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Essa perspectiva, que é refletida na maneira como meu texto é escrito, extrapola
também para a construção da investigação que aqui é também escrita. Ao reconhecer minha
subjetividade como parte indissociável desse estudo, enquanto professora, também reconheço
o espaço ocupado pela subjetividade docente na docência. Dentro do pensamento e da onda de
pesquisas que olham para os professores como sujeitos, fundadores de ideias e integradores de
espaços. Afastando-me de uma produção de conhecimento que desvaloriza o sujeito e sua
subjetividade, indo contra a separação do ‘eu profissional’ e do ‘eu pessoal’ do docente
(NUNES, 2001).
Maurice Tardif (2014, p. 229) diz que ao considerarmos os professores como “atores
competentes, como sujeitos do conhecimento” estamos possibilitando por o tema da
subjetividade no centro das pesquisas em educação. E isto mostra-se fundamental. É
necessário colocar em pauta a subjetividade dos “atores em atividade, isto é, a subjetividade
dos próprios professores” (TARDIF, 2014, p. 230). Dessa forma, deixando de lado o que
Maurice (2014) chamou de duas visões redutoras do ensino: uma que olha para os professores
como técnicos, reprodutores de saberes externos a eles e outra que os vê somente como um
agente social exclusivamente controlado por mecanismos sociais. Essa pesquisa se estabelece
nesse sentido, de considerar o ponto de vista de professores e não olhar para os mesmos
apenas como objetos de pesquisa. .
Compreendo o sentido subjetivo do ser humano enquanto histórico-cultural.
Subjetividade nos sugere indagar e conhecer o nosso eu. Um eu que é construído ao longo de
nossas trajetórias enquanto ser inserido em uma sociedade, cultura, tempo.
Subjetividades são esses modos pelos quais nos tornamos sujeitos, são modos de
subjetivação, processos de subjetivação que são construídos ao longo da História e
se desenvolvem historicamente como práticas de si. (FERRARI, 2010, p.9 apud
SOUZA, 2013)
(...) O saber não é uma coisa que flutua no espaço; o saber dos professores é o saber
deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de
vida e com a sua história profissional (...) (TARDIF, 2014, p. 11)
Assim como Dubar (1997), Nóvoa diz que “a identidade não é um dado adquirido,
não é uma propriedade, não é um produto, a identidade é um lugar de conflitos, é um espaço
de construção de maneiras de ser e de estar na profissão”. A identidade é um processo que
precisa de tempo para ser construída. (NÓVOA et. al, 1995).
Pimenta e Anastasiou (apud SANTOS E RODRIGUES et. al, 2010, p. 20) nos diz
que:
A identidade profissional constrói-se pelo significado que cada professor, enquanto
ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano, com base em seus valores,
em seu modo de situar-se no mundo, em sua história de vida, em suas
representações, em seus saberes, em suas angústias e anseios, no sentido que tem em
sua vida o ser professor. (2012, p. 77)
Para alcançar os objetivos aqui elencados e considerando tudo o que foi dito, vejo a
necessidade de utilizar os métodos como parte integrante do processo de construção dessa
pesquisa. Métodos ou abordagens que tentem dar conta e destaquem os traços subjetivos e
particulares do profissional de educação.
Se, durante suas formações, os sujeitos adquirem e constroem diversos saberes a partir
de diferentes experiências, suas identidades assumem uma característica complexa e
heterogênea. E, ainda, se assumo e admito tal processo, inclusive sobre minha própria
formação, minha análise deverá vir acompanhada de tal pluralidade. Tendo como expectativa
estabelecer um novo olhar sobre o humano, um olhar mais plural.
A metodologia, então, caracteriza-se enquanto uma investigação qualitativa. Aplica-se
tal termo quando tratamos de investigações que se baseiam em dados qualitativos, como por
exemplo a metodologia de história de vida e o estudo de caso (RODRÍGUEZ et al, 1999).
Leva-se em consideração ações humanas e estados subjetivos observáveis e passíveis de
registro com posterior análise. Um tipo de análise que promove espaço para compreensão e
percepção dos complexos episódios da vida real.
Na qual ele se refere à pesquisa qualitativa como “um método de
pesquisa para a investigação de inferências válidas a partir de eventos
que se encontram fora dos limites do laboratório. (YIN, 2005, p. 8)
Com relação aos objetivos, a pesquisa é de caráter exploratório tendo como intuito
“proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua
definição e seu delineamento [...]” (PRODANOV, FREITAS, 2013, p. 51-52). Possuindo um
“planejamento flexível” que acaba permitindo um estudo sob diversos ângulos e perspectivas.
Estudo este que, segundo os autores, geralmente envolve: levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas que tiveram experiências com o tema proposto na pesquisa e análise
com exemplos que estimulam a compreensão (PRODANOV, FREITAS, 2013, p. 52).
Em um primeiro momento, como não podia ser diferente, uma revisão bibliográfica é
necessária. Um levantamento de diferentes fontes teóricas: livros, artigos científicos, trabalhos
de conclusão de curso, dissertações, teses ou quaisquer outras fontes que abordem a temática
aqui trazida a tona. Para que assim, ocorra uma atualização das últimas discussões no campo
da educação, mais precisamente sobre os conceitos aqui abordados.
Do ponto de vista sobre a maneira pela qual pretendo obter os dados necessários para
o desenrolar da pesquisa, a mesma delinea-se enquanto um estudo de caso. Um exemplo de
procedimento cujos dados são fornecidos por pessoas (PRODANOV, FREITAS, 2013).
Dentro desta opção metodológica, o sujeito-pesquisador investiga o seu caso, que pode
ser uma pessoa, um evento, um grupo etc, dentro de sua própria conjuntura. Queremos
perceber a realidade através da percepção do sujeito que está “dentro do estudo de caso” e não
de alguém exterior a ele (YIN, 2005). Uma das vantagens desta metodologia seria a sua
aplicabilidade a situações humanas e contextos da vida real (DOLLEY, 2002). Salienta, ainda,
que se trata de um método prioritário quando o investigador se encontra com nenhum poder
acima das questões comportamentais: O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se
examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular
comportamentos relevantes. (YIN, 2005, p. 27)
Dentro do Estudo de Caso, uma grande contribuição em pesquisas qualitativas, é a
construção de narrativas. A partir destas, emergem histórias de vida, tanto do entrevistado
como as entrecruzadas no contexto situacional (MUYLAERT et al, 2014, p. 194). É um
estímulo, um encorajamento para que os entrevistados (ou se quiser chamá-los de sujeitos da
pesquisa) exponham experiências, um ato maior do que contar histórias. Transformando assim
uma “vivência que é finita, infinita” (MUYLAERT et al, 2014, p. 194). Dentro das
investigações qualitativas da área de educação, essa metodologia se destaca por colocar em
posição de destaque a subjetividade do professor levando em consideração suas memórias,
experiências, ideais, valores tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. Além de
mostrar-se como uma valorização dos relatos orais como um modo de re-significação do
tempo vivido (MUYLAERT, 2014). Dentro dessas ideias, o método de obtenção de dados,
aqui neste trabalho apresentam-se na forma de histórias.
As entrevistas narrativas seriam realizadas com professores do Ensino Superior. A
seleção dos professores e elaboração das entrevistas com posterior análise serão com
acompanhamento e instruções do/a orientador/a.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS