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PRÁTICA DE FINANÇAS
SAÚDE NAS EMPRESAS
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94p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-323-4
CDD 658.15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................4
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................92
1 INTRODUÇÃO
Em caso de fome e falta de tempo para preparar o jantar, basta abrir o freezer e
colocar a refeição no forno de micro-ondas e logo está pronta. Se quisermos falar com uma
pessoa que está longe, ou no trânsito, é possível ligar para o seu celular e o contato é feito.
Todas essas facilidades surgiram com o tempo e para atender algumas das principais
necessidades do ser humano, mas existem determinados assuntos que a solução não é a
simples invenção de um aparelho, mas sim a aplicação de procedimentos, conceitos e definições
que os estudiosos passaram a defender e aplicar.
Dentre esses assuntos está um dos que mais impactam e preocupam as pessoas, seja
física ou juridicamente, “o dinheiro”, ou melhor, a falta dele. Perguntas surgem a todo o momento
e devido a vários motivos, como por exemplo:
É por meio de uma estruturada gestão financeira que se alcançará rotinas mais
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eficientes. O planejamento financeiro consiste em uma grande fonte de soluções para o
administrador contribuir para uma maior eficácia organizacional na busca pelo alcance dos
objetivos estipulados. Para Menezes (1996), o planejamento financeiro facilita ao administrador
encontrar respostas para três significativas questões, que seriam:
Orçamento de capital;
Política de dividendos;
Estrutura do capital.
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3 FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
A área financeira trata dos assuntos relacionados à administração das finanças das
organizações. As finanças correspondem ao conjunto de recursos disponíveis que serão usados
em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro. Ao analisar, veremos que
as finanças fazem parte do cotidiano, no controle de recursos para compras e contratações, tal
como consta no gerenciamento da empresa e suas respectivas áreas, seja o marketing,
produção, recursos humanos.
Todo administrador financeiro deve levar em conta os objetivos dos acionistas e donos
da empresa, pois conduzindo financeiramente os negócios, de maneira correta, proporcionará o
desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprietários, sócios e stakeholders em
geral. Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a serem alcançadas nesta área,
dependendo da situação e necessidade. Mas, no geral, a administração financeira serve para
manusear da melhor forma os recursos financeiros com o objetivo de otimizar o máximo possível
o valor agregado dos produtos e serviços da empresa, a fim de se ter uma posição competitiva
mediante um mercado competitivo, garantindo o retorno positivo a tudo o que foi investido,
crescimento financeiro e satisfação aos investidores.
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Por fim, considera-se que o administrador financeiro deve decidir quais projetos
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realizar, onde e como captar os recursos e quanto distribuir aos acionistas dos lucros obtidos.
Tal proporção de lucros reinvestidos apresenta dois aspectos fundamentais: se foram muito
pequenos, sinaliza falta de projetos atraentes; se foram muito grandes, afasta os investidores
interessados em dividendos.
Para se obter informações úteis à gestão financeira, o primeiro passo será organizar os
controles internos para que eles forneçam as informações necessárias à tomada de decisões.
Em um segundo momento tem-se a preparação dos dados e das informações necessárias para
a gestão do capital de giro.
Conforme adverte Las Casas, de nada adianta uma empresa ter uma série de dados
se os registros existentes não forem confiáveis e se os procedimentos adotados não estiverem
organizados para fornecer informações em tempo hábil. Seguidamente, a empresa deve definir
quais são as informações úteis para as decisões financeiras e, em seguida, organizar os
controles para fornecer as informações desejadas. Para a maioria das empresas de pequeno
porte, independente do setor de atividades, verifica-se que os controles de caixa e de bancos,
controles de contas a receber, de contas a pagar, controles de despesas e controles de estoques
são essenciais para a gestão financeira, ou seja, sem esses controles o empresário terá
dificuldades para gerenciar as finanças da empresa.
3.4.1 Movimento de Caixa
O livro caixa serve para registrar o movimento diário do caixa, fornecendo os dados
necessários para o controle e análise do movimento e entrada e saída de dinheiro.
Caixa de Entradas:
Caixa de Saídas:
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B) Controle Bancário
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Schrickel (1995, p. 25) define crédito como sendo “todo ato de vontade ou disposição
de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com a
expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, depois de decorrido o tempo
estipulado”. Esse patrimônio pode ser representado por bens, no caso de mercadorias pagas a
prazo, ou mesmo de dinheiro.
Autores como Gitman (1997), Brigham e Houston (1999), citam cinco dimensões para
análise do crédito, são os “5 C’s do Crédito”. São elas:
Capacidade: Potencial que o cliente tem em saldar o crédito solicitado. Podem ser
utilizados demonstrativos financeiros, dando atenção aos índices de liquidez e
endividamento.
Colateral ou garantia: montante de ativos colocados à disposição pelo solicitante para
garantir o crédito, ativos penhorados ou caucionados em garantia do empréstimo.
Capital: solidez financeira do solicitante, conforme indicado pelo seu patrimônio líquido.
Quando seus clientes forem empresas de grande porte, normalmente estas possuem
demonstrações financeiras obrigatórias como Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado
do Exercício. Estes demonstrativos podem ser utilizados para análise de crédito. Quando os
clientes forem empresas menores, ou até mesmo pessoas físicas, fazer consultas em órgãos
como SPC, SERASA ou outras lojas onde o cliente já tenha feito compras no crédito.
A Política de Crédito trata das condições que serão concedidas aos clientes aptos a ter
crédito. Já a análise de crédito trata do estudo das condições de cada cliente, para que ele seja
aprovado ou não, para utilizar o crédito concedido pela empresa. Para essa aprovação faz-se
necessária uma análise, na verdade, do risco que existe de não receber o valor da compra.
Embora seja uma atividade operacional, a cobrança requer planejamento e controle
para torná-la eficaz. A estrutura organizacional do setor de cobrança depende do tipo de
cobrança usado pela empresa, perfil de seus clientes e de seu grau de informatização.
Quando é definida uma política geral de crédito, a empresa deve preocupar-se também
com determinadas medidas de controle interno, principalmente as relativas aos custos inerentes
ao crédito e investimentos em valores a receber. Segundo Assaf Neto (2003), as principais
medidas são:
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Padrões e limites de crédito: estabelece as exigências para a concessão de
crédito, o perfil da clientela e definem os limites de crédito para cada cliente, visando minimizar
os riscos financeiros;
A importância do fluxo de caixa é incontestável, sem ele é impossível ter uma gestão
empresarial eficiente e uma empresa lucrativa. Esse controle financeiro é absolutamente
primordial para que a empresa possa diagnosticar problemas, estabelecer metas e buscar
soluções. Uma tesouraria eficiente exerce esse controle financeiro gerenciando os recursos
financeiros da empresa, estabelecendo regras para o uso racional dos recursos disponíveis e
sugerindo formas de aumentar as receitas e diminuir as despesas, inclusive com o investimento
de recursos financeiros do caixa ou com a captação de recursos no mercado para suprir déficits.
As contas a pagar são vistas em grande parte das empresas como mais uma fonte de
fundos colocada a sua disposição quase que espontaneamente. Os fornecedores (por meio das
vendas a prazo), empregados (salários, benefícios e encargos sociais a pagar) e governo
(impostos, multas e outras despesas legais a pagar) são os que mais propiciam crédito para as
empresas.
Quando uma empresa necessita adquirir insumos de produção, mercadorias para
venda ou materiais para serviços gerais, comumente o faz por meio de ordens de compra ou
contratos de aquisições. Uma vez aprovadas essas ordens de compra é aconselhável, quando à
vista, liberar o recurso sem atraso, quando a prazo incluir automaticamente na relação de contas 35
a pagar.
Essa atividade, em algumas empresas, é feita por sistema automatizado e
informatizado, facilitando operacionalmente a gestão financeira (avisos automáticos de datas e
valores de dívidas antecipadamente). Organizações em que as atividades operacionais dão
condições para que se façam compras programadas e fixadas em uma determinada data do mês
ou época do ano são privilegiadas em detrimento daquelas que não utilizam essa prática.
Esse privilégio diz respeito ao maior controle de contas a pagar de acordo com a
gestão das disponibilidades e gestão de contas a receber. A prática de programar pagamentos
se aplica também a salários, impostos, multas e outras despesas legais. Ainda, tratando-se de
aquisições, algumas empresas têm o hábito de comprar mercadorias ou insumos em grandes
quantidades para aproveitar preços vantajosos ou descontos obtidos dos fornecedores.
Mas essa prática pode ser questionável, pois envolve outros fatores tais como:
rotatividade dos estoques, obsolescência, sazonalidade das vendas que devem ser analisadas
previamente. Segundo Sanvicente (1997:145), um aspecto que deve ser observado quanto ao
controle das saídas de caixa é o processo de pagamento. Para prevenir desvios e furtos, os
cheques emitidos devem ser nominais e, se possível, devem ser assinados por duas pessoas.
As atividades que fazem parte do processo de saída de caixa devem ser divididas entre vários
funcionários, deixando de atribuir ou acumular mais de uma responsabilidade para uma única
pessoa.
Por exemplo, as atividades de cotação de
mercadoria, pagamento e a reconciliação de saldos
bancários com os mapas de emissão de cheques devem
envolver, no mínimo, três pessoas. O mesmo autor
salienta que “quando há a possibilidade de pagar alguma
compra ou algum serviço recebido com desconto, deve
ser utilizado integralmente o prazo correspondente, permanecendo os fundos à disposição da
empresa pelo período mais longo possível”.
Determinadas empresas, por hábito ou por alguma circunstância desfavorável de fluxo
de caixa, adotam a prática de retardar pagamentos aos fornecedores além do prazo estipulado.
Essa prática é discutível do ponto de vista ético e da possibilidade da empresa ganhar fama no
mercado de má pagadora, afetando futuras relações com fornecedores importantes.
As firmas com escassez de recursos sentem-se tentadas a escorar-se nos 36
fornecedores, atrasando o pagamento das dívidas comerciais muito além das datas de
vencimento. Quando não está em questão a perda dos descontos, o crédito extra tomado à
custa dos fornecedores parece ser um crédito gratuito. Alguns administradores tornaram-se
mestres na tática de prolongar os seus créditos até um ponto quase inadmissível.
As táticas para o uso pleno – melhor diríamos – do abuso dos créditos comerciais
compreendem o pagamento seletivo dos créditos comerciais. O que é um eufemismo para testar
e tirar o máximo proveito dos limites da indulgência (ou paciência) dos principais credores, da
concentração das compras nos credores mais complacentes, e de uma arrumação periódica das
contas vencidas, em uma base rotativa, como meio de reduzir as pressões dos fornecedores.
Com os crescentes avanços tecnológicos das últimas décadas, os gestores financeiros contam
com uma prática que se tornou bastante comum nos dias atuais, que são os débitos automáticos
ou simples transferências da conta corrente para pagamento de créditos.
As empresas podem ter dívidas do outro lado do mundo que em questão de segundos
se faz a quitação delas por meio de um terminal de computador (internet). Para Fleck (2001:9),
“[...] substitui-se a papelada por informações digitais. Sai a burocracia e as partes comunicam-se
digitalmente. Pelo computador compra-se, (...), controla-se o recebimento e faz-se o
pagamento”.
Conforme define Martins (2009), o controle mensal de despesas serve para registrar o
valor de cada uma, acompanhando sua evolução. São diferentes os acompanhamentos a cada
um destes controles. Em determinadas situações, necessitam de um controle mais rigoroso, ou
até tomada de providências urgentes, como eliminar gastos que podem e devem ser eliminados.
G) Controle de estoques
Embora a gestão de estoques seja uma tarefa um tanto trabalhosa, tanto pela
variedade de itens comercializados, como ocorre nas empresas varejistas, quanto pela
quantidade de informações necessárias à gestão, alguns controles e procedimentos, na visão de
Martins (2009), servem de facilitadores para esta gestão. Estes seriam:
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Algumas sugestões são apontadas por Martins e apresentam-se como significativas na
gestão dos estoques e seriam:
Qualquer pessoa física ou jurídica pode abrir uma conta corrente, não existe idade
mínima, porém os menores de 16 anos, não emancipados, devem ser representados pelo pai ou
pela mãe ou, na falta destes, por um tutor nomeado legalmente. Antes da abertura da conta, na
fase de análise cadastral, são realizadas pesquisas automáticas dos dados do cliente em
instituições como: Serasa, SCPC, CCF e base da Receita Federal (CPF ou CNPJ).
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A conta corrente Simples (sem juros) é aquela que o cliente bancário não possui
limites, portanto são cobrados dela apenas a manutenção da conta bancária, cartões de crédito
(se for o caso) e outros serviços vigentes de acordo com cada banco.
A conta corrente Especial (com juros) é aquela que o cliente bancário possui limites,
portanto são cobrados dele taxas de manutenção da conta, cartões de crédito (se for o caso),
cestas de serviços (se for o caso) e outros serviços vigentes de acordo com cada banco.
Além disso, a conta especial é aquela que se contam os juros sobre as diversas
parcelas de débito e crédito, ou seja, quando você pega o limite de sua conta, o banco cobrará o
valor emprestado mais os juros, calculando-os desde seu vencimento até a data de depósito ou
pagamento.
Conta Conjunta;
Para uma empresa operar ela necessita se relacionar com clientes e fornecedores.
Torna-se fundamental que o administrador financeiro conheça bem esses parceiros, já que o 40
relacionamento com eles envolve diferentes riscos. A figura a seguir exemplifica o
relacionamento estabelecido pela empresa com os demais:
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acesso a crédito, geralmente buscam nos capitalistas de risco sócios com capacidade financeira
para realizar os aportes necessários.
3. Valor presente líquido: consiste no valor presente obtido após o desconto dos
futuros fluxos de caixa esperados, a uma taxa que corresponda ao custo do capital da
empresa; 44
1. Balanço Patrimonial;
2. Demonstração de Resultados;
3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
4. Demonstração das origens e aplicações de recursos;
5. Demonstração do Fluxo Financeiro (ou fluxo de caixa);
6. Demonstração da apuração do custo dos produtos e/ou serviços vendidos (indústria
ou empresas prestadoras de serviços).
Balanço Patrimonial
Explica Matias (2009), embasado na legislação em vigor, que a formatação definida para
todas as pessoas jurídicas constituem-se da seguinte forma:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Reservas de capital
( - ) Ações em Tesouraria
( - ) Prejuízos Acumulados
ATIVO PASSIVO
Ou investimentos Ou financiamentos
Proprietários
Demonstração de Resultados
O Demonstrativo de resultados se refere à forma como se apurou o lucro ou prejuízo
de determinada empresa em um período de tempo. A forma de sua apresentação está
exemplificada na figura que segue:
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FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Conforme explica Matias (2009), este lucro ou prejuízo faz parte de um grupo
pertencente ao balanço patrimonial denominado “Patrimônio líquido”. O objetivo principal deste
demonstrativo é o de expor aos usuários, de forma objetiva, os itens representativos das
principais contas (ou rubricas) que compõem a apuração do lucro ou prejuízo de um determinado
período (mês, trimestre, semestre, exercício de um ano, dentre outros). Reúne também, em seu
teor, uma soma algébrica envolvendo receitas, despesas, perdas e ganhos inerentes às
atividades operacionais e não operacionais.
Alguns conceitos têm significado primordial neste demonstrativo e os mesmos se
explicam:
Ingresso:
Gastos:
- à vista;
- a prazo;
- por tipo: investimentos, custos, despesas, perdas.
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Custo: refere-se aos gastos relativos a bem ou serviço utilizado na produção de
outros bens e serviços.
Ativos:
Por fim, destaca-se que integram o patrimônio líquido: as contas de receita, despesa,
perda ou ganho; todas responsáveis pelo resultado final das atividades empresariais (lucro ou
prejuízo) e que por uma questão de forma de apresentação, tais rubricas são demonstradas à
parte, em um demonstrativo específico, sob a denominação de demonstração de resultados.
Conforme destaca Matias (2009), essa forma de apresentação do Fluxo Financeiro tem
por finalidade tão somente a conferência e controle da composição dos saldos existentes,
objetivando assim a sustentação dos trabalhos de auditoria, de controle e de elaboração das
demais demonstrações contábeis, especialmente o Balanço Patrimonial.
Fluxo Operacional;
Fluxo de Investimentos/Desinvestimentos;
Fluxo de Financiamentos.
Retrata a evolução dos itens de uma estrutura contábil (patrimonial, resultados, custos,
dentre outros) ao longo de um período de tempo, tomando-se como base 100. 54
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a) Alavancagem operacional
b) Ponto de Equilíbrio
c) Alavancagem Financeira
Quando uma empresa faz uso de capital de terceiros, a custos fixos (juros), na sua
composição de capital, ela estará realizando a alavancagem financeira. Esta pode e deve ser
utilizada para maximizar os resultados para os acionistas.
São diferentes os planejamentos adotados para o fluxo de caixa. Martins (2009) orienta
que, nas empresas de pequeno porte, a projeção do fluxo de caixa para um período de quatro a
seis meses constitui-se em tempo suficiente para a gestão do capital de giro. Ao final de cada
mês projeta-se novamente para os períodos seguintes, de modo que sempre se tenha
informações para um horizonte de quatro a seis meses.
5.1 PLANEJAMENTO DO FLUXO DE CAIXA
Para planejar o Fluxo de Caixa, os Setores da empresa têm que elaborar os seus
Orçamentos, fornecendo os dados ao Administrador Financeiro, ou seja:
Orçamentos de Investimentos;
neste caso os valores previstos para um neste caso os valores de fato ocorreram, ou
determinado período de atividade. seja, foram realizados em termos de
entradas e saídas de recursos financeiros.
Planejamento Financeiro requer que a alta Administração da empresa se comprometa
com o mesmo e que os Sistemas existentes permitam o acompanhamento do Planejamento
Financeiro – Orçado x Realizado. Para uma empresa que mantém constantemente revisado os
controles financeiros, a elaboração do fluxo de caixa torna-se tarefa de fácil elaboração. Já
aquelas que não tiverem este hábito, não tendo disponíveis controles de forma organizada, é
bastante provável que nos primeiros meses o fluxo de caixa constitua-se em um documento não
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tão confiável, já que algumas projeções poderão não serem consideradas.
Ao se elaborar esta previsão, considera-se qual será o valor das vendas para os
próximos meses. Caso a empresa já trabalhe com a previsão, estabelecendo metas de vendas,
a tarefa torna-se então mais simples, bastando calcular o valor que a empresa planeja vender
nos próximos meses. Caso contrário, sugere Martins (2009), deve-se considerar as vendas
realizadas no mesmo período do ano anterior como ponto de partida. Segundo o autor, “com
base nas vendas passadas e expectativas de crescimento, é possível projetar futuros negócios”.
Para elaborar o Fluxo de Caixa torna-se necessário tomar alguns cuidados, tais como:
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A partir do momento que se estabelece as metas de compras, conhece-se os prazos
para pagamentos aos fornecedores, o passo a seguir é elaborar uma planilha que calcule o
pagamento das compras.
Se a empresa vende a prazo, certamente ela terá valores a receber dos clientes. Os
controles de contas a receber fornecerão as informações para o fluxo de caixa. Caso parte da
clientela costume atrasar pagamentos, sugere-se que o empresário procure descobrir esse
índice de atraso (inadimplência) para que sua previsão de recebimento não fique deficitária.
Em situações nas quais constem nos controles de contas a receber valores já vencidos
e de difícil recebimento, estes não devem ser incluídos no fluxo de caixa, pois possivelmente
resultarão em uma previsão irreal, já que dificilmente tais créditos serão recebíveis.
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Martins (2009) esclarece que na data da preparação do fluxo de caixa deve-se levantar
as disponibilidades financeiras da empresa, tais como dinheiro em caixa, cheques para
depósitos, aplicações financeiras de resgate imediato, dentre outras aplicações de curto prazo.
Na preparação do fluxo de caixa, o total das disponibilidades existentes será o saldo inicial de
caixa.
Assaf Neto e Silva (1997, p. 38) explicam que o fluxo de caixa, de maneira ampla, “é 70
um processo pelo qual a empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas
várias atividades desenvolvidas”, onde as atividades da empresa dividem-se em operacionais,
de investimentos e de financiamento.
Atividades de Investimento
(-) aquisição de imobilizado, inclusive juros e despesas capitalizadas;
Atividades de Financiamento
(-) pagamento de valores tomados por empréstimos, inclusive leasing, resgate de debêntures e
empréstimos de curto e longo prazo;
(-) reaquisição de ações próprias e outros títulos relacionados com o patrimônio líquido;
Atividades Operacionais
(-) aquisição de materiais para produção ou revenda;
FONTE: SILVA, César Augusto Tibúrcio; SANTOS, Jocineiro Oliveira dos; OGAWA, Jorge Sadayoshi. Fluxo de
caixa e DOAR. Caderno de Estudos FIPECAFI/FEA-USP. São Paulo, n. 9, p. 37-66, out./93, p. 50. 72
Neste contexto, a relevância da DFC está em seu poder informacional, visto que
permite às organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos, públicas ou privadas, terem
maior poder preditivo quanto à sua capacidade de cumprir com suas obrigações financeiras, vez
que propicia um melhor planejamento financeiro, por parte da empresa, em relação a sua
disponibilidade de caixa, de forma que não ocorram excessos nem insuficiências de fundos.
Além disso, propicia aos usuários maior facilidade no entendimento da real situação financeira
da empresa.
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Por meio da análise dos elementos que compõem a DFC são percebidas questões
muito importantes para a empresa, como a saúde do negócio e a melhor forma de otimização
dos resultados, bem como avaliar o desempenho e as necessidades do fluxo financeiro da
empresa. Quanto à elaboração da DFC, esta, segundo a FIPECAFI (1994), pode ser
apresentada sob duas formas: o método direto e o método indireto. Estes dois métodos
diferenciam-se pela forma como são apresentados os recursos provenientes das operações.
Campos Filho (1999, p. 41) comenta que é recomendado às empresas “relatar os
fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de
recebimentos e pagamentos operacionais (método direto)”. No método direto as entradas e
saídas operacionais são apresentadas de forma direta, isto é, primeiro as entradas, depois as
saídas. A elaboração da DFC pelo método direto encontra-se representada na figura abaixo.
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FIGURA 13 - DFC PELO MÉTODO DIRETO (ENTRADAS E SAÍDAS DE CAIXA E
EQUIVALENTES DE CAIXA)
Fluxo de caixa das atividades operacionais:
FONTE: TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de enriquecimento das
demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, ano XXVI, n. 5, p. 64-71,
jul./1997, p. 69.
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Segundo Campos Filho (1997, p. 41), “as empresas que decidirem não mostrar os
recebimentos e pagamentos operacionais deverão relatar a mesma importância de fluxo de caixa
líquido das atividades operacionais indiretamente, ajustando o lucro líquido para reconciliá-lo ao
fluxo de caixa líquido das atividades operacionais (método indireto ou de reconciliação)”.
Lucro líquido
FONTE: TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de enriquecimento das
demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, ano XXVI, n. 5, p. 64-71,
jul./1997, p. 69.
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A DFC elaborada pelo método indireto apresenta no grupo das atividades operacionais
primeiro o lucro líquido, proveniente da Demonstração do Resultado do Exercício, para em
seguida adicionar os valores que não representam desembolso de caixa que tenham sido
deduzidos do lucro na DRE, ou seja:
- depreciação e amortização;
A DFC, quando feita pelo método indireto, é indicada por Silva, Santos e Ogawa (1993)
como mais semelhante à estrutura da DOAR, portanto de mais fácil compreensão aos que
entendem essa demonstração. Ao contrário, a DFC elaborada pelo método direto é de mais fácil
entendimento para aqueles que já não compreendem a DOAR, visto que é feita de forma direta,
com entradas e saídas no caixa.
Martins (2009) conceitua o capital de giro como sendo o capital de trabalho, ou seja, o
capital necessário para financiar a continuidade das operações da empresa, como recursos para
financiamento aos clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e recursos para
pagamento aos fornecedores (compra de matéria-prima ou mercadorias de revenda), pagamento
de impostos, salários e demais custos e despesas operacionais.
Constata-se que o capital de giro está relacionado com todas as contas financeiras que
giram ou movimentam o dia a dia de qualquer empresa. Para Matarazzo (1995, p. 343),
necessidade de Capital de Giro é não só um “conceito fundamental para a análise da empresa
do ponto de vista financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de
financiamento, crescimento e lucratividade”, mas Capital de Giro significa o capital circulante ou
capital de trabalho, e corresponde ao Ativo Circulante da empresa. Representa o volume de
aplicações necessário para iniciar o ciclo operacional da empresa.
Segundo Mairon (1998, p. 55), “a parte do Capital de Giro (Ativo Circulante) que não
estiver comprometida com terceiros (Passivo Circulante) será da própria empresa (não será
entregue a terceiros)”. Por isso, a expressão Capital de Giro Próprio. O sucesso de qualquer
empreendimento depende em grande parte da gestão adequada do capital de giro. O capital de
giro líquido ou capital de giro próprio é o Capital Circulante Líquido (CCL), ou seja, a diferença
entre o ativo e passivo circulantes.
O Capital de giro possui duas fontes de recursos: próprios e de terceiros. O Capital
Próprio corresponde ao capital social, reservas de lucros. O Capital de terceiros corresponde às
operações de financiamento, empréstimos. Com base nesta conceituação, Martins (2009)
oferece sumárias conclusões:
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Toda a empresa que vende a prazo necessita de recursos para financiar seus
clientes;
Toda empresa que mantém estoque de matéria-prima ou mercadorias necessita de
recursos para financiar estoques;
Quando a empresa compra a prazo (matéria-prima ou mercadorias) significa que os
fornecedores financiam parte ou a totalidade do estoque;
Quando a empresa tem prazos para pagar as despesas (impostos, energia, salário
e outros gastos), significa que parte ou a totalidade dessas despesas é financiada pelos
fornecedores de serviços.
Quando uma empresa deixa de fazer o seu planejamento financeiro, os seus efeitos
são refletidos no índice de NCG. 83
Para que se possa determinar a NCG, é necessário que se faça uma reclassificação no
Ativo e Passivo Circulante da empresa.
FIGURA 15 - RECLASSIFICAÇÃO DO CIRCULANTE
As contas que fazem parte do Operacional, para o Ativo, são estoques, contas a
receber, dentre outras. No Passivo Operacional estão classificadas as contas com os
fornecedores, com o salário dos funcionários, dentre outras. As situações comuns que ocorrem
em uma empresa, com relação à NCG, podem ser resumidas:
Descrição Interpretação
ACO > PCO A empresa necessita de capital de giro – quadro normal na maioria dos
negócios.
ACO = PCO A empresa não necessita de outras formas de financiamento para o seu giro –
excesso de financiamentos operacionais.
Quando a empresa apresenta um ACO>PCO, o que pode estar acontecendo é que ela
pode estar com estoques e não ter capital de giro para pagar as suas contas. Por meio desse
índice é possível o gestor refletir sobre o que está ocasionando a dificuldade de capital de giro,
ou se o capital de giro atende às necessidades de financiamento da empresa. Possibilita uma 85
visão da empresa em nível operacional, pois permite a visualização dos efeitos do aumento das
vendas, ou aumento do prazo de recebimento sobre o comportamento do capital de giro.
Gitman (2000) esclarece que os recursos aplicados nas empresas obedecem a duas
formas diferenciadas:
Ativos fixos
Ativos circulantes
A administração de capital de giro, para o autor, caracteriza-se pela gestão dos tipos e
passivos circulantes. Os ativos circulantes seriam constituídos por Caixa e Bancos, Estoques,
Contas a Receber e outros ativos circulantes. A gestão dos passivos circulantes caracteriza-se
pela gestão das contas a pagar em especial. E mais, o ativo circulante nada mais é do que o
conjunto de recursos de capital que se transformam em recursos monetários no decorrer do ciclo
empresarial. Com isso, as necessidades ou aplicação de capital de giro seriam os valores
necessários para a empresa gerir seus negócios que seriam compostos pelas contas:
Caixa;
Bancos;
Estoques;
Duplicatas a receber;
Outros valores realizáveis em curto prazo;
a) Contas que necessitam de capital de giro (aplicações em capital de giro) (Grupo 1);
b) Contas que financiam o capital de giro, todas as contas a pagar das operações
relacionadas com capital de firo (fornecedores, impostos e despesas a pagar) (Grupo 2).
Com isso é possível calcular a Necessidade do Capital de giro, subtraindo o total dos
valores da conta do grupo 1, menos o total dos valores das contas do grupo 2.
O Orçamento de Caixa
a) Mensal;
b) Dividido por semanas;
c) Trimestral dividido por mês;
d) Semestral dividido por trimestre.
Consiste em um instrumento de planejamento envolvendo um grande e significativo
número de informações cuja qualidade depende da empresa, visto que enquanto para algumas
um determinado item é significativo, para outra este item pode estar somando dentro de uma
conta mais abrangente. Por intermédio do Orçamento de Caixa é possível a adoção de uma
série de medidas práticas tanto nas ocasiões de superávit quanto nas de déficit de caixa,
conforme se observa no quadro a seguir:
Desfazer-se de imóveis
1. Vendas totais: é a soma das vendas à vista Controle diário de vendas (tal controle já
e vendas a prazo de cada mês. totaliza as vendas mensais)
Sugere-se que a apuração dos resultados mensais seja feita após o final de cada mês,
ou seja, dessa forma, no início do mês seguinte, o empresário já terá dados confiáveis das
operações do mês anterior.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do Capital de Giro.
2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
92
BRASIL, Haroldo Vinagre. Gestão Financeira das Empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2007.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos Fluxos de Caixa: uma ferramenta indispensável
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