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DOI: 10.1590/1413-81232020256.1.

11532020 2469

A pandemia de COVID-19 para além das Ciências da Saúde:

artigo article
reflexões sobre sua determinação social

The COVID-19 pandemic beyond Health Sciences: reflections on


its social determination

Diego de Oliveira Souza (https://orcid.org/0000-0002-1103-5474) 1

Abstract This paper aims to perform a theo- Resumo Este artigo possui o objetivo de realizar
retical reflection on the historical-social founda- uma reflexão teórica sobre os fundamentos histó-
tions of the COVID-19 pandemic. The “capital rico-sociais da pandemia de COVID-19. A partir
worldization”, “capital-imperialism”, “space- da matriz teórica materialista histórica, evoca-se
time compression”, and “structural crisis of cap- as categorias da “mundialização do capital”, “ca-
ital” categories are conjured from the historical pital-imperialismo”, “compressão espaço-tempo” e
materialistic-theoretical matrix, outlining a “crise estrutural do capital” traçando um percurso
course that transcends the limits of Health Sci- que ultrapassa os limites das Ciências da Saúde
ences to understand global health, of which the a fim de entender a saúde global, da qual a pan-
COVID-19 pandemic is an expression. We then demia de COVID-19 é expressão. Posteriormen-
return to the field of health, when the category te, faz-se o retorno ao campo da saúde, quando
of “social determination of health” allows elu- a categoria da “determinação social da saúde”
cidating the bases of the pandemic studied. We permite elucidar as bases da pandemia estudada.
show that, other elements typical of the current Demonstra-se que, para além das características
phase of contemporary capitalism have become próprias do SARS-CoV-2 ou da dinâmica de rá-
universal besides the SARS-CoV-2 characteris- pido trânsito de pessoas e objetos pelo mundo, há
tics or the dynamics of the rapid movement of outros elementos típicos da atual fase do capita-
people and objects around the world, unifying lismo contemporâneo que se tornaram universais,
the health social determination process. unificando o processo de determinação social da
Key words Capitalism, Coronavirus, Health- saúde.
disease process, Global health, Public health Palavras-chave Capitalismo, Coronavírus, Pro-
cesso saúde-doença, Saúde global, Saúde pública

1
Universidade Federal
de Alagoas. Av. Manoel
Severino Barbosa, Bom
Sucesso. 57309-005
Arapiraca AL Brasil.
enf_ufal_diego@
hotmail.com
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Souza DO

Algumas questões introdutórias notificação, assim como em todo mundo, pela


não testagem da totalidade dos sintomáticos3.
Foi a pandemia de COVID-19 que provocou uma Esses números servem para a caracterização
desordem econômico-social ou o caos social in- de apenas uma face, embora importante, do pro-
trínseco ao sistema econômico vigente que esta- blema em questão, ora objeto da reflexão que
beleceu as bases sociais para a pandemia? Para desenvolvemos na direção de contribuir para o
além do novo coronavírus, qual a trama causal da entendimento dos seus fundamentos histórico-
pandemia? Este ensaio é apresentado com o obje- sociais. Isto é, para além dos números, buscamos
tivo de trazer uma contribuição teórico-reflexiva esclarecer a natureza e a dinâmica do processo
desenvolvida a partir de tais questionamentos, de determinação social da saúde em nível global,
buscando ir além da discussão dos âmbitos da ainda que em termos muito genéricos e prelimi-
infectologia e epidemiologia, embora deles não nares. O caso da pandemia da COVID-19 com-
prescindindo. parece enquanto expressão de um movimento
A COVID-19 trouxe impacto nas vidas dos maior, a partir do qual apreendemos particula-
indivíduos em nível global, chamando a aten- ridades que permitem, sob o prisma do materia-
ção pelo alcance que teve e pela velocidade com lismo histórico, tecer correlações com a universa-
a qual se disseminou. Alguns dados históricos, lidade social.
embora ainda muito recentes para uma análise Além desta seção introdutória, apresentamos
rigorosa, revelam essa dinâmica espaço-tempo- outras três. Na primeira, a discussão faz um mo-
ral da doença. A Organização Mundial de Saúde vimento de ida, para fora das Ciências da Saú-
(OMS)1 recebeu a notificação, em 31 de dezem- de, na busca pelos fundamentos da saúde global,
bro de 2019, de casos de pneumonia na cidade quando dialogamos com proposições de Che-
de Wuhan, na China, com suspeita de serem nais4, Fontes5, Harvey6 e Mészáros7. Na segunda
provocados por uma nova cepa de Coronavírus. seção, a categoria “determinação social da saúde”,
Uma semana depois, as autoridades chinesas com autores como Laurell8 e Breilh9, é o ponto
confirmaram se tratar de um novo tipo do vírus, nodal para fazermos o caminho de volta, trazen-
recebendo o nome de SARS-CoV-2. Ainda no do as contribuições de tal viagem a fim de anali-
mesmo mês (30 de janeiro), a OMS emite alerta sar a pandemia da COVID-19. Na última seção,
de emergência de Saúde Pública de importância fazemos apontamentos para fechar o raciocínio
internacional devido à velocidade com a qual se deste ensaio, com reflexões para serem pensadas
espalhava entre os continentes e, em 11 de março, agora e aprofundadas ulteriormente.
a situação é classificada, oficialmente, como uma
pandemia1, embora já se apresentasse em quase Algumas considerações fundamentais
todos os continentes em fevereiro.
Historicamente, a humanidade experimen- O capitalismo contemporâneo é marcado
tou outras pandemias, algumas com ciclos re- pela articulação das nações no interior de um
petidos por séculos, como a varíola e o sarampo, “organismo” que funciona mundialmente. Trata-
ou por décadas, como as de cólera. Ainda podem se de uma dinâmica (a priori, econômica) de eli-
ser citadas as pandemias de gripe por H1N1 minação das fronteiras para a expansão do capi-
em 1918, por H2N2 em 1957-58, por H3N3 em tal, descrita por Chesnais4 como um fenômeno de
1968-69 e por H5N1 nos anos 2000, conhecidas, “mundialização”. Consoante Fontes5, a formula-
respectivamente, como “gripe espanhola”, “gripe ção de Chesnais é mais elaborada do que aquelas
asiática”, “gripe de Hong-Kong” e “gripe aviária”, que fundamentam a análise do atual momento do
em que pese tais denominações que carregam es- capitalismo a partir da ideia da neoliberalização
tigmas que devem ser evitados2. enquanto uma fase de ruptura ante o Welfare Sta-
Os números relacionados à pandemia de CO- te vivido em algumas nações, o que a autora clas-
VID-19 são, cada vez mais, alarmantes, com di- sifica como uma crítica pontual à fase e, não, ao
mensões globais. Em 17 de abril de 2020 já eram sistema. A mundialização seria, ainda, um termo
2.074.529 casos no mundo, 1.050.871 na Europa, mais adequado do que “globalização” e a pretensa
743.607 nas Américas (sendo 632.781 só nos Es- neutralidade que, segundo seus propagandistas,
tados Unidos da América – E.U.A.), 127.595 nos ela carrega, enquanto um processo conduzido
países do Pacífico Ocidental, 115.824 na região pela integração tecnológica, informacional e um
do Mediterrâneo Oriental, 23.560 no sudeste suposto saudável intercâmbio comercial. Apesar
asiático e 12.360 na África. No Brasil, na mesma disso, a autora prefere denominar essa fase como
data, eram 28.320 casos, em que pese haver sub- sendo o “capital-imperalismo” em vez de “mun-
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dialização do capital”, dando ênfase às sucessivas ções paralelas na troca e no consumo. Sistemas
expropriações que as nações dependentes sofrem aperfeiçoados de comunicação e de fluxos de in-
por parte das nações imperialistas. formações, associados com racionalizações nas
Mesmo com algumas diferenças, Chesnais4 e técnicas e distribuição (empacotamento, contro-
Fontes5 estão chamando a atenção para uma con- le de estoques, conteinirização, retorno do mer-
formação espaço-temporal contemporânea que é cado etc.) possibilitaram a circulação de merca-
fruto da dinâmica expansiva do capital ante sua dorias no mercado a uma velocidade maior. […]
perene luta contra a queda tendencial da taxa de Serviços e mercados financeiros (auxiliados pelo
lucros, apenas amenizada pela aceleração da ro- comércio computadorizado) também forma ace-
tação do capital, bem como pela hierarquização lerados, de modo a fazer, como diz o ditado, ‘vin-
entre as nações nesse sistema mundial. Por con- te e quatro horas ser um tempo bem longo’ nos
seguinte, foi preciso reconfigurar as fronteiras ge- mercados globais de ações”6.
opolíticas, eliminado os obstáculos à intensa cir- Diante disso, é com a dinâmica da acumula-
culação do capital, em especial o financeiro, dada ção flexível que se instaura uma nova perspec-
sua natureza especulativa que consegue, ainda tiva de tempo para o capital. Fontes10 atualiza o
que ilusoriamente, gerar a sensação de adminis- debate ao mencionar o papel que cumpre hoje
tração da inexorável ameaça de pletora. a indústria 4.0 com os processos de e-comerce, a
Essa nova dinâmica se reproduz em (e com) uberização do trabalho, a explosão de startups e a
todas as formas as quais o capital possa assumir, tendência, cada vez maior, de relações instantâne-
basta observar que, por exemplo, cada vez mais, as por via digital. Conforme Harvey6, trata-se de
o capital industrial se distribui pelo mundo, ten- um panorama desenhado desde os primeiros es-
do em vista as empresas transnacionais. Porém, tágios da implementação da acumulação flexível
seja para qualquer forma que o capital possa e a sua tendência de derruir o espaço pela nova
assumir, o que se sobressai é, primeiro, a rápida perspectiva de tempo. Assim, “com a redução das
metamorfose que ele sofre e, segundo, que esse barreiras espaciais, aumenta muito mais a nossa
ritmo alucinante é dado na esfera financeira. So- sensibilidade ao que os espaços do mundo con-
bre isso, Chesnais4 explica que “para tudo que têm. A acumulação flexível explora tipicamente
pertence à esfera visível das mercadorias, são os uma ampla gama de circunstâncias geográficas
grupos industriais transnacionais (os FMN) que aparentemente contingentes, reconstituindo-as
têm a condição de assentar a dominação política como elementos internos estruturados de sua
e social do capitalismo. Porém, não são eles que própria lógica abrangente”6.
comandam o movimento do conjunto da acu- Essa transformação espacial não elimina a
mulação hoje. Ao término de uma evolução de particularidade daquilo que Harvey6 chamou
vinte anos, são as instituições constitutivas de de “lugar”, delimitada por costumes e tradições
um capital financeiro possuindo fortes caracte- conservados, embora refuncionalizados, uma vez
rísticas rentáveis que determinam, por intermé- que as peculiaridades assumem signos de valor
dio de operações que se efetuam nos mercados no mercado mundial. Trata-se de uma antítese
financeiros, tanto a repartição da receita quanto entre espaço e lugar, porquanto aquele se torna
o ritmo do investimento ou o nível e as formas do universal, representado pela fluidez de suas rela-
emprego assalariado”. ções econômica e sociais em geral, isto é, criando
Essas instituições são baluartes da dinâmica um sistema universal no qual conservar lugares
contemporânea, porquanto a efemeridade das pode gerar novas formas de expropriação. Esse
transações que cultivam dê vazão ao tipo de re- movimento dialético de transformar-conservar
lações exigidas pela reprodução do capital em es- apenas se justifica na superfície do processo, pois,
cala internacional. Elas dão a tônica da transfor- de fato, está subordinado a uma transformação
mação do espaço e do tempo no mundo, criando genérica do ritmo de vida, a reboque da dinâmica
uma rede de interconexões amplas, embora de- econômica, exercendo prioridade sobre as parti-
siguais. Harvey6 foi assertivo sobre esse debate cularidades locais. Uma série de comportamen-
quando analisou o que ele chama de “compressão tos, padrões de alimentação e moda, estilos artís-
espaço-tempo”. O autor demonstra como essa ticos e alternativas de cultura aparecem e somem
articulação mundial demanda um ritmo compa- a todo momento, absorvendo e repelindo tradi-
tível ao novo padrão de acumulação pós-obso- ções, criando ou resgatando produtos e serviços,
lescência do taylorismo/fordismo, caracterizado em uma espiral de fugacidade que retroalimenta
agora pela flexibilidade. Com efeito, “a aceleração as necessidades de consumo e, portanto, circula-
do tempo de giro na produção envolve acelera- ção, distribuição e produção.
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Essa expansão desesperada exprime a dinâ- complexos sociais, a exemplo dos efeitos incisivos
mica de um sistema estruturalmente em crise, que se percebem hoje na saúde, cuja pandemia da
que chegando aos seus limites, parece não mais COVID-19 é o exemplo mais eminente.
caber nas fronteiras mundiais, a não ser pela
fantasia de novas fronteiras criadas digitalmente Algumas considerações sobre a saúde
na dinâmica financeira. A nosso ver, Mészáros7 globalizada
não deixa dúvida sobre a raiz mais profunda
desse movimento contemporâneo, uma vez que A dinâmica que vimos descrevendo parece
localiza a reconfiguração produtiva, na sua fle- ter uma clara ligação com a pandemia da CO-
xibilidade e votabilidade, no bojo das respostas VID-19, porquanto a nova dinâmica espaço-
do capital à sua própria crise, agora com caráter temporal permitiu que, rapidamente, o vírus se
diverso dos ciclos críticos anteriores, sendo, mes- disseminasse. Para chegar a tal conclusão não é
mo, estrutural, global e rastejante. Apenas uma necessário nenhuma reflexão teórica mais com-
crise dessas proporções (que se arrasta da década plexa. Todavia, o que queremos salientar aqui é
de 1970 até hoje, embora com ciclos internos de que: 1) essa dinâmica não representa um mero
deslocamentos e disfarces) poderia gerar respos- fenômeno natural, revestido de neutralidade
tas de tal magnitude, em uma tentativa de o capi- para unificar o mundo e permitir o progresso; 2)
tal remediar o irremediável. para além do trânsito de pessoas e objetos de am-
Para Mészáros7, as contradições do capital se plo e rápido alcance, há uma unificação do pro-
tornam mais claras do que nunca, sobretudo pe- cesso de determinação social no mundo.
los seus defeitos estruturais. Aqui, convém men- Sobre a primeira questão, já vimos descreven-
cionar a contradição que o autor aponta na re- do sua origem econômica, quando no último ter-
lação entre produção e circulação, reverberando ço do século XX se tornou madura ao ponto de
noutro paradoxo, constituído do conflito entre a conferir às grandes empresas o caráter de mun-
dinâmica universalizante do capital e os interes- diais. Ressaltamos que tal fase foi a convergência
ses das burguesias nos limites nacionais. de um processo de expansão do capital que se
Isso porque cada nação, internamente, vê insinuava desde a transição do feudalismo para
seus interesses particulares ameaçados por uma o capitalismo, especialmente pelas navegações
demanda vital ao sistema como um todo, qual na corrida por conquistas coloniais a partir das
seja: eliminar as fronteiras para o capital, o que quais foi possível impulsionar a acumulação pri-
pode levar a desvantagens ao mercado interno. A mitiva de capital nas nações de capitalismo clás-
saída encontrada no interior do sistema, segundo sico. Desde esse período, os efeitos sobre a saúde
o autor, é a de constituir uma hierarquização en- global são sentidos. Berlinguer11 afirma que “a
tre as nações, com orientações econômicas e po- globalização das doenças, ou seja, a difusão dos
líticas que são diferentes a depender da posição mesmos quadros mórbidos por todas as partes do
da nação nessa hierarquia e que, assim, determi- mundo começou no ano de 1492, com a desco-
narão quais nações terão seus interesses internos berta (ou conquista) da América, que assinalou,
mais ou menos atendidos. Entretanto, o caráter para povos e doenças, a passagem da separação
estrutural da crise coloca esse sistema sob bases à comunicação. Antes disso, diferentes condições
tão frágeis, que o menor abalo de economias na- de ambiente, de nutrição, de organização social
cionais é capaz de fazer transparecer o caráter e cultural, de presença ou ausência de agentes e
estrutural, por vezes latente, da crise. Portanto, de vetores biológicos das doenças transmissíveis
esse movimento de articulação (hierarquizada) haviam criado quadros epidemiológicos muito
do mundo é a resposta do capital ao seu período desiguais, no velho e no novo mundo”.
estruturalmente mais crítico, porque crônico, o A reprodução da dinâmica universal do ca-
que gera as já citadas consequências no tempo, pital se particulariza, entre outras mediações, na
espaço, cultura etc. Sendo que, deixe-se registra- (e pela) saúde, evidenciando seu caráter social.
do, tais respostas vêm se revelando tóxicas em vez Como afirma Laurell8, isso vale tanto para o ní-
de remediantes7. vel individual de saúde, quanto para o coletivo e,
Como vimos, alguns autores já se propuse- no caso ora analisado, em termos globais. Aqui
ram a explicar essa dinâmica mundial para além convém a ressalva de que reconhecer tal caráter
de sua aparência, elucidando uma tendência de não significa anular as determinações biológicas
generalização da forma como nos movimenta- da saúde, ao contrário disso, significa elevá-la a
mos, pensamos, agimos e em qual tempo e com um novo patamar de existência. Lembremos a
quais objetivos, o que reverbera em todos os reflexão luckacsiana sobre o caráter geral do ser
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social, ao demonstrar que, pela mediação do tra- (iv) as variações peculiares no padrão, no ritmo,
balho, o ser humano é autor e ator de um salto nos determinantes e nas consequências das mu-
ontológico desde a esfera natural (biológica) de danças na população diferenciam três modelos
existência a uma nova, de caráter social, afastan- básicos de transição epidemiológica, o clássico
do-se constantemente daquela condição, mas ou ocidental, o acelerado e o contemporâneo ou
sem dela prescindir12. prolongado”14.
A universalidade do ser social se expressa em A ideia de transição epidemiológica, em algu-
todos seus complexos parciais, respeitando suas ma medida, expressava mudanças temporais na
particularidades. No caso da saúde, Souza13 enfa- saúde global, mas também exigiu atenção para as
tiza que “pensar em processo social dessa forma diferenças regionais, tanto que, por certo tempo,
significa, também para o caso da saúde, vislum- valeu a assertiva de que em países pobres, como o
brar uma dinâmica articulação entre biológico e Brasil, essa transição nunca se completou, sendo
social, indivíduo e coletividade, que se expressa classificada como uma transição “polarizada pro-
de diferentes formas. Esta é a essência do proces- longada”, sobretudo pela “superposição de etapas
so saúde-doença, de natureza radicalmente his- – incidência alta e concomitante das doenças de
tórica, engendrada a partir das (e nas) relações ambas as etapas, pré e pós-transição”14.
sociais, e não como uma espécie de núcleo imu- Em geral, dava-se mais importância à questão
tável definido aprioristicamente”. demográfica para explicar a transição ocorrida
Considerar esse princípio teórico é importan- nos países de capitalismo clássico e só quando se
te para não cair em análises fatalistas, eliminan- olhava o perfil dos países de capitalismo atrasado
do-lhes o caráter conjuntural ou, o que seria mais é que questões como a pobreza ou a fragilidade
grave, a questão da causalidade própria da saúde. do sistema de saúde vinham à tona. Contudo,
Pensemos no caso da COVID-19: ainda que as concordamos com Laurell8, quando salienta que
bases sociais estejam dadas com a mundialização a determinação social não se resume à questão
do capital, determinações biológicas específicas demográfica, sendo suas raízes localizadas na
precisaram se articular a essas possibilidades ob- estrutura e dinâmica do modo de produção. A
jetivas para resultar na pandemia experimentada clássica análise da autora, na década de 1980,
em 2020. Não é qualquer doença infecciosa que na comparação entre México (de capitalismo
se tornará pandêmica ou que será transmitida tão dependente), Cuba (com uma tentativa de so-
rapidamente entre os indivíduos. A combinação cialismo) e Estados Unidos das Américas (de
de fatores como a novidade do agente etiológi- capitalismo avançado) revela como as formas de
co, seu potencial de transmissibilidade, o grau de articulação entre as forças produtivas e as rela-
imunização da população, as medidas de profila- ções sociais de produção produzem diferenças
xia e tratamento mais ou menos conhecidas, en- nos perfis de saúde.
tre outros aspectos compõem esse processo. Essa análise permite perceber que, no caso do
O intenso intercâmbio entre a esfera biológi- México, onde há atraso e dependência nas rela-
ca e a esfera social é fundamento ineliminável do ções de produção capitalista, predominam taxas
processo saúde-doença, embora se expressando significantes de doenças infectocontagiosas, mes-
de diferentes maneiras ao longo do tempo e do mo já conhecidas as formas de evitá-las. Já nos
espaço. Mesmo a epidemiologia tradicional, no casos estadunidense e cubano, prevalecem pato-
seu pragmatismo, foi capaz de captar tais diferen- logias como neoplasias malignas, doenças cardio-
ças, quando alguns de seus teóricos defenderam vasculares e crônico-degenerativas em geral. To-
a ideia de transição epidemiológica, basicamente, davia, os casos estadunidense e cubano guardam
pelos seguintes motivos: (i) existe um processo importantes diferentes. Nos Estados Unidos, as
longo de mudanças nos padrões de mortalidade taxas das doenças crônico-degenerativas eram, à
e adoecimento, em que as pandemias por doen- época da análise de Laurell8, consideravelmente
ças infecciosas são gradativamente substituídas maiores do que em Cuba. No caso cubano, há ne-
pelas doenças degenerativas e agravos produzi- cessidade de uma investigação mais rigorosa, mas
dos pelo homem; (ii) durante essa transição, as se presume que (consoante a autora) as estraté-
mais profundas mudanças nos padrões de saú- gias adotadas pelo governo local tiveram êxito no
de-doença ocorrem nas crianças e nas mulhe- combate às doenças infectocontagiosas, mesmo
res jovens; (iii) as mudanças que caracterizam a sem ter o suposto padrão de desenvolvimento
transição epidemiológica são fortemente associa- urbano capitalista. Assim, o perfil patológico do
das às transições demográfica e socioeconômica país acompanhou a tendência global de cresci-
que constituem o complexo da modernização; e mento das doenças crônico-degenerativas, mas
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sem tanta pujança, tendo em vista as diferenças saúde globalizada é resultado de uma dinâmi-
no estilo de vida8. ca capitalista também globalizada. Consoante à
A partir disso, em que pese as mediações tem- epidemiologia tradicional, costuma-se alertar
porais a serem consideradas, pode-se refutar a para a importância das variáveis espaço, tempo e
ideia de que a mudança do perfil epidemiológico pessoa; em uma perspectiva crítica também não
se deve, simplesmente, ao envelhecimento popu- se pode ignorá-las, mas se deve avançar para o
lacional, relegando todo um padrão de organiza- entendimento do que a elas subjaz. Nesse ínte-
ção da vida social corolário à compressão espaço- rim, revela-se a compressão espaço-tempo, assim
tempo e que é hostil à saúde de formas diferentes como a formação de uma cidadania cosmopoli-
e mais agressivas. Com isso, chegamos à segunda ta5, enquanto mediações que unificam o processo
questão antes mencionada: a unificação do pro- de determinação social da saúde no mundo.
cesso de determinação social da saúde. Tal unifi- Convém aqui lembrar que utilizamos o termo
cação não pode ser entendida como homogenei- “unificação” inspirados em Berlinguer11, quando
zação, haja vista as diferenças aqui já abordadas argumenta que a corrida marítima do capitalis-
nas vias de desenvolvimento capitalista nas várias mo, em estágio de formação, na busca por rique-
nações. Em vez disso, queremos apontar o proces- zas nas colônias gerou a “unificação microbiana”
so de universalização de alguns elementos-chave do mundo. Todavia, acreditamos que o termo
do capitalismo, amadurecidos ante o fenômeno “microbiana” se tornou obsoleto no âmbito das
da mundialização e que, nessa nova dinâmica, Ciências da Saúde, assim como não é suficiente
consubstanciam uma unidade heterogênea. para explicar o status de unidade heterogênea
Novamente, parte da epidemiologia tradicio- que a saúde global passa a ter, em virtude de se
nal consegue perceber essa transformação em ní- referir às doenças transmissíveis.
vel fenomênico, mas não em suas determinações Atualmente, há algumas doenças conside-
mais profundas. Ao menos, alguns autores aban- radas mundiais, conforme a OMS16 demonstra
donam a ideia de transição epidemiológica com- ao observar que 54% das mortes no mundo se
pleta ou incompleta e passam a visualizar um devem a dez causas, a maior parte delas, crôni-
perfil de saúde globalizado: “uma das principais co-degenerativas. Porém, tal qual a antítese es-
características da Saúde Global, e que a diferencia paço-lugar, algumas doenças permanecem como
das formas tradicionais da saúde internacional, é típicas, sejam como endemias sejam com ciclos
o reconhecimento dos contextos regionais e lo- epidêmicos, em certas regiões do mundo, basta
cais, das diferenças políticas, econômicas, sociais lembrar que o vírus do Ebola tem circulação ir-
e culturais entre os países e as internas, em cada relevante fora do continente africano ou que a
um, assim como as consequências e as respostas malária ainda é típica em países tropicais.
diferenciadas a eventos globais”15. Ademais, lembremos que as mediações unifi-
Embora esse raciocínio sirva para explicar as cadoras que citamos não se resumem ao trânsito
transformações mais superficiais, não atinge a de pessoas e objetos, mas se referem a todo um
correlação do processo expansivo do capital na estilo de vida, de cultura, filosofia e arte, de or-
tentativa de reverter sua queda tendencial na taxa ganização política etc. que espelham a dinâmica
de lucros, com as consequentes financeirização e econômica. É evidente, como já mencionamos,
mundialização. Portanto, as raízes materiais do que a causalidade própria, por exemplo, do novo
processo que se popularizou pela pecha de glo- coronavírus e o referido trânsito foram, sem dú-
balização são deixadas de lado. Breilh9 faz ressal- vida, aspectos relevantes para a efetivação do ca-
vas sobre essa forma de avaliação da saúde por ráter pandêmico da COVID-19. Contudo, outros
parte da epidemiologia tradicional, defendendo elementos que são universais no espaço e no tem-
outro caminho metodológico, que ele denomi- po contemporâneo contribuíram decisivamente
nou de epidemiología de la determinación de la para tal, sem que precisassem fazer nenhuma
salud. Para o autor “[…] la epidemiología para viagem, porquanto já sejam universais. Alguns
tornarse emancipadora, a la par que requirió una desses elementos vão emergir com as feições con-
revolución metodológica, debió adquirir una traditórias tipicamente capitalistas, como apon-
identidad contestaría, que sólo podía ser legítima taremos nas reflexões finais.
adhiriendo a la visión profunda de un câmbio
civilizatorio frente a un sistema social inviable e Algumas reflexões finais (por ora)
incompatible con la vida y la salud”9.
Na esteira das teorias mais críticas da Saú- Aqui, visando encerrar a nossa concatenação,
de Coletiva, portanto, fica clarividente que uma apresentamos alguns elementos (mas existem
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outros) que estão presentes no processo de uni- da assistência social e previdência, uma vez que
ficação da determinação social da saúde, do qual países baluartes dessa perspectiva política (que
emerge a pandemia da COVID-19: estão no topo da hierarquização da articulação
1) a prioridade dada à esfera econômica, mundial do capitalismo) precisaram injetar boa
quando, sobretudo, evita-se obstáculos ao livre parte do fundo público em ajudas emergenciais
comércio, seja nacional seja internacionalmente. para manter a renda de subsistência de segmen-
Tal condição teve forte influência nas decisões tos populacionais e para o combate ao desem-
tardias dos governos nacionais em fecharem as prego – por exemplo, o grupo dos 20 países mais
fronteiras e adotarem medidas mais rígidas de ricos (G20) pretende injetar quase 5 trilhões de
afastamento social. Embora ainda precisem ser dólares para enfrentar efeitos sociais do corona-
confirmados, há indícios de que o atraso de al- vírus19. É claro, que a “mão amiga do Estado” não
guns países europeus em adotar tais medidas largou a “mão invisível do mercado”, porquanto
contribuiu, sobremodo, à explosão dos casos no não houve hesitação na implementação de me-
continente. É o caso de Espanha, Itália, França, didas direcionadas ao grande capital, revelando
Reino Unido e Alemanha. A título de exemplo, qual seja a real “amizade”, a exemplo dos E.U.A.,
na Itália, após as primeiras mortes serem regis- onde a câmara aprovou 2.2 trilhões de dólares
tradas em fevereiro, alguns prefeitos e governos para ações econômico-sociais, sendo que 50 bi-
regionais decretaram quarentena, mas o primei- lhões diretamente para grandes empresários e, o
ro-ministro, Giuseppe Conte, conseguiu derru- restante, indiretamente os beneficiando20.
bar tais medidas sob alegação de que elas apenas 4) O individualismo burguês é o resultado
pregavam o caos17. Pouco tempo depois, a Itália mais concreto do processo de individuação em
se tornou, por algumas semanas, o epicentro da face do antagonismo de classe. Em que pese cor-
pandemia e os outros países aqui citados já esta- rentes jusnaturalistas defenderem a existência de
vam entre os oito mais afetados. uma essência humana egoísta, a perspectiva mar-
Todas essas nações foram constrangidas pe- xiana demonstra como o ser social possui uma
las contradições do sistema que defendem, dan- dinâmica radicalmente histórica, sendo a forma
do um passo atrás e adotando, cedo ou tarde, as individualista do indivíduo um produto histó-
medidas de afastamento, ainda que sob tensão rico construído e, portanto, passível de destrui-
contínua por setores das burguesias nacionais e ção21. Com a mundialização do capital, o ethos
internacionais a fim de adiantar o retorno à nor- individualista assume seu apogeu, expressando-
malidade. se na competitividade para além do (mas sempre
2) a fragilização dos sistemas públicos de saú- funcional ao) mercado, como na educação e na
de, fruto, em boa medida, da dinâmica financeira cultura ou nas várias narrativas em torno da me-
particularizada nos mecanismos das dívidas pú- ritocracia.
blicas que implicam sistemas de saúde subfinan- Essa forma de “ser” tem profundas relações
ciados, em especial com políticas orientadas pelo com as relativizações da gravidade da pandemia
Banco Mundial18. Sistemas de saúde mais sólidos e, consequentemente, com a não adesão às me-
conseguiram sucesso seja na vigilância, caso de didas preventivas, o que não quer dizer que não
alguns países asiáticos como China e Coreia do haja a coexistência com ações solidárias, de defe-
Sul, seja na redução da mortalidade pela ampla sa das medidas. Esse ethos individualista converge
oferta de leitos hospitalares, em especial de tera- para a insatisfação pela mudança da rotina coti-
pia intensiva, caso da Alemanha. diana burguesa e fortalece o argumento de que a
A faceta neoliberal do fenômeno de mundia- economia não pode parar porque é primordial, o
lização se depara com as contradições do sistema que consiste em uma determinação reflexiva com
que sustenta, quando começamos a constatar, até a dinâmica universal do sistema.
mesmo, discursos de suspensão das dívidas pú- 5) A intensa disseminação de informações
blicas e a defesa de liberação orçamentária emer- falsas na mídia, em especial via internet, o que
gencial para a saúde. Porém, devemos registrar costumeiramente se chama de fake news. A nosso
que um histórico de fragilização dos sistemas ver, a pós-modernidade é um terreno fértil para
públicos de saúde, decerto, implicou menos efi- que a narrativa prevaleça sobre o fato em si, alte-
ciência no enfrentamento da pandemia a tempo, rando-lhe o contexto. Para Harvey6, a condição
assim como maior exposição dos seus profissio- pós-moderna exprime a compressão espaço-
nais de saúde ao adoecimento e morte. tempo peculiar ao capitalismo contemporâneo,
3) A contradição constituída no âmago do quando a efemeridade das formas e do conteúdo
neoliberalismo também se reproduz no âmbito na comunicação é uma presença marcante.
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Souza DO

Tal condição é inflada quando a venda de in- mas que acumulavam cerca de 142 trilhões de
formação atende a interesses econômico-políti- dólares (44,8% da riqueza mundial). Ao mesmo
cos, enquanto signos que contribuem para algum tempo, havia 3.211 bilhões de adultos na cama-
favorecimento na dinâmica capitalista, da pro- da de menor renda, ou 70,1% da população, que
dução ao consumo. É claro que esse caráter das possuíam 6,2 trilhões de dólares, apenas 1,9% da
comunicações, hoje, contribui para a instantânea riqueza total23. Já o desemprego é um dos mo-
reprodução de informações equivocadas sobre a tores dessa desigualdade, sendo que Organiza-
pandemia, gerando incerteza e confusão. ção Internacional do Trabalho (OIT) informou
6) Os diferentes impactos que as doenças que em 2019 a taxa de desemprego global era de
geram nas classes sociais, sobretudo nos grupos 5,4%, devendo aumentar em 2020. Para a OIT,
mais pauperizados. De fato, a mundialização isso representa uma mudança na tendência de
do capital gera ainda mais pobreza, e isso é re- declínio constatada entre 2009 e 2018. Contudo,
conhecido pelos autores de diversas perspectivas a mesma instituição apresenta dados que permi-
teóricas. As diferenças de riqueza entre classes ou tem contestar essa tendência, demonstrando que,
indivíduos se reflete em indicadores de saúde, na verdade, há um deslocamento dos desempre-
revelando maior gravidade, sobretudo, de certas gados para o grupo dos subempregados ou de-
doenças infecciosas22. Esse panorama permite re- salentados (470 milhões de pessoas em 2019)24.
fletir sobre a gravidade com a qual a pandemia Com efeito, são as medidas econômicas e po-
pode impactar nas comunidades mais pauperi- líticas demandadas pelo enfrentamento da crise
zadas, especialmente nos países de capitalismo estrutural que aumentaram a desigualdade e o
dependente, devido ao baixo acesso à água trata- desemprego para níveis alarmantes. Portanto,
da, saneamento e estrutura e renda que permita não é a pandemia da COVID-19 a responsável
adotar as medidas de prevenção. pela da fome e pela miséria, por levar à morte os
Nesse quesito, não se pode deixar de reconhe- indivíduos pauperizados da classe trabalhadora,
cer que a pandemia, evidentemente, agravará al- mas o próprio modus operandis do capitalismo,
gumas expressões da questão social, especialmen- na efetivação diária do seu caráter destrutivo,
te, o desemprego. Inclusive, a narrativa neoliberal sobretudo por possibilitar o acúmulo de riqueza
oscila entre um discurso a favor das medidas de nas mãos de poucos e a pauperização daqueles
prevenção (como o afastamento social) e a fami- que produzem tal riqueza. A pandemia, então, se
gerada defesa da economia, sob o subterfúgio de constitui enquanto mais um elemento soerguido
que a bancarrota (e a miséria que supostamente das bases objetivas do capital mundializado e que
surge daí) matará mais do que a COVID-19. É adentra nessa espiral contraditória, estabelecen-
necessário analisar essa questão tendo em vista do uma relação de determinação recíproca para
sua dimensão histórico-social, bem como sope- com as mesmas, mas estando longe de ser a raiz
sar esse discurso, uma vez que boa parte dos seus dos problemas sociais.
porta-vozes são grandes empresários, personifi- Com essas reflexões, encerramos o ensaio,
cações do grande capital, ou ainda, seus aliados mas o debate apenas se inicia. A nosso ver, são
no âmbito político e midiático. Trata-se de uma pontos importantes para entender o que se passa,
tergiversação que ignora ou falsifica o fato de que ao menos por ora, quando estamos mergulhados
é o capitalismo que, historicamente, gera a desi- no fato histórico. Post factum poderemos e deve-
gualdade social e o desemprego, sendo elementos remos recuperar essas e outras questões, a fim de
que lhes são estruturais. fortalecer um caminho científico e filosófico que
Em 2018, existiam 42 milhões de milionários, rompa com a efemeridade da razão contempo-
o que corresponde a 0,8% da população mundial, rânea.
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Ciência & Saúde Coletiva, 25(Supl.1):2469-2477, 2020


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content&view=article&id=5638:10-principais-cau- Aprovado em 26/04/2020
sas-de-morte-no-mundo&Itemid=0 Versão final apresentada em 28/04/2020

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