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CENTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS

SEMINÁRIO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY


CURSO: CATECISMO
DOCENTE: HENRIQUE GUSTAVO
DISCENTE: MÁRCIO SILVA FERNANDES
PROPEDÊUTICO

TÍTULO: O HOMEM, IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

INTRODUÇÃO:

O presente artigo relatará um pouco sobre a criação e o Criador onde será visto de
uma forma especifica as criaturas visíveis. “Ele nos predestinou para sermos seus filhos
adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória
da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado” (Ef 1, 5-6).

A humanidade em todos os seus tempos se pergunta de onde viemos, para onde


vamos, entre vários outros questionamentos nesse aspecto. Relatar sobre o mistério da
criação não é simplesmente falar que Deus criou, mas aprofundar-se nos estudos para
assim poder ter uma boa compreensão que Deus criou tudo e todos pela sua divina
sabedoria e bondade. Graças à luz da razão somos capazes de compreender de uma
forma mais intelectual o mistério da Criação; Deus revela-se ao homem e o homem com
sua razão dada pelo Criador acolhe esta revelação por meio da fé.

Como já ressaltado anteriormente, que Deus Criou tudo e todos, claramente é


perceptível que se refere tanto do mundo visível como do mundo invisível. O referido
artigo irá ter como foco principal a criação do mundo visível e todas as coisas que n’ele
habita, a bondade de cada ser, e o respeito do homem para cada criatura, pois, todas as
criaturas são obras do Criador.

Neste pequeno meio de estudo irá ser também examinado que o mundo foi criado
para a glória do Criador, pois Deus cria o homem o dotando de amor para no verdadeiro
amor que é Deus o homem possa somente n’Ele se realizar. “Ele nos predestinou para
sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade,
para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado” (Ef 1, 5-6).
Deus criou o homem não como uma obra imperfeita, mas, inacabada. A criação
caminha para atingir uma perfeição, pela divina providência, que é o conjunto das
disposições que Deus encaminha para que seu povo chegue à perfeição. A divina
providência para atuar na vida humana requer do homem a sua confiança inteira em
Deus, sem se preocupar com o dia de amanhã, sabendo que Deus jamais abandona sua
criatura.

Em suma, o tema a ser estudado irá ser de melhor compreensão, com o intuito de
aumentar o conhecimento de quem o analisar. O artigo decorrerá embasado no
catecismo e em bibliografias de outros materiais semelhantes a fonte Catecismo.

CAPÍTULO I

“No princípio Deus criou o Céu e a terra” (Gn 1,1). É dessa forma que a Bíblia
apresenta a origem de tudo; Deus, por sua bondade infinita, cria tudo do nada para que
todas as coisas criadas o glorifiquem; os seres visíveis e os invisíveis, cada um à sua
maneira.

Todos os seres, querendo ou não, dão glória a Deus. Os seres angélicos, de


inteligência imensamente superior à nossa, contemplam e amam seu Deus, exceto os
anjos decaídos, que se revoltaram contra seu Criador, mas é claro que mesmo não
obedecendo ao sumo Bem são obrigados a aceitar que nada é mais glorioso que seu
Criador.

É certo que todos os seres são reflexo da glória de Deus, mas nenhum deles é
tanto quanto o homem, pois Deus o fez à sua imagem e semelhança dotando-o assim de
sabedoria e transcendência e capacidade de amar, para que através da sabedoria o
homem alcançasse o amor no Único que pode saciar essa necessidade: Deus, seu
criador, sua origem e seu fim.

Na história, os questionamentos básicos que perpassaram gerações e nunca


obtiveram respostas claras, mas sempre levaram o homem a indagara-se mais e mais
como “de onde viemos?”, “para quê existimos?”, e “para onde vamos?” apresentam
bem a necessidade desse homem em encontrar algo além de seu mundo. Isso significa
dizer que aqueles que têm essas dúvidas, só encontrão resposta que lhes satisfaça no
encontro com a Verdade. Pois, como aborda o CIgC, “a criatura nada pode, se for
separada de sua origem, pois ‘a criatura sem o criador se esvazia’. (Art. 308)”

Para que o homem seja completo e chegue ao pleno conhecimento da Verdade


(cf. 1Tm 2,4), o Criador revela-se na pessoa de seu Filho unigênito como prova de amor
e, assim, retirando todas as suas dúvidas que foram citadas anteriormente, chamando-os
ao plano original de sua Criação; para que fôssemos, perante a sua face, sem mácula e
santos pelo amor (Ef 1, 4).

A criação tem sua bondade e sua perfeição próprias, porém não


saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada
“em processo de caminhada” (“in statu viae”) Para uma
perfeição última a ser ainda atingida, para a qual Deus a
destinou. (CIgC ART. 302)

A criação, especificamente o homem, é como que uma obra inacabada, para que
pelo seu Criador pudesse ir em busca de uma maturidade a cada dia, para tentar ao
máximo se aproximar da perfeição, afastada de si por conta do pecado. Deus não
abandona os seus filhos nesta incansável busca, mas é Ele mesmo quem dá forças ao
pobre homem caído, que não subsiste sem o auxílio de Deus, pois sua misericórdia
sustenta a fragilidade humana e nos dá coragem1. O amor de Deus é o verdadeiro Éden
da criatura feita à sua semelhança. O homem amante só se realiza no Amor.

A confiança na providência de Deus é a resposta mais fiel que o homem pode


conceder ao seu Senhor. Mesmo desconhecendo seu futuro, acredita que será
assegurado por Ele, já que a fé é o desapego às provas, um abraço à possibilidade.

O homem como imagem de Deus tem o dever de ser bondoso como Deus, de ser
cheio de amor como o seu Criador, cheio de misericórdia, paciência, caridade, entre
várias outras virtudes para consigo mesmo e com o próximo, afinal, em nenhum outro
ser criado Deus depositou seu Espírito. Se somos cheios desse Espírito, devemos
corresponder ao que ele é com a prática do viver.

“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de deus ele o criou, homem e
mulher ele os criou.” (Gn 1, 27). O amor de Deus deve ser manifestado na relação social
dos homens. A primeira casa de amor, catequese de base, deve ser a família. Homem e
mulher, exercendo o amor do qual são frutos, ensinarão a seus filhos essa lei do amor.
Assim, uma geração deve nascer na carne, educada no amor, e levada ao Amor.

“Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que
eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as
feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra’”. (Gn 1, 26)

1
Prefácio dos Mártires, Missal Romano.
Na citação acima, Deus fala que criou o homem à sua imagem, e os ordena para
que dominem todas as outras espécies de criação, dando ao homem tudo que ele precisa
para exercer o devido mandamento de seu Criador. No capítulo 1, versículo 29 do livro
do Gênesis, Deus mostra claramente como a criatura é espelho do criador; entrega ao
homem a missão de governar as coisas terrenas, para seu sustento, para que elas o
sirvam. É ele a coroação da Criação. Ou seja, o Onipotente realmente fez o homem à
sua imagem, basta que ele entenda a dignidade que recebeu ao ser feito.

Deus disse que o Homem iria dominar sobre todas as outras espécies, o deve ser
seu sustento, para o bem do outro e para a satisfação do Criador. Assim, não deve cair
na soberba de governar o mundo sem Deus e se pôr dominador de tudo. Administrador
não é senhor. Temos vários exemplos, como: a caça por esporte e não por alimentação,
falta zelo com o meio ambiente, desmatamento, lixo e uma série de situações que já
conhecemos. O homem foi feito para ser imagem de Deus dominando as coisas terrenas
para o bem delas e da satisfação de quem as criou.

Quando o homem vai se moldando naqu’Ele que o criou, vai se aproximando cada
vez mais do plano original de Deus, por meio da humildade, da graça santificante e de
uma contínua conversão, tomando o verdadeiro sentido de sua existência. Somente
procurando se assemelhar mais a Deus conseguirá exercer sua verdadeira função de
semelhante de Deus.

Sabendo que o homem é chamado a compartilhar através do amor e do


conhecimento a vida do Criador, entende-se que é chamado a ser imagem e semelhança
d’Ele. Sendo convocado a ser semelhança de Deus, ele deve zelar pela sua dignidade
humana e procurar sempre elevar para mais próximo de Deus sua alma, pois seu corpo é
Templo santo do Espírito de Deus, caminho para o céu, como aborda o Catecismo:

O corpo do homem participa da dignidade da “imagem de Deus”:


ele é corpo humano precisamente porque é animado pela alma
espiritual. É a pessoa humana inteira que está destinada a tornar-se, no
Corpo de Cristo, o Templo do Espírito. (Art. 364)

Dotando o homem deste privilégio de ser único em meio a toda criação, o homem
também tem o dever de zelar pela sua dignidade de ser não só material, mas espiritual,
pois deve repassar Cristo para o próximo e para sua própria pessoa da melhor maneira
possível, e deve ser moldado na oração, caridade e na intelectualidade da melhor
maneira possível, para assim corresponder autenticamente ao chamado a ser imagem e
semelhança de Deus.
O meio de demonstrar exteriormente que Deus o ama é cumprindo sua Lei, a Lei
do amor não se realiza em guardar o amor para si, assim, o amar o próximo se torna
uma consequência da vivência coerente as fé, pois no próximo também habita Deus e
através dele demonstra, em parte, seu infinito amor.

Reconhecendo essa dádiva de Deus, o homem deve ser, na prática, semelhança de


Deus no amor, pois Ele é puramente amor, e o Criador quer de nós apenas a
correspondência a esse amor, e em seguida, como consequência certa, amar ao próximo
como a nós mesmos. Ele não exige nada que seja impossível, apenas que nos
esforcemos para fazer valer os deveres de filhos e imagem do Pai.

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