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ENGENHARIA DO PETRÓLEO

DISCIPLINA: CONTROLE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DO


PETRÓLEO

MÓDULO I: Introdução ao Controle Ambiental na Indústria do Petróleo

Objetivos:

• Contextualizar a questão do controle ambiental dentro de uma visão


holística/holárquica (O termo holárquico designa sistemas onde os componentes
são, ao mesmo tempo, parte de um sistema e a totalidade do sistema, em
contínua interação).

• Mostrar a relação entre controle ambiental e política

• Mostrar a evolução do controle ambiental voltado para as questões do petróleo

Programa:

• A importância do Controle Ambiental


• História do Controle Ambiental no Brasil
• Controle Ambiental na Indústria do Petróleo

Bibliografia:

• ALMEIDA, F. O Bom Negócio da Sustentabilidade – Rio de Janeiro : Nova


Fronteira, 2002.
• WCED (1987) – World Commission on Environment and Development.
Report “Our Common Future”. Comissão presidida por Gro
Harlem Brundtland. ONU. Disponível em
<http://www.un-documents.net/wced-ocf.htm>. Acesso em 23/01/2009.

1. A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE AMBIENTAL

1.1 QUEM POLUI?


Indústrias? Agricultura? Serviços? HOMEM?

1.2. O HOMEM
Respira
Defeca
Gera resíduos
Se lava
Solta gases (CO2, CH4 - Efeito estufa)
Etc, etc, etc

1.3. POR QUÊ DO CONTROLE AMBIENTAL?


Os níveis atuais de consumo de recursos naturais não são sustentáveis. Há um déficit
mundial de 4000 m2 por pessoa.

2. HISTÓRIA DO CONTROLE AMBIENTAL NO BRASIL

DO NADA AO PAZ E AMOR

• 1933 – Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza (Sociedade dos


Amigos das Árvores)
• Agenda: “Incluir a defesa da flora, fauna, sítios de monumentos naturais,
em suma, a proteção e o melhoramento das fontes de vida no Brasil”

• 1934 – Elaboração do Código Florestal

• 1937 – Criação do Parque Nacional (PN) de Itatiaia

• 1939 – Criação do PN da Serra dos Órgãos e das Cataratas do Iguaçu

• Décadas de 40 e 50 – Industrialização – Getúlio Vargas e JK – nenhuma criação de


PN

• Botânicos + pensadores nacionalistas pregavam a necessidade de preservar “os


órgãos vitais da nacionalidade, entre eles seus principais recursos”, como forma
de manter a independência da nação → bandeiras conservacionistas e
nacionalistas resultam no movimento ambiental brasileiro

• 1958 – Criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza


(FBCN), como reação ao desenvolvimentismo exacerbado de JK

• 1959 – Criação de 3 parques

• 1961 – Criação de 8 parques no governo Jânio (Victor Farah Abdennur, presidente


do Conselho Federal Florestal, era um dos fundadores da FBCN)

• 1962 – Primavera Silenciosa (Silent Spring) denuncia a contaminação do meio


ambiente por DDT – início da difusão da noção de que a intensa atividade
industrial do século XX estava contaminando ar, água e solos do planeta.

• Anos 60
• Feminismo, defesa do consumidor, revoltas de estudantes (com recusa dos
valores burgueses), movimento hippie (com recusa e estilo de vida fora da
sociedade de consumo e em comunhão com a natureza)
• Defesa da natureza: um dos únicos pontos de convergência, unindo desde
hippies americanos a oficiais brasileiros.
• 1966 – começa a discussão sobre a floresta amazônica, com a eleição para a FBCN
do zoólogo José Cândido de Mello Carvalho, ex-diretor do Museu Paraense
Emílio Goeldi → começo da atração de militares da Marinha responsáveis pelo
patrulhamento e, conseqüentemente, fiscalização ambiental, da Amazônia

• No Rio, FBCN usa seu prestígio pessoal; no RS, opção pela mobilização popular

• 1971 – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente (José Lutzenberger – ideólogo,


e Augusto Carneiro – ex-comunista aficcionado por questões ambientais)

• Sufocada pela censura, a mídia passa a dar ampla cobertura às lutas da AGAPAM, e
as forças de repressão não agiam nas manifestações estudantis (como combater
quem defende baleias e árvores?) → militância pela natureza como válvula de
escape

• 1973 – Artista plástico protesta contra a poluição em SP, cobrindo o rosto com uma
máscara contra gases no movimentado centro de São Paulo → início da ação do
MAPE (Movimento Arte e Pensamento Ecológico). É o início da abordagem
holística da questão ambiental, saindo da defesa do mico-leão e da caça às baleias
para a defesa de uma revisão do modelo de desenvolvimento brasileiro

COMANDO-E-CONTROLE – OS ANOS 70

• Início dos anos 70 – formulação de uma política de MA para o Brasil como decisão
de gabinete, como resposta às pressões vindas do exterior.

• Padrão comando-e-controle → eu (governo) determino normas de desempenho,


padrões de emissão e de utilização de recursos naturais – vocês (empresas e
cidadãos) obedecem, senão multas e interdições.

• Até meados dos anos 70 – não havia gestão ambiental no Brasil. As normas de
proteção à natureza eram divididas em compartimentos estanques: Código Florestal,
de Obras, de Águas, de Caça e Pesca, lei de Proteção aos Animais.

• Mudança inicia em 1972 – Conferência Internacional sobre Meio Ambiente


Humano (ONU), em Estocolmo, convocada devido ao “catastrofismo” oriundo do
“Limites do Crescimento”: as nações que não haviam enriquecido até aquela data
deveriam desistir de fazê-lo em prol da sobrevivência da vida na Terra.

• Brasil contra (época do milagre econômico): diplomatas brasileiros reúnem


países subdesenvolvidos para enfrentar os “limitadores do crescimento”
• Chefe da missão brasileira no México (prévia de Estocolmo):“Se toda
poluição gerada pelos países desenvolvidos pudesse ser banida do
mundo, não se verificaria poluição de importância significativa no globo;
vice-versa, se toda poluição atribuível à atividade de países
subdesenvolvidos desaparecesse, manter-se-iam praticamente todos os
atuais perigos e riscos de poluição”
• Chefe da delegação brasileira em Estocolmo: “A pior poluição é a da
pobreza”
• Idéias brasileiras que “vingaram”:
• Combate à poluição pelo desenvolvimento;
• Desenvolvimento e Meio Ambiente se completam;
• Soberania nacional;
• Ônus maior de combate à poluição dos países desenvolvidos.

• Conseqüência: péssima imagem do Brasil

• Brasil: além de torturadores, poluidores? Não era uma boa para os generais
acrescentar mais esta “qualidade” ao Brasil → em 1973, Médici cria a SEMA
(Secretaria Especial do Meio Ambiente).

• 1º Secretário: Paulo Nogueira Neto - bem-nascido, político ligado ao regime:


advogado e doutor em abelhas – introduziu o conceito da natureza como um
universo integrado. Com as várias zonas de conflito ambiental no governo
federal (MA x MF), saiu pelos estados no ano de 74 avisando que haveria
dinheiro para quem investisse na criação de órgãos ambientais, integrando
diferentes áreas que eram então vistas com desconfiança por outras (os órgãos,
assim com a legislação, eram estanques).

• 1974 – criação da FEEMA, nova, recebendo o Instituto de Engenharia Sanitária


da Guanabara, a divisão de combate a insetos da Empresa de Saneamento da
Guanabara, o serviço de controle da poluição da empresa de saneamento do
estado do Rio (SANERJ) e o Instituto de Conservação da Natureza. FEEMA
introduz o conceito de RIMA, audiências públicas, SLAP, separação da
instância técnica (FEEMA) da política (CECA).

• Criação dos OECA’s → do preservacionismo da fauna e flora para a poluição


industrial: água suja, ar irrespirável, solo contaminado.

• Mídia abre espaço, os técnicos festejam, as empresas refratárias, ajudadas de


certa forma pela ditadura.

• Em Contagem – moradores reclamam da Portland, prefeitura cassa licença,


condicionando liberação à instalação de equipamentos anti-poluição. Uma
semana depois, o DL 1413 determina que só o Governo Federal podia suspender
funcionamento de estabelecimentos cujas atividades fossem de interesse do
desenvolvimento e da segurança nacional, dizendo que era o caso de todas as
indústrias situadas em todas as capitais e RM. O prefeito entendeu o recado e
revogou a interdição.

• Em 1976, introdução, pela FEEMA, do RIMA, visando cobrir lacuna de


conhecimento técnico por parte do OCA. No nível federal, só em 1986.

• Em 1981, a Lei 6.938 institui a Política Nacional de Meio Ambiente


• Lei 6.938 introduz nova figura jurídica, a dos recursos ambientais: “a
atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o
mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera”. Até então,
apenas alguns recursos naturais, isoladamente, mereciam atenção legal.
Florestas, fauna, água e outros minerais eram tratados em legislação
específica, com enfoque apenas econômico. Logo, um conceito iria
surgir: o do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
A ERA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

• Como conciliar atividade econômica e conservação do MA?

• Afinal, os ecossistemas são complexos, e a natureza não se deixa apreender


completamente pelas ferramentas tradicionais de análise.

• Problemas conhecidos no início dos 80: aquecimento global, destruição da


camada de ozônio, chuva ácida, desertificação.

• Relatório Brundtland (1987) – desenvolvido enquanto ocorria Bhopal (2000


mortes), fome na África (35 milhões de mortes), explosão de canalização de gás
no México (1000 mortes), Chernobyl → desenvolvimento sustentável:
“Sustainable development is development that meets the needs of the present
without compromising the ability of future generations to meet their own
needs”.

• Fortalecimento de ONGs (WWF, Greenpeace, UICN). Para empresas, na melhor


das hipóteses, MA era um mal necessário.

• No fim dos anos 70, a indústria química já sentia no bolso o custo do descaso
ambiental: Seveso (IT); emergência sanitária em Love Canal (NY), por
contaminação da água, ar e solo pela Hooker Chemical and Plastics Corporation,
Bhopal (1984).

• Responsible Care (1985 - Canadian Chemical Producers Association) →


Atuação Responsável (1992 – ABIQUIM)

• 1992 - Business Council for Sustainable Development (Erling Lorentzen e


Eliezer Batista) → publicação de “Mudando o rumo: uma perspectiva
empresarial global sobre desenvolvimento e meio ambiente”: antecipa as
necessidades futuras e justiça econômica hoje (empresas e partes interessadas)

• Empresários passam de reativos a pró-ativos.

• O mundo é, hoje, tripolar: governos, sociedade, empresa, com a gestão


ambiental sendo de todos e, mais importante, sendo a gestão da sustentabilidade.

3. PRIMEIROS REGISTROS DE GRANDE POLUIÇÃO AMBIENTAL

• 1932 – Indústria química em Minamata (Japão) passa a lançar mercúrio no mar

• 1951 – Indústria do estado de Ohio lança 200 t de poeira radioativa na atmosfera

• 1952 – Mercúrio lançado ao mar em Minamata começa a fazer vítimas fatais

• 1952 – Smog causado por queima de carvão causa 4 mil mortes em Londres
• 1984 - Bhopal: vazamento de gás da Union Carbide: 2000 mortes

• 1986 - Chernobyl: explosão da planta de energia nuclar russa

• Grandes derramamentos de petróleo nos séculos XX e XXI


– Exxon Valdez – 35º em quantidade derramada (37 mil toneladas)
– Rio Iguaçu – 4 mil toneladas
– Baía de Guanabara – 1,3 mil toneladas

• Década de 80 – vários pequenos vazamentos em São Sebastião e na região de


Angra (onde tinha uma casa Roberto Marinho – Globo)
– Notícia quase diária na mídia
– Início dos licenciamentos ambientais

• 2000 – grandes vazamentos – controle rígido sobre as atividades petrolíferas.

4. CONTROLE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO - ES

• 1987 Primeira Estação Coletora licenciada (SM-8)


• 1991 Primeiro licenciamento de perfuração terrestre
• 1992 Primeiro licenciamento de levantamento sísmico
• 1995 Todas as locações terrestres passam a ser licenciadas
• 1996 Início do licenciamento das operações de perfuração e de produção em
mar (IBAMA)
• 1997 Primeira auditoria ambiental
• 1998 Licenciamento global das atividades da E&P no ES e certificação
ambiental.

TODAS AS ATIVIDADES LICENCIADAS E PASSIVO REGULARIZADO

• 2002 Início do licenciamento das operações de sísmica marinha

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