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PARTE 1

APGAFYA
- SOI II

Júlia Morbeck
@med.morbeck
1
APG 01

↠ O sistema nervoso é o principal sistema de controle e ↠ O encéfalo e a medula espinal são contínuos entre si
comunicação do corpo. Cada pensamento, ação, instinto no forame magno (SEELY, 10ª ed.).
e emoção refletem a sua atividade. Suas células
↠ O SNC é o centro de integração e comando do
comunicam-se por meio de sinais elétricos, que são
sistema nervoso, pois recebe sinais sensitivos, interpreta-
rápidos e específicos e, normalmente, produzem
os e determina as respostas motoras com base em
respostas quase imediatas (MARIEB, 7ª ed.).
experiências pregressas, reflexos e condições atuais
↠ Com apenas 2 kg de peso, cerca de 3% do peso (MARIEB, 7ª ed.).
corporal total, o sistema nervoso é um dos menores,
↠ O SNC processa muitos tipos diferentes de
porém mais complexos, dos 11 sistemas corporais. Esta
informações sensitivas. Também é a fonte dos
rede intrincada de bilhões de neurônios e de um número
pensamentos, das emoções e das memórias. A maioria
ainda maior de células da neuróglia está organizada em
dos sinais que estimulam a contração muscular e a
duas subdivisões principais: o sistema nervoso central e o
liberação das secreções glandulares se origina no SNC
sistema nervoso periférico (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
Morfologia do sistema nervoso central e periférico
Encéfalo

↠ O encéfalo é a parte do sistema nervoso central (SNC)


que está contida no interior da cavidade craniana (SEELY,
10ª ed.). Os anatomistas costumam classificar o encéfalo
em quatro partes: tronco encefálico (bulbo, ponte e
mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo e telencéfalo
(cérebro), composto de dois hemisférios cerebrais
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ O encéfalo humano adulto médio pesa


aproximadamente 1.500 g (MARIEB, 7ª ed.).
As funções do encéfalo variam de atividades comuns (porém
essenciais) de manutenção da vida até funções neurais mais
complexas. O encéfalo controla a frequência cardíaca, a frequência
respiratória e a pressão arterial - e mantém o ambiente interno por
meio do controle da divisão autônoma do sistema nervoso e do
sistema endócrino. Sobretudo, o encéfalo executa tarefas de alto nível
- aquelas associadas a inteligência, consciência, memória, integração
sensório-motora, emoção, comportamento e socialização (MARIEB, 7ª
ed.).

BÔNUS

Para entender a terminologia utilizada para as principais divisões do


encéfalo adulto, será útil compreender o seu desenvolvimento
SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) embriológico. O encéfalo e a medula espinal são derivados do tubo
neural, que por sua vez se origina do ectoderma. A parte anterior do
↠ O sistema nervoso central, ou parte central do sistema tubo neural se expande, junto com o tecido da crista neural,
desenvolvendo constrições que determinam o aparecimento de três
nervoso, (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula
regiões chamadas de vesículas encefálicas primárias: prosencéfalo,
espinal, que ocupam o crânio e o canal vertebral, mesencéfalo e rombencéfalo. Tanto o prosencéfalo quanto o
respectivamente (MARIEB, 7ª ed.). rombencéfalo se subdividem, formando as vesículas encefálicas
secundárias. O prosencéfalo dá origem ao telencéfalo e ao diencéfalo;
↠ O encéfalo é a parte do SNC que está localizada no o rombencéfalo, ao metencéfalo e ao mielencéfalo (TORTORA, 14ª
crânio e contém cerca de 85 bilhões de neurônios. A ed.).
medula espinal conecta-se com o encéfalo por meio do As diversas vesículas encefálicas originam as seguintes estruturas no
forame magno do occipital e está envolvida pelos ossos adulto: (TORTORA, 14ª ed.).
da coluna vertebral. A medula espinal possui cerca de 100
• O telencéfalo forma o cérebro e os ventrículos laterais
milhões de neurônios (TORTORA, 14ª ed.).

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• O diencéfalo dá origem ao tálamo, ao hipotálamo, ao circundando uma região interna de substância cinzenta.
epitálamo e ao terceiro ventrículo No entanto, os núcleos de substância cinzenta também
• O mesencéfalo forma estrutura de mesmo nome e o
estão situados na substância branca do tronco encefálico
aqueduto do mesencéfalo
• O metencéfalo dá origem à ponte, ao cerebelo e à parte (MARIEB, 7ª ed.).
superior do quarto ventrículo
• O mielencéfalo forma o bulbo (medula oblonga) e a parte BULBO (MEDULA OBLONGA)
inferior do quarto ventrículo.
↠ O bulbo é contínuo com a parte superior da medula
↠ O tronco encefálico é contínuo com a medula espinal espinal; ele forma a parte inferior do tronco encefálico. O
e é composto pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo. bulbo se inicia na altura do forame magno e se estende
Posteriormente ao tronco encefálico se encontra o até a margem inferior da ponte por uma distância de
cerebelo. Superiormente ao tronco encefálico se localiza aproximadamente 3 cm (MARIEB, 7ª ed.).
o diencéfalo, formado pelo tálamo, pelo hipotálamo e pelo
epitálamo. Apoiado no diencéfalo está o telencéfalo
(cérebro), a maior parte do encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A substância branca do bulbo contém todos os tratos


sensitivos e motores que se projetam entre a medula
espinal e outras partes do encéfalo. Parte da substância
branca forma protrusões na parte anterior do bulbo. Estas
protrusões, chamadas de pirâmides, são formadas pelos
tratos corticospinais que passam do telencéfalo (cérebro)
Tronco encefálico para a medula espinal. Os tratos corticospinais são
responsáveis pelos movimentos voluntários dos quatro
↠ O tronco encefálico conecta a medula espinal ao membros e do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
restante do encéfalo (SEELY, 10ª ed.).
Dois proeminentes alargamentos na superfície anterior do bulbo são
↠ A mais caudal das quatro partes principais do encéfalo as pirâmides, assim chamadas por possuírem maior extensão junto à
ponte e afunilarem-se junto à medula espinal. As pirâmides são
é o tronco encefálico. Da posição caudal para a rostral, as
formadas por grandes tratos descendentes envolvidos no controle
três regiões do tronco encefálico são o bulbo, a ponte e voluntário dos músculos esqueléticos (SEELY, 10ª ed.).
o mesencéfalo (MARIEB, 7ª ed.).
Cada região tem aproximadamente 2,5 cm de comprimento e, juntas,
correspondem a apenas 25% da massa encefálica total. Situado na
fossa do crânio posterior, na parte basilar do osso occipital, o tronco
encefálico tem quatro funções gerais: (MARIEB, 7ª ed.).

• Age como uma via de passagem para todos os tratos


fibrosos que vão do cerebelo até a medula espinal.
• Participa ativamente da inervação da face e da cabeça; 10
a 12 pares de nervos craniais conectam-se a ele.
• Produz comportamentos rigidamente programados e
automáticos, necessários para a sobrevivência.
• Integra os reflexos auditivos e visuais.

O tronco encefálico é responsável por várias funções essenciais.


Lesões a pequenas áreas frequentemente resultam em morte, já que
muitos reflexos vitais são integrados no tronco encefálico (SEELY, 10ª
ed.).

↠ O tronco encefálico tem o mesmo plano estrutural da


medula espinal, com substância branca externa

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IMPORTANTE: Logo acima da junção do bulbo com a por contrações espasmódicas do diafragma que geram um som agudo
medula espinal, 90% dos axônios da pirâmide esquerda durante a inspiração (TORTORA, 14ª ed.).
cruzam para o lado direito, e 90% dos axônios da pirâmide ↠ Lateralmente a cada pirâmide encontra-se uma
direita cruzam para o lado esquerdo. Este cruzamento é protuberância oval chamada de oliva. Na oliva se localiza o
conhecido como decussação das pirâmides e explica por núcleo olivar inferior, que recebe eferências do córtex
que cada lado do encéfalo é responsável pelos cerebral, do núcleo rubro do mesencéfalo e da medula
movimentos voluntários do lado oposto do corpo espinal. Neurônios do núcleo olivar inferior projetam seus
(TORTORA, 14ª ed.). axônios para o cerebelo, onde regulam a atividade dos
↠ O bulbo também apresenta diversos núcleos. neurônios cerebelares. Ao influenciar a atividade neuronal
(Lembre-se de que núcleo é um agrupamento de corpos cerebelar, o núcleo fornece instruções que o cerebelo
celulares neuronais no SNC.) (TORTORA, 14ª ed.). utiliza para ajustar a atividade muscular, à medida que
Seguindo pelo centro do tronco encefálico, há um você aprende novas habilidades motoras (TORTORA, 14ª
agrupamento de pequenos núcleos que constituem a ed.).
formação reticular. Os núcleos da formação reticular Duas estruturas ovais, chamadas olivas, sobressaem-se na superfície
compõem três colunas em cada lado, que se estendem anterior do bulbo, lateralmente às terminações superiores das
por todo o comprimento do tronco encefálico: os núcleos pirâmides. As olivas são núcleos envolvidos com o equilíbrio, a
coordenação e a modulação do som oriundo da orelha interna (SEELY,
da rafe adjacente à linha média, que são ladeados pelo 10ª ed.).
grupo nuclear mediano e depois pelo grupo nuclear lateral
(coluna medial e coluna lateral) (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Os núcleos associados a tato, pressão, vibração e


↠ Alguns destes núcleos controlam funções vitais, como propriocepção consciente estão localizados na região
o centro cardiovascular e a área respiratória rítmica. O posterior do bulbo: são os núcleos grácil e cuneiforme
centro cardiovascular regula a frequência e a intensidade (TORTORA, 14ª ed.).
do batimento cardíaco, bem como o diâmetro dos vasos
sanguíneos. O centro respiratório bulbar ajusta o ritmo ↠ O bulbo também apresenta núcleos que compõem as
basal da respiração (TORTORA, 14ª ed.). vias sensitivas responsáveis pela gustação, pela audição e
pelo equilíbrio. O núcleo gustativo faz parte da via
Além de regular os batimentos cardíacos, o diâmetro dos vasos gustativa, que se estende da língua até o encéfalo; ela
sanguíneos e o ritmo respiratório, os núcleos bulbares também
recebe aferências dos calículos gustatórios da língua. Os
controlam os reflexos de vômito, da deglutição, do espirro, da tosse e
do soluço. O centro do vômito é responsável pelo vômito, a expulsão núcleos cocleares pertencem à via auditiva, que se
forçada do conteúdo da parte alta do sistema digestório pela boca. O estende da orelha interna até o encéfalo; eles recebem
centro da deglutição controla a deglutição do bolo alimentar da aferências da cóclea, situada na orelha interna. Os núcleos
cavidade oral em direção à faringe. O ato de espirrar envolve a vestibulares do bulbo e da ponte fazem parte das vias do
contração espasmódica de músculos ventilatórios que expelem
forçadamente o ar pelo nariz e pela boca. Tossir envolve inspiração
equilíbrio, que se estendem da orelha interna para o
longa e profunda sucedida por uma forte expiração que expele um encéfalo; eles recebem informações sensitivas de
jato de ar pelos orifícios respiratórios superiores. O soluço é causado proprioceptores do aparelho vestibular da orelha interna.

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Por fim, o bulbo contém núcleos associados aos cinco ventrículo (abaixo). Da mesma forma que o bulbo e a
pares de nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.). ponte, o mesencéfalo contém núcleos e tratos
(TORTORA, 14ª ed.).
PONTE
↠ A cavidade central do mesencéfalo é o aqueduto do
↠ A ponte está logo acima do bulbo e anterior ao mesencéfalo, que divide o mesencéfalo em teto,
cerebelo, com cerca de 2,5 cm de comprimento. Assim posteriormente, e pedúnculos cerebrais, anteriormente
como o bulbo, a ponte é formada por núcleos e tratos. (MARIEB, 7ª ed.).
Como diz o próprio nome, a ponte liga partes do encéfalo
entre si. Estas conexões são possíveis graças a feixes de ↠ O teto do mesencéfalo consiste em quatro núcleos
axônios (TORTORA, 14ª ed.). que formam saliências na superfície dorsal, coletivamente
denominados corpos quadrigêmeos. Cada saliência, por
↠ A ponte é dividida em duas estruturas principais: uma sua vez, é denominada colículo; as duas saliências
região ventral e outra dorsal. A região ventral da ponte superiores são os colículos superiores, e as duas
forma uma grande estação de transmissão sináptica inferiores, os colículos inferiores (SEELY, 10ª ed.).
composta por centros dispersos de substância cinzenta
conhecidos como núcleos pontinhos. Vários tratos de Os colículos superiores recebem aferências sensoriais dos sistemas
visual, auditivo e tátil, e estão envolvidos nos movimentos reflexos da
substância branca entram e saem destes núcleos, e cada
cabeça, olhos e corpo a esses estímulos, como sons muito altos, luzes
um deles conecta o córtex de um hemisfério cerebral piscando ou uma dor muito forte. Por exemplo, quando um objeto
com o córtex do hemisfério do cerebelo contralateral. brilhante surge repentinamente no campo visual de uma pessoa,
(TORTORA, 14ª ed.). ocorre um reflexo que movimenta os olhos em direção ao objeto,
focando-o. Os colículos inferiores estão envolvidos na audição e
↠ A região dorsal da ponte é semelhante às demais integram as vias auditivas do SNC. (SEELY, 10ª ed.).
regiões do tronco encefálico – bulbo e mesencéfalo. Ela
contém tratos ascendentes e descendentes e núcleos de
nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Também na ponte está localizado o centro


respiratório pontinho. Junto com o centro respiratório
bulbar, ele auxilia no controle da respiração. Além disso, a
ponte contém núcleos associados a alguns pares de
nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O tegmento do mesencéfalo é composto por tratos


ascendentes, como o espinotalâmico e o lemnisco medial,
que levam informações sensoriais da medula espinal ao
encéfalo. O tegmento também contém o núcleo rubro,
os pedúnculos cerebrais e a substância negra (SEELY, 10ª
MESENCÉFALO ed.).

↠ O mesencéfalo se estende da ponte ao diencéfalo e ↠ O núcleo rubro recebe essa denominação porque as
tem cerca de 2,5 cm de comprimento. O aqueduto do amostras de tecido cerebral fresco aparecem em
mesencéfalo (aqueduto de Silvio) passa pelo mesencéfalo, tonalidade rósea, como resultado do abundante
conectando o terceiro ventrículo (acima) com o quarto

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suprimento sanguíneo local. Ele auxilia na regulação e consciência a partir do qual o indivíduo pode ser despertado. Por outro
coordenação das atividades motoras (SEELY, 10ª ed.). lado, lesões do SRAA podem levar ao coma, estado de inconsciência
do qual a pessoa não pode ser despertada (TORTORA, 14ª ed.).

Cerebelo

↠ O cerebelo, com sua forma de couve-flor, a segunda


maior parte do encéfalo, conforme prosseguimos da
direção caudal para a rostral, corresponde a até 11% da
massa do encéfalo (MARIEB, 7ª ed.).

↠ O cerebelo está situado em posição dorsal à ponte e


ao bulbo, dos quais está separado pelo quarto ventrículo
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ O cerebelo, segunda maior estrutura encefálica


(perdendo apenas para o telencéfalo [cérebro]), ocupa as
↠ Os pedúnculos cerebrais constituem a porção do
regiões inferior e posterior da cavidade craniana. Assim
mesencéfalo ventral ao tegmento. São compostos
como o telencéfalo (cérebro), o cerebelo tem uma
principalmente por tratos descendentes que trazem
superfície com vários giros que aumenta muito a área do
informações motoras do cérebro ao tronco encefálico e
córtex (substância cinzenta), permitindo a presença de
à medula espinal. A substância negra é uma massa nuclear
um número maior de neurônios (TORTORA, 14ª ed.).
localizada entre o tegmento e os pedúnculos cerebrais,
cujas células contêm em seu citoplasma grânulos de ↠ Nas vistas superior e inferior, o cerebelo tem um
melanina que lhes conferem uma coloração escura formato que lembra o de uma borboleta. A área central
(SEELY, 10ª ed.). menor é conhecida como verme do cerebelo, e as “asas”
ou lobos laterais, como hemisférios do cerebelo. Cada
FORMAÇÃO RETICULAR hemisfério é composto por lobos separados por
↠ Além dos núcleos já descritos, grande parte do tronco profundas e distintas fissuras. Os lobos anterior e posterior
encefálico é composta por pequenos aglomerados de controlam aspectos subconscientes dos movimentos da
corpos celulares neuronais (substância cinzenta) dispersos musculatura esquelética. O lobo floculonodular da parte
entre pequenos feixes de axônios mielinizados (substância inferior contribui com o equilíbrio (TORTORA, 14ª ed.).
branca). A ampla região na qual a substância branca e a
substância cinzenta se arranjam em forma de rede é
conhecida como formação (TORTORA, 14ª ed.).
A parte ascendente da formação reticular é chamada de sistema
reticular ativador ascendente (SRAA), formado por axônios sensitivos
que se projetam em direção ao córtex cerebral, diretamente ou via
tálamo. Muitos estímulos sensitivos podem ativar o SRAA, dentre eles
os estímulos visuais e auditivos; atividades mentais; estímulos de
receptores de dor, tato e pressão; e estímulos de receptores em
nossos membros e na cabeça que nos mantêm informados sobre a
posição de nosso corpo. Talvez a função mais importante do SRAA
seja a manutenção da consciência, estado de vigília no qual o indivíduo
está totalmente alerta, consciente e orientado. Estímulos visuais e
auditivos, bem como atividades mentais, podem estimular o SRAA a
manter a consciência. O SRAA também está ativo durante o despertar, ↠ A camada superficial do cerebelo, chamada de córtex
ou acordar do sono. Outra função do SRAA é manter a atenção do cerebelo, é formada por substância cinzenta disposta
(concentração em um objeto ou pensamento) e a vigilância. Ele em uma série de dobras finas e paralelas conhecidas
também evita sobrecargas sensitivas (excesso de estimulação visual como folhas do cerebelo. Abaixo da substância cinzenta
e/ou auditiva) por meio da filtração de informações insignificantes, de
modo que elas não se tornem conscientes. Por exemplo, enquanto
encontram-se tratos de substância branca chamados de
você está esperando o começo da sua aula de anatomia, você pode árvore da vida, que se assemelham a galhos de uma
não perceber o barulho a sua volta quando você está revisando suas árvore. Na substância branca estão localizados os núcleos
anotações. A inativação do SRAA causa o sono, estado parcial de do cerebelo, regiões de substância cinzenta onde se

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situam os neurônios que conduzem impulsos nervosos do ↠ Uma lâmina em forma de Y composta de substância
cerebelo para outros centros encefálicos (TORTORA, 14ª branca, a lâmina medular, divide os núcleos do tálamo em
ed.). três grupos: grupo anterior, grupo mediano e grande
grupo lateral (MARIEB, 7ª ed.).
Os impulsos aferentes de todos os sentidos conscientes, exceto o
olfato, convergem no tálamo e comunicam-se por sinapses em pelo
menos um de seus núcleos (MARIEB, 7ª ed.). Por esta razão, o tálamo
é considerado o centro de retransmissão sensorial do encéfalo
(SEELY, 10ª ed.).

↠ Três pares de pedúnculos cerebelares conectam o


cerebelo com o tronco encefálico. Estes feixes de
substância branca são compostos por axônios que SUBTÁLAMO
conduzem impulsos entre o cerebelo e outras partes do
↠ O subtálamo é uma pequena área imediatamente
encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
inferior ao tálamo. Essa estrutura contém diversos tratos
A função primária do cerebelo é avaliar como os movimentos iniciados ascendentes e descendentes, bem como núcleos
nas áreas motoras do telencéfalo (cérebro) estão sendo executados. subtalâmicos (SEELY, 10ª ed.).
Quando estes movimentos não estão sendo executados
corretamente, o cerebelo corrige estas discrepâncias. A seguir, ele
HIPOTÁLAMO
envia sinais de retroalimentação para áreas motoras do córtex cerebral
por meio de conexões com o tálamo. Estes sinais ajudam a corrigir os ↠ O hipotálamo (“abaixo do tálamo”) é a parte inferior do
erros, tornam os movimentos mais naturais e coordenam sequências
complexas de contrações da musculatura esquelética (TORTORA, 14ª
diencéfalo e forma as paredes inferolaterais do terceiro
ed.). ventrículo. Na face inferior do encéfalo, o hipotálamo está
situado entre o quiasma óptico (ponto de cruzamento dos
Diencéfalo nervos cranianos II, os nervos ópticos) e a margem
posterior dos corpos mamilares (mamilar = “pequena
↠ O diencéfalo forma o núcleo central de tecido
mama”), protuberâncias arredondadas que se projetam
encefálico logo acima do cerebelo. Ele é quase
no assoalho do hipotálamo. No lado inferior do hipotálamo,
completamente circundado pelos hemisférios cerebrais e
projeta-se a hipófise (MARIEB, 7ª ed.).
contém vários núcleos envolvidos com processamento
sensitivo e motor entre os centros encefálicos superiores ↠ Ele é composto por cerca de doze núcleos agrupados
e inferiores. O diencéfalo se estende do tronco encefálico em quatro regiões principais: (TORTORA, 14ª ed.).
até o telencéfalo (cérebro) e circunda o terceiro
ventrículo; ele inclui o tálamo, o hipotálamo e o epitálamo • A região mamilar (área hipotalâmica posterior),
(TORTORA, 14ª ed.). adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais
posterior do hipotálamo. Ela inclui os corpos
TÁLAMO mamilares e os núcleos hipotalâmicos
posteriores. Os corpos mamilares são duas
↠ O tálamo é uma estrutura oval que corresponde a até
projeções pequenas e arredondadas que
80% do diencéfalo e forma as paredes superolaterais do
funcionam como estações de transmissão para
terceiro ventrículo. Tálamo, palavra grega que significa
reflexos relacionados com o olfato.
“recinto interno”, descreve bem essa região cerebral
• A região tuberal (área hipotalâmica intermédia),
profunda. Normalmente os tálamos direito e esquerdo são
a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos
unidos por uma conexão pequena na linha média, a
dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do
aderência intertalâmica (MARIEB, 7ª ed.).
infundíbulo, que conecta a hipófise com o

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hipotálamo. A eminência mediana é uma região sensação de plenitude e de cessação da


levemente elevada que circunda o infundíbulo. ingestão de alimentos. O hipotálamo também
• A região supraóptica (área hipotalâmica rostral) apresenta um centro da sede. Quando
está situada acima do quiasma óptico (ponto de determinadas células no hipotálamo são
cruzamento dos nervos ópticos) e contém os • estimuladas pela elevação da pressão osmótica
núcleos paraventricular, supraóptico, do líquido extracelular, elas geram a sensação de
hipotalâmico anterior e supraquiasmático sede. A ingestão de água leva a pressão
• A região préóptica, anterior à região osmótica de volta a seus níveis habituais,
supraóptica, é geralmente considerada como diminuindo o estímulo e aliviando a sede
parte do hipotálamo porque ela participa, junto • Controle da temperatura corporal: hipotálamo
com ele, na regulação de certas atividades também funciona como o termostato do corpo,
autônomas. que percebe a temperatura corporal e a
mantém em um nível desejado. Se a
temperatura do sangue que flui no hipotálamo
está acima do normal, o hipotálamo faz com que
a divisão autônoma do sistema nervoso estimule
atividades que promovam a perda de calor. Por
outro lado, quando a temperatura está abaixo do
normal, o hipotálamo gera impulsos que
promovem a produção e a retenção de calor
• Regulação dos ritmos circadianos e níveis de
consciência: o núcleo supraquiasmático do
↠ O hipotálamo controla muitas atividades corporais e é hipotálamo funciona como o relógio biológico do
um dos principais reguladores da homeostase. Impulsos corpo porque ele estabelece ritmos circadianos
sensitivos relacionados com sensações somáticas e (diários), padrões de atividade biológica - como o
viscerais chegam ao hipotálamo, bem como impulsos de ciclo sonovigília - que acontecem em um
receptores visuais, gustatórios e olfatórios. Entre as período circadiano (ciclo de cerca de 24 h).
funções importantes do hipotálamo estão: (TORTORA,
14ª ed.). EPITÁLAMO
↠ O epitálamo, pequena região superior e posterior ao
• Controle do SNA: o hipotálamo controla e
tálamo, é composto pela glândula pineal e pelos núcleos
integra as atividades da divisão autônoma do
habenulares. A glândula pineal tem o tamanho aproximado
sistema nervoso, que por sua vez, regula a
de uma ervilha e se projeta a partir da linha mediana
contração dos músculos lisos e cardíacos e a
posteriormente ao terceiro ventrículo. A glândula pineal
secreção de várias glândulas.
faz parte do sistema endócrino, pois secreta o hormônio
• Produção de hormônios: o hipotálamo produz
melatonina (TORTORA, 14ª ed.).
vários hormônios e apresenta dois tipos
importantes de conexões com a hipófise, uma ↠ Os núcleos habenulares, estão relacionados com o
glândula endócrina localizada inferiormente ao olfato, especialmente com respostas emocionais a odores
hipotálamo. (TORTORA, 14ª ed.).
• Regulação dos padrões emocionais e
comportamentais: junto com o sistema límbico, Telencéfalo (cérebro)
o hipotálamo está relacionado com a expressão
↠ O cérebro é a parte mais lembrada quando menciona
de raiva, agressividade, dor e prazer e com os
o termo encéfalo. Ele compõe a maior porção da massa
padrões comportamentais associados aos
total do encéfalo, que é de aproximadamente 1.2 00
desejos sexuais.
gramas nas mulheres e 1.400 gramas nos homens. O
• Regulação da alimentação: o hipotálamo regula tamanho do encéfalo está relacionado ao tamanho
a ingestão de alimento. Ele contém um centro corporal (SEELY, 10ª ed.).
da fome, que estimula a alimentação, e um
centro da saciedade, que promove uma

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CÓRTEX CEREBRAL ↠ O sulco (fissura) cerebral lateral separa o lobo frontal


do lobotemporal. O sulco parietoccipital separa o lobo
↠ O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta parietal do lobo occipital. Uma quinta porção do telencéfalo
que forma a face externa do telencéfalo (cérebro). (cérebro), a ínsula, não pode ser vista superficialmente
Embora tenha apenas 2 a 4 mm de espessura, ele porque se encontra dentro do sulco cerebral lateral,
contém bilhões de neurônios dispostos em camadas. profundamente aos lobos (TORTORA, 14ª ed.).
Durante o desenvolvimento embrionário, quando o
encéfalo cresce rapidamente, a substância cinzenta do SISTEMA NERVOSO CENTRAL – HISTOLOGIA
córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância Uma análise macroscópica do cérebro, do cerebelo e da medula
branca, mais profunda. Consequentemente, o córtex se espinal revela que, quando esses órgãos são seccionados a fresco,
dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas mostram regiões esbranquiçadas, chamadas, em conjunto, de
substância branca, e regiões acinzentadas, que constituem a substância
como giros ou circunvoluções. As fendas mais profundas
cinzenta. Essa diferença de cor se deve principalmente à distribuição
entre os giros são chamadas de fissuras; as mais da mielina, presente nos axônios mielinizados – principais componentes
superficiais, de sulcos. (TORTORA, 14ª ed.). da substância branca, junto com os oligodendrócitos e outras células
da glia (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A fissura mais proeminente, a fissura longitudinal,
separa o telencéfalo (cérebro) em duas metades A substância cinzenta predomina na camada superficial do cérebro,
constituindo o córtex cerebral, enquanto a substância branca prevalece
chamadas de hemisférios cerebrais. Na fissura longitudinal nas partes mais centrais do órgão. No interior da substância branca,
está localizada a foice do cérebro. Os hemisférios encontram-se vários aglomerados de neurônios, formando ilhas de
cerebrais são conectados internamente pelo corpo substância cinzenta denominadas núcleos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
caloso, uma grande faixa de substância branca contendo A substância cinzenta é o local do SNC onde ocorrem as sinapses
axônios que se projetam entre os hemisférios entre neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
MENINGES, VENTRÍCULOS E LÍQUIDO CEREBROESPINHAL

Meninges

Três membranas de tecido conectivo, as meninges, circundam e


protegem o encéfalo e a medula espinal. A membrana mais superficial
e espessa é a dura-máter, a qual é composta por tecido conectivo
denso irregular. No interior do canal vertebral, a dura-máter separa-se
das vértebras, formando um espaço epidural. Já na cavidade craniana,
essa meninge encontra-se firmemente aderida aos ossos do crânio,
de modo que, nesse local, o espaço epidural é apenas potencial. Na
cavidade craniana, a dura-máter apresenta-se em duas camadas. A
camada mais externa, a lâmina periosteal, é o periósteo interno dos
ossos cranianos. A camada interior, a lâmina meníngea, é contínua com
a dura-máter da medula espinal. A lâmina meníngea separa-se da
periosteal em diversas regiões para formar estruturas chamadas
pregas durais e seios venosos durais (SEELY, 10ª ed.).

LOBOS CEREBRAIS A próxima meninge é bastante delgada e denomina-se aracnoide-


máter (suas extensões lembram teias de aranha). O espaço localizado
↠ Cada hemisfério cerebral pode ser subdividido em entre ela e a dura-máter é o espaço subdural, o qual contém apenas
vários lobos, que recebem seus nomes de acordo com uma película de líquido. A terceira meninge, chamada pia-máter, está
ligada firmemente à superfície encefálica. Entre a aracnoide-máter e
os ossos que os recobrem: lobos frontal, parietal, a pia-máter há o espaço subaracnóideo, o qual contém granulações
temporal e occipital (TORTORA, 14ª ed.). aracnóideas e vasos sanguíneos que irrigam o encéfalo, e é preenchido
pelo LCS (SEELY, 10ª ed.).
↠ O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal.
Um giro importante, o giro pré-central - localizado
imediatamente anterior ao sulco central - contém a área
motora primária do córtex cerebral. Outro giro
importante, o giro pós-central, o qual se situa
imediatamente posterior ao sulco central, contém a área
somatossensitiva primária (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
9

modo a não ser empurrada pelos movimentos corporais


(MARIEB, 7ª ed.).

VENTRÍCULO

O SNC se forma como um tubo oco, que no adulto pode ser reduzido
significativamente em algumas áreas, no adulto, e expandido em outras.
O interior dos ventrículos é revestido por uma camada única de células
epiteliais, as células ependimárias. Cada hemisfério cerebral contém
uma destas cavidades, os ventrículos laterais. Os ventrículos laterais
são separados entre si pelo septo pelúcido, o qual se encontra na linha
mediana, imediatamente inferior ao corpo caloso, e em geral são
fundidos entre si (SEELY, 10ª ed.). Durante a infância, a medula espinal e a coluna vertebral crescem, se
alongando, como parte do crescimento total do corpo. A medula
As células ependimárias são células cúbicas ou colunares que, de maneira espinal para de crescer entre 4 e 5 anos de idade, mas a coluna
semelhante a um epitélio, revestem os ventrículos do cérebro e o canal central
vertebral continua crescendo. Desse modo, a medula espinal do adulto
da medula espinal (ver adiante). Em alguns locais, as células ependimárias são
não acompanha toda a extensão da coluna vertebral. A medula espinal
ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano (LCR)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). do adulto varia entre 42 a 45 cm de comprimento. Seu diâmetro
máximo é de aproximadamente 1,5 cm na região cervical inferior e é
Uma pequena cavidade na linha média, o terceiro ventrículo, está ainda menor na região torácica e em sua extremidade inferior
localizada no centro do diencéfalo, entre as duas metades do tálamo. (TORTORA, 14ª ed.).
Os dois ventrículos laterais comunicam-se com o terceiro ventrículo
por meio do forame interventricular. O quarto ventrículo está situado ↠ Em uma vista externa da medula espinal, são
na porção inferior da ponte e superior do bulbo, na base do cerebelo observadas duas intumescências. A superior, a
(SEELY, 10ª ed.). intumescência cervical, se estende da quarta vértebra
LÍQUIDO CEREBROESPINHAL cervical (C IV) até a primeira vértebra torácica (T I). Os
nervos dos membros superiores são derivados desta
O líquido cerebrospinal (LCS) é um líquido claro, semelhanteao plasma
região. A inferior, chamada intumescência lombar, se
sanguíneo, porém com menor quantidade de proteínas. Ele banha o
encéfalo e a medula espinal, fornecendo proteção ao SNC. O LCS estende da nona até a décima segunda vértebra torácica
permite que o encéfalo flutue no interior da cavidade craniana, de (T XII). Os nervos dos membros inferiores se originam
modo a não repousar diretamente sobre a superfície do crânio ou da desta região (TORTORA, 14ª ed.).
dura-máter. Além disso, protege o encéfalo de impactos causados por
movimentos rápidos da cabeça, bem como fornece alguns nutrientes ↠ Abaixo da intumescência lombar, a medula espinal se
aos tecidos do SNC (SEELY, 10ª ed.). termina em uma estrutura cônica e afilada conhecida
Medula Espinal como cone medular, que se estende até o nível do disco
intervertebral entre a primeira e a segunda vértebras
↠ A medula espinal passa pelo canal vertebral da coluna lombares (L I–L II) em adultos. Do cone medular surge o
vertebral. O canal vertebral é formado de forames filamento terminal, uma extensão de pia-máter que se
vertebrais sucessivos das vértebras articuladas. A medula estende inferiormente, se funde com a aracnoide-máter
espinal estende-se do forame magno na base do osso e com a dura-máter, e ancora a medula espinal no cóccix
occipital até o nível da primeira ou segunda vértebra (TORTORA, 14ª ed.).
lombar (L I ou L II). Nessa extremidade inferior, a medula
espinal afunila no cone medular (“cone da medula espinal”).
Um filamento longo de tecido conjuntivo, o filamento
terminal, estende-se do cone medular e conecta-se ao
cóccix inferiormente ancorando a medula espinal de

@jumorbeck
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denominadas colunas ventral (anterior), dorsal (posterior) e lateral. Cada


coluna é subdividida em tratos, ou fascículos, também referidos como
vias. Um conjunto de axônios dentro do SNC é chamado de trato,
enquanto fora do SNC é chamado de nervo (SEELY, 10ª ed.).

A substância cinzenta central é organizada em cornos. Cada metade


dessa substância da medula espinal consiste em um corno posterior
(dorsal) relativamente fino e um corno anterior (ventral) maior. O canal
central, situado no centro da comissura cinzenta, ajuda a circular o
LCS associado com o sistema ventricular (SEELY, 10ª ed.).

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP)


↠ A medula espinal dá origem a 31 pares de nervos
espinais, que saem da coluna vertebral através dos ↠ O SNP consiste em todos os tecidos nervosos fora do
forames intervertebrais e sacrais. Cada nervo espinal é SNC. Isso inclui receptores sensoriais, nervos, gânglios e
constituído de um feixe de axônios, células de Schwann plexos (SEELY, 10ª ed.).
e bainhas de tecido conectivo (SEELY, 10ª ed.).
DEFINIÇÕES
A membrana mais espessa e superficial é a dura-máter, a qual forma
um saco, geralmente denominado saco tecal, que envolve a medula • Nervo é um feixe composto por centenas de milhares de
espinal. O saco tecal adere-se à borda do forame magno e termina ao axônios, associados a seu tecido conjuntivo e seus vasos
nível da segunda vértebra sacral (SEELY, 10ª ed.). sanguíneos, que se situa fora do encéfalo e da medula
espinal (TORTORA, 14ª ed.).
• Os gânglios são pequenas massas de tecido nervoso
compostas primariamente por corpos celulares que se
localizam fora do encéfalo e da medula espinal. Estas
estruturas têm íntima associação com os nervos cranianos
e espinais (TORTORA, 14ª ed.).
• Os plexos entéricos são extensas redes neuronais
localizadas nas paredes de órgãos do sistema digestório
(TORTORA, 14ª ed.).
• O termo receptor sensitivo refere-se à estrutura do
sistema nervoso que monitora as mudanças nos ambientes
externo ou interno. São exemplos de receptores sensitivos
os receptores táteis da pele, os fotorreceptores do olho e
os receptores olfatórios do nariz. (TORTORA, 14ª ed.).
• Terminações motoras: são as terminações dos axônios dos
neurônios motores que inervam os efetores: órgãos,
músculos e glândulas (MARIEB, 7ª ed.).

Uma secção transversal revela que a medula espinal consiste em uma ↠ O SNP é dividido em sistema nervoso somático (SNS),
porção esbranquiçada superficial e uma porção acinzentada profunda. sistema nervoso autônomo (SNA, divisão autônoma do
A substância branca consiste em axônios mielinizados, que formam as
sistema nervoso segundo a Terminologia Anatômica) e
vias nervosas, e a substância cinzenta consiste em corpos celulares de
neurônios, dendritos e axônios. Uma fissura mediana ventral e um sulco sistema nervoso entérico (SNE) (TORTORA, 14ª ed.).
mediano dorsal são fendas profundas que separam parcialmente as
duas metades da medula espinal. A substância branca em cada metade ↠ O SNP é dividido funcionalmente em sensitivo e motor
da medula espinal é organizada em três colunas, ou funículos, (MARIEB, 7ª ed.).

@jumorbeck
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↠ As entradas sensitivas e as saídas (motoras) do SNP ↠ Os neurônios têm morfologia complexa, mas quase
são subdivididas em somáticas (inervação do tubo todos apresentam três componentes:
externo) ou viscerais (inervação dos órgãos viscerais ou
tubo interno). Dentro da divisão sensitiva, as aferências são • Dendritos: prolongamentos cujo diâmetro
diferenciadas em gerais (disseminadas) ou especiais diminui à medida que se afastam do pericário.
(localizadas, isto é, sentidos especiais). O componente São ramificados e numerosos e constituem o
motor visceral do SNP é a divisão autônoma do sistema principal local para receber os estímulos do meio
nervoso (SNA), que possui as partes parassimpática e ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de
simpática (MARIEB, 7ª ed.). outros neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que
Neurônios aumentam consideravelmente a superfície celular, tornando possível
receber impulsos trazidos por numerosas terminações axonais de
↠ As células nervosas ou neurônios são responsáveis outros neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
pela recepção e pelo processamento de informações,
Os neurônios que têm um só dendrito (bipolares) são pouco
atividades que terminam com a transmissão de sinalização
frequentes e localizam-se somente em algumas regiões específicas.
por meio da liberação de neurotransmissores e de outras Ao contrário dos axônios, que mantêm o diâmetro constante ao longo
moléculas informacionais (JUNQUEIRA, 13ª ed.). de seu comprimento, os dendritos tornam-se mais finos à medida que
se ramificam, como os galhos de uma árvore (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso
A composição do citoplasma da base dos dendritos, próximo ao
(uma unidade funcional é a menor estrutura que pode
pericário, é semelhante à do corpo celular; porém, não há complexo
realizar as funções de um sistema) (SILVERTHORN, 7ª de Golgi (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ed.).
A maioria dos impulsos que chegam a um neurônio é recebida por
↠ Os neurônios são formados pelo corpo celular, ou pequenas projeções dos dendritos, os espinhos dendríticos. São
pericário, constituído pelo núcleo e por parte do formados por uma parte alongada presa ao dendrito e terminam com
uma pequena dilatação. Os espinhos dendríticos são muito numerosos
citoplasma. O pericário emite prolongamentos, cujo e um importante local de recepção de sinalização (impulsos nervosos)
volume total é geralmente maior do que o do corpo que chega à membrana dos dendritos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
celular (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
• Corpo celular ou pericárdio: é o centro trófico
da célula, onde se concentram organelas, e que
também é capaz de receber estímulos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O corpo celular, ou pericário, é a porção do neurônio que contém o
núcleo e o citoplasma que envolve o núcleo. Na maioria dos neurônios
o núcleo é esférico e aparece pouco corado, pois seus cromossomos
são muito distendidos, indicando a alta atividade sintética dessas células
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

@jumorbeck
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O corpo celular dos neurônios é rico em retículo endoplasmático CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
granuloso, que forma agregados de cisternas paralelas, entre as quais
existem numerosos polirribossomos livres. Esses conjuntos de De acordo com sua morfologia, os neurônios podem ser classificados
cisternas e ribossomos são vistos ao microscópio óptico como nos seguintes tipos: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
manchas basófilas espalhadas pelo citoplasma, os corpúsculos de Nissl
• Neurônios bipolares: que têm um dendrito e um axônio.
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
• Neurônios multipolares: que apresentam vários dendritos e
O complexo de Golgi localiza-se exclusivamente no pericário e é um axônio
formado por vários grupos de cisternas localizados em torno do • Neurônios pseudounipolares: que apresentam junto ao
núcleo. As mitocôndrias existem em quantidade moderada no corpo celular um prolongamento único que logo se divide
pericário, mas são encontradas em grande número nas terminações em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para
axonais (JUNQUEIRA, 13ª ed.). o SNC.

• Axônio: prolongamento único, de diâmetro


constante na maior parte de seu percurso e
ramificado em sua terminação. É especializado
na condução de impulsos que transmitem
informações do neurônio para outras células
(nervosas, musculares, glandulares) (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
Cada neurônio emite um único axônio, cilindro de comprimento e
diâmetro que dependem do tipo de neurônio. Na maior parte de sua
extensão, os axônios têm um diâmetro constante e não se ramificam
abundantemente, ao contrário do que ocorre com os dendritos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Alguns axônios são curtos, mas, na maioria dos casos, são mais longos A maioria dos neurônios é multipolar (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
do que os dendritos das mesmas células. Os axônios das células
motoras da medula espinal que inervam os músculos do pé de um Os neurônios podem ainda ser classificados segundo a sua função. Os
adulto, por exemplo, podem ter mais de 1 m de comprimento motores controlam órgãos efetores, tais como glândulas exócrinas e
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). endócrinas e fibras musculares. Os sensoriais recebem estímulos
sensoriais do meio ambiente e do próprio organismo. Os interneurônios
Geralmente, o axônio se origina de uma pequena formação cônica estabelecem conexões entre neurônios, sendo portanto, fundamentais
que se projeta do corpo celular, denominada cone de implantação. O para a formação de circuitos neuronais desde os mais simples até os
trecho do axônio que parte do cone de implantação, denominado mais complexos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
segmento inicial, não é recoberto por mielina. É um trecho curto, mas
muito importante para a geração do impulso nervoso, fato que se Obs.: No SNC os corpos celulares dos neurônios localizam-se somente na
deve à existência de grande quantidade de canais iônicos para Na+ em substância cinzenta. A substância branca não apresenta pericários, mas apenas
sua membrana plasmática (JUNQUEIRA, 13ª ed.). prolongamentos deles. No SNP os pericários são encontrados em gânglios e
em alguns órgãos sensoriais, como a mucosa olfatória (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O citoplasma do axônio, ou axoplasma, é muito pobre em organelas.
Tem poucas mitocôndrias, algumas cisternas do retículo Células da neuroglia do SNC
endoplasmático liso e muitos microfilamentos e microtúbulos. A
ausência de retículo endoplasmático granuloso e de polirribossomos A neuróglia ou glia constitui aproximadamente metade do volume do
demonstra que o axônio é mantido pela atividade sintética do SNC. Seu nome deriva da concepção de antigos histologistas que
pericárdio (JUNQUEIRA, 13ª ed.). acreditavam que a neuróglia era a “cola” que mantinha o tecido
nervoso unido. Agora sabemos que a neuróglia não é uma mera
CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS NERVOSAS expectadora e de fato participa ativamente nas funções do tecido
nervoso. Geralmente as células da neuróglia são menores que os
As dimensões e a forma das células nervosas e seus prolongamentos neurônios, mas são 5 a 25 vezes mais numerosas. Ao contrário dos
são muito variáveis. O corpo celular pode ser esférico, piriforme ou neurônios, a neuroglia não gera ou propaga potenciais de ação e pode
anguloso. Em geral, as células nervosas são grandes, podendo o corpo se multiplicar e se dividir no sistema nervoso maduro. Quando ocorre
celular medir até 150 µm de diâmetro. Uma célula com essa dimensão, uma lesão ou uma doença, a neuróglia se multiplica para preencher
quando isolada, é visível a olho nu. Todavia, os neurônios denominados os espaços anteriormente ocupados pelos neurônios (TORTORA, 14ª
células granulosas do cerebelo estão entre as menores células dos ed.).
mamíferos, tendo seu corpo celular 4 a 5 µm de diâmetro
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ Sob a designação de neuróglia ou glia incluem-se
vários tipos celulares encontrados no SNC ao lado dos
neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

@jumorbeck
13

↠ Neuróglia são as principais células de suporte no SNC;


elas participam da formação e permeabilidade da barreira
entre o sangue e os neurônios, fagocitam substâncias
estranhas, produzem líquido cerebrospinal e formam
bainha de mielina na volta dos axônios. Existem quatro
tipos de neuróglia do SNC (SEELY, 10ª ed.)
Nas lâminas coradas pela hematoxilina-eosina (HE), as células da glia
não se destacam bem, aparecendo apenas os seus núcleos entre os OLIGODENDRÓCITOS
de dimensões geralmente maiores dos neurônios. Para o estudo da
morfologia das células da neuróglia, utilizam-se métodos especiais de ↠ Os oligodendrócitos, por meio de seus
impregnação metálica por prata ou ouro (JUNQUEIRA, 13ª ed.). prolongamentos, que se enrolam várias vezes em volta
dos axônios, produzem as bainhas de mielina, que isolam
↠ Calcula-se que no SNC haja 10 células da glia para cada os axônios emitidos por neurônios do SNC (JUNQUEIRA,
neurônio; no entanto, em virtude do menor tamanho das 13ª ed.).
células da neuróglia, elas ocupam aproximadamente a
metade do volume do tecido. O tecido nervoso tem uma ↠ Cada oligodendrócito pode emitir inúmeros
quantidade mínima de material extracelular, e as células prolongamentos, e cada um reveste um curto segmento
da glia fornecem um microambiente adequado em torno de um axônio. Dessa maneira, ao longo de seu trajeto,
dos neurônios, desempenhando ainda outras funções um axônio é revestido por uma sequência de
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). prolongamentos de diversos oligodendrócitos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As várias células da glia são formadas por um corpo
celular e por seus prolongamentos. Os seguintes tipos
celulares formam o conjunto das células da glia:
oligodendrócitos, astrócitos, células ependimárias e células
da micróglia. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

ASTRÓCITOS
↠ Os astrócitos são células de forma estrelada com
múltiplos prolongamentos irradiando do corpo celular. Eles

@jumorbeck
14

têm muitos feixes de filamentos intermediários ↠ A micróglia secreta diversas citocinas reguladoras do
constituídos pela proteína fibrilar ácida da glia, os quais são processo imunitário e remove os restos celulares que
um importante elemento de suporte estrutural dos surgem nas lesões do SNC (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
prolongamentos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS
↠ Há dois tipos de astrócitos: fibrosos e protoplasmáticos.
Os astrócitos fibrosos têm prolongamentos menos ↠ Células ependimárias alinham os ventrículos (cavidades)
numerosos e mais longos, e se localizam do encéfalo e o canal central da medula espinal. Células
preferencialmente na substância branca. Os astrócitos ependimárias especializadas e vasos sanguíneo formam o
protoplasmáticos, encontrados principalmente na plexo corioide, que estão localizadas dentro de certas
substância cinzenta, apresentam maior número de regiões dos ventrículos. O plexo corioide secreta o líquido
prolongamentos, curtos e muito ramificados (JUNQUEIRA, cerebrospinal que flui pelos ventrículos do encéfalo
13ª ed.). (SEELY, 10ª ed.).

↠ Além da função de sustentação dos neurônios, os Células da neuroglia do SNP


astrócitos participam do controle da composição iônica e
↠ A neuróglia do SNP envolve completamente os
molecular do ambiente extracelular. Alguns apresentam
axônios e os corpos celulares. Os dois tipos de células gliais
prolongamentos, chamados de pés vasculares, que se
do SNP são as células de Schwann e as células satélites
dirigem para capilares sanguíneos e se expandem sobre
(TORTORA, 14ª ed.).
curtos trechos deles. Admite-se que esses
prolongamentos transfiram moléculas e íons do sangue CÉLULAS DE SCHWANN
para os neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células de Schwann, presentes no SNP, têm a
↠ Os astrócitos comunicam-se por meio de junções mesma função dos oligodendrócitos; no entanto, cada
comunicantes, formando uma rede por onde informações uma delas forma mielina em torno de um curto segmento
podem transitar de um local para outro, alcançando de um único axônio. Consequentemente, cada axônio do
distâncias relativamente grandes dentro do SNC SNP é envolvido por uma sequência de inúmeras células
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). de Schwann (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
MICRÓGLIA CÉLULAS SATÉLITES
↠ As células da micróglia são pequenas e ligeiramente ↠ As células satélites cercam corpos celulares dos
alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares, neurônios nos gânglios sensoriais e autônomos. Além de
geralmente emitidos em ângulos retos entre si fornecer suporte e nutrição para os corpos celulares dos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). neurônios, as células satélites protegem os neurônios de
envenenamento por metais pesados, como chumbo e
↠ Essas células podem ser identificadas nas lâminas
mercúrio, absorvendo-os e reduzindo o seu acesso aos
histológicas coradas por HE, porque seus núcleos são
escuros e alongados, contrastando com os esféricos das corpos celulares (SEELY, 10ª ed.).
outras células da glia (JUNQUEIRA, 13ª ed.). Axônios mielinizados e não mielinizados
↠ As células da micróglia são fagocitárias e derivam de ↠ As extensões citoplasmáticas das células de Schwann
precursores que provavelmente penetraram no SNC no SNP e dos oligodendrócitos no SNC envolvem os
durante a vida intrauterina. Por isso, são consideradas axônios para formar axônios mielinizados ou não
pertencentes ao sistema mononuclear fagocitário. As mielinizados. A mielina protege e isola eletricamente os
células da micróglia participam da inflamação e da axônios uns dos outros. Além disso, potenciais de ação
reparação do SNC. Quando ativadas, elas retraem seus viajam ao longo do axônio mielinizado mais rapidamente
prolongamentos, assumem a forma dos macrófagos e do que ao longo de axônios não mielinizados (SEELY, 10ª
tornam-se fagocitárias e apresentadoras de antígenos ed.).
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Nos axônios mielinizados, as extensões das células de
Schwann ou oligodendrócitos repetidamente se enrolam
ao redor do segmento de um axônio para formar uma

@jumorbeck
15

série de membranas firmemente embrulhadas, ricas em intracelular despolariza a membrana celular e gera um sinal elétrico
fosfolipídeos, com pouco citoplasma prensado entre as (SILVERTHORN, 7ª ed.).
camadas de membrana. As membranas fortemente O movimento de íons através da membrana também pode
embrulhadas constituem a bainha de mielina e dão uma hiperpolarizar a célula. Se a membrana celular subitamente se torna
aparência branca aos axônios mielinizados por causa da mais permeável ao K+, sua carga positiva é perdida de dentro da célula
e esta se torna mais negativa (hiperpolariza). Uma célula também pode
alta concentração de lipídeos (SEELY, 10ª ed.). hiperpolarizar, se íons carregados negativamente, como o Cl-,
entrarem na célula a partir do líquido extracelular (SILVERTHORN, 7ª
↠ A bainha de mielina não é contínua, mas é
ed.).
interrompida a cada 0,3-1,5 mm. Nesses locais, existem
leves constrições onde as bainhas de mielina das células Como uma célula muda a sua permeabilidade iônica? A maneira mais
simples é abrir ou fechar canais existentes na membrana. Os neurônios
adjacentes mergulham em direção ao axônio, mas não o
contêm uma grande variedade de canais iônicos com portão que
cobrem, deixando uma área descoberta de 2-3 µm de alternam entre os estados aberto e fechado, dependendo das
comprimento. Essas interrupções da bainha de mielina são condições intracelulares e extracelulares (SILVERTHORN, 7ª ed.).
os nódulos de Ranvier. Embora o axônio não seja coberto
Os canais iônicos, em geral, são denominados de acordo com os
por mielina no nódulo de Ranvier, as células de Schwann principais íons que passam através deles. Existem quatro tipos
ou os oligodendrócitos se estendem pelo nó e se principais de canais iônicos seletivos no neurônio: (1) canais de Na+, (2)
conectam umas às outras (SEELY, 10ª ed.). canais de K+, (3) canais de Ca2+e (4) canais de Cl-. A facilidade com
que os íons fluem através um canal é denominada condutância do
↠ Axônios não mielinizados descansam em invaginações canal (G) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
das células de Schwann ou dos oligodendrócitos. A A grande maioria dos canais com portão é classificada dentro de uma
membrana plasmática celular envolve cada axônio, mas destas três categorias: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
não o em rola muitas vezes (SEELY, 10ª ed.).
• Os canais iônicos controlados mecanicamente são
encontrados em neurônios sensoriais e se abrem em
resposta a forças físicas, como pressão ou estiramento.
• Os canais iônicos dependentes de ligante da maioria dos
neurônios respondem a uma grande variedade de ligantes,
como neurotransmissores e neuromoduladores
extracelulares ou moléculas sinalizadoras intracelulares.
• Os canais iônicos dependentes de voltagem respondem a
mudanças no potencial de membrana da célula. Os canais
de Na+ e K+ dependentes de voltagem possuem um
importante papel na inicialização e na condução dos sinais
elétricos ao longo do axônio.

O fluxo de carga elétrica carregada por um íon é chamado de


corrente de um íon, abreviada como Ión. A direção do movimento
iônico depende do gradiente eletroquímico do íon (combinação do
elétrico com a concentração). Íons potássio, em geral, movem-se para
fora da célula. O Na+, o Cl- e o Ca2+ geralmente fluem para dentro da
célula. O fluxo de íons através da membrana despolariza ou
hiperpolariza a célula, gerando um sinal elétrico (SILVERTHORN, 7ª ed.).

As alterações de voltagem ao longo da membrana podem ser


Potenciais de Ação classificadas em dois tipos básicos de sinais elétricos: potenciais
graduados e potenciais de ação. Os potenciais graduados são sinais de
IMPORTANTE RELEMBRAR força variável que percorrem distâncias curtas e perdem força à
medida que percorrem a célula. Eles são utilizados para a comunicação
O potencial de membrana em repouso das células vivas é determinado por distâncias curtas. Se um potencial graduado despolarizante é forte
primeiramente pelo gradiente de concentração do K+ e a o suficiente quando atinge a região integradora de um neurônio, ele
permeabilidade em repouso da célula ao K+, Na+ e Cl-. Uma mudança inicia um potencial de ação. Os potenciais de ação são grandes
tanto no gradiente de concentração de como na permeabilidade iônica despolarizações muito breves que percorrem longas distâncias por um
altera o potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.). neurônio sem perder força. A sua função é a rápida sinalização por
longas distâncias, como do seu dedo do pé até o seu cérebro
Em repouso, a membrana celular de um neurônio é levemente
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
permeável ao Na+. Se a membrana aumentar subitamente a sua
permeabilidade ao Na+, o sódio entra na célula, a favor do seu gradiente
eletroquímico. A adição do Na+ positivamente carregado ao líquido

@jumorbeck
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Quando um potencial de ação acontece em um neurônio, ele é A habilidade de um neurônio de responder ao estímulo e disparar um
chamado potencial de ação nervoso (impulso nervoso) (TORTORA, potencial de ação é chamada de excitabilidade celular (SILVERTHORN,
14ª ed.). 7ª ed.).

POTENCIAIS GRADUADOS POTENCIAIS DE AÇÃO


↠ Os potenciais graduados nos neurônios são ↠ Os potenciais de ação, também conhecidos como
despolarizações ou hiperpolarizações que ocorrem nos picos, são sinais elétricos que possuem força uniforme e
dendritos e no corpo celular ou, menos frequentemente, atravessam da zona de gatilho de um neurônio até a
perto dos terminais axonais. Essas mudanças no potencial porção final do seu axônio. Nos potenciais de ação, os
de membrana são denominadas “graduadas” devido ao canais iônicos dependentes de voltagem presentes na
fato de que seu tamanho, ou amplitude, é diretamente membrana axonal se abrem sucessivamente enquanto a
proporcional à força do estímulo. Um grande estímulo corrente elétrica viaja pelo axônio. Como consequência, a
causa um grande potencial graduado, e um estímulo entrada adicional de Na+ na célula reforça a
pequeno vai resultar em um potencial graduado fraco despolarização, e é por isso que, diferentemente do
(SILVERTHORN, 7ª ed.). potencial graduado, o potencial de ação não perde força
ao se distanciar do seu ponto de origem. Pelo contrário,
↠ Nos neurônios do SNC e da divisão eferente, os
o potencial de ação no final do axônio é idêntico ao
potenciais graduados ocorrem quando sinais químicos de
potencial de ação iniciado na zona de gatilho: uma
outros neurônios abrem canais iônicos dependentes de
despolarização com uma amplitude de aproximadamente
ligante, permitindo que os íons entrem ou saiam do
100 mV SILVERTHORN, 7ª ed.).
neurônio. Estímulos mecânicos (como estiramento) ou
estímulos químicos ocasionam a abertura de canais ↠ O movimento em alta velocidade de um potencial de
iônicos em alguns neurônios sensoriais. Os potenciais ação ao longo do axônio é chamado de condução do
graduados também podem ocorrer quando um canal potencial de ação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
aberto se fecha, diminuindo o movimento de íons através
da membrana celular (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Em um potencial de ação, uma onda de energia
elétrica se move ao longo do axônio. Em vez de perder
↠ Os potenciais graduados que são fortes o suficiente força com o aumento da distância, os potenciais de ação
finalmente atingem a região do neurônio conhecida como são reabastecidos ao longo do caminho, de modo que
zona de gatilho. Nos neurônios eferentes e interneurônios, eles consigam manter uma amplitude constante
a zona de gatilho é o cone de implantação e a porção (SILVERTHORN, 7ª ed.).
inicial do axônio, uma região chamada de segmento inicial.
Nos neurônios sensoriais, a zona de gatilho localiza-se
imediatamente adjacente ao receptor, onde os dendritos
encontram o axônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ A zona de gatilho é o centro integrador do neurônio,


e a sua membrana possui uma alta concentração de
canais de Na+ dependentes de voltagem. Se os potenciais
graduados que chegam à zona de gatilho despolarizarem
a membrana até o limiar, os canais de Na+ dependentes
de voltagem abrem-se, e o potencial de ação é iniciado. O Na+ e o K+ movem-se através da membrana
Se a despolarização não atinge o limiar, o potencial durante os potenciais de ação
graduado simplesmente desaparece à medida que se
↠ A condução do impulso elétrico ao longo do axônio
move pelo axônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
requer apenas alguns tipos de canais iônicos: canais Na+
Como a despolarização torna mais provável que o neurônio dispare dependentes de voltagem e canais de K+ dependentes
um potencial de ação, os potenciais graduados despolarizantes são de voltagem mais alguns canais de vazamento que
considerados excitatórios. Um potencial graduado hiperpolarizante
move o potencial de membrana para mais longe do valor limiar,
auxiliam na manutenção do potencial de repouso da
tornando menos provável que o neurônio dispare um potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.).
ação. Como resultado, potenciais graduados hiperpolarizantes são
considerados inibidores (SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
17

↠ Os potenciais de ação iniciam quando os canais iônicos movendo para dentro da célula. Enquanto a
dependentes de voltagem se abrem, alterando a permeabilidade ao Na+ continuar alta, o potencial de
permeabilidade da membrana (P) para Na+ (PNa) e K+ (PK) membrana desloca-se na direção do potencial de
(SILVERTHORN, 7ª ed.). equilíbrio do sódio (ENa) de +60 mV. (Lembre-se que o
ENa é o potencial de membrana no qual o movimento de
Na+ para dentro da célula a favor do seu gradiente de
concentração é contraposto pelo potencial de membrana
positivo. O potencial de ação atinge seu pico em +30 mV
quando os canais de Na+ presentes no axônio se fecham
e os canais de potássio se abrem 5. (SILVERTHORN, 7ª
ed.).

FASE DESCENDENTE DO POTENCIAL DE AÇÃO


↠ A fase descendente corresponde ao aumento da
↠ Antes e depois do potencial de ação, em 1 e 2, o permeabilidade ao K+. Canais de K+ dependentes de
neurônio está no potencial de membrana em repouso de voltagem, semelhantes aos canais de Na+, abrem-se em
– 70 mV. O potencial de ação propriamente dito pode resposta à despolarização. Contudo, os canais de K+
ser dividido em três fases: ascendente, descendente e abrem-se muito mais lentamente, e o pico da
pós-hiperpolarização (SILVERTHORN, 7ª ed.). permeabilidade ocorre mais tarde do que o do sódio. No
momento em que os canais de K+ finalmente se abrem,
FASE ASCENDENTE DO POTENCIAL DE AÇÃO o potencial de membrana da célula já alcançou +30 mV,
↠ A fase ascendente ocorre devido a um aumento devido ao influxo de sódio através de canais de Na+ que
súbito e temporário da permeabilidade da célula para Na+ se abrem muito mais rapidamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Quando os canais de Na+ se fecham durante o pico
↠ Um potencial de ação inicia quando um potencial do potencial de ação, os canais de K+ recém se abriram,
graduado que atinge a zona de gatilho despolariza a tornando a membrana altamente permeável ao potássio.
membrana até o limiar (-55 mV) 3. (SILVERTHORN, 7ª Em um potencial de membrana positivo, os gradientes de
ed.). concentração e elétrico do K+ favorecem a saída do
potássio da célula. À medida que o K+ se move para fora
↠ Conforme a célula despolariza, canais de Na+ da célula, o potencial de membrana rapidamente se torna
dependentes de voltagem abrem-se, tornando a mais negativo, gerando a fase descendente do potencial
membrana muito mais permeável ao sódio. Então, Na+ flui de ação 6 e levando a célula em direção ao seu potencial
para dentro da célula, a favor do seu gradiente de de repouso (SILVERTHORN, 7ª ed.).
concentração e atraído pelo potencial de membrana
negativo dentro da célula (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Quando o potencial de membrana atinge -70 mV, a
permeabilidade ao K+ ainda não retornou ao seu estado
↠ O aumento de cargas positivas no líquido intracelular de repouso. O potássio continua saindo da célula tanto
despolariza ainda mais a célula (representado no gráfico pelos canais de K+ dependentes de voltagem quanto
pelo aumento abrupto da fase ascendente 4). No terço pelos canais de vazamento de potássio, e a membrana
superior da fase ascendente, o interior da célula tornou- fica hiperpolarizada, aproximando-se do EK de -90 mV 7
se mais positivo do que o exterior, e o potencial de (SILVERTHORN, 7ª ed.).
membrana reverteu a sua polaridade. Essa reversão é
representada no gráfico pelo overshoot (ultrapassagem), ↠ Por fim, os canais de K+ controlados por voltagem
a porção do potencial de ação acima de 0 mV lentos se fecham, e uma parte do vazamento de potássio
(SILVERTHORN, 7ª ed.). para fora da célula cessa 8. (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ Assim que o potencial de membrana da célula fica ↠ A retenção de K+ e o vazamento de Na+ para dentro
positivo, a força elétrica direcionando o Na+ para dentro do axônio faz o potencial de membrana retornar aos -70
da célula desaparece. Entretanto, o gradiente de mV 9, valor que reflete a permeabilidade da célula em
concentração do Na+ se mantém, e o sódio continua se repouso ao K+, Cl- e Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
18

RESUMO POTENCIAIS DE AÇÃO SÃO CONDUZIDOS


O potencial de ação é uma alteração no potencial de membrana que
↠ O axônio possui um grande número de canais de Na+
ocorre quando canais iônicos dependentes de voltagem se abrem,
inicialmente aumentando a permeabilidade da célula ao Na+ (que entra) dependentes de voltagem. Sempre que uma
e posteriormente ao K+ (que sai). O influxo (movimento para dentro despolarização atinge esses canais, eles abrem-se,
da célula) de Na+ despolariza a célula. Essa despolarização é seguida permitindo que mais sódio entre na célula e reforce a
pelo efluxo (movimento para fora da célula) de K+, que restabelece o despolarização – o ciclo de retroalimentação positiva
potencial de membrana de repouso da célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
INFORMAÇÕES EXTRAS
↠ Inicialmente, um potencial graduado acima do limar
↠ Em geral, os íons que se movem para dentro ou para chega à zona de gatilho 1. A despolarização abre os canais
fora da célula durante os potenciais de ação são de Na+ dependentes de voltagem, o sódio entra no axônio
rapidamente transportados para seus compartimentos e o segmento inicial do axônio despolariza 2. As cargas
originais pela Na+-K+ATPase (também conhecida como positivas provenientes da zona de gatilho despolarizada se
bomba Na+-K+). A bomba utiliza a energia proveniente do espalham por um fluxo corrente local para porções
ATP para trocar o Na+ que entra na célula pelo K+ que adjacentes da membrana 3, repelidas pelos íons Na+ que
vazou para fora. Entretanto, esta troca não precisa entraram no citoplasma e atraídas pelas cargas negativas
ocorrer antes que o próximo potencial de ação dispare, do potencial de membrana em repouso (SILVERTHORN,
uma vez que o gradiente de concentração iônica não foi 7ª ed.).
significativamente alterado por um potencial de ação!
↠ O fluxo corrente local em direção ao terminal axonal
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
inicia a condução do potencial de ação. Quando a
↠ Os canais de Na+ dependentes de voltagem possuem membrana localizada distalmente à zona de gatilho
não apenas um, mas dois portões envolvidos na despolariza devido ao fluxo de corrente local, os seus
regulação do transporte de íons. Esses dois portões, canais de Na+ abrem-se, permitindo a entrada de sódio
conhecidos como portões de ativação e inativação, na célula 4. Isso inicia o ciclo de retroalimentação positiva:
movem-se para a frente e para trás para abrir e fechar a despolarização abre os canais de sódio, Na+ entra na
o canal de Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.). célula, ocasionando uma maior despolarização e abrindo
mais canais de Na+ na membrana adjacente
PERÍODO REFRATÁRIO (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A presença de dois portões nos canais de Na+ possui ↠ A entrada contínua de Na+ durante a abertura dos
um importante papel no fenômeno conhecido como canais de sódio ao longo do axônio significa que a força
período refratário (SILVERTHORN, 7ª ed.). do sinal não reduzirá enquanto o potencial de ação se
propaga (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O adjetivo refratário provém de uma palavra em Latim
que significa “teimoso”. A inflexibilidade do neurônio ↠ Apesar de a carga positiva de um segmento
refere-se ao fato de que, uma vez que um potencial de despolarizado da membrana poder voltar em direção à
ação tenha iniciado, um segundo potencial de ação não zona de gatilho 5, a despolarização nessa direção não
pode ser disparado durante cerca de - 2 ms, tem efeito no axônio. A porção do axônio que
independentemente da intensidade do estímulo. Esse recentemente finalizou um potencial de ação está no
retardo, denominado período refratário absoluto, período refratário absoluto, com os seus canais de Na+
representa o tempo necessário para os portões do canal inativados. Por essa razão, o potencial de ação não pode
de Na+ retornarem à sua posição de repouso se mover para trás (SILVERTHORN, 7ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Dois parâmetros-chave físicos influenciam a velocidade de condução
↠ Devido ao período refratário absoluto, um segundo de potenciais de ação em um neurônio de mamífero: (1) o diâmetro
do axônio e (2) a resistência do axônio ao vazamento de íons para
potencial de ação não ocorrerá antes de o primeiro ter
fora da célula (a constante de comprimento). Quanto maior o diâmetro
terminado. Como consequência, os potenciais de ação do axônio ou maior a resistência da membrana ao vazamento, mais
não podem se sobrepor e não podem se propagar para rápido um potencial de ação se moverá (SILVERTHORN, 7ª ed.).
trás (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A condução dos potenciais de ação ao longo do axônio é mais rápida
em fibras nervosas que possuem membranas altamente resistentes,

@jumorbeck
19

assim minimizando o vazamento do fluxo corrente para fora da célula. indireta de comunicação. Em resposta a um impulso
O axônio não mielinizado possui uma baixa resistência ao vazamento nervoso, o neurônio pré-sináptico libera um
de corrente, uma vez que toda a membrana do axônio está em
contato com o líquido extracelular e contém canais iônicos pelos quais
neurotransmissor que se difunde pelo líquido da fenda
a corrente pode vazar (SILVERTHORN, 7ª ed.). sináptica e se liga a receptores na membrana plasmática
do neurônio pós-sináptico (TORTORA, 14ª ed.).
Sinapses
↠ O neurônio pós-sináptico recebe o sinal químico e, na
↠ A região onde o terminal axonal encontra a sua célula- sequência, produz um potencial pós-sináptico, um tipo de
alvo é chamada de sinapse. O neurônio que transmite um potencial graduado. Desse modo, o neurônio pré-sináptico
sinal para a sinapse é denominado célula pré-sináptica, e converte o sinal elétrico (impulso nervoso) em um sinal
o neurônio que recebe o sinal é chamado de célula pós- químico (neurotransmissor liberado). O neurônio pós-
sináptica. O espaço estreito entre duas células é a fenda sináptico recebe o sinal químico e, em contrapartida, gera
sináptica. Apesar de as ilustrações caracterizarem a fenda um sinal elétrico (potencial pós-sináptico) (TORTORA, 14ª
sináptica como um espaço vazio, ela é preenchida por ed.).
uma matriz extracelular com fibras que ancoram as
células pré e pós-sinápticas no lugar (SILVERTHORN, 7ª ↠ A maior parte das sinapses no sistema nervoso são
ed.). sinapses químicas, as quais utilizam moléculas neurócrinas
para transportar a informação de uma célula à outra. Nas
↠ As sinapses são locais de grande proximidade entre sinapses químicas, o sinal elétrico da célula pré-sináptica é
neurônios, responsáveis pela transmissão unidirecional de convertido em um sinal neurócrino que atravessa a fenda
sinalização. Há dois tipos: sinapses químicas e sinapses sináptica e se liga a um receptor na sua célula-alvo
elétricas (JUNQUEIRA, 13ª ed.). (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A grande maioria das sinapses no corpo são sinapses químicas, em A composição química neurócrina é variada, e essas moléculas podem
que a célula pré-sináptica libera sinais químicos que se difundem funcionar como neurotransmissores, neuromoduladores ou neuro-
através da fenda sináptica e se ligam a um receptor de membrana hormônios. Os neurotransmissores e os neuromoduladores atuam
localizado na célula pós-sináptica. O SNC humano também possui como sinais parácrinos, com as suas células-alvo localizadas perto do
sinapses elétricas, em que a célula pré-sinápticas e a célula pós- neurônio que as secreta. Em contrapartida, os neuro-hormônios
sináptica estão conectadas através de junções comunicantes. As sãosecretados no sangue e distribuídos pelo organismo
junções comunicantes permitem que correntes elétricas fluam (SILVERTHORN, 7ª ed.).
diretamente de uma célula à outra. A transmissão de uma sinapse
elétrica além de ser bidirecional também é mais rápida do que uma Em geral, se uma molécula atua principalmente em uma sinapse e
sinapse química. (SILVERTHORN, 7ª ed.). gera uma resposta rápida, ela é chamada de neurotransmissor, mesmo
ela também atuando como um neuromodulador. Os
SINAPSES ELÉTRICAS neuromoduladores agem tanto em áreas sinápticas quanto em áreas
não sinápticas e produzem ação mais lenta (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As sinapses elétricas transmitem um sinal elétrico, ou
Os receptores neurócrinos encontrados nas sinapses químicas podem
corrente, diretamente do citoplasma de uma célula para ser divididos em duas categorias: receptores de canal, que são canais
outra através de poros presentes nas proteínas das iônios dependentes de ligante, e receptores acoplados à proteína G
junções comunicantes. A informação pode fluir em ambas (RPG). Os receptores de canais medeiam a reposta rápida, alterando o
as direções em quase todas as junções comunicantes, fluxo de íons através da membrana, por isso eles são chamados de
receptores ionotrópicos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
porém, em alguns casos, a corrente pode fluir em apenas
uma direção (uma sinapse retificadora) (SILVERTHORN, Os receptores ionotrópicos são proteínas compostas por quatro ou
7ª ed.). cinco subunidades que dão origem a uma macromolécula. Estes
alteram a sua forma tridimensional quando há ligação do
SINPASES QUÍMICAS neurotransmissor, que leva à abertura do canal. Isto significa que a
ativação do canal iónico é feita pelo próprio neurotransmissor
↠ Apesar das membranas plasmáticas dos neurônios pré (COSTA,2015).
e pós sinápticos em uma sinapse química estarem
próximas entre si, elas não se tocam. Elas são separadas
pela fenda sináptica, um espaço de 20 a 50 nm que é
preenchido com líquido intersticial (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os impulsos nervosos não podem ser conduzidos pela


fenda sináptica; assim, ocorre uma forma alternativa e

@jumorbeck
20

↠ As funções principais desses mediadores químicos são


de regular atividades do sistema nervosos central e
periférico, para gerir a homeostase (DINIZ et. al., 2020).
↠ Devido a inúmeras definições existentes de
neurotransmissores foram estabelecidos critérios para
determinar se uma substância química é considerada um
neurotransmissor. A substância deve ser: (COSTA,2015).

• sintetizada em neurónios pré-sinápticos;


• armazenada em vesículas nos terminais
sinápticos;
• libertadas após um estímulo nervoso;
• atuar em recetores específicos pré ou pós-
sinápticos;
• removida ou degradada após exercer a sua
ação;
• a sua aplicação exogénea deve mimetizar o
efeito pós-sináptico
Os receptores acoplados à proteína G medeiam uma resposta mais
lenta, pois é necessária uma transdução do sinal mediada por um ↠ As moléculas neurócrinas podem ser agrupadas
sistema de segundos mensageiros. Os RPGs para os informalmente em sete classes diferentes, de acordo com
neuromoduladores são descritos como receptores metabotrópicos. a sua estrutura: (1) acetilcolina, (2) aminas, (3) aminoácidos,
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
(4) peptídeos, (5) purinas, (6) gases e (7) lipídeos
A ligação do neurotransmissor vai ativar a proteína G que se dissocia (SILVERTHORN, 7ª ed.).
do receptor e interage diretamente com os canais iónicos ou liga-se
a proteínas efetoras. Estes recetores devem o seu nome ao facto dos ↠ Os neurônios do SNC liberam vários tipos diferentes
receptores se ligarem diretamente a pequenas proteínas intercelulares de sinais químicos, incluindo alguns polipeptídeos
conhecidas como proteínas G (COSTA,2015). conhecidos principalmente pela sua atividade hormonal,
como os hormônios hipotalâmicos ocitocina e
vasopressina. Em contrapartida, o SNP secreta apenas
três substâncias neurócrinas importantes: os
neurotransmissores acetilcolina e noradrenalina e o neuro-
hormônio adrenalina. Alguns neurônios do SNP
cossecretam moléculas adicionais, como o ATP
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os receptores, juntamente com os neurotransmissores,
desempenham um papel fundamental fornecendo seletividade e
sensibilidade ao sistema (COSTA,2015).

ACETILCOLINA
↠ A acetilcolina (ACh) possui uma classificação química
específica e é sintetizada a partir da colina e da acetil-
coenzima A (acetil-CoA). A colina é uma molécula
pequena também encontrada em fosfolipídeos de
Neurotransmissores membrana. A acetil-CoA é o intermediário metabólico que
liga a glicólise ao ciclo do ácido cítrico (SILVERTHORN, 7ª
↠ Os neurotransmissores são compostos químicos ed.).
sintetizados nos neurônios responsáveis pela sinalização
↠ A síntese de ACh a partir desses dois precursores é
celular por meio de sinapses (DINIZ et. al., 2020).
realizada em uma reação enzimática simples, que ocorre
no terminal axonal. Os neurônios que secretam ACh e os

@jumorbeck
21

receptores que se ligam à ACh são descritos como neurotransmissor da divisão simpática autônoma do SNP.
colinérgicos. (SILVERTHORN, 7ª ed.). Todas as três moléculas derivadas do triptofano podem
agir como neuro-hormônios (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores colinérgicos possuem dois subtipos
principais: nicotínicos, assim denominados porque a ↠ Os neurônios que secretam a noradrenalina são
nicotina é um agonista, e muscarínicos, da palavra denominados neurônios adrenérgicos, ou neurônios
muscarina, um composto agonista encontrado em alguns noradrenérgicos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
tipos de fungos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores adrenérgicos são divididos em duas
↠ Os receptores colinérgicos nicotínicos são classes: (alfa) e(beta), cada uma com vários subtipos.
encontrados no músculo esquelético, na divisão autônoma Como os receptores muscarínicos, os receptores
do SNP e no SNC. Os receptores nicotínicos são canais adrenérgicos são acoplados à proteína G (SILVERTHORN,
de cátions monovalentes, pelos quais tanto Na+ quanto K+ 7ª ed.).
atravessam. A entrada de sódio na célula excede a saída
de K+, uma vez que o gradiente eletroquímico para o Na+ AMINOÁCIDOS
é mais forte. Como resultado, a quantidade de Na+ que ↠ Vários aminoácidos atuam como neurotransmissores
entra despolariza a célula pós-sináptica e a probabilidade no SNC. O glutamato é o principal neurotransmissor
de ocorrer um potencial de ação é maior (SILVERTHORN, excitatório do SNC, já o aspartato é um neurotransmissor
7ª ed.). excitatório apenas em algumas regiões do cérebro. O
↠ Os receptores colinérgicos muscarínicos possuem glutamato também age como um neuromodulador
cinco subtipos relacionados. Todos são receptores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
acoplados à proteína G ligados a sistemas de segundos ↠ Os neurotransmissores excitatórios despolarizam as
mensageiros. A resposta do tecido à ativação dos suas células-alvo, geralmente abrindo canais iônicos que
receptores muscarínicos varia conforme o subtipo do permitem a entrada de íons positivos na célula
receptor (SILVERTHORN, 7ª ed.). (SILVERTHORN, 7ª ed.).
AMINAS ↠ O principal neurotransmissor inibidor no encéfalo é o
↠ Os neurotransmissores do tipo aminas são todos ativos ácido gama-aminobutíruco (GABA) (SILVERTHORN, 7ª
no SNC (SILVERTHORN, 7ª ed.). ed.).

↠ A serotonina, também chamada de 5-hidroxitriptamina ↠ Os neurotransmissores inibidores hiperpolarizam as


ou 5-HT, é derivada do aminoácido triptofano suas células-alvo, abrindo canais de Cl- e permitindo a
(SILVERTHORN, 7ª ed.). entrada de cloreto na célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).

A 5-HT é sintetizada por células específicas do trato gastrointestinal, ↠ Os receptores AMPA são canais de cátions
denominadas células enterocromafins (cerca de 90%), além de monovalentes dependentes de ligante similares aos
neurônios do sistema nervoso entéric e pelas plaquetas (DINIZ et. al., receptores-canais nicotínicos de acetilcolina. A ligação do
2020).
glutamato abre o canal, e a célula despolariza devido ao
Como funções, tem-se que a 5-HT coopera na modulação influxo de Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.).
hidroeletrolítica e da motilidade gastrointestinal, além de atuar sobre o
humor, emoções, o comportamento do indivíduo (incluindo o PEPTÍDEOS
comportamento sexual), ciclos de sono, temperatura, êmese, tônus
vascular periférico e cerebral. Todavia, o aspecto mais relevante para ↠ Entre esses peptídeos existe a substância P, envolvida
a 5-HT está relacionado aos transtornos psiquiátricos, sendo que na em algumas vias da dor, e os peptídeos opioides
depressão há redução dos níveis desse neurotransmissor no SNC
(encefalina e endorfinas), substâncias que medeiam o
(DINIZ et. al., 2020).
alívio da dor, ou analgesia (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A histamina, sintetizada a partir da histidina, possuiu um
papel nas respostas alérgicas, além de atuar como um ↠ Os peptídeos que agem tanto como neuro-hormônios
neurotransmissor (SILVERTHORN, 7ª ed.). quanto como neurotransmissores incluem a
colecistocinina (CCK), a arginina vasopressina (AVP) e o
↠ O aminoácido tirosina é convertido em dopamina, peptídeo natriurético atrial (ANP) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
noradrenalina e adrenalina. A noradrenalina é o principal

@jumorbeck
22

PURINAS LIBERAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES

↠ A adenosina, a adenosina monofosfato (AMP) e a Os neurotransmissores no terminal axonal são armazenados em


vesículas, então sua liberação para a fenda sináptica ocorre via
adenosina trifosfato (ATP) podem atuar como
exocitose (SILVERTHORN, 7ª ed.).
neurotransmissores. Essas moléculas, conhecidas
coletivamente como purinas ligam-se a receptores Quando a despolarização de um potencial de ação alcança o terminal
axonal, a mudança no potencial de membrana dá início a uma
purinérgicos no SNC e a outros tecidos excitáveis, como
sequência de eventos 1. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
o coração. Todas as purinas se ligam a receptores
acoplados à proteína G (SILVERTHORN, 7ª ed.). A membrana do terminal axonal possui canais de Ca2+ dependentes
de voltagem que se abrem em resposta à despolarização 2.
GASES (SILVERTHORN, 7ª ed.).

Como os íons cálcio são mais concentrados no líquido extracelular do


↠ Um dos neurotransmissores mais interessantes é o
que no citosol, eles movem-se para dentro da célula. O Ca2+ entrando
óxido nítrico (NO), um gás instável sintetizado a partir do na célula se liga a proteínas reguladoras e inicia a exocitose 3.
oxigênio e do aminoácido l-arginina. O óxido nítrico quando (SILVERTHORN, 7ª ed.).
atua como neurotransmissor se difunde livremente para
A membrana da vesícula sináptica funde-se à membrana celular, com
a célula-alvo, em vez de ligar-se a um receptor na o auxílio de várias proteínas de membrana. A área fundida abre-se, e
membrana. Uma vez dentro da célula-alvo, o óxido nítrico os neurotransmissores movem-se de dentro da vesícula sináptica para
liga-se a proteínas-alvo. Com uma meia-vida de apenas 2 a fenda sináptica 4. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
a 30 segundos, o óxido nítrico é difícil de ser estudado As moléculas do neurotransmissor difundem-se através da fenda para
(SILVERTHORN, 7ª ed.). se ligarem com receptores na membrana da célula pós-sináptica.
Quando os neurotransmissores se ligam aos seus receptores, uma
↠ Estudos recentes sugerem que o monóxido de resposta é iniciada na célula pós-sináptica 5. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
carbono (CO) e o sulfito de hidrogênio (H2S), ambos
conhecidos como gases tóxicos, são produzidos pelo
organismo em pequenas quantidades para serem
utilizados como neurotransmissores (SILVERTHORN, 7ª
ed.).

LIPÍDEOS
↠ As moléculas lipídicas neurócrinas incluem vários
eicosanoides, que são ligantes endógenos para
receptores canabinoides. O receptor canabinoide CB1 é
encontrado no cérebro, e o CB2 é localizado nas células
imunes (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ Todos os sinais lipídicos neurócrinos se ligam a


receptores acoplados à proteína G (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
SÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES

A síntese de neurotransmissores ocorre tanto no corpo celular quanto


no terminal axonal. Os polipeptídeos devem ser sintetizados no corpo
celular, pois os terminais axonais não possuem as organelas
necessárias para a síntese proteica. O grande propeptídeo resultante
é empacotado em vesículas, juntamente às enzimas necessárias para
o modificar. As vesículas, então, movem-se do corpo celular para o
terminal axonal via transporte axônico rápido. Dentro da vesícula, o
propeptídeo é clivado em peptídeos ativos de menor tamanho
(SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
23

TÉRMINO DA ATIVIDADE DOS NEUROTRANSMISSORES

Uma característica-chave da sinalização neural é a sua curta duração,


devido à rápida remoção ou à inativação dos neurotransmissores na
fenda sináptica (SILVERTHORN, 7ª ed.).

A remoção de neurotransmissores não ligados da fenda sináptica pode


ser realizada de várias maneiras. Algumas moléculas
neurotransmissoras simplesmente se difundem para longe da sinapse,
separando-se dos seus receptores. Outros neurotransmissores são
inativados por enzimas na fenda sináptica. Muitos neurotransmissores
são removidos do líquido extracelular por transporte de volta para a
célula pré-sináptica, ou para neurônios adjacentes ou para a glia
(SILVERTHORN, 7ª ed.).

Referências

SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:


Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018

REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e


Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

DINIZ et. al. Ação dos neurotransmissores envolvidos na


depressão. Ensaios, v.24, n. 4, p. 437-443, 2020.

COSTA, A. S. V. Neurotransmissores e drogas: alterações


e implicações clínicas. Trabalho de mestrado, Universidade
Fernando Pessoa, Porto, 2015.

@jumorbeck
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APG 02

Objetivos é tão incompressível que, conforme o crânio se move, o líquido


empurra o cérebro ao mesmo tempo com o crânio. Do lado oposto
1- Compreender como ocorre a produção, ao golpe, o movimento brusco do crânio provoca, por causa da inércia,
movimento relativo do encéfalo em relação ao crânio, criando durante
circulação e reabsorção do líquido fração de segundo um vácuo na caixa craniana na área oposta ao
cerebroespinhal; golpe. Depois, quando o crânio não está mais sendo acelerado pelo
2- Estudar a embriogênese e a histologia das golpe, o vácuo de repente se colapsa, e o encéfalo se choca contra
meninges, do plexo corioide e o canal a superfície interior do crânio (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
ependimário; Golpe e contragolpe podem também ser causados pela rápida
aceleração ou desaceleração isoladas na ausência de impacto físico
Líquido Cerebroespinhal (LCS) devido a golpe na cabeça. Nesses casos, o cérebro pode ricochetear,
na parede do crânio, causando contusão de contragolpe. Pensa-se que
↠ Toda a cavidade craniana inteira, incluindo o cérebro e lesões como essa ocorrem na “síndrome do bebê sacudido” ou, por
a medula espinal, tem volume de aproximadamente 1.600 vezes, em acidentes de automóveis (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
a 1.700 mililitros. Desse volume total, aproximadamente 150
↠ Além de sua função de proteção mecânica do
mililitros são ocupados pelo líquido cefalorraquidiano, e o
encéfalo, em tomo do qual forma um coxim líquido, o
resto pelo cérebro e pela medula (GUYTON & HALL, 13ª
liquor tem as seguintes funções: (MACHADO, 3ª ed.).
ed.).
➢ Manutenção de um meio químico estável no
↠ O liquor ou líquido cerebroespinhal é um fluido aquoso
sistema ventricular, por meio de troca de
e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as
componentes químicos com os espaços
cavidades ventriculares (MACHADO, 3ª ed.).
intersticiais, permanecendo estável a
↠ O líquido cefalorraquidiano, está presente nos composição química do liquor, mesmo quando
ventrículos cerebrais, nas cisternas ao redor do encéfalo ocorrem grandes alterações na composição
e no espaço subaracnoide, ao redor tanto do encéfalo e química do plasma;
da medula espinal. Todas essas câmaras são conectadas ➢ Excreção de produtos tóxicos do metabolismo
entre si, e a pressão liquórica é mantida em nível das células do tecido nervoso que passam aos
surpreendentemente constante (GUYTON & HALL, 13ª espaços intersticiais de onde são lançados no
ed.). liquor e deste para o sangue. Pesquisas recentes
mostraram que o volume dos espaços
FUNÇÃO DO LCS intersticiais aumenta 60% durante o sono
facilitando a eliminação de metabólitos tóxicos
↠ Uma das principais funções do líquido cefalorraquidiano
acumulados durante a vigília.
é a de proteger o cérebro no interior de sua caixa óssea.
➢ Veículo de comunicação entre diferentes áreas
O cérebro e o líquido cefalorraquidiano têm mais ou
do SNC. Por exemplo, hormônios produzidos no
menos, a mesma gravidade específica (diferença de
hipotálamo são liberados no sangue, mas
somente 4%), de forma que o cérebro simplesmente
também no liquor podendo agir sobre regiões
flutua no líquido (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
distantes do sistema ventricular.
Qualquer pressão ou choque que se exerça em um ponto deste
coxim líquido, em virtude do princípio de Pascal irá se distribuir FUNÇÕES SEGUNDO TORTORA
igualmente a todos os pontos. Desse modo, o liquor constitui um
Proteção mecânica: o LCS funciona como um meio amortecedor que
eficiente mecanismo amortecedor dos choques que frequentemente
protege os delicados tecidos do encéfalo e da medula espinal de
atingem o sistema nervoso central. Por outro lado, em virtude da
cargas que, de outra forma, causariam o impacto destas estruturas
disposição do espaço subaracnóideo, que envolve todo o sistema
contra as paredes ósseas da cavidade craniana e do canal vertebral. O
nervoso central, este fica totalmente submerso em líquido e, de
líquido cerebrospinal também permite que o encéfalo “flutue” na
acordo com o princípio de Arquimedes, torna-se muito mais leve e,
cavidade craniana.
de 1.500 gramas passa ao peso equivalente a 50 gramas flutuando no
liquor, o que reduz o risco de traumatismos do encéfalo resultantes Função homeostática: pH do LCS influencia a ventilação pulmonar e
do contato com os ossos do crânio (MACHADO, 3ª ed.). o fluxo sanguíneo encefálico, o que é importante para a manutenção
do controle homeostático para o tecido encefálico. O LCS também
ATENÇÃO: Quando o golpe na cabeça é extremamente grave, ele
funciona como um sistema de transporte para hormônios
pode danificar o cérebro, não do lado da cabeça em que incidiu o
polipeptídicos secretados pelos neurônios hipotalâmicos que agem em
golpe, mas é provável que o dano ocorra do lado oposto. Esse
locais remotos do encéfalo.
fenômeno é conhecido como “contragolpe”, e a causa desse efeito é
o seguinte: quando o golpe é dado em um lado, o líquido desse lado

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Circulação: LCS é um meio para trocas secundárias de nutrientes e ↠ As características do líquido cefalorraquidiano que
excretas entre o sangue e o tecido encefálico resultam são as seguintes: pressão osmótica quase igual
FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LCS à do plasma; concentração de íons sódio, também quase
igual à do plasma; íons cloreto, cerca de 15% mais alta do
↠ A maior parte do LCS é produzida pelos plexos que no plasma; íons potássio aproximadamente 40%
corióideos, redes de capilares localizadas nas paredes dos mais baixa; glicose, cerca de 30% mais baixa (GUYTON &
ventrículos. Células ependimárias, ligadas entre si por HALL, 13ª ed.).
junções oclusivas, recobrem os capilares dos plexos
corióideos. Substâncias selecionadas (principalmente água) ↠ O líquido cerebrospinal (LCS) é uma solução salina
do plasma sanguíneo, filtradas dos capilares, são (SILVERTHORN, 7ª ed.).
secretadas pelas células ependimárias para produzir o ↠ O LCS contém pequenas quantidades de glicose,
líquido cerebrospinal. Esta capacidade secretória é proteínas, ácido láctico, ureia, cátions (Na+, K+, Ca2+ e
bidirecional e responsável pela produção contínua de LCS Mg2+) e ânions (Cl– e HCO3–); ele também contém alguns
e pelo transporte de metabólitos do tecido encefálico de leucócitos. (TORTORA 14ª ed.).
volta para o sangue (TORTORA, 14ª ed.).
SECREÇÃO DO LCS
Devido às junções oclusivas entre as células ependimárias, as
substâncias que entram no LCS pelos capilares corióideos não passam ↠ O LCS é secretado continuamente pelo plexo coroide,
entre estas células; em vez disso, elas devem passar pelas células
ependimárias. Esta barreira hematoliquórica permite a entrada de
uma região especializada nas paredes dos ventrículos. O
algumas substâncias no LCS, mas exclui outras, protegendo o encéfalo plexo coroide é muito similar ao tecido renal e consiste
e a medula espinal de substâncias sanguíneas potencialmente nocivas. em capilares e um epitélio de transporte derivado do
Ao contrário da barreira hematencefálica, formada principalmente por epêndima (SILVERTHORN, 7ª ed.).
junções oclusivas das células endoteliais dos capilares encefálicos, a
barreira hematoliquórica é composta pelas junções oclusivas das células ↠ A secreção de líquido para os ventrículos pelo plexo
ependimárias (TORTORA, 14ª ed.).
coroide depende, em sua grande parte, do transporte
↠ O líquido cefalorraquidiano é formado na ativo de íons sódio, através das células epiteliais que
intensidade/velocidade de cerca de 500 mililitros por dia, revestem o exterior do plexo (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
o que é três a quatro vezes maior do que o volume total
de líquido em todo o sistema liquórico (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
➢ Em torno de dois terços ou mais desse líquido
surgem como secreção dos plexos coroides
nos quatro ventrículos cerebrais, principalmente
nos dois ventrículos laterais (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
➢ Pequenas quantidades adicionais de líquido são
secretadas pelas superfícies ependimárias de
todos os ventrículos e pelas membranas
aracnoides (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
➢ Pequena quantidade vem do cérebro pelos
espaços perivasculares que circundam os vasos
sanguíneos cerebrais (GUYTON & HALL, 13ª ed.).

↠ O liquor normal do adulto é límpido e incolor, apresenta ↠ Os íons sódio, por sua vez, também puxam consigo
de zero a quatro leucócitos por mm3 e uma pressão de grande quantidade de íons cloreto, porque a carga
5 cm a 20 cm de água. obtida na região lombar com positiva do íon sódio atrai a carga negativa do íon cloreto.
paciente em decúbito lateral. Embora o liquor tenha mais Esses dois íons combinados aumentam a quantidade de
cloretos que o sangue, a quantidade de proteínas é muito cloreto de sódio, osmoticamente ativo, no líquido
menor do que a existente no plasma. O volume total do cefalorraquidiano, o que então causa o transporte
liquor é de 100 mL a 150mL, renovando-se osmótico, quase imediato, de água através da membrana,
completamente a cada oito horas (MACHADO, 3ª ed.).

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constituindo-se, dessa forma, na secreção liquórica por trás do bulbo e embaixo do cerebelo (GUYTON &
(GUYTON & HALL, 13ª ed.). HALL, 13ª ed.).

↠ Processos de transporte menos importantes trazem


pequenas quantidades de glicose para o líquido
VENTRÍCULOS FORAMES TERCEIRO
cefalorraquidiano, e íons potássio e bicarbonato do líquido INTERVENTRICULA
LATERAIS RES VENTRÍCULO
cefalorraquidiano para os capilares (GUYTON & HALL, 13ª
ed.).

CIRCULAÇÃO DO LCS QUARTO AQUEDUTO


VENTRÍCULO DE SYLVIUS
↠ A circulação do liquor é extremamente lenta e são
ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida,
a produção do liquor em uma extremidade e a sua
absorção em outra já são suficientes para causar sua ↠ O líquido cerebrospinal alcança as cisternas basais e
movimentação. Outro fator é a pulsação das artérias espaço subaracnóideo espinal e cortical. Inicialmente, a
intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão movimentação do líquor na região subaracnóide ocorre
liquórica. possivelmente contribuindo para empurrar o de em sentido ascendente, na medida que as granulações
liquor através das granulações aracnóideas (MACHADO, estão localizadas, predominantemente, no seio sagital
3ª ed.). superior, tendo que atravessar a incisura da tenda e o
mesencéfalo. Por outro lado, na medula espinal, o líquido
↠ O líquido cerebrospinal flui dos ventrículos para dentro cerebrospinal apresenta um trajeto descendente em
do espaço subaracnóideo, entre a pia-máter e a direção à região caudal (SOUZA et. al., 2020).
aracnoide, envolvendo todo o encéfalo e a medula espinal
com o líquido (SILVERTHORN, 7ª ed.). A cisterna magna é contínua com o espaço subaracnoide que circunda
todo o encéfalo e a medula espinal. Quase todo o líquido
cefalorraquidiano então flui da cisterna magna para cima pelo espaço
subaracnoide que fica ao redor do cérebro. A partir daí, o líquido entra
e passa por múltiplas vilosidades aracnoides que se projetam para o
grande seio venoso sagital e outros seios venosos do prosencéfalo.
Dessa forma, qualquer líquido em excesso é drenado para o sangue
venoso pelos poros dessas vilosidades (GUYTON & HALL, 13ª ed.).

↠ O sentido principal do fluxo liquórico se dá dos plexos


coroides para o sistema do líquido cefalorraquidiano. O
líquido, secretado nos ventrículos laterais, passa primeiro
para o terceiro ventrículo; então, depois da adição de
quantidades mínimas de líquido, do terceiro ventrículo ele
flui para baixo, seguindo o aqueduto de Sylvius para o
quarto ventrículo, onde uma pequena quantidade de
líquido é acrescentada. Finalmente, o líquido sai do quarto
ventrículo por três pequenas aberturas, os dois forames
laterais de Luschka e o forame medial de Magendie,
adentrando a cisterna magna, o espaço liquórico que fica

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ABSORÇÃO OU REABSORÇÃO DO LCS


↠ O líquido cerebrospinal flui ao redor do tecido neural
e, por fim, é absorvido de volta para o sangue por
vilosidades especializadas na membrana aracnoide, dentro
do crânio (SILVERTHORN, 7ª ed.).

ARTIGO: ANÁLISE DOS VALORES DE REFERÊNCIA DO LÍQUIDO


CEFALORRAQUIDIANO

A coleta da amostra de LCR pode ser realizada por três vias clássicas,
sendo a lombar a mais utilizada na rotina, seguida pela suboccipital e a
via ventricular (GNUTZMANN, 2016).

O exame do LCR fornece informações importantes em relação ao


diagnóstico etiológico e ao acompanhamento de processos
inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos dos órgãos que são
envolvidos por esse líquido. Esse exame compreende a análise dos
↠ As vilosidades aracnoides são projeções microscópicas aspectos físicos, bioquímicos e citológicos do LC (GNUTZMANN, 2016).
da membrana aracnoide em forma de dedos, que vão
para o interior do crânio pelas paredes e para dentro dos ANÁLISE BIOQUÍMICA
GLICOSE A glicose entra no LCR após
seios venosos. Conglomerados dessas vilosidades formam saturação cinética através de
estruturas macroscópicas chamadas granulações um mecanismo de transporte
aracnoides, que podem ser vistas como protrusões nos facilitado. Esse mecanismo não
é totalmente funcional até
seios (GUYTON & HALL, 13ª ed.). quatro a oito semanas após o
nascimento, por isso que,
↠ O LCS é absorvido pelas vilosidades aracnoides, juntamente com a barreira
passando para os seios venosos cerebrais (no SNC não hematoencefálica imatura
existem vasos linfáticos) (JUNQEIRA, 13ª ed.). nesse momento, a
concentração de glicose no
↠ Normalmente, o LCS é reabsorvido tão rapidamente LCR é dependente da idade.
A glicose no soro e no LCR
quanto é produzido pelos plexos corióideos, a uma taxa equilibram-se após um período
de 20 ml/h (480 ml/dia) (TORTORA, 14ª ed.). de aproximadamente quatro
horas, de modo que a
ESPAÇOS PERIVASCULARES E LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO concentração de glicose no
LCR em um dado momento
As grandes artérias e veias do cérebro ficam na superfície dos reflete os níveis de glicose no
hemisférios cerebrais, mas suas terminações penetram neles, soro durante essas últimas
carregando consigo uma camada de pia-máter, a membrana que quatro horas.
cobre o cérebro. A pia só adere frouxamente aos vasos, de tal forma PROTEÍNA As proteínas do LCR são
que um espaço, o espaço perivascular, exista entre ela e cada vaso. constituídas em grande parte
Portanto, espaços perivasculares seguem tanto as artérias quanto as de albumina e em muito
veias do cérebro até onde as arteríolas e vênulas vão (GUYTON & menor quantidade de
globulinas.
HALL, 13ª ed.).
O aumento de proteínas é a
mais comum anormalidade
encontrada no exame de LCR,
porém é um achado
inespecífico
LACTATO Os níveis de lactato no LCR,
diferentes dos níveis de
glicose, não estão vinculados à
concentração sanguínea, e sim
à sua produção intratecal

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A produção de níveis encéfalo, e o terço caudal da placa e do tubo representa


aumentados de lactato no LCR
a futura medula espinhal (MOORE, 10ª ed.).
ocorre devido a uma
destruição do tecido dentro do
SNC,
causado pela privação de
oxigênio.

Embriogênese

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO


↠ As primeiras indicações do desenvolvimento do
sistema nervoso aparecem durante a terceira semana, já
que a placa neural e o sulco neural se desenvolvem no
aspecto posterior do embrião trilaminar (MOORE, 10ª ed.).

↠ A notocorda e o mesênquima paraxial induzem o


ectoderma subjacente a se diferenciar na placa neural
(MOORE, 10ª ed.).

↠ A neurulação (formação da placa neural e do tubo


neural) começa durante a quarta semana (22-23 dias) na
região do quarto ao sexto pares de somitos (Fig. C e D).
Nesse estágio, os dois terços craniais da placa e do tubo
neural até o quarto par de somitos representam o futuro ↠ O tubo neural se diferencia no SNC (MOORE, 10ª ed.).

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↠ A crista neural dá origem às células que formam a ↠ O fechamento dos neuróporos coincide com o
maior parte de SNP e SNA (MOORE, 10ª ed.). estabelecimento da circulação vascular para o tubo neural.
As células neuroprogenitoras da parede do tubo neural
↠ A fusão das pregas neurais e a formação do tubo
se espessam para formar o encéfalo e a medula espinhal.
neural começa no quinto somito e prossegue nas
O canal neural forma o sistema ventricular do encéfalo e
direções cranial e caudal até que somente pequenas
o canal central da medula espinhal. (MOORE, 10ª ed.).
áreas do tubo permaneçam abertas em ambas as
extremidades (MOORE, 10ª ed.). DESENVOLVIMENTO DAS MENINGES ESPINAIS
↠ As meninges (membranas que recobrem a medula
espinhal) se desenvolvem das células da crista neural e do
mesênquima entre o 20° e o 35° dias. As células migram
para circundar o tubo neural (primórdio do encéfalo e da
medula espinhal) e formam as meninges primordiais
(MOORE, 10ª ed.).

↠ A camada externa dessas membranas se espessa para


formar a dura-máter (Fig. A e B), e a camada interna, a
pia-aracnoide, é composta pela pia-máter e aracnoide-
↠ O lúmen do tubo neural se torna o canal neural, o qual máter (leptomeninges) (MOORE, 10ª ed.).
se comunica livremente com a cavidade amniótica
(MOORE, 10ª ed.).

↠ A abertura cranial (neuróporo rostral) se fecha


aproximadamente no 25° dia e o neuróporo caudal se
fecha aproximadamente no 27° dia (MOORE, 10ª ed.).

↠ Os espaços preenchidos por líquido aparecem nas


leptomeninges que em breve coalescem para formar o
espaço subaracnoide (MOORE, 10ª ed.).

↠ A origem da pia-máter da aracnoide-máter de uma


única camada é indicada no adulto pelas trabéculas
aracnoides, as quais são delicadas e numerosas fibras de
tecido conjuntivo que passam entre a pia e a aracnoide.
O líquido cerebrospinhal (LCE) começa a se formar
durante a quinta semana (MOORE, 10ª ed.).

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↠ O revestimento epitelial do plexo corióideo é derivado


do neuroepitélio (MOORE, 10ª ed.).

↠ O local principal de absorção do LCE no sistema


venoso é através das vilosidades aracnoides, que são
protrusões da aracnoide-máter nos seios venosos durais
(grandes canais venosos entre as camadas da dura-
máter). As vilosidades aracnoides consistem em uma
camada celular delgada derivada do epitélio da aracnoide
e do endotélio do seio (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DOS PLEXOS CORIOIDES
DESENVOLVIMENTO DO CANAL EPENDIMÁRIO
↠ O assoalho delgado do quarto ventrículo é coberto
externamente pela pia-máter, que é derivada do ↠ A medula espinhal primordial se desenvolve da parte
mesênquima associado ao rombencéfalo (MOORE, 10ª ed.). caudal da placa neural e da eminência caudal. O tubo
neural caudal ao quarto par de somitos se desenvolve na
medula espinhal. As paredes laterais do tubo neural se
espessam, reduzindo gradualmente o tamanho do canal
neural até somente um minúsculo canal central da medula
espinhal existir na 9ª à 10ª semanas (MOORE, 10ª ed.).

↠ Essa membrana vascular, em conjunto com o teto


ependimário, forma a tela corióidea, uma lâmina da pia
que cobre a parte inferior do quarto ventrículo. Por causa
da proliferação ativa da pia, a tela corióidea invagina-se no
quarto ventrículo, e se diferencia no plexo corióideo,
invaginações de artérias corióides da pia. Plexos similares
se desenvolvem no teto do terceiro ventrículo e nas
paredes mediais dos ventrículos laterais (MOORE, 10ª ed.).

↠ O teto delgado do quarto ventrículo se evagina em


três localizações. Essas evaginações se rompem para
formar aberturas, as aberturas mediana e lateral (forame
de Magendie e forame de Luschka, respectivamente),
que permitem que o LCE entre no espaço subaracnóideo
do quarto ventrículo (MOORE, 10ª ed.). Obs.: O canal neural do tubo neural está convertido no canal central
da medula espinal.

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↠ Inicialmente, a parede do tubo neural é composta por


um neuroepitélio espesso, colunar e pseudoestratificado
(MOORE, 10ª ed.).

↠ Essas células neuroepiteliais constituem a zona


ventricular (camada ependimária), que dá origem a todos
os neurônios e células macrogliais (macróglia) da medula
espinhal. Logo, a zona marginal composta pelas partes
externas das células neuroepiteliais se torna reconhecível.
Essa zona se torna gradualmente a substância branca da
medula espinhal conforme os axônios se desenvolvem
dos corpos das células nervosas da medula espinhal, dos
gânglios espinhal e do encéfalo (MOORE, 10ª ed.).

↠ A dura-máter é a meninge mais externa, constituída


por tecido conjuntivo denso aderido ao periósteo dos
ossos da caixa craniana. A dura-máter, que envolve a
medula espinal, é separada do periósteo das vértebras,
formando-se entre os dois o espaço peridural, o qual
contém veias de parede muito delgada, tecido conjuntivo
frouxo e tecido adiposo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Quando as células neuroepiteliais cessam a produção Em todo SNC, a superfície da dura-máter em contato com a aracnoide
constitui um local de fácil clivagem, onde, muitas vezes, em situações
de neuroblastos (neurônios primordiais) e glioblastos
patológicas, pode acumular-se sangue externamente à aracnoide,
(células de suporta do SNC), diferenciam-se em células constituindo o chamado espaço subdural, que não existe em condições
ependimárias, que formam o epêndima (epitélio normais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ependimário) o qual recobre o canal central da medula
espinhal (MOORE, 10ª ed.). ↠ A superfície interna da dura-máter no cérebro e a
superfície externa da dura-máter do canal vertebral são
Histologia revestidas por um epitélio simples pavimentoso de
origem mesenquimatosa (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
MENINGES
↠ Três projeções da dura-máter separam partes do
↠ O SNC está contido e protegido na caixa craniana e encéfalo: (TORTORA, 14ª ed.).
no canal vertebral, envolvido por membranas de tecido
conjuntivo chamadas de meninges (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ➢ a foice do cérebro separa os dois hemisférios
(lados) do cérebro;
↠ Elas são formadas por três camadas, que, do exterior ➢ a foice do cerebelo separa dos dois hemisférios
para o interior, são as seguintes: dura-máter, aracnoide e cerebelares;
pia-máter (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ➢ o tentório (ou tenda) do cerebelo separa o
telencéfalo (cérebro) do cerebelo.

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elementos nervosos, situam-se prolongamentos dos


astrócitos, que, formando uma camada muito delgada,
unem-se firmemente à face interna da pia-máter
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ A superfície externa da pia-máter é revestida por


células achatadas, originadas do mesênquima embrionário.
Os vasos sanguíneos penetram o tecido nervoso por
meio de túneis revestidos por pia-máter, os espaços
perivasculares. A pia máter deixa de existir antes que os
vasos mais calibrosos se transformem em capilares. Os
capilares do SNC são totalmente envolvidos pelos
prolongamentos dos astrócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

PLEXOS COROIDES
↠ Os plexos coroides são compostos por pregas da pia-
máter ricas em capilares fenestrados e dilatados, situados
no interior dos ventrículos cerebrais. Formam o teto do
terceiro e do quarto ventrículos e parte das paredes dos
ventrículos laterais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ São constituídos pelo tecido conjuntivo frouxo da pia-


máter, revestido por epitélio simples, cúbico ou colunar
baixo, cujas células são transportadoras de íons
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ As células epiteliais do plexo coróide possuem


↠ A aracnoide apresenta duas partes: uma em contato microvilosidades e pequenos tufos de cílios na sua face
com a dura-máter e sob a forma de membrana, e outra apical invaginações na face basolateral. A face apical fica
constituída por traves que ligam a aracnoide à pia-máter. em contato direto com o CSF, que preenche o interior
As cavidades entre as traves conjuntivas formam o dos ventrículos, enquanto a face basolateral contacta com
espaço subaracnóideo, que contém líquido os capilares sanguíneos fenestrados. As células epiteliais
cefalorraquidiano (LCR), e comunica-se com os do CP são unidas por “tigh-junctions” criando uma barreira
ventrículos cerebrais, mas não tem comunicação com o física à passagem de íons e moléculas do sangue para o
espaço subdural. O espaço subaracnóideo, cheio de CSF (TAVARES, 2012)
líquido, constitui um colchão hidráulico que protege o SNC
contra traumatismos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ A aracnoide é formada por tecido conjuntivo sem


vasos sanguíneos, e suas superfícies são todas revestidas
pelo mesmo tipo de epitélio que reveste a dura-máter:
simples pavimentoso e de origem mesenquimatosa
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Em certos locais, a aracnoide forma expansões que perfuram a dura-
máter e provocam saliências em seios venosos, onde terminam como
dilatações fechadas: as vilosidades da aracnoide, cuja função é transferir
LCR para o sangue. Assim, o líquido atravessa a parede da vilosidade
e a do seio venoso até chegar ao sangue (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ As células epiteliais de CP possuem ainda um
↠ A pia-máter é muito vascularizada e aderente ao citoplasma abundante e núcleos esféricos com
tecido nervoso, embora não fique em contato direto com numerosas mitocôndrias, fundamentais para manter o
células ou fibras nervosas. Entre a pia-máter e os metabolismo respiratório a um nível elevado, permitindo

@jumorbeck
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a produção de adenosina trifosfato (ATP) suficiente para


garantir a secreção normal de CSF (TAVARES, 2012)

↠ Estas células e a lâmina própria são sustentadas por


uma densa rede vascular, que fornece ao CP uma
irrigação 4 a 7 vezes superior à dos restantes tecidos
cerebrais (TAVARES, 2012)

↠ A principal função dos plexos coroides é secretar o


LCR, que contém apenas pequena quantidade de sólidos
e ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal central da
medula, o espaço subaracnóideo e os espaços
perivasculares. Ele é importante para o metabolismo do
SNC e o protege contra traumatismos (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).

↠ O traço horizontal desse “H” tem um orifício, o canal


central da medula. Ele é revestido pelas células
ependimárias (pertencentes ao grupo de células da
neuróglia) e é um remanescente do lúmen do tubo neural
embrionário (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS

As células ependimárias são células cúbicas ou colunares que, de


maneira semelhante a um epitélio, revestem os ventrículos do cérebro
e o canal central da medula espinal. Em alguns locais, as células
ependimárias são ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido
cefalorraquidiano (LCR).
↠ As células epiteliais do plexo diferem de outras células
epiteliais por formarem a barreira cerebral na parte
fenestrada. Estas células apresentam um elevado
conteúdo mitocondrial, 12-15% do volume celular, o que
pode ser explicado pelas necessidades energéticas
requeridas para o transporte transepitelial (TAVARES,
2015)

↠ O epitélio do PC é caraterizado pela presença de


sistemas de transporte muito específicos e uma atividade
pinealocítica muito baixa, conferindo-lhe uma grande
capacidade de controlar a passagem de substâncias
(TAVARES, 2015)

CANAL EPENDIMÁRIO
↠ Em cortes transversais da medula espinal, observa-se
que as substâncias branca e cinzenta localizam-se de
maneira inversa à do cérebro e cerebelo: externamente
está a substância branca, e internamente, a substância
cinzenta, que, em cortes transversais da medula, tem a
forma de uma borboleta ou da letra H (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).

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Referências

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JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
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TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.


MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
SOUZA et. al. A dissecação como instrumento de estudo
das estruturas anatômicas responsáveis pela produção e
circulação do líquido cerebroespinal. Comunicação
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GNUTZMANN et. al. Análise dos valores de referência do


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TAVARES, S. D. S. Síntese de melatonina no plexo
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mestrado, Covilhã, 2015.
TAVARES, G. P. Será que o plexo coróide pode cheirar?
Universidade da beira interior, dissertação de mestrado,
Covilhã, 2012.

@jumorbeck
1
APG 03

Objetivos mudar a excitabilidade de um neurônio motor sem se


relacionar diretamente com a motricidade;
1- Estudar a anatomofisiologia da medula e dos MACHADO, 3ª ed.
nervos espinais;
*vias sensitivas Anatomia da medula espinal

CONCEITOS IMPORTANTES ↠ Medula significa miolo e indica o que está dentro


➢ substância cinzenta: tecido nervoso constituído de (MACHADO, 3ª ed.).
neuróglia, corpos de neurônios e fibras
predominantemente amielínicas; ↠ Usualmente inicia-se o estudo do sistema nervoso
➢ substância branca: tecido nervoso formado de neuróglia e central pela medula, por ser o órgão mais simples deste
fibras predominantemente mielínicas; sistema e onde o tubo neural foi menos modificado
➢ núcleo: massa de substância cinzenta dentro de substância durante o desenvolvimento (MACHADO, 3ª ed.).
branca, ou grupo delimitado de neurônios com
aproximadamente a mesma estrutura e mesma função; ↠ A medula espinhal é uma massa cilindroide, de tecido
➢ formação reticular: agregado de neurônios separados por
nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem
fibras nervosas que não correspondem exatamente às
substâncias branca ou cinzenta e ocupa a parte central do entretanto ocupá-lo completamente. No homem adulto.
tronco encefálico; mede aproximadamente 45 centímetros, sendo um
➢ córtex: substância cinzenta que se dispõe em uma camada pouco menor na mulher (MACHADO, 3ª ed.).
fina na superfície do cérebro e do cerebelo;
➢ trato: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a ENVOLTÓRIOS DA MEDULA – MENINGES
mesma origem, mesma função e mesmo destino. As fibras
podem ser mielínicas ou amielínicas. Na denominação de ↠ Como todo o sistema nervoso central, a medula é
um trato. usam-se dois nomes: o primeiro indicando a envolvida por membranas fibrosas denominadas
origem e o segundo a terminação das fibras. Pode, ainda,
haver um terceiro nome indicando a posição do trato. meninges, que são: dura-máter; pia-máter e aracnoide. A
Assim, trato corticoespinhal lateral indica um trato cujas dura-máter é a mais espessa, razão pela qual é também
fibras se originam no córtex cerebral, terminam na medula chamada paquimeninge. As outras duas constituem a
espinhal e se localiza no funículo lateral da medula. leptomeninge (MACHADO, 3ª ed.).
➢ fascículo: usualmente o termo se refere a um trato mais
compacto. Entretanto, o emprego do termo fascículo, em ↠ As três meninges espinais revestem os nervos
vez de trato, para algumas estruturas deve-se mais à
espinais até sua passagem pelos forames intervertebrais
tradição do que a uma diferença fundamental existente
entre eles; da coluna vertebral. A medula espinal também é protegida
➢ lemnisco: o termo significa fita. Ê empregado para alguns por um coxim de tecido adiposo e tecido conjuntivo
feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao localizado no espaço epidural (extradural segundo a
tálamo; Terminologia Anatômica), espaço entre a dura-máter e a
➢ funículo: o termo significa cordão e é usado para a
substância branca da medula. Um funículo contém vários
parede do canal vertebral (TORTORA, 14ª ed.).
tratos ou fascículos;
➢ decussação: formação anatômica constituída por fibras
nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que
têm aproximadamente a mesma direção. O exemplo mais
conhecido é a decussação das pirâmides.
➢ comissura: formação anatômica constituída por fibras
nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano
e que têm, por conseguinte, direções diametralmente
opostas. O exemplo mais conhecido é o corpo caloso;
➢ fibras de projeção: fibras de projeção de uma determinada
área ou órgão do sistema nervoso central são fibras que
saem fora dos limites desta área ou deste órgão;
➢ fibras de associação: fibras de associação de uma
determinada área ou órgão do sistema nervoso central são
fibras que associam pontos mais ou menos distantes desta
área ou deste órgão sem, entretanto, abandoná-lo.
➢ modulação: mudança da excitabilidade de um neurônio
causada por axônios de outros neurônios não relacionados
com a função do primeiro. Por exemplo, um axônio pode

@jumorbeck
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DURA-MÁTER
↠ A meninge mais externa é a dura-máter, formada por
abundantes fibras colágenas que a tornam espessa e
resistente. A dura-máter espinhal envolve toda a medula,
como se fosse um dedo de luva, o saco dural
(MACHADO, 3ª ed.).

↠ Cranialmente, a dura-máter espinhal continua com a


dura-máter craniana, caudalmente termina em um fundo-
de-saco no nível da vértebra S2. Prolongamentos laterais
da dura-máter embainham as raízes dos nervos espinhais,
continuando com o tecido conjuntivo (epineuro) que
envolve estes nervos (MACHADO, 3ª ed.).

ARACNÓIDE
↠ Esta membrana intermediária, delgada e avascular é
formada por células e fibras finas e dispersas de material
elástico e de colágeno (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A aracnoide espinhal dispõe entre a dura-máter e a


pia-máter. Compreende um folheto justaposto à dura-
máter e um emaranhado de trabéculas, as trabéculas
aracnóideas, que unem este folheto à pia-máter
(MACHADO, 3ª ed.).

PIA-MÁTER
↠ A pia-máter é a meninge mais delicada e mais interna.
Ela adere intimamente ao tecido nervoso da superfície da
medula e penetra na fissura mediana anterior
(MACHADO, 3ª ed.).

↠ Quando a medula termina no cone medular, a pia-


máter continua caudalmente, formando um filamento
esbranquiçado denominado filamento terminal. Este
filamento perfura o fundo-do-saco dural e continua ↠ A pia-máter forma, de cada lado da medula, uma prega
caudalmente até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, longitudinal denominada ligamento denticulado, que se
o filamento terminal recebe vários prolongamentos da dispõe em um plano frontal ao longo de toda a extensão
dura-máter e o conjunto passa a ser denominado da medula (MACHADO, 3ª ed.).
filamento da dura-máter espinhal. Este, ao inserir-se no
↠ Projeções membranosas triangulares da pia-máter
periósteo da superfície dorsal do cóccix, constitui o
suspendem a medula espinal no meio de sua bainha dural.
ligamento coccígeo (MACHADO, 3ª ed.).
Estas projeções, chamadas ligamentos denticulados, são
áreas de espessamento da pia-máter. Elas se projetam
lateralmente e se fundem com a aracnoide-máter e com
a superfície interna da dura-máter, entre as raízes
anterior e posterior dos nervos espinais em ambos os
lados (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Como são encontrados em toda a extensão da


medula espinal, os ligamentos denticulados protegem a
medula espinal contra deslocamentos súbitos decorrentes

@jumorbeck
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de traumatismo. Entre a aracnoide-máter e a pia-máter


existe um espaço, o espaço subaracnóideo, que contém
líquido cerebrospinal – líquido que, entre outras funções,
absorve energia decorrente de um impacto (TORTORA,
14ª ed.).

TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR
↠ Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo, ↠ A medula espinal é composta pelos segmentos
aproximadamente ao nível do forame magno do osso cervical, torácico, lombar e sacral, nomeados de acordo
occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica com a porção da coluna vertebral onde os nervos entram
e, no adulto, situa-se geralmente na 2ª vértebra lombar e saem. A medula espinal dá origem a 31 pares de nervos
(L2). A medula termina afilando-se para formar um cone, espinais, que saem da coluna vertebral através dos
o cone medular. que continua com um delgado filamento forames intervertebrais e sacrais. Cada nervo espinal é
meníngeo, o filamento terminal (MACHADO, 3ª ed.). constituído de um feixe de axônios, células de Schwann
↠ A medula apresenta forma aproximadamente e bainhas de tecido conectivo (SEELY, 10ª ed.).
cilíndrica, sendo ligeiramente achatada no sentido ↠ Os nervos que suprem os membros inferiores e
anteroposterior. Seu calibre não é uniforme, pois outras estruturas na porção inferior do corpo surgem das
apresenta duas dilatações denominadas intumescência regiões lombar e sacral. Eles deixam a intumescência
cervical e intumescência lombar. situadas nos níveis lombossacral e o cone medular, descem pelo canal
cervical e lombar, respectivamente (MACHADO, 3ª ed.). vertebral, e saem através dos forames intervertebrais e
↠ Estas intumescências correspondem às áreas em que sacrais da segunda vértebra lombar até a quinta vértebra
fazem conexão com a medula as grossas raízes nervosas sacral. As várias raízes (origens) dos nervos espinais que
que formam os plexos braquial e lombossacral. destinadas se estendem inferiormente a partir da intumescência
lombossacral e do cone medular se assemelham a uma
à inervação dos membros superiores e inferiores,
respectivamente. A formação destas intumescências se cauda de cavalo e são, por essa razão, chamadas de
deve à maior quantidade de neurônios e, portanto, de cauda equina (SEELY, 10ª ed.).
fibras nervosas que entram ou saem destas áreas e que A diferença de tamanho entre a medula e o canal vertebral, bem
são necessárias para a inervação dos membros como a disposição das raízes dos nervos espinhais mais caudais,
(MACHADO, 3ª ed.). formando a cauda equina, resultam de ritmos de crescimento
diferentes, em sentido longitudinal, entre medula e coluna vertebral.
Até o quarto mês de vida intrauterina, medula e coluna crescem no
mesmo ritmo. Por isso, a medula ocupa todo o comprimento do canal
vertebral, e os nervos, passando pelos respectivos forames
intervertebrais, dispõem-se horizontalmente, formando com a medula
um ângulo aproximadamente reto. Entretanto, a partir do quarto mês,

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a coluna começa a crescer mais do que a medula, sobretudo em sua Os cornos posteriores contêm corpos celulares e axônios de
porção caudal. Como as raízes nervosas mantêm suas relações com interneurônios, bem como axônios de neurônios sensitivos. Lembre-
os respectivos forames intervertebrais, há o alongamento das raízes se de que os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão
e diminuição do ângulo que elas fazem com a medula. Estes localizados no gânglio sensitivo do nervo espinal (TORTORA, 14ª ed.).
fenômenos são mais pronunciados na parte caudal da medula, levando
à formação da cauda equina (MACHADO, 3ª ed.). Nos cornos anteriores encontram-se núcleos motores somáticos, os
quais são agrupamentos de corpos celulares de neurônios motores
Ainda como consequência da diferença de ritmos de crescimento somáticos que geram os impulsos nervosos necessários para a
entre coluna e medula, há um afastamento dos segmentos medulares contração dos músculos esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).
das vértebras correspondentes. Assim, no adulto, as vértebras T11 e
T12 não estão relacionadas com os segmentos medulares de mesmo Entre os cornos posteriores e os anteriores estão os cornos laterais,
nome, mas sim com segmentos lombares. O fato é de grande os quais são encontrados apenas nos segmentos torácico e lombar
importância clínica para diagnóstico, prognóstico e tratamento das alto da medula espinal. Os cornos laterais contêm neurônios motores
lesões vértebromedulares. Assim, uma lesão da vértebra T 12 pode autônomos, agrupamentos de corpos celulares de neurônios motores
afetar a medula lombar. Já uma lesão da vértebra L3 irá afetar apenas autônomos que regulam a atividade dos músculos cardíacos, dos
as raízes da cauda equina, sendo o prognóstico completamente músculos lisos e das glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
diferente nos dois casos (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A comissura cinzenta forma a barra transversal do H
FORMA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Um corte transverso da medula espinal mostra a


substância branca envolvendo a parte interna, formada
pela substância cinzenta. A substância branca é composta
basicamente por feixes de axônios mielinizados. Dois
sulcos na substância branca da medula espinal a dividem
em dois lados – direito e esquerdo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos


longitudinais, que a percorrem em toda a extensão:
(MACHADO, 3ª ed.).
➢ sulco mediano posterior;
➢ fissura mediana anterior;
➢ sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. ↠ Existem vários critérios para a divisão desta substância
↠ Na medula cervical existe, ainda, o sulco intermédio cinzenta. Um deles considera duas linhas que tangenciam
posterior, situado entre o mediano posterior e o lateral os contornos anterior e posterior do ramo horizontal do
posterior, e que continua em um septo intermédio H, dividindo a substância cinzenta em coluna anterior,
posterior no interior do funículo posterior (MACHADO, 3ª coluna posterior e substância cinzenta intermédia. Por sua
ed.). vez, a substância cinzenta intermédia pode ser dividida
em substância cinzenta intermédia central e substância
↠ Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem cinzenta intermédia lateral por duas linhas
conexão, respectivamente, as raízes ventrais e dorsais anteroposteriores. De acordo com este critério, a coluna
dos nervos espinhais (MACHADO, 3ª ed.). lateral faz parte da substância cinzenta intermédia lateral.
(MACHADO, 3ª ed.).
SUBSTÂNCIA CINZENTA
↠ Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro
da branca e apresenta a forma de uma borboleta ou de
um H. Nela distinguimos, de cada lado, três colunas que
aparecem nos cortes como cornos e que são as colunas
anterior, posterior e lateral. A coluna lateral, entretanto, só
aparece na medula torácica e parte da medula lombar. No
centro da substância cinzenta localiza-se o canal central
da medula (ou canal do epêndima), resquício da luz do
tubo neural do embrião (MACHADO, 3ª ed.).

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↠ Na substância cinzenta da medula espinal e do Os nervos são muito vascularizados, sendo percorridos
encéfalo, agrupamentos de corpos celulares neuronais longitudinalmente por vasos que se anastomosam, o que permite a
retirada do epineuro em um trecho de até 15 cm sem que ocorra
constituem grupos funcionais conhecidos como núcleos. lesão nervosa. Por outro lado, os nervos são quase totalmente
Os núcleos sensitivos recebem aferências (influxo) de desprovidos de sensibilidade. Se um nervo é estimulado ao longo de
receptores por meio de neurônios sensitivos, e os seu trajeto, a sensação geralmente dolorosa é sentida não no ponto
núcleos motores originam eferências para tecidos estimulado, mas no território sensitivo que ele inerva (MACHADO, 3ª
ed.)
efetores por meio de neurônios motores (TORTORA, 14ª
ed.). Costuma-se distinguir em um nervo uma origem real e uma origem
aparente. A origem real corresponde ao local onde estão localizados
SUBSTÂNCIA BRANCA os corpos dos neurônios que constituem os nervos, como a coluna
anterior da medula, os núcleos dos nervos cranianos ou os gânglios
↠ A substância branca formada por fibras, a maior parte sensitivos, no caso de nervos sensitivos. A origem aparente
delas mielínicas, que sobem e descem na medula e corresponde ao ponto de emergência ou entrada do nervo na
superfície do sistema nervoso central (MACHADO, 3ª ed.)
podem ser agrupadas de cada lado em três funículos ou
cordões: (MACHADO, 3ª ed.). ↠ As fibras que formam as vias ascendentes da medula
relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que
➢ funículo anterior: situado entre a fissura mediana
penetram pela raiz dorsal do nervo espinhal, trazendo
anterior e o sulco lateral anterior;
impulsos aferentes de várias partes do corpo
➢ funículo lateral: situado entre os sulcos lateral
(MACHADO, 3ª ed.).
anterior e lateral posterior;
➢ funículo posterior: entre o sulco lateral posterior CURIOSIDADE - TORTORA
e o sulco mediano posterior, este último ligado
Os diversos segmentos da medula espinal variam em tamanho,
à substância cinzenta pelo septo mediano formato, quantidades relativas de substância cinzenta e substância
posterior. Na parte cervical da medula, o funículo branca, e distribuição e formato da substância cinzenta. Por exemplo,
posterior é dividido pelo sulco intermédio a quantidade de substância cinzenta é maior nos segmentos cervical
posterior em fascículo grácil e fascículo e lombar porque estes segmentos são responsáveis pelas inervações
sensitiva e motora dos membros. Além disso, mais tratos sensitivos e
cuneiforme. motores são encontrados nos segmentos superiores da medula
espinal do que nos inferiores. Portanto, a quantidade de substância
↠ Os cornos anteriores e posteriores dividem a
branca diminui do segmento cervical para o segmento sacral da
substância branca de cada lado em três grandes áreas medula espinal.
chamadas de funículos. Cada funículo, por sua vez,
Existem duas razões principais para esta variação:
apresenta diferentes feixes de axônios com uma origem
ou destino comuns que transmitem informações ➢ à medida que a medula espinal sobe do segmento sacral
semelhantes. Estes feixes, que podem se estender por para o segmento cervical, mais axônios ascendentes se
juntam à substância branca para formar mais tratos
grandes distâncias para cima ou para baixo na medula
sensitivos;
espinal, são conhecidos como tratos (TORTORA, 14ª ed.). ➢ à medida que a medula espinal desce do segmento cervical
para o segmento sacral, os tratos motores diminuem sua
Lembre-se de que tratos são feixes de axônios no SNC, enquanto os
espessura, pois mais axônios descendentes deixam estes
nervos são feixes de axônios no SNP (TORTORA, 14ª ed.).
tratos para realizar sinapse com neurônios da substância
Os tratos sensitivos (ascendentes) são formados por axônios que cinzenta
conduzem impulsos nervosos em direção ao encéfalo. Os tratos
compostos por axônios que levam os impulsos nervosos que saem do NERVOS ESPINAIS
encéfalo são chamados de tratos motores (descendentes)
(TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os nervos espinais são vias de comunicação entre a
medula espinal e regiões específicas do corpo. A medula
VIAS ASCENDENTES espinal parece ser segmentada, pois os 31 pares de
Nervos são cordões esbranquiçados constituídos por feixes de fibras nervos espinais se originam, em intervalos regulares, dos
nervosas, reforçadas por tecido conjuntivo, que unem o sistema forames intervertebrais. De fato, considera-se que cada
nervoso central aos órgãos periféricos (MACHADO, 3ª ed.) par de nervos espinais surge de um segmento espinal. Na
A função dos nervos é conduzir, através de suas fibras, impulsos medula espinal não existe segmentação óbvia; no
nervosos do sistema nervoso central para a periferia (impulsos entanto, por questões de conveniência, a nomeação dos
eferentes) e da periferia para o sistema nervoso central {impulsos nervos espinais se faz de acordo com o segmento nos
aferentes) (MACHADO, 3ª ed.) quais estão localizados. Existem 8 pares de nervos

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cervicais (C1-C8), 12 pares de nervos torácicos (T1–T12), 5 dura-máter das meninges espinais se funde com o
pares de nervos lombares (L1–L5), 5 pares de nervos epineuro no momento em que o nervo passa pelo
sacrais (S1–S5) e 1 par de nervos coccígeos (Co1) forame intervertebral (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O primeiro par de nervos espinais cervicais emerge


da medula espinal entre o occipital e o atlas (primeira AXÔNIO ENDONEURO FASCÍCULO
vértebra cervical, ou C I). A maioria dos nervos espinais
restantes sai da medula pelos forames intervertebrais,
formados por duas vértebras adjacentes (TORTORA, 14ª
ed.). EPINEURO PERINEURO
↠ Os nervos C1–C7 emergem do canal vertebral acima
de suas vértebras correspondentes. O nervo espinal C8
sai do canal vertebral entre as vértebras C7 e T1
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os nervos T1–L5 emergem do canal vertebral abaixo


de suas vértebras correspondentes. As raízes dos nervos
sacrais (S1–S5) e coccígeos (Co1) entram no canal sacral,
a parte do canal vertebral localizada no sacro. Na
sequência, os nervos S1–S4 saem do canal sacral através
dos quatro pares de forames sacrais anterior e posterior,
e os nervos S5 e Co1, através do hiato sacral (TORTORA,
14ª ed.).
Um nervo espinal típico tem duas conexões com a medula: uma raiz
posterior e uma raiz anterior. Estas raízes se unem para formar um
nervo espinal no forame intervertebral. Como a raiz posterior contêm
axônios sensitivos e a raiz anterior apresenta axônios motores, o nervo
espinal é classificado como um nervo misto. A raiz posterior contém
um gânglio, no qual estão localizados os corpos celulares dos neurônios
sensitivos (TORTORA, 14ª ed.). DISTRIBUIÇÃO DOS NERVOS ESPINAIS

REVESTIMENTO DE TECIDO CONJUNTIVO DOS NERVOS ESPINAIS RAMOS

↠ Cada nervo espinal e craniano é formado por vários ↠ Logo após passar pelo seu forame intervertebral, um
axônios e apresenta membranas protetoras de tecido nervo espinal se divide em vários ramos. O ramo posterior
conjuntivo. Axônios dentro de um nervo, mielinizados ou (dorsal) supre os músculos profundos e a pele da face
não, são envolvidos pelo endoneuro, a camada mais posterior do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
profunda. O endoneuro é uma malha de fibras de ↠ O ramo anterior (ventral) supre os músculos e as
colágeno, fibroblastos e macrófagos. Vários axônios com estruturas dos quatro membros, bem como a pele das
seu endoneuro se agrupam em feixes chamados de faces lateral e anterior do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
fascículos, cada qual envolvido pelo perineuro, a camada
média (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Além dos ramos anterior e posterior, os nervos
espinais dão origem a ramos meníngeos. Estes ramos
↠ O perineuro é uma camada mais espessa de tecido entram novamente no canal vertebral pelo forame
conjuntivo. Ele é composto por até 15 camadas de intervertebral e suprem as vértebras, os ligamentos
fibroblastos em uma rede de fibras de colágeno vertebrais, os vasos sanguíneos da medula espinal e as
(TORTORA, 14ª ed.).
meninges (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A camada externa, que cobre todo o nervo, é PLEXOS
conhecida como epineuro. Ele é formado por fibroblastos
e fibras colágenas grossas. Projeções do epineuro ↠ Os axônios dos ramos anteriores dos nervos espinais,
também preenchem os espaços entre os fascículos. A com exceção dos nervos torácicos T2 a T12, não

@jumorbeck
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chegam diretamente às estruturas corporais supridas por dois nervos cranianos, o acessório (XI) e o hipoglosso (XII)
eles. Em vez disso, eles formam redes em ambos os lados (TORTORA, 14ª ed.).
do corpo, por meio da ligação de vários axônios de ramos
anteriores de nervos adjacentes. Esta rede axônica é
chamada de plexo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os principais plexos são o plexo cervical, o plexo


braquial, o plexo lombar e o plexo sacral. Também existe
um pequeno plexo coccígeo. Os nervos que saem dos
plexos são nomeados de acordo com as regiões que
suprem ou com o trajeto que seguem. Cada nervo pode,
por sua vez, apresentar vários ramos que recebem seus
nomes conforme as estruturas inervadas (TORTORA, 14ª
ed.).
NERVOS INTERCOSTAIS
↠ Os ramos anteriores dos nervos espinais T2 a T12 não
formam plexos e são conhecidos como nervos
intercostais ou nervos torácicos. Estes nervos se
conectam diretamente às estruturas supridas nos
espaços intercostais (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Após deixar seu forame intervertebral, o ramo anterior


do nervo T2 inerva os músculos intercostais do segundo
espaço intercostal e supre a pele da axila e a região
braquial posteromedial (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os nervos T3 a T6 se projetam pelos sulcos das


costelas até os músculos intercostais e a pele das partes
anterior e lateral da parede torácica (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os nervos T7 a T12 suprem os músculos intercostais


e os músculos abdominais, junto com a pele sobrejacente.
O nervo frênico se origina de C3, C4 e C5 e supre o diafragma. A
Os ramos posteriores dos nervos intercostais suprem os lesão completa da medula espinal acima da origem do nervo frênico
músculos profundos do dorso e a pele da parte posterior causa parada respiratória. Nas
do tórax (TORTORA, 14ª ed.).
lesões do nervo frênico, a respiração para porque este nervo não
PLEXO CERVICAL consegue mais enviar impulsos nervosos para o diafragma (TORTORA,
14ª ed.).
↠ O plexo cervical é formado pelas raízes (ramos
anteriores) dos primeiros quatro nervos cervicais (C1–C4), PLEXO BRAQUIAL
com contribuições de C5 (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais C5 a
C8 e T1 formam o plexo braquial. Ele passa acima da
↠ Existe uma raiz de cada lado do pescoço, junto com
primeira costela, posteriormente à clavícula, e então entra
as primeiras quatro vértebras cervicais. O plexo cervical
na axila. (TORTORA, 14ª ed.).
supre a pele e os músculos da cabeça, do pescoço e das
partes superiores dos ombros e do tórax (TORTORA, 14ª ↠ Como o plexo braquial é muito complexo, é necessária
ed.). uma explicação sobre suas partes. Como nos demais
plexos, as raízes são os ramos anteriores dos nervos
↠ Os nervos frênicos originam-se dos plexos cervicais e
espinais. As raízes de vários nervos espinais se unem para
fornecem fibras motoras que inervam o diafragma. Ramos
formar troncos na parte inferior do pescoço – os troncos
do plexo cervical também apresentam trajetória junto a
superior, médio e inferior (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
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↠ Posteriormente às clavículas, os troncos se ramificam


em divisões – a divisão anterior e a divisão posterior. Nas
axilas, as divisões se unem para formar fascículos,
conhecidos como fascículos lateral, medial e posterior. Os
fascículos recebem sua denominação com base na sua
relação com a artéria axilar, uma grande artéria que leva
sangue para o membro superior (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os ramos destes fascículos formam os principais


nervos do plexo braquial (TORTORA, 14ª ed.).

RAÍZES TRONCOS DIVISÕES

NERVOS FASCÍCULOS
PLEXO LOMBAR
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L1 a
↠ O plexo braquial fornece quase toda a inervação dos L4 formam o plexo lombar. Ao contrário do plexo
ombros e dos membros superiores. Cinco grandes ramos braquial, existem poucas interconexões entre as fibras do
terminais se originam do plexo braquial: (TORTORA, 14ª plexo lombar (TORTORA, 14ª ed.).
ed.).
↠ De cada lado das quatro primeiras vértebras lombares,
➢ O nervo axilar supre os músculos deltoide e o plexo lombar se projeta obliquamente para fora, entre
redondo menor. as cabeças superficial e profunda1 do músculo psoas maior
➢ O nervo musculocutâneo inerva os músculos e anteriormente ao músculo quadrado do lombo. Entre as
anteriores do braço. cabeças do músculo psoas maior, as raízes dos plexos
➢ O nervo radial supre os músculos da região lombares se separam em divisões anterior e posterior, as
posterior do braço e do antebraço. quais dão origem aos ramos periféricos dos plexos
➢ O nervo mediano inerva a maioria dos músculos (TORTORA, 14ª ed.).
da região antebraquial anterior e alguns
↠ O plexo lombar supre a parede abdominal
músculos da mão.
anterolateral, os órgãos genitais externos, e parte dos
➢ O nervo ulnar supre os músculos anteromediais
membros inferiores (TORTORA, 14ª ed.).
do antebraço e a maioria dos músculos da mão.

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O maior nervo que se origina do plexo lombar é o nervo femoral.


Lesões do nervo femoral, que podem ser secundárias a ferimentos
por arma branca ou por arma de fogo, são caracterizadas pela
incapacidade de estender a perna e pela perda de sensibilidade na pele
da parte antero-medial da coxa (TORTORA, 14ª ed.).

PLEXO SACRAL E COCCÍGEO


↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L4–
L5 e S1–S4 formam o plexo sacral. Este plexo está
situado, em sua maior parte, anteriormente ao sacro
DERMÁTOMOS
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A pele de todo o corpo é inervada por neurônios
↠ O plexo sacral inerva as regiões glúteas, o períneo e
sensitivos somáticos que levam impulsos nervosos para a
os membros inferiores. O maior nervo do corpo – o
medula espinal e para o encéfalo. Cada nervo espinal
nervo isquiático – se origina deste plexo (TORTORA, 14ª
contém neurônios sensitivos que suprem um segmento
ed.).
específico do corpo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais S4–
↠ Dermátomo é uma área cutânea que fornece
S5 e os nervos coccígeos formam um pequeno plexo
aferência (influxo) sensitiva para o SNC por meio das
coccígeo. Deste plexo se originam os nervos
raízes posteriores de um dos pares de nervos espinais
anococcígeos, que suprem uma diminuta área cutânea
ou do nervo trigêmeo (V) (TORTORA, 14ª ed.).
sobre o cóccix (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A inervação em dermátomos contíguos por vezes se
sobrepõe. O reconhecimento de quais segmentos
medulares estão relacionados com cada dermátomo
possibilita a localização de lesões na medula espinal
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Se a pele de uma região específica for estimulada,


mas a sensação não for percebida, os nervos daquele
dermátomo provavelmente estão lesados. Em regiões
onde ocorre sobreposição considerável, existe pouca
perda de sensibilidade se um dos nervos responsáveis
pelo dermátomo for danificado (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
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medula: o trato espinotalâmico e os tratos do funículo


posterior (TORTORA, 14ª ed.).
O trato espinotalâmico transmite impulsos nervosos relacionados com
dor, calor, frio, prurido, cócegas, pressão profunda e tato grosseiro. O
funículo posterior é formada por dois tratos: o fascículo grácil e o
fascículo cuneiforme. Os tratos do funículo posterior conduzem
impulsos nervosos associados a tato discriminativo, pressão leve,
vibração e propriocepção consciente (a percepção consciente das
posições e movimentos dos músculos, tendões e articulações)
(TORTORA, 14ª ed.).

Os sistemas sensitivos mantêm o SNC informado sobre mudanças nos


ambientes externo e interno. As informações sensitivas são integradas
(processadas) por interneurônios na medula espinal e no encéfalo.
Respostas a estas decisões integrativas são executadas por meio de
atividades motoras – contrações musculares e secreções glandulares.

REFLEXOS E ARCOS REFLEXOS


↠ Reflexo é uma sequência de ações automática, rápida
e involuntária que ocorre em resposta a um determinado
estímulo. Alguns reflexos são naturais, como quando você
tira a mão de uma superfície quente mesmo antes de
ter a percepção consciente que ela de fato está quente.
Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos (TORTORA,
14ª ed.).

↠ Quando a integração ocorre na substância cinzenta da


medula espinal, o reflexo é chamado de reflexo espinal.
Um exemplo é o conhecido reflexo patelar. Se, por outro
lado, a integração acontece no tronco encefálico, o
reflexo então é chamado de reflexo craniano. Um
exemplo é a movimentação de seus olhos enquanto você
lê esta frase. Você provavelmente conhece melhor os
reflexos somáticos, que envolvem a contração de
músculos esqueléticos. Igualmente essenciais, no entanto,
são os reflexos autônomos (viscerais), os quais
geralmente não são percebidos conscientemente. Eles
envolvem respostas dos músculos lisos, dos músculos
Fisiologia da medula espinal
cardíacos e das glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A medula espinal tem duas funções principais na
↠ Os impulsos nervosos que se propagam em direção
manutenção da homeostasia: propagação do impulso
ao SNC, dentro dele ou para fora dele seguem padrões
nervoso e integração de informações. Os tratos de
específicos, dependendo do tipo de informação, de sua
substância branca são vias rápidas para propagação dos
origem e de seu destino. A via seguida pelos impulsos
impulsos nervosos. As aferências sensitivas trafegam por
nervosos que produzem um reflexo é conhecida como
estas vias em direção ao encéfalo, e as eferências
arco reflexo (circuito reflexo). Um arco reflexo inclui os
motoras são enviadas pelo encéfalo, por essas vias, para
cinco componentes funcionais a seguir: (TORTORA, 14ª
os músculos esqueléticos e outros tecidos efetores. A
ed.).
substância cinzenta recebe e integra as aferências e
eferências (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Receptor sensitivo: a terminação distal de um
neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma
↠ Os impulsos nervosos provenientes dos receptores
estrutura sensitiva associada exerce a função de
sensitivos se propagam na medula espinal até o encéfalo
receptor sensitivo. Ela responde a um estímulo
por meio das seguintes vias principais em cada lado da

@jumorbeck
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específico – modificação dos ambientes interno Os receptores do sistema sensorial variam amplamente em
ou externo – por meio da geração de um complexidade, desde terminações ramificadas de um neurônio
sensorial único até células complexas extremamente organizadas,
potencial graduado chamado de potencial como os fotorreceptores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
gerador (ou receptor. Se um potencial gerador
atinge o limiar de despolarização, ele irá gerar Um neurônio sensorial tem um campo receptivo
um ou mais impulsos nervosos no neurônio Os neurônios somatossensoriais e visuais são ativados pelos estímulos
sensitivo (TORTORA, 14ª ed.). que ocorrem dentro de uma área física específica, conhecida como
campo receptivo do neurônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Todas as vias sensoriais possuem certos elementos em comum. Elas
começam com um estímulo, na forma de energia física, que atua em No caso mais simples, um campo receptivo está associado a um
um receptor sensorial. O receptor é um transdutor, o qual converte o neurônio sensorial (o neurônio sensorial primário na via), o qual, por
estímulo em um sinal intracelular, que normalmente é uma mudança sua vez, faz sinapse com um neurônio do SNC (o neurônio sensorial
no potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.). secundário) (SILVERTHORN, 7ª ed.).

Se o estímulo produz uma mudança que atinge o limiar, são gerados Além disso, os neurônios sensoriais de campos receptivos vizinhos
potenciais de ação que são transmitidos de um neurônio sensorial até podem apresentar convergência, ou seja, diversos neurônios pré-
o sistema nervoso central (SNC), onde os sinais de entrada são sinápticos enviam sinais para um menor número de neurônios pós-
integrados (SILVERTHORN, 7ª ed.). sinápticos (SILVERTHORN, 7ª ed.).

Como os receptores convertem os diversos estímulos físicos, como O tamanho dos campos receptivos secundários determina o quanto
a luz ou o calor, em sinais elétricos? uma dada área é sensível a um estímulo (SILVERTHORN, 7ª ed.).

O primeiro passo é a transdução, a conversão da energia do estímulo ➢ Centro de integração: uma ou mais regiões de
em informação que pode ser processada pelo sistema nervoso. Em substância cinzenta no SNC atuam como um
muitos receptores, a abertura ou fechamento de canais iônicos
centro de integração. No tipo mais simples de
converte a energia mecânica, química, térmica ou luminosa
diretamente em uma mudança no potencial de membrana reflexo, o centro de integração é uma simples
(SILVERTHORN, 7ª ed.). sinapse entre um neurônio sensitivo e um
neurônio motor. A via reflexa que apresenta
Alguns mecanismos de transdução sensorial envolvem a transdução
do sinal e sistemas de segundos mensageiros, que iniciam a mudança apenas uma sinapse no SNC é chamada de arco
no potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.). reflexo monossináptico. Os centros de
integração são mais frequentemente
O estímulo abre ou fecha canais iônicos na membrana do receptor,
direta ou indiretamente (via segundo mensageiro). Em muitas
compostos por um ou mais interneurônios, os
situações, a abertura de canais provoca influxo de Na+ ou de outros quais podem transmitir impulsos para outros
cátions no receptor, despolarizando a membrana. Em alguns casos, a interneurônios ou para um neurônio motor. Um
resposta ao estímulo é uma hiperpolarização, quando o K+ deixa a arco reflexo polissináptico envolve mais de dois
célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
tipos de neurônios e mais de um tipo de sinapse
A mudança no potencial de membrana do receptor sensorial é um no SNC (TORTORA, 14ª ed.).
potencial graduado, chamado de potencial receptor. Em algumas
células, o potencial receptor desencadeia um potencial de ação que Alguns estímulos chegam ao córtex cerebral, onde geram a
percorre a fibra sensorial até o SNC. Em outras células, o potencial percepção consciente, porém, outros agem inconscientemente, sem
receptor influencia a secreção de neurotransmissores pela célula a nossa consciência. A cada sinapse ao longo da via, o sistema nervoso
receptora, o que, por sua vez, altera a atividade elétrica do neurônio pode modular e ajustar a informação sensorial (SILVERTHORN, 7ª ed.).
sensorial associado (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Neurônio motor: impulsos gerados pelos centros
➢ Neurônio sensitivo: os impulsos nervosos se de integração se propagam para fora do SNC
propagam, a partir do receptor sensitivo, pelo em um neurônio motor que se estende até a
axônio do neurônio sensitivo até as terminações parte do corpo que executará a resposta
axônicas, que estão localizadas na substância (TORTORA, 14ª ed.).
cinzenta da medula espinal ou do tronco ➢ Efetor: a parte do corpo que responde ao
encefálico. Nestes pontos, interneurônios enviam impulso nervoso motor, como um músculo ou
impulsos nervosos para a área do encéfalo uma glândula, é chamada de efetor. Esta
responsável pela percepção consciente de que resposta é conhecida como reflexo. Se o efetor
aconteceu um reflexo (TORTORA, 14ª ed.). é um músculo esquelético, o reflexo é chamado
de reflexo somático. Se o efetor é um músculo
liso, um músculo cardíaco ou uma glândula,

@jumorbeck
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então o reflexo é conhecido como reflexo os estímulos que ativam os receptores tônicos são
autônomo (TORTORA, 14ª ed.). parâmetros que devem ser monitorados continuamente no
corpo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Como os reflexos são de modo geral previsíveis, eles fornecem ➢ Receptores fásicos: são receptores de adaptação rápida
informações úteis sobre a saúde do sistema nervoso e podem ajudar que disparam quando recebem um estímulo, mas param
muito no diagnóstico de doenças. Lesões ou doenças em qualquer de disparar se a intensidade do estímulo permanecer
parte do arco reflexo podem causar a ausência de reflexos ou sua constante. Os receptores fásicos sinalizam especificamente
exacerbação (TORTORA, 14ª ed.). as alterações em um parâmetro. Assim que o estímulo
estiver em uma intensidade estável, os receptores fásicos
RECEPTORES adaptam-se a esse novo estado e se desligam. Esse tipo
de resposta permite que o corpo ignore a informação que
O termo receptor sensorial refere-se à estrutura neuronal ou epitelial
foi avaliada e considerada como não ameaçadora à
de transformar estímulos físicos ou químicos em atividade bioelétrica homeostasia ou ao bem-estar (SILVERTHORN, 7ª ed.).
(transdução de sinais) para ser interpretada no sistema nervoso central
(MACHADO, 3ª ed.). Fibras aferentes somáticas exteroceptivas
Pode ser um terminal axônico ou células epiteliais modificadas
conectadas aos neurônios, como as células ciliadas da cóclea ↠ Há quatro modalidades somatossensoriais: tato,
(MACHADO, 3ª ed.). propriocepção, temperatura e nocicepção, que inclui dor
e prurido (SILVERTHORN, 7ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO MORGOLÓGICA DOS RECEPTORES

Distinguem-se dois grandes grupos: os receptores especiais e os


↠ Os receptores dos sentidos somáticos são
receptores gerais (MACHADO, 3ª ed.). encontrados tanto na pele quanto nas vísceras. A ativação
dos receptores desencadeia potenciais de ação no
Os receptores especiais são mais complexos, relacionando-se com um
neuroepitélio (retina, órgão de Coni etc.) e fazem parte dos chamados
neurônio sensorial primário associado. Na medula espinal,
órgãos especiais do sentido: visão, audição e equilíbrio, gustação e muitos dos neurônios sensoriais primários fazem sinapse
olfação, todos localizados na cabeça (MACHADO, 3ª ed.). com interneurônios, que funcionam como neurônios
sensoriais secundários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os receptores gerais ocorrem em todo o corpo, fazem parte do
sistema sensorial somático. que responde a diferentes estímulos, tais
↠ A localização da sinapse entre os neurônios primário
como tato, temperatura, dor e postura corporal ou propriocepção
(MACHADO, 3ª ed.). e secundário varia de acordo com o tipo de receptor
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DOS RECEPTORES
↠ Os neurônios associados aos receptores da
Usando-se como critério os estímulos mais adequados para ativar os
nocicepção, temperatura e tato grosseiro fazem sinapse
vários receptores, estes podem ser classificados como: (MACHADO,
3ª ed.). com seus neurônios secundários assim que entram na
medula espinal. Contudo, a maior parte dos neurônios do
➢ Quimiorreceptores;
tato discriminativo,* da vibração e da propriocepção
➢ Osmorreceptores;
➢ Termorreceptores; possuem axônios muito longos, os quais se projetam para
➢ Nociceptores; cima, da medula espinal até o bulbo (SILVERTHORN, 7ª
➢ Mecanorreceptores; ed.).
Outra maneira de classificar os receptores, proposta inicialmente por
Sherrington, leva em conta a sua localização, o que define a natureza
RECEPTORES SENSÍVEIS AO TATO
do estímulo que os ativa. Com base nesse critério, distinguem-se três
↠ Os receptores táteis estão entre os receptores mais
categorias de receptores: (MACHADO, 3ª ed.).C
comuns do corpo. Eles respondem a muitas formas de
➢ Exteroceptores.; contato físico, como estiramento, pressão sustentada,
➢ Proprioceptores;
vibração (baixa frequência) ou toque leve, vibração (alta
➢ Interoceptores.;
frequência) e textura. Eles são encontrados tanto na pele
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ADAPTAÇÃO A UMA ESTIMULAÇÃO como em regiões mais profundas do corpo
CONTÍNUA OU SUSTENTADA (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Receptores tônicos: são receptores de adaptação lenta que ↠ Os receptores táteis da pele possuem muitas formas.
disparam rapidamente no início da ativação, depois
diminuem e mantêm seus disparos enquanto o estímulo
Alguns são terminações nervosas livres, como os que
estiver presente. Os barorreceptores sensíveis à pressão, respondem a estímulos nocivos. Outros são mais
os receptores de irritação e alguns receptores táteis e complexos. A maioria dos receptores do tato é difícil de
proprioceptores são classificados nessa categoria. Em geral,

@jumorbeck
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ser estudada devido ao seu pequeno tamanho. Entretanto, ↠ A ativação da via nociceptiva inicia respostas
os corpúsculos de Pacini, que respondem à vibração (alta adaptativas protetoras. Os sinais aferentes dos
frequência), são um dos maiores receptores do corpo, e nociceptores são levados ao SNC por dois tipos de fibras
muito do que se conhece dos receptores sensoriais primárias: fibras(A-delta) e fibras C
somatossensoriais vem de estudos dessas estruturas (SILVERTHORN, 7ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A sensação mais comum transmitida por essas vias é
Os corpúsculos de Pacini são constituídos de terminações nervosas percebida como dor, mas quando a histamina ou algum
encapsuladas em camadas de tecido conectivo. Eles são encontrados outro estímulo ativa um subgrupo de fibras C, percebe-
nas camadas subcutâneas da pele e nos músculos, nas articulações e
nos órgãos internos (SILVERTHORN, 7ª ed.). se a sensação chamada de prurido (coceira)
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os corpúsculos de Pacini são receptores fásicos de adaptação rápida,
e esta propriedade permite que eles respondam a um estímulo tátil, ↠ Os reflexos nociceptivos protetores iniciam com a
mas logo o ignore. Por exemplo, você sente sua camisa assim que a ativação de terminações nervosas livres. Os canais iônicos
coloca, mas logo os receptores do tato se adaptam (SILVERTHORN,
7ª ed.).
respondem a estímulos químicos, mecânicos e térmicos
dando origem a potenciais graduados, os quais disparam
RECEPTORES DE TEMPERATURA potenciais de ação se o estímulo for suficientemente
intenso. Muitos desses canais são canais de potencial
↠ Os receptores de temperatura são terminações
receptor transitório (TRP), da mesma família de canais dos
nervosas livres que terminam nas camadas subcutâneas
termorreceptores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
da pele. Os receptores para o frio são primariamente
sensíveis a temperaturas mais baixas do que a do corpo. PROPRIOCEPTORES
Os receptores para o calor são estimulados por
temperaturas na faixa que se estende desde a ↠ A sensibilidade proprioceptiva também é chamada
temperatura normal do corpo (37 °C) a até propriocepção. A propriocepção permite que o indivíduo
aproximadamente 45 °C. Acima dessa temperatura, os reconheça quais partes do corpo pertencem a si. Elas
receptores de dor são ativados, gerando uma sensação também permitem que nós saibamos onde nossa cabeça
de calor doloroso (SILVERTHORN, 7ª ed.). e nossos membros estão localizados e como eles estão
se movendo, mesmo que nós não olhemos para eles, de
↠ Existe um número consideravelmente maior de modo que possamos caminhar, digitar ou nos vestir sem
receptores para o frio do que para o calor. Os receptores utilizar os olhos. A sinestesia é a percepção dos
de temperatura adaptam-se lentamente entre 20 e 40 movimentos corporais (TORTORA, 14ª ed.).
°C. Fora da faixa de 20 a 40 °C, em que a probabilidade
de dano tecidual é maior, os receptores não se adaptam ↠ As sensações proprioceptivas surgem em receptores
(SILVERTHORN, 7ª ed.). chamados de proprioceptores. Como os proprioceptores
se adaptam lentamente e apenas um pouco, o encéfalo
↠ Os termorreceptores utilizam uma família de canais recebe continuamente impulsos nervosos relacionados
catiônicos, chamada de potencial receptor transitório, ou com a posição das diferentes partes do corpo e faz
canais TRP, para iniciar um potencial de ação ajustes para garantir a coordenação. (TORTORA, 14ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Três tipos de proprioceptores: os fusos musculares
NOCICEPTORES dentro dos músculos esqueléticos, os órgãos tendíneos
dentro dos tendões e os receptores cinestésicos
↠ Os nociceptores são neurônios com terminações
articulares dentro das cápsulas das articulações sinoviais
nervosas livres, os quais respondem a vários estímulos
(TORTORA, 14ª ed.).
nocivos intensos (químico, mecânico ou térmico) que
causam ou têm potencial para causar dano tecidual FUSOS MUSCULARES
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Fusos musculares são os proprioceptores localizados
↠ Os nociceptores são encontrados na pele, nas nos músculos esqueléticos e que monitoram mudanças
articulações, nos músculos, nos ossos e em vários órgãos no comprimento dos músculos esqueléticos e participam
internos, mas não no sistema nervoso central dos reflexos de estiramento (TORTORA, 14ª ed.).
(SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
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↠ Cada fuso muscular consiste em várias terminações As informações sensoriais para o controle
nervosas sensitivas de adaptação lenta que envolvem postural – MOCHIZUKI; AMADIO, 2006.
entre três e dez fibras musculares especializadas,
chamadas de fibras musculares intrafusais (TORTORA, 14ª O sistema somatossensorial difere de outros sistemas
ed.). sensoriais porque seus receptores estão pelo corpo e
não estão concentrados em locais especializados do
↠ Os fusos musculares estão distribuídos na maioria das corpo humano e porque responde a muitos diferentes
fibras musculares esqueléticas e estão alinhados tipos de estímulos agrupados em quatro categorias:
paralelamente a elas (TORTORA, 14ª ed.). toque, temperatura, posição do corpo e dor.

ÓRGÃOS TENDÍNEOS Os receptores somatossensoriais de toque e de posição


têm especial relação com o controle postural. A maioria
↠ Os órgãos tendíneos estão localizados na junção de desses receptores é mecanoreceptora porque responde
um tendão com um músculo. Por iniciarem os reflexos às distorções físicas como alongamento e flexão.
tendíneos, eles protegem os tendões e seus músculos
associados contra danos causados pela tensão excessiv Os receptores proprioceptivos servem para duas
(TORTORA, 14ª ed.). funções: identificar a posição do corpo para auxiliar na
identificação de coisas ao nosso redor e guiar os
↠ Cada órgão tendíneo consiste em uma cápsula fina de movimentos. Assim, os músculos esqueléticos têm dois
tecido conjuntivo que reveste alguns fascículos tendíneos mecanorreceptores proprioceptivos: os fusos musculares
(feixes de fibras colágenas). Penetrando na cápsula se e os órgãos tendinosos de Golgi. Os fusos musculares
encontram uma ou mais terminações nervosas sensitivas informam sobre a intensidade de alongamento e a taxa
entrelaçadas entre e ao redor das fibras colágenas do de alongamento dos músculos. Os órgãos tendinosos de
tendão. Quando é aplicada tensão a um músculo, os Golgi informam sobre o nível de força gerado pelo
órgãos tendíneos geram impulsos nervosos que se músculo em um tendão.
propagam para o SNC, fornecendo informações a
respeito de mudanças na tensão muscular (TORTORA,
14ª ed.).
Referências
RECEPTORES CINESTÉSICOS ARTICULARES
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
↠ Vários tipos de receptores cinestésicos articulares em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
estão presentes dentro e ao redor das cápsulas
articulares das articulações sinoviais. Terminações SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
nervosas livres e mecanoceptores cutâneos do tipo I nas Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
cápsulas das articulações respondem à pressão. Pequenos MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
corpúsculos lamelares no tecido conjuntivo ao redor das Atheneu, 3ª ed.
cápsulas articulares respondem à aceleração e à
desaceleração das articulações durante os movimentos REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
(TORTORA, 14ª ed.). Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016

↠ Os ligamentos articulares contêm receptores MOCHIZUKI, L.; AMADIO, A. C. As informações sensoriais


semelhantes aos órgãos tendíneos que ajustam a inibição para o controle postural. Fisioterapia em movimento, v.19,
reflexa dos músculos adjacentes quando é exercida n. 2, p. 11-18, 2006.
tensão excessiva em uma articulação (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
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APG 04

Objetivos

1- Compreender a anatomia do tenlencéfalo;


2- Explicar como ocorre o arco reflexo e as vias
eferentes;

Anatomia do Telencéfalo

O telencéfalo (cérebro) é a “sede da inteligência”. Ele é responsável


por nossa capacidade de ler, escrever e falar; de fazer cálculos e
compor músicas; e de lembrar o passado, planejar o futuro e imaginar
coisas que nunca existiram. (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O telencéfalo compreende os dois hemisférios


cerebrais e a lâmina terminal situada na porção anterior ↠ As fendas mais profundas entre os giros são chamadas
do 3º ventrículo (MACHADO, 3ª ed.). de fissuras; as mais superficiais, de sulcos. A fissura mais
Os dois hemisférios juntos correspondem a 83% da massa total do proeminente, a fissura longitudinal, separa o telencéfalo
encéfalo. Os hemisférios cerebrais cobrem o diencéfalo e a parte (cérebro) em duas metades chamadas de hemisférios
rostral do tronco encefálico, de modo muito parecido com o “chapéu” cerebrais. A fissura transversa separa os hemisférios
de um cogumelo sobre seu caule. (MARIEB, 7ª ed.).
cerebrais do cerebelo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os dois hemisférios cerebrais são unidos por uma larga
faixa de fibras comissurais. o corpo caloso. Os hemisférios
cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais
direito e esquerdo, que se comunicam com o 3º
ventrículo pelos forames interventriculares (MACHADO,
3ª ed.).

↠ Cada hemisfério possui três faces: face dorsolateral.


convexa; face medial. plana; e face inferior ou base do
cérebro, muito irregular, repousando anteriormente nos
andares anterior e médio da base do crânio, e
posteriormente na tenda do cerebelo (MACHADO, 3ª ed.).

↠ O telencéfalo (cérebro) é composto por um córtex


cerebral externo, uma região interna de substância
branca e núcleos de substância cinzenta localizados
profundamente na substância branca (TORTORA, 14ª ed.).

Córtex cerebral

↠ O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta


que forma a face externa do telencéfalo (cérebro).
Embora tenha apenas 2 a 4 mm de espessura, ele
contém bilhões de neurônios dispostos em camadas
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Durante o desenvolvimento embrionário, quando o


encéfalo cresce rapidamente, a substância cinzenta do
córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância
branca, mais profunda. Consequentemente, o córtex se
dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas
como giros ou circunvoluções (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os hemisférios cerebrais são conectados
internamente pelo corpo caloso, uma grande faixa de

@jumorbeck
2

substância branca contendo axônios que se projetam Na face medial do cérebro, o limite anterior do lobo occipital é o sulco
entre os hemisférios (TORTORA, 14ª ed.). parietoccipital. Em sua face dorsolateral, este limite é arbitrariamente
situado em uma linha imaginária que une a terminação do sulco
Sulcos e giros parietoccipital, na borda superior do hemisfério, à incisura pré-occipital,
localizada na borda inferolateral, a cerca de 4 cm do polo occipital
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A superfície do cérebro do homem apresenta
depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros
cerebrais. A existência dos sulcos permite considerável
aumento de superfície sem grande aumento do volume
cerebral e sabe-se que cerca de dois terços da área
ocupada pelo córtex cerebral estão "escondidos" nos
sulcos (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Muitos sulcos são inconstantes e não recebem


qualquer denominação; outros, mais constantes, recebem
denominações especiais e ajudam a delimitar os lobos e
as áreas cerebrais. Em cada hemisfério cerebral. os dois
sulcos mais importantes são o sulco lateral e o sulco
central, também chamados de fissuras (MACHADO, 3ª
ed.). ↠ Os sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais, que
recebem sua denominação de acordo com os ossos do
• SULCO LATERAL: Inicia-se na base do cérebro,
crânio, com os quais se relacionam (MACHADO, 3ª ed.).
como uma fenda profunda que, separando o
lobo frontal do lobo temporal, dirige-se para a Outros sulcos e giros
face dorsolateral do cérebro, onde termina
dividindo-se em três ramos: ascendente, anterior FACE DORSOLATERAL
e posterior (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A face dorsolateral do cérebro, ou face convexa é a
Os ramos ascendente e anterior são curtos e penetram no lobo maior das faces cerebrais, relacionando-se com todos os
frontal; o ramo posterior é muito mais longo, dirige-se para trás e para ossos que formam a abóbada craniana. Nela estão
cima, terminando no lobo parietal. Separa o lobo temporal, situado
representados os cinco lobos cerebrais (MACHADO, 3ª
abaixo, dos lobos frontal e parietal. situados acima (MACHADO, 3ª ed.).
ed.).
• SULCO CENTRAL: É um sulco profundo e
geralmente contínuo, que percorre LOBO FRONTAL
obliquamente a face dorsolateral do hemisfério, ↠ Identificam-se, em sua superfície, três sulcos principais:
separando os lobos frontal e parietal. Inicia-se na (MACHADO, 3ª ed.).
face medial do hemisfério, aproximadamente no
meio de sua borda dorsal e. a partir deste ponto, • sulco pré-central: mais ou menos paralelo ao
dirige-se para diante e para baixo, em direção sulco central e muitas vezes dividido em dois
ao ramo posterior do sulco lateral, do qual é segmentos;
separado por uma pequena prega cortical • sulco frontal superior: inicia-se geralmente na
(MACHADO, 3ª ed.). porção superior do sulco pré-central e tem
direção aproximadamente perpendicular a ele;
↠ É ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro • sulco frontal inferior: partindo da porção inferior
pré-central. e outro posterior, giro pós-central. O giro pré- do sulco pré-central, dirige-se para frente e para
central contém a área motora primária do córtex cerebral baixo.
(relaciona-se com motricidade), e o pós-central contém a
área somatossensitiva primária (relaciona-se com Entre o sulco central, e o sulco pré-central, está o giro pré-central,
onde se localiza a principal área motora do cérebro. Acima do sulco
sensibilidade) (MACHADO, 3ª ed.).
frontal superior, continuando, pois, na face medial do cérebro, localiza-
se o giro frontal superior. Entre os sulcos frontal superior e frontal
• SULCO PARIETOCCIPITAL: separa o lobo parietal do inferior, está o giro frontal médio; abaixo do sulco frontal inferior, o
lobo occipital (TORTORA, 14ª ed.). giro frontal inferior (MACHADO, 3ª ed.).

@jumorbeck
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LOBOS PARIETAL E OCCIPITAL


↠ O lobo parietal apresenta dois sulcos principais:
(MACHADO, 3ª ed.).

• sulco pós-central: quase paralelo ao sulco central,


é frequentemente dividido em dois segmentos,
que podem estar mais ou menos distantes um
do outro;
• sulco intraparietal: muito variável e geralmente
perpendicular ao pós-central, com o qual pode
estar unido, estende-se para trás para terminar
no lobo occipital.

LOBO TEMPORAL
↠ Apresentam-se, na face dorsolateral do cérebro, dois
sulcos principais: (MACHADO, 3ª ed.).

• sulco temporal superior: inicia-se prox1mo ao


polo temporal e dirige-se para trás,
paralelamente ao ramo posterior do sulco lateral,
terminando no lobo parietal;
• sulco temporal inferior: paralelo ao sulco
temporal superior, é geralmente formado por
duas ou mais partes descontínuas.

Entre os sulcos central e pós-central fica o giro pós-central onde se


localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área
somestésica. O sulco intraparietal separa o lóbulo parietal superior do
lóbulo parietal inferior. Neste último, descrevem- se dois giros: o giro
supramarginal, curvado em torno da extremidade do ramo posterior
do sulco lateral; e o giro angular; curvado em torno da porção terminal
e ascendente do sulco temporal superior (MACHADO, 3ª ed.).

ÍNSULA
↠ Afastando-se os lábios do sulco lateral, evidencia-se
ampla fossa no fundo da qual está situada a ínsula, lobo
cerebral que, durante o desenvolvimento, cresce menos
que os demais, razão pela qual é pouco a pouco
recoberto pelos lobos vizinhos, frontal, temporal e parietal
(MACHADO, 3ª ed.).

Entre os sulcos lateral e temporal superior está o giro temporal ↠ A ínsula tem forma cônica e apresenta alguns sulcos
superior; entre os sulcos temporal superior e o temporal inferior situa- e giros. São descritos os seguintes: sulco circular da ínsula,.
se o giro temporal médio; abaixo do sulco temporal inferior, localiza- sulco central da ínsula, giros curtos e giro longo da ínsula
se o giro temporal inferior que se limita com o sulco occípito-temporal.
geralmente situado na face inferior do hemisfério cerebral (MACHADO, 3ª ed.).
(MACHADO, 3ª ed.).

@jumorbeck
4

O lobo parietal processa estímulos sensitivos, permitindo: a percepção


consciente da sensibilidade somática geral; a percepção espacial dos
objetos, sons e partes do corpo; e a compreensão da fala (MARIEB,
7ª ed.).

• O lobo occipital situa-se abaixo do osso occipital,


forma a parte posterior do cérebro e contém o
córtex visual. Ele é separado do lobo parietal pelo
sulco parietoccipital na superfície medial do
hemisfério (MARIEB, 7ª ed.).
• O lobo temporal, na parte lateral do hemisfério,
localiza-se na fossa média do crânio abaixo do
osso temporal e é separado dos lobos parietal e
frontal sobrejacentes pelo sulco lateral profundo
(MARIEB, 7ª ed.).
O lobo temporal contém o córtex auditivo e o córtex olfatório. Além
Lobos Cerebrais disso, funciona no reconhecimento de objetos, palavras, feições e na
compreensão da linguagem (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Temos os lobos frontal, temporal, parietal e occipital.
Além destes, existe a ínsula, situada profundamente no • A ínsula (“ilha”) está inserida profundamente no
sulco lateral e que não tem, por conseguinte, relação sulco lateral e forma parte de seu assoalho. Ela
imediata com os ossos do crânio (MACHADO, 3ª ed.). é coberta por partes dos lobos temporal, parietal
e frontal. O córtex sensitivo visceral do paladar e
da sensibilidade visceral geral encontra-se nesse
lobo (MARIEB, 7ª ed.).

Substância branca cerebral

↠ A substância branca cerebral é formada basicamente


por axônios mielinizados organizados em três tipos de
tratos: (TORTORA, 14ª ed.).

• Fibras de associação contêm axônios que


conduzem impulsos nervosos entre os giros do
• O lobo frontal está localizado abaixo do osso mesmo hemisfério.
frontal e preenche a fossa do crânio anterior. Ele • Fibras comissurais apresentam axônios que
estende-se posteriormente até o sulco central, conduzem impulsos de giros de um hemisfério
que separa o lobo frontal do lobo parietal. O giro cerebral para o giro correspondente no outro
pré-central, contendo o córtex motor primário, hemisfério. Três importantes grupos de tratos
situa-se imediatamente antes do sulco central comissurais são o corpo caloso (o maior feixe
(MARIEB, 7ª ed.). de fibras encefálicas, contendo cerca de 300
O lobo frontal contém áreas funcionais que planejam, iniciam e milhões de fibras), a comissura anterior e a
executam o movimento motor, incluindo o movimento dos olhos e a comissura posterior.
produção da fala. A região mais anterior do córtex frontal desempenha • Fibras de projeção contêm axônios que
funções cognitivas de ordem superior, como o raciocínio, o
conduzem impulsos nervosos do telencéfalo
planejamento, a tomada de decisão e a memória de trabalho, e outras
funções executivas (MARIEB, 7ª ed.). (cérebro) para partes inferiores do SNC (tálamo,
tronco encefálico e medula espinal) ou vice-
• O lobo parietal, abaixo dos ossos parietais, versa. Um exemplo é a cápsula interna, espessa
estende-se posteriormente do sulco central até faixa de substância branca que contém axônios
o sulco parietoccipital. O sulco lateral forma seu ascendentes e descendentes
limite inferior. O giro pós-central, imediatamente
posterior ao sulco central, contém o córtex
somestésico primário (MARIEB, 7ª ed.).

@jumorbeck
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Alguns reflexos são naturais, como quando você tira a mão de uma
superfície quente mesmo antes de ter a percepção consciente que
ela de fato está quente. Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos.
Por exemplo, você adquire muitos reflexos enquanto está aprendendo
a dirigir. Pisar no pedal do freio durante uma situação de emergência
é um destes reflexos (TORTORA, 14ª ed.).

Quando a integração ocorre na substância cinzenta da medula espinal,


o reflexo é chamado de reflexo espinal. Se, por outro lado, a
integração acontece no tronco encefálico, o reflexo então é chamado
de reflexo craniano (TORTORA, 14ª ed.).

Núcleos da base ↠ A via seguida pelos impulsos nervosos que produzem


um reflexo é conhecida como arco reflexo (circuito
↠ Profundamente, dentro de cada hemisfério cerebral, reflexo). Um arco reflexo inclui os cinco componentes
existem três núcleos (aglomerados de substância funcionais a seguir: (TORTORA, 14ª ed.).
cinzenta) que são conhecidos coletivamente como
núcleos da base (TORTORA, 14ª ed.). • Receptor sensitivo: a terminação distal de um
neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma
↠ Dois dos núcleos da base estão lado a lado, laterais ao estrutura sensitiva associada exerce a função de
tálamo. São eles o globo pálido, mais próximo do tálamo, receptor sensitivo. Ela responde a um estímulo
e o putame, mais próximo do córtex cerebral. Juntos, específico – modificação dos ambientes interno
estes núcleos formam o núcleo lentiforme (TORTORA, ou externo – por meio da geração de um
14ª ed.). potencial graduado chamado de potencial
gerador (ou receptor). Se um potencial gerador
↠ O terceiro dos núcleos da base é o núcleo caudado,
atinge o limiar de despolarização, ele irá gerar
que tem uma grande “cabeça” conectada a uma “cauda”
um ou mais impulsos nervosos no neurônio
menor por meio de um longo “corpo” em forma de
sensitivo.
vírgula. Os núcleos lentiforme e caudado formam juntos
• Neurônio sensitivo: os impulsos nervosos se
o corpo estriado. Este termo se refere à aparência
propagam, a partir do receptor sensitivo, pelo
estriada da cápsula interna quando ela passa entre os
axônio do neurônio sensitivo até as terminações
núcleos da base (TORTORA, 14ª ed.).
axônicas, que estão localizadas na substância
cinzenta da medula espinal ou do tronco
encefálico. Nestes pontos, interneurônios enviam
impulsos nervosos para a área do encéfalo
responsável pela percepção consciente de que
aconteceu um reflexo.
• Centro de integração: uma ou mais regiões de
substância cinzenta no SNC atuam como um
centro de integração. No tipo mais simples de
reflexo, o centro de integração é uma simples
sinapse entre um neurônio sensitivo e um
Os núcleos da base recebem aferências do córtex cerebral e geram neurônio motor.
eferências para partes motoras do córtex por meio dos núcleos
mediais e ventrais do tálamo. Além disso, os núcleos da base A via reflexa que apresenta apenas uma sinapse no SNC é chamada
apresentam várias conexões entre si. Uma importante função destes de arco reflexo monossináptico. Os centros de integração são mais
núcleos é auxiliar a regulação do início e do término dos movimentos frequentemente compostos por um ou mais interneurônios, os quais
(TORTORA, 14ª ed.). podem transmitir impulsos para outros interneurônios ou para um
neurônio motor. Um arco reflexo polissináptico envolve mais de dois
Arco Reflexo tipos de neurônios e mais de um tipo de sinapse no SNC (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Reflexo é uma sequência de ações automática, rápida
e involuntária que ocorre em resposta a um determinado • Neurônio motor: impulsos gerados pelos centros
estímulo (TORTORA, 14ª ed.). de integração se propagam para fora do SNC

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em um neurônio motor que se estende até a • A acetilcolina liberada pelos impulsos nervosos
parte do corpo que executará a resposta. na JNM dispara um ou mais potenciais de ação
• Efetor: a parte do corpo que responde ao musculares no músculo estirado (efetor),
impulso nervoso motor, como um músculo ou fazendo com que este se contraia. Assim, o
uma glândula, é chamada de efetor. estiramento muscular é seguido pela contração
muscular, a qual diminui o estiramento.
Esta resposta é conhecida como reflexo. Se o efetor é um músculo
esquelético, o reflexo é chamado de reflexo somático. Se o efetor é ↠ No arco reflexo descrito antes, os impulsos nervosos
um músculo liso, um músculo cardíaco ou uma glândula, então o
reflexo é conhecido como reflexo autônomo (TORTORA, 14ª ed.).
sensitivos entram na medula espinal pelo mesmo lado que
os impulsos nervosos motores saem. Esta disposição é
Reflexos espinais somáticos conhecida como reflexo ipsolateral. Todos os reflexos
monossinápticos são ipsolaterais (TORTORA, 14ª ed.).
REFLEXO DE ESTIRAMENTO
Além dos grandes neurônios motores que inervam as fibras
↠ O reflexo de estiramento causa a contração de um musculares esqueléticas comuns, neurônios motores de menor
músculo esquelético (o efetor) em resposta a seu diâmetro inervam fibras musculares especializadas menores, as quais
estiramento (TORTORA, 14ª ed.). se situam dentro dos próprios fusos musculares. O encéfalo regula a
sensibilidade dos fusos por meio de vias que convergem para estes
↠ Este tipo de reflexo ocorre por meio de um arco neurônios motores menores. Esta regulação garante uma adequada
sinalização do fuso muscular em uma ampla faixa de comprimentos
reflexo monossináptico. Ele pode acontecer pela ativação musculares durante contrações voluntárias e reflexas. Por meio do
de um único neurônio sensitivo, que faz uma sinapse no ajuste da intensidade na resposta de um fuso muscular a um
SNC com um único neurônio motor (TORTORA, 14ª ed.). estiramento, o encéfalo determina um nível basal de tônus muscular
– o menor grau de contração presente enquanto um músculo está
↠ Os reflexos de estiramento podem ser gerados em repouso (TORTORA, 14ª ed.).
através da percussão de tendões ligados a músculos nas
↠ Embora a via reflexa de estiramento seja por si só
articulações do cotovelo, punho, joelho e tornozelo
monossináptica (apenas dois neurônios e uma sinapse),
(TORTORA, 14ª ed.).
ocorre, ao mesmo tempo, um arco reflexo polissináptico
↠ O reflexo de estiramento funciona da seguinte para os músculos antagonistas. Este arco envolve três
maneira: (TORTORA, 14ª ed.). neurônios e duas sinapses. Um axônio (ramo) colateral do
neurônio sensitivo do fuso muscular também faz sinapse
• Um discreto estiramento muscular estimula com um interneurônio inibitório no centro de integração.
receptores sensitivos no músculo, chamados de Por sua vez, o interneurônio faz sinapse com um
fusos musculares. Os fusos controlam as neurônio motor que em geral estimula os músculos
mudanças no comprimento do músculo. antagonistas, inibindo-o. Desse modo, quando o músculo
• Em resposta ao estiramento, o fuso muscular estirado se contrai durante um reflexo de estiramento, os
gera um ou mais impulsos nervosos que se músculos antagonistas relaxam (TORTORA, 14ª ed.).
propagam em um neurônio sensitivo somático
da raiz posterior do nervo espinal até a medula Esta conformação, na qual os componentes de um circuito neural
simultaneamente causam a contração de um músculo e o relaxamento
espinal. de outro, é chamada de inervação recíproca. Ela evita conflitos entre
• Na medula espinal (centro de integração), o músculos com funções opostas e é vital para a coordenação dos
neurônio sensitivo faz uma sinapse excitatória movimentos corporais (TORTORA, 14ª ed.).
com um neurônio motor no corno anterior,
↠ Os axônios colaterais do neurônio sensitivo do fuso
ativando-o.
muscular também conduzem impulsos nervosos para o
• Se o estímulo é suficientemente intenso, um ou
encéfalo por meio de vias ascendentes específicas. Desta
mais impulsos nervosos são gerados no
maneira, o encéfalo recebe aferências sobre o estado de
neurônio motor e se propagam por seu axônio,
estiramento ou contração dos músculos esqueléticos e
o qual se estende da medula espinal até a raiz
consegue controlar os movimentos musculares. Os
anterior, passando pelos nervos periféricos, até
impulsos nervosos que chegam ao encéfalo também
o músculo estimulado. As terminações axônicas
permitem que se perceba conscientemente a ocorrência
do neurônio motor formam junções
de um reflexo (TORTORA, 14ª ed.).
neuromusculares (JNM) com as fibras
musculares esqueléticas do músculo estirado.

@jumorbeck
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↠ O reflexo de estiramento atua como um mecanismo ↠ O neurônio sensitivo do órgão tendinoso também faz
de retroalimentação para controlar o comprimento do sinapse com um interneurônio excitatório na medula
músculo por meio de sua contração (TORTORA, 14ª ed.). espinal. Este, por sua vez, faz sinapse com neurônios
motores que controlam os músculos antagonistas. Desse
REFLEXO TENDINOSO modo, enquanto o reflexo tendinoso gera o relaxamento
↠ O reflexo tendinoso atua como um mecanismo de do músculo ligado ao órgão tendinoso, ele também
retroalimentação para controlar a tensão muscular por estimula a contração da musculatura antagonista. Aqui
meio do seu relaxamento, antes que a força do músculo temos outro exemplo de inervação recíproca. O neurônio
se torne intensa o suficiente para romper seus tendões. sensitivo também envia impulsos nervosos para o
Embora o reflexo tendinoso seja menos sensível que o encéfalo por meio de tratos sensitivos, informando-o,
de estiramento, ele pode anular este reflexo quando a assim, sobre a tensão muscular de todo o corpo
tensão é excessiva, fazendo com que você deixe cair no (TORTORA, 14ª ed.).
chão um objeto muito pesado, por exemplo (TORTORA,
REFLEXOS DE RETIRADA E EXTENSOR CRUZADO
14ª ed.).
↠ Outro reflexo que envolve um arco polissináptico
↠ Assim como o reflexo de estiramento, o reflexo
ocorre quando, por exemplo, você pisa em um prego.
tendinoso é ipsolateral. Os receptores sensitivos
Em resposta a este estímulo doloroso, você
responsáveis por este reflexo são chamados de órgãos
imediatamente retira sua perna. Este reflexo, chamado de
tendinosos (órgãos tendinosos de Golgi, os quais se
reflexo de retirada ou flexor, funciona desse modo:
situam dentro de um tendão, próximo a sua junção com
(TORTORA, 14ª ed.).
o ventre muscular (TORTORA, 14ª ed.).
• Quando você pisa no prego, ocorre a
↠ Os órgãos tendinosos detectam e respondem a
estimulação dos dendritos (receptor sensitivo)
modificações na tensão muscular causadas por
de um neurônio sensível à dor.
estiramento passivo ou contração (TORTORA, 14ª ed.).
• A seguir, este neurônio sensitivo gera impulsos
↠ Um reflexo tendinoso funciona da seguinte maneira: nervosos, os quais se propagam em direção à
(TORTORA, 14ª ed.). medula espinal.
• Na medula espinal (centro de integração), o
• À medida que a tensão aplicada sobre um neurônio sensitivo ativa interneurônios que se
tendão aumenta, o órgão tendinoso (receptor estendem por vários níveis medulares.
sensitivo) é estimulado (despolarizado até seu • Os interneurônios ativam neurônios motores em
limiar); vários segmentos medulares.
• São gerados impulsos nervosos que se Consequentemente, os neurônios motores
propagam para a medula espinal através de um geram impulsos nervosos, que se propagam em
neurônio sensitivo; direção às terminações axônicas.
• Na medula espinal (centro de integração), o • A acetilcolina liberada pelos neurônios motores
neurônio sensitivo ativa um interneurônio causa a contração dos músculos flexores da
inibitório que faz sinapse com um neurônio coxa (efetores), o que proporciona a retirada da
motor; perna. Este reflexo é protetor, pois a contração
• O neurotransmissor inibitório hiperpolariza o dos músculos flexores afasta o membro da fonte
neurônio motor, diminuindo a geração de de um potencial estímulo danoso.
impulsos nervosos;
• O músculo relaxa e alivia o excesso de tensão; ↠ O reflexo de retirada, assim como o de estiramento,
é ipsolateral – os impulsos aferentes e eferentes se
↠ Assim, à medida que aumenta a tensão no órgão propagam no mesmo lado da medula espinal (TORTORA,
tendinoso, aumenta a frequência de impulsos inibitórios; a 14ª ed.).
inibição dos neurônios motores que inervam o músculo
com tensão excessiva (efetor) gera o seu relaxamento. ↠ Afastar o membro superior ou inferior de um estímulo
Portanto, o reflexo tendinoso protege o tendão e o doloroso envolve a contração de mais de um grupo
músculo de lesões por tensão exagerada (TORTORA, 14ª muscular. Consequentemente, vários neurônios motores
ed.). devem simultaneamente enviar impulsos para vários

@jumorbeck
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músculos do membro. Como os impulsos nervosos de deslocado para o pé que deve agora sustentar
um neurônio sensitivo sobem e descem na medula espinal o corpo inteiro. Um reflexo semelhante ocorre
e ativam interneurônios em vários segmentos, este tipo com a estimulação dolorosa do membro inferior
de reflexo é chamado de intersegmentar. Por meio de esquerdo ou de ambos os membros superiores.
arcos reflexos intersegmentares, um único neurônio
↠ Ao contrário do reflexo de retirada (flexor), que é um
sensitivo pode ativar uma série de neurônios motores,
reflexo ipsolateral, o reflexo extensor cruzado envolve
estimulando, assim, mais de um efetor (TORTORA, 14ª
um arco reflexo contralateral: os impulsos sensitivos
ed.).
entram por um lado da medula espinal e os impulsos
↠ Por outro lado, o reflexo monossináptico de motores saem pelo lado oposto. Desse modo, o reflexo
estiramento envolve músculos que recebem impulsos extensor cruzado sincroniza a extensão do membro
nervosos de apenas um segmento medular (TORTORA, contralateral com a retirada (flexão) do membro
14ª ed.). estimulado (TORTORA, 14ª ed.).

IMPORTANTE A inervação recíproca acontece tanto no reflexo de retirada quanto


no extensor cruzado. No reflexo de retirada, quando os músculos
↠ Outro fenômeno pode acontecer quando você pisa flexores de um membro estimulado dolorosamente estão se
em um prego: você pode começar a perder o equilíbrio contraindo, os músculos extensores do mesmo membro estão, de
certa maneira, se relaxando. Caso ambos os grupos musculares se
à medida que o peso do seu corpo é transferido para o contraíssem ao mesmo tempo, eles tracionariam os ossos em sentidos
outro pé. Além de iniciar o reflexo de retirada que permite diferentes, o que poderia imobilizar o membro. Devido à inervação
a você retirar o membro, os impulsos nervosos gerados recíproca, um grupo muscular se contrai enquanto o outro relaxa
a partir da pisada no prego também iniciam um reflexo (TORTORA, 14ª ed.).
extensor cruzado, o qual auxilia na manutenção do Vias eferentes
equilíbrio; ele funciona do seguinte modo: (TORTORA, 14ª
ed.). ↠ Podem ser divididas em dois grandes grupos: vias
eferentes somáticas e vias eferentes viscerais, ou do
• Quando você pisa no prego, ocorre a
sistema nervoso autônomo. As primeiras controlam a
estimulação do receptor sensitivo de um
atividade dos músculos estriados esqueléticos, permitindo
neurônio sensível à dor no pé direito.
a realização de movimentos voluntários ou automáticos,
• A seguir, esse neurônio gera impulsos nervosos
regulando ainda o tônus e a postura. As segundas, ou seja,
que se propagam para a medula espinal.
as vias eferentes do sistema nervoso autônomo
• Na medula espinal (centro de regulação), o destinam-se ao músculo liso, ao músculo cardíaco ou às
neurônio sensitivo ativa uma série de glândulas, regulando o funcionamento das vísceras e dos
interneurônios que fazem sinapse com vasos (MACHADO, 3ª ed.).
neurônios motores de vários segmentos do lado
esquerdo da medula espinal. Desse modo, os VIAS MOTORAS SOMÁTICAS
sinais álgicos aferentes cruzam para o outro lado
por meio de interneurônios do mesmo nível ↠ Todos os sinais excitatórios e inibitórios que controlam
medular, bem como por meio de interneurônios o movimento convergem para os neurônios motores que
situados vários níveis acima e abaixo do ponto se estendem para fora do tronco encefálico e da medula
de entrada na medula espinal. espinal para inervar os músculos esqueléticos do corpo.
Esses neurônios, também conhecidos como neurônios
• Os interneurônios estimulam neurônios motores,
motores inferiores (NMI), possuem seus corpos celulares
em vários segmentos medulares, que inervam
no tronco encefálico e na medula espinal. A partir do
músculos extensores. Os neurônios motores,
tronco encefálico, os axônios dos NMI se estendem
por sua vez, geram mais impulsos nervosos, os
através dos nervos cranianos para inervar os músculos
quais se propagam em direção às terminações
axônicas. esqueléticos da face e da cabeça. A partir da medula
espinal, os axônios dos NMI se estendem através dos
• A acetilcolina liberada pelos neurônios motores
nervos espinais para inervar os músculos esqueléticos dos
causa a contração dos músculos extensores da
membros e do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
coxa (efetores) do membro inferior esquerdo
não estimulado pela dor. Assim, o peso pode ser

@jumorbeck
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Apenas os NMI fornecem informações do SNC para as fibras NEURÔNIOS DOS NÚCLEOS DA BASE
musculares esqueléticas. Por esse motivo, eles também são chamados
de via final comum (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os neurônios dos núcleos da base ajudam os
↠ Os neurônios localizados em quatro circuitos neurais movimentos fornecendo informações para os neurônios
distintos, porém altamente interativos, são chamados motores superiores. Circuitos neurais interconectam os
coletivamente de vias motoras somáticas e participam do núcleos da base com as áreas motoras do córtex cerebral
controle do movimento por fornecerem informações (através do tálamo) e do tronco encefálico. Esses circuitos
para os neurônios motores inferiores: (TORTORA, 14ª ed.). ajudam a iniciar e a encerrar os movimentos, evitam
movimentos indesejáveis e estabelecem um nível normal
NEURÔNIOS DO CIRCUITO LOCAL de tônus muscular (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A informação chega aos neurônios motores inferiores NEURÔNIOS CEREBELARES


provenientes de interneurônios próximos chamados de
neurônios do circuito local. Esses neurônios estão ↠ Os neurônios cerebelares também ajudam no
localizados próximo aos corpos celulares dos neurônios movimento, controlando a atividade dos neurônios
motores inferiores no tronco encefálico e na medula motores superiores (TORTORA, 14ª ed.).
espinal (TORTORA, 14ª ed.). Circuitos neurais interconectam o cerebelo com áreas motoras do
córtex cerebral (através do tálamo) e do tronco encefálico. Uma
↠ Os neurônios de circuito local recebem informações função principal do cerebelo é monitorar as diferenças entre os
dos receptores sensitivos somáticos, como os movimentos que foram planejados com os movimentos que foram
nociceptores e os fusos musculares, bem como de realizados de fato. Então, ele envia comandos para os neurônios
motores superiores reduzirem os erros no movimento. O cerebelo
centros superiores no encéfalo. Eles ajudam a coordenar
coordena então os movimentos corporais e ajuda a manter a postura
a atividade rítmica em grupos musculares específicos, e o equilíbrio normais (TORTORA, 14ª ed.).
como no revezamento entre flexão e extensão dos
membros inferiores durante a caminhada (TORTORA, 14ª
ed.).

NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES


↠ Tanto os neurônios do circuito local quanto os
neurônios motores inferiores recebem informações dos
neurônios motores superiores (NMS). A maior parte dos
neurônios motores superiores faz sinapses com os
neurônios do circuito local, que, por sua vez, fazem
sinapses com os neurônios motores inferiores. (Alguns
neurônios motores superiores fazem sinapses
diretamente com os neurônios motores inferiores.)
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os NMS do córtex cerebral são essenciais para a


execução dos movimentos voluntários do corpo. Outros
NMS são originados nos centros motores do tronco
encefálico: o núcleo rubro, o núcleo vestibular, o colículo
superior e a formação reticular (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os NMS provenientes do tronco encefálico regulam o


tônus muscular, controlam os músculos posturais e Organização das vias dos neurônios motores superiores
ajudam a manter o equilíbrio e a orientação da cabeça e
do corpo. Tanto os núcleos da base quanto o cerebelo ↠ Os axônios dos neurônios motores superiores se
exercem influência sobre os neurônios motores estendem do encéfalo para os neurônios motores
superiores (TORTORA, 14ª ed.). inferiores através de dois tipos de vias motoras somáticas
– as diretas e as indiretas (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
10

↠ As vias motoras diretas fornecem informações para ↠ As vias motoras diretas, que também são conhecidas
os neurônios motores inferiores através de axônios que como vias piramidais, consistem em axônios que descem
se estendem diretamente a partir do córtex cerebral a partir das células piramidais. As células piramidais são os
(TORTORA, 14ª ed.). neurônios motores superiores com corpos celulares em
formato de pirâmide localizados na área motora primária
↠ As vias motoras indiretas fornecem informações para
e na área pré-motora do córtex cerebral (áreas 4 e 6,
os neurônios motores inferiores a partir dos núcleos da
respectivamente) (TORTORA, 14ª ed.).
base, do cerebelo e do córtex cerebral (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ As vias diretas e indiretas gerenciam a geração de


impulsos nervosos nos neurônios motores inferiores, os
neurônios que estimulam a contração dos músculos
esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).
O controle dos movimentos do corpo ocorre através de circuitos
neurais em várias regiões do encéfalo. A área motora primária,
localizada no giro pré-central do lobo frontal do córtex cerebral, é uma
região de controle importante para a execução dos movimentos
voluntários (TORTORA, 14ª ed.).

A área pré-motora adjacente também fornece axônios para as vias


motoras descendentes. Assim como ocorre com a representação
sensitiva somática na área somatossensorial, diferentes músculos são
representados desigualmente na área motora primária. Mais áreas
corticais são destinadas para os músculos que estão envolvidos em
movimentos complexos, delicados ou que requerem maior precisão
(TORTORA, 14ª ed.).

Os músculos do polegar, dos dedos, dos lábios, da língua e das pregas ↠ As vias motoras diretas consistem nas vias
vocais possuem as maiores representações; o tronco apresenta uma corticospinais e na via corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).
representação bem menor. Esse mapa muscular distorcido do corpo
é chamado de homúnculo motor. Comparando as figuras é possível
VIAS CORTICOESPINAIS
observar que as representações motora somática e somatossensorial
são semelhantes, porém não são idênticas para a maior parte do ↠ As vias corticospinais conduzem impulsos para o
corpo (TORTORA, 14ª ed.).
controle de músculos nos membros e no tronco. Os
axônios dos neurônios motores superiores no córtex
cerebral formam os tratos corticospinais, que descem
através da cápsula interna do encéfalo e do pedúnculo
cerebral do mesencéfalo.

↠ No bulbo, os feixes axônicos dos tratos corticospinais


formam brotos ventrais conhecidos como pirâmides.
Cerca de 90% dos axônios corticospinais sofrem
decussação no bulbo e, então, descem para a medula
espinal, onde formam sinapses com um neurônio do
circuito local ou com um neurônio motor inferior. Os 10%
restantes que permanecem ipsolaterais acabam fazendo
decussação na medula espinal, no nível onde formam
sinapses com um neurônio do circuito local ou com um
VIAS MOTORAS DIRETAS neurônio motor inferior (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os impulsos nervosos para os movimentos voluntários Desse modo, o córtex cerebral direito controla a maior parte dos
músculos no lado esquerdo do corpo e o córtex cerebral esquerdo
se propagam do córtex cerebral para os neurônios controla a maior parte dos músculos no lado direito do corpo
motores inferiores por vias motoras diretas (TORTORA, (TORTORA, 14ª ed.).
14ª ed.).

@jumorbeck
11

↠ Existem dois tipos de vias corticospinais: o trato VIA CORTICONUCLEAR


corticospinal lateral e o trato corticospinal anterior
(TORTORA, 14ª ed.). ↠ A via corticonuclear conduz impulsos para o controle
dos músculos esqueléticos na cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
TRATO CORTICOSPINAL LATERAL
↠ Os axônios dos neurônios motores superiores do
↠ Os axônios corticospinais que sofrem decussação no córtex cerebral formam o trato corticonuclear, que desce
bulbo formam o trato corticospinal lateral no funículo com os tratos corticospinais através da cápsula interna do
lateral da medula espinal (TORTORA, 14ª ed.). encéfalo e do pedúnculo cerebral do mesencéfalo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Esses axônios formam sinapses com os neurônios do
circuito local ou com os neurônios motores inferiores no ↠ Alguns dos axônios do trato corticonuclear fazem
corno anterior da medula espinal (TORTORA, 14ª ed.). decussação; outros, não. Os axônios terminam nos
núcleos motores dos nove pares de nervos cranianos no
↠ Axônios desses neurônios motores inferiores saem da
tronco encefálico: o oculomotor (NC I I), o troclear (NC IV),
medula espinal nas raízes anteriores dos nervos espinais
o trigêmeo (NC V), o abducente (NC VI), o facial (NC VII),
e terminam nos músculos esqueléticos que controlam os
o glossofaríngeo (NC IX), o vago (NC X), o acessório (NC
movimentos nas porções distais dos membros
XI) e o hipoglosso (NC XII) (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
Os neurônios motores inferiores dos nervos cranianos transmitem
Os músculos distais são responsáveis pelos movimentos precisos, impulsos que controlam os movimentos voluntários e precisos dos
ágeis e altamente habilidosos das mãos e dos pés. Exemplos incluem olhos, da língua, do pescoço, além da mastigação, da expressão facial,
os movimentos necessários para abotoar uma camisa ou tocar piano da fala e da deglutição (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
VIAS MOTORAS INDIRETAS
↠ As vias motoras indiretas ou vias extrapiramidais
incluem todos os tratos motores somáticos diferentes dos
tratos corticospinal e corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Axônios dos neurônios motores superiores que


originam as vias motoras indiretas descem provenientes
de vários núcleos do tronco encefálico em cinco tratos
principais da medula espinal e terminam nos neurônios do
circuito local ou nos neurônios motores inferiores
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Esses tratos são os: (TORTORA, 14ª ed.).

TRATO CORTICOSPINAL ANTERIOR • Rubrospinal: transmite impulsos nervosos dos


núcleos rubros (que recebem impulsos do
↠ Os axônios corticospinais que não sofrem decussação córtex cerebral e do cerebelo) para os músculos
no bulbo formam o trato corticospinal anterior no funículo esqueléticos contralaterais que controlam os
anterior da medula espinal. Em cada nível da medula movimentos voluntários precisos das partes
espinal, alguns desses axônios trocam de lado através da distais dos membros superiores.
comissura branca anterior (TORTORA, 14ª ed.). • Tetospinal: transmite impulsos nervosos do
↠ Então, eles formam sinapses com neurônios do colículo superior para os músculos esqueléticos
circuito local ou com neurônios motores inferiores no contralaterais que movem reflexamente a
corno anterior. Axônios desses neurônios motores cabeça, os olhos e o tronco em resposta a
inferiores saem da medula nas raízes anteriores dos estímulos visuais ou auditivos.
nervos espinais. Eles terminam em músculos esqueléticos • Vestibulospinal: transmite impulsos nervosos do
que controlam os movimentos do tronco e das porções núcleo vestibular (que recebe informações
proximais dos membros (TORTORA, 14ª ed.). sobre os movimentos da cabeça provenientes
da orelha interna) para os músculos esqueléticos

@jumorbeck
12

ipsolaterais do tronco e para as partes proximais • Os núcleos da base evitam movimentos


dos membros para a manutenção da postura e indesejáveis por causa de seus efeitos inibitórios
do equilíbrio em resposta aos movimentos da sobre o tálamo e o colículo superior.
cabeça. • Os núcleos da base influenciam o tônus muscular.
• Reticulospinais medial e lateral: transmitem • Os núcleos da base influenciam muitos aspectos
impulsos nervosos da formação reticular para os da função cortical, incluindo as funções sensitiva,
músculos esqueléticos ipsolaterais do tronco e límbica, cognitiva e linguística.
para as partes proximais dos membros para a
manutenção da postura e a regulação do tônus Modulação do movimento pelo cerebelo
muscular em resposta aos movimentos
↠ As funções cerebelares envolvem quatro atividades:
corporais atuais.
(TORTORA, 14ª ed.).

• Monitoramento das intenções de movimento: o


cerebelo recebe impulsos do córtex motor e
dos núcleos da base através dos núcleos da
ponte a respeito de quais movimentos estão
sendo planejados (setas vermelhas).
• Monitoramento do movimento real: o cerebelo
recebe impulsos dos proprioceptores nas
articulações e nos músculos que revelam o que
está acontecendo de fato. Esses impulsos
nervosos percorrem os tratos
espinocerebelares anterior e posterior. Os
impulsos nervosos provenientes do aparelho
vestibular (que percebe o equilíbrio) na orelha
Funções dos núcleos da base interna e dos olhos também entram no cerebelo.
• Comparação dos sinais de comando com a
↠ Os núcleos da base e o cerebelo influenciam no
informação sensitiva: o cerebelo compara a
movimento através de seus efeitos sobre os neurônios
intenção de movimento com o movimento que
motores superiores. As funções dos núcleos da base
está sendo realizado de fato.
incluem: (TORTORA, 14ª ed.).
• Envio de retroalimentação corretiva: se houver
• Os núcleos da base são importantes no início e uma discrepância entre o movimento planejado
no fim dos movimentos. Duas porções dos e o real, o cerebelo envia retroalimentação para
núcleos da base, o núcleo caudado e o putame, os neurônios motores superiores. Essa
recebem informações a partir das áreas informação viaja através do tálamo para os NMS
sensitiva, de associação e motora do córtex no córtex cerebral, mas também vai
cerebral e formam a substância negra. Os diretamente para os NMS nos centros motores
núcleos da base enviam informações para o do tronco encefálico (setas verdes). Conforme
globo pálido e a substância negra, que enviam os movimentos acontecem, o cerebelo fornece
sinais de retroalimentação para o córtex motor continuamente correções de erro para os
superior através do tálamo. neurônios motores superiores, que diminuem
• Esse circuito – do córtex para os núcleos da esses erros e fazem com que o movimento seja
base, para o tálamo e para o córtex – parece mais adequado. Em períodos longos, ele também
agir no início e no fim dos movimentos. Os contribui para o aprendizado de novas
neurônios no putame geram impulsos habilidades motoras.
imediatamente antes do aparecimento dos
movimentos do corpo e os neurônios no núcleo
caudado geram impulsos logo antes do
aparecimento dos movimentos oculares.

@jumorbeck
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Referências

MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,


Atheneu, 3ª ed.
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

@jumorbeck
1
APG 05 – “SERÁ QUE É DA IDADE?”

Objetivos CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX

1- Compreender as áreas funcionais do cérebro ↠ Do ponto de vista funcional, as áreas corticais não são
(diencéfalo e telencéfalo); homogêneas. A primeira comprovação desse fato foi feita
*principais áreas de Brodmann em 1861, pelo cirurgião francês Paul Broca, que pôde
2- Estudar o metabolismo da glicose no sistema correlacionar lesões em áreas restritas do lobo frontal
nervoso; (área de Broca) com a perda da linguagem falada
*metabolismo e envelhecimento (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Pouco mais tarde, surgiram os trabalhos de Fritsch e


Córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste Hitzig, que conseguiram provocar movimentos de certas
o centro branco medular do cérebro ou centro semioval. Trata-se de partes do corpo por estimulações elétricas em áreas
uma das partes mais importantes do sistema nervoso. Ao córtex
cerebral chegam impulsos provenientes de todas as vias da
específicas do córtex do cão. Esses autores fizeram,
sensibilidade, que aí se tornam conscientes e são interpretadas assim, o primeiro mapeamento da área motora do córtex,
(MACHADO, 3ª ed.). estabelecendo pela primeira vez o conceito de
somatotopia das áreas corticais, ou seja, de que existe
Assim, uma lesão nas áreas corticais da visão pode levar à cegueira
mesmo com as vias visuais intactas. Do córtex saem os impulsos correspondência entre determinadas áreas corticais e
nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e que certas partes do corpo (MACHADO, 3ª ed.).
estão relacionados também com os fenômenos psíquicos (MACHADO,
3ª ed.). ↠ O conhecimento das localizações funcionais no córtex
tem grande importância não só para a compreensão do
No córtex cerebral existem neurônios, células neurogliais e fibras. Os
neurônios e as fibras distribuem-se de vários modos, em várias funcionamento do cérebro, mas também para diagnóstico
camadas, sendo a estrutura do córtex cerebral muito complexa e das diversas lesões que podem acometer esse órgão
heterogênea (MACHADO, 3ª ed.). (MACHADO, 3ª ed.).
Quanto à sua estrutura, distinguem-se dois tipos de córtex: isocórtex ↠ Do ponto de vista funcional, as áreas corticais podem
e alocórtex. No isocórtex existem seis camadas, o que não ocorre no
alocórtex, cujo número de camadas varia mas é sempre menor que
ser classificadas em dois grandes grupos: áreas de
seis (MACHADO, 3ª ed.). projeção e áreas de associação. As áreas de projeção
são as que recebem ou dão origem a fibras relacionadas
Obs.: Todos os neurônios no córtex são interneurônios (MARIEB, 3ª
diretamente com a sensibilidade e com a motricidade. As
ed.).
demais áreas são consideradas de associação e, de modo
Classificação das áreas corticais geral, estão relacionadas ao processamento mais
complexo de informações. Assim, lesões nas áreas de
CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA DO CÓRTEX projeção podem causar paralisias ou alterações na
sensibilidade, o que não acontece nas áreas de associação
↠ Baseia-se na divisão do cérebro em sulcos, giros e
(MACHADO, 3ª ed.).
lobos. A divisão anatômica em lobos não corresponde a
uma divisão funcional ou estrutural, pois em um mesmo ↠ As áreas de projeção podem ainda ser divididas em
lobo temos áreas corticais de funções e estruturas muito dois grupos de função e estrutura diferentes: áreas
diferentes. Faz exceção o córtex do lobo occipital, que; sensitivas e áreas motoras (MACHADO, 3ª ed.).
direta ou indiretamente, se liga às vias visuais (MACHADO,
3ª ed.). ↠ O neuropsicólogo russo Alexandre Luria propôs uma
divisão funcional do córtex baseada em seu grau de
CLASSIFICAÇÃO CITOARQUITETURAL DO CÓRTEX relacionamento com a motricidade e com a sensibilidade.
As áreas ligadas diretamente à sensibilidade e à
↠ O córtex cerebral pode ser dividido em numerosas
motricidade, ou seja, as áreas de projeção, são
áreas citoarquiteturais, havendo vários mapas de divisão.
consideradas áreas primárias. As áreas de associação
Contudo, a divisão mais aceita é a de Brodmann, que
podem ser divididas em secundárias e terciárias
identificou 52 áreas designadas por números
(MACHADO, 3ª ed.).
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ As secundárias são unimodais, pois estão ainda
relacionadas, embora indiretamente, com determinada
modalidade sensorial ou com a motricidade. As aferências

@jumorbeck
2

de uma área de associação unimodal se fazem integradoras mais complexas, tais como memória,
predominantemente com a área primária de mesma emoções, raciocínio, vontade, juízo crítico, traços de
função (MACHADO, 3ª ed.). personalidade e inteligência (TORTORA, 14ª ed.).

↠ As áreas terciárias são supramodais, ou seja, não se Áreas motoras


ocupam diretamente com as modalidades motora ou
sensitiva das funções cerebrais, mas estão envolvidas ↠ As eferências motoras do córtex cerebral se originam
com atividades psíquicas superiores (MACHADO, 3ª ed.). principalmente da parte anterior de cada hemisfério
cerebral (TORTORA, 14ª ed.).
Mantêm conexões com várias áreas unimodais ou com outras áreas
supramodais, ligam informações sensoriais ao planejamento motor e ↠ A motricidade voluntária só é possível porque as áreas
são o substrato anatômico das funções corticais superiores, como: corticais que controlam o movimento recebem
pensamento, memória, processos simbólicos, tomada de decisões,
percepção e ação direcionadas a um objetivo, o planejamento de
constantemente informações sensoriais. A decisão de
ações futuras. A área supramodal mais importante é a área pré-frontal, executar um determinado movimento depende da
que corresponde às partes não motoras do lobo frontal (MACHADO, integração entre os sistemas sensoriais e motor
3ª ed.). (MACHADO, 3ª ed.).
Para que se possa entender melhor o significado funcional dessas áreas
↠ Um simples ato de alcançar um objeto exige
de associação, especialmente das áreas secundárias, cabe descrever
os processos mentais envolvidos na identificação de um objeto, por informação visual para localizar o objeto no espaço e
exemplo, uma bola a ser identificada pelo tato, com os olhos fechados. informação proprioceptiva para criar a representação do
A área de projeção é a área somestésica primária Sl que registra as corpo no espaço, possibilitando que comandos adequados
qualidades táteis da bola, em especial sua forma. Entretanto, isso não sejam enviados ao membro superior. O processamento
permite sua identificação, o que é feito na área de associação
somestésica secundária (S2). Ela vai comparar a forma da bola com o
sensorial tem como resultado uma representação interna
conceito de bola registrado na memória, o que permite sua do mundo e do corpo no espaço, e o planejamento do
identificação. Neste caso, a área primária é responsável pela sensação, ato motor inicia-se a partir de uma destas representações
e a secundária, pela interpretação desta sensação. Se a área de (MACHADO, 3ª ed.).
associação somestésica for lesada, ocorrerá uma agnosia tátil, ou seja,
ele não conseguirá reconhecer a bola pelo tato, embora possa fazê- ↠ O objetivo do movimento é determinado pelo córtex
lo pela visão (MACHADO, 3ª ed.). pré-frontal, que passa sua decisão às áreas motoras do
Agnosias são, pois, quadros clínicos nos quais há perda da capacidade córtex, que são: a área motora primária (Ml) e as áreas
de reconhecer objetos por lesões das áreas corticais secundárias, secundárias pré-motora e motora suplementar
apesar das vias sensoriais e as áreas corticais primárias estarem (MACHADO, 3ª ed.).
normais. Distinguem-se agnosias visuais auditivas e somestésicas, estas
últimas geralmente táteis (MACHADO, 3ª ed.). As seguintes áreas motoras do córtex, que controlam os movimentos
voluntários, estão na porção posterior dos lobos frontais: córtex motor
primário, córtex pré-motor, área de Broca e campo ocular frontal
(MARIEB, 3ª ed.).

ÁREA MOTORA PRIMÁRIA (M1)


↠ Ocupa a parte posterior do giro pré-central de cada
hemisfério cerebral, correspondente à área 4 de
Brodmann (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Nesses giros, neurônios grandes, denominados células


piramidais, nos permitem controlar conscientemente a
Áreas funcionais do cérebro precisão ou a habilidade dos movimentos voluntários de
nossos músculos esqueléticos. Seus longos axônios, que
↠ Tipos específicos de sinais sensitivos, motores e
se projetam para a medula espinal, formam o trato motor
integradores são processados em regiões distintas do
voluntário chamado de trato piramidal ou trato
córtex cerebral. De modo geral, as áreas sensitivas
corticospinal. (MARIEB, 3ª ed.).
recebem informações sensitivas e estão envolvidas com
a percepção, ato de ter consciência de uma sensação; ↠ A área 4 é a que tem o menor limiar para
as áreas motoras controlam a execução de movimentos desencadear movimentos com a estimulação elétrica, e
voluntários; e as áreas associativas lidam com funções

@jumorbeck
3

determina movimentos de grupos musculares do lado ↠ É muito menos excitável que a área motora primária,
oposto (MACHADO, 3ª ed.). exigindo correntes elétricas mais intensas para que se
obtenham respostas motoras. As respostas obtidas são
A inervação motora do corpo é contralateral; ou seja, o giro motor
primário esquerdo controla músculos do lado direito do corpo e vice- menos localizadas do que as que se obtêm por estímulo
versa (MARIEB, 3ª ed.). da área 4, e envolvem grupos musculares maiores, como
os do tronco ou da base dos membros. Nas lesões da
↠ O mapeamento do córtex motor primário de acordo área pré-motora, esses músculos têm sua força diminuída
com a representação das diversas partes do corpo, ou (paresia), o que impede o paciente de elevar
seja, a somatotopia pode ser representada por um completamente o braço ou a perna. (MACHADO, 3ª ed.).
homúnculo de cabeça para baixo. É interessante notar a
grande extensão da área correspondente à mão, quando ↠ Essa região controla habilidades motoras aprendidas de
comparada com as áreas do tronco e membro inferior uma forma padronizada ou repetitiva, como tocar um
(MACHADO, 3ª ed.). instrumento musical e digitação (MARIEB, 3ª ed.)

↠ A área pré-motora integra o sistema de neurônios-


espelhos (MACHADO, 3ª ed.).
SISTEMA DE NEURÔNIOS-ESPELHOS

Neurônio espelho é um tipo de neurônio que é ativado, não só quando


um indivíduo faz um ato motor específico como estender a mão para
pegar um objeto, mas também quando ele vê outro indivíduo fazendo
a mesma coisa. Em conjunto, esses neurônios têm sido chamados de
sistema de neurônios-espelhos (MACHADO, 3ª ed.).

Este sistema é frontoparietal, ocupando parte da área pré-motora e


estendendo-se também à parte inferior do lobo parietal. Os neurônios-
espelhos têm ação moduladora da excitabilidade dos neurônios
responsáveis pelo ato motor observado, facilitando sua execução. Eles
estão na base da aprendizagem motora por imitação. Os neurônios-
espelhos têm papel importante na aprendizagem motora de crianças
pequenas que imitam os pais ou as babás (MACHADO, 3ª ed.).

↠ A função mais importante da área pré-motora está


relacionada com planejamento motor (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Isso mostra que a extensão da representação cortical PLANEJAMENTO MOTOR


de uma parte do corpo, na área 4, é proporcional não a Estudos de neuroimagem funcional mostraram que, quando se faz um
seu tamanho, mas à delicadeza dos movimentos gesto, por exemplo, estender o braço para apanhar um objeto, há
realizados pelos grupos musculares nela representados. ativação de uma das áreas de associação secundárias (pré-motora ou
motora suplementar), indicando aumento de atividade metabólica dos
Esta organização somatotópica pode sofrer modificações neurônios nessas áreas. Após um ou dois segundos, a atividade cessa
decorrentes do aprendizado e de lesões (MACHADO, 3ª e passa a ser ativada a área motora primária, principal origem do trato
ed.). corticoespinhal. Simultaneamente, ocorre o movimento. Conclui-se que,
na execução de um movimento, há uma etapa de planejamento, a
As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo, cargo das áreas motoras secundárias, e uma etapa de execução pela
através do qual recebe informações do cerebelo e dos núcleos da área M1. Este planejamento envolve a escolha dos grupos musculares
base, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora a serem contraídos em função da trajetória, da velocidade e da
suplementar. Por sua vez, no homem, a área 4 dá origem a grande distância a ser percorrida pelo ato motor de estender o braço para
parte das fibras dos tratos corticoespinhal e corticonuclear, principais apanhar o objeto. Essas informações são passadas à área M1, que
responsáveis pela motricidadevoluntária, especialmente na musculatura executa o planejamento motor feito pelas áreas pré-motora ou
distal dos membros (MACHADO, 3ª ed.). motora suplementar (MACHADO, 3ª ed.).

ÁREA PRÉ-MOTORA Lesões destas áreas resultam em disfunções denominadas apraxias,


nas quais a pessoa perde a capacidade de fazer gestos simples como
↠ Anterior ao giro pré-central do lobo frontal (área 6 de escovar os dentes ou abotoar a camisa, apesar de não estar paralítica.
Brodmann) está o córtex pré-motor (MARIEB, 3ª ed.) Em outras palavras, a área motora primária está pronta para fazer o
gesto, mas não sabe como fazê-lo (MACHADO, 3ª ed.).

@jumorbeck
4

Vários estudos sugerem que a área motora suplementar é ativada


quando o gesto decorre de "decisão" do próprio córtex pré-frontal,
como no gesto de apanhar o objeto, que pode ou não ser feito.
Quando o gesto decorre de uma influência externa, como, por
exemplo, o comando de alguém para que o gesto seja feito, a ativação
será do córtex pré-frontal (MACHADO, 3ª ed.).

ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR


↠ A área motora suplementar ocupa a parte da área 6,
situada na face medial do giro frontal superior. Assim
como a área pré-motora, a função mais importante da
área motora suplementar é o planejamento motor, de
sequências complexas de movimentos (MACHADO, 3ª
ed.).

CAMPO OCULAR FRONTAL


↠ O campo ocular frontal está localizado entre o córtex
pré-motor e a sua região anterior, superiormente à área
de Broca. Essa região cortical controla os movimentos
voluntários dos olhos (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A quantidade de córtex sensorial dedicada a uma
região corporal particular está relacionada com a
Áreas sensoriais sensibilidade daquela região (ou seja, com quantos
receptores ela possui), não com o tamanho da região
↠ Áreas envolvidas com a percepção de sensações, as corporal. Nos humanos, a face (especialmente os lábios)
áreas sensoriais do córtex se localizam nos lobos parietal, e as pontas dos dedos são as áreas corporais mais
insular, temporal e occipital (MARIEB, 3ª ed.). sensíveis, portanto são as maiores partes do homúnculo
↠ Os impulsos sensitivos chegam principalmente à somatossensorial (MARIEB, 3ª ed.).
metade posterior de ambos os hemisférios cerebrais, em A área somatossensitiva primária permite que você identifique onde
regiões atrás do sulco central (TORTORA, 14ª ed.). se originam as sensações somáticas, de modo que você saiba
exatamente em que parte do seu corpo você dará um tapa naquele
↠ As áreas sensitivas são divididas em áreas primárias mosquito chato (TORTORA, 14ª ed.).
(de projeção) e secundárias (de associação), relacionadas,
Lesões da área somestésica podem ocorrer, por exemplo, como
respectivamente, à sensação do estímulo recebido e à consequência de acidentes vasculares cerebrais que comprometem
percepção de características específicas desse estímulo as artérias cerebral média ou cerebral anterior. Há, então, perda da
(MACHADO, 3ª ed.). sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. O doente perde a
capacidade de discriminar dois pontos, perceber movimentos de
CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL PRIMÁRIO partes do corpo ou reconhecer diferentes intensidades de estímulo.
Apesar de distinguir as diferentes modalidades de estímulo, ele é
↠ Situa-se diretamente posterior ao sulco central de cada incapaz de localizar a parte do corpo tocada ou de distinguir graus de
hemisfério, no giro pós-central de cada lobo parietal (áreas temperatura, peso e textura dos objetos tocados. Em decorrência
disso, o doente perde a estereognosia, ou seja, a capacidade de
1 a 3 de Brodmann). (TORTORA, 14ª ed.). reconhecer os objetos colocados em sua mão. É interessante lembrar
que as modalidades mais grosseiras de sensibilidade (sensibilidade
↠ A área 3 localiza-se no fundo do sulco central,
protopática), tais como o tato não discriminativo e a sensibilidade
enquanto as áreas 1 e 2 aparecem na superfície do giro térmica e dolorosa, permanecem praticamente inalteradas, pois elas
pós-central (MACHADO, 3ª ed.). se tornam conscientes em nível talâmico. (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Neurônios desse giro recebem informações dos CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL DE ASSOCIAÇÃO


receptores sensoriais gerais da pele (somáticos) e dos
proprioceptores (receptores do sentido de posição) dos ↠ O córtex somatossensorial de associação está
músculos esqueléticos, das articulações e dos tendões. localizado posteriormente ao córtex somatossensorial
Estes neurônios, então, identificam a região do corpo que primário, com o qual faz muitas conexões (corresponde
está sendo estimulada, uma habilidade denominada à área 5 e parte da área 7 de Brodmann) (MARIEB, 3ª
discriminação espacial (MARIEB, 3ª ed.). ed.).

@jumorbeck
5

↠ A principal função desta área é integrar entradas estendem a quase todo o lobo temporal, correspondendo
sensoriais (temperatura, pressão e outras) que chegam às áreas 20, 21 e 37 de Brodmann e a uma pequena
até ela pelo córtex somatossensorial primário para parte do lobo parietal (MACHADO, 3ª ed.).
produzir um entendimento do objeto que está sendo
↠ Estudos mostraram que, na verdade, são várias as
sentido: seu tamanho, textura e relação de suas partes
áreas visuais secundárias, das quais as mais conhecidas
(MARIEB, 3ª ed.).
são V2, V3, V4 e V5. Elas são unidas por duas vias
Por exemplo, quando você toca em seu bolso, seu córtex corticais originadas em Vl: a dorsal, dirigida à parte
somatossensorial de associação vasculha suas memórias de posterior do lobo parietal, e a ventral, que une as áreas
experiências sensoriais passadas para perceber o objeto que você
sente como moedas ou chaves. Pessoas com danos nessa área não
visuais do lobo temporal. Aspectos diferentes da
podem reconhecer estes objetos sem olhar para os mesmos percepção visual são processados nessas áreas
(MARIEB, 3ª ed.). (MACHADO, 3ª ed.).
Sua lesão causa agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer ↠ Assim, na via ventral estão áreas específicas para
objetos pelo tato (MACHADO, 3ª ed.).
percepção de cores, reconhecimento de objetos e
Áreas visuais reconhecimento de faces. Na via dorsal, estão áreas para
percepção de movimento, de velocidade e
ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (V1) representação espacial dos objetos. Em síntese, a via
ventral permite determinar o que o objeto é, e a dorsal,
↠ A área visual primária, V1, localiza-se nos lábios do sulco onde ele está, se está parado ou em movimento
calcarino e corresponde à área 17 de Brodmann também (MACHADO, 3ª ed.).
chamada de córtex estriado (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Está localizado bem na extremidade posterior do lobo


occipital, porém sua maior porção está situada
profundamente no sulco calcarino na região medial do
lobo occipital (MARIEB, 3ª ed.).

↠ A parte posterior da retina (onde se localiza a mácula)


projeta-se na parte posterior do sulco calcarino, enquanto
a parte anterior projeta-se na porção anterior deste sulco.
Existe, pois, correspondência perfeita entre retina e
córtex visual (retinotopia). A ablação bilateral da área 17
causa cegueira completa na espécie humana
(MACHADO, 3ª ed.).

ÁREA DE ASSOCIAÇÃO VISUAL Áreas auditivas


↠ Circunda o córtex visual primário e encobre a maior CÓRTEX AUDITIVO PRIMÁRIO
parte do lobo occipital. Comunicando com o córtex visual
primário, a área de associação usa experiências visuais ↠ A área auditiva primária, AI, está situada no giro
passadas para interpretar estímulos visuais (cor, forma e temporal transverso anterior (giro de Heschl) e
movimento), possibilitando-nos reconhecer uma flor ou a corresponde às áreas 41 e 42 de Brodmann (MACHADO,
face de uma pessoa e apreciarmos o que estamos vendo 3ª ed.).
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Está localizado na margem superior do lobo temporal
ÁREAS VISUAIS SECUNDÁRIAS adjacente ao sulco lateral. A energia sonora que excita os
receptores auditivos da orelha interna provoca impulsos
↠ São áreas de associação unimodais, neste caso que são transmitidos para o córtex auditivo primário, onde
relacionadas somente à visão. Até há pouco tempo, são interpretados como tom, intensidade e sua localização
acreditava-se que seria uma área única, limitada ao lobo (MARIEB, 3ª ed.).
occipital, situando-se adiante da área visual primária,
correspondendo às áreas 18 e 19 de Brodmann. Sabe-se
hoje que, na maioria dos primatas e no homem, elas se

@jumorbeck
6

ÁREA AUDITIVA DE ASSOCIAÇÃO ↠ Sabe-se, hoje, que a área vestibular localiza-se no lobo
parietal, em uma pequena região próxima ao território da
↠ Mais posterior, permite a percepção do estimulo área somestésica correspondente à face. Assim, a área
sonoro, o que "ouvimos" como uma fala, um grito, música, vestibular está mais relacionada com a área de projeção
trovão, barulho e muito mais. Memórias dos sons da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva
anteriormente escutados parecem ser estocadas aqui (MACHADO, 3ª ed.).
para referência. A área de Wemicke, inclui partes do
córtex auditivo (MARIEB, 3ª ed.). Áreas associativas multimodais

Córtex olfatório (olfato) O córtex associativo multimodal nos permite dar significados à
informação que estamos recebendo, armazená-la na memória se for
↠ O córtex olfatório primário localiza-se na porção necessário, juntá-la com nosso conhecimento e experiência prévia e
decidir qual atitude (ação) teremos. Uma vez que tenha sido decidido
mediana do lobo temporal (área 28), em uma pequena
o curso da ação, nossas decisões são retransmitidas ao córtex pré-
região chamada de lobo piriforme, em forma de anzol, o motor que, por sua vez, comunica com o córtex motor. O córtex
unco (MARIEB, 3ª ed.). associativo multimodal parece ser o local onde as sensações, os
pensamentos e as emoções se tomam conscientes, sendo o que nos
↠ O córtex olfatório é parte do rinencéfalo primitivo faz ser o que somos (MARIEB, 3ª ed.).
("nariz cerebral"), que inclui todas as porções do cérebro
que recebem sinais olfatórios - o córtex orbitofrontal, o ↠ Segundo Luria, as áreas terciárias ocupam o topo da
unco e regiões associadas localizadas na porção mediana hierarquia funcional do córtex cerebral. Elas são
dos lobos temporais, e os tratos e bulbos olfatórios supramodais, ou seja, não se relacionam isoladamente
salientes que se estendem para o nariz. (MARIEB, 3ª ed.). com nenhuma modalidade sensorial. Recebem e integram
as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas
Córtex gustatório (paladar) secundárias e são responsáveis também pela elaboração
das diversas estratégias comportamentais (MACHADO, 3ª
ÁREA GUSTATIVA PRIMÁRIA ed.).
↠ O córtex gustatório, uma região envolvida na ÁREA ASSOCIATIVA ANTERIOR
percepção do estímulo do paladar, está localizado na
ínsula, abaixo do lobo temporal (MARIEB, 3ª ed.). ↠ É uma grande região localizada na parte anterior do
lobo frontal muito desenvolvida em primatas,
Fato interessante é que a simples visão ou mesmo o pensamento em
especialmente em humanos – áreas 9, 10, 11 e 12; a área
um alimento saboroso ativa a área gustativa da ínsula. Demonstrou-se
também que na área gustativa existem neurônios sensíveis não só ao 12 não é mostrada, pois ela só pode ser visualizada em
paladar, mas também ao olfato e à sensibilidade somestésica da boca uma vista medial. Esta área tem muitas conexões com
sendo, pois capaz de avaliar a importância biológica dos estímulos outras áreas corticais, tálamo, hipotálamo, sistema límbico
intraorais (MACHADO, 3ª ed.). e cerebelo (TORTORA, 14ª ed.).
Área sensorial visceral ↠ A área associativa anterior no lobo frontal, também
↠ O córtex da ínsula localizado posteriormente ao córtex chamada de córtex pré-frontal, é a mais complicada de
gustatório está envolvido na percepção consciente de todas as regiões corticais. Ela está envolvida com o
sensações viscerais. Estas incluem distúrbios estomacais, intelecto, as habilidades de aprendizagem complexas
bexiga cheia e a sensação de que seus pulmões irão (denominadas cognição), a evocação da memória e a
explodir quando você prende sua respiração por um personalidade (MARIEB, 3ª ed.).
longo período (MARIEB, 3ª ed.). Um indivíduo que apresente lesões em ambos os córtices pré-frontais
geralmente se torna rude, insensível, incapaz de aceitar conselhos,
Córtex vestibular (equilíbrio) temperamental, desatento, menos criativo, incapaz de planejar o futuro
e incapaz de antecipar as consequências de comportamentos ou
↠ Tem sido difícil de terminar a parte do córtex palavras grosseiras e inapropriadas (TORTORA, 14ª ed.).
responsável pela percepção do equilíbrio, ou seja, da
↠ Do ponto de vista funcional pode-se dividir a área pré-
posição da cabeça no espaço. Todavia, estudos recentes
frontal em duas subáreas, dorso lateral e orbitofrontal
de imageamento localizaram esta região na porção
(MACHADO, 3ª ed.).
posterior da ínsula, escondida por trás do lobo temporal
(MARIEB, 3ª ed.).

@jumorbeck
7

• Área pré-frontal dorsolateral: Ocupa a superfície Síndrome de negligência ou síndrome de inatenção, que se manifesta
nas lesões do lado direito, ou seja, no hemisfério mais relacionado com
anterior e dorsolateral do lobo frontal. Liga-se ao
os processos visuoespaciais. Ocorre uma negligência sensorial do
corpo estriado (putâmen) integrando o circuito mundo contralateral (MACHADO, 3ª ed.).
cortico-estriado-talâmico-cortical. Este circuito
tem papel extremamente importante nas CÓRTEX INSULAR ANTERIOR
chamadas funções executivas que envolvem o
↠ Nos últimos dez anos, ouve uma explosão de
planejamento execução das estratégias
informações sobre a ínsula, durante muito tempo
comportamentais mais adequadas à situação
considerada como uma das "áreas cegas" do cérebro. A
física e social do indivíduo, assim como
ínsula tem duas partes, anterior e posterior, separadas
capacidade de alterá-las quando tais situações se
pelo sulco central e muito diferentes em sua estrutura e
modificam. Além disso, a área pré-frontal
funções (MACHADO, 3ª ed.).
dorsolateral é responsável pela memória
operacional - que é um tipo de memória de ↠ O córtex insular posterior é característico das áreas
curto prazo, temporária e suficiente para manter de projeção primárias, no caso, as áreas gustativa e
na mente as informações relevantes para a sensoriais viscerais. Já o córtex insular anterior é
conclusão de uma atividade que está em característico das áreas de associação. Estudos
andamento. principalmente de neuroimagem funcional no homem
• Área pré-frontal orbitofrontal: Ocupa a parte mostraram que o córtex insular anterior está envolvido
ventral do lobo frontal adjacente às órbitas em pelo menos nas seguintes funções: (MACHADO, 3ª
compreendendo os giros orbitários. Está ed.).
envolvido no processamento das emoções,
supressão de comportamentos socialmente • Empatia, ou seja, a capacidade de se identificar
indesejáveis, manutenção da atenção. com outras pessoas e perceber e se sensibilizar
com seu estado emocional.
ÁREA ASSOCIATIVA POSTERIOR • Conhecimento da própria fisionomia como
diferente da dos outros.
↠ A área associativa posterior é uma grande região
• Sensação de nojo na presença ou
composta por partes dos lobos temporal, parietal e
simplesmente com imagens de fezes, vômitos,
occipital. Esta área possui papel no reconhecimento de
carniça e outra situação considerada nojenta.
padrões e faces, nos localizando no espaço circundante e
• Percepção dos componentes subjetivos das
ligando diferentes informações sensoriais para formar um
emoções.
todo coerente (MARIEB, 3ª ed.).
Reúne informações já processadas de diferentes modalidades para Áreas relacionadas com a linguagem
gerar uma imagem mental completa dos objetos sob a forma de
percepções, podendo reunir, além da aparência do objeto, seu cheiro, ↠ A linguagem verbal é um fenômeno complexo do qual
som, tato, seu nome. Esta área está envolvida não somente na participam áreas corticais e subcorticais. Não resta a
sensação somática, mas na visual, possibilitando a ligação de elementos menor dúvida, entretanto, que o córtex cerebral tem o
de uma cena visual em um conjunto coerente. Participa também no
papel mais importante (MACHADO, 3ª ed.).
planejamento de movimentos e na atenção seletiva (MACHADO, 3ª
ed.). ↠ Admitia-se, com base nos trabalhos de Geschwind, a
↠ A área parietal posterior é importante para a existência de apenas duas áreas corticais principais para a
percepção espacial, permitindo ao indivíduo determinar as linguagem: uma anterior e outra posterior, ambas de
relações entre os objetos no espaço extrapessoal. Em associação terciária. A área anterior da linguagem
lesões bilaterais, o doente fica incapaz de explorar o corresponde à área de Broca e está relacionada com a
ambiente e alcançar objetos de interesse. Ela permite expressão da linguagem. A área posterior da linguagem
também que se tenha uma imagem das partes ela é conhecida também como área de Wernicke e está
componentes do próprio corpo e sua relação com o relacionada basicamente com a percepção da linguagem
espaço, razão pela qual já foi também denominada área (MACHADO, 3ª ed.).
do esquema corporal (MACHADO, 3ª ed.).

@jumorbeck
8

ÁREA DA BROCA e ÁREA DE WERNICKE para a área de Broca. A linguagem e a escrita também
dependem destas duas áreas (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A área de Broca fica anterior à região inferior da área
pré-motora e se sobrepõe às áreas 44 e 45 de
Brodmann. Considera-se estar presente em apenas um
hemisfério (normalmente o esquerdo) e ser uma área
motora especial da fala, que controla músculos envolvidos
na fonação (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Está localizada no lobo frontal, próxima ao sulco


cerebral lateral. Em cerca de 97% da população, estas
áreas de linguagem situam-se no hemisfério esquerdo
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os impulsos nervosos originados na área de Broca


passam para as regiões pré-motoras que controlam os
músculos da laringe, da faringe e da boca. Os impulsos da
área pré-motora resultam em contrações musculares LATERALIZAÇÃO HEMISFÉRICA
específicas coordenadas. Simultaneamente, os impulsos
se propagam da área de Broca para a área motora Embora o encéfalo seja quase simétrico, existem diferenças
anatômicas sutis entre os dois hemisférios. Por exemplo, em cerca de
primária. Deste ponto, os impulsos também controlam os dois terços da população, o plano temporal – região do lobo temporal
músculos ventilatórios para que possam regular o fluxo que engloba a área de Wernicke – é 50% maior do lado esquerdo
de ar pelas pregas vocais (TORTORA, 14ª ed.). que no lado direito. Esta assimetria surge no feto humano durante a
trigésima semana de gestação (TORTORA, 14ª ed.).
Pessoas que sofrem um acidente vascular encefálico (AVE) na área
de Broca ainda conseguem ter pensamentos coerentes, mas não Também existem diferenças fisiológicas: embora os dois hemisférios
conseguem formar palavras – fenômeno conhecido como afasia compartilhem várias funções, cada hemisfério pode desempenhar
motora (TORTORA, 14ª ed.). funções específicas. Esta assimetria funcional é conhecida como
lateralização hemisférica (TORTORA, 14ª ed.).
Contudo, estudos recentes empregando o imageamento PET para
observar áreas ativas, " iluminadas" do cérebro indicam que a área de Apesar de existirem algumas diferenças significativas nas funções dos
Broca também é ativada quando nos preparamos para falar e até dois hemisférios, observa-se uma variação considerável de uma
mesmo quando pensamos (planejamos) muitas outras atividades pessoa para outra. Além disso, a lateralização parece ser menos
motoras voluntárias além da fala (MARIEB, 3ª ed.). pronunciada em mulheres do que em homens, tanto para linguagem
(hemisfério esquerdo), quanto para habilidades visuais e espaciais
↠ A área de Wernicke (área 22, possivelmente áreas (hemisfério direito). Por exemplo, mulheres têm menor chance de ter
39 e 40), uma grande região nos lobos temporal e parietal afasia secundária a lesões do hemisfério esquerdo do que homens.
esquerdos, interpreta o significado da fala por meio do Uma observação possivelmente relacionada com este fato é que a
comissura anterior é 12% maior e o corpo caloso tem uma parte
reconhecimento das palavras faladas. Ela está ativa quando posterior mais larga em mulheres. Lembre-se de que a comissura
você transforma palavras em pensamentos. As regiões anterior e o corpo caloso são fibras comissurais que comunicam entre
do hemisfério direito que correspondem às áreas de si ambos os hemisférios (TORTORA, 14ª ed.).
Broca e Wernicke no hemisfério esquerdo também
DIFERENÇAS FUNCIONAIS ENTRE OS HEMISFÉRIOS DIREITO E ESQUERDO
contribuem com a comunicação verbal por meio do FUNÇÕES DO HEMISFÉRIO FUNÇÕES DO HEMISFÉRIO
acréscimo de emoções, como raiva ou alegria, nas DIREIITO ESQUERDO
palavras faladas (TORTORA, 14ª ed.). Consciência musical e artística; Raciocínio
Percepção do espaço e de Habilidades matemáticas e
↠ A área de Broca conteria os programas motores da certos padrões; científicas;
fala e a de Wemicke, o significado, e que a conexão entre Geração de imagens mentais Capacidade de utilizar e
para comparar relações entender a linguagem de
as duas possibilitaria entender e responder ao que os espaciais; sinais;
outros dizem. Realmente essas duas áreas estão ligadas Identificação e discriminação Linguagem falada e escrita.
pelo fascículo longitudinal superior ou fascículo arqueado, de odores;
através do qual, informações relevantes para a correta
expressão da linguagem passam da área de Wernicke

@jumorbeck
9

Diencéfalo ↠ Os núcleos principais podem ser divididos em 7


grupos, de acordo com sua posição: (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo,
hipotálamo, epitálamo e subtálamo (MACHADO, 3ª ed.). • Grupo anterior ou núcleo anterior: recebe
aferências do hipotálamo e envia eferências para
TÁLAMO o sistema límbico. Ele contribui com a regulação
das emoções e da memória.
↠ O tálamo é fundamentalmente constituído de
substância cinzenta, na qual se distinguem vários núcleos • Núcleos mediais: recebem aferências do sistema
(MACHADO, 3ª ed.). límbico e dos núcleos da base e enviam
eferências para o córtex cerebral. Suas funções
↠ O tálamo compreende núcleos bilaterais com formato estão relacionadas com as emoções, o
de ovo, que formam a parede superior lateral do terceiro aprendizado, a memória e a cognição.
ventrículo. Na maioria das pessoas, os núcleos estão • Núcleos no grupo lateral recebem aferências do
conectados na linha média pela aderência intertalâmica sistema límbico, dos colículos superiores e do
(massa intermédia) (MARIEB, 3ª ed.). córtex cerebral e enviam eferências para o
córtex cerebral. O núcleo dorsolateral tem
↠ O tálamo compreende um grande número de núcleos
funções relacionadas com a expressão de
nomeados de acordo com sua localização. Cada núcleo
emoções. O núcleo lateroposterior e o núcleo
possui uma especialidade funcional e projeta e recebe
pulvinar auxiliam a integrar as informações
fibras de uma região específica do córtex cerebral
sensitivas.
(MARIEB, 3ª ed.).
• Cinco núcleos fazem parte do grupo ventral. O
↠ Impulsos aferentes provenientes de todos os sentidos núcleo ventral anterior sua função está
e de todas as partes do corpo convergem para o tálamo, relacionada com o controle dos movimentos. O
fazendo sinapses com pelo menos um de seus núcleos núcleo ventral lateral ele também auxilia no
(MARIEB, 3ª ed.). controle dos movimentos. O núcleo ventral
posterior transmite impulsos relacionados com
↠ O tálamo é a principal estação retransmissora para a as sensações somáticas – como tato, pressão,
maioria dos impulsos sensitivos da medula espinal e do vibração, prurido, cócegas, temperatura, dor e
tronco encefálico que chegam às áreas sensitivas propriocepção – da face e do tronco para o
primárias do córtex cerebral. Além disso, ele contribui para córtex cerebral. O núcleo geniculado lateral
as funções motoras ao transmitir informações do transmite impulsos visuais da retina para a área
cerebelo e dos núcleos da base para a área motora visual primária. O núcleo geniculado medial
primária do córtex cerebral. O tálamo também transmite transmite impulsos auditivos da orelha para a
impulsos nervosos entre diferentes áreas do telencéfalo área auditiva primária.
(cérebro) e auxilia na manutenção da consciência
• O núcleo mediano forma uma fina faixa
(TORTORA, 14ª ed.)
adjacente ao terceiro ventrículo e presume-se
que esteja relacionado com a memória e o
olfato.
• O núcleo reticular envolve a face lateral do
tálamo, próximo à cápsula interna. Este núcleo
monitora, filtra e integra as atividades de outros
núcleos talâmicos.

HIPOTÁLAMO
↠ Denominado devido à sua localização abaixo do (hypo)
tálamo, o hipotálamo cobre o tronco encefálico e forma
a parede ínfero-lateral do terceiro ventrículo (MARIEB, 3ª
ed.).

@jumorbeck
10

↠ Apesar de seu pequeno tamanho, o hipotálamo é o • Centro de controle autonômico


principal centro de controle visceral do corpo, sendo (neurovegetativo): o sistema nervoso autônomo
vitalmente importante para a homeostasia corporal. (SNA) é um sistema de nervos periféricos que
Poucos tecidos corporais escapam de sua influência regula a secreção glandular e os músculos
(MARIEB, 3ª ed.). cardíaco e liso. O hipotálamo regula a atividade
do SNA através do controle sobre seus centros
no tronco encefálico e na medula espinal.
Nesse papel, o hipotálamo influencia a pressão arterial, a frequência e
a força das contrações cardíacas, a motilidade e a secreção do sistema
digestório, o diâmetro da pupila ocular e muitas outras atividades
viscerais (MARIEB, 3ª ed.).

• Centro de controle da resposta emocional: o


hipotálamo se encontra no "coração" do sistema
límbico (a parte emocional do encéfalo). Núcleos
envolvidos na percepção do prazer, do medo e
da agressividade, além de ritmos biológicos e
motivações (como a motivação para o sexo),
são encontrados no hipotálamo.
↠ Ele é composto por cerca de doze núcleos agrupados • Regulação da temperatura corporal: o
em quatro regiões principais: (TORTORA, 14ª ed.). termostato corporal está no hipotálamo.
Neurônios hipotalâmicos monitoram a
• A região mamilar (área hipotalâmica posterior), temperatura do sangue e recebem entradas de
adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais outros termorreceptores do encéfalo e da
posterior do hipotálamo. Ela inclui os corpos periferia do corpo. A partir dessas informações,
mamilares e os núcleos hipotalâmicos o hipotálamo inicia mecanismos para o
posteriores. Os corpos mamilares são duas resfriamento (sudorese) ou para a geração de
projeções pequenas e arredondadas que calor (tremores), mantendo a temperatura
funcionam como estações de transmissão para corporal relativamente constante.
reflexos relacionados com o olfato. • Regulação da ingestão alimentar: em resposta às
• A região tuberal (área hipotalâmica intermédia), alterações nos níveis sanguíneos de certos
a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos nutrientes (glicose e talvez aminoácidos) ou
dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do hormônios [colecistocinina (CCK) e outros], o
infundíbulo, que conecta a hipófise com o hipotálamo regula a sensação de fome e
hipotálamo. saciedade.
• A região supraóptica (área hipotalâmica rostral) • Regulação do equilíbrio hídrico e da sede:
está situada acima do quiasma óptico (ponto de quando os líquidos corporais se tomam muito
cruzamento dos nervos ópticos) e contém os concentrados, neurônios hipotalâmicos
núcleos paraventricular, supraóptico, chamados de osmorreceptores são ativados.
hipotalâmico anterior e supraquiasmático. Esses neurônios excitam núcleos do hipotálamo
• A região pré-óptica, anterior à região que desencadeiam a liberação de hormônio
supraóptica, é geralmente considerada como antidiurético (ADH) pela hipófise posterior. O
parte do hipotálamo porque ela participa, junto ADH age nos rins provocando a retenção de
com ele, na regulação de certas atividades água. As mesmas condições também estimulam
autônomas. neurônios hipotalâmicos do centro da sede,
desencadeando a sensação de sede e, portanto,
↠ Suas principais funções relacionadas ao seu papel a ingestão de mais líquidos.
homeostático são brevemente apresentadas a seguir:
• Regulação do ciclo sono-vigília: agindo junto com
(MARIEB, 3ª ed.).
outras regiões encefálicas, o hipotálamo ajuda a
regular o sono. Através da ativação do núcleo

@jumorbeck
11

supraquiasmático (nosso relógio biológico), ele instante pelo sangue capilar, uma vez que o total de
ajusta o ciclo de sono em resposta às glicose armazenada sob a forma de glicogênio nos
informações do ciclo claro/ escuro recebidas das neurônios não seria capaz de suprir as demandas
vias visuais. funcionais por mais do que 2 minutos (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
EPITÁLAMO
Característica especial do aporte de glicose para os neurônios é que
↠ O epitálamo, pequena região superior e posterior ao seu transporte para os neurônios através da membrana celular não
tálamo, é composto pela glândula pineal e pelos núcleos depende da insulina, embora a insulina seja necessária para o
transporte de glicose para a maioria das outras células do corpo.
habenulares (TORTORA, 14ª ed.).
Portanto, em pacientes com diabetes grave com secreção
praticamente zero de insulina, a glicose ainda se difunde facilmente
↠ Formado pela glândula pineal (que produz melatonina)
para os neurônios - o que é muito importante, porque impede a perda
e pelos núcleos habenulares (envolvidos com o olfato) de função mental em pessoas com diabetes. Entretanto, quando o
(TORTORA, 14ª ed.). paciente diabético é tratado com doses altas demais de insulina, a
concentração de glicose no sangue pode cair para valores
Metabolismo da glicose no sistema nervoso extremamente baixos, porque a insulina excessiva faz com que quase
toda a glicose no sangue seja transportada rapidamente para o
↠ Como outros tecidos, o cérebro precisa de oxigênio número enorme de células não neurais sensíveis à insulina em todo o
e nutrientes para suprir suas necessidades metabólicas. corpo, principalmente as células musculares e os hepatócitos. Quando
isso acontece, não sobra glicose suficiente no sangue para suprir as
Entretanto, há peculiaridades especiais do metabolismo
necessidades dos neurônios de forma correta, e a função mental se
cerebral (GUYTON & HALL, 13ª ed.). torna então gravemente prejudicada, levando às vezes ao coma e,
mais frequentemente, a desequilíbrios mentais e distúrbios psicóticos -
Em condições de repouso, mas na pessoa acordada, o metabolismo
todos eles causados pelo tratamento com doses excessivas de insulina.
cerebral equivale a cerca de 15% do metabolismo total do corpo,
(GUYTON & HALL, 13ª ed.).
embora a massa encefálica seja somente 2% da massa corporal total
(GUYTON & HALL, 13ª ed.).
DISSERTAÇÕES
O cérebro não é capaz de muito metabolismo anaeróbico. Uma das
razões para isto é a alta intensidade metabólica dos neurônios, de ↠ O metabolismo da glicose produz energia em forma
forma que a maior parte da atividade neuronal depende do aporte de adenosina trifosfato (ATP) que é a fonte de energia
sanguíneo de oxigênio a cada segundo. Juntando esses fatores, é para a sobrevivência celular, portanto o controle rígido do
possível entender por que a cessação súbita do fluxo de sangue para
metabolismo energético é necessário para manutenção
o cérebro ou a falta súbita total de oxigênio no sangue podem causar
inconsciência dentro de 5 a 10 segundos (GUYTON & HALL, 13ª ed.). do SNC, e qualquer perturbação na sua regulação pode
levar a diversos distúrbios cerebrais (WARTCHOW, 2015).
↠ A taxa metabólica cerebral de glicose é alta no córtex
e nas estruturas da substância cinzenta e baixa na ↠ O metabolismo da glicose no cérebro é similar ao
substância branca, com diferenças significativas em varias metabolismo desta hexose em outros tecidos, e inclui três
regiões. A taxa metabólica se reduz levemente ao longo principais vias metabólicas: glicólise, ciclo de Krebs e via
do processo de envelhecimento e é alterada pelo sono, pentose fosfato (KRUGER, 2003)
pelos sonhos e pela ativação funcional (TERRA et. al, 2016)
↠ Na via glicolítica, glicose é metabolizada a piruvato,
↠ A taxa matabólica cerebral da glicose medida através havendo produção de apenas duas moléculas de ATP por
da tomografia por emissão de pósitrons (PET) apresenta molécula de glicose. Sob condição não oxidativa, piruvato
diferenças relacionadas com a idade. Diante disso, o é convertido a lactado, permitindo a regeneração de
metabolismo era baixo no nascimento, alcançando um NAD+ oxidado, o qual é essencial para manter um fluxo
nível de 100g/min aos 2 anos e continuando em elevação glicolítico contínuo (KRUGER, 2003)
até os 3-4 anos, mantendo estabilizado em níveis altos
↠ O metabolismo da glicose cerebral inclui dois processos
até os 10 anos. Por volta dos 10 anos de idade a taxa
principais: transporte de glicose e catabolismo oxidativo
metabólica cerebral da glicose apresentava um declínio
intracelular (WARTCHOW, 2015).
quase uniforme de cerca de 26% (TERRA et. al, 2016)
↠ O transporte fisiológico de glicose depende
↠ Em condições normais, quase toda a energia usada
significativamente da participação de astrócitos, presentes
pelas células cerebrais é fornecida pela glicose
na composição de barreira hematoencefálica (BHE), e
proveniente do sangue. Da mesma forma, como no caso
do oxigênio, a maior parte da glicose é trazida a cada

@jumorbeck
12

vários transportadores de glicose distribuídos no SNC Referências:


(WARTCHOW, 2015).
TERRA, et. al. O desafio da gerontologia biomédica, Porto
↠ No metabolismo não oxidativo, a conversão de glicose Alegre: EDIPUCRS, 2016.
a lactato também ocorre, e pode ser importante para
uma resposta rápida à atividade sináptica. Além disso, WARTCHOW, K. M. Efeito da proteína S100B sobre a
outra fonte energética para circunstâncias de necessidade captação de glicose em células de glioma C6 e fatias
rápida de energia é o glicogênio, que está armazenado hipocampais de ratos, Universidade Federal do Rio Grande
no interior dos astrócitos (WARTCHOW, 2015). do Sul, Programa de Pós-graduação em neurociências,
2015
O glicogênio astrocítico é a forma de estocagem de glicose no SNC.
É mobilizado somente após alta estimulação e em concentrações de KRUGER, A. H. Utilização de nutrientes energéticos por
glicose muito abaixo do normal. Ou seja, os dois processos, tanto córtex cerebral de ratos: efeitos de diferentes
glicólise quanto glicogenólise em astrócitos podem ser
concentrações de potássio, Universidade Federal do Rio
complementares e, ocorrerem sucessivamente com o aumento da
necessidade energética. Portanto, os astrócitos desempenham papéis Grande do Sul, Dissertação de Pós Graduação, 2003.
importantes tanto no suporte energético quanto em condições de
hipoglicemia por apresentarem estoques de glicogênio (WARTCHOW, MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
2015). Porto Alegra: Artmed, 2008.

↠ A homeostase do metabolismo energético é essencial MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,


para a manutenção do organismo, e a família de proteínas Atheneu, 3ª ed.
transportadoras de glicose (GLUTs) é responsável pela
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
mediação destes processos. O transporte ocorre via
Editora Elsevier Ltda., 2017
difusão facilitada, ou seja, a favor do gradiente de
concentração (WARTCHOW, 2015). TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
TRANSPORTADORES
↠ Dentre as diferentes isoformas dos transportadores,
no SNC são encontrados principalmente nos neurônios. O
transportador de glicose neuronal, GLUT3, é associado a
processos periféricos principalmente em corpos celulares
que possuem uma alta capacidade energética. O GLUT1
é abundante nas células endoteliais, nos pés astrocíticos
associados aos vasos sanguíneos e em pequenos
processos astrocíticos localizados entre os elementos
neuronais (WARTCHOW, 2015).

@jumorbeck
1
APG 06 – PENSO, LOGO CAMINHO?

Fisiologia do Sistema Motor encéfalo. Eles ajudam a coordenar a atividade rítmica em


grupos musculares específicos, como no revezamento entre
NEURÔNIOS flexão e extensão dos membros inferiores durante a caminhada
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O controle da atividade dos músculos esqueléticos pelo
córtex cerebral e outros centros superiores é executado NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES
através do sistema nervoso por uma série de neurônios ↠ Tanto os neurônios do circuito local quanto os neurônios
(SNELL, 7ª ed.) motores inferiores recebem informações dos neurônios
motores superiores (NMS). A maior parte dos neurônios
↠ A via descendente do córtex cerebral é
motores superiores faz sinapses com os neurônios do circuito
frequentemente constituída de três neurônios: (SNELL, local, que, por sua vez, fazem sinapses com os neurônios
7ª ed.) motores inferiores. (Alguns neurônios motores superiores
fazem sinapses diretamente com os neurônios motores
• O primeiro neurônio, neurônio de primeira
inferiores.) (TORTORA, 14ª ed.).
ordem, tem seu corpo celular no córtex
cerebral. Seu axônio desce para formar sinapse ↠ Os NMS do córtex cerebral são essenciais para a execução
no neurônio de segunda ordem; dos movimentos voluntários do corpo. Outros NMS são
• O neurônio de segunda ordem, um neurônio originados nos centros motores do tronco encefálico: o núcleo
rubro, o núcleo vestibular, o colículo superior e a formação
internuncial, situado na coluna cinzenta anterior
reticular (TORTORA, 14ª ed.).
da medula espinal. O axônio do neurônio de
segunda ordem é curto e faz sinapse com o
neurônio de terceira ordem;
• O neurônio de terceira ordem, o neurônio motor
inferior, na coluna cinzenta anterior. O axônio do
neurônio de terceira ordem inerva os músculos
esqueléticos através da raiz anterior de um
nervo espinal.

↠ A partir do tronco encefálico, os axônios dos neurônios


motores inferiores (NMI) se estendem através dos nervos
cranianos para inervar os músculos esqueléticos da face
e da cabeça. A partir da medula espinal, os axônios dos
NMI se estendem através dos nervos espinais para inervar
os músculos esqueléticos dos membros e do tronco
(TORTORA, 14ª ed.).

CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS SEGUNDO TORTORA

↠ Os neurônios localizados em quatro circuitos neurais distintos,


porém altamente interativos, são chamados coletivamente de
vias motoras somáticas e participam do controle do movimento
por fornecerem informações para os neurônios motores
inferiores: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os NMS provenientes do tronco encefálico regulam o tônus
muscular, controlam os músculos posturais e ajudam a manter
NEURÔNIOS DO CIRCUITO LOCAL
o equilíbrio e a orientação da cabeça e do corpo. Tanto os
↠ A informação chega aos neurônios motores inferiores núcleos da base quanto o cerebelo exercem influência sobre
provenientes de interneurônios próximos chamados de os neurônios motores superiores (TORTORA, 14ª ed.).
neurônios do circuito local. Esses neurônios estão localizados A musculatura somática é inervada pelos neurônios motores
próximo aos corpos celulares dos neurônios motores inferiores somáticos do corno ventral da medula espinhal. Estas células também
no tronco encefálico e na medula espinal (TORTORA, 14ª ed.). são chamadas de neurônios motores inferiores para as distinguir das
de ordem superior, os neurônios motores superiores do cérebro que
↠ Os neurônios de circuito local recebem informações dos fornecem as vias para a medula espinhal. É preciso lembrar que apenas
receptores sensitivos somáticos, como os nociceptores e os os neurônios motores inferiores comandam diretamente a contração
fusos musculares, bem como de centros superiores no

@jumorbeck
2

muscular. Sherrington chamou esses neurônios de via final comum • Neurônios motores gama: inervam as fibras intrafusais..
para o controle do comportamento (BEAR et. al., 4ª ed.).
O fuso muscular contém fibras musculares esqueléticas modificadas
dentro de sua cápsula fibrosa. Essas fibras musculares são chamadas
de fibras intrafusais para as distinguir das fibras extrafusais, mais
numerosas, que estão fora do fuso e formam a massa muscular. Uma
diferença importante entre os dois tipos de fibras musculares é que
apenas as fibras extrafusais são inervadas pelos neurônios motores alfa
(BEAR et. al., 4ª ed.).

Obs.: Em alguns casos, o axônio do neurônio de primeira ordem


termina diretamente sobre o neurônio de terceira ordem (como nos
arcos reflexos) (SNELL, 7ª ed.)

NEURÔNIOS MOTORES INFERIORES

↠ Existem duas categorias de neurônios motores inferiores da medula


espinhal: (BEAR et. al., 4ª ed.).

• Neurônios motores alfa: são diretamente responsáveis pela


geração de força pelo músculo. Um neurônio motor alfa e
todas as fibras musculares que ele inerva coletivamente
compõem o componente elementar do controle motor, o
que Sherrington chamou de unidade motora.
VIAS MOTORAS SOMÁTICAS
A primeira forma de controle da contração muscular pelo SNC é
variando a taxa de disparo dos neurônios motores. O neurônio motor ORGANIZAÇÃO DAS VIAS DOS NEURÔNIOS
alfa comunica-se com a fibra muscular, liberando o neurotransmissor
acetilcolina (ACh) na junção neuromuscular, a sinapse especializada ↠ Os axônios dos neurônios motores superiores se
entre o nervo e o músculo esquelético. A segunda maneira pela qual estendem do encéfalo para os neurônios motores
o SNC gradua a contração muscular é recrutando unidades motoras inferiores através de dois tipos de vias motoras somáticas
sinérgicas adicionais. A tensão extra provida pelo recrutamento de uma – as diretas e as indiretas (TORTORA, 14ª ed.).
unidade motora ativa depende de quantas fibras musculares há nessa
unidade. ↠ As vias motoras diretas fornecem informações para
Os neurônios motores inferiores são controlados por sinapses no os neurônios motores inferiores através de axônios que
corno ventral. Existem apenas três fontes principais de entradas para se estendem diretamente a partir do córtex cerebral
um neurônio motor alfa: (TORTORA, 14ª ed.).

↠ As vias motoras indiretas fornecem informações para


os neurônios motores inferiores a partir dos núcleos da
base, do cerebelo e do córtex cerebral (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ As vias diretas e indiretas gerenciam a geração de


impulsos nervosos nos neurônios motores inferiores, os
neurônios que estimulam a contração dos músculos
esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
3

MAPEAMENTO DAS ÁREAS MOTORAS trato na base do bulbo. O trato forma uma protuberância,
O controle dos movimentos do corpo ocorre através de circuitos
chamada de pirâmide bulbar, que passa sobre a superfície
neurais em várias regiões do encéfalo. A área motora primária, ventral bulbar. Quando seccionado, a secção transversal
localizada no giro pré-central do lobo frontal do córtex cerebral, é uma tem aspecto aproximadamente triangular, razão pela qual
região de controle importante para a execução dos movimentos é chamado de trato piramidal (BEAR et. al., 4ª ed.).
voluntários (TORTORA, 14ª ed.).

A área pré-motora adjacente também fornece axônios para as vias


motoras descendentes. Assim como ocorre com a representação
sensitiva somática na área somatossensorial, diferentes músculos são
representados desigualmente na área motora primária. Mais áreas
corticais são destinadas para os músculos que estão envolvidos em
movimentos complexos, delicados ou que requerem maior precisão
(TORTORA, 14ª ed.).

VIAS MOTORAS DIRETAS


↠ Os impulsos nervosos para os movimentos voluntários
se propagam do córtex cerebral para os neurônios
motores inferiores por vias motoras diretas (TORTORA,
14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas, que também são conhecidas
como vias piramidais, consistem em axônios que descem
a partir das células piramidais. As células piramidais são os
neurônios motores superiores com corpos celulares em
formato de pirâmide localizados na área motora primária
e na área pré-motora do córtex cerebral (áreas 4 e 6,
respectivamente) (TORTORA, 14ª ed.). ↠ No bulbo, os feixes são agrupados ao longo da borda
↠ As vias motoras diretas consistem nas vias anterior para formar uma tumefação conhecida como
corticospinais e na via corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.). pirâmide (daí o nome alternativo trato piramidal). Na
junção do bulbo com a medula espinal, a maioria (90%
TRATO CORTICOSPINAIS dos axônios cortioespinais) das fibras cruza a linha média
na decussação das pirâmides e entra no funículo lateral
↠ As vias corticospinais conduzem impulsos para o
da medula espinal, formando o trato corticospinal lateral.
controle de músculos nos membros e no tronco. Os
As demais fibras não cruzam na decussação e descem
axônios dos neurônios motores superiores no córtex
no funículo anterior da medula espinal como o trato
cerebral formam os tratos corticospinais (TORTORA, 14ª
corticospinal anterior. Essas fibras cruzam a linha média
ed.).
subsequentemente e terminam na coluna cinzenta
↠ As fibras do trato corticospinal surgem como axônios anterior dos segmentos da medula espinal nas regiões
das células piramidais situadas na quinta camada do córtex cervical e torácica superior (SNELL, 7ª ed.)
cerebral (SNELL, 7ª ed.)
Desse modo, o córtex cerebral direito controla a maior parte dos
músculos no lado esquerdo do corpo e o córtex cerebral esquerdo
↠ Um terço das fibras origina-se do córtex motor
controla a maior parte dos músculos no lado direito do corpo
primário (área 4), um terço do córtex motor secundário (TORTORA, 14ª ed.).
(área 6) e um terço do lobo parietal (áreas 3, 1 e 2); assim,
dois terços das fibras nascem do giro pré-central, e um ↠ Existem dois tipos de vias corticospinais: o trato
terço do giro pós-central (SNELL, 7ª ed.) corticospinal lateral e o trato corticospinal anterior
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios oriundos do córtex passam através da
cápsula interna, fazendo uma ponte entre o telencéfalo e TRATO CORTICONUCLEAR
o tálamo, cruzam a base do pedúnculo cerebral, uma
↠ A via corticonuclear conduz impulsos para o controle
grande coleção de axônios no mesencéfalo, e, então,
dos músculos esqueléticos na cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
passam através da ponte e se reúnem para formar um

@jumorbeck
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↠ Os axônios dos neurônios motores superiores do cruza a linha média logo após sua origem e desce através
córtex cerebral formam o trato corticonuclear, que desce do tronco encefálico próximo ao fascículo longitudinal
com os tratos corticospinais através da cápsula interna do medial. O trato tetospinal desce através do funículo
encéfalo e do pedúnculo cerebral do mesencéfalo anterior da medula espinal, próximo à fissura mediana
(TORTORA, 14ª ed.). anterior (SNELL, 7ª ed.)

↠ Alguns dos axônios do trato corticonuclear fazem ↠ A maioria das fibras termina na coluna cinzenta anterior
decussação; outros, não. Os axônios terminam nos nos segmentos cervicais superiores da medula espinal em
núcleos motores dos nove pares de nervos cranianos no sinapses com neurônios internunciais. Acredita-se que
tronco encefálico: o oculomotor (NC I I), o troclear (NC IV), essas fibras participem de movimentos posturais reflexos
o trigêmeo (NC V), o abducente (NC VI), o facial (NC VII), em resposta a estímulos visuais (SNELL, 7ª ed.)
o glossofaríngeo (NC IX), o vago (NC X), o acessório (NC
XI) e o hipoglosso (NC XII) (TORTORA, 14ª ed.). TRATO RUBROSPINAL
↠ O núcleo rubro situa-se no tegmento do mesencéfalo
VIAS MOTORAS INDIRETAS
ao nível do colículo superior. Os axônios dos neurônios
↠ As vias motoras indiretas ou vias extrapiramidais nesse núcleo cruzam a linha média ao nível do núcleo e
incluem todos os tratos motores somáticos diferentes dos descem no trato rubrospinal através da ponte e bulbo
tratos corticospinal e corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.). para entrar no funículo lateral da medula espinal (SNELL,
7ª ed.).
↠ Axônios dos neurônios motores superiores que
originam as vias motoras indiretas descem provenientes ↠ As fibras terminam em sinapses com neurônios
de vários núcleos do tronco encefálico em cinco tratos internunciais na coluna cinzenta anterior medular. Os
principais da medula espinal e terminam nos neurônios do neurônios do núcleo rubro recebem impulsos aferentes
circuito local ou nos neurônios motores inferiores através de conexões com o córtex cerebral e cerebelo.
(TORTORA, 14ª ed.). Acredita-se que seja uma via indireta importante pela qual
o córtex cerebral e o cerebelo influenciam a atividade dos
TRATOS RETICULOSPINAIS motoneurônios alfa e gama da medula espinal (SNELL, 7ª
↠ Em toda a extensão do mesencéfalo, ponte e bulbo ed.).
existem grupos de células e fibras nervosas dispersas que ↠ O trato facilita a atividade dos músculos flexores e inibe
são coletivamente chamadas de formação reticular. Da a atividade dos músculos extensores ou antigravitacionais
ponte, esses neurônios enviam axônios, cuja maior parte (SNELL, 7ª ed.).
não cruza a linha média, para a medula espinal, formando
o trato reticulospinal pontinho. Do bulbo, neurônios TRATO VESTIBULOSPINAL
similares enviam axônios, que cruzam ou não cruzam a
↠ Os núcleos vestibulares localizam-se na ponte e no
linha média, para a medula espinal, formando o trato
bulbo embaixo do assoalho do quarto ventrículo . Os
reticulospinal bulbar (SNELL, 7ª ed.)
núcleos vestibulares recebem fibras aferentes da orelha
↠ As fibras reticulospinais da ponte descem através do interna através do nervo vestibular e do cerebelo
funículo anterior, enquanto as do bulbo descem no (SNELL, 7ª ed.).
funículo lateral. Os dois conjuntos de fibras entram nas
↠ Os neurônios do núcleo vestibular lateral dão origem
colunas cinzentas anteriores da medula espinal e podem
a axônios que formam o trato vestibulospinal. O trato
facilitar ou inibir a atividade dos motoneurônios alfa e gama
desce, sem cruzar a linha média, através do bulbo e por
(SNELL, 7ª ed.)
toda a extensão da medula espinal no funículo anterior.
↠ Desse modo, os tratos reticulospinais influenciam os As fibras terminam em sinapses com neurônios
movimentos voluntários e a atividade reflexa (SNELL, 7ª internunciais da coluna cinzenta anterior da medula espinal
ed.) (SNELL, 7ª ed.).

TRATO TETOSPINAL CONTROLE INTEGRADO DO MOVIMENTO CORPORAL


↠ As fibras desse trato originam-se de células nervosas ↠ Os músculos esqueléticos não podem se comunicar
no colículo superior do mesencéfalo. A maioria das fibras diretamente um com o outro, então enviam mensagens

@jumorbeck
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para o SNC, permitindo que os centros integradores se RÍTIMICOS


encarreguem do controle do movimento (SILVERTHORN,
7ª ed.). ↠ Os movimentos rítmicos, como caminhar ou correr,
são uma combinação de movimentos reflexos e
↠ A maioria dos movimentos corporais envolve movimentos voluntários. Esses movimentos são iniciados
respostas integradas e coordenadas que necessitam de e terminados por sinalização oriunda do córtex cerebral,
sinalização proveniente de diversas regiões do encéfalo porém, uma vez ativados, redes de interneurônios do
(SILVERTHORN, 7ª ed.). SNC, os geradores centrais de padrão (CPGs, do inglês,
central pattern generation), mantêm a atividade repetitiva
CLASSIFICAÇÃO DO MOVIMENTO
espontânea (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O movimento pode ser classificado, em termos gerais,
O SNC INTEGRA O MOVIMENTO
em três categorias: reflexo, voluntário e rítmico
(SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Três níveis do sistema nervoso controlam o
movimento: a medula espinal, que integra reflexos
REFLEXO espinais e possui os geradores centrais de padrão; o
↠ Os movimentos reflexos são os menos complexos e tronco encefálico e o cerebelo, que controlam os reflexos
são integrados principalmente na medula espinal. No posturais e os movimentos das mãos e dos olhos; e o
entanto, assim como outros reflexos espinais, os córtex cerebral e os núcleos da base, responsáveis pelos
movimentos reflexos podem ser modulados por movimentos voluntários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
informações provenientes de centros encefálicos
↠ O tálamo retransmite e modifica os sinais que chegam
superiores. Além disso, a aferência sensorial que inicia
da medula espinal, dos núcleos da base e do cerebelo
movimentos reflexos, como a aferência dos fusos
com destino ao córtex cerebral (SILVERTHORN, 7ª ed.).
musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi, é enviada
para o encéfalo e participa na coordenação dos ↠ Os movimentos voluntários necessitam da
movimentos voluntários e dos reflexos posturais coordenação entre o córtex cerebral, o cerebelo e os
(SILVERTHORN, 7ª ed.). núcleos da base. O controle do movimento voluntário
pode ser dividido em três etapas: tomada de decisão e
↠ Os reflexos posturais nos ajudam a manter a posição
planejamento, iniciação do movimento e execução do
do corpo enquanto estamos de pé ou nos movendo.
movimento (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Esses reflexos são integrados no tronco encefálico. Eles
requerem aferência sensorial contínua dos sistemas ↠ O córtex cerebral tem um papel-chave nas duas
sensoriais visual e vestibular (orelha interna) e dos próprios primeiras etapas. Os comportamentos, como
músculos. Os receptores musculares, tendinosos e movimentos, necessitam do conhecimento da posição do
articulares fornecem informações sobre a propriocepção, corpo no espaço (onde estou?), da decisão sobre qual
as posições das várias partes do corpo e a relação entre movimento será executado (o que farei?), de um plano
elas (SILVERTHORN, 7ª ed.). para executar o movimento (como faço isso?) e da
capacidade de manter o plano na memória por tempo
VOLUNTÁRIO suficiente para executá-lo (e agora, o que eu estava
↠ Os movimentos voluntários são o tipo mais complexo fazendo exatamente?). Assim como nos movimentos
de movimento. Eles exigem integração no córtex reflexos, a retroalimentação sensorial é utilizada para
cerebral e podem ser iniciados pela vontade, sem refinar o processo continuamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
estímulo externo (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ Um movimento voluntário aprendido melhora com a


prática e, algumas vezes, torna-se automático, como os
reflexos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
“Memória muscular” é o nome que dançarinos e atletas dão à
capacidade do encéfalo inconsciente de reproduzir posições e
movimentos voluntários aprendidos (SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
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espinal, onde fazem sinapse diretamente com os


neurônios motores somáticos. A maioria dessas vias
descendentes cruza para o lado oposto do corpo em
uma região do bulbo, chamada de pirâmides. Como
consequência, essa via é, às vezes, chamada de trato
piramidal (SILVERTHORN, 7ª ed.).

EXEMPLO DO CONTROLE DOS MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS


↠ Posicionado na base, o arremessador está atento ao
ambiente ao seu redor: os outros jogadores no campo,
o rebatedor e a areia embaixo dos seus pés. Com o
auxílio dos estímulos visuais e somatossensoriais
chegando às áreas sensoriais do córtex, ele está ciente
de sua posição corporal à medida que se estabiliza para
o arremesso (1) (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ A decisão sobre qual tipo de arremesso e a


antecipação das consequências ocupa muitas vias no seu
córtex pré-frontal e nas áreas associativas (2). Essas vias
formam alças, passando pelos núcleos da base e pelo
tálamo para modulação antes de retornarem ao córtex
(SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ Uma vez que o arremessador toma a decisão de


lançar uma bola rápida, o córtex motor encarrega-se de
organizar a execução desse movimento complexo. Para
iniciar o movimento, a informação descendente é
transportada das áreas associativas motoras e do córtex
motor para o tronco encefálico, a medula espinal e o
cerebelo (3-4) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O cerebelo ajuda a fazer ajustes posturais, integrando
a retroalimentação vinda de receptores sensoriais
periféricos. Os núcleos da base, que auxiliam as áreas do
córtex motor no planejamento do arremesso, também
fornecem informações ao tronco encefálico sobre
postura, equilíbrio e deslocamento (5) (SILVERTHORN, 7ª ↠ Quando o arremessador dá início ao lançamento,
ed.). reflexos posturais antecipatórios ajustam a posição do
corpo, deslocando levemente o peso em antecipação às
↠ A decisão do jogador em arremessar uma bola rápida
mudanças prestes a ocorrer Através das vias divergentes
agora é traduzida em potenciais de ação, conduzidos por
apropriadas, potenciais de ação dirigem-se aos neurônios
vias descendentes pelo trato corticospinal, um grupo de
motores somáticos que controlam os músculos que
neurônios de projeção que controlam o movimento
realizam o arremesso: alguns são ativados, outros são
voluntário partindo do córtex motor para a medula
inibidos (SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
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↠ Os circuitos neurais permitem um controle preciso depressão, ansiedade e insônia que podem ocorrer em
sobre grupos musculares antagonistas enquanto o qualquer fase da evolução da doença, mas agravam-se
arremessador flexiona e retrai o seu braço direito. O seu muito quando se instala a insuficiência respiratória (ZANINI
peso se desloca sobre o pé direito, ao passo que o seu et. al., 2015)
braço direito se move para trás. Cada um desses
A ELA foi descrita inicialmente por Jean Martin Charcot
movimentos ativa receptores sensoriais que fornecem
em 1874, sendo uma doença do neurônio motor, cuja
informação que retorna à medula espinal, ao tronco
forma mais prevalente é conhecida como clássica e se
encefálico e ao cerebelo, desencadeando os reflexos
caracteriza por apresentar sinais referentes à lesão de
posturais. Esses reflexos ajustam a posição do corpo, de
neurônio motor inferior (amiotrofia), neurônio motor
modo que o arremessador não perca o equilíbrio e caia
superior (espasticidade) e bulbo (disartria/disfagia) (ZANINI
para trás. Por fim, ele joga a bola, recuperando o seu
et. al., 2015)
equilíbrio em seguida – outro exemplo de reflexo postural
mediado por retroalimentação sensorial (SILVERTHORN, Ocorre uma degeneração dos neurônios motores do
7ª ed.). mesencéfalo e da medula com atrofia das grandes vias
piramidais no córtex motor primário e no trato piramidal
ARTIGOS E TESES
e um acúmulo de glutamato no corpo do neurônio que
EFEITO ODULATÓRIO AGUDO DA ELETROESTIMULAÇÃO leva a sua degeneração (ZANINI et. al., 2015)
SOMATOSSENSORIAL APLICADA EM DIFERENTES FREQUÊNCIAS Núcleos da base
NA EXCITABILIDADE CORTICOESPINHAL
↠ Consideram-se como núcleos da base os aglomerados
No AVE o padrão motor costuma ser o mais
de neurônios existentes na porção basal do cérebro.
comprometido, havendo perda de função, atrofia e
Sendo assim. do ponto de vista anatômico, os núcleos da
fraqueza muscular. No entanto, quando um AVE atinge as
base são: o núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido,
vias neuronais descendentes, causando lesão do neurônio
em conjunto chamados de núcleo lentiforme, o claustrom,
motor superior, este passa a ser definido como
o corpo amigdaloide, o núcleo accumbens e o núcleo
“Síndrome do Neurônio Motor Superior” (SNMS). A
basal de Meynert (MACHADO, 3ª ed.).
SNMS deriva em controle anormal de diferentes grupos
musculares contralaterais à lesão, que podem envolver, ↠ O núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido
inclusive, aqueles responsáveis pelos ajustes posturais integram o chamado corpo estriado dorsal e os núcleos
(GARCIA, 2011) basal de Meynert e accumbens integram o corpo estriado
ventral (MACHADO, 3ª ed.).
Um dos desdobramentos desta doença pode ser a
espasticidade, uma condição que ocorre secundariamente ↠ Os núcleos da base exercem um papel importante no
à lesão do neurônio motor superior e que pode resultar controle da postura e dos movimentos voluntários. À
em sérias complicações quanto à prática das atividades diferença de muitas outras partes do sistema nervoso
da vida diária (AVDs), principalmente quando da acentuada implicadas no controle motor, os núcleos da base não
redução no controle voluntário do movimento e das possuem conexões aferentes ou eferentes diretas com
alterações no tônus muscular (GARCIA, 2011) a medula espinal (SNELL, 7ª ed.).
Na SNMS surgem, além da espasticidade, alterações nos Embora os núcleos da base, em especial o corpo estriado dorsal,
reflexos cutâneos, recrutamento muscular continuem a ser estruturas predominantemente motoras, eles
também estão envolvidos com várias funções não motoras,
descoordenado e reduzido, configurando uma paresia
relacionadas a processos cognitivos, emocionais e motivacionais
(GARCIA, 2011) (MAHADO, 3ª ed.).

ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DA ESCLEROSE LATERAL NÚCLEO CAUDADO


AMIOTRÓFICA: RELATO DE CASO
↠ É uma massa alongada e bastante volumosa, de
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença substância cinzenta, relacionada em toda a sua extensão
neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso motor, com os ventrículos laterais. Sua extremidade anterior,
causando comprometimento físico, progressivo e muito dilatada. constitui a cabeça do núcleo caudado, que
acumulativo, déficits cognitivos e comportamentais, como se eleva do assoalho do corno anterior do ventrículo.

@jumorbeck
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↠ Segue-se o corpo do núcleo caudado, situado no Entre o claustrum e o núcleo lentiforme existe outra
assoalho da parte central do ventrículo lateral, a cauda do lâmina branca, a cápsula externa (MACHADO, 3ª ed.).
núcleo caudado, que é longa, delgada e fortemente
↠ O claustrum tem conexões recíprocas com
arqueada, estendendo-se até a extremidade anterior do
praticamente todas as áreas corticais, mas sua função é
corno inferior do ventrículo lateral (MACHADO, 3ª ed.).
ainda enigmática existindo várias hipóteses sobre seu
↠ A cabeça do núcleo caudado funde-se com a parte funcionamento (MACHADO, 3ª ed.).
anterior do putâmen. Os dois núcleos são, em conjunto,
chamados de estriado, e têm funções relacionadas NÚCLEO ACCUMBENS
sobretudo com a motricidade (MACHADO, 3ª ed.). ↠ Massa de substância cinzenta situada na zona de união
entre o putâmen e a cabeça do núcleo caudado,
NÚCLEO LENTIFORME
integrando conjunto que alguns autores chamam de
↠ Tem a forma e o tamanho aproximado de uma corpo estriado ventral. E uma importante área de prazer
castanha-do-pará. Não aparece na superficíe ventricular, do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
situando-se profundamente no interior do hemisfério.
↠ Recebe aferências dopaminérgicas principalmente da
Mediaimente relaciona-se com a cápsula interna que o
área tegmentar ventral do mesencéfalo, e projeta
separa do núcleo caudado e do tálamo; lateralmente,
eferências para a parte orbitofrontal da área pré-frontal.
relaciona-se com o córtex da ínsula, do qual é separado
O núcleo accumbens é o mais importante componente
por substância branca e pelo claustrum (MACHADO, 3ª
do sistema mesolímbico, que é o sistema de recompensa
ed.).
ou do prazer do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O núcleo lentiforme é dividido em putâmen e globo
pálido por uma fina lâmina de substância branca O
putâmen situa-se lateralmente e é maior que o globo
pálido, o qual se dispõe mediaimente. Nas secções não
coradas de cérebro, o globo pálido tem coloração mais
clara que o putâmen (daí o nome), em virtude da
presença de fibras mielínicas que o atravessam
(MACHADO, 3ª ed.).
CORPO ESTRIADO

Situa-se lateralmente ao tálamo e é quase totalmente dividido por uma


faixa de fibras nervosas, a cápsula interna, nos núcleos caudado e
lentiforme. O termo estriado é usado aqui em virtude do aspecto
estriado produzido pelos cordões de substância cinzenta que
atravessam a cápsula interna e conectam o núcleo caudado ao putame
do núcleo lentiforme (SNELL, 7ª ed.).
CORPO AMIGDALOIDE OU AMÍGDALA

O corpo estriado, também chamado corpo estriado dorsal, é ↠ É uma massa esferoide de substância cinzenta de
constituído pelo núcleo caudado, putâmen e globo pálido. A esse cerca de 2 cm de diâmetro. situada no polo temporal do
esquema tradicional do corpo estriado, veio juntar-se, mais hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo
recentemente, o conceito de corpo estriado ventral que apresenta
caudado. Faz uma discreta saliência no teto da parte
características histológicas e hodológicas bastante semelhantes a seus
correspondentes dorsais. Entretanto, uma diferença é que as terminal do como inferior do ventrículo lateral e pode ser
estruturas do corpo estriado ventral pertencem ao sistema límbico, e vista em secções frontais do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
participam da regulação do comportamento emocional. O estriado
ventral tem como principal componente o núcleo accumbens ↠ Tem importante função relacionada com as emoções,
(MACHADO, 3ª ed.). em especial com o medo (MACHADO, 3ª ed.).
CLAUSTRUM ↠ É o componente mais importante do sistema límbico
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ É uma delgada calota de substância cinzenta situada
entre o córtex da ínsula e o núcleo lentiforme. Separa-se ↠ Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, a
daquele por uma fina lâmina branca, a cápsula extrema. amígdala tem 12 núcleos, o que lhe valeu o nome de
complexo amigdaloide. Os núcleos da amígdala se

@jumorbeck
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dispõem em três grupos, corticomedial, basolateral e FUNÇÕES DA AMÍGDALA


central (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da
amígdala causa reações de medo e fuga. A estimulação
dos núcleos do grupo corticomedial causa reação
defensiva e agressiva (MACHADO, 3ª ed.).

↠ O comportamento de ataque agressivo pode ser


desencadeado com estimulação da amígdala, mas
também do hipotálamo (MACHADO, 3ª ed.).

↠ A amígdala contém a maior concentração de


receptores para hormônios sexuais do SNC. Sua
estimulação reproduz uma variedade de
comportamentos sexuais e sua lesão provoca
↠ O grupo corticomedial recebe conexões olfatórias e hipersexualidade (MACHADO, 3ª ed.).
parece estar envolvido com os comportamentos sexuais.
O grupo basolateral recebe a maioria das conexões ↠ Entretanto, a principal e mais conhecida função da
aferentes da amígdala e o central dá origem às conexões amígdala é o processamento do medo. Pacientes com
eferentes (MACHADO, 3ª ed.). lesões bilaterais da amígdala não sentem medo, mesmo
em situações de perigo óbvio, como a presença de uma
↠ A amígdala é a estrutura subcortical com maior cobra venenosa (MACHADO, 3ª ed.).
número de projeções do sistema nervoso, com cerca de
14 conexões aferentes e 20 eferentes (MACHADO, 3ª NÚCLEO BASAL DE MEYNERT
ed.).
↠ O principal componente do prosencéfalo basal é o
↠ Possui conexões aferentes com todas as áreas de núcleo basal de Meynert, que provê grande parte das
associação secundárias do córtex, trazendo informações projeções colinérgicas para o encéfalo sendo um dos
sensoriais já processadas, além das informações das áreas componentes do sistema ativador ascendente
supramodais. Recebe, também, aferências de alguns (MACHADO, 3ª ed.).
núcleos hipotalâmicos, do núcleo dorsomedial do tálamo,
CONEXÕES E CIRCUITOS
dos núcleos septais e do núcleo do trato solitário
(MACHADO, 3ª ed.). ↠ Ao contrário dos outros componentes do sistema
motor, o corpo estriado não tem conexões aferentes ou
↠ As conexões eferentes se distribuem em duas vias. A
eferentes diretas com a medula suas funções são
via amigdalofuga dorsal que, através da estria terminal,
exercidas por circuitos nos quais áreas corticais de
projeta-se para os núcleos septais, núcleo accumbens,
funções diferentes projetam-se para áreas específicas do
vários núcleos hipotalâmicos e núcleos da habênula. E a
corpo estriado que, por sua vez, liga-se ao tálamo e,
via amigdalofuga ventral que projeta-se para as mesmas
através deste, às áreas corticais de origem. Fecham-se,
áreas corticais, talâmicas e hipotalâmicas de origem das
assim, os circuitos em alça corticoestriado-talamocorticais,
fibras aferentes, além do núcleo basal de Meynert
dos quais já foram identificados cinco tipos, a saber:
(MACHADO, 3ª ed.).
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Do ponto de vista neuroquímico, a amígdala tem
grande diversidade de neurotransmissores, tendo sido • Circuito motor: começa nas áreas motora e
demonstrada nela a presença de acetilcolina, GABA, somestésica do córtex e participa da regulação
serotonina, noradrenalina, substância P e encefalinas da motricidade voluntária.
(MACHADO, 3ª ed.). ↠ Origina-se nas áreas motoras do córtex e na área
↠ A grande complexidade estrutural e neuroquímica da somestésica e projeta-se para o putâmen de maneira
amígdala está de acordo com a complexidade de suas somatotópica, ou seja, para cada região do córtex há uma
funções. É a principal responsável pelo processamento região correspondente no putâmen. A partir do putâmen,
das emoções e desencadeadora do comportamento o circuito motor pode seguir por duas vias, direta e
emocional (MACHADO, 3ª ed.). indireta (MACHADO, 3ª ed.).

@jumorbeck
10

↠ Na via direta, a conexão do putâmen se faz núcleos talâmicos resultando em inibição das áreas
diretamente com o pálido medial e deste para os núcleos motoras do córtex. Na via direta o putâmen inibe o pálido
ventral anterior (VA) e ventral lateral (VL) do tálamo de medial, cessa a inibição deste sobre o tálamo resultando
onde se projetam para as mesmas áreas motoras de ativação do córtex e facilitação dos movimentos. Na via
origem (MACHADO, 3ª ed.). indireta ocorre o oposto. A projeção excitatória do núcleo
subtalâmico sobre o pálido medial aumenta a inibição
deste sobre os núcleos talâmicos resultando em inibição
do córtex e dos movimentos (MACHADO, 3ª ed.).

↠ A ação excitatória das fibras dopaminérgicas


nigroestriatais sobre o putâmen também inibe o pálido
medial, com efeito semelhante ao de via direta, ou seja,
há ativação dos núcleos talâmicos, resultando ativação do
córtex motor, com facilitação dos movimentos
(MACHADO, 3ª ed.).

• Circuito oculomotor: começa e termina no


campo ocular motor e está relacionado aos
movimentos oculares;
• Circuito pré-frontal dorsolateral: começa na
↠ Já na via indireta a conexão é com o pálido lateral que, parte dorsolateral da área pré-frontal. Projeta-se
por sua vez, projeta-se para o núcleo subtalâmico e deste para o núcleo caudado, daí para o globo pálido,
para o pálido medial. Do pálido medial, seguido do tálamo núcleo dorsomedial do tálamo e volta ao córtex
e córtex como na via direta (MACHADO, 3ª ed.). pré-frontal. Suas funções são aquelas atribuídas
a esta porção da área pré-frontal;
• Circuito pré-frontal orbitofrontal: começa e
termina na parte orbitofrontal da área pré-frontal
e tem o mesmo trajeto do circuito pré-frontal
dorsolateral. Tem as mesmas funções da área
pré-frontal orbitofrontal, ou seja, manutenção da
atenção e supressão de comportamentos
socialmente indesejáveis
• Circuito límbico: origina-se nas áreas neocorticais
do sistema límbico, em especial a parte anterior
do giro do cíngulo, projeta-se para o estriado
ventral em especial o núcleo accumbens, daí
para o núcleo anterior do tálamo. Este circuito
está relacionado com processamento das
↠ Ligado ao circuito motor há um circuito subsidiário, no emoções.
qual o putâmen mantém conexões recíprocas com a
substância negra. Este circuito é importante porque as
fibras nigroestriatais são dopaminérgicas e exercem ação EXTRA - PATOLOGIA
modulatória sobre o circuito motor. Esta ação é excitatória A destruição aleatória de porções dos núcleos da base
na via direta e inibitória na via indireta. O fato do mesmo não parece afetar os animais experimentais. Entretanto, a
neurotransmissor, dopamina, ter ações diferentes explica- pesquisa sobre a doença de Parkinson (Parkinsonismo)
se pelo fato de que no putâmen existem dois tipos de em seres humanos tem sido mais frutífera. Estudando
receptores de dopamina, Dl excitador e D2 inibidor pacientes com doença de Parkinson, os cientistas têm
(MACHADO, 3ª ed.). aprendido que os núcleos da base possuem um papel
↠ Vejamos como o circuito funciona. Nas duas vias o tanto na função cognitiva e na memória quanto na
pálido medial mantém uma inibição permanente dos dois coordenação do movimento (SILVERTHORN, 7ª ed.).

@jumorbeck
11

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico


progressivo caracterizado por movimentos anormais,
dificuldades na fala e alterações cognitivas. Esses sinais e
sintomas estão associados com perda de neurônios dos
núcleos da base que liberam o neurotransmissor
dopamina. Um sinal anormal que a maioria dos pacientes
com Parkinson apresenta é tremores nas mãos, nos
braços e nas pernas, sobretudo em repouso
(SILVERTHORN, 7ª ed.).

Referências

GARCIA, M. A. C. Efeito ondulatório agudo da


eletroestimulação somatossensorial aplicada em
diferentes frequências na excitabilidade corticoespinhal.
Tese de Doutorado, UFRJ, 2011.

ZANINI et. al. Aspectos neuropsicológicos da esclerose


lateral amiotrófica: relato de caso. Arquivos Catarinenses
de Medicina, 2015.
BEAR et. al. Neurociências. Desvendando o sistema nervos,
4ª ed., ARTMED, 2017.
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara
Koogan, 2010.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

@jumorbeck
APG 07 – “A FUGA E O MEDO” 1

Objetivos NEURÔNIOS SENSITIVOS AUTÔNOMOS

1- Estudar a anatomofisiologia do sistema nervoso ↠ A principal aferência para o SNA é fornecida pelos
autônomo (simpático e parassimpático); neurônios sensitivos autônomos (viscerais). Eles estão
2- Compreender a anatomofisiologia do sistema associados principalmente com interoceptores,
límbico; receptores sensitivos localizados nos vasos sanguíneos,
órgãos viscerais, músculos, e sistema nervoso que
Visão geral da divisão autônoma do sistema nervoso monitoram as condições do ambiente interno
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ É o sistema nervoso autônomo (SNA) que propicia
um controle distinto refinado das funções de muitos Exemplos de interoceptores são os quimiorreceptores que monitoram
órgãos e tecidos, como o miocárdio, músculo liso e os níveis sanguíneos de CO2 e os mecanorreceptores que detectam
o grau de estiramento da parede de órgãos ou vasos sanguíneos
glândulas exócrinas (SNELL, 7ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maioria das atividades do sistema autônomo não MACHADO traz a denominação de visceroceptores (receptores
chega à consciência (SNELL, 7ª ed.). situados nas vísceras.

↠ Realmente, como diz o próprio termo autônomo Ao contrário dos estímulos desencadeados pelo perfume de uma flor,
(auto=próprio; nom=governar), esta subdivisão motora por uma linda pintura ou por uma deliciosa refeição, estes sinais
sensitivos não são percebidos, na maioria das vezes, de modo
do sistema nervoso periférico possui uma certa consciente, embora a ativação intensa destes receptores possa gerar
independência funcional. O SNA recebe também a sensações conscientes. Dois exemplos disso são as sensações
denominação de sistema nervoso involuntário, o que dolorosas secundárias a lesões em órgãos viscerais e a angina de peito
reflete seu controle inconsciente, ou sistema motor (dor torácica) causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para o
coração (TORTORA, 14ª ed.).
visceral geral, indicando a localização da maioria de seus
efetores (MARIEB, 3ª ed.). Os impulsos nervosos aferentes viscerais, antes de penetrar no
sistema nervoso central, passam por gânglios sensitivos. No caso dos
↠ O sistema nervoso visceral é responsável pela impulsos que penetram pelos nervos espinhais, estes gânglios são os
inervação das estruturas viscerais e é muito importante gânglios espinhais, não havendo, pois, gânglios diferentes para as fibras
para a integração da atividade das vísceras, no sentido da viscerais e somáticas (MACHADO, 3ª ed.).
manutenção da constância do meio interno (homeostase) ↠ Os neurônios motores autônomos regulam as funções
(MACHADO, 3ª ed.). viscerais por meio do aumento (excitação) ou da
↠ Assim como no sistema nervoso somático, distingue- diminuição (inibição) das atividades executadas pelos
se no sistema nervoso visceral uma parte aferente e tecidos efetores – músculos lisos, músculo cardíaco e
outra eferente. O componente aferente conduz os glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
impulsos nervosos originados em receptores das vísceras Ao contrário do músculo esquelético, os tecidos inervados pelo SNA
(visceroceptores) a áreas especificas do sistema nervoso geralmente continuam funcionando mesmo que haja um dano a sua
central. O componente eferente traz impulsos de alguns rede nervosa. Por exemplo, o coração continua a bater quando ele é
removido de uma pessoa para ser transplantado; o músculo liso da
centros nervosos até as estruturas viscerais. terminando,
parede do sistema digestório mantém contrações rítmicas
pois, em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco, e independentes; e algumas glândulas produzem secreções na ausência
é chamado de sistema nervoso autônomo (MACHADO, de controle do SNA (TORTORA, 14ª ed.).
3ª ed.).
COMPARAÇÃO ENTRE OS NEURÔNIOS MOTORES SOMÁTICOS E
Alguns autores adotam um conceito mais amplo, incluindo no sistema
AUTÔNOMOS
nervoso autônomo também a parte aferente visceral. Segundo o
conceito de Langley, utilizaremos a denominação Sistema Nervoso ↠ O axônio de um neurônio motor somático mielinizado
Autônomo (SNA) apenas para o componente eferente do sistema
nervoso visceral (MACHADO, 3ª ed.).
se estende da parte central do sistema nervoso (SNC)
até as fibras musculares de uma unidade motora. Por
Convém acentuar que as fibras eferentes viscerais especiais, outro lado, a maioria das vias motoras autônomas é
estudadas a propósito dos nervos cranianos não fazem parte do
sistema nervoso autônomo, pois inervam músculos estriados
formada por dois neurônios motores em série, ou seja,
esqueléticos. Assim, apenas as fibras eferentes viscerais gerais um após o outro (TORTORA, 14ª ed.).
integram este sistema (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O primeiro neurônio (neurônio pré-ganglionar) tem
seu corpo celular no SNC; seu axônio mielinizado se

@jumorbeck
2

projeta do SNC até um gânglio autônomo. (Lembre-se gânglios. Os gânglios das raízes dorsais constituem parte da divisão
de que gânglio é um agrupamento de corpos celulares sensorial, e não motora, do SNP (MARIEB, 3ª ed.).
no SNP.) (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Todos os neurônios motores somáticos liberam
apenas a acetilcolina (ACh) como seu neurotransmissor,
enquanto os neurônios motores autônomos podem
liberar ACh ou norepinefrina (TORTORA, 14ª ed.).

PARTE SIMPÁTICA X PARTE PARASSIMPÁTICA

Ao contrário da eferência somática (motora), a eferência do


SNA apresenta duas partes: a parte simpática e a parte
parassimpática. A maior parte dos órgãos tem dupla inervação,
ou seja, eles recebem impulsos tanto de neurônios simpáticos
↠ O corpo celular do segundo neurônio (neurônio pós- quanto de parassimpáticos (TORTORA, 14ª ed.).
ganglionar) está localizado no mesmo gânglio autônomo;
Essa divisão entre sistemas simpático e parassimpático baseia-
seu axônio não mielinizado se estende diretamente do
se em diferenças anatômicas, diferenças nos
gânglio até o órgão efetor (músculo liso, músculo
neurotransmissores e diferenças nos efeitos fisiológicos (SNELL,
cardíaco, ou glândula) (TORTORA, 14ª ed.). 7ª ed.).

As divisões simpática e parassimpática produzem efeitos


opostos na maioria dos órgãos e, portanto, são consideradas
antagonistas fisiológicos. Porém, deve-se enfatizar que as duas
divisões operam em conjunto entre si, e é o equilíbrio das
atividades que conserva o ambiente interno estável (SNELL, 7ª
ed.).

Em alguns órgãos, os impulsos nervosos de uma parte do SNA


estimulam o órgão a aumentar sua atividade (excitação) e os
estímulos da outra parte, a diminuir a atividade (inibição). Por
exemplo, um aumento da frequência de impulsos nervosos da
parte simpática eleva a frequência cardíaca, enquanto um
aumento da frequência de impulsos nervosos da parte
parassimpática diminui a frequência cardíaca (TORTORA, 14ª
ed.).

A parte simpática é geralmente chamada de parte de luta ou


fuga. As atividades simpáticas causam um aumento da atenção
Em algumas vias autônomas, o primeiro neurônio motor se projeta e das atividades metabólicas que preparam o corpo para uma
para células especializadas conhecidas como células cromafins das situação de emergência. As respostas para estas situações, que
medulas das glândulas suprarrenais (porções internas das glândulas podem ocorrer durante uma atividade física ou um estresse
suprarrenais) em vez de se projetar para um gânglio autônomo. As emocional, incluem aumento da frequência cardíaca e da
células cromafins secretam os neurotransmissores epinefrina e frequência respiratória; dilatação das pupilas; boca seca; pele
norepinefrina (TORTORA, 14ª ed.). fria e úmida; dilatação de vasos sanguíneos em órgãos
envolvidos no combate ao fator estressor (como o coração e
↠ Axônios pré-ganglionares são finos e pouco
os músculos esqueléticos); e liberação de glicose pelo fígado
mielinizados; os axônios pós-ganglionares são muito mais
(TORTORA, 14ª ed.).
finos e amielínicos. Consequentemente, a condução ao
longo da cadeia eferente autônoma é muito mais lenta do A parte parassimpática é geralmente conhecida como a parte
que a condução no sistema motor somático (MARIEB, 3ª de repouso ou digestão, pois suas atividades conservam e
ed.). restauram a energia corporal durante períodos de repouso ou
durante a digestão de um alimento; a maior parte de suas
IMPORTANTE: Tenha em mente que os gânglios autonômicos são eferências é direcionada para os músculos lisos e o tecido
gânglios motores contendo os corpos celulares de neurônios motores. glandular dos sistemas digestório e respiratório. A parte
Tecnicamente, eles são sítios de sinapses e transmissão de parassimpática conserva energia e restaura as reservas de
informações dos neurônios pré-ganglionares para os ganglionares.
nutrientes. Embora as partes simpática e parassimpática
Lembre-se também de que a divisão motora somática não possui
estejam relacionadas com a manutenção da homeostasia, elas

@jumorbeck
3

atuam de modos completamente diferentes (TORTORA, 14ª Ias das parassimpáticas, nas quais predominam as
ed.). vesículas agranulares. No sistema nervoso
periférico, as vesículas granulares pequenas
contêm noradrenalina, e a maioria das vesículas
agranulares contém acetilcolina (MACHADO, 3ª
ed.).

DIFERENÇAS ANATÔMICAS E FARMACOLÓGICAS ENTRE OS SISTEMAS


SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO
CRITÉRIO SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO
Posição do T1 a L2 Tronco encefálico
neurônio pré- e S2 S3 S4
ganglionar
Posição do Longe das vísceras Próximo ou dentro
neurônio pós- da víscera
DIFERENÇAS ANATÔMICAS ganglionar
Tamanho das fibras Curtas Longas
prá-ganglionares
• Posição dos neurônios pré-ganglionares: no
Tamanho das fibras Longas Curtas
sistema nervoso simpático, os neurônios pré- pós-ganglionares
ganglionares localizam-se na medula torácica e Ultraestrutura das Com vesículas Sem vesículas
lombar (entre TI e L2). Diz-se, pois, que o fibras pós- granulares granulares
ganglionares pequenas pequenas
sistema nervoso simpático é toracolombar. No Classificação Adrenérgicas Colinérgicas
sistema nervoso parassimpático, eles se farmacológica das
localizam no tronco encefálico (portanto, dentro fibras pós-
ganglionares
do crânio) e na medula sacral (S2, S3, S4). Diz-
se que o sistema nervoso parassimpático é
craniossacral (MACHADO, 3ª ed.). ASPECTOS ANATÔMICOS DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
• Posição dos neurônios pós-ganglionares: no
sistema nervoso simpático, os neurônios pós- TRONCO SIMPÁTICO
ganglionares, ou seja, os gânglios, localizam-se
↠ A principal formação anatômica do sistema simpático
longe das vísceras e próximos da coluna
é o tronco simpático, formado por uma cadeia de
vertebral. Formam os gânglios paravertebrais e
gânglios unidos através de ramos interganglionares
pré-vertebrais. No sistema nervoso
(MACHADO, 3ª ed.).
parassimpático, os neurônios pós-ganglionares
localizam-se próximos ou dentro das vísceras ↠ Cada tronco simpático estende-se, de cada lado, da
(MACHADO, 3ª ed.). base do crânio até o cóccix, onde termina unindo-se com
• Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: em o do lado oposto. Os gânglios do tronco simpático se
consequência da posição dos gânglios, o dispõem de cada lado da coluna vertebral em toda sua
tamanho das fibras pré e pós-ganglionares é extensão, e são gânglios paravertebrais (MACHADO, 3ª
diferente nos dois sistemas. Assim, no sistema ed.).
nervoso simpático, a fibra pré-ganglionar é curta
↠ Na porção cervical do tronco simpático, temos
e a pós-ganglionar é longa. Já no sistema
classicamente três gânglios: cervical superior, médio e
nervoso parassimpático, temos o contrário: a
inferior. O gânglio cervical médio falta em vários animais
fibra pré-ganglionar é longa, a pós-ganglionar,
domésticos e, frequentemente, não é observado no
curta (MACHADO, 3ª ed.).
homem. Usualmente, o gânglio cervical inferior está
• Ultraestrutura da fibra pós-ganglionar: sabe-se
fundido com o primeiro torácico, formando o gânglio
que as fibras pós-ganglionares contêm vesículas
cervicotorácico, ou estrelado (MACHADO, 3ª ed.).
sinápticas de dois tipos: granulares e agranulares,
podendo as primeiras ser grandes ou pequenas. ↠ O número de gânglios da porção torácica do tronco
A presença de vesículas granulares pequenas é simpático é usualmente menor (10 a 12) que o dos nervos
uma característica exclusiva das fibras pós- espinhais torácicos, pois pode haver fusão de gânglios
ganglionares simpáticas, o que permite separá- vizinhos. Na porção lombar, há de três a cinco gânglios,

@jumorbeck
4

na sacral, de quatro a cinco, e na coccígea, apenas um


gânglio, o gânglio ímpar. para o qual convergem e no qual
terminam os dois troncos simpáticos de cada lado
(MACHADO, 3ª ed.).
A presença de uma grande quantidade de neurônios pré-ganglionares
simpáticos na substância cinzenta da medula espinal produz os cornos
laterais - as chamadas zonas motoras viscerais (MARIEB, 3ª ed.).

IMPORTANTE: Os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos estão em


número menor do que os simpáticos da região toracolombar e, assim,
os cornos laterais estão ausentes na região sacra! da medula espinal.
Esta é a principal diferença entre estas duas divisões (MARIEB, 3ª ed.).

NERVOS ESPLÂNCNICOS E GÂNGLIOS PRÉ-VERTEBRAIS Note que a denominação dos ra.mos comunicantes como branco ou
cinzento decorre de sua aparência, se suas fibras são ou não
↠ Da porção torácica do tronco simpático originam-se, mielinizadas (e não tem relação com a substância branca ou cinzenta
a partir de T5, os nervos espláncnicos: maior; menor e do SNC) (MARIEB, 3ª ed.).
imo, os quais têm trajeto descendente, atravessam o
↠ Como os neurônios pré-ganglionares só existem nos
diafragma e penetram na cavidade abdominal, onde
segmentos medulares de T1 a L2, as fibras pré-
terminam nos gânglios pré-vertebrais. Estes se localizam
ganglionares emergem somente destes níveis, o que
anteriormente à coluna vertebral e à aorta abdominal, em
explica a existência de ramos comunicantes brancos
geral próximo à origem dos ramos abdominais desta
apenas nas regiões torácica e lombar alta. Já os ramos
artéria, dos quais recebem o nome (MACHADO, 3ª ed.).
comunicantes cinzentos ligam o tronco simpático a todos
↠ Assim, existem: dois gânglios celíacos, direito e os nervos espinhais (MACHADO, 3ª ed.).
esquerdo, situados na origem do tronco celíaco; dois
↠ Como o número de gânglios do tronco simpático é
gânglios aórtico-renais, na origem das artérias renais; um
frequentemente menor que o número de nervos
gânglio mesentérico superior e outro mesentérico
espinhais, de um gânglio pode emergir mais de um ramo
inferior, próximo à origem das artérias de mesmo nome
comunicante cinzento, como ocorre, por exemplo, na
(MACHADO, 3ª ed.).
região cervical, onde existem três gânglios para oito
Os nervos esplâncnicos maior e menor terminam, respectivamente, nervos cervicais (MACHADO, 3ª ed.).
nos gânglios celíaco e aórtico-renal (MACHADO, 3ª ed.).
Como as fibras parassimpáticas nunca cursam através de gânglios
Apesar de os nervos esplâncnicos se originarem aparentemente de espinais, os ramos comunicantes estão associados apenas com a
gânglios paravertebrais, eles são constituídos por fibras pré- divisão simpática (MACHADO, 3ª ed.).
ganglionares, além de um número considerável de fibras viscerais
aferentes (MACHADO, 3ª ed.). FILETES VASCULARES E NERVOS CARDÍACOS
RAMOS COMUNICANTES ↠ Do tronco simpático, e especialmente dos gânglios
pré-vertebrais, saem pequenos filetes nervosos que se
↠ Unindo o tronco simpático aos nervos espinhais,
acolam à adventícia das artérias e seguem com elas até
existem filetes nervosos denominados ramos
as vísceras. Assim, do polo cranial do gânglio cervical
comunicantes, que são de dois tipos: ramos comunicantes
superior sai o nervo carotídeo interno, que pode
brancos e ramos comunicantes cinzentos (MACHADO, 3ª
ramificar-se, formando o plexo carotídeo interno, que
ed.).
penetra no crânio, nas paredes da artéria carótida interna.
↠ Os ramos comunicantes brancos, na realidade, ligam a Dos gânglios pré-vertebrais, filetes nervosos acolam-se à
medula ao tronco simpático, sendo, pois, constituídos de artéria aorta abdominal e a seus ramos (MACHADO, 3ª
fibras pré-ganglionares, além de fibras viscerais aferentes. ed.).
Já os ramos comunicantes cinzentos são constituídos de
fibras pós-ganglionares, que, sendo amielínicas, dão a este LOCALIZAÇÃO DOS NEURÔNIOS PRÉ-GANGLIONARES
ramo uma coloração ligeiramente mais escura SIMPÁTICOS, DESTINO E TRAJETO DAS FIBRAS PRÉ
(MACHADO, 3ª ed.). GANGLIONARES

@jumorbeck
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↠ No sistema simpático, o corpo do neurônio pré- vascularização. Assim, as fibras pós-ganglionares


ganglionar está localizado na coluna lateral da medula de que se originam nos gânglios pré-vertebrais
TI a L2. Daí saem as fibras pré-ganglionares pelas raízes inervam as vísceras do abdome, seguindo na
ventrais, ganham o tronco do nervo espinhal e seu ramo parede dos vasos que irrigam estas vísceras. Do
ventral, de onde passam ao tronco simpático pelos ramos mesmo modo, fibras pós-ganglionares originadas
comunicantes brancos. Estas fibras terminam fazendo no gânglio cervical superior formam o nervo e
sinapse com os neurônios pós-ganglionares, que podem o plexo carotídeo interno e acompanham a
estar em três posições: (MACHADO, 3ª ed.). artéria carótida interna em seu trajeto
intracraniano. Exemplo: a inervação simpática da
➢ Ele pode fazer sinapse com um neurônio
pupila (MACHADO, 3ª ed.).
ganglionar do mesmo tronco ganglionar
(MARIEB, 3ª ed.). SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO E SUA ANATOMIA
➢ Ele pode ascender ou descender no tronco
simpático e fazer sinapse em outro gânglio do ↠ Os neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso
tronco. (São estas fibras que percorrem de um parassimpático estão situados no tronco encefálico e na
gânglio a outro que conectam os gânglios do medula sacral. Isto permite dividir este sistema em duas
tronco simpático.) (MARIEB, 3ª ed.). partes: uma craniana e outra sacral (MACHADO, 3ª ed.).
➢ Ele pode passar pelo tronco ganglionar e sair
PARTE CRANIANA DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
deste sem fazer sinapse (MARIEB, 3ª ed.).
↠ É constituída por alguns núcleos do tronco encefálico,
Fibras pré-ganglionares que seguem pela via (3) contribuem para a
formação dos nervos esplâncnicos que fazem sinapses nos gânglios gânglios e fibras nervosas em relação com alguns nervos
colaterais ou pré-vertebrais localizados anteriormente à coluna cranianos. Nos núcleos localizam-se os corpos dos
vertebral (MARIEB, 3ª ed.). neurônios pré-ganglionares, cujas fibras pré-ganglionares
atingem os gânglios através dos pares cranianos III, VII, IX
LOCALIZAÇÃO DOS NEURÔNIOS PÓS-GANGLIONARES
e X (MACHADO, 3ª ed.).
SIMPÁTICOS, DESTINO E TRAJETO DAS FIBRAS PÓS-
GANGLIONARES ↠ Dos gânglios saem as fibras pós-ganglionares para as
glândulas, músculo liso e músculo cardíaco (MACHADO,
↠ Os neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios para 3ª ed.).
e pré-vertebrais, de onde saem as fibras pós-
ganglionares, cujo destino é sempre uma glândula, ↠ Os axônios pré-ganglionares da parte parassimpática
músculo liso ou cardíaco. As fibras pós-ganglionares, para fazem sinapse com neurônios pós-ganglionares de
chegar a este destino, podem seguir por três trajetos: gânglios terminais (intramurais). A maioria destes gânglios
(MACHADO, 3ª ed.). situa-se próximo ou dentro da parede de um órgão
visceral. Os gânglios terminais da cabeça têm nomes
➢ por intermédio de um nervo espinhal: neste específicos: são os gânglios ciliar, pterigopalatino,
caso, as fibras voltam ao nervo espinhal pelo submandibular e ótico (TORTORA, 14ª ed.).
ramo comunicante cinzento e se distribuem no
território de inervação deste nervo. Assim, todos Como os gânglios terminais estão próximos ou dentro da parede dos
órgãos viscerais, os axônios pré-ganglionares parassimpáticos são
os nervos espinhais possuem fibras simpáticas
longos, ao contrário dos axônios pós-ganglionares, que são curtos
pós-ganglionares que, desta forma, chegam aos (TORTORA, 14ª ed.).
músculos eretores dos pelos, às glândulas
Existe, ainda, na parede ou nas proximidades das vísceras, do tórax e
sudoriparas e aos vasos cutâneos; (MACHADO,
do abdome, grande número de gânglios parassimpáticos, em geral
3ª ed.). pequenos, às vezes constituídos por células isoladas. Nas paredes do
➢ por intermédio de um nervo independente: tubo digestivo, eles integram o plexo submucoso (de Meissner) e o
neste caso, o nervo liga diretamente o gânglio à mioentérico (de Auerhach). Estes gânglios recebem fibras pré-
víscera. Aqui se situam, por exemplo, os nervos ganglionares do vago e dão fibras pós-ganglionares curtas para as
vísceras onde estão situadas (MACHADO, 3ª ed.).
cardíacos cervicais do simpático; (MACHADO, 3ª
ed.). PARTE SACRAL DO SISTEMA NERVOSO
➢ por intermédio de uma artéria: as fibras pós-
ganglionares acolam-se à artéria e a ↠ Os neurônios pré-ganglionares estão nos segmentos
acompanham em seu território de sacrais em S2, S3 e S4. As fibras pré-ganglionares saem

@jumorbeck
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pelas raízes ventrais dos nervos sacrais correspondentes, mesentérico inferior, que supre o intestino grosso
ganham o tronco destes nervos, dos quais se destacam (MACHADO, 3ª ed.).
para formar os nervos esplâncnicos pélvicos. Por meio
destes nervos, atingem as vísceras da cavidade pélvica, VISÃO FISIOLÓGICA GERAL (DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS
onde terminam fazendo sinapse nos gânglios (neurônios ENTRE O SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO)
pós-ganglionares) aí localizados (MACHADO, 3ª ed.).
↠ De modo geral, o sistema simpático tem ação
↠ Os nervos esplâncnicos pélvicos são também antagônica à do parassimpático em um determinado
denominados nervos eretores, pois estão ligados ao órgão. Esta afirmação, entretanto, não é válida em todos
fenômeno da ereção. Sua lesão causa a impotência os casos. Assim, por exemplo, nas glândulas salivares os
(MACHADO, 3ª ed.). dois sistemas aumentam a secreção, embora a secreção
produzida por ação parassimpática seja mais fluida e
PLEXOS VISCERAIS muito mais abundante (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Quanto mais próximo das vísceras, mais difícil se torna ↠ Uma das diferenças fisiológicas entre o simpático e o
separar, por dissecação, as fibras do simpático e do parassimpático é que este tem ações sempre localizadas
parassimpático. Isto ocorre porque se forma, nas a um órgão ou setor do organismo, enquanto as ações
cavidades torácica, abdominal e pélvica, um emaranhado do simpático, embora possam ser também localizadas,
de filetes nervosos e gânglios, constituindo os chamados tendem a ser difusas, atingindo vários órgãos
plexos viscerais, que não são puramente simpáticos ou (MACHADO, 3ª ed.).
parassimpáticos, mas que contêm elementos dos dois
sistemas, além de fibras viscerais aferentes (MACHADO, A base anatômica desta diferença reside no fato de que os gânglios
do parassimpático, estando próximos das vísceras, fazem com que o
3ª ed.). território de distribuição das fibras pós-ganglionares seja
necessariamente restrito. Além do mais, no sistema parassimpático,
↠ Na composição destes plexos, temos os seguintes uma fibra pré-ganglionar faz sinapse com um número relativamente
elementos: fibras simpáticas pré-ganglionares (raras) e pequeno de fibras pós-ganglionares. Já no sistema simpático, os
pós-ganglionares; fibras parassimpáticas pré e pós- gânglios estão longe das vísceras e uma fibra pré-ganglionar faz
ganglionares; fibras viscerais aferentes e gânglios do sinapse com grande número de fibras pós-ganglionares que se
distribuem a territórios consideravelmente maiores (MACHADO, 3ª ed.).
parassimpático, além dos gânglios pré-vertebrais do
simpático (MACHADO, 3ª ed.). NEUROTRANSMISSORES E RECEPTORES DO SNA
↠ Nos plexos entéricos, existem também neurônios não ↠ Os neurônios autônomos são classificados, conforme
ganglionares (MACHADO, 3ª ed.). o neurotransmissor liberado, em colinérgico ou
adrenérgico. Os receptores dos neurotransmissores são
↠ Os maiores plexos torácicos são o plexo cardíaco, que
proteínas integrais de membrana localizadas na
supre o coração, e o plexo pulmonar, que inerva a árvore
membrana plasmática de um neurônio pós-sináptico ou
brônquica (MACHADO, 3ª ed.).
de uma célula efetora (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O abdome e a pelve também apresentam plexos
Infelizmente, para propósitos de memorização, os efeitos da ACh e
autônomos importantes, em geral denominados NA em seus efetores não são necessariamente excitatórios ou
conforme a artéria com a qual são distribuídos. O plexo inibitórios. Essa resposta depende não apenas do neurotransmissor,
celíaco (solar) é o maior plexo autônomo e está localizado mas também do receptor ao qual se liga. Os dois ou mais tipos de
em torno do tronco celíaco. Ele envolve dois grandes receptores para cada neurotransmissor vegetativo permite a este
exercer diferentes efeitos (ativação ou inibição) em diferentes alvos
gânglios celíacos, dois gânglios aorticorrenais e uma densa corporais (MARIEB, 3ª ed.).
rede de axônios autônomos distribuídos no estômago, no
baço, no pâncreas, no fígado, na vesícula biliar, nos rins, NEURÔNIOS RECEPTORES COLINÉRGICOS
nas medulas das glândulas suprarrenais, nos testículos e
↠ Os neurônios colinérgicos liberam o neurotransmissor
nos ovários (MACHADO, 3ª ed.).
acetilcolina (ACh). No SNA, os neurônios colinérgicos
↠ O plexo mesentérico superior envolve o gânglio incluem: (TORTORA, 14ª ed.).
mesentérico superior e inerva os intestinos delgado e
➢ todos os neurônios pré-ganglionares simpáticos
grosso. O plexo mesentérico inferior envolve o gânglio
e parassimpáticos;

@jumorbeck
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➢ os neurônios pós-ganglionares simpáticos que neurônios pós-ganglionares simpáticos colinérgicos e apresenta


inervam as glândulas sudoríferas, receptores muscarínicos. Estes receptores foram assim nomeados
porque a muscarina, toxina encontrada em cogumelos, mimetiza a
➢ todos os neurônios pós-ganglionares ação da ACh que se liga a eles (TORTORA, 14ª ed.).
parassimpáticos
A ativação de receptores nicotínicos pela ACh causa a despolarização
↠ A ACh permanece armazenada em vesículas e, portanto, a excitação da célula pós-sináptica, que pode ser um
sinápticas e é liberada por exocitose. Após este processo, neurônio pós-ganglionar, um efetor autônomo, ou uma fibra muscular
esquelética. A ativação de receptores muscarínicos pode causar
ela se difunde pela fenda sináptica e se liga com
despolarização (excitação) ou hiperpolarização (inibição), dependendo
receptores colinérgicos específicos, proteínas integrais de de que tipo de célula tenha estes receptores (TORTORA, 14ª ed.).
membrana encontradas na membrana plasmática pós-
sináptica. Existem dois tipos de receptores colinérgicos, NEURÔNIOS E RECEPTORES ADRENÉRGICOS
ambos os quais se ligam à ACh: os nicotínicos e os
↠ No SNA, os neurônios adrenérgicos liberam
muscarínicos. (TORTORA, 14ª ed.).
norepinefrina, também conhecida como noradrenalina. A
maior parte dos neurônios pós-ganglionares simpáticos é
adrenérgica. Assim como a ACh, a norepinefrina é
armazenada em vesículas sinápticas e liberada por meio
de exocitose. As moléculas de norepinefrina se difundem
pela fenda sináptica e se ligam em receptores específicos
na membrana pós-sináptica, causando excitação ou
inibição da célula efetora (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os receptores adrenérgicos se ligam à norepinefrina


e à epinefrina. A norepinefrina pode ser liberada como
neurotransmissor por neurônios pós-ganglionares
simpáticos ou secretada como hormônio na corrente
sanguínea pelas células cromafins da medula da glândula
suprarrenal; a epinefrina é liberada apenas como
hormônio (TORTORA, 14ª ed.).
Os dois principais tipos de receptores adrenérgicos são os receptores
alfa (a) e os receptores beta (ß), encontrados em efetores viscerais
inervados pela maioria dos axônios pós-ganglionares simpáticos. Estes
receptores são classificados em subtipos – a1, a2, ß1, ß2 e ß3 – de
acordo com suas respostas específicas e com sua ligação seletiva com
fármacos que os ativam ou bloqueiam (TORTORA, 14ª ed.).

Embora existam algumas exceções, a ativação dos receptores a1 e ß1


geralmente causa excitação, e a ativação dos receptores a2 e ß2
gera inibição dos tecidos efetores. Os receptores ß3 são encontrados
apenas nas células do tecido adiposo marrom e sua ativação causa
termogênese (produção de calor) (TORTORA, 14ª ed.).

A norepinefrina estimula mais os receptores alfa do que os beta; a


epinefrina é um potente estimulador de ambos os receptores
Os receptores nicotínicos são encontrados na membrana plasmática (TORTORA, 14ª ed.).
de dendritos e corpos celulares de neurônios pós-ganglionares A atividade da norepinefrina na sinapse acaba quando ela é captada
simpáticos e parassimpáticos, na membrana plasmática das células pelo axônio que a liberou ou quando é enzimaticamente inativada pela
cromafins da medula da glândula suprarrenal e na placa motora da catecolOmetiltransferase (COMT) ou pela monoamina oxidase (MAO)
junção neuromuscular. Tais receptores recebem essa denominação (TORTORA, 14ª ed.).
porque a nicotina mimetiza a ação da ACh quando se liga a eles
(TORTORA, 14ª ed.). Em comparação com a ACh, a norepinefrina permanece na fenda
sináptica por um período maior. Assim, os efeitos desencadeados por
Os receptores muscarínicos são encontrados na membrana neurônios adrenérgicos são normalmente mais duradouros que
plasmática de todos os efetores (músculo liso, músculo cardíaco e aqueles gerados por neurônios colinérgicos (TORTORA, 14ª ed.).
glândulas) inervados por axônios pós-ganglionares parassimpáticos.
Além disso, a maioria das glândulas sudoríferas é inervada por

@jumorbeck
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RECEPTORES AGONISTAS E ANTAGONISTAS ➢ Inibição dos processos que não são essenciais
Um agonista é uma substância que ativa um receptor quando se liga durante o enfrentamento de uma situação
a ele, mimetizando o efeito de um neurotransmissor ou hormônio estressora. Por exemplo, os movimentos da
endógenos (TORTORA, 14ª ed.). musculatura do sistema digestório e a produção
Um antagonista é uma substância que bloqueia um receptor quando
de secreções digestórias diminuem ou até
se liga a ele, evitando a ação de um neurotransmissor ou hormônio param.
endógenos (TORTORA, 14ª ed.).
RESPOSTAS PARASSIMPÁTICAS
FISIOLOGIA DO SNA
↠ A parte parassimpática estimula as respostas de
TÔNUS AUTÔNOMO repouso e digestão. As respostas parassimpáticas
permitem que as funções corporais conservem e
↠ A maior parte dos órgãos do corpo recebe inervação
restaurem energia durante períodos de descanso ou
de ambas as partes do SNA, que geralmente provocam
recuperação. Nos intervalos entre períodos de exercício,
efeitos antagônicos. O equilíbrio entre a atividade das
os impulsos parassimpáticos que estimulam as glândulas
partes simpática e parassimpática, conhecido como tônus
digestivas e os músculos lisos do sistema digestório
autônomo, é regulado pelo hipotálamo. De modo geral,
superam os impulsos simpáticos. Ao mesmo tempo, as
quando o hipotálamo aumenta o tônus simpático, ele
respostas parassimpáticas diminuem a funções corporais
diminui o parassimpático e vice-versa. (TORTORA, 14ª ed.).
relacionadas com a atividade física (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As duas partes podem afetar os órgãos de maneiras
↠ Cinco atividades estimuladas principalmente pela parte
distintas porque seus neurônios pós-ganglionares liberam
parassimpática são a salivação, o lacrimejamento, a
neurotransmissores diferentes e seus órgãos efetores
micção, a digestão e a defecação. Além destas atividades,
apresentam diferentes receptores adrenérgicos e
existem três respostas conhecidas como as “três
colinérgico (TORTORA, 14ª ed.).
diminuições”: da frequência cardíaca, do diâmetro das vias
RESPOSTAS SIMPÁTICAS respiratórias (broncoconstrição) e do diâmetro das pupilas
(miose) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante estresses físicos ou emocionais, a parte
Os efeitos da estimulação simpática duram mais tempo e são mais
simpática domina a parassimpática. Um tônus simpático
disseminados que os efeitos da estimulação parassimpática por três
elevado favorece funções corporais que permitem a motivos: (TORTORA, 14ª ed.).
realização de atividades físicas vigorosas e a produção
rápida de ATP. Ao mesmo tempo, a parte simpática ➢ os axônios pós-ganglionares simpáticos apresentam maior
divergência; consequentemente, uma quantidade maior de
diminui a atividade das funções corporais relacionadas com tecidos é ativada ao mesmo tempo.
o armazenamento de energia. Além do exercício físico, ➢ A acetilcolinesterase rapidamente inativa a acetilcolina, mas
várias emoções – como o medo, a vergonha ou a raiva a norepinefrina permanece na fenda sináptica por um
– estimulam a parte simpática (TORTORA, 14ª ed.). período maior.
➢ A epinefrina e a norepinefrina secretadas pela medula das
↠ A ativação da parte simpática e a liberação de glândulas suprarrenais intensificam e prolongam as
respostas causadas pela norepinefrina liberada pelos
hormônios pelas medulas das glândulas suprarrenais
axônios pós-ganglionares simpáticos
promovem uma série de respostas fisiológicas conhecidas
como resposta de luta ou fuga, que inclui os seguintes Sistema límbico
efeitos: (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A palavra límbico é relativa a limbo, que significa borda
➢ Dilatação das pupilas ou margem; o termo sistema límbico era usado
➢ Aumento da frequência cardíaca, da força de genericamente para incluir um grupo de estruturas que
contração do músculo cardíaco e da pressão se localizam na zona de fronteira entre o córtex cerebral
arterial e o hipotálamo. Atualmente sabe-se, em virtude das
➢ As vias respiratórias se dilatam, permitindo um pesquisas, que o sistema límbico envolve muitas outras
movimento mais rápido do ar para dentro e para estruturas além da zona de fronteira para o controle das
fora dos pulmões emoções, do comportamento e dos impulsos; também
➢ Liberação de glicose pelo fígado, aumentando parece ser importante na memória (SNELL, 7ª ed.).
seus níveis sanguíneos

@jumorbeck
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submetido à ressonância magnética funcional. O córtex


cingular anterior foi ativado quando o episódio recordado
era de tristeza (MACHADO, 3ª ed.).

CÓRTEX INSULAR ANTERIOR


↠ A ínsula tem duas partes, anterior e posterior,
separadas pelo sulco central e muito diferentes em sua
estrutura e funções. Estudos principalmente de
neuroimagem funcional no homem mostraram que o
córtex insular anterior está envolvido em pelo menos nas
seguintes funções: (MACHADO, 3ª ed.).
➢ Empatia, ou seja, a capacidade de se identificar
↠ As emoções estão relacionadas com áreas específicas com outras pessoas e perceber e se sensibilizar
do cérebro que, em conjunto, constituem o sistema com seu estado emocional. Há evidência de que
límbico. Algumas dessas áreas estão relacionadas também esta capacidade, de grande importância social, é
com a motivação, em especial com os processos perdida em lesões da ínsula e pode estar na
motivacionais primários, ou seja, aqueles estados de base de muitas psicopatias.
necessidade ou de desejo essenciais à sobrevivência da ➢ Conhecimento da própria fisionomia como
espécie ou do indivíduo, tais como fome, sede e sexo diferente da dos outros. Por exemplo, ela é
(MACHADO, 3ª ed.). ativada quando uma pessoa se observa em um
ANATOMIA FUNCIONAL DO SISTEMA LÍMBICO espelho ou em uma foto, mas não em fotos de
outras pessoas.
↠ O sistema límbico pode ser conceituado como um ➢ Sensação de nojo na presença ou
conjunto de estruturas corticais e subcorticais interligadas simplesmente com imagens de fezes, vômitos,
morfologicamente e funcionalmente, relacionadas com as carniça e outra situação considerada nojenta.
emoções e a memória. Do ponto de vista anatômico, o
sistema límbico tem como centro o lobo límbico e as CÓRTEX PRÉ-FRONTAL ORBITOFRONTAL
estruturas com ele relacionadas. Do ponto de vista ↠ Está envolvida no processamento das emoções. Ela
funcional, pode-se distinguir, no sistema límbico, dois tem conexões com o corpo estriado e com o núcleo
subconjuntos de estruturas, ligadas às emoções e à dorsomedial do tálamo integrando o circuito em alça
memória (MACHADO, 3ª ed.). orbitofrontal - estriado - tálamo – cortical (MACHADO, 3ª
ed.).

HIPOTÁLAMO
↠O hipotálamo é parte do diencéfalo e se dispõe nas
paredes do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, que
o separa do tálamo
POSIÇÃO CHAVE DO HIPOTÁLAMO

COMPONENTES DO SISTEMA LÍMBICO RELACIONADOS COM A Uma parte importante do sistema límbico é o hipotálamo e suas
estruturas relacionadas. Além de seu papel no controle
EMOÇÃO comportamental essas áreas controlam muitas condições internas do
corpo, como a temperatura corporal, osmolalidade dos líquidos
CÓRTEX CINGULAR ANTERIOR corporais, e os desejos de comer e beber e o controle do peso
corporal. Essas funções do meio interno são coletivamente chamadas
↠ Apenas a parte anterior do giro do cíngulo relaciona- funções vegetativas do cérebro, e seu controle está intimamente
se com o processamento das emoções. Uma das relacionado ao comportamento (GUYTON, 13ª ed.).
evidências desse fato vem de experiências em que
As estruturas anatômicas do sistema límbico formam complexo
pessoas normais foram solicitadas a recordar episódios interconectado de elementos da região basal do cérebro. Situado no
pessoais envolvendo emoções, enquanto seu cérebro era meio de todas essas estruturas, fica o extremamente pequeno

@jumorbeck
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hipotálamo, que, do ponto de vista fisiológico, é um dos elementos NÚCLEO DE ACCUMBENS


centrais do sistema límbico (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Situado entre a cabeça do núcleo caudado e o
putâmen o núcleo accumbens faz parte do corpo
estriado ventral. Recebe aferências dopaminérgicas
principalmente da área tegmentar ventral do
mesencéfalo, e projeta eferências para a parte
orbitofrontal da área pré-frontal (MACHADO, 3ª ed.).

↠ O núcleo accumbens é o mais importante


componente do sistema mesolímbico, que é o sistema de
recompensa ou do prazer do cérebro (MACHADO, 3ª
ed.).

HABÊNULA
↠ A habênula situa-se no trígono das habênulas, no
Essa imagem mostra a posição-chave do hipotálamo no sistema epitálamo, abaixo e lateralmente à glândula pineal
límbico e mostra, a seu redor, outras estruturas subcorticais do sistema (MACHADO, 3ª ed.).
límbico, incluindo a área septal, a área paraolfatória, o núcleo anterior
do tálamo, partes dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala
(GUYTON, 13ª ed.).

E, ao redor das áreas límbicas subcorticais, fica o córtex límbico,


composto por anel de córtex cerebral, em cada um dos hemisférios
cerebrais, (1) começando na área orbitofrontal, na superfície ventral do
lobo frontal; (2) se estendendo-se para cima para o giro subcaloso; (3)
então, de cima do corpo caloso para a região medial do hemisfério
cerebral, para o giro cingulado e, por fim; e (4) passando por trás do
corpo caloso e para baixo, pela superfície ventromedial do lobo
temporal para o giro para-hipocâmpico e para o unco (GUYTON, 13ª
ed.).

O hipotálamo, apesar do seu pequeno tamanho de somente alguns


centímetros cúbicos (e peso de apenas 4 gramas), contém vias
bidirecionais de comunicação com todos os níveis do sistema límbico
(GUYTON, 13ª ed.). ↠ É constituída pelos núcleos habenulares medial e
lateral. O núcleo lateral tem função mais conhecida. A
ÁREA SEPTAL habênula participa da regulação dos níveis de dopamina
↠ Situada abaixo do rostro do corpo caloso, nos neurônios do sistema mesolímbico os quais,
anteriormente à lâmina terminal e à comissura anterior, a constituem a principal área do sistema de recompensa
área septal compreende grupos de neurônios de (ou de prazer) do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
disposição subcortical que se estendem até a base do ↠ A estimulação dos núcleos habenulares resulta em
septo pelúcido, conhecidos como núcleos septais ação inibitória sobre o sistema dopaminérgica
(MACHADO, 3ª ed.). mesolímbico e sobre o sistema serotoninérgico de
↠ A área septal tem conexões extremamente amplas e projeção difusa. Esta ação inibitória está sendo implicada
complexas, destacando-se suas projeções para a na fisiopatologia dos transtornos de humor como a
amígdala, hipocampo, tálamo, giro do cíngulo, hipotálamo depressão na qual há uma ação inibitória exagerada do
e formação reticular, através do feixe prosencefálico sistema mesolímbico (MACHADO, 3ª ed.).
medial. Através deste feixe a área septal recebe fibras AMÍGDALA
dopaminérgicas da área tegmentar ventral e faz parte do
sistema mesolímbico ou sistema de recompensa do ↠ É uma massa esferoide de substância cinzenta de
cérebro (MACHADO, 3ª ed.). cerca de 2 cm de diâmetro. situada no polo temporal do
hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo
caudado. Faz uma discreta saliência no teto da parte

@jumorbeck
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terminal do como inferior do ventrículo lateral e pode ser ↠ Entretanto, a principal e mais conhecida função da amígdala é o
vista em secções frontais do cérebro (MACHADO, 3ª ed.). processamento do medo. Pacientes com lesões bilaterais da amígdala
não sentem medo, mesmo em situações de perigo óbvio, como a
↠ Tem importante função relacionada com as emoções, presença de uma cobra venenosa (MACHADO, 3ª ed.).
em especial com o medo (MACHADO, 3ª ed.). A AMÍGDALA E O MEDO

↠ Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, a O medo é uma reação de alarme diante de um perigo. Esta reação
amígdala tem 12 núcleos, o que lhe valeu o nome de resulta da ativação geral do sistema simpático e liberação de adrenalina
complexo amigdaloide. Os núcleos da amígdala se pela medula da glândula suprarrenal. Este alarme, denominado
Síndrome de Emergência de Cannon, visa preparar o organismo para
dispõem em três grupos, corticomedial, basolateral e uma situação de perigo na qual ele deve ou fugir ou enfrentar o perigo
central (MACHADO, 3ª ed.). (to fight or to fiight) (MACHADO, 3ª ed.).

Circuitos cerebrais envolvidos em um encontro com um boi no meio


do pasto. A informação visual (auditiva, se o boi berrar) é levada ao
tálamo (corpogeniculado lateral) e daí a áreas visuais primárias e
secundárias. A partir desse ponto, a informação segue por dois
caminhos, uma via direta e outra indireta. Na via direta, a informação
visual é levada e processada na amígdala basolateral, passa à amígdala
central, que dispara o alarme, a cargo do sistema simpático. Isto
permite uma reação de alarme imediata com manifestações
autonômicas e comportamental típicas. Na via indireta, a informação
passa ao córtex pré-frontal e depois à amígdala (MACHADO, 3ª ed.).

A via direta é mais rápida e permite resposta imediata ao perigo. A via


indireta é mais lenta, mas permite que o córtex pré-frontal analise as
informações recebidas e seu contexto. Se não houver perigo (o boi é
↠ O grupo corticomedial recebe conexões olfatórias e manso), a reação de alarme é desativada. A via direta é inconsciente
parece estar envolvido com os comportamentos sexuais. e o medo só se toma consciente, ou seja, a pessoa só sente medo
O grupo basolateral recebe a maioria das conexões quando os impulsos nervosos chegam ao córtex (MACHADO, 3ª ed.).
aferentes da amígdala e o central dá origem às conexões SISTEMA DE RECOMPENSA NO ENCÉFALO
eferentes (MACHADO, 3ª ed.).
Sabe-se hoje que as áreas que determinam estimulações com
↠ A amígdala é a estrutura subcortical com maior frequências mais elevadas compõem o sistema dopaminérgico
número de projeções do sistema nervoso, com cerca de mesolímbico ou sistema de recompensa, formada por neurônios
dopaminérgicos que, da área tegmentar ventral do mesencéfalo,
14 conexões aferentes e 20 eferentes (MACHADO, 3ª passando pelo feixe prosencefálico medial, terminam nos núcleos
ed.). septais e no núcleo accumbens, os quais, por sua vez, projetam-se
para o córtex pré-frontal orbitofrontal. Há também projeções diretas
↠ A grande complexidade estrutural e neuroquímica da da área tegmentar ventral para a área pré-frontal e projeções de
amígdala está de acordo com a complexidade de suas retroalirnentação entre esta área e a tegmentar ventral (MACHADO,
funções. É a principal responsável pelo processamento 3ª ed.).
das emoções e desencadeadora do comportamento O Sistema de Recompensa premia com a sensação de prazer os
emocional (MACHADO, 3ª ed.). comportamentos importantes para a sobrevivência, mas é também
ativado por situações cotidianas que causam alegria (MACHADO, 3ª
FUNÇÕES DA AMÍGDALA ed.).
↠ A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da amígdala causa
reações de medo e fuga. A estimulação dos núcleos do grupo
corticomedial causa reação defensiva e agressiva (MACHADO, 3ª ed.).

↠ O comportamento de ataque agressivo pode ser desencadeado


com estimulação da amígdala, mas também do hipotálamo
(MACHADO, 3ª ed.).

↠ A amígdala contém a maior concentração de receptores para


hormônios sexuais do SNC. Sua estimulação reproduz uma variedade
de comportamentos sexuais e sua lesão provoca hipersexualidade Sabe-se hoje que o prazer sentido após o uso de drogas de abuso,
(MACHADO, 3ª ed.). como heroína e crack, deve-se à estimulação do sistema
doparninérgico mesolímbico em especial e o núcleo accumbens. A
dependência ocorre pela estimulação exagerada dos neurônios deste

@jumorbeck
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sistema, o que resulta em gradual diminuição da sensibilidade dos


receptores e redução de seu número. Com isso, doses cada vez
maiores são necessárias para obter-se o mesmo prazer (MACHADO,
3ª ed.).

MEMÓRIA
↠ Memória é a capacidade de se adquirir, armazenar e
evocar informações. A etapa de aquisição é a
aprendizagem do mesmo modo que a evocação é a
etapa de lembrança. O conjunto das memórias de um
indivíduo é parte importante de sua personalidade
(MACHADO, 3ª ed.).
MEMÓRIA OPERACIONAL OU DE TRABALHO

Este tipo de memória permite que informações sejam retidas por


segundos ou minutos, durante o tempo suficiente para dar sequência
a um raciocínio, compreender e responder a uma pergunta,
memorizar o que acabou de ser lido para compreender a frase
↠ Embora o hipocampo seja indispensável para a
seguinte, memorizar um número de telefone durante o tempo
suficiente para discá-lo (MACHADO, 3ª ed.). consolidação das memórias de curta e longa duração,
esses tipos de memória não são armazenados no
Memórias de curta e longa duração hipocampo, pois permanecem depois de sua remoção
A memória de curta duração permite a retenção de informações cirúrgica. O grau de consolidação da memória pelo
durante algumas horas até que sejam armazenadas de forma mais hipocampo é modulado pelas aferências que ele recebe
duradoura nas áreas responsáveis pela memória de longa duração. da amígdala. Esta consolidação é maior quando a
Segundo Izquierdo1 a memória de curta duração dura de 3 a 6 horas,
informação a ser memorizada está associada a um
que é o tempo que leva para se consolidar a memória de longa
duração. A memória de longa duração depende de mecanismos mais episódio de grande impacto emocional (MACHADO, 3ª
complexos que levam horas para serem realizados. Estes dois tipos de ed.).
memórias dependem do hipocampo (MACHADO, 3ª ed.).

ÁREAS RELACIONADAS COM A MEMÓRIA

HIPOCAMPO
↠ É uma eminência alongada e curva situada no assoalho
do corno inferior do ventrículo lateral acima do giro para-
hipocampal (MACHADO, 3ª ed.).

↠ O hipocampo fica situado na parte interna do lobo


temporal médio (FRANÇA, 2019).

↠ A informação chega ao hipocampo, principalmente


através do cortéx entorrinal (CE), a informação passa
pelas diferentes sub-regiões do hipocampo. As sinapses
entre as sub-regiões do hipocampo estão organizadas de
tal forma que sugere que o fluxo de informação é
unidirecional (FRANÇA, 2019).

↠ Sabe-se, hoje, que o hipocampo é também


responsável pela memória espacial ou topográfica,
relacionada a localizações no espaço, configurações ou
rotas e que nos permite navegar, ou seja, encontrar o

@jumorbeck
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caminho que leva a um determinado lugar (MACHADO, trato mamilotalâmico, integrando o circuito de Papez.
3ª ed.). Lesões no cíngulo posterior ou dos núcleos anteriores do
tálamo resultam em amnésias (MACHADO, 3ª ed.)
GIRO DENTEADO
FUNÇÕES COMPORTAMENTAIS DO HIPOTÁLAMO E
↠ É um giro estreito e denteado situado entre a área
entorrinal e o hipocampo com o qual se continua ESTRUTURAS LÍMBICAS ASSOCIADAS
lateralmente (MACHADO, 3ª ed.). Efeitos Causados por Estimulação do Hipotálamo: a
↠ Sua estrutura, constituída por uma só camada de estimulação ou lesões do hipotálamo, além de demonstrar
neurônios, é muito semelhante à do hipocampo. Tem o papel do hipotálamo na regulação das funções
amplas ligações com a área entorrinal e o hipocampo e, vegetativas e endócrinas, pode ter, com frequência,
com este, constitui a formação do hipocampo. Estudos profundos efeitos no comportamento emocional de
recentes mostram que o giro denteado é responsável animais e dos seres humanos (GUYTON, 13ª ed.).
pela dimensão temporal da memória (MACHADO, 3ª ed.) Alguns dos efeitos comportamentais da estimulação são
os seguintes: (GUYTON, 13ª ed.).
CÓRTEX ENTORRINAL
➢ A estimulação da região lateral do hipotálamo,
↠ Ocupa a parte anterior do giro para-hipocampal
não apenas causa sede e fome, mas também
mediaimente a sulco rinal. É um tipo de córtex primitivo
aumenta o nível geral de atividade do animal,
(arquicórtex) e corresponde à área 28 de Brodmann
algumas vezes levando à raiva e à luta.
(MACHADO, 3ª ed.)
➢ A estimulação do núcleo ventromedial e áreas
↠ Recebe fibras do fórnix e envia fibras ao giro denteado adjacentes causa principalmente os efeitos
que, por sua vez, se liga ao hipocampo. O córtex opostos aos ocasionados pela estimulação lateral
entorrinal funciona como um portão de entrada para o hipotalâmica — isto é, sensação de saciedade,
hipocampo, recebendo as diversas conexões que a ele diminuição da alimentação e tranquilidade.
chegam através do giro denteado, incluindo as conexões ➢ A estimulação de zona estreita dos núcleos
que recebe da amígdala e da área septal (MACHADO, 3ª periventriculares localizados imediatamente
ed.) adjacentes ao terceiro ventrículo (ou, também,
pela estimulação da área cinzenta central do
Lesão do córtex entorrinal, mesmo estando intacto o hipocampo,
resulta em grande déficit de memória. O córtex entorrinal é
mesencéfalo, que é contínua com essa porção
geralmente a primeira área cerebral comprometida na doença de do hipotálamo) usualmente leva a reações de
Alzheimer. (MACHADO, 3ª ed.) medo e punição.
➢ O desejo sexual pode ser estimulado em
CÓRTEX PARA-HIPOCAMPAL diversas áreas do hipotálamo, especialmente nas
↠ O córtex para-hipocampal ocupa a parte posterior do porções mais anterior e mais posterior do
giro para-hipocampal continuando-se com o córtex hipotálamo.
cingular posterior no nível do istmo do giro do cíngulo
(MACHADO, 3ª ed.)

↠ Estudos de neuroimagem funcional mostraram que o


córtex para-hipocampal é ativado pela visão de cenários,
especialmente os mais complexos, como uma rua ou uma
paisagem. Entretanto, a ativação só ocorre com cenários
novos e não com os já conhecidos (MACHADO, 3ª ed.)

CÓRTEX CINGULAR POSTERIOR


↠ O córtex cingular posterior, em especial a parte situada
atrás do esplênio do corpo caloso (retroesplenial), recebe
muitas aferências dos núcleos anteriores do tálamo que,
por sua vez, recebem aferências do corpo mamilar pelo

@jumorbeck
14

ARTIGO Referências
Sistema de recompensa dopaminérgico e diferença de FRANÇA, T. A. Plasticidade, topografia e alocação de
gênero em preferências sociais
memórias: uma investigação teórica sobre o código
Nesse estudo, os autores inicialmente comentam que as neural no hipocampo. Universidade Federal do Rio Grande,
mulheres têm maior tendência às escolhas pró-sociais do que Programa de Pós-Graduação, 2019.
os homens, mesmo em casos em que os ganhos secundários
ou estratégicos estão excluídos. FARINAS, M.; ABDO, C. H. N. Sistema de recompensa
dopaminérgico e diferença de gênero em preferências
Escolhas pró-sociais caracterizam-se por serem adversas à sociais Diagnóstico e Tratamento, v. 23, n. 1, pg 24-27,
desigualdade, beneficiando segundos ou terceiros, sendo
2019.
caracterizadas por altruísmo, generosidade e cooperação.
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara
Um estudo recente evidenciou que homens e mulheres com
tendência a terem mais parceiros sexuais apresentam Koogan, 2010.
diferentes padrões cerebrais: em um ambiente de laboratório, MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
os homens com essa tendência apresentam uma combinação
Atheneu, 3ª ed.
de alta ativação do corpo estriado e baixa da amígdala; entre
as mulheres, há alta ativação do corpo estriado e também alta GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
ativação da amígdala Editora Elsevier Ltda., 2017
CONCLUSÃO: Diferenças de gênero entre habilidades e MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
tendências comportamentais podem ter uma base biológica Porto Alegra: Artmed, 2008.
subjacente, para além de influências sociais. Esta base biológica
incluiria a atuação hormonal no período gestacional e uma TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
consequente diferenciação de funcionamento das estruturas em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
cerebrais, em especial do sistema de recompensa e do sistema
límbico

@jumorbeck
1
APG 08 - “Os pares de 12”

Objetivos receptores, que, por serem encontrados em todo o resto


do corpo, são denominados gerais (MACHADO, 3ª ed.).
1- Estudar o funcionamento dos nervos cranianos;
↠ As fibras nervosas em relação com estes receptores
Nervos Cranianos são, pois, classificadas como especiais. Assim, temos:
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os doze pares de nervos cranianos têm esse nome
porque se originam no encéfalo, dentro da cavidade • fibras aferentes somáticas gerais: originam-se
craniana, e passam através de vários forames do crânio em exteroceptores e proprioceptores,
(TORTORA, 14ª ed.). conduzindo impulsos de temperatura. dor,
pressão, tato e propriocepção;
↠ A maioria deles liga-se ao tronco encefálico,
• fibras aferentes somáticas especiais: originam-
excetuando-se apenas os nervos olfatório e óptico, que
se na retina e no ouvido interno, relacionando-
se ligam respectivamente, ao telencéfalo e ao diencéfalo
se, pois, com visão, audição e equilíbrio;
(MACHADO, 3ª ed.).
• fibras aferentes viscerais gerais: originam-se em
↠ Na maioria das vezes, os nomes dos nervos cranianos visceroceptores e conduzem, por exemplo,
expressam as estruturas ou as funções controladas por impulsos relacionados com a dor visceral;
eles. Os nervos são também numerados (usando • fibras aferentes viscerais especiais: originam-se
números Romanos) do mais rostral para o mais caudal em receptores gustativos e olfatórios,
(MARIEB, 3ª ed.). considerados viscerais por estarem localizados
em sistemas viscerais, como os sistemas
↠ Os números indicam a ordem, de anterior para
digestivo e respiratório.
posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os
nomes designam a distribuição ou a função dos nervos COMPONENTES EFERENTES
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maioria dos músculos estriados esqueléticos derivam
↠ Com exceção dos nervos vagos, que se estendem dos miótomos dos somitos e são, por esse motivo,
até o abdome, os nervos cranianos inervam apenas as chamados músculos estriados miotômicos. Com exceção
estruturas da cabeça e do pescoço (MARIEB, 3ª ed.). de pequenos somitos existentes adiante dos olhos
(somitos pré-ópticos), não se formam somitos na
COMPONENTES FUNCIONAIS DOS NERVOS CRANIANOS extremidade cefálica dos embriões (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Nesta região, entretanto, o mesoderma é


fragmentado pelas fendas que delimitam os arcos
branquiais. Os músculos estriados derivados destes arcos
branquiais são chamados músculos estriados
branquioméricos (MACHADO, 3ª ed.).

↠ Os arcos branquiais são considerados formações


viscerais, e as fibras que inervam os músculos neles
originados são consideradas fibras eferentes viscerais
especiais, para distingui-las das eferentes viscerais gerais,
relacionadas com a inervação dos músculos lisos, cardíaco
e das glândulas (MACHADO, 3ª ed.).

↠ As fibras que inervam músculos estriados miotômicos


COMPONENTES AFERENTES são denominadas fibras eferentes somática (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Na extremidade cefálica dos animais, desenvolveram-
se, durante a evolução, órgãos de sentido mais
complexos, que são, nos mamíferos, os órgãos da visão,
audição, gustação e olfação. Os receptores destes órgãos
são denominados "especiais" para distingui-los dos demais

@jumorbeck
2

COMPOSIÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS


↠ Os nervos cranianos, variam muito em sua
composição. Muitos dos nervos cranianos são nervos
mistos (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Três nervos cranianos (I, II e VIII) contêm axônios de NERVO OLFATÓRIO, I PAR
neurônios sensitivos e são, portanto, chamados de nervos
↠ O nervo olfatório é totalmente sensitivo; ele contém
sensitivos especiais. Na cabeça, eles são exclusivos e
axônios que conduzem impulsos nervosos relacionados
estão associados aos sentidos especiais do olfato, da visão com o olfato (TORTORA, 14ª ed.).
e da audição, respectivamente. Os corpos celulares da
maioria dos nervos sensitivos estão localizados em ↠ O epitélio olfatório ocupa a parte superior da cavidade
gânglios situados fora do encéfalo (TORTORA, 14ª ed.). nasal, cobrindo a face inferior da lâmina cribriforme e se
estendendo inferiormente ao longo da concha nasal
↠ Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são superior (TORTORA, 14ª ed.).
classificados como nervos motores, pois eles contêm
apenas axônios de neurônios motores quando deixam o
tronco encefálico. Os axônios que inervam músculos
esqueléticos são de dois tipos: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Axônios motores branquiais inervam músculos
esqueléticos que se desenvolvem a partir dos
arcos faríngeos (branquiais). Estes neurônios
deixam o encéfalo por meio de nervos cranianos
mistos e pelo nervo acessório.
➢ Axônios motores somáticos inervam músculos
esqueléticos que se desenvolvem a partir dos ↠ Os receptores olfatórios do epitélio olfatório são
somitos da cabeça (músculos dos olhos e da neurônios bipolares. Cada um apresenta um dendrito
língua). Estes neurônios saem do encéfalo por sensível a odores que se projeta de um lado do corpo
meio de cinco nervos cranianos motores (III, IV, celular e um axônio não mielinizado que se projeta do
VI, XI e XII). Axônios motores que inervam outro lado (TORTORA, 14ª ed.).
músculos lisos, músculos cardíacos e glândulas
↠ Feixes de axônios de receptores olfatórios passam por
são chamados de axônios motores autônomos
cerca de vinte forames olfatórios na lâmina cribriforme do
e fazem parte da divisão autônoma do sistema
etmoide, em cada lado do nariz. Estes cerca de quarenta
nervoso.
feixes de axônios formam os nervos olfatórios direito e
↠ Os quatro nervos cranianos restantes (V, VII, IX e X) esquerdo (TORTORA, 14ª ed.).
são nervos mistos – contêm axônios de neurônios
sensitivos que entram no encéfalo e de neurônios
motores que deixam o encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
3

Teste clínico: Pede-se para a pessoa cheirar substâncias aromáticas,


como óleo de cravo-da-índia e baunilha, e identificar cada uma delas
(MARIEB, 3ª ed.).

Desequilíbrio homeostático: Fratura no osso etmóide ou lesões nas


fibras olfatórias resultam em perda parcial ou total do olfato, uma e
condição conhecida como anosmia (MARIEB, 3ª ed.).

NERVO ÓPTICO, II PAR

↠ Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas ↠ O nervo óptico (II) é totalmente sensitivo: ele contém
pares de substância cinzenta conhecidas como bulbos axônios que conduzem os impulsos nervosos relacionados
olfatórios, duas projeções do encéfalo que repousam com a visão (TORTORA, 14ª ed.).
sobre a lâmina cribriforme (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais
↠ Nos bulbos olfatórios, as terminações axônicas fazem visuais, transmitindo-os para as células bipolares, que
sinapse com os dendritos e corpos celulares dos enviam estes sinais para células ganglionares (TORTORA,
próximos neurônios da via olfatória. Os axônios destes 14ª ed.).
neurônios formam os tratos olfatórios, que se estendem
posteriormente a partir dos bulbos olfatórios. Os axônios
dos tratos olfatórios terminam na área olfatória primária,
localizada no lobo temporal (TORTORA, 14ª ed.).

Feixes de axônios
Epitélio Receptores olfatórios passam por 20
olfatório - neurônios bipolates forames na lâmina
cribriforme

Tratos Formam o
Terminam nos
NERVO
olfatórios bulbos olfatórios
OLFATÓRIO

↠ Os axônios de todas as células ganglionares da retina


Área olfatória de cada olho se unem para formar o nervo óptico, que
primária - Lobo
temporal passa pelo forame óptico. Cerca de 10 mm atrás do bulbo
do olho, os dois nervos ópticos se cruzam e formam o
↠ As fibras do nervo olfatório são não mielinizadas e quiasma óptico (TORTORA, 14ª ed.).
cobertas com células de Schwann (SNELL, 7ª ed.).
↠ No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho
BULBO OLFATÓRIO cruzam para o lado oposto; os axônios da metade lateral
permanecem no mesmo lado. Posteriormente ao
Essa estrutura ovoide possui vários tipos de células nervosas, a maior
das quais é a célula mitral. As fibras nervosas olfatórias aferentes fazem quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos
sinapse com os dendritos das células mitrais e constituem áreas ópticos (TORTORA, 14ª ed.).
arredondadas conhecidas como glomérulos sinápticos. Células nervosas
menores, denominadas células em tufo e células granulares, também ↠ A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no
formam sinapses com as células mitrais. Ademais, o bulbo olfatório núcleo geniculado lateral do tálamo. Lá eles fazem sinapse
recebe axônios do bulbo olfatório contralateral através do trato com neurônios cujos axônios se estendem até a área
olfatório (SNELL, 7ª ed.).
visual primária no lobo occipital (área 17) (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ Uns poucos axônios passam pelo núcleo geniculado


lateral e se projetam para os colículos superiores do
mesencéfalo e para núcleos motores do tronco
encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores
que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do
bulbo do olho (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
4

O núcleo parassimpático acessório (núcleo de Edinger-Westphal) é


posterior ao núcleo principal do nervo oculomotor (SNELL, 7ª ed.).

↠ O nervo oculomotor (III) tem seu núcleo motor


Retina Bastonetes e Células localizado na parte anterior do mesencéfalo. Este nervo
cones bipolares
se projeta anteriormente e se divide em ramos superior
e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital
superior em direção à órbita (TORTORA, 14ª ed.).
QUIASMA NERVO ÓPTICO
Células
ÓPTICO ganglionares
↠ Os axônios do ramo superior inervam os músculos
reto superior (músculo extrínseco do bulbo do olho) e o
levantador da pálpebra superior (TORTORA, 14ª ed.).
Núcleo
Tratos ópticos geniculado lateral
do tálamo ↠ Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto
medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos músculos
Desequilíbrio homeostático: Dano ao nervo óptico resulta em cegueira
extrínsecos do bulbo do olho (TORTORA, 14ª ed.).
no olho por ele inervado; lesão na via visual após o quiasma óptico
resulta em perda parcial da visão; os déficits visuais são denominados Admite-se que os músculos extrínsecos do olho derivam dos somitos
anopsia (MARIEB, 3ª ed.). pré-ópticos, sendo, por conseguinte, de origem miotômica. As fibras
nervosas que os inervam são, pois, classificadas como e.ferentes
NERVO OCULOMOTOR, PAR III somáticas (MACHADO, 3ª ed.).
Os nervos oculomotor, troclear e abducente são nervos cranianos que ↠ Estes neurônios motores somáticos controlam os
controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos
olhos. Todos são nervos motores e, quando saem do encéfalo, contêm
movimentos do bulbo do olho e da pálpebra superior
apenas axônios (TORTORA, 14ª ed.). (TORTORA, 14ª ed.).
Os axônios sensitivos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho
começam seu curso em direção ao encéfalo em cada um destes
nervos, mas eles acabam se unindo ao ramo oftálmico do nervo
trigêmeo. Os axônios sensitivos não chegam ao encéfalo pelos nervos
oculomotor, troclear ou abducente (TORTORA, 14ª ed.).

Os corpos celulares dos neurônios sensitivos unipolares se situam no


núcleo mesencefálico e entram no encéfalo pelo nervo trigêmeo.
Estes axônios transmitem impulsos nervosos dos músculos
extrínsecos do bulbo do olho relacionados com a propriocepção – a
percepção dos movimentos e da posição do corpo independente da
visão (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo oculomotor possui dois núcleos motores: (1)


núcleo motor principal e (2) núcleo parassimpático
acessório (SNELL, 7ª ed.). ↠ O ramo inferior do nervo oculomotor também supre
axônios motores parassimpáticos dos músculos
O núcleo principal do nervo oculomotor situa-se na parte anterior da intrínsecos do bulbo do olho, formados por músculos lisos.
substância cinzenta que circunda o aqueduto do mesencéfalo. Localiza-
Dentre eles estão os músculos ciliares do bulbo do olho
se ao nível do colículo superior (SNELL, 7ª ed.).
os músculos circulares (músculo esfíncter da pupila) da

@jumorbeck
5

íris. Os impulsos parassimpáticos se propagam de um NERVO TROCLEAR, PAR IV


núcleo mesencefálico (núcleo oculomotor acessório) para
o gânglio ciliar, um centro de transmissão sináptica para ↠ O nervo troclear exerce função exclusivamente
os dois neurônios motores da parte parassimpática da motora (SNELL, 7ª ed.).
divisão autônoma do sistema nervoso (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O nervo troclear (IV) é o menor dos doze nervos
↠ A partir do gânglio ciliar, alguns axônios motores cranianos e o único que emerge da face posterior do
parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar, tronco encefálico (TORTORA, 14ª ed.).
responsável pelo ajuste da lente para a visão de objetos ↠ Os neurônios motores somáticos se originam de um
próximos do observador (acomodação). Outros axônios núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios
motores parassimpáticos estimulam os músculos deste núcleo cruzam para o lado oposto quando deixam
circulares da íris a se contrair quando uma luz intensa o encéfalo por sua face posterior (TORTORA, 14ª ed.).
estimula o olho, causando diminuição do tamanho da
pupila (constrição) (TORTORA, 14ª ed.).
Estes músculos são lisos, e as fibras que os inervam classificam-se
como eferentes viscerais gerais (MACHADO, 3ª ed.).

Núcleo motor - Ramos superior Fissura orbital


parte anterior do
mesencéfalo e inferior superior

RAMO INFERIOR -
RAMO SUPERIOR -
músculos
extrínsecos do bulbo
músculo extrinseco ↠ A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura
e levantador da
e axônios
parassimpáticos
pálpebra supeirior orbital superior em direção à órbita. Estes axônios
motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior,
outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla
Nervos principalmente motores (ocu/omotor =motor do olho); sua movimentação (TORTORA, 14ª ed.).
apresenta uns poucos aferentes proprioceptivos; cada um dos nervos
inclui: (MARIEB, 3ª ed.).

• Fibras motoras somáticas para quatro dos seis músculos


extrínsecos do olho (músculos oblíquo inferior e retos
superior, inferior e medial), que ajudam a direcionar o bulbo
do olho, e para o músculo levantador da pálpebra superior,
que levanta a pálpebra;
• Fibras motoras parassimpáticas (autonômicas) para o
esfíncter da pupila (músculo circular da íris), as quais
provocam a contração da pupila, e para o músculo ciliar,
que controla a forma das lentes para o foco visual; alguns
corpos celulares parassimpáticos encontram-se no gânglio
ciliar;
• Aferentes sensoriais (proprioceptores), que vão dos quatro Núcleo Axônios cruzam
músculos extrínsecos do olho para o mesencéfalo. mesencefálico - quando deixam o
troclear encéfalo
Desequilíbrio homeostático: Na paralisia do nervo oculomotor, o olho
não pode ser movimentado para cima, e para baixo, ou para dentro;
no repouso, o olho desvia lateralmente (estrabismo externo) porque
as ações dos dois músculos extrínsecos do olho, não-inervados pelo Órbita -
Fissura orbital
nervo craniano III, ficam sem oposição; a pálpebra superior permanece músculo oblíquo superior
superior.
caída (ptose), e a pessoa tem visão dupla e dificuldade em focar
objetos próximos (MARIEB, 3ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Trauma ou paralisia de um nervo troclear
resulta em visão dupla e habilidade reduzida para rotacionar
inferolateralmente o olho (MARIEB, 3ª ed.).

@jumorbeck
6

NERVO TRIGÊMEO, V PAR


↠ O nervo trigêmeo possui quatro núcleos: (1) núcleo
sensitivo principal, (2) núcleo espinal, (3) núcleo
mesencefálico e (4) núcleo motor (SNELL, 7ª ed.).
Núcleo Sensitivo Principal: o núcleo sensitivo principal localiza-se na
parte posterior da ponte, lateral ao núcleo motor. Continua-se
inferiormente com o núcleo espinal (SNELL, 7ª ed.).

Núcleo Espinal: o núcleo espinal é contínuo superiormente com o


núcleo sensitivo principal na ponte e estende-se inferiormente através
de toda a extensão do bulbo e à parte superior da medula espinal, até
o segundo segmento cervical (SNELL, 7ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos do nervo trigêmeo transmitem
Núcleo Mesencefálico: o núcleo mesencefálico compõe-se de uma
coluna de células nervosas unipolares situada na parte lateral da impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas
substância cinzenta em volta do aqueduto do mesencéfalo. Estende- (calor e frio) (TORTORA, 14ª ed.).
se inferiormente na ponte até o núcleo sensitivo principal (SNELL, 7ª
ed.). ↠ O nervo oftálmico contém axônios sensitivos da pele
da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais,
Núcleo Motor: o núcleo motor situa-se na ponte medial ao núcleo
sensitivo principal (SNELL, 7ª ed.). da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do
nariz, da fronte e da metade anterior do escalpo
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo maxilar contém axônios sensitivos da túnica


mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos
dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo mandibular contém axônios dos dois terços


anteriores da língua (não relacionados com a gustação),
↠ O nervo trigêmeo (V) é um nervo craniano misto e o da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores,
maior dos nervos cranianos. Ele emerge a partir de duas da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica
raízes na face anterolateral da ponte (TORTORA, 14ª ed). mucosa do assoalho da boca (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A grande raiz sensitiva apresenta uma protuberância ↠ Os axônios sensitivos dos três ramos entram no
conhecida como gânglio trigeminal (semilunar), localizado gânglio trigeminal, onde seus corpos celulares estão
em uma fossa na face interna da parte petrosa do localizados, e terminam em núcleos pontinos (TORTORA,
temporal. O gânglio contém corpos celulares da maior 14ª ed.).
parte dos neurônios sensitivos primários. Os neurônios da
raiz motora, menor, se originam em um núcleo pontino ↠ O nervo trigêmeo também recebe axônios sensitivos
(TORTORA, 14ª ed.). de proprioceptores (receptores que fornecem
informações sobre a posição e os movimentos do corpo)
↠ Como indica seu nome, o nervo trigêmeo apresenta localizados nos músculos da mastigação e extrínsecos do
três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular (TORTORA, bulbo do olho; no entanto, os corpos celulares destes
14ª ed.). neurônios estão localizados no núcleo mesencefálico
↠ O nervo oftálmico, o menor dos ramos, passa pela (TORTORA, 14ª ed.).
órbita na fissura orbital superior. O nervo maxilar tem um As sensações de tato e pressão são conduzidas por fibras nervosas
tamanho intermediário entre os ramos oftálmico e que terminam no núcleo sensitivo principal. As sensações de dor e
mandibular e passa pelo forame redondo. O nervo temperatura destinam-se ao núcleo espinal (SNELL, 7ª ed.).
mandibular, o maior ramo, passa pelo forame oval ↠ Os neurônios motores branquiais do nervo trigêmeo
(TORTORA, 14ª ed.). fazem parte do nervo mandibular e suprem músculos da
mastigação (masseter, temporal, pterigoide medial etc)

@jumorbeck
7

Estes neurônios motores controlam principalmente os


movimentos mastigatórios (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Todos estes músculos derivam do primeiro arco


branquial, e as fibras que os inervam se classificam como
eferentes viscerais especiais (MACHADO, 3ª ed.).

Núcleo pontino - Fissura orbital


abducente superior

Músculo reto
lateral

NERVO FACIAL, VII PAR


↠ O nervo facial (VII) é um nervo craniano misto
Desequilíbrio homeostático: A neuralgia (dor) transmitida por um ou (TORTORA, 14ª ed.).
mais ramos do nervo trigêmeo (V), causada por inflamações ou lesões,
é chamada de neuralgia do trigêmeo. A dor é lancinante, dura entre ↠ O nervo emerge do sulco bulbo-pontino através de
alguns segundos e um minuto, e é causada por qualquer coisa que uma raiz motora, o nervo facial propriamente dito, e uma
pressione o nervo trigêmeo ou seus ramos. Ela ocorre quase raiz sensitiva e visceral, o nervo intermédio (de Wrisberg)
exclusivamente em pessoas acima dos 60 anos de idade e pode ser (MACHADO, 3ª ed.).
o primeiro sinal de uma doença que provoque lesão dos nervos, como
o diabetes, a esclerose múltipla ou a deficiência de vitamina B12. Lesões ↠ O nervo facial possui três núcleos: (1) o núcleo motor
do nervo mandibular podem causar a paralisia dos músculos da
principal, (2) os núcleos parassimpáticos e (3) o núcleo
mastigação e a perda das sensibilidades tátil, térmica, dolorosa e
proprioceptiva da parte inferior da face (TORTORA, 14ª ed.). sensitivo (SNELL, 7ª ed.).

NERVO ABDUCENTE, VI PAR


↠ O nervo abducente é um pequeno nervo motor que
supre o músculo reto lateral do bulbo do olho (SNELL, 7ª
ed.).

↠ Neurônios do nervo abducente (VI) se originam em


um núcleo pontino (núcleo abducente). Os axônios
motores somáticos se projetam deste núcleo em direção
ao músculo reto lateral, um músculo extrínseco do bulbo
do olho, pela fissura orbital superior (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo abducente tem esse nome porque é ↠ Seus axônios sensitivos se projetam a partir dos
responsável pela abdução (rotação lateral) do bulbo do calículos gustatórios dos dois terços anteriores da língua,
olho (TORTORA, 14ª ed.). entrando no temporal para se unir ao nervo facial. Deste
ponto, os axônios sensitivos passam pelo gânglio
Desequilíbrio homeostático: Na paralisia do nervo abducente, o olho
não pode ser movido lateralmente; no repouso, o bulbo do olho
geniculado, grupo de corpos celulares de neurônios
afetado desvia medialmente (estrabismo interno) (MARIEB, 3ª ed.). sensitivos do nervo facial dentro do temporal, e terminam
na ponte. A partir da ponte, os axônios de estendem até
o tálamo, e dali para áreas gustativas do córtex cerebral
(TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
8

↠ A parte sensitiva do nervo facial também apresenta


axônios da pele, do meato acústico externo que
transmitem sensações táteis, álgicas e térmicas. Além
disso, propriceptores de músculos da face e do escalpo
transmitem informações, por meio de seus corpos
celulares, para o núcleo mesencefálico (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ Os axônios dos neurônios motores branquiais se


originam de um núcleo pontino e saem pelo forame
estilomastóideo para inervar músculos da orelha média, da
face, do escalpo e do pescoço. Impulsos nervosos que se
propagam por estes axônios causam a contração dos
músculos da mímica facial, bem como do músculo estilo-
hióideo, ventre posterior do músculo digástrico e músculo
estapédio (TORTORA, 14ª ed.).

Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo facial (VII) por doenças


como infecções virais (herpes-zóster) ou bacterianas (doença de
Lyme) causam a paralisia de Bell (paralisia dos músculos faciais), bem
como perda de gustação, diminuição da salivação e perda da
capacidade de fechar os olhos, mesmo durante o sono. Este nervo
também pode ser lesado por traumatismo, tumores e AVE.
↠ O nervo facial inerva mais músculos do que qualquer (TORTORA, 14ª ed.).
outro nervo do corpo (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO VESTIBULOCOCLEAR, VIII PAR
↠ Axônios de neurônios motores percorrem ramos do
nervo facial e se terminam em dois gânglios: o gânglio ↠ O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente
pterigopalatino e o gânglio submandibular. Por meio de conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um
transmissões sinápticas nos dois gânglios, os axônios nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear
motores parassimpáticos se projetam para as glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
lacrimais (que secretam as lágrimas), as glândulas nasais,
↠ O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com
as glândulas palatinas, as glândulas sublinguais e as
o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição (TORTORA,
glândulas submandibulares (estas duas últimas produtoras
14ª ed.).
de saliva) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na orelha interna, os axônios sensitivos do ramo
↠ Os nervos faciais são os principais nervos motores da vestibular se projetam a partir dos canais semicirculares,
face; possuem cinco ramos principais: temporal, do sáculo e do utrículo para os gânglios vestibulares, onde
zigomático, bucal, mandibular e cervical (MARIEB, 3ª ed.). os corpos celulares destes neurônios estão localizados, e

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se terminam nos núcleos vestibulares da ponte e do como traumatismo, tumores ou infecções da orelha interna
cerebelo. Alguns axônios sensitivos também entram no (TORTORA, 14ª ed.).
cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior (TORTORA, 14ª NERVO GLOSSOFARÍNGEO, IX PAR
ed.).
↠ O nervo glossofaríngeo (IX) é um nervo craniano misto
ORELHA (TORTORA, 14ª ed.).
Canais
INTERNA -
semicirculares
Axônios
↠ O nervo glossofaríngeo possui três núcleos: (1) o
núcleo motor principal, (2) o núcleo parassimpático e (3)
o núcleo sensitivo (SNELL, 7ª ed.).
Núcleo vestibular Gânglios
da ponte e ↠ Os axônios sensitivos deste nervo se originam:
cerebelo vestibulares
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os axônios sensitivos do ramo coclear se originam no • dos calículos gustatórios do terço posterior da
órgão espiral (órgão de Corti), localizado na cóclea. Os língua;
corpos celulares destes neurônios se situam no gânglio • de proprioceptores de alguns músculos de
espiral da cóclea. A partir daí, os axônios se projetam até deglutição que são inervados pela parte motora;
núcleos bulbares e terminam no tálamo (TORTORA, 14ª • de barorreceptores (receptores de pressão) do
ed.). seio carótico que monitoram a pressão
sanguínea;
Órgão espiral - • de quimiorreceptores (receptores que
Gânglio espiral
Axônios monitoram os níveis sanguíneos de oxigênio e
de gás carbônico) nos glomos caróticos, situados
próximo das artérias carótidas, e nos glomos
paraórticos, localizados perto do arco da aorta;
Tálamo
Núcleos • da orelha externa para transmitir impulsos táteis,
bulbares
álgicos e térmicos (calor e frio).

↠ O nervo vestibulococlear contém algumas fibras ↠ Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão
motoras. No entanto, em vez de inervarem tecidos localizados nos gânglios superior e inferior. A partir destes
musculares, elas modulam as células ciliadas da orelha gânglios, os axônios sensitivos passam pelo forame jugular
interna (TORTORA, 14ª ed.). e terminam no bulbo (TORTORA, 14ª ed.).

Axônios Glânglios superior


sensitivos e inferior

Bulbo Forame jugular

As fibras sensoriais conduzem impulsos gustatórios e sensoriais gerais


(tato, pressão, nocicepção) da faringe e porção posterior da língua;
de quimiorreceptores nos corpos carotídeos (monitoram os níveis de
02 e C02 no sangue e ajudam a regular a frequência e a profundidade
respiratórias); e de barorreceptores do seio carotídeo (que monitoram
Desequilíbrio homeostático: Lesões do ramo vestibular do nervo a pressão sanguínea). Os corpos celulares dos neurônios sensoriais
vestibulococlear (VIII) podem causar vertigem (sensação subjetiva de estão localizados nos gânglios superior e inferior (MARIEB, 3ª ed.).
que o próprio corpo ou o ambiente estão rodando), ataxia
(descoordenação muscular) e nistagmo (movimentos involuntários ↠ Os axônios dos neurônios motores do nervo
rápidos do bulbo do olho). Lesões do ramo coclear podem causar glossofaríngeo partem de núcleos bulbares e saem do
zumbido ou surdez. Tais lesões podem ser secundárias a condições crânio pelo forame jugular. Os neurônios motores

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branquiais inervam o músculo estilofaríngeo, que auxilia na e o gânglio inferior (ou nodoso), situado logo abaixo desse
deglutição, e os axônios dos neurônios motores forame (MACHADO, 3ª ed.).
parassimpáticos estimulam a secreção de saliva pela
↠ Entre os dois gânglios, reúne-se ao vago o ramo
glândula parótida (TORTORA, 14ª ed.).
interno do nervo acessório (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os corpos celulares pós-ganglionares dos neurônios
↠ Os axônios sensitivos do nervo vago se originam da
motores parassimpáticos situam-se no gânglio ótico
pele da orelha externa para enviar informações sensitivas
(TORTORA, 14ª ed.).
táteis, álgicas e térmicas; de alguns receptores gustativos
na epiglote e na faringe; e de proprioceptores em
músculos do pescoço e da faringe. Além disso, este nervo
apresenta axônios sensitivos derivados de
barorreceptores no seio carótico e de quimiorreceptores
nos glomos paraórticos (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A maior parte dos neurônios sensitivos se origina de


receptores da maioria dos órgãos situados nas cavidades
torácica e abdominal, transmitindo sensações (como
fome, plenitude e desconforto) destes órgãos
(TORTORA, 14ª ed.).

Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo glossofaríngeo causam ↠ Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão
disfagia, ou dificuldade para engolir; aptialia, ou diminuição da secreção localizados nos gânglios superior e inferior; seus axônios
de saliva; perda de sensibilidade na garganta/faringe; e ageusia, ou
então passam pelo forame jugular e terminam no bulbo
perda do paladar. Tais lesões podem ser secundárias a traumas ou
tumores (TORTORA, 14ª ed.). e na ponte (TORTORA, 14ª ed.).

NERVO VAGO, X PAR Axônios


Glânglios superior
sensitivos -
e inferior
↠ O nervo vago (X) é um nervo craniano misto que receptores
passa pela cabeça e pelo pescoço até o tórax e o
abdome (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo vago, o maior dos nervos cranianos, é misto Bulbo e ponte Forame jugular
e essencialmente visceral. Emerge do sulco lateral
posterior do bulbo sob a forma de filamentos radiculares
que se reúnem para formar o nervo vago (MACHADO, ↠ Os neurônios motores branquiais, que percorrem uma
3ª ed.). curta distância junto com o nervo acessório, se originam
de núcleos bulbares e suprem músculos da faringe, da
↠ O nervo vago possui três núcleos: (1) o núcleo motor laringe e do palato mole que são utilizados na deglutição,
principal, (2) o núcleo parassimpático e (3) o núcleo na vocalização e na tosse (TORTORA, 14ª ed.).
sensitivo (SNELL, 7ª ed.).
↠ Historicamente estes neurônios motores foram
↠ Ele tem este nome devido a sua ampla distribuição no chamados de nervo acessório craniano, mas, na verdade,
corpo. No pescoço, ele é medial e posterior à veia jugular estas fibras pertencem ao nervo vago (X) (TORTORA,
interna e à artéria carótida comum (TORTORA, 14ª ed.). 14ª ed.).
↠ Neste longo trajeto, o nervo vago dá origem a ↠ Os axônios de neurônios motores parassimpáticos do
numerosos ramos que inervam a laringe e a faringe, nervo vago se originam de núcleos bulbares e inervam
entrando na formação dos plexos viscerais que os pulmões, o coração, glândulas do trato gastrintestinal
promovem a inervação autônoma das vísceras torácicas (TGI) e músculos lisos das vias respiratórias, do esôfago,
e abdominais (MACHADO, 3ª ed.). do estômago, da vesícula biliar, do intestino delgado e de
↠ O vago possui dois gânglios sensitivos, o gânglio boa parte do intestino grosso. Os axônios motores
superior (ou jugular), situado ao nível do forame jugular, parassimpáticos estimulam a contração dos músculos lisos
do TGI, para auxiliar na motilidade deste trato, e na

@jumorbeck
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secreção das glândulas digestórias; ativam músculos lisos sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame
das vias respiratórias para diminuir seu calibre; e diminuem jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo
a frequência cardíaca (TORTORA, 14ª ed.). (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O nervo acessório transmite impulsos motores para


os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o
objetivo de coordenar os movimentos da cabeça
(TORTORA, 14ª ed.).

Cornos
Neurônios
anteriores da
motores
região cervical

Forame jugular Forame magno

↠ Os axônios sensitivos deste nervo, derivados de


proprioceptores dos músculos esternocleidomastóideo e
trapézio, começam seu curso em direção ao encéfalo no
nervo acessório; entretanto, eles acabam deixando este
nervo para se juntar a nervos do plexo cervical. A partir
do plexo cervical, estes axônios entram na medula espinal
por meio das raízes posteriores dos nervos cervicais;
seus corpos celulares estão localizados nos gânglios
sensitivos destes nervos. Na medula espinal, os axônios
então ascendem em direção a núcleos bulbares
(TORTORA, 14ª ed.).

Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo vago (X), secundárias a


doenças como traumas ou tumores, causam neuropatia vagal, ou
interrupção no envio das sensações de vários órgãos das cavidades
torácica e abdominal; disfagia, ou dificuldade em engolir; e taquicardia,
ou aumento da frequência cardíaca (TORTORA, 14ª ed.).

NERVO ACESSÓRIO, XI PAR


↠ O nervo acessório (XI) é um nervo craniano branquial.
Historicamente ele foi dividido em duas partes: um nervo
acessório craniano e um nervo acessório medular.
O nervo acessório é formado por uma raiz craniana (ou bulbar) e uma
Atualmente classifica-se o nervo acessório craniano como
raiz espinhal. A raiz espinhal é formada por filamentos radiculares que
parte do nervo vago (X) (TORTORA, 14ª ed.). emergem da face lateral dos cinco ou seis primeiros segmentos
cervicais da medula e constituem um tronco comum que penetra no
↠ O “antigo” nervo acessório medular é o que crânio pelo forame magno A este tronco reúnem-se os filamentos da
discutiremos. Seus neurônios motores se originam dos raiz craniana que emergem do sulco lateral posterior do bulbo. O
cornos anteriores dos primeiros cinco segmentos da tronco comum atravessa o brame jugular em companhia dos nervos
parte cervical da medula espinal. Seus axônios deixam a glossofaríngeo e vago, dividindo-se em um ramo interno e outro
externo. O ramo interno, que contém as fibras da raiz craniana, reúne-
medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante;

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se ao vago e distribui-se com ele. O ramo externo contém as fibras A patogênese relacionada às alterações no olfato e no paladar
da raiz espinhal, tem trajeto próprio e, dirigindo-se obliquamente para em pacientes com COVID-19 ainda não é totalmente
baixo, inerva os músculos trapézio e estemocleidomastoídeo compreendida. Acredita-se que as alterações no sentido do
(MACHADO, 3ª ed.). olfato se originem de danos ao bulbo olfatório ou nervo olfatório
Desequilíbrio homeostático: Se o nervo acessório é lesado por causados pelo vírus. Foi relatado que o vírus causa danos
doenças como traumatismos, tumores ou AVE ocorre a paralisia dos diretamente na cavidade oral e no epitélio olfatório por meio
músculos esternocleidomastóideo e trapézio. Nesta condição, o dos receptores da enzima conversora de angiotensina 2
indivíduo não consegue elevar os ombros e tem dificuldade em realizar (ACE2).
a rotação da cabeça. (TORTORA, 14ª ed.).
Descobriram que o vírus se liga aos receptores ACE no epitélio
NERVO HIPOGLOSSO, XII PAR nasal e causa degeneração da mucosa nasal e subsequente
inflamação e dano aos receptores neurais responsáveis pelo
↠ O nervo hipoglosso (XII) é um nervo craniano motor. olfato. Outra hipótese, atualmente a mais aceita, sugere as
Seus axônios motores somáticos se originam de um alterações diretas do sistema nervoso central pelo vírus.
núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do
bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do Paralisia isolada do nervo abducente associada à doença por
nervo hipoglosso para então inervar os músculos da coronavírus: acompanhamento de 8 meses (MEDEIROS et. al.,
2019)
língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos
relacionados com a fala e a deglutição (TORTORA, 14ª O SARS-CoV-2 possui capacidades neurotrópicas e
ed.). neuroinvasivas. Neurite óptica bilateral, papiledema e paresia
aguda do nervo craniano (NC), incluindo envolvimento do nervo
Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo
abducente e oculomotor, foram relatados.
hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de
proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso Paciente do sexo masculino de 48 anos que apresentou
em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se paralisia isolada do nervo abducente após COVID-19, sem
juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na
evidência de envolvimento do NC em neuroimagem. Além
parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos
espinais cervicais (TORTORA, 14ª ed.).
disso, descreveu-se a melhora completa e espontânea do caso
em um período de 8 meses.

O SARS-CoV-2 usa a enzima conversora de angiotensina 2


(ACE2) para invadir células humanas. Como os receptores
ACE2 estão presentes nas células e neurônios da glia, eles
concluíram que parte do comprometimento neurológico na
COVID-19 pode ser devido a lesão neurológica viral direta ou os
mecanismos autoimunes e neuroinflamatórios indiretos.

Ageusia e anosmia na covid-19: manifestações de interesse na


odontologia (VIEIRA; CASAIS, 2020)

Os distúrbios do paladar têm, na maioria dos casos, origem em


uma disfunção olfativa. O paladar e olfato, atuam de maneira
Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo hipoglosso (XII) podem conjunta e conceituam-se como sentidos, cujos receptores são
causar dificuldades na mastigação; disartria (dificuldade para falar); e estimulados por sentidos químicos. São intermediados pelo
disfagia (TORTORA, 14ª ed.). sistema nervoso periférico, que identificam os estímulos
sensoriais, na cavidade oral e nasal, e encaminham a informação
para o sistema nervoso central.
Artigos O paladar é a sensação que nos permite diferenciar sabores,
Disfunção do olfato e paladar em pacientes com COVID-19: como doce, amargo, salgado e azedo. Esta percepção é
uma revisão bibliográfica (SILVA et. al, 2021) decorrente da presença de estruturas na língua, denominadas
de papilas gustativas, as quais são formadas por três tipos de
Vários estudos mostraram uma associação entre COVID-19 e células: células receptoras do sabor, células de suporte e células
sintomas quimiossensoriais, como disfunção olfatória e disgeusia. precursoras ou basais. As células receptoras do sabor,
A disfunção olfatória inclui uma perda completa do olfato encontradas nas papilas gustativas, são inervadas por neurônios
(anosmia); diminuição do olfato (hiposmia) ou distorção do olfato aferentes, que transmitem a sensação até o cérebro, por três
(disosmia). nervos cranianos:

@jumorbeck
13

• o ramo sensitivo do nervo intermédio (N. facial), que


inerva os receptores de gosto no terço anterior da
língua (corda timpano) e palato (N. petroso superficial);
• Nervo glossofaríngeo, que inerva os receptores na
porção posterior da língua;
• Nervo vago (N. laríngeo superior), que inerva os
receptores na orofaringe e porção faríngea da
epiglote.

No olfato, a informação sensorial é transmitida ao cérebro por


meio dos bulbos olfatórios e difere do paladar, pois é inervado
por apenas um nervo - o olfatório, que imerge pelas
perfurações da placa cribiforme e alcançam no bulbo olfatório.
Estudos apontam que a perda de paladar e olfato se
manifestam no início da doença pelo novo Coronavírus e em
quadros leves, sendo de grande relevância considerá-los como
prodrômicos, por surgirem antes mesmo de manifestações
respiratórias.

Referências

SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara


Koogan, 2010.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.

TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível


em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

SILVA et. al, 2021. Disfunção do olfato e paladar em


pacientes com COVID-19: uma revisão bibliográfica.
Brazilian Journal of Health Review, 2021.
MEDEIROS et. al., 2019. Paralisia isolada do nervo abducente
associada à doença por coronavírus: acompanhamento
de 8 meses. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2019.
VIEIRA, V. S.; CASAIS, P. M. M. Ageusia e anosmia na covid-
19: manifestações de interesse na odontologia, 2020.

@jumorbeck
1
APG 09 -SERÁ QUE ELE VAI CONSEGUIR ME OUVIR?

Objetivos • a orelha média, que conduz as vibrações sonoras


para a janela do vestíbulo (oval);
1- Estudar a anatomofisiologia da audição e a • a orelha interna, que armazena os receptores
histologia das células envolvidas na audição; para a audição e para o equilíbrio.
2- Citar os microrganismos que afetam o
desenvolvimento embrionário; ORELHA EXTERNA
Audição ↠ A orelha externa é formada pela orelha (pavilhão
auricular, aurícula ou pina), pelo meato acústico externo e
↠ A orelha é um órgão sensorial especializado em duas pela membrana timpânica (TORTORA, 14ª ed.).
funções distintas: audição e equilíbrio (SILVERTHORN, 7ª
ed.). ↠ A orelha é uma aba de cartilagem elástica com
formato semelhante à extremidade de uma corneta e
↠ A audição é a capacidade de perceber os sons. A recoberta por pele. A sua margem é a hélice; a parte
orelha é uma maravilha da engenharia porque seus inferior é o lóbulo. Ligamentos e músculos ligam a orelha
receptores sensitivos permitem a transdução de à cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
vibrações sonoras com amplitudes tão pequenas quanto
o diâmetro de um átomo de ouro (0,3 nm) em sinais ↠ O meato acústico externo é um tubo curvado com
elétricos mil vezes mais rapidamente do que os cerca de 2,5 cm de comprimento que se encontra no
fotorreceptores podem responder à luz (TORTORA, 14ª temporal e leva à membrana timpânica (TORTORA, 14ª
ed.). ed.).

↠ A orelha também possui receptores para o equilíbrio, ↠ A forma do pavilhão nos torna mais sensíveis aos sons
o sentido que ajuda você a manter seu equilíbrio e se que chegam de frente do que de trás (BEAR et. al., 4ª
orientar no espaço (TORTORA, 14ª ed.). ed.).

Anatomia da orelha ↠ Próximo a sua abertura externa, o meato acústico


externo contém alguns pelos e glândulas sudoríferas
↠ Os órgãos da audição e equilíbrio são divididos em três especializadas chamadas de glândulas ceruminosas, que
partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. As secretam cera de ouvido ou cerume. A combinação
orelhas externa e média estão envolvidas somente na entre pelos e cerume ajuda a evitar a entrada de poeira
audição, enquanto a interna tem as funções de audição e e de objetos estranhos na orelha. O cerume também
equilíbrio (SEELY, 10ª ed.). evita danos à pele delicada do meato acústico externo
que podem ser causados pela água e por insetos. O
cerume em geral desidrata e desprende-se do meato
acústico (TORTORA, 14ª ed.).
Entretanto, algumas pessoas produzem muito cerume, que pode se
tornar compactado e amortecer os sons. O tratamento do cerume
impactado é a irrigação periódica da orelha ou a remoção da cera
com um instrumento rombo pelo otorrinolaringologista (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ A membrana timpânica ou tímpano é uma divisão fina


e semitransparente entre o meato acústico externo e a
orelha média. A membrana timpânica é coberta por
epiderme e revestida por um epitélio cúbico simples.
Entre as camadas epiteliais encontra-se tecido conjuntivo
composto por colágeno, fibras elásticas e fibroblastos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A orelha é dividida em três regiões principais:
(TORTORA, 14ª ed.). ↠ As ondas sonoras provocam a vibração do tímpano.
Esta membrana timpânica transfere a energia sonora para
• a orelha externa, que coleta as ondas sonoras e
os minúsculos ossículos da orelha média, fazendo-os
as direciona para dentro;
vibrar (MARIEB, 3ª ed.).

@jumorbeck
2

O rompimento da membrana timpânica é chamado de perfuração do AMPLIFICAÇÃO DA FORÇA DO SOM PELOS OSSÍCULOS
tímpano. Ele pode ser causado pela pressão de um cotonete, por
traumatismo ou por uma infecção na orelha média e em geral se cura O fluido no ouvido interno resiste muito mais ao movimento do que o
em 1 mês (TORTORA, 14ª ed.). ar (i.e., o fluido tem maior inércia), de modo que é necessária uma
pressão maior para vibrar o fluido do que vibrar o ar. Os ossículos
A membrana timpânica pode ser avaliada diretamente pelo uso de um fornecem essa indispensável amplificação da pressão (BEAR et. al., 4ª
otoscópio, um instrumento que ilumina e amplia o meato acústico ed.).
externo e a membrana timpânica (TORTORA, 14ª ed.).
A pressão sobre uma membrana é definida como a força que lhe é
ORELHA MÉDIA imposta dividida pela sua área de superfície. A pressão na janela oval
torna-se maior do que a pressão na membrana timpânica se (1) a força
↠ A orelha média é uma pequena cavidade, cheia de ar sobre a membrana da janela oval for maior do que sobre a membrana
e revestida por epitélio, situada na parte petrosa do timpânica ou se (2) a área de superfície da janela oval for menor do
que a área da membrana timpânica (BEAR et. al., 4ª ed.).
temporal. Ela é separada da orelha externa pela
membrana timpânica e da orelha interna por uma divisão O ouvido médio utiliza ambos os mecanismos. Ele aumenta a pressão
óssea fina que contém duas pequenas aberturas: a janela na janela oval pela alteração tanto da força como da área da superfície.
A força na janela oval é maior porque os ossículos atuam como
do vestíbulo (oval) e a janela da cóclea (redonda) alavancas (BEAR et. al., 4ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).

A cavidade do ouvido médio é revestida por epitélio simples


pavimentoso, cuja lâmina própria adere ao periósteo do osso. Próximo
ao orifício da tuba auditiva, o epitélio torna-se prismático ciliado, e à
medida que se aproxima da faringe, há uma transição gradual para
epitélio pseudoestratificado ciliado (JUNQUEIRA, 13ª ed.). Esses fatores combinados tornam a pressão sobre a janela oval cerca
de 20 vezes maior do que sobre a membrana timpânica, e esse
↠ Estendendo-se através da orelha média e ligada a ela aumento é suficiente para mover o fluido no ouvido interno (BEAR et.
al., 4ª ed.).
através de ligamentos encontram-se os três menores
ossos do corpo, os ossículos da audição, que são ↠ Além dos ligamentos, dois pequenos músculos
conectados por articulações sinoviais (TORTORA, 14ª ed.). esqueléticos também se ligam aos ossículos. O músculo
↠ Os ossos, nomeados por causa de seus formatos, são tensor do tímpano, que é inervado pelo ramo mandibular
o martelo, a bigorna e o estribo. O “cabo” do martelo se do nervo trigêmeo (V), limita o movimento e aumenta a
liga à face interna da membrana timpânica. A “cabeça” do tensão da membrana timpânica, evitando danos à orelha
martelo é articulada ao corpo da bigorna. A bigorna, o interna por causa de barulhos muito altos. O músculo
osso do meio na série, se articula com a cabeça do estapédio, que é inervado pelo nervo facial (NC VII) é o
estribo. A base do estribo se encaixa na janela do menor músculo esquelético do corpo humano. Ao evitar
vestíbulo (oval). Diretamente abaixo dessa janela encontra- grandes vibrações no estribo decorrentes de sons altos,
se outra abertura, a janela da cóclea (redonda), que é ele protege a janela do vestíbulo (oval), mas também
encapsulada por uma membrana chamada de membrana diminui a sensibilidade auditiva (TORTORA, 14ª ed.).
timpânica secundária (TORTORA, 14ª ed.). Por esse motivo, a paralisia do músculo estapédio está associada à
hiperacusia, que é uma audição anormalmente sensível (TORTORA,
14ª ed.).

@jumorbeck
3

O músculo tensor do tímpano está ancorado por uma extremidade Eustáquio poderá, novamente, aliviar o desconforto que você pode
ao osso da cavidade do ouvido médio e, pela outra extremidade, está sentir (BEAR et. al., 4ª ed.).
ligado ao martelo. O músculo estapédio também se estende desde o
ponto de sua fixação no osso até onde se liga ao estribo. Quando Durante a deglutição e ao bocejar, ela se abre, permitindo que o ar
esses músculos se contraem, a cadeia de ossículos torna-se muito entre ou saia da orelha média até que a pressão nela seja igual à
mais rígida e a condução do som ao ouvido interno fica muito pressão atmosférica. A maioria das pessoas já experimentou a
diminuída. O início de um som barulhento dispara uma resposta neural sensação de estalo na orelha quando as pressões se igualam. Quando
que faz esses músculos se contraírem, uma resposta chamada de as pressões estão balanceadas, a membrana timpânica vibra
reflexo de atenuação. A atenuação do som é muito maior para livremente conforme as ondas sonoras chegam nela. Se a pressão
frequências baixas do que para frequências altas (BEAR et. al., 4ª ed.). não estiver equilibrada, podem ocorrer dor intensa, prejuízo auditivo,
zumbido nas orelhas e vertigem (TORTORA, 14ª ed.).
Como demora uma fração de segundo para que os músculos tensor
do tímpano e estapédio se contraiam, eles podem proteger a orelha A tuba auditiva também é uma rota para patógenos que saem do
interna de sons altos prolongados, mas não de sons curtos, como o nariz e da garganta para a orelha média, causando o tipo mais comum
de um tiro (TORTORA, 14ª ed.). de infecção auditiva (TORTORA, 14ª ed.).

Considera-se que o reflexo de atenuação também está ativado ORELHA INTERNA


quando falamos, de modo que não ouvimos a nossa própria voz tão
alta quanto ouviríamos sem esse reflexo (BEAR et. al., 4ª ed.). ↠ A orelha interna também é chamada de labirinto por
causa de sua série complicada de canais. Estruturalmente,
ela é formada por duas divisões principais: um labirinto
ósseo externo que encapsula um labirinto membranáceo
interno. É como se fossem balões longos colocados
dentro de um tubo rígido (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O labirinto ósseo é formado por uma série de


cavidades na parte petrosa do temporal divididas em três
áreas: (TORTORA, 14ª ed.).

• os canais semicirculares;
• o vestíbulo;
• a cóclea.
↠ O labirinto ósseo é revestido por periósteo e contém
a perilinfa. Esse líquido, que é quimicamente semelhante
ao líquido cerebrospinal, reveste o labirinto
↠ A parede anterior da orelha média contém uma membranáceo, uma série de sacos e tubos epiteliais
abertura que leva diretamente para a tuba auditiva, dentro do labirinto ósseo que têm o mesmo formato
conhecida também pelo epônimo trompa de Eustáquio. A geral do labirinto ósseo, abrigando os receptores para a
tuba auditiva, contendo osso e cartilagem elástica, conecta audição e o equilíbrio (TORTORA, 14ª ed.).
a orelha média com a parte nasal da faringe ou ↠ O labirinto membranáceo epitelial contém a endolinfa.
nasofaringe (porção superior da garganta). Ela O nível de íons potássio (K+) na endolinfa é incomumente
normalmente encontra-se fechada em sua extremidade alto para um líquido extracelular e os íons potássio
medial (faríngea) (TORTORA, 14ª ed.). desempenham um papel na geração dos sinais auditivos
Quando você está em um avião ascendendo ou em um carro (TORTORA, 14ª ed.).
seguindo para o alto de uma montanha, a pressão do ar ambiente
O interior do labirinto membranoso é preenchido por um líquido, a
diminui. Contudo, enquanto a válvula na tuba de Eustáquio estiver
endolinfa, de composição e origem diferentes da perilinfa. Ele é
fechada, o ar no ouvido médio permanece na pressão do ar antes de
formado principalmente por epitélio de revestimento simples
você começar a subir. Pelo fato de a pressão no interior do ouvido
pavimentoso, circundado por uma delgada camada de tecido
médio estar mais alta do que a pressão do ar no exterior, a membrana
conjuntivo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
timpânica protrai, e você sente uma pressão desagradável ou dor
ouvido. Bocejo ou deglutição abrem a tuba de Eustáquio e podem Apesar de localizado profundamente dentro do osso, o epitélio do
igualar a pressão do ar do ouvido médio à pressão do ar do ambiente, labirinto membranoso tem origem ectodérmica, pois deriva de uma
aliviando, assim, a dor. O oposto pode acontecer à medida que você invaginação ectodérmica da parede lateral do esboço cefálico do
estiver descendo. A pressão do ar exterior será, então, mais alta do embrião. Esta invaginação se transforma gradualmente em uma
que a pressão interna do ouvido médio e a abertura da tuba de vesícula, a vesícula ótica, que perde contato com o ectoderma,

@jumorbeck
4

alongando-se no esboço do futuro osso temporal. A vesícula única aparentemente para modificar sua sensibilidade. Os
inicial prolifera e cresce irregularmente, originando os vários corpos celulares dos neurônios sensitivos encontram-se
compartimentos do labirinto membranoso no adulto (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
localizados nos gânglios vestibulares (TORTORA, 14ª ed.).

O epitélio das suas paredes, em certas regiões, estabelece contato ↠ Anteriormente ao vestíbulo encontra-se a cóclea, um
com os nervos vestibular e coclear, espessando-se e diferenciando-se canal espiral ósseo que lembra a casca de um caracol e
em importantes estruturas dotadas de receptores sensoriais, que são realiza quase três voltas ao redor de um núcleo ósseo
as máculas, as cristas e o órgão espiral de Corti. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
central chamado de modíolo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Cortes histológicos através da cóclea revelam que ela


é dividida em três canais: o ducto coclear, a rampa do
vestíbulo e a rampa do tímpano (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O vestíbulo é a parte central oval do labirinto ósseo. O
↠ O ducto coclear é uma continuação do labirinto
labirinto membranáceo no vestíbulo é formado por dois
membranáceo em direção à cóclea; ele é preenchido por
sacos chamados de utrículo e sáculo, que são conectados
endolinfa. O canal acima do ducto coclear é a rampa do
por um pequeno ducto (TORTORA, 14ª ed.).
vestíbulo, que termina na janela do vestíbulo (oval). O canal
↠ Projetando-se superior e posteriormente ao vestíbulo abaixo é a rampa do tímpano, que termina na janela da
encontram-se três canais semicirculares ósseos, cada um cóclea (redonda). Tanto a rampa do vestíbulo quanto a
deles localizado em ângulos aproximadamente retos um rampa do tímpano são partes do labirinto ósseo da cóclea;
em relação aos outros dois. Com base em suas posições, portanto, essas câmaras são preenchidas por perilinfa. A
eles são nomeados como canais semicirculares anterior, rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano são separadas
posterior e lateral. Os canais semicirculares anterior e completamente pelo ducto coclear, exceto por uma
posterior são orientados verticalmente; o canal lateral é abertura no ápice da cóclea, o helicotrema (TORTORA,
orientado horizontalmente (TORTORA, 14ª ed.). 14ª ed.).

↠ Em uma extremidade de cada canal encontra-se um A cóclea (do latim para “caracol”) tem uma forma em espiral que
lembra uma concha de caracol (BEAR et. al., 4ª ed.).
alargamento redondo chamado de ampola. As partes do
labirinto membranáceo que se encontram dentro dos A cóclea humana enrolada é aproximadamente do tamanho de uma
canais semicirculares ósseos são chamados de ductos ervilha (BEAR et. al., 4ª ed.).
semicirculares. Essas estruturas se conectam ao utrículo Na base da cóclea, existem dois orifícios cobertos por membrana: a
do vestíbulo (TORTORA, 14ª ed.). janela oval, a qual vimos que está abaixo da platina do estribo, e a
janela redonda (BEAR et. al., 4ª ed.).
↠ O nervo vestibular, parte do nervo vestibulococlear
(VIII) consiste nos nervos ampular, utricular e sacular. Esses ↠ A cóclea é adjacente à parede do vestíbulo, na qual a
nervos contêm neurônios sensitivos de primeira ordem e rampa do vestíbulo se abre. A perilinfa no vestíbulo é
neurônios motores que formam sinapses com os contínua com aquela da rampa do vestíbulo (TORTORA,
receptores de equilíbrio. Os neurônios sensitivos de 14ª ed.).
primeira ordem carregam a informação sensorial
proveniente dos receptores e os neurônios motores
carregam sinais de retroalimentação para os receptores,

@jumorbeck
5

pelos organizadas em várias fileiras de comprimento


graduado (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Em suas extremidades basais, as células ciliadas


↠ A membrana (parede) vestibular separa o ducto formam sinapses com os neurônios sensitivos de primeira
coclear da rampa do vestíbulo e a lâmina basilar separa o ordem e com os neurônios motores da parte coclear do
ducto coclear da rampa do tímpano. Localizada sobre a nervo vestibulococlear (VIII). Os corpos celulares dos
lâmina basilar encontra-se o órgão espiral ou órgão de neurônios sensitivos estão localizados no gânglio espiral.
Corti (TORTORA, 14ª ed.). Embora as células ciliadas externas superem em
quantidade as células ciliadas internas em uma proporção
de três para um, as células ciliadas internas formam
sinapses com 90 a 95% dos neurônios sensitivos de
primeira ordem no nervo coclear, que transmite a
informação auditiva para o encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Em comparação, 90% dos neurônios motores no


nervo coclear formam sinapses com as células ciliadas
externas. A membrana tectória é uma membrana
gelatinosa flexível que cobre as células ciliadas do órgão
espiral. Na realidade, as extremidades dos estereocílios das
células ciliadas estão em contato com a membrana
A membrana vestibular é formada por epitélio pavimentoso simples
tectória enquanto os corpos das células ciliadas se
apoiado sobre delgada camada de tecido conjuntivo. A estria vascular
é constituída por epitélio estratificado, formado por dois tipos principais encontram sobre a lâmina basilar (TORTORA, 14ª ed.).
de células. Um deles é constituído por células ricas em mitocôndrias,
NATUREZA DAS ONDAS SONORAS
com a membrana da região basal muito pregueada, tendo, portanto,
todas as características de uma célula que transporta água e íons. O A luz pode ser transmitida pelo vácuo (por exemplo, es· paço
epitélio da estria vascular é um dos poucos exemplos de epitélio que externo), mas o som depende de um meio elástico para sua
contém vasos sanguíneos entre as suas células. Tais características transmissão. O som é uma oscilação de pressão - alternância entre
sugerem que nessa região ocorra a secreção da endolinfa áreas de alta e baixa pressão - produ·zida pela vibração de um objeto,
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). a qual é propagada por moléculas do meio (MARIEB, 3ª ed.).

↠ O órgão espiral é uma lâmina espiral de células A audição é a nossa percepção da energia das ondas sonoras, que
epiteliais, incluindo células epiteliais de sustentação e cerca são ondas de pressão com picos de ar comprimido alternados com
de 16.000 células ciliadas, que são os receptores da vales, onde as moléculas do ar estão mais afastadas (SILVERTHORN,
7ª ed.).
audição. Existem dois grupos de células ciliadas: as células
ciliadas internas estão organizadas em uma única fileira, A questão clássica sobre a audição é “Se uma árvore cai na floresta
enquanto as células ciliadas externas estão organizadas sem ninguém para ouvir, ela emite som?” A resposta fisiológica é não,
pois som, assim como dor, é uma percepção que resulta do
em três fileiras (TORTORA, 14ª ed.). processamento do cérebro de uma informação sensorial. A queda da
árvore emite ondas sonoras, mas não existe som a menos que alguém
↠ Na porção apical de cada célula ciliada encontram-se
ou alguma coisa esteja presente para processar e perceber a energia
entre 40 e 80 estereocílios, que se estendem para a da onda como um som (SILVERTHORN, 7ª ed.).
endolinfa do ducto coclear. Apesar de seu nome, os
O som é a interpretação do cérebro da frequência, amplitude e
estereocílios são microvilosidades longas e semelhantes a
duração das ondas sonoras que chegam até as nossas orelhas. Nosso
cérebro traduz a frequência das ondas sonoras (o número de picos

@jumorbeck
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das ondas que passam em um determinado ponto a cada segundo) A intensidade, ou amplitude, é a diferença de pressão entre os trechos
no tom de um som (SILVERTHORN, 7ª ed.). de ar rarefeitos e comprimidos (BEAR et. al., 4ª ed.).

As ondas de baixa frequência são percebidas como sons baixos ou A exposição à música alta, ao barulho da turbina de aviões, a
graves, como o estrondo de um trovão distante. As ondas de alta motocicletas acelerando, a cortadores de grama e a aspiradores de pó
frequência criam sons altos ou agudos, como o som de uma unha danifica as células ciliadas da cóclea. Como a exposição prolongada ao
arranhando um quadro negro (SILVERTHORN, 7ª ed.). barulho causa perda auditiva, os empregadores nos EUA devem exigir
que os trabalhadores utilizem protetores auditivos quando os níveis de
A frequência do som é o número de trechos de ar comprimidos ou ruído ocupacional excedem 90 dB. Shows de rock e até mesmo fones
rarefeitos que passam pelos nossos ouvidos a cada segundo (BEAR et. de ouvido podem facilmente produzir sons acima de 110 dB. A
al., 4ª ed.). exposição contínua a sons de alta intensidade é uma causa de surdez,
a perda auditiva significativa ou total (TORTORA, 14ª ed.).

Fisiologia da audição

A audição é um sentido complexo que envolve várias transduções. A


energia das ondas sonoras no ar se torna vibrações mecânicas e,
depois, ondas no líquido da cóclea. As ondas do líquido abrem canais
iônicos nas células pilosas (ciliadas), os receptores da audição. O fluxo
de íons para dentro das células gera um sinal elétrico que libera um
neurotransmissor (sinal químico), que, por sua vez, dispara potenciais
de ação nos neurônios auditivos primários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
As frequências da audição humana vão de 20 a 20.000 ondas por
segundo ou hertz. Nossas orelhas são mais sensíveis a frequências
entre 1.500 e 4.000 Hz, e nesta faixa podemos distinguir frequências
que se diferem em apenas 2· 3 Hz (MARIEB, 3ª ed.).

Quanto maior for a intensidade (tamanho ou amplitude) da vibração,


mais alto será o som. A intensidade do som é medida em unidades
chamadas de decibéis (dB). O aumento em um decibel representa um
aumento de 10 vezes na intensidade sonora. O limiar auditivo – o ponto
a partir do qual um adulto jovem mediano pode distinguir entre som
e silêncio – é definido como 0 dB a 1.000 Hz. (TORTORA, 14ª ed.).

• As ondas sonoras que chegam à orelha externa


são direcionadas para dentro do meato acústico
externo e atingem a membrana timpânica, onde
provocam vibrações na membrana (primeira
transdução) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
• As vibrações da membrana timpânica são
transferidas ao martelo, à bigorna e ao estribo,
nesta ordem. A disposição dos três ossos da
orelha média conectados cria uma “alavanca” que
multiplica a força da vibração (amplificação), de
modo que muito pouca energia sonora é
perdida devido ao atrito (SILVERTHORN, 7ª ed.).
• Se um som é muito alto, podendo causar danos
à orelha interna, os pequenos músculos da
orelha média puxam os ossos para reduzir seus
movimentos, diminuindo, assim, a transmissão
sonora em algum grau. Quando o estribo vibra,
ele empurra e puxa a fina membrana da janela
oval à qual está conectado (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
• As vibrações da janela oval geram ondas nos
canais cheios de líquido da cóclea (segunda

@jumorbeck
7

transdução). À medida que as ondas se movem


pela cóclea, elas empurram as membranas
flexíveis do ducto coclear, curvando as células
ciliadas sensoriais, que estão dentro do ducto. A
energia da onda se dissipa de volta para o ar da
orelha média na janela redonda (SILVERTHORN,
7ª ed.).
• O movimento do ducto coclear abre ou fecha
canais iônicos na membrana das células ciliadas,
gerando sinais elétricos (terceira transdução).
Esses sinais elétricos alteram a liberação do
neurotransmissor (quarta transdução)
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
• A ligação do neuro transmissor aos neurônios
sensoriais auditivos inicia potenciais de ação
(quinta transdução), que transmitem a
informação codificada sobre o som pelo ramo
coclear do nervo vestibulococlear (nervo
craniano VIII) até o encéfalo (SILVERTHORN, 7ª
ed.).

OS SONS SÃO PROCESSADOS PRIMEIRO NA CÓCLEA


↠ O sistema auditivo processa as ondas sonoras, de
modo que elas possam ser discriminadas quanto à
localização, tom e altura (amplitude). A localização do som
é um processo complexo que requer entrada sensorial
de ambas as orelhas associada a uma computação
sofisticada feita pelo encéfalo. Todavia, o processamento
inicial do tom e da amplitude ocorre na cóclea de cada
orelha (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ A codificação para o tom do som é primariamente


uma função da membrana basilar. Próximo de onde se
fixa, entre a janela oval e a janela redonda, essa
membrana é rígida e estreita, mas se torna alargada e
flexível à medida que se aproxima de sua extremidade
distal (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Ondas de alta frequência, quando entram na rampa
vestibular, criam um deslocamento máximo da porção da
membrana basilar próxima à janela oval e,
consequentemente, não são transmitidas muito longe ao
longo da cóclea. As ondas de baixa frequência percorrem
toda a membrana basilar e geram seu deslocamento
máximo próximo à extremidade distal flexível
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Além de seu papel na detecção dos sons, a cóclea possui uma
capacidade surpreendente de produzir sons. Esses sons em geral
inaudíveis, chamados de emissões otoacústicas, podem ser captados
pela colocação de um microfone sensível próximo à membrana
timpânica. Elas são causadas por vibrações nas células ciliadas externas
que ocorrem em resposta a ondas sonoras e a sinais provenientes

@jumorbeck
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dos neurônios motores. Conforme despolarizam e se repolarizam, as


células ciliadas externas encurtam e se estendem rapidamente. Esse
comportamento vibratório parece modificar a rigidez da membrana
tectória e acredita-se que ele aumente o movimento da lâmina basilar,
amplificando as respostas das células ciliadas internas. Ao mesmo
tempo, as vibrações das células ciliadas externas promovem uma onda
que retorna em direção ao estribo e deixa a orelha na forma de
emissão otoacústica. A detecção desses sons produzidos pela orelha
interna é um modo rápido, barato e não invasivo de examinar recém-
nascidos para a detecção de problemas de audição. Em bebês surdos,
as emissões otoacústicas não são produzidas ou são de amplitude ↠ Quando as ondas provocam uma deflexão na
muito reduzida (TORTORA, 14ª ed.). membrana tectória, de modo que os cílios se curvam em
O ÓRGÃO DE CORTI E AS ESTRUTURAS ASSOCIADAS direção aos membros mais altos do feixe, os filamentos
de ligação abrem um número maior de canais iônicos, e
↠ As células receptoras auditivas, as quais convertem a entram cátions (K+ e Ca2+) na célula, que, então,
energia mecânica em uma alteração na polarização da despolariza (SILVERTHORN, 7ª ed.).
membrana, estão localizadas no órgão de Corti (assim
denominado devido ao nome do anatomista italiano que
primeiro o identificou). O órgão de Corti é constituí do
por células ciliadas, pelos pilares de Corti e por várias
células de sustentação (BEAR et. al., 4ª ed.).

↠ Os receptores auditivos são chamados de células


ciliadas, uma vez que cada uma possui aproximadamente
de 10 a 300 estereocílios (microvilosidades rígidas que
lembram cílios) que se projetam de sua porção apical
(BEAR et. al., 4ª ed.).

↠ O evento crítico na transdução do som em um sinal ↠ Os canais de Ca2+ dependentes de voltagem se


neural é a inclinação dos estereocílios (BEAR et. al., 4ª ed.). abrem, a liberação de neurotransmissor aumenta, e os
neurônios sensoriais aumentam sua frequência de disparo.
↠ Quando as células pilosas se movem em resposta às
Quando a membrana tectória empurra os estereocílios
ondas sonoras, seus estereocílios se curvam, primeiro em
para longe dos membros mais altos, a tensão nas molas
uma direção, depois na outra. Os estereocílios estão
elásticas relaxa, e todos os canais iônicos se fecham. O
ligados uns aos outros por pontes proteicas, chamadas de
influxo de cátions diminui, a membrana hiperpolariza, e
filamentos de ligação. Os filamentos de ligação atuam
menos neurotransmissor é liberado, reduzindo os
como pequenas molas conectadas a comportas (portões)
potenciais de ação no neurônio sensorial (SILVERTHORN,
que abrem e fecham canais iônicos na membrana dos
7ª ed.).
estereocílios (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Um filamento inflexível, chamado de ligamento apical, conecta cada
A extremidade de cada estereocílio possui um tipo de canal especial, canal à parte superior da parede do estereocílio adjacente. Quando os
cuja abertura e fechamento é determinado pela inclinação dos estereocílios estão aprumados, a tensão sobre o ligamento apical
estereocílios. Quando esses canais de transdução mecanossensíveis mantém, por um tempo, o canal em um estado aberto, permitindo
estão abertos, ocorre um influxo de corrente iônica, o que gera o um pequeno escoamento de K+ da endolinfa para dentro da célula
potencial receptor da célula ciliada. Apesar de consideráveis esforços ciliada (BEAR et. al., 4ª ed.).
na pesquisa sobre esses canais, a sua identidade molecular ainda é
incerta. Uma razão pela qual tem sido difícil a identificação dos canais A inclinação dos estereocílios em um sentido aumenta a tensão sobre
é que existem muito poucos destes; na ponta de cada estereocílio há os ligamentos apicais, aumentando a corrente de influxo de K +. A
apenas um ou dois desses canais e em toda a célula ciliada pode haver inclinação no sentido oposto alivia a tensão sobre os ligamentos apicais,
apenas 100 (BEAR et. al., 4ª ed.). permitindo, desse modo, que o canal permaneça mais tempo fechado,
reduzindo o influxo de K+. A entrada de K+ na célula ciliada causa uma
↠ Quando as células pilosas e seus estreocílios estão na despolarização, que, por sua vez, ativa os canais de cálcio dependentes
posição de repouso, cerca de 10% dos canais iônicos de voltagem (BEAR et. al., 4ª ed.).
estão abertos, e existe uma baixa liberação tônica do A entrada de Ca+2 dispara a liberação do neurotransmissor glutamato,
neurotransmissor no neurônio sensorial primário o qual ativa os axônios do gânglio espiral que estão em contato pós-
(SILVERTHORN, 7ª ed.). sináptico com as células ciliadas (BEAR et. al., 4ª ed.).

@jumorbeck
9

Via auditiva

↠ O dobramento dos estereocílios das células ciliadas do


órgão espiral promove a liberação de um
neurotransmissor (provavelmente o glutamato), que gera
impulsos nervosos nos neurônios sensitivos que inervam
as células ciliadas (TORTORA, 14ª ed.).
O fato interessante é que a abertura dos canais de K + produz uma
despolarização na célula ciliada, ao passo que a abertura dos canais de ↠ Os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão
K+ hiperpolariza a maioria dos neurônios. A razão para as células ciliadas localizados nos gânglios espirais. Os impulsos nervosos
responderem diferentemente dos neurônios está na concentração passam através dos axônios desses neurônios, que
excepcionalmente alta de K+ na endolinfa, a qual produz um potencial formam a parte coclear do nervo vestibulococlear (VIII).
de equilíbrio de K+ de 0 mV, comparado com o potencial de equilíbrio
Esses axônios formam sinapses com neurônios nos
de – 80 mV dos neurônios típicos (BEAR et. al., 4ª ed.).
núcleos cocleares no bulbo naquele mesmo lado
↠ O padrão de vibração das ondas que chegam à orelha (TORTORA, 14ª ed.).
in terna é, então, convertido em um padrão de potenciais
de ação que vão para o SNC (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Alguns dos axônios dos núcleos cocleares passam por
um cruzamento no bulbo e ascendem em um trato
IMPORTANTE chamado de lemnisco lateral no lado oposto e terminam
Um fato curioso é que existe uma enorme diferença entre o número no colículo inferior do mesencéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
de axônios do nervo coclear que fazem sinapse com as células ciliadas
internas e externas. Estima-se que o número de neurônios no gânglio ↠ Outros axônios dos núcleos cocleares terminam no
espiral seja da ordem de 35.000 a 50.000. Apesar de as células ciliadas núcleo olivar superior em cada lado da ponte. Diferenças
externas superarem em número as células ciliadas internas na sutis no tempo que demora para que os impulsos
proporção de 3 para 1, mais de 95% dos neurônios do gânglio espiral nervosos provenientes das duas orelhas cheguem nos
comunicam-se com um número relativamente pequeno de células
ciliadas internas, e menos de 5% recebem aferência sináptica das
núcleos olivares superiores permitem a localização da
células ciliadas externas mais numerosas (BEAR et. al., 4ª ed.). fonte do som (TORTORA, 14ª ed.).
Consequentemente, um axônio do gânglio espiral recebe aferência de ↠ Axônios dos núcleos olivares superiores também
somente uma célula ciliada interna, ao passo que cada célula ciliada ascendem no lemnisco lateral em ambos os lados e
supre aproximadamente 10 axônios do gânglio espiral. Com as células
terminam nos colículos inferiores. A partir de cada colículo
ciliadas externas a situação é inversa. Pelo fato de elas excede rem
em número aos neurônios do gânglio espiral, um axônio ganglionar inferior, os impulsos nervosos são transmitidos para o
espiral estabelece sinapses com várias células ciliadas externas (BEAR núcleo geniculado medial no tálamo e, finalmente, para a
et. al., 4ª ed.). área auditiva primária do córtex cerebral no lobo temporal
do cérebro (ver áreas 41 e 42) (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Como muitos axônios auditivos cruzam o bulbo,


trocando de lado, enquanto outros permanecem no
mesmo lado, as áreas auditivas primárias direita e

@jumorbeck
10

esquerda recebem impulsos nervosos de ambas as LOCALIZAÇÃO DO SOM NO PLANO HORIZONTAL


orelhas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Uma informação óbvia para a localização da fonte
sonora é o tempo que o som leva para alcançar cada
ouvido. Se nós não estivermos de frente diretamente
para a fonte sonora, o som levará mais tempo para
alcançar um ouvido que o outro (BEAR et. al., 4ª ed.).
Por exemplo, se um ruído repentino vem da sua direita, este alcançará
primeiro o seu ouvido direito e, depois, seu ouvido esquerdo, o que é
conhecido como retardo temporal interauricolar (BEAR et. al., 4ª ed.).

Assim, existe uma relação


simples entre a localização
e o retardo interauricular.
A PERDA AUDITIVA PODE RESULTAR DE LESÕES MECÂNICAS OU NEURAIS Detectado por neurônios
Existem três formas de perda auditiva: a condutiva, a central e a especializados do tronco
sensório-neural (SILVERTHORN, 7ª ed.). encefálico, o retardo
permite-nos localizar a fonte
Na perda auditiva condutiva, o som não pode ser transmitido a partir sonora no plano horizontal.
da orelha externa ou da orelha média. As causas da perda auditiva
condutiva variam desde uma obstrução do canal auditivo com cera
Os retardos interauriculares
(cerume), ou líquido na orelha média devido a uma infecção, a doenças que somos capazes de
ou traumas que impedem a vibração do martelo, da bigorna ou do detectar são
estribo. A correção da perda auditiva condutiva inclui técnicas impressionantemente
microcirúrgicas, nas quais os ossos da orelha média podem ser curtos (BEAR et. al., 4ª ed.).
reconstruídos (SILVERTHORN, 7ª ed.).

A perda auditiva central resulta de dano nas vias neurais entre a orelha
e o córtex cerebral ou de danos no próprio córtex, como poderia
ocorrer em um acidente vascular encefálico. Essa forma de perda
Se não ouvirmos o início de um som, por este ser um tom contínuo
auditiva é relativamente incomum (SILVERTHORN, 7ª ed.).
e não um ruído repentino, não poderemos saber os tempos de
A perda auditiva sensório-neural origina-se de lesões em estruturas da chegada inicial do som aos dois ouvidos. Assim, tons contínuos
orelha interna, incluindo morte de células pilosas, como resultado de acrescentam uma certa dificuldade para a localização do som, por
exposição a sons altos. Atualmente, a perda de células pilosas é estarem sempre presentes em ambos os ouvidos. A única coisa que
irreversível em mamíferos (SILVERTHORN, 7ª ed.). pode ser comparada entre tons contínuos é o tempo no qual a
mesma fase da onda sonora alcança cada ouvido (BEAR et. al., 4ª ed.).
Mecanismos de localização do som
As coisas são mais complicadas com tons contínuos de frequências
altas. Felizmente, o encéfalo dispõe de outro processo para a
↠ O conhecimento atual dos mecanismos subjacentes à
localização de sons de altas frequências. Existe uma diferença de
localização do som sugere que empreguemos técnicas intensidade interauricular entre os dois ouvidos, uma vez que a sua
diferentes para localizar as fontes de som no plano cabeça efetivamente lança uma sombra sonora. Existe uma relação
horizontal (esquerdo-direito) e no plano vertical (acima- direta entre a direção do som que chega e a direção para a qual a
abaixo) (BEAR et. al., 4ª ed.). sua cabeça emite uma sombra sonora para um ouvido (BEAR et. al.,
4ª ed.).
Se você fechar os seus olhos e tapar um ouvido, poderá localizar um
pássaro cantando enquanto ele voa sobre a sua cabeça quase tão
bem como se você estivesse com os dois ouvidos abertos. Entretanto,
se você tentar localizar a posição horizontal de um pato grasnando
enquanto nada em um lago, descobrirá que é muito menos capaz de
fazer isso utilizando apenas um ouvido. Assim, uma boa localização
horizontal requer uma comparação dos sons que alcançam os dois
ouvidos, ao passo que, para uma boa localização vertical, isso não é
necessário (BEAR et. al., 4ª ed.).

@jumorbeck
11

Se o som vem diretamente da direita, o ouvido esquerdo o escutará Períodos prolongados de privação sensorial nesse período
com uma intensidade significativamente menor. Com sons oriundos podem causar deficiências permanentes nas habilidades de
diretamente da frente, a mesma intensidade alcança os dois ouvidos, processamento auditivo
e com sons vindos de direções intermediárias, ocorrem diferenças de
intensidade intermediárias. Os neurônios sensíveis às diferenças de Desenvolvimento do sistema auditivo no período gestacional
intensidade podem utilizar essa informação para localizar o som (BEAR
et. al., 4ª ed.). O sistema auditivo no feto e na criança tem uma sequência
própria de desenvolvimento. A parte estrutural da cóclea na
Resumiremos os dois processos para a localização do som no plano
orelha média está formada na 15ª semana de gestação e é
horizontal. Com sons na faixa de 20 a 2.000 Hz, o processo envolve
anatomicamente funcional na 20ª semana gestacional.
retardo temporal interauricular. De 2.000 a 20.000 Hz, utiliza-se a
diferença de intensidade interauricular. Esses dois processos em O sistema auditivo se torna funcional em torno da 25ª e 29ª
conjunto constituem a teoria duplex de localização do som (BEAR et.
semana gestacional quando as células ganglionares do núcleo
al., 4ª ed.).
espiral da cóclea conectam as células ciliadas internas ao tronco
LOCALIZAÇÃO DO SOM NO PLANO VERTICAL cerebral e ao lobo temporal do córtex

↠ A comparação das aferências provenientes de ambos Os neurônios sintonizados para as frequências agudas estão na
região caudal e os neurônios sintonizados para as frequências
os ouvidos não é muito útil para localizar sons no plano
graves estão na extremidade rostral ou frontal do córtex
vertical, pois, como as fontes sonoras emitem sons que auditivo.
se movem para cima ou para baixo, não há diferença no
retardo de tempo interauricular, nem na variação de Na vida intrauterina o feto é capaz de conhecer a voz materna,
intensidade interauricolar (BEAR et. al., 4ª ed.). músicas simples e sons comuns ao ambiente. O
desenvolvimento auditivo e o desenvolvimento da memória, no
↠ As curvas sinuosas do ouvido externo são essenciais período intrauterino, capacitam o bebê a reconhecer diferenças
para estimar a elevação de uma fonte sonora. As no tom, padrões sonoros, intensidade e ritmo. Apesar desse
saliências e as depressões aparentemente produzem aprendizado a criança só será exposta ao espectro sonoro
reflexões do som que entra no ouvido. A combinação dos completo após o nascimento, e é evidente que as experiências
sons, direto e refletido, é sutilmente diferente quando pré-natais irão auxiliá-la a reconhecer alguns sons nas primeiras
semanas de vida, porém após o nascimento os sons ambientais
vem de cima ou de baixo (BEAR et. al., 4ª ed.).
se tornam uma fonte primordial de novas informações.

Desenvolvimento das habilidades auditivas

O desenvolvimento e a maturação do sistema auditivo da


criança com audição normal seguem uma sequência de
comportamentos que se iniciam ao nascimento. Esse
desenvolvimento inclui as seguintes etapas: detecção,
discriminação, localização, reconhecimento e compreensão
auditiva.

Localização, habilidade de analisar diferenças de tempo e de


intensidade dos sons recebidos e transmitidos para cada um
dos lados da orelha. A criança é capaz de localizar um som a
partir do quarto mês de vida e esta habilidade evolui com o
aumento da idade. Essa evolução ocorre da seguinte forma:
inicialmente a criança é capaz de localizar o som no eixo
horizontal (lateral direita e esquerda, para baixo e para cima);
ARTIGO: REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO AUDITIVO depois no eixo longitudinal (acima da cabeça) e por último no
(CARDOSO,2013) eixo transversal (sons situados à frente e atrás da cabeça).
Ao nascimento a cóclea humana é funcional, porém, o sistema Microrganismos que afetam o desenvolvimento
nervoso auditivo continua a se desenvolver por pelo menos
mais uma década. Para que esse desenvolvimento ocorra é embrionário
necessário que o sistema auditivo seja estimulado. Sons
ambientais irão modular e aumentar a atividade do nervo ↠ A ausência do diagnóstico precoce e a consequente
auditivo, ocorrerá mielinização das fibras nervosas, e as falta de tratamento de infecções maternas podem
habilidades de análise e de interpretação dos padrões sonoros aumentar de forma considerável os índices de
serão incorporadas ao desenvolvimento. morbimortalidade perinatal, sendo o rastreamento

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12

materno no pré-natal de extrema importância para a • Vírus varicela-zoster: A síndrome da varicela


diminuição desses índices. Muitas infecções provocadas fetal ocorre em cerca de 2% dos pacientes
por microrganismo podem ser transmitidas para o feto cujas mães desenvolvem varicela nas primeiras
durante a gestação, causando sequelas para o recém- 20 semanas de gestação (DINIZ; FIGUEIREDO,
nascido (NICÁCIO et. al., 2015). 2014).
• Rubéola: está representada pela ocorrência da
↠ Sabe-se que quanto menor o período gestacional,
Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) que
menos desenvolvido será o sistema imunológico ao
atinge o feto ou o recém-nascido, as quais, mães
nascimento, de forma que recém-nascidos prematuros
se infectaram durante a gestação. Trata-se de
extremos (<28 semanas) apresentam risco 5-10 vezes
uma doença exantemática viral aguda, e apesar
mais alto de infecção que o recém-nascido a termo
de não ser uma doença grave, se ocorrida
(DINIZ; FIGUEIREDO, 2014).
durante a gravidez, pode acarretar em inúmeras
↠ O neonato é altamente dependente da transferência complicações para a mãe e o recém-nascido
materna passiva de anticorpos no início da vida fetal e (NICÁCIO et. al., 2015).
neonatal. O desenvolvimento imunológico somente estará • Zika vírus (ZIKV): Ataca as células neurais
completo na infância tardia (DINIZ; FIGUEIREDO, 2014). progenitoras, prejudicando a multiplicação,
migração e diferenciação neuronais. Na zika,
↠ Em 1971, foi criado o acrônimo TORCH para agrupar estudos preliminares estimaram a ocorrência em
cinco doenças infecciosas que podem afetar o feto e o torno de 8-9% nos fetos expostos,
recém-nascido e que possuem apresentação clínica apresentando grande associação com
semelhante: toxoplasmose, outras (malária, doença de microcefalia e as outras alterações do sistema
Chagas, parvovirose), rubéola, citomegalovírus e herpes nervoso central, características da infecção
simples. O acrômio passou a ser conhecido como
(GAMA, 2019).
TORCHS quando a sífilis foi incluída neste grupo de
• HIV: O HIV pode ser transmitido dentro do útero
doenças (NICÁCIO et. al., 2015).
pelo transporte celular transplacentário, por
↠ Estima-se que as infecções congênitas – STORCH meio de uma infecção progressiva dos
(toxoplasmose, rubéola, CMV, herpes, sífilis e outras) trofoblastos da placenta até que o vírus atinja a
sejam responsáveis por 5-15% dos casos de restrição de circulação fetal, ou devido a rupturas na barreira
crescimento durante a gestação; no entanto, poucas são placentária seguidas de microtransfusões da
as vezes em que este é um achado isolado (GAMA, 2019). mãe para o feto (FRIEDRICH et. al., 2016).

VIRAL PARASITÁRIA

• Herpes-vírus: A infecção congênita é • Toxoplasma gondii: O toxoplasma é um


usualmente causada pelo herpes-vírus tipo 2 patógeno intracelular obrigatório que acomete
presente no canal de parto (DINIZ; FIGUEIREDO, especialmente o feto e o recém-nascido. Cerca
2014). de 60% das infecções maternas não são
• Citomegalovírus (CMV): O CMV é a principal transmitidas ao feto, pois a placenta pode agir
causa de infecção intraútero, afetando 0,3 a como barreira à passagem hematogênica dos
2,2% dos recém-nascidos vivos. A infecção taquizoítos, que ocorre em especial no terceiro
congênita é importante causa de deficiência trimestre (DINIZ; FIGUEIREDO, 2014). Entre os
auditiva, visual ou paralisia cerebral no recém- agravos decorrentes da toxoplasmose
nascido. O vírus pode ser transmitido para o feto congênita, é possível citar que durante o
durante a infecção primária da mãe, podendo primeiro trimestre da gestação, a infecção pode
ainda ser transmitido anos após a mãe ter levar a morte fetal (NICÁCIO et. al., 2015).
adquirido a infecção (DINIZ; FIGUEIREDO, 2014). • Malária (Plasmodium): A malária chama bastante
A infecção por CMV representa a mais a atenção em sua associação com CIUR,
prevalente infecção correlacionada com podendo afetar até 70% dos fetos em áreas
deficiência neurológica congênita (NICÁCIO et. al., endêmicas (GAMA, 2019).
2015). • Doença de Chagas (Trypanosoma Cruzi)

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BACTERIANA
• Sífilis (Treponema pallidum): a transmissão é
maior durante a fase primária, afetando quase
80% dos conceptos nesta fase. Estudos
mostram que a taxa de CIUR chega a 12,8% dos
fetos infectados, sendo comumente
acompanhado de periostite
hepatoesplenomegalia, hidropisia fetal, anemia e
periostite (GAMA, 2019).
• Clamídia;
• Listeriose;

Referências:

SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:


Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016
BEAR et. al. Neurociências. Desvendando o sistema nervos,
4ª ed., ARTMED, 2017.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

CARDOSO, A. C. V. Reflexões sobre o desenvolvimento


auditivo. Verba Volant, n. 1, v. 4, 2013.
DINIZ, L. M. O.; FIGUEIREDO, B. C. G. O sistema imunológico
do recém-nascido. Revista Médica de Minas Gerais, v. 2, n.
24, pg. 233-240, 2014.
NICÁCIO et. al. Toxoplasmose, rubéola, citomegalovíruse
hepatite: a enfermagem na atenção durante o pré-natal.
Ciências Biológicas e da Saúde, v. 3, n. 1, pg. 55-68, 2015.
GAMA, H. D. Avaliação do padrão de restrição do
crescimento fetal em gestantes infectadas pelo vírus Zika.
Dissertação de mestrado, 2019.
FRIEDRICH et. al. Transmissão vertical do HIV: uma revisão
sobre o tema. Boletim Científico de Pediatria, v. 5, n. 3,
2016

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1
APG 10 – “RECONSTRUÇÃO”

Objetivos Os osteócitos são responsáveis por manter a matriz extracelular e


situam-se no interior de peças ósseas. Os osteócitos ocupam
1- Estudar a função e histologia do tecido ósseo; pequenos espaços da matriz, denominados lacunas. (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
2- Entender a regulação bioquímica do tecido
ósseo; Os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz e localizam-se
3- Compreender como ocorre a remodelação sempre na superfície de peças ósseas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
óssea. Os osteoclastos são células gigantes, móveis e multinucleadas que
reabsorvem o tecido ósseo, participando dos processos de
Tecido Ósseo remodelação dos ossos.

↠ O tecido ósseo é o componente principal do esqueleto Todos os ossos são revestidos, em suas superfícies externas e
internas, por membranas conjuntivas denominadas, respectivamente,
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
periósteo e endósteo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
FUNÇÕES Obs.: A matriz mineralizada torna o tecido ósseo difícil de ser cortado
no micrótomo. Por isso, técnicas especiais são utilizadas para seu
➢ Serve de suporte para os tecidos moles e estudo. Uma das mais empregadas não preserva as células, mas
protege órgãos vitais, como os contidos nas possibilita uma observação minuciosa da matriz com suas lacunas e
caixas craniana e torácica, bem como no canal seus canalículos ósseos. A técnica consiste na obtenção de fatias muito
raquidiano; (JUNQUEIRA, 13ª ed.). finas de tecido ósseo, preparadas por desgaste (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

➢ Aloja e protege a medula óssea, formadora das Obs.: Outra técnica muito utilizada por possibilitar o estudo das células
células do sangue; (JUNQUEIRA, 13ª ed.). baseia-se na descalcificação do tecido ósseo após sua fixação em um
➢ Proporciona apoio aos músculos esqueléticos, fixador histológico comum. Em seguida, o fragmento ósseo é
submetido à técnica histológica rotineira e corado (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
transformando suas contrações em movimentos
úteis; e constitui um sistema de alavancas que Células do tecido ósseo
amplia as forças originadas na contração
muscular; (JUNQUEIRA, 13ª ed.). OSTEÓCITOS
➢ Os ossos funcionam como depósito de cálcio,
↠ Os osteócitos são células achatadas encontradas no
fosfato e outros íons, armazenando-os e
interior da matriz óssea e ocupam espaços denominados
liberando-os de maneira controlada para manter
lacunas. Cada lacuna contém apenas um osteócito
constante a sua concentração nos líquidos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
corporais; (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
➢ São capazes ainda de absorver toxinas e metais
pesados, minimizando, assim, seus efeitos
adversos em outros tecidos. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

CARACTERÍSTICAS
↠ O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido
conjuntivo, formado por células e por material extracelular
calcificado, a matriz óssea (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células do tecido ósseo pertencem a duas linhagens
diferentes:
➢ as células da linhagem osteoblástica, formadas
pelos osteoblastos e osteócitos, são derivadas de
células osteoprogenitoras de origem
mesenquimal; (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
➢ as células da linhagem osteoclástica são os
osteoclastos, originados de monócitos ↠ Das lacunas partem vários canalículos que contêm
produzidos na medula hematopoética. prolongamentos dos osteócitos, os quais fazem contato
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). com prolongamentos de osteócitos adjacentes por meio
de junções comunicantes, por onde podem passar

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2

pequenas moléculas e íons de um osteócito para o outro OSTEOBLASTOS


(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Dispõem-se sempre nas superfícies ósseas, lado a lado,
↠ Não existe difusão de substâncias através da matriz em um arranjo que lembra um epitélio simples. Quando
calcificada do osso, pois esta é impermeável. Por esse em intensa atividade sintética, os osteoblastos são
motivo, a nutrição dos osteócitos depende dos canalículos cuboides, com citoplasma muito basófilo. Os osteoblastos
que existem na matriz, em cujo interior circulam em fase de síntese mostram as características
substâncias que possibilitam as trocas de moléculas, íons ultraestruturais das células produtoras de proteínas.
e gases entre os capilares sanguíneos e os osteócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Em contrapartida, em estado pouco ativo, tornam-se
Obs.: A observação de osteócitos por microscopia eletrônica de achatados, e a sua basofilia citoplasmática é pouco intensa
transmissão mostra que essas células exibem pequena quantidade de
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
retículo endoplasmático granuloso, complexo de Golgi pouco
desenvolvido e núcleo com cromatina condensada. Embora essas ↠ Os osteoblastos são as células que sintetizam a parte
características ultraestruturais indiquem pequena atividade sintética, os
osteócitos são essenciais para a manutenção da matriz óssea. Sua
orgânica da matriz óssea (colágeno tipo I, proteoglicanos
morte é seguida por reabsorção da matriz ao seu redor (JUNQUEIRA, e glicoproteínas) e fatores que influenciam a função de
13ª ed.). outras células ósseas. Eles são capazes de concentrar
fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Após sintetizar matriz extracelular, o osteoblasto é


aprisionado pela matriz orgânica recém-sintetizada e
passa a ser chamado de osteócito. A matriz, então,
deposita-se ao redor do corpo da célula e de seus
prolongamentos e passa por deposição de cálcio,
formando as lacunas que contêm os osteócitos e os
canalículos – túneis compostos pelos prolongamentos
celulares dos osteócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

No passado, os osteócitos eram considerados células pouco ativas, responsáveis


apenas pela manutenção da matriz óssea; no entanto, descobertas recentes
mostraram que são células metabolicamente ativas e multifuncionais. Os
osteócitos estão envolvidos no processo da mecanotransdução, pelo qual
respondem a forças mecânicas aplicadas ao osso. A diminuição dos estímulos
mecânicos (p. ex., imobilização, fraqueza muscular, ausência de gravidade no ↠ A matriz óssea recém-formada, adjacente aos
espaço) provoca perda óssea, enquanto o aumento dos estímulos mecânicos
promove formação óssea (ROSS, 7ª ed.). osteoblastos ativos e ainda não calcificada, recebe o nome
de osteoide (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Os osteócitos são células de vida longa, e a sua morte pode ser atribuída ao
processo de apoptose, degeneração/necrose, senescência (idade avançada) ou
atividade de remodelação óssea dos osteoclastos. O tempo de sobrevida natural
nos humanos é estimado em cerca de 10 a 20 anos. A porcentagem de
osteócitos mortos no osso aumenta com a idade, de 1% por ocasião do
nascimento até 75% na oitava década de vida. Foi aventada a hipótese de que,
quando a idade de um indivíduo ultrapassa o limite superior do tempo de vida
dos osteócitos, essas células podem morrer (senescência), e as suas lacunas e
canalículos podem ser preenchidos com tecido mineralizado (ROSS, 7ª ed.).

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OSTEOCLASTOS A atividade dos osteoclastos é coordenada por citocinas (pequenas


proteínas sinalizadoras que atuam localmente) e por hormônios, como
↠ Os osteoclastos convivem com os osteoblastos e a calcitonina, produzida pela glândula tireoide, e o paratormônio,
osteócitos, mas pertencem a uma linhagem celular secretado pelas glândulas paratireoides. Algumas dessas ações não são
diretas sobre os osteoclastos, mas são desencadeadas por meio de
bastante diferente. São derivados de monócitos que, no osteócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
interior do tecido ósseo, fundem-se para formar os
osteoclastos multinucleados (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Matriz Óssea

↠ A matriz óssea é constituída de uma parte orgânica e


de uma parte inorgânica (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Cerca de 95% da parte orgânica da matriz é formada
por fibras colágenas constituídas principalmente por
colágeno do tipo I, e o restante, por proteoglicanos e
glicoproteínas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ São células móveis, de tamanho muito grande e
O principal componente estrutural da matriz óssea é o colágeno do
multinucleadas, responsáveis pela reabsorção do tecido
tipo I e, em menor grau, o colágeno do tipo V (ROSS, 7ª ed).
ósseo. Têm citoplasma de aspecto granuloso (algumas
vezes contendo vacúolos), fracamente basófilo nos Em virtude de sua riqueza em fibras colágenas, a matriz óssea
descalcificada cora-se pelos corantes seletivos do colágeno e, em
osteoclastos jovens e muito acidófilo nos maduros
cortes corados por HE, é corada em vermelho-rosa por eosina
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Os osteoclastos situam-se na superfície do tecido Dentre as glicoproteínas e sialoproteínas, destacam-se a osteonectina,


ósseo ou em túneis no interior das peças ósseas. Nas que parece ser importante para o mecanismo de calcificação da
áreas de reabsorção de tecido ósseo, os osteoclastos são matriz, e a osteopontina. Vários fatores de crescimento fazem parte
da matriz orgânica: as proteínas morfogenéticas ósseas (BMP, bone
encontrados frequentemente ocupando pequenas morphogenetic proteins), o fator de crescimento de fibroblastos (FGF,
depressões da matriz escavadas pela atividade dessas fibroblast growth factor) e o fator de crescimento derivado de
células e conhecidas como lacunas de Howship plaquetas (PDGF, platelet-derived growth factor) (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A parte inorgânica representa cerca de 50% do peso
ATIVIDADE FUNCIONAL DOS OSTEOCLASTOS da matriz óssea. Os íons mais encontrados são o fosfato
A superfície ativa dos osteoclastos está voltada para a superfície óssea.
e o cálcio. Há também bicarbonato, magnésio, potássio,
Ela apresenta inúmeros prolongamentos irregulares com formato de sódio e citrato em pequenas quantidades (JUNQUEIRA, 13ª
folhas ou pregas que se ramificam (JUNQUEIRA, 13ª ed.). ed.).
Em torno dessa área com prolongamentos há uma região de Estudos de difração de raios X mostraram que os cristais que se
citoplasma, a zona clara, que é pobre em organelas, mas contém formam pelo cálcio e pelo fosfato têm a estrutura do mineral
muitos filamentos de actina. A zona clara é um local de adesão do hidroxiapatita, com a seguinte composição: Ca10(PO4)6(OH)2. No
osteoclasto à matriz óssea e cria um microambiente fechado entre a entanto, os cristais de matriz óssea mostram imperfeições e não são
superfície ativa da célula e a superfície óssea, no qual ocorre a idênticos à hidroxiapatita encontrada em rochas. Os íons da superfície
reabsorção (JUNQUEIRA, 13ª ed.). do cristal de hidroxiapatita são hidratados, existindo, portanto, uma
camada de água e íons em volta dele, a qual é denominada capa de
Os osteoclastos secretam ácido para o interior desse microambiente hidratação, que facilita a troca de íons entre o cristal e o líquido
sob a forma de íons de hidrogênio (H+), além de colagenase e outras intersticial (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
hidrolases que atuam localmente, tanto digerindo a matriz orgânica
como dissolvendo os cristais de sais de cálcio (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

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↠ A associação de cristais de hidroxiapatita à superfície ENDÓSTEO


das fibras colágenas é responsável pela rigidez e pela
resistência mecânica do tecido ósseo. Após a remoção ↠ O endósteo reveste as superfícies internas do osso e
do cálcio, os ossos mantêm sua forma intacta e tornam- geralmente é constituído por uma delgada camada de
se tão flexíveis quanto os tendões. Por outro lado, a células osteogênicas achatadas, que reveste as cavidades
destruição da parte orgânica, que é principalmente do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers
colágeno, pode ser realizada por incineração e também e os de Volkmann (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
deixa o osso com sua forma intacta, porém tão O tecido de revestimento tanto do osso compacto voltado para a
quebradiço que dificilmente pode ser manipulado sem se cavidade medular quanto das trabéculas do osso esponjoso dentro da
partir (JUNQUEIRA, 13ª ed.). cavidade é denominado endósteo (ROSS, 7ª ed.).

Obs: Além de fornecer novos osteoblastos para o crescimento, a


Periósteo e Endósteo remodelação e a recuperação do osso após traumatismos mecânicos,
o endósteo e, principalmente, o periósteo são importantes para a
↠ A superfície externa e interna dos ossos é recoberta nutrição do tecido ósseo em função da existência de vasos sanguíneos
por uma camada composta de tecido conjuntivo e de em seu interior (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
células osteogênicas, constituindo, respectivamente, o
periósteo e o endósteo (JUNQUEIRA, 13ª ed.). Tipos de Ossos

PERIÓSTEO OSSO COMPACTO E OSSO ESPONJOSO

Os ossos são cobertos por um periósteo, exceto nas áreas onde se ↠ Observando-se macroscopicamente um osso serrado,
articulam com outro osso. Neste último caso, a superfície de articulação verifica-se, do ponto anatômico, que sua superfície é
é coberta por cartilagem (ROSS, 7ª ed.). formada por tecido ósseo sem cavidades visíveis, o osso
↠ A camada mais externa do periósteo contém compacto, e, interiormente, por uma parte com muitas
principalmente fibras colágenas e fibroblastos. As fibras de cavidades intercomunicantes, o osso esponjoso
Sharpey são feixes de fibras colágenas do periósteo que (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
penetram o tecido ósseo e prendem firmemente o
periósteo ao osso (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ A camada interna do periósteo, justaposta ao tecido


ósseo, é mais celularizada e apresenta células
osteoprogenitoras, morfologicamente semelhantes aos
fibroblastos. Essas células se multiplicam por mitose e se
diferenciam em osteoblastos, desempenhando papel
importante no crescimento dos ossos por aposição
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Obs.: Essa classificação é principalmente macroscópica e não


histológica, pois os componentes do osso compacto e os tabiques que
separam as cavidades do osso esponjoso têm a mesma estrutura
histológica básica (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso


esponjoso revestido por uma delgada camada superficial de osso
compacto. A diáfise (parte cilíndrica) é quase totalmente formada por
osso compacto, com pequena quantidade de osso esponjoso na sua
superfície interna, delimitando o canal medular. Nos ossos longos, o
osso compacto é chamado também de osso cortical (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).

Júlia Morbeck – 2º período de medicina


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matriz, quando vista em cortes ao microscópio, aparece


heterogênea, com manchas mais escuras (JUNQUEIRA,
13ª ed.).

Nos ossos chatos que constituem a abóbada craniana, existem duas


camadas de osso compacto, as tábuas interna e externa, separadas
por osso esponjoso que, nessa localização, recebe o nome de díploe.
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Tecido ósseo lamelar e não lamelar

↠ Do ponto de vista histológico, existem dois tipos de


tecido ósseo: o imaturo, primário ou não lamelar; e o
maduro, secundário ou lamelar. Ambos contêm os
mesmos tipos celulares, e os constituintes da matriz são
muito semelhantes (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ O tecido primário é sempre o primeiro a ser formado,


tanto no desenvolvimento embrionário como na TECIDO ÓSSEO SECUNDÁRIO, MADURO OU LAMELAR
reparação das fraturas. É um tecido temporário e
substituído por tecido secundário. No tecido ósseo ↠ O tecido ósseo secundário é a variedade mais
primário, as fibras colágenas se dispõem irregularmente, encontrada no adulto. Sua principal característica é ser
sem orientação definida, enquanto, no tecido ósseo formado por fibras colágenas organizadas em lamelas,
secundário ou lamelar, essas fibras se organizam em que têm de 3 a 7 µm de espessura, são planas ou têm
lamelas, que se arranjam em uma disposição muito forma de anéis (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ordenada (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As fibras colágenas de cada lamela são paralelas entre
TECIDO ÓSSEO PRIMÁRIO, IMATURO OU NÃO LAMELAR si; porém, de lamela para lamela as fibras têm direções
diferentes (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Em cada osso o primeiro tecido ósseo a ser formado
é do tipo primário (não lamelar), sendo substituído ↠ As lacunas que contêm osteócitos estão geralmente
gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário situadas entre as lamelas ósseas, mas algumas vezes
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). estão dentro das lamelas. Devido a essa disposição, no
osso lamelar os osteócitos se dispõem em fileiras, ao
No adulto é muito pouco encontrado, persistindo apenas próximo às contrário do osso não lamelar, em que se dispõem sem
suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos
de inserção de tendões (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
organização aparente (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ O tecido ósseo primário tem fibras colágenas dispostas ↠ As lamelas ósseas que se reúnem em conjuntos de
em várias direções sem organização definida, tem menor lamelas podem ter dois tipos de arranjos espaciais:
quantidade de minerais (mais facilmente penetrado pelos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
raios X) e maior proporção de osteócitos do que o tecido
ósseo secundário. Os osteócitos do osso primário se
dispõem de maneira aparentemente desorganizada, e a

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➢ Lamelas planas se dispõem paralelamente umas canal revestido de endósteo, o canal de Havers, que
às outras, formando pilhas de lamelas de tecido contém vasos e nervos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ósseo
A diáfise dos ossos é quase toda composta de osso lamelar e se
➢ Lamelas curvas em forma de anéis se dispõem constitui em um bom material para analisar a distribuição e a
em camadas concêntricas em torno de um canal organização das lamelas nesse tipo de osso (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
central
Suas lamelas ósseas organizam-se em arranjo bastante característico,
↠ Separando conjuntos de lamelas, ocorre formando quatro arranjos principais: os sistemas de Havers, os
sistemas circunferenciais interno e externo e os sistemas
frequentemente o acúmulo no meio extracelular de uma intermediários. Esses quatro sistemas são facilmente identificáveis em
substância cimentante, que consiste em matriz cortes transversais à diáfise (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
mineralizada, porém com pouquíssimo colágeno
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ Os sistemas de Havers são formados por lamelas
dispostas concentricamente, e os outros três são
compostos de pilhas de lamelas planas ou levemente
curvas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O tecido ósseo secundário ou lamelar formado por sistemas de Havers
é característico da diáfise dos ossos longos, embora sistemas de
Havers pequenos sejam encontrados no osso compacto de outros
locais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Os sistemas circunferenciais interno e externo,


constituídos por lamelas ósseas paralelas entre si, formam
duas faixas: uma situada na parte interna do osso, em
volta do canal medular e em contato com o endósteo, e
a outra na região mais externa, próxima ao periósteo. O
sistema circunferencial externo é mais espesso do que o
interno, e os sistemas de Havers ocupam a porção
intermediária da diáfise entre eles (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Como os osteócitos se nutrem por meio do trânsito


de substâncias no interior dos canalículos ósseos, a
↠ Os conjuntos de lamelas organizadas espessura da parede de cada sistema de Havers é limitada
concentricamente formam as estruturas denominadas pela distância entre os osteócitos mais externos e o canal
sistemas de Havers ou ósteons. Cada um desses sistemas central do sistema, o canal de Havers, por onde circulam
é um cilindro longo, às vezes bifurcado, em geral paralelo vasos sanguíneos. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas
concêntricas. No centro desse cilindro ósseo existe um ↠ Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a
cavidade medular e com a superfície externa do osso por

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meio de túneis transversais ou oblíquos à diáfise, situados ↠ Osteoblastos que acabam sendo totalmente envolvidos
no interior do osso, chamados de canais de Volkmann. pela matriz passam para a categoria de osteócitos. Como
Estes se distinguem dos de Havers por não serem vários desses grupos surgem quase simultaneamente no
envolvidos por lamelas ósseas concêntricas. Os canais centro de ossificação, há confluência de pontes ou traves
vasculares existentes no tecido ósseo se formam pela de tecido ósseo recém-formadas, mantendo espaços
deposição de matriz óssea ao redor de vasos entre si preenchidos por células mesenquimais, células
preexistentes (JUNQUEIRA, 13ª ed.). osteoprogenitoras e vasos sanguíneos, o que confere ao
osso uma estrutura esponjosa. As células
Histogênese mesenquimatosas presentes nesses espaços dão origem
↠ O tecido ósseo é formado por dois processos: à medula óssea (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ossificação intramembranosa, que ocorre no interior de
uma membrana conjuntiva, ou ossificação endocondral,
que se inicia sobre um molde de cartilagem hialina que é
gradualmente substituído por tecido ósseo (JUNQUEIRA,
13ª ed.).

↠ Tanto na ossificação intramembranosa como na


endocondral, o primeiro tecido ósseo formado é do tipo
primário, o qual, pouco a pouco, é substituído por tecido
secundário ou lamelar. Portanto, durante o crescimento
dos ossos, podem ser vistas lado a lado áreas de tecido
ósseo primário, áreas de reabsorção e áreas de tecido
ósseo secundário (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Uma combinação de formação e remoção de tecido


Os vários centros de ossificação crescem radialmente e acabam por
ósseo persiste durante o crescimento do osso e também
se fundir e substituir a membrana conjuntiva preexistente. A palpação
no adulto, embora em ritmo muito mais lento do crânio dos recém-nascidos revela áreas moles – as fontanelas –,
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). nas quais as membranas conjuntivas ainda não foram substituídas por
tecido ósseo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A distinção entre a formação endocondral e intramembranosa
depende de um modelo de cartilagem servir de precursor do osso As regiões superficiais da membrana conjuntiva, que não sofrem
(ossificação endocondral) ou da formação de osso de modo mais ossificação, passam a constituir o endósteo e o periósteo (JUNQUEIRA,
simples, sem a intervenção de um precursor cartilaginoso (ossificação 13ª ed.).
intramembranosa) (ROSS, 7ª ed.).
OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL
OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA
↠ A ossificação endocondral tem início sobre uma peça
↠ A ossificação intramembranosa ocorre no interior de de cartilagem hialina, cujo formato é semelhante ao do
membranas de tecido mesenquimal durante a vida osso que se vai formar, porém de tamanho menor
intrauterina e de membranas de tecido conjuntivo na vida (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
pós-natal (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Esse tipo de ossificação é o principal responsável pela
É o processo formador dos ossos frontal e parietal e de partes do formação dos ossos curtos e longos. Ela consiste
occipital, do temporal e dos maxilares superior e inferior. Contribui
também para o crescimento dos ossos curtos e para o aumento em
essencialmente em dois processos: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
espessura dos ossos longos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
➢ As células da cartilagem hialina sofrem várias
↠ O local da membrana onde a ossificação começa modificações, inclusive a hipertrofia dos
chama-se centro de ossificação primária. O processo tem condrócitos, que aumentam muito de volume. A
início pela diferenciação de células mesenquimatosas que matriz cartilaginosa situada entre os condrócitos
se transformam em grupos de osteoblastos e sintetizam hipertróficos reduz-se a finos tabiques e sofre
o osteoide (matriz ainda não mineralizada), que logo se calcificação. Assim, ocorre a morte dos
mineraliza (JUNQUEIRA, 13ª ed.). condrócitos por apoptose.

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➢ As cavidades previamente ocupadas pelos Destes, o hormônio da paratireoide e o calcitriol são os mais
condrócitos são invadidas por capilares importantes em seres humanos adultos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
sanguíneos e células osteogênicas vindas do HORMÔNIO DA PARATIREOIDE
tecido conjuntivo adjacente. Essas células se
diferenciam em osteoblastos, que depositarão ↠ Quatro pequenas glândulas paratireoides repousam
matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem sobre a superfície dorsal da glândula tireoide. Elas
calcificada. Os osteócitos derivados dos secretam o hormônio da paratireoide (PTH) (também
osteoblastos são envolvidos por matriz óssea; chamado de paratormônio), um peptídeo que possui
dessa maneira, aparece tecido ósseo onde antes função principal de aumentar as concentrações
havia tecido cartilaginoso, sem que ocorra plasmáticas de Ca+2 (SILVERTHORN, 7ª ed.).
transformação deste tecido naquele. Os tabiques
. ↠ O estímulo para a liberação do PTH é a diminuição
de matriz calcificada da cartilagem servem
das concentrações plasmáticas de Ca+2, monitorada por
apenas de ponto de apoio para a deposição de
um receptor sensível ao Ca+2 (CaSR), localizado na
tecido ósseo.
membrana celular. O CaSR, um receptor acoplado à
Regulação bioquímica do tecido ósseo proteína G, foi o primeiro receptor de membrana
identificado cujo ligante era um íon, em vez de uma
EQUILÍBRIO DO CÁLCIO molécula orgânica (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A maior parte do cálcio do corpo – 99%, ou
aproximadamente 1,1 kg – é encontrada nos ossos.
Entretanto, esse pool é relativamente estável, por isso é
a menor fração corporal de cálcio não ósseo que é mais
crítica para o funcionamento fisiológico (SILVERTHORN,
7ª ed.).

↠ Devido ao cálcio ser tão importante para diversas


funções fisiológicas, a concentração plasmática de Ca+2 é
estreitamente regulada. A homeostasia do cálcio segue o
princípio de balanço de massa: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Cálcio corporal total = entrada – saída
Cálcio corporal total é todo o cálcio presente no corpo, distribuído ao
longo dos três compartimentos: (SILVERTHORN, 7ª ed.).

• Líquido extracelular;
• Ca+2 intracelular;
• Matriz extracelular (osso).

Entrada é o cálcio ingerido na dieta e absorvido no intestino delgado.


Somente cerca de um terço do cálcio ingerido é absorvido, e,
diferentemente de outros nutrientes, a absorção de cálcio é regulada ↠ O PTH atua no osso, no rim e no intestino para
hormonalmente (SILVERTHORN, 7ª ed.). aumentar as concentrações plasmáticas de Ca+2. O Ca+2
Saída, ou perda de Ca+2 pelo corpo, ocorre principalmente pelos rins,
plasmático elevado atua como retroalimentação negativa
com uma pequena quantidade excretada pelas fezes (SILVERTHORN, e desliga a secreção de PTH. O hormônio da paratireoide
7ª ed.). aumenta o Ca+2 plasmático de três formas:
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
TRÊS HORMÔNIOS CONTROLAM O EQUILÍBRIO DE CÁLCIO
➢ O PTH mobiliza cálcio dos ossos: o aumento da
↠ Três hormônios regulam o movimento de Ca+2 entre reabsorção óssea pelos osteoclastos leva
osso, rim e intestino: (SILVERTHORN, 7ª ed.). aproximadamente 12 horas para se tornar
➢ hormônio da paratireoide; mensurável. Curiosamente, embora os
➢ calcitriol (vitamina D3); osteoclastos sejam responsáveis por dissolver a
➢ calcitonina. matriz calcificada e serem um alvo lógico para o

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PTH, eles não possuem receptores para PTH. síntese de calcitriol. Essa ação assegura a absorção máxima de Ca+2
Em vez disso, os efeitos do PTH são mediados a partir da dieta em um momento em que a demanda metabólica para
Ca+2 está alta (SILVERTHORN, 7ª ed.).
por um conjunto de moléculas parácrinas,
incluindo a osteoprotegerina (OPG) e um fator
de diferenciação de osteoclastos, chamado de
RANKL.;
➢ O PTH aumenta a reabsorção renal de cálcio: a
reabsorção regulada de Ca+2 ocorre no néfron
distal. O PTH aumenta simultaneamente a
excreção renal do fosfato, reduzindo sua
reabsorção. Os efeitos opostos do PTH sobre o
cálcio e o fosfato são necessários para manter
suas concentrações combina das abaixo de um
nível crítico. Se as concentrações excedem tal
nível, formam-se cristais de fosfato de cálcio que
precipitam fora da solução. As elevadas
concentrações de fosfato de cálcio na urina são
uma das causas da formação de cálculos renais.
➢ O PTH aumenta indiretamente a absorção
intestinal de cálcio pela sua influência na vitamina
D3.

CALCITRIOL
↠ A absorção intestinal de cálcio é estimulada pela ação
de um hormônio conhecido como calcitriol ou vitamina D3.
CALCITONINA
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O terceiro hormônio envolvido no metabolismo de
↠ O corpo forma calcitriol a partir da vitamina D que foi
cálcio é a calcitonina, um peptídeo produzido pelas células
obtida pela dieta ou sintetizada na pele pela ação da luz
C da tireoide (SILVERTHORN, 7ª ed.).
solar sob os precursores formados a partir de acetil-CoA
(SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ As suas ações são opostas às do hormônio da
paratireoide. A calcitonina é liberada quando as
↠ A vitamina D é modificada em dois passos – primeiro
concentrações plasmáticas de Ca+2 aumentam
no fígado, e então nos rins – para formar a vitamina D3
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
ou calcitriol. O calcitriol é o principal hormônio responsável
por aumentar a absorção de Ca+2 a partir do intestino Experimentos realizados em animais mostram que a calcitonina diminui
delgado. Além disso, o calcitriol facilita a reabsorção renal a reabsorção óssea e aumenta a excreção renal de cálcio
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
de Ca+2 e ajuda a mobilizar Ca+2 para fora do osso
(SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A calcitonina aparentemente desempenha um papel
secundário no equilíbrio diário do cálcio em seres
↠ A produção de calcitriol é regulada no rim por ação
humanos adultos.
do PTH. Concentrações plasmáticas diminuídas de Ca+2
estimulam a secreção de PTH, que estimula a síntese de A calcitonina tem sido utilizada medicamente para tratar pacientes com
calcitriol (SILVERTHORN, 7ª ed.). doença de Paget, uma condição ligada à genética na qual os
osteoclastos são superativos e o osso se torna enfraquecido devido à
↠ A absorção renal e intestinal de Ca+2 aumenta o Ca+2 reabsorção. A calcitonina nesses pacientes estabiliza a perda óssea
sanguíneo, desligando o PTH em uma alça de anormal, levando os cientistas a especularem que esse hormônio é
mais importante durante o crescimento na infância, quando uma
retroalimentação negativa, que diminui a síntese de deposição óssea líquida é necessária, e durante a gestação e a
calcitriol (SILVERTHORN, 7ª ed.). lactação, quando o corpo da mãe precisa de suprimento de cálcio
para ela e para o seu filho (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A prolactina, o hormônio responsável pela produção do leite em
mulheres que estão amamentando (lactantes), também estimula a

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A calcitonina é mais efetiva em reduzir os níveis sanguíneos de Ca +2 • Vitaminas. A vitamina A estimula a atividade dos
nas crianças. Nos adultos, seus efeitos parecem ser insignificantes osteoblastos. A vitamina C é necessária para a síntese de
(MARIEB, 3ª ed.). colágeno a principal proteína óssea. A vitamina D ajuda a
construir osso aumentando a absorção do cálcio
Esse controle hormonal não atua para preservar a força do esqueleto proveniente dos alimentos do trato gastrintestinal para o
ou o seu bem-estar, mas para manter a homeostase do cálcio no sangue. As vitaminas K e B12 também são necessárias para
sangue. De fato, se os níveis de cálcio permanecem baixos por um a síntese de proteínas ósseas (TORTORA, 14ª ed.).
longo período, os ossos tomam-se tão desmineralizados que
• Hormônios. Durante a infância, os hormônios mais
desenvolvem grandes buracos semelhantes a furos. Assim, os ossos
importantes para o crescimento ósseo são os fatores de
atuam como um local de armazenamento, a partir do qual o cálcio
crescimento insulina-símiles (IGFs), produzidos pelo fígado
iônico é removido conforme necessário (SILVERTHORN, 7ª ed.).
e tecido ósseo. Os IGFs estimulam os osteoblastos,
promovem a divisão celular na lâmina epifisial e no
FATOR DE CRESCIMENTO DO FIBROBLASTO 23 E OSTEOCALCINA periósteo e intensificam a síntese das proteínas necessárias
para construir osso novo. Os IGFs são produzidos em
↠ Várias descobertas recentes de novos hormônios
resposta à secreção do hormônio de crescimento do lobo
produzidos por osteoblastos e osteócitos incluíram o anterior da glândula hipófise. Os hormônios da tireoide (T3
esqueleto no grupo dos órgãos endócrinos responsáveis e T4) secretados pela glândula tireoide também provocam
pela homeostasia dos minerais e nutrientes. Tais o crescimento ósseo por estimulação dos osteoblastos.
hormônios são os seguintes: (ROSS, 7ª ed.). Além disso, o hormônio insulina do pâncreas promove o
crescimento ósseo pelo aumento da síntese de proteínas
➢ O fator de crescimento do fibroblasto 23 (FGF ósseas (TORTORA, 14ª ed.).
23), que é produzido pelos osteócitos, regula os Obs.: Na puberdade, a secreção de hormônios conhecidos como
níveis séricos de fosfato por meio de alteração hormônios sexuais causa um efeito profundo sobre o crescimento
dos níveis de vitamina D ativa e atividade de ósseo. Os hormônios sexuais englobam os estrogênios (produzidos
pelos ovários) e androgênios como a testosterona (produzido pelos
transportadores de fosfato específicos no rim. O
testículos). Esses hormônios são responsáveis pela intensificação da
FGF23 é um importante fator que ajuda o PTH atividade dos osteoblastos, pela síntese de matriz extracelular óssea e
na eliminação do excesso de fosfato liberado da pelo “estirão de crescimento” que ocorre durante a adolescência. Os
hidroxiapatita durante a reabsorção óssea. estrogênios também promovem alterações no esqueleto típicas das
➢ A osteocalcina, que é produzida pelos mulheres, como alargamento da pelve. Por fim, os hormônios sexuais,
sobretudo os estrogênios nos dois sexos, cessam o crescimento nas
osteoblastos, está ligada a uma nova via de lâminas epifisiais (de crescimento), interrompendo o alongamento dos
regulação da energia e metabolismo da glicose. ossos. Em geral, o crescimento em comprimento dos ossos termina
Tem como alvo os adipócitos e as células mais cedo nas mulheres do que nos homes devido aos níveis mais
produtoras de insulina no pâncreas. elevados de estrogênios (TORTORA, 14ª ed.).

A osteocalcina (OC) é liberada na circulação sanguínea durante os Remodelação Óssea


processos de reabsorção e formação óssea. Por ser um marcador
tardio da atividade dos osteoblastos, é utilizada como marcador de ↠ Assim como a pele, os ossos se formam antes do
formação óssea (JACOBY, 2021) nascimento, porém se renovam de maneira contínua
↠ Tanto o FGF23 quanto a osteocalcina atuam como depois disso (TORTORA, 14ª ed.).
hormônios endócrinos clássicos; isto é, são produzidos ↠ Remodelação óssea é a substituição contínua do
exclusivamente no tecido ósseo e atuam em órgãos-alvo tecido ósseo antigo por tecido ósseo novo. Esse processo
distantes por meio de um mecanismo de envolve reabsorção óssea, que consiste na remoção de
retroalimentação regulador (ROSS, 7ª ed.). minerais e fibras de colágeno do osso pelos osteoclastos,
FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO ÓSSEO E A REMODELAÇÃO ÓSSEA e deposição óssea, que é a adição de minerais e fibras
de colágeno ao osso pelos osteoblastos (TORTORA, 14ª
O metabolismo ósseo normal – crescimento no jovem e remodelação ed.).
óssea no adulto – depende de vários fatores, como a ingestão por
meio de dieta adequada de minerais e vitaminas, além de níveis Reparo ou consolidação de fraturas ósseas pode ocorrer por dois
suficientes de vários hormônios (TORTORA, 14ª ed.). processos: consolidação óssea direta ou indireta (ROSS, 7ª ed.).
• Minerais: Grandes quantidades de cálcio e fósforo são • A consolidação óssea direta (primária) ocorre quando o
necessárias durante o crescimento dos ossos, assim como osso fraturado é cirurgicamente estabilizado com placas de
quantidades menores de magnésio, fluoreto e manganês. compressão, restringindo assim o movimento por
Esses minerais também são necessários durante a completo entre os fragmentos fraturados de osso. Nesse
remodelação óssea (TORTORA, 14ª ed.). processo, o osso sofre remodelação interna semelhante
àquela do osso maduro. Os cones de corte formados pelos

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osteoblastos cruzam a linha de fratura e produzem canais


de reabsorção longitudinais, que posteriormente são
preenchidos por osteoblastos produtores de osso
residentes nos cones de fechamento. Esse processo
resulta na geração simultânea de união óssea e
restauração dos sistemas de Havers (ROSS, 7ª ed.).
• A consolidação óssea indireta (secundária) envolve
respostas do periósteo e dos tecidos moles adjacentes,
bem como formação óssea endocondral e
intramembranosa. Esse tipo de reparo ósseo ocorre em
fraturas tratadas com fixação óssea não rígida ou
semirrígida (i. e., tratamento com gesso, aparelhos para
fratura, fixação externa, pinos intramedulares ou aplicação
de placas metálicas sobre a lacuna da fratura) (ROSS, 7ª
ed.).
JACOBY, 2021
↠ A remodelação óssea compreende uma série
REABSORÇÃO ÓSSEA
ordenada de eventos que vão converter uma superfície
em repouso numa zona em remodelação seguindo uma ↠ A reabsorção óssea é realizada pelos osteoclastos, cé
sequência imutável de ativação (A) → reabsorção (R) → lulas multinucleadas gigantes que surgem a partir das
formação (F). A remodelação óssea consiste, pois, num mesmas células-tronco hematopoiéticas que se
processo pelo qual é eliminado uma área de tecido ósseo diferenciam em macrófagos (MARIEB, 3ª ed.).
que será substituída por outra, com pouca ou nenhuma
alteração da massa óssea (FIGUEIREDO; VALE, 2016) ↠ Os osteoclastos movem-se ao longo da superfície do
osso, escavando sulcos enquanto degradam a matriz
óssea. A parte do osteoclasto que toca o osso é muito
pregueada, formando uma membrana que se prende
firmemente ao osso, selando a área de destruição óssea.
A borda pregueada secreta: (MARIEB, 3ª ed.).
➢ enzimas lisossômicas que digerem a matriz
orgânica;
➢ ácido clorídrico que converte os sais de cálcio
em formas solúveis que passam facilmente para
uma solução.

↠ Os osteoclastos também podem fagocitar a matriz


desmineralizada e os osteócitos mortos. Produtos finais da
matriz digerida, fatores de crescimento e minerais
dissolvidos são então endocitados, transportados através
do osteoclasto (por transcitose) e liberados no lado
A fase de ativação (A) compreende o reconhecimento de uma área
precisa da superfície óssea e a sua preparação para o processo de
oposto onde entram primeiro no fluido intersticial e depois
remodelação. O início desta fase parece ser da responsabilidade de no sangue (MARIEB, 3ª ed.).
citoquinas pró-inflamatórias produzidas pelos osteócitos em
“sofrimento” ou em apoptose, localizados na área que irá ser sujeita a DEPOSIÇÃO ÓSSEA
remodelação (FIGUEIREDO; VALE, 2016)
↠ A deposição óssea ocorre onde o osso é lesado ou
Na fase de reabsorção (R) os osteoclastos cavam, no tecido ósseo quando é necessário força óssea adicional. Para a
esponjoso, lacunas de contornos muito irregulares denominadas por
deposição óssea ideal, uma dieta saudável rica em
lacunas de Howship e no tecido ósseo compacto cavidades cilíndricas
designadas por cones de reabsorção (FIGUEIREDO; VALE, 2016) proteínas, vitamina C, vitamina D, vitamina A e vários
minerais (cálcio, fósforo, magnésio, manganês, entre
Esta fase de formação (F) consiste, pois, na síntese de matriz osteóide
outros) é essencial (MARIEB, 3ª ed.).
e na sua posterior mineralização, tendo como resultado final a
reconstrução da lacuna de Howship com novo tecido ósseo ou de um
↠ Novos depósitos de matriz pelos osteócitos são
cone de reabsorção, dando origem ao aparecimento de um novo
sistema de Havers (FIGUEIREDO; VALE, 2016) marcados pela presença de uma camada de osteóide,

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uma faixa não-mineralizada de matriz com 10 a 12 µm de RESPOSTA AO ESTRESSE MECÂNICO:


espessura e aparência transparente (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Além da regulação hormonal, outros fatores interferem no
remodelamento, como a resposta do osso ao estresse mecânico
↠ Entre a camada de osteóide e o osso mineralizado
(tração muscular) e à gravidade. Esses fatores atendem às
mais antigo, existe uma transição abrupta chamada de necessidades do esqueleto, mantendo os ossos fortes no local de ação
frente de mineralização (MARIEB, 3ª ed.). desses estressares (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Como a camada de osteóide tem sempre uma ↠ A lei de Wolff afirma que um osso cresce ou remodela em resposta
espessura constante e a mudança da matriz não- às demandas impostas sobre ele. O primeiro aspecto a ser
compreendido é que a anatomia do osso reflete o estresse que ele
mineralizada para a mineralizada é súbita, parece que o enfrenta. Por exemplo, um osso é estressado sempre que sustenta
osteóide deve amadurecer por cerca de uma semana peso ou é submetido à tração muscular. Porém, esse estresse em
antes que possa calcificar (MARIEB, 3ª ed.). geral encontra-se fora do centro e tende a curvar o osso (MARIEB,
3ª ed.).
O sinal preciso para iniciar a calcificação ainda é controverso.
Entretanto, um fator crítico é o produto das concentrações locais de ↠ O encurvamento comprime o osso em um lado e submete-o à
íons cálcio e fosfato (PI) (o produto Ca+2 x Pi). Quando este produto tensão (estiramento) no outro lado. Assim, ambas as forças são
alcança um certo nível, pequenos cristais de hidroxiapatita formam-se mínimas em direção ao centro do osso (elas anulam uma à outra), o
espontaneamente e a seguir catalisam a cristalização adicional de sais que possibilita que o osso seja "oco" e consequentemente leve
de cálcio na área. Outros fatores envolvidos são as proteínas da matriz, (usando osso esponjoso em vez de osso compacto) sem estar
que ligam e concentram cálcio, e a enzima fosfatase alcalina (produzida ameaçado (MARIEB, 3ª ed.).
pelos osteoblastos), a qual é essencial para a mineralização (MARIEB,
3ª ed.). ↠ Outras observações da lei de Wolff incluem: (MARIEB, 3ª ed.).

➢ os ossos longos são mais espessos no meio da diáfise,


↠ Uma vez que estejam presentes as condições exatamente onde o estresse de encurvamento é maior
apropriadas, os sais de cálcio são depositados todos de (ao se curvar uma vara, ela irá se partir próximo do meio);
uma vez e com grande precisão ao longo da matriz ➢ os ossos curvados são mais espessos onde estão mais
"madura" (MARIEB, 3ª ed.). propensos a deformar;
➢ as trabéculas do osso esponjoso formam feixes, ou traves,
Dessa maneira, a reabsorção óssea resulta em destruição de matriz ao longo das linhas de compressão;
extracelular óssea, enquanto a deposição óssea ocasiona formação de ➢ projeções ósseas grandes existem onde os músculos ativos
matriz extracelular óssea. O tempo todo, cerca de 5% da massa óssea mais pesados estão ligados.
total no corpo está sendo remodelada. A taxa de renovação de tecido
ósseo compacto é de cerca de 4% ao ano e a do tecido ósseo
esponjoso é de cerca de 20% por ano (TORTORA, 14ª ed.).

A remodelação também ocorre em velocidades distintas nas


diferentes regiões do corpo. A porção distal do fêmur é substituída a
cada 4 meses aproximadamente. Em contraste, o osso em
determinadas áreas da diáfise do fêmur não é substituído por
completo durante toda a vida do indivíduo. Mesmo após os ossos
alcançarem forma e tamanho adultos, o osso antigo é continuamente
destruído e substituído por osso novo. A remodelação também
remove osso lesionado, substituindo-o por tecido ósseo novo. A
remodelação pode ser influenciada por fatores como exercício, estilo
de vida sedentário e alterações na dieta (TORTORA, 14ª ed.).

CONTROLE DO REMODELAMENTO
↠ O remodelamento que ocorre continuamente no
esqueleto é regulado por duas alças de controle que
atendem a diferentes "mestres". Uma é o mecanismo
hormonal de retroalimentação negativa que mantém a
homeostase do Ca+2 no sangue. A outra envolve
respostas às forças mecânicas e gravitacionais que atuam
sobre o esqueleto (MARIEB, 3ª ed.).

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Reparo Ósseo

↠ Apesar de sua impressionante força, os ossos são


suscetíveis a fraturas (MARIEB, 3ª ed.). As fraturas são
nomeadas de acordo com a gravidade, formato, posição
da linha de fratura ou, até mesmo, com o nome do
médico que a descreveu pela primeira vez. (TORTORA,
14ª ed.).

↠ O reparo em uma fratura simples envolve quatro


estágios principais: (MARIEB, 3ª ed.).
1- Formação do hematoma. Quando um osso é
fraturado, os vasos sanguíneos no osso e no 3- Formação do calo ósseo. Dentro de uma
periósteo, e talvez nos tecidos circundantes, são semana, novas trabéculas ósseas começam a
rompidos e causam uma hemorragia. Como aparecer no calo fibrocartilaginoso e
resultado, um hematoma, uma massa de sangue gradualmente convertem-no em calo ósseo
coagulado, forma-se no local da fratura. Logo, as (duro) de osso esponjoso. A formação do calo
células ósseas sem nutrição morrem, e os ósseo continua até que uma firme união seja
tecidos no local incham, doem e inflamam. formada cerca de dois meses depois.
2- Formação do calo fibrocartilaginoso. Dentro de 4- Remodelamento ósseo. Começando durante a
poucos dias, vários eventos levam à formação formação do calo ósseo e continuando vários
do tecido de granulação, também chamado de meses depois, o calo ósseo é remodelado. O
calo ("pele dura") mole. Os capilares crescem no excesso de material sobre a diáfise exterior e
hematoma e as células fagocíticas invadem a dentro da cavidade medular é removido, e o
área e começam a limpar os resíduos. Enquanto osso compacto é depositado para reconstruir
isso, fibroblastos e osteoblastos invadem o local suas paredes. A estrutura final do osso
da fratura a partir do periósteo e do endósteo remodelado assemelha-se à região óssea original
adjacentes e começam a reconstruir o osso. Os não-quebrada, pois ela responde ao mesmo
fibroblastos produzem fibras colágenas que conjunto de estressores mecânicos.
cruzam a fratura e conectam as extremidades
do osso fraturado, e algumas diferenciam-se em
condroblastos que secretam matriz de
cartilagem. Dentro dessa massa de tecido de
reparo, os osteoblastos começam a formar osso
esponjoso, mas aqueles mais distantes do
suprimento capilar secretam uma matriz
cartilaginosa que avoluma-se externamente e
depois calcifica. Essa massa toda de tecido de
reparo, agora chamada de calo fibrocartilaginoso,
forma uma "tala" no osso quebrado.

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ARTIGO: OS EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA REMODELAÇÃO Em adolescentes com excesso de peso, os efeitos da
ÓSSEA (SOARES; FILHO, 2017) obesidade sobre a massa óssea e sua relação com marcadores
bioquímicos de remodelação óssea não são totalmente
Vários estudos indicam que a atividade física está positivamente elucidados.
relacionada com a DMO (Densidade mineral óssea), sendo um
importante fator para a sua manutenção. É consensual, na
literatura especializada, que atividades físicas de maior
sobrecarga, decorrente do peso corporal, bem como o
Referências:
treinamento de força, causam estímulos osteogênicos, devido
PAWLINA, W. Ross Histologia: Texto e Atlas, 7ª edição.
ao aumento do estresse mecânico localizado nos ossos A
realização de atividade física é recomendada devido à Guanabara Koogan, RJ, 2016
possibilidade de potencializar o pico de massa óssea. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Uma possível justificativa para o aumento da DMO com o Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
treinamento de força é o efeito piezoelétrico ósseo. A força JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
mecânica, quando aplicada sobre o tecido ósseo, forma sinais
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
endógenos que interferem nos processos de remodelação
óssea. Esses sinais são captados por um sistema TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
mecanossensorial, no qual o osteócito é a principal célula em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
responsável por traduzir a força mecânica em sinais
bioquímicos que regulam o turnover ósseo. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.

ARTIGO: O IMPACTO DO EXCESSO DE GORDURA CORPORAL SOBRE A FIGUEIREDO, M. H.; VALE, F. Compartimento de
REMODELAÇÃO ÓSSEA DE ADOLESCENTES (FIORELLI, 2016) remodelação óssea: estudo experimental em modelo
animal. Dissertação de candidatura ao grau de mestre,
A adolescência é uma fase mediada por intensas Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2016.
transformações físicas, psíquicas, comportamentais e sociais.
Esse momento merece destaque, principalmente no que diz JACOBY, J. T. Análise da densidade mineral óssea e de
respeito à aquisição do conteúdo mineral ósseo, quando a marcadores de remodelação óssea de pacientes
massa óssea adquirida no período entre 10 a 20 anos de idade brasileiros com glicogenoses hepáticas. Dissertação de
é considerada um dos fatores mais importantes na prevenção candidatura ao grau de mestre, Universidade Federal do
da osteopenia/osteoporose e fraturas por fragilidade, que
Rio Grande do sul, 2021.
ocorrem durante a fase adultícia e a senilidade.

Mais recentemente o tecido ósseo também tem sido


SOARES, K. A.; FILHO, M. B. O. Os efeitos da atividade
reconhecido como um órgão endócrino e possui uma ligação física na remodelação óssea. Jornal Intersiciplinar de
complexa com o tecido adiposo. Essa relação é colocada em Biociências, v. 2, n. 1, 2017.
destaque, pois os adipócitos e os osteoblastos se originam a
FIORELLI, L. N. M. O impacto do excesso de gordura corporal
partir da mesma linhagem de células: as células estaminais
sobre a remodelação óssea de adolescentes. Tese de
mesenquimais (MSCs). Em certa medida, reduzir o número de
Doutorado, 2016.
adipócitos poderia aumentar o de osteoblastos devido à relação
competitiva destas duas células durante o processo de
diferenciação celular.

É importante ressaltar que o tecido adiposo desempenha um


impacto importante sobre o metabolismo ósseo, não só pelo
efeito de sustentação quando atua em conjunto com a massa
magra, mais precisamente com o tecido muscular, mas
também pela presença das chamadas adipocinas. Estas por sua
vez, têm sido alvo de interesse dos pesquisadores, que relatam
que algumas adipocinas (adiponectina, leptina) possuem um
efeito positivo em relação à formação óssea por promoverem
a maturação dos osteoblastos, além de consideradas preditoras
de fraturas ortopédicas.

Júlia Morbeck – 2º período de medicina


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1
AP 11 – “OSSO FRACO”

Objetivos Por volta dos 23 anos de idade, os três ossos separados


se fundem. Embora cada osso do quadril atue como um
1- Estudar a anatomofisiologia da pelve; osso isolado, os anatomistas comumente estudam cada
2- Citar as medidas preventivas para evitar osso do quadril dividido em três partes (TORTORA, 14ª
acidentes domésticos em idosos; ed.).
Cíngulo do Membro Inferior

↠ O cíngulo do membro inferior (cintura pélvica) liga os


membros inferiores à coluna vertebral e dá suporte aos
órgãos viscerais da pelve. Além disso, transmite o peso
da parte superior do corpo para os membros inferiores
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ A cintura pélvica é presa ao esqueleto axial por alguns


dos ligamentos mais fortes do corpo (MARIEB, 3ª ed.).
IMPORTANTE COMPARAÇÃO: Além disso, a cavidade glenoidal da
escápula é rasa, enquanto as cavidades correspondentes na cintura
pélvica são profundas e apresentam um formato de cálice, o que
possibilita que a cabeça do fêmur mantenha-se firmemente acoplada
ao quadril. Portanto, mesmo que as articulações do ombro e do quadril
tenham o mesmo formato de suas superfícies articulares (esferóideas),
poucas pessoas são capazes de rodar ou balançar os membros
inferiores com o mesmo grau de liberdade dos membros superiores.
A cintura pélvica não tem a mobilidade da cintura escapular, mas é ↠ No ponto da fusão do ílio, ísquio e púbis encontra-se
muito mais estável. (MARIEB, 3ª ed.). uma profunda cavidade hemisférica chamada de
acetábulo ("taça de vinho") sobre a superfície lateral da
↠ O cíngulo do membro inferior (quadril) é formado
pelve. O acetábulo recebe a cabeça do fêmur, o osso da
pelos dois ossos do quadril, também chamados de ossos
coxa, formando a articulação do quadril (MARIEB, 3ª ed.).
coxais (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os ossos do quadril se unem anteriormente na ÍLIO


articulação chamada de sínfise púbica; unem-se ↠ O ílio ("flanco") é a região alargada que forma a parte
posteriormente com o sacro nas articulações sacroilíacas superior do osso do quadril (MARIEB, 3ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O ílio, o maior dos três componentes do osso do
quadril, é composto por uma asa superior e um corpo
inferior. O corpo é um dos integrantes do acetábulo, o
encaixe para a cabeça do fêmur (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O anel completo composto pelos ossos do quadril,


sínfise púbica, sacro e cóccix forma uma estrutura
profunda, em forma de bacia, chamada de pelve óssea
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os ossos do quadril são largos, apresentam um


formato irregular e na infância consistem de três ossos
separados: o ílio (superior), o ísquio (posteroinferior) e o
púbis (anteroinferior) (MARIEB, 3ª ed.).

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↠ A margem superior do ílio, a crista ilíaca, termina glútea anterior e linha glútea inferior. Os músculos glúteos
anteriormente em uma espinha ilíaca anterossuperior se fixam ao ílio entre essas linhas (TORTORA, 14ª ed.).
romba (TORTORA, 14ª ed.). Essa crista é mais espessa em
uma região chamada de tubérculo ilíaco (MARIEB, 3ª ed.). ÍSQUIO

Quando você coloca as mãos sobre os quadris, você as apoia sobre a ↠ O ísquio, a parte posteroinferior do osso do quadril
margem superior espessada das asas, as cristas ilíacas (MARIEB, 3ª ed.). (com um formato semelhante a um L, ou a um arco),
compreende um corpo superior e um ramo inferior
↠ Abaixo da espinha ilíaca anterossuperior encontramos
(TORTORA, 14ª ed.).
a espinha ilíaca anteroinferior. Posteriormente, a crista
ilíaca termina em uma crista ilíaca posterossuperior aguda ↠ O ramo é a parte do ísquio que se funde com o púbis.
(TORTORA, 14ª ed.). Os acidentes anatômicos do ísquio englobam a
proeminente espinha isquiática, a incisura isquiática menor
↠ A espinha ilíaca ântero-superior é um ponto de
abaixo da espinha e um túber isquiático rugoso e espesso
referência anatômico especialmente importante. Ela é
(TORTORA, 14ª ed.).
facilmente palpável e é visível em pessoas magras. A
espinha ilíaca póstero-superior é mais difícil de palpar, mas Sua espinha isquiática projeta-se medialmente para a cavidade pélvica
sua posição é evidenciada pelas covinhas na pele na e serve corno um ponto de fixação para o ligamento sacroespinal,
que se origina no sacro. Logo abaixo da espinha isquiática, situa-se a
região sacral (MARIEB, 3ª ed.). incisura isquiática menor. Vários nervos e vasos sanguíneos passam
por essa incisura para suprir a área urogenital (MARIBE, 3ª ed.).
IMPORTANTE: As espinhas servem de pontos de inserção
dos tendões dos músculos do tronco, quadril e coxas Quando sentamos, nosso peso é completamente sustentado pelos
(TORTORA, 14ª ed.). túberes isquiáticos, que são as partes mais fortes dos ossos do quadril
(MARIEB, 3ª ed.). Uma vez que essa tuberosidade proeminente se
↠ Abaixo da espinha ilíaca posteroinferior está a incisura encontra logo abaixo da pele, é comum que comece a doer após um
isquiática maior, pela qual passa o nervo isquiático, o nervo tempo relativamente curto na posição sentada sobre uma superfície
dura (TORTORA, 14ª ed.).
mais longo do corpo, juntamente com outros nervos e
músculos (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Juntos, o ramo e o púbis circundam o forame
obturado, o maior forame do esqueleto. O forame é assim
chamado porque, mesmo que vasos sanguíneos e nervos
passem por ele, ele é quase que completamente fechado
pela fibrosa membrana obturadora (TORTORA, 14ª ed.).

PÚBIS
↠ O púbis, que significa osso púbico, é a parte
anteroinferior do osso do quadril. Um ramo superior, um
ramo inferior e um corpo entre os ramos compõem o
púbis (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A margem anterossuperior do corpo é a crista púbica


e em sua extremidade lateral há uma projeção chamada
↠ A face medial do ílio contém a fossa ilíaca, uma de tubérculo púbico (um dos locais de fização para o
concavidade onde está fixado o tendão do músculo ilíaco. ligamento inguinal). Esse tubérculo é o começo de uma
Posteriormente a essa fossa se encontra a tuberosidade linha elevada, a linha pectínea, a qual se estende superior
ilíaca, um ponto de fixação para o ligamento sacroilíaco, e lateralmente ao longo do ramo superior para se fundir
e a face auricular (“forma de orelha”), que se articula com com a linha arqueada do ílio (TORTORA, 14ª ed.).
o sacro para formar a articulação sacroilíaca. Projetando- Essas linhas, conforme será mostrado brevemente, são importantes
se anterior e inferiormente a partir da face auricular, há referenciais para a distinção das porções superior (maior ou falsa) e
uma crista chamada de linha arqueada (TORTORA, 14ª ed.). inferior (menor ou verdadeira) da pelve óssea (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os outros acidentes notáveis do ílio são três linhas em ↠ A sínfise púbica é a articulação entre os dois púbis dos
sua face lateral chamadas de linha glútea posterior, linha ossos do quadril e consiste em um disco de
fibrocartilagem (TORTORA, 14ª ed.).

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↠ Inferiormente a essa articulação, os ramos inferiores ↠ A pelve falsa faz parte do abdome e ajuda na
dos dois ossos púbicos convergem para formar o arco sustentação das vísceras abdominais. Porém, isso não
púbico (TORTORA, 14ª ed.). O grau de abertura desse determina nenhuma limitação para o parto (MARIEB, 3ª
arco ajuda a diferenciar a pelve masculina da pelve ed.).
feminina (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O espaço encerrado pela pelve maior é parte do
Nos estágios finais da gravidez, o hormônio relaxina (produzido pelos abdome inferior; contém a parte superior da bexiga
ovários e pela placenta) aumenta a flexibilidade da sínfise púbica a fim urinária (quando cheia) e o intestino grosso nos dois
de facilitar o parto do bebê. O enfraquecimento da articulação, junto
com o centro de gravidade já alterado decorrente do útero
gêneros, e o útero, os ovários e as tubas uterinas na
aumentado, também altera a marcha da mãe durante a gravidez mulher (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O acetábulo é uma fossa profunda formada pelo ílio,


ísquio e púbis. Atua como um soquete que acolhe a
cabeça redonda do fêmur. Juntos, o acetábulo e a cabeça
do fêmur formam a articulação do quadril. Na parte
inferior do acetábulo há um entalhe profundo, a incisura
do acetábulo, que forma um forame pelo qual passam
vasos sanguíneos e nervos e que serve de ponto de
inserção de ligamentos femorais (p. ex., o ligamento da
cabeça do fêmur) (TORTORA, 14ª ed.).

Pelve maior X Pelve menor

↠ A pelve óssea consiste da pelve falsa (ou maior) e da


pelve verdadeira (ou menor) separadas pela linha terminal,
uma linha oval contínua que se estende desde a crista
púbica até a linha arqueada e o promontório do sacro
(MARIEB, 3ª ed.). ↠ A pelve verdadeira, a região inferior à linha terminal, é
praticamente cercada apenas por estruturas ósseas. Ela
É possível delinear a linha terminal seguindo os referenciais de partes forma urna bacia profunda que contém os órgãos
dos ossos do quadril para formar o traçado de um plano oblíquo.
Começando por trás no promontório da base do sacro, faça um traço
pélvicos (MARIEB, 3ª ed.). Apresenta uma abertura
lateral e inferiormente ao longo das linhas arqueadas do ílio. Continue superior, uma abertura inferior e uma cavidade e é
no sentido inferior ao longo das linhas pectíneas do púbis. Por fim, limitada pelo sacro e cóccix posteriormente, pelas
traceje anteriormente ao longo da crista púbica até a parte superior porções inferiores do ílio e ísquio lateralmente e pelos
da sínfise púbica. Juntos, esses pontos formam um plano oblíquo, mais
ossos púbicos anteriormente (TORTORA, 14ª ed.).
alto atrás do que na frente. A circunferência desse plano é a linha
terminal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A pelve menor contém o reto e a bexiga urinária nos
dois gêneros, a vagina e o colo do útero nas mulheres e
a próstata nos homens (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A abertura superior da pelve, circundada pela linha


terminal, é a entrada da pelve menor; a abertura inferior
da pelve é a saída da pelve menor, coberta pelos
músculos do assoalho pélvico (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O eixo pélvico é uma linha imaginária que segue a


curvatura da pelve menor a partir do ponto central do
↠ A pelve falsa, localizada superiormente à linha terminal, plano da abertura superior da pelve até o ponto central
é limitada pelas asas do ílio lateralmente e pelas vértebras do plano da abertura inferior da pelve. Durante o
lombares posteriormente (MARIEB, 3ª ed.). Ademais, a nascimento da criança, o eixo pélvico é a rota seguida
parede abdominal anteriormente (TORTORA, 14ª ed.). pela cabeça do bebê conforme ele vai descendo pela
pelve (TORTORA, 14ª ed.).

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Suas dimensões, particularmente das aberturas superior e inferior da


pelve, são críticas para a passagem do bebê sendo cuidadosamente
medidas pelo obstetra (MARIEB, 3ª ed.).

Pelvimetria é a medida do tamanho das aberturas superior e inferior


do canal do parto, que pode ser feita por ultrassonografia ou exame
físico. A medida da cavidade pélvica em mulheres grávidas é
importante porque o feto precisa passar pela abertura mais estreita
da pelve na hora de nascer. Uma cesariana é normalmente planejada
quando é determinado que a cavidade pélvica é muito pequena para
permitir a passagem do bebê (TORTORA, 14ª ed.).

Comparação entre as pelves feminina e masculina

↠ Em geral, os ossos masculinos são maiores e mais


pesados e possuem acidentes superficiais maiores que os
ossos femininos de idade e estrutura física comparáveis.
As diferenças relacionadas com o sexo nas características
ósseas são prontamente aparentes quando se comparam
as pelves masculinas e femininas adultas (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ A maioria das diferenças estruturais pélvicas são


adaptações às necessidades da gravidez e do parto. A
pelve feminina é mais larga e mais rasa do que a
masculina. Consequentemente, há mais espaço na pelve
Articulação do quadril
menor da mulher, sobretudo nas aberturas superior e
inferior da pelve, para acomodar a passagem da cabeça ↠ A articulação do quadril é uma articulação esferóidea
do bebê durante o parto (TORTORA, 14ª ed.). formada pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo do osso
↠ A pelve feminina é modificada para o parto: é mais do quadril (TORTORA, 14ª ed.).
larga, mais rasa, mais fina e mais oval que a masculina
(MARIEB, 3ª ed.).

COMPARAÇÕES DAS PELVES MASCULINA E FEMININA


CARACTERÍSTICAS FEMININA MASCULINA
ESTRUTURA GERAL Leve de delgada Pesada e espessa
PELVE MAIOR Rasa Profunda
(FALSA)
LINHA TERMINAL Ampla e mais oval Estreita e em
(ABERTURA DA PELVE forma de coração
SUPERIOR
ACETÁBULO Pequeno e Grande e orientado
orientado lateralmente
anteriormente
FORAME OBTURADO Oval Redondo
ARCO PÚBICO Mais de 90º Menos de 90º
CRISTA ILÍACA Menos encurvada Mais encurvada
ÍLIO Menos vertical Mais vertical
INCISURA Larga Estreita
ISQUIÁTICA MAIOR
↠ A profundidade do acetábulo é aumentada por uma
CÓCCIX Mais móvel e mais Menos móvel e
curvado menos curvado borda circular de fibrocartilagem chamada de lábio do
anteriormente anteriormente acetábulo. As superfícies articulares do lábio e da cabeça
SACRO Mais curto, mais Mais longo, mais do fêmur apresentam um bom encaixe, por isso
largo e menos estreito e mais
encurvado encurvado deslocamentos da articulação do quadril são raros
anteriormente anteriormente (MARIEB, 3ª ed.).

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COMPONENTES ANATÔMICOS que aumenta a sua profundidade. Por isso, a


luxação do fêmur é rara (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Cápsula articular: Cápsula muito densa e forte ➢ Ligamento transverso do acetábulo: Forte
que se estende da margem do acetábulo até o ligamento que cruza a incisura do acetábulo.
colo do fêmur e envolve completamente a Sustenta parte do lábio do acetábulo e está
articulação. Com seus ligamentos acessórios, conectado ao ligamento da cabeça do fêmur e
essa é uma das estruturas mais fortes do corpo. à cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.).
A cápsula articular consiste em fibras
longitudinais e circulares. As fibras circulares,
chamadas de zona orbicular, formam um colar
ao redor do colo do fêmur. Ligamentos
acessórios conhecidos como ligamento
iliofemoral, ligamento pubofemoral e ligamento
isquiofemoral reforçam as fibras longitudinais da
cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento iliofemoral (em forma de V): Porção
espessada da cápsula articular que se estende
da espinha ilíaca anteroinferior do osso do quadril
até a linha intertrocantérica do fêmur. É
considerado o ligamento mais forte do corpo e
evita a hiperextensão do fêmur na articulação
do quadril em posição ortostática (TORTORA,
14ª ed.).
➢ Ligamento pubofemoral (triangular): Porção
espessada da cápsula articular que se estende
da parte púbica da margem do acetábulo até o
colo do fêmur. Esse ligamento evita a abdução
excessiva do fêmur na articulação do quadril e
reforça a cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento isquiofemora (espiralado)l: Porção
espessada da cápsula articular que se estende
da parede isquiática do acetábulo até o colo do
fêmur. Esse ligamento encontra-se frouxo
durante a adução, tenso durante a abdução e
reforça a cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento da cabeça do fêmur (ligamento
redondo): Faixa plana e triangular (originalmente
uma dobra sinovial) que se estende da fossa do
acetábulo até a fóvea da cabeça do fêmur
(TORTORA, 14ª ed.). Este ligamento permanece
frouxo durante a maioria dos movimentos do
quadril; portanto, não é tão importante para a Tendões musculares que cruzam a articulação e o quadril e os
músculos da coxa que circundam a articulação contribuem para sua
estabilização da articulação. De fato, sua função
estabilidade e força. Entretanto, a cavidade profunda que mantém a
mecânica (se existe) é incerta, mas ele contém cabeça do fêmur firmemente encaixada e os fortes ligamentos são
uma artéria que ajuda a manter o suprimento da os principais estabilizadores da articulação do quadril (MARIEB, 3ª ed.).
cabeça do fêmur. Dano a essa artéria pode
Movimentos do quadril
causar uma artrite grave na articulação do
quadril (MARIEB, 3ª ed.). ↠ A articulação do quadril possibilita: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Lábio do acetábulo: Uma borda de
fibrocartilagem fixada à margem do acetábulo

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➢ Flexão e extensão ➢ circundução da coxa

➢ Abdução e adução

↠ A extrema estabilidade da articulação do quadril está


relacionada com a forte cápsula articular e seus
ligamentos acessórios, com a maneira pela qual o fêmur
se encaixa no acetábulo e com os músculos ao redor da
articulação (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Embora as articulações do ombro e do quadril sejam


esferóideas, as articulações dos quadris não apresentam
arco de movimento amplo (TORTORA, 14ª ed.).
➢ rotação lateral e rotação medial
↠ A flexão é limitada pela face anterior da coxa que entra
em contato com a parede abdominal anterior quando o
joelho é flexionado e pela tensão dos músculos
isquiotibiais quando o joelho está estendido (TORTORA,
14ª ed.).

↠ A extensão é restrita pela tensão dos ligamentos


iliofemoral, pubofemoral e isquiofemoral (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ A abdução é contida pela tensão do ligamento


pubofemoral e a adução pelo contato com o membro
oposto e pela tensão do ligamento da cabeça do fêmur
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ A rotação medial é limitada pela tensão no ligamento


isquiofemoral e a rotação lateral pela tensão dos
ligamentos iliofemoral e pubofemoral (TORTORA, 14ª ed.).

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Densidade óssea ↠ Devido ao cálcio ser tão importante para diversas


funções fisiológicas, a concentração plasmática de Ca+2 é
O crescimento ósseo, assim como o desenvolvimento dos tecidos
estreitamente regulada.
moles, requer os hormônios apropriados e quantidades adequadas de
proteínas e de cálcio. O osso contém uma matriz extracelular ↠ Três hormônios regulam o movimento de Ca+2 entre
calcificada formada quando os cristais de fosfato de cálcio precipitam
e se fixam a uma rede de suporte constituída de colágeno. A forma
osso, rim e intestino: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
mais comum de fosfato de cálcio é a hidroxiapatita. Embora a grande
quantidade de matriz inorgânica no osso faça algumas pessoas
➢ hormônio da paratireoide;
pensarem nele como algo não vivo, o osso é um tecido dinâmico, ➢ calcitriol (vitamina D3);
sendo constantemente formado e degradado, ou reabsorvido. Espaços ➢ calcitonina.
na matriz cálcio-colágeno são ocupados por células vivas que são bem
supridas de oxigênio e nutrientes pelos vasos sanguíneos que correm Efeitos do envelhecimento sobre o sistema esquelético
ao longo de canais adjacentes (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Desde o nascimento até a adolescência, mais tecido
↠ A densidade mineral óssea (DMO) é o resultado de um ósseo é produzido do que perdido durante a
processo dinâmico de formação e reabsorção do tecido remodelação óssea. Em adultos jovens, as taxas de
ósseo chamado de remodelação. A reabsorção causa a deposição e reabsorção óssea são mais ou menos as
deterioração desse tecido enquanto a formação do mesmas. Com o declínio do nível dos hormônios sexuais
mesmo é responsável pela reconstrução e na meia-idade, especialmente depois da menopausa,
fortalecimento do tecido deteriorado. Esse processo ocorre diminuição da massa óssea porque a reabsorção
ocorre ao longo da vida em ciclos de quatro a seis meses óssea realizada pelos osteoclastos ultrapassa a deposição
de duração (CADORE et. al., 2005). óssea feita pelos osteoblastos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante a infância e a adolescência, tanto a deposição ↠ Na velhice, a perda óssea por reabsorção ocorre mais
quanto a formação da massa óssea excedem a rápido do que o ganho. Uma vez que os ossos das
reabsorção, implicando aumento do conteúdo mineral mulheres geralmente são menores e menos compactos
ósseo (CMO) e da densidade mineral óssea (DMO) em do que os dos homens, a perda de massa óssea nos
fases que coincidem com o crescimento idosos tipicamente exerce um efeito adverso maior sobre
ponderoestatural acelerado. É durante as fases finais da as mulheres. Esses fatores contribuem para a incidência
puberdade (11 a 14 anos para meninas e 13 a 17 para os mais elevada de osteoporose em mulheres (TORTORA,
meninos) e início da fase adulta que se observa maior 14ª ed.).
formação da massa óssea, caracterizando o chamado
“pico de formação óssea” (ANDRADE et. al., 2010). ↠ As modificações mais significativas ligadas à idade no
sistema esquelético afetam a qualidade e a quantidade de
Metabolismo ósseo matriz óssea. Lembre-se que um mineral (hidroxiapatita)
na matriz óssea oferece força de compreensão ao osso
↠ Assim como a pele, os ossos se formam antes do
(suporte de peso), mas as fibras de colágeno tornam esse
nascimento, porém se renovam de maneira contínua
tecido flexível (SEELY, 10ª ed.).
depois disso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A matriz em um osso mais velho é mais frágil do que
↠ Remodelação óssea é a substituição contínua do
a de um osso novo porque a redução da produção de
tecido ósseo antigo por tecido ósseo novo. Esse processo
colágeno resulta em relativamente mais fibras minerais e
envolve reabsorção óssea, que consiste na remoção de
poucas fibras de colágeno (SEELY, 10ª ed.).
minerais e fibras de colágeno do osso pelos osteoclastos,
e deposição óssea, que é a adição de minerais e fibras ↠ A perda de massa óssea resulta da desmineralização,
de colágeno ao osso pelos osteoblastos (TORTORA, 14ª que consiste na perda de cálcio e outros minerais da
ed.). matriz óssea extracelular. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maior parte do cálcio do corpo – 99%, ou ↠ Com o envelhecimento, a quantidade de matriz
aproximadamente 1,1 kg – é encontrada nos ossos. também diminui porque sua taxa de formação pelos
Entretanto, esse pool é relativamente estável, por isso é osteoblastos se torna mais lenta do que a taxa de quebra
a menor fração corporal de cálcio não ósseo que é mais de matriz pelos osteoclastos (SEELY, 10ª ed.).
crítica para o funcionamento fisiológico (SILVERTHORN,
7ª ed.).

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↠ A massa óssea está no seu máximo por volta dos 30 entanto, homens mais velhos também desenvolvem
anos de idade, e homens geralmente possuem ossos mais osteoporose (SILVERTHORN, 7ª ed.).
densos do que mulheres pelos efeitos da testosterona e A osteoporose é uma doença complexa com componentes
maior peso corpóreo. Após 35 anos de idade, tanto o genéticos e ambientais. Os fatores de risco incluem tipo
homem quanto a mulher sofrem perda óssea a uma taxa corporal pequeno e magro, idade pós-menopausa, fumo e baixa
de 0,3 a 0,5% ao ano. Essa perda pode aumentar em 10 ingestão de Ca+2 na dieta (SILVERTHORN, 7ª ed.).
vezes nas mulheres após a menopausa, quando elas
Os fármacos mais efetivos para a prevenção e o tratamento da
podem perder a massa óssea a uma taxa de 3 a 5% ao osteoporose atuam mais diretamente sobre o metabolismo ósseo. Eles
ano por aproximadamente 5 a 7 anos (SEELY, 10ª ed.). incluem bifosfonatos, que induzem a apoptose dos osteoblastos e
suprimem a reabsorção óssea, e teriparatida, um derivado do PTH
↠ A princípio, osso esponjoso é perdido quando as que estimula a formação de novo osso. A teriparatida consiste nos
trabéculas se tornam mais finas e fracas. A habilidade das primeiros 34 aminoácidos dos 84 aminoácidos que formam a molécula
trabéculas de fornecer suporte também diminui assim de PTH e precisa ser injetada, em vez de ser ingerida por via oral.
Atualmente, os estudos clínicos estão focados na investigação de se
que elas se desconectam umas das outras. Por fim,
alguma combinação de bifosfonatos e teriparatida é mais eficaz no
algumas das trabéculas desaparecem por completo. A combate à osteoporose do que a ação individual desses fármacos
perda de osso trabecular é maior nas trabéculas que (SILVERTHORN, 7ª ed.).
estão sob menor estresse. Em outras palavras, indivíduos
Para evitar a osteoporose na idade avançada, as mulheres jovens
mais sedentários experimentam maior perda óssea precisam manter uma dieta adequada em cálcio e realizar exercícios
(SEELY, 10ª ed.). com sustentação do peso do corpo, como corrida ou exercícios
aeróbios que aumentem a densidade óssea. A perda de massa óssea
↠ Uma perda lenta de osso compacto começa por volta inicia aos 30 anos, muito antes de as pessoas pensarem estar em risco,
de 40 anos e aumenta após os 45 anos. Entretanto, a e muitas mulheres sofrem de baixa massa óssea (osteopenia) muito
taxa de perda de osso compacto é aproximadamente antes de estarem cientes do problema. O exame da massa óssea
(densitometria óssea) pode ajudar no diagnóstico precoce da
metade daquela vista no trabecular (SEELY, 10ª ed.).
osteopenia (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Ossos se tornam mais finos, mas suas dimensões Medidas preventivas para evitar acidentes domésticos em
externas são pouco alteradas, porque a maior parte do
idosos
osso compacto é perdida abaixo do endósteo nas
superfícies internas. Além disso, o osso compacto ↠ O processo de transição demográfica iniciou-se nos
remanescente enfraquece devido ao remodelamento países desenvolvidos e já alcança os países em
ósseo incompleto. Em um osso jovem, quando os ósteons desenvolvimento. Este processo é causado pelo declínio
são removidos, os espaços resultantes são preenchidos da taxa de mortalidade e fecundidade, resultando no
com ósteons novos. Com o envelhecimento, os ósteons envelhecimento da população (RODRIGUES et. al, 2016).
novos não conseguem completar os espaços produzidos
quando os ósteons velhos são removidos (SEELY, 10ª ed.). ↠ A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o idoso
regularmente por meio da idade cronológica a partir de
OSTEOPOROSE 60 anos em países em desenvolvimento e em países
A manutenção da DMO é muito importante para a prevenção desenvolvidos a partir de 65 anos (GARCIA et. al., 2020).
da osteoporose, caracterizada por uma diminuição acentuada
da DMO, no qual a matriz e os minerais ósseos são perdidos ↠ Quedas em idosos são consideradas um problema de
devido ao excesso de reabsorção óssea em relação à saúde pública, devido ao seu alto índice que vem
formação. Esse processo é normalmente associado ao avanço aumentando a cada ano (PAIVA et. al., 2019).
da idade e à ocorrência da menopausa e leva a uma maior
↠ Definimos queda como um acontecimento não
incidência de fraturas. Embora a perda óssea seja mais intensa
nas mulheres, os homens também apresentam uma diminuição ocasional, onde o indivíduo muda sua posição inicial
devido a idade avançada (CADORE et. al., 2005). bruscamente para o mesmo nível ou para um nível mais
baixo (PAIVA et. al., 2019).
A maior parte da reabsorção óssea ocorre no osso trabecular
esponjoso, particularmente nas vértebras, nos quadris e nos ↠ A incidência de quedas é alta em idosos. Este evento
punhos (SILVERTHORN, 7ª ed.). pode ocasionar graves consequências, como: a
diminuição da autonomia e capacidade funcional, o
A osteoporose é mais comum em mulheres após a
menopausa, quando a concentração de estrogênio cai. No isolamento social e até mesmo provocar a morte. As
quedas podem ser ocasionadas por vários fatores, como:

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psicológicos, fisiológicos ou ambientais, que na maioria das ➢ Selecionar os sapatos adequados para o idoso
vezes se encontram associados (RODRIGUES et. al, 2016). (sola antiderrapante);
➢ Colocar grades na cama dos idosos;
O principal fator psicológico relacionado às quedas é o próprio medo
de cair. Estudos mostram que indivíduos que sofrem uma queda
desenvolvem um medo de cair, que pode levar a comportamentos
ATIVIDADE FÍSICA
cautelosos auxiliares na prevenção de quedas ou reduzir a confiança,
↠ A prática de atividade física regular pode minimizar o
o que pode causar um maior risco de quedas (RODRIGUES et. al, 2016).
risco de queda, favorecendo a melhora da saúde do idoso,
Dentre os fatores fisiológicos, podemos citar àqueles que são inerentes sendo uma medida importante na prevenção de queda e
ao processo de envelhecimento, como: a hipotrofia, sarcopenia,
oferecendo ao idoso mais confiança para realizar suas
diminuição da mobilidade articular, mudanças no equilíbrio, diminuição
da acuidade visual, entre outros (RODRIGUES et. al, 2016). atividades diárias (PAIVA et. al., 2019).

Juntamente com o processo fisiológico, estão os fatores ambientais. A ↠ A atividade física poderia contribuir em todos os
estrutura das cidades em geral não está muito bem preparada para processos: desde o retardo de algumas alterações
receber os idosos, ao passo que existem muitas calçadas desniveladas, fisiológicas – contribuindo para a manutenção da força,
ruas esburacadas, degraus muito altos para entrada nos ônibus,
semáforos com tempo de travessia muito curto, etc (RODRIGUES et.
melhora da flexibilidade e do equilíbrio - até mesmo para
al, 2016). evitar o surgimento do medo de cair, pois os indivíduos
reconhecerão a própria independência e as suas
Além disso, a residência dos idosos muitas das vezes não está adaptada
limitações (RODRIGUES et. al, 2016).
às suas necessidades, por exemplo: presença de tapetes, pisos
escorregadios, degraus, ausência de bancos ou barras de apoio no
↠ Mostrou que o treinamento de seis meses de
banheiro, ausência de corrimão nas escadas, entre outros (RODRIGUES
et. al, 2016). exercício direcionados para a prevenção de quedas
resultou na melhora do equilíbrio e da marcha, através do
↠ A prevenção de quedas e suas consequências é um aumento do comprimento das passadas e da diminuição
urgente desafio de saúde pública internacional. Várias do tempo de execução do Time up and Go Test (TUGT)
intervenções têm sido descritas: abordagem multifatorial (RODRIGUES et. al, 2016).
dos fatores de risco identificados, programas de exercício
físico, revisão terapêutica, correção de deficiências visuais, ↠ Uma atividade realizada por muitos idosos é a dança
tratamento da hipotensão postural, abordagem de de salão, que o ajuda não somente na manutenção do
alterações do ritmo e de frequência cardíaca, tratamento corpo, como também da alma. A dança de salão pode
de afecções do pé, modificação de fatores de risco ser caracterizada como uma expressão corporal em que
ambientais do domicílio e a educação do indivíduo vivenciamos emoções, alegria e liberdade (PAIVA et. al.,
(BENTO; SOUSA, 2017). 2019).

ADAPTAÇÕES INFRAESTRUTURAIS ↠ A dança promove benefícios como o equilíbrio, a


flexibilidade, a coordenação motora e a consciência
↠ Segundo (BAIXINHO; DIXIE, 2020) algumas adaptações corporal, promovendo a elevação da qualidade de vida. A
podem ser utilizadas para minimizar o risco de queda em dança como atividade física tem fundamental importância
idosos: no processo de envelhecimento, buscando recuperar as
capacidades funcionais e, consequentemente,
➢ Adaptar o espaço do quarto do idoso de modo
aumentando a qualidade de vida (PAIVA et. al., 2019).
a facilitar a sua mobilidade;
➢ Remover obstáculos que dificultem a marcha no ↠ A análise deste estudo evidenciou que houve
quarto; diferença significativa entre os dois grupos estudados, já
➢ Reajustar a altura da cama durante a noite, para que os praticantes de dança tiveram maior equilíbrio e,
que esta fique mais baixa; consequentemente, menor risco de quedas (PAIVA et. al.,
➢ Manter a cadeira travada sempre que parada; 2019).
➢ Verificar se o piso da casa não está molhado;
➢ Manter as barras laterais de apoio no banheiro
na posição de utilização;
➢ Assegurar que as zonas de circulação estejam
bem iluminadas;

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Referências

TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível


em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:


Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
ANDRADE et. al. Densidade mineral óssea e composição
corporal em adolescentes com déficit de crescimento.
Eistein, 2010.
CADORE et. al. Efeitos da atividade física na densidade
mineral óssea e na remodelação do tecido ósseo. Revista
brasileira de medicina e esporte, 2005.
RODRIGUES et. al. Prevenção de quedas no idoso: revisão
da literatura brasileira. Revista Brasileira de Prescrição e
Fisiologia do Exercício, 2016
GARCIA et. al. Educação em saúde na prevenção de
quedas em idosos. Brazilian Journal of Development, 2020.
PAIVA et. al. Dança de salão na prevenção de quedas em
idosos: estudo caso controle. Revista Cuidarte, 2019.

BAIXINHO, C. L.; DIXE, M. A. Quais as práticas dos


cuidadores para prevenir as quedas nos idosos
institucionalizados? Revista Brasileira de Enfermagem,
2020.
BENTO, J. R.; SOUSA, N. D Exercício físico na prevenção
de quedas do idoso da comunidade: revisão baseada em
evidência. Revista Brasileira de Família e Comunidade, 2017.

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APG 12 – “SAQUEI, MAS...”

Objetivos ➢ O soquete da articulação do ombro - a cavidade


glenoidal - é rasa e por isso não restringe o
1- Compreender a anatomia do ombro, braço, movimento do úmero (osso do braço). Embora
antebraço e mão; esse arranjo seja bom para a flexibilidade, é ruim
*biomecânica do ombro para a estabilidade: luxações de ombro são
2- Estudar a histologia do tecido cartilaginoso; bastante comuns.
Cíngulo do membro superior ↠ Cada um dos dois cíngulos dos membros superiores
consiste em uma clavícula e uma escápula. A clavícula é
↠ O cíngulo do membro superior, ou cintura escapular,
o osso anterior e se articula com o manúbrio do esterno
consiste de uma clavícula na posição anterior, e uma
na articulação esternoclavicular. A escápula se articula
escápula posteriormente. O cíngulo, ou cintura, em cada
com a clavícula na articulação acromioclavicular e com o
lado, e seus músculos associados formam os ombros
úmero na articulação do ombro (TORTORA, 14ª ed.).
(MARIEB, 7ª ed.).

O termo cintura justifica-se pela cinta que circunda completamente o CLAVÍCULA


corpo, mas essas cinturas não satisfazem totalmente a essa descrição:
na posição anterior, a extremidade medial de cada clavícula une-se ao ↠ Cada clavícula (ou colar de ossos), delgada e com
esterno, e as extremidades laterais unem -se às escápulas. As duas formato da letra S, repousa horizontalmente na região
escápulas, no entanto, não completam o anel posteriormente, porque anterior do tórax, superiormente à primeira costela
suas margens mediais não se unem umas às outras ou ao esqueleto
(TORTORA, 14ª ed.).
axial (MARIEB, 7ª ed.). Ao invés disso, as escápulas são ligadas ao tórax
e à coluna vertebral apenas por músculos que revestem suas ↠ A clavícula é subcutânea (debaixo da pele) e
superfícies (MARIEB, 3ª ed.).
facilmente palpável ao longo de toda a sua extensão. O
↠ Além de unir o membro superior ao tronco, o cíngulo osso tem formato de S porque sua metade medial é
superior fornece fixação para muitos músculos que convexa e sua metade lateral é côncava anteriormente.
movem o membro. Ele é leve e permite que os membros É mais rugosa e mais curvada nos homens (TORTORA,
superiores sejam bastante móveis. Essa mobilidade resulta 14ª ed.).
de dois fatores: (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A extremidade esternal (medial) da clavícula, em
➢ Como só a clavícula está unida ao esqueleto formato de cone, articula-se com o manúbrio do esterno,
axial, a escápula pode mover-se livremente em e a extremidade acromial (lateral), achatada, articula-se
torno do tórax, permitindo que o braço se com a escápula (MARIEB, 3ª ed.).
movimente com ela.

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↠ Sua superfície superior é lisa, mas a superfície inferior Curiosamente, seu nome deriva de uma palavra que significa "pá", pois
apresenta acidentes ósseos devido à presença de em culturas ancestrais as escápulas de animais eram utilizadas como
pás (MARIEB, 3ª ed.).
ligamentos e músculos fixados à clavícula. O tubérculo
conóide, por exemplo, é um ponto de ancoragem para ↠ Cada escápula tem três margens. A margem superior
um ligamento que se fixa na escápula (MARIEB, 3ª ed.). é a mais curta e mais forte. A margem medial, ou margem
vertebral, é paralela à coluna vertebral. A margem lateral
(ou axilar) espessa, margeia a axila e termina na posição
superior em uma fossa rasa, a cavidade glenoidal (glenoidal
= em forma de poço). Essa cavidade articula -se com o
úmero, formando a articulação do ombro (MARIEB, 7ª
ed.).

↠ A espessa linha trapezóidea e o tubérculo conoide


fornecem fixação para um ligamento (ligamento conoide) ↠ Como todos os triângulos, a escápula tem três cantos,
que vai na direção do processo coracoide da escápula, e ou ângulos: a cavidade glenoidal situa -se no ângulo lateral
uma área áspera perto da extremidade do esterno é o da escápula; o ângulo superior é onde as margens
local de inserção do ligamento costoclavicular, um superior e medial encontram -se; e o ângulo inferior está
ligamento que liga a clavícula à primeira costela (MARIEB, na junção das margens medial e lateral. O ângulo inferior
7ª ed.). move-se quando o braço é levantado e abaixado e é um
marco importante no estudo dos movimentos
FUNÇÕES: As clavículas executam várias funções, pois, além de escapulares (MARIEB, 7ª ed.).
fornecer fixação para os músculos, funcionam como braços que
mantêm as escápulas e os braços lateralmente ao tórax. Essa função
torna-se evidente quando a clavícula é fraturada: toda a região dos
ombros cai medialmente. As clavículas também transmitem forças de
compressão aplicadas aos membros superiores para o esqueleto axial,
como quando alguém coloca ambos os braços à frente e empurra
um carro, por exemplo (MARIEB, 7ª ed.).

Devido às suas curvas, as fraturas anteriores (para a frente) são mais


frequentes. Quando a clavícula é fraturada posteriormente (para trás),
fragmentos ósseos podem danificar a artéria subclávia, a qual passa
logo abaixo da clavícula para vascularizar o membro superior (MARIEB,
3ª ed.).

ESCÁPULA
↠ Cada escápula é um osso grande, triangular e plano,
situado na parte superior e posterior do tórax, entre os ↠ A face anterior ou costal da escápula é côncava e
níveis da segunda e sétima costelas (TORTORA, 14ª ed.). relativamente sem características especiais. Sua face
posterior apresenta uma proeminente espinha que é

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facilmente palpada. A espinha da escápula termina no local da antiga placa epifisial – de crescimento). Logo
lateralmente em uma projeção alargada triangular abaixo do colo anatômico localizam-se o tubérculo maior,
denominada acrômio ("ponta do ombro"). O acrômio lateralmente, e o tubérculo menor, na região mais medial;
articula-se com a extremidade acromial da clavícula, os dois tubérculos são separados pelo sulco
formando a articulação acromioclavicular (MARIEB, 3ª ed.). intertubercular, também chamado de sulco bicipital. Os
tubérculos são locais de fixação para os músculos do
↠ A partir da margem superior da escápula projeta-se
manguito rotador. O sulco intertubercular guia o tendão
anteriormente o processo coracóide; corac significa "em
do músculo bíceps braquial até seu ponto de fixação na
forma de bico de corvo", mas este processo assemelha-
borda da cavidade glenoidal (MARIEB, 3ª ed.).
se mais a um pequeno dedo dobrado. O processo
coracoide ajuda a fixar o músculo bíceps braquial. É ↠ Distal aos tubérculos encontra-se o colo cirúrgico,
limitado pela incisura da escápula (uma passagem para um assim denominado porque esta é a região do úmero onde
nervo) medial.mente e pela cavidade glenoidal lateral as fraturas são mais frequentes. Aproximadamente na
mente (MARIEB, 3ª ed.). metade do corpo do úmero, na região lateral, está a
tuberosidade para o músculo deltóide, uma saliência que
↠ Várias fossas grandes aparecem em ambas as faces
é o ponto de inserção do músculo deltóide (MARIEB, 3ª
da escápula e são denominadas de acordo com sua
ed.).
localização. As fossas infra-espinal e supra-espinal estão
localizadas, respectivamente, abaixo e acima da espinha
da escápula. A fossa subescapular é a concavidade rasa
formada por toda a face anterior da escápula (MARIEB,
3ª ed.).

Membro superior

↠ Trinta ossos formam o esqueleto do membro superior


e estão agrupados em ossos do braço, do antebraço e
da mão (MARIEB, 7ª ed.).
LOCAIS DOS OSSOS: úmero no braço; a ulna e o rádio no antebraço; e
os 8 ossos carpais (punho), os 5 ossos metacarpais (palma) e as 14
falanges (ossos dos dedos) na mão (TORTORA, 14ª ed.).

Obs.: Lembre-se que anatomicamente o "braço" é apenas a parte do


membro superior entre o ombro e o cotovelo (MARIEB, 3ª ed.).

ESQUELETO DO BRAÇO

ÚMERO
↠ Próximo à tuberosidade, o sulco do nervo radial corre
↠ O úmero, ou osso do braço, é o mais longo e maior
obliquamente em direção à região posterior do corpo do
osso do membro superior. Sua extremidade proximal se
úmero, marcando o curso do nervo radial, um importante
articula com a escápula e a distal com dois ossos, a ulna
nervo do membro superior (MARIEB, 3ª ed.).
e o rádio, formando a articulação do cotovelo (TORTORA,
14ª ed.). ↠ O corpo (diáfise) do úmero é praticamente cilíndrico
em sua extremidade proximal, porém, de maneira
↠ Na extremidade proximal do úmero encontra-se a
gradativa, se torna triangular até ficar achatado e largo em
cabeça, que é lisa e tem formato hemisférico. A cabeça
sua extremidade distal (TORTORA, 14ª ed.).
do úmero se encaixa na cavidade glenoidal da escápula,
o que permite ao braço permanecer livre como um ↠ Na extremidade distal do úmero estão dois côndilos, a
pêndulo em relação à cintura escapular (MARIEB, 3ª ed.). tróclea ("polia"), medialmente, que se assemelha a uma
ampulheta, e o capítulo, lateralmente, que tem um
↠ Imediatamente inferior à cabeça, encontra-se uma
formato arredondado. Esses côndilos articulam-se com a
leve constrição, o colo anatômico (distal à cabeça e visível
ulna e o rádio, respectivamente. O par de côndilos é
como um sulco oblíquo que consiste, no úmero adulto,

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flanqueado pelos epicôndilos medial e lateral (locais de (do lado do polegar) e a ulna, medialmente. Quando a
fixação muscular) (MARIEB, 3ª ed.). palma da mão está virada posteriormente, a extremidade
distal do rádio cruza sobre a ulna e os dois ossos formam
O nervo ulnar corre por trás do epicôndilo medial, sendo responsável
pela sensação dolorosa e o formigamento sentido quando se bate o uma letra X (MARIEB, 7ª ed.).
cotovelo (MARIEB, 3ª ed.).

ULNA
↠ A ulna (“cotovelo”) está localizada na parte medial
(dedo mínimo) do antebraço e é mais longa que o rádio
↠ Acima da tróclea, na superfície anterior, está a fossa (TORTORA, 14ª ed.).
coronóidea, enquanto que na superfície posterior
↠ Sua principal função é formar a articulação do
encontra-se a fossa do olécrano, que é mais profunda.
cotovelo juntamente com o úmero. A extremidade
Essas duas depressões permitem aos processos
proximal da ulna é parecida com uma chave inglesa; ela
correspondentes da ulna moverem-se livremente
sustenta dois processos proeminentes, o olécrano e o
durante a flexão e a extensão do cotovelo. Uma pequena
processo coronóide, os quais são separados por uma
fossa radial, lateral à fossa coronóidea, recebe a cabeça
concavidade profunda a incisura troclear (MARIEB, 3ª ed.).
do rádio quando o cotovelo é flexionado (MARIEB, 3ª ed.).
Juntos, esses dois processos se prendem à tróclea do úmero,
ESQUELETO DO ANTEBRAÇO formando uma articulação em dobradiça que permite ao antebraço
realizar os movimentos de flexão e extensão. Quando o antebraço é
↠ Formando o esqueleto do antebraço, há dois ossos completamente estendido, o olécrano é "travado" na fossa do olécrano,
longos paralelos, rádio e ulna, que se articulam com o impedindo a hiperextensão do antebraço (movimento posterior, além
úmero (proximalmente) e com os ossos do carpo da articulação do cotovelo) (MARIEB, 3ª ed.).
(distalmente). O rádio e a ulna também articulam -se entre ↠ O olécrano, localizado posteriormente, forma o ângulo
si, tanto proximal como distalmente, nas pequenas do cotovelo quando o antebraço é flexionado e é a parte
articulações radiulnares. Além disso, eles estão interligados óssea que repousa sobre a mesa quando você se apóia
ao longo de todo o seu comprimento por um ligamento sobre os cotovelos (MARIEB, 3ª ed.). A incisura troclear é
plano chamado membrana interóssea (“entre os ossos”). uma grande área curva entre o olécrano e o processo
Na posição anatômica, o rádio encontra -se lateralmente

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coronoide que forma parte da articulação do cotovelo para o tendão do músculo bíceps braquial (TORTORA, 14ª
(TORTORA, 14ª ed.). ed.).

↠ Na região lateral do processo coronóide encontra-se ↠ Na região distal, onde o rádio é mais expandido,
uma pequena depressão, a incisura radial, onde a ulna se localiza-se a incisura ulnar (medial), que se articula com a
articula com a cabeça do rádio (MARIEB, 3ª ed.). ulna, e o processo estilóide do rádio (lateral) (local de
fixação de ligamentos que passam para a articulação do
↠ Logo abaixo do processo coronoide está a
punho). Entre esses dois acidentes, a superfície articular
tuberosidade da ulna, na qual o músculo braquial se insere
do rádio é côncava na região que se articula com os
(TORTORA, 14ª ed.).
ossos carpais do punho (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Na região distal, a diáfise da ulna torna-se mais estreita Obs.: Enquanto a ulna contribui de forma mais importante para a
e termina na cabeça da ulna, semelhante a uma maçaneta. articulação do cotovelo, o rádio é o principal osso do antebraço que
Medialmente à cabeça encontra-se o processo estilóide contribui para a articulação do punho. Quando o rádio se move, a mão
da ulna, do qual parte um ligamento que segue para o acompanha o movimento (MARIEB, 3ª ed.).
punho (MARIEB, 3ª ed.). INTERESSANTE: Os processos estiloides do rádio e da ulna podem ser
palpados distalmente, segurando -se o lado dorsal do antebraço
↠ A cabeça da ulna é separada dos ossos que formam adjacente ao carpo com o polegar e o indicador da mão oposta. Nessa
a articulação do punho por um disco de fibrocartilagem; posição, o polegar apalpa o processo estiloide do rádio e o dedo
por isso, a ulna não contribui significativamente para os indicador apalpa o processo estiloide da ulna. O processo estiloide do
rádio encontra -se cerca de 1 cm mais distalmente em relação ao
movimentos da mão (MARIEB, 3ª ed.).
processo estiloide da ulna (MARIEB, 7ª ed.).

IMPORTANTE: A ulna e o rádio se articulam em três locais. Primeiro, um


tecido conjuntivo fibroso largo e plano, a membrana interóssea, une
as diáfises dos dois ossos. Essa membrana também fornece área de
RÁDIO inserção para alguns músculos esqueléticos profundos do antebraço.
A ulna e o rádio se articulam diretamente nas suas extremidades
↠ O rádio é o menor osso do antebraço e está localizado proximal e distal. Proximalmente, a cabeça do rádio se articula com a
incisura radial da ulna. Essa articulação é a articulação radiulnar proximal.
na parte lateral (polegar) do antebraço. Em contraste com
Distalmente, a cabeça da ulna se articula com a incisura ulnar do rádio.
a ulna, o rádio é estreito na sua extremidade proximal e Essa articulação é a articulação radiulnar distal. Por fim, a extremidade
mais largo na extremidade distal (TORTORA, 14ª ed.). distal do rádio se articula com três ossos do punho - o semilunar, o
escafoide e o piramidal – para formar a articulação radiocarpal (punho)
↠ A cabeça do rádio é semelhante à cabeça de um (TORTORA, 14ª ed.).
prego. A superfície superior da cabeça do rádio é
côncava e articula-se com o capítulo do úmero (MARIEB, ESQUELETO DA MÃO
3ª ed.). ↠ O esqueleto da mão inclui os ossos carpais, ou pulso;
↠ Inferiormente à cabeça está o colo, uma área constrita. os ossos metacarpais, ou palma; e as falanges, ou ossos
Uma área rugosa inferior ao colo no lado anteromedial, dos dedos (MARIEB, 7ª ed.).
chamada de tuberosidade do rádio, é ponto de inserção

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CARPO Em cerca de 70% das fraturas carpais, apenas o escafoide sofre a


fratura. Isso porque a força da queda sobre a mão superestendida é
Podemos dizer que um relógio de pulso é realmente utilizado no transmitida do capitato pelo escafoide para o rádio (TORTORA, 14ª ed.).
antebraço distal, mas de forma alguma no punho. O verdadeiro punho,
ou carpo, é a região proximal da mão, imediatamente distal à O espaço côncavo anterior formado pelo pisiforme e hamato (no lado
articulação do pulso (MARIEB, 7ª ed.). ulnar) e escafoide e trapézio (no lado radial), com a cobertura superior
do retináculo dos músculos flexores (fortes feixes fibrosos de tecido
↠ O carpo contém oito ossos curtos, ou carpais, conjuntivo), consiste no túnel do carpo. Os longos tendões dos flexores
estreitamente unidos por ligamentos. Movimentos de dos dedos e do polegar, além do nervo mediano, passam pelo túnel
do carpo. O estreitamento desse túnel, em decorrência de fatores
deslizamento ocorrem entre eles em duas fileiras como inflamação, pode dar origem a uma condição chamada de
irregulares de quatro ossos cada. Na fileira proximal, a síndrome do túnel do carpo (TORTORA, 14ª ed.).
partir da lateral (lado do polegar) para a medial, estão os
ossos: (MARIEB, 3ª ed.) METACARPO

➢ escafoide (“em forma de barco”); ↠ Cinco ossos metacarpais irradiam-se distalmente a


➢ semilunar (“forma de meia-lua”); partir do carpo para formar o metacarpo, ou palma/dorso
➢ piramidal (“triangular”); da mão (meta = além de). Esses pequenos ossos
➢ pisiforme (“forma de ervilha”) alongados não são nomeados individualmente; são
numerados de I a V, a partir do dedo polegar para o dedo
mínimo (MARIEB, 7ª ed.)

↠ As bases dos metacarpais articulam-se com os ossos


da fileira distal do carpo proximalmente e umas com as
outras nos seus lados medial e lateral. Distalmente, as
cabeças bulbosas dos metacarpais articulam -se com as
falanges proximais dos dedos para formar as articulações
metacarpofalângicas (MARIEB, 7ª ed.)
O metacarpal I, associado ao polegar, é o mais curto e o que tem mais
movimento articular (MARIEB, 7ª ed.)

FALANGES
↠ As falanges, ou ossos dos dedos, formam a parte distal
da mão. Há 14 falanges nos cinco dedos de cada mão e,
assim como os metacarpais, os dedos são numerados de
I a V, começando do polegar, no sentido de lateral para
medial. Um único osso de um dedo é chamado falange
(TORTORA, 14ª ed.).
Apenas o escafóide e o semilunar articulam-se diretamente com o
rádio para formar a articulação do punho (MARIEB, 3ª ed.)
↠ Cada falange consiste em uma base proximal, uma
diáfise intermediária e uma cabeça distal. O polegar possui
↠ Os ossos carpais da fileira distal (de lateral para medial) duas falanges chamadas de falange proximal e falange
são: (MARIEB, 3ª ed.) distal. Os outros 4 dedos apresentam três falanges,
chamadas falange proximal, média e distal (TORTORA, 14ª
➢ o trapézio ("pequena mesa");
ed.).
➢ o trapezóide ("quatro lados");
➢ o capitato ("forma de cabeça"); ↠ Em ordem a partir do polegar, esses outros 4 dedos
➢ o hamato ("gancho"). são comumente chamados dedo indicador, dedo médio,
O capitato é o maior osso carpal; sua projeção arredondada, a cabeça,
dedo anular e dedo mínimo. As falanges proximais de
se articula com o semilunar. O hamato recebe essa nomenclatura por todos os dedos se articulam com os ossos metacarpais
conta de uma grande projeção em forma de gancho em sua face (TORTORA, 14ª ed.).
anterior (TORTORA, 14ª ed.).
As articulações entre as falanges são chamadas articulações
interfalângicas (TORTORA, 14ª ed.).

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Articulação subacromial e subcoracóidea (TORTORA, 14ª


ed.).
ARTICULAÇÃO DO OMBRO
↠ A articulação do ombro é uma articulação esferóidea,
formada pela cabeça do úmero e pela cavidade glenoidal
da escápula. Na prática clínica é chamada de articulação
glenoumeral (TORTORA, 14ª ed.).

COMPONENTES ANATÔMICOS
➢ Cápsula articular: Saco fino e frouxo (qualidades
que contribuem para a liberdade de movimento
da articulação) que envolve de maneira
completa a articulação e se estende da cavidade
glenoidal até o colo anatômico do úmero. A
parte inferior da cápsula é sua área mais fraca
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento coracoumeral: Ligamento largo e
forte que reforça a parte superior da cápsula
articular e se estende do processo coracoide da
escápula até o tubérculo maior do úmero. O
ligamento reforça as partes superior e anterior
da cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.). Ajuda a
sustentar o peso do membro superior (MARIEB,
3ª ed.).
➢ Ligamentos glenoumerais: Três espessamentos
da cápsula articular sobre a face anterior da
articulação que se estendem da cavidade
glenoidal até o tubérculo menor e o colo
anatômico do úmero. Esses ligamentos são
muitas vezes indistintos ou ausentes e conferem
apenas um reforço mínimo. Eles desempenham
função na estabilização articular quando o úmero
se aproxima ou excede seus limites de
movimento (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento transverso do úmero: Lâmina
estreita que se estende entre os tubérculos Obs.: Tendões musculares que cruzam a articulação do ombro
maior e menor do úmero. O ligamento atua contribuem de forma mais significante para a sua estabilidade. Um
como um retináculo (faixa de retenção de estabilizador importante é o tendão da cabeça longa do músculo
bíceps braquial. Este tendão liga-se à margem superior do lábio
tecido conjuntivo) para segurar o tendão da glenoidal, atravessa a cavidade articular e, então, passa dentro do sulco
cabeça longa do músculo bíceps braquial intertubercular do úmero. Ele segura a cabeça do úmero contra a
(TORTORA, 14ª ed.). cavidade glenoidal. Quatro outros tendões (e os músculos associados)
➢ Lábio glenoidal: Margem estreita de formam o manguito rotador. Esse manguito envolve a articulação do
ombro e mescla-se com a cápsula articular (MARIEB, 3ª ed.).
fibrocartilagem em torno da circunferência
externa da cavidade glenoidal, que aprofunda MOVIMENTOS DO OMBRO
discretamente e aumenta discretamente esta
cavidade (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A articulação do ombro possibilita flexão, extensão,
➢ Bolsas: Quatro bolsas estão associadas à hiperextensão, abdução, adução, rotação medial, rotação
articulação do ombro. São elas as bolsas lateral e circundução do braço (TORTORA, 14ª ed.).
subtendínea do m. subescapular, subdeltóidea,

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A articulação do ombro apresenta mais liberdade de movimento do


que qualquer outra articulação do corpo. Essa liberdade resulta da
frouxidão da cápsula articular e da pouca profundidade da cavidade
glenoidal em relação ao grande tamanho da cabeça do úmero
(TORTORA, 14ª ed.).

Embora os ligamentos da articulação do ombro reforcem-na até certo


ponto, grande parte da estabilidade da articulação vem dos músculos
que circundam a articulação, especialmente os músculos do manguito
rotador. Esses músculos (supraespinal, infraespinal, redondo menor e
subescapular) ancoram o úmero na escápula. Os tendões dos músculos
do manguito rotador envolvem a articulação (exceto a porção inferior)
e circundam intimamente a cápsula articular. Os músculos do manguito
rotador atuam como um grupo que mantém a cabeça do úmero na
cavidade glenoidal (TORTORA, 14ª ed.).

ARTICULAÇÃO DO COTOVELO
↠ A articulação do cotovelo é uma diartrose cilíndrica
que permite apenas extensão e flexão (MARIEB, 7ª ed.).

↠ A articulação do cotovelo é um gínglimo formado pela


tróclea e capítulo do úmero, incisura troclear da ulna e
cabeça do rádio (TORTORA, 14ª ed.).

COMPONENTES ANATÔMICOS
➢ Cápsula articular: A parte anterior da cápsula
articular cobre a região anterior da articulação
do cotovelo, a partir das fossas radial e coronoide
do úmero até o processo coronoide da ulna e o
ligamento anular do rádio. A parte posterior se
estende do capítulo, da fossa do olécrano e do
epicôndilo lateral do úmero até o ligamento
anular do rádio, o olécrano da ulna e a parte
posterior da incisura radial (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento colateral ulnar: Ligamento espesso e
triangular que se estende do epicôndilo medial
do úmero até o processo coronoide e o
olécrano da ulna. Parte desse ligamento
aprofunda o encaixe para a tróclea do úmero
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento colateral radial: Ligamento forte e
triangular que se estende do epicôndilo lateral do
úmero até o ligamento anular do rádio e a
incisura radial da ulna (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Ligamento anular do rádio: Forte faixa que
circunda a cabeça do rádio, mantendo-a na
incisura radial da ulna (TORTORA, 14ª ed.).

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Anteriormente e posteriormente, a cápsula articular é fina, permitindo


substancial liberdade de movimento para flexão e extensão do
cotovelo. Entretanto, movimentos laterais são restringidos por dois
fortes ligamentos capsulares (MARIEB, 3ª ed.).

Adicionalmente, tendões de vários músculos do braço, como o bíceps


e o tríceps, cruzam a articulação do cotovelo e dão mais segurança
ARTICULAÇÃO DO CARPO
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ O carpo tem duas superfícies articulares importantes:
a articulação radiocarpal e as articulações intercarpais das
quais faz parte a articulação mediocarpal (MARIEB, 7ª ed.).

↠ A articulação radiocarpal é a articulação entre o rádio


e os carpais proximais, escafoide e semilunar. Essa é uma
articulação elipsóidea, que permite movimentos de flexão,
extensão, adução, abdução e circundução (MARIEB, 7ª
ed.).

↠ As articulações intercarpais estão localizadas por entre


os ossos proximais e distais dos carpos. O deslizamento
ocorre nessa articulação à medida que os ossos carpais
ARTICULAÇÕES ENTRE O RÁDIO E A ULNA adjacentes deslizam entre si (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A ulna e o rádio se articulam diretamente nas suas
extremidades proximal e distal. Proximalmente, a cabeça
do rádio se articula com a incisura radial da ulna. Essa
articulação é a articulação radiulnar proximal. Distalmente,
a cabeça da ulna se articula com a incisura ulnar do rádio.
Essa articulação é a articulação radiulnar distal. Por fim, a
extremidade distal do rádio se articula com três ossos do
punho - o semilunar, o escafoide e o piramidal – para
formar a articulação radiocarpal (punho) (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ O carpo é estabilizado por vários ligamentos. Quatro


ligamentos principais que se estendem dos ossos do
antebraço até os ossos carpais reforçam essa articulação:

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o ligamento radiocarpal palmar anteriormente, o Músculos


ligamento radiocarpal dorsal posteriormente, o ligamento
O tecido conjuntivo denso divide os músculos dos membros em
colateral radial do carpo lateralmente e o ligamento
compartimentos anatômicos. Esses com partimentos fasciais agrupam
colateral ulnar do carpo medialmente. Há múltiplos os músculos com origem e função similares no desenvolvimento.
ligamentos menores estendendo-se entre os ossos Desta forma, os músculos situados no mesmo compartimento
carpais que os conectam entre si e aos ossos metacarpais possuem ações semelhantes e, frequentemente, atuam
(MARIEB, 7ª ed.). sinergicamente para produzir um determinado movimento. Músculos
em compartimentos opostos atuam como pares agonista/antagonista.
Na maioria dos casos, cada compartimento é suprido por um único
nervo (MARIEB, 7ª ed.).

O membro superior possui dois compartimentos: anterior e posterior.


Os músculos do compartimento anterior do braço flexionam o braço
no ombro ou flexionam o antebraço no cotovelo, e, são inervados
pelo nervo musculocutâneo. Os músculos do compartimento anterior
do antebraço são flexores ou pronadores para a mão e/ou para os
dedos, e inervados pelo nervo mediano ou pelo nervo ulnar (MARIEB,
7ª ed.).

Os músculos dos compartimentos posteriores do braço e do


antebraço estendem o cotovelo, o carpo e os dedos, respectivamente.
Esses músculos, além do supinador e do braquiorradial são todos
inervados pelos ramos do nervo radial. Em termos funcionais, o
supinador promove a rotação lateral do antebraço, e o braquiorradial,
que cruza a face anterior do cotovelo, age como um flexor do
antebraço (MARIEB, 7ª ed.).

MÚSCULOS DO TÓRAX QUE MOVIMENTAM O CÍNGULO DO


MEMBRO SUPERIOR
A principal ação dos músculos que movimentam o cíngulo do membro
superior (clavícula e escápula) é estabilizar a escápula de forma que
possa atuar como uma origem fixa para a maioria dos músculos que
movimentam o úmero. Uma vez que os movimentos escapulares
normalmente acompanham os movimentos umerais na mesma
direção, os músculos também movimentam a escápula para aumentar
a amplitude de movimento do úmero. Por exemplo, não seria possível
elevar o braço acima da cabeça se a escápula não se movesse com
o úmero. Durante a abdução, a escápula acompanha o úmero rodando
para cima (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os músculos que movimentam o cíngulo do membro


superior podem ser classificados em dois grupos com
base na sua localização no tórax: músculos torácicos
anteriores e posteriores (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os músculos torácicos anteriores compreendem o


subclávio, o peitoral menor e o serrátil anterior
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo subclávio é pequeno e cilíndrico,
localizado sob a clavícula e que se estende desta
até a primeira costela. Ele estabiliza a clavícula
durante os movimentos do cíngulo do membro
superior (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo peitoral menor é delgado, plano e
triangular, localizado profundamente ao músculo
peitoral maior. Além da sua função nos

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movimentos da escápula, o músculo peitoral LEVANTADOR DA Processos Margem vertebral


ESCÁPULA transversos de C I superior da
menor ajuda na expiração forçada (TORTORA,
a C IV escápula
14ª ed.). ROMBOIDE MAIOR Processos Margem vertebral
➢ O músculo serrátil anterior é grande e plano, espinhosos de T I da escápula inferior
localizado entre as costelas e a escápula; é assim aTV à espinha
ROMBOIDE MENOR Processos Margem vertebral
chamado por conta do aspecto serrilhado da sua espinhosos de C VII da escápula
origem nas costelas (TORTORA, 14ª ed.). aTI superior à espinha

↠ Os músculos torácicos posteriores são o trapézio, o


levantador da escápula, o romboide maior e o romboide
menor (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo trapézio é grande, plano e triangular
e se estende do crânio e coluna vertebral
medialmente até o cíngulo do membro superior
lateralmente. É o músculo posterior mais
superficial que recobre a região cervical
posterior e a porção superior do tronco. Os dois
músculos trapézio formam um trapezoide, daí
sua nomenclatura (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo levantador da escápula é alongado e
estreito encontrado na parte posterior do
pescoço. É profundo em relação aos músculos
esternocleidomastóideo e trapézio. Como seu
próprio nome sugere, uma de suas ações é
levantar a escápula (TORTORA, 14ª ed.). MOVIMENTOS DA ESCÁPULA (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Os músculos romboide maior e romboide ➢ Elevação: movimento superior da escápula, como ao
menor estão localizados profundamente em encolher os ombros ou levantar um peso acima da cabeça
relação ao músculo trapézio e nem sempre é ➢ Abaixamento: movimento inferior da escápula como ao
possível diferenciá-los; parecem bandas paralelas tracionar para baixo uma corda presa a uma roldana
➢ Abdução (protração): movimento da escápula lateral e
que passam inferior e lateralmente das vértebras
anteriormente, como ao realizar o exercício de flexão de
à escápula (TORTORA, 14ª ed.). braço ou efetuar um soco
➢ Adução (retração): movimento da escápula medial e
Suas nomenclaturas se baseiam na sua forma – isto é, um romboide
posteriormente, como ao remar
(um paralelogramo oblíquo). O músculo romboide maior é cerca de 2
➢ Rotação para cima: movimento lateral do ângulo inferior da
vezes mais largo que o músculo romboide menor. Os dois músculos
escápula de forma que a cavidade glenoidal é levada para
são usados quando abaixamos com força os membros superiores
cima. Esse movimento é necessário para movimentar o
elevados, como ao bater em uma estaca com uma marreta
úmero além da horizontal, como na elevação dos braços
(TORTORA, 14ª ed.).
no polichinelo
MÚSCULO ORIGEM INSERÇÃO ➢ Rotação para baixo: movimento medial do ângulo inferior
da escápula de forma que a cavidade glenoidal é
MÚSCULOS TORÁCICOS ANTERIORES
movimentada para baixo. Esse movimento é observado
SUBCLÁVIO Costela I Clavícula
quando um ginasta nas barras paralelas suporta o peso do
PEITORAL MENOR Costelas I a V, III a Processo coracoide
corpo nas mãos.
V ou I a IV da escápula
SERRÁTIL ANTERIOR Costelas I a VIII ou I Margem vertebral
a IX e ângulo inferior da MÚSCULOS DO TÓRAX E DO OMBRO QUE MOVIMENTAM O
escápula ÚMERO
MÚSCULOS TORÁCICOS ANTERIORES
TRAPÉZIO Linha nucal Clavícula, acrômio e ↠ Dos nove músculos que cruzam a articulação do
superior do espinha da escápula ombro, todos, exceto os músculos peitoral maior e
occipital, ligamento
nucal e processos latíssimo do dorso, se originam na escápula. Por isso, os
espinhosos de C VII músculos peitoral maior e o latíssimo do dorso são
a T XII

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chamados de músculos axiais, pois se originam no infraespinal, o qual repousa ao longo da sua
esqueleto axial (TORTORA, 14ª ed.). margem superior.
➢ O músculo coracobraquial é alongado e estreito
↠ Os outros 7 músculos, os músculos escapulares, se
e está localizado no braço.
originam na escápula. Dos dois músculos axiais que
movimentam o úmero: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo peitoral maior é grande, espesso e
em forma de leque, recobrindo a parte superior
do tórax e forma a dobra anterior do tórax. Esse
músculo apresenta duas origens: uma cabeça
clavicular menor e uma cabeça esternocostal
maior
➢ O músculo latíssimo do dorso é largo e triangular,
localizado na parte inferior do dorso, que forma
a maior parte da parede posterior da axila. A
ação muscular reversa (AMR) do músculo
latíssimo do dorso possibilita que a coluna
vertebral e o tronco sejam elevados, como nos
exercícios na barra. É comumente chamado de
“músculo do nadador” porque suas muitas ações
são usadas na natação; consequentemente,
muitos nadadores apresentam esses músculos
A porção média do volumoso músculo deltóide do ombro é o motor
bem desenvolvidos. primário da abdução do braço. Os principais adutores são o peitoral
maior anteriormente e o Iatíssimo do dorso posteriormente (MARIEB,
↠ Entre os músculos escapulares: (TORTORA, 14ª ed.). 3ª ed.).
➢ O deltoide é espesso e forte, recobrindo a MÚSCULO ORIGEM INSERÇÃO
articulação do ombro e formando o contorno MÚSCULOS AXIAIS QUE MOVIMENTAM O ÚMERO
arredondado do ombro. Esse músculo é local PEITORAL MAIOR Clavícula (cabeça Tubérculo maior e
frequente de injeções intramusculares. Os clavicular), esterno lábio lateral do
e cartilagem costais sulco
fascículos do músculo deltoide se originam de 3 das costelas II a VI intertubercular do
pontos diferentes e cada grupo de fascículos úmero
movimenta o úmero de maneira diferente LATÍSSIMO DO DORSO Processos Sulco
espinhosos de T VII intertubercular do
➢ O músculo subescapular é grande e triangular, a L V, vértebras úmero
preenchendo a fossa subescapular da escápula lombares, cristas do
e formando uma pequena parte do ápice da sacro e ílio, costelas
IX a XII via fáscia
parede posterior da axila. toracolombar
➢ O músculo supraespinal, que é arredondado e MÚSCULOS ESCAPULARES QUE MOVIMENTAM O ÚMERO
recebeu sua denominação por conta de sua DELTOIDE Extremidade Tuberosidade do
localização na fossa supraespinal da escápula, acromial da músculo deltoide
clavícula, acrômio do úmero
está localizado profundamente em relação ao da escápula e
músculo trapézio. espinha da
➢ O músculo infraespinal é triangular e também escápula.
recebeu sua denominação por conta de sua SUBESCAPULAR Fossa subescapular Tubérculo menor
da escápula do úmero
localização na fossa infraespinal da escápula. Supraespinal Fossa supraespinhal Tubérculo maior
➢ O músculo redondo maior é plano e espesso, da escápula do úmero
localizado abaixo do músculo redondo menor Infraespinal Fossa infraespinal Tubérculo maior
da escápula do úmero
que também ajuda a formar parte da parede Redondo maior Ângulo inferior da Lábio medial do
posterior da axila. escápula sulco
➢ O músculo redondo menor é alongado e intertubercular do
úmero
cilíndrico, muitas vezes inseparável do músculo

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Redondo menor Margem lateral Tubérculo maior quando algum peso é levantado lentamente
inferior da escápula do úmero
durante a flexão do antebraço (TORTORA, 14ª
CORACOBRAQUIAL Processo coracoida Meio da face
da escápula medial da diáfase ed.).
do úmero ➢ O músculo tríceps braquial é grande e está
localizado na face posterior do braço. É o mais
IMPORTANTE: Quatro músculos profundos do ombro – subescapular,
poderoso dos extensores do antebraço na
supraespinal, infraespinal e redondo menor – fortalecem e estabilizam articulação do cotovelo. Como quer dizer sua
a articulação do ombro. Esses músculos unem a escápula ao úmero. nomenclatura, apresenta três cabeças de
Seus tendões achatados se fundem para formar o manguito rotador origem, uma da escápula (cabeça longa) e duas
(musculotendíneo), um círculo quase completo de tendões em torno
do úmero (cabeças lateral e medial). A cabeça
da articulação do ombro, como o punho de uma camisa de manga
comprida. O músculo supraespinal está especialmente sujeito ao longa cruza a articulação do ombro; as outras
desgaste devido à sua localização entre a cabeça do úmero e o cabeças não antebraço (TORTORA, 14ª ed.).
acrômio da escápula, o que faz com que seu tendão seja comprimido ➢ O músculo ancôneo é pequeno e está localizado
durante os movimentos do ombro, sobretudo abdução do braço. Esse na parte lateral da face posterior do cotovelo
problema é ainda mais agravado pela má postura, com ombros
curvados e caídos para frente (TORTORA, 14ª ed.).
que ajuda o músculo tríceps braquial na
extensão do antebraço na articulação do
cotovelo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Alguns músculos que movimentam o rádio e a ulna
estão envolvidos na pronação e na supinação nas
articulações radiulnares (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Os pronadores, como os próprios nomes
sugerem, são os músculos pronador redondo e
MÚSCULOS DO BRAÇO QUE MOVIMENTAM O RÁDIO E A ULNA pronador quadrado (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O supinador do antebraço é apropriadamente
↠ A maioria dos músculos que movimenta o rádio e a chamado de músculo supinador. A ação vigorosa
ulna promove a flexão e a extensão do cotovelo, a qual do músculo supinador é usada quando torcemos
consiste em uma articulação em dobradiça. Os músculos um saca-rolha ou apertamos um parafuso com
bíceps braquial, o braquial e o braquiorradial são flexores. uma chave de fenda (TORTORA, 14ª ed.).
Os músculos extensores são os músculos tríceps braquial
No braço, os músculos bíceps braquial, braquial e coracobraquial
e ancôneo (TORTORA, 14ª ed.). compõem o compartimento anterior (flexor). O músculo tríceps
braquial forma o compartimento posterior (extensor) (TORTORA, 14ª
➢ O músculo bíceps braquial é grande e está
ed.).
localizado na face anterior do braço. Como indica
seu nome, possui duas cabeças (longa e curta),
ambas na escápula. O músculo se estende pela
articulação do ombro e do cotovelo. Além da
sua função na flexão do antebraço na
articulação do cotovelo, também faz supinação
do antebraço nas articulações radiulnares e
flexiona o braço na articulação do ombro
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo braquial é profundo ao músculo
bíceps braquial. É o flexor mais vigoroso do
antebraço na articulação do cotovelo. Por isso é
o “burro de carga” dos flexores do cotovelo
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo braquiorradial flexiona o antebraço na
articulação do cotovelo, especialmente quando
há necessidade de um movimento rápido ou

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PRONADOR Porção distal da Porção distal da


QUADRADO diáfise da diáfise do
ulna rádio
SUPINADOR DO ANTEBRAÇO
SUPINADOR Epicôndilo lateral do Face lateral do 1/3
úmero proximal
e crista perto da do rádio
incisura
radial da ulna (crista
do
músculo supinador)

MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO QUE MOVIMENTAM O PUNHO, A


MÃO, O POLEGAR E OS DEDOS
↠ Os músculos do antebraço que movimentam o punho,
a mão e os dedos são muitos e variados. Esses músculos
que integram esse grupo que atua nos dedos são
MÚSCULO ORIGEM INSERÇÃO conhecidos como músculos extrínsecos da mão, pois se
FLEXORES DO ANTEBRAÇO originam fora da mão e se inserem nela (TORTORA, 14ª
BÍCEPS BRAQUIAL A cabeça longa se Tuberosidade radial
ed.).
origina do tubérculo do rádio e
acima da cavidade aponeurosa bicipital
glenoidal da ↠ Com base na localização e na função, os músculos do
escápula A cabeça antebraço são divididos em dois grupos: músculos do
curta se origina do compartimento anterior e músculos do compartimento
processo coracoide
da escápula posterior (TORTORA, 14ª ed.).
BRAQUIAL Faces anterior e Tuberosidade ulnar
distal do úmero e processo ↠ Os músculos do compartimento anterior (flexor) do
coronoide da ulna antebraço se originam no úmero e, em geral, se inserem
BRAQUIORRADIAL Margem lateral da Superior ao nos ossos carpais, nos ossos metacarpais e nas falanges;
extremidade distal processo estiloide
do úmero do rádio
atuam principalmente como flexores. Os ventres desses
EXTENSORES DO ANTEBRAÇO músculos formam a massa do antebraço (TORTORA, 14ª
TRÍCEPS BRAQUIAL A cabeça longa se Olécrano da ulna ed.).
origina do tubérculo
infraglenoidal, uma Um dos músculos no compartimento anterior superficial, o músculo
projeção inferior à palmar longo, não existe em cerca de 10% dos indivíduos (na maioria
cavidade glenoidal das vezes no antebraço esquerdo) e é usado com frequência para
da escápula. reparo de tendão (TORTORA, 14ª ed.).
A cabeça lateral se
origina da ↠ Os músculos do compartimento posterior (extensor)
face posterior e
do antebraço se originam no úmero, se inserem nos
lateral do
úmero ossos metacarpais e nas falanges e funcionam como
A cabeça medial se extensores (TORTORA, 14ª ed.).
origina
de toda a face ↠ Em cada compartimento, os músculos estão
posterior do
úmero,
agrupados em superficiais ou profundos (TORTORA, 14ª
inferiormente ao ed.).
sulco para o nervo
radial ↠ Os músculos do compartimento anterior superficial
ANCÔNEO Epicôndilo lateral do Olécrano e porção estão organizados na seguinte ordem, de lateral para
úmero superior
da diáfase da ulna
medial: flexor radial do carpo, palmar longo e flexor ulnar
PRONADORES DO ANTEBRAÇO do carpo (o nervo e a artéria ulnares estão
PRONADOR REDONDO Epicôndilo medial Face mediolateral imediatamente laterais ao tendão desse músculo no
do úmero do rádio punho). O músculo flexor superficial dos dedos é profundo
e processo
coronoide da ulna

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aos outros três músculos e é o maior músculo superficial espessada em bandas fibrosas chamadas retináculos. O retináculo dos
no antebraço (TORTORA, 14ª ed.). músculos flexores está localizado sobre a face palmar dos ossos
carpais. Os tendões flexores longos dos dedos e do punho e o nervo
↠ Os músculos do compartimento anterior profundo mediano passam profundamente ao retináculo dos músculos flexores.
O retináculo dos músculos extensores está localizado sobre a face
estão organizados na seguinte ordem, de lateral para dorsal dos ossos carpais. Os tendões extensores do punho e dos dedos
medial: flexor longo do polegar (o único flexor da falange passam profundamente a ele (TORTORA, 14ª ed.).
distal do polegar) e flexor profundo dos dedos (que
termina em quatro tendões que se inserem nas falanges
distais dos dedos) (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os músculos do compartimento posterior superficial


estão organizados na seguinte ordem, de lateral para
medial: extensor radial longo do carpo, extensor radial
curto do carpo, extensor dos dedos (ocupa a maior parte
da face posterior do antebraço e se divide em quatro
tendões que se inserem nas falanges média e distal dos
dedos), extensor do dedo mínimo (um músculo delgado
que normalmente está conectado com o extensor dos
dedos) e extensor ulnar do carpo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os músculos do compartimento posterior profundo


estão organizados na seguinte ordem, de lateral para
medial: abdutor longo do polegar, extensor curto do
polegar, extensor longo do polegar e extensor do
indicador (TORTORA, 14ª ed.).

Obs.: Eles produzem os movimentos vigorosos, porém grosseiros, dos


dedos (TORTORA, 14ª ed.).

MÚSCULO ORIGEM INSERÇÃO


COMPARTIMENTO ANTERIOR SUPERFICIAL DO ANTEBRAÇO
FLEXOR RADIAL DO Epicôndilo medial Ossos metacarpais
CARPO do úmero II e I I
PALMAR LONGO Epicôndilo medial Retináculo dos
do úmero músculos
flexores e
aponeurose palmar
(fáscia no centro
da palma)
FLEXOR ULNAR DO Epicôndilo medial Pisiforme, hamato e
CARPO do úmero base do
e margem osso metacarpal V
posterossuperior
da ulna
FLEXOR SUPERFICIAL Epicôndilo medial Falange média de
DOS DEDOS do úmero, cada
processo coronoide dedo*
da ulna e
crista ao longo da
margem
Os tendões dos músculos do antebraço que se fixam ao punho ou
lateral ou face
continuam pela mão, juntamente com nervos e vasos sanguíneos, são anterior (linha
mantidos próximos aos ossos por fortes fáscias. Os tendões também
são rodeados por bainhas tendíneas. No punho, a fáscia profunda é

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oblíqua anterior) do ↠ Todos eles estão na palma da mão e nenhum deles


rádio
é encontrado na região dorsal. Todos movem os
COMPARTIMENTO ANTERIOR PROFUNDO DO ANTEBRAÇO
metacarpais e os dedos. São músculos pequenos e fracos
FLEXOR LONGO DO Face anterior do Base da falange
POLEGAR rádio e distal do que controlam principalmente os movimentos precisos
membrana polegar (como enfiar a linha na agulha) (MARIEB, 3ª ed.).
interóssea
(lâmina de tecido Os músculos intrínsecos incluem os principais abdutores e adutores
fibroso dos dedos, bem como os músculos que produzem o movimento de
que mantém juntas oposição - movimento do polegar em direção ao dedo mínimo - que
as diáfises da ulna e possibilita segurar objetos na palma da mão (p. ex., o cabo de um
do rádio) martelo). Muitos músculos da palma da mão são especializados em
FLEXOR PROFUNDO Face medial Base da falange
mover o polegar, e surpreendentemente muitos deles movem o dedo
DOS DEDOS anterior do distal de
mínimo (MARIEB, 3ª ed.).
corpo da ulna cada dedo
COMPARTIMENTO POSTERIOR SUPERFICIAL DO ANTEBRAÇO ↠ Os músculos intrínsecos da mão são divididos em 3
EXTENSOR RADIAL Crista supracondilar Osso metacarpal II
LONGO DO CARPO lateral grupos: tenar, hipotenar e intermediário (TORTORA, 14ª
do úmero ed.).
EXTENSOR RADIAL Epicôndilo lateral do Osso metacarpal III
CURTO DO CARPO úmero ↠ Os músculos tenares incluem o abdutor curto do
EXTENSOR DOS Epicôndilo lateral do Falanges distais e polegar, o oponente do polegar, o flexor curto do polegar
DEDOS úmero médias de
cada dedo
e o adutor do polegar (atua no polegar, mas não se
EXTENSOR DO DEDO Epicôndilo lateral do Tendão do M. encontra na eminência tenar) (TORTORA, 14ª ed.).
MÍNIMO úmero extensor do
dedo na falange do ➢ O músculos abdutor curto do polegar é
dedo superficial, delgado, curto e relativamente largo
mínimo
que se encontra na face lateral da eminência
EXTENSOR ULNAR DO Epicôndilo lateral do Osso metacarpal V
CARPO úmero tenar (TORTORA, 14ª ed.).
e margem ➢ O músculo flexor curto do polegar é curto e
posterior da ulna
largo, localizado medialmente ao músculo
COMPARTIMENTO POSTERIOR PROFUNDO DO ANTEBRAÇO
abdutor curto do polegar (TORTORA, 14ª ed.).
ABDUTOR LONGO DO Face posterior do Osso metacarpal I
POLEGAR meio do ➢ O músculo oponente do polegar é pequeno e
rádio e ulna e triangular, localizado abaixo dos músculos flexor
membrana
interóssea
curto do polegar e abdutor curto do polegar
EXTENSOR CURTO DO Face posterior do Base da falange (TORTORA, 14ª ed.).
POLEGAR meio do proximal do ➢ O músculo adutor do polegar tem forma de
rádio e ulna e polegar leque e apresenta duas cabeças (oblíqua e
membrana
interóssea transversa) separadas por um hiato pelo qual
EXTENSOR LONGO DO Face posterior do Base da falange passa a artéria radial (TORTORA, 14ª ed.).
POLEGAR meio da distal do
ulna e membrana polegar
interóssea
EXTENSOR DO Face posterior da Tendão do
INDICADOR ulna e extensor do dedo
membrana indicador
interóssea

MÚSCULOS DA PALMA DA MÃO QUE MOVIMENTAM OS DEDOS


– MÚSCULOS INTRÍNSECOS DA MÃO
↠ Os músculos intrínsecos da mão produzem
movimentos fracos, porém complexos e precisos, dos
dedos que caracterizam a mão humana. Os músculos
deste grupo são assim nomeados por conta de suas
origens e inserções na mão (TORTORA, 14ª ed.).

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Os músculos tenares, junto com o músculo adutor do polegar, formam indicador ou entre o polegar e os primeiros dois dedos) (TORTORA,
a eminência tenar, o contorno arredondado na lateral da palma 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os três músculos hipotenares atuam no dedo mínimo


e formam a eminência hipotenar, o contorno
arredondado medial na palma da mão. O músculo abdutor
do dedo mínimo, o músculo flexor curto do dedo mínimo
e o músculo oponente do dedo mínimo constituem os
músculos hipotênares (TORTORA, 14ª ed.).
➢ O músculo abdutor do dedo mínimo é curto e
largo e é o mais superficial dos músculos
hipotenares. É um músculo vigoroso que tem
participação importante na preensão de objetos
com os dedos abertos (TORTORA, 14ª ed.). IMPORTANTE: Os movimentos do polegar são muito importantes
➢ O músculo flexor curto do dedo mínimo nas atividades de precisão da mão e são definidos em planos
também é curto e largo, além de lateral ao diferentes daqueles dos movimentos comparáveis dos outros
músculo abdutor do dedo mínimo (TORTORA, dedos porque o polegar está posicionado em ângulo reto com
14ª ed.). os outros dedos. A figura abaixo ilustra os cinco principais
➢ O músculo oponente do dedo mínimo é movimentos do polegar, os quais incluem flexão (movimento
medial do polegar pela palma da mão), extensão (movimento
triangular e profundo aos outros músculos
lateral do polegar, saindo da palma), abdução (movimento do
hipotênares (TORTORA, 14ª ed.).
polegar em um plano anteroposterior para longe da palma),
↠ Os onze ou doze músculos intermediários (palmares adução (movimento do polegar em um plano anteroposterior
médios) compreendem os lumbricais, interósseos no sentido da palma) e oposição (movimento do polegar que
cruza a palma da mão de forma que a ponta do polegar
palmares e interósseos dorsais (TORTORA, 14ª ed.).
encontra a ponta do dedo). Oposição é o movimento digital
➢ Os músculos lumbricais, como o próprio nome mais distinto que confere aos humanos e outros primatas a
sugere, têm forma de verme. Eles se originam capacidade de segurar e manipular objetos de maneira precisa
(TORTORA, 14ª ed.).
e se inserem nos tendões de outros músculos
(Mm. flexor profundo dos dedos e extensor dos
dedos) (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Os músculos interósseos palmares são os
menores e mais anteriores dos músculos
interósseos (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Os músculos interósseos dorsais são os mais
posteriores dessa série de músculos
(TORTORA, 14ª ed.).
Os dois grupos de músculos interósseos estão localizados entre os MÚSCULO ORIGEM INSERÇÃO
ossos metacarpais e são importantes na abdução, na adução, na flexão TENAR (FACE LATERAL DA PALMA)
e na extensão dos dedos, assim como nos movimentos necessários ABDUTOR CURTO DO Retináculo dos Face lateral da
para realizar atividades que exijam habilidade especial como escrever, POLEGAR músculos falange
digitar e tocar piano (TORTORA, 14ª ed.). flexores, escafoide proximal do polegar
e trapézio
A importância funcional da mão fica logo aparente quando OPONENTE DO Retináculo dos Face lateral do
consideramos que certas lesões da mão podem resultar em POLEGAR músculos osso
incapacidades permanentes. A maioria da destreza da mão depende flexores e trapézio metacarpal I
dos movimentos dos polegares. As atividades gerais da mão incluem (polegar)
movimento livre, preensão potente (movimento forçado dos dedos e FLEXOR CURTO DO Retináculo dos Face lateral da
POLEGAR músculos falange
do polegar contra a palma da mão, como ao espremer), manuseio
flexores, trapézio, proximal do polegar
preciso (mudança na posição do objeto manuseado que demanda
capitato e
controle exato da posição do dedo e do polegar, como dar corda em trapezoide
um relógio ou tricotar) e pinça (compressão entre o polegar e o dedo
ADUTOR DO POLEGAR A cabeça oblíqua Face medial da
se origina falange

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no capitato, nos proximal do polegar elevação, depressão, protração, retração, rotação para
ossos pelo
cima e rotação para baixo (PACHECO, 2010).
metacarpais I e I I. A tendão contendo
cabeça osso
transversa origina- sesamoide
↠ Através desse sinergismo conseguimos realizar todos
se no osso os movimentos do ombro com seus ângulos máximos
metacarpal III que são: (PACHECO, 2010).
HIPOTENAR (FACE MEDIAL DA PALMA)
ABDUTOR DO DEDO Pisiforme e tendão Face medial da ➢ No plano sagital o movimento de flexão é de 0
MÍNIMO do M. falange
a 180º, a extensão é o retorno à posição
flexor ulnar do proximal do dedo
carpo mínimo anatômica e a hiperextensão é de 0 a 45º
FLEXOR CURTODO Retináculo dos Face medial da (PACHECO, 2010).
DEDO MINIMO músculos falange ➢ No plano frontal tem os movimentos de
flexor e hamato proximal do dedo
mínimo abdução e adução, com a abdução atingindo
OPONENTE DO DEDO Retináculo dos Face medial do 180º e a adução o retorno a posição anatômica
MÍNIMO músculos osso (PACHECO, 2010).
flexores e hamato metacarpal V (dedo
mínimo) ➢ No plano transverso tem os movimentos de
INTERMEDIÁRIO (PALMAR MÉDIO) rotação medial e rotação lateral. A partir da
LUMBRICAIS Faces laterais dos Faces laterais dos posição neutra é possível realizar 90º em cada
tendões e tendões do direção. Ainda no plano transverso os
flexor profundo dos extensor dos
dedos de dedos nas movimentos de abdução horizontal e adução
cada dedo falanges proximais horizontal, estes movimentos iniciam com 90º de
de cada abdução do ombro. A abdução horizontal é de
dedo
aproximadamente 30º, e a adução horizontal é
INTERÓSSEOS Laterais das diáfises Laterais das bases
PALMARES dos das de 120º, e circundação que exprime todos
ossos metacarpais falanges proximais movimentos realizados pelo ombro (PACHECO,
de todos de todos
os dedos (exceto I I) os dedos (exceto I I)
2010).
INTERÓSSEOS Lados adjacentes Falange proximal São dezesseis músculos envolvidos com todos os movimentos do
DORSAIS dos ossos dos
ombro, e podemos dividir em cinco músculos do cíngulo do membro
metacarpais segundo a quarto
superior e onze com o ombro. Os cinco músculos do cíngulo do
dedos
membro superior são: trapézio, serrátil anterior, rombóides, levandador
da escápula e peitoral menor. E os onze músculos do ombro que são:
deltóide, peitoral maior, redondo maior, latíssimo do dorso,
Biomecânica do ombro coracobraquial, manguito rotador: o supra-espinhoso, infra-espinhoso,
redondo menor e subescapular, bíceps braquial e tríceps braquial
↠ O ombro é uma articulação tipo esferóide, possuindo (PACHECO, 2010).
movimentos nos três planos: sagital, frontal e transverso.
Fazem parte dessa articulação os ossos: úmero, escápula
e clavícula, quatro articulações a esternoclavicular,
acromioclavicular e glenoumeral e a escapulotorácica, os
ligamentos que dão estabilidade e os dezesseis músculos
envolvidos com o complexo do ombro (PACHECO, 2010).

↠ O complexo do ombro possui quatro grupos de


movimento, no plano sagital: flexão, extensão e
hiperextensão; no plano frontal: abdução e adução; e no
plano transverso: rotação medial e rotação lateral;
abdução horizontal e adução horizontal e
circundação (PACHECO, 2010).

↠ Para isso é necessário um sinergismo entre os


músculos do cíngulo do membro superior e o complexo
do ombro, além dos movimentos escapulotorácico de:

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Histologia do tecido cartilaginoso CARTILAGEM HIALINA

↠ O tecido cartilaginoso é um tipo especializado de tecido ↠ É o tipo mais frequentemente encontrado no corpo
conjuntivo cuja consistência é rígida. Desempenha a e, por isso, o mais estudado. A fresco, a cartilagem hialina
função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies é branco-azulada e translúcida (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
articulares, absorvendo choques mecânicos, e diminui o
↠ Recobre as superfícies articulares dos ossos longos
atrito, facilitando o deslizamento dos ossos nas
(articulações com grande mobilidade). Além disso, esse
articulações (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
tipo de cartilagem constitui o primeiro esqueleto do
↠ A cartilagem é essencial para a formação e o embrião, que posteriormente é substituído por um
crescimento dos ossos longos na vida intrauterina e esqueleto ósseo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
depois do nascimento (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Entre a diáfise e a epífise dos ossos longos em
↠ Como os demais tipos de tecido conjuntivo, o crescimento, observa-se o disco epifisário, formado por
cartilaginoso contém células, chamadas condrócitos, e cartilagem hialina, que é responsável pelo crescimento do
abundante material extracelular, que constitui a matriz osso em extensão durante a vida intrauterina e após o
extracelular cartilaginosa nascimento até o fim do crescimento corporal
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os condrócitos alojam-se em pequenas cavidades da
matriz, chamadas lacunas. Uma lacuna pode conter um ou
mais condrócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As funções do tecido cartilaginoso dependem principalmente da
estrutura da matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno e
elastina. Além disso, há grande quantidade de macromoléculas de
proteoglicanos (proteínas + glicosaminoglicanos), ácido hialurônico e
diversas glicoproteínas associadas às fibras de colágeno e elásticas
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ As cartilagens (exceto as articulares e a do tipo fibroso)


são envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o
nome de pericôndrio, a qual contém nervos e vasos
sanguíneos e linfáticos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). MATRIZ CARTILAGINOSA

↠ O tecido cartilaginoso não contém vasos sanguíneos, ↠ A cartilagem hialina é formada, em 40% do seu peso
sendo nutrido pelos capilares do pericôndrio, e é seco, por fibrilas de colágeno tipo II associadas a ácido
desprovido de vasos linfáticos e de nervos. As cartilagens hialurônico e a outros glicosaminoglicanos, proteoglicanos
que revestem a superfície dos ossos nas articulações muito hidratados e glicoproteínas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
móveis não têm pericôndrio e recebem nutrientes do
↠ Em preparados rotineiros, a matriz cartilaginosa é
líquido sinovial presente nas cavidades articulares.
basófila (p. ex., se cora em azul pela hematoxilina)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Há três tipos de cartilagens para atender às diversas
↠ Dentre as proteínas, um componente importante da
necessidades funcionais do organismo: cartilagem hialina,
matriz da cartilagem hialina é a glicoproteína estrutural
que é a mais comum, cuja matriz contém delicadas fibrilas
condronectina, uma macromolécula com regiões de
constituídas principalmente de colágeno tipo II; cartilagem
ligação para condrócitos, fibrilas colágenas tipo II e
elástica, que contém menos fibrilas de colágeno tipo II e
glicosaminoglicanos. Assim, a condronectina participa da
abundantes fibras elásticas; e cartilagem fibrosa ou
associação do arcabouço macromolecular da matriz com
fibrocartilagem, que apresenta matriz constituída
os condrócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
preponderantemente por fibras de colágeno tipo I
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ As moléculas de proteoglicanos assemelham-se a
escovas de limpar tubos de ensaio, em que a proteína
(eixo proteico) representa a parte central, e as moléculas
de glicosaminoglicanos correspondem aos pelos da

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escova. No tecido conjuntivo propriamente dito, e localizados vasos sanguíneos e linfáticos, inexistentes no interior do
especialmente na cartilagem hialina, inúmeros tecido cartilaginoso (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
proteoglicanos podem estabelecer ligações não ↠ O pericôndrio é formado por um tecido conjuntivo
covalentes com uma única molécula de ácido hialurônico, que possui muitas fibras de colágeno tipo I e poucas
produzindo enormes agregados moleculares (medindo células na sua região mais externa; porém, torna-se
até 4 µm) muito importantes para manter a rigidez da gradativamente mais rico em células na região do
matriz cartilaginosa (JUNQUEIRA, 13ª ed.). pericôndrio adjacente à cartilagem (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Morfologicamente, as células do pericôndrio são


semelhantes aos fibroblastos, mas as situadas próximo à
cartilagem podem facilmente multiplicar-se por mitose e
originar condrócitos, caracterizando-se funcionalmente
como condroblastos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ Como o colágeno e a elastina são flexíveis, a


consistência firme das cartilagens deve-se, principalmente,
a dois motivos: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
➢ ligações eletrostáticas entre os
glicosaminoglicanos sulfatados e o colágeno;
➢ grande quantidade de moléculas de água presas
a esses glicosaminoglicanos (água de CONDRÓCITOS
solvatação), o que confere turgidez à matriz
↠ Na periferia da cartilagem hialina, os condrócitos
O alto conteúdo de água de solvatação das moléculas de
glicosaminoglicanos atua como um sistema de absorção de choques
apresentam forma alongada, com o eixo maior paralelo à
mecânicos, ou mola biomecânica, de grande importância funcional, superfície. Mais internamente, são arredondados e
principalmente nas cartilagens articulares (JUNQUEIRA, 13ª ed.). frequentemente aparecem em grupos de até oito células,
chamados grupos isógenos, porque suas células são
PERICÔNDRIO pequenos clones originados por divisão de um único
↠ Todas as cartilagens hialinas, exceto as articulares, são condroblasto (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
envolvidas por uma camada de tecido conjuntivo denso As células e a matriz cartilaginosa sofrem retração durante o processo
denominado pericôndrio (JUNQUEIRA, 13ª ed.). histológico, o que explica a forma estrelada dos condrócitos e seu
afastamento da parede da lacuna em que se situam. Nos tecidos vivos
IMPORTANTE: Além de ser uma fonte de novos condrócitos para o e nos cortes cuidadosamente preparados, os condrócitos ocupam
crescimento, o pericôndrio é responsável por nutrição, oxigenação e totalmente as lacunas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
eliminação dos refugos metabólicos da cartilagem, porque nele estão

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↠ Os condrócitos são também células secretoras de seguida, inicia-se a síntese da matriz extracelular, que
colágeno, principalmente do tipo I , proteoglicanos e afasta os condroblastos uns dos outros. A diferenciação
glicoproteínas, como a condronectina (JUNQUEIRA, 13ª das cartilagens ocorre do centro para a periferia, de modo
ed.). que as células mais centrais já apresentam as
características de condrócitos, enquanto as mais
periféricas ainda são condroblastos típicos. O mesênquima
da superfície de cada peça de cartilagem forma o
pericôndrio (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

CRESCIMENTO
↠ O crescimento da cartilagem ocorre por dois
processos: intersticial, por divisão mitótica dos condrócitos
preexistentes; e aposicional, a partir das células do
pericôndrio (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Nos dois casos, os novos condrócitos formados logo produzem fibrilas
colágenas, proteoglicanos e glicoproteínas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Uma vez que as cartilagens são desprovidas de
capilares sanguíneos, a oxigenação dos condrócitos é ↠O crescimento intersticial é menos importante e quase
deficiente, fazendo com que essas células vivam sob só ocorre nas primeiras fases da vida da cartilagem. À
baixas tensões de oxigênio. A cartilagem hialina degrada a medida que a matriz se torna cada vez mais rígida, o
glicose principalmente por mecanismo anaeróbio, com crescimento intersticial deixa de ser viável, e a cartilagem
formação de ácido láctico como produto final. Os passa a crescer somente por aposição. Por esse
nutrientes transportados pelo sangue chegam pelo mecanismo, células da parte profunda do pericôndrio
pericôndrio, atravessam a matriz da cartilagem por difusão multiplicam-se e diferenciam-se em condrócitos, que são
e alcançam os condrócitos mais internos (JUNQUEIRA, 13ª adicionados à cartilagem (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ed.).
CARTILAGEM ELÁSTICA
Os mecanismos dessa movimentação de moléculas são principalmente
a difusão através da água de solvatação das macromoléculas e o A cartilagem elástica é encontrada no pavilhão auditivo, no conduto
bombeamento promovido pelas forças de compressão e auditivo externo, na tuba auditiva, na epiglote e na cartilagem
descompressão exercidas sobre as cartilagens. A falta de capilares cuneiforme da laringe (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
sanguíneos limita a espessura máxima das peças cartilaginosas
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). ↠ Basicamente, é semelhante à cartilagem hialina, mas
inclui, além das fibrilas de colágeno (principalmente do tipo
HISTOGÊNESE II), uma abundante rede de fibras elásticas contínuas com
as do pericôndrio. A elastina confere a esse tipo de
↠ No embrião, os esboços das cartilagens surgem no
cartilagem uma cor amarelada quando examinada a fresco
mesênquima. A primeira modificação observada durante
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
a histogênese da cartilagem consiste no arredondamento
das células mesenquimatosas, que retraem seus ↠ Assim como a cartilagem hialina, a elástica apresenta
prolongamentos e, multiplicando-se rapidamente, formam pericôndrio e cresce principalmente por aposição.
aglomerados. As células assim formadas têm citoplasma Contudo, ela é menos sujeita a processos degenerativos
muito basófilo e recebem o nome de condroblastos. Em patológicos do que a hialina (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

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DISCOS INTERVERTREBAIS
Localizado entre os corpos das vértebras e unido a elas por
ligamentos, cada disco intervertebral é formado por dois
componentes: o anel fibroso e o núcleo pulposo, que é uma
parte central derivada da notocorda do embrião (JUNQUEIRA,
13ª ed.).

O anel fibroso contém uma porção periférica de tecido


conjuntivo denso; porém, em sua maior extensão, é constituído
por fibrocartilagem, cujos feixes colágenos formam camadas
concêntricas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Na parte central do anel fibroso, existe um tecido formado por


células arredondadas, dispersas em um líquido viscoso rico em
ácido hialurônico e contendo pequena quantidade de colágeno
tipo II. Esse tecido constitui o núcleo pulposo (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).

No jovem, o núcleo pulposo é relativamente maior, sendo


gradual e parcialmente substituído por fibrocartilagem com o
avançar da idade (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

Os discos intervertebrais funcionam como coxins lubrificados


CARTILAGEM FIBROSA que previnem o desgaste do osso das vértebras durante os
movimentos da coluna espinal. O núcleo pulposo, rico em ácido
↠ A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido hialurônico, é muito hidratado e absorve as pressões como se
com características intermediárias entre o tecido fosse uma almofada, protegendo as vértebras contra impactos
conjuntivo denso modelado e a cartilagem hialina (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ É encontrada nos discos intervertebrais, nos pontos


Referências
em que alguns tendões e ligamentos se inserem nos
ossos, e na sínfise pubiana. A fibrocartilagem está sempre MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
associada a tecido conjuntivo denso, e os limites entre os humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
dois são imprecisos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 2014.
↠ Com muita frequência, os condrócitos formam fileiras MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
alongadas entre as espessas fibras colágenas Porto Alegra: Artmed, 2008
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e


atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018

PACHECO, A. S. Biomecânica da articulação do ombro,


2010

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1
APG 13 – “O PASSO EM FALSO DO FENÔMENO”

Objetivo grande na articulação entre o fêmur e a tíbia (um dos ossos da perna),
que é vertical. Isso pode contribuir para a maior incidência de
1- Estudar a anatomia dos ossos, músculos e problemas no joelho em atletas do sexo feminino. (MARIEB, 7ª ed.).
articulações do membro inferior. ↠ Sua extremidade proximal se articula com o acetábulo
Membros inferiores do osso do quadril. Sua extremidade distal se articula com
a tíbia e a patela (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os membros inferiores sustentam todo o peso do
corpo na posição ereta e são submetidos a forças
excepcionais quando saltamos ou corremos. Portanto, não
é surpreendente que os ossos dos membros inferiores
sejam mais grossos e mais fortes do que os dos
membros superiores. Os três segmentos de cada
membro inferior são a coxa, a perna e o pé (MARIEB, 3ª
ed.).

Ossos

↠ Cada membro inferior apresenta 30 ossos em quatro


locais diferentes: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A extremidade proximal do fêmur consiste em uma
cabeça arredondada que se articula com o acetábulo do
➢ o fêmur na coxa;
osso do quadril, formando a articulação do quadril. A
➢ a patela;
cabeça contém uma pequena depressão central chamada
➢ a tíbia e fíbula na perna;
fóvea da cabeça do fêmur (TORTORA, 14ª ed.).
➢ os 7 ossos tarsais no tornozelo, os 5 ossos
metatarsais no metatarso e as 14 falanges (ossos O ligamento da cabeça do fêmur liga a fóvea da cabeça do fêmur ao
dos dedos) no pé. acetábulo do osso do quadril (TORTORA, 14ª ed.).

ESQUELETO DA COXA

FÊMUR
↠ O fêmur é o único osso da coxa (MARIEB, 7ª ed.).

↠ É o maior, mais longo e mais forte osso do corpo. Sua


estabilidade é consequência do fato de que ele pode
suportar tensões que podem alcançar 280 kg por cm2,
ou 2 toneladas por polegada quadrada (MARIEB, 7ª ed.).

↠O fêmur é envolvido por músculos volumosos que nos


impedem de palpá-lo ao longo da coxa. Seu comprimento
representa aproximadamente um quarto da altura da
pessoa (MARIEB, 3ª ed.).

↠ O fêmur posiciona-se cada vez mais medialmente, à


medida que inclina-se em direção ao joelho. Esse
posicionamento coloca as articulações do joelho mais
próximas ao centro de gravidade do corpo na linha
mediana, proporcionando assim um melhor equilíbrio
(MARIEB, 7ª ed.). Segundo TORTORA, esse ângulo é
denominado ângulo da diáfise femoral (ângulo de
convergência). A região proximal do fêmur é “curva” (em forma de L) de modo que
o eixo longitudinal da cabeça e do colo projeta-se em sentido
Esse trajeto do fêmur, de lateral para medial, é mais pronunciado nas
superomedial e forma um ângulo com o corpo oblíquo. Esse ângulo
mulheres por causa de sua pelve mais larga. Assim, há um ângulo
de inclinação obtuso é maior (quase formando uma linha reta) ao

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nascimento e diminui gradualmente (torna-se mais agudo) até ser ↠ Uma área deprimida entre os côndilos na face
alcançado o ângulo do adulto (115 a 140°, média de 126°) (MOORE, 8ª posterior é chamada fossa intercondilar (profunda, em
ed.)
forma de U, e superior a esta fossa situa-se a face
poplítea, uma área lisa na diáfise do fêmur). A face patelar
lisa se encontra localizada entre os côndilos na face
anterior, articula-se com a patela (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os epicôndilos medial e lateral (locais de fixação


muscular) limitam os côndilos superiormente. Na parte
superior do epicôndilo medial encontra-se uma saliência,
o tubérculo do adutor. (MARIEB, 3ª ed.). Uma projeção
rugosa que é local de inserção do músculo adutor magno
(TORTORA, 14ª ed.).
O ângulo de inclinação é menor nas mulheres em razão da maior PATELA
largura entre os acetábulos (consequência da pelve menor mais larga)
e da maior obliquidade do corpo do fêmur. O ângulo de inclinação ↠ A patela ("panela pequena") é um osso sesamóide
permite maior mobilidade do fêmur na articulação do quadril porque
triangular que fixa os músculos anteriores da coxa na tíbia
coloca a cabeça e o colo mais perpendiculares ao acetábulo na posição
neutra (MOORE, 8ª ed.) e é envolvido pelo tendão do quadríceps (MARIEB, 3ª ed.).

↠ O colo do fêmur é uma região estreitada distal à ↠ Localizada anteriormente na articulação do joelho
cabeça. A fratura de quadril refere-se mais (TORTORA, 14ª ed.).
frequentemente à fratura do colo do fêmur do que à ↠ A larga extremidade proximal desse osso sesamoide
fratura dos ossos do quadril (TORTORA, 14ª ed.). incrustado no tendão do músculo quadríceps femoral é
↠ O trocanter maior e o trocanter menor são projeções chamada de base; a extremidade pontiaguda distal é
da junção do colo com a diáfise que servem de pontos chamada de ápice (TORTORA, 14ª ed.).
de inserção para os tendões de alguns músculos da coxa ↠ A face articular posterior contém duas faces, uma para
e das nádegas (TORTORA, 14ª ed.). o côndilo medial e a outra para o côndilo lateral do fêmur.
↠ O trocanter maior é a proeminência palpável e visível O ligamento da patela fixa a patela à tuberosidade da tíbia
anteriormente à concavidade lateral do quadril. É um (TORTORA, 14ª ed.).
referencial comumente usado para localizar a área de ↠ A junção patelofemoral, entre a face posterior da
injeções intramusculares na face lateral da coxa. O patela e a face patelar do fêmur, é o componente
trocanter menor é inferior e medial ao trocanter maior intermediário da articulação do joelho (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A patela aumenta o efeito de alavanca do tendão do
↠ Entre as faces anteriores dos trocanteres, músculo quadríceps femoral, mantém a posição do
encontramos uma linha intertrocantérica estreita. Uma tendão quando o joelho flexiona e protege a articulação
crista chamada crista intertrocantérica aparece entre as do joelho (TORTORA, 14ª ed.).
faces posteriores dos trocanteres (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Inferiormente à crista intertrocantérica, na face


posterior do corpo do fêmur, existe uma elevação vertical
chamada tuberosidade glútea, que se funde com outra
elevação vertical chamada linha áspera. Ambas as
elevações atuam como pontos de inserção para os
tendões de vários músculos da coxa (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A extremidade distal expandida do fêmur engloba o


côndilo medial e o côndilo lateral (formato de roda, que se
articulam com a tíbia) (TORTORA, 14ª ed.).

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3

↠ Os côndilos ligeiramente côncavos são separados por


uma projeção superior chamada eminência intercondilar.
ESQUELETO DA PERNA A tuberosidade da tíbia na face anterior é o ponto de
↠ Dois ossos paralelos, a tíbia e a fíbula, formam o inserção do ligamento da patela (TORTORA, 14ª ed.).
esqueleto da perna, a região do membro inferior entre o
↠ Inferiormente, em continuidade com a tuberosidade da
joelho e o tornozelo. Esses dois ossos são conectados
tíbia, há uma crista aguda que pode ser palpada abaixo da
pela membrana interóssea e articulam-se entre si nas
pele, conhecida como margem anterior (crista) ou,
epífises proximais e distais (MARIEB, 3ª ed.) popularmente, canela (TORTORA, 14ª ed.).
TÍBIA ↠ A face medial da extremidade distal da tíbia forma o
↠ A tíbia ("canela") recebe o peso do corpo a partir do maléolo medial. Essa estrutura se articula com o tálus do
fêmur e o transmite para os pés. É o segundo maior osso tornozelo e forma a proeminência que pode ser palpada
em comprimento e força (MARIEB, 3ª ed.) na face medial do tornozelo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Localizada medialmente (MARIEB, 7ª ed.) ↠ A incisura fibular se articula com a extremidade distal
da fíbula para formar a sindesmose tibiofibular
O termo tíbia quer dizer flauta, pois os ossos tibiais de pássaros eram (TORTORA, 14ª ed.).
usados antigamente para fazer instrumentos musicais (TORTORA, 14ª
ed.). De todos os ossos longos do corpo, a tíbia é a mais frequentemente
fraturada e, também, o local mais constante de fratura aberta
↠ A tíbia se articula em sua extremidade proximal com (composta ou exposta) (TORTORA, 14ª ed.).
o fêmur e a fíbula e em sua extremidade distal com a
fíbula e o tálus do tornozelo (TORTORA, 14ª ed.). FÍBULA

↠ A extremidade proximal da tíbia é expandida em um ↠ A fíbula é paralela e lateral à tíbia, porém é


côndilo lateral e um côndilo medial. Esses côndilos se consideravelmente menor. Diferentemente da tíbia, a
articulam com os côndilos do fêmur para formar a fíbula não se articula com o fêmur, porém ajuda a
articulação do joelho, lateral e medialmente (TORTORA, estabilizar a articulação do tornozelo (TORTORA, 14ª ed.).
14ª ed.).
↠ A cabeça da fíbula, a extremidade proximal, se articula
Na região inferior do côndilo lateral da tibia existe uma faceta para a com a face inferior do côndilo lateral da tíbia abaixo do
articulação tibiofibular proximal (MARIEB, 3ª ed.). nível da articulação do joelho para formar a articulação
tibiofibular (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A extremidade distal tem forma mais triangular e


apresenta uma projeção chamada maléolo lateral que se
articula com o tálus do tornozelo e forma a proeminência
na face lateral do tornozelo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Conforme observado antes, a fíbula também se
articula com a tíbia na incisura fibular para formar a
sindesmose tibiofibular (TORTORA, 14ª ed.).
A diáfise da fíbula é bastante sulcada - a fíbula não suporta peso, mas
vários músculos se originam a partir dela (MARIEB, 7ª ed.). Segundo
Marieb 3ª ed., a fíbula parece ter sido torcida um quarto de volta.

MNEMÔNICO para localizar a fíbula e a tíbia: A FÍBULA É LATERAL.

ESQUELETO DO PÉ
↠ O esqueleto do pé compreende os ossos tarsais, os
ossos metatarsais e as falanges, ou ossos do dedo do pé
(TORTORA, 14ª ed.).

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↠ O pé tem duas funções importantes: ele suporta o


peso do corpo e atua como uma alavanca para
impulsionar o corpo para a frente durante uma caminhada
ou corrida. Um único osso poderia servir a ambos os
propósitos, mas teria um desempenho pobre em um
terreno irregular. Sua estrutura multicomponente torna o
pé flexível, evitando esse problema (MARIEB, 7ª ed.).

TARSO
↠ O tarso (tornozelo) é a região proximal do pé que
consiste em 7 ossos tarsais, incluindo o tálus e o calcâneo,
localizados na parte posterior do pé (TORTORA, 14ª ed.).
O peso do corpo é suportado principalmente pelos dois maiores ossos
tarsais, mais posteriores: o tálus (“tornozelo”), que se articula com a
tíbia e a fíbula superiormente, e o robusto calcâneo (“osso do
calcanhar”), que forma o calcanhar do pé (MARIEB, 7ª ed.).

↠ O calcâneo é o maior e mais forte osso tarsal. Os ossos


tarsais anteriores são o navicular, os 3 cuneiformes,
chamados cuneiformes lateral, intermédio e medial, e o
cuboide (TORTORA, 14ª ed.). METATARSO

↠ O espesso tendão calcâneo, ou de Aquiles, dos ↠ O metatarso, região intermediária do pé, consiste em
músculos da panturrilha fixa-se à superfície posterior do cinco ossos metatarsais numerados de I a V, de medial
calcâneo (MARIEB, 3ª ed.). para lateral. Assim como os metacarpais da palma da mão,
cada metatarsal consiste em uma base proximal, uma
↠ A parte do calcâneo que toca o solo é a tuberosidade diáfise intermediária e uma cabeça distal (TORTORA, 14ª
do calcâneo, e sua projeção em forma de prateleira que ed.).
suporta parte do tálus é o sustentáculo do tálus ("suporte
para o tálus") (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Os ossos metatarsais se articulam proximalmente com
o primeiro, o segundo e o terceiro cuneiformes e com o
As articulações entre os ossos tarsais são chamadas articulações
cuboide para formar as articulações tarsometatarsais.
intertarsais (TORTORA, 14ª ed.).
Distalmente, eles se articulam com a fileira proximal de
↠ O tálus, o osso tarsal mais superior, é o único osso do falanges para formar as articulações metatarsofalângicas
pé que se articula com a tíbia e com a fíbula. Ele se articula (TORTORA, 14ª ed.).
de um lado com o maléolo medial da tíbia e do outro lado
↠ O primeiro metatarsal é mais espesso que os outros
com o maléolo lateral da fíbula (TORTORA, 14ª ed.).
porque sustenta mais peso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A tíbia articula-se com o tálus na tróclea do tálus
(MARIEB, 3ª ed.).
Essas articulações formam a articulação talocrural (tornozelo)
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ Durante uma caminhada, o tálus transmite cerca da


metade do peso do corpo para o calcâneo. O restante é
transmitido para os outros ossos tarsais (TORTORA, 14ª
ed.).

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↠ Os metatarsais são mais aproximadamente paralelos


uns aos outros do que os metacarpais na palma da mão
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ Distalmente, onde os metatarsais articulam -se com as
falanges proximais dos dedos dos pés, a cabeça alargada
do primeiro metatarsal constitui a chamada “bola” do pé
(tuberosidade do primeiro metatarsal) (MARIEB, 7ª ed.).

ARCOS DO PÉ

Uma estrutura composta de múltiplos componentes só pode


suportar peso se for arqueada. O pé tem três arcos: arco
longitudinal medial, arco longitudinal lateral e arco transverso.
Esses arcos são mantidos pelo formato de intertravamento dos
Articulações
ossos do pé, por ligamentos fortes e pela tração de alguns
tendões durante a atividade muscular (os ligamentos e tendões
também proporcionam resiliência). Como resultado, os arcos ARTICULAÇÃO DO JOELHO
“cedem” quando é aplicado peso sobre o pé, depois retornam ↠ A articulação do joelho (articulação tibiofemoral), a
a sua posição original quando o peso é removido (MARIEB, 7ª
maior e mais complexa articulação do corpo, atua
ed.).
principalmente como uma diartrose cilíndrica. No entanto,
Se você examinar suas pegadas em areia molhada, vai ver que também permite alguma rotação medial e lateral, quando
a margem medial do pé, do calcanhar à ponta distal do primeiro em posição de flexão e durante o ato de extensão da
metatarso, não deixa impressão. Isso acontece porque o arco perna (MARIEB, 7ª ed.).
longitudinal medial faz a curva bem acima do chão. O tálus,
perto da articulação talonavicular, é a “pedra-chave” desse arco, ↠ Trata-se de uma articulação do tipo gínglimo
que se origina no calcâneo, sobe até o tálus e depois desce modificada (porque seu movimento principal é um
aos três metatarsais mais mediais (MARIEB, 7ª ed.). movimento de dobradiça uniaxial) que consiste em 3
O arco longitudinal lateral é muito baixo, pois eleva a margem articulações dentro de uma única cavidade articular:
lateral do pé apenas o suficiente para redistribuir parte do peso (TORTORA, 14ª ed.).
do corpo para o calcâneo e parte para a cabeça do quinto
➢ Lateralmente se encontra a articulação
metatarsal (isto é, para as duas extremidades do arco). O osso
tibiofemoral, entre o côndilo lateral do fêmur, o
cuboide é a pedra-chave desse arco lateral (MARIEB, 7ª ed.).
menisco lateral e o côndilo lateral da tíbia, que
Os dois arcos longitudinais servem como pilares para o arco consiste no osso de sustentação de peso da
transverso, que corre obliquamente de um lado ao outro do perna.
pé, seguindo a linha das articulações tarsometatarsais (MARIEB, ➢ Medialmente se encontra a outra articulação
7ª ed.).
tibiofemoral, entre o côndilo medial do fêmur, o
Juntos, os três arcos formam uma meia cúpula, que distribui menisco medial e o côndilo medial da tíbia.
para os ossos do calcanhar aproximadamente metade do peso ➢ A articulação femoropatelar é aquela
de uma pessoa, em pé e caminhando, e a outra metade para intermediária entre a patela e a face patelar do
as cabeças dos metatarsais (MARIEB, 7ª ed.). fêmur - articulação plana que permite que a
Como mencionado anteriormente, vários tendões correm abaixo dos patela deslize pela extremidade distal do fêmur,
ossos do pé e ajudam a apoiar os arcos do pé. Os músculos associados quando o joelho é fletido.
a esses tendões são menos ativos quando a pessoa está em pé do
que caminhando. Portanto, pessoas que ficam o dia todo em pé em Entre os côndilos do fêmur e os meniscos em forma de C, ou
seu trabalho podem desenvolver arcos caídos, ou “pés chatos”. Correr cartilagens semilunares, localizados sobre os côndilos da tíbia. Além de
em superfícies duras também pode causar esse efeito de arcos aprofundar as rasas superfícies articulares da tíbia (os côndilos), os
caídos, a menos que a pessoa use sapatos que deem sustentação meniscos ajudam a prevenir a oscilação do fêmur sobre a tíbia e a
adequada aos arcos (MARIEB, 7ª ed.). absorver os choques transmitidos à articulação do joelho. No entanto,
os meniscos são fixados apenas às margens externas da tíbia e com
frequência são envolvidos em lesões (MARIEB, 3ª ed.).

↠ A articulação do joelho é única, pois sua cavidade


articular é apenas parcialmente recoberta pela cápsula. A

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cápsula articular relativamente fina está presente apenas ↠ Três tipos de ligamentos estabilizam e reforçam a
nas regiões lateral e posterior do joelho, onde ela cobre cápsula da articulação do joelho. Dois tipos de ligamentos,
a maior parte dos côndilos do fêmur e da tíbia. capsulares e extracapsulares, atuam para prevenir a
Anteriormente, onde a cápsula está ausente, três amplos hiperextensão do joelho e são estirados quando o joelho
ligamentos seguem da patela até a tíbia (MARIEB, 3ª ed.). é estendido. Dentre eles estão incluídos os seguintes:
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Eles são o ligamento patelar, que é flanqueado pelos
retináculos ("retentores") lateral e medial da patela, que se ➢ Os ligamentos extracapsulares colaterais fibular
fundem imperceptivelmente com a cápsula articular de e tibial também são críticos na prevenção da
cada lado. O ligamento patelar e os retináculos são rotação lateral ou medial quando o joelho é
realmente continuações do tendão da volumosa estendido. O ligamento colateral tibial é largo e
musculatura do quadríceps da região anterior da coxa. Os plano, situa-se entre o epicôndilo medial do
médicos percutem o ligamento patelar para testar o fêmur e a diáfise da boia, abaixo de seu côndilo
reflexo de estiramento do joelho (MARIEB, 3ª ed.). medial, e se funde ao menisco medial.
➢ O ligamento poplíteo oblíquo é realmente parte
do tendão do músculo semimembranáceo que
se funde com a cápsula e estabiliza a região
posterior da articulação do joelho.
➢ O ligamento poplíteo arqueado forma um arco
superiormente à cabeça da fíbula, por cima do
músculo poplíteo, e reforça a cápsula articular
posteriormente.

↠ Os ligamentos intracapsulares do joelho são chamados


de ligamentos cruzados, pois se cruzam, formando um X
no espaço entre os côndilos do fêmur. Eles ajudam a
prevenir deslocamentos ântero-posteriores das
superfícies articulares e estabilizam os ossos da
articulação do joelho quando estamos em pé. Embora
esses ligamentos encontrem-se dentro da cápsula
articular, estão fora da cavidade sinovial, e a membrana
sinovial quase cobre suas superfícies (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A cavidade sinovial da articulação do joelho tem uma
forma complicada, com várias extensões que formam
internamente pregas sinoviais, levando a um "beco sem
saída". Pelo menos uma dúzia de bolsas sinoviais está
associada a esta articulação (MARIEB, 3ª ed.).

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↠ Observe que os dois ligamentos cruzados projetam- trava a articulação tomando-a uma estrutura rígida que não pode ser
se até o fêmur, sendo denominados de acordo com o flexionada novamente até que seja destravada. Esse destravamento é
realizado pelo músculo poplíteo, que gira o fêmur lateralmente sobre
seu local de fixação na tíbia. O ligamento cruzado anterior a tíbia, relaxando e distorcendo os ligamentos (MARIEB, 3ª ed.).
liga-se à área intercondilar anterior da tíbia. A partir daí,
se dirige posteriormente, lateralmente e para cima para
fixar-se ao fêmur no lado medial do côndilo lateral. Esse
ligamento previne o deslizamento para a frente da tíbia
em relação ao fêmur e impede a hiperextensão do joelho.
Encontra-se um pouco relaxado quando o joelho está
flexionado, e estirado quando o joelho é estendido
(MARIEB, 3ª ed.).

↠ O ligamento cruzado posterior é mais forte e está


ligado à área intercondilar posterior da tíbia, passando
anteriormente, medialmente e para cima para ligar-se no
lado lateral do côndilo medial do fêmur. Esse ligamento
impede o deslocamento posterior da tíbia sob o fêmur
ou o deslizamento anterior do fêmur (MARIEB, 3ª ed.).

↠ A cápsula do joelho é fortemente reforçada por


tendões musculares. Os mais importantes são os fortes
tendões do quadríceps, na região anterior da coxa, e o
tendão do músculo semimembranáceo, posteriormente.
Quanto maior a força e o tônus desses músculos, menor
a chance de lesões no joelho (MARIEB, 3ª ed.).

ARTIGO: DIFERENÇA NA DEGENERAÇÃO ARTICULAR DE ACORDO COM O TIPO


DE ESPORTE (JORGE ET. AL., 2018).

Frequência de trabalho e sobrecarga articular são fatores importantes


na destruição articular, que é caracterizada por danos ao tecido
cartilaginoso. De fato, a exposição excessiva à sobrecarga leva ao
desgaste articular precoce que é então perpetuado por uma cascata
inflamatória que afeta todo o tecido articular.

Portanto, atletas de alto desempenho submetidos a cargas de


treinamento excessivas durante um curto período de tempo correm
maior risco de desenvolver dano articular; os joelhos, em particular,
tendem a ser superexpostos na maioria dos esportes.

População do estudo consistia apenas de mulheres entre 18 e 25 anos,


integrantes de equipes esportivas competitivas, incluindo futebol,
voleibol, natação. Todas as participantes tinham que ter de 5 a 8 anos
de treinamento no esporte.

Quando os componentes articulares se degradam, são expelidos do


tecido de origem e medidos com maior precisão no fluido articular. No
entanto, ao estudar a osteoartrite, a medição de biomarcadores no
sangue e na urina é feita por métodos menos agressivos e que ainda
são eficazes e precisos. O telopeptídeo carboxiterminal de colágeno
O joelho é formado por uma estrutura que fornece um suporte
do tipo II (CTX-II) é um biomarcador de degradação articular.
estável para o corpo na posição ereta. Quando começamos a levantar,
os côndilos do fêmur se deslocam como rolamentos sobre os rasos Como a primeira clivagem do colágeno tipo II articular catalisada pelas
côndilos da tíbia e a perna flexionada começa a estender-se no joelho. colagenases libera o epítopo CTX-II e este pode ser medido no
Devido ao côndilo lateral do fêmur parar de rolar antes do côndilo sangue, na urina e no líquido sinovial, temos uma ferramenta poderosa
medial, o fêmur gira (roda) medialmente sobre a tíbia, até que todos para o diagnóstico precoce do desgaste articular.
os principais ligamentos do joelho sejam torcidos e estirados e os
meniscos sejam comprimidos. A tensão nos ligamentos efetivamente

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O colágeno tipo I está presente em todas as articulações sinoviais; no ARTICULAÇÕES TIBIOFIBULARES


entanto, a concentração de CTX-II é maior em pacientes com artrose
do joelho e do quadril em comparação com a população geral ↠ A tíbia e a fíbula estão unidas por duas articulações: a
O CTX-II é um biomarcador para a destruição da cartilagem, e um articulação tibiofibular superior e a sindesmose tibiofibular
nível aumentado é um preditivo positivo para a redução do espaço (tibiofibular inferior). Além disso, uma membrana
articular. interóssea une os corpos dos dois ossos. As fibras da
A degradação do colágeno tipo II foi maior entre as jogadoras de futsal, membrana interóssea e todos os ligamentos das duas
e foi significativamente diferente do grupo de controle. Essa articulações tibiofibulares seguem em sentido inferior da
discrepância era provável porque esse esporte é praticado em um tíbia até a fíbula. Assim, a membrana e os ligamentos
piso rígido, usa sapatos que não absorvem o choque, e tem resistem fortemente à tração inferior da fíbula por oito
frequentes mudanças na sobrecarga de direção nas articulações,
especialmente nos joelhos (movimentos de pivô repetidos).
dos nove músculos fixados a ela (MOORE, 8ª ed.).

Outro resultado notável é que a equipe de natação apresentou valores ARTICULAÇÃO TIBIOFIBULAR
de CTX-II significativamente menores em comparação ao grupo de
controle. Em outras palavras, a natação foi um fator de proteção para ↠ A articulação tibiofibular é uma articulação sinovial plana
o colágeno articular na população investigada. Este resultado é entre a face articular plana na cabeça da fíbula e uma
provavelmente devido a uma combinação de fatores conhecidos por face articular semelhante em posição posterolateral no
proteger as articulações, incluindo exercícios aeróbicos, atividade
debaixo impacto e fortalecimento dos músculos periarticulares.
côndilo lateral da tíbia (MOORE, 8ª ed.).

MOVIMENTOS
↠ Na articulação do joelho ocorrem flexão, extensão,
ligeira rotação medial e lateral da perna na posição
flexionada (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Uma cápsula articular tensa circunda a articulação e


fixa-se nas margens das faces articulares da fíbula e tíbia
(MOORE, 8ª ed.).

MOVIMENTO
↠ Há pequeno movimento da articulação durante a
dorsiflexão do pé em virtude do encunhamento da tróclea
do tálus entre os maléolos (MOORE, 8ª ed.).

SINDESMOSE TIBIOFIBULAR
↠ A sindesmose tibiofibular é uma articulação fibrosa
composta. É a união fibrosa da tíbia e fíbula por meio da

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membrana interóssea (que une os corpos) e os


ligamentos tibiofibulares anterior, interósseo e posterior
(estes últimos formam a parte inferior da articulação, que
une as extremidades distais dos ossos). A integridade da
sindesmose tibiofibular é essencial para a estabilidade da
articulação talocrural porque mantém o maléolo lateral
firmemente contra a face lateral do tálus (MOORE, 8ª ed.).

MOVIMENTO
↠ Há pequeno movimento da articulação para acomodar
o encunhamento da porção larga da tróclea do tálus entre
os maléolos durante a dorsiflexão do pé (MOORE, 8ª ed.).

ARTICULAÇÃO TALOCRURAL (TORNOZELO)


↠ A articulação do tornozelo é uma diartrose cilíndrica,
entre (1) as extremidades inferiores da tíbia e fíbula unidas
e (2) o tálus do pé (MARIEB, 7ª ed.). ↠ Formando a profunda articulação do tornozelo com
encaixe em forma de U, as extremidades inferiores da
↠ A articulação do tornozelo tem uma cápsula que é
tíbia e da fíbula são unidas por ligamentos próprios: os
fina anterior e posteriormente, mas espessada com
ligamentos tibiofibulares anterior e posterior e a parte
ligamentos, medial e lateralmente (MARIEB, 7ª ed.).
inferior da membrana interóssea. Esses ligamentos,
↠ O robusto ligamento colateral medial (deltóideo) constituintes sindesmose tibiofibular, estabilizam o encaixe
estende-se do maléolo medial da tíbia para uma longa de forma que forças provenientes do pé possam ser
linha de inserção nos ossos navicular e tálus e no transmitidas até ele (MARIEB, 7ª ed.).
sustentáculo do tálus do calcâneo. No outro lado do
tornozelo, o ligamento colateral lateral consiste de três MOVIMENTOS
faixas que vão desde o maléolo lateral da fíbula aos ossos ↠ Essa articulação permite apenas a dorsiflexão e a
do pé: os ligamentos talofibulares anterior e posterior e o flexão plantar (MARIEB, 7ª ed.).
ligamento calcaneofibular, que se estende
inferoposteriormente para atingir o calcâneo.
Funcionalmente, os ligamentos colateral evitam o
deslizamento anterior e posterior do tálus e do pé
(MARIEB, 7ª ed.).

ARTICULAÇÃO INTERTARSAL
↠ As articulações intertarsais importantes são a
articulação talocalcânea e a articulação transversa do
tarso (articulações calcaneocubóidea e
talocalcaneonavicular) (MOORE, 8ª ed.).

↠ A articulação talocalcânea entre o tálus e o calcâneo


do tarso; a articulação talocalcaneonavicular entre o tálus,

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o calcâneo e o navicular do tarso; articulação


calcaneocubóidea entre o calcâneo e o cuboide do tarso
(TORTORA, 14ª ed.).

MOVIMENTOS
↠ A inversão e eversão ocorrem nas articulações
intertarsais (MARIEB, 7ª ed.).

ARTICULAÇÃO TARSOMETATARSAL Músculos

↠ Entre os três cuneiformes do tarso e a base dos 5 MÚSCULOS DA REGIÃO GLÚTEA QUE MOVIMENTAM O FÊMUR
ossos metatarsais (TORTORA, 14ª ed.).
Os músculos do membro inferior são maiores e mais potentes que os
do membro superior devido às diferenças de funções. Enquanto os
↠Estrutura: sinovial (plana); Funcional: diartrose
músculos do membro superior são caracterizados pela versatilidade
(TORTORA, 14ª ed.). dos movimentos, os músculos dos membros inferiores atuam na
estabilidade, na locomoção e na manutenção da postura (TORTORA,
MOVIMENTO 14ª ed.).
↠ Ligeiro deslizamento (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A maioria dos músculos que movimenta o fêmur se
origina no cíngulo do membro inferior e se insere no
ARTICULAÇÃO METATARSOFALÂNGICA
fêmur (TORTORA, 14ª ed.).
↠ No pé, a flexão e a extensão ocorrem no antepé, nas
↠ Os músculos psoas maior e ilíaco compartilham uma
articulações metatarsofalângica e interfalângica (MOORE,
inserção comum (trocanter menor do fêmur) e são
8ª ed.).
coletivamente conhecidos como músculo iliopsoas
↠ A inversão é potencializada por flexão dos dedos (TORTORA, 14ª ed.).
(sobretudo o hálux e o 2º dedo), e a eversão por sua
↠ Há três músculos glúteos: glúteo máximo, glúteo
extensão (sobretudo dos dedos laterais) (MOORE, 8ª ed.).
médio e glúteo mínimo. O músculo glúteo máximo é o
↠ Todos os ossos do pé proximais às articulações maior e mais pesado dos três, além de ser um dos
metatarsofalângicas são unidos pelos ligamentos dorsais e maiores do corpo e o principal extensor do fêmur. Na sua
plantares. Os ossos das articulações metatarsofalângicas e ação muscular reversa (AMR), é um potente extensor do
interfalângicas são unidos pelos ligamentos colaterais tronco na articulação do quadril (TORTORA, 14ª ed.).
lateral e medial (MOORE, 8ª ed.).

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↠ Em geral, o músculo glúteo médio é mais profundo ao


M. glúteo máximo e um poderoso abdutor do fêmur na
articulação do quadril; é um local comum de injeção
intramuscular (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo glúteo mínimo é o menor dos glúteos,


localizado profundamente ao músculo glúteo médio
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo tensor da fáscia lata está localizado na face


lateral da coxa. A fáscia lata é uma camada de fáscia
profunda, composta de tecido conjuntivo denso que
envolve toda a coxa. É bem desenvolvida lateralmente
onde, junto com os tendões dos músculos tensor da
fáscia lata e glúteo máximo, forma uma estrutura
chamada de trato iliotibial. O trato iliotibial se insere no
côndilo lateral da tíbia (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os músculos piriforme, obturador interno, obturador


externo, gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado
femoral são profundos ao músculo glúteo máximo e
funcionam como rotadores laterais na articulação do ↠ Na junção entre o tronco e o membro inferior há um
quadril (TORTORA, 14ª ed.). espaço chamado trígono femoral, cuja base é formada
superiormente pelo ligamento inguinal, medialmente pela
↠ Os músculos adutor longo, adutor curto e adutor margem lateral do músculo adutor longo e lateralmente
magno são encontrados na face medial da coxa; originam- pela margem medial do músculo sartório. O ápice é
se no púbis e se inserem no fêmur. Esses três músculos formado pelo cruzamento do adutor longo e músculo
aduzem a coxa e são únicos na capacidade de rotação sartório. O conteúdo do trígono femoral, de lateral para
tanto medial quanto lateral da coxa. Quando o pé está no medial, consiste no nervo femoral e seus ramos, na artéria
chão, esses músculos realizam a rotação medial da coxa, femoral e vários de seus ramos, na veia femoral e suas
mas quando o pé está fora do chão, atuam como tributárias proximais e nos linfonodos profundos
rotadores laterais da coxa. Essa ação é resultante da sua (TORTORA, 14ª ed.).
orientação oblíqua, de uma origem anterior até uma
inserção posterior. Além disso, o adutor longo flexiona a A artéria femoral é acessível com facilidade no trígono, sendo o local
de inserção de cateteres que podem ser introduzidos até a aorta e,
coxa e o adutor magno estende a coxa (TORTORA, 14ª
por fim, até as artérias coronárias no coração. Tais cateteres são
ed.). utilizados durante o cateterismo cardíaco, a angiocoronariografia e
outros procedimentos que envolvem o coração. Não raro, hérnias
↠ O músculo pectíneo também aduz e flexiona o fêmur inguinais aparecem nessa área (TORTORA, 14ª ed.).
na articulação do quadril (TORTORA, 14ª ed.).
Tecnicamente, os músculos adutores e pectíneo são componentes
do compartimento medial da coxa. No entanto, foram incluídos aqui
porque atuam no fêmur (TORTORA, 14ª ed.).

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e (4) vasto intermédio, localizado profundamente ao


músculo reto femoral entre o músculo vasto lateral e o
músculo vasto medial. O tendão comum para os 4
músculos, conhecido como tendão do músculo
quadríceps, se insere na patela. O tendão continua abaixo
da patela como ligamento da patela, o qual se prende à
tuberosidade tibial. O músculo quadríceps femoral é o
grande extensor da perna (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo sartório é longo e estreito, formando uma


faixa que cruza a coxa desde o ílio do osso do quadril até
o lado medial da tíbia. Os vários movimentos que ele
produz (flexão da perna na articulação do joelho e flexão,
abdução e rotação lateral na articulação do quadril)
ajudam a realizar a posição sentada de pernas cruzadas
na qual o calcanhar de um membro é colocado sobre o
joelho do membro oposto. Seu nome quer dizer músculo do
alfaiate, porque os alfaiates muitas vezes adotam essa posição sentada
de pernas cruzadas (TORTORA, 14ª ed.).

MÚSCULOS DA COXA QUE MOVIMENTAM O FÊMUR, A TÍBIA ↠ Os músculos do compartimento posterior (flexor) da
E A FÍBULA coxa flexionam a perna (e estendem a coxa). Esse
compartimento é composto por 3 músculos: bíceps
↠ Uma fáscia profunda (septo intermuscular) separa os femoral, semitendíneo e semimembranáceo. Visto que os
músculos da coxa que atuam no fêmur, na tíbia e na fíbula músculos do compartimento posterior da coxa passam
em compartimentos medial, anterior e posterior por duas articulações (quadril e joelho), são tanto
(TORTORA, 14ª ed.). extensores da coxa quanto flexores da perna (TORTORA,
14ª ed.).
↠ A maioria dos músculos do compartimento medial
(adutor) da coxa apresenta orientação similar e aduz o A fossa poplítea é um espaço em forma de diamante na face posterior
fêmur na articulação do quadril. (Ver músculos adutor do joelho, margeado lateralmente pelos tendões do músculo bíceps
magno, adutor longo, adutor curto e pectíneo, os quais femoral e medialmente pelos tendões dos músculos
semimembranáceo e semitendíneo (TORTORA, 14ª ed.).
são componentes do compartimento medial) (TORTORA,
14ª ed.).

↠ O músculo grácil, que também faz parte do


compartimento medial, é longo e se estende pela face
medial da coxa e do joelho. Esse músculo não apenas
aduz a coxa como também faz rotação medial da coxa e
flexão das pernas na articulação do joelho (TORTORA,
14ª ed.).

↠ Os músculos do compartimento anterior (extensor) da


coxa estendem a perna (e flexionam a coxa). Esse
compartimento contém os músculos quadríceps femoral
e sartório (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo quadríceps femoral é o maior do corpo,


cobrindo a maior parte das faces anterior e laterais da
coxa. O músculo é, na verdade, um músculo composto,
em geral descrito como 4 músculos separados: (1) reto
femoral, na face anterior da coxa; (2) vasto lateral, na face
lateral da coxa; (3) vasto medial, na face medial da coxa;

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MÚSCULOS DA PERNA QUE MOVIMENTAM O PÉ E OS DEDOS por outro lado, há dois deles em cada perna. Esse músculo
percorre um trajeto oblíquo entre os músculos
↠ Os músculos que movimentam o pé e os dedos estão gastrocnêmio e sóleo (TORTORA, 14ª ed.).
localizados na perna. Os músculos da perna, assim como
aqueles da coxa, são divididos pela fáscia profunda em 3
compartimentos: anterior, lateral e posterior (TORTORA,
14ª ed.).

↠ O compartimento anterior da perna consiste em


músculos que fazem dorsiflexão do pé. Em situação
análoga ao punho, os tendões dos músculos do
compartimento anterior são fixados firmemente ao
tornozelo por espessamentos da fáscia profunda
chamados de retináculos dos músculos extensores
superior inferior (TORTORA, 14ª ed.).

↠ No compartimento anterior, o músculo tibial anterior é


longo e espesso, sendo encontrado na face lateral da tíbia,
onde é facilmente palpável (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo extensor longo do hálux é delgado e se


encontra entre e parcialmente profundo aos músculos
tibial anterior e extensor longo dos dedos. Esse músculo
penado é lateral ao músculo tibial anterior, onde também
pode ser palpado com facilidade (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo fibular terceiro faz parte do músculo


extensor longo dos dedos com o qual divide uma origem
↠ Os músculos profundos do compartimento posterior
comum (TORTORA, 14ª ed.).
são o poplíteo, o tibial posterior, o flexor longo dos dedos
↠ O compartimento lateral (fibular) da perna contém dois e o flexor longo do hálux (TORTORA, 14ª ed.).
músculos que fazem flexão plantar e eversão do pé: o
↠ O músculo poplíteo é um músculo triangular e forma
fibular longo e o fibular curto (TORTORA, 14ª ed.).
o assoalho da fossa poplítea. O músculo tibial posterior é
↠ O compartimento posterior da perna compreende o mais profundo do compartimento posterior, localizado
músculos separados em grupos superficial e profundo. Os entre os músculos flexor longo dos dedos e flexor longo
músculos superficiais dividem um tendão comum de do hálux. O músculo flexor longo dos dedos é menor que
inserção, o tendão do calcâneo (Aquiles), o mais forte do o músculo flexor longo do hálux, mesmo flexionando 4
corpo. Ele se insere no calcâneo do tornozelo dedos enquanto o outro flexiona apenas 1 na articulação
(TORTORA, 14ª ed.). interfalângica (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Os superficiais e a maioria dos músculos profundos MÚSCULOS INTRÍNSECOS DO PÉ QUE MOVIMENTAM OS DEDOS
plantares flexionam o pé na articulação do tornozelo. Os
Músculos intrínsecos porque se originam e inserem no pé (TORTORA,
músculos superficiais do compartimento posterior são o 14ª ed.).
gastrocnêmio, o sóleo e o plantar – os chamados
Os músculos do pé são limitados à sustentação e à locomoção
músculos surais. O tamanho grande desses músculos tem
(TORTORA, 14ª ed.).
relação direta com a marcha ereta característica dos
homens (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A fáscia profunda do pé forma a aponeurose (fáscia)
plantar que se estende do calcâneo às falanges dos dedos.
↠ O músculo gastrocnêmio é o mais superficial e forma A aponeurose sustenta o arco longitudinal do pé e
a proeminência da sura. O músculo sóleo, que se situa encerra os tendões flexores do pé (TORTORA, 14ª ed.).
profundamente ao músculo gastrocnêmio, é largo e plano.
Seu nome deriva da semelhança com o peixe solha. O
músculo plantar é pequeno e pode não existir; às vezes,

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↠ Os músculos intrínsecos do pé são divididos em dois Referências


grupos: músculos dorsais do pé e músculos plantares do
pé (TORTORA, 14ª ed.). MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
↠ Há dois músculos dorsais, o extensor curto do hálux e 2014.
o extensor curto dos dedos (TORTORA, 14ª ed.).
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
↠ Os músculos plantares estão dispostos em quatro Porto Alegra: Artmed, 2008
camadas. A camada mais superficial (primeira camada)
consiste em três músculos. O músculo abdutor do hálux, TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
o músculo flexor curto dos dedos, o músculo abdutor do em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
dedo mínimo (TORTORA, 14ª ed.).
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica,
↠ A 2ª camada consiste no músculo quadrado plantar, 8ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
com duas cabeças e que flexiona os dedos II a V nas
articulações metatarsofalângicas, e nos músculos JORGE et. al. Diferença na degeneração articular de
lumbricais, quatro pequenos músculos semelhantes aos acordo com o tipo de esporte. Revista Brasileira de
músculos lumbricais das mãos. Eles flexionam as falanges Ortopedia, 2018.
proximais e estendem as falanges distais dos segundo a
quinto dedos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Três músculos compõem a 3ª camada. O músculo
flexor curto do hálux, o músculo adutor do hálux, o
músculo flexor curto do dedo mínimo (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A 4ª camada é a mais profunda e consiste em dois


grupos musculares. Os quatro músculos interósseos
dorsais abduzem os dedos II a IV, flexionam as falanges
proximais e estendem as falanges distais. Os três músculos
interósseos plantares abduzem os dedos III a V, flexionam
as falanges proximais e estendem as falanges distais
(TORTORA, 14ª ed.).

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APG 14 – “The Big Ramy” 1

Objetivos individualmente. O endomísio consiste


principalmente de fibras reticulares.
1- Compreender a fisiologia da contração muscular;
2- Estudar os tipos de fibra do músculo estriado
esquelético;

Músculo estriado esquelético

↠ Cada um dos músculos esqueléticos é um órgão


separado, composto de centenas de milhares de células
denominadas de fibras musculares por conta de seus
formatos alongados. Desse modo, célula muscular e fibra
muscular são dois termos que designam a mesma
estrutura (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O músculo esquelético também contém tecidos


conjuntivos que circundam as fibras musculares, além do
O epimísio, o perimísio e o endomísio são contínuos com o tecido
músculo inteiro, dos nervos e dos vasos sanguíneos. Para
conjuntivo que fixa os músculos esqueléticos a outras estruturas como
compreender como a contração do músculo esquelético ossos e outros músculos. Por exemplo, todas as três camadas de
pode gerar tensão, é preciso entender, primeiro, sua tecido conjuntivo podem se estender além das fibras musculares para
anatomia macroscópica e microscópica (TORTORA, 14ª formar um tendão que conecta um músculo ao periósteo de um osso
ed.). (TORTORA, 14ª ed.).

Quando os elementos de tecido conjuntivo se estendem como uma


COMPONENTES DO TECIDO CONJUNTIVO lâmina larga e plana, observamos o que chamamos de aponeurose
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As fibras musculares individuais são envolvidas e
mantidas unidas por várias bainhas de tecido conjuntivo. Obs.: Os músculos esqueléticos são bem supridos por nervos e vasos
Juntas, essas bainhas de tecido conjuntivo sustentam cada sanguíneos. Em geral, uma artéria e uma ou duas veias acompanham
cada nervo que penetra em um músculo esquelético. Os neurônios
célula e reforçam o músculo como um todo, impedindo que estimulam o músculo esquelético a se contrair são os neurônios
que músculos potentes se rompam durante contrações somáticos motores. Cada neurônio somático motor apresenta um
excepcionalmente fortes (MARIEB, 3ª ed.). axônio que se estende do encéfalo ou medula espinal até um grupo
de fibras musculares esqueléticas. Vasos sanguíneos microscópicos
A fáscia é uma lâmina densa ou faixa larga de tecido conjuntivo denso chamados de capilares são abundantes no tecido muscular; cada fibra
não modelado que reveste a parede corporal e os membros, além de muscular está em contato íntimo com um ou mais capilares
sustentar e envolver músculos e outros órgãos do corpo. A fáscia (TORTORA, 14ª ed.).
possibilita o movimento livre dos músculos, aloja nervos, vasos
sanguíneos e vasos linfáticos e preenche os espaços entre os ANATOMIA MICROSCÓPICA DE UMA FIBRA MUSCULAR
músculos (TORTORA, 14ª ed.).
ESQUELÉTICA
↠ Três camadas de tecido conjuntivo se estendem a
↠ Os componentes mais importantes de um músculo
partir da fáscia para proteger e reforçar o músculo
esquelético são as próprias fibras musculares. O diâmetro
esquelético: (TORTORA, 14ª ed.).
de uma fibra muscular esquelética madura varia de 10 a
➢ O epimísio é a camada externa que envolve 100 micrômetro. O comprimento usual de uma fibra
todo o músculo. Consiste em tecido conjuntivo muscular esquelética madura é de cerca de 10 cm,
denso não modelado. embora algumas apresentem até 30 cm (TORTORA, 14ª
➢ O perimísio também é uma camada de tecido ed.).
conjuntivo denso não modelado, porém
↠ Uma vez que cada fibra muscular esquelética se origina
circunda grupos de 10 a 100, ou mais, fibras
durante o desenvolvimento embrionário a partir da fusão
musculares, separando-as em feixes chamados
de uma centena ou mais de pequenas células
de fascículos. Muitos fascículos são grandes o
mesodérmicas chamadas mioblastos, cada fibra muscular
suficiente para serem vistos a olho nu.
esquelética madura apresenta uma centena ou mais de
➢ O endomísio penetra no interior de cada
núcleos (TORTORA, 14ª ed.).
fascículo e separa as fibras musculares

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↠ Ao ocorrer a fusão, a fibra muscular perde sua MIOFIBRILAS E RETÍCULO SARCOPLASMÁTICO


capacidade de sofrer divisão celular. Assim, a quantidade
de fibras musculares esqueléticas é determinada antes do ↠ Em grandes ampliações, o sarcoplasma aparece cheio
nascimento e a maioria dessas células dura a vida toda de pequenos filamentos. Essas pequenas estruturas são
(TORTORA, 14ª ed.). as miofibrilas, as organelas contráteis do músculo
esquelético (TORTORA, 14ª ed.).
SARCOLEMA, TÚBULOS TRANSVERSOS E SARCOPLASMA
↠ As miofibrilas apresentam cerca de 2 µm de diâmetro
↠ Os múltiplos núcleos de uma fibra muscular esquelética e se estendem por toda a extensão da uma fibra
estão localizados logo abaixo do sarcolema, a membrana muscular. Suas estriações proeminentes fazem com que
plasmática da célula muscular. Milhares de minúsculas toda a fibra muscular esquelética pareça estriada
invaginações do sarcolema, chamadas túbulos transversos (TORTORA, 14ª ed.).
(T), formam um túnel da superfície para o centro de cada
Dependendo do tamanho da fibra muscular, centenas a milhares de
fibra muscular (TORTORA, 14ª ed.). miofibrilas podem estar presentes, sendo responsáveis por cerca de
80% do volume celular (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Uma vez que se abrem para o exterior da fibra, os
túbulos T são cheios de líquido intersticial. Os potenciais ↠ Um sistema de sacos membranosos cheios de líquido
de ação muscular percorrem o sarcolema e os túbulos chamados retículo sarcoplasmático (RS) envolve cada
T, espalhando-se rapidamente por toda a fibra muscular. miofibrila. Esse elaborado sistema é similar ao retículo
Essa distribuição garante que um potencial de ação excite endoplasmático liso nas células não musculares. Sacos
todas as partes de uma fibra muscular praticamente no terminais dilatados do retículo sarcoplasmático chamados
mesmo instante (TORTORA, 14ª ed.). cisternas terminais flanqueiam os túbulos T dos dois lados
(TORTORA, 14ª ed.).
Os túbulos T permitem que os potenciais de ação se movam
rapidamente da superfície para o interior da fibra muscular, de forma
a alcançar as cisternas terminais quase simultaneamente. Sem os
túbulos T, os potenciais de ação alcançariam o centro da fibra somente
pela condução do potencial de ação pelo citosol, um processo mais
lento e menos direto, que retardaria o tempo de resposta da fibra
muscular (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ Dentro do sarcolema se encontra o sarcoplasma, que


consiste no citoplasma da fibra muscular. O sarcoplasma
apresenta uma quantidade substancial de glicogênio
(glicossomos - grânulos de glicogênio estocado), que é
uma molécula grande composta de muitas moléculas de
glicose (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O glicogênio pode ser usado na síntese de ATP. Além


↠ Um túbulo transverso e as duas cisternas terminais em
disso, o sarcoplasma contém uma proteína de cor
cada lado formam uma tríade. Na fibra muscular relaxada,
vermelha chamada mioglobina. Essa proteína, encontrada
o retículo sarcoplasmático armazena íons cálcio (Ca2+). A
apenas no músculo, liga moléculas de oxigênio que se
liberação de Ca2+ das cisternas terminais do retículo
difundem nas fibras musculares a partir do líquido
sarcoplasmático desencadeia a contração muscular
intersticial. A mioglobina libera oxigênio necessitado pela
(TORTORA, 14ª ed.).
mitocôndria para a produção de ATP. As mitocôndrias
repousam em fileiras por toda a fibra muscular,
estrategicamente perto das proteínas musculares
contráteis que usam ATP durante a contração, de forma
que o ATP possa ser produzido tão rápido quanto o
necessário (TORTORA, 14ª ed.).

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FILAMENTOS E SARCÔMEROS banda A está uma zona de sobreposição, onde os


filamentos grossos e finos repousam lado a lado
↠ Dentro das miofibrilas existem estruturas proteicas (TORTORA, 14ª ed.).
menores chamadas filamentos ou miofilamentos
(TORTORA, 14ª ed.). ↠ A banda I é uma área mais clara e menos densa que
contém o resto dos filamentos finos e nenhum filamento
↠ Os filamentos finos apresentam 8 nm de diâmetro e 1 grosso, por cujo centro passa uma linha Z (TORTORA,
a 2 µm* de extensão e são compostos principalmente 14ª ed.).
pela proteína actina, enquanto os filamentos grossos
apresentam 16 nm de diâmetro e 1 a 2 µm de extensão ↠ A estreita zona H no centro de cada banda A contém
e são compostos principalmente pela proteína miosina filamentos grossos e não finos
(TORTORA, 14ª ed.). Lembrar que a letra I é fina (contém filamentos finos) e a letra H é
grossa (contém filamentos grossos) é um bom mnemônico para não
↠ Ambos os filamentos finos e grossos estão envolvidos esquecer a composição das bandas I e H (TORTORA, 14ª ed.).
de maneira direta no processo contrátil. De modo geral,
há dois filamentos finos para cada filamento grosso nas ↠ Proteínas de sustentação que mantêm os filamentos
regiões de sobreposição dos filamentos (TORTORA, 14ª grossos juntos no centro da zona H formam a linha M,
ed.). assim chamada porque se encontra no meio do
sarcômero (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os filamentos dentro de uma miofibrila não se
estendem por todo o comprimento da fibra muscular. Em
lugar disso, são arranjados em compartimentos chamados
sarcômeros, os quais constituem as unidades básicas
funcionais de uma miofibrila

↠ Regiões estreitas de material proteico denso chamadas


linhas Z separam um sarcômero do outro. Assim, um
sarcômero se estende de uma linha Z até o outra linha
Z. (TORTORA, 14ª ed.).

PROTEÍNAS MUSCULARES
↠ As miofibrilas são construídas a partir de três tipos de
proteínas: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ as proteínas contráteis, que geram força
↠ A extensão da sobreposição dos filamentos grossos e durante a contração;
finos depende de o músculo estar contraído, relaxado ou ➢ as proteínas reguladoras, que ajudam a ativar e
estirado. O padrão da sobreposição, consistindo em várias desativar o processo de contração;
zonas e bandas, cria as estriações que podem ser vistas ➢ as proteínas estruturais, que mantêm os
nas miofibrilas individuais e em fibras musculares inteiras filamentos grossos e finos no alinhamento
(TORTORA, 14ª ed.). adequado, conferem à miofibrila elasticidade e
↠ A parte do meio, mais escura, do sarcômero é a banda extensibilidade e ligam as miofibrilas ao sarcolema
A, que se estende por todo o comprimento dos e à matriz extracelular.
filamentos grossos. No sentido de cada extremidade da

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PROTEÍNAS CONTRÁTEIS ↠ Os filamentos finos encontram-se ancorados nas linhas


Z. Seu principal componente é a proteína actina.
↠ Miosina e actina são as duas proteínas contráteis no Moléculas individuais de actina se unem para formar um
músculo e componentes dos filamentos grossos e finos, filamento de actina que se enrosca como uma hélice. Em
respectivamente (TORTORA, 14ª ed.). cada molécula de actina há um local de ligação com a
↠ A miosina é o principal componente dos filamentos miosina, onde a cabeça de miosina pode se prender
grossos e atua como proteína motora nos três tipos de (TORTORA, 14ª ed.).
tecido muscular. As proteínas motoras empurram várias
estruturas celulares para conseguir o movimento
convertendo energia química em ATP em energia
mecânica de movimento, isto é, produção de força
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ No músculo esquelético, cerca de 300 moléculas de


miosina formam um único filamento grosso. Cada
molécula de miosina tem a forma de dois tacos de golfe PROTEÍNAS REGULADORAS
enroscados. A cauda de miosina (as hastes dos tacos de ↠ Quantidades menores de duas proteínas reguladoras
golfe enroscados) aponta para a linha M no centro do – tropomiosina e troponina – também fazem parte do
sarcômero (TORTORA, 14ª ed.). filamento fino (TORTORA, 14ª ed.).
Cada molécula de miosina tem uma cauda em forma de bastão que
termina, via dobradiça flexível, em duas cabeças globulares. Suas
↠ No músculo relaxado, a ligação da miosina com a actina
cabeças globulares são as "regiões de trabalho" da miosina; elas é bloqueada porque os filamentos de tropomiosina
mantêm unidos os filamentos fino e grosso (formando pontes cobrem os locais de ligação com a miosina na actina. Os
transversais ou cruzadas) e giram em tomo do seu ponto de ligação filamentos de tropomiosina, por sua vez, são mantidos em
durante a contração (MARIEB, 3ª e.d).
seu lugar por moléculas de troponina (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Caudas de moléculas vizinhas de miosina repousam
↠ Logo aprenderemos que quando os íons cálcio (Ca2+)
paralelamente uma à outra, formando a diáfise do
se ligam à troponina, ela sofre uma mudança de forma
filamento grosso. As duas projeções de cada molécula de
que promove a movimentação da tropomiosina para
miosina (cabeças dos tacos de golfe) são chamadas
longe dos locais de ligação com a miosina na actina,
cabeças de miosina. As cabeças se projetam para fora da
ocorrendo, subsequentemente, a contração muscular
diáfise de maneira espiralada, cada uma se estendendo no
conforme a miosina vai se ligando à actina (TORTORA,
sentido dos 6 filamentos finos que circundam cada
14ª ed.).
filamento grosso (TORTORA, 14ª ed.).
A troponina e a tropomiosina ajudam a controlar as interações actina-
miosina envolvidas na contração (MARIEB, 3ª ed.).

PROTEÍNAS ESTRUTURAIS
↠ O músculo contém cerca de 1 dúzia de proteínas
estruturais, que contribuem para o alinhamento, a
estabilidade, a elasticidade e a extensibilidade das miofibrilas
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ A titina, a alfa-actinina, a miomesina, a nebulina e a


distrofina são algumas dessas proteínas estruturais-chave
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ A titina é a terceira proteína mais abundante no


músculo esquelético (depois da actina e da miosina). O
nome dessa molécula reflete seu enorme tamanho. Com
massa molecular de cerca de 3 milhões de dáltons, a titina

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é 50 vezes maior que uma proteína de tamanho médio ↠ A nebulina é uma proteína longa e não elástica que
(TORTORA, 14ª ed.). acompanha cada filamento fino por toda sua extensão.
Essa proteína ajuda a ancorar os filamentos finos às linhas
↠ Cada molécula de titina ocupa metade de um
Z e regula a extensão dos filamentos finos durante o
sarcômero, indo de uma linha Z a uma linha M, uma
desenvolvimento (TORTORA, 14ª ed.).
distância de 1 a 1,2 µm no músculo relaxado. Cada molécula
de titina conecta uma linha Z à linha M do sarcômero, ↠ A distrofina liga os filamentos finos do sarcômero às
ajudando, dessa maneira, a estabilizar a posição do proteínas integrais de membrana do sarcolema, que por
filamento grosso. A parte da molécula de titina na linha Z sua vez, estão presas às proteínas na matriz extracelular
é bastante elástica. Uma vez que é capaz de se estirar de tecido conjuntivo que circunda as fibras musculares
pelo menos quatro vezes a sua extensão em repouso e (TORTORA, 14ª ed.).
retornar ao tamanho de repouso sem lesão, a titina é
responsável por grande parte da elasticidade e ↠ Acredita-se que a distrofina e suas proteínas
extensibilidade das miofibrilas (TORTORA, 14ª ed.). associadas reforcem o sarcolema e ajudem a transmitir a
tensão gerada pelos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ É bem provável que a titina ajude o sarcômero a
voltar ao seu comprimento de repouso depois da CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO DAS FIBRAS MUSCULARES
contração ou estiramento muscular, que ajude a evitar a ↠ A contração muscular é um processo extraordinário
extensão excessiva dos sarcômeros e que mantenha a que permite a geração de força para mover ou resistir a
localização central das bandas A (TORTORA, 14ª ed.). uma carga. Em fisiologia muscular, a força produzida pela
Agindo como uma espécie de régua molecular, a titina tem duas contração muscular é chamada de tensão muscular. A
funções básicas: (1) manter os filamentos grossos no lugar e, portanto, carga é o peso ou a força que se opõe à contração
a organização da banda A, e (2) ajudar a célula muscular a recuperar (SILVERTHORN, 7ª ed.).
sua forma depois de ser alongada ou encurtada. (A parte da titina que
cruza as bandas 1 é distensível, se expande quando o músculo é ↠ A contração, a geração de tensão pelo músculo, é
alongado e se retrai, como uma mola, quando a tensão é liberada.)
um processo ativo que necessita de energia fornecida
(MARIEB, 3ª ed.).
pelo ATP. O relaxamento é a liberação da tensão que foi
produzida durante a contração (SILVERTHORN, 7ª ed.).

↠ O material denso das linhas Z contém moléculas de


alfa-actinina, que se ligam às moléculas de actina do
filamento fino e à titina (TORTORA, 14ª ed.).

↠ As moléculas da proteína miomesina formam a linha


M. As proteínas da linha M se ligam à titina e conectam
os filamentos grossos adjacentes uns aos outros. A
miosina mantém os filamentos grossos em alinhamento
na linha M (TORTORA, 14ª ed.).

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1- Os eventos que ocorrem na junção depressão do sarcolema que ajuda a formar a junção
neuromuscular convertem um sinal químico (a neuromuscular, é bastante pregueada. Estas dobras
acetilcolina liberada pelo neurônio motor juncionais fornecem uma grande área de superfície para
somático) em um sinal elétrico na fibra muscular; milhões de receptores de ACh que aí se localizam
(SILVERTHORN, 7ª ed.). (MARIEB, 3ª ed.).
2- O acoplamento excitação-contração (E-C) é o
↠ Quando o impulso nervoso alcança o final de um
processo pelo qual os potenciais de ação
axônio, ocorre a abertura de canais de cálcio
musculares produzem um sinal de cálcio, o qual,
dependentes de voltagem, permitindo ao Ca+2
por sua vez, ativa o ciclo de contração-
(impulsionado por seu gradiente eletroquímico) fluir a
relaxamento; (SILVERTHORN, 7ª ed.).
partir do meio extracelular (MARIEB, 3ª ed.).
3- No nível molecular, o ciclo de contração-
relaxamento é explicado pela teoria dos
filamentos deslizantes da contração muscular.
Nos músculos intactos, um único ciclo de
contração-relaxamento é chamado de abalo
muscular. (SILVERTHORN, 7ª ed.).

JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
Para uma fibra muscular esquelética contrair, ela deve ser estimulada
por uma terminação nervosa e propagar uma corrente elétrica, ou
potencial de ação, ao longo do seu sarcolema. Este evento elétrico
causa uma breve elevação nos níveis de cálcio intracelular,
ocasionando o disparo final para a contração. A série de eventos que
ligam o sinal elétrico com a contração é chamada de acoplamento
excitação-contração (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A presença de cálcio no interior do terminal axônico
↠ As células musculares esqueléticas são estimuladas por causa a fusão de algumas vesículas sinápticas com a
neurônios motores do sistema nervoso somático. Embora membrana axônica e a liberação de ACh na fenda
estes neurônios motores "residam" no encéfalo ou na sináptica por exoci tose. A ACh difunde-se através da
medula espinal, suas longas extensões semelhantes a fios fenda e liga-se aos seus receptores no sarcolema
chamadas de axônios trafegam em feixes dentro dos (MARIEB, 3ª ed.).
nervos, em direção às células musculares por eles
inervadas (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Os eventos elétricos desencadeados no sarcolema
após a ligação da ACh são similares àqueles que ocorrem
↠ O axônio de cada neurônio motor divide-se nas membranas das células nervosas excitadas. Depois
profusamente quando entra no músculo, e cada terminal que a ACh se liga aos seus receptores, ela é rapidamente
axônico forma várias ramificações curtas que formam degradada em seus componentes, o ácido acético e a
uma junção neuromuscular elíptica com uma única fibra colina, pela acetilcolinesterase, uma enzima localizada na
muscular. Via de regra, cada fibra muscular tem apenas fenda sináptica (MARIEB, 3ª ed.).
uma junção neuromuscular, localizada mais ou menos na
metade do comprimento da fibra (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Embora o terminal axônico e a fibra muscular estejam


extremamente próximos (1 a 2 nm de distância),
permanecem separados por um espaço, a fenda
sináptica, a qual é preenchida com substâncias
extracelulares semelhantes a um gel rico em
glicoproteínas e fibras colágenas (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Dentro do terminal axônico achatado, semelhante a um


pequeno morro, estão as vesículas sinápticas, pequenos
sacos membranosos que contêm o neurotransmissor
acetilcolina, ou ACh. A placa motora terminal, uma

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IMPORTANTE: A degradação da ACh impede a contração 3. O passo 3 é a repolarização, que restabelece o


continuada da fibra muscular na ausência de estimulação estado polarizado inicial do sarcolema. A onda de
adicional do sistema nervoso (MARIEB, 3ª ed.). repolarização, que ocorre imediatamente após a
onda de despolarização, é uma consequência do
GERAÇÃO DE UM POTENCIAL DE AÇÃO ATRAVÉS DO fechamento dos canais de Na+ e da abertura dos
SARCOLEMA canais de K+ dependentes de voltagem.
↠ Como a membrana plasmática de todas as células, o Já que a concentração do íon potássio é substancialmente maior
sarcolema em repouso é polarizado. Isto é, um voltímetro dentro da célula do que no líquido extracelular, o K+ difunde-se
mostra que existe uma diferença de potencial (voltagem) rapidamente para fora da fibra muscular (MARIEB, 3ª ed.).
através da membrana e o lado de dentro é negativo em Durante a repolarização, considera-se que a fibra muscular esteja em
relação à face externa da membrana (MARIEB, 3ª ed.). seu período refratário, pois a célula não pode responder novamente
a um estímulo até que a repolarização esteja completa. Note que a
↠ A ligação das moléculas de ACh com seus receptores repolarização restabelece apenas as condições elétricas do estado de
na placa motora terminal abre os canais iônicos repouso (polarizado). A bomba de Na+-K+ dependente de ATP
recupera as condições iônicas do estado de repouso, porém centenas
dependentes de ligantes (substâncias químicas) localizados
de contrações podem ocorrer antes que os desequilíbrios iônicos
nos receptores de ACh e permite a passagem de Na+ e interfiram com a atividade contrátil (MARIEB, 3ª ed.).
K+. Devido ao maior influxo de Na+ do que efluxo de K+,
ocorre uma mudança transitória no potencial de ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO
membrana, de forma que o interior do sarcolema se torna
O acoplamento excitação-contração é a sequência de eventos pelos
levemente menos negativo, um evento chamado de quais a transmissão de um potencial de ação ao longo do sarcolema
despolarização (MARIEB, 3ª ed.). causa o deslizamento dos miofilamentos (MARIEB, 3ª ed.).

↠ Inicialmente, a despolarização é um evento elétrico O potencial de ação é breve e termina muito antes de que qualquer
sinal de contração seja evidente. Os eventos do acoplamento
local chamado de potencial da placa terminal, mas ela
excitação-contração ocorrem durante o período de latência (latente
dispara o potencial de ação que se propaga em todas as = oculto), entre o início do potencial de ação e o início da atividade
direções ao longo do sarcolema, a partir da junção mecânica (encurtamento) (MARIEB, 3ª ed.).
neuromuscular (MARIEB, 3ª ed.).
Os sinais elétricos não atuam diretamente sobre os miofilamentos; ao
↠ O potencial de ação (PA) é o resultado de uma invés disso, causam um aumento na concentração intracelular do íon
cálcio, o que permite o deslizamento dos filamentos (MARIEB, 3ª ed.).
sequência previsível de mudanças elétricas que, uma vez
iniciada, ocorre ao longo de toda a extensão do sarcolema. ↠ O acoplamento excitação-contração consiste dos
Essencialmente, três passos estão envolvidos (MARIEB, 3ª seguintes passos: (MARIEB, 3ª ed.).
ed.).
1- O potencial de ação propaga-se ao longo do
1. Primeiro, as áreas da membrana adjacentes à sarcolema e dos túbulos T
placa motora também são despolarizadas por 2- A transmissão do potencial de ação nos túbulos
correntes locais que se espalham a partir da T pelas tríades faz com que as cisternas
junção neuromuscular. Isso abre canais de sódio terminais do RS liberem Ca+2 para o
dependentes de voltagem, e o Na+ entra, sarcoplasma, onde ele se torna disponível para
seguindo seu gradiente eletroquímico, e inicia o os miofilamentos. As proteínas dos túbulos T
potencial de ação (receptores DHP) são sensíveis à voltagem e
2. Durante o passo 2, o potencial de ação é mudam sua conformação em resposta à
propagado (move-se ao longo do sarcolema) chegada do potencial de ação. Essa mudança de
quando as ondas locais de despolarização conformação regulada pela variação de
distribuem-se às áreas adjacentes do sarcolema, voltagem é detectada pelas proteínas do RS
abrindo canais de sódio dependentes de (receptores rianodina), que por sua vez também
voltagem. Novamente, os íons sódio, em geral sofrem mudança conformacional abrindo seus
impedidos de entrar na célula, difundem-se para canais que liberam cálcio (e talvez outros canais
dentro da célula seguindo seu gradiente de Ca+2 próximos acoplados mecanicamente).
eletroquímico.

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Como esses eventos ocorrem em cada tríade da célula, dentro de 1 1- Hidrólise de ATP: A cabeça de miosina engloba
ms grandes quantidades de Ca+2 inundam o sarcoplasma a partir das um local de ligação com o ATP e uma ATPase,
cisternas do RS (MARIEB, 3ª ed.).
enzima que hidrolisa o ATP em ADP (difosfato
3- Parte desse cálcio liga-se à troponina, a qual de adenosina) e um grupo fosfato. Essa reação
muda sua conformação e remove a ação de hidrólise reorienta e energiza a cabeça de
bloqueadora da tropomosina. miosina. Observe que os produtos da hidrólise de
4- Quando o nível de cálcio intracelular é cerca de ATP – ADP e um grupo fosfato – ainda
10-5 M, as cabeças de miosina se ligam e puxam continuam presos à cabeça de miosina.
os filamentos finos em direção ao centro do
A ligação da ATP diminui a afinidade de ligação da miosina pela actina,
sarcômero. Nesse momento, pode-se dizer que e a miosina acaba soltando-se da actina (SILVERTHORN, 7ª ed.).
a célula muscular está em seu estado ativo.
5- O breve sinal do Ca+2 em geral termina dentro
de 30 ms depois do potencial de ação ter
acabado. A queda nos níveis de Ca+2 é causada
pela ação da bomba de cálcio dependente de
ATP, que é continuamente ativa e move o Ca+2
de volta para o RS para ser novamente
armazenado.
6- O estado inativo ocorre quando os níveis
intracelulares de Ca+2 caem muito abaixo da
quantidade necessária para a ligação com a
troponina; assim, o bloqueio da tropomiosina é
restabelecido, e a interação actina-miosina é
inibida. A atividade das pontes transversais
termina, e ocorre o relaxamento.

2- Acoplamento da miosina à actina para formar


pontes transversas: As cabeças de miosina
energizadas se fixam aos locais de ligação com
a miosina na actina e liberam o grupo fosfato
previamente hidrolisado. Quando as cabeças de
miosina se prendem à actina durante a
contração, elas são chamadas pontes
transversas.

MECANISMO DE DESLIZAMENTO DOS FILAMENTOS


No início da contração, o retículo sarcoplasmático libera íons cálcio
(Ca2+) no sarcoplasma, onde se ligam à troponina. A troponina, por
sua vez, faz com que a tropomiosina se movimente para longe dos
locais de ligação com a miosina na actina. Uma vez “liberados” os locais
de ligação, o ciclo da contração – a sequência repetida de eventos
que faz com que os filamentos deslizem – começa (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ O ciclo da contração consiste em quatro etapas:


(TORTORA, 14ª ed.).

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3- Movimento de força: Depois da formação das cabeças de miosina estão desacopladas da actina, aprontando-se para
pontes transversas, ocorre o movimento de se ligar de novo (TORTORA, 14ª ed.).
força. Durante o movimento de força, o local na EXTRA: A CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO REQUER UM
ponte transversa onde o ADP ainda está ligado SUPRIMENTO CONTÍNUO DE ATP
se abre. Em consequência disso, a ponte
O uso do ATP pela fibra muscular é uma característica essencial da
transversa roda e libera o ADP. A ponte fisiologia muscular. Os músculos necessitam de energia
transversa gera força ao rodar em direção ao constantemente: durante a contração, para o movimento e a liberação
centro do sarcômero, deslizando o filamento fino das ligações cruzadas; durante o relaxamento, para bombear o Ca+2
pelo filamento grosso na direção da linha M. de volta para o retículo sarcoplasmático; e após o acoplamento E-C,
para reconduzir o Na+2 e o K+ para os compartimentos extracelular e
intracelular, respectivamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).

A quantidade, ou “pool ”, de ATP estocado em uma fibra muscular a


qualquer tempo é suficiente para apenas cerca de oito contrações. À
medida que o ATP é convertido em ADP e Pi durante a contração, o
estoque de ATP precisa ser restabelecido pela transferência de
energia a partir de outras ligações fosfato de alta energia ou pela
síntese de ATP utilizando processos mais lentos, como as vias
metabólicas da glicólise e da fosforilação oxidativa (SILVERTHORN, 7ª
ed.).

A reserva energética de segurança dos músculos é a fosfocreatina


(ou creatina-fosfato, ou ainda, fosfato de creatina). A fosfocreatina é
uma molécula cujas ligações fosfato de alta energia são geradas entre
a creatina e o ATP quando os músculos estão em repouso
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
4- Desacoplamento da miosina da actina: Ao final do
Quando os músculos entram em atividade, como durante o exercício,
movimento de força, a ponte transversa
os grupamentos fosfato de alta energia da fosfocreatina são
permanece firmemente presa à actina até se transferidos para o ADP, gerando mais ATP para abastecer os
ligar a outra molécula de ATP. Quando o ATP músculos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
se liga ao local de ligação com o ATP na cabeça
de miosina, a cabeça de miosina se solta da
actina.

O ciclo da contração se repete conforme a ATPase da miosina vai


hidrolisando as moléculas recentemente ligadas de ATP e continua A enzima que transfere o grupamento fosfato da fosfocreatina para
enquanto houver ATP disponível e o nível de Ca2+ perto do filamento o ADP é a creatina-cinase (CK, do inglês, creatinekinase), também
fino estiver suficientemente alto. As pontes transversas se mantêm conhecida como creatina-fosfocinase (CPK, do inglês, creatine
rodando a cada movimento de força, puxando os filamentos finos na phosphokinase). As células musculares contêm grandes quantidades
direção da linha M. Cada uma das 600 pontes transversas em um dessa enzima. Como consequência, níveis elevados de creatina-cinase
filamento grosso acopla e desacopla cerca de 5 vezes por segundo. no sangue normalmente são um indicador de dano muscular
A todo instante, algumas das cabeças de miosina estão acopladas à esquelético ou cardíaco. Como os dois tipos de músculos contêm
actina, formando pontes transversas e gerando força, e outras isoenzimas diferentes, os médicos conseguem distinguir entre os

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danos ao tecido cardíaco produzidos durante um infarto do miocárdio muscular esquelética é estirada a 170% do seu comprimento ideal, não
e os danos da musculatura esquelética (SILVERTHORN, 7ª ed.). há sobreposição entre os filamentos grossos e finos. Uma vez que
nenhuma das cabeças de miosina consegue se ligar aos filamentos
A energia armazenada nas ligações fosfato de alta energia é muito finos, a fibra muscular não consegue contrair e a tensão é zero
limitada. Assim, as fibras musculares precisam utilizar o metabolismo de (TORTORA, 14ª ed.).
biomoléculas para transferir energia das ligações covalentes para o
ATP. Os carboidratos, particularmente a glicose, são a fonte de energia Quando os sarcômeros se tornam mais curtos que o ideal, a tensão
mais rápida e eficiente para a produção de ATP. A glicose é possível de ser desenvolvida diminui. Isso acontece porque os
metabolizada pela glicólise a piruvato.. Quando as concentrações de filamentos grossos encolhem conforme são comprimidos pelos linhas
oxigênio caem durante um exercício intenso, o metabolismo da fibra Z, resultando em menos cabeças de miosina fazendo contato com
muscular depende preferencialmente da glicólise anaeróbia. Nessa via filamentos finos. Normalmente, o comprimento da fibra muscular em
metabólica, a glicose é metabolizada a lactato, com a produção efetiva repouso é mantido muito próximo do ideal pelas fortes fixações do
de apenas 2 ATP por molécula de glicose; O metabolismo anaeróbio músculo esquelético aos ossos (via tendões) e outros tecidos
da glicose é uma fonte mais rápida de geração de ATP, porém produz inelásticos (TORTORA, 14ª ed.).
quantidades muito menores de ATP para cada molécula de glicose
(SILVERTHORN, 7ª ed.). UNIDADE MOTORA

FADIGA MUSCULAR Cada músculo é inervado por pelo menos um nervo motor, que
contém axônios (prolongamentos) de centenas de neurônios motores.
O termo fisiológico fadiga descreve uma condição reversível na qual Quando um axônio entra em um músculo, ele se ramifica em vários
um músculo é incapaz de produzir ou sustentar a potência esperada. terminais, cada um formando uma junção neuromuscular com uma
A fadiga é muito variável. Ela é influenciada pela intensidade e pela única fibra muscular. O conjunto de um neurônio motor e todas as
duração da atividade contrátil, pelo fato de a fibra muscular estar fibras musculares inervadas por ele é chamado de unidade motora
usando o metabolismo aeróbio ou anaeróbio, pela composição do (MARIEB, 3ª ed.).
músculo e pelo nível de condicionamento do indivíduo (SILVERTHORN,
7ª ed.).

RELAÇÃO COMPRIMENTO-TENSÃO

A figura mostra a relação comprimento–tensão do músculo


esquelético, indicando como a força da contração muscular depende
do comprimento dos sarcômeros no interior do músculo antes do
começo da contração (TORTORA, 14ª ed.).

Em um sarcômero com comprimento de cerca de 2 a 2,4 µm (o que


é muito próximo da extensão de repouso da maioria dos músculos), a
zona de sobreposição em cada sarcômero é ideal e a fibra muscular
pode desenvolver tensão máxima. Observe na figura que a tensão
máxima (100%) ocorre quando a zona de sobreposição entre um
filamento grosso e um fino se estende da margem da zona H até uma
extremidade de um filamento grosso (TORTORA, 14ª ed.).

ABALO MUSCULAR

A resposta de uma unidade motora a um único potencial de ação do


seu neurônio motor é chamada de abalo muscular. As fibras
musculares contraem rapidamente e então relaxam (MARIEB, 3ª ed.).

Quando os sarcômeros de uma fibra muscular são estirados a um


comprimento mais longo, a zona da sobreposição encurta e menos
cabeças de miosina podem fazer contato com os filamentos finos.
Portanto, a tensão que a fibra pode produzir diminui. Quando uma fibra

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Cada miograma do abalo tem três fases distintas: (MARIEB, 3ª ed.). muda seu comprimento. Um exemplo disso é o ato de segurar um
livro parado, com o braço estendido (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Período de latência: O período de latência corresponde aos
primeiros poucos milissegundos após a estimulação, quando
está ocorrendo o acoplamento excitação-contração.
Durante este período, a tensão muscular começa a
aumentar, mas nenhuma resposta é vista no miograma.
➢ Período de contração: O período de contração ocorre
quando as pontes transversais são ativadas. Vai desde o
início até o desenvolvimento de um pico de tensão; neste
período, o traçado do miograma atinge um pico. O período
de contração dura 10 a 100 ms. Se a tensão (tração) torna-
se grande o suficiente para superar a resistência de uma
carga, o músculo encurta.
➢ Período de relaxamento: O período de contração é
seguido pelo período de relaxamento. Esta fase final, que
dura de 10 a 100 ms, é iniciada pelo retorno do Ca+2 para o
RS. Devido à força contrátil já não estar mais sendo gerada,
a tensão muscular cai a zero e o traçado retorna à linha
de base. Se o músculo for encurtado durante a contração,
neste período ele retorna ao seu comprimento inicial.
Tipos de fibra muscular esquelética
CONTRAÇÕES ISOTÔNICAS E ISOMÉTRICAS
As fibras musculares esqueléticas não são todas iguais em composição
As contrações musculares podem ser isotônicas ou isométricas. Na
e função. Por exemplo, o conteúdo de mioglobina, proteína de cor
contração isotônica, a tensão (força de contração) desenvolvida no
vermelha que se liga ao oxigênio nas fibras musculares, varia entre as
músculo permanece quase constante enquanto seu comprimento se
fibras musculares. As fibras musculares esqueléticas que apresentam
modifica. As contrações isotônicas são usadas para realizar movimentos
alto conteúdo de mioglobina são chamadas fibras musculares
corporais e mover objetos (TORTORA, 14ª ed.).
vermelhas; aquelas que apresentam baixo conteúdo de mioglobina são
Os dois tipos de contrações isotônicas são a concêntrica e a excêntrica. chamadas fibras musculares brancas e são mais claras. As fibras
Se a tensão gerada na contração isotônica concêntrica é grande o musculares vermelhas também contêm mais mitocôndrias e são
suficiente para transpor a resistência do objeto a ser movido, o servidas por mais capilares sanguíneos (TORTORA, 14ª ed.).
músculo encurta e puxa outra estrutura, como um tendão, para
A classificação atual dos tipos de fibras musculares depende da
produzir o movimento e reduzir o ângulo na articulação. O ato de
isoforma da miosina expressa na fibra (tipo 1 ou tipo 2). Os tipos das
pegar um livro de uma mesa envolve contrações isotônicas
fibras musculares não são fixos por toda a vida. Os músculos têm
concêntricas do músculo bíceps braquial no braço (TORTORA, 14ª ed.).
plasticidade e podem mudar seu tipo dependendo da atividade
Em contrapartida, ao abaixar o livro para colocá-lo de volta à mesa, o (SILVERTHORN, 7ª ed.).
músculo bíceps braquial (previamente encurtado) se alonga de maneira
controlada ao mesmo tempo que continua contraindo. Quando o ↠ Existem várias formas de classificar as fibras
comprimento do músculo aumenta durante uma contração, a musculares, mas aprendê-las será mais fácil se você
contração é chamada de contração isotônica excêntrica. Durante uma inicialmente prestar atenção às duas principais
contração excêntrica, a tensão exercida pelas pontes transversas de características funcionais: (MARIEB, 3ª ed.).
miosina se opõe movimento de uma carga (o livro, nesse caso) e
retarda o processo de alongamento (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Velocidade de contração: Baseando-se na
velocidade de encurtamento, ou contração,
existem as fibras lentas e as fibras rápidas. A
diferença na velocidade reflete a rapidez com
que a ATPase da cabeça de miosina hidrolisa o
ATP e o padrão de atividade elétrica dos seus
neurônios motores.
➢ Principais vias para a produção de ATP: As
células que utilizam principalmente as vias
aeróbias (que empregam oxigênio) para a
geração de ATP são as fibras oxidativas; aquelas
que utilizam principalmente a glicólise anaeróbia
Na contração isométrica, a tensão gerada não é suficiente para são as fibras glicolíticas.
transpor a resistência de um objeto a ser movido e o músculo não

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↠ Com base nesses dois critérios, as células musculares ↠ As fibras OGR podem gerar quantidade de ATP
esqueléticas podem ser classificadas como fibras considerável por respiração aeróbica, o que lhes confere
oxidativas lentas, fibras oxidativo-glicolíticas rápidas ou resistência moderadamente elevada à fadiga. Uma vez
fibras glicolíticas rápidas (MARIEB, 3ª ed.). que seu nível intracelular de glicogênio é alto, elas
também geram ATP por glicólise anaeróbica (TORTORA,
Segundo Scott Powers (2005), o musculo esquelético é classificado
conforme suas propriedades bioquímicas individual de cada fibra, sendo 14ª ed.).
dois grupos distintos as Tipo I (contração lenta), Tipo IIx (contração
rápida) e do Tipo I a (fibra intermediária) (CACIAN et. al.).
↠ As fibras OGR são “rápidas” porque a ATPase nas suas
cabeças de miosina hidrolisa ATP 3 a 5 vezes mais
FIBRAS OXIDATIVAS LENTAS rapidamente que a ATPase na miosina das fibras OL,
tornando sua velocidade de contração maior (TORTORA,
↠ As fibras oxidativas lentas (OL) revelam-se de cor
14ª ed.).
vermelha escura porque contêm grandes quantidades de
mioglobina e muitos capilares sanguíneos (TORTORA, 14ª ↠ Assim, os abalos das fibras OGR alcançam a tensão de
ed.). pico mais rápido que as fibras OL, porém têm duração
mais breve – menos de 100 ms. As fibras OGR contribuem
↠ Uma vez que possuem muitas mitocôndrias grandes,
para atividades como a caminhada e a corrida de
as fibras OL geram ATP principalmente por respiração
velocidade (TORTORA, 14ª ed.).
aeróbica, motivo pelo qual são chamadas fibras oxidativas
(TORTORA, 14ª ed.). FIBRAS GLICOLÍTICAS RÁPIDAS
↠ Diz-se que essas fibras são “lentas” porque a ATPase ↠ As fibras glicolíticas rápidas (GR) apresentam baixo
nas cabeças de miosina hidrolisam ATP de maneira conteúdo de mioglobina, relativamente poucos capilares
relativamente devagar e o ciclo de contração procede sanguíneos e poucas mitocôndrias e se mostram de cor
em ritmo mais lento que nas fibras “rápidas”. Em branca (TORTORA, 14ª ed.).
consequência disso, as fibras OL apresentam velocidade
de contração lenta (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Elas contêm grandes quantidades de glicogênio e
geram ATP principalmente por glicólise. Devido à
↠ Seus abalos musculares duram 100 a 200 ms e levam capacidade de hidrolisar ATP com rapidez, as fibras GR se
mais tempo para chegar à tensão de pico. No entanto, contraem forte e rapidamente (TORTORA, 14ª ed.).
fibras lentas são bastante resistentes à fadiga e capazes
de contrações mais prolongadas e sustentadas por muitas ↠ Essas fibras de contração rápida são adaptadas para
horas (TORTORA, 14ª ed.). movimentos anaeróbicos intensos de curta duração,
como levantamento de peso ou arremesso de bola,
↠ Essas fibras de contração lenta resistentes à fadiga porém fadigam logo (TORTORA, 14ª ed.).
são adaptadas para a manutenção da postura e para
atividades aeróbicas de resistência como corrida de
maratona (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Programas de treinamento de força que colocam a


pessoa em atividades que requerem grande força para
curtos períodos aumentam o tamanho, a força e o
conteúdo de glicogênio das fibras glicolíticas rápidas. As
FIBRAS OXIDATIVO-GLICOLÍTICAS RÁPIDAS
fibras GR de um levantador de peso podem ser 50%
↠ As fibras oxidativo-glicolíticas rápidas (OGR) são maiores que aquelas de pessoas sedentárias ou de um
normalmente as fibras maiores. Assim como as fibras atleta de resistência por conta da síntese mais intensa de
oxidativas lentas, elas contêm grandes quantidades de proteínas musculares. O resultado geral é o crescimento
mioglobina e muitos capilares sanguíneos. Desse modo, muscular decorrente da hipertrofia das fibras GR
também têm uma aparência vermelho-escura (TORTORA, 14ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.).

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DISTRIBUIÇÃO E RECRUTAMENTO DE DIFERENTES TIPOS DE RESISTÊNCIA À Alta Intermediária Baixa


FADIGA
FIBRAS
ORDEM DE Primeira Segunda Terceira
↠ A maioria dos músculos esqueléticos apresenta uma RECRUTAMENTO
TOROTRA, 14ª ed.
mistura dos três tipos de fibras musculares esqueléticas.
Cerca da metade das fibras de um músculo esquelético
Estudos que englobam os interesses sobre a porcentagem das fibras
típico é composta por fibras OL (TORTORA, 14ª ed.).
musculares deixa evidente que vários fatores descrevem as fibras
↠ No entanto, as proporções variam razoavelmente, rápidas e lentas, os quais demonstram que não há diferenciação
evidente entre as fibras segundo a idade ou sexo em sua distribuição
dependendo da ação do músculo, do regime de aparente. Outro fator apontado por Scott Powers (2005), é que os
treinamento da pessoa e de fatores genéticos seres humanos sedentários podem apresentar uma distribuição de
(TORTORA, 14ª ed.). Por exemplo, os músculos posturais fibras rápidas e lentas relativamente proporcionais, sendo em média
continuamente ativos do pescoço, coluna vertebral e membros 47 – 53% de fibras lentas (CACIAN et. al.).
inferiores apresentam uma grande proporção de fibras OL. Em
contrapartida, os músculos dos ombros e dos braços não são ARTIGO: Influência das células satélite na formação e transição
constantemente ativados, sendo usados ocasionalmente, de maneira das fibras musculares esqueléticas (FONSECA, 2009)
breve para produzir grandes quantidades de tensão, como no
levantamento de peso e nos arremessos. É sabido que para cada fibra muscular existe um pool de células
satélite entre a lâmina basal e a membrana sarcoplasmática,
↠ Em uma mesma unidade motora, as fibras musculares que, após algum estímulo, como lesão ou treino, é ativado e
esqueléticas são do mesmo tipo. As diferentes unidades inicia um processo de regeneração muscular. São células
motoras de um músculo são recrutadas em ordem capazes de se multiplicar, diferenciar e fundir para atingirem o
específica, dependendo da necessidade. Por exemplo, se seu objetivo de regenerar a fibra muscular.
contrações fracas são suficientes para realizar a tarefa, Estas células apresentam-se num estado de quiescência (G0),
apenas unidades motoras OL são ativadas. Se houver sendo ativadas após um estímulo, nomeadamente uma lesão
necessidade de mais força, as unidades motoras de fibras ou o exercício físico.
OGR também são recrutadas. Por fim, em caso de
Após a sua ativação, estas células sofrem divisão mitótica,
necessidade de força máxima, unidades motoras de fibras
podendo seguir dois caminhos distintos: por um lado podem
GR também são postas em ação com os outros dois tipos.
autoregenerar-se de modo a manter o seu pool; por outro
A ativação de várias unidades motoras é controlada pelo lado, podem levar à renovação muscular.
encéfalo e pela medula espinal (TORTORA, 14ª ed.).
Após muita investigação, concluiu-se que as CS têm a mesma
CARACTERÍSTICAS DOS TRÊS TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES origem embrionária que o músculo onde elas residem. Aquando
ESQUELÉTICAS do desenvolvimento embrionário, formam-se estruturas
FIBRAS FIBRAS FIBRAS mesodérmicas de ambos os lados do tubo neural, chamadas
OXIDADITAS OXIDATIVAS- GLICOLÍTICAS
LENTAS GLICOLÍTICAS RÁPIDAS somitos Estes vão originar, ventralmente, o esqueleto axial, e,
RÁPIDAS dorsalmente, o dermomiótomo, que irá evoluir para os
CARACTERÍSTICA ESTRUTURAL músculos esqueléticos do tronco, cauda e membros, e
CONTEÚDO DE Grande Grande Pequena respectivas CS.
MIOGLOBINA quantidade quantidade quantidade
MITOCÔNDRIA Muitas Muitas Poucas Uma das primeiras classificações surgiu através da coloração
CAPILARES Muitos Muitos Poucos muscular: fibras brancas e fibras vermelhas.
COR Vermelha Vermelho- Branca
rosada (pálida) Posteriormente foram utilizados outros métodos para classificar
DIÂMETRO DA FIBRA Pequeno Intermediário Grande as fibras musculares, como a análise da reação da enzima
CARACTERÍSTICA FUNCIONAL sucinato desidrogenase (SDH). Foram classificadas em fibras
CAPACIDADE DE Alta, por Intermediária, Baixa, por oxidativas ou glicolíticas de acordo com o metabolismo
GERAR ATP E respiração tanto por glicólise apresentado, uma vez que a atividade da SDH sugere um
MÉTODO USADO aeróbica respiração anaeróbica metabolismo aeróbio, dado que esta enzima se encontra na
aeróbica
quanto por
mitocôndria, onde interfere no ciclo de Krebs.
glicólise
Através do método histoquímico, é possível classificar as fibras
anaeróbica
VELOCIDADE DE Lenta Rápida Rápida em tipo I ou tipo II e seus diversos subtipos – IIa e IIb. Essa
HIDRÓLISE DE ATP classificação provém das diferentes intensidades de coloração
PELA ATPASE DA das fibras devido às diferenças de pH. As fibras do tipo I
MIOSINA apresentam uma grande atividade quando colocadas em meio

Júlia Morbeck – 2º período de medicina


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ácido, enquanto que as fibras tipo II demonstram-na quando


colocadas em meio básico.

Por fim, através da análise da imunohistoquímica, podem-se


identificar diferentes isoformas da cadeia pesada da miosina ou
miosin heavy chain (MHC) pela utilização de anticorpos
antiomiosina. (CA) Inicialmente, foram descritas as fibras do tipo
I, contendo MHC I, fibras do tipo IIa, contendo MHC IIa e fibras
IIb, contendo MHC IIb. Estão, também, descritas as fibras do tipo
IIc, que são consideradas fibras imaturas.

Mais recentemente, as fibras musculares esqueléticas foram,


ainda, divididas em fibras puras ou híbridas. (1As fibras puras são
aquelas que contêm apenas um só tipo de MHC, enquanto que
as híbridas apresentam dois ou mais tipos de MHC.

TRANSIÇÃO ENTRE TIPOS MUSCULARES

As fibras musculares são estruturas dinâmicas capazes de


modificar o seu fenótipo sob diversos estímulos e condições,
tais como atividade neuromuscular alterada, alteração da
demanda funcional, alterações hormonais, envelhecimento e
exercício.

Referências

CACIAN et. al. Tipos de fibras musculares e seus


desempenhos. 4º Congresso de Educação.
FONSECA, M. J. L. Influência das células satélite na
formação e transição das fibras musculares esqueléticas.
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2009.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,


Porto Alegra: Artmed, 2008
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

Júlia Morbeck – 2º período de medicina


@jumorbeck

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