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MULHER NO VOLANTE PERIGO CONSTANTE: UMA ANÁLISE DAS

VIOLÊNCIAS, PRECONCEITOS E AGRESSÕES SOFRIDAS POR


MULHERES CONDUTORAS

Eliza Maria Gomes dos Santos¹

Diogenes José Gusmão Coutnho²

RESUMO

Com as grandes mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, as mulheres tornaram-se


cada vez menos submissas e começaram a se inserir em atividades realizadas em sua
maioria por homens. Um exemplo disso é à entrada da mulher como condutora de
veículos particulares, coletivos, e motocicletas. Apesar do avanço que já houve com o
acesso feminino em lugares preponderantemente masculinos, o preconceito e algumas
vezes também as agressões, costumam ser notáveis no cotidiano de muitas condutoras.
Assim, a questão da violência, agressão e do preconceito, pode ser pensada como uma
manifestação de comportamentos agressivos de homens contra mulheres por
circunstâncias de gênero.

Palavras-chaves: Trânsito; mulheres; condutoras; preconceitos; violência.

Abstract

With the great social, economic and technological changes, women have become
increasingly less submissive and began to insert into activities in your most for men. An
example of this is the entrance of women as private vehicles driver, collectives, and
motorcycles. Despite the progress that we've had with the female access in places
mainly male prejudice and sometimes the attacks, tend to be notable in the daily life of
many drivers. Thus, the issue of violence, aggression and prejudice, can be thought of as
a manifestation of aggressive behavior of men against women by gender conditions

Keywords: Transit; women; drivers; prejudices; violence

1.
Pós-graduando da Faculdade Alpha, do curso de Especialização em Psicologia do trânsito. E-mail:
liza.m.psi@hotmail.com
2.
Prof. Dr. docente da Faculdade Alpha, do curso de Especialização em Psicologia do trânsito. E-mail.
gusmao.diogenes@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre violência, preconceitos e agressões


sofridas por mulheres no trânsito. Pois, embora estejam cada vez mais ocupando lugares
e posições predominantemente masculinos, as desvalorizações, as violências ainda
existem em grandes proporções. Assim, abrangendo também o contexto do trânsito.
Diante dessas constatações, a presente pesquisa tenta compreender e investigar os
aspectos que levam a tais preconceitos e agressões. Portanto, procura encontrar quais os
desafios ainda a serem enfrentados pelas condutoras, por que esse sentido de
inferioridade das mulheres diante dos homens, o que poderia contribuir para a
diminuição, ou extinção de comportamentos danosos, que colaboram para a hostilidade
e desrespeitos desarmonizando o trânsito.
Pode-se observar que em algumas colocações profissionais as mulheres ainda
são minoria. Desse modo, é possível compreender que a questão de gênero ainda
interfira na aceitação da mulher na direção de veículos. Com isso, não só tiveram que
enfrentar em casa o machismo e a dominação masculina, mas também, no meio social
por outros homens. Segundo Simone Beauvoir, no momento em que as mulheres
começaram a tomar parte na elaboração do mundo, esse mundo é ainda um mundo que
pertence aos homens.

Essa exposição também contribuiu para a luta por ampliação de direitos e


participação social. Nesse período, a violência contra a mulher ampliou-se do
campo privado para o campo público. Ela passou a ser agredida por outros
sujeitos, e não apenas pelo seu companheiro dentro de casa. (CREPOP, 2013
p.32)

Embora existam muitos trabalhos que se predispõem a ajudar as mulheres nessa


luta por igualdade, respeito e pela própria vida como é o caso da Lei Maria da Penha, os
índices de violência continuam aumentando. Segundo a Datafolha, os dados, divulgados
em 2017, no Dia Internacional da Mulher, mostram que 22% das brasileiras sofreram
ofensa verbal no ano passado (muitas dessas ofensas também ocorrem no trânsito), um
total de 12 milhões de mulheres. Além disso, 10% das mulheres sofreram ameaça de
violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma
de fogo. De acordo com as referências acima, são quantitativos significantes de
violência, preconceito e agressão contra as mulheres.
Com isso, entende-se que ainda se tem muito a melhorar em relação aos ataques
sofridos por mulheres. Pode-se falar então, que, muitas vezes, o que acontece no trânsito
corresponde ao que engloba tantos outros aspectos do cotidiano feminino. Nesse
sentido, seria engrandecedor ter um olhar dedicado em cada esfera em que as agressões
acontecem, alcançando o que precisa ser de fato entendido e sanado.

2. METODOLOGIA

O artigo foi escrito apartir de pesquisas bibliográficas, ou seja, de materiais já


elaborados, portanto será usado para desenvolver a pesquisa, livros, artigos e revistas.
Que segundo (Manayo, 2009) é entendida como atividade básica da ciência na sua
indagação e construção da realidade, atualizando o ensino e a realidade do mundo.
Além de ser qualitativa, pois, pretende observará os significados, motivos, e os
fenômenos humanos no meio social.

Para (Pradanov e Freitas, 2013) utiliza também de método indutivo, já que,


deriva de observações de casos da realidade concreta que pensa ampliar o alcance do
conhecimento. O estudo foi concentrado nos gêneros masculino e feminino, buscando
compreender o comportamento do primeiro em relação ao segundo e a violência, o
preconceito e agressões geradas dessa interação no trânsito.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Mulheres e homens no contexto social

Segundo Saffioti, mulheres e homens nascem com papéis definidos na


sociedade, a qual delimita o que cada um deve cumprir. A elas é direcionada a função
de cuidar da casa, dos filhos e a socialização desses. É quem prepara as gerações mesmo
quando é consentido que possua atividade remunerada fora de casa. Tornando evidente
esse aspecto doméstico que é atribuída à mulher pelo fato de ser quem dá a luz, não só,
mas também pela estrutura biológica, além de tantas outras obrigações direcionadas
pelas religiões. Embora, essa concepção dependa de cada contexto cultural em que é
avaliado, pois, algumas sociedades e cultura indígenas ser mulher tem outras
conotações. Podemos entender que “ninguém nasce mulher; torna-se mulher” assim
como Simone Beauvoir explicita em seu livro O segundo sexo.
Enquanto é imposto para o público feminino o cuidado do lar, dos filhos, ao
masculino é deixado o espaço social. Apesar das grandes contribuições que muitas
mulheres dão para a humanidade, ainda são vistas como inferiores aos homens. Visão
que é atenuada quando se pretende comparar capacidade a força física. Pensamento tão
intensificado na cultura, que é difícil até para as próprias acreditarem no próprio
desempenho. Diante disso, em diversos ambientes ser mulher é estar subordinada em
suma por circunstância do próprio gênero.

De acordo com o exposto, não seria diferente a relação de poder e dominação


existente em tantos outros ambientes de convivência. No trânsito essa inferioridade é
evidenciada quando as mulheres ao se colocar no tráfego enfrentam situações ofensivas.
Não é difícil encontrar relatos de mulheres que já sofreram algum tipo de violência ao
dirigir.

Ainda assim, pesquisas do DETRAN afirmam que mulheres se envolvem menos


em acidentes fatais, e que a quantidade de homens que bateram os veículos provocando
mortes foi quatro vezes maior do que a de mulheres.

Segundo José Alves Bezerra, diretor-geral do Departamento de Trânsito


(DETRAN), As mulheres são mais cautelosas e respeitam mais as leis de
trânsito. “A mulher é mais educada, dirige dentro da velocidade
regulamentada e é mais ponderada. Se leva uma ‘fechada’, não sai atrás para
retrucar. Para o homem, o carro é sinônimo de poder. Ele usa o veículo para
se autoafirmar e é mais imprudente”, (DETRAN, 2011)

Muito ainda se tem a esclarecer o que acontece para que as mulheres sejam
aviltadas. Mas, o que se pode evidenciar é que algumas explicações são mitológicas,
outras religiosas. Porém, atualmente se sabe que contém características fortemente
socioculturais.

Do exposto pode-se facilmente conc1uir que a inferioridade feminina é


exclusivamente social. E não e senão pela igualdade social que se luta: entre
homens e mulheres, entre brancos e nao-brancos, entre católicos e nao-
católicos, entre conservadores e progressistas. Afinal, travam-se,
cotidianamente, lutas para fazer cumprir um preceito já consagrado na
Constituição brasileira. (SAFFIOTI, 1987. p. 15)

Portanto, o estudo procura esmiuçar os problemas das interações entre homens e


mulheres no tráfego, consistindo em tentar pesquisar o meio social onde ocorrem as
situações de degradação. Buscando elucidar os aspectos ainda resistentes a mudanças
que poderiam trazer uma melhor inserção da mulher no trânsito.

A família e a formação da mulher como ser submisso

Desde a antiguidade a mulher ocupa um espaço desprestigiado na sociedade.


Muito se pode falar de tais entendimentos dentro do sistema familiar, que é a primeira
instituição com a qual os indivíduos mantêm contato e estabelece relações sendo
responsável pela educação e socialização dos seus membros (Papel que já foi
mencionado anteriormente como exercido na maioria das vezes pela mulher). (Baptista,
Cardoso, Gomes, 2012; Féres-Carneiro e Diniz Neto, 2012)

Umas das funções do sistema familiar é a educação de seus membros, e nessa


tarefa aprende-se de uma forma bastante extensa as questões de gênero. Os quais são
constatados inicialmente pelas diferenças sexuais identificadas desde o nascimento.
Assim, é nesse desenrolar educacional de hábitos, costumes e cultura que é passado o
que seria ser menino, ou menina para as crianças. O azul toma conta do quarto, das
roupas de bebes masculinos, enquanto que os femininos tomam tom de rosa. Eles
brincam de carro, de super heróis, elas de boneca, de comidinha, e nesse definir de
gêneros as meninas vão perdendo espaço na dinâmica social. Bourdieu (2002).

Dado o fato de que é o principio de visão social que constrói a diferença


anatômica e que esta diferença socialmente construída que se torna o
fundamento e o caução aparentemente natural da visão social que alicerça,
caímos em uma relação circular que encerra o pensamento na evidencia de
relações de dominação inscritas ao mesmo tempo na objetividade, sob forma
de divisões objetivas, e na subjetividade, sob forma de esquemas cognitivos
que, organizados segundo essas divisões organizam a percepção das divisões
objetivas. (BOURDIEU 2002. p.10)

A história da instituição familiar no Brasil teve influência principal importado do


período colonial, que tinha um modelo escravagista e latifundiário, tendo o patriarca
como detentor de suas posses, incluído a mulher. Embora as características da família
patriarcal tenham perdido força durante os séculos, ainda podemos falar que existe uma
forte dominação masculina resistente ao tempo e as mudanças, o que podemos chamar
de patriarcado moderno segundo Pateman (1993).

Nesse patriarcalismo contemporâneo nota-se que o domínio do marido sobre a


esposa ainda persiste nas relações atuais. Espaços são dados as mulheres dependendo da
conveniência do momento. Assim, tangeram no período da segunda guerra mundial, em
que muitas foram convocadas para o trabalho e acabaram retornando para o lar com o
fim da guerra.

“o poder natural dos homens como indivíduos (sobre as mulheres) abarca


todos os aspectos da vida civil. A sociedade civil como um todo é patriarcal.
As mulheres estão submetidas aos homens tanto na esfera privada quanto na
pública”. Nesse sentido, há, segundo ela, um patriarcado moderno,
contratual, que estrutura a sociedade civil capitalista. (PATEMAN 1993,
p.167)

Toda essa estrutura familiar com ênfase no modelo patriarcal até mesmo nos
tempo de hoje nos leva a refletir sobre o quanto esse modelo interfere ainda na educação
das crianças. Não seria errado pensar que em matéria de independência, valores
profissionais e vida pública as meninas ainda sejam menos instruídas a serem
independentes e a se sentirem seguras ao buscarem isso. É de costume ver meninos
serem incentivados a copiarem os pais, a serem instigados a ter poder e a ser donos de
algo. Alguns são ensinados a dirigir desde cedo, situações raras para muitas mulheres.

Embora muito tenha mudado dentro das relações familiares, é uma pequena
minoria de mulheres que encontram apoio na família, principalmente do pai, para se
lançarem no mundo como donas da própria vida, com capacidade de possuírem uma
profissão, status, quiçá seu próprio carro. Estes que sempre foram vistos como símbolo
de masculinidade e poder, ainda são potencializados com a capacidade de velocidade e
potência (O que parece agregar para o homem maior sentimento de poder e força). A
mulher ao entrar nesses espaços é tida como invasora de um espaço amplamente
masculino. Elas obtêm a concessão para penetrar no campo masculino, mas devem
consentir que sempre o faça de forma inferior.

Para Saffioti não se pode culpar exclusivamente o sexo masculino por essa
condição social da mulher, pois, esses existem na sociedade se completando. Os homens
também sofrem no aprendizado de seus papéis. Podemos entender que para melhorar o
conceito de atribuições de papéis em cada gênero, devemos perceber o homem como ser
também prejudicado por tais comportamentos introjetados.

Não parece justo, ao discorrer-se sobre as discriminações praticadas contra as


mulheres, esquecer os homens. Como no processo de reprodução biológica,
também no da reprodução social homens e mulheres são seres
complementares. Numa sociedade em que as práticas cotidianas mutilam
varias' dimensões da personalidade feminina, existem também condutas
impostas aos homens, que limitam extraordinariamente seu desenvolvimento.
Em outros termos, a mulheres mutiladas correspondem, necessariamente,
homens mutilados. E exatamente por isso que a luta das mulheres não diz
respeito apenas a elas, mas também aos homens. Seria impensável pretender
mudar comportamentos femininos sem redefinir os papeis masculinos.
(SAFFIOTI, p.27)

Logo, seria considerável que assim como o sistema familiar incorporou


novas modalidades de família pudesse também inovar na educação de suas crianças.
Educando sem a necessidade de influenciar sobre o que é de acordo ou não para cada
gênero, mas instruindo ao que é significativo para cada ser humano viver em sociedade
conforme suas exigências.

As violências, preconceitos e agressões contra as mulheres no trânsito

. Segundo o Dicionário Aurélio, violência é o constrangimento físico ou moral,


exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a submeter-se à vontade de outrem.
Também é entendida como qualquer força empregada contra a vontade, liberdade ou
resistência de uma pessoa ou coisa. O que é reforçado constantemente pelo preconceito
e a discriminação de gênero.

De acordo com os parágrafos acima, a mulher quase sempre teve seu espaço
restrito ao lugar doméstico, mas com a evolução da sociedade acabou por ter esse
direito expandido para outras áreas. A conotação dada à vida pública feminina não é das
melhores. Visto que, quando trabalha em ambiente externo é considerado como uma
ajuda ao provedor da casa. Os salários muitas vezes são mais baixos, os carros tendem a
ser menores e mais delicados, já que, seria para afazeres domésticos, ou buscar os filhos
na escola. Há uma diferença importante que deve ser questionada. Podemos então
pensar que a luta por igualdade das mulheres em diversos contextos ainda esta longe do
fim.

Bourdieu (2002) coloca que, para adentrar no espaço masculino, a mulher


precisa do consentimento masculino, precisa se colocar em outra posição.
Assim, a mulher passa a ter a “permissão” para dirigir, desde que seja num
automóvel que lembre ela própria e a todos de seu papel primordial de mãe e
mulher-objeto. (Bourdieu, 2002. p.)

Para Franco (2008) o trânsito é composto por três elementos: estrada, veículo e
motorista. Este que ao dirigir faz do transporte sua forma de expressão e através de seus
atos, comportamentos, atitudes que determina como o trânsito vai ser. Diante dessa
subjetividade que traz o ser humano para o meio externo, a dicotomia dos gêneros
esboça sentimentos, emoções positivas e negativas como em qualquer outro ambiente de
interação do ser humano.

Notamos uma aversão expressiva de alguns homens para com as mulheres


condutoras, vários discursos são explícitos quanto sua capacidade de dirigir. Segundo
Lorentz em sua dissertação de mestrado, usa de notícias e imagens que denigrem a
mulher para afirmar como isso é vivenciado pelas mesmas. “Ela só queria estacionar”
esse é o título de uma reportagem em que uma mulher ao estacionar causa um acidente.
Sendo designada de certa forma irônica, pois, passa para quem lê que é uma tarefa fácil
e comum que a condutora não conseguiu fazer. Facilmente encontramos algum discurso
machista para intitular alguma mulher no trânsito, como: “Lugar de mulher é na
cozinha”, “Só podia ser mulher”, “Mulher no volante perigo constante”, “Está nervosa
por quê? Está na TPM?”, “A única coisa que mulher sabe pilotar bem é o fogão”, que
constituem falar preconceituosas e agressivas.

O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo
tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos, – é uma negociação
permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas as
características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa
pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas
se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder. (VASCONCELOS,
1998, p. 19)

De acordo com Hoffmann, Cruz e Alchieri (2003), o homem ou a mulher ao


volante é um ser humano que além de uma série de habilidades, de uma personalidade,
hábitos e atitudes definidos, possuem necessidades fisiológicas (alimento, sono,
descanso), necessidades psicológicas e socioculturais (segurança, comodidade, auto-
realização, aceitação) que podem estar equilibradas ou não. Levando em consideração
todas as essas necessidades do indivíduo, expõe que quando algo ameaça o equilíbrio o
ser humano reage, podendo agir com agressividade, vindo a agredir o outro, no caso
pesquisado, a figura feminina. (Menezes apud Tebaldi e Ferreira)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa analisou o impacto da violência, preconceitos e agressões sofridas


por mulheres condutoras. No decorrer da pesquisa podemos constatar que, embora a
sociedade evolua alguns aspectos perece resistir ao tempo, às mudanças. Assim é o
preconceito e a inferioridade ainda atribuída ao gênero feminino.
Nesse sentido, às análises desenvolvidas a partir de bibliografias, livros e
dissertações, nos mostrou que a violência gerada no trânsito tem suporte ainda na
educação familiar. E, enquanto a tradicional educação quanto ao gênero não for
formulada sem doutrinação entre masculino e feminino, alguns problemas sustentados
pelo direcionamento ideológicos e de princípios morais, além do machismo passado de
geração em geração, poderão persistir na sociedade.
Percebemos que as mulheres estão se inserindo cada vez mais no ambiente
social, o que aumenta as chances de serem violentadas. Essa violência muitas vezes
acontece por ser do gênero feminino e estar no tráfego, pois, as maiorias dos homens
ainda querem sustentar a ideia de que são os donos do espaço social. Discriminando,
agredindo verbalmente em outros casos terminando até em acidente.
Notamos também que as mulheres são mais cuidadosas no trânsito.
Entendimento que nos leva a refletir que de alguma forma essa educação dada às
mulheres, em cuidar do lar, dos filhos e do marido, ajuda no que é esperado da conduta
dos motoristas. De certa forma, poderia contribuir se os homens também fossem
instruídos para o zelo.
Entendemos que é possível o trabalho com os candidatos à Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) quanto ao aporte psicológico. Sintetizo que seria
fundamental, que fosse trabalhado de maneira mais enfática, as possibilidades de
mudança na visão distorcida e nas atitudes de alguns condutores. Ao psicólogo do
trânsito é dada apenas a avaliação psicológica dos candidatos que se apresentam na
retirada da permissão para dirigir, consistente em um único encontro.
Não se pode pensar que a avaliação psicológica seria o suficiente para encontrar
e extinguir comportamentos inadequados dos motoristas. É necessário ter mais
educação no trânsito, e perspectiva de psicólogos nessa educação. Com isso, nessa
questão de gênero no trânsito, pouco foi realizado. Porém, sabe-se que psicólogos
possuem aporte suficiente para desenvolver atividades muito mais abrangentes das quais
são dadas, até o momento, para a retirada da CNH, inclusive no que se trata de
violência, preconceito e agressões.
De acordo com o parágrafo acima, não seria uma questão de extinção de tais
comportamentos, nem cura do machismo, mas de uma diminuição acentuada de atitudes
violentas, machistas e preconceituosas que prejudicam na viabilidade de um trânsito
mais seguro.
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BOURDIEU, P; A dominação masculina tradução /Maria Helena Kuhner, 2.ed. Rio


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