Você está na página 1de 2

No encontro também

aprendemos sobre nós


mesmos
1- Por quais tipos de mudanças você já passou em sua vida? Como lidou com
elas? Quais foram os motivos dessas mudanças?
Ao longo da vida é necessário mudar. Nós crescemos, mudamos de aparência,
mudamos de ideias, mudamos de turma, de casa, entre muitas outras
transformações. No espetáculo de dan- ça Qualquer coisa a gente muda (2011), a
mudança era o fio condutor das ações das bailarinas Angel Vianna (1928-), mineira,
e Maria Alice Poppe (1971-), carioca, que criaram uma dança sobre as experiências
de vida que tiveram até seu encontro naquele momento.
2- Observe a imagem na página anterior e esta ao lado. Que elementos
presentes nelas se destacam para você?

3- Com base no título do espetáculo, como você imagina essa dança?

Em Qualquer coisa a gente muda (2011), o público entrava no teatro pelo


palco e se deparava com uma jovem bailarina sentada em uma mesa, se preparando
para entrar em cena. Em seguida, as cortinas se abriam, revelando aos espectadores
as poltronas vazias da plateia, exceto por uma ocupada pela bailarina Angel Vianna.
Quando esse trabalho foi apresentado, ela estava com 83 anos e sua atuação desafiou
o estereótipo de que pessoas idosas não dançam.
O que você pensa sobre o fato de a bailarina Angel Vianna se apresentar aos 83
anos?
A história de vida de Angel Vianna se confunde com a história da própria dança no
Brasil. Ela criou, com o marido Klauss Vianna (1928-1992) e com o filho Rainer
Vianna (1958-1995), um método de ensinar dança que busca desenvolver a
sensibilidade, a imaginação, a criatividade e a comunicação – esse método vem
sendo modificado até hoje, segundo suas novas vivências.
O título Qualquer coisa a gente muda convida a uma reflexão sobre o quanto os
encontros com outras pessoas permitem aprender, gerar novas ideias e novas
possibilidades de entendermos o mundo e de nos relacionarmos com aqueles que
são diferentes de nós.

O que se quer ver?


A Companhia Gira Dança, de Natal (RN), foi criada em 2005 pelo bailarino carioca
Anderson Leão e pelo bailarino natalense Roberto Morais. Em seus trabalhos, o
elenco dessa companhia – formado por pessoas com e sem deficiência – procura
descobrir as possibilidades do corpo de cada pessoa. Eles criaram um espaço para
explorar os potenciais e as qualidades cê- nicas da dança de cada indivíduo.
Para os integrantes da Gira Dança, o nome do espetáculo Dança que ninguém quer
ver (2015) é uma provocação, para eles e para o público. Os profissionais que
compõem a companhia se fizeram a pergunta que dá nome ao espetáculo e
descobriram que queriam ver as suas próprias danças, a dança da pessoa com
deficiência, a dança da pessoa sem deficiência, a dança do encontro entre as pessoas
do grupo e a dança do encontro delas com a sociedade.
5- E você? Quais são as danças que quer ver? Por quê?
Segundo os próprios bailarinos, que também criaram as coreografias, a proposta
desse espetáculo é descobrir-se sem negar quem se é, nem como se é. Essa
descoberta envolve o questionamento dos padrões de beleza, de corpo, de
movimento e de dança aceitos durante muito tempo – padrões que negavam às
pessoas com deficiência a possibilidade de dançar.
Por se pautar na especificidade de cada corpo e aceitar e acolher suas diferenças, o
elenco da Companhia Gira Dança apresenta uma ampla gama de possibilidades para
a pesquisa de movimento. Isso permite que as combinações de movimento
provoquem, a cada encontro, uma nova descoberta, um novo acontecimento, uma
nova possibilidade de dançar. O que os motiva a mover-se são as diferenças entre os
indivíduos.
Dança que ninguém quer ver é a dança que abre espaço a pessoas nem sempre
valorizadas na sociedade, que são pouco lembradas e pouco contempladas nos
espaços públicos e nas discussões coletivas. A cena, nesse caso, pode operar como
uma extensão do espaço público: dar visibilidade ao que é relegado à margem pode
provocar transformações, mudando inclusive a relação entre o que é considerado
central e o que é comumente enxergado como periférico.

6- De que modo o encontro com uma dança fora dos padrões tradicionais pode
provocar novas ideias sobre o convívio em sociedade? Que reflexões esse
exemplo despertou em você?
6

Você também pode gostar