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Matéria elaborada com base em vários trabalhos, com destaque para os apresentados na bibliografia,
abaixo.
aparecem dois sons numa mesma celula e coluna (casos particulares das oclusivas e das
fricativas), o da esquerda classifica-se como não vozeado (surdo) e o da direita, como vozeado
(sonoro); as nasais, apesar de serem oclusivas, constituem uma classe à parte, pela sua própria
natureza de nasalidade.
Sistema consonântico do Português
As vogais são produzidas com a livre passagem do fluxo de ar expirado, quase sem obstáculo,
pelo tracto vocálico, uma vez que os articuladores se mantêm suficientemente afastados. A
posição em que se encontram a língua e os lábios determinará, portanto, a diferença entre os
diversos sons vocálicos. Por exemplo, da posição da língua, conforme se eleva mais ou menos,
e do grau de abertura dos lábios, na pronúncia desta ou daquela vogal, dependerão as
características físicas e articulatórias dos sons vocálicos produzidos.
Assim, quatro critérios básicos têm sido apresentados para a caracterização física das vogais,
nomeadamente: i. a região de articulação, que tem a ver com a zona da cavidade bucal onde a
língua toca para modificar o fluxo de ar, obtendo-se as vogais: anteriores ou palatais: [i, е, ε];
posteriores ou velares:[ɔ, ο, u] centrais: [а, ɐ] ii. o grau de abertura (timbre2), podendo ser
fechadas: [i, ɨ, u]; médias:[е, ɐ, ο] e abertas: [ε, а, ɔ]; iii. o papel das cavidades bucal e nasal,
que tem a ver com a posição do véu palatino durante a passagem da corrente expiratória: orais:
[i, е, ε, ɨ, a, ɐ,ɔ, ο, u] e nasais: [ĩ, ẽ, ɐ̃, õ, ũ ]; iv. intensidade, de base mais acústica do que
articulatória, tem a ver com a qualidade física da vogal, dependendo da força expiratória, a
amplitude da vibração das cordas vocálicas. Daqui resultam as vogais tónicas (acentuadas),
aquelas sobre as quais recai o acento tónico, formando as sílabas pronunciadas com maior
intensidade, e as átonas (não acentuadas), sem acento tónico. A posição do acento (de
intensidade) na palavra será determinante na classificação das vogais como sendo tónicas ou
átonas. É assim que surge, por exemplo, a vogal [ɨ], fechada e central, que só ocorre no PE.
As vogais do português podem ainda ser classificadas de acordo com dois parâmetros: a
projecção dos lábios e o movimento de recuo ou avanço da raiz da língua. Quanto ao primeiro
parâmetro, as vogais podem apresentar os seguintes traços: i. arredondado [u, o, ɔ]; e iii. [i, e,
ɨ, ε, ɐ, a]; e em relação ao segundo parâmetro, as vogais podem ser: i. recuado [ɨ, u, ɐ, a, u, o,
ɔ]; e ii. não recuado [i, e, ε].
O quadro seguinte procura sintetizar o essencial desta descrição, com destaque para os critérios
de grau de abertura (vertical) e ponto de articulação (horizontal):
Sistema vocálico do português (vogais orais)
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Timbre é a “qualidade acústica que resulta de uma composição do tom fundamental com os harmónicos”
(Cunha e Cintra, 1999 [1984]: 35). Esta característica está relacionada com a maior ou menor elevação da
língua no momento da articulação. Em Mateus at al 2003, considera-se que, em função da altura da elevação
da língua, as vogais podem ser: baixas ([ε, a, ō]), médias ([e, α, o] ), altas ([i, ə, u]).
Sistema vocálico do português (vogais nasais)
[i] – vogal anterior/palatal fechada e oral [não arredondado e não recuado]: vida
[е] – vogal anterior/palatal média e oral [não arredondado e não recuado]: belo
[ε] – vogal anterior/palatal aberta e oral [não arredondado e não recuado]: pé
[ɨ] – vogal central fechada e oral [não arredondado e recuado]: pedinte
[a] – vogal central aberta e oral [não arredondado e recuado]: pá
[ɐ] – vogal central média e oral [não arredondado e recuado]: cada
[ɔ] – vogal posterior/velar aberta e oral [arredondado e recuado]: pó
[ο] – vogal posterior/velar média e oral [arredondado e recuado]: bolo
[u] – vogal posterior/velar fechada e oral [arredondado e recuado]: fumo
[ĩ] – vogal anterior/palatal fechada e nasal [não arredondado e não recuado]: sim
[ẽ] – vogal anterior/palatal média e nasal [não arredondado e não recuado]: lenço
[ɐ̃] – vogal central média e nasal [não arredondado e recuado]: lã
[õ] – vogal posterior/velar média e nasal [arredondado e recuado]: ponto
[ũ ] – vogal posterior/velar fechada e nasal [arredondado e recuado]: fundo
As semivogais têm as características articulatórias das vogais, mas uma duração menor, não
podendo constituir núcleo de sílaba, ocorrendo sempre junto de uma vogal com a qual formam
ditongos4. Som “que está a meio caminho físico entre a produção de uma vogal e a de uma
consoante” (Barbosa, 1994: 56). Distinguem-se também das vogais por não serem acentuadas
nem poderem constituir o núcleo da sílaba, ao contrário daquelas. Em português só existem
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Glide, designação adoptada do termo inglês glide, que significa “som de transição”. Uns atribuem o
género masculino ao vocábulo “o glide” (cf. Andrade, 1992), outros é feminino, “a glide” (cf. Mateus,
1982).
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Os ditongos podem ser crescentes (falso ditongo = G + V: diário [diárju]). Neste caso, as semi-vogais
podem chamar-se também semi-consoantes (cf. Mateus 1982); ou decrescentes (verdadeiros ditongos = V
+ G: cai [kaj]). Para mais detalhes sobre a descrição dos ditongos em português, ver Cunha e Cintra (1984;
e edições seguintes), no capítulo sobre a descrição dos sons.
duas semivogais/glides orais e duas nasais, tendo as mesmas características que as suas vogais
correspondentes:
Semivogais/glides do português
Orais j w
Nasais ȷ̃ w᷉
Exemplos:
ACTIVIDADES
I. Nos exercícios A e B, ligue os sons, à esquerda, aos seus traços correspeondentes, à direita,
(segue o exemplo da descrição de [ʒ]):
Som A. Modo de articulação B. Modo de articulação
[m] fricativa velar
[v] oclusiva uvular
[l] nasal palatal
[k] fricativa labiodental
[R] oclusiva bilabial
[t] lateral dental
[ʒ] vibrante alveolar
II. Primeiro, represente foneticamente os sons sublinhados nas palavras seguintes e, depois,
classifique-os de acordo com os critérios fonético-artiulatórios tradicionais:
a) palhaço; b) ondulante; d) virtuoso; e) montar
III. Represente foneticamente todos os sons das seguintes:
a) covid; b) pandemia; c) cobaia; d) virulência; e) vinheta
BIBLIOGRAFIA
Andrade, E. (1992). Temas de Fonologia. Lisboa: Edições Colibri.
Cunha, C. e Cintra, L. (1984). Nova gramática do Português contemporâneo. Lisboa: Editora Sá da Costa.
Duarte, I. (2000). Língua Portuguesa. Instrumento de análise. Lisboa: Universidade Aberta.
Faria, I. H. (1996). Introdução à Linguística geral e portuguesa. Lisboa: Caminho.
Mateus, M. H. M. (1975). Aspectos da Fonologia Portuguesa. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos.
Mateus, M. H. M. (1982). Fonética, Fonologia e Morfologia do Português. Lisboa: Unoversidade Aberta.
Mateus, M. H. M. (2003). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho.
Morais, J. B. (1994). Introdução ao estudo da Morfologia e Fonologia do Português. Coimbra: Almedina.