês eu fui capaz de ficar perto de Kouki-kun do
outro lado, e mesmo quando chegamos em um mundo diferente, nós
conseguimos ficar no mesmo grupo… un, Suzu era mesmo conveniente!
Portanto, obrigado!

— … ah, uu, ah…

Com o choque da confissão de Eri, o som de algo se quebrando dentro de


Suzu ressoou. Suzu descobriu que sua melhor amiga, com quem ela sempre
esteve junta e acreditou por todo esse tempo, não era nada mais do que uma
fantasia. Até a luz do escapismo em seus olhos desapareceu.

— Eriiii! Você é-!

Para as palavras extremas, Shizuku gritou com raiva. Nia, que se tornou uma
marionete, puxou a cabeça da garota pelo cabelo e a bateu contra o chão.
Entretanto, como se ela estivesse dizendo — Isso não é nada —, os olhos de
Shizuku se incendiaram com a ira.

— Fufu, você está zangada, huh? Essa expressão que você tem é muito boa.
Eu te odeio com força. Seu rosto combina tão naturalmente com Kouki-kun e
até seus olhos carregam um senso de atitude condescendente, eu odeio tudo
em você. Por isso, para você em particular, eu vou dar um papel especial.

— … um papel… o que você quer dizer?

— Kufu, nee? Que tipo de sentimentos você teria por matar sua melhor amiga
após se encontrar com ela depois de muito tempo?

Com essas palavras, os olhos de Shizuku se arregalaram assim que ela


imaginou o que Eri estava planejando fazer.

— … não pode ser, Kaori!?

Como se dissesse, — Você acertou em cheio! —, Eri começou a bater palmas


com um sorriso cínico em seus lábios. Enquanto usava Shizuku como um
fantoche, Eri iria tentar assassinar Kaori.
— Estaria tudo bem apenas deixá-la com Nagumo, mas... há uma pessoa que
disse, "Eu amaria ter essa pessoa como minha marionete"! Eu fui ajudada de
várias formas, então eu decidi dar a essa pessoa uma recompensa. Eu sou
alguém que cumpre suas promessas afinal! Eu sou mesmo uma boa mulher,
não sou?

— Pare de fazer piadas! Gofu…aguuuuu!?

Enquanto se irritava, Shizuku, que tentou se mover, conseguiu apenas


aumentar a ferida que foi infligida a ela; a lâmina de Nia afundou ainda mais.

— Aha, isso é doloroso? Isso machuca? Eu sou tão benevolente. Neste


momento, eu vou te livrar de sua dor…

Desta vez, parecia que era a vez de Shizuku; com um sorriso cínico, a outra
garota se comprometeu. Kouki e os outros desesperadamente tentaram resistir
a uma ilusão de Shizuku se tornando um fantoche como Kondo que invadiu
suas mentes.

A resistência de Kouki em particular era muito mais intensa, enquanto erguia


sua voz com desespero, rachaduras começaram a aparecer nos cinco grilhões
que selavam magia e estavam postos nele. Ele usou o Superar Limite? Uma
pressão terrível começou a transbordar de seu corpo.

Contudo, os Cavaleiros, cujos limitadores cerebrais foram removidos,


mostraram forças extremas incomparáveis com suas versões vivas e
prenderam suas juntas com perfeição, não era possível para o Herói se livrar
deles. A expressão de Kouki foi tomada pelo desespero.

Shizuku estava focando sua consciência para se impedir de desmaiar por


causa da quantidade de sangue que ela perdia, a Espadachim decidiu que até
o momento final, ela continuaria a encarar os olhos de Eri com uma raiva feroz
até que a outra desviasse seus olhos.
Com isso, Eri a olhou de cima com um sorriso em seus lábios, ela queria
realizar os ritos finais por conta própria? A Necromante recebeu uma espada
de um Cavaleiro próximo.

— Te vejo mais tarde então? Shizuku. Fingir ser sua amiga quase me fez
querer vomitar.

Apesar de Shizuku estar encarando Eri, dentro de seu coração, ela estava
olhando na direção de sua melhor amiga. Embora ela soubesse que não a
alcançaria, mesmo assim, pensando sobre a tragédia que estava por vir no
futuro, ela ofereceu suas preces para sua melhor amiga que estava em uma
viagem em algum lugar do mundo.

“Eu sinto muito Kaori. Na próxima vez que nos encontrarmos, por favor, não
confie em mim... continue viva... obtenha felicidade…”

A espada do Cavaleiro que estava sendo segurada pelas mãos da outra garota
refletia a luz da Lua e brilhava. E como se estivesse enfiando uma estaca de
madeira em um Vampiro, a afiada ponta da espada foi rapidamente empurrada
na direção do coração de Shizuku.

Enquanto observava o perigo se aproximando, Shizuku rezou. “Por favor,


permita que minha melhor amiga sobreviva, por favor, permita que ela obtenha
felicidade. Apesar de ir na frente, o meu cadáver vai acabar te ferindo, mas,
como ele está perto de você, tenho certeza que você ficará bem. Viva com
força, conquiste a felicidade com sua pessoa amada... por favor…”

Desvanecendo, o mundo começou a passar lentamente dentro da mente de


Shizuku nesse momento. “Ah, esta é minha vida passando diante de meus
olhos…”, finalmente, Shizuku começou a pensar que a espada iria agora
perfurá-la; sua vida...

… não foi tomada.

— Eh?
— Eh?

A voz de Eri soou junto da de Shizuku.

A espada do Cavaleiro que Eri desferiu foi detida por uma barreira que era do
tamanho de uma palma. As duas que estavam completamente espantadas com
o que aconteceu ouviram a voz de alguém que não deveria estar ali. Sendo
encurralada, a voz estava cheia de impaciência. Essa era a pessoa que
Shizuku estava desejando felicidade; a voz de sua melhor amiga.

— Shizuku-chan!

Notas

[1] A partir desse capítulo vou deixar de usar a notação japonesa para nomes
(Sobrenome + Nome), e vou usar a notação que usamos (Nome +
Sobrenome).

[2] Um corpo de exército constitui uma grande unidade militar, tradicionalmente


composta por duas ou mais divisões, além de tropas de corpo, totalizando um
efetivo médio de 20.000 a 80.000 militares. Dois ou mais corpos de exército
poderão formar um exército.

[3] Uma granada de atordoamento, também conhecida como granada de luz e


som, é um explosivo não-letal usado para desorientar temporariamente os
sentidos dos inimigos. Ela é projetada para produzir um clarão de luz cegante e
um altíssimo barulho, de mais de 170 decibéis (dB), sem causar danos
permanentes. Foi usada pela primeira vez pelo SAS (Serviço Aéreo Especial)
do Exército Britânico no final da década de 1970. O clarão produzido
momentaneamente ativa a todas as células fotorreceptoras no olho,
impossibilitando o funcionamento da visão por cerca de cinco segundos até a
restauração do funcionamento normal, livre de estímulos, do olho. Uma pós-
imagem também será visível por um tempo considerável, prejudicando a
capacidade da vítima de mirar com precisão. O alto estrondo tem a intenção de
causar perda temporária da audição, e também perturba o fluido do ouvido,
causando a perda do equilíbrio.

[4] Ninfolepsia era a crença dos antigos gregos de que indivíduos poderiam ser
possuídos por ninfas. Na cultura moderna, ninfolepsia também pode ser
definida como "uma paixão despertada nos homens por lindas garotas mais
jovens" ou "frenesi selvagem causado pelo desejo por um ideal inalcançável".
Capítulo 106: Luz da condenação

— Shizuku-chan!

Junto com a voz, antes que ela notasse, dez barreiras brilhantes foram criadas
e protegeram a Espadachim. E com elas, também havia luzes que se
interpuseram entre Nia e Eri e então explodiram! Talvez isso devesse ser
chamado de barreira explosiva ou algo parecido, pois essa era uma técnica
que fazia o Poder Mágico contido dentro das barreiras ficar fora de controle e
liberar luz assim como disparar os vestígios da barreira.

— !?!?!?

Eri imediatamente cobriu seu rosto com ambos os braços, mas ela foi atirada
para trás após recuar devido a luz brilhante que a fez perder o equilíbrio assim
que os restos da barreira a atingiram.

Nia, que estava imobilizando Shizuku, também foi lançada para longe de forma
similar. Apesar de ela se levantar na mesma hora e tentar prender Shizuku,
antes disso, uma corda de luz cresceu do chão e prendeu a camareira.

Shizuku estava aturdida com a situação atual e se virou na direção da voz que
chamou seu nome.

E pelas aberturas entre os Cavaleiros que cercavam os alunos, ela viu a figura
de sua melhor amiga que não deveria estar ali. Não era uma ilusão. Kaori
estava olhando para Shizuku com uma expressão de angústia. Com toda
certeza, com a visão de Shizuku e todos os outros em estados trágicos, ser
capaz de chegar a tempo por pouco a permitiu relaxar seu rosto em alívio.

— Ka-Kaori…

— Shizuku-chan! Espere um pouco! Eu vou te ajudar agora mesmo!

A voz de Kaori parecia desesperada para Shizuku e os estudantes que


estavam cercados pelos Soldados assim que a garota apareceu na entrada da
praça. Então, ela rapidamente começou a invocar Magia de Cura para ajudar a
todos. Era uma Magia de Cura de primeira classe do sistema da luz, Texto
Sagrado. Pelo atual estado de seus colegas de classe e essa situação, ela
julgou que deveria curar todos.
— !?!?!? Por que você está aqui!? Vocês com certeza estão tentando me
atrapalhar!

Eri deu ordens para os Cavaleiros enquanto seu rosto se distorcia pela raiva.
Todos os Cavaleiros atacaram Kaori juntos para impedir seu encantamento.

Contudo, a Curandeira não se feriu, as espadas que os Cavaleiros


empunhavam foram detidas por uma barreira de luz.

— Todos! O que foi que aconteceu! Recuperem seus sentidos! Eri! O que
significa isto!?

Protegendo Kaori, que estava invocando a Magia de Recuperação de alto


nível, Liliana logo apareceu atrás da Curandeira. Uma barreira em forma de
esfera envolveu Kaori e a Princesa para protegê-las.

Liliana estava extremamente confusa com a situação onde os Cavaleiros e


Soldados tentavam matar Kouki e os outros alunos e também seguiam os
comandos de Eri. Enquanto colocava a barreira, ela gritou e questionou a
Necromante. Contudo, Eri não estava ouvindo.

As técnicas de Liliana eram definitivamente da classe mais alta. Ela foi capaz
de cobrir uma caravana inteira em uma barreira e suportá-la contra os ataques
de mais de 40 bandidos[1]. Por esse motivo, mesmo se os Cavaleiros
desferissem ataques intensos com seus limitadores removidos, a barreira era
capaz de aguentar até que o encantamento de Kaori fosse terminado.

E como Eri entendia isso, sua expressão mostrou impaciência.

— Chi, acho que não há o que fazer.

“Isso foi culpa da minha impaciência?”, Eri desistiu de transformar seus colegas
em marionetes e decidiu matar todos eles antes que fossem curados.
Então, nesse momento, de repente, diante dos olhos de Liliana, um dos
Cavaleiros que brandia sua espada contra a barreira foi decapitado e caiu no
chão.

A pessoa que apareceu atrás do Cavaleiro caído era... Daisuke Hiyama.

— Shirasaki! Princesa Liliana! Vocês estão bem!?

— Hiyama-san? Com um ferimento tão horrível, você-!?

O rosto de Liliana ficou pálido assim que ela viu o estado de Hiyama. Apesar
de seu encantamento não ser interrompido, os olhos de Kaori também se
arregalaram. Isso era de se esperar, considerando que o peito de Hiyama
estava encharcado de sangue. Não importava como você olhasse para a cena,
ele tentou escapar de forma desesperada e imprudente de sua contenção.

Ele tremeu violentamente e cambaleou, Liliana logo removeu parte da barreira


e permitiu que Hiyama, que estava com sua mão apoiada nela, entrasse. Com
um baque, Hiyama caiu. Contudo, nesse momento, o grito impaciente de
Shizuku ressoou.

— Não! Se afastem dele!

Ela as avisou desesperadamente enquanto vomitava sangue. Shizuku notou.


Por que apenas Hiyama foi capaz de escapar quando até mesmo Kouki não
conseguiu, e quem era a pessoa que Eri falou querer Kaori? Estava claro que a
barreira de Liliana continuaria de pé até que o encantamento de Kaori fosse
terminado. Apesar disso, a única pessoa que fingiu estar ajudando…

— Kyaaaaaa!?

— Aguuuuu!?

O aviso de Shizuku não chegou a tempo.


A barreira de Liliana desapareceu, o que foi visto foi a figura de Liliana, que
estava abraçando as costas de Kaori com força, derrubada no chão e uma
espada atravessada no peito da Curandeira.

— Kaoriiii!

O grito de Shizuku ecoou.

Com um olhar enlouquecido em seus olhos, Hiyama abraçou as costas de


Kaori com seu rosto enterrado no pescoço da garota. O que estava em suas
mãos atrás de Kaori era obviamente a espada que perfurou o coração da
Curandeira.

Em primeiro lugar, Hiyama nunca foi ferido. Ele estava fingindo enquanto se
preparava para o caso em que os poderes explosivos de Kouki como o Herói o
permitissem se libertar. E embora ele estivesse surpreso com a aparição de
Kaori e Liliana, ele julgou que no ritmo em que as coisas estavam indo, Kouki e
os outros seriam curados, assim ele decidiu agir.

— Hihiiii, finalmente, eu finalmente consegui. Como esperado, eu sou melhor


que Nagumo! Yeah, não é verdade? Naa, Shirasa… não, Kaori? Naa? Gihiiii,
oi, Nakamura, se apresse logo. O contrato.

Eri encolheu seus ombros com as palavras de Hiyama. E com o objetivo de


utilizar Amarrar Alma em Kaori, a Necromante se aproximou.

Logo após isso, um grito ressoou.

— Gaaaaaaaaa! Vocês!!

Kouki estava desesperadamente tentando quebrar suas algemas enquanto seu


corpo chiava com sua raiva no ponto de ebulição. Ele pensou que Kaori tinha
morrido e parecia ter perdido a razão. As rachaduras nas cinco algemas que
selavam magia começaram a ficar cada vez maiores. Era uma força
extraordinária. Entretanto, ainda não era o suficiente para ele se libertar da
contenção dos Cavaleiros.
Então, assim que Hiyama relaxou ao ver isso, um murmurou baixo pôde ser
ouvido em seu ouvido. Se você observasse com atenção, era Kaori quem
estava murmurando, mesmo após receber um ferimento fatal. Hiyama ficou
ansioso e levou seu ouvido para mais perto da boca da garota. E o que ele
ouviu foi…

— ... no... fim... do... ano, eu... sorri... Texto... Sagrado.

Mesmo com um ferimento mortal, a Curandeira completou a magia de alto


nível. A magia de Kaori foi invocada através de força de vontade. Os olhos de
Hiyama se arregalaram em espanto.

A própria Kaori devia ter percebido que um ferimento fatal foi infligido nela.
Apesar disso, até seu último suspiro, o que ela murmurou não foram lamentos,
nem o nome de uma preciosa pessoa... ela decidiu lutar.

Kaori pensou nisso. Ele, a pessoa por quem ela se apaixonou, não importava a
situação, e não importava o oponente, ele lutaria sem desistir. Nesse caso, ela,
que queria ficar ao lado do rapaz, não poderia expor tamanha deselegância. E
com quase nenhuma consciência restando, com apenas seus fortes desejos
para terminar de invocar a magia, o encantamento foi completo em troca da
vida da Curandeira.

Ondulações de luz começaram a se espalhar de Kaori. Em um piscar de olhos,


a luz atravessou a praça e resultou em uma poderosa cura para aqueles que
foram feridos. As espadas foram puxadas para fora pela luz curativa. Por algum
motivo, os movimentos das marionetes também ficaram mais lentos.

Naturalmente, a luz de cura também afetou Kaori; embora o ferimento fosse


curado, a ferida que a garota recebeu era em um ponto vital, diferente dos
outros estudantes. Além disso, assim que a lesão começou a fechar, Hiyama
atacou a ferida com desespero e garota não foi curada por completo. Com isso,
Kaori iria com certeza morrer.

— Ahhhhhhh!!
O grito de Kouki surgiu.

Com seu corpo curado, ele poderia desempenhar seu melhor, assim, os
grilhões que já estavam rachados foram todos destruídos como se fossem itens
frágeis. Ao mesmo tempo, luz branca irradiou intensamente de seu corpo,
expressando sua ira. Com a intensa torrente de luz, Kouki aumentou seus
atributos em cinco vezes. Era a derivação final do Superar Limite, Quebra
Suprema.

— Eu jamais irei… perdoar vocês!

Apesar dos Cavaleiros tentarem segurar Kouki, o Herói roubou a espada do


Cavaleiro que o esfaqueou com facilidade e cortou a marionete em dois. Assim,
esticando sua mão na direção de sua Espada Sagrada que foi tirada dele, a
arma girou pelo ar e voou para a mão de Kouki.

Eri estava sem expressão, Soldados-Marionetes estavam disparando contra


ele, mas o Herói os cortou em dois com facilidade. Ele não deveria ser capaz
de superar os sentimentos de assassinar alguém. Entretanto, neste momento,
com a intensa fúria de perder uma companheira, ele reconheceu que seus
oponentes já estavam mortos, assim, não havia hesitação em seus ataques.

Por outro lado, o grupo da vanguarda se reuniu ao redor dos outros colegas e a
luta para proteger o grupo que não participou da exploração do Calabouço
começou. Não importava quantos eles derrubassem, os estudantes
continuavam sendo cercados pelos Soldados-Marionetes, também não havia
tempo para remover as algemas que selavam magia, então a luta era baseada
em força física. Ryutaro e Nagayama se tornaram paredes de carne literais,
eles tentaram desesperadamente proteger o grupo que ficou para trás na
Capital Real e que tremia com a atual situação.

Shizuku tentou chegar no local em que Kaori estava com desespero e o rosto
cheio de lágrimas. Contudo, assim como Ryutaro e os outros, ela ainda estava
com as algemas, ondas de Soldados-Marionetes atacavam e a Espadachim
não foi capaz de avançar com facilidade.
Nesse momento, Kouki por fim derrotou os Soldados-Marionetes que o
cercavam. Com um olhar irritado, Kouki encarou com raiva Hiyama e Eri e
avançou com rapidez.

Mas então, o trunfo de Eri, que tirava vantagem do ponto fraco de Kouki,
apareceu. Como resultado, assim como a Necromante previu, a espada de
Kouki parou.

O Herói chamou o trunfo com uma voz trêmula.

— Não-não pode ser... até... Meld-san…

Correto, a razão para a espada de Kouki parar foi porque a arma secreta de Eri
era Meld Loggins, Comandante dos Cavaleiros.

— … Kouki… por que, você está apontando sua espada para mim... eu não te
ensinei esse tipo de coisa…

— Naa… Meld-san… eu...

— Kouki! Não o escute! Meld-san já está-!

A voz de Shizuku repreendeu Kouki, que estava abalado. Quando ele recobrou
seus sentidos, a espada de Meld já estava se aproximando. Na mesma hora,
ele usou sua Espada Sagrada para receber o golpe. Junto de uma terrível onda
de choque, as pernas de Kouki tremeram. Parecia que o Cavaleiro mais forte
do Reino teve seu limitador removido.

— … Meld-san… eu sinto muito!

Apesar da expressão de Kouki se distorcer em tristeza, ele desferiu sua


Espada Sagrada em intensas ondas contra Meld. Mesmo morto, a esgrima de
Meld ainda era incrível, ele conseguiu por pouco se defender dos ataques de
Kouki enquanto o Herói usava a Quebra Suprema. Por causa da aparência do
Comandante, a cabeça quente de Kouki esfriou um pouco, seus ataques com a
espada que ignoravam a sensação de assassinato começaram a ficar mais
lentos. No entanto, mesmo com isso, Meld não deveria ser capaz de derrotar o
atual Herói; por fim, a espada do Comandante voou para longe.

Kouki instantaneamente se aproximou com um golpe lateral contra o pescoço


de Meld usando sua Espada Sagrada.

Porém, antes que a espada alcançasse o pescoço de Meld...

— … me ajude… Kouki...

— !?!?!?

A espada de Kouki parou depois que ele ouviu as palavras do Comandante.


Mesmo que devesse ser impossível, quem sabe, Meld pudesse não ter sido
morto e estivesse apenas sendo manipulado? Ainda não seria possível ajudá-
lo? O garoto foi incapaz de descartar esses pensamentos.

Este era o ponto fraco de Kouki. Em resumo, falta de convicção. Se você vai
ajudar, então ajude. Se você vai matar, então mate. Você pode escolher
qualquer uma, mas resolução e determinação são necessárias. Kouki não tinha
nenhuma das duas. Baseado na informação apresentada a ele, uma
interpretação conveniente da situação ocorreu. Por isso, embora ele
normalmente não duvidasse de sua integridade, ele se perdia nos momentos
mais cruciais.

Meld usou seu pé para levantar a espada de um Cavaleiro que estava no chão.
Em um instante, com a mão que segurou essa espada, ele mais uma vez
cruzou lâminas com Kouki. Entretanto, o Herói não tinha o impulso
impressionante de um momento atrás, ao invés disso, o Comandante era quem
estava o pressionando.

— !?!?!? Gahaaaa!

Após mal conseguir enfrentar os ataques de Meld, o corpo de Kouki perdeu sua
força e seus joelhos cederam. Não foi devido ao limite de tempo da Quebra
Suprema. Pouco tempo se passou desde que o garoto ativou a habilidade. O
incidente não parou apenas com isso, ele até começou a vomitar montes de
sangue. O sangue ensopou o chão e a confusão de Kouki aumentou ainda
mais.

—Fuuuuu, está finalmente funcionando. Esse é um veneno bem forte... como


esperado de Kouki-san. Se eu não tivesse preparado Meld-san, eu teria
perdido.

Para a voz relaxada de Eri, Kouki tentou apoiar seu corpo com uma expressão
questionadora e desespero.

— Kufufu, pensando no caso em que o Príncipe beija a Princesa, se a Princesa


beija o Príncipe, ele cai em um sono profundo e se torna dela... também existe
esse tipo de desenvolvimento, não é? Maa, até eu fiz algumas preparações
para casos de emergênciaaaa.

Com essas palavras, Kouki entendeu. O beijo que Eri o deu no início. Naquele
momento, ela fez ambos beberem veneno. A própria garota devia ter tomado o
antídoto mais cedo. Ele nunca teria pensado que ele receberia veneno boca a
boca. Quanto mais imaginar que alguém que se dizia apaixonada faria isso. O
garoto mais uma vez foi lembrado do fato de que a Eri que todos conheciam
não podia mais ser vista.

Com os efeitos do veneno, o Herói ficou completamente incapaz de se mover,


a Necromante riu com satisfação e então se virou para caminhar em direção a
Kaori de novo. Porque logo o limite de tempo para o Amarrar Alma iria acabar.
Hiyama exigiu que Eri se apressasse com uma forma parecida com a de um
Ogro.

Kaori estava morta e a ponto de ser corrompida. Com isso, Kouki e Shizuku
estavam furiosos, e com uma expressão arrependida, a Espadachim estava a
ponto de disparar em linha reta.

Contudo, Eri já tinha colocado sua mão sobre Kaori. Eri começou a invocar o
feitiço. Após vários segundos, a marionete de Kaori, que obedeceria a todos os
comandos de Hiyama, estaria completa. As expressões de Shizuku e dos
outros estudantes se inflaram com a ira, Hiyama estava rindo ruidosamente, e
Eri estava sorrindo com arrogância.

Então... uma voz que traía o clima do campo de batalha, que estava cheio de
desespero e traição, surgiu.

— … que merda está acontecendo aqui?

Era o garoto com cabelo branco e tapa-olho; era a voz de Hajime Nagumo.

Com a aparição do rapaz, como se o tempo parasse, os movimentos de todos


cessaram. Isto aconteceu devido a feroz pressão que Hajime emitia.

Em geral, os Soldados-Marionetes, que não tinham emoções, não deveriam


parar com a pressão do estudante sendo liberada, porém, Eri, que era quem os
comandava, foi esmagada pelo sentimento natural do fraco instintivamente se
escondendo quando o forte aparecia, o que fez com que as marionetes
fizessem o mesmo.

Hajime estava completamente despreocupado com as centenas de olhos o


encarando e começou a verificar as circunstâncias ao seu redor. Uma enorme
quantidade de Soldados e Cavaleiros estavam atacando os alunos; seus
colegas de classe foram agrupados e formaram um círculo; Meld estava na
frente de Kouki, que estava no chão e vomitava sangue; apoiada em seu joelho
com uma katana negra em uma das mãos estava Shizuku; Eri e Hiyama, que
ficaram rígidos; e... Hiyama estava abraçando Kaori e segurava uma espada
que garantia que a vida da garota cessasse…

No momento que ele viu a figura da Curandeira, uma presença extremamente


apavorante surgiu na praça. Como se insetos estivessem rastejando por seus
corpos, como se seus corações estivessem sendo apertados diretamente,
todos se sentiram desconfortáveis e tremeram aterrorizados com essa
presença. A presença esmagadora da morte. Era como se o sangue de todos
congelasse. Por um instante, seus corpos perderam a temperatura e a pesada
intenção assassina os fez vislumbrar suas mortes.

Em um instante, a figura de Hajime desapareceu.

E o garoto, que estava se movendo em um ritmo que ninguém poderia


compreender, apareceu ao lado de Kaori com um som estrondoso. O som
ribombante foi causado por Hiyama sendo lançado em linha reta contra a
parede no fim da praça e a destruindo com seu corpo. Em apenas um
momento, Hajime chutou o rapaz no peito e o mandou voando sem influenciar
Kaori.

Em geral, um golpe seria o suficiente para fazer o corpo inteiro de Hiyama se


partir, contudo, como o Sinergista se segurou um pouco, isso só terminou com
o outro rapaz ficando com inúmeros ossos quebrados e órgãos internos
danificados. No momento, ele deveria ter desmaiado nos escombros da
parede, assim que ele despertasse com a dor, o inferno mais uma vez iria
começar.

Hajime segurou Kaori com um braço e afastou seu cabelo do rosto. Então, com
uma voz alta, ele chamou sua companheira.

— Tio! Estou contando com você!

— … umu, conte com esta!

— Shi-Shirasaki-saaaan!

Em resposta ao pedido de Hajime, Tio se apressou na direção do dois. A


compleição de Aiko mudou assim que ela também chegou ao lado de Kaori.
Assim que Tio recebeu Kaori de Hajime, ela rapidamente começou seu
encantamento.

— Ahaha, é inútil. Ela já está morta. Eu nunca imaginaria que vocês viriam até
aqui... não, no momento que Kaori apareceu, eu devia ter notado. Un, parece
que já está tudo acabado para Hiyama, talvez eu deva fazer uma oferta a
você? Contanto que você não se torne hostil contra mim, eu vou trazer Kaori de
volta a vida com minha magia para você. Não será genuíno, porém, ela
continuará linda como está agora. É melhor do que nada, não concorda? Ne?

De forma brilhante, Eri propôs sua sugestão enquanto suor escorria de sua
testa. Desconsiderando Aiko, cujos olhos estavam arregalados com o
assombro a seu lado, Hajime se levantou de forma abrupta. Eri, que sabia
sobre a força de Hajime, esticou suas mãos assim que ela estalou sua língua
discretamente enquanto enfatizava que Kaori iria apenas apodrecer se fosse
deixada sozinha.

No entanto, a intenção assassina transbordante de Hajime não diminuiu nem


um pouco; sem nenhuma expressão, como se estivesse usando uma
máscara Noh, ele caminhou na direção de Eri.

— Espere, espere um pouco Nagumo. Por favor, olhe para as pessoas ao seu
redor. Não há muita diferença entre eles e os vivos. Apesar de não podermos
fazer nada sobre ela estar morta, no mínimo, eu poderia deixá-la como eles.
Além disso, eu posso criar uma Kaori do seu gosto. Para isso, você precisa de
mim…

Eri falava com rapidez enquanto se afastava.

Então, nesse momento, uma sombra correu para trás de Hajime. Um golpe de
uma lança afiada, que era incomparável com os ataques dos outros Soldados-
Marionetes, foi lançado contra ele. A identidade dessa sombra era Reiichi
Kondo. Era o lanceiro[2] que foi morto de forma lamentável por Eri mais cedo e
se tornou uma marionete.

Em primeiro lugar, apesar de chamá-lo de marionete, ele ainda exibia a força


de um trapaceiro que veio de um mundo diferente. A poderosa estocada contou
com a classe de Kondo, Mestre da Lança, e espiralou com o vento na direção
do coração de Hajime.

— Ahaha, o descuido é nosso maior inimigoooo. Assim como a ira d-…


A expressão de impaciência de Eri rapidamente mudou para um sorriso
arrogante, porém, como se Hajime não sentisse nada, ele continuou
caminhando, o que fez a expressão da Necromante se contorcer. Hajime já
devia saber o que estava vindo de suas costas. Uma massa de Poder Mágico
vermelho foi comprimido no tamanho de uma moeda de dez ienes e segurou a
lança que foi desferida contra ele. Era a derivação de Vajra, Atribuir Força.

Hajime silenciosamente virou seu cotovelo esquerdo na direção de suas costas


e, sem qualquer hesitação, disparou sua espingarda. Um som estrondoso
ressoou e, ao mesmo tempo, Kondo, que recebeu o ataque de grande poder à
queima-roupa em seu rosto, teve sua cabeça transformada em pequenos
pedaços e foi explodida. O som de sangue espirrando e respingando foi ouvido
com clareza.

— … matem-no.

Com uma expressão afiada, Eri deu a ordem aos Soldados-Marionetes e Meld.
Embora não tanto quanto Kouki, Hajime possuía alguma intimidade com Meld;
no Grande Calabouço Orcus, o aluno chegou ao ponto de usar uma poção para
curar o Comandante que estava à beira da morte[3]. Dessa forma, ela
pretendia usar a chance que surgiria com a hesitação, assim como foi com
Kouki. Os Soldados-Marionetes estavam esperando com entusiasmo pela
abertura que surgiria.

Contudo, esse tipo de julgamento com o senso comum como base não
funcionaria com Hajime.

Enquanto desconsiderava Meld, que estava disparando contra ele, Hajime


pegou Metsurai de sua Caixa do Tesouro. De repente, de lugar nenhum, a
forma de uma arma brutal apareceu e fez todos presentes prenderem suas
respirações.

Na mesma hora, Shizuku berrou.

— Todos! Se abaixem!
Ryutaro e Nagayama, enquanto se abaixavam, arrastaram os estudantes que
ainda estavam de pé para o chão.

Logo a seguir, com o som único de rotações e disparos ressoando, a


encarnação de destruição ecoou. Ela foi usada antes para esmagar por
completo todos os Golems que uma Libertadora manipulava; transformar
exércitos de Feras Mágicas em um mar de sangue; as presas do monstro que
neutralizaram as penas de prata da morte que a Apóstola de Deus lançava.
Esse tipo de arma foi utilizado; não havia forma de Soldados-Marionetes serem
capazes de a enfrentarem.

As balas aceleradas eletricamente não eram brandas o bastante para dizermos


que paravam em apenas uma pessoa; elas seguiam em frente e destruíam
todos os obstáculos, enquanto explodiam a parede da praça como se fosse
apenas papel; com Hajime no centro, tudo foi despedaçado. Os corpos dos
Soldados-Marionetes foram esmagados, reduzidos a pedaços de carne que se
espalharam pelo local e não poderiam mais ser reconhecidos.

Pouco depois, o rugido de Metsurai parou e, mais uma vez, passos ecoaram na
praça silenciosa. Todos que estavam deitados no chão estavam estáticos,
naturalmente, aquele que estava caminhando depois do ataque que varreu
tudo em seu caminho era Hajime.

Todos os demais estavam abaixando suas cabeças com desespero até que a
tempestade passasse, as pontas de um par de sapatos apareceram na frente
dos olhos de Eri. A Necromante ergue seu rosto. Ela encarou o dono dos
sapatos. O que ela viu foi um par de olhos que a observavam como se a garota
não fosse nada além de uma pedrinha sem valor ao lado da estrada. Hajime
não carregava mais Metsurai em suas mãos. Ele apenas estava de pé diante
de Eri e a olhava de cima.

Eri não poderia dizer nada e apenas devolveu o olhar com uma expressão
horrorizada, assim, Hajime começou a abrir sua boca sem pressa.

— E?
—…

Hajime não tinha informações sobre o que Eri tinha feito. Ele simplesmente
entendia que ela era uma inimiga. Se fosse algo simples como enfrentar um
inimigo, tudo o que ele tinha que fazer era assassinar todos os alvos sem
piedade e tudo chegaria ao fim. Entretanto, Eri tocou em algo que ela nunca
deveria ter tocado. As coisas já tinham chegado no ponto em que apenas
matá-la não seria o bastante. Antes de morrer, a garota precisava sentir o
“desespero”…

Foi por isso que Hajime a fez uma pergunta. “O que mais você pode fazer?
Você não pode fazer mais nada, huh?”

Eri entendeu com precisão o que ele insinuou e começou a apertar seus dentes
com força. O canto de seu lábio tinha um corte e sangue estava escorrendo.
Até o momento, ela era a dona deste lugar, ela deveria estar na posição com
uma vantagem enorme, contudo, em um instante, Hajime anulou isso por
completo, o que fez a Necromante ficar com ódio e assombro.

No momento que Eri estava a ponto de o amaldiçoar fervorosamente sem


querer, o cano de um revólver foi empurrado contra sua testa.

Eri engoliu seus xingamentos com a rápida aparição da arma; ela não foi nem
capaz de entender quando ela foi sacada.

— … seja lá qual for sua motivação, eu não tenho intenção de ouvir essas
coisas inúteis. Se você não tem mais nada para me mostrar, então… morra.

O dedo de Hajime começou a puxar o gatilho. O garoto nos olhos de Eri era
alguém que mataria seus próprios colegas de classe e percebeu que mesmo
que ela transformasse Kaori em uma marionete, o garoto não iria nem mesmo
hesitar.

“... eu estou morta.”


A cabeça de Eri estava tomada com essas palavras. Entretanto, a diabólica
sorte de Eri parecia não ter acabado.

No momento em que a cabeça da Necromante estava a ponto de ser destruída,


uma bola de fogo voou na direção de Hajime. Suas chamas tinham uma
considerável quantidade de poder. Entretanto, era óbvio que isso não
funcionaria contra Hajime. Ele apontou o cano de Donner na direção da bola de
fogo e com precisão impressionante, ele atingiu seu núcleo e o ataque foi
dispersado com facilidade.

— Naaguumooo!!

Do interior das chamas que desapareciam estava Hiyama, cobertos de


ferimentos, e era incerto dizer se ele ainda era capaz de falar direito, já que o
rapaz gritou o nome de Hajime com um tom anormal. Com uma espada em sua
mão, uma enorme quantidade de sangue foi vomitada de sua boca, e seu
ombro direito estava quebrado e seriamente machucado, pendendo ao lado de
seu corpo enquanto o garoto se atirava na direção de Hajime. Ele não parecia
mais um Ogro imprudente, agora ele só parecia algum tipo variante de criatura
feia.

— … calado.

Hajime se preparou como se isso fosse um aborrecimento enquanto Hiyama


corria e desferia um chute desprezível. Dogon! Um som de explosão parecido
com um estrondo sônico[4] ressoou e o corpo de Hiyama estava flutuando no
ar. Ele não foi lançado para longe porque a onda de choque não foi permitida a
deixar seu corpo.

Então, enquanto Hiyama estava apenas flutuando no ar, Hajime ergueu sua
perna na direção do céu, e a abaixou com intensa força. Era como se seu
calcanhar fosse um machado sendo desferido para cortar um pedaço de lenha;
ele impiedosamente atingiu a cabeça de Hiyama e o jogou contra o chão. A
terra rachou por causa do impacto e sangue da cabeça de Hiyama estava
respingando nessas rachaduras. Hiyama, que quicou como um tijolo, já estava
com os brancos dos olhos à mostra e perdeu sua consciência.

Qualquer um que o visse poderia ver que ele estava vivo por um triz. Contudo,
Hajime tinha uma qualidade que o não permitia abandonar seu alvo. A cabeça
do outro rapaz foi mais uma vez chutada para cima, o fazendo flutuar no ar.
Algo estava sendo realizado? Com esse impacto, Hiyama recuperou sua
consciência.

Hajime o segurou pelo pescoço e o ergueu no ar. Hiyama, que estava


pendurado no meio do ar, se debatia com violência sem nenhuma força,
Hajime, que tinha força inumana, estava despreocupado.

— Vo-cê! Ze não foze pô vo-cê, Gaori zeria, minha!

Ele foi tomado pelo rancor e intenção assassina. Era assustador pensar que
um humano pudesse chegar a este ponto de repulsividade. Um homem normal
iria desviar seus olhos? Ele provavelmente seria tomado por sentimentos de
enjoo e fugiria.

Entretanto, Hajime não mostrou esse tipo de reação para Hiyama. Muito pelo
contrário, os olhos de Hajime carregavam lástima.

— Não faria diferença eu existir ou não, o resultado teria sido o mesmo. No


mínimo, com sua natureza, nada teria acontecido mesmo que o mundo fosse
invertido.

— É zua culpa!

— Não coloque a culpa nos outros. A razão para você chegar ao fundo do poço
foi mérito seu. Até no Japão e mesmo aqui, você sempre foi um perdedor. Não
foi “outra pessoa”. Foi “você mesmo”. Tudo o que você fez foi criticar todos os
outros com insatisfação, enquanto você mesmo não assumia nenhuma
responsabilidade. Você é um genuíno azarão.

— Eu vô ti matá! Definitifamenti, zó você!


Hiyama ficou ainda mais furioso e insano com as palavras de Hajime. Após
Hajime olhar para o azarão que continuava a se perder, ele notou algo ao longe
e olhou para essa direção. O que estava nessa direção era a vanguarda dos
Demônios que invadiram o Reino.

Hajime voltou seu olhar frio para Hiyama, assim, mais uma vez o jogou no ar, e
com um golpe de seu braço artificial, ele atingiu o outro aluno que estava
caindo de acordo com a gravidade. Força rotacional foi aplicada com o impacto
e Hiyama começou a girar como um pião.

— Vamos verificar se você pode sobreviver. Maa, é deve ser impossível para
você.

Hajime também o atingiu com um chute giratório, o que fez o ar soprar para
longe. Hiyama soltou um som desagradável e foi atirado para fora da praça
com a onda de choque.

Ao invés de atirar em Hiyama para matá-lo depressa, Hajime estava


inconscientemente evitando seus pontos vitais e o esmurrando. Isso não era
vingança por ele o derrubar no Abismo; era vingança por ferir Kaori.

Apesar de ele não saber a quantidade de consciência que a pessoa em


questão tinha, Hajime começou a pensar que apenas matá-lo de forma rápida
não seria o bastante. Foi assim que ele pensou na ideia de chutar Hiyama
dentro da multidão de monstros após deixá-lo vivo por muito pouco.

Contudo, devido aos negócios com o outro estudante, o tempo que ele tinha
para matar Eri foi reduzido. Embora a garota não tenha fugido, uma aurora foi
lançada contra Hajime.

— Chi…

Hajime pulou para trás enquanto estalava sua língua e usava Donner para
atirar no local de onde a aurora veio. Três explosões surgiram ao mesmo
tempo, como um Dragão escalando a cachoeira de auroras, três clarões
rasgaram o céu.
Logo a seguir, a trajetória da aurora mudou, por pouco ela não atingiu Kouki,
porém, graças a Eri, eles conseguiram evitar o ataque. Até para a Necromante,
seria uma piada de mau gosto se qualquer parte de Kouki fosse
completamente destruída devido ao fogo amigo.

Logo, a aurora se acalmou e Freed desceu em seu Dragão Branco.

— … já chega. Garoto com cabelo branco. Se você não quiser perder mais
nenhum de seus preciosos compatriotas e cidadãos do Reino, se acalme.

Parecia que Freed estava sob o equívoco de que Hajime estava lutando por
Kouki e os outros alunos e pelo Reino. Se você olhasse a área ao redor,
notaria que Demônios já estavam cercando Shizuku e os outros alunos, e
miravam em Tio e Aiko.

Se Hajime e os Demônios lutassem, haveria uma grande quantidade de dano


colateral, então eles decidiram usar reféns para evitar esse cenário. Apesar de
Hajime não saber que Freed já estava muito ferido por sua luta com Yue, o
Demônio percebeu os outros alunos e usou isto como um último recurso. Devia
se notar que os ferimentos causados por Yue, embora longe de estarem
completamente curados, foram tratados pela magia inerente do Corvo Branco.

Então, nesse momento, como se algo tivesse acontecido a Kaori, Tio chamou
Hajime em voz alta.

— Mestre! Esta conseguiu consertar as coisas por ora! Entretanto, qualquer


coisa além disto... vai levar tempo... se possível, esta gostaria de contar com a
cooperação de Yue. Não podemos deixar isto como um remendo temporário
para sempre!

Hajime concordou com vigor enquanto olhava por sobre seu ombro para Tio.
Os colegas de classe, que não entendiam as circunstâncias, tinham
expressões de dúvida. No entanto, Freed, que também tinha Magia da Era dos
Deuses, conseguiu adivinhar o que estava acontecendo. Ele olhou para a
magia de Tio com olhos arregalados.
— Hoo, uma nova Magia da Era dos Deuses... por acaso ela veio da Montanha
de Deus? Seria bom se você me dissesse a localização dela. Se você me
desafiar, então vo-!?

No momento que Freed tentou ameaçar Hajime e os outros em troca da


localização do Grande Calabouço da Montanha de Deus, chamas surgiram de
Donner. Na mesma hora, o monstro em forma de tartaruga ergueu uma
barreira e conseguiu resistir, impedindo que ela fosse destruída por completo.
Freed estreitou seus olhos e os Demônios ao redor se aproximaram ainda
mais.

—Qual o significado disto? As vidas de seus compatriotas não são


importantes? Quanto mais vocês resistirem, mais os cidadãos do Reino irão
sofrer! Ou você é um tolo tão grande que não pode compreender a situação?
Há cem mil monstros no muro externo e do outro lado do portal há um milhão
de Demônios. Não importa o quão forte vocês sejam, continuar lutando
enquanto protege a todos é…

Hajime, que recebeu essas palavras, virou seus olhos frios para longe de Freed
na direção do exterior do Reino... um exército de cem mil estava tentando
invadir o Reino. Então, em silêncio, ele pegou um Minério de Indução que era
do tamanho de um punho de sua Caixa do Tesouro. Ele ativou a pedra
enquanto ignorava o olhar suspeito de Freed e emitiu uma luz que era
incomparável a do anel que manipulava as Brocas de Cruz.

Freed, que começou a sentir um mau pressentimento intenso, na mesma hora


disparou uma aurora contra Hajime. Entretanto, o garoto utilizou Donner para
manter o ataque afastado, como resultado, ele foi capaz de ativar o dispositivo.

... luz da condenação verteu do céu.

O pilar de luz era o representante que conectava o céu e o solo. O que quer
que a luz tocasse, não importava a raça, sexo, nem a classe social, tudo era
impiedosamente destruído e apagado. Queimando a atmosfera e atravessando
a escuridão, como se fosse a luz do dia, como raios de Sol, os alvos foram
eliminados.

Kyuwaaaaaaaaaaaa!!

O pilar de luz, como se estivesse investigando o local, soltou um rugido


enquanto atingia a terra e criava uma cratera, seu diâmetro tinha cerca de 50
metros. Demônios, monstros e outras formas de vida, de modo idêntico,
evaporaram todos sob a luz, sem nenhuma exceção, a onda de choque e
ondas de calor espalharam a destruição a seu redor.

Quando Hajime colocou seu Poder Mágico no Minério de Indução em sua mão,
o pilar de luz se moveu e varreu todos os monstros e Demônios que estavam
correndo a pé. Defesa era inútil. Desviar era inútil. A menos que você pudesse
viajar pelo espaço como Freed, seria impossível para qualquer um escapar a
pé. As Feras Mágicas e Demônios que tentavam invadir pelo muro externo
viram o pilar de luz se aproximando e todos entraram em pânico, eles
desesperadamente tentaram avançar em direção ao Reino com desespero.

O pilar de luz ziguezagueou e esmagou o enorme exército, tudo até a muralha


externa foi erradicado e desapareceu no vazio.

Tudo o que restava era a fumaça que subia de onde a terra tinha sido
queimada e uma enorme cratera. Além de profundas cicatrizes gravadas no
solo. Os Demônios que conseguiram escapar por pouco e chegaram a tempo
no Reino não estavam aliviados, eles apenas encararam seus companheiros
com surpresa por seu exército ser completamente extinto em um único
momento.

Com isso, Freed e Eri, que estavam diante dele, Shizuku e todos os outros
estudantes também, seus cérebros pararam e eles ficaram apenas aturdidos
em completo espanto.

— O tolo é você, seu grande idiota. Quando foi que eu disse que era aliado do
Reino ou dessas pessoas aqui? Não vá me categorizando com eles de forma
egoísta. Se você quer uma guerra, então vá em frente. Contudo, se você entrar
no meu caminho como agora, eu vou apagar tudo. Maa, eu não estou tão livre
para desperdiçar meu tempo com um milhão de oponentes, assim, desta vez,
eu vou deixar você partir, então apresse-se com o restante do seu exército e dê
o fora. Você é o Comandante do exército, não é?

Era difícil contestar depois que seus companheiros foram obliterados em um


instante, os olhos de Freed estavam tomados pela ira e o ódio. Entretanto,
mesmo que ele criasse um portal e permitisse que seu enorme exército
atravessasse, ele não tinha informações sobre o pilar de luz que Hajime
lançou, isso apenas acabaria com ele cometendo o mesmo erro mais uma vez.
Isso deveria ser evitado a qualquer preço.

Apesar de também ser irritante para Hajime os deixar fugir, no momento, era
necessário tratar Kaori o mais cedo possível. Se muito tempo se passasse,
eles perderiam a superioridade. Fazendo algo pela primeira vez, ele estava
apenas improvisando. Além disso, o ataque da luz anterior era na verdade uma
arma em seu estágio de testes, depois desse único disparo, ela já tinha se
quebrado. Sem a arma de aniquilação, ele não teria tempo para lidar com um
milhão de Demônios. Seria uma ideia ruim matar Freed, que era o Comandante
do exército.

Freed, que não sabia disso, mordeu seus lábios e apertou seus punhos com
tanta força e raiva que eles começaram a sangrar, ele estava pensando que
não poderia continuar sacrificando seu povo, e enquanto abriu um portal, o
Comandante dos Demônios falou cheio de rancor.

— … eu com certeza vou pagar esta dívida... apenas você, em nome do meu
Deus, eu definitivamente irei te destruir!

Assim que Freed virou suas costas, ele encarou Eri para incitá-la a montar no
Dragão Branco. A Necromante olhou para Kouki, que sobreviveu devido a seu
poderoso Status, e sorriu com um sorriso cheio de obsessão e insanidade.
Mesmo sem palavras, você saberia, era um olhar repleto com o desejo de obter
Kouki, não importava o que fosse preciso.
Ao mesmo tempo que Freed e Eri, que estavam no Dragão Branco, passaram
pelo portal, três explosões mágicas surgiram e rugiram pelo céu. Era
provavelmente um sinal de retirada. Nesse momento, Yue e Shia desceram do
céu com grande força.

— … nn, Hajime. Onde está aquele feioso?

— Hajime-san. Onde está aquele patife?

Parecia que ambas vieram perseguindo Freed para espancá-lo. Elas já deviam
saber que o pilar de luz era responsabilidade de Hajime, assim elas não o
questionaram.

Contudo, neste momento, elas não tinham tempo para lidar com esses
assuntos simples. Hajime contou a Yue e Shia sobre a morte de Kaori. Ambas
arregalaram seus olhos em surpresa. Entretanto, após olharem nos olhos de
Hajime que continham espírito, elas logo se recuperaram.

E então, Hajime pediu pela ajuda de Yue com seus olhos. A garota entendeu o
que precisava fazer e com poucas palavras, — ... nn, conte comigo —, ela
assentiu com a cabeça.

Eles se viraram e se apressaram na direção de Tio. Assim, Hajime segurou


Kaori em seu colo e pretendia deixar a praça. Contudo, Shizuku o chamou
enquanto cambaleava com uma expressão desesperada.

— Nagumo-kun! Kaori está... e quanto a Kaori... o que eu… deveria…

Shizuku parecia estar exausta em um estado que nunca foi visto antes e com
uma expressão penosa, se ela fosse ignorada, a Espadachim poderia sofrer
com algum tipo de distúrbio mental. Durante a batalha, seu coração tenso foi
capaz de apoiá-la, entretanto, agora que isso passou, ela provavelmente
estava sendo atormentada pela dor da morte de sua melhor amiga.
Hajime confiou Kaori a Shia e a disse para seguir em frente com Tio. Yue e
Shia, que simpatizavam com a expressão de Shizuku, deixaram a praça
enquanto eram guiadas por Tio.

Seus colegas de classe ainda estavam em um estado onde eram incapazes de


se mover, Hajime avançou e se ajoelhou diante de Shizuku, que estava
sentada com sua cabeça abaixada. E com ambas as mãos, espremendo as
bochechas de Shizuku, ele a forçou a olhar para cima até que seus olhos se
encontrassem.

— Yaegashi, não se entregue. Acredite em nós e espere. Eu vou fazer vocês


duas se encontrarem de novo sem falha.

— Nagumo-kun…

Os olhos de Shizuku que perderam sua luz, mesmo que fosse só um pouco,
recuperaram sua força. Nesse momento, Hajime riu enquanto dizia coisas que
pareciam ser uma piada.

— Se Yaegashi ficar assim, quem vai lidar com todas essas complicações no
futuro? O que irá acontecer se Kaori ver uma Yaegashi quebrada... por favor,
me dê um descanso. Eu não sou um amante de problemas humanos como
Yaegashi.

— … quem é amante de problemas humanos, imbecil. Acreditar nisso... está


tudo bem, não está?

Hajime sorriu com uma expressão sincera e acenou com a cabeça com
firmeza.

De uma distância mínima, Shizuku estava encarando os olhos brilhantes de


Hajime e ela entendeu que ele estava sério. Ele estava realmente tentando
fazer algo sobre Kaori, que já deveria estar morta. Dentro desses poderosos
olhos determinados, Shizuku sentiu que seu coração congelado derreteu um
pouco.
A luz nos olhos de Shizuku aumentou ainda mais. E assim como Hajime disse,
ela assentiu com vigor. Então o desejo de acreditar em Hajime e suas
companheiras apareceu dentro dela.

Após confirmar que o risco de Shizuku quebrar mentalmente diminuiu, Hajime


removeu um tubo de ensaio da Caixa do Tesouro e o colocou nas mãos de
Shizuku.

— Isto é…

— Deixe seu outro amigo de infância beber isso. Ele está em uma situação
bem ruim.

Depois das palavras de Hajime, Shizuku encarou Kouki, que estava deitado no
chão. Kouki já tinha perdido a consciência, ele estava enfraquecido. Ela se
lembrou da Água Sagrada que Hajime a entregou antes foi usada para curar
Meld imediatamente, que estava a ponto de morrer, e presumiu que esse era o
remédio mais efetivo entre todos os medicamentos possíveis. Quanto a Hajime,
ele ficaria com problemas se Shizuku se quebrasse por Kouki morrer, mesmo
após tudo o que ele disse a ela... após olhar a expressão de Shizuku, parecia
que a Espadachim estava mais grata do que o esperado.

Quando Shizuku segurou com força o recipiente da Água Sagrada, ela olhou
para Hajime com olhos marejados e disse palavras de gratidão, — ... obrigado
Nagumo-kun. — Assim que Hajime recebeu essas palavras, ele logo se virou.
Então ele começou a acompanhar Yue e as outras garotas como se fosse o
vento.

Notas

[1] Liliana protegeu a caravana de Mottou do ataque de um grupo de bandidos


no capítulo 98.

[2] Lanceiro é a designação dos soldados de cavalaria armados de lança


introduzidos nos exércitos europeus a partir do início do século XIX. A sua
introdução teve a ver com o sucesso que as tropas polacas (polonesas) deste
tipo, chamadas Ulanos, tiveram ao serviço do exército napoleónico. A maioria
dos exércitos europeus manteve regimentos de cavalaria armados de lança até
à Primeira Guerra Mundial. A partir daí a lança tornou-se apenas uma arma
cerimonial.

[3] Hajime curou os ferimentos de Meld no Grande Calabouço Orcus após sua
luta com Cattleya usando a Água Sagrada no capítulo 79.

[4] Um estrondo sônico é o som associado às ondas de choque criadas por um


objeto viajando através do ar com uma velocidade maior que a do som.
Estrondos sônicos geram uma enorme quantidade de energia sonora, soando
muito similares a uma explosão.

Capítulo 107: Mais tarde no Reino

Depois que Hajime deixou a praça, Shizuku fez Kouki beber a Água Sagrada e
o Herói se recuperou em pouco tempo.

Os Soldados-Marionetes que Eri tinha, somavam um total de 500 pessoas, e


dentro desse número, parecia que 300 se tornaram carne moída na praça por
culpa do ataque de Hajime. Era provável que os Soldados restantes seguiram
Freed pelo portal para o território dos Demônios.

Mais tarde descobriu se, através de investigações, que formações mágicas


foram criadas com enormes Pedras Mágicas enterradas na terra na periferia do
Reino, parecia que esse era o segredo por trás da forma como Freed foi capaz
de transferir suas forças armadas.

Aliás, parecia que o Rei e outros líderes influentes foram mortos pelos
Soldados-Marionetes de Eri, neste momento, o assento de Rei do Reino Haihiri
estava vago. Até que a confusão atenuasse, Liliana e a Rainha, Luluaria,
assumiriam a liderança na reconstrução do Reino. Muito provavelmente, assim
que tudo se acalmasse, o Príncipe Randell, que também estava seguro, subiria
ao trono.

A principal razão da confusão era a falta de comunicação com a Igreja.

Mesmo com o Reino ficando em um estado tão impressionante, inquietação se


generalizou e desconfiança se espalhou por seus seguidores, já que a Igreja
não apareceu durante ou depois da batalha. A verdade era que todos
relacionados a Igreja já tinham sido eliminados com a explosão no templo
central! Se os cidadãos ouvissem sobre isso, o que eles pensariam? Um garoto
com cabelo branco em algum lugar tinha um certo interesse nessa questão.

A propósito, o pilar de luz que aniquilou o enorme exército dos Demônios era a
luz da condenação de Ehito-sama, que a liberou com o objetivo de salvar o
Reino! Era esse o rumor que estava circulando, era uma história incrivelmente
dolorosa saber que a fé deles foi ainda mais fortalecida. Hajime estava se
perguntando se deveria espalhar rumores dizendo que isso aconteceu graças a
Deusa da Fertilidade mais uma vez, contudo, se Aiko ouvisse sobre isso, ela
ficaria se atormentando em sua mente.

As pessoas começaram a ponderar sobre o motivo para a Igreja não descer a


Montanha de Deus, e, naturalmente, eles queriam subi-la para descobrir isso.
No entanto, havia muito a se fazer a respeito da reconstrução do Reino, então
não havia ninguém disponível para subir oito mil metros acima do solo. Aliás,
como Hajime destruiu o elevador em sua luta, a única forma de chegar ao
templo central era escalando a montanha.

Além disso, os restos de Hiyama foram encontrados um pouco afastados da


praça. Seu corpo foi devorado e destruído em vários pontos, depois de ser
espancado por Hajime e lançado para longe da praça, sem ser nenhuma
surpresa, ele foi atacado por Feras Mágicas.

Acreditava-se que ele ainda estava vivo quando foi devorado porque parecia
que havia traços de intensa resistência. Em especial, seu braço esquerdo
estava desaparecido; julgando pelos traços de sangue, com seu braço
esquerdo sendo devorado primeiro, ele correu desesperadamente por sua vida
e então a lateral de seu corpo foi comida, o que causou sua morte. Se você
tentasse imaginar a cena, essa devia ser uma das piores formas para se
morrer.

Com isso, várias coisas aconteceram e cinco dias se passaram desde a traição
e morte de seus amigos com a invasão dos Demônios.

Não era preciso dizer nada sobre Suzu, que era a melhor amiga de Eri, mas os
colegas de classe que foram capturados pela obsessão e insanidade dela
sofreram profundas feridas mentais. Depois das mortes de Hiyama e Kondo,
Nakano e Saito, que sempre estavam juntos como os dois[1], se
tornaram hikikomori[2].

Além daqueles que ficaram com profundas feridas mentais, Kouki e os outros
receberam um pedido de Liliana para emprestarem suas forças na
reconstrução do Reino com o objetivo de se recuperarem e se curarem. Desde
aquele dia, Hajime e seu grupo não apareceram, então eles esperavam pelo
retorno deles.

Todos os integrantes das linhas de frente e os guarda-costas de Ai-chan já


conheciam os poderes de Hajime, mas eles ainda não conheciam o poder
esmagador do pilar de luz que aniquilou o grande exército, mais uma vez, eles
foram forçados a sentir a diferença entre seus poderes.

Como Kouki e seu grupo sabiam disso, o choque que eles receberam foi menor
do que o grupo que ficou para trás. Embora eles tivessem escutado sobre o
poder de Hajime dos outros que retornaram do Calabouço, eles agora sabiam
que tinham entendido apenas 1/10.000 do verdadeiro terror do rapaz. Eles não
podiam fazer nada além de se preocuparem com Hajime, suas companheiras e
Kaori, quem ele levou consigo.

E a mais notável era Shizuku. Embora ela estivesse fazendo exatamente o que
precisava ser feito, de vez em quando, ela encararia ao longe com olhos que
parecia estar procurando por algo em seu coração. Estava claro para todos que
ela estava pensando em Kaori, os colegas que testemunharam a morte de
Kaori estavam inseguros sobre o que ele disse

Pela conversa que Hajime teve com Shizuku, parecia que havia algo sobre
Kaori retornar, porém, eles estavam céticos já que a tarefa de reviver uma
pessoa morta devia ser impossível, e assim, eles não foram capazes de ficar
aliviados.

Eles suspeitavam que algo como o que Eri fez seria utilizado; Kaori seria
trazida de volta como uma boneca, nesse caso, era fácil imaginar que Shizuku
ficaria ainda mais abalada, especialmente Kouki, que sempre se advertiu
enquanto observava Hajime e seu grupo.

O próprio Kouki estava muito abatido por, mais uma vez, ter sido incapaz de
fazer qualquer coisa e ser salvo pela segunda vez por Hajime, o fato de que
Kaori o deixou pelo Sinergista (o Herói reconhecia isso) também estava
incluído, ele não foi capaz de ter nenhum sentimento bom pelo outro garoto.

Era o famoso “ciúme”, contudo, o estudante não estava consciente disso. Não
seria fácil para ele admitir, mesmo se ele tivesse notado isso. Se o rapaz
reconhecesse a situação, seguir em frente ou ignorar isso por conveniência...
tudo dependia dele.

Ambos Kouki e Shizuku não estavam em seus estados mais animados, como
Ryutaro era um cérebro de músculos, ele não era confiável, e todos os outros
colegas estavam deprimidos.

Em momentos como esse, seria a hora de Suzu mostrar suas habilidades


como a animadora e alegrar as coisas, porém, a pessoa em questão estava
deprimida, os sorrisos que ela mostrava de vez em quando eram dolorosos.
Parecia ser em grande parte pelo que Eri disse a ela. Era compreensível. Por
muitos anos, a pessoa que ela pensava ser sua melhor amiga a via apenas no
nível de uma ferramenta conveniente.
Mesmo assim, a classe não caiu por completo, a única pessoa se movendo
para reconstruir o Reino determinadamente era Aiko.

A professora também estava preocupada com Kaori, se pudesse, ela faria


qualquer coisa, porém, quando pensava no que Hajime e seu grupo estavam
tentando fazer, com Yue e Tio lá, Aiko entendia que não teria utilidade. Por
esse motivo, ela não poderia negligenciar os estudantes que restavam e
estavam machucados, assim, ela decidiu ficar.

Como Aiko teve conversas individuais com todos os seus estudantes e os


encorajou a trabalhar seus potenciais, eles foram capazes de seguir em frente.

A propósito, Aiko tinha conhecimento do que aconteceu com a Igreja, embora


ela soubesse mais sobre isso do que qualquer um, a professora selou seus
lábios.

Isso foi feito para não obstruir Hajime e suas companheiras, e, ao mesmo
tempo, todas as vezes que ela se lembrava do que tinha feito, sua boca ficava
mais pesada. Mesmo que fosse um resultado inesperado, sua resolução para
seguir com isso era real. Dessa forma, quando Hajime e as outras voltassem,
ela planejava dizer a Liliana e aos outros a verdade, “... oficial, fui eu”.

Apesar de Aiko parecer se comportar com alegria, por dentro, ela estava
tremendo de medo. Ela própria ajudou Tio a obliterar a Igreja, se os estudantes
soubessem que sua professora estava envolvida na explosão que matou Ishtar,
os Sacerdotes e os Cavaleiros da Igreja, o que eles iriam pensar dela?

Ela lutou porque estava determinada a não permitir que seus estudantes se
tornassem brinquedos de guerra, apesar de não se arrepender sobre essa
questão, um assassinato era um assassinato. Ela com certeza já estava
preparada para que seus estudantes não mais a chamassem de Sensei.

Devia se notar que David e seus colegas, os Cavaleiros Templários que


atuavam como guarda-costas de Aiko, ainda estavam vivos e bem. Isso
aconteceu porque depois que Aiko desapareceu, eles protestaram com os
superiores, — Nos deixem vê-la! —, muitas vezes, e depois que foi confirmado
que isso nunca seria realizado, eles decidiram procurá-la por conta própria, os
superiores, que ficaram irritados, decidiram rebaixá-lo e os impediram de ir até
o templo central. E foi assim que eles conseguiram escapar por pouco da morte
no templo central. No momento, eles estavam escutando as palavras de Aiko e
trabalhavam duro para ajudar no que pudessem na reconstrução.

Com esses tipos de sentimentos, Aiko e os estudantes estavam lidando com


seus próprios problemas em suas mentes e ajudavam Liliana a reconstruir o
Reino.

A agenda do dia era a reformulação dos Cavaleiros do Reino e a escolha dos


Comandantes de cada esquadrão no campo de treinamento. A propósito, o
nome da nova líder dos Cavaleiros era Kuzeri Rail. Ela era uma Cavaleira e
outrora a guarda de Liliana. O nome do Vice-Comandante era Neat Komorudo.
Anteriormente Comandante da 3ª unidade de Cavaleiros.

— Obrigada por seu trabalho duro. Kouki-san.

Durante os duelos de teste de seleção, Kouki atuou como um parceiro para os


Cavaleiros, assim ele estava limpando seu suor no canto do campo de
treinamento e essas palavras de apreciação ressoaram. Quando Kouki voltou
seu olhar nessa direção, Liliana estava se aproximando com um sorriso.

— Não, isto não é nada demais. E quanto a você Lili, você mal tem dormindo
nos últimos dias, huh? De verdade, obrigado por seu trabalho duro.

Quando Kouki mostrou um sorriso sem graça em resposta, Liliana também


respondeu com um sorriso amarelo. Ambos mal tiveram tempo para dormir nos
últimos dias. Em primeiro lugar, o motivo para seu tempo de sono ser cortado
era por razões completamente diferentes.

— É porque agora não é o momento para descansar. Casualidades, lidar com


a perda de pessoas amadas, disposição dos prédios que caíram, confirmação
de pessoas desaparecidas, reparar a grande barreira e a muralha externa,
relatórios e comunicações com cada distrito, enviar Soldados para investigar os
arredores, reorganização... isto é sério, são todas coisas que precisam ser
feitas. Mesmo que eu me queixe sobre isso, não há outro jeito. Minha mãe
também compartilha o fardo, então eu posso continuar avançando. As pessoas
que estão sofrendo de verdade são aquelas que perderam pessoas
importantes e suas propriedades...

— Se você está dizendo isso, então até você que perdeu…

Pelo que Liliana disse, Kouki tentou apontar que ela perdeu o Rei, que também
era seu pai, porém, mesmo que ele dissesse isso, nada mudaria, então ele
calou sua boca. Lili simpatizou com os sentimentos de Kouki e disse, — Estou
bem. —, com outro sorriso, então mudou de assunto.

— Como está Shizuku?

— … ela não mudou. Normalmente, ela é a mesma Shizuku de sempre, mas,


sem nem notar, ela fica olhando para cima por muito tempo.

Assim que Kouki estava dizendo isso, ele encarou na direção de Shizuku que
estava conversando com Kuzeri no meio do campo de treinamento.

As duas ficaram amigas por intermédio de Liliana; elas pareciam estar


discutindo algo com bastante intimidade. Contudo, de repente, a conversa foi
interrompida, e os olhos da Espadachim estavam encarando o alto, em outras
palavras, você poderia dizer que ela estava olhando a vizinhança do topo da
Montanha de Deus.

— Ela está... esperando por eles, huh.

— Isso mesmo. Para ser sincero, o que Nagumo disse é muito... indigno de
confiança... apesar de eu preferir que Shizuku se encontre com eles...

Liliana tinha uma expressão um pouco surpresa assim que ela voltou seu olhar
de Shizuku para Kouki. A expressão de Kouki era complicada; estava claro que
o que o estudante disse não estava de acordo com o que ele pensava. Ciúme,
suspeita, medo, orgulho, gratidão, antipatia, vários sentimentos estavam
misturados, a expressão do rapaz era difícil de ser definida.

Liliana não podia encontrar as palavras corretas para dizer a Kouki, ela olhou
para cima, para o topo da Montanha de Deus, onde Hajime e suas
companheiras deviam estar.

O céu estava limpo, era como se a crise de extinção de alguns dias atrás
nunca tivesse acontecido. Esse céu parecia estar com um humor
despreocupado, Liliana possuía sentimentos um pouco amargos sobre isso e
continuou olhando para o céu.

Então, nesse momento, ela começou a ver alguns pontos escuros no céu. Com
um olhar desconfiado, Liliana apertou seus olhos e notou que esses pontos
escuros estavam ficando cada vez maiores, ela notou que algo estava caindo
e, em pânico, chamou Kouki a seu lado.

— Ko-Kouki-san! Ali! Não tem algo caindo!?

— Eh? O que você está... todos! Cuidado! Alguma coisa está vindo do alto!

A atitude de Liliana surpreendeu Kouki, mas assim que ele olhou para cima, ele
confirmou que algo estava mesmo caindo, — Se abaixem, é um ataque
inimigo! —, ele avisou em voz alta com uma expressão impaciente.

Shizuku e os outros entraram em pânico e rapidamente evacuaram o campo de


treinamento e seguiram para o lado de Kouki, ao mesmo tempo, algo
aterrissou.

Zudoooooon!!

A terra tremeu quando o que estava caindo atingiu o solo, enquanto nuvens de
poeira dançavam, o que apareceu de dentro dela foi... Hajime, Yue, Shia e Tio;
eram quatro pessoas.

— Nagumo-kun!
A primeira a avançar foi Shizuku. Assim como Hajime disse, ela acreditou neles
e aguardou. Ficar excessivamente preocupada era inevitável. Contudo, no
grupo de Hajime, a figura de Kaori não podia ser encontrada, a expressão da
Espadachim começou a ficar desconfortável e escureceu.

— Yooooo, Yaegashi. Você está se cuidando?

— Nagumo-kun… onde está Kaori? Por que Kaori não está aqui?

Shizuku relaxou um pouco depois da piada de Hajime, contudo, era verdade


que Kaori não estava diante dela, como esperado, deve ter sido difícil demais
desfazer a morte de Kaori, a garota já era incapaz de esconder sua inquietação
e perguntou com uma voz trêmula.

Por outro lado, Hajime tinha uma expressão vaga.

— Ahhhh, ela logo vai chegar aqui. É só que... sua aparência pode ter mudado
um pouquinho... por causa disso, entenda, será complicado se você botar a
culpa em mim, un, não foi minha culpa, então não fique zangada.

— Eh? Espere um pouco. Quê? O que aconteceu? Isso está me deixando


extremamente preocupada! O que você quer dizer? O que você fez com Kaori?
Dependendo das circunstâncias, com a katana negra que você me deu…

Para as palavras de Hajime, que apenas atiçaram as chamas de sua


inquietação, a luz nos olhos de Shizuku desapareceram e ela começou a
esticar sua mão na direção de sua katana negra em sua cintura. — Dudu —,
Hajime estava segurando Shizuku, de repente, eles começaram a ouvir um
grito no céu.

— Kyaaaa!! Hajime-kuuuun! Me pegueeee!!

Quando Shizuku e os outros estavam se perguntando o que estava


acontecendo e olharam para cima, eles viram algo parecido com uma sombra
de prata caindo com velocidade alucinante.
Com a excelente visão cinética de Shizuku, ela viu uma mulher com cabelo
prateado e olhos azuis, que tinha uma beleza que poderia competir com um
lindo trabalho de arte produzido por artista renomado, e contra sua bela
aparência, a mulher estava caindo enquanto batia seus braços e pernas com
lágrimas em seus olhos e uma expressão miserável.

A mulher de cabelo prateado e olhos azuis caiu mergulhando na direção de


Hajime. Em seus olhos, você poderia ver que ela confiava que seria pega.

Porém, trair esse tipo de sentimento era a especialidade de Hajime. No lugar


onde ele deveria supostamente pegá-la, no momento antes de eles colidirem, o
garoto pulou para trás de repente, — Eh? —, o olhar dele desviou do da mulher
e ela se esmagou contra o chão como se fosse consumida pela terra enquanto
seus olhos viravam pontos escuros.

Todos tinham expressões de tremor enquanto olhavam para Hajime, que não
tinha intenções de pegar a mulher, — Ela está morta, não está? — Entretanto,
depois que a nuvem de areia se dispersou de novo, a linda mulher com cabelo
prateado e olhos azuis apareceu, Aiko e Liliana soltaram gritos de aviso.

— Quê!? Por que, você está…

— Todos! Se afastem! Ela é uma pessoa perigosa que sequestrou Aiko e


ajudou Eri!

Com essas palavras, Kouki e os outros colegas de classe no local, Kuzeri e os


Cavaleiros, todos pegaram suas armas ao mesmo tempo. Especialmente
Shizuku, que estava perto de Hajime e seu grupo, que logo se preparou para
realizar um saque rápido; ela tinha olhos penetrantes cheios de intenção
assassina contra a pessoa que ajudou a causar a morte de Kaori. Se uma
abertura surgisse, ela iria na mesma hora a abater.

Para o grupo que a encarava, Nointo, que tinha um lindo rosto e cabelo
prateado com olhos azuis, como se não tivesse sofrido nenhum dano com a
queda, se moveu com agilidade e se levantou com facilidade. Assim, por um
momento, ela encarou Hajime com olhos reprovadores, e, de forma
inacreditável, ela, que não tinha emoções ou expressões como uma máquina,
agora as possuía, e falou com Shizuku em pânico.

— Es-espere! Shizuku-chan! Sou eu, eu!

— ???

Shizuku estava com uma expressão de suspeita com a mulher que a chamou
por seu nome em seu primeiro encontro.

Hajime, que estava ao lado dela, murmurou, — Você parece uma impostora
suspeita. —, a mulher gritou com ele e então desviou o olhar. Era impossível
para Aiko e os outros não pensarem nela como uma inimiga. Apesar da
aparência e voz serem diferentes, os gestos casuais da mulher estranha e a
atmosfera quando ela se identificou eram como uma sombra da melhor amiga
de Shizuku.

Enquanto gentilmente relaxava sua posição de saque rápido, a Espadachim


ficou perplexa e murmurou o nome de sua melhor amiga.

— … Kao-ri? Você é… Kaori?

Ela ficou extremamente feliz por Shizuku notar que era ela. A mulher com
cabelo prateado e olhos azuis ficou com o rosto iluminado! E ela respondeu
com uma voz animada.

— Un! Eu sou Kaori! A melhor amiga de Shizuku-chan, Kaori Shirasaki.


Embora minha aparência tenha mudado, eu estou mesmo viva!

— … Kaori… Kaoriiiii!

Shizuku ficou espantada. Apesar de ela não fazer ideia de como as coisas
terminaram dessa forma, mesmo assim, com o fato de que sua melhor amiga
ainda estava viva e na frente dela, por fim aceitando a situação, a Espadachim
abraçou Kaori, que obteve um novo corpo de uma mulher com cabelo prateado
e olhos azuis, com todas as suas forças e chorou.

Kaori também estava soluçando como um bebê e, como Shizuku, ela abraçou
sua amiga com força e sussurrou de forma gentil.

— Eu sinto muito por te deixar preocupada. Eu estou bem agora, eu estou


bem.

— Higu, gusu, eu estou contente, tão contenteeee.

Ambas enterraram seus rostos no pescoço uma da outra, e Shizuku e Kaori


confirmaram a existência da outra pessoa.

Todos que viram isso ficaram completamente aturdidos, por um tempo os


choros de carinho e ternura ressoaram pelo campo de treinamento.

— Então, o que exatamente isto significa?

Com olhos vermelhos e inchados pelas lágrimas, as bochechas de Shizuku


também estavam coradas com a mesma quantidade de vergonha, e
determinada a esconder seu embaraço, ela exigiu uma explicação da situação.

A atual localização foi alterada do campo de treinamento para o grande salão


onde Kouki e os outros alunos comiam. A respeito de Shizuku, foi explicado
que quanto ao coração, ela era Kaori, mas seu corpo pertencia a alguém
chamada Nointo, por enquanto, Liliana os incentivou a se moverem para um
local mais calmo. Contudo, não era apenas Shizuku quem seguiu para lá, todos
os estudantes, assim como Aiko e Liliana, estavam participando da reunião.

— Bom, vejamos... indo direto ao assunto. Usando magia, a alma de Kaori foi
protegida, no corpo de Nointo? Em seus restos? Maa, nós o restauramos e o
usamos.

— Entendo... na verdade, eu não entendi nada!


Shizuku apenas encarou Hajime enquanto ele dava uma explicação
extremamente simples. Pelo olhar, estava claro que ela dizia, — Isso é tudo
que há para explicar? Ahh? —, com um olhar inseguro. No lugar de Hajime,
que tinha uma expressão que dizia que sua motivação para explicar isso era
inexistente, Kaori decidiu explicar com uma expressão impressionada.

— Então, Shizuku-chan. Você sabe que a magia que usamos agora é uma
versão degradada da magia esquecida do passado chamada de Magia da Era
dos Deuses, correto?

— … sim. Eu estudei um pouco da história deste mundo. Essa é a magia que


aparece nos mitos sobre como este mundo foi criado? Ao invés da magia atual
baseada em atributos, elas eram mais fundamentais em seus usos... espere.
Você quer dizer que é esse tipo de situação? A Magia da Era dos Deuses que
Nagumo e vocês têm é do tipo espiritual... um poder que permite interferir com
a alma de uma pessoa? Com isso, o espírito de Kaori, que morreu, foi
protegido e armazenado em um corpo diferente, foi isso?

— Correto! Como esperado de Shizuku-chan.

Por alguma razão, Kaori estava estufando seu peito com orgulho. Na verdade,
a velocidade com que o cérebro de Shizuku era capaz de processar as coisas
era rápida. Hajime também sabia disto, porém, ele mais uma vez ficou
impressionado.

— Mas por que esse corpo? O corpo de Kaori não servia mais? Eu pensei que
vocês poderiam dar um jeito de curar o ferimento que foi infligido em seu
coração com a Magia de Cura...

— Ahh, a verdade é que o corpo de Kaori foi restaurado e seria possível


devolver sua alma para ele.

Magia Espiritual era uma Magia da Era dos Deuses estonteante onde você
poderia literalmente se tornar imortal através a fixação contínua de sua própria
alma.
“Fixar” significava que a magia preservaria o espírito do morto afetado com o
objetivo de não permitir que ele deteriorasse nem desaparecesse, a princípio,
isto foi o que Tio realizou em Kaori. Contudo, foi sorte Tio conseguir fazer isso
a tempo porque a magia seria ineficaz se muito tempo se passasse desde a
morte do alvo.

Ao “estabilizar”, assim como o termo dizia, independentemente do espírito


fixado, ele se estabeleceria, não importava se fosse um meio orgânico ou
inorgânico. Corpos que começaram a apodrecer ainda fariam a pessoa morrer
mais uma vez, mesmo se eles se estabelecessem eles mesmos, porque esse
tipo de corpo não seria adequado para a sobrevivência, entretanto, seria
possível com um corpo saudável, também era possível abandonar a roda do
tempo e se tornar imortal como Miledi Raisen, que se estabeleceu em um
Golem.

Obviamente, esta magia não era tão simples que podia ser utilizada sem testes
e treinamento adequados. Eles só tiveram sucesso porque Yue e Tio tinham
talento natural com magia. Ainda assim, levou cinco dias inteiros para
estabilizar a alma de forma correta.

— Então, por que... o que aconteceu com o corpo original de Kaori? Deve ter
acontecido algum tipo de problema, não é?

— Shizuku-chan, se acalme. Eu vou explicar tudo.

Enquanto acalmava Shizuku, Kaori continuou a explicar.

No início, Hajime tentou devolveu o espírito da garota para seu corpo original,
que eles restauraram com a Magia de Regeneração.

Contudo, aquela que o disse para esperar foi Kaori. Mesmo estando presa em
seu estado espiritual, Orientação Espiritual poderia ser utilizada para se
comunicar com a alma. Kaori, que ainda era apenas um espírito, ouviu sobre
Miledi Raisen e pediu para ser colocada em algo parecido com um Golem,
como fez a Libertadora. Se fosse Hajime, então ele seria capaz de criar um
poderoso Golem.

Nas Ruínas Submersas Merujiine, Kaori percebeu sua própria impotência, ela
não tinha intenções de continuar da forma que estava[3]. A Curandeira também
não tinha intenções de desistir de ficar ao lado de Hajime. Nesse momento, ela
sabia que seria morta com facilidade. Covardia, miséria e agonia … se fosse
assim, ela pensou: “E se eu descartasse meu corpo humano?”.

Assim que Kaori se determinava com algo, ela se tornava muito teimosa.
Apesar de Hajime e as outras tentarem falar com a garota, ela não escutaria.
Essa determinação era tão forte que fez Hajime erguer suas mãos em
rendição.

Sem outra escolha, o garoto decidiu criar o mais forte Golem que pudesse,
contudo, uma lâmpada se acendeu dentro de sua cabeça! “Eu posso usar
aquilo, não posso?”. Isso mesmo, ele estava pensando em Nointo, a quem ele
perfurou o coração.

Depois de Hajime recuperar os restos da Apóstola, Yue usou Magia de


Regeneração para recuperar todas as feridas dela. O poderoso corpo da
Apóstola de Deus se tornou o novo hospedeiro do espírito de Kaori; foi um
grande sucesso “estabelecer” a alma da garota nele.

Infelizmente, apesar do “órgão” em forma de Pedra Mágica que fornecia Poder


Mágico infinito ser regenerado, ele não estava funcionando, contudo, a magia
inerente de Nointo, Decomposição, suas espadas gêmeas e habilidades, asas
de prata e penas, eram todas utilizáveis.

Parecia que o corpo de Nointo se lembrava de todas as suas experiências de


combate anteriores e sabia como usar suas habilidades, embora a Curandeira
fosse incapaz de voar agora porque o corpo ainda era novo, assim que ela se
acostumasse, ela seria capaz de utilizar as verdadeiras habilidades da
Apóstola de Deus. Agora que ela podia manipular magia diretamente, ela
estava mais que qualificada para ficar lado a lado com Hajime e seu grupo.
Kaori, que estava feliz por seu espírito ser estabilizado com sucesso neste
corpo, estava mesmo animada. Afinal, ela tinha a aparição de uma incrível
beldade e estava comemorando com um grande sorriso. A oponente que
Hajime enfrentou há pouco tempo estava fazendo uma cara muito feliz e, além
disso, ela estava se agarrando a ele, como esperado, até o garoto não sabia
que isto aconteceria e suas sobrancelhas formaram um “八”.

A propósito, o corpo real de Kaori estava sendo guardado na Caixa do Tesouro


enquanto era congelado pela magia de Yue. Uma linda garota congelada no
gelo criava uma sensação muito misteriosa. Como células seriam destruídas no
processo de descongelamento, era possível as restaurar com a Magia de
Regeneração se ela quisesse voltar a seu corpo; a possibilidade de tudo correr
bem era muito alta.

— … entendo. Haa, Kaori, você sempre foi um pouco espontânea, mas desta
vez, você se superou.

Depois de ouvir a explicação de Hajime, Shizuku colocou uma mão em sua


cabeça para suprimir sua dor de cabeça. Essa dor foi pior na vez em que ela
perguntou sobre o jogo favorito de Hajime e teve que visitar uma loja de jogos,
apenas para entrar por engano na seção de jogos adultos.

— Ehehe, desculpe por te preocupar Shizuku-chan.

— … está tudo bem. Contanto que você ainda esteja viva, então…

Shizuku disse enquanto sorria para Kaori, que tinha uma expressão de culpa,
então ela endireitou sua postura e mudou sua expressão para uma mais séria,
a Espadachim se virou para Hajime e as outras e curvou sua cabeça.

— Nagumo-kun, Yue-san, Shia-san, Tio-san. Muito obrigada por salvarem


minha melhor amiga. Apesar de meus débitos continuarem aumentando e eu
não ter feito nada em troca... eu nunca esquecerei este favor por toda a minha
vida. Se há algo que eu puder fazer, sinta-se livre para me pedir. Eu farei o
meu melhor para corresponder.
— … você é honesta como sempre. Maa, não ligue tanto para isso. Nós
apenas ajudamos nossa própria companheira.

Shizuku mostrou um sorriso irônico para a resposta de Hajime. Não foi apenas
Kaori, os estudantes foram todos salvos também. Havia vidas que foram salvas
duas vezes com isso. Mesmo após salvá-los de suas crises, o resultado da
batalha foi conveniente para as próprias circunstâncias de Hajime, seu estado
de espírito já era algo que só poderia ser considerado piada por sua forma tão
diferente.

E, de alguma forma, o clima calmo também tinha um traço de maldade,


Shizuku atentamente apontou isso.

— … considerando tudo isso, embora você também estivesse preocupado


comigo, você me deu o remédio pelo bem de Kouki, não é?

— Se você se quebrasse, então Kaori ficaria perturbada...

— Per-perturbada você diz... isso é horrível Hajime-san

Respondendo a frase sarcástica de Shizuku, a correção de Kaori também


surgiu, — Além disso… —, Hajime continuou.

— Assim como uma certa Sensei disse, eu não devo seguir uma “vida
solitária”. Embora eu não possa prestar atenção a tudo, se for apenas isto...

— !!! Nagumo-kun…

Aiko, que se manteve em silêncio enquanto Shizuku, Hajime e Kaori tinham


sua conversa, olhou para o rapaz com olhos marejados que estavam tomados
pela emoção devido as palavras de seu aluno.

Os outros estudantes estavam estranhando que os ensinamentos de Ai-chan


tivessem alcançado Hajime, que ficou exageradamente arrogante, parecia que
a professora era mais impressionante do que eles imaginaram; Shizuku, Yue e
as outras garotas sentiram que algum outro tipo de sentimento também estava
incluído nos olhos de Aiko.

A aparência de Kaori parecia dizer, — Não pode ser! —, pedindo por


confirmação, ela alinhou seu olhar com Shizuku, Yue e as outras; o grupo de
mulheres concordou com um olhar feroz enquanto Shizuku desviava seus
olhos e encarava o céu.

A Espadachim sentiu que um clima delicado estava começando a se formar e


decidiu continuar falando para fazer as coisas voltarem ao normal. Havia uma
montanha de coisas que ela ainda queria perguntar.

— Naquele dia, o dia em que a Sensei foi sequestrada, podemos ouvir o que
você planejava nos dizer? Essa conversa com certeza tem algum tipo de
relação com Nagumo-kun e os outros que adquiriram a Magia da Era dos
Deuses, não tem?

Hajime ouviu as palavras de Shizuku e voltou seu olhar para Aiko. Pressão
silenciosa caiu sobre a professora para que ela explicasse a situação.
Enquanto limpava sua garganta, — Kohon —, Aiko começou a explicar o
propósito de Hajime com suas viagens, e ela começou a explicar tudo desde os
eventos quando ela foi presa no templo central até o Reino ser invadido.

Após terminar de explicar tudo, a primeira pessoa e erguer sua voz foi Kouki.

— O que isso significa? Então, você está dizendo que estamos apenas
dançando na palma da mão de Deus? Por que você não nos disse isso antes!?
Você poderia ter nos contado quando nos reencontramos em Orcus!

Apesar do olhar e voz crítica do Herói, Hajime apenas encarou Kouki como se
ele fosse um inconveniente e não disse nada. Ele foi ignorado. Com essa
atitude, Kouki se levantou de seu assento fazendo barulho e estava cheio de
hostilidade contra Hajime.

— Que tal fazer alguma coisa!? Você poderia ter me dito isso mais cedo!
— Espere um pouco Kouki!

O apelo de Shizuku não foi ouvido, Hajime franziu o cenho irritado com Kouki,
que perdeu sua paciência; após suspirar profundamente, o garoto olhou para o
Herói como se ele fosse um incômodo.

— Se eu tivesse dito, você teria acreditado em mim?

— O que foi?

— De qualquer forma, você é uma pessoa que ama acreditar em suas


interpretações convenientes. A maioria das pessoas acreditaria que Deus
“enlouqueceu” se ouvisse isso? Eu sabia que não faria sentido falar sobre isso,
longe de acreditar em mim, você iria apenas me criticar, não é? Esse tipo de
cena surgiu em minha mente.

— Ma-mas se você tivesse explicado isso com clareza, então…

— Você é idiota? Por que eu teria que me esforçar tanto por vocês? Tenho
certeza que você não está pensando que seria minha obrigação apenas porque
somos colegas, assim eu naturalmente emprestaria meu poder, é isso? Pensar
em algo tão tolo quanto isso... você é parente do Hiyama?

Com o olhar de Hajime, que era tão frio quanto o zero absoluto, todos os
colegas de classe desviaram seus olhos.

Porém, parecia que Kouki não estava convencido e continuou a encarar Hajime
com severidade. Kouki não notou que Yue, que estava ao lado do Sinergista,
estava olhando o Herói com olhos irritados, declarando, “Você já foi salvo duas
vezes, então por que você continua agindo assim?”.

— Mas, se vamos lutar contra Deus juntos a partir de agora…

— Espere, espere Herói (Risos). Quando eu disse que iria enfrentar Deus? Não
vá decidindo isso sozinho. Sem dúvidas, eu vou mata-lo se ele vier para esse
lado, porém, eu não tenho intenções de sair por aí procurando por ele. Porque
eu só quero completar todos os Grandes Calabouços e voltar para casa logo,
para o Japão.

Os olhos de Kouki se arregalaram quando essas palavras foram ditas.

— Naa, você não pode estar dizendo que, independentemente do que


aconteça com as pessoas deste mundo, estará tudo bem para você!? Se não
fizermos algo sobre esse Deus, pessoas vão continuar sendo seus brinquedos
para sempre! Você vai abandonar eles!?

— Eu não estou disposto a usar meus poderes por alguém cujo rosto eu nem
mesmo conheço…

— Por quê… mas por quê!? Você não é mais forte do que nós!? Se você tem
tanto poder, então você deve ser capaz de fazer alguma coisa! Se você tem
poder, você não deveria usá-lo para fazer o certo!?

Kouki estava uivando. Como sempre, suas palavras estavam transbordando


com justiça. Entretanto, tais “palavras” eram contrárias ao desejo da outra
pessoa, assim, elas não alcançaram Hajime. O rapaz olhou para Kouki como
se ele fosse apenas uma pedra que você encontra ao lado da estrada.

— … se “você tem poder”, huh. É exatamente por isso que você sempre está
humilhando-se no chão. Eu acredito que poder deve ser usado com intenções
definidas. Você não faz algo porque você tem poder. Porque você deseja algo,
você usa seu poder. Se você está dizendo que apenas porque “você tem
poder” você tem que fazer algo, não importa o seu desejo, então isso não é
nada mais do que uma “maldição”. Essa vontade é frágil demais. Ou melhor, eu
não tenho intenções de argumentar sobre que caminho você e eu tomaremos.
Qualquer coisa além disto será irritante, então eu vou mesmo te fazer voar.

Depois que Hajime disse isso, seus olhos voltaram ao normal como se ele não
tivesse interesse em Kouki e nos outros.

Por sua atitude, o Sinergista falava sério sobre sua relação com esse mundo, o
Herói percebeu que isso não era rancor nem ódio, ele simplesmente não tinha
interesse. Depois que a razão para ele perder foi dita, Kouki ficou em silêncio
enquanto tremia com violência. “Eu tenho uma vontade forte!”, o Herói queria
contestar, mas, por algum motivo, essas palavras não saíram.

Os outros estudantes também, por algum motivo, entendiam que Hajime


voltando e se juntando a eles mais uma vez não passava de um sonho, e os
estudantes tremiam muito quando pensavam que poderiam mesmo acabar
como Hiyama se dissessem algo sem pensar.

Afinal, mesmo que eles fossem apenas marionetes, o oponente era alguém
que não tinha hesitação e transformou todos os Cavaleiros, incluindo Meld, em
pedaços de carne. Quanto ao grupo que ficou para trás, eles não poderiam
nem mesmo olhar Hajime nos olhos após verem o inferno.

— … como imaginado, você não vai ficar por aqui? Eu queria que você ao
menos ficasse até que o sistema de defesa do Reino fosse consertado…

A pessoa que pediu isso foi Liliana.

Neste momento, confusão ainda existia dentro do Reino, apesar da formação


mágica que permitiu a transferência de larga escala ser removida, eles ainda
estavam em um estado onde não se sabia quando os Demônios atacariam,
assim, Hajime e seu grupo eram existências que o Reino não queria perder.
Freed, que parecia ser o General do exército inimigo, só recuou porque Hajime
estava presente. Com apenas Hajime e seu grupo estando ali, o Reino já tinha
um tipo de repelente.

— Como as coisas já foram resolvidas com a Apóstola de Deus, eu quero me


apressar e seguir em frente. Ressuscitar Kaori nos custou cinco dias. Eu
planejo partir amanhã.

Apesar dos ombros de Liliana encolherem, depois que Hajime e seu grupo
partissem, não havia forma de deter Freed e seu exército, assim, como ela era
uma Princesa, ela precisava ter uma arma contra eles.
— Há alguma coisa... pelo menos, aquele pilar de luz... aquilo também é um
dos Artefatos de Nagumo-san, não é? Você pode nos permitir usá-lo para a
proteção do Reino? Eu farei qualquer coisa que puder para recompensa-lo por
isso, então...

— … ah, Hyperion[4], huh. É impossível. Aquela coisa quebrou depois do


primeiro golpe... ela era um protótipo afinal. Se eu não realizar nenhuma
melhoria...

A arma de aniquilação de Hajime, Hyperion, que apagou o enorme exército de


Feras Mágicas e Demônios era, em resumo, um laser de convergência da luz
do Sol. Antes de descer a Montanha de Deus, ele voou para o alto para
recuperar a arma.

Hyperion era uma enorme fuselagem de lentes que convergia a luz do Sol; a
arma também podia se carregar dentro da Caixa do Tesouro, que possuía
capacidade de gerar calor instalada. Um enorme calor, que transbordava da
Caixa do Tesouro, seria descarregado através da entrada de lançamento onde
a Magia da Gravidade foi adicionada para fazer essa descarga seguir em
direção ao chão.

E a melhor característica de Hyperion era o fato de ela poder convergir a luz do


Sol mesmo quando era noite. Era um segredo que contava com o Sol falso de
Oscar Orcus, um item que acendia as salas em seu Calabouço. A luz do Sol
desse item foi criada com o uso da Magia de Regeneração junto da Magia
Espacial; foi graças à colaboração dos Libertadores, que combinaram suas
Magias da Era dos Deuses, que o item foi criado, algo que Hajime não
conseguiu entender a princípio.

Até para o Hajime de agora era impossível criar um Sol falso. Aliás, Hyperion
ainda estava em seu estágio experimental, a arma não era capaz de suportar
seu próprio calor e se quebrou, então ela não poderia mais disparar. Em
primeiro lugar, Hyperion não era a única arma de aniquilação que o garoto
criou, porém…
— É... mesmo…

Após escutar as palavras de Hajime, mais uma vez, os ombros de Liliana


encolheram. Então, Kaori, Shizuku e Aiko perfuraram o garoto com seus
olhares. As três pessoas já sabiam da postura de Hajime. Embora ele dissesse
que iria considerar as pessoas a seu redor até certo ponto, de forma simples, o
fato de que ele era indiferente com este mundo não mudou. Ajudar seus
arredores era uma forma de impedir que a tristeza atingisse indiretamente Yue
e as garotas. Foi por isso que as três pessoas não falaram nada. Elas não
falaram, mas a persuasão delas foi exibida em seus olhos.

Apesar de Hajime ignorá-las enquanto bebia seu chá, ele murmurou porque
elas foram muito persistentes.

— … antes de partirmos, eu ao menos vou consertar a Grande Barreira.

— Nagumo-san! Muitíssimo obrigada!

Hajime ignorou a expressão alegre de Liliana, que estava brilhando, e com um,
— Isso é o suficiente? —, ele encarou Kaori e as outras duas. As três pessoas,
assim como Liliana, devolveram sorrisos alegres a ele.

“De alguma forma, as coisas ficaram mesmo agradáveis agora”, ele pensou,
até Yue e Shia ao lado do garoto estavam sorrindo, — Maa, eu acho que isto
não é tão ruim —, Hajime mostrou um sorriso sem graça enquanto encolhia
seus ombros.

— E para onde vocês estão planejando ir Nagumo-kun? Se você está


desejando a Magia da Era dos Deuses, então vocês estão indo para os
Grandes Calabouços, não é? Se vocês vieram do Oeste, então... é o Mar de
Árvores?

— Ahh, essa é nossa intenção. Eu planejei seguir via Fhuren, porém, seguir em
parte na direção do Sul seria uma chateação, assim, eu pensei eu irmos direto
para o Leste.
Após ouvir o que Hajime tinha planejado, a expressão de Liliana era a de
alguém que pensava em algo.

— Portanto, vocês vão passar pelo território do Império?

— Isso provavelmente irá acontecer…

— Nesse caso, estaria tudo bem se eu me juntasse a vocês?

— Nn? Para quê?

— Há muitas coisas a se falar com o Império sobre o Reino sendo invadido. O


mensageiro e o Embaixador já tinham partido para o Império, porém, seria
melhor falar sobre a situação o mais cedo possível. Com o Artefato de
transporte de Nagumo-san, chegar ao Império será muito rápido, correto? Por
isso, eu estava me perguntando se poderia acompanhá-lo e ter uma conversa
direta com eles.

Hajime estava impressionado com o plano ousado de Liliana e como ela


planejou seguir até o Império, se ele pensasse sobre isso, ela era a Princesa
que, com o objetivo de obter ajuda, fugiu do Reino e viajou com uma caravana.
Pensando nisso, ele ficou estranhamente convencido que era natural que ela
pensasse em uma ideia dessas.

E como não seria um problema muito grande apenas deixá-la em algum lugar
pelo caminho, sua mente consentiu dizendo que estava tudo bem. Contudo, ele
não se esqueceu de dar um aviso a ela.

— Deixá-la por perto está bem, mas não iremos entrar no Império. Não iremos
te acompanhar para um encontro com o Imperador.

— Fufu, não diga coisas tão imprudentes. Apenas me levar até lá será mais do
que o suficiente.
Liliana sem querer mostrou um sorriso irônico depois do aviso de Hajime,
então, Kouki, que estava em silêncio por culpa do outro rapaz, começou a falar
de novo.

— Se for assim, nós também vamos acompanhá-lo. Lili não pode ser deixada
com alguém que não pensa neste mundo. Nós seremos os Guardas pelo
caminho. Além disso, se Nagumo não planeja fazer nada, então eu vou salvar
este mundo! Para esse propósito, poder é necessário! O poder da Magia da
Era dos Deuses! Se nos juntarmos com vocês, seremos capazes de obter a
Magia da Era dos Deuses!

— Não, eu vou dizer a localização delas, então não venha sem receber
permissão. Se você me acompanhar, vai ser sempre problemático.

“Por que você está ficando tão empolgado de repente?”, Hajime estava com
uma expressão impressionada. Parece que a crítica sobre não confiar nos
outros não foi entendida. Então, Aiko timidamente declarou algo antes que
Hajime pudesse continuar.

— Mas, Nagumo-kun, você disse que mesmo se desafiarmos um Grande


Calabouço agora, seremos mortos.

— … não, isso foi, foi outra coisa. Veja, mesmo eu que era “incapaz” consegui
fazer algo, então vocês devem ficar bem. Vocês podem fazer isso, vocês
podem. Em suma, vocês precisam de espírito de luta.

— Isso não é impossível?

Hajime desviou seus olhos de Aiko, que se lembrou da declaração do garoto de


antes.

Quanto a Hajime, o dia em que eles superassem os limites do mundo era algo
que ele não se incomodava em permitir a seus colegas de classe. Porém,
ajudá-los a obter a Magia da Era dos Deuses desde o início era algo que ele
absolutamente não queria fazer. Não havia outra razão além de ser uma
grande perda de tempo.
— Nagumo-kun, eu poderia te pedir um favor? Apenas uma vez é o suficiente.
Mesmo com apenas uma Magia da Era dos Deuses, isso fará uma diferença
decisiva para completarmos os outros Grandes Calabouços. Você não nos
permitiria acompanhá-lo apenas uma vez?

— Se você planeja se aproveitar de nós, a magia não vai ser obtida. É preciso
agir para ser aceito pelo Calabouço.

— Tenho certeza que sim. Deixando de lado o caso de Deus, nós também
queremos voltar para casa. Nós vamos desesperadamente desafiá-lo com
determinação. É por esse motivo que eu estou te pedindo isso. Fomos salvos
várias vezes e só pudemos dizer nossos agradecimentos para recompensar
sua gentileza, mas agora, não podemos fazer além de depender de você. Por
favor, nos empreste sua força mais uma vez.

— Suzu também está pedindo Nagumo-kun. Eu quero ficar mais forte e ter uma
conversa com Eri de novo. Assim, eu te peço! Este favor será com certeza
pago se você levar Suzu e os outros com vocês.

Até agora Aiko esteve escutando suas palavras injustificadas, apenas Shizuku
queria ajudar a obter a Magia da Era dos Deuses com sinceridade. A
expressão da garota estava rígida e desconfortável por ela se sentir culpada
por ter que depender de Hajime e seu grupo sem ser capaz de recompensar a
gentileza deles.

Suzu, que se manteve em silêncio por muito tempo, também foi influenciada
por Shizuku e abaixou sua cabeça. Parecia que ela esteve pensando muito
sobre Eri. Sua voz e expressão carregavam desespero. As sobrancelhas de
Kouki saltaram em reação ao espetáculo que ele viu, mas, no fim, ele não disse
nada.

Hajime estava hesitante. Normalmente, levar Kouki e os outros para completar


o Mar de Árvores Haltina seria complicado e impensável. Ele queria recusar a
proposta deles e dizer para eles irem para qualquer lugar que desejassem,
desde que não fosse o Grande Calabouço Orcus ou o Grande Calabouço
Raisen.

Contudo, desta vez, após sua batalha com Nointo, seu julgamento estava
hesitante.

Ele pensou que eliminar Nointo, assim como os homens influentes que
estavam sendo manipulados na cena do passado que eles viram nas Ruínas
Submersas Merujiine[5], seria um grande transtorno; a Apóstola era uma
boneca que era a personificação do desejo de Deus e, literalmente, as mãos e
pés de Deus que se moviam em segredo por trás das cenas.

Dessa forma, se a Apóstola de Deus, Nointo, foi criada, com toda certeza,
poderíamos dizer que não haveria mais nenhuma? Seria otimista demais
pensar dessa forma.

Nointo disse antes. Hajime era um irregular e o desejo de Deus era vê-lo
morrer enquanto sofria. Se fosse assim, com absoluta certeza, seria lógico
pensar que ele enviaria mais existências como Nointo. Assumindo isso, pelo
bem da economia de tempo, “Seria uma boa ideia dar a Kouki e aos outros
algum poder?”, Hajime pensou.

Apesar de ser muito maléfico jogar os outros para os inimigos que estavam o
perseguindo, — Maa, o Herói está com sua mente voltada para enfrentar Deus,
então não devemos ter nenhum problema, não é? —, ele pensou sem se
preocupar, e, no fim, decidiu aceitar a companhia dos outros estudantes e
seguiram na direção do Mar de Árvores Haltina. Por ora, ele encarou Yue e as
garotas para confirmar e não parecia que elas tinham qualquer objeção.

Shizuku e os estudantes sorriram aliviados; Hajime estava pensando sobre os


dois Grandes Calabouços restantes que viriam no futuro.

Independentemente do que os aguardava, o fim dessas viagens estava


chegando à vista. Não importava a existência que bloquearia seu caminho, não
importava a situação em que ele se encontrassem, Hajime iria destruir tudo e
voltar para casa. Junto com as “pessoas importantes” que ele obteve neste
mundo.

Essa promessa renovou seu desejo e incluía novos laços que surgiram e se
tornaram ainda mais fortes. Enquanto sentia a chama da determinação
crescendo dentro de seu coração, Hajime sorriu em silêncio.

Notas

[1] Esses quatro formavam o grupo de delinquentes que atormentava Hajime.

[2] Hikikomori (literalmente "isolado em casa") é um termo de origem japonesa


que designa um comportamento de extremo isolamento doméstico.
Os hikikomori são pessoas geralmente jovens, entre 15 a 39 anos, que se
retiram completamente da sociedade, de modo a evitar o contato com outras
pessoas. Esse tipo de comportamento é atualmente tido como problema de
saúde pública no Japão onde milhares de jovens se encontram nesta situação
devido ao alto grau de perfeição exigido das pessoas em tarefas diárias e à
pressão acarretada por tal exigência, o que acaba levando muitas pessoas a
problemas psicológicos de baixa autoestima e, em alguns casos extremos,
tendências psiquiátricas graves. Há casos extremos onde filhos chegam aos 40
anos ainda dependentes dos pais e sem experiência profissional.

[3] Kaori e Hajime tiveram uma conversa séria sobre a falta de capacidade da
Curandeira (em comparação com o resto do grupo de Hajime) no capítulo 93,
enquanto exploravam as Ruínas Submersas Merujiine.

[4] Hiperião, Hiperíon ou Hipérion, na mitologia grega, é um dos titãs, filhos de


Urano e Gaia. Da sua união com sua irmã Teia nasceram Eos (deusa grega do
amanhecer), Hélio (deus grego do Sol) e Selene (deusa grega da Lua).

[5] Hajime está se lembrando da cena do passado que viu nas Ruínas
Submersas Merujiine, onde o Rei dos humanos da época massacrou os
Demônios durante uma reunião para discutir a paz, no capítulo 94.
Capítulo 108: Conversando sobre os eventos de um
único Dia (Parte 1)

O Reino estava estranhamente barulhento enquanto multidões de pessoas


conversavam e falavam.
Em geral, você diria que “todos estão animados”, porém, se você olhasse para
as expressões faciais do povo no Reino, você notaria que a maioria dessas
pessoas tinha expressões tristes e sombrias. A invasão do Reino foi mesmo
um evento inesperado.

Fazia cinco dias desde que isso aconteceu, o sentimento de perda e dor ainda
persistia nos peitos das pessoas, levando dor para seus corações. Contudo,
isso ainda não os impediu de trabalharem na reconstrução; essa era com
certeza “a força do povo”.

Na estrada principal do Reino que estava repleta de tristeza e força, um


homem com cabelo branco e tapa-olho estava comprando algo parecido com
um cachorro-quente (porque algo que não era uma salsicha foi usado como
recheio) e o mastigava enquanto caminhava para a sede da Guilda; era
Hajime. Apenas Yue e Shizuku estavam a seu lado. Após ir para a sede da
Guilda, eles iriam reparar as grandes barreiras, Shizuku se voluntariou para
guiá-los para a localização do Artefato.

Shia e Tio estavam esperando no Palácio Real. Julgou se que seria melhor não
estimular de forma desnecessária as pessoas com as aparições de outras
raças caminhando pelo Reino, assim, elas se voluntariaram para ficar para trás.
Mesmo que os cidadãos do Reino soubessem que aqueles que os atacaram
foram os Demônios, neste momento, eles poderiam indiscriminadamente as
atacarem porque elas “não eram humanas”.

O Reino possuía fiéis fervorosos da Igreja, em primeiro lugar, além dos


escravos Demi-Humanos, era difícil encontrar qualquer outra raça além dos
humanos. Esse julgamento era considerado correto. Neste momento, se você
julgasse apenas pelas aparências, então Kaori seria considerada humana,
assim, ela estava ajudando Aiko e os outros alunos, que estavam ocupados
ajudando Liliana, e Tio estava dormindo para recuperar o Poder Mágico que ela
usou sem parar nos últimos dias.

— A sede da Guilda... no fim, o que você está planejando fazer lá?


Shizuku perguntou a Hajime enquanto ela também mastigava um “cachorro-
quente” de queijo.

— Nn? Ahh, eu pensei apenas em enviar uma mensagem relatando que o


pedido foi completo. Apesar de ser algo que deveria ser feito em pessoa, vai
ser complicado demais viajar de Fhuren para o Mar de Árvores. Eu vou enviar
um relatório através das sedes, eles vão cuidar disso adequadamente.

— … por relatório... você está falando sobre aquela criança chamada Myuu?
Pensando nisso, eu não a vi por aqui…

Após Shizuku ficar um pouco desapontada e abaixar suas sobrancelhas, eles


explicaram que Myuu se reuniu em segurança com sua mãe. Ela foi tomada
pela fofura de Myuu após encontrá-la apenas uma vez? — Eu queria abraçar
ela… — Shizuku murmurou. Entretanto, após escutar as palavras de Yue, seus
olhos se arregalaram.

— … está tudo bem. Vocês vão se encontrar de novo. Já que Hajime vai levar
ela conosco para o Japão.

— … quê? O que isto significa Nagumo-kun?

— O que você quer dizer com o que significa isto? É exatamente o que parece.
Eu fiz uma promessa com Myuu. Eu disse que a levaria comigo para minha
cidade natal.

— Eh… não… mas… Myuu-chan é uma Habitante do Mar, não é?

Hajime encolheu seus ombros como se não houvesse nada de errado


enquanto Shizuku ficava embasbacada.

— Eu entendo que você quer dizer, mas isso não é um problema. Há muitas
formas de resolver um problema, e se não houver nenhuma, basta criar uma
solução. Não dizemos isso com frequência? Algo como se é ou não possível,
ou se podemos ou não fazer algo....
— Mas isso, maa, isso com certeza é verdade, mas…

— Em primeiro lugar, não é tarde demais falar sobre isso agora? Shia tem
orelhas de coelho... e Yue não apenas é albina[1], mas tem caninos afiados e
olhos vermelhos brilhantes. Se você pensar a longo prazo, a aparência dela
também não vai mudar... você provavelmente nem pensou sobre isso quando
eu disse que iria levar ambas comigo para o Japão.

Assim que Hajime fez sua declaração, Shizuku ficou com um sorriso sem
graça. Yue, que estava ao lado do garoto, tinha um fraco sorriso em seu rosto.
Ela estava segurando a bainha da roupa de Hajime com sua mão em silêncio.
De forma suave, um clima suave começou a surgir. Quando Shizuku foi
atingida por essa sensação, sua temperatura subiu um pouco, — Obrigado
pela refeição. —, ela disse enquanto balançava sua mão para se refrescar.

E enquanto encarava de lado as duas pessoas em harmonia, Shizuku ficou


convencida de que, independentemente do que acontecesse, Hajime daria um
jeito de encontrar uma solução, mesmo que ela não tivesse evidências disso,
quando a Espadachim pensava sobre o caminho íngreme que sua melhor
amiga estava percorrendo, Shizuku começou a ficar preocupada e suas
sobrancelhas formaram um “八”.

— … Você está cuidando bem de Kaori?

— Nnnn? Isso é algo que você deveria perguntar para a pessoa em questão.
Não importa o que eu diga, eu não sei dizer como ela se sente? Maa, para
mim, assim como eu prometi, eu não planejo ser cruel.

De repente, Shizuku ficou mais preocupada após escutar essas palavras. Se


você olhasse a aparência de Kaori, de uma forma ou de outra, ela conhecia a
resposta mesmo sem precisar ouvi-la, — Seu superprotetor. —, ela disse
enquanto olhava na direção de Hajime.
Shizuku estava se sentindo um pouco envergonhada e como o garoto mostrou
sinais de estar impressionado com sua declaração, Yue de repente soltou uma
bomba.

— … é porque ele é assim que foi atacado. Hajime, aguente firme.

— O-oh.

— Eh? Por favor, espere um momento. Foi atacado? Quem fez o que com
quem?

— … Kaori atacou Hajime. Parece que durante a confusão, ela roubou um


beijo... maldita seja Kaori[2].

— Ka-Kaori roubou... sem chances... é verdade, Kaori já subiu os degraus da


vida adulta…

Antes que ela percebesse, sua melhor amiga tinha se tornado mais forte em
vários sentidos, Shizuku estava com olhos distantes e suas bochechas se
contraíram. Como se estivesse sendo deixada para trás, ela começou a se
sentir solitária.

— … Aiko também é perigosa. Tome cuidado Hajime.

— … não tem chances de isso ser verdade.

Hajime rapidamente desviou seus olhos do olhar afiado de Yue, ele demorou
apenas um segundo a mais para negar essa possibilidade. Shizuku, que se
recuperou enquanto as duas pessoas conversavam, — É isso mesmo! —, com
um olhar atento assim como o de Yue, ela questionou Hajime com cuidado.

— Por algum motivo, você está falando como se tivesse percebido. Então?
Nagumo-kun, o que você fez com Ai-chan?

— Oi, espere. Por que você já está assumindo que eu fiz algo?
— Desde o dia que Ai-chan voltou para o Reino, ela esteve agindo de forma
estranha. Sempre que fala sobre você, ela cora. Eu duvido muito que isso se
deva ao fato de você repelir aquele enorme exército. Algo definitivamente
aconteceu enquanto você ainda estava na Cidade de Ur? Saa, é sério,
desembuche logo! É um assunto importante saber se as rivais de Kaori vão
continuar aumentando!

— Não, como eu disse, eu…

Shizuku, que se irritou, tentou suprimir esse sentimento enquanto começava a


balançar Hajime para arrancar alguma confissão. Então, Yue, enquanto estava
inexpressiva, expôs tudo.

— … eles se beijaram. Homem denso.

— !!! Nagumo-kun! Pessoas como você! A outra pessoa é uma Sensei!

— Espere, se acalme. Eu vou explicar tudo, não agarre meu pescoço, não me
sacuda!

Com um, — Este arquiteto de eventos amorosos de alto nível! —, Shizuku


começou a sacudir Hajime, e assim, a história do garoto agindo como salva-
vidas em Ur foi contada. Devido ao veneno, Aiko não poderia beber o remédio
por conta própria, como a situação exigia urgência, ele a forçou a beber a Água
Sagrada[3].

Desde então, as coisas só se intensificaram quando Shimizu foi alvejado e ela


foi resgatada da torre isolada no templo central, com Yue acrescentando isso,
Shizuku ficou convencida. “Ahh, não... não se apaixone Ai-chan”.

— Maa, eu entendo que não foi sua intenção que isso acontecesse, mas...
Nagumo-kun, por algum motivo, você parece ter percebido os sentimentos de
Ai-chan. Desde quando você descobriu isso?

— … desde o momento em que eu estava cuidando da Sensei após ela


explodir o templo central e matar Ishtar e seu grupo. Como ela estava me
observando com olhos estranhamente febris, “Não pode ser isso”, foi o que eu
pensei, porém... como imaginado, é isso mesmo, não é?

— … é isso mesmo.

— Isso com certeza aconteceu.

Para as confirmações sem hesitação de Shizuku e Yue, a emergência que foi


empurrada para o canto de sua mente surgiu de novo enquanto Hajime olhava
para o céu. “O que você vai fazer?”, era o que os olhares de ambos os lados o
diziam, Hajime começou a pensar em alguma ideia enquanto se queixava, —
Uuuun…

— Un, vamos ignorar isso.

Foi o que ele concluiu.

— … maa, eu não acho que Aiko-chan vai tomar a ofensiva. Ao invés de lidar
com isso sem a preparação adequada, apenas deixar tudo como está pode ser
o melhor…

— Ah? Ahh, é como você disse. Essa pessoa é uma professora, então ela tem
suas obrigações para seguir. Como eu sou um estudante, fingir que eu não
notei é a melhor ação a se tomar.

Na realidade, isso era simplesmente complicado demais para se lidar, assim,


Hajime compartilhou razões plausíveis enquanto desviava os olhos e esse fato
foi visto por Shizuku, que estava o encarando.

O olhar da Espadachim mostrava que ela tinha encerrado o assunto e comeu


tudo o que restava do cachorro-quente, então Hajime e as duas garotas por fim
chegaram na sede da Guilda dos Aventureiros no Reino. O prédio transmitia
uma sensação de ser inferior em relação a história ou escala quando
comparado com a filial de Fhuren. Quando a entrada foi aberta, havia muitos
Aventureiros indo e vindo freneticamente. Afinal, a quantidade de pedidos no
Reino disparou após a invasão.
Hajime e as garotas entraram na Guilda e caminharam na direção das dez filas
nos enormes balcões. Embora o local estivesse lotado de Aventureiros, como
esperado, as recepcionistas da sede mostravam habilidades esplêndidas em
seus procedimentos e as filas continuavam avançando em um ritmo feroz.
Além disso, as recepcionistas eram todas lindas mulheres. Correto, elas
possuíam belezas incríveis. Também havia uma garota fofa. Uma garota muito
fofa.

Contudo, Hajime não era uma pessoa que sucumbiria para tais armadilhas.
Afinal, a amada do garoto era uma pessoa que não perderia em questão de
fofura ou beleza, ela era uma perfeita beldade. Mesmo agora, ela era a mulher
feliz e fofa segurando a mão de Hajime. Não havia chances de ele ficar
fascinado com outra mulher.

Por esse motivo, Hajime estava pensando que queria um descanso dessas
armadilhas. Afinal, ele não ficaria fascinado com outra mulher que não fosse
Yue.

Após se cansar da expressão impressionada de Shizuku, que estava ao lado


deles, o garoto finalmente chegou até a recepcionista. Assim que pegou sua
Placa de Status, ele também pegou os documentos que provavam que Myuu
voltou com segurança para Elisen.

— Apesar de vir relatar a conclusão de um pedido, é possível avisar o diretor


Ilwa da filial de Fhuren através dessa sede?

— Como? Uma missão designada… é isso? Eu sinto muito, por favor, aguarde
um momento…

A recepcionista inclinou seu pescoço em perplexidade com as palavras de


Hajime. Era uma reação adequada, considerando que uma missão designada
de um diretor de uma filial nunca seria dada para um Aventureiro qualquer. No
momento, os Aventureiros, que estavam cuidando de seus processos perto de
Hajime, estavam o olhando com surpresa.
Quando a recepcionista recebeu a Placa de Status de Hajime e olhou seu
conteúdo, sua expressão esclarecida foi destruída e se tornou a mesma dos
Aventureiros que estavam surpresos. E após comparar a Placa de Status e o
rosto de Hajime várias vezes, ela se levantou em pânico.

— Você é sem dúvidas Ha-Hajime Nagumo-sama?

— ??? Ahh, é exatamente o que está escrito na Placa de Status.

— Eu sinto muito, mas, você poderia por favor ir até a recepção? Na ocasião
em que Nagumo-sama visitar a Guilda, nós fomos informadas a trazê-lo para
dentro... eu vou chamar o Mestre da Guilda agora mesmo.

— Ha? Não, eu só quero pedir que o relatório de conclusão seja enviado para o
diretor da Ilwa de Fhuren. Além disso, eu tenho planos de reparar a grande
barreira depois disto. Por favor, me poupe desses problemas.

— Eh, ehhhh, isso vai me deixar em uma posição difícil... eu vou


imediatamente, imediatamente chamar o Mestre da Guilda, por favor, espere
um momento!

Com isso, a recepcionista desapareceu no interior da Guilda enquanto deixava


para trás toda a papelada de Hajime e sua Placa de Status com uma
velocidade que parecia capaz de gerar força suficiente para criar sons. O
garoto ficou decepcionado. Yue e Shizuku acariciaram os ombros de Hajime
para consolá-lo.

Apesar do rapaz receber o pedido de esperar um pouco, ele se perguntou se


isto seria mais problemático do que ele se apenas se reportasse diretamente
para a filial de Fhuren. Enquanto ele pensava nisto, um velhote com uma barba
apareceu com a recepcionista anterior. Quando Hajime viu o homem velho, ele
ficou convencido. Ele era, com toda certeza, o tipo de velhote que, enquanto
rasgava suas roupas para mostrar seus músculos, se transformaria em um
bombado velho enquanto soltava um grito, — Funnuuuuua!
Esse velhote com uma atmosfera estranha era com certeza o Mestre da Guilda
e no momento que ele apareceu, a Guilda ficou mais barulhenta de repente.
Quando o Mestre da Guilda chamou Hajime, a comoção se espalhou pela
Guilda inteira.

Parecia que o nome do Mestre da Guilda era Barusu Raputa. Era um nome
que, por algum motivo, parecia se referir a uma pessoa em ruínas. De certo
modo, não foi tão inoportuno quanto Hajime esperava, seu olhar parecia indicar
que ele queria falar com o garoto sobre o relatório para Ilwa.

Não importava para que cidade ele viajasse e que incidentes acontecessem, o
rapaz tinha uma sensação em seu peito de que tudo iria terminar bem, porém,
isso era esperar demais.

— Barusu-dono, você não irá apresentar eles a mim? Se é alguém que atraiu
os olhos do Mestre da Guilda, eu gostaria de me tornar um conhecido.
Especialmente porque sou um cavalheiro, não seria correto cumprimentar
essas adoráveis mulheres?

A pessoa que disse tais frases afetuosas, enquanto se aproximava de Hajime e


as garotas, era um belo rapaz louro. Quatro lindas mulheres estavam seguindo
atrás dele. Quando os Aventureiros ao redor o viram, começaram a sussurrar
entre si. A razão era porque essa pessoa era um Aventureiro Rank Ouro
chamado Abel. Parecia que sua alcunha era Lâmina Relâmpago.

Com isso, Barusu anunciou que Hajime e Abel eram ambos Rank Ouro. O som
do ambiente ficou inacreditável em um instante, o que fez o Sinergista ficar
com uma expressão perturbadora. Hajime estava a ponto de pegar Yue e
Shizuku e deixar a Guilda na mesma hora, porém, Abel com certeza tinha um
interesse pelas duas garotas, então ele não tinha intenções de permitir que
elas partissem tão facilmente.

Ou melhor, ninguém percebeu que Shizuku fazia parte do grupo do Herói?


Hajime pensou nisso com um rosto questionador. Enquanto desconsiderava o
atual estado do rapaz, Abel falou com o Sinergista com um rosto revigorado e
risonho.

— Fuuuun, você é um Ouro, huhhhh. Você parece bem jovem... mas que tipo
de estratégia você usou? Não há chances de ter sido um método correto, não
é? Ahh, como foi algo inadequado, você não pode dizer isso aqui, huh...
desculpe por não ser atencioso o bastante.

Abel estava cuspindo veneno enquanto sorria. Neste momento, Hajime


descartou por completo a ideia de enfrentar o outro Aventureiro. Foi porque ele
julgou que o outro não era digno o suficiente para ser um oponente. Yue e
Shizuku também perceberam o que Hajime estava pensando e tentaram deixar
a Guilda com rapidez.

— Maa, espere um pouco. Só porque eu sou um Ouro verdadeiro, não significa


que você tem que fugir. Não é como se eu fosse te devorar. Maa, já que você
não pode continuar por aqui, ir embora é uma boa ideia, mas, que tal eu ter
uma refeição com essas garotas? Eu vou mostrar a elas o que é um verdadeiro
Ouro.

Assim disse Abel enquanto os bloqueava. Seus olhos estavam convencidos de


que se ele convidasse as mulheres, elas não iriam recusar. Contudo,
considerando a forma como as palavras de Abel soavam diante dos três
trapaceiros... isso parecia completamente absurdo. Como Barusu sabia sobre
as verdadeiras identidades de Hajime e as garotas, seu rosto estava tremendo.

— Oi, Yaegashi. Cuidar desses garotos bonitos infelizes é o que você faz de
melhor, não é? Eu vou deixar isso com você, a especialista, isto é apenas uma
versão piorada de Amanogawa.

— Quem é a especialista no quê? Em primeiro lugar, o que você está dizendo


sobre o amigo de infância de outra pessoa? Kouki não é… tão decepcionante.
Talvez, com certeza... ele não é tão patético e infeliz.

— … Shizuku, você diz coisas inesperadas algumas vezes. Mas eu concordo.


As três pessoas estavam tendo uma conversa natural enquanto ignoravam
Abel. Ele provavelmente nunca recebeu um tratamento tão ruim desde que ele
se tornou Ouro. As outras mulheres também estavam encarando Yue e
Shizuku com fúria.

Como imaginado, isso se tornou um tumulto, então Hajime estava pensando


em começar uma contagem regressiva antes de atirar em todas as pessoas
que estavam rindo, incluindo o Mestre da Guilda... enquanto o garoto estava
tendo pensamentos tão perigosos, uma voz profunda, que falava as palavras
de uma garota, chamou Hajime e sua companheira.

— Araaaaaaaan, não são Hajime-san e Yue-oneesama[4] logo ali?

Hajime sentiu arrepios com a voz misteriosa e logo assumiu uma postura
defensiva com Donner em mãos. E a pessoa que apareceu quando todos se
viraram na direção da voz foi…

— O qu-que é este monstro!?

— Quem éééé? Quem poderia confundir o rosto de San-chi com um monstro!?

Abel gritou por instinto contra a massa de músculos com olhos arregalados! A
pessoa tinha uma armadura de músculos espessos por todo o seu corpo e
rosto, era o que você veria em uma história em quadrinhos, e essa pessoa
tinha cerca de dois metros de altura. Mesmo assim, ela tinha cabelo vermelho
preso para formar duas marias-chiquinhas presas por um laço bonitinho e o
que a pessoa estava vestindo era a famosa Yukata[5]. Havia muitos babados
na vestimenta. Eles estavam tremulando muito. As pernas grossas estavam
maravilhosamente expostas.

Por um momento, Hajime pensou que esse era o monstro, Christabel, da


Cidade de Brook[6], porém, parecia ser uma pessoa diferente. A menos que
aquele cara tivesse a habilidade de mudança de forma…
— Hiiiii, fi-fique longe! Quem você pensa que eu sou!? Eu sou o Rank Ouro,
Abel da Lâmina Relâmpago! Se você se aproximar mais do que isto, eu vou te
abater aqui mesmo!

— Maa, isso é terrível! Ser chamada de monstro em nosso primeiro encontro e


morta... você é o mesmo Ouro que o gerente, mas você me trata de forma
muito diferente. Mas… seu rosto está dentro das minhas preferências ♡.

Hajime e Yue endureceram ao serem chamados pelo homem-mulher e se


lembraram de Christabel, enquanto isso, Abel acabou ficando encurralado.
Não, ele? Ela? Havia essa questão também, porém, San-chi estava sendo visto
como um inimigo e estava a ponto de ser atacado por Abel.

O homem olhou na direção de Abel com uma expressão impressionada


enquanto gritava por instinto. Ela? Se fosse isso, ela parecia preferir a
aparência de Abel e se aproximou com impaciência. Com seus olhos brilhando
como uma fera enquanto lambia seus lábios.

— Eu disse para não se aproximar! Seu monstro!

Abel, que foi incapaz de resistir ao medo, finalmente sacou sua espada. Era um
ataque de um Aventureiro Rank Ouro. Todos pensavam que isso iria acabar
com a vida do homem-mulher, no entanto, a realidade estava muito além de
suas expectativas.

O homem-mulher, que atravessou a distância em um instante na direção de


Abel, enquanto deixava pós-imagens, segurou a espada do Aventureiro com
uma mão e o agarrou também. Em outras palavras, era um abraço de urso.

Do corpo de Abel, podia se ouvir estalos e ele tentava escapar com desespero.
Contudo, como a contenção era formada por músculos, o Aventureiro não foi
capaz de escapar, enquanto ele lutava desesperadamente, o momento trágico
de Abel começou.

— Nufufu, eu vou punir cuidadosamente a criança má ♡.


— Pare! Nã–mmuuuuguu!?

Abel começou a entrar em convulsão, após algum tempo, o som de uma


espada caindo no chão foi ouvido. Essa cena era quase como a de uma flor
sendo podada.

As mulheres que estavam acompanhando Abel ficaram todas pálidas em um


instante e correram para fora da Guilda a toda velocidade. Depois disso, a
Guilda foi envolvida pelo silêncio; Abel por fim foi libertado e caiu no chão como
se estivesse quebrado. Não importava como você olhasse para a cena, a
vítima era o galanteador.

Entretanto, o que estava ali era com certeza um Aventureiro Rank Ouro. Ele
ainda mantinha parte de sua consciência enquanto encarava o homem-mulher.
… porém, ele logo olhou para longe do homem-mulher e encarou a direção de
Hajime.

— O-oi, você! Você também é um Ouro, não é!? Então me ajude! Aliás, apesar
de você dever ter obtido seu Rank através de meios injustos, eu vou falar bem
de você por aí! Seu papel é me ajudar, o Lâmina Relâmpago! Vai ser sua
honra! Veja, faça algo depressa sobre este monstro! Seu lerdo!

Embora Hajime não entendesse o motivo para sua ajuda ser requisitava
enquanto era verbalmente abusado, seu olhar passou de espanto e se
transformou em pesar por Abel. A propósito, “Se isto é mesmo um Ouro, então
os Aventureiros deste mundo estão condenados!”, Barusu pensou. O Mestre da
Guilda sacudiu sua cabeça como se estivesse negando algo. Devia existir
muitos problemas com Abel sendo um Ouro.

E enquanto Abel estava lançando todos os tipos de insultos insuportáveis,


aquela que avançou não foi o homem-mulher, mas Yue. Assim, o Aventureiro
teve a ideia errada.

— Ahh, você está disposta a me ajudar? Então, esta noite, eu vou reservar um
tempo apenas para vo-…
— … não abra sua boca.

Hajime e Shizuku entenderam que a voz de Yue carregava raiva. Parecia que
ela tinha ficado um pouco irritada com ele abusando verbalmente de seu
amado. Enquanto interrompia as palavras de Abel, um orbe negro rodopiante
apareceu na palma direita de Yue.

— … nasça mais uma vez então volte, seu *** maldito.

— Ehhhh? Espe-!? Pare, ah, ah, aaah... !!!

Neste dia, outra pessoa desapareceu, um homem pereceu e deu seus


primeiros gritos como um homem-mulher.

Com uma expressão satisfeita, Yue, que esmagou o símbolo de um homem,


voltou para o lado de Hajime. Se você olhasse ao redor, todos os Aventureiros
homens cobriam seus testículos com ambas as mãos enquanto se encolhiam e
tremiam. Alguém entre eles até tinha lágrimas em seus olhos. Parecia que
apenas ver a cena era o suficiente para machucá-los.

Então, nesse momento, sussurros começaram a ser ouvidos na Guilda que


estava cercada pelo silêncio.

— O-oi, uma garota loura com olhos vermelhos e um garoto com cabelo branco
e tapa-olho…

— Eh? Não pode ser, é a “Esmagadora de Testículos”!

— Sério... então esses dois são os “Esmagamantes”...

— Eh? Qual o problema com esses dois nomes horripilantes?

— Você não sabe? Eles são Aventureiros que apareceram como um cometa
vários meses atrás. “Uma garota loura com olhos vermelhos como uma rosa.
Não seja enganado pela bela aparência dela, se você se deixar levar, o que o
aguarda é um novo mundo. Ela tem a aparência de uma Deusa, mas ela
também é a filha do Lorde Demônio. A seu lado está o garoto de cabelo branco
e tapa-olho. A encarnação da irracionalidade. Palavras nunca chegam até ele.
Não faça contato visual. Não fale com ele. Não entre no campo de visão dele.
Isto é, se você quiser viver”, isso é o que o menestrel que veio de Brook disse.
Na verdade, até em Fhuren e Horuado, houve muitos homens cujos filhos
foram assassinados e ficaram em um estado incapaz de se recuperarem, tudo
feito por um grupo desconhecido.

— Que história é essa? Que assustador!

Parecia que os nomes de Hajime e Yue circulavam no Reino através de


Menestréis. Os Aventureiros no ambiente olharam para os dois em terror
enquanto tremiam, “Se fizermos contato visual, estaremos acabados!”, eles
pensaram enquanto se distanciavam aos poucos e cobriam suas virilhas.

— Vocês dois... o que exatamente vocês fizeram?

Shizuku olhou para Hajime e Yue com um olhar impressionado. Yue parecia
indiferente, mas as bochechas de Hajime se contraíram ao saber que rumores
envolvendo os nomes dos dois se espalhavam. Então, o homem-mulher de
antes chamou eles.

— Há quanto tempo. Estou feliz em ver que vocês dois não mudaram, au.

— … espere, quem é você? Você é um conhecido de Christabel?

Hajime perguntou enquanto ficava na defensiva contra o homem-mulher que


piscava para eles. O garoto tinha um pequeno trauma da vez em que foi
atacado por Christabel enquanto estava deixando a Cidade de Brook. Mais
uma vez, Shizuku, que também testemunhou a estranha cena, pensou, “Para
onde as interações sociais normais foram?”, suas bochechas se contraíram de
forma involuntária enquanto ela se escondia atrás de Hajime para usar o rapaz
como um escudo.

— Ara, que imprudente eu sou... você não me reconhece, nen? Eu me


confessei para Yue-oneesama e literalmente sofri uma morte honorável como
um homem, porém... você se lembrou?
— … ah. Verdade?

Parecia que Yue tinha uma ideia enquanto olhava o homem-mulher com uma
expressão chocada. O homem-mulher riu contente assim que a garota
conseguiu se lembrar.

De acordo com o que tinha dito mais cedo, ele se confessou para Yue na
Cidade de Brook, mas ele foi rejeitado na mesma hora, as pessoas que
sofreram o esmagamento de testículos eram em sua maioria Aventureiros,
assim como um homem-mulher, ele/ela estudou sob a tutela de Christabel. A
propósito, parecia que o nome dele/dela era Mariabel (nome dado por
Christabel).

— Naquela vez, eu fui realmente tolo, au. Eu sinto muito, certo? Yue-
oneesama…

— … nn, você ficou esplêndido. Uma nova vida deve ser apreciada.

— Ufufu, eu pensei que a Oneesama diria isso, au. Falando sobre isso, nos
últimos tempos, há mais e mais garotos esperando se tornarem aprendizes de
Christabel. Se eu não estou enganado, há um ex-Aventureiro Rank Preto[7] e
alguns mercenários baseados na organização secreta de Horuado[8]... com
isso, o gerente conseguiu expandir suas lojas, nen. Hoje é a inspeção
preliminar.

A espinha de Hajime começou a formigar e sua expressão se distorceu e


tremeu com o medo. Parecia que por culpa de Hajime e seu grupo, havia uma
enorme quantidade de homens-mulheres neste mundo e eles estavam se
multiplicando.

Contudo, Hajime não notou que Mariabel era um homem com altura e porte
medianos. O rápido crescimento nesses poucos meses foi... devido aos
métodos de treinamento de Christabel, que, por si só, pareciam estar em um
nível monstruoso.
Além disso, pelo que Mariabel disse há pouco, Christabel foi um
Aventureiro Rank Ouro. Naturalmente, seus discípulos se tornariam muito
competentes em combate. Estava claro com a luta que Mariabel teve com Abel
mais cedo.

Um inigualável e enorme exército de homens-mulheres... era um pesadelo.

Enquanto Hajime observava Yue e Mariabel conversando de forma amigável,


ele renovou sua determinação para escapar deste mundo o mais cedo
possível.

Shizuku disse com uma voz espantada, — Você colhe o que planta... —,
enquanto ela se posicionava atrás dele. Assim, Hajime, que estava furioso,
empurrou Shizuku na direção de Mariabel.

Depois disto, o encantado Mariabel deu a Shizuku um grande abraço ao ponto


de fazer o rosto da garota ficar pálido, depois de ela se separar do homem-
mulher, a Espadachim discutiu com o Sinergista, nesse momento, rumores
ridicularizando os relacionamentos de Shizuku começaram a se espalhar,
porém... isso vai ser omitido.

Notas

[1] O albinismo (também chamado de acromia, acromasia ou acromatose) é um


distúrbio congênito caracterizado pela ausência completa ou parcial de
pigmento na pele, cabelos e olhos, devido à ausência ou defeito de uma
enzima envolvida na produção de melanina. O albinismo resulta de uma
herança de alelos de gene recessivo e é conhecido por afetar todo o reino
animal. O termo mais comum usado para um organismo afetado por albinismo
é "albino". O albinismo é associado com um número de defeitos de visão, como
fotofobia, nistagmo e astigmatismo. A falta de pigmentação da pele faz com
que o organismo fique mais suscetível a queimaduras solares e câncer de pele.
[2] Yue está se referindo aos eventos do capítulo 94, quando Kaori foi possuída
por um espírito nas Ruínas Submersas Merujiine e, após tudo ser resolvido,
roubou um beijo de Hajime.

[3] Esses eventos aconteceram no capítulo 62, quando Shimizu usou um


exército de monstros para destruir a Cidade de Ur e matar Aiko para cumprir as
ordens que recebeu dos Demônios.

[4] Oneesama significa "irmã mais velha" em japonês. A diferença


entre oneesama e oneesan é que o primeiro transmite mais respeito, e esse
termo é mais usado para indicar que a pessoa vem de uma família mais
tradicional e rigorosa, normalmente mais abastada.

[5] Yukata (浴衣) é uma vestimenta japonesa de verão, é uma forma casual de
quimono usada por homens, mulheres ou crianças, normalmente feita de tecido
de algodão ou tecido sintético. Ela normalmente é amarrada ao corpo através
de um obi (cinto feito de tecido). Geralmente pessoas usando yukatas são
vistas nos festivais japoneses e nos festivais de fogos de artifícios (Hanabi
Taikai) e outros eventos tradicionais de verão. É frequentemente usada após o
banho em hotéis tradicionais (ryokans) e em onsens. A palavra yukata significa
literalmente roupa de banho e originalmente sua intenção era apenas essa,
ganhando espaço nos festivais em tempos mais modernos.

[6] Alterando “Crystabel” para “Christabel”. Essa personagem é o gerente da


loja de roupas que Hajime e seu grupo conheceram na Cidade de Brook no
capítulo 42, antes de partirem para o Grande Calabouço Raisen.

[7] No capítulo 53, Yue e Shia derrotaram um Aventureiro Rank Preto chamado
Leganid.

[8] No capítulo 80, Hajime atacou um grupo de mercenários que tentaram


sequestrar Myuu e suas companheiras em Horuado, após salvar o grupo do
Herói da armadilha de Cattleya no Grande Calabouço Orcus.
Capítulo 109: Conversando sobre os eventos de um
único Dia (Parte 2)

Na Guilda dos Aventureiros, Hajime soube sobre um tipo diferente de ameaça


mundial, contudo, ele tentou ignorar isso o máximo possível enquanto seguia
sua viagem para reparar a grande barreira.

O local para onde Shizuku os guiou era protegido por uma considerável
quantidade de Soldados, os Guardas voltaram olhares perigosos na direção de
Hajime enquanto ele se aproximava. Entretanto, os olhos deles suavizaram
imediatamente quando notaram que Shizuku estava ao lado do garoto.

Graças ao passe de entrada que era o rosto da Espadachim, eles receberam


permissão para entrar e encontraram um espaço que era feito de pedra
parecida com mármore, no centro havia uma formação mágica com um
Artefato cilíndrico preservado no topo. O Artefato teria normalmente cerca de
dois metros de altura, porém, neste momento, ele estava quebrado ao meio e
seus restos estavam espalhados pelo local.

Ao redor do objeto havia alguns homens preocupadíssimos enquanto se


lamentavam, — Un, un. Eles devem ser os artesões que estão tentando
reparar a grande barreira.

— Oya? Se não é Shizuku-dono. O que a traz aqui?

Um homem que estava perto dos 60 anos com um grande bigode e carregava
uma óbvia aura de artífice chamou Shizuku assim que notou a garota. Parecia
que ele era um conhecido dela.

— Olá Worupen-san. Eu sou só uma guia. Eu trouxe um Sinergista que deve


ser capaz de consertar a grande barreira.

— Como é que é? Por acaso seria esse garoto?

O homem que Shizuku chamou de Worupen voltou seu olhar para Hajime e
ficou com claras suspeitas, mas ele não as transmitiu para a Espadachim.
Na verdade, Worupen estava sobre controle direto do Reino Haihiri como o
principal Sinergista. O Artefato da grande barreira era da Era dos Deuses, na
era atual, tentar consertá-lo seria muito difícil, até para o líder dos Sinergista do
Palácio Real. Assim, mesmo que ele subitamente ouvisse que um garoto que
nem tinha 20 anos era capaz de consertar o Artefato, seria natural que o
homem mais velho não fosse capaz de acreditar nisso.

Entretanto, Hajime não estava preocupado com esse tipo de olhar e passou por
Worupen e seu grupo de artesões, indo na direção do Artefato e colocando sua
mão nas ruínas. O que ele ativou foi a Avaliação de Mineral.

— Heeeee, entendi... ele deve ser forte se usar isto.

— Fuuuun, você é apenas uma criança, o que você poderia saber sobre esse
Artefato?

Assim que Hajime assentiu com a cabeça como se entendesse como a grande
barreira era capaz de proteger o Reino por centenas de anos de inimigos
estrangeiros, Worupen bufou com seu nariz com mau humor.

Contudo, o garoto estava indiferente com a atitude de Worupen e prosseguiu


com o uso da Transmutação. Faíscas vermelhas começaram a se espalhar ao
redor de Hajime e, um após o outro, os destroços começaram a se fundir e
voltaram para seus locais originais.

Vendo a velocidade e precisão da transmutação, não apenas Worupen, mas


também seus subordinados, foram incapazes de tirar seus olhos da cena.
Shizuku, que também estava vendo a Transmutação de Hajime com força total
pela primeira vez, parecia estar fascinada com as faíscas vermelhas que
dançavam ao redor do espaço branco enquanto murmurava, — Que lindo...

Hajime, que terminou de reparar o Artefato da Era dos Deuses em questão de


segundos, de repente, começou a colocar Poder Mágico no objeto para ativar a
grande barreira.
O Artefato cilíndrico disparou luz de seu topo e seguiu na direção do céu. Logo
a seguir, um Soldado, que estava vigiando o exterior, se apressou para dentro
da sala e relatou que a terceira barreira foi revivida.

— … como isto pode ser possível... um Artefato da Era dos Deuses foi tão
facilmente...

Shizuku disse ao aturdido Worupen com um sorriso sem graça que Hajime veio
do mesmo mundo que ela. — Faz sentido… — Worupen e os outros disseram
com um rosto convencido.

A propósito, quando ela os disse que a katana negra, que tinha os deixado tão
animados antes foi feita por Hajime, os olhos dos homens brilharam com força
como se eles fossem feras. Hajime os ignorou e continuou a caminhar na
direção dos próximos Artefatos com pressa.

Entretanto, Worupen e os outros, com seus espíritos de artesões em chamas,


sabiam que eles não poderiam apenas deixar um Sinergista tão acima deles
escapar.

— Por favor, espere um momento!! Um aprendiz! Custe o que custar, por favor,
nos aceite como seus aprendizes!!

— Uo! O qu-que há com você tão de repente? Ou melhor, não se agarre nos
meus pés! Você está me assustando!

Worupen estava implorando para se tornar aprendiz de Hajime enquanto se


agarrava aos pés do garoto. Além disso, os subordinados de Worupen
começaram um por um a se agarrarem em Hajime para não o deixarem
escapar. Enquanto se sentia enojado do fundo de seu coração por estar em
contato tão íntimo com esses homens cabeludos, Hajime tentou se livrar deles,
mas os homens se agarram com firmeza, assim era difícil afastá-los.

Como não havia o que fazer, o garoto ativou a Capa do Relâmpago, o que fez
todos gritarem, — Ababababa —, e ele escapou. Mesmo assim, os Sinergistas
rastejaram e esticaram suas mãos, como esperado, até Hajime não poderia
ignora-los e disse sua razão para recusa-los com clareza.

— Escutem bem, eu vou deixar este lugar logo e também não tenho planos de
voltar ao Reino. Ter aprendizes também é algo muito problemático, em primeiro
lugar, mesmo que vocês se tornem meus discípulos, eu não teria nada para
ensinar a vocês.

— Mas você consertou com facilidade o Artefato e até fez a katana negra de
Shizuku-dono. Nós não temos a menor ideia de como criar algo como isso. Se
você estiver disposto a nos ensinar, então…

— Não, isso não é apenas Magia de Transmutação, isso também é Magia da


Criação, uma magia que vocês não são capazes de adquirir.

— Isso não pode ser verdade…

Worupen e os outros encolheram seus ombros com as palavras de Hajime. Na


verdade, o Artefato da grande barreira também foi criado com a Magia Espacial
através da Magia da Criação; a barreira do Reino era um tipo especial que
interceptava o próprio espaço.

Um Sinergista normal nunca seria capaz de consertar esse objeto.


Logicamente, como a Magia Espacial estava incrustada nos minérios, se você
os reparasse constantemente, seria possível consertar o Artefato até certo
ponto, mas nunca se chegaria a perfeição.

Ignorando Worupen e os outros Sinergistas que seguravam suas cabeças


olhando para baixo, quando Hajime tentou mais uma vez seguir na direção do
outro Artefato, os olhos dos homens brilharam de novo.

— Ainda assim, isso não muda o fato de que você tem habilidades excelente
de transmutação! Custe o que custar, nos aceite como seus aprendizeeees!!

— Que persistente!
Que espírito de artífice apavorante. Não seria bom se o garoto não se
comprometesse. No fim, enquanto Hajime estava consertando todos os
Artefatos, Worupen e seus subordinados, que deveriam ser os Sinergistas do
Reino, estavam se agarrando ao garoto e choravam como bebês.

Além disso, isso aconteceu porque eles ouviram os rumores? As pessoas que
se reuniram não era apenas os Sinergistas na cena, assim, Hajime foi cercado
por uma multidão enquanto eles tentavam aprender as técnicas do rapaz.
Hajime, que estava perto do limite de sua paciência, começou a lançar para
longe os artesões, porém, eles se levantavam como zumbis enquanto tentavam
aprender os segredos da Transmutação do garoto e o cercavam mais uma vez.

Como imaginado dos artesões e seus desejos para reconstruir o Reino, Hajime
estava planejando escapar, mas... parecia que eles estavam se comunicando
através da rede de informação dos artífices do Reino, onde quer que ele fosse,
eles apareciam e faziam perguntas infinitas. Parecia que até que aprendessem
tudo, eles não tinham planos de parar de cercá-lo ou partir, como esperado, até
Hajime estava se encolhendo de medo com a situação.

Enquanto era bombardeado com perguntas, o garoto por fim planejou uma fuga
séria e criou o jogo de pega-pega em que todos os artesões no Reino
participaram.

— Droga, o que está acontecendo aqui? Mesmo que eu esteja usando Ocultar
Presença...

— Hahahaaaa, esse tipo de coisa é inútil contra nossa “Intuição dos Artesões”.

— Nós podemos claramente sentir você! O pathos[1] apaixonado de Nagumo-


donoooooo!!

— Haaaaa, haaaaa, a presença das técnicas! Nós podemos ouvir a voz


ofegante das técnicas incríveiiiiiis!!
Os artífices (?) estavam equipados com um tipo diferente de intuição que
superava a de Hajime. Enquanto ficava com o rosto contraído por não querer
ser tocado, ele pensou se deveria ou não sacar Donner e Schlag.

No fim, o drama da fuga e perseguição criaram enorme confusão que fez com
que os artesões desaparecessem dos locais de reconstrução, quando isso
finalmente chegou aos ouvidos de Liliana, a Família Real interveio e recuperou
o controle da situação.

— Yaegashi… você não poderia ter me ajudado? Você é conhecida deles, não
é?

Hajime voltou para o Palácio Real como se estivesse esgotado, assim que
retornou, ele se serviu de chá enquanto encarava e reclamava com Shizuku.

Yue também estava ao lado da Espadachim, quando Hajime voltou, ela


preparou o chá com rapidez. Era exatamente algo que uma esposa faria.
Tendo que olhar para o exército de artesões que se aproximavam com olhos
vermelhos e ofegantes, — Haaaaa, haaaaa —, as duas voltaram para o
Palácio Real mais cedo enquanto faziam vista grossa a situação de Hajime;
Yue era uma amada excelente.

— Não diga coisas tão ridículas. O caso com a katana negra já foi um
alvoroço[2], porém, foi por esse motivo que eu sabia que era impossível detê-
los quando seus espíritos se inflaram...

— Hajime, obrigado pelo bom trabalho.

Shizuku deu uma desculpa enquanto olhava para longe, e Yue bebeu chá
enquanto acariciava a cabeça de Hajime. Quando Hajime abraçou Yue com
força, ele a carregou em seu colo como se ela fosse uma princesa e ele se
sentou do lado oposto a Shizuku.

— … o que é isso eu me pergunto; esses sentimentos ardentes e irritantes.


Mesmo Yue agindo da mesma forma que eu agi...
— Ha? Não há nenhum motivo para Yue e Yaegashi estarem no mesmo nível,
há? Se você está do outro lado, então eu vou ficar zangado, se for Yue, não há
problema algum.

— Un, Yue é sua amada afinal. Eu entendi o que você está dizendo, porém...
neste momento, eu quero tanto te socar.

Contra a óbvia diferença no tratamento, apesar de ela entender que isso era
algo natural, uma veia apareceu na testa de Shizuku assim que ela se zangou.
Era o mesmo conceito de ficar irritado com namorados que estava flertando na
frente dela, mesmo a Espadachim sabendo que os dois eram um casal.

Yue, que estava no joelho do garoto, começou a dizer, — Aaaan—, para


Hajime com os aperitivos que acompanhavam o chá, — Eu estou
atrapalhando? Eu sou apenas um inseto irritante, huh? —, com as bochechas
se contorcendo, Shizuku estava pensando em fugir para o local onde estava
Kaori, no entanto, de repente, a porta do quarto em que eles estavam se abriu
com um Ban!, sem nenhuma batida prévia.

O que foi? O que apareceu na visão de Hajime e das duas garotas era um belo
garoto louro de dez anos de idade com olhos azuis que encarou Hajime. Além
disso, ele não gostou que Yue estava sentada no colo do Sinergista? Depois
de ver Yue por um momento, seus olhos ficaram ainda mais enfurecidos e
pareciam conter o dobro de raiva de antes.

— Foi você!? A escória que alterou Kaori! Al-aliás, mesmo tendo Kaori, esse-
esse tipo de coisa... eu não perdoarei isso, eu definitivamente nunca perdoarei
você!

A pessoa que apareceu e disse essas coisas era o Príncipe deste país, Randell
S. B. Haihiri. Randell apertou seu punho e correu na direção de Hajime
enquanto soltava um grito corajoso, — Uuuuoooooo! — Sua mente estava
tomada pela ideia de espancar Hajime.
Apesar do Sinergista não entender o que estava acontecendo, por ora, ele
decidiu pegar um cubo de açúcar que foi preparado para o chá na mesa e o
lançou na direção do Príncipe. O cubo de açúcar que voou em uma velocidade
impossível atingiu com precisão Randell na testa, — Higuuuuu! —, ele soltou
um grito estranho assim que sua cabeça foi lançada contra o chão.

A dor em sua testa e a parte de trás de sua cabeça o fez rolar no chão com
suas mãos cobrindo sua cabeça. Após se contorcer de dor por um tempo, ele
se levantou e gritou com Hajime enquanto o encarava e disparava mais uma
vez.

Dessa forma, o Sinergista disparou um segundo tiro. Bachin! Foi o som que
surgiu assim que a cabeça de Randell foi lançada para trás. O cubo de açúcar
foi esmagado e se espalhou pelo ar como se dançasse e Randell foi obrigado a
fazer um mortal de costas devido a força e caiu no chão de novo.

— Sua-sua Altezaaaa! Vocêêêê, como você se atreve a fazer isso com Sua
Altezaaaa!

— Nós vamos te espancar e te fatiar!

— Protejam Sua Alteza!

Da porta que Randell escancarou, alguns homens velhos, que pareciam ser
Guardas, apareceram correndo e se lançaram contra Hajime.

Bachikon! Bachikon! Bachikon!

É claro que em um instante, os cubos de açúcar foram precisamente


disparados nas testas de todos esses homens, de certa forma, todos eles se
ajoelharam juntos de forma artística.

Contudo, Randell e os velhotes eram muito persistentes, eles encararam


Hajime enquanto tentavam se levantar. Enquanto pensava que eles tinham
bastante coragem, o Sinergista agarrou todo o recipiente cheio de cubos de
açúcar e disparou todos de uma vez.
Chuchuchuchuchuchuchuin!

Um som impossível surgiu e cubos de açúcar foram lançados como se saíssem


de uma metralhadora nas mãos de Hajime, Randell e os homens estavam se
contorcendo no chão como uma apresentação ruim de marionetes.

Apesar do dano ser mantido no mínimo porque eles eram apenas cubos de
açúcar, isso não mudava o fato de que eles ainda machucavam. Shizuku, que
ficou absorta e de boca aberta, finalmente recuperou sua compostura e
segurou Hajime, a sala já estava tomada por soluços de dor.

Após Hajime parar de disparar os cubos de açúcar por eles terem acabado, ele
encarou Randell, que estava com as pernas abertas de forma estranha e seu
rosto estava enterrado no chão enquanto chorava com dor. Parecia que o
coração dele se quebrou após receber os ataques implacáveis de Hajime.

Os homens velhos ao redor se apressaram na direção do garoto e estavam


dizendo, — Sua Altezaaaa! As feridas são superficiais! —, com o objetivo de
acalmá-lo.

Assim, Liliana apareceu nesse momento.

Shizuku estava repreendendo Hajime que exagerou, Yue, que estava no colo
do Sinergista, estava comendo e mastigando com calma os biscoitos para
chá[3], o rapaz, que estava recebendo um aviso da Espadachim, estava
bebendo seu chá sem se incomodar, e Randell, que estava chorando, tinha os
velhotes tentando o animar.

Quando Liliana os viu, ela entendeu a situação e cobriu seus olhos com uma
mão enquanto olhavam na direção do céu.

— Parece que eu cheguei tarde demais…

— Princesa, huh? Eu não sei sobre o que isso se trata, mas seu irmão de
sangue parece ser emocionalmente instável. Você não poderia retirá-lo daqui
depressa?
Os olhos de Liliana pareciam querer dizer, — De ser sua culpa, não é!? —,
porém, era verdade que isso aconteceu porque Randell perdeu o controle de
repente por culpa de falsas acusações, ela suspirou profundamente e ajudou
seu irmão a se levantar.

A causa para o Príncipe disparar contra Hajime era, com toda certeza, Kaori.

A mudança completa de Kaori (do corpo dela) fez Randell ficar surpreso e ele
perguntou o motivo para ela ficar daquela forma. Pelos resultados, parecia que
o Príncipe entendia que isso aconteceu por causa de “Hajime-kun”, além disso,
devido a expressão de Kaori enquanto falava sobre Hajime ser exatamente a
de uma donzela apaixonada, no fim, ele percebeu quem seu verdadeiro inimigo
era.

E, “Uma pessoa que descartou o corpo original de Kaori não pode ser uma boa
pessoa!”, assim que se convenceu, o Príncipe começou a correr e testemunhou
Hajime abraçando outra mulher enquanto Kaori estava o desejando em seu
coração, o que fez o garoto atingir seu ponto de ebulição.

Randell pretendia desafiar e resgatar a princesa aprisionada do Lorde Demônio


Hajime, porém... o resultado era o que a realidade mostrava.

Longe de dar uma surra, ele nem foi capaz de se aproximar e foi tratado como
um estorvo minúsculo, era patético e humilhante, então lágrimas começaram a
escorrer.

Enquanto era levantado pelos braços de Liliana, Randell subitamente gritou, —


Aneueeee[4]! —, e se agarrou a ela. Olhando para o estado do garoto, mesmo
sendo Hajime, “Eu exagerei?”, ele pensou enquanto coçava sua bochecha.
Shizuku estava o perfurando com um olhar impressionado com a infantilidade
do Sinergista.

Porém, as adversidades de Randell ainda não tinham acabado. Na mesma


hora em que ele enterrou seu rosto no peito de Liliana, Kaori entrou na sala.
— Ah, Sua Alteza Randell, e Lili também... espere, qual o problema com Sua
Alteza!? Você está chorando tanto!

— Ka-Kaori!? Não, isto, isto não, não é como se eu quisesse ser confortado por
minha irmã…

Randell se separou depressa de Liliana e tentou inventar desculpas com


desespero. Na frente da mulher que ele gostava, o Príncipe não poderia
suportar dizer que ele era um garoto que queria ser consolado por sua irmã
mais velha.

Contudo, Kaori entendeu a situação pelas expressões de Shizuku e Liliana,


pelo choro de Randell e a atitude de Hajime, e ela finalmente soltou uma
bomba após muito tempo.

— Céus… foi Hajime-kun, não foi? Quem fez Sua Alteza chorar. Não é bom
intimidar uma criança tão jovem.

— Não, isso aconteceu porque ele tentou me espancar de repente, eu só dei


um leve tapinha nele…

Na verdade, o Príncipe estava muito sério, mas por não ser nem mesmo uma
ameaça para Hajime, Randell ficou em choque. Contudo, a parte mais dolorosa
foi que ela julgou que ele estava apenas sendo intimidado. Segurando seu
peito, ele gemeu, — Gu.

— Dando um tapinha nele... você se segurou adequadamente? Sua Alteza


ainda é uma criança afinal.

Após ser tratado como uma criança pela mulher que ele gostava, Randell, que
foi humilhado por essa declaração, — Haaaau! —, segurou seu peito com
ainda mais força.

— Ahh, eu só disparei alguns cubos de açúcar. Mal deve ter causado algum
dano a ele. Como esperado, até mesmo eu não sairia por aí atirando em
crianças.
— Mas ele estava se agarrando a Lili, não estava… além disso, a testa dele
está ficando vermelha. Mesmo ele tendo um rosto tão fofo… Sua Alteza é um
pouco rápido para assumir as coisas e tende a ficar fora de controle, mas,
no fundo, ele é um bom garoto, assim, se possível, eu gostaria que
você escolhesse melhor seus oponentes…

Ela estava consciente que o Príncipe estava se confortando com Lili, enquanto
era avaliado como fofo mesmo sendo um homem, vendo seus pontos ruins
sendo apontados e sua irmã mais velha concordando sem parar, e, para
completar, sendo tratado como uma criança. Os joelhos de Randell
enfraqueceram de repente e ele caiu no chão de quatro.

— Araaaara. —, Lili estava com um sorriso, mas Shizuku e os homens mais


velhos, — Por favor, pare agora, os pontos de vida de Sua Alteza já estão
chegando a zeroooo! —, pareciam estar erguendo vozes amarguradas em
seus interiores.

Entretanto, Kaori não desistiu. Ela se preocupava com Randell, que


subitamente caiu e o chamou com apreensão.

— Sua Alteza, você está bem? Como imaginado, o local em que você foi
atingido foi muito…

— … não, eu não estou ferido. Ao invés disso... Kaori... o que Kaori pensa
sobre mim?

Randell, que estava coberto de ferimentos, decidiu escutar os sentimentos de


Kaori

— De Sua Alteza? Vamos ver... algumas vezes, eu fico com inveja de Lili. Eu
tambéééém queria um irmão mais novo levado como Sua Alteza.

— Gufuuuu… irmão, irmão mais novo...

A bomba que foi lançada com um sorriso causou danos adicionais em Randell.
Shizuku e os homens estavam pensando, “Por que você colocou sal na ferida
de propósito dessa forma!?”; com um rosto que parecia querer chorar, os olhos
de Randell já não tinham mais forças para resistir.

Entretanto, mesmo que ele fosse pequeno, Randell era um homem, ele não
poderia parar aqui. Nos últimos dias, ele chorou muito com as notícias da morte
de seu pai, foi ajudado a se erguer por sua mãe e irmã mais velha, e tinha
acabado de jurar na frente do túmulo que seria forte. Agora que o Rei deste
país tinha partido, ele precisava liderar, ele não poderia permitir-se parar com
este nível de dor!

— Portanto... aquele tipo de pessoa é bom? O que há de tão bom sobre aquele
cara!?

Randell encarou Hajime, era como se ele estivesse apelando e implicando, —


Abra seus olhos Kaori! Você já deveria saber quem é o melhor!

Hajime segurou com força Yue por trás enquanto o Príncipe o encarava. Do
ponto de vista de Randell, o Sinergista era a pior pessoa para uma mulher se
apaixonar.

Contudo, a resposta de Kaori era óbvia…

— Eh? O qu-que há com Sua Alteza, de repente... moooou, isso é


constrangedor. Mas... fufu, vejamos. Essa pessoa é a pessoa que eu amo. Se
você me perguntar sobre o que eu gosto nele, então, tudo, eu acho… fufu.

E esse foi o golpe final para Randell.

Mais uma vez, o Príncipe olhou para baixo e tremeu enquanto ficava de quatro.
Apesar de Kaori estar preocupada e a ponto de esfregar as costas dele com
sua mão, Randell se levantou de repente e rejeitou a mão de Kaori enquanto
disparava na direção da entrada.

E ele se virou assim que alcançou a porta...

— Eu odeio pessoas como vocêêêêê!!!


Ele gritou e correu. Assim que ele partiu, a coisa brilhante no canto de seus
olhos provavelmente não era apenas imaginação. De longe, —
Uaaaaaaaaaaan!! —, não se sabia se era um choro ou um grito corajoso, mas
isso foi ouvido com clareza. Depois da súbita fuga de Randell, os homens mais
velhos aturdidos gritaram, — Sua Altezaaaa! —, enquanto deixavam a sala
para perseguir o Príncipe.

— … essa é a juventude.

— Hiiiii, pareceu mais com assuntos pessoais... você fez ele chorar.

— Não, bem, é verdade, porém... aquela que deu o golpe final foi Kaori, não
foi?

— Ku, eu não posso negar isso...

Hajime murmurou enquanto o primeiro amor de Randell se dispersava como


pétalas de flor de cerejeira e Shizuku acrescentou uma correção. Kaori estava
se perguntando o que estava acontecendo e estava a ponto de correr atrás do
Príncipe, mas Liliana a impediu.

A Princesa sabia que cedo ou tarde o primeiro amor de seu irmão chegaria ao
fim, ela pretendia confortar seu irmão mais novo ao dormir com ele esta noite.
Randell era a pessoa que logo se tornaria o Rei deste país. Ele deveria ser
capaz de enfrentar um ou dois amores não correspondidos.

Quando Liliana fechou com firmeza a porta que foi deixada aberta, ela
caminhou na direção de Hajime e as outras duas com Kaori. Parecia que, ao
invés de ir atrás de Randell, ela tinha algo para conversar com Hajime e as
garotas. Liliana se sentou ao lado de Shizuku.

Kaori estava... em uma luta corporal contra Yue enquanto tentava se sentar no
joelho oposto de Hajime, o que fez as duas parecerem estarem em uma luta
livre[5].
Se fosse seu corpo original, Kaori não seria capaz de enfrentar Yue porque a
Vampira era capaz de fortalecer seu corpo através da manipulação direta de
magia, enquanto Kaori era do tipo suporte, contudo, graças ao corpo da
Apóstola, a Curandeira era capaz de competir agora... parecia até que era ela
quem estava empurrando a outra garota.

— Kaori… você ficou tão forte…

— Não, Shizuku. Pare de ficar impressionada e detenha elas.

Liliana retorquiu Shizuku que tinha uma expressão um pouco solitária enquanto
fazia sua declaração. Como houve um choque quando Kaori morreu, Shizuku
estava se tornando uma pessoa irresponsável quando se tratava de sua melhor
amiga. Não havia como eles permitirem que a pessoa número um da classe
com mais senso comum se tornasse uma personagem deplorável, assim,
Hajime deu a Kaori um forte peteleco na testa, o que a forçou a se sentar no
assento ao lado dele.

— Uu, é injusto se for apenas Yue…

— … fufu, eu não desistirei do joelho de Hajime.

— Hmmmm, eu gostaria de começar a falar logo, mas…

Liliana falou com timidez. Contudo, ninguém prestou atenção nela.

— Hajime-kun…

— Não me olhe com esses olhos Kaori. Você está sentada do meu lado, isso
não é o suficiente? Eu acho que não há o que fazer. Eu vou te dar minha mão.

— Eh? Sério? Então, eu quero que você acaricie minhas bochechas assim
como você faz com Yue. Ou isso não é bom?

— Se for só isto, então eu não me importo.

— Ehehe, obrigado Hajime-kun.


— Eu vou esperar. Esperar deve ser bom, não é? Sim, eu vou esperar, não
importa quanto tempo… soluça.

Liliana, que perdeu completamente a oportunidade para falar, — Eu, mesmo eu


sendo uma Princesa... é como se eu fosse apenas ar... —, estava com
lágrimas nos olhos. Shizuku interviu por ela não poder mais aguentar a
situação, e, por fim, a barreira cor de rosa entre Hajime e as garotas foi
removida. Um pouco da barreira contava com o poder de Kaori? Ela parecia
ser mais forte do que o normal. Isso era prova de que a perseguição
determinada de Kaori estava superando Hajime…

— Tosse. De volta para o que eu estava dizendo, assim como Nagumo-san


pediu, eu espalhei rumores sobre os verdadeiros ensinamentos da Igreja,
porém... inesperadamente, parece que está indo tudo muito bem. Como
esperado, Aiko-san, a Deusa da Fertilidade, parece ser muito efetiva.

— Entendo. Bom, as pessoas irão acreditar naquilo que querem acreditar, elas
irão aceitar o que mais mexer com seu coração. Eu esperava que eles
acreditassem nisso tudo sem qualquer problema. Tudo o que resta é esperar
para ver os efeitos reais... não há como saber o que irá acontecer a partir de
agora.

— … isso mesmo. Porém, ainda é difícil de aceitar. O que acreditamos durante


tantos anos não era nada além de uma fantasia... deixando de lado meu
posicionamento individual, é inevitável que pânico se espalhe entre o povo.
Como parte da Família Real, a proposta de Nagumo-san foi um presente
divino.

Liliana se curvou e agradeceu Hajime com uma expressão intricada. Shizuku


inclinou seu pescoço para o lado e perguntou, — Que história é essa?

O que Hajime e Liliana estavam discutindo era uma explicação sobre o colapso
do templo central para o povo.
Não seria possível manter isso em segredo para sempre, o Palácio Real
precisava explicar tudo eventualmente. Entretanto, de acordo com a verdade,
Ehito-sama, em que todos acreditavam, só via os humanos como brinquedos e
era um desgraçado que amava guerra, como todos no templo central da Igreja
eram um grupo de fanáticos, eles foram todos explodidos! Se isso fosse dito,
só iria criar pânico.

Assim, Hajime preparou uma proposta para explicar os detalhes e pediu a


Liliana para explicar isso para as pessoas baseado no que ele escreveu.

O conteúdo da proposta era simples. Motivo: um Deus Maligno que desejava


uma guerra fez lavagem cerebral com os membros da Igreja e fez o Reino ser
invadido. Consequência: Aiko, que foi enviado por Deus, estava preocupada
com a situação e lutou por vontade própria. Consequência: os membros da
Igreja arriscaram suas vidas e lutaram junto com os Apóstolos de Deus e, no
fim, morreram como mártires. Consequência: com o objetivo de proteger o
Reino, a espada de luz de Aiko caiu do céu; essa era a proposta.

Não era a verdade, mas também não era uma mentira. Era mais ou menos a
realidade.

Com isso, Aiko, como a Deusa da Fertilidade, iria dizer, “O Deus Maligno pode
ter usado o nome de Ehito-sama, pelo nosso próprio bem, o verdadeiro Deus
em que acreditamos não deve ser algo que acreditamos automaticamente, nós
devemos nos tornar humanos que são capazes de pensar por conta própria e
decidir quando agir em nome de Deus. O que é correto? Vocês devem agir
com base em seu próprio julgamento. É nisso o que nosso verdadeiro Deus
acredita, e aqueles que pertenciam a Igreja e morreram como mártires também
defendiam essa ideia.”, em um tipo de discurso mais tarde como uma
cerimônia memorial.

Em outras palavras, Hajime criou um falso “Ehito Maligno”, que foi confundido
com o verdadeiro “Ehito Bondoso”, o discurso da Deusa da Fertilidade iria ser a
cunha[6] que plantaria a identificação nos corações das pessoas. Mesmo que o
nome de Ehito fosse usado, não seria possível para o povo diferenciar entre o
“Ehito Maligno” e o “Ehito Bondoso”, o que, por sua vez, faria com que as
pessoas pensassem que o que deviam fazer era confiar neles mesmos.

Desta forma, eles foram capazes de suprimir o pânico geral de dizer a verdade:
que tudo em que eles acreditavam desde que nasceram não passava de uma
fantasia; e isso também poderia se tornar uma fonte de resistência contra Deus
no futuro... no entanto, isso era apenas uma possibilidade.

— Entendi agora... Nagumo-kun na verdade está pensando sobre muitas


coisas, huh. A conversa sobre Deus, deixar Ai-chan para contar a história, e
sobre os acontecimentos de hoje…

— Você me confundiu com algum tipo de cérebro de músculo? Bem, eu pensei


nisso na hora, como isso não custou muito tempo ou esforço, eu decidi fazer
isto só desta vez, apesar de termos tido que estabelecer as fundações…

— Fufu, eu nunca pensei que você fosse um cérebro de músculo. Eu estou


dizendo que você é confiável. Só aceite isso como um elogio.

Hajime encolheu seus ombros com as palavras de Shizuku. A Espadachim


encarou esse confiável Sinergista. Por algum motivo, vendo essa conversa,
Yue e Kaori estavam perfurando Shizuku com seus olhos. A garota notou isso
e começou a tremer, — Eh, o quê? O que foi? —, ela perguntou a Yue e Kaori.

— Yue, o que você acha?

— … nn, ainda está tudo bem. Ainda está no nível da amizade.

— Certo. Ainda, huh.

— … nn. Precisamos tomar cuidado.

Yue e Kaori estavam sussurrando entre si enquanto se consultavam sobre


algo. Isso fez com que Shizuku se sentisse extremamente desconfortável. E
Liliana se tornou o ar mais uma vez.
Hajime olhou para as garotas a seu lado com uma expressão impressionada
como se dissesse, “Do que vocês estão falando?”

Notas

[1] Pathos, ou path, é uma palavra grega que significa paixão, excesso,
catástrofe, passagem, passividade, sofrimento, assujeitamento, sentimento e
doença. O conceito filosófico foi criado por Descartes para designar tudo o que
se faz ou acontece de novo.

[2] Shizuku está se referindo ao excesso de animação dos Sinergistas e


Ferreiros quando ela mostrou sua katana negra no capítulo 82.

[3] Um teacake (literalmente "biscoito de chá" em inglês), na Inglaterra, é um


tipo de pão doce que contém fruta seca, tipicamente servido torrado e com
manteiga. Nos Estados Unidos, teacakes podem ser biscoitos ou pequenos
bolos. Na Suécia, eles são pães redondos finos feitos com leite e um pouco de
açúcar, e são usados para fazer sanduíches, com manteiga, e, por exemplo,
com presunto e/ou queijo. Na Índia e na Austrália, um teacake é mais parecido
com um pão de ló. Como o nome indica, esse prato é servido como
acompanhamento para o chá.

[4] Aneue significa "irmã mais velha" em japonês. É um termo formal e arcaico.

[5] Luta profissional (conhecida também como professional wrestling ou


simplesmente, pro wrestling, do original em inglês, ou ainda "luta livre" ou "luta
livre profissional" em português) é uma forma de luta que contém uma mescla
entre as artes cênicas e o catch wrestling. É reconhecido mundialmente como
Entretenimento Esportivo, já que grande parte dos combates (também
conhecidos por matches) não envolvem competição real, pois contam com
resultado pré-determinado pela equipe criativa de uma promoção, contendo
movimentos coreográficos e ensaiados. A origem é dada em carnavais norte-
americanos do século XIX, como demonstrações de atletismo e força. A luta
profissional moderna normalmente usa técnicas de ataque direto e grappling,
que foram modeladas combinando diversos tipos de artes marciais ao redor do
mundo.

[6] Cunha é uma ferramenta de metal ou madeira dura, em forma de prisma


agudo em um dos lados, e que se insere no vértice de um corte para melhor
fender algum material (como madeira ou pedras), bem como para calçar,
nivelar, ajustar uma peça qualquer.
Capítulo 110: Conversando sobre os eventos de um
único Dia (Parte 3)

Anoitecer.
O céu vermelho estava se espalhando, sombras de pessoas cresciam finas
enquanto se esticavam, a sombra de uma pessoa estava parada na frente de
um enorme monumento de pedra feito das rochas da cordilheira ao noroeste do
Palácio Real.

— Eu sinto muito…

Sim, a sombra da pessoa murmurando era Aiko.

O monumento gigantesco na frente dela era uma homenagem para os fiéis que
morreram na batalha (uma torre que simbolizava o louvor pelas almas que
foram perdidas em nome da lealdade ao Reino). Era um monumento para as
pessoas mortas em ação e as vítimas que cumpriram seus deveres de lealdade
pelo Reino, seus nomes estavam gravados ali sem nenhuma exceção. Mesmo
agora, havia muitas oferendas de flores e lembranças deixadas pelas pessoas
na frente do monumento para aqueles que morreram.

Neste momento, apesar de não ser confirmado quantos nomes foram gravados
na pedra, o nome de Meld também seria adicionado ali.

Aiko gentilmente colocou armas entre as lembranças deixadas para trás. Eram
a espada ocidental e lança danificadas. Eram os Artefatos dos estudantes de
Aiko que morreram... Daisuke Hiyama e Reiichi Kondo.

Aiko expressou sua confissão enquanto estava sozinha, “Com o que eu deveria
estar em conflito? Que eu não fui capaz de levar Hiyama e os outros para o
Japão, ou porque um de meus estudantes causou a morte de muitas pessoas,
ou tudo, incluindo o que eu fiz…”

Enquanto Aiko olhava para baixo com uma atmosfera deprimida, ela
permaneceu de pé como se estivesse resistindo a algo, Za zaa, passos
ressoaram. O som ecoando com violência parecia querer informar aos outros
de sua própria existência enquanto se aproximava. Normalmente, ele não faria
tamanho barulho.

Aiko estava assustada e ergueu seu rosto na direção do som.


— Nagumo-kun…

— Que coincidência Sensei.

Quem estava fazendo aquele barulho mais cedo era Hajime. Seus olhos
estavam iluminados pelo brilho do Sol poente laranja e encaravam Aiko. Ele
tinha flores nas mãos. Era simples entender que ele estava ali para oferecer as
flores como tributos. A professora mostrou uma expressão um pouco
espantada com as ações do rapaz.

Hajime notou a expressão de Aiko e imaginou que ela devia estar se


perguntando o que ele estava planejando fazer, com um sorriso sem graça, o
garoto colocou as flores no suporte para homenagens.

— Até eu sinto um pouco do luto pelos mortos Sensei.

— Eh? Ah, não, quer dizer, eu particularmente não…

De repente, Hajime falou com Aiko com uma voz inesperadamente infeliz, o
que fez a professora ficar abalada e tentar disfarçar ao balançar suas mãos
para frente e para trás com pressa. Assim, o Sinergista encolheu seus ombros
como se isso fosse uma piada e ficou de pé em silêncio ao lado da mulher.

Enquanto Aiko encarava com frequência Hajime, parecia que o garoto estava
olhando para o alto, para o enorme monumento de pedra e não se importava
com a professora, ele também não parecia dar qualquer sinal de que queria
falar. Por algum motivo, silêncio caiu na área e Aiko decidiu começar uma
conversa com relutância.

— Hmmm, essas flores são... isso é... para Hiyama-kun e os outros?

— Sem chances de isso acontecer. Elas são para Meld.

Hajime ergueu uma sobrancelha e respondeu com franqueza o palpite errado.

— Para Meld-san…
— Ahh, apesar de não termos muito contato, eu não odeio pessoas com a
natureza dele. Ao contrário de sua posição, ele se preocupava muito, falhava
bastante e sempre estava tentando o melhor para se aprimorar... embora eu só
esteja oferecendo flores, é mais como se eu estivesse dizendo “que
lamentável” para essas pessoas.

— Nagumo-kun… você tem razão, huh…

Com as palavras de Hajime, a expressão de Aiko se tornou gentil. Mesmo que


Hajime matasse impiedosamente seus inimigos, ele ainda tinha sentimentos
adequados para lamentar a morte de uma pessoa, assim, a mulher ficou feliz
ao saber disso. Suas bochechas naturalmente relaxaram ao ver que ele
reservou um tempo para aparecer e levar uma oferenda.

Na verdade, Yue e as garotas estavam tomando banho, ele fugiu quando as


mulheres o encararam como animais carnívoros que queriam agarra-lo e levá-
lo para o banheiro com elas, como ainda havia tempo, ele ficou livre, quando,
por acaso, o garoto encarou as flores à mostra em um vaso, ele pensou, “Que
tal aproveitar esse tempo oferecendo flores?”, e ele puxou algumas flores do
vaso, porém... apesar de seus sentimentos de arrependimento por Meld serem
reais, ele não poderia dizer a verdade.

Hajime estava se aproveitando das circunstâncias do ambiente e franziu o


cenho com Aiko, que estava ficando com uma cara estranha.

— Você não vai me culpar…

— Eh?

Com as repentinas palavras de Hajime, Aiko inclinou seu pescoço.

— Essa história com Hiyama. As circunstâncias foram diferentes do caso de


Shimizu. Parece que ele foi devorado por um monstro no fim, porém, eu fui o
responsável pela morte dele. Eu matei outro dos amados estudantes
da Sensei. Kondo também, apesar de ele já estar morto, aquele que destruiu o
que restava de seu corpo fui eu. Eu pensei que a Sensei iria me bater uma ou
duas vezes com raiva.

—…

O sorriso de Aiko se apagou e ela olhou para baixo mais uma vez. Hajime
estava em silêncio. Ele não estava a pressionando por uma resposta. Quanto
tempo se passou em silêncio? Em pouco tempo, Aiko começou a expressar
seus sentimentos em palavras.

— ... para ser sincera, eu não posso te dar uma resposta clara. Eu não acredito
que poderíamos perdoar o fato que Hiyama-kun matou Shirasaki-san, mas, se
possível, eu preferiria que ele vivesse para pagar por seus pecados. Foi
chocante saber que Kondo-kun se tornou aquilo. No entanto, eu posso
entender o porquê de Nagumo-kun estar enfurecido e mostrar sua força. Uma
pessoa importante foi morta diante de seus olhos... com isso, embora seja
contrário ao que eu considero ideal, você não poderia fazer nada além de
extravasar sua raiva neles. Além disso, eu não tenho as qualificações para
julgar Nagumo-kun.

Aiko cruzou seus braços e os esfregou. Era como se seu corpo estivesse
ficando frio e ela estivesse tentando mantê-lo quente.

— Você está falando sobre o que fez com o templo central?

—…

Um silêncio de confirmação. Temporariamente, apesar do equilíbrio da mente


de Aiko se quebrar, Hajime e Tio a fizeram voltar ao normal com a Magia de
Regeneração, no entanto, parecia que a mente da professora estava se
desgastando com o senso de culpa e seu senso ético. Se você olhasse
atentamente sob os olhos da mulher, notaria que ela tinha círculos escuros que
foram cobertos com maquiagem, era evidente que a professora não foi capaz
de dormir nos últimos dias. Era possível que ela estivesse sofrendo com
pesadelos.
Silêncio surgiu mais uma vez. Hajime não disse nada e ficou parado. Ela foi
incapaz de aguentar esse clima? Aiko perguntou a Hajime enquanto lhe faltava
ímpeto.

— … não é... doloroso para você, Nagumo-kun?

— Matar pessoas? Eu não penso nisso como algo doloroso... eu acho que
essa parte dentro de mim provavelmente se quebrou quando eu caí no abismo.
É por esse motivo que eu não posso simpatizar com você.

—…

Com as palavras de Hajime, o rosto de Aiko se distorceu em amargura. Algo


importante no garoto se quebrou e, em um único golpe, o estado mental da
professora se intensificou ainda mais.

— … ninguém... me culpa.

— Eh?

Aiko soltou sua voz, como se ela não pudesse mais aguentar.

— Ninguém me culpa. Os olhos das crianças de nossa sala não me olham de


forma diferente, quanto aos cidadãos do Reino, eles me olham com louvor.

Isso era um fato. Todos os colegas de classe tinham uma forte impressão de
Hajime, que era horripilante demais em suas batalhas, eles não pensavam
muito sobre a assistência de Aiko no homicídio em massa, ao invés disso, eles
tinham a impressão que a professora lutou por si mesma e assumiu a parte
mais pesada do combate pelo bem deles; os aristocratas do Reino e os oficiais
governamentais estavam agradecidos pelo problema da lavagem cerebral estar
resolvido.

— Apesar de falar de tudo isso para David-san e os outros Cavaleiros, mesmo


eles pedindo um pouco de tempo para pensar e partirem ao invés de me
culparem imediatamente. Mesmo eu os roubando de suas coisas importantes.
Sangue escorria do lábio que ela mordia. Aiko devia queria ser culpada por
isso. O ato de matar uma pessoa... é pesado. Contanto que a pessoa não
fosse maníaca ou podre, normalmente, sua mente ficaria ferida com as lâminas
chamadas culpa e moral. Assim, para essas pessoas, assumir a culpa e aceitar
a punição era, de certa forma, um tipo de salvação.

A própria Aiko inconscientemente buscava isso. Contudo, isso não foi dado a
ela.

Embora Hajime concordasse que ela desempenhou um papel na derrocada da


Igreja, ele acreditava que mesmo sem Aiko, Tio conseguiria encontrar uma
forma para exterminá-los, o garoto pensou que suportar o fardo sozinha seria
demais, assim, como se ele estivesse preocupado, o rapaz coçou suas
bochechas enquanto abriu sua boca.

— Mesmo que você diga isso Sensei. A causa direta foi o Sopro de Tio,
a Sensei apenas ajudou um pouco. Eu não acho que você deva assumir a
culpa como se tudo fosse sua responsabilidade…

— Esse tipo de coisa não importa! Eu com certeza... entendia a possibilidade


de eles serem mortos, mas eu ainda ajudei Tio-san. Isso não é diferente de
matá-los diretamente!

De forma inesperada, Aiko fez uma forte objeção. A própria professora se


sentia envergonhada por ter erguido a voz enquanto tremia se sentindo
culpada. Olhando para Aiko de relance, após um momento de silêncio, Hajime
perguntou com calma.

— … você se arrepende disso?

— … não, naquele momento, eu estava determinada com Tio-san... como eu


não podia ignorar o que a Igreja estava fazendo... para ajudar você... se eu não
fizesse nada, então os estudantes com certeza teriam experiências terríveis...
foi por isso que…
Enquanto Aiko estava se contendo com uma voz aflita, ela respondeu que “Não
tinha arrependimentos”.

Naquele momento, quando ela olhou para Ishtar e seus homens que
encurralaram Hajime, não apenas pelo Sinergista, mas também pelo bem de
seus alunos, para que eles não tivessem que lutar, a determinação da
professora de sujar suas mãos era real. Mesmo agora isso ainda estava
inabalável. Contudo, ela estava sofrendo enquanto carregava as pessoas que
matou em suas costas, isso não era algo que a razão poderia resolver.

Hajime suspirou de forma que Aiko não notasse enquanto encarava o lado da
professora, que parecia estar sofrendo. “Por que uma professora como Aiko
revela sentimentos tão pesados para um estudante como eu. Mesmo eu vindo
até aqui para passar um pouco de tempo…”, ele se lamentou em sua mente.

E, de repente, ele se lembrou dos sentimentos de Aiko que Yue e Shizuku


apontaram mais cedo e se preocupou que esse fosse o motivo. Parecia que
Hajime estava deixando a categoria de estudante a pleno vapor.

Os olhos do garoto estavam vagando pelo local. Ele estava buscando algo para
falar.

— Sobre a Sensei, você continuará sendo uma Sensei daqui para frente?

— Eh?

Com a abrupta pergunta de Hajime, a expressão de Aiko ficou vazia sem


querer. E ela se lembrou que o mesmo lhe foi perguntado antes. Naquela
oportunidade, ela responderia com confiança, — Naturalmente!

—…

Agora ela foi incapaz de responder na mesma hora. Isso aconteceu porque ela
se perguntou se deveria se declarar como professora após matar tantas
pessoas. Aiko estava apertando seus dentes com força e sua expressão se
distorceu. Ele entendia que a mulher estava com um extremo conflito
rodopiando dentro de sua mente.

Como ele esperava, em nome de Aiko, que não poderia responder, Hajime
começou a falar.

— Se a Sensei falar que ela continuará sendo nossa Sensei daqui para frente...
você escutará meu egoísmo como um estudante?.

— Egoísmo… como assim?

Aiko, que estava com uma compleição ruim e parecia a ponto de desabar a
qualquer momento, mostrou uma expressão perplexa com as palavras que
saíram da boca de Hajime.

— Isso, meu egoísmo.

Hajime removeu seu olhar do monumento enquanto assentia com a cabeça e


encarava Aiko. Assim que ela foi encarava pelo garoto, em algum lugar dentro
dela, calor começou a surgir e como se fosse atraída por isso, Aiko também
devolveu o olhar.

Depois que Hajime confirmou que ele estava sendo refletido nos olhos da
professora, ele disse suas palavras lentamente. Assim como Hajime disse
antes, essas foram palavras egoístas.

— Sensei… eu quero que a Sensei sinta a culpa por isso. Eu quero que você
arque com esse peso. Justamente lutando, arcando com isso, sofrendo e se
lamentando. Ser humano é um pouco deslumbrante. Afinal, eu já não sou
capaz de sentir nada... você será um bom exemplo para que eu não esqueça
minha “humanidade”. Por isso, continue suportando isso a partir de agora. Eu
vou observar a Sensei sendo um ser humano. Se eu fizer isso, após voltarmos
ao Japão, eu vou ser capaz de viver com mais humanidade.

— Nagumo-kun…
Os olhos de Aiko se arregalaram com as palavras de seu aluno. Ela nunca teria
pensado nem em seus sonhos que ele não a culparia nem tentaria a animar, e
sim a diria para continuar sofrendo de agora em diante. Porém, esse egoísmo,
em certo sentido, fez a professora de lembrar do choque que surgiu com o
assassinato como se isso formasse nuvens nefastas dentro do coração de
Aiko.

Os resultados de sua determinação e ações foram sérios. Além disso, isso


também era doloroso. Ela queria fugir e quase se quebrou. Sua personalidade
natural aumentava essa dor porque a professora era determinada e decidida.

No entanto, quando ela olhou para si mesma, havia pessoas dispostas a ajudá-
la. As coisas importantes que foram perdidas, havia uma pessoa que não podia
sentir, apenas lembrar delas.

Aiko pensou.

“... ahh, que egoísmo. Que egoísmo impiedosamente gentil”.

Uma lágrima transparente percorreu as bochechas de Aiko. Tudo o que ela


suportou até agora com o objetivo de não chorar ruiu com facilidade.

Enquanto a professora derramava lágrimas, Hajime desviou seu olhar e virou


suas costas como se estivesse com problemas para transmitir suas últimas
palavras.

— Maa, momentos em que tudo é tão doloroso que parece que você vai se
partir, com certeza... como não há ninguém aqui... como realmenteeee não há
ninguém aqui, não será constrangedor... eu te emprestar minhas costas.

— … de verdade... pessoas como você são…

“Eu vou fingir que não percebi que Aiko estava chorando”, era o que Hajime
parecia dizer enquanto mostrava suas costas, a professora se aproximou
sorrindo e chorando e enterrou seu rosto nas costas do garoto.
— Então, eu vou usá-las só um pouco. Nagumo-kun.

— Tudo bem Sensei.

As bochechas de Aiko relaxaram por causa da resposta casual de Hajime e ela


confiou seu corpo a ele. Enquanto derramava lágrimas como se todas elas
estivessem guardadas dentro de si, a mulher mais uma vez jurou. Em outras
palavras, ela continuaria a ser uma professora. E continuaria a arcar com seus
pecados. Se um estudante egoísta estivesse a observando... ela sentia que
seria capaz de dar o seu melhor.

A sombra de duas pessoas se expandiu na direção do Leste. Assim que a noite


caiu, o som de soluços ressoou por um tempo.

Depois disso, Hajime voltou para o Palácio Real junto de Aiko depois que ela
terminou de chorar, porém, enquanto corava aleatoriamente e olhava para
baixo com vergonha, a professora estava caminhando ao lado do aluno, para
ser sincero, isto poderia ser o motivo... não é preciso dizer que o rapaz estava
suando frio.

E, com toda certeza, Yue e as outras notaram e é fácil imaginar o que


aconteceu quando ele foi levado para o quatro delas. Sobre este caso, Shia e
as garotas se juntaram, em especial o olhar silencioso e sem expressão de Yue
foi o mais penoso.

Deve se notar que eles coincidentemente se encontraram com David e os


outros Cavaleiros Templários enquanto voltavam para o Palácio Real, porém...
parecia que, no fim, o amor deles por Aiko venceu.

Em primeiro lugar, a razão para eles acompanharem Aiko como Guardas foi
devido a vários sensos de valores, mas, depois de serem forçados a se
afastarem da mulher quando voltaram para o Reino e foram forçados a
descerem a montanha sem conseguirem confirmar a segurança dela, o que
eles fizeram foi começar a duvidar das pessoas da Igreja. Apesar de eles
ficarem consideravelmente chocados quando a verdade da Igreja e de Deus
ser revelada, como imaginado, eles ainda não podiam chegar a uma conclusão
em que poderiam odiar Aiko.

Embora eles tivessem um sentimento de completo desespero ao redor deles...a


partir de agora, enquanto acreditavam na Deusa da Fertilidade, eles decidiram
reviver e servir para proteger o Reino como Cavaleiros. Pensando sobre isso
de novo, parecia que eles carregavam um estranho sentimento sublime de
amor pela professora, mas... com certeza, eles também tinham muitas coisas
para pensar.

— Já chega disso, céus! Ok!

— Hajime-kun… por favor, seja um pouco mais cauteloso.

— Fufufu, como esperado do Mestre, para dar o golpe final após nos
distrairmos só por um momento…

Na sala de jantar do Palácio Real, enquanto jantavam, as vozes de Shia e as


outras garotas ressoaram como se acusassem alguém. Hajime, que estava
sendo acusado, estava apenas aproveitando a refeição diante dele como se
isso fosse o problema de outra pessoa.

Apesar de Yue, sentada ao lado dele não dizer nada, os olhos da garota o
observavam como se ela estivesse vendo uma pessoa problemática. Quando
elas escutaram sobres as circunstâncias, “Bom, acho que não havia o que
fazer”, foi o que elas pensaram; claramente, os sentimentos de Aiko por Hajime
eram complexos devido ao fato de ele ser estudante dela.

Além disso, após escutarem a postura de Hajime “negligenciando” o tratamento


da professora, elas cultivaram sentimentos de simpatia por Aiko.

— … Hajime. Parece que Aiko será capaz de suportar isso?


Como elas ouviram o conteúdo da conversa de Hajime, Yue estava um pouco
preocupada e perguntou. Para negar isso, o garoto parou de comer e pareceu
pensar por um tempo.

— Nn, isso não está bom? No pior caso possível, se isso parecer perigoso de
mais, eu criarei um Artefato para estabilizar a mente dela usando Magia
Espiritual. Bem, mesmo se não nos preocuparmos com isso, com o tempo,
aquela pessoa vai ser capaz de digerir tudo.

— … entendo, isso é bom.

Assim que os olhos de Yue relaxaram, Hajime também sorriu.

— Como esperado de… Yue-san. Com apenas um passo, ela ficou dois a
nossa frente.

— Esta é... a diferença entre ela e eu? Ku, eu não vou perder! Eu não vou
perder!

— Umu, isso deve ser considerado algo natural... é uma técnica que tocou o
coração do mestre como se fosse completamente normal... se esta tem que
dizer algo, que habilidade divina. Permita que esta a elogie.

— … elogio aceito com má vontade.

Shia olhava a Vampira com uma expressão aterrorizada, Kaori a olhou


humilhada, e Tio estava sentindo admiração. A expressão de Yue ficou
amargurada depois do elogio inesperado. Hajime sorriu sem graça enquanto
esfregava os cabelos da garota.

Entre Hajime e suas companheiras, enquanto o sentimento de se dar bem


estava aumentando, um grupo inesperado apareceu na sala de jantar. Era
Kouki e seu grupo assim como os outros colegas de classe. Parecia que todos,
incluindo Aiko, estavam presentes.
Quando Hajime olhou para eles por um momento, ele franziu um pouco o
cenho. Com antecedência, o garoto ouviu sobre os horários em que os outros
iriam comer, ele pensou que seria capaz de comer confortavelmente com suas
companheiras, porém... parecia que seu plano fracassou.

“Que seja, não há motivos para se incomodar com isso”, Hajime renovou seus
pensamentos enquanto continuava a se concentrar em sua refeição. Yue e as
garotas também não se incomodaram.

Porém, não parecia que seus colegas pensavam o mesmo, alguns deles
acharam a situação bastante interessante, alguns se sentiram um pouco
desconfortáveis, e outros não sabiam o que fazer e ficaram agitados. Apesar
de eles frequentemente encararem a cena, eles se lembraram da declaração
anterior de Hajime de que ele não os via como companheiros e muito menos se
interessava por eles, assim, os alunos hesitavam em falar com o rapaz. A
propósito, Aiko estava encarando o Sinergista por um motivo diferente.

— Ahhhh, Shizuku-chan! Aqui!

— Kaori. Posso sentar ao seu lado?

— É claro!

Kaori estava mostrando um sorriso amigável com o rosto frio de Nointo,


Shizuku também relaxou sua expressão enquanto se sentava ao lado da
amiga.

No início, ainda era difícil para os colegas aceitarem o fato de que Kaori mudou
seu corpo, porém, a atmosfera da imagem e o sorriso dela os permitiu
relaxarem. Mesmo que o corpo dela mudasse, o clima pacífico de Kaori
permitiu que os corações de seus colegas se acalmasse. Ou melhor, quando
comparado com o momento em que Hajime perdeu sua calma, isso foi só um
pouco desgastante, havia muitos estudantes que estavam felizes com o retorno
da aluna.
Quando Shizuku se sentou, Kouki sentou ao lado dela, e Aiko se sentou no
lado oposto, enquanto Suzu se sentou ao lado da professora. Aiko estava bem
ao lado de Yue. Os outros colegas prosseguiram ocupando os assentos
restantes. Suzu olhou para Yue enquanto se sentava, — Me desculpe... por
sentar ao lado da Oneesama! —, ela disse com uma expressão, por algum
motivo, tensa. Yue disse, — … por que Oneesama? —, enquanto inclinava sua
cabeça.

Quando Kouki e os outros tomaram seus assentos, as excelentes camareiras


do Palácio Real começaram a se mover e prepararam a mesa. Era o mesmo
menu de Hajime e seu grupo.

Então, nesse momento, sobre a cabeça de Yue, os olhares de Hajime e Aiko


se encontraram. Ao mesmo tempo, as bochechas da professora coraram e ela
desviou seus olhos com vergonha. Ainda assim, ela continuava olhando para
Hajime com frequência, e sussurrou com bastante descrição.

— H-hmmm, Nagumo-kun… é que, aquela coisa de antes… aquilo, se


possível…

Ter que conversar sobre Yue fez Aiko ficar um pouco desconfortável, muito
provavelmente, como uma adulta e, como uma professora, era vergonhoso
conversar com Hajime dessa maneira, então a mulher ficou em silêncio.

Hajime imaginou que Yue decidiu não se importar com isso, e ele a agradeceu
enquanto olhava para Aiko.

De repente, o corpo dela tremeu e as orelhas da professora começaram a ficar


vermelhas. Havia uma sensação de ser tarde demais agora que seus olhos se
encontraram, Shizuku e as outras prestaram atenção na figura de Aiko
enquanto a professora encarava seu aluno. Felizmente, esse era um ponto
cego para os outros estudantes, dessa forma, eles não foram descobertos,
porém, os estudantes que faziam parte do grupo da vanguarda estavam mais
perto e viram isso, ficando com bastante suspeita.
— Sobre o que Sensei? Aconteceu alguma coisa?

— Fuee?

Naturalmente, Hajime decidiu fingir que não sabia de nada. Aiko encolheu com
essa atitude, mas ela imaginou que ele estava querendo manter isso em
segredo, e com um sorriso sem graça, — Não, não é nada. —, ela respondeu.
Apesar de ela estar pensando que era covarde por fazer Hajime cuidar disso, a
professora ficou feliz e sorriu pelo garoto ser atencioso.

Quando elas viram o estado de Aiko, cada vez mais o grupo feminino começou
a virar seus olhos para Hajime. Apenas Yue estava o confortando ao acariciar
seu ombro, — Ahnn. — Como esperado da verdadeira heroína. Ela era
claramente diferente das heroínas mais recentes e violentas de hoje em dia.

Hajime estava absorto em pensamentos profundos, “Como esperado, Yue é a


melhor mulher! Eu não sei quantas vezes eu já ‘me apaixonei por ela’”, Shia,
que estava sentada no lado oposto dele, começou a puxar a manga de sua
camisa.

— Hajime-san. Ahhhhn.

Parecia que ao invés de ficar irritada por suas rivais no amor terem aumentado,
ela julgou que agora era o momento em que deveria mostrar seu encanto.
Enquanto corava e olhava para cima, ela graciosamente apresentou um garfo.
Nesse ponto, ela não se esqueceu de também aproximar suas orelhas de
coelho de Hajime. Ela foi muito astuta.

Hajime não hesitou, já que eles estavam repetindo isso há algum tempo, e
consumiu tudo em uma mordida. Enquanto o rapaz mastigava, as orelhas de
coelho de Shia balançavam como se ela estivesse feliz, sua cauda de coelho
também estava se agitando.

Quando tal espetáculo foi exibido, Kaori e Tio não poderiam se permitir ficarem
para trás. Ambas entraram em pânico e empurraram seus garfos em suas
comidas.
— Ha-Hajime-kun, eu também, ahhhhn!

— Mestre. Por favor, coma o prato desta sem demora. Ahhhhnja.

— … só desta vez.

Não importava quantos, — Ahhhhn —, fossem feitos, se o menu fosse o


mesmo, ele logo ficaria enjoado. Por esse motivo, ele deu um aviso, as duas
fizeram, — Ahhhhn —, enquanto respondiam Hajime. Com isso, o garoto
consumiu a porção das duas com uma mordida em cada. Kaori e Tio tinham
expressões suaves e calorosas.

— O que há com este clima... é muito desconfortável…

As bochechas de Shizuku se apertaram enquanto uma barreira rosa cercava


Hajime. Kouki e Ryutaro, que estavam perto da Espadachim e Suzu, também
se sentiram desconfortáveis. Apenas Aiko pensou por um momento se também
deveria fazer isso, então ela se repreendeu por ter essa ideia enquanto todas
as demais já tinham acabado.

As outras alunas tinham um ar estranho a seu redor enquanto o ar doce se


dispersava, elas encararam Hajime e as garotas e começaram a gritar, —
Kyyyya, kyyyya—, e causar uma confusão. Os olhos que observavam Hajime e
pareciam conter um leve medo foram convertidos para uma história de amor
quase na mesma hora. Desde aquele dia em que ele caiu no inferno, quem
imaginaria que “ele” se tornaria o dono deste tipo de harém... os olhos das
garotas brilhavam com curiosidade enquanto observavam Hajime.

Por outro lado, os garotos que tinham o mesmo medo das garotas,
transformaram isso em admiração enquanto prestavam atenção.

Contudo, também havia olhares de ciúme e inveja que queimavam com força e
apareciam aqui e ali. Afinal, Hajime estava cercado por lindas mulheres e não
seria exagero chamá-las de beldades “inigualáveis”. Muitos olhos encararam
Shia em especial. Como imaginado, mesmo que eles não tivessem
passatempos mais nerds, uma garota com orelhas de coelho atingia com força
o coração de um homem. Além disso a atual Shia tinha um sorriso adorável por
estar ao lado de Hajime, ocasionalmente, suas orelhas de coelho se moviam e
carregavam poderes extremamente destrutivos.

Porém, não importava o quanto eles fossem consumidos pelo ciúme e a inveja,
eles conseguiriam descobrir o segredo para se viver feliz com beldades de um
mundo diferente se eles o perguntassem? Mas eles não poderiam fazer isso.
No passado, eles chamavam Hajime de “incompetente”, assim, os estudantes
ficaram em silêncio, a força esmagadora do Sinergista e a atmosfera única que
ele agora carregava eram o suficiente para fazer os outros perderam a
coragem.

Hajime estava ignorando os olhares de seus colegas de classe, contudo, por


algum motivo, Kaori, que olhava para ele com o canto de seus olhos, estava
corando enquanto segurava seu garfo…

A Curandeira girou seus olhos pelo ambiente e parecia ter chegado a alguma
conclusão, ela usou seu garfo para comer o resto de seu prato se sentindo
culpada. E ela corou mais uma vez.

Era o instinto da puberdade! Hajime estava tentado a fazer uma objeção,


entretanto, antes que pudesse fazer isso, uma declaração severa de Yue
surgiu. Ao mesmo tempo que Kaori notou isso, a Vampira estava a observando
e seus olhos se encontraram, assim, essas palavras surgiram.

— … pervertida.

— !!! Iss-isso está errado! O que você está dizendo!? Eu-eu só estou comendo
como de costume!

— … é o que você diz, mas você está aproveitando o sabor de Hajime com
muito cuidado.

— Nã-não estou! Al-além disso, se você vai dizer esse tipo de coisa, então Tio
é a verdadeira pervertida aqui! Olhe, ela está até lambendo o garfo!
— Slurp, slurp, slurp, nn?

Kaori refutou Yue com um rosto vermelho brilhante e apontou para Tio. Tio,
que estava lambendo e provando um garfo comum, ficou com uma expressão
vazia.

“Isso mesmo, há algum problema com isso?”, era o que sua expressão dizia, a
mulher estava segurando o garfo em sua boca como se nada estivesse errado.
Ela claramente estava apreciando algo diferente. Ela estava ocupada com
outro tipo de pensamento. Ela era uma M muito pervertida, mas parecia que a
mulher tinha evoluído para algo ainda pior.

— Tio, pare com isso imediatamente. Ou eu vou te fazer voar.

Hajime a avisou enquanto sua têmpora se contraía.

— Muu, eu acho que não há o que fazer. O Mestre ainda não beijou esta. Se
esta não se satisfazer em momentos como esses, ela ficará frustrada.

O rosto de Hajime se contraiu ainda mais por ele acabar sendo criticado no fim.
Assim, ao mesmo tempo, Tio de repente se lembrou de algo e seus olhos
começaram a brilhar.

— É verdade! Mestre! Esta ainda não recebeu sua recompensa! Esta deseja a
recompensa prometida!

— Ah? “Recompensa”?

Com as palavras de Tio, por um momento, Hajime pensou, “Do que você está
falando?”, enquanto franzia o cenho, então o garoto se lembrou e estalou sua
língua. As pessoas que não sabiam do que eles estavam falando inclinaram
suas cabeças, como uma representante, Shia perguntou.

— O que vocês querem dizer... por recompensa?

— Umu, no templo central onde a Sensei-dono foi confiada a esta, esta


recebeu a promessa de uma recompensa se mantivesse a professora segura
até o fim. Nufufufu… Mestre. Você não está pensando em voltar atrás em sua
promessa, está?

Ambas Shia e Kaori disseram, — Que astuta! —, e fizeram uma comoção, Tio
exigiu que a promessa fosse mantida enquanto ria calorosamente. De uma
forma ou de outra, a atenção de todos estava reunida, Hajime tinha um olhar
desagradável enquanto se virava para a mulher.

— E? Qual é o seu desejo? Embora eu já tenha dito, eu só farei o que estiver


“dentro do meu alcance”, tudo bem?

Implicando que, da mesma forma que aconteceu com a recompensa de Shia,


pedidos como, “Me possua”, não seriam permitidos. Tio também parecia ter
imaginado as intenções dele e acenou com a cabeça de forma exagerada
dizendo que entendia isso. E enquanto corava e se remexia, ela fez sua
demanda.

— Fique tranquilo, esta não pedirá nada excessivo. É só queeee, da mesma


forma de quando nos conhecemos... esta quer que você brinque com o traseiro
desta.

Com ambas as mãos em suas bochechas, — Kyyyya! Eu disse! —, Tio parecia


estar implicando isso. Como esse ato já tinha sido feito antes, não seria algo
insensato, não é? E desconsiderando por completo a anormalidade de seu
pedido, ela fez uma demanda irracional. Como esperado de uma pervertida.

Com certeza, todas as pessoas, sem ser Yue e o resto do grupo de Hajime,
ficaram muito chocadas com essas declarações.

Os olhos dos outros estudantes de viraram para Hajime, eram os mesmos


olhos que você mostraria para um criminoso.

— Rejeitado, seu Dragão desprezível. Não saia dizendo frases que podem
causar mal-entendidos!
Para Hajime, que rejeitou o pedido depressa, Tio mostrou uma expressão que
indicava que ela estava chocada e protestou com intensidade.

— Por-por quê!? Essa não deveria ser uma demanda injustificada! Exatamente
como daquela vez, esta só queria que você enfiasse seu bastão grosso, duro e
negro no traseiro desta! Da mesma forma que você fez quando ficou girando e
puxando enquanto ignorava as súplicas desta! Esta quer que você
incessantemente atormente o traseiro desta!

— Eu já te falei! Pare de dizer frases que podem causar mal-entendidos!

Os olhares direcionados a Hajime pareciam dizer que eles estavam vendo um


demônio.

— … mas isso não é um completo mal-entendido, é?

Yue e as outras reagiram a Aiko, que parecia estar com uma expressão um
pouco irritada quando falou com Hajime com espinhos em sua voz.

— … com certeza, você não falou nenhuma mentira.

— Na verdade, aquilo estava preso...

— Un, Nagumo-kun foi completamente impiedoso.

As dúvidas dos colegas mudaram para convicção depois que ouviram Aiko e
seus guarda-costas, entre eles Sonobe, expressarem seus pensamentos.

— … Hajime-san, como imaginado, chamar isso de mal-entendido é um


pouco…

— … Hajime. Hajime foi o culpado pela transformação de Tio em uma


pervertida. Não há como negar.

Sem aviso, Shia e Yue traíram o garoto.

— Na-Nagumo-kun… pessoas como você… o que você fez com Tio-san…


— Hajime-kun… que invej-… quero dizer, você tem que assumir a
responsabilidade.

Os olhares direcionados a Hajime eram os mesmos de pessoas olhando para


um Lorde Demônio.

Hajime lentamente se levantou sem dizer uma palavra e esticou sua mão
direita para cima. Na frente de todos que estavam se perguntando o que ele
estava fazendo, o Sinergista puxou a estaca negra do Bate-Bunker de dentro
da Caixa do Tesouro. Por algum motivo, a estaca já estava soltando faíscas
vermelhas assim que ele a puxou.

Suor frio escorreu pela bochecha de Tio.

— OK, Tio. Vamos entregar sua recompensa. Eh? Você quer isso enfiado no
seu traseiro, não quer? Alegre-se, ela está muito mais grossa e dura do que
antes, essa é uma peça excelente da qual eu posso me gabar. Você nem terá
tempo para ofegar, você morrerá em um instante.

Tio percebeu, — Isto é ruim, esta se empolgou demais.

O Bate-Bunker sendo usado em Tio foi resultado de uma luta; enquanto era
observado por olhos que implicavam que ele era um pervertido, Hajime
simplesmente ficou enfurecido. A propósito, se você olhasse para isso de forma
objetiva, a situação com certeza não era um mal-entendido quando explicada.

— Es-espere um pouco Mestre. O que esta disse antes era apenas um


exemplo, esta não falou que você teria que usar isso de novo! Como esperado,
se algo como isso for usado, esta acabará morrendo! Esta irá se desculpar,
portanto, guarde isso!

— Não se contenha Tio. Você quer isto, não quer? O que, você quer
desperdiçar meu precioso tempo para ir até um quarto? Eu vou te penetrar aqui
mesmo.
— Hiiii, os olhos do Mestre estão sérioooos! Yue, Shia, Kaoriiii, parem o Mestre
logo! Ajudem estaaaa!

Enquanto Hajime se aproximava acompanhado de faíscas e estalos, Tio ficou


com olhos marejados e pediu pela ajuda de Yue e as outras. Como era de se
esperar, ela não queria a punição de morrer em um único golpe. Porém, suas
bochechas coraram um pouco e sua respiração estava irregular; parecia que
sua atuação era real.

Hajime olhou para Tio, que estava se agarrando em Kaori e se escondendo


atrás da Curandeira, e com seus sentimentos de irritação apagados, ele bufou
com seu nariz, a estaca foi devolvida para a Caixa do Tesouro e o garoto voltou
a seu assento. Entretanto, os colegas de classe não revisaram suas avaliações
sobre ele ser um Lorde Demônio. Mais tarde, dois tipos de nomes se
espalharam no Reino sobre o “Rei Demônio de Cabelo Branco e Tapa-Olho”,
mas… se Hajime tivesse conhecimento sobre isso, ele ficaria fora de controle.

— Haa, então? A recompensa em si não é algo importante, mas você não tem
um pedido mais decente?

O garoto suspirou enquanto voltava para seu lugar, era um suspiro de alívio por
várias coisas. A cena onde o traseiro de uma linda e jovem mulher estava a
ponto de ser violado diante dos olhos de todos estava muito acima da
capacidade de estudantes do ensino médio.

— U-umu. Então, vejamos, que tal o direito de deitar na cama com o Mestre?
Entenda, são sempre Yue e Shia que se deitam ao lado do Mestre, não é? Esta
nunca dormiu ao seu lado. Portanto, esta noite, esta que dormir ao lado do
Mestre, que tal isto?

— Algo como isso é simples. Ou melhor, apenas diga isso desde o início.

— A paixão desta explodiu, isso não é algo que esta controla com tanta
facilidade. Aceite isso!
Tio, que estava envergonhada e agitada, ficou com uma expressão de
surpresa, quando ela olhou para Shia que estava a seu lado, a garota disse, —
Não há o que fazer, huh. —, e encolheu seus ombros. Parecia que, esta noite,
Hajime dormiria entre Yue e Tio. Porém, na cama, o rapaz seria pressionado
por algo diferente…

As alunas estavam fazendo uma comoção mais uma vez enquanto gritavam, —
Kyyyya, kyyyya! —, e os alunos começaram a proferir algum tipo de maldição.

Além disso, Aiko, — Dormir com múltiplas mulheres é imoral! —, começou a


dar um sermão de professora (na realidade, ela provavelmente só estava com
muito ressentimento pessoal), por outro lado, com a relação de Shia e Yue
exposta, a professora estava se opondo a isso agora. A Vampira se inclinou em
Hajime e mostrou sua língua e liberou sua aura fascinante após terminar sua
refeição. Com isso, os estudantes ficaram ainda mais animados e alguns
garotos foram incapazes de se levantar por um tempo... e o salão de jantar foi
preenchido pelo caos.

Enquanto ignorava o alvoroço das garotas, Hajime decidiu se lembrar do que


aconteceu no dia.

Eles caíram em queda livre da Montanha de Deus e apareceram com Kaori,


cujo corpo foi substituído; eles seguiram para a Guilda dos Aventureiros e
criaram um homem-mulher Rank Ouro; brincaram de pega-pega com os
artesões do Reino, o que resultou em grande confusão; permitiram que a
Família Real recuperasse o controle da situação; ele espancou o futuro Rei e o
garoto também perdeu seu primeiro amor.

Com o objetivo de esperar o tempo passar, por acaso, ele se encontrou com
Aiko e a professora revelou suas sérias preocupações, e enquanto jantava
esperando relaxar, as cosas terminaram em confusão. Esses foram os eventos
que aconteceram com Hajime em um único dia no Reino. Devia ser destino do
garoto ser um turbilhão de confusão e distúrbios.
No dia seguinte, Hajime e seu grupo levariam Liliana e os outros estudantes
para fora do Reino. O grupo do Sinergista não tinha intenção de entrar na
capital do Império… com toda certeza, “sem dúvidas”, isso não seria possível.

Como era de se esperar, o que realmente residia na direção do Leste... Hajime


teve uma premonição que novas perturbações aconteceriam, enquanto sentia a
suavidade e o calor de Yue, que estava abraçada a seu braço, “Maa, tanto faz”,
ele encolheu seus ombros.
Fim do volume 4
Tradução e revisão; cheshire-cat

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