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Resumo
Neste artigo buscou-se analisar a possibilidade do uso do computador no PEA de alunos com NEE
auditivas e visuais através das percepções dos alunos do CREI-GAZA, um Centro de Recursos Regional
Sul de Educação Inclusiva. Partiu-se da ideia de que os alunos com NEE em alusão enfrentam limitações
e, para ter acesso aos conteúdos é imprescindível a criação de condições específicas como máquina
Braile, existência de um professor de Braile e uma equipa multidisciplinar incluindo professores com
domínio de língua de sinais, papel específico para o Braile entre outros materiais. Os dados foram
colhidos através de um questionário aplicado à 30 alunos sendo 15 para cada tipo de necessidades com as
devidas traduções e adaptações a sua condição. Os resultados indicam que usar o computador no PEA
seria uma oportunidade para o centro reduzir os custos operacionais e pedagogicamente facilitaria o PEA
no seu todo. Indicam igualmente que o centro não possui computadores para os alunos e que laptops para
cada aluno por ser portátil seria mais eficiente na medida em que o mesmo teria facilidade de movimentá-
lo e usá-lo em diferentes locais incluindo no jardim municipal que dispõe de internet gratuita. Por isso, é
importante que a Direção do Centro desenhe uma estratégia de envolvimento de pais, governo e
organizações não-governamentais (ONGs) com vista a garantir que cada aluno tenha um laptop com
funcionalidades básicas que acomodem os programas e outros meios e recursos de aprendizagem.
Palavras-chave: Computador, Necessidades Educativas Especiais Visuais e Necessidades
Educativas Auditivos.
USE OF THE COMPUTER IN THE PEA OF STUDENTS WITH AUDITORY AND VISUAL
NEE: An ANALYSIS OF THE PERCEPTIONS OF THE STUDENTS OF CREI-GAZA
Abstract
This article aimed to analyze the possibility of using the computer in the APe of students with auditory
and visual SEN through the perceptions of students from CREI-GAZA, a South Regional Resource
Center for Inclusive Education. It started from the idea that students with SEN in allusion face limitations
and, in order to have access to the contents, it is essential to create specific conditions such as a Braille
machine, the existence of a Braille teacher and a multidisciplinary team including teachers with mastery
of sign language, specific role for Braile among other materials. The data were collected through a
questionnaire applied to 30 students, 15 for each type of needs with the appropriate translations and
adaptations to their condition. The results indicate that using the computer in the PEA would be an
opportunity for the center to reduce operational costs and pedagogically facilitate the PEA as a whole.
They also indicate that the center does not have computers for students and that laptops for each student
for being portable would be more efficient to the extent that it would be easy to move and use it in
different locations including in the municipal garden that has free internet. Therefore, it is important that
the Center Direction design a strategy for involving parents, government and non-governmental
organizations (NGOs) to ensure that each student has a laptop with basic functionalities that support
programs and other learning means and resources.
Key-words: Computer, Visual Special Educational Needs and Auditory Educational Needs.
1
Docente Universitário e Gestor Escolar, Mestre em Desenvolvimento Curricular e Intrucional.
2
Gestor escolar graduado em História Poltíca e Gestão Pública
1. Introdução
Foi neste contexto que o Governo de Moçambique criou os Centros de Recursos de Educação
Inclusiva (CCREI) através do decreto nº 83/20 de Setembro do Conselho de Ministros que as
define como sendo instituições públicas de educação geral e educação vocacional dotados de
autonomia administrativa e técnica, com serviços de diagnóstico e orientação, formação de
professores em exercício e produção de material didáctico específico e compensatório. As
mesmas possuem as seguintes competências:
Os CREI são tutelados, sectorialmente, pelo Ministro que superintende a área de educação e,
financeiramente, pelo Ministério das finanças.
O CREI Eduardo Mondlane de Gaza localiza-se na sede da vila da Macia, no Distrito de Bilene
no sul da província e iniciou as suas actividades em Maio de 2011. Contava com 5
professores na leccionação, num universo de 46 alunos na primeira classe, tinha 8 docentes no
Sector de Diagnóstico e Orientação (SDO) e 11 funcionários.
Actualmente, o CREI funciona com 23 professores, 6 docentes no SDO e 18 funcionários nos
diversos sectores. Tem cerca de 306 alunos de 1ª à 11a classe, funciona com o nível pré-
escolar composta por 15 alunos.
Dadas as dificuldades ainda em vigor na instituição, particularmente, no quadro do pessoal,
constituem prioridades as seguintes categorias de deficiências:
a) Deficiência visual;
b) Deficiência auditiva;
c) Deficiência físico-motor (ligeira);
d) Distúrbios de linguagem, e;
e) Atraso mental ligeiro e moderado (com autonomia).
Sucede que o material necessário para o decurso normal do PEA com crianças com N.E.E no
geral representa um custo alto o que cria dificuldades para a instituições na medida em que
devido à escassez de recursos, a instituição depara com dificuldades para prover materiais como
papel para escrita braile, as máquinas braile, toners, entre outros materiais. Ademais, importa
referir que pedagogicamente a utilização dos procedimentos clássicos na gestão do PEA pode ser
substituído pelo computador que é mais flexível e reduziria de forma considerável os custos,
melhorando a eficiência e qualidade do PEA.
É nessa perspectiva que o presente artigo analisa a possibilidade do uso do computador no PEA
de alunos com NEE auditivas e visuais a partir das percepções dos alunos e gestores do CREI-
GAZA. Pretendia-se com o estudo, apurar de que forma do computador como meio de ensino
pode contribuir para a melhoria do PEA de alunos com NEE auditivas e visuais.
2. Revisão bibliográfica
Com vista a conferir cientificidade e facilitar a análise dos resultados foram consultados
trabalhos relacionados ao título que de forma resumida passamos a apresentar.
Computador
O computador pode ser entendido como um dispositivo físico capaz de realizar cálculos e fazer
decisões lógicas com grande precisão e muito mais rápidas do que o homem, desde que receba as
instruções adequadas e apresenta-se através de diversos sub-tipos de dispositivos.
Segundo o dicionário de Cambridge o computador é “an electronic machine which is used for
storing, organizing and finding words, numbers and pictures, for doing calculations and for
controlling other machines”. Essa definição assemelha-se a que o define o computador como
sendo “sistema programável que permite armazenar, recuperar e processar dados” (Nunes 2017:
23). Pelo que, computador é uma máquina que facilita a realização de actividades diversas de
forma sistematizada e automática mediante a uma programação prévia.
Breve historial da evolução do computador
Ano Acontecimento
1975 Lançamento do primeiro microcomputador: Altair 8080.
1976 Steve Wozniak e Steve Jobs lançam o computador Apple. No ano seguinte, o Apple II é lançado
1978 A Intel lança o microprocessador 8086, que dá início a série de microprocessadores conhecidos como
80x86, que incluem o Intel 80486 e o Pentium
1979 Primeiro programa comercial para microcomputadores: a planilha eletrônica VisiCalc
1980 Surge o MS-DOS (sistema operacional) da Microsoft (Bill Gates e Paul Allen)
1981 A IBM apresenta o IBM Personal Computer - o PC
1982 É lançado o Lotus 1-2-3, planilha eletrônica que reinou absoluta por vários anos
1983 Lançamento do PC-XT (Extended) pela IBM, e do Turbo Pascal pela Borland (Philippe Kahn)
1984 Lançamento do Macintosh da Apple e do PC-AT (Advanced) da IBM
1985 É lançado o Windows 1.0. Surgem os primeiros computadores 386
1986 A IBM apresenta o primeiro laptop (computador portátil)
1987 A Novell passa a dominar o mercado de redes com seu produto NetWare
1988 IBM e Microsoft lançam o OS/2 1.0 (sistema operacional). Laptop/Notebook
1989 Surgem os primeiros computadores 486
1990 Lançamento do Windows 3.0, num dos eventos mais “badalados” da história do Software
1992 Ao adquirir a Fox Software (produtora do sistema gerenciados de banco de dados Foxbase. É lançado o
OS/2 2.0
1993 Surge o Pentium. É lançado o Windows NT e o OS/2 2.1.
1994 Início do “boom” da Internet.
1995 Lançamento do Windows 95, primeiro sistema operacional genuíno baseado em janelas da Microsoft.
1996 O foco da informática passa para a Internet e a Web1 .
Fonte: Kozak, 2020
Os computadores podem ser classificados quanto ao tipo e quanto ao tamanho. Quanto ao tipo,
existem computadores analógicos, digitais e híbridos e quanto ao tamanho existem
minicomputadores, microcomputadores e mainframes.
Em termos gerais todos eles realizam funções internas idênticas, mas em escalas diferentes para
efeitos deste estudo, entendemos que os alunos com N.E.E tanto auditivas como visuais precisam
de um microcomputador básico digital que seja sustentável e preferencialmente os laptops seriam
os mais indicados devido a sua facilidade de movimentação e capacidade de conservação da
carga. Tendo em conta que os alunos precisa de pesquisar, ler e escrever computadores com as
características acima citadas seriam as mais indicadas.
Em termos concretos, o computador como meio de ensino foi introzido através da Reforma
Curricular do Ensino Secundário Geral de 2008 através da qual foi intruzida dentre outras
disciplinas profissionalizantes as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
(INDE,2007, p. 27-314).
De acordo com o INDE (2007) para a sua materialização, foram definidas como estratégias de
implementação das inovações do PCESG a adequação dos currículos de formação inicial de
professores nas instituições de ensino superior para se adequarem à nova abordagem; capacitação
das Direçcões das escolas e professores para a gestão do currículo, gestão escolar, metodologias
de ensino e ensino participativo e centrado no aluno, relações interpessoais e técnicas de
comunicação; envolvimento das comunidades na vida da escola e desenvolvimento de parcerias
com o sector produtivo, empresariado local, ONG’s e outras organizações; introdução de novas
maneiras de organizar a escola que incluam a gestão de um currículo flexível e diversificado;
Acompanhamento, supervisão e monitoria do novo currículo nas escolas de modo a identificar os
problemas e propor soluções concretas; definir uma estratégia adequada para o livro escolar e
melhoria das infra-estruturas e condições nas escolas.
O governo e parceiros por sua vez equipou algumas escolas secundárias com computadores
como forma de fomentar o uso das TICs. No entanto, o CREI em estudo possui uma sala de
informática não equipada para além da falta de técnicos para operacionalização e manutenção da
mesma.
A designação de NEE surge pela primeira vez, em 1978, com o relatório “Warnock”. Este refere-
se ao ensino ministrado em classes especiais ou unidades de ensino para crianças com
determinados tipos de deficiência, abarcando também a noção de qualquer forma adicional de
ajuda desde o nascimento até à maturidade para superar a dificuldade educacional, o que não
acontecia antes da implementação deste documento (Pereira, 2008). Nesta linha "Necessidades
Educativas Especiais, engloba não só alunos com deficiências, mas todos aqueles que, ao longo
do seu percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de aprendizagem”(Warnock,
1978:36 citados por (Phiri e Sitoe: 2022:8).
Por sua vez, Aranha (2006) defende que ao abordar as Necessidades educativas Especiais
referimos às crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas
dificuldades para aprender. Está associada, portanto, às dificuldades de aprendizagem, não
necessariamente vinculada a deficiência e mais adiante Bautista (1997) entende ser a educação
virada as crianças que apresentam dificuldades ou condicionantes que os possam dificultar o
processo de Ensino-Aprendizagem.
Pelo que, são todos aqueles que necessitam de apoio educativo especial em algum momento do
seu percurso escolar, independentemente da sua duração ou gravidade, e assumindo que a
finalidade da educação tem que ser igual para todas as crianças, quer sejam deficientes ou não.
Todos temos necessidades especiais de acordo com as nossas particularidades por isso não
existem o conceito de pessoas normais.
As NEE visuais e auditivas enquadram-se nas NEE de carácter que incluem os alunos cujas
capacidades auditivas e visuais são afectadas. A Deficiência Visual é um dano do Sistema Visual
parcial ou global podendo variar quanto às suas causas (traumatismo, doença, malformação,
deficiente nutrição) e/ou natureza (congénita, adquirida ou hereditária), traduzindo-se numa
redução ou numa perda de capacidade para realizar tarefas visuais (ler, reconhecer rostos)
(Pereira, 2008). Pode-se dividir em duas categorias: os cegos e os amblíopes. Os cegos são
aqueles cuja incapacidade os impede de ler, recorrendo ao Braille, que lhes possibilita a leitura e
outras aquisições. Os amblíopes têm um campo de visão reduzido, são capazes de ler desde que
sejam efectuadas alterações no tamanho das letras. Os alunos com NEE visuais participantes
nesta pesquisa são afectados pela cegueira e ambliopes.
Por seu turno, a deficiência auditiva consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir. É
considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia-a-dia; é considerado
parcialmente surdo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou
sem prótese auditiva (Neves, 2007; Bispo, Clara & Clara, 2009; Paul, Trezek & Wang, 2009);
Francisco & Neves, 2010).
De acordo com Ampudia (2012) deficiência auditiva é a perda parcial ou total da audição,
causada por má formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que compõem o
aparelho auditivo. A deficiência auditiva moderada é a incapacidade de ouvir sons com
intensidade menor que 50 decibéis e costuma ser compensada com a ajuda de aparelhos e
acompanhamento terapêutico. Em graus mais avançados, como perda auditiva severa (quando a
pessoa não consegue ouvir sons abaixo dos 80 decibéis, em media) e profunda (quando não
escuta sons emitidos com intensidade menor que 91 decibéis), aparelhos e órteses ajudam
parcialmente, mas o aprendizado de libras e da leitura orofacial, sempre que possível, é
recomendado. Perdas auditivas acima desses níveis são consideradas casos de surdez total.
Quanto mais agudo o grau de deficiência auditiva, maior a dificuldade de aquisição da língua
oral. É importante lembrar que a perda da audição 6 deve ser diagnosticada por um médico
especialista ou por um fonoaudiólogo. (AMPUDIA, REVISTA NOVA ESCOLA, 2012 (SILVA,
sd).
Nesse contexto, o computador pode ser uma alternativa a ser usado durante e depois das sessões
de aulas além de ser um aparelho capaz de acompanhar o aluno no seu dia-a-dia em processo de
aprendizagem dos conteúdos escolar, cultura geral e outras habilidades incluindo cursos
específicos o que configura-se em vantagens para o aluno assim como para o professor e em
última instância para o próprio governo.
O computador é uma máquina que processa informação com muita rapidez e de forma
automatizada. Daí que, os pesquisadores da teoria sócio-histórica sustentam que a informática
pode complementar o ser humano, ao oferecer rapidez na resolução de situações-problemas. Os
procedimentos na utilização da informática visam interações, processos criativos próximos da
realidade social (Souza, 2008: 30).
Para alunos com N.E.E a sua natureza áudio visual e a sua conectividade pontual com mundo
constitui um marco que pode aliviar os processos manuais e complexos dos procedimentos e
materiais clássicos para uma era de automação, acesso a informação e melhor aproveitamento do
tempo.
De acordo com Gonçalves (2013) a preocupação sobre a integração das T.I.C. na realidade
educativa tem sido cada vez maior. Exemplo disso foi o documento final da V Conferência dos
Ministros da Educação Europeia, em 2001, onde foram apresentados argumentos que justificam
a necessidade da integração das T.I.C. na escola, a saber (Capitão, s/d:58):
Segundo Marques, Mattos e Taille (1986:35) citados por Souza (2008: 28) o uso do
computador apresenta as seguintes vantagens:
É um recurso audiovisual superior aos demais por ser interativo. (...) pode solicitar e
responder às intervenções do aluno, evitando que este permaneça passivo e,
consequentemente, que se disperse para outros aspectos não relevantes da situação;
(...) possui a vantagem de poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno, por
exemplo, repetindo uma mesma explicação o número de vezes que o aluno desejar,
ou, esperando o tempo necessário por uma resposta do aluno;
(...) ao trabalhar com um determinado conteúdo, digamos, por exemplo, fixação da
ortografia de determinadas palavras, o aluno tem uma avaliação imediata sobre
aquelas que precisa exercitar mais para um completo domínio do assunto.
Para Piaget citado por Souza (2008: 35) “as utilizações dos recursos da informática podem
contribuir para a movimentação das estruturas operatórias de pensamento, na relação entre o
concreto e o formal” razão pela qual mostra-se importante que os alunos principalmente com
NEE necessitem desta tecnologia como forma de reduzir as suas dificuldades no acesso à
informação.
Para Dinis (2001: 42) o computador é uma máquina com características que nenhuma outra
tecnologia educacional até hoje apresentou nomeadamente:
Numa visão mais abrangente de construção de aprendizagem pelo aluno, sendo o professor um
mediador desse processo, Dinis (2001, 45) o computador poderia ser utilizado:
Como fonte de pesquisa de informações na Internet ou em software específicos
(enciclopédias eletrônicas); - como meio de comunicação e discussão de informações;
Como ferramenta para registrar informações (editores de texto, editores de imagem e
som);
Como organizador de informações (bancos de dados ou software de apresentação);
Como ferramenta de apoio para o trabalho com alguma informação específica a ser vista
pela turma (questões ortográficas, simulações de experiências químicas);
Como ferramenta que permite o registro de informações pela expansão de algumas
habilidades, às vezes não muito desenvolvidas em algumas crianças (crianças que não
apresentam uma boa coordenação motora por conta de uma paralisia cerebral e que
podem utilizar o teclado do computador para produzir um texto ou um desenho).
Para os alunos com N.E.E o computador ajudaria por exemplo na utilização de programas áudio-
visuais o que permitiria a consulta e leitura de livros e fontes de informação previamente
planificadas pelos professores além de conferir até certo ponto a capacidade de desenvolvimento
de autonomia na aprendizagem dos mesmos.
Importa neste aspecto referir que no nosso país a introdução das TICs no nosso SNE não
abrangeu todas as escola e, “quase” em todas as escolas os computadores não são suficientes
para todos os alunos. Além desse aspecto, algumas pesquisas como de Azevedo (2015), Duarte
(2018) e Phiri (2019) revelam que a introdução das TICs como inovação curricular não se
garantiu as condições necessárias e boa parte das mesmas escolas mantem as sala de informática
fechada e outras inoperantes, e essa situação piora para os alunos com NEE.
3. Materiais e Metodologia
Tratou-se de uma pesquisa mista, descritiva e explicativa que, por meio de um questionário
composto por perguntas fechadas e abertas, buscou-se compreender as percepções que os alunos
com NEE visuais e auditivos têm em relação ao uso do computador e sua importância no PEA.
Devido à falta de domínio de língua de sinais e de leitura do braile, contou-se com ajuda de
professores especializados com domínio da escrita braile que transformaram o questionário em
braile e traduziram as respostas do braile para a língua portuguesa, assim como ajudaram a
compreender as respostas dos alunos com NEE auditivas visto que, eles escrevem do fim ao
começo permitindo desta feita, que as respostas dadas fossem compreendidas com originalidade.
Começamos por apresentar o perfil dos nossos participantes e de seguida apresentamos as suas
percepções relativamente ao uso do computador no PEA, posteriormente são apresentadas as
implicações da utilização do computador no PEA com os alunos com Necessidades Educativas
Especiais visuais e auditivas, considerações finais e as respectivas referências bibliográficas
consultadas no durante a pesquisa.
No que diz respeito ao perfil da amostra, a pesquisa envolveu 30 alunos dos quais 17 do sexo
masculino e 13 do sexo feminino dentre eles alunos com N.E.E e os ditos normais. Este facto
deve-se ao modelo inclusivo que caracteriza a instituição o que faz com que a mesma acolha os
alunos com e sem N.E.E. Destes, 15 são alunos com N.E.E visuais e 15 com N.E.E auditivos. O
gráfico abaixo ilustra a distribuição da amostra por sexo:
Gráfic
o nº1:
Amostra por sexo Distrib
Sexo
uição
20 17 da
15 13
amostr
10
a por
5
sexo
0
Masculino Feminino
No que diz respeito as faixas etárias participaram da pesquisa alunos com idades compreendidas
entre 10 a 25 anos de idade conforme ilustra o gráfico a seguir, a existência de alunos com idade
superior a que normalmente se estabelece para o Ensino Geral deve-se ao facto de alguns dos
alunos com NEE terem o processo de desenvolvimento retardado em relação a idade cronológica
por um lado e, por outro, devido a entrada tardia no sistema educativo devido as dificuldades
enfrentadas pelas famílias assim como aos preconceitos que em alguns casos as famílias
preferem manter os alunos nesta condição fora do sistema, facto que tem sido combatido através
dos esforços do governo na sensibilização das comunidades sobre igualdade de direitos e da
necessidade de garantir que todas as crianças indecentemente da sua condição sejam gozem do
direito a educação.
Faixa Etária
Faixa Etária
14
15
9
10 7
5
0
10-15 anos 16-20 anos 21-25 anos
Fonte: os alunos
No que diz respeito as classes que os alunos frequentam, foram envolvidos alunos de classes
entre 5ª à 11ª classes conforme ilustra-se no gráfico a seguir. A inclusão de alunos à partir da
quinta deveu-se ao facto de percebermos que tem alguma capacidade para responder as questões
e até 11ª pelo facto de a escola até o ano de 2021 período em que realizou a recolha de dados
estava a funcionar com os alunos da 1ª à 11ª classes nu processo de aumento gradual.
Fonte: os alunos
No que diz respeito ao número de alunos que possuem um computador, dos 30 apenas 3
correspondentes a 10% é que possuem computadores nas suas casas o que significa que os 90%
de alunos nunca entraram em contacto com um computador nem nas suas casas de origem e nem
na escola porque não existem para a utilização do aluno, a experiencia que tiveram é de vê-los
nos gabinetes dos seus directores e professores e ouvir o som dos computador usado pelo
professor da sala do Braile usado. O entanto, os alunos da 10ª e 11ª estudaram de forma teórica
sobre o computador através de um texto de língua portuguesa e nas aulas de TIC que ocorreram
alguns dias de forma teórica.
14
12
12
10
4
2
2 1
0
Alunos Alunas
Fonte: os alunos
3.2. Percepção dos alunos sobre o conceito e importância do computador no processo de ensino-
aprendizagem inclusivo
No que diz respeito a percepção dos alunos em relação ao conceito e importância do computador
constatou-se que eles possuem definições científicas do que é como se pode ler abaixo:
É uma máquina de escrever que serve para fazer muitas coisas notadamente
documentos, livros, canetas, fotografias, musicas, vídeos e cálculos.
(A10,4)
Meio de comunicação, guardador de informação, documentos, fotografia, livro,
carro, vídeos e escrever (A2,6,9,11).
Olhando para a classificação quanto ao tamanho fica claro que os minicomputadores que são
computadores de pequeno porte assim como os microcomputadores que são computadores de
uso geral e tamanho médio realizam uma diversidade de acções desde escrever, projectar,
comunicar entre outras acções o que demostra que os alunos possuem noções claras sobre o que
é.
N que diz respeito ao acesso os alunos 70% dos alunos afirmam não ter estado ainda em contacto
com um computador e os restantes 30% dizem ter estado em contacto com o computador embor
2 deles tenha tido uma única experiencia neste sentido.
Dos que usaram com alguma frequência relatam que foi uma boa experiencia principalmente
quando podem ver os vídeos e digitar documentos e escutar músicas.
Sim foi uma experiência muito boa e muito significativa porque aprendi muito
(A12)
A escola podia servir de espaço para proporcionar aos alunos a desenvolverem competências
tecnológicas por forma a poderem inserirem-se no mundo global. Não tendo a escola uma sala de
informática em funcionamento aliado ao dos alunos não terem os computadores talvez a
alternativa e abordagem do governo e as organizações não-governamentais (ONGs) virasse uma
abordagem individualizada no sentido de começar-se a trabalhar num processo triangular que
envolve pais, governo e as ONGs abraçassem a abordagem de um aluno um computador
expressa em várias iniciativas do próprio governo através do Ministério do Ensino Superior e
Tecnologias.
Para os alunos com N.E.E. ter um computador representa uma autonomia para a gestão das suas
aprendizagens e uma oportunidade de poder interagir com o mundo e desenvolver as suas
capacidades e, para os professores o computador do aluno representa um meio de ensino, uma
biblioteca e uma flexibilização da actividade do professor na medida em que a dependência do
aluno ao professor diminuiria consideravelmente, para a escola representaria menos custos na
medida em que se o aluno tiver um computador é so uma questão de instalar o aplicativo gratuito
NVDA que lê os documentos em word nos computadores dos alunos com NEE visuais e os com
as NEE auditivos teriam acesso normal aos conteúdos através dos seus computadores.
Ademais, na vila da Macia existem um jardim com acesso à internet que os alunos teriam acesso
para realizar as suas pesquisa e com este aparelho, ficavam a escola e o governo, isentos dos
custos com as máquinas brailes que até agora são insuficientes, impressoras, papel específicos
para a escrita braile que tem um custo muito elevado comparando com os que constituiria custo
total de aquisição de minicomputadores Laptos com funcionalidades básicas como se pode ver
na cotação mais adiante.
Os alunos entendem igualmente que através do computador teriam facilidades no processo de:
Em suma, podemos perceber que o computador mostra-se importante para a gestão do PEA dos
alunos com N.E.E, visto que possibilita o aluno a entrar em contacto com os conteúdos e receber
instruções dos seus professores e de outras fontes do conhecimento a nível do mundo. Ele ajuda
aos alunos com N.E.E auditivos a escutarem conteúdos escritos em formato Word o que
aumentaria o acesso aos conteúdos por parte de alunos com estas particularidades.
Para os alunos com N.E.E auditivos, o computador é um meio de ensino áudio visual, pelo que,
através da visão desenvolveriam diversas competências de forma autónoma.
Para melhor compreensão das implicações da utilização do computador no PEA com os alunos
com Necessidades Educativas Especiais é importante lembrar os procedimentos usados neste
processo ao nível do CREI.
O CREI possui um professor de Braile que tem uma sala específica e devidamente equipada.
Este técnico tem duas funções principais, nomeadamente ensinar os alunos com N.E.E. a
escrever e ler e Braile e traduzir os textos de apoio escritos pelos professores ara o Braile de
modo a permitir que os alunos possam ler. Como pode-se ver não é tarefa fácil segundo o
professor de Braile ter que atender alunos e traduzir os textos de todos os professores uma vez
que quase todas as turmas tem alunos com N.E.E visuais.
Em relação as crianças co N.E.E. auditivos s professores, na sua maior parte tem noções de
língua de sinais e 2 são mesmo formados em língua de sinais e que auxiliam e capacitam os
outros professores nesta matéria de modo a permitir que a comunicação com este grupo seja
possível. Voltando para alunos com N.E.E. apreciemos a cotação abaixo:
1: Fotografia de uma cotação de material básico necessário para aulas de 1 mês com excepção da
máquina Braile.
Um computador básico custa em média 12,000,00 o que significa que, com a cotação acima,
seria possível adquirir 10 computadores/mensal ou bimensalmente ao que em dois anos seria
possível comprar computadores para 58 alunos com N.E.E se não considerarmos o custo da
máquina, não obstante aos outros custos associados que aqui preferimos não mencionar como é o
caso de toner, manutenção das máquinas Braile e impressoras.
O que significa que a utilização dos computadores no PEA envolvendo alunos com N.E.E
mostra-se mais sustentável economicamente principalmente os visuais e pedagogicamente para
ambos como se aborda a seguir.
Em suma podemos perceber que ao uso do computador no PEA de alunos com NEE traz
vantagens enormes oque pode melhorar o desequilíbrio existente no PEA resultante da condição
dos alunos nesta condição.
4. Considerações finais
Perecebemos que a situação da inclusão continua sendo um desafio na medida em que, os CREIs
foram criados para serem escolas-modelo da inclusão e apoiarem outras escolas neste âmbito e,
quando se percebe também que ainda debate-se com problemas como a falta de sala de
informática operacional e falta de alguns técnicos incluindo a existência de apenas um professor
de Braile torna preocupante na medida em que ao nível do país são três e deviam estar em
condições melhores que actuais.
O PEA de alunos com NEE mostra-se muito oneroso na medida em que os materiais necessários
para o seu decurso normal representa um custo elevado comparativamente ao ensino com alunos
ditos normais. Ademais, a existência e insuficiência de alguns técnicos especializados como
psicólogos, assistentes sociais, terapeutas de fala, fisioterapeutas entre outro no sector da
educação obriga aos professores do CREI a ter que se reinventar em algumas situações para lidar
com as particularidades dos alunos.
Os alunos entendem que o computador facilita a realização de diversas actividades e para além
de escrever, escutar músicas, ver vídeos é um meio de comunicação entre alunos e os professores
e com o mundo em geral.
Apesar de aparentemente ser uma alternativa cara ela é mais económica a médio e longo prazo
visto que o somatório dos valores brutos para aquisição de computadores será muito inferior aos
custos operacionais num período por exemplo de 3 anos pelo que, é importante que a escola,
junto com os encarregados e o governo comece a discutir possibilidades e alternativas possíveis
para a migração do processo analógico para a digitalização do PEA de alunos com N.E.E.
5. Referências bibliográficas
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