EDIÇÃO 3
A VOZ DO POVO
INFORMATIVO DO CIDADÃO MACEIOENSE
Aos poucos, o local foi entrando em
JARAGUÁ: decadência pela falta de verbas públicas.
REVITALIZAÇÃO JÁ Então, o que era pra ser um ponto de
grande movimento econômico, social e
cultural da nossa cidade, passou a ser
POR STEPHANIE LARISSA pauta sobre a negligência do poder
público.
O marco do desenvolvimento da cidade de O bairro do Jaraguá sempre foi o berço da
Maceió aconteceu no bairro do Jaraguá, e comercialização do estado. Vivendo em um
por isso o local é considerado o berço da constante momento de efusão, o Jaraguá
cultura alagoana, o Jaraguá abriga, até os fazia parte da vida boêmia e financeira da
dias atuais, museus, praças ou seja, temos cidade de Maceió. Perpetuado até hoje
espaço e temos atrações, o que precisamos como o berço da cultura alagoana,
é de incentivo e apoio dos órgãos permanecendo com a arquitetura
responsáveis para que os eventos característica do século XIX e dando palco
aconteçam e tragam a população ao bairro a diversos museus, praças e ruas famosas e
com segurança. ruas e estabelecimentos importantes, foi onde a história da cidade
carregados de história e nostalgia. Foi começou a se desenvolver. ‘’O bairro é um
graças ao porto lfazendo com que os lugar importante da cidade, o nascedouro
principais órgãos públicos fossem da cidade, onde ela respirou’’, diz o diretor
transferidos de Marechal Deodoro para a do Museu da Imagem e do Som de Alagoas,
então vila de Maceió e, posteriormente, Paulo Poeta.
houvesse a transferência da capital.
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JULHO DE 2022
Foto: Joyce Juliana.
O público que deve ser atraído para os
eventos é justamente aquele ligado à
arte, conectado com a cena cultural e a
música, como professores, estudantes
universitários e mais jovens, aqueles que
já conhecem ou que irão ver pela
primeira vez e, quem sabe, simpatizar
com sua história e voltar mais vezes. ’’(...)
temos que parar para pensar se esses
espaços chegam como uma alternativa
de lazer ou estudo para comunidade,
para periferia, para crianças de escola
pública (...).
Os museus, assim como a sala de aula,
são ambientes educativo, em que há
troca de conhecimento, então estar em
contato com esses ambientes, além de
ser um forte ponto na educação ainda
nos deixa estritamente ligados à nossa
própria cultura, história e arte por um
meio não tradicional de ensino’’, enfatiza
Laura Caminha.
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AS DIFICULDADES QUE A Mas o Estado não é o único empecilho A consequência da falta de investimentos
REVITALIZAÇÃO DO BAIRRO nessa revitalização, a própria população públicos no bairro do Jaraguá, acaba
ENCONTRA NO MEIO DO brasileira tem uma tendência a não criando uma situação desastrosa de
CAMINHO valorização da cultura local. ‘’Acredito que desinformação da população acerca da
se houvesse um incentivo desde o ensino importância e historicidade que o bairro
As maiores dificuldades ligadas à
infantil à ida de museus e galerias teríamos traz consigo. Os museus são os mais
revitalização do bairro hoje se encontram
um público bem maior de visitantes e até afetados por essa falta de informação, que
na ineficácia do poder público na região.
pesquisadores nesses espaços.’’, diz Laura fica evidente quando o Museu Théo
Um dos motivos citados pelo diretor do
Caminha, aluna de história pela Brandão por exemplo, tem seus melhores
Museu da Imagem e do Som de Alagoas,
Universidade Federal de Alagoas e dias na alta temporada de turismo, em que
Paulo Poeta, é a falta de segurança. Ele nos
funcionária do Museu Théo Brandão. sua visitação chega a até 20 pessoas por
contou que, a partir do momento em que a
Esse ponto tocado por Laura e que dia, o que é absurdamente pouco, para um
Prefeitura do Estado e os órgãos
aparece também na fala de Paulo Poeta, local tão rico em cultura durante o período
responsáveis pelo bairro pararam de
fala sobre a necessidade da divulgação dos mais movimentado do ano.
oferecer a segurança necessária,
projetos e da história do local, pois se No entanto, é notável que a falta de
ocorreram diversos furtos e, assim, o bairro
houver um uso inteligente e um chamado interesse do poder público em investir em
foi deixando de ser tão povoado como era
atrativo, o público irá aparecer e tornar o eventos culturais e divulgação dos museus,
antes. Essa falta de segurança se torna um
bairro o mais perto possível do que era é a principal causa da desertificação do
dos principais fatores para afastamento do
antes. ‘’São palcos a céu aberto, cada bairro, porque já foi provado que é possível
público do local, principalmente durante a
cantinho dá para fazer uma coisa’’, diz reavivar o bairro através de eventos e
noite.
Paulo Poeta. divulgação do local. A Bienal Internacional
De acordo com levantamentos da
Ou seja, temos espaço e temos atrações, do Livro, evento promovido pela
Agência Tatu, em 2020 o bairro apresentou
o que precisamos é de incentivo e apoio Universidade Federal de Alagoas, por
uma taxa de 1.906 assaltos para cada 100
dos órgãos responsáveis para que os exemplo, foi um grande sucesso e superou
mil habitantes. “O bairro teve um tempo
eventos aconteçam e tragam a população a expectativa de público quando sediada
áureo. Esse tempo áureo foi perdido por
ao bairro com segurança. O público que no Jaraguá. Foram mais de 350 mil pessoas
uma ineficácia do estado como um todo, os
deve ser atraído para os eventos é circulando pelas ruas do bairro.
órgãos que não cuidaram para que
justamente aquele ligado à arte, conectado A Virada Cultural, que aconteceu no
algumas coisas acontecessem, uma delas,
com a cena cultural e a música, como Jaraguá em 2017, em comemoração aos
mais importante, foi a segurança.”, diz
professores, estudantes universitários e 200 anos de Maceió, teve público de 50 mil
Paulo Poeta, coordenador do Museu de
mais jovens, aqueles . pessoas..Para que esses espaços se tornem
Imagem e Som de Alagoas.
Em relação às verbas dedicadas aos mais atrativos para o público, é necessário
Diretamente ligada à periculosidade do
museus, repassadas pelas esferas federa. que sejam realizados.
local, está o baixo movimento no bairro,
tanto de dia quanto no período noturno.
Isso acontece também devido a
desinformação da população acerca das
atrações existentes no bairro, que deriva
principalmente da falta de interesse do
Estado em divulgar o Jaraguá como
potência cultural de Alagoas, para atrair
visitantes ao bairro e proporcionar a ele
uma vida natural.
Aliado a isso, também nos conta o diretor
e jornalista, a opinião de arquitetos e
urbanistas que acreditavam que o bairro
deveria ser povoado, para que houvesse
uma vida natural ao local, para que o lugar
fosse independente como qualquer outro
bairro.
Foto: Joyce Juliana.

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PROJETOS E INTENÇÕES
FUTURAS DOS ÓRGÃOS
RESPONSÁVEIS
Essa revitalização tão necessária sempre
foi buscada pelos adoradores do bairro, e
aqueles que lutam por ele. Com o exemplo
temos o evento ‘’Reviva Jaraguá’’, que foi
mais uma tentativa da revitalização, onde
ocorriam apresentações de bandas em
locais como praças e até mesmo no prédio
da própria Associação Comercial. Todos os
anos mais projetos como esse surgem, com
a intenção de fazer o que o outro não
conseguiu, que nos leva a pensar que a
frequência dos projetos deveria ser tomada
com maior rigorosidade, para que
cessassem as tentativas.
A Virada Cultural, ocorrida em 2017, é um
outro exemplo de um momento de respiro
do bairro cultural. Um evento com 36 horas
que contou com a apresentação de vários
artistas e teve a adesão de seus
participantes, que curtiram de um dia a
outro a programação vasta escolhida pelos
organizadores. A Bienal do Livro de 2019
foi um dos últimos eventos que nos
marcou antes da pandemia; foi uma
iniciativa da Universidade Federal de
Alagoas, que contou com as ruas do bairro
cheias de atrações e usou cada pedacinho
da história ao seu favor, colocando stands
de livros em prédios famosos como o MISA,
a Associação Comercial e o IPHAN.
Outras iniciativas pessoais de grupos
específicos, como os Afrocaetés, que
promoveram eventos semanais para
promover a cultura no bairro. O desinformação da população acerca da do começo da cidade”, destaca Paulo
Jaraguanear com Sextas Clássicas,
também é exemplo de tentativa
importante, que mostra ao público e aos
órgãos a possibilidade de reutilização do
espaço para os eventos culturais mais
diversos - que movimentam o turismo na
região.
Já o projeto Vozes do Beco, organizou o
festival de arte com mesmo nome, que
contou com artistas musicais,
gastronômicos, visuais e artesanais.
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Foto: Joyce Juliana.
Paulo Poeta nos contou sobre um projeto No entanto, é notável que a falta de
do próprio Museu da Imagem e do Som, interesse do poder público em investir em
que está com uma programação de eventos culturais e divulgação dos museus,
aniversário chamada ‘’Jogar o MISA para o é a principal causa da desertificação do
mundo’’, onde será criado um portal que bairro, porque já foi provado que é possível
disponibilizará o acervo do museu, muito reavivar o bairro através de eventos e
importante para pesquisadores e curiosos. divulgação do local. A Bienal Internacional
Além disso, a inauguração de um espaço do Livro, evento promovido pela
novo, que conta com mais atrações Universidade Federal de Alagoas, por
culturais. exemplo, foi um grande sucesso e superou
Visto isso, fica clara a tamanha a expectativa de público quando sediada
importância do recurso cultural deste no Jaraguá. Foram mais de 350 mil pessoas
museu e de todos os outros pontos circulando pelas ruas do bairro.
históricos que ficam localizados no bairro, A Virada Cultural, que aconteceu no
e a sua necessidade de uma revitalização Jaraguá em 2017, em comemoração aos
urgente com um plano concreto e uma 200 anos de Maceió, teve público de 50 mil
ação conjunta para que aconteça uma pessoas. São eventos como este que
aproximação do bairro com aqueles que se mostram ser possível trazer o bairro de
interessam, que muitas vezes não são volta ao seu apogeu. “A Virada Cultural
atraídos por ele. promovida pelo Estado aconteceu durante
A consequência da falta de investimentos 36 horas, com atividades que mostraram
públicos no bairro do Jaraguá, acaba ser possível respirar essa magia que o
criando uma situação desastrosa de bairro tem, toda essa mágica, né? Do bairro
importância e historicidade que o bairro Poeta.
traz consigo. Em relação às verbas dedicadas aos
Os museus são os mais afetados por essa museus, repassadas pelas esferas federais,
falta de informação, que fica evidente estaduais ou municipais, o COFEM
quando o Museu Théo Brandão por (Conselho Federal de Museologia) aponta
exemplo, tem seus melhores dias na alta que o valor é equivalente aos gastos já
temporada de turismo, em que sua existentes, sem espaço para renovações.
visitação chega a até 20 pessoas por dia, o Para que esses espaços se tornem mais
que é absurdamente pouco, para um local atrativos para o público, é necessário que
tão rico em cultura durante o período mais sejam realizados novos projetos e, para
movimentado do ano. isso.
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