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ESCOLA DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
Turno: Noturno
Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito
Manaus – 2021
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Sumário
3- A Concepção Normativa..........................................................................................................21
Bem, pode ser que na nossa realidade nem um de nós desse uma
declaração dessas. Mas, enfim. Concordam comigo que, do ponto de vista do
direito tributário, se você paga seus impostos orgulhoso e feliz ou se você paga
seus impostos frustrado e triste, concordam que isso não faz muita diferença
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nossos, por exemplo, certas expressões podem ser aceitáveis. Ou seja, a regra
de trato social, ela pode ter sim uma mudança considerada aceitável conforme
o ambiente em que se esteja. Enquanto a moral, não. A moral, a verdadeira
moral, não admite essas variações. As regras de trato social admitem. Há
situações em que, dependendo do ambiente em que estejamos, nós temos que
comer rigorosamente com talheres, enquanto em outras situações, em outro
ambiente, é válido que nós comemos com a mão. Pois bem, há ambientes em
que nós temos que comer usando talheres. Há ambientes que nós podemos
comer com as mãos. E é natural que nós ensinemos a nossos filhos, com o
passar do tempo, a comer com talheres. Isto é uma regra social, mas ao
mesmo tempo nós sabemos que haverá certos ambientes onde não há
problema em você comer com a mão. Repetindo: a regra de trato social admite
uma variação conforme os ambientes. A moral, a princípio, não admite. Espera-
se que a moral seja uma coisa que você siga em ambientes diversos.
2- Os Fundamentos do Direito
os seres humanos, durante uma fase de sua vida, enquanto ainda mais novos,
estejam sob a autoridade dos mais velhos. Isso é um direito natural ontológico.
Esse direito natural é ligado à natureza humana no sentido de biológico da
palavra, ele é um direito natural ontológico. Ele é dado pela essência. Não há
como você ter uma outra alternativa. Não há como você fazer uma lei, é
impossível você fazer uma lei dizendo “fica proibido se alimentar”. Não tem
como. Não há como você fazer uma lei dizendo: “fica proibida a reprodução”.
Ok, tem leis restritivas. A China tinha a política do filho único que se flexibilizou
há algum tempo, mas veja, não proibia a reprodução, ela restringia. Então o
direito natural ligado aos imperativos biológicos da própria natureza humana,
ele é ontológico. É aquela essência. Não há como mudar.
os Estatutos das Crianças, correto? Falei que resultam em grande parte pelo
fato de que quando crianças não temos aptidão à autossustentabilidade, então
precisamos está sobre a autoridade de alguém para nos sustentar, mas além
disso, há outra coisa seus pais têm o dever de te prover. Então, imagina você
criança está naquela rotina de não querer comer, aí depois que esgotou todos
os recursos táticos dos pais, por exemplo, fizeram aviãozinho, porém não deu
certo. Então, os pais se posicionam em fazer a criança se alimentar, aí entra a
questão da correção, pegar o chinelo, para mostrar autoridade. Estou dizendo
que além da questão da necessidade do mais novo está sob autoridade do
mais velho, a diferença de forças delimita hierarquias, certo?
Isso, historicamente, vai ser muito bom, ora esse é o motivo pelo qual
em regra as sociedades tiveram origens patriarcal, a diferenças de forças entre
os sexos feminino e masculino, isso está interligado ao imperativo biológico,
uma diferença de forças. Contudo, o racionalismo deontológico, que também
se proclama como direito natural, dirá: “Isso não é correto!”. Nesse caso, a
diferença de forças como critério gerador de hierarquia não deve ser aceita,
pois viola o entendimento de direito natural racionalista, a doutrina da igualdade
entre os sexos é produto do racionalismo jurídico, com início no final do século
XVIII. Então, percebam os dois que o direito natural resultante dos imperativos
biológicos de natureza ontológica explode uma direção, mas o direito natural
racionalista e deontológico pode apontar em outra direção. Mas podem me
questionar, “Mas Daniel até hoje as crianças continuam na autoridade de
adultos, mesmo em países democráticos, certo? e mulheres sob autoridade de
homens em países considerados não democráticos”. Então, “como fica isso? “,
é preciso lembrar do seguinte: Tecnologia. Ela é um fator fundamento na
emancipação de direitos, não por coincidências, mas movimentos feministas e
revoluções industriais se espalham. Na revolução industrial, a introdução da
máquina ocasiona a baixa necessidade de força física e dá prevalência ao
elemento cognitivo, chamado pelos teóricos da escola de Chicago como Teoria
Econômica do Capital Humano. O elemento cerebral, portanto, terá uma
prevalência.
que se tornem autossuficientes. Nesse caso, se surgir tal evento, não tenha
dúvidas, as regras de autoridade dos mais velhos sobre os mais novos seriam,
sistematicamente, deixadas de lado.
Se o positivismo diz “O que vale é a Lei!”, mas se essa lei for injusta?
Bem, o Professor afirma que esse seria um problema a ser enfrentado com o
advento das três formas de totalitarismo: Comunismo, Fascismo e Nazismo, ou
seja, o que fazer quando a lei é opressiva? Esse foi o motivo pelo qual, após a
Segunda Guerra Mundial, o jusnaturalismo volta a ser um ator importante do
palco jurídico, como se fosse um conselheiro importante para questionar as leis
do Estado. Então, o Jusnaturalismo volta ao cenário do debate jurídico após a
Segunda Guerra Mundial com bastante força.
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porque não necessariamente a sua concepção de justo vai ser igual a minha, e
se nossas concepções de justiça colidirem? Vocês viram o que eu fotografei?
Eu mandei no grupo, os representantes mandaram para vocês? O texto do
Kelsen? Kelsen deixa muito claramente a opinião dele sobre direito e moral, ele
diz: Olha, eu não quero saber disso, eu estou aqui para estudar direito, a
moral? Deixa isso para lá. E, é claro que essa é uma situação de ironias da
vida, o Kelsen, austríaco de nascimento, mas nos anos 30, ele era professor na
Alemanha, então muito bem, o que que aconteceu, vieram as leis, e o Kelsen
perdeu o posto dele de professor, porque o Kelsen era de uma família judia, e
ai ele foi embora, ele foi primeiro para a Suíça, se eu não me engano, ou ele foi
pra Inglaterra e depois foi para os Estados Unidos, acho que foi isso, ele se
estabeleceu nos Estados Unidos e ficou lá até a morte, Kelsen faleceu em
1973 nos Estados Unidos, ai é uma ironia terrível, o sujeito que mais defendeu
a pureza do direito, a desvinculação do direito à moral foi vítima de uma das
leis mais imorais do seu tempo, tendo que pegar gato, cachorro, família,
esposa, bagagem e dar no pé, mas, enfim, a questão dos jusnaturalismo, o
próprio Kelsen escreveu um texto chamado – A indução da justiça, no sentido
da justiça não ser um critério plenamente objetivo, pois cada um de nós tem
sua noção de justiça, mas se você for prestar atenção, em essência, as noções
gerais de justiça até são semelhantes, quando você diz que se deve captar a
cada um o que é o direito, que você não deve oprimir a outra pessoa, em regra
se concorda, quando nós tratamos dessas regras a situações práticas, às
vezes, surgirão as discordâncias.
3 - A Concepção Normativista:
[DOCENTE]: O normativismo é uma corrente do positivismo, todavia,
na concepção do professor Paulo Nader, ele trata principalmente do Hans
Kelsen e sua Teoria Pura do Direito, aqui é uma questão de tradução em que
muitos entendem que o correto é Doutrina Pura do Direito ou ciência pura do
direito, porque Kelsen defendia que o direito deve ser analisado por critérios
exclusivamente técnicos - ah, professor, essa norma é moral ou imoral? Olha,
você pode discutir isso no âmbito da sociologia, filosofia, mas não no âmbito do
direito, notem bem, para não se equivocar, não é que Hans Kelsen dissesse
que a moral não tem importância, ele dizia que a moral não tinha importância
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para a ciência do direito, era uma delimitação de objeto, então, vamos pensar
em uma coisa bem simples, uma casa é construída e, alguém tem uma ideia de
pintá-la de uma maneira horrorosa, uma combinação de vermelho carmim,
amarelo fosforescente, rosa choque e verde limão, bem, uma combinação de
péssimo gosto, ai você chega no engenheiro e pergunta o que ele acha da
casa, ai ele olha e responde que a casa está bem construída, alicerces firmes,
sólidos, não vai cair e é uma boa casa, ai questiona-se se a casa não está
horrível, ai o profissional responde que pode até obter uma opinião sobre a cor,
mas no ponto de vista de engenheiro, não cabe dizer se a cor da casa está
bonita ou feia, isso deve-se perguntar do decorador, arquiteto, paisagista, eles
sim podem tratar do assunto, o engenheiro deve apenas olhar a qualidade da
construção, então, quando o Kelsen dizia que a análise do direito deve ser
desvinculada da moral, não é que a moral não tenha importância, mas sim, que
esse assunto não é para ser tratado no direito, e, sim em outras áreas, então,
como coloca o professor Paulo Nader, na Teoria Pura, o direito estava sendo
atacado por diversas vertentes do conhecimento, onde cada um queria se
apropriar do direito, eu vou pegar aqui, fazer uma leitura rápida [leitura trecho
da obra], -após leitura- é claro pode-se fazer a pergunta, o direito em si não
tem um componente moral? , de acordo com Kelsen, o direito como
ordenamento jurídico, ok, ele pode ter um comportamento moral, mas o direito
enquanto ciência, esse não pode ter um comportamento moral, a moralidade
no máximo será objeto de análise, não será método de análise, fazendo uma
comparação, um psicólogo tem que traçar o perfil de um sociopata, um
assassino serial, evidente que esta pessoa tem um comportamento
moralmente repugnante e criminoso, mas a psicologia vai tratar de analisar a
mente dele por critérios técnicos, tentar entender a mente do criminoso, porque
certos mecanismos de inibição não se aplicam a ele, porque ele não
desenvolve a empatia que faz com que naturalmente nós possamos ter pena
de outras pessoas e não as machuquemos.
[DOCENTE]: Bom, lembrando que a necessidade por sua vez não está
ligada nem ao mérito nem a capacidade, a ideia que você dá um prato de
comida para um sujeito que está com fome, mas vamos supor que aquele
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sujeito fez tudo na vida pra estar naquela situação e ele literalmente merece
estar nessa situação, vamos supor que aquele sujeito seguiu um caminho, em
que ele seguiu um caminho do alcoolismo, os atos que portanto que levaram
àquela situação e responsabilidade dele, muito bem, você pode falar, esse cara
não demonstrou méritos, não demonstrou capacidade, mas ele está precisando
de um prato de comida, e mesmo que seja responsabilidade dele estar nessa
situação, ainda sim o critério da justiça conforme a necessidade exige que seja
dado um prato de comida a esse homem.
mas ele falou que foi injusto em que sentido? A regra do jogo foi seguida, o juiz
não trapaceou, foi tudo bonitinho, mas ele falou que foi injusto no sentido
substancial. Olha, na essência, houve uma injustiça, porque nós sabemos que
aquele time que perdeu tinha muito mais capacidade, mas o jogador se
machucou, essa é uma discussão importante, mas do outro lado, não há o que
fazer, o que você vai fazer nesse caso aí? Você vai desfazer o jogo? O jogo
não valeu porque o jogador se machucou? Não, nesse ponto a gente tem que
tomar muito cuidado, quando se quer alterar as regras do jogo de uma maneira
bruta de uma maneira inesperada, para corrigir certas injustiça do destino, você
corre o risco de gerar uma injustiça muito maior, aquele time que era mais
capacitado poderia ter ganho, ok, mas o melhor jogador se machucou, tem
certas coisa que não haverá muito o que fazer, você vai ter que lidar com os
azares do destino, e muito mais perigoso você em cima da hora você alterar as
regras do jogo, então fiquem atentos, a justiça convencional podem dar
resultados que não seriam as melhores, mas lembrem as regras do jogo, é
muito complicado você mudar as regras, ainda mais que a bola já rolou.
fazendo isso, ele está cumprindo a justiça comutativa, mas esse pai depois
pensa “Meu Deus do céu! Estou dando uma pensão muito grande e poderia
diminuir isso, não sei onde estava com a cabeça quando aceitei isso” Então
cara, isso foi o que você acordou, certo? Então a princípio cabe você a cumprir,
a justiça comutativa significa em essência que cabe a nós a cumprir nossos
compromissos, existe uma justiça geral, isso é um conceito de Tomás de
Aquino, que consiste na justiça perante aos membros da sociedade como um
todo, voltados para o bem comum, essa justiça geral impõe que todos temos
que pagar impostos, por que? Para manutenção dos serviços da sociedade é
necessário que haja um financiamento, e porque a justiça social, um amparo
aos mais pobres, isso é uma justiça social, leis podem ser injustas? Podem, e
aí quando uma lei é injusta por vários critérios, a lei pode ser injusta quando ela
viola a lei natural ou quando prejudica a sociedade, e vem a pergunta: As leis
injustas são válidas? São pessoas valiosas no sentido que as leis mesmo
injustas devem ser obedecidas, tem suas variantes? Tem. Então o que você
está dizendo professor? Essa injustiça ela é válida, ela tem que ser obedecida,
mesmo ela sendo injusta temos que obedecê-la, a menos que você queira
arcar com a consequência da desobediência civil, quando pegamos aqui o
professor Miguel Reale, tratando aqui de justiça e injustiça cap.37, ele aborda a
teoria da justiça e é bem resumida a abordagem dele e não acrescenta muita
coisa que o professor Paulo Nader já mencionou, todavia, o que é importante
visar aqui?
[DISCENTE]: Entendi!
coisa que se deve tomar cuidado, se você tem criança ou animais você tem
que olhar ao redor do carro todo, ela entrou e não prestou atenção, deu ré e o
carro atingiu a criança na cabeça que morreu instantaneamente, em tese um
homicídio culposo, um homicídio sem intenção, porém com negligência, houve
uma negligência ali e o homicídio culposo pode ser punido sim, ele tem
previsão de ser punido porque as pessoas não podem ser irresponsáveis em
tirar a vida dos outros mas nessa situação, o juiz entendeu por não aplicar a
pena, por não mandar essa pessoa para a cadeia, porque ele disse “A vida já
puniu essa pessoa, qualquer outra coisa que eu faça não vai acrescentar em
nada certo?” e ele disse "Vá embora, você está livre, viva em liberdade com
sua dor” isso é uma situação de uso da equidade, você pega a lei e você aplica
mas tenta olhar a circunstância de maneira a que num caso concreto você
possa fazer justiça, fazer justiça sem causar danos a terceiros e nesse caso o
grande dano poderia ser causado além da vítima lógico, a própria mãe. Na
Justiça Legal e Distributiva da mesma maneira, embora em distributiva, muitas
vezes outras pessoas podem utilizar dessa distributiva em outros significados
sem problemas, eu estou dando aqui meu significado
Ah gente, desculpe, faltou uma coisinha, mas é uma besteira, a parte
sobre Direitos Humanos, é o capítulo anterior do Goffredo Telles, é o capítulo
35. Senhores, quando falamos em Direitos Humanos, estamos falando de
direitos que são fundamentais, direitos que muitas vezes significa o mínimo
ético, certo? o direito de ter a liberdade, por exemplo, o direito à vida, esses
são os direitos humanos fundamentais e vocês tem que ficar atentos, porque a
gente sabe que esses direitos humanos, mesmo com essas diversas variações
de ordenamentos jurídicos por questões de justiça eles devem estar presentes,
é por isso que muitas vezes existem críticas ou condenações internacionais a
países que violam os direitos humanos, notem bem a condenação
internacional, não será meramente por um país ter uma lei mais rígida ou uma
lei mais diferentes, não, é quando as leis violam os direitos humanos
fundamentais, certo? Mas aí tem aquele ponto e a soberania? Lembram que
nós falamos que a soberania é um componente do estado e que o estado diz”
aqui nesse território ninguém manda mais que eu” como fica então? Como é
que a comunidade internacional pode condenar o país que viola os direitos
humanos e esse país responde que está exercendo sua soberania? senhores o
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