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formações. Nas formas de vida primitivas (A), células sensitivas (E10), através de nervos
esta função é exercida pelas próprias células sensitivos (aferentes) (E11), para o SNC
sensitivas (A-C1). Elas são excitadas por es- (E12). O SNC responde enviando instruções
tímulos do meio ambiente e os impulsos são aos músculos (E14), através dos nervos
conduzidos, através de seus processos, para motores (eferentes) (E13). O controle e a
as células musculares (A-C2). Assim ocorre regulação das respostas musculares (E15)
a mais simples reação a estímulos externos são realizados por células sensitivas nos
(células sensitivas com processos isolados músculos, por um mecanismo de retroalimen-
são encontradas, na espécie humana, apenas tação (feedback) através dos nervos sensiti-
no epitélio olfatório). Nos organismos diferen- vos (E16) até o SNC. Esta via aferente não
ciados (B), entre a célula sensorial e a célula transmite estímulos do meio ambiente, mas
muscular, está inserida uma célula adicional, apenas estímulos do interior do corpo (estí-
que transmite a informação: a célula nervo- mulos proprioceptivos). Portanto, distin-
sa (neurônio) (BC3). Ela é capaz de transmitir guem-se uma sensibilidade exteroceptiva e
o estímulo para várias células musculares ou uma sensibilidade proprioceptiva.
outras células nervosas, formando então uma Entretanto, o organismo não só reage ao meio
rede nervosa (C). O corpo humano também ambiente como também atua espontanea-
contém uma rede disseminada deste tipo, e mente. Também nestes casos há um circuito
todas as vísceras, vasos sangüíneos e glân- funcional correspondente: a ação provocada
dulas são inervados por ela, sendo chamada pelo SNC, através de nervos eferentes (F17),
sistema nervoso autônomo (vegetativo é registrada pelos órgãos dos sentidos, e esta
ou visceral), que pode ser dividido em duas informação retorna ao SNC, através de nervos
partes antagônicas, uma parte simpática e aferentes (F11) (reaferência). Dependendo de
uma parte parassimpática*, que juntas são o resultado corresponder ao desejado ou não,
responsáveis pela manutenção de um meio impulsos adicionais são enviados pelo SNC
interno constante (homeostase). com a finalidade de aumentar ou diminuir a
Nos animais vertebrados, além do sistema ner- ação (F13). Um grande número desses circui-
voso autônomo, existe um sistema nervoso tos forma a base da atividade nervosa.
somático, que consiste no sistema nervoso Assim como se distingue uma sensibilidade
central, SNC (encéfalo e medula espinal), e exteroceptiva (pele, mucosa), uma sensibili-
no sistema nervoso periférico (nervos para dade proprioceptiva (receptores musculares e
cabeça, tronco e membros). Servem para a per- tendíneos) e uma inervação sensitiva autôno-
cepção consciente, o movimento voluntário e a ma visceral, também a atividade motora pode
interação de informações (integração). ser dividida em ações motoras somáticas
O SNC se desenvolve da placa neural (D4) da ecotrópicas (músculos estriados voluntá-
ectoderme, que se transforma em sulco neural rios), relacionadas ao meio ambiente, e ações
(D5) e que depois forma o tubo neural (D6). motoras viscerais idiotrópicas (músculos
Finalmente, o tubo neural se diferencia na viscerais lisos), relativas ao meio interno.
medula espinal (D7) e no encéfalo (D8).
Introdução
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3
2
2
A B
A Célula sensorial com um processo para a célula muscular
B Célula nervosa como ligação entre uma célula
sensorial e uma célula muscular C Rede nervosa difusa 2
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D Desenvolvimento 8
embrionário do SNC: medula espinal F Circuito funcional: ação do organismo
à esquerda, encéfalo à direita no meio ambiente
18 Introdução
do crânio, recoberto por uma cápsula óssea; As várias partes do tronco encefálico têm
a medula espinal se situa no canal vertebral, uma arquitetura uniforme (estrutura deriva-
encerrada pela coluna vertebral (óssea). Am- da da placa basal e da placa alar, como na
bos são envolvidos pelas meninges encefálica medula espinal, pág. 26 C). Nervos espinais
e espinal, que limitam um espaço preenchido verdadeiros emergem delas, assim como da
pelo líquido cerebrospinal. Dessa maneira, medula espinal. Como na medula espinal,
o SNC é protegido em todos os lados por pa- durante o desenvolvimento embrionário, eles
redes ósseas e por um amortecedor hidráulico se localizam na corda dorsal. Todas estas ca-
(coxim liquórico). racterísticas diferenciam o tronco encefálico
Os nervos periféricos passam através de fo- do cérebro. A classificação aqui citada difere
rames na base do crânio (nervos cranianos) e da oficial, na qual o diencéfalo é considerado
através de forames intervertebrais (nervos es- como parte do tronco encefálico*.
pinais) (A3) em direção aos músculos e à pele. O cérebro, prosencéfalo, consiste em duas
Na região dos membros, primeiro eles formam partes, o diencéfalo e o telencéfalo. No
plexos nervosos, o plexo braquial (A4) e o cérebro maduro, o telencéfalo forma os dois
plexo lombossacral (A5), nos quais as fibras hemisférios cerebrais. Entre eles se localiza o
nervosas da medula espinal mesclam-se entre diencéfalo.
si, de tal maneira que os nervos terminais dos A9 Cerebelo.
membros contêm fibras nervosas de vários
nervos espinais (págs. 84 e 94). Na entrada
das fibras nervosas aferentes nos nervos há
gânglios (A6), pequenos corpos ovais que
contêm células nervosas sensitivas.
Na descrição da posição das estruturas en-
cefálicas, os termos “superior” e “inferior” e
“anterior” e “posterior” se mostram inexatos
devido aos vários eixos cerebrais (B). Como
resultado da posição ereta da espécie huma-
na, aparece uma flexura (angulação) no tubo
neural: o eixo da medula espinal tem direção
quase vertical, enquanto o do cérebro, ao con-
trário, é horizontal (eixo de Forel, laranja)
e o eixo das partes inferiores do encéfalo é
oblíquo (eixo de Meynert, violeta). Os ter-
mos de posicionamento estão de acordo com
esses eixos: a extremidade frontal do eixo é
conhecida como oral ou rostral (os, boca; ros-
trum, proa de navio), a posterior como caudal * N. de T. A afirmação não é mais correta, referindo-se a
(cauda, rabo), a inferior como basal ou ven- uma divisão antiga, usada apenas por alguns autores
anglo-saxônicos (como, por exemplo, Manter e Gatz). A
tral (venter, abdome) e a superior como dorsal Terminologia Anatômica atual divide o tronco encefálico
(dorsum, dorso). em bulbo ou medula oblonga, ponte e mesencéfalo.
Posição do Sistema Nervoso 19
Introdução
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Dorsal
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Oral
Caudal Oral
Ventral
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Dorsal
Ventral B Eixos cerebrais: secção sagital
Caudal mediana do encéfalo
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Introdução
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C Embrião com CR
de 53 mm 3
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sículas encefálicas sofre um grande estreita- fálico, bulbo (D13), ponte (D14) e mesen-
mento, devido ao espessamento das paredes. céfalo (D15), e o cerebelo (D16). O quarto
Na medula espinal de vertebrados inferiores, ventrículo (D2) é mostrado em secção sagital.
ela permanece como o canal central. Na espé- O cerebelo repousa sob seu teto em forma de
cie humana, ocorre um fechamento completo tenda. O terceiro ventrículo (D3) está aberto
(obliteração). Apenas poucas células do reves- ao longo de toda a sua largura. Na sua parte
timento prévio da parede marcam, em uma rostral, os forames interventriculares (D4) se
secção transversal da medula espinal, o local abrem no ventrículo lateral. O corpo caloso
original do canal central (A1). A cavidade per- (D17), que se situa acima do terceiro ventrí-
siste no interior do encéfalo, formando o sis- culo, é uma lâmina de fibras nervosas trans-
tema ventricular (pág. 296), preenchido por versais que unem os dois hemisférios.
um fluido claro, o líquido cerebrospinal. Na re-
gião do bulbo e da ponte, encontra-se o quar- Peso do encéfalo
to ventrículo (AD2). Após a cavidade sofrer
um estreitamento no mesencéfalo, aparece o O peso médio de um encéfalo humano varia
terceiro ventrículo (CD3), que se localiza entre 1.250 g e 1.600 g, dependendo do peso
no diencéfalo, e em cujas paredes laterais se do corpo: um indivíduo de maior compleição
abrem os forames interventriculares (forames geralmente tem um encéfalo mais pesado. O
de Monro) (C-E4) em direção aos ventrículos peso médio de um encéfalo masculino é 1.350
laterais (CE5) (primeiro e segundo ventrí- g e, de um feminino, 1.250 g. Ao redor dos 20
culos*) nos dois hemisférios cerebrais. anos de idade, o encéfalo atinge o seu peso
máximo. Nos idosos, há uma diminuição do
O ventrículo lateral tem uma forma encurva- peso do encéfalo por causa da atrofia relacio-
da (E) e, por isso, é cortado duas vezes (C) em nada à idade. O peso do encéfalo não é indi-
uma secção frontal do hemisfério. Essa forma, cativo do grau de inteligência do indivíduo.
quase descrevendo um semicírculo, é produzi- A pesquisa de cérebros de pessoas eminentes
da pelo crescimento dos hemisférios (rotação (“cérebros de elite”) mostra variações usuais.
dos hemisférios, pág. 222 C) que, durante o
desenvolvimento, não se estendem igualmen-
te em todas as direções. O meio do semicírculo
forma a ínsula. Ela se situa na profundidade
da parede lateral do hemisfério, no soalho
da fossa lateral (C6), recoberta pelas partes
adjacentes, os opérculos (C7), de tal maneira
que a superfície do hemisfério mostra apenas
uma fissura profunda, o sulco lateral (sulco de
Sílvio) (BC8). O hemisfério está dividido em
vários lobos cerebrais (B) (pág. 228): lobo
frontal (B9), lobo parietal (B10), lobo occi-
pital (B11) e lobo temporal (B12).
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Medula espinal
Introdução
Bulbo
Ponte Mesencéfalo
A Secções da medula espinal e do tronco
encefálico (tamanhos reais e proporcionais)
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D Esquema de secção sagital
(mediana) do cérebro
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Introdução
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B Vista posterior
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C Secção sagital mediana do encéfalo, com
a face medial do hemisfério cerebral direito
26 Introdução
do cérebro (A3) separa os dois lobos frontais, ventricular das células nervosas até mesmo
em cuja superfície basal, bilateralmente, lo- no telencéfalo. O córtex cerebral, que repre-
caliza-se o lobo olfatório, com o bulbo olfató- senta o mais alto grau de organização, está
rio (A4) e o trato olfatório (A5). O trato se completamente desenvolvido apenas nos
divide, no trígono olfatório (A6), em duas mamíferos.
estrias olfatórias, que delimitam a substân-
cia perfurada anterior (A7), através da qual Divisão em zonas longitudinais (C)
penetram muitos vasos. No quiasma óptico Durante o desenvolvimento embrionário, o
(A8), onde os nn. ópticos (A9) se cruzam, tubo neural pode ser dividido em zonas longi-
inicia-se a base do diencéfalo, com a hipófise tudinais: a metade ventral da parede lateral,
(A10) e os corpos mamilares (A11). Caudal- denominada lâmina basal (C19), que se di-
mente, a ponte (A12), salientando-se ante- ferencia precocemente e é considerada como
riormente, continua-se com o bulbo (A13). o local de origem das células nervosas moto-
Muitos nervos cranianos emergem do tronco ras, e a metade dorsal da parede lateral, cha-
encefálico. No cerebelo, distinguem-se o ver- mada lâmina alar (C20), que se diferencia
me do cerebelo (A14), medial e profundo, e os tardiamente e é considerada como o local de
dois hemisférios do cerebelo (A15). origem das células nervosas sensitivas. Entre
as lâminas basal e alar existe uma área (C21)
Substância branca e substância cinzenta da qual se originam as células nervosas
Se o encéfalo for seccionado em fatias, reco- autônomas. Esta arquitetura zonal, no SNC,
nhecem-se na superfície de secção a subs- pode ser reconhecida na medula espinal e no
tância branca e a substância cinzenta. A tronco encefálico, e seu conhecimento facilita
substância cinzenta consiste em um acúmulo a compreensão da organização das diversas
de células nervosas, e a substância branca, partes do encéfalo.
de fibras nervosas, isto é, os processos das No diencéfalo e no telencéfalo, as estruturas
células nervosas aparecem claros por causa derivadas das lâminas basal e alar são difí-
de seu revestimento esbranquiçado (bainha ceis de identificar. Muitos autores não acei-
de mielina). Na medula espinal (B16), a tam esta divisão zonal no cérebro.
substância cinzenta se localiza no centro e
está totalmente envolvida pela substância
branca (vias ascendentes e descendentes).
No tronco encefálico (B17) e no diencéfalo,
a substância cinzenta e a substância branca
estão distribuídas de maneira variada*. As
áreas cinzentas são denominadas núcleos. No
telencéfalo (B18), a substância cinzenta se
localiza na margem externa e forma o córtex
cerebral, enquanto a substância branca se si-
* N. de T. No tronco encefálico, a substância cinzenta tam- ** N. de T. No telencéfalo também existe uma substância cin-
bém está localizada apenas no centro, mas de maneira zenta interna que forma, principalmente, os núcleos da
disseminada e não compacta como na medula espinal. base.
Base do Cérebro, Substâncias Branca e Cinzenta, Divisão em Zonas Longitudinais 27
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evolução somente pode ser reconstruído com vitais elementares se desenvolvem antes e já
o auxílio de informações das espécies que estão presentes nos vertebrados inferiores.
conservaram uma estrutura encefálica primi- As partes relacionadas a funções mais dife-
tiva. Nos anfíbios e répteis, o telencéfalo (A1) renciadas se desenvolvem mais tardiamente
aparece como um apêndice do grande bulbo nos vertebrados superiores. Elas empurram
olfatório (A2), enquanto o mesencéfalo (A3) as partes desenvolvidas precocemente para
e o diencéfalo (A4) estão livres na superfície. a profundidade enquanto se arqueiam para
Entretanto, mesmo em um mamífero primi- fora (ficam proeminentes).
tivo, por exemplo, o ouriço (porco-espinho),
o telencéfalo se estende para além da parte
rostral do tronco encefálico e, nos prossímios,
recobre completamente o diencéfalo e o me-
sencéfalo. O desenvolvimento filogenético do
encéfalo consiste primariamente em um cres-
cente aumento do telencéfalo e no desloca-
mento das funções integrativas mais evoluí-
das para esta parte do encéfalo, configurando
uma verdadeira telencefalização. Estruturas
primitivas muito antigas ainda estão contidas
no encéfalo humano e se combinam com es-
truturas mais novas altamente diferenciadas.
Quando se fala, então, de partes antigas e
novas do encéfalo humano, isso se relacio-
na à evolução do mesmo. O encéfalo não é
um computador nem uma máquina pensante
construída sob o ponto de vista racional, mas
um órgão que foi se formando ao longo de in-
contáveis variações durante milhões de anos.
O desenvolvimento da forma do encéfa-
lo humano pode ser estudado por meio da
confecção de moldes de cavidades cranianas
de fósseis humanos (B, C). O molde positivo
da cavidade craniana (molde endocraniano)
constitui uma impressão grosseira da forma
do encéfalo. Comparando-se os moldes, o
aumento dos lobos temporal e frontal é notá-
vel. Enquanto surge uma nítida distinção do
Homo pekinensis em relação ao homem de
Neandertal, o primeiro a utilizar ferramentas
cortantes, e deste para o homem de Cro-Mag-
non (B), o pintor das cavernas, não se encon-
Evolução do Encéfalo 29
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Sapo Crocodilo
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